comércio eletrónico em angola: impacto e desafio face à...

92
Comércio Eletrónico em Angola: Impacto e Desafio Face à Internacionalização de uma Empresa de Transporte Aéreo - Caso TAAG Kikufi Matondo Bobo Dissertação apresentada ao Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto para a obtenção do Grau de Mestre em Empreendedorismo e Internacionalização Porto, Maio de 2014 INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

Upload: dinhthien

Post on 01-Feb-2018

222 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • Comrcio Eletrnico em Angola: Impacto e Desafio Face

    Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo -

    Caso TAAG

    Kikufi Matondo Bobo

    Dissertao apresentada ao Instituto Superior de Contabilidade e

    Administrao do Porto para a obteno do Grau de Mestre em

    Empreendedorismo e Internacionalizao

    Porto, Maio de 2014

    INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO DO PORTO

    INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO

  • Comrcio Eletrnico em Angola: Impacto e Desafio Face

    Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo -

    caso TAAG

    Kikufi Matondo Bobo

    Dissertao apresentada ao Instituto Superior de Contabilidade e

    Administrao do Porto para a obteno do Grau de Mestre em

    Empreendedorismo e Internacionalizao

    Orientao pela Professora Doutora:

    Ana Azevedo

    Manuela Patrcio

    Porto, Maio de 2014

    INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO DO PORTO

    INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    i

    RESUMO

    Em angola as grandes empresas no perderam a oportunidade de estar presentes no

    mercado digital, acompanhando as tendncias econmicas e tecnolgicas da globalizao das

    economias que fazem com que haja cada vez mais competitividade seja no mercado interno ou

    externo, mais segmentos do mercado e maiores consumidores online.

    O Comrcio Eletrnico atua em vrios segmentos em todo o mundo, entre eles o setor de

    turismo e o seu subsetor de transportes areos, causando mudanas no setor e atuando como um

    novo canal de valor para as empresas areas.

    Face a esta realidade, o presente trabalho pretende analisar os principais impactos

    causados pela adoo do Comrcio Eletrnico (CE) na empresa TAAG (Transportes Areos

    de Angola), bem como perceber se esta adoo levar a uma maior e melhor

    internacionalizao para o mercado global do que o conseguido pelos tradicionais canais de

    distribuio. O intuito analisar como a TAAG utiliza o seu website em termos de aspetos

    relacionados com a divulgao, transao e relacionamento com seus parceiros e clientes e no

    que toca a desafios referentes adoo deste novo canal.

    Obviamente, a maior ameaa para uma empresa pode radicar tanto no facto de falhar

    na implementao da internet como de no conseguir implement-la estrategicamente.

    Adaptando-se um modelo de estudos de website ser analisado como a TAAG,

    transportadora de passageiros, atua no mercado online e como utiliza o seu website a partir dos

    pontos de vista de um utilizador (B2C) e de um intermedirio de negcios (B2B). e

    Posteriormente, atravs da entrevista com os responsveis pretende-se verificar, a partir da

    viso da empresa area, de que maneira esta analisa os servios disponibilizados no seu site

    atravs de uma anlise SWOT e quais os impactos e desafios implementao deste ambiente

    virtual.

    PALAVRAS-CHAVE: Comrcio Eletrnico, Angola, Internacionalizao, Transporte Areo.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    ii

    ABSTRACT

    In Angola the big companies have not lost the opportunity to be present in the digital

    market, following the economic and technological trends of economic globalization that cause

    there is increasing competitiveness both in domestic and foreign markets, more market

    segments and the largest consumer online.

    Electronic Commerce operates in several segments throughout the world , including

    the tourism sector and its sub-sector of air transport , causing changes in the sector and act as

    a new channel of value to airlines .

    Considering this fact, this study aims to analyze the main impacts caused by the

    adoption of Electronic Commerce (EC) to the company TAAG ( Air Transport of Angola ) ,

    and if this adoption will lead to internationalize better for the global market than traditional

    distribution channels , by analyzing how the lines Angola airlines uses its website - in terms of

    issues related to disclosure , transaction and relationships as partners and challenges to

    adoption of this new channel.

    Obviously, the greatest threat to a company may be rooted in the fact that both fail in

    the implementation of the internet as failing to implement it strategically.

    Adapting a model for studies of website will analyze how TAAG passenger carrier and

    worked in the online market and uses its website from the point of view of a user (B2C) and

    business (B2B) and later through the intermediary interview with officials we intend to

    investigate, from the perspective of airline, how this analyzes the available services in your

    website through a SWOT analysis and what the impacts and challenges to the implementation

    of this virtual environment.

    KEYWORDS: Electronic Commerce, Angola, Internationalization, Air Transport.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    iii

    AGRADECIMENTOS

    , acima de tudo, a dissertao o coroamento da realizao de um objetivo acadmico, o fim

    de uma etapa e o incio de outra. Apesar de ser, um trabalho individual, no posso deixar de

    expressar os meus agradecimentos a todos os que contriburam para a sua realizao.

    s Professoras Doutoras Ana Azevedo e Manuela Patrcio, pela orientao, acompanhamento

    e incentivo durante a dissertao pesquisa.

    Professora Doutora Maria Clara Ribeiro, sempre bastante prestativa e atenciosa na soluo

    de problemas administrativos do dia-a-dia do curso de mestrado de Empreendedorismo e

    Internacionalizao.

    Aos Professores Doutores da Comisso Examinadora,

    Aos Professores Doutores Jos de Freitas Santos, Celsa Machado, Adalmiro Andrade Pereira, Orlando Lima Rua, Antnio Correia de Barros, pelo exemplo de dedicao Academia e

    pelos ensinamentos durante as disciplinas do Mestrado.

    Aos colegas da turma de Mestrado, pela parceria e partilha de conhecimentos ao projeto da

    dissertao.

    Aos professores Doutores Carlos Diakanamwa, Maria de Ftima, Sony Kambol Mbunga

    Nzinga David, Heitor Timotio e autoridades da Universidade Kimpa Vita pelos incentivos e

    oportunidades dadas.

    Aos colegas professores da universidade Kimpa Vita pelos incentivos em particular: Msc.

    Makiesse Mavakala, Msc Lukonda bau, Msc. Lutonadio Mavakala, Dr. Nsimba Petezi, Dr.

    Kikufi Sunda, Dr. Nzau Lukoki,

    Aos meus pais Kikufi Andr e Nsimba Margarida, por quem tenho muito respeito, carinho,

    admirao e amor, aqueles que amarei para sempre e a quem devo muito da pessoa que sou.

    minha esposa Niclette Nsakala e os meus filhos: Kikufi Andr Bena, Kikufi Matondo

    Winny e Kikufi Kristy Zolana pelo amor, pacincia, compreenso e carinho.

    Aos meus irmos Kikufis pelos conselhos e apoio moral assim que a toda minha famlia.

    s Familias Mvutu Sebastio, Kivoloka, Tundu, Kifuanako Jacques, Zolana Matundu,

    Dialukunsia pelo apoio Moral.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    iv

    Ao Inagbe pelo apoio financeiro.

    Ao chefe de Escala da TAAG Porto, Sr. Fernando Jorge Susa Santos , o seu supervisor Sr.

    Mario Jorge da Silva , assim que os todas balconistas pelo preenchimentos dos inquritos,

    disponibilidade em conceder as entrevistas e fornecimento das demais informaes

    requisitadas.

    A todas as pessoas que sempre me apoiaram na realizao deste estudo, incentivando-me at

    ao fim.

    A Deus todo-poderoso.

    A todos sou sinceramente grato.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    v

    Citao

    "A vida est cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, transformam-se em oportunidades"

    Marxwell Maltz

    " A cincia ser sempre uma busca e jamais uma descoberta. uma viagem, nunca uma chegada. "

    Karl Popper

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    vi

    GLOSSRIO

    ACEP : Associao do Comrcio Electrnico em Portugal

    AICEP: Agencia para o Investimento e Comercio Externo de Portugal

    ANACOM : Autoridade Nacional de Comunicaes

    B2A: Business-To-Administration

    B2B: Business-To-Business

    B2C: Business-To-Consumer

    B2E: Business-To- Entreprise

    BafD: Banco Africano de Desenvolvimento

    CE: Comrcio Eletrnico

    CPLP :Pases de Lngua Oficial Portuguesa

    CRM : Customer Relationship Management

    CRS : Sistema de Reserva Computarizado

    EU: Unio Europeia

    EUA: Estados Unidos de America

    FMI:Fundo Monetario Internacional

    GDS : Sistema Global de Distribuio

    IATA: Associao Internacional de Transporte Areo

    IDE: Investimento Estrangeiro Directo

    OAIC: Organizao de Aviao Civil Internacional

    OMC: Organizao Mundial de Comercio

    OMS : Organizao Mundial de Sade

    OMT :Organizao Mundial do Turismo

    ONU: Organizao das Naes Unidas

    OPEP: Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo

    SADC: Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral

    SWOT: Strengths, Weaknesses, Oportunities, Threats (Pontos Fortes, Pontos Fracos,

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    vii

    Oportunidades e Ameaas)

