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comCENTROinovação & desenvolvimento
opiniãoJ. Norberto Pires
Como começar?pág. 2
Reflexões
Parques de ciência e tecnologia pág. 3
“Critical é das melhores empresas mundiais de certifi cação”Bruno Carvalho gestor do mercado espaço, já aponta para outros voos... págs. 4 e 5
Incubadora do Parque Tecnológico
de Óbidos já tem
lotação esgotadapág. 6
31 MAIO 2010
ESPAÇO
Coimbra na “pole position”
dos carros eléctricos
pág.7
Presidente da Câmara, Telmo Faria, está satisfeito com a resposta do tecido empresarial do concelho
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O GOVERNADOR CIVILDE COIMBRA APOIA OEMPREENDEDORISMOE A INOVAÇÃO NASEMPRESAS DO DISTRITO.
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Gonçalo Quadros
Está na altura de pormos mãos à obra
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Norberto PiresPresidente do CA do Coimbra iParque
Há uns dias li um artigo muito interes-sante do Prof. Daniel Isenberg, actual-
mente professor do Babson Colleage (Mas-sachusetts, EUA). Falava ele da necessidade de criar ecossistemas de inovação adaptados à realidade do país, região, ou cidade que o pretende instalar, em vez de copiar modelos que tiveram sucesso mas que são dificilmen-te transportáveis para outros locais, dadas as diferenças regionais e de condições económi-cas, sociais e políticas entre o local de origem e aquele em que se quer replicar o modelo.
Na verdade esse é um verdadeiro proble-ma, nomeadamente em Portugal. Procura-se muito copiar modelos (com nomes fortes e sonantes), para emular o sucesso de outros, mas não se atende à especificidade da local, aos condicionalismos, às condições básicas que é necessário fomentar, e à cultura de ino-vação que é necessário instalar. Isso significa identificar bem a situação e desenhar um ecossistema que aproveite as potencialidades existentes, desenvolva aquelas que são neces-sárias e crie uma verdadeira cultura empre-endedora.
Segundo Isenberg existem algumas regras para criar um ecossistema de inovação, as quais resumo a seguir e que vão de encontro também ao que eu penso.
1. Parem de tentar copiar o Silicon Val-ley: desenvolveu-se sob um conjunto muito particular e único de circunstâncias locais, numa época própria, num momento próprio da Universidade de Stanford e teve alguma sorte. Hoje o Silicon Valley provavelmente não conseguiria nascer de novo, nem que quisesse.
2. Prestem atenção às condições locais: que universidades, que áreas de I&D, que tipo de recursos humanos, que empresas, que empreendedores, que infra-estruturas, etc., podem alavancar o ecossistema. O ecos-sistema a realizar tem definitivamente de estar correlacionado com as condições locais, pois só assim maximizará resultados e terá hipótese de sucesso.
3. Envolvam a iniciativa privada: não fazem sentido ecossistemas públicos, ou que não envolvam desde o início e de forma deci-siva a iniciativa privada. É uma nova forma de pensar que temos de adoptar em Portugal.
4 Identifiquem as iniciativas com maior potencial de crescimento: e apostem essen-cialmente nessas iniciativas (empresas) e respectivos (empreendedores). A inovação e o empreendedorismo não têm nada de demo-crático, antes pelo contrário vivem muito da
�lei do mais forte�. É necessário deixar isso bem claro, investir na qualidade e na capaci-dade de crescimentos, até porque isso ajuda a criar uma cultura empreendedora. Os suces-sos devem ser celebrados, até com exagero.
5. Não protejam demasiado as empresas: uma incubadora é um local onde as empre-sas se desenvolvem, mas não estão protegidas do mercado, nem têm acesso a dinheiro fácil. As incubadoras fornecem serviços, porque os têm bem organizados, mas não escondem o mercado, a necessidade de rigor e a dificul-dade de obter financiamentos. É um erro proteger demasiado, porque no final, quan-do deixarem de ter protecção, muitas dessas empresas morrerão. E não terão criado uma cultura inovadora e empreendedora. É um duplo falhanço.
6. Não crie clusters artificiais, deixe-os crescer de forma orgânica: isto é, devem ser identificadas as mais-valias, desenhando a forma de suporte tendo em conta os cami-nhos e opções já tomadas pelos empreende-dores e respectivas empresas. As medidas devem suportar o caminho definido, dando mais força às linhas identificadas como estra-tégicas, sem tentar forçar novos caminhos (não testados), nem criar novas iniciativas que possam ser artificiais ou mesmo des-trutivas.
