colesterol e triglicérides

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Colesterol e Triglicérides O que é colesterol? Colesterol é um tipo de gordura que é produzido exclusivamente por animais, inclusive os humanos. O colesterol circula normalmente no sangue, sendo usado pelas células do corpo para construir as membranas celulares, para fabricação de alguns hormônios e vitaminas e também como uma fonte de energia. O que são os triglicérides? Triglicérides, ou triglicerídeos, são um tipo de gordura, composto por uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos. Os triglicérides são a principal forma de estocagem de energia dos animais, que os acumulam no tecido adiposo na forma de gordura. Qual a importância dos níveis de colesterol no sangue? O aumento dos níveis de colesterol acima de limites desejáveis é conhecido como hiperlipidemia, ou hipercolesterolemia, ou simplesmente dislipidemia. A maioria das pessoas com colesterol alto não tem qualquer sintoma; no entanto, os níveis altos de colesterol sangüíneo aumentam muito o risco do indivíduo apresentar doenças graves, tais como: a angina pectoris (uma dor no peito de origem cardíaca), o infarto do miocárdio, o derrame (acidente vascular cerebral) e problemas de circulação em outros locais do corpo. Todas essas doenças ocorrem porque o colesterol aumentado no sangue acaba se depositando nos vasos sangüíneos (artérias) com o passar do tempo, na forma de gordura, e isso leva finalmente ao entupimento da artéria. Assim, o

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Colesterol e Triglicérides

O que é colesterol?Colesterol é um tipo de gordura que é produzido exclusivamente por animais, inclusive os humanos. O colesterol circula normalmente no sangue, sendo usado pelas células do corpo para construir as membranas celulares, para fabricação de alguns hormônios e vitaminas e também como uma fonte de energia.

O que são os triglicérides?Triglicérides, ou triglicerídeos, são um tipo de gordura, composto por uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos. Os triglicérides são a principal forma de estocagem de energia dos animais, que os acumulam no tecido adiposo na forma de gordura.

Qual a importância dos níveis de colesterol no sangue?O aumento dos níveis de colesterol acima de limites desejáveis é conhecido como hiperlipidemia, ou hipercolesterolemia, ou simplesmente dislipidemia. A maioria das pessoas com colesterol alto não tem qualquer sintoma; no entanto, os níveis altos de colesterol sangüíneo aumentam muito o risco do indivíduo apresentar doenças graves, tais como: a angina pectoris (uma dor no peito de origem cardíaca), o infarto do miocárdio, o derrame (acidente vascular cerebral) e problemas de circulação em outros locais do corpo. Todas essas doenças ocorrem porque o colesterol aumentado no sangue acaba se depositando nos vasos sangüíneos (artérias) com o passar do tempo, na forma de gordura, e isso leva finalmente ao entupimento da artéria. Assim, o sangue não consegue mais circular pelo vaso atingido. A obstrução das artérias pela deposição de gordura (colesterol) nas suas paredes é conhecida como aterosclerose. O órgão ou tecido afetado sofre danos graves pela falta de circulação. Se isso ocorrer no coração, o paciente tem angina ou um infarto; se ocorrer no cérebro, a pessoa tem um derrame; e assim por diante.Por esse motivo, os médicos prescrevem tratamento para pessoas com colesterol alto, pois a redução dos níveis de colesterol pode protegê-las de doenças cardíacas e derrame cerebral. Felizmente, na grande maioria dos casos os níveis de gordura no sangue podem ser controlados com uma combinação de dieta, perda de peso, exercício e medicações adequadas.

Como as gorduras circulam no sangue?As gorduras circulam no sangue na forma de partículas esféricas, compostas por algumas proteínas na superfície e contendo lipídios

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(gorduras) no seu interior. Essas partículas são chamadas lipoproteínas.Existem vários tipos de lipoproteínas. As mais importantes são:a) LDL (low-density lipoprotein, ou lipoproteína de baixa densidade) - Também é chamada de “mau colesterol”, pois vários estudos grandes mostraram que os níveis aumentados de LDL estão fortemente associados com o risco de doença cardiovascular. Transportam o colesterol do fígado e do intestino para os tecidos periféricos. O colesterol ligado às partículas de HDL pode ser medido por exames de laboratório, e é chamado de LDL-colesterol.b) HDL (high-density lipoprotein, ou lipoproteína de alta densidade) - É conhecida como “bom colesterol”, pois, ao contrário da LDL, quanto maiores os níveis de HDL no sangue de uma pessoa, menores são suas chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Também transportam colesterol, mas no sentido inverso do LDL: retiram a gordura dos tecidos periféricos e dos vasos e a transportam para o fígado, onde vai ser metabolizada. O colesterol ligado às partículas de HDL pode ser dosado em laboratório, e é chamado HDL-colesterol.c) VLDL (very-low-density lipoprotein, ou lipoproteína de muito baixa densidade) - transporta colesterol e triglicérides. O aumento das VLDL (que pode ser constatado pelo aumento dos triglicérides no sangue) também aumenta o risco de problemas cardíacos.d) Quilomícrons - transportam basicamente triglicérides.