    TAAG: Transportes Areos de Angola

    TAP: Transportes Areos de Portugal

    TIC :Tecnologia de Informao e Comunicao

    UA: Unio Africana

    WWW: World Wide Web

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    viii

    NDICE GERAL

    Resumo ... i

    Abstract .. ii

    Agradecimentos .. iii

    Citaes .. v

    Glossrio vi

    ndice de Quadros .. xi

    ndice de Grficos .. xii

    ndice de Figuras xiii

    1. Introduo .. 1

    1.1 Problema de Pesquisa . 1

    1.2. Objetivos ......... 3

    1.3. Hipteses ........ 3

    1.4. Justificativa . 4

    1.5. Mtodos e Tcnicas Utilizadas ......... 4

    1.6. Delimitao do Trabalho 5

    1.7. Estrutura do Trabalho 5

    Parte I : Reviso da Literatura

    2. Transporte Areo ........ 8

    2.1. Definio. 8

    2.2. Histrico do Transporte Areo ....... 8

    2.3. Caractersticas . 9

    2.4. Tipo de Navegao Area ........ 9

    2.5. Vantagens e Desvantagens do Modal Areo ... 10

    2.5.1. Vantagens ....... 10

    2.5.2. Desvantagens .. 10

    2.6. Tipos de Aeronaves ......... 11

    2.7. Panorama do Transporte Areo Internacional 11

    2.7.1. Crise e Estratgia no Transporte Areo ... 11

    2.7.2. Alianas e Parcerias Comerciais na Aviao Civil ......... 13

    2.7.3. Passagem Low Cost no Setor de Transporte Areo ... 14

    2.8. Sistemas de Reservas e Compras de Passagens Areas 14

    2.9. Padro de Precificao das Passagens Areas .. 15

    2.10. Sincronia entre Transporte Areo e Turismo .. 16

    3 Internacionalizao . 18

    3.1. Definio ......... 18

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    ix

    3.2. Motivaes para a Internacionalizao ........ 19

    3.3. Processo de Internacionalizao . 20

    3.3.1. Formas de Penetrao e Abordagem ao Mercado ....... 20

    3.3.2. Vantagens da Internacionalizao ........ 22

    3.3.3. Desvantagens da Internacionalizao .. 22

    3.4. Requisitos necessrios ao processo de internacionalizao .. 23

    4. Comrcio Eletrnico (CE) .. 24

    4.1. Internet ... 24

    4.2. Comrcio Eletrnico .. 26

    4.2.1. Definio ......... 26

    4.2.2. Evoluo do Comrcio Eletrnico no Mundo 27

    4.2.3. Historial de Implementao do Comrcio Eletrnico no Setor do Transporte Areo ..... 28

    4.2.4. Tipos de Comrcio Eletrnico ......... 29

    4.3. Modalidades de Pagamento no Comrcio Eletrnico .. 32

    4.3.1. Segurana no Comrcio Eletrnico . 32

    4.4. Questes Legais do Comrcio Eletrnico ........ 33

    Parte II: Comrcio Electrnico em Angola : Anlise do caso TAAG

    5. Viso Macroscpica de Angola ........ 37

    5.1. Angola em Ficha . 37

    5.1.1. Dados Gerais .. 37

    5.1.2. Informao Geogrfica ....... 38

    5.1.3. Informao Demogrfica ......... 38

    5.1.4 Classificao no Ranking Internacional ....... 38

    5.2. Evoluo dos Indicadores Macroeconmicos . 39

    5.3. Relaes Internacionais e Regionais ......... 40

    5.4. Dimenso Cultural segundo Hofstede (1998) .. 41

    6 Comrcio Eletrnico em Angola 42

    6.1. Taxa de Penetrao do Comrcio Eletrnico em Angola 42

    6.2. Interesse do Governo Angolano face ao CE ... 43

    6.3. Barreiras ao Desenvolvimento do CE . 44

    6.4. Quadro Jurdico do Comrcio Eletrnico em Angola . 46

    7. Comrcio Eletrnico na TAAG face Internacionalizao 46

    7.1. Apresentao da Empresa TAAG ... 46

    7.1.1. TAAG em Ficha . 47

    7.2. TAAG e a Estratgia da Internacionalizao a partir do CE ........ 48

    7.3. Portal do Website da TAAG ... 50

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    x

    7.4. Anlise crtica face ao Website de Angola Airlines ... 51

    7.5. Anlises das entrevistas ........ 52

    7.5.1. Anlise SWOT do CE na TAAG ........ 52

    7.5.2 Anlise baseada nos modelos do CE na TAAG .. 54

    7.5.3. Anlise das formas de venda de passagens areas na TAAG ... 55

    7.6. Impacto do Comrcio Eletrnico na TAAG .. 57

    7.7. Discusso dos Resultados ....... 57

    7.7.1 Desafios Tecnolgicos e Securitrios .. 58

    7.7.2. Desafios Culturais e Jurdicos . 58

    7.7.3. Desafios Organizacionais ........ 58

    7.7.4. Desafios Estruturais ........ 59

    7.8. Expectativas face aos Desafios ........ 59

    Parte III: Concluso e Trabalho Futuro

    8. Concluses e Trabalho Futuro ........ 61

    8.1. Concluses . ........ 61

    8.1.1. Limitaes .. 62

    8.2. Trabalho Futuro . 63

    Referncias Bibliogrficas 64

    Anexos

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    xi

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 1. Consolidao de fluxos tursticos das viagens areas nas principais regies do mundo (dados estimados) ... 17

    Quadro 2. Principais Indicadores Macroeconmicos de Angola .. 39

    Quadro 3. Quadro seletivo dos pases pelo nmero de utilizadores da internet .... 45

    Quadro 4. Anlise crtica face ao website de Angola Airlines ... 51

    Quadro 5. Anlise SWOT do CE na TAAG ... 53

    Quadro 6. Anlise baseada nos modelos de CE na TAAG .. 54

    Quadro 7. Volume de negcios realizados em 2012-2013 55

    Quadro 8. Anlise referente s nacionalidade dos potenciais clientes na poro B2C, 2013-2013 56

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    xii

    NDICE DE GRFICOS

    Grfico 1. Utilizadores da Internet no Mundo .................................................................................................27

    Grfico 2. Acesso da internet em Angola em comparao com Brasil e Portugal .....................................42

    Grfico 3. Volume de negcios realizados em 2012-2013 ..............................................................................55

    Grfico 4. Anlise das nacionalidades dos potenciais clientes na poro B2C, 2012-2013 .......................56

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    xiii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1. Sistema turstico de Leiper (1979) ......................................................................................................17

    Figura 2. Modelo de modos de entrada em mercados externos (Shama, 2000) ..........................................21

    Figura 3. Modelo Integrado de possibilidades das transaes no CE ...........................................................30

    Figura 4. Pagamento efetuado atravs de SET .................................................................................................33

    Figura 5. Mapa de Angola ....................................................................................................................................37

    Figura 6. Layout de website do Plano estratgico governao Eletrnico de Angola................................43

    Figura 7. Logotipo e Slogan da TAAG ..............................................................................................................47

    Figura 8. Questes bsicas do processo de internacionalizao de uma empresa ......................................48

    Figura 9. Internacionalizao TAAG com a TIC .............................................................................................49

    Figura 10. Portal do site online da TAAG ........................................................................................................50

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    1

    1. INTRODUO

    A velocidade com que a tecnologia evolui no mundo atual impe s economias uma

    nova realidade, na qual as plataformas tecnolgicas servem de base para novas formas de se

    distribuir conhecimento e para novas prticas de negcios entre empresas e seus clientes.

    Graas ao fenmeno da Globalizao, os mercados esto cada vez mais prximos e as

    distncias geogrficas parecem no intimidar a chegada de concorrentes.

    At h bem pouco tempo as pessoas satisfaziam suas necessidades de compra atravs

    do varejo tradicional. O consumidor buscava um ponto de venda, apresentava sua demanda

    ao vendedor, conhecia a oferta de produtos e conclua o negcio.

    A utilizao da internet apresenta um crescimento evidente em pases desenvolvidos e

    em desenvolvimento. Essas transformaes do mundo econmico e empresarial implicam,

    igualmente, grandes mudanas no mundo jurdico, sobretudo no que tange o contrato jurdico

    entre o vendedor e o consumidor.

    Nas ltimas dcadas, a evoluo das tecnologias de informao e de comunicao de

    dados via internet marcaram uma nova fase do processo de internacionalizao da economia.

    Efetivamente, as organizaes procuram, neste novo contexto, manter-se alinhadas com a

    estratgia desenhada para o negcio, mas abrindo uma nova porta aos consumidores dando-

    lhes acesso aos seus produtos de uma forma simples e rpida. O comrcio eletrnico

    apresenta-se como um canal de vendas adicional e, como tal, influencia toda a dinmica

    operacional da empresa (Carrera, 2012).

    O Comrcio Eletrnico (CE) surge nesse contexto de competitividade e estabelece-se

    como uma ferramenta de negcio que oferece altos ndices de crescimento no mundo, de

    maneira geral.

    1.1. PROBLEMA DE PESQUISA

    A indstria turstica, na sua globalidade, tem vindo a sofrer com a atual crise financeira

    mundial. Agncias de viagens, hotis e empresas areas tm vindo a apresentar enormes

    dificuldades para manter os seus negcios, alm de outros setores que indiretamente

    apresentam problemas decorrentes desta conjuntura, nomeadamente os sectores automvel,

    social, alimentao, entretenimento, lazer, entre outros.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    2

    Um dos sectores que tambm procura reestruturar-se no mbito desta realidade o

    segmento de transporte areo, uma poro da indstria do turismo. Este subsetor, alm de

    sofrer das consequncias negativas do atentado terrorista do World Trade Center, ocorrido em

    Nova Iorque, nos EUA, em Setembro de 2001, da Crise Financeira Mundial de 2008, da

    reestruturao da Organizao de Aviao Civil Internacional (OAIC) e da associao

    internacional de transporte areo (IATA) com as famosas listas negras que proibiam

    companhias areas internacionais sem normas de segurana de operar na Unio Europeia, teve

    como resultante a diminuio no nmero de passageiros para as empresas areas e a

    consequente desistncia de um grande nmero de empresas operando no setor.

    De facto, aps o atentado foi notrio o elevado nmero de passageiros que deixaram

    de voar por medo de novos ataques terroristas, e com isto o prejuzo para algumas empresas

    areas foi enorme, gerando graves situaes financeiras quando empresas de renome no

    mercado pediram falncia, como a Swissair, a USAir e, mais recentemente, a Ibria, Alitalia,

    United Airlines, etc.

    Nunca de mais afirmar que a Internet tem estado a mudar os nossos hbitos e

    costumes, as nossas formas de organizao, de comunicao e at a nossa maneira de fazer

    negcio. O comrcio tradicional foi revolucionado pelo aparecimento das tecnologias de

    informao e comunicao (TIC) com maior incidncia para a Internet, motivando a

    diversificao nos processos de negociao, reduzindo a importncia da distncia geogrfica,

    reforando as foras integradoras da globalizao, incrementando a velocidade inovao,

    apressando todo o ritmo de vida (Dionsio et al. 2009), e uma nova forma de contratos

    jurdicos entre parceiros. Estas tecnologias tm permitido no s a proximidade entre empresa

    e clientes mas tambm tem possibilitado que as organizaes ultrapassem barreiras comerciais

    e excluso de forma dinmica.

