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comCentr03TRANSCRIPT
comCENTROinovação & desenvolvimento
opiniãoJ. Norberto Pires
Dívida galopantepág. 2
Reflexões
A importância das incubadoras nos parques tecnológicos pág. 2
Made in Portugal avança na Europa
Câmara de Oliveira do Hospital apoia inovação
Cadeira de rodas conduzida pelo olhar “inventada” no Politécnico da Guarda pág.7
pág. 4 e 5
Critical no espaço
O nosso país subiu um lugar no “ranking” europeu de inovação, ocupando agora a 16.ª posição, à frente, entre outros, da Noruega e da Espanha.
José Carlos Alexandrino la-menta que algumas empresas do concelho esbarrem muitas vezes “num mundo de buro-cracia” quando se candidatam a fundos comunitários. pág.8
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O GOVERNADOR CIVILDE COIMBRA APOIA OEMPREENDEDORISMOE A INOVAÇÃO NASEMPRESAS DO DISTRITO.
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A empresa de Coimbra acaba de registar novo sucesso internacional, através da sua participação no projecto “Exploradores da Terra”, da Agência Espacial Europeia, em que lhe incumbiu a responsabi-lidade de verifi car e validar os sistemas de “software” mais críticos do satélite Cryosat 2. pág. 3
30 ABRIL 2010
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Portugal (todos nós) construiu uma dívi-da pública que atin-
giu os 79% do PIB no final de 2009 e que deverá ficar pelos 108% do PIB no final de 2012. Quando a Argenti-na “estourou” em 2001 a sua dívida pública era de 62% do PIB, ou seja, a situação não era mais grave do que a nos-sa, actualmente. E foi o que foi, lembram-se?
Sabendo-se que o PIB ronda os 164 mil milhões de euros (em 2009), e que Portugal tem cerca de 10 milhões de pessoas, isto sig-nifica que cada Português deve ao estrangeiro cerca de 16,4 mil euros. Vendo isto de outra maneira, cada criança que nasça em Portugal hoje, já nasce com uma dívida de 16,4 mil euros.
Será por isso que cada vez nascem menos crianças no país? Os pais não têm cora-gem de lhes fazer tamanha maldade?
A situação é verdadeira-mente crítica e tem de ser encarada com seriedade, o que parece não estar a ser fei-to. O deficit orçamental pre-visto no orçamento de 2010 é de 8,3% (o de 2009 foi de 9,3%), ou seja, parece que o plano preparado para resolver o problema não é suficiente, ao ponto de Simon Johnson (anterior economista chefe do FMI) ter declarado recente-mente que “os portugueses nem estão a considerar ainda cortes sérios”.
Mas mais importante do que resolver o problema financeiro monstruoso que foi criado é atacar as causas que lhe deram origem. E as causas são bem claras:
1. Portugal vive acima das suas possibilidades, gasta mais do que aquilo que pro-duz, isto é, tem um nível de
vida que não é compatível com os rendimentos que tem;
2. Não existe em Portugal, a todos os níveis, uma cultu-ra baseada no trabalho como forma de obter resultados sus-tentáveis;
3. O mérito não é premia-do como forma de incentivar as pessoas a ultrapassarem objectivos, indo para além do que lhes é solicitado;
4. Não existe uma cul-tura empreendedora e de risco, com bons exemplos, que incentivem as pessoas a contarem consigo próprias, desenvolvendo estratégias para melhorarem as suas condições de vida. Os Por-tugueses parecem vencidos, descrentes e desmotivados, o que torna muito difícil incen-tivá-los a fazerem alguma coi-sa por si próprios. Muitos, a maioria, limitam-se a esperar que algo aconteça e a recla-mar de tudo e de todos;
5. Não existe uma cultura de exigência a todos os níveis, o que permitiu que a medio-cridade se instalasse e criasse raízes procurando por todos os meios (corrupção e ami-guismo) manter-se no poder;
6. Portugal não tem uma elite forte, honesta, culta e res-ponsável, que possa ser refe-rência de comportamento e garante da resolução eficaz e sustentável dos problemas que nos afligem. Muitos dos exemplos que recebemos são de pessoas que usam os luga-res do Estado e das empresas para tratarem da sua vida ao arrepio dos mais elementa-res valores éticos e de solida-riedade.