7. Facilitem a vida aos empreendedores nos aspectos legais e na celeridade da aplica-ção de regulamentos. A pior coisa que pode acontecer é a existência de uma burocracia pesada que pára a iniciativa e/ou desencora-ja aqueles que pensam em tomar iniciativas empresariais. Todo o investimento que tenha como objectivo simplificar procedimentos e burocracias, aumentando a eficiência do sistema legal é bom para o ecossistema de inovação.
Ou seja, a acção deve ser colocada no en-volvimento da iniciativa privada, na identifi-cação e promoção das boas iniciativas e dos empreendedores com sucesso, na criação e desenvolvimento de uma cultura empreende-dora que tenha impacto na educação (desde os primeiros anos dos sistema de ensino), na remoção da burocracia e das barreiras legais, ter cuidado na selecção de clusters e na con-dução das incubadoras (recusar o artificial, ou seja, clusters forçados e incubadoras que protegem demais as empresas), na selecção de politicas que tenham como objectivo o crescimento económico que só poderá ser obtido com empresas sólidas que cresceram rápido mas de forma sustentada.
Director
António Abrantes
Sub-Directora executiva
Eduarda Macário
coorDenaDor científico
J. Norberto Pires
Director comercial Luís Filipe Figueiredo
ProjectoS eSPeciaiS
Soares Rebelo
DePartamento Gráfico
Carla Fonseca
ProDução
ProPrieDaDeSojormedia Beiras, SA Contribuinte n.º 508535115Sede, Redacção e AdministraçãoRua 25 de Abril, n.º 7
Ponto de vista
Gonçalo Quadros
CEO da Critica Software
A z o n a E u r o e s t á debaixo de enor-me pressão.
Não nos podemos sur-preender. Os mecanismos do Euro para a coesão e convergência não produ-ziram resultados suficien-temente bons, ou seja, continuam a existir den-tro do mesmo espaço eco-nómico economias com ritmos e características muito diferentes.
Economias fortes como a alemã ou as dos países do norte, convivem com economias débeis como a portuguesa ou a de outros países do sul.
Não sendo economista não me parece complica-do perceber as debilida-des portuguesas e o que temos que fazer.
1º - Não podemos gas-tar mais do que aquilo que temos. E não podemos pressupor que vamos ter mais no futuro próximo. Gaste-se menos então!
2º - Não podemos con-tinuar a pedir empresta-do para pagarmos as nos-sas contas. O dinheiro emprestado tem de ser visto como um bem escas-so (agora isso está bem à vista) deve ser utilizado para nos tornar mais flé-xiveis, ágeis, na tomada de decisão ou para cons-truirmos o nosso futuro; não pode fazer de recei-ta, ou seja, ser utilizado para pagar as nossas con-tas ou os nossos vícios mais caros. Estimule-se a a poupança interna, redu-za-se a nossa dependência
Está na altura de pormos mãos à obra
Como começar?
do dinheiro dos outros! 3º - Temos de crescer; é
muito urgente crescer. Uma parte importante dos nos-sos gastos e dos emprésti-mos que os suportam foram justificados pelo aumento da receita que iriam provocar no futuro. Os gastos foram feitos, o aumento da receita tem de acontecer senão es-tamos fritos. Apostemos na qualificação e nas empresas que exportam!
Os países mais débeis não só não se aproximaram do desempenho das melhores economias, como se habitu-aram a níveis de bem-estar, trazido pelos programas de coesão, que agora tomam por adquirido mas que não conseguem suportar.
Antes do Euro era utiliza-do o mecanismo de desvalo-rização da moeda para eli-minar desequilíbrios entre economias, ou seja, para modelar o poder de compra nos diferentes países com a correspondente capacidade de geração de riqueza.
Hoje, na zona Euro, esse mecanismo não existe . É fácil perceber que quem pro-duz menos não pode com-prar o mesmo que quem produz mais.
Quem produz menos , tem de receber menos. E receber menos não é rece-ber o mesmo salário numa moeda com um valor mais baixo. Receber menos é mes-mo receber um salário mais baixo (pago numa moeda com um valor que se man-tém inalterado).
Vamos ser capazes de aceitar que temos de rece-ber menores salários? Não
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Durante o ano passado recolhi infor-mação sobre as incubadoras existentes no país. Sem querer ser muito exaustivo aqui na apresentação de resultados dessa pesquisa, gostaria de realçar as seguintes conclusões:
No que diz respeito aos preços por m² (gabinetes e pavilhões), verifica-se uma grande variação dependendo do centro ou parque onde as incubadoras se inse-rem, mas em geral é um preço reduzido nos primeiros (3 a 4) anos de instalação da empresa;
Relativamente à dimensão dos gabine-tes estes variam 10 e 66 m². Só num caso é que se apresenta alternativa superior a 200 m² (Lispolis). Todos os gabinetes se encontram devidamente equipados;
Em relação à possibilidade de instala-ção em pavilhões só o Centro Empresarial de Aveiro (todos os pavilhões têm dimen-sões de 650 m²) e o TagusPark (dimen-sões até 1000 m²) é que contemplam esta possibilidade.