    Face a esta realidade conjetural e a esta nova realidade virtual, as empresas areas

    foram obrigadas a reestruturar-se, mudar de estratgia e adotar ferramentas tecnolgicas

    modernas para sobreviver, por fim de vender seu produto, atingir potenciais novos clientes e

    enfrentar a concorrncia, cada vez mais inovadora e exigente. Esta situao tem-se conseguido

    graas ao Comrcio Eletrnico.

    O Comrcio Eletrnico oferece muitas vantagens, desde a facilidade de marketing

    relacional, a criao de novos canais de vendas, a inovao nos produtos e servios, indo at

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    3

    criao de novas oportunidades de negcio num contexto de internacionalizao e de

    competitividade global.

    A adoo do Comrcio Eletrnico tem sido objeto da ateno de um nmero

    significativo de empresas, empresrios, empreendedores e investigadores em anos recentes.

    1.2. OBJETIVOS

    A presente dissertao tem como Objetivo Geral identificar os impactos de Comrcio

    Eletrnico em Angola, no mbito de internacionalizao das empresas, nomeadamente a

    anlise do seu embate sobre os respetivos processos de internacionalizao das Taag (Linhas

    Areas de Angola).

    Para atingir esse objetivo, constituem-se os seguintes objetivos especficos:

    a. Apontar as razes pelas quais as empresas se disponibilizaram a utilizar a internet para fazer os

    seus negcios;

    b. Identificar as razes pelas quais os passageiros ou clientes procuram consultar e comprar passagens via

    internet;

    c. Saber se estas tecnologias tm permitido as empresas superar barreiras organizacionais, geogrficas,

    temporais e se possibilitam a integrao de forma dinmica e mais competitiva, a fim de ter um melhor

    e maior acesso aos recursos financeiros disponvel no mercado internacional.

    Face a esta realidade apresentada, o presente trabalho tem como objetivo analisar

    como a TAAG (Linhas Areas de Angola), empresa Pblica de Angola que atua no mercado

    internacional transportador de passageiros, est a fazer uso da Internet e, atravs do seu website,

    do Comrcio Eletrnico para realizar as transaes

    de passagens areas com seus

    consumidores fsicos.

    1.3. HIPTESES

    Para responder s perguntas de investigao colocadas, formularam-se as seguintes

    questes, ensaiadas para as perguntas de pesquisas propostas:

    A empresa TAAG est a utilizar a Internet como um canal de divulgao, relacionamento e

    transao.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    4

    Das adoes s realizaes porque o Comrcio Eletrnico considerado como canal de

    internacionalizao dos negcios.

    Qual o impacto e eventuais desafios utilizao do ambiente de Comrcio Eletrnico para as

    transaes diretas ou indiretas de passagens areas neste clima de competitividade e constante inovao.

    Qual base do quadro jurdico de contrato entre o vendedor e comprador online na TAAG.

    1.4. JUSTIFICATIVA

    Hoje em dia, a globalizao faz com que as empresas necessitem de conquistar um

    espao cada vez maior para conseguir obter sucesso, sendo que a internet atua como uma

    poderosa ferramenta para estes fins, por ter alcance global de 24 horas por dia, 7 dias por

    semana. Alm disso, o ambiente digital cada vez mais utilizado como local de transaes,

    pois as empresas j perceberam o seu potencial e vantagens.

    O Comrcio Eletrnico um tema que tem sido bastante investigado. Contudo, apesar

    da sua importncia no cenrio atual da economia globalizada, notou-se uma carncia de

    estudos e pesquisas no que se refere ao impacto causado pela sua adoo e incorporao s

    atividades comerciais de uma empresa de transporte areo, no caso de Angola em particular.

    Dado o interesse pelo tema, buscar o preenchimento desta lacuna foi o fator que nos motivou

    elaborao deste trabalho.

    1.5. MTODOS E TCNICAS UTILIZADAS

    De acordo com Correia A. M. R. e Mesquita A (2012, p. 14), e para a recolha das

    informaes precisas e claras para o nosso trabalho de investigao cientfica, foi necessrio

    usar diversos mtodos e tcnicas.

    Quanto aos mtodos, utilizamos o documentrio (ou reviso bibliogrfica), o analtico

    e o histrico:

    1. Mtodo documentrio, possibilitou-nos percorrer a documentao referente ao

    nosso projeto;

    2. Mtodo analtico, permitiu-nos analisar brevemente os dados recolhidos durante o

    nosso estudo;

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    5

    3. Mtodo histrico, permitiu-nos conhecer brevemente o historial desta unidade em

    estudo.

    Portanto, no que diz respeito s tcnicas utilizmos a tcnica de observao e a tcnica

    de entrevista (Correia A. M. R. e Mesquita A. , 2012,p . 14).

    1. Tcnica de Observao, permitiu-nos tomar em conta a circulao das informaes

    registadas dentro dos diferentes postos de trabalhos, isto , das ocorrncias de diversas

    atividades da TAAG.

    2. Tcnica de Entrevista, possibilitou-nos entrar em contacto com o pessoal afetado

    aos diferentes postos do sistema administrativo da instituio, a fim de recolher as

    informaes inerentes ao nosso trabalho;

    1.6. DELIMITAO DO TRABALHO

    Como todos os trabalhos cientficos, tambm este deve ser delimitado no tempo e no

    espao; quanto ao tempo delimitamos as nossas pesquisas por um perodo de dois anos , em

    concreto o ano 2012 e 2013; e, quanto ao de espao, o campo deste estudo delimitou-se nas

    Linhas Areas de Angola (TAAG) que passou a atuar no mercado digital, estando j

    estabelecida fisicamente.

    1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO

    Para a realizao de uma investigao cuidada e coerente para responder s questes

    anteriormente enunciadas, o nosso trabalho foi estruturado da seguinte forma:

    A primeira parte, associada reviso da literatura, composta por 3 captulos,

    designadamente:

    2. Transporte Areo;

    3. Internacionalizao;

    4. Comrcio Eletrnico.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    6

    A segunda parte, que trata de Comrcio Electrnnico em Angola : Anlise do caso

    TAAG , est composta por trs captulos.

    5. Viso Macroscpica de Angola;

    6. Comrcio Eletrnico em Angola;

    7. Comrcio Eletrnico na TAAG face internacionalizao;

    A terceira parte trata da concluso e trabalho futuro

    8. Concluso e Trabalho Futuro

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    7

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    8

    2. TRANSPORTE AREO

    A histria da humanidade mostra que o homem sempre manifestou o desejo de voar.

    A lenda de caro um mito grego muito conhecido que retrata esse sonho. Diz respeito a um

    inventor grego, Ddalo, que com o objetivo de fugir do exlio na ilha de Minos, levando o

    filho, caro, construiu dois pares de asas, usando penas de aves e cera, enfatizando o meio de

    transporte areo (www.meio-de-transporte.info, 2012).

    A mobilidade de pessoas, mercadorias e matrias prima no mundo foi viabilizada em

    virtude de evolues e inovaes ocorridas nos meios de transporte, em particular no

    transporte areo, por exemplo. O transporte areo permite a locomoo de pessoas e

    determinadas mercadorias pelo ar, por meio de aeronaves, como avies e helicpteros.

    O transporte areo uma das reas dentro do setor do turismo que tem vindo a

    ganhar cada vez mais importncia num mundo globalizado, considerando a sua forte

    influncia para o desenvolvimento das economias.

    2.1. DEFINIO

    De forma geral, PALHARES (2002, p. 26) define o transporte como:

    a actividade meio que interliga a origem de uma viagem turstica a um determinado destino (e vice-

    versa), que interliga vrios destinos tursticos entre si (primrios e secundrios) ou que faz com que os

    visitantes se desloquem dentro de um mesmo destino primrio ou secundrio.

    Quanto a De Andrade I. F. (2012), o transporte areo o modal de transportes pelo ar

    que consiste em transportar mercadorias (cargas) e/ou pessoas atravs de aeronaves ou

    helicpteros.

    2.2. HISTRICO DO TRANSPORTE AREO

    O transporte areo teve o seu incio no comeo do sculo passado, desenvolvendo-se

    de sobremaneira at os dias de hoje. Leonardo da Vinci, no sculo XV, poca do

    descobrimento do mundo, j rascunhava projetos que almejavam fazer um objeto mais pesado

    que o ar para voar.

    http://www.meio-de-transporte.info/

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    9

    Independente de quem foi o responsvel pelo primeiro voo da histria, sabe-se que a

    Alemanha, no incio do sculo (aproximadamente em 1919), j operava dirigveis entre rotas

    regulares, com o transporte regular de passageiros, partindo da cidade de Friedrichshafen para

    outras localidades, sendo que a rota principal era a Berlim-Leipzig-Weimar. At o incio da

    Primeira Guerra Mundial, quando o servio foi interrompido, mais de 34 mil passageiros

    foram transportados e a empresa tornou-se conhecida por Deutsche Lufthansa.

    A Primeira Guerra Mundial foi muito importante para desenvolver o conhecimento

    at ento existente sobre hlices, motores, tcnicas de voo, entre outros elementos e para o

    desenvolvimento de novas aeronaves, mas o primeiro servio areo internacional regular

    dirio foi inaugurado em 25 de agosto de 1919, pela companhia inglesa Air Transport &

    Travel Ltd., que transportou um ilustre cidado ingls Sir George Stevenson-Reece de

    Londres para Paris (PALHARES, 2002 p. 104).

    2.3. CARACTERSTICAS

    O transporte areo um modal gil e recomendado para mercadorias de alto valor

    agregado, pequenos volumes e encomendas urgentes. competitivo para produtos

    eletrnicos, como por exemplo, computadores, softwares, smartphone, entre outros, e que

    precisam de um transporte rpido em funo do seu valor, bem como da sua sensibilidade s

    rpidas desvalorizaes tecnolgicas (Graham, 2006).

    mais adequado para viagens de longas distncias e intercontinentais.

    2.4. TIPOS DE NAVEGAO AREA

    O transporte areo o nico dentro de sua caracterstica, sua atividade, que devido

    velocidade, alcana com facilidade e rapidez vrios pases. Pode ser dividido como segue

    (Keedi, S. 2000):

    Internacional : transporte envolvendo aeroportos de diferentes pases, isto ,

    aquele que representa operaes de comrcio exterior.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    10

    Nacional : denominado de transporte domstico ou de cabotagem; embora este

    termo no seja muito utilizado, significa que faz a ligao entre aeroportos de

    territrio nacional de um mesmo pas.