São estes os nossos proble-mas. Sinceramente, não vejo propostas para os resolver, nomeadamente sabendo que alguns são problemas cultu-rais que demoram gerações a solucionar.
Director
António Abrantes
Sub-Directora executiva
Eduarda Macário
coorDenaDor científico
J. Norberto Pires
Director comercial Luís Filipe Figueiredo
ProjectoS eSPeciaiS
Soares Rebelo
DePartamento Gráfico
Carla Fonseca
ProDução
ProPrieDaDeSojormedia Beiras, SA Contribuinte n.º 508535115Sede, Redacção e AdministraçãoRua 25 de Abril, n.º 7
Dívida galopante
Ponto de vista
É muito relevante, num parque de ciência e tecnologia, avaliar a importância de criação de espa-
ços para empresas tecnológicas de ele-vado potencial, as quais não tendo ainda dimensão para adquirir um lote de ter-reno no parque, ali se queiram instalar. Essas empresas, para além de um espaço físico flexível, precisam também de parti-lhar serviços de apoio à gestão e funcio-namento que não podem suportar indi-vidualmente. Este conjunto de apoios a conceder às empresas será algo próximo de uma incubadora.
A incubação de empresas é definida pela IASP (Associação Internacional de Parques de Ciência e Tecnologia) como um processo dinâmico de desenvolvi-mento empresarial, pelo qual as incu-badoras ajudam a desenvolver jovens empresas, ajudando‐as a sobreviver e a crescer durante o seu período de start-up, quando são mais vulneráveis. As incu-badoras fornecem a essas empresas ser-viços de apoio à gestão, acesso a finan-ciamento e a outros serviços de apoio empresariais e técnicos vitais para o seu funcionamento e sucesso. Oferecem ain-da serviços administrativos partilhados, acesso a equipamentos, espaços flexíveis em condições favoráveis num espaço comum.
O fenómeno da incubação tem sido alvo de diversos estudos em que a per-tinência da sua associação a parques de ciência e tecnologia é uma constante. Westhead (1997) defende que reflectem a presunção de que a inovação tecnológica provém da investigação científica e que os parques podem contribuir com o cata-lisador ambiente de incubação para a transformação de investigação “pura” em productos. Marques et al. (2003) definem as incubadoras tecnológicas como as que apoiam as empresas que baseiam a sua actividade em tecnologia. Estas, segundo os autores, encontram‐se dentro ou na vizinhança de universidades ou parques de ciência e tecnologia.
Parece evidente a ideia de que um ambiente de incubação favorece o suces-so de empresas tecnológicas. Roure e Keely (1989) definem os seguintes fac-tores facilitadores de disponibilidade de tecnologia ou de oportunidades de mer-cado no processo de criação de empresas de novas tecnologias:
‐ A presença de incubadoras;‐ Mercado potencial atractivo, de pre-
ferência local;‐ Universidades e centros de I&D com
forte interacção com empresas;• Incentivos ou projectos governamen-
tais ou contratos de compras públicas.Quanto às estratégias possíveis para
captação de clientes para parques de ciência e tecnologia, destaca‐se como par-ticularmente interessante a abordagem de Ylinenpää (2001), que apresenta os
casos do Madison University Research Park e do Technopolis de Oulu, para dis-tinguir entre as duas grandes estratégias possíveis: atracção e incubação.
A estratégia de atracção baseia‐se na capacidade de oferecer a potenciais investidores –empresas que estejam já no mercado – as infra-estruturas e os recursos humanos que elas procuram.
Pelo contrário, a estratégia de incu-bação é centrada no desenvolvimento de uma organização de apoio a potenciais produtos e conceitos de negócio saídos de uma universidade ou centros de I&D. Devem também ser oferecidos serviços de apoio à gestão, de aconselhamento, de capital “semente” e de formação, bem como infra-estruturas flexíveis que per-mitam o desenvolvimento e expansão dos negócios.