Na sua grande maioria os centros de incubação disponibilizam os seguintes serviços:
Apoio de secretariado; Atendimento de chamadas telefónicas; Limpeza; Utilização de sala de reuniões;Serviço de contabilidade e apoio jurí-
dico;Gabinete de apoio à propriedade inte-
lectual;Gabinete de apoio a financiamentos
e projectos.As incubadoras valorizam de uma for-
ma geral os seguintes aspectos na avalia-ção das candidaturas de empresas:
Ligações com universidades ou insti-tuições de I&D;
Capacidade de desenvolvimento, eleva-do grau de inovação do projecto de negó-cio;
Exploração e difusão de novas tecno-logias;
Potencial de crescimento e internacio-nalização;
Envolvimento em actividades de inves-tigação e desenvolvimento.
O caso do iParqueCoimbra dispõe de uma incubado-
ra de empresas de sucesso � o Instituto Pedro Nunes (IPN) � que garante, de for-ma eficaz, a incubação de novos projec-tos empresariais, em particular para as empresas de base tecnológica.
Com a infra-estruturação do iParque passam a estar disponíveis no Centro de Portugal espaços para empresas de ino-vação tecnológica que queiram construir as próprias instalações num espaço pri-vilegiado para o desenvolvimento da sua actividade.
A lacuna que se mantém é para as empresas que estão num estádio inter-médio de desenvolvimento: as que já não
sendo empresas de incubação, não têm ainda dimensão para construir a sua pró-pria sede, preferindo arrendar instalações e usufruir de serviços partilhados com outras empresas com necessidades seme-lhantes.
Neste sentido, o Coimbra Inovação Parque (iParque) pretende oferecer solu-ções a empresas que procuram espaços de qualidade para arrendar, desfrutando de serviços que possam ser oferecidos de forma comum às várias empresas. Este conceito de espaço empresarial tem por base a necessidade por parte das empre-sas de se concentrarem na sua actividade empresarial, aplicando as suas energias e recursos exclusivamente no desenvolvi-mento do seu negócio, no fortalecimento das suas soluções e respectiva presença no mercado. Para além disso, querem benefi-ciar das sinergias que podem estabelecer com as restantes empresas que apostam no mesmo conceito, bem como com as empresas de maior dimensão que estan-do instaladas na região (nomeadamente no iParque) apostaram na elaboração de uma sede própria.
Acresce que nos tempos que correm, as empresas sabem que têm de estar visíveis no ambiente adequado. A visi-bilidade é fundamental, mas também é crítico que seja imediatamente aper-cebido qual o tipo e posicionamento da empresa. O local certo, o ambiente ade-quado, a escolha do enquadramento é uma imagem de marca cada vez mais importante.
O iParque está particularmente inte-ressado em empresas da área da saúde, nomeadamente nas áreas de software, equipamentos, serviços de apoio a diag-nóstico, novos métodos clínicos e de diagnóstico, etc., constituindo um clus-ter que permita dinamizar esta área
estratégica na região de Coimbra.As ciências e tecnologias da saúde
são uma das áreas estratégicas do iPar-que, a par de outras (ciências e tecnolo-gias da informação e multimédia, tele-comunicações, automação e robótica) que são complementares e potenciado-ras de sinergias que são fundamentais para a competitividade do sector da saú-de na região centro.
Isto significa:Espaço de qualidade, devidamente
infra-estruturado e preparado para a actividade empresarial;
Avaliação dos planos de negócio, e respectivas áreas, fazendo uma selecção rigorosa das empresas a admitir. A ideia é a de potenciar o desenvolvimento con-junto, tendo em conta o plano estraté-gico do iParque, promovendo sinergias entre as empresas bem como uma rela-ção próxima que permita a presença conjunta no mercado;
Conjunto de serviços comuns: con-tabilidade, assessoria financeira, asses-soria para programas de financiamento, serviços jurídicos, serviços administra-tivos e de secretariado, atendimento e acompanhamento em eventos, comu-nicações e informática, correio, serviços de vídeo-conferência, etc; Interligação com os serviços fornecidos pelo Edifício Administrativo do iParque, o qual inclui salas de reunião, salas para eventos, dois anfiteatros, salas de formação devida-mente equipadas, datacenter, restau-rante, etc. Gestão e promoção do espa-ço, e das empresas instaladas, de forma individualizada e vocacionada para para a prestação de serviços às empresas ins-taladas respeitando a confidencialidade de cada uma, mas actuando como se fossem parte de uma estrutura comum com objectivos comuns.