    Embora diferentes dos seus conceitos, as duas ligaes assemelham-se quanto

    segurana e operacionalidade. Seguem os mesmos princpios, tanto para as cargas domsticas,

    quanto s cargas internacionais, e so baseados em normas da (IATA, 2012 ) e em acordos e

    convenes internacionais.

    2.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODAL AREO

    2.5.1. VANTAGENS

    Este tipo de transporte apresenta, benefcios (Iognorte, 2011) que o tornam

    competitivo e insubstituvel, de entre os quais apresentamos alguns:

    o mais rpido para transportar passageiros a mdias e grandes distncias;

    Grande liberdade de movimentos;

    dos mais seguros e cmodos:

    o mais adequado para o transporte de mercadorias de alto valor (diamantes,

    instrumentos de tica, produtos farmacuticos, etc.) e de mercadorias perecveis (fruta,

    flores, etc.).

    2.5.2. DESVANTAGENS

    Quanto a questes de desvantagens, Iognorte (2011) enfatiza:

    Custo elevado da sua infraestrutura;

    Frete relativamente alto em relao aos demais modais/transportes;

    Elevada poluio atmosfrica, devido emisso de dixido de carbono;

    Algumas reas esto congestionadas, devido densidade do trfego, gerando

    problemas de segurana;

    Muita dependncia das condies atmosfricas (nevoeiro, ventos fortes);

    Reduzida capacidade de carga (em relao a transportes martimo e ferrovirio);

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    11

    2.6. TIPOS DE AERONAVES

    De acordo com Keedi, S. (2000), as aeronaves subdividem-se em:

    All Cargo ou Full Cargo: serve para uso exclusivo para transporte de mercadoria.

    Combi: transporte misto. Utilizadas para transporte conjunto de passageiros e cargas.

    Full Pax: avio de passageiros. O deck superior utilizado exclusivamente para

    transporte de passageiros, e o inferior, destinado ao transporte de bagagem. Na

    eventual sobra de espao preenchido com carga.

    2.7. PANORAMA DO TRANSPORTE AREO INTERNACIONAL

    A Airports Council Internacional (ACI, 2013) descreve :

    Que apesar da retraco econmica dos Estados Unidos e da Zona do Euro no ano

    de 2012 houve um crescimento mdio no transporte de passageiros (domstico e internacional)

    de 3,9%, quando comparado ao ano de 2011, sendo que para o mercado domstico o

    crescimento foi de 2,8% e no internacional foi de 5,3%. Em nmeros absolutos, foram

    transportados 2,92 bilhes de passageiros no ano de 2012, sendo 1,76 bilhes no mercado

    domstico e 1,16 bilhes no mercado internacional. As oscilaes econmicas ocorridas na

    metade do primeiro semestre de 2012 provocaram um crescimento menor no transporte areo

    de passageiros.

    Segundo (ESFEP, 2012), o trfego mundial de passageiros tem uma estimativa de

    crescimento mdio de 5,5% a 6,5 % ao ano, entre 2012 a 2020, levando a atingir 10 milhes de

    passgeiros/Ano . A indstria aeronutica j produz aeronaves com capacidade de transportar

    um nmero cada vez maior de passageiros, como por exemplo o Airbus 380, aeronave

    planeada com capacidade para atender at 845 passageiros com autonomia de voo de cerca de

    15.000km, o equivalente a aproximadamente 15 horas ininterruptas de voo.

    2.7.1. CRISE E ESTRATGIA NO TRANSPORTE AREO

    A crise do transporte areo civil tem sido a razo de grandes prejuzos para a economia

    mundial, motivada por diversos fatores. No mbito dos fatores psicolgicos, destaca-se, a

    ttulo de exemplo, a falta de confiana no servio causado por ataques terroristas contra avies

    civis tais como o famoso 11 de Setembro de 2011em Nova Iorque e a recente crise financeira

    internacional de 2008. A aviao comercial sempre foi muito sensvel s oscilaes da

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    12

    atividade econmica, sanitrias, eventos sociopolticos e alguns fatores j vinham contribuindo

    para o delineamento de um cenrio de retrao.

    Na busca de soluo, os governos e empresas tm acelerado os processos de

    liberalizao e reduo de barreiras entrada, apontando para acordos do tipo cus abertos.

    Medida com efeitos no curto prazo, a liberalizao facilita a atuao de empresas estrangeiras

    na explorao do mercado alheio. Fomentando a competitividade, espera-se a melhoria dos

    servios e a reduo dos preos para os utilizadores.

    No que se referem ao mercado, as condies devem ser estabelecidas com base na

    reciprocidade. Assim, servindo ao mercado da melhor forma possvel e proporcionando

    sociedade a otimizao do uso de seus recursos, atinge-se a eficincia.

    Vale lembrar que o excecional dinamismo e a crescente competitividade do mercado

    do transporte areo mundial propiciaram, nas ltimas dcadas, a incorporao de tecnologias

    de ponta, geradas nas mais variadas reas do conhecimento humano.

    Enquanto os custos decresceram em termos reais, o transporte areo foi-se tornando

    uma opo concreta para um nmero crescente e significativo de pessoas. Voar, que era uma

    prerrogativa exclusiva dos ricos, foi deixando de ser um luxo para se tornar uma necessidade

    para a grande maioria dos utilizadores.

    O avio passou a representar o grande smbolo de mobilidade, liberdade e

    encurtamento das distncias e barreiras geogrficas.

    No de estranhar, pois, que o governo norte-americano e a Unio Europeia estejam

    dispostos a compensar as empresas areas pelos prejuzos decorrentes dos dias em que os seus

    espaos areos permaneceram fechados, alm da cobertura dos custos com seguros. Por outro

    lado, a atividade do transporte areo dever reestruturar-se rapidamente em escala mundial.

    Ante o acirramento da competio que veio no bojo da chamada globalizao, uma das

    caractersticas dos anos 90 foi a busca de alianas, acordos e parcerias para superar

    dificuldades. Nesse sentido, os objetivos foram:

    racionalizao de sistemas operacionais para evitar a capacidade ociosa e eliminar a

    superposio de linhas e frequncias;

    reduo de custos administrativos, de operao e manuteno, por meio da

    padronizao de sistemas de gesto, equipamentos de voo e apoio de terra;

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    13

    maior fluidez no intercmbio de conhecimento e transferncia de tecnologia;

    criao de novos servios e vantagens para o cliente;

    maior capacidade de apresentar respostas criativas s exigncias de qualidade,

    rapidez e convenincia.

    Apesar da tendncia de liberalizao total dos acessos bsicos aos mercados

    internacionais, cada Estado ser soberano para determinar o nvel de competio internacional

    que deseja no seu territrio, enfatiza o Dr. Souto Marcos Juruena Villela (2008).

    2.7.2. ALIANAS E PARCERIAS COMERCIAIS NA AVIAO CIVIL

    Uma das mais recentes crises do setor de transportes areos data de 2008, perodo da

    correspondente ao incio da atual crise financeira mundial, que casou a elevao dos custos

    com combustvel por exemplo. Esse mesmo perodo corresponde poca do crescimento da

    globalizao mundial, bem como adoo das medidas drsticas em relao s nomas de

    segurana area na aviao civil europeia, proibindo as companhias area consideradas no

    seguras de operar no espao europeu. Esses factos todos reunidos fortaleceram as criaes das

    inter alianas entre as empresas areas (Graham, 2010, p.127-136).

    Estas alianas entre empresas areas tm um carcter estratgico, a fim de combater a

    crise do setor no momento. Atravs de uma aliana entre duas determinadas empresas areas,

    elas podem compartilhar clientes, lucros e assim aumentar a extenso de seu mercado de

    atuao (Cento, 2009).

    J Doganis (2001, p. 65) sugere a existncia de trs tipos de alianas, sendo elas:

    Alianas estratgicas;

    Alianas de marketing;

    Alianas geogrficas.

    As sinergias proporcionadas por este tipo de alianas ultrapassam o simples

    crescimento da rede, do nmero de destinos e de opes de viagem para os passageiros. De

    facto, este tipo de associao permite reduzir os custos operacionais de forma significativa, ao

    possibilitar a partilha de estruturas, equipamentos e pessoal (como sejam os sistemas de

    reservas, os balces de check-in, os lounges, os terminais no seu todo, os servios de

    manuteno, de catering, etc.).

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    14

    J Hanlon (2002, p. 237) afirma que muitas alianas que ocorrem entre empresas

    areas no envolvem investimentos, sendo simplesmente limitadas a acordos de marketing e

    cooperao tcnica.

    2.7.3. PASSAGEM LOW COST NO SECTOR DE TRANSPORTE AREO

    O ambiente competitivo da economia do mercado e o surgimento de um importante

    nmero de novas empresas de transportes areos estimulou a competio e permitiu ao

    transporte areo expandir-se, baratear-se e a sere mais criativo e inovador. Em consequncia,

    resultou o aparecimento das companhias areas low cost, que revolucionaram todo o mercado

    (Belobaba et al., 2009).

    De acordo com a Tap cargo (2012), as companhias areas com passagens a baixo custo

    so geralmente conhecidas por companhias low cost, low fare, no-frills ou discount airlines.

    Estas designaes pretendem definir companhias areas cujos respetivos custos de passagens

    so inferiores aos dos seus competidores. A Easyjet (2012) afirma que o modelo de negcio

    destas companhias low cost caracteriza-se, fundamentalmente, pela simplicidade do produto,

    custos operativos baixos e um posicionamento especfico, permitindo oferecer aos seus

    clientes tarifas mais baixas, no fornecendo muitos dos tradicionais servios adicionais.

    Dentro destas companhias low cost, temos o exemplo da Ryanair, da Easyjet, etc.

    2.8. SISTEMA DE RESERVAS E COMPRAS DE PASSAGENS AREAS

    O incio da tentativa de se criar sistemas de reservas computadorizados para a venda

    de passagens areas deu-se no incio da dcada de 50, atravs de uma parceria entre a

    American Airlines e a IBM, que criaram o chamado CRS (Sistema de Reserva

    Computorizado), sendo que os primeiros programas de reservas foram desenvolvidos na

    forma de sistemas internos de controlo para que as suas equipas de reservas pudessem

    administrar a disponibilidade de lugares de forma mais eficiente.