Conclui-se que normalmente as duas estratégias são combinadas nos parques, apesar de Ylinenpää (2001) defender que cada parque se deve concentrar na sua estratégia principal para não correr o ris-co de ficar, estrategicamente, em ‐terra de ninguém‐.
Quanto às funções que uma incuba-dora exerce dentro de um parque de ciên-cia e tecnologia, Marques et al. (2003) indicam que um objectivo importante de uma incubadora de empresas é ‐a produção de uma empresa de sucesso, que, uma vez abandonado o programa de incubação, seja financeiramente viá-vel, independente e capaz de sobrevi-ver face a forte concorrência‐. De acordo com Freire (2003), em apresentação feita sobre o caso do Taguspark, “essencial-mente, um parque de ciência e tecnolo-gia terá que acolher o empreendedoris-mo e apoiar a criação e desenvolvimento de novas empresas tecnológicas inova-doras, que sejam capazes no futuro de actuar com sucesso no mercado”.
De acordo com dados da IASP, obti-dos por inquérito elaborado a parques de ciência e tecnologia de todo o Mundo (nos últimos dois anos), 78% dos par-ques afirmaram ter uma incubadora, 12% não responderam e apenas 10% indicaram não ter incubadora de empresas no parque. Devo ainda realçar que 41% dos parques inqui-ridos afirmam gerir directamente a incubadora e 8% indicaram mesmo considerar a gestão da incubadora a sua actividade principal.
Referências:Westhead, P., “inputs” and “outputs of technolo-
gy based firms located in and off Science Parks” R&D Management 27 (1), 45–62, 1997
Marques et al., Proceedings of IASP Congress, Esto-ril, 2003
Freire et al, Proceedings of IASP Congress, Esto-ril, 2003
Håkan Ylinenpää “SCIENCE PARKS, CLUSTERS AND REGIONAL DEVELOPMENT”, Paper presented at 31st European Small Business Seminar in Dublin, Sept 12 14, 2001
Roure, J.B., Keely, R.H., “Comparison of predicting factors of successful high growth technological ventures in Europe and USA”,
Parques de ciência e tecnologia (II)
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A Critical Software acaba de regis -tar novo sucesso
internacional, através da sua participação no pro-jecto CryoSat, da Agência Espacial Europeia (ESA), em que lhe incumbiu a responsabilidade de veri-ficar e validar os sistemas de “software” mais críti-cos do satélite Cryosat-2, lançado no passado dia 8 de Abril para o espaço, a partir do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquis-tão, trabalho que mobili-zou cerca de uma dezena de engenheiros durante três anos.
A missão, integrada no programa “Exploradores da Terra”, destina- -se a medir com precisão as alterações de espessura do gelo que flutua nos oceanos e as variações
Critical “voa” no CryoSat
de espessura das calotes polares da Gronelândia e da Antártida, no âmbito de estudos destinados a deter-minar a evolução das alte-rações climáticas.
“Orgulhamo-nos de par-ticipar nestas missões e de estar nesse limite tecnológico que é a fronteira com o espa-
ço”, declarou Bruno Carvalho, gestor de Desenvolvimento de Negócio da Critical Software na área do Espaço.
A Critical Software, fun-dada em 1998 como “spin-off ” da Universidade de Coimbra, está já a trabalhar com o consórcio que prepa-ra um outro satélite a lançar
dentro de dois anos pela ESA e que vai analisar os campos magnéticos.
A participação da empresa não se tem todavia limitado a detectar falhas do “software”, como aconteceu com o Cryo-Sat-2. Noutros casos, tem desenvolv ido o “sof tware” de bordo ou o “software” de
controlo no solo, de análi-se dos dados e distribuição da informação recolhida. Está inclusivamente empe-nhada no desenvolvimen-to do próprio simulador do satélite, que é usado para treinar as equipas de con-trolo. “Este foi um dos pro-jectos que ajudou a Critical a ser reconhecida interna-cionalmente, em particular na ESA, como uma empre-sa capaz de fazer este tipo de validações”, sublinha Bruno Carvalho.