Parques de ciência e tecnologia (3)
Reflexões
Está na altura de pormos mãos à obra
será melhor fazermos o que temos a fazer, já, para produ-zirmos muito mais?
A queixa recorrente é algo que nos está nos hábitos – e note-se que não falo apenas de Portugal mas da genera-l idade dos países da Euro-pa. Achamos que quem nos governa não presta, mente, não tem competência... Escár-nio e maldizer são, de facto, cantigas antigas nesta Europa habituada a ser servida.
O que é certo é que em Por-tugal, por exemplo, estes últi-mos trinta e tal anos trouxe-ram um novo país. Um país bem melhor. Temos muito mais do que o que tiveram os nossos avós; na educação, no potencial das oportunidades que nos são dadas, ou em qua-se todos os aspectos para que queiramos olhar.
O q u e m e p a r e -ce que não evo lu iu como d e v i a é a n o s s a a t i t u d e . Muitos europeus desde há muito tempo revelam falta de bom senso no que toca ao con-forto em que vivem - nunca julgam que é demais.
Vive-se muito mais, mas há uma enorme dificuldade em alterar a idade da reforma ou os seus valores (imagino que para alguns o tempo de vida activa seja já menor do que o tempo em reforma); temos poucos fi lhos porque e les complicam a nossa progres-são na carreira ou incomodam as nossas idas ao cinema; mas não dispensamos as reformas folgadas que os mais novos têm de nos pagar; queremos mais tempo de férias, menos horas de trabalho, melhores salários, mesmo quando as empresas em trabalhamos estão em coma profundo...; exigimos ao estado emprego, e que a todos dê à borla mais educação, melhores estradas, e sei lá mais o quê.
Enfim. Prec isamos que a lguém nos lembre nova -mente que está na altura de perguntarmos o que podemos fazer pelo país em que vive-mos em vez de perguntarmos o que ele pode fazer por nós. Está na altura de pormos mão à obra.
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Soares RebeloDIÁRIO AS BEIRAS – Que responsabilidades incumbi-ram à Critical Software nes-te último projecto espacial da ESA?
BRUNO CARVALHO - Por exigência dos níveis de confian-ça que a ESA e a Astrium (res-ponsável pela construção do satélite) necessitavam, à Cri-tical Software foi pedido que levasse a cabo uma avaliação independente do software do CryoSat2. A validação preten-de garantir que tudo funciona como foi especificado e está de acordo com os requisitos defi-nidos para a missão. A veri-ficação analisa o processo e garante que o produto final foi construído de acordo com as normas e exigências técnicas deste tipo de projectos.Responsáveis da Critical Software consideraram o lan-çamento do CryoSat-2, no passado dia 8 de Abril, “um momento muito especial” para a empresa. Porquê?
A missão CryoSat foi uma das primeiras missões espa-ciais onde a Critical Software esteve envolvida. Esse envol-vimento começou em 2002, quando a empresa venceu o concurso para realizar a verifi-cação e validação na primeira versão do CryoSat, cujo lança-mento, infelizmente, falhou em 2005. Ora, o lançamen-to CryoSat-2, bem sucedido, representa o culminar de cerca de oito anos de actividade e um justo prémio para o consórcio de que a Critical Software fez
Sat era precisamente averi-guar se a camada de gelo esta-va a diminuir não só em área mas também em espessura. Entretanto, nos últimos cin-co anos e com os dados que foram disponibilizados por outras missões, foi possível verificar que realmente existe uma diminuição da camada de gelo. A missão CryoSat-2 foi assim reajustada, e os seus instrumentos afinados, para caracterizar essa tendência de diminuição. É difícil determi-nar com exactidão a velocidade a que as camadas de gelo dimi-nuem. Espera-se que o Cryo-Sat-2 possa dar um contributo
decisivo para que seja possível construir modelos matemáti-cos que possam prever qual será a evolução real do dege-lo. Estima-se que, desde 1978, as camadas de gelo diminuí-ram cerca de 2,7% por década. A urgência prende-se com o verificar de qual a relação entre os, cada vez mais frequentes, fenómenos climatéricos extre-mos, o aquecimento global e o degelo.O CryoSat-2 é o sucessor do CryoSat, que foi perdido devi-do a uma falha de lançamento em Outubro de 2005, altura em que a ESA decidiu avançar para uma versão 2 do mesmo satéli-
O lançamento do CrioSat-2, bem sucedido, represen-ta o culminar de cerca de 8 anos de actividade e um justo prémio para o consórcio de que a Critical Software fez parte
parte, bem como para todos os que estiveram envolvidos nesta missão.A empresa refere ainda “res-ponsabilidade social a cum-prir”…
… e que leva muito a sério. Poder participar em projectos que vão contribuir, de forma decisiva, para uma melhor compreensão do complexo problema que é o aquecimento global e as alterações climáticas que daí advêm, é um privilégio e um factor de motivação.A que meios, materiais e huma-nos, teve a Critical Software de recorrer para levar a cabo o seu trabalho?