    A evoluo da tecnologia e ao barateamento da tecnologia contriburam muito para o

    seu crescimento e sua expanso do uso dos CRSs e conduziram apario de GDSs (Global

    Distribution System - Sistema Globais de Distribuio), verso mais aperfeioada na maioria

    das empresas areas.Segundo Doganis (2001, p.177), os GDSs so derivados dos CRS, que

    foram desenvolvidos por grupos de empresas areas, a fim de automatizar e facilitar as

    reservas e emisses de passagens, tanto para as empresas areas quanto para as agncias de

    viagens.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    15

    Efetivamente, o GDS o maior sistema informtico de reservas do mundo e conecta

    mais de 90,000 hotis a mais de 55,000 agncias de viagem que ajudam os hoteleiros a capturar

    tanto o negcio corporativo de grande volume bem como o de lazer, confirma Doganis

    (2001).

    Alm destes dois sistemas principais, GDSs e CRSs, ainda existem ainda mais

    sistemas integrados de reservas de passagens areas que atuam independentemente um dos

    outros, tais como: Amadeus, Galileo, Wordspan, Abacus Distribution System, Axes

    Internacional Network , Sabre, etc, (Doganis ,2001 ).

    2.9. PADRO DE PRECIFICAO DAS PASSAGENS AREAS

    Hanlon (2002, p. 183) considera complexa a maneira como as empresas areas

    definem os preos dos assentos nos avies, devido multiplicidade de variveis a serem

    analisadas e os diferentes preos encontrados para as passagens. Segundo o autor, os preos

    das passagens variam de acordo com a data da viagem, a poca da viagem (alta ou baixa

    estao), a classe da passagem (primeira classe, executiva, econmico ou turismo), a durao

    da estadia no destino, entre outros fatores, alm do local e data da compra da passagem.

    Algumas caractersticas so comuns, porm existem outros que no, como por exemplo a

    distncia da viagem, que quanto maior for mais barato (em termos de preo/quilmetro) ser

    a passagem, e quanto maior for a antecedncia da compra do bilhete mais barato ele tende a

    ser.

    Existem vrios meios para estabelecer preos de passagens areas, mas as estratgias

    mais adotadas so, segundo PAGE (2001, p. 34) as seguintes: Tarifagem nica, Mltiplas Tarifas,

    Gerenciamento de lucros, Poltica de preo com base em escalas, Expectativa de receita marginal por lugar,

    Grau de competitividade no mercado.

    As diferentes estratgias adotadas pelas empresas areas para estabelecer os preos de

    suas passagens areas algo sujeito a diversas variveis externas, mas visando sempre o lucro

    final.

    2.10. SINCRONIA ENTRE TRANSPORTE AEREO E TURISMO

    O transporte est intensamente associado ao turismo, uma vez que este viabiliza as

    viagens. O turismo visto como uma prtica social que envolve a deslocao provisria de

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    16

    pessoas, cargas, informaes e imagens, de um local para outro, por motivaes diversas. Essa

    prtica social repercute-se de diferentes maneiras em diferentes ambientes, como os

    econmicos, os scio culturais e os naturais (CRUZ, 2002).

    Pensar em Turismo mais do que pensar em viagens. A interdependncia entre o

    transporte areo e a atividade turstica , atualmente, bastante forte, justificando a proliferao

    de estudos estratgicos e acadmicos sobre o assunto, ao longo das ltimas dcadas, pois se o

    segmento do lazer e turismo se constitui como uma parte significante da procura area, as

    prprias transformaes ocorridas no sector areo tm vindo a moldar a atividade turstica,

    promovendo novos comportamentos e formas de turismo.

    Segundo Lickorish, L. J. e Carson, J. (2000), a WTO (World Tourism Organization)

    estima que o turismo domstico seja responsvel por aproximadamente 75% das viagens de

    turismo realizadas, lembrando ainda que o turismo domstico e o internacional causam

    impactos gerais semelhantes, gerando empregos, rendas, contribuindo para o desenvolvimento

    regional. E na verdade, em alguns casos, a prpria atividade de transporte uma experincia

    de turismo, como no caso dos cruzeiros, dos comboios panormicos e dos passeios de carro e

    bicicleta. Em algumas circunstncias o transporte prevalece sobre o prprio destino turstico, e

    muitas vezes, influi na escolha do local a ser visitado, como bem lembrou Palhares (2002,

    p.28).

    No ano de 1998, 18 milhes de voos foram realizados no mundo inteiro. De acordo

    com o World Travel and Tourism Council (WTTC , 2013) o contributo direto da rbrica Viagens

    e Turismo para o PIB mundial foi, em 2012, de 2.1 trilies de dlares americanos. No

    entanto, a sua contribuio total, que inclu para alm dos efeitos diretos, os efeitos indiretos e

    induzidos, atingiu 6.6 trilies de dlares americanos, o que corresponde a cerca de 9,3% do

    PIB mundial. Adicionalmente este contributo pode tambm ser quantificado em termos do

    emprego gerado. Com efeito, tendo em conta os efeitos diretos, indiretos e induzidos, este

    setor est associado a 9.1% do emprego total a nvel mundial em 2012 (WTTC, 2013).

    Leiper (1979) citado por Vasconcelos (2005) elaborou um modelo concetual, com base

    numa viso holstica da atividade turstica e do subsetor do transporte areo, modelo este que

    facilita o transporte dos turistas da regio de origem para o local de destino. O autor

    estruturou a atividade em trs reas geogrficas distintas que so ligadas por transporte: a

    regio geradora, a regio recetora e a regio de trnsito, elemento de ligao das duas

    primeiras, como ilustrado na figura 1.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    17

    Figura 1. Sistema turstico de Leiper (1979)

    Fonte: Almeida (2010)

    O quadro 1 evidencia o considervel crescimento do nmero dos fluxos tursticos do

    sector de aviao civil ao mundo dos 8 ltimos anos.

    Segundo a Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2012) 43% dos turistas em

    viagens internacionais, no mundo, utilizam o transporte areo como meio de entrar no pas de

    destino, o que est evidente no quadro 1.

    REGIES

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    MUNDO ( TOTAL DE

    TURISTAS /MILHES ) 803 847 904 922 882 940 982 1.035

    EUROPA 54,6 % 54,6% 53,9% 52,9% 50,6% 51,2% 51,3% 51,7%

    SIA E PACFICO 19,3% 19,7% 20,1% 20,0% 21,7% 22% 22,1% 22,5%

    AMRICA DO NORTE 11,2% 10,7% 10,5% 10,6% 10,4% 10,3% 10,3% 10,2%

    AMRICA DO SUL 2,3% 2,2% 2,2% 2,3% 2,6% 2,6% 2,6% 2,6%

    AFRICA 4,7% 4,9% 5,0% 5,1% 5,3% 5,1% 5,1% 5,1%

    ORIENTE MEDIO 4,8% 4,8% 5,7% 6,0% 6,5% 5,7% 5,6% 5,1%

    Quadro 1. Consolidao de fluxos tursticos das viagens areas nas principais regies do mundo (dados estimados)

    Fonte: Organizao Mundial do Turismo (2012).

    De acordo com o quadro 1, apesar da crise financeira internacional dos ltimos anos,

    verificou-se que o fluxo internacional de turistas tem vindo a crescer significativamente. No

    mundo, o turismo movimentou, em receitas cambiais, algo em torno de US$ 1075 bilhes,

    segundo a Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2012).

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    18

    3. INTERNACIONALIZAO

    O incio do sculo XXI tem sido marcado por profundas transformaes no quadro

    econmico mundial. Nota-se uma reordenao da distribuio da riqueza global, com

    crescente importncia dos pases em desenvolvimento (PED) e em transio (PET) face s

    economias desenvolvidas (PD). Desta forma, a parcela dos pases ricos no PIB mundial, que

    era de 63% em 2000, reduziu para menos de 52% em 2010, segundo dados do Fundo

    Monetrio Internacional (FMI). Este processo j se havia iniciado em finais do sculo XX

    com o crescimento acentuado dos pases asiticos na produo mundial de riqueza, mas

    destacou-se a partir da crise financeira internacional de 2008.

    Num mundo em constante mudana e com a liberalizao crescente e generalizada do

    comrcio escala global, a expanso internacional tem sido a resposta das empresas ao

    aumento da concorrncia s ameaas sua sobrevivncia (Dias & Ferreira M., 2007)

    3.1. DEFINIO

    Entre as diversas definies de internacionalizao existentes, podero ser destacadas

    as seguintes:

    A internacionalizao o processo pelo qual uma empresa potencia o nvel das suas

    atividades de valor acrescentado fora do pas de origem, segundo Meyer R. (1996);

    O processo de adaptao da operao da empresa ao ambiente internacional Calof, J.;

    Beamish, P., Adapting to Foreign Markets (1995).

    A definio de internacionalizao no deve confundir-se com o conceito de

    globalizao, pois este conceito tem como premissa o gradual atenuar das diferenas entre

    diversos e distintos mercados.

    Os negcios internacionais referem-se a todas transaes empresariais, comerciais e de

    investimento, envolvendo empresas de pelo menos dois pases. Estas relaes podem ocorrer

    entre indivduos, empresas privadas, organizaes sem fins lucrativos ou mesmo agenciais

    governamentais (Ferreira, Reis & Serra, 2011).

    As principais barreiras encontradas no processo de negcios entre diferentes pases

    so: idioma, contexto, maneira de ser/estar, relacionamentos interpessoais, formas de

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    19

    negociar, expectativas dos consumidores, sistema poltico, sistema econmico, quadro

    jurdico, quadro fiscal e distncia geogrfica (Rocha, Angela da; Silva, Jorge Ferreira da;

    Carneiro, Jorge, 2007).

    3.2. MOTIVAES PARA A INTERNACIONALIZAO

    Apesar de no ser recente, o fenmeno da internacionalizao tem vindo a ganhar

    dimenses considerveis sendo que interessa refletir nas suas motivaes, bem como na forma

    como estas tm vindo a ser descritas de forma diferente ao longo do tempo, refletindo, assim

    as alteraes no pensamento estratgico empresarial. So de seguida expostas por autor as

    principais motivaes para a internacionalizao (Dias e Ferreira M. C., 2007).

