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18 DIÁRIO AS BEIRAS SEGUNDA 22|11|2010 EMPRESAS & ECONOMIA 18 R ealizar coisas sempre foi muito complicado em Portugal. Geram sempre imenso ruído aquelas pessoas ou insti- tuições que pensam globalmente, definem estratégias e realizam projectos com o propósito único de melhorar as con- dições de vida na sua cidade, região ou país. Coimbra é nisso uma cidade particularmente difícil, pela enorme quantidade de egos e sensibilidades, pelas sombras majestáticas de pessoas e instituições, pela atitude aristocrática insuportável de certo meios académicos, políticos, culturais e económicos, e por uma certa atitude altiva, mas vazia de con- teúdo, de sentido de dever e de serviço público. Esta atitude Coimbrinha maldizente, decadente e medío- cre , e que tem ainda alguma força em certos meios, é hoje uma minoria. Felizmente, existe uma Coimbra nova, empreendedora, que sabe que tem de lutar para atingir objectivos, que percebe co- mo funciona o mundo, que gosta muito desta cidade e aposta tudo para que tenha sucesso. Essa nova Coimbra é hoje largamente maioritária. É cons- tituída por pessoas conscientes das dificuldades que atravessa- mos como cidade. Pessoas que percebem bem as mais-valias associadas a Coimbra. Pessoas que percebem bem o papel da Universidade, do Politécnico, e das outras instituições de ensino superior da ci- dade, bem como o papel dos centros de saber e I&D que aqui desenvolvem a sua actividade. Sabem bem aquilo que essas instituições devem fazer e como se devem orientar. Pessoas que sabem, que percebem, e que querem propor- cionar a essas instituições os estímulos necessários para que elas mudem e aumentam a sua contribuição para o nosso de- senvolvimento colectivo. Pessoas que percebem bem quão crítico é ser capaz de fixar pessoas criativas e empreendedoras. Aquelas pessoas que mu- dam a face dos locais onde vivem, porque identificam oportu- nidades e criam actividades geradoras de valor. Pessoas que percebem bem o papel da cultura numa cida- de universitária de primeiro mundo. Uma cidade que precisa de ser excitante e tem de fervilhar de actividade. As pessoas dessa nova Coimbra sabem bem que perante tantas escolhas, tantos locais, tantos sítios para viver e ser feliz, é preciso ser capaz de atrair os melhores, e que esses procuram os locais em que as coisas acontecem. A cultura tem este papel mobilizador que é fundamental para tudo o resto. Pessoas que sabem separar o trigo do joio. Pessoas que não ligam ao ruído gerado, qual cortina de fu- mo, e percebem que realizar bem dá muito trabalho, exige es- forço e dedicação, cria imensas invejas, mas tem resultados. Como dizia Camilo José Cela, famoso escritor espanhol e prémio Nobel da literatura em 1989, no seu discurso de aceita- ção do prémio Príncipe das Astúrias de 1987, na área das letras: “En España – y os lo digo, Alteza, porque sois joven y es- pañol – el que resiste, gana”. Norberto Pires Presidente do CA do Coimbra iParque opinião Quem resiste ganha EMPRESA BetterSoft: a software ho . Mário Nicolau [email protected] Quem sobe a Santa Cla- ra passa pelo outdoor que anuncia a BetterSoft, mas dificilmente imagina “o mundo” que se esconde ao fundo das escadas do 7B da Rua Carlos Alberto Pinto Abreu, em Coimbra - um milhão de euros de volume de negócios só em Portugal. O naipe de clien- tes da BetterSoft é de res- peito: “trabalhamos com as maiores empresas e grupos do nosso país, ca- sos da PT, da Sonae, Nes- tlé, Central de Cervejas, Refrige, Unicer, BP, além de 300 pequenas e médias empresas”, explica o CEO, Jorge Marques. Ao longo do templo, a BetterSoft desenvolveu “grande proximidade” com as multinacionais, “que têm necessidades muito próprias e às quais respon- demos em tempo útil”. A nível internacional, a empresa incomoda mui- to boa gente. Já lá vamos. Jorge Marques abre o livro da história para lembrar o percurso da software hou- se que nasceu na cidade do Mondego há 10 anos, “em- bora tenha origem numa outra empresa”, pelo que está no mercado há duas décadas. Quatro licenciadas da Universidade de Coimbra deram asas a um projeto que começou “de forma errada porque, na altura, não existiam processos de consultadoria, nem de metodologias de trabalho”. Só que as quatro estudan- tes decidiram avançar com o projeto que antecedeu a BetterSoft. A dimensão – “somos uma empresa pequena” – é uma vantagem com- petitiva, pois, afirma Jor- ge Marques, “somos mais ágeis no tempo de resposta e, também, mais baratos, conseguimos fazer o que faz uma consultora inter- nacional a uma percenta- gem do custo”. A BetterSoft “cresceu” através de uma solução de distribuição e logística pa- ra empresas do mercado horeca. “Permite gerir a recolha das encomendas, a preparação e as entre- gas dos produtos ao mer- cado”, referiu. Quando as multinacionais quiseram uniformizar a rede de dis- tribuição, encontraram na BetterSoft “um produto muito adequado”, o que permitiu celebrar contra- tos e, a pouco-e-pouco, “efetuar a uniformização dessas mesmas redes”. Quais são as mais-valias? A principal, refere Jorge Marques, “é que estas em- presas têm conhecimento do que vendem para a rede de distribuição, mas não Naipe de clientes inclui PT, Sonae, Nestlé, Central de Cervejas, Refri o livro Este excelente romance de José Eduar- do Agualusa é uma estória sobre o maior tesouro que temos: a nossa língua. Fala de Iara, uma jovem linguista portuguesa, que descobre assustada e perplexa que al guém, ou alguma coisa, está a subverter a língua portuguesa. Este mistério, base- ado numa lista de palavras que estariam a ser introduzidas na língua lusa de uma forma avassaladora e irremediável, inte- ressa a um seu velho professor, um ve- lho anarquista angolano de passado al- go sombrio, a quem Iara pediu ajuda. E assim começa uma aventura fantástica, um romance de amor e mistério que nos faz pensar no poder da nossa língua: “da mais radical das subversões, a de melhorar uma civilização sofisticando o seu idioma”. Este excelente romance, de um autor muito interessante, lê-se de uma vez, sem parar. o negócio A Almedina é uma marca da cidade. No Estádio Cidade de Coimbra conjuga a vertente generalista (área técnica e o Di- reito, a sua vocação primordial, mas as- segurando a presença de novas áreas) com a componente de cultura e lazer. A literatura infantil e juvenil não foi esquecida. Na área de cafetaria/ snack-bar é possível escolher e apre- ciar as obras selecionadas ao sabor das especialidades de um menu de qualidade. A música e a Sétima Ar- te são outros capítulos da oferta cri- teriosa de obras de cinema da lo- ja Almedina no Estádio Cidade de Coimbra, que dispõe de um auditório que “ mente. O horário alargado, adaptado às conv utilizadores, torna-a indispensável. Que falta fa l N comCENTRO inovação & desenvolvimento Jorge Marques considera o edifício no iParque um projeto fundam