Nestes últimos oito anos, contando com a primei-ra versão do CryoSat, a Cri-tical Software envolveu mais de uma dezena de engenhei-ros nas actividades sob a sua responsabilidade. Parte des-sa equipa teve de trabalhar durante alguns períodos de tempo, entre algumas sema-nas a alguns meses, nas instala-ções da Astrium, em Munique, Alemanha, onde o satélite foi construído.A empresa está satisfeita com os resultados desta nova parce-ria com a ESA?
Sim. Como já foi referido, esta foi uma das primeiras mis-sões espaciais onde a Critical Software esteve envolvida, mas foi também o reconhecimen-to, pela ESA, de que a Critical Software é uma empresa capaz e competente na sua área. Jun-to da ESA, somos reconheci-
dos como uma das melhores empresas à escala mundial a fazer validação e verificação de software, tendo sido convida-dos pela agência a desenvolver um guia que permitisse defi-nir e melhorar esse processo e servisse de base à aferição das competências de outras empre-sas. Quais são os grandes objecti-vos do programa “Exploradores da Terra”?
Enfrentamos hoje mudan-ças ambientais que são um problema à escala mundial, ao não se restringirem a regi-ões específicas e nem podendo ser analisadas isoladamente. Estas mudanças são determi-nadas não só pelas alterações climáticas, mas também pelo impacto que uma população em crescimento e uma econo-mia que explora os recursos ao máximo imprimem no planeta e no seu ambiente. Os satélites “Exploradores” irão contribuir para o estudo dos fenómenos que influenciam o ambiente terrestre e para melhor com-preendermos o sistema Terra.De que forma?
Os “Exploradores da Ter-ra” são um dos elementos de um plano mais vasto que é o “Planeta Vivo” (do inglês “Living Planet Programme”). Os “Exploradores” são o ele-mento dedicado à investigação e à ciência e as suas missões focam-se na atmosfera, bios-fera, hidrosfera, criosfera e no interior da Terra, com o objec-tivo global de compreender melhor a interacção entre estes elementos e o impacto que a actividade humana está a ter nos processos naturais do pla-neta.Há assim tanta necessidade – e tanta urgência - em determi-nar como é que a espessura do gelo, quer da terra quer flutuan-do nos oceanos, está a mudar?
A missão original do Cryo-
Entrevista Bruno Carvalho, gestor de desenvolvimento de negócio da Critical Software para o mercado espaço
“Critical quer voar até
à Lua e Marte”
O projecto Cryosat permitiu à empresa de Coimbra demonstrar a sua capacidade e competência e aproximar-se não só da ESA, mas também de um dos principais ac-tores no mercado europeu da construção de satélites - a EADS Astrium, com sede em Munique. Tem, assim, como reconhecem os seus próprios responsáveis, lugar garan-tido noutros voos…
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te. Justifica-se o investimento?O investimento numa
segunda versão não é tão gran-de como na primeira, pois todo o trabalho de definição e espe-cificação da missão já foi feito, o que costuma absorver uma parte significativa do orçamen-to previsto para uma missão nova. Mais, a ESA e a empresa responsável pelo lançamento do satélite contratam seguros na eventualidade de algum problema ocorrer, embora, em missões científicas, nunca cubra a totalidade dos custos. Ou seja, considerando o valor a investir pela agência, para o qual contribuem todos os
estados membros, a opção de construir um segundo satéli-te é racional. Depois, temos de considerar os objectivos da missão, o que, como já foi referido, são considerados de extrema importância, no con-texto em que nos encontra-mos.Vários satélites analisam actu-almente as extensões de gelo, nomeadamente os europeus Envisat e ERS e o americano IceSat. Porquê mais um?
Os satélites têm um tempo de vida útil que normalmen-te é determinado pela quan-tidade de combustível que têm disponível para se man-terem na órbita correcta. O EnviSat, lançado em 2002, e o ERS-2, lançado em 1995 (o ERS-1 terminou a sua missão em 2000), estão já em idade avançada e as suas missões já foram consideravelmen-te estendidas face ao inicial-mente previsto, o que tem implicado uma gestão cria-tiva do combustível por par-te dos seus controladores. O satélite ICESat, promovido pela NASA, foi lançado em 2003 e terminou a sua mis-são em 2009. A NASA iniciou já a construção do ICESat-2, cujo lançamento está previsto para 2015.São, então, indispensáveis novas missões?