Que tipos de gordura podem ser dosados no sangue?A maioria dos laboratórios consegue dosar os seguintes tipos de gordura:- Colesterol total;- HDL-colesterol;- LDL-colesterol;- Triglicerídeos.

Geralmente os médicos solicitam um exame chamado “perfil lipídico”, ou “lipidograma”, que é a dosagem dos 4 tipos principais de gorduras: colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e triglicerídeos.Um cuidado importante quando se vai colher uma amostra de sangue para dosagem do perfil lipídico é que o paciente deve fazer pelo menos 12 horas de jejum antes da coleta, para não haver

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interferência nos resultados do exame.

Quais são os valores normais de colesterol e triglicérides?Os valores de referência usados pela maioria dos laboratórios clínicos, para a população geral, estão na tabela abaixo:

Valores de Referência dos Lípides Sangüíneos para a População Geral

Esses valores de colesterol são válidos para todos os indivíduos?Não. Diferente de outros exames, onde há um valor de corte nítido entre o normal e o anormal, os níveis de colesterol considerados adequados para determinada pessoa vão depender das características desse indivíduo.Visto que quanto maiores os níveis de colesterol, maiores são as chances de doença cardíaca, é prudente atribuir valores “normais” de colesterol cada vez mais baixos quanto maior é o risco de doença cardíaca de um paciente ou grupo de pacientes. Ou seja: pessoas de alto risco de doença cardiovascular precisam ter um nível de colesterol mais baixo do que pessoas de baixo risco.Isso é especialmente válido para o LDL-colesterol, que está fortemente associado com o risco de doença cardiovascular.Existem várias formas de definir quais são os valores desejáveis de colesterol de um determinado paciente. O método mais utilizado é o chamado score de Framingham, que avalia o risco

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de doença cardiovascular de acordo com a presença ou não de certos fatores de risco.

Quais são os outros fatores de risco para doença cardiovascular?Além dos níveis de colesterol, há vários outros fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver doença cardiovascular. Os mais importantes, e que são levados em conta no cálculo do score de Framingham, são os seguintes:

- Diabetes mellitus;- Tabagismo;- Hipertensão arterial;- História familiar de doença cardiovascular prematura (ou seja, em parentes de primeiro grau: homens abaixo dos 55 anos e mulheres abaixo dos 65 anos);- Idade: maior que 45 anos em homens e maior que 55 anos em mulheres;- Presença de outras doenças relacionadas à aterosclerose: acidente vascular cerebral ou doença arterial periférica (má circulação nos membros inferiores).

Como calcular o score de Framingham?O score de Framingham estima o risco de uma pessoa apresentar doença cardiovascular nos próximos 10 anos. Considera-se esse risco:- Baixo: quando menor que 10%;- Moderado: entre 10 e 20%;- Alto: maior que 20%.

Você pode calcular seu score de Framingham de 2 maneiras: ou usando tabelas prontas, que vão pontuar a presença ou não de cada um dos fatores de risco mais importantes, ou através de programas especialmente desenhados para esse fim, onde você entra com suas informações (nível de pressão, idade, níveis de colesterol etc.) e o próprio programa calcula o seu risco.