    Na definio das principais motivaes para a internacionalizao autores como

    Czinkota, M., Ronkainen, I. e Moffett, M. (1999) indicam um conjunto de onze fatores. Estes

    surgem agrupados em motivaes ditas:

    a. proativas (benefcios fiscais, vantagens em termos de lucros e tecnologia, produtos

    nicos, a informao exclusiva, o compromisso da gesto e as economias de escala),

    b. reativas (como o excesso da capacidade produtiva, a saturao do mercado

    domstico, as presses da concorrncia e proximidade de clientes e portos de

    desembarque) (Czinkota, M.; Ronkainen, I.; Moffett, M.,1999).

    No mbito da Internacionalizao, importa ponderar as ameaas e oportunidades de

    ordem nacional e internacional, no limitando as possibilidades do negcio.

    A classificao das motivaes para a internacionalizao (ainda que comumente

    referida como motivaes para o IDE) mais conhecida proposta por Dunning (1977, 1993,

    2001) construda sobre o paradigma ecltico. Efetivamente, as motivaes no sustentam

    apenas operaes de investimento mas sim, mais genericamente, de modos de entrada. Esta

    classificao distingue as seguintes motivaes, como segue: Procura de recursos (resource

    seeking);Procura de mercado (market seeking), (Buckley et Al., 2008); Procura de eficincia (efficiency

    seeking); Procura de recursos estratgicos (strategic asset seeking) (ver, tambm, Ferreira,2005; Ferreira; Li;

    Lopes; Serra, 2007; Li; Ferreira; Serra, 2009); Diminuio da dependncia da sazonalidade; Localizao

    dos elementos da cadeia de valor; Diminuio da dependncia do mercado interno; e Fortalecimento da posio

    comercial da empresa.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    20

    No entanto, tambm h algumas desvantagens da expanso internacional, tais como:

    Maior complexidade inerente a uma actuao em diferentes ambientes polticos, econmicos, sociais e culturais;

    Maior complexidade na interaco entre a empresa e os governos (nacionais, regionais, municipais) dos pases de

    destinos. Os argumentos de soberania nacional e as prticas de corrupo so exemplo; Distancia Geogrfica

    (Fsica) e Cultural que dificultam o controlo sobre as operaes estrangeiras, enquanto diferentes praticas

    culturais e formas de comunicao exigem maior ateno relao entre a casa me e as suas subsidiarias,

    (Ferreira e Al. p. 45, 2011).

    3.3. PROCESSO DA INTERNACIONALIZAO

    O processo de internacionalizao deve ser iniciado com a elaborao de um Plano de

    Internacionalizao que dever abordar no s a oportunidade de internacionalizao (seja de

    que forma for), mas tambm fazer uma avaliao objetiva da empresa e das reas em que ser

    necessrio intervir. A encerrar o plano, dever ser realizada uma projeo econmico-

    financeira do impacto das aes a implementar (Ferreira e Al. 2011).

    3.3.1. FORMAS DE PENETRAO E ABORDAGEM AO MERCADO

    Na abordagem dos modos de entrada nos mercados estrangeiros proposto um

    padro de fatores da empresa, do pas-alvo e ainda da envolvente macroeconmica do pas-

    alvo, sendo evidente na Figura 2 a importncia dada pelo autor anlise e ponderao de

    parmetros externos empresa e a valorizao das caractersticas do pas-alvo como

    fundamental na seleo do seu modo de entrada (Shama 2000, p. 655).

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    21

    Figura 2. Modelo de modos de entrada em mercados externos (Shama, 2000)

    So muito variadas as formas de sistematizao das modalidades de internacionalizao

    empresarial, se bem que quanto aos dois extremos do processo, a exportao e o investimento

    direto, o consenso entre os autores seja mais fcil de obter (Santos J. F., 2012), pois este

    contexto depende sempre da viso empresarial dos gestores, j que as formas de abordagem

    do mercado internacional so vrias, muito embora, regra geral, se possam agrupar sob uma

    perspetiva econmica, numa ou numa conjugao das seguintes formas:

    a. Importao/exportao: pressupe a entrada em negcios com empresas estrangeiras,

    negociando a compra e/ou venda dos seus produtos e servios aos respetivos

    fornecedores ou clientes. Dependo de nmero de intermedirios dita

    Importao/exportao pode calhar-se ser direta ou indireta.

    b. Internacionalizao contratual: quando o processo assenta num contrato entre

    empresas de pases diferentes. Podem ainda diferenciar-se algumas modalidades neste tipo

    de metodologia de internacionalizao (Simes, 1997):

    Licenciamento (ou contrato de licena);

    Franchising;

    Subcontratao (Outsourcing , Co- makership);

    Joint-venture;

    Alianas (Consrcios)

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    22

    c. Investimento Direto Estrangeiro (IDE)

    De acordo com Ribeiro M. C. (2012), IDE uma tomada de participao significativa de

    uma empresa no capital de outra empresa estrangeira, dando primeira um certo controlo

    sobre as decises da segunda, ou seja, corresponde ao investimento atravs do qual uma

    empresa controla diretamente uma subsidiria noutro pas. O IDE pode ser:

    Investimento de raiz;

    Aquisio;

    Obviamente, todos os modos de entrada apresentados tm vantagens e desvantagens, e

    assim torna-se imprescindvel referir que no existe um padro de referncia, muito menos

    qualquer adaptao terica que permita definir o mais eficiente modo de entrada.

    3.3.2. Vantagens da Internacionalizao

    Podemos apontar algumas das principais vantagens da Internacionalizao (LeMaire,

    2000):

    a. Aumento das vendas;

    b. Maiores margens comerciais;

    c. O efeito de sinergias ao nvel da estrutura de custos;

    d. Partilha de risco do negocio;

    e. Possibilidade de explorar novas oportunidades de negcio;

    3.3.3. Desvantagens / Barreiras Internacionalizao

    Como principais entraves ao processo de internacionalizao (LeMaire, 2000),

    podemos enunciar:

    a. Barreira lingustica, que pode dificultar a compreenso do ambiente econmico e

    legal, bem como a procura de parceiros e a negociao.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    23

    b. Barreira de conhecimento tcnico, ligados s questes tarifrias ou pautais, tcnicas

    ou no tarifrias, de ordem qualitativa (documentao necessria, regulamentao

    tcnica a cumprir, certificados, licenas, inspees), ou particularidades especficas de

    um determinado mercado.

    3.4. Requisitos necessrios ao processo de internacionalizao

    Para que o processo de internacionalizao seja uma experincia positiva e sustentada

    na estratgia empresarial, e considerando os fatores de competitividade mais importantes,

    nomeadamente os de Marketing, Qualidade, Design, Inovao, Marca e Imagem, as empresas

    devero reunir um conjunto prvio de condies (Teixeira, S. e Diz , H. 2005),

    nomeadamente:

    a. Identificar os fatores crticos de sucesso do negcio (as reas onde convm ter

    excelncia).

    b. Deter vantagens competitivas (pontos fortes) face concorrncia, nomeadamente

    em reas especializadas ou a servir nichos/segmentos de mercado previamente

    identificados.

    c. Desenvolver capacidades de fazer/ produzir diferentes, transmitindo valor

    acrescentado ao cliente e afirmando uma imagem corporativa de excelncia.

    d. Potenciar ao mximo a informao estratgica relevante disponvel e fidedigna que

    permita um conhecimento dos mercados e das oportunidades de negcio existentes.

    e. Recrutar recursos humanos (quadros superiores e intermdios especializados,

    motivados e com formao em internacionalizao), tcnicos (sistemas de informao

    adequados) e financeiros (estrutura de capitais equilibrada) que permitam controlar e

    sustentar todo este processo.

    f. Deter capacidades de gesto interativa e de organizao mnimas, mas tambm

    adequadas maior complexidade dos processos de exportao.

    g. Criar uma estrutura mnima para as suas atividades de marketing.

    h. Ter uma atuao prudente, responsvel e gradual, com aderncia realidade da

    empresa.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    24

    4. COMRCIO ELETRNICO (CE)

    Diversos foram os progressos cientficos criados pelo homem no decorrer do seu

    desenvolvimento, sendo que cada um deles marcou e representou um cone para a poca.

    Assim foi com a inveno do telefone por Alexandre Graham Bell, que quebrou paradigmas ao

    tornar muito mais fcil a comunicao entre duas entidades distantes

    (wikipedia.org/wiki/Alexander_Graham_Bell ,2014). E assim foi com a criao do robot para

    auxiliar o trabalho humano, com o advento da lmpada eltrica, do computador pessoal, rdio,

    entre outros.

    Um destes avanos, concebido ambicionando pequenas resolues, chegou

    conquista de dimenses globais, falamos da Internet. Presentemente impossvel imaginar que

    h apenas alguns anos ela no existia, ou ao menos no estava disponvel a todos,

    independente da sua idade, preceitos e religies. Claro que a internet oferece-nos vrias

    facilidades, sendo estas a disponibilidade de informao, os e-mails, ou ainda a possibilidade

    de se realizar negcios 24 horas/dia e 365 dias/ano.

    Deste advento da internet, surgiu o comrcio Eletrnico que um dos aspetos mais

    pertinentes e inovadores, e ainda est a provocar mudanas positivas no mundo do negcio.

    Esta revoluo impulsionou a uma capacidade e necessidade de adaptao a esta realidade

    to moderna e futurista por parte das empresas.

    4.1. INTERNET

    Por encontrar-se em constante evoluo, no existe uma definio nica de Internet

    como acontece com as outras cincias. Os autores tentam defini-la da melhor e mais simples

    maneira possvel.

    O que hoje forma a Internet comeou em 1969, como a ARPANET, criada pela

    ARPA, sigla para Advanced Research Projects Agency, ou Agencia de Pesquisa de Projetos

    Avanados, uma subdiviso do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Em Janeiro de

    1983, a ARPANET mudou seu protocolo de NCP para TCP/IP, criando o incio da Internet

    que conhecemos hoje.