De facto, para garantir a continuidade dos dados. Além disso, a evolução tecnológica permite construir instrumen-tos cada vez mais precisos. A própria missão CryoSat, por-que foi lançada cinco anos depois do que estava previsto, sofreu alguns ajustes e optimi-zações dos seus instrumentos. O objectivo último passa sem-pre por as missões subsequen-tes serem complementares às anteriores e não apenas redun-dantes.Estão previstas novas partici-pações da Critical Software em missões futuras da Agência Espacial Europeia?
A Critical Software partici-pa activamente em várias mis-sões da ESA e em várias áreas de competência. Além da parti-cipação, já referida, nos “Explo-radores da Terra”, estamos pre-sentes nos consórcios que estão a construir os satélites que representam o elemento espa-ço do programa GMES (Global Monitoring for Environment and Security) – os Sentinel – no programa Galileo, e a olhar
para o futuro das missões robo-tizadas a Marte e à Lua. A Critical Software, ao que têm publicamente revelado os seus responsáveis, não quer limitar-se a detectar meras fugas de segurança nos satélites “Explo-radores da Terra”. Que outros objectivos estão previstos?
No programa GMES, em particular no Sentinel-2 e no Sentinel-3, somos responsáveis pelo desenvolvimento de todo o software. Um nível de respon-sabilidade superior perante os nossos parceiros no consór-cio e perante a ESA. Estamos também envolvidos noutros componentes das missões: processamento de dados reco-lhidos pelos satélites, simula-dores para treino dos operado-res, etc.O Cryosat foi um dos primeiros projectos espaciais em que a Critical Software esteve envolvi-da. Isso ajudou a abrir-lhe por-tas à internacionalização?
Para quem trabalha, tam-bém, para o sector Espaço, a internacionalização é inevitá-vel. A Critical Software não tem um único cliente nesse merca-do em Portugal, embora traba-lhe com alguns parceiros nacio-nais. O CryoSat, tendo sido uma das nossas primeiras mis-sões, permitiu-nos demonstrar a nossa capacidade e compe-tência e foi uma oportunidade de nos aproximarmos não só da ESA, mas também de um dos principais actores no mer-cado europeu da construção de satélites, a EADS Astrium. Num mercado que é, por ine-rência, exigente e competitivo, a Critical Software soube apro-veitar a missão CryoSat para se afirmar e garantir que as portas lhe eram abertas nas missões seguintes. Em que novos projectos tecnológicos inovadores está a Critical Software envolvida?
A c h o q u e o m a i s carismático neste momento, na área do espaço, será o sis-tema operativo que a Critical Software está a desenvolver para ser instalado nos futuros exploradores robóticos interpla-netários. O csXLUNA, como é denominado, já foi demonstra-do com sucesso no robô de tes-tes da ESA, que serve de base à definição do robô que deve-rá ser enviado para Marte em 2018. Se tudo acontecer como o previsto, este sistema operati-vo será testado, a bordo de um satélite, em 2013.
Entrevista Bruno Carvalho, gestor de desenvolvimento de negócio da Critical Software para o mercado espaço
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“Critical quer voar até
à Lua e Marte”
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Pelas Beiras
Coimbra Universidade pretende novo supercomputador
A Universidade de Coimbra candidatou ao QREN - Quadro de Refe-rência Estratégico Nacio-nal a instalação de um novo super-computador, com cerca de cinco mil processadores e uma capacidade de cálculo 20 vezes superior à do Mili-peia, considerado essen-cial para dar um salto qualitativo e quantitativo na investigação científica e consolidar a posição de destaque que Coimbra e a região Centro já ocupam no panorama da super-computação.
C. Branco“EST Shutdown” poupa energia no Politécnico
A Escola Superior de Tecnologia do Institu-to Politécnico de Caste-lo Branco desenvolveu um software que garante a monitorização remota dos seus computadores. Sempre que o período de inactividade de um deles ultrapasse um tem-po definido e se verifique um conjunto de condi-ções previamente progra-madas, o “EST Shutdo-wn” enviará uma ordem para o seu encerramen-to, evitando, assim, gas-tos supérfluos de energia.
AveiroInvestigação faz avançar nanotecnologia
Investigadores da Uni-versidade de Aveiro, desco-briram, com a colaboração da Universidade de Telavi-ve (Israel), novas funciona-lidades na área da nanotec-nologia, que poderão abrir uma nova era na utilização de materiais piezoeléctri-cos em aplicações médicas e biológicas.
Que mais-valias têm resultado do par-que tecnológico para a economia do concelho de Óbidos?