A C r i t i c a l S o f t w a r e , cujo principal cliente, após a sua implantação, foi a NASA, é hoje um grupo empresarial com subsidiá-rias em Southampton (Rei-no Unido), San Jose, Cali-fórnia (Estados Unidos), São Paulo (Brasil), Buca-reste (Roménia) e Maputo (Moçambique).
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CICLO FAPRIL
Referência nacional ao nível da inovação
A Ciclo Fapril , com sede em Vale de Grou (Águeda), foi a primei-
ra empresa nacional a adquirir uma máquina de corte e tubo por laser. Hoje, quase 45 anos após ter sido fundada, pode orgulhar-se de ser uma empre-sa moderna.
“O nosso crescimento acen-tuou-se à medida que fomos investindo em tecnolo gia de ponta. Isso tornou-nos uma referência ao nível de ino vação de processos no traba lho de tubo, soldadura e fabri co de peças em alumínio”, revela Nuno Santos, um dos admi-nistradores da empresa.
A atenção constante à evolu-ção da tecnologia garantiu-lhe “diferenciação face à concor-rência”. A pesquisa de novos caminhos, soluções inovado-ras e conceitos alternativos para benefício dos clientes foi “a locomotiva do desenvolvimen-to da empresa”, que está pres-tes a concluir a reestruturação de todo o seu layout, de toda a fábrica. “Adoptámos algumas políticas de gestão ligeiramen-te diferentes, nomeadamente
Em tempo de crise, a empresa pode orgulhar-se de, nos últimos anos, ter visto a sua facturação aumentar. O sucesso deve-se, em grande parte, ao facto de ter apos-tado em tecnolo gia de ponta.
Filipe Oliveira considera que a advocacia preventiva e de acon-selhamento influente é, a par de outras, uma valência indispensá-vel nas empresas e na forma como as mesmas actuam no mercado.
DIÁRIO AS BEIRAS - De que forma pode o direito contribuir para a organização empresarial?
Filipe Oliveira - O direito sur-giu como forma de regulação das relações entre os indivíduos, fosse para regular as relações familiares (direito das sucessões, da família), fosse para regular as relações entre as pessoas (direito de propriedade, direito de demarcação), fosse para regular as relações entre as pesso-as no âmbito das sua actividades, agrícolas, comerciais ou outras (contratos, obrigações de juros). A ordem jurídica é, desde há séculos, um dos pilares civilizacionais, a par com a ordem religiosa.
Significa isso que coube ao direito um papel importante na forma como a humanida-de evoluiu ….
Sim, sem dúvida, ainda que possa parecer tendenciosa a res-posta vinda de um advogado. Desde sempre, o nosso dia-a-dia baseia-se em actos com relevância ou consequências jurídicas. Pen-se-se na primeira troca comer-cial ou na autorização concedida a alguém para cultivar determi-nado terreno com a obrigação de pagar ao proprietário do terreno com parte da colheita.
Mas desde esses tempos as necessidades alteraram-se, tornaram-se mais complexas.
É verdade e o direito tem acompanhado essa evolução, ain-da que por vezes de forma aparen-temente lenta. Pense-se no direi-to da informática, nos direitos da personalidade, nomeadamente naquilo que era o direito à ima-gem ou à reserva da vida privada antes de existirem os meios actu-ais de comunicação e de difusão. Os ordenamentos jurídicos sou-beram adaptar-se e criar um con-junto de normas reguladoras e de protecção dos indivíduos face a estas novas e complexas realida-des.
Centremo-nos nas empresas e na actividade empresarial…
Sim, acabei por não responder à pergunta. Também ao nível da
organização empresarial é fulcral existir uma forte componente jurí-dica de base, numa primeira fase e de apoio, numa fase subsequente.
É cada vez mais fácil consti-tuir uma empresa.
A desmaterialização de alguns actos e a implementação de pro-gramas como a Empresa na Hora, tornaram realmente tudo mais fácil. Só que, a constituição da empresa não é garantia de sucesso ou da desejada implantação e sus-tentação no mercado. Mais uma vez, a organização é essencial ao sucesso de qualquer empresa.
Que problemas podem ocorrer no início do desen-volvimento da actividade da empresa?
Eu não diria problemas, mas sim desafios. Definir áreas de actuação e definir a estrutura ao nível dos recursos humanos e das suas valências técnicas são fulcrais para qualquer empresa.