    A rede coletiva ganhou uma divulgao mais pblica nos anos 90. Em agosto de 1991,

    Tim Berners-Lee publicou seu novo projeto para a World Wide Web, dois anos depois de

    comear a criar o HTML, o HTTP e as poucas primeiras pginas no CERN, na Sua. Em

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Graham_Bell

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    25

    1993 o Web Browser Mosaic 1.0 foi lanado, e no final de 1994 j havia interesse pblico na

    Internet. Em 1996, a palavra Internet j era de uso comum, principalmente nos pases

    desenvolvidos, referindo-se na maioria das vezes a WWW (wikipedia.orgWorld_Wide_Web ,

    2014)

    Independente da sua definio, uma constatao clara: a Internet passou a ser

    conhecida depois que criou-se a World Wide Web (WWW) em 1989. Amor (2000) define o

    WWW como um protocolo existente na Internet que possibilita a troca de informao e

    permite a pessoas com pouco conhecimento de computao acessar os servios Web por toda

    a Internet.

    As vantagens dessa disseminao so imensas, entre elas a possibilidade do aumento

    de negcios/transaes on-line.

    4.2. COMRCIO ELETRNICO

    O Comrcio Eletrnico registava um crescimento discreto, antes do aparecimento da

    Web, sendo um fenmeno praticamente incgnito para a maioria da populao, sendo que, a

    maioria das pessoas apenas se apercebeu da sua existncia atravs do uso dos cartes de

    crdito, dbito e pagamento on-line.

    Mas foi tambm graa ao fenmeno da globalizao dos computadores e

    aperfeioamento dos recursos da internet Web Site e E-Mail no meio dos anos 90 que os

    servios eletrnicos comearam a multiplicar-se em todo mundo e ganharam o seu destaque

    no mundo, pois ela afetou toda a sociedade, principalmente em relao investigao,

    comunicao e comrcio.

    Segundo TURBAN (2000, p. 13), as aplicaes do Comrcio Eletrnico tiveram incio

    no incio da dcada de 70, com inovaes como a Transferncia Eletrnica de Fundos (EFT),

    um mtodo popular para pagamento eletrnico, onde uma quantia de dinheiro transferida de

    uma conta bancria para outra, no mesmo banco ou no, apesar das suas aplicaes se

    limitarem inicialmente a grandes empresas.

    Logo aps veio o EDI (Electronic Data Interchange), uma troca eletrnica de

    documentos padronizados com uma formatao especial como pedidos, contas, aprovao de

    crditos, entre outros, usado principalmente para transferir eletronicamente transaes de

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_World_Wide_Web

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    26

    negcios repetitivas, fator que expandiu o uso desta tecnologia para alm de transaes

    financeiras dentro das empresas. Desta forma, de acordo com TURBAN( 2000 ,p. 202) outras

    aplicaes ganharam espao, sendo chamados de sistemas de telecomunicaes, e entre elas

    encontram-se os sistemas de reservas de agentes de viagens. Mas foi apenas no incio da

    dcada de 90, com a comercializao da Internet e o aumento do nmero de utilizadores,

    possveis e potenciais consumidores, que o termo Comrcio Eletrnico passou a ser usado.

    4.2.1. DEFINIO

    Apesar de se tratar de um assunto recente, vrios so os autores que se dispuseram a

    estudar o chamado Comrcio Eletrnico, em parte devido sua importncia e influncia no

    mundo atual. Algumas destas definies revelamos a seguir:

    KOSIUR (apud dos ANJOS, 1999) d a definio mais simples e clssica, sendo

    comrcio Eletrnico a compra e venda de produtos e servios via Internet.

    Por Comrcio Eletrnico, entende-se a realizao de toda a cadeia de valor dos

    processos de negcio num ambiente Eletrnico, por meio da aplicao intensa das

    tecnologias de comunicao e informao, atendendo aos objetivos do negcio

    (Albertin e Al., 2002).

    Laudon & Laudon (2007) enfatiza que Comrcio Eletrnico (ou e-commerce) refere-

    se ao uso da internet e da Web para conduzir negcios. Diz respeito s transaes

    comerciais realizadas digitalmente entre organizaes e indivduos ou entre duas ou

    mais organizaes.

    (Turban, p. 3, 2000) define Comrcio Eletrnico como sendo transaes realizadas

    atravs de uma rede de telecomunicaes, sendo um conceito emergente que

    descreve os processos de comprar, vender ou trocar produtos, servios, e informaes

    via uma rede de computadores, incluindo a Internet. D-se atravs de uma

    infraestrutura de computao interligada em rede, que est evoluindo como o

    ambiente computacional padro. A sua implementao envolve uma srie de questes,

    entre elas:

    1. Como lidar com a introduo deste novo meio de se administrar? (fazer negcios)?

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    27

    2. Quais impactos da sua adoo do ponto de vista econmico, especialmente em

    termos de competitividade e internacionalizao das empresas?

    3. Pode usar-se extranets como uma infra estrutura B2B, B2C..?

    4. Qual o papel dos intermedirios diante do Comrcio Eletrnico?

    5. Pode-se melhorar os servios voltados aos clientes?

    De acordo com Turban E. e King D. (2004, p. 3), o CE O processo de compra, venda e

    troca de produtos, servios e informaes por redes de computadores ou por internet.

    Kalakota e Whinston (1997) definem o CE a partir de seis perspetiva, concretamente:

    comunicao, processo comercial, servio, on-line, cooperao e comunitria.

    4.2.2. EVOLUO DO COMRCIO ELETRNICO NO MUNDO

    O nmero crescente de utilizadores online est a marcar um perodo de transio do

    mercado fsico ou tradicional para o mercado eletrnico. O aumento da preferncia no uso da

    internet cada vez mais evidente no mundo, conforme ilustrado na grfico 1.

    Grfico 1. Utilizadores da Internet no Mundo

    Fonte: www.internetworldstats.com;nielsen

    Utilizando a internet como meio e o e-commerce como canal, as empresas conseguem

    alcanar novos mercados mais eficientemente, realizar negcios a nvel global e aumentar o

    seu volume de vendas atravs de exportaes (KPMG Consulting, 1999).

    http://www.internetworldstats.com;nielsen/

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    28

    As vendas atravs de comrcio Eletrnico, B2C, cresceram 21,1% para $1 trilho pela primeira

    vez em 2012, de acordo com a eMarketer. Em 2013, as vendas iro subir 18,3%, para $1.298

    trihes, mundialmente ().

    Fonte: newmediatrendwatch.com

    4.2.3. HISTORIAL DE IMPLEMENTAO DE COMRCIO

    ELECTRNICO NO SETOR DE TRANSPORTE AREO

    A aplicao do CE na comunidade empresarial do setor de transporte areo remonta

    ao incio dos anos 50 com as primeiras tentativas de sistemas computadorizados de reservas

    (CRS) por parte de uma parceria entre a American Airlines e gigante eletrnico IBM.

    Entretanto, em funo das limitaes tecnolgicas da poca, o sistema no conseguiu atender

    enorme demanda pelo servio, sendo que o primeiro CRS s entrou em plena atividade no

    ano de 1968, pela Eastern Airlines.

    Com esta introduo no mercado, todas as companhias areas e agentes de viagens

    passaram a adotar os CRS, o procedimento de compra de passagens era feito por telefone,

    sendo que, em caso de disponibilidade de assento no voo, o resto dos procedimentos fazia-se

    manualmente tanto pelo agente de viagem como pelo representante da companhia.

    Em funo da enorme quantidade de informaes geradas, da falta de padronizao

    das mesmas e das normais dificuldades de comunicao da poca, muitos eram os erros

    cometidos com uso desse mtodo.

    Em 1971, a United Airlines lanou Apollo, seguida por tantas companhias areas da

    poca. Neste processo da melhoria de um sistema de reservas adequado surgiram vrios

    sistemas, tais como o System One, PARS, Reservec, Pegasus, entre outros.

    Segundo Pembenton et al (2001), citado por Braga Debora cordeiro e Al (2007) os CRS oferecem

    vrias vantagens competitivas, principalmente para as grandes companhias areas, incluindo:

    a. Eficincia operacional;

    b. Acesso a informaes dos concorrentes;

    c. Informaes sobre os clientes;

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    29

    d. Aumento no nmero de reservas efetuadas nos voos das empresas proprietrias dos

    CRS;

    e. Disposio de voos na tela do sistema; e,

    f. Fonte extra de receitas.

    A partir da dcada de 1980, os executivos dos consrcios areos e dos CRS

    perceberam que o transporte areo era apenas uma pequena parte da complexa experincia de

    uma viagem turstica. Como os agentes de viagem tambm passaram a solicitar a possibilidade

    de fazer reservas de passagens de vrias companhias areas atravs de um nico terminal de

    reservas, alm de obterem outro tipo de informaes que no apenas de passagens areas,

    alguns CRS transformaram-se em Sistemas de Distribuio Global (GDS).

    Atualmente, os GDS disponibilizam informaes e permitem a reserva e compra

    de bilhetes areos, hotis, comboios, veculos, cruzeiros martimos, teatros, eventos

    desportivos, alm de fornecer informaes como a exigncia de visto para um determinado

    destino, efetuar converso monetria, informar sobre condies climticas, entre outros

    dados. Em suma, trata-se de um importante canal de distribuio de servios tursticos.

    Assim a partir de GDS, os subsistemas tais como Sabre, Galileo, Amadeus, Apollo e

    outros foram criados e desenvolvidos pelas respetivas companhias areas em parceria com

    outras empresas do mesmo setor e agentes intermedirios das atividades tursticas tais como

    Deltas Airlines, Air Canada, Lufthansan, SAS, Air France, Tap, British Ailines, KLM, etc.

    Mas, sem dvida com o aparecimento da World Wide Web, que se revolucionou o

    comrcio Eletrnico, nomeadamente com a facilidade na utilizao das solues tecnolgicas,

    no que toca aos problemas de marketing relacional, de difuso e da realizao do comrcio das

    mais diversas formas.