O p r i m e i r o r e s u l t a d o , c o m consequências imediatas, é o da fixa-ção e criação de emprego. Temos, neste momento, duas empresas instaladas e em actividade no Parque Tecnológico de Óbidos, que empregam um total de cer-ca de 150 pessoas, com um elevado nível de qualificações e de competências, a par de uma média de idades muito jovem. Existe, ainda, a incubadora do Parque Tecnológico, a funcionar no Conven-to de S. Miguel das Gaeiras, onde se encontram instaladas 10 empresas e onde trabalham cerca de 30 pessoas.
E tem havido captação de investimen-to privado?
Para além da dimensão do empre-go, deve também salientar-se, realmen-
te, essa vertente da captação de investi-mento privado. O Município investiu até ao momento, de forma directa e indi-recta, cerca de três milhões de euros no Parque Tecnológico, mas, pouco mais de um ano depois da conclusão das infra-estruturas, o investimento privado já é superior ao investimen-to público, através das duas empre-sas instaladas. Este é um sinal de que os resultados para a economia local e regional serão duradouros, projectan-do-se ao longo dos próximos anos.
E s t á j á a p r o v a d a u m a n o v a comparticipação comunitária de qua-tro milhões de euros. Em que vai ser investida essa verba?
Este novo investimento vai ser con-centrado na Praça Central do Parque Tecnológico, onde serão construídos dois edifícios. Um deles terá a com-ponente de gestão e de business cen-ter, funcionando como o pulmão da vida social do Parque, com auditó-rio, cafetaria, restauração, salas de reunião, serviços de videoconferên-cia e alguns espaços para instalação de empresas. O outro edifício rece-berá uma incubadora de empresas, apoiando e incubando o desenvolvi-mento de projectos no sector criati-vo (com destaque para áreas como as tecnologias de informação, a comunicação, comunicação social, arquitectura, design e a cultura). O concurso de ideias para estes edifí-cios centrais, a funcionar de forma aberta, será brevemente lançado.
A que se dedicam e desde quanto estão em laboração as duas empresas já ins-taladas no parque tecnológico?
A Janela Digital, empresa integra-da no universo da Portugal Telecom e que é líder na Península Ibérica em aplicações para o mercado imobili-ário, encontra-se instalada em acti-vidade desde Fevereiro de 2009. A CreativeLand, uma spin-off do Cam-po Aventura, empresa já em activi-dade no concelho há vários anos, com enorme experiência em cam-pos de férias, animação e conteúdos para jovens, encontra-se em acti-
vidade desde Fevereiro deste ano. Há outras empresas interessadas?
Temos, neste momento, três empre-sas em instalação em edifício próprio no Parque Tecnológico e que iniciaram já a sua actividade no concelho, antes de terem lá o seu edifício concluído. É o caso da Várzea da Rainha, com uma oferta inovadora na área do print on demand, da Ambisig, especializada em tecnologias de informação e com vasta experiência na área do ambiente e dos sistemas de informação geográfica, e da Óbidos Records, um projecto com uma forte componente inovadora na área da música e do entretenimento digital.
Qual o impacto dos apoios financeiros da câmara aos projectos tecnológicos no orçamento municipal?
O Município de Óbidos desenha e adopta políticas de apoio e de estí-mulo às áreas que considera centrais para o seu desenvolvimento, com des-taque para a inovação e criatividade, mas não subsidia nem disponibiliza apoios financeiros directos. O impac-to dos apoios financeiros aos projec-tos tecnológicos no orçamento é, desta forma, nulo ou residual. Um dos pro-gramas que pode ser salientado, neste contexto, é o pacote de incentivos fiscais para as empresas instaladas, o Óbidos Tax Free. Este pacote confere isenção de derrama (sendo esta isenção gene-ralizada a todas as empresas do conce-lho), de IMT, IMI (por cinco anos, even-tualmente prorrogáveis) e das taxas municipais associadas ao processo de construção e instalação. Apesar de relevantes para as empresas que se instalam no Parque Tecnológico de Óbidos, estes incentivos não têm um impacto directo relevante sobre o orça-mento municipal. O tecido empresarial do concelho está a revelar empenho na inovação e na melhoria da sua competitividade?
Diria até que de forma muito empe-nhada. Num momento de grande cep-ticismo, sentimos que continua a exis-tir desenvolvimento e aposta em novos projectos a surgir no concelho.
Ora diga lá, senhor autarcaTelmo Faria, presidente da Câmara Municipal de Óbidos
Parque tecnológico garantedesenvolvimento ao concelhoEmbora o momento não seja o mais favorável, o concelho de Óbidos conti-nua a desenvolver-se, mercê da aposta municipal numa política de apoio à inovação e à criatividade.