Experimente calcular seu score de Framingham:

Calculadora online

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Tabelas

Então, quais são os valores desejáveis de colesterol e triglicérides, de acordo com o score de Framingham?Os valores desejáveis de colesterol e triglicérides também vão depender de outro dado importante: se o paciente já apresentou ou não algum tipo de doença cardiovascular.Se o paciente nunca teve infarto do miocárdio, angina, derrame ou doença arterial periférica, então o objetivo do tratamento é impedir que ele venha a apresentar algum desses distúrbios. Trata-se de um paciente em prevenção primária.Agora, se o paciente já apresentou alguma dessas doenças, então o objetivo do tratamento é impedir que ele apresente um novo episódio. Nesse caso, o manejo dos níveis de colesterol deve ser mais rigoroso, pois trata-se de um paciente em prevenção secundária.A tabela abaixo apresenta as principais recomendações para os níveis desejáveis de LDL-colesterol, dependendo das características do paciente:

Valores Desejáveis de LDL-Colesterol de Acordo com o Risco Cardiovascular

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* Doença cardiovascular é definida como a presença (ou história prévia) de: infarto do miocárdio ou angina; ou doença sintomática das artérias carótidas; ou doença arterial periférica; ou aneurisma

de aorta abdominal.

 

Quais são as causas do aumento do colesterol?O consumo exagerado de alimentos ricos em colesterol (carnes gordas, leite integral, queijos amarelos, bacon, manteiga, banha) pode fazer os níveis de colesterol aumentarem. Além disso, o excesso de peso pode fazer os níveis de colesterol e triglicérides subirem. Mulheres tendem a ter um aumento do colesterol após a menopausa. Finalmente, fatores genéticos podem ser responsáveis pelo aumento do colesterol em algumas pessoas, principalmente se houverem várias pessoas na mesma família com esse problema.

Quais são as causas do aumento dos triglicérides?A causa mais comum do aumento de triglicérides é a obesidade. Lembre que os triglicérides são a forma na qual a energia em excesso é armazenada no corpo humano. A gordura do corpo é composta na sua grande maioria por triglicérides. Portanto, quanto mais acima do peso um indivíduo, maiores seus níveis de triglicérides. Freqüentemente, pessoas obesas apresentam triglicérides elevados, HDL-colesterol baixo, glicemias alteradas (ou diabetes) e/ou pressão alta; é a chamada síndrome metabólica. (Leia mais sobre síndrome metabólica clicando aqui).O consumo exagerado de carboidratos ou açúcar pode aumentar os triglicérides também. Além disso, o consumo de grandes quantidades de álcool também pode elevar os triglicérides. Outras causas de aumento dos triglicérides, que devem ser pesquisadas em todos os pacientes, são: o hipotireoidismo, o diabetes mellitus descontrolado, algumas doenças do rim (síndrome nefrótica) e alguns distúrbios genéticos (hipertrigliceridemia familiar). Em mulheres, uma causa comum do aumento de triglicérides é o uso de estrógenos por via oral, seja como pílulas anticoncepcionais ou como tratamento da menopausa (reposição hormonal); se os triglicérides estiverem muito aumentados nessa situação, pode ser necessário o uso de estrógenos por outra via que não a oral (injetável, adesivos, cremes ou vaginal). Várias medicações também podem aumentar os triglicérides, dentre elas:

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diuréticos, beta-bloqueadores, corticóides, anti-psicóticos e medicações contra o vírus HIV.

Quem deve fazer exames para avaliar seus níveis de colesterol e triglicérides?As recomendações atuais são de que todos os adultos, a partir dos 20 anos de idade, façam uma dosagem de colesterol e triglicérides pelo menos uma vez a cada 5 anos.É preferível a coleta do perfil lipídico completo (colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e triglicérides).Pessoas com níveis de colesterol dentro da faixa desejável podem colher um novo exame em apenas 5 anos; se houver qualquer alteração, é necessário repetir o exame com mais freqüência e/ou buscar avaliação médica para iniciar o tratamento mais adequado.

Quem deve receber tratamento para os níveis de colesterol?A decisão de iniciar tratamento para redução dos níveis de colesterol (ou triglicérides) é feita pelo médico, avaliando caso a caso. Para isso, é necessário considerar todas as outras características do paciente, tais como a presença de outros fatores de risco cardiovascular e a presença ou não de doença cardiovascular instalada (se ausente: prevenção primária; se presente: prevenção secundária).a) Prevenção secundária (pessoas com doença cardiovascular prévia - infarto, angina, derrame, má circulação em membros inferiores) - neste caso, um tratamento mais agressivo, objetivando uma redução importante dos níveis de colesterol, é recomendável. Geralmente é desejável um nível de LDL-colesterol menor que 100 mg/dL. Entre 100 e 130 mg/dL, pode-se tentar apenas a modificação dietética, perda de peso e prática de exercício; mas medicações podem ser necessárias. Medicações são geralmente utilizadas quando o LDL-colesterol está acima de 100 ou 130 mg/dL. Em diabéticos com doença cardiovascular, a maioria dos médicos hoje recomenda manter um nível de LDL-colesterol mais baixo ainda: menor que 70 mg/dL.b) Prevenção primária (pessoas sem doença cardiovascular conhecida) - Neste grupo de indivíduos, uma dieta específica é recomendada se houver LDL-colesterol muito aumentado ou um aumento de LDL-colesterol moderado na presença de dois ou mais fatores de risco cardiovascular. Medicações podem ser necessárias se, após algumas semanas de dieta, o LDL-colesterol ainda estiver acima de 190 mg/dL em qualquer paciente ou acima