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18 DIÁRIO AS BEIRASSEGUNDA 22|11|2010 EMPRESAS & ECONOMIA18

Realizar coisas sempre foi muito complicado em Portugal. Geram sempre imenso ruído aquelas pessoas ou insti-tuições que pensam globalmente, definem estratégias e

realizam projectos com o propósito único de melhorar as con-dições de vida na sua cidade, região ou país.

Coimbra é nisso uma cidade particularmente difícil, pela enorme quantidade de egos e sensibilidades, pelas sombras majestáticas de pessoas e instituições, pela atitude aristocrática insuportável de certo meios académicos, políticos, culturais e económicos, e por uma certa atitude altiva, mas vazia de con-teúdo, de sentido de dever e de serviço público.

Esta atitude Coimbrinha maldizente, decadente e medío-cre , e que tem ainda alguma força em certos meios, é hoje uma minoria.

Felizmente, existe uma Coimbra nova, empreendedora, que sabe que tem de lutar para atingir objectivos, que percebe co-mo funciona o mundo, que gosta muito desta cidade e aposta tudo para que tenha sucesso.

Essa nova Coimbra é hoje largamente maioritária. É cons-tituída por pessoas conscientes das dificuldades que atravessa-mos como cidade. Pessoas que percebem bem as mais-valias associadas a Coimbra.

Pessoas que percebem bem o papel da Universidade, do Politécnico, e das outras instituições de ensino superior da ci-dade, bem como o papel dos centros de saber e I&D que aqui desenvolvem a sua actividade. Sabem bem aquilo que essas instituições devem fazer e como se devem orientar.

Pessoas que sabem, que percebem, e que querem propor-cionar a essas instituições os estímulos necessários para que elas mudem e aumentam a sua contribuição para o nosso de-senvolvimento colectivo.

Pessoas que percebem bem quão crítico é ser capaz de fixar pessoas criativas e empreendedoras. Aquelas pessoas que mu-dam a face dos locais onde vivem, porque identificam oportu-nidades e criam actividades geradoras de valor.

Pessoas que percebem bem o papel da cultura numa cida-de universitária de primeiro mundo. Uma cidade que precisa de ser excitante e tem de fervilhar de actividade.

As pessoas dessa nova Coimbra sabem bem que perante tantas escolhas, tantos locais, tantos sítios para viver e ser feliz, é preciso ser capaz de atrair os melhores, e que esses procuram os locais em que as coisas acontecem. A cultura tem este papel mobilizador que é fundamental para tudo o resto. Pessoas que sabem separar o trigo do joio.

Pessoas que não ligam ao ruído gerado, qual cortina de fu-mo, e percebem que realizar bem dá muito trabalho, exige es-forço e dedicação, cria imensas invejas, mas tem resultados.

Como dizia Camilo José Cela, famoso escritor espanhol e prémio Nobel da literatura em 1989, no seu discurso de aceita-ção do prémio Príncipe das Astúrias de 1987, na área das letras:

“En España – y os lo digo, Alteza, porque sois joven y es-pañol – el que resiste, gana”.