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1 - MicroCub. Soluções para mobilidade na cidade com um pequeno veículo evolutivo. Autonomia: 140 km. Capacidade: 4 pessoas em 2mx1,45m.
2. LITTLE TR. Roadster100% eléctrico, com motor à frente e atrás. Autonomia: 180 Km. A apresentação do protótipo terá lugar no Salão Mundial de Paris 2010.
3. GT-Hybride. Moto superdesportiva com uma marca nova, com motor eléctrico à frente, de 15 KW, e motor a gasolina atrás, com grande potência (aproximadamente 350 cv).
Para apresentar sempre actualizações no mercado estão a ser preparadas novas parce-rias com o CEIIA e a Universidade Coimbra para desenvolver três novos carros
Veículos para o século XXI
Depois do pioneiris-mo na criação de uma rede integra-
da de carregamento de car-ros eléctricos, o nosso país vai dispor também de uma infra-estrutura com capaci-dade para produzir carros eléctricos em série.
O projecto está a ser desenvolvido pela inChar-ge - Sustainable Mobility Solutions, constituída por um grupo de parceiros experientes e com valências complementares, em que se incluem a Universidade de Coimbra, onde decor-rem estudos sobre siste-mas avançados de carga de bateria e a ISA – Intelligent Sensing Anywhere, especia-lizada em telemetria, gestão remota e soluções de efici-ência energética. Juntam-se-lhes, o Technical Studio, centro francês de investiga-ção e design automóvel, a Norchapa – Corte e Quina-gem de Chapa, empresa de promoção, gestão e execução do ramo metalomecânico em serralharia de produtos em aço inox e o CEIIA – Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel, sedia-do no TecMaia.
O objectivo consiste em contribuir decisivamen-
te para um ambiente mais sustentável, para o comba-te às alterações climáticas, para a eficiência energética e para a redução dos custos associados à mobilidade.
Segundo Fabien Macai-re, fundador da inCharge e já com mais de 13 anos de experiência na indús-tria automóvel, o projec-to é “resultado de mui-tos anos de investigação, desenvolvimento e experi-ência acumulada” e envol-ve um investimento que já superou os dois milhões de euros e que totalizará cinco milhões até 2014, criando 70 postos de trabalho direc-tos e indirectos.
little4 poderá serguiado sem carta
O primeiro carro em pro-dução na inCharge é o Lit-tle4, que já está homologado em Portugal e na Europa e já conta com encomendas pen-dentes para Espanha, França e Itália. Trata-se de uma via-tura que pode ser conduzida sem carta e possui um mode-lo com e outro sem portas.
A linha de montagem, localizada em Fafe, no dis-trito de Braga, é uma plata-forma flexível e polivalente
para a montagem de várias pequenas séries de veículos eléctricos, havendo já con-tactos avançados para o iní-cio, ainda este ano, da pro-dução de um mini-bus de seis ou oito lugares e tam-bém de alguns modelos desportivos.
Na primeira fase, a capa-cidade instalada é de 450 carros por ano, tudo tendo sido concebido para que, num curto período de tem-po, esta capacidade possa ser facilmente escalada.
Veículos para curtase médias distâncias
Para valorizar mais a ideia do carro ecológico den-
tro do programa da mobili-dade eléctrica em Portugal, a inCharge tem um projec-to em curso com CEIIA para incorporar painéis fotovoltai-cos no tecto do Little. A fina-lidade será dar mais autono-mia ao carro e melhorar a sua gestão energética com utili-zação de energias renováveis.
Por não produzirem quaisquer emissões e apre-sentarem um ruído quase n ulo, os carros eléctricos tor-nam-se especialmente ade-quados para serem usados em zonas de lazer.
Assim, um dos gran-des objectivos do projec-to é desenvolver o concei-to de veículo turístico não poluente, de baixo cus-
to (inferior a um euro por cada 100km) e que cumpra as funções de um verdadei-ro guia turístico personali-zado enquanto o turista se desloca livremente por uma determinada zona de inte-resse.
Estão em curso, nes-se sentido, trabalhos com a Direcção do Turismo e a Uni-versidade de Aveiro, em par-ceria com o projecto Audio-Guide (já em curso), tendo em vista que a electrónica que acompanha o veículo determina a sua localização instantânea, com recurso a um sistema de GPS. Dessa forma, o turista pode viajar livremente pela zona de inte-resse, ao seu próprio ritmo
Universidade e ISA na “pole position”
coimbra na “corrida” aos carros eléctricos
O projecto, que completa o Mobi-E – Programa da Mobilidade Eléctrica no nosso país, une a Universidade de Coimbra a empresas como a inCharge, a ISA, a Norchapa e o Tecnical Studio.