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de 160 mg/dL em pacientes com 2 ou mais fatores de risco adicionais. Uma exceção são os diabéticos, que devem ter um LDL-colesterol menor que 100 mg/dL.

Quem deve receber tratamento para os níveis de triglicérides?Triglicérides aumentados também podem aumentar o risco de doença cardiovascular, portanto pode ser necessário tratamento específico para sua redução nas seguintes situações:- Níveis extremamente altos de triglicérides (maior que 1.000 mg/dL);- Aumento combinado de LDL-colesterol e triglicérides;- Presença de doença cardiovascular (prevenção secundária);- Forte história familiar de doença cardiovascular;- Presença de outros fatores de risco cardiovascular.

Como é feito o tratamento?Os níveis de lipídios (colesterol e triglicérides) no sangue podem ser reduzidos com o uso de modificações de estilo de vida, medicações e combinações dos dois. Em certos casos, o médico pode recomendar uma tentativa com mudanças dos hábitos de vida (cuidados com a alimentação, exercícios físicos, perda de peso) antes de resolver prescrever alguma medicação.

Quais são as mudanças de estilo de vida que ajudam a controlar o colesterol?Todos os pacientes com níveis altos de colesterol total ou LDL-colesterol devem efetuar mudanças dos seus hábitos alimentares, principalmente diminuindo o consumo de gordura total e gorduras saturadas. Gorduras saturadas são aquelas que se tornam endurecidas à temperatura ambiente, e são encontradas principalmente em alimentos de origem animal (exemplo: carne, manteiga, leite, queijo), mas também podem ser encontradas em produtos vegetais como: óleo de coco, manteiga de cacau e margarina. O consumo de gorduras saturadas deve ser reduzido ao mínimo. O paciente deve dar preferência ao consumo de gorduras poli-insaturadas (óleos vegetias, óleo de milho, óleo de soja) ou mono-insaturadas (nozes, abacate, óleo de oliva). Em alimentos industrializados, o rótulo do produto traz informações sobre a sua quantidade de gordura saturada, mono-insaturada e poli-insaturada. Portanto, acostume-se a ler os rótulos!Algumas dicas para reduzir o consumo de gordura saturada estão

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na tabela abaixo:

- Prefira alimentos com menos gordura total, gordura saturada e colesterol;- Dê preferência a carnes magras (frango, peixe ou carne bovina magra);- Retire a gordura visível da carne, frango e peixe antes de prepará-los; retire também a pele do frango e do peixe antes de consumi-los, pois a pele é rica em gordura;- Evite fritar os alimentos; prefira grelhar, assar, cozinhar ou refogar;- Limite a ingesta de gemas de ovos: no máximo 2 por semana;- Prefira leite e laticínios desnatados;- Opte por queijos brancos, com menor teor de gordura;- Evite embutidos;- Reduza alimentos ricos em gordura: maionese, manteiga, bacon, molhos cremosos (preparados com creme de leite), temperos de salada cremosos ou oleosos etc;- Use a menor quantidade possível de gordura para preparar os alimentos;- Coma vegetais frescos e frutas todos os dias;- Prefira alimentos preparados com grãos integrais: pão, biscoitos, arroz, massas integrais, pois os mesmos são ricos em fibras alimentares que ajudam a controlar os lipídios sangüíneos.

A perda de peso, em pacientes que estão com sobrepeso ou obesidade, também ser útil, principalmente na redução dos triglicérides. Exercícios aeróbicos muitas vezes são auxiliares importantes do tratamento.Uma opção também é o uso de alguns produtos comerciais contendo um tipo de gorduras vegetais conhecido como fitostanóis, que estão presentes em margarinas e óleos vegetais especiais criados para atender às pessoas que precisam controlar seus níveis de lipídios no sangue. Tais produtos podem ser identificados na prateleira do supermercado pelas informações nos rótulos.