A existência de um gabinete jurídico pode contribuir para o sucesso de uma empresa?
Um gabinete jurídico ou um apoio jurídico regular certamente que contribuirão para que uma empresa e a sua estrutura accio-nista tomem decisões mais ade-quadas e, acima de tudo, para que corram menos riscos nos contra-tos que celebram e nas obriga-ções que assumem. Pense-se, por exemplo, nas implicações fiscais que pode ter a celebração de um contrato. Caberá à assessoria jurí-dica da empresa avaliar se aquele contrato, à partida lucrativo, não sairá prejudicado pela tributação em percentagem não antecipada de mais-valias.
Mas o recurso ao advogado ainda é o último dos expe-dientes.
Essa é uma realidade que está a mudar. Antecipar problemas é evitá-los e a advocacia preventiva e de aconselhamento influente é, a par de outras, uma valência indispensável nas empresas e na forma como as mesmas actuam no mercado.
ASSESSORIA JURÍDICA
Organização essencial ao sucesso das empresas
a especialização, explica Nuno Santos, acrescentando que a Ciclo Fapril trabalha na área da indústria metalomecânica ligeira em geral. “Os clientes enviam-nos uma modelo e nós procedemos à indus-trialização e à execução das
peças. E trabalhamos desde a indústria automóvel à hos-pitalar, passando por compo-nentes para energias reno-váveis. Somos, em suma, uma indústria ao serviço da indústria”, considera o administrador.
Quase meio século de história
A Ciclo Fapril nasceu em 1965, a fazer pequenos com-ponentes para bicicletas e ciclomotores, nomeadamente na tornearia. Mais tarde, durante a década de 80, afirmou-se também no fornecimento da indústria automóvel nacio-nal. Ainda nos anos 70, parte da produção era vendida para as ex-colónias portuguesas em África e ainda para Holanda e França. Depois, com a produ ção de componentes para a indústria automóvel, a empresa começou a alargar os seus horizontes. Aliás, a Ciclo Fapril, como adianta Nuno San-tos, “teve sempre um carácter exportador”. Devido à crise no sector das duas rodas a nível nacional e os problemas que daí surgiram, a respectiva estratégia comercial passou a desenvolver-se noutros mercados que não o português. A aposta foi ganha e, actualmente, a Ciclo Fapril dedica-se ao fabrico de componentes soldados metálicos, baseados em estampagem/quinagem de chapa, corte/dobragem de tubo/arame e tornearia/mecanização. “Não temos produto pró-prio nem final. São novos projectos, novos negócios que nos continuarão a fazer crescer”, conclui Nuno Santos.
Patrícia Cruz Almeida
Vida empresarialNuno Santos explica sucesso com investimento em tecnologia de ponta
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De Óbidos para a Europa
“Até 2017, vamos t e n t a r q u e a reg ião Centro
seja uma das mais inovado-ras da Europa, onde estamos hoje em 153.º lugar entre 300 regiões”, sublinha Jorge Ferreira, da Universidade de Coimbra, que, com outras entidades, integra os órgãos sociais da OBITEC, entidade gestora do Parque Tecnológi-co de Óbidos.
Trata-se de uma meta que conta, à partida, com total apoio do presiden-te da Câmara Municipal de Óbidos, Telmo Faria,
empenhado em “dar um contributo muito forte, em conjunto com outros par-ques, incubadoras de empre-sas e universidades”.
O projecto conta nos órgãos sociais com várias universidades, institutos politécnicos e instituições de formação na gestão de um parque de ciência e tec-nologia.
Os órgãos sociais da OBI-TEC integram, para além do município (que preside à direcção), as universidades de Coimbra e Técnica de Lis-boa, o Instituto Politécnico
de Leiria, a Escola Técnica de Imagem e Comunicação (ETIC), empresas e associa-ções empresariais.