    4.2.4. TIPOS DE COMRCIO ELETRNICO

    Das imensas possibilidades existentes para a classificao do Comrcio Eletrnico,

    como por exemplo, o tipo de produto ou servio negociado, o setor de atividade a que

    correspondem, os montantes envolvidos nos negcios, o tipo de interveniente no processo ou

    a tecnologia de suporte usada, a literatura tem dado um enfoque especial ao tipo de

    intervenientes envolvidos nos negcios.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    30

    De acordo com LAUDON (2004, p.116) reconhecem-se trs principais tipos de

    comrcio Eletrnico quando nos referimos classificao de comrcio Eletrnico baseada no

    tipo de intervenientes envolvidos nos negcios. So eles:

    1. Business-to-Business (B2B);

    2. Business-to-Consumer (B2C);

    3. Consumer- to-Consumer (C2C);

    E est lista no exaustiva de acordo com a perspetiva de Da Silva, Romo e Conde

    (2003, p.7), segundo os quais, dentro desses trs tipos pr-citados desenvolveram-se novas

    formas de negcios online consoante as necessidades da organizao e o tipo de atividades da

    mesma. A ttulo de exemplo, temos o Business-to-employee (B2E), Business-to Administration (B2A);

    Consumer-to-Administration(C2A); Consumer to Business (C2B) e no domnio da educao podemos

    identificar a School to Studente (S2S), Teacher to Studente (T2S) , School to Parents (S2P). tal como

    reforam Turban e King (2004,p.231 ).

    De forma integral, a figura 3 ilustra a maneira como se desenvolvem as transaes no

    ambiente de negcios digital.

    Figura 3. Modelo Integrado de possibilidades das transaes no CE

    Fonte: Delfmann et al., (2002)

    1. Business-to-Business (B2B)

    A Internet modificou o modo de fazer negcio entre as empresas. No que concerne

    comunicao, segundo Mc Loughlin, (1995), a internet deixa de ser vinculada a uma rede

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    31

    privada e passa a ser realizada atravs de uma rede pblica que est disposio de todos. Este

    facto possibilita a adoo do comrcio Eletrnico de forma menos onerosa no momento da

    interligao entre empresas e fornecedores.

    O formato Business-to-Business cinge a venda de produtos e servios entre empresas com

    sistemas devidamente autorizados e integrados. O modelo B2B envolve, normalmente,

    fornecedores, fabricantes, distribuidores, retalhistas, agentes, etc. As transaes ocorrem

    diretamente entre os respetivos sistemas, usando uma rede global ou Extranet, intranet ou redes

    privadas para procurar catlogos de produtos, encomend-los aos seus fornecedores, receber

    as faturas e efetuar o pagamento, como afirmam Turban e King (2004, p161).

    Segundo Laudon (2000, p.661) O formato B2B o de maior potencial, responsvel

    por 80% das transaes de e-commerce a nvel mundial.

    O comrcio B2B desenvolve-se, basicamente, em trs grandes reas: o e-Marketplace, o

    e-Procurement e o e-Distribution reforam (Turban e King ,2004).

    2. Business-to-Consumer (B2C)

    O segmento Business-to-Consumer evidencia-se pelo estabelecimento de relaes

    comerciais eletrnicas entre as empresas e os consumidores finais e, maioritariamente,

    corresponde seco a retalho do CE (Turban e King, 2004).

    J existem vrios centros comerciais e lojas virtuais na Web, que comercializam todo o

    tipo de bens de consumo, tais como computadores, software, livros, viagens, automveis,

    alimentos, produtos financeiros, publicaes digitais, e outros, sendo exemplo a empresa

    Expansys.

    3. Consumer-to-Consumer (C2C)

    Por ltimo no C2C o tipo de CE que engloba todas as transaes eletrnicas de bens

    ou servios efetuadas entre consumidores finais. Geralmente estas trocas so realizadas atravs

    de uma terceira entidade (intermediao), que disponibiliza a plataforma eletrnica onde se

    realizam as transaes, enfatiza Da Silva e al. (2003, p.5). O exemplo marcante do formato

    B2C em Portugal da empresa OLX e a nvel mundial o e-Bay.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    32

    4.3. MODALIDADES DE PAGAMENTO NO COMRCIO ELETRNICO

    De acordo com Da Silva e colaboradores (2003), o meio de pagamento mais utilizado

    no E-commerce o Carto de Crdito (Visa, Mastercard, American Express), que possibilita o

    pagamento a prazo ou parcelado de produtos e servios, obedecidos aos requisitos pr-

    determinados, tais como, validade, abrangncia, limite do carto, entre outros elementos

    (Cobre direito, 2011).

    Ainda temos mais modalidades de pagamento como por exemplo, a Transferncia

    Bancaria ou Pagamento contra Reembolso em Numerrio.

    Em relao ao carto de crdito e normas de seguranas, temos outros modos de

    pagamentos: Digicash, Ecash, Smartcard , boleto bancrio, E-card, paypal, MBNet (Da Silva & al.

    2003, p.177).

    4.3.1. SEGURANA NO COMRCIO ELETRNICO

    O ambiente comercial da internet possui caractersticas nicas que os diferenciam das

    formas tradicionais de comrcio, trazendo um novo paradigma. Uma das funcionalidades

    privilegiadas pelas compras online a maior segurana, privacidade, autentificao e

    anonimato, na medida em que a proteo das informaes contra ameaas de segurana so

    um pr-requisito crtico para a funcionalidade do CE (Albertin A.L., 1998).

    importante realar que a questo de segurana no que se refere ao pagamento no

    CE apontada como responsvel pela no-aceitao em massa deste tipo de negcio. Muitas

    pessoas ainda receiam colocar o seu nmero do carto de crdito na rede. Por isso, vrias

    empresas continuam a investir numa soluo que possa garantir segurana nas transaes.

    Tendo por base esta preocupao, foi desenvolvido o Secure Electronic

    Transactions (SET) em Outubro de 1997, que um dos softwares mais seguros

    desenvolvidos em termos transaes comerciais, uma vez que o SET tem parceria com as

    maiores empresas mundiais de cartes de crdito, o Visa, Mastercard e American Express, bem

    como com construtores informticos.

    O SET garante ao cliente que a empresa que est a oferecer os bens existe na realidade

    e, por outro lado, garante que o cliente no apenas mais um pirata com ms intenes,

    como ilustrado na figura 4.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    33

    Figura 4. Pagamento efetuado atravs de SET

    Fonte: (IEE Spectrum, 1997 apud Silva, 1998)

    4.4. QUESTES LEGAIS DE COMRCIO ELETRNICO

    A internet ultrapassou todas barreiras econmicas sociais, tnicas, raciais, e religiosas.

    Regular juridicamente tais materiais pretender controlar o incontrolvel, j enfatizado por

    Pereira (2001, p.5). As transaes eletrnicas ainda exigem medidas significativas do poder

    legislativo no sentido de criar regras claras que regulem este tipo de comrcio, facilitando a

    prtica dos fornecedores de vender seus produtos pela rede mundial de computadores, mas

    sem esquecer que, do outro lado, esto os consumidores, que so, em regra geral, a parte mais

    fraca da relao de consumo, como referem Turban e King (2004 p.307).

    Os atores que operam no espao virtual, a que chamamos ciberespao, jamais perdem

    a sua particular suscetibilidade de serem titulares de direitos e obrigaes, e sujeitos de relaes

    jurdicas (Pereira, 2001).

    O comrcio Eletrnico e os servios da sociedade da informao constituem uma

    oportunidade para estimular o crescimento econmico e o investimento na inovao por parte

    das empresas, bem como para reforar a competitividade da indstria. Consciente destes

    fatores e com o objetivo de eliminar as divergncias entre as legislaes nacionais que

    impediam o desenvolvimento dos servios da sociedade de informao e o funcionamento do

    mercado interno europeu, por exemplo Rocha,Vaz e Lousa (2006) informam que:

    A Unio Europeia optou por regular certos aspectos da sociedade da

    informao, em especial do comrcio Eletrnico, atravs da Directiva n.

    2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho de

    2000. Este diploma comunitrio foi transposto para a ordem jurdica

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    34

    portuguesa pelo Decreto-Lei n. 7/2004, de 7 de Janeiro, que, em sntese,

    regula o exerccio de actividades econmicas na Internet, o regime de

    responsabilidade dos prestadores intermedirios de servios, as

    comunicaes publicitrias em rede e a contratao electrnica.

    De acordo com Rocha e Al. (2006):

    O Decreto-Lei n 7/2004, de 7 de Janeiro, habitualmente designado como

    Lei do Comrcio Eletrnico (LCE), transps para a ordem jurdica

    portuguesa a Directiva n. 2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do

    Conselho, de 8 de Junho de 2000, relativa a certos aspectos legais dos

    servios da sociedade de informao, em especial, do comrcio Eletrnico,

    no mercado interno.

    Esta lei renovada (Lei n. 46/2012) foi publicada no dia 29 de agosto de 2012 no

    parlamento europeu, relativamente ao tratamento de dados pessoais e proteo da privacidade

    no setor das comunicaes eletrnicas.

    Em resumo, a LCE visa (Turban e King, 2004):

    Assegurar a liberdade de exerccio de atividades econmicas na Internet

    e proteo de privacidade;

    Determinar o regime de responsabilidade dos prestadores

    intermedirios de servios;

    Regular as comunicaes publicitrias em rede e proteo de direito

    autoral;

    Regular a contratao eletrnica entre diferentes atores;

    Garantir a segurana informtica e Combater a cibercriminalidade;

    O Cdigo de Defesa do Consumidor do direito informtico uma lei abrangente que

    trata das relaes de consumo em todas as esferas: civil; administrativa, criminal e penal,

    estabelecendo novos tipos de crimes e as punies para os mesmos.

  • Comrcio Eletrnico em Angola:

    Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG

    35

    A regulamentao do Comrcio Eletrnico, enquanto nova forma de fazer comrcio,

    passou por uma aplicao dos mecanismos jurdicos tradicionais, com ponderao das

    especificidades que o caracterizam, particularmente no mbito dos contratos celebrados com

    consumidores. Os desafios que o Comrcio Eletrnico coloca ao Direito dos Contratos tero,

    como tal, de ser equacionados neste contexto jurdico valorativo do especial dinamismo de um

    mercado Eletrnico de consumo global.

    Face a esta realidade e considerando o potencial que o universo das redes digitais

    apresenta, designadamente, para o crescimento econmico sustentado, a expanso do

    comrcio mundial e a melhoria das condies sociais, algumas organizaes internacionais,

    como a Org