Que mudanças de estilo de vida podem ajudar a controlar os triglicérides?Os passos mais importantes são: melhorar a alimentação, perder peso (em pessoas com obesidade ou sobrepeso), aumentar o nível de atividade física e diminuir ou interromper o consumo de álcool. Parar de fumar também é muito importante.

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Quanto à alimentação, é recomendável reduzir o consumo de calorias totais, através da restrição de gorduras e carboidratos (pães, massas, arroz, açúcar).

Se o rótulo de um produto traz a informação de que o mesmo é “sem colesterol”, ou com “baixo teor de colesterol”, isso significa que o produto tem pouca gordura e seguro para consumo?Nem sempre. Vários alimentos vêm com a inscrição “sem colesterol” no rótulo e mesmo assim são ricos em gorduras saturadas. Para entender isso, lembre-se que o colesterol é uma gordura produzida apenas por animais. Portanto, alimentos de origem vegetal (óleos vegetais, margarina etc.) não têm colesterol porque os vegetais não possuem colesterol. Mesmo assim, alguns vegetais são ricos em outros tipos de gordura que podem ser perigosas se consumidas em excesso. Alguns produtos, apesar de não possuírem colesterol, podem ser fabricados com grandes quantidades de gordura saturada, e portanto devem ser evitados.A maneira mais segura de saber se um determinado produto é seguro ou não é lendo as informações nutricionais no rótulo. Ali devem estar discriminadas as quantidades de calorias, gorduras totais, gorduras saturadas e insaturadas.

Quando usar medicações para controlar o colesterol?As medicações estão indicadas quando o paciente tiver níveis muito elevados de colesterol ou LDL-colesterol, ou quando tiver um aumento moderado mas os níveis não atingirem a meta desejada depois de algum tempo de cuidados com a dieta e exercícios físicos.Infelizmente, apenas a modificação da dieta não é capaz de controlar os níveis de colesterol na maioria dos pacientes. Quando a pessoa costuma ingerir quantidades grandes de gordura total ou saturada, a modificação da dieta consegue reduzir os níveis de LDL-colesterol em até 10 ou 20%. No entanto, na maioria dos casos a redução de LDL-colesterol obtida com a dieta isolada é da ordem de 5 a 8%. O médico geralmente vai recomendar o uso de medicações para controle do colesterol se, depois de um certo tempo (3, 6 ou 12 meses, dependendo do caso) com modificação dietética, perda de peso e exercícios, os níveis de colesterol do paciente não chegarem no recomendado para esse paciente (de acordo com

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seu grau de risco cardiovascular, avaliado pelo score de Framingham).

Que medicações podem ser utilizadas para controle do colesterol?Vários tipos de medicações estão disponíveis, hoje em dia, para ajudar a reduzir os níveis de colesterol e triglicérides. Cada classe de medicações tem uma ação maior sobre um ou outro tipo de gordura sangüínea, além de ter diferentes mecanismos de ação, preços, eficácia e efeitos colaterais. O médico é quem vai definir qual o tipo de medicação mais adequada para cada caso. Algumas vezes, pode ser necessário o uso de mais de uma medicação.As principais classes de medicamentos são as seguintes:a) Estatinas - Incluem a sinvastatina, atorvastatina, rosuvastatina, pravastatina, lovastatina e fluvastatina. Diminuem a produção de colesterol pelo fígado. São as drogas mais eficazes para redução do colesterol total e LDL-colesterol, que podem ser reduzidos em 20 a 60% (dependendo da medicação e da dose), além de reduzirem modestamente os triglicérides. Costumam ter menos efeitos colaterais que outros tipos de medicação. São as medicações mais utilizadas para controle do colesterol. Um dos efeitos adversos mais comuns são os problemas musculares: dores musculares (nas coxas, pernas, braços) devem ser relatadas imediatamente ao médico se surgirem após o início da medicação.b) Fibratos - Incluem o bezafibrato, ciprofibrato, etofibrato, fenofibrato e gemfibrozil. São mais eficazes na redução de triglicérides e aumento do HDL-colesterol, portanto são mais utilizados para tratamento de triglicérides elevados. Podem ser usados algumas vezes junto com alguma estatina (em pacientes com aumento tanto do LDL-colesterol quanto dos triglicérides), mas nesse caso aumentam o risco de lesão muscular pela estatina. Devem ser usados com cautela em pacientes com doenças renais.c) Resinas seqüestrantes de ácidos biliares