O lançamento do con-curso público de ideias para os edifícios centrais do Par-que Tecnológico de Óbidos, num investimento de 3,6 milhões de euros, será um dos primeiros projectos da associação. “Queremos uma resposta arquitectóni-ca que espelhe a inovação e a criatividade”, explicou Telmo Faria, durante a apre-sentação do programa de concurso a que arquitectos
Colocar a região Centro entre as 100 mais inovadoras da Europa é um dos objectivos da OBITEC, entidade gestora da componente de investigação, desenvolvimento, ensino e formação do Parque Tecnológico de Óbidos.
Uma cadeira de rodas eléctrica que pode ser conduzida ape-
nas com o olhar foi desen-volvida por um professor do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) no âmbi-to do projecto “Magic Key”, que tem permiti-do desenvolver aplicações informáticas para pes-soas deficientes. O inves-tigador Luís Figueiredo revelou que o sistema, denominado “Magic Whe-elchair”, usa uma câma-
ra de alta definição e uma aplicação informática que determina a direcção do olhar do utilizador. O dis-positivo, que dá autono-mia total ao utilizador em ambientes interiores, porque em ambientes exte-riores há interferência da luz solar com os sistemas, destina-se a pessoas com graves limitações físicas e permite ter um contro-lo absoluto sobre a cadeira de rodas, apenas e só com o olhar. Luís Figueiredo
não possui estimativas de quanto custa, por exem-plo, instalar a aplicação numa cadeira eléctrica já existente, mas deixa claro que “se houver uma úni-ca pessoa que com este sistema possa melhorar a qualidade de vida, vale a pena investir”. O projec-to tem vindo a ser apoia-do, para além da ESTG do IPG, pela Guarda Digital - Associação Distrital para Sociedade de Informação e pela Fundação PT.
nacionais e estrangeiros se poderão candidatar durante 60 dias.
O autarca estima que a construção dos edifícios cen-trais, onde serão instaladas todas as áreas de apoio às empresas do parque, “pode-rá ser posta a concurso no até final do ano”. A obra, que deverá estar concluída, no máximo, até início de 2012, permitirá ao parque, segun-do o presidente da câmara, “entrar em velocidade cru-zeiro, criando espaços para apoio a muitas empresas e aumentando significativa-mente o número de traba-lhadores”. A par com este dossiê, a OBITEC apostará também, a partir de agora, na apresentação do projec-to do Parque Tecnológico de Óbidos a cerca de 3.000 empresas da Área Metropo-litana de Lisboa. A gestão do ABC - Apoio de Base à Cria-tividade (uma incubadora de empresas a funcionar no Convento de S. Miguel das Gaeiras) será outra das tare-fas centrais da Obitec.
TECNOLOGIA
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DIÁRIO AS BEIRAS - Que projectos tecnológicos têm merecido apoios finan-ceiros da autarquia?
JOSÉ CARLOS ALEXANDRINO - O município dispõe de dois instrumen-tos para apoiar projectos inovadores e de carácter tecnológico: um concurso municipal de ideias de negócio desig-nado Empreender + e um fundo muni-cipal de apoio para este tipo de projec-tos (Finicia/Invista+), que tem vindo a ser divulgado no sentido de generalizar o seu acesso e estimular investimentos inovadores, que sustentem o empre-endedorismo oliveirense e ajudem a criar o próprio emprego. Nestes casos, qualificado.
Há já alguma proposta pronta a avançar?Temos já, realmente, alguns projectos
privados premiados e sinaliza-dos para avançar, casos do
Logic Pulse, ligado à tecno-logia RFID, da Fauna Polis, um outro na área das ciên-cias da saúde, que são do
domínio público e que gostarí-
amos que viessem a integrar um pla-no mais v a s -to de
diversificação do tecido produtivo da nos-sa região. Acreditamos que a Platafor-ma de Desenvolvimento poderá acolher todos estes projectos, que já deram mos-tras de possuir méritos próprios.
Qual o impacto dos apoios financeiros da câmara aos projectos tecnológicos no orçamento municipal?