Norberto PiresPresidente do CA do Coimbra iParque

opinião

Quem resiste ganha

EMPRESA

BetterSoft: a software house das grandes soluções

. Mário [email protected]

Quem sobe a Santa Cla-ra passa pelo outdoor que anuncia a BetterSoft, mas dificilmente imagina “o mundo” que se esconde ao fundo das escadas do 7B da Rua Carlos Alberto Pinto Abreu, em Coimbra - um milhão de euros de volume de negócios só em Portugal. O naipe de clien-tes da BetterSoft é de res-peito: “trabalhamos com as maiores empresas e grupos do nosso país, ca-sos da PT, da Sonae, Nes-tlé, Central de Cervejas, Refrige, Unicer, BP, além de 300 pequenas e médias empresas”, explica o CEO, Jorge Marques.

Ao longo do templo, a BetterSoft desenvolveu “grande proximidade” com as multinacionais, “que têm necessidades muito próprias e às quais respon-demos em tempo útil”.

A nível internacional, a empresa incomoda mui-to boa gente. Já lá vamos. Jorge Marques abre o livro da história para lembrar o percurso da software hou-se que nasceu na cidade do

Mondego há 10 anos, “em-bora tenha origem numa outra empresa”, pelo que está no mercado há duas décadas.

Quatro licenciadas da Universidade de Coimbra deram asas a um projeto que começou “de forma errada porque, na altura, não existiam processos de consultadoria, nem de metodologias de trabalho”. Só que as quatro estudan-tes decidiram avançar com o projeto que antecedeu a BetterSoft.

A dimensão – “somos uma empresa pequena” – é uma vantagem com-petitiva, pois, afirma Jor-ge Marques, “somos mais ágeis no tempo de resposta e, também, mais baratos, conseguimos fazer o que faz uma consultora inter-nacional a uma percenta-gem do custo”.

A BetterSoft “cresceu” através de uma solução de distribuição e logística pa-ra empresas do mercado horeca. “Permite gerir a recolha das encomendas, a preparação e as entre-gas dos produtos ao mer-cado”, referiu. Quando as multinacionais quiseram

uniformizar a rede de dis-tribuição, encontraram na BetterSoft “um produto muito adequado”, o que permitiu celebrar contra-tos e, a pouco-e-pouco, “efetuar a uniformização

dessas mesmas redes”. Quais são as mais-valias? A principal, refere Jorge Marques, “é que estas em-presas têm conhecimento do que vendem para a rede de distribuição, mas não

Naipe de clientes inclui PT, Sonae, Nestlé, Central de Cervejas, Refrige, Unicer, BP e mais 300 pequenas e médias empresas

o livroEste excelente romance de José Eduar-do Agualusa é uma estória sobre o maior tesouro que temos: a nossa língua. Fala de Iara, uma jovem linguista portuguesa, que descobre assustada e perplexa que al guém, ou alguma coisa, está a subverter a língua portuguesa. Este mistério, base-ado numa lista de palavras que estariam a ser introduzidas na língua lusa de uma forma avassaladora e irremediável, inte-ressa a um seu velho professor, um ve-lho anarquista angolano de passado al-go sombrio, a quem Iara pediu ajuda. E assim começa uma aventura fantástica, um romance de amor e mistério que nos faz pensar no poder da nossa língua: “da mais radical das subversões, a de melhorar uma civilização sofisticando o seu idioma”.

Este excelente romance, de um autor muito interessante, lê-se de uma vez, sem parar.

romance de José Eduar-do Agualusa é uma estória sobre o maior tesouro que temos: a nossa língua. Fala de Iara, uma jovem linguista portuguesa, que descobre assustada e perplexa que al guém, ou alguma coisa, está a subverter

nos faz pensar no poder da nossa língua: “da mais radical das

o negócioA Almedina é uma marca da cidade. No Estádio Cidade de Coimbra conjuga a vertente generalista (área técnica e o Di-reito, a sua vocação primordial, mas as-segurando a presença de novas áreas) com a componente de cultura e lazer.

A literatura infantil e juvenil não foi esquecida. Na área de cafetaria/snack-bar é possível escolher e apre-ciar as obras selecionadas ao sabor das especialidades de um menu de qualidade. A música e a Sétima Ar-te são outros capítulos da oferta cri-teriosa de obras de cinema da lo-ja Almedina no Estádio Cidade de Coimbra, que dispõe de um auditório que “respira” cultura regular-mente.

O horário alargado, adaptado às conveniências dos clientes/utilizadores, torna-a indispensável. Que falta faz à Baixa uma loja assim...

é uma marca da cidade. No Estádio Cidade de Coimbra conjuga a vertente generalista (área técnica e o Di-

lN

comCENTROinovação & desenvolvimento

Jorge Marques considera o edifício no iParque um projeto fundamental e explica o sucesso da empresa. “A BetterSoft é mais ágil no tempo de resposta e nos custos”, afirma