Enquanto aposta do actual executivo, o impacto vai ter de ser crescente, até pela expectativa gerada pela carteira de projectos associados à Plataforma e que terão de ser, em primeira-mão, projectos auto-sustentáveis. Para isso estamos a trabalhar e, à partida, em sentido restrito, a Câmara Municipal tem uma dotação de cerca de 550 mil euros para este domínio que, natu-ralmente, poderá ser reforçada se os projectos assim o motivarem. Ir à procura, aprender, criar e diversifi-car as fontes de emprego sustentável dá-nos uma motivação acrescida para desenvolvermos o nosso projecto para Oliveira do Hospital.
O tecido empresarial do concelho está a revelar empenho na inovação e na melhoria da sua competitividade?
De um modo geral, e a nível nacio-nal, as empresas estão cada vez mais a apostar na inovação e diferencia-ção. Com a actual crise internacional é extremamente importante ter esta consciência e em Oliveira do Hospi-tal existem empresas de êxito que têm apostado significativamente na inova-ção. Também é verdade que por vezes esbarram num muro de burocracias quando se candidatam a fundos para melhorar o nível da inovação.
A Escola Superior de Tecnologia e Ges-tão está a apoiar os empresários?
Tenho tido um contacto estreito com
o novo presidente da ESTGOH, Jorge Alexandre Almeida, e sei que a escola está disponível para colaborar de forma activa, dentro das suas áreas científicas, com os empresários da região.
O que seria efectivamente necessário, a nível local, para ultrapassar a crise e relançar a economia?
Fundamental era que apareces-sem ideias de negócios diferentes dos tradicionais, ao nível de pequenas e médias empresas. Parece-me que o futuro passa por aqui. Nesta ques-tão, e a nível local, o sector primário é crucial, assim como o sector turís-tico, de ensino e energético. Estamos empenhados em trazer conhecimen-to e investigação para estes sectores, mas a questão logística, tanto ao nível empresarial como de ensino, é fulcral e de uma enorme importância. Mas sem os traçados da Serra da Estrela, que são a chave para alcançar o pro-gresso, não será possível relançar a economia local.
Que papel poderá desempenhar a Câma-ra tendo em vista a dinamização do teci-do empresarial do concelho?
A Câmara já realizou diversos con-tactos nacionais e internacionais, por forma a alavancar o projecto “Platafor-ma”, que tem por base a dinamização do tecido empresarial. Está a criar-se uma estrutura e um projecto com base num conceito de “elo de ligação” entre o centro de conhecimento e saber e as empresas para a criação de uma corrente empresa-rial forte e dinâmica. Pretendemos criar condições para aumentar a competitivi-dade dos sectores fundamentais para o desenvolvimento do concelho. O papel da Câmara será o de mudar o paradigma local e será esse um dos principais objec-tivos deste executivo.
Ora diga lá, senhor autarcaJOSÉ CARLOS ALEXANDRINO, presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Hospital
“Futuro passa por negócios diferentes dos tradicionais”O executivo municipal, empenhado em mudar o paradigma do desenvolvi-mento local, orçamentou 550 mil euros para projectos que possam aumen-tar a competitividade dos sectores fundamentais para o desenvolvimento do concelho.
Ao Centro
Parque tecnológico no centro das Caldas da Rainha
A Câmara Municipal das Caldas da Rainha está a construir um par-que empresarial de base tecnológica numa zona central da cidade com o objectivo de potenciar a convivência social. Os lotes vão ser vendi-dos pela autarquia a 15 euros o metro quadrado e as empresas terão ain-da como incentivo à sua fixação a isenção de taxas e licenças por um perío-do de dez anos. As oito empresas e um restau-rante deverão criar cerca de 100 postos de traba-lho, na área das soluções tecnológicas.
Polis da Ria de Aveiro avança em 2010
O relatório ambiental e o plano estratégico do programa Polis Litoral da Ria de Aveiro, que estive-ram em consulta públi-ca até ontem, vão estar agora disponíveis nas 12 câmaras municipais que integram o projecto, bem como na sede da Socie-dade Polis, no Parque de Exposições de Aveiro, na Administração da Região Hidrográfica do Centro, nas instalações do ICNB nas Dunas de S. Jacinto e na sede da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro. Os documen-tos podem ainda ser con-sultados no site www.polis-riadeaveiro.pt.
MANTENHA O SEU CORAÇÃO EM BOA FORMA
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DB - Paulo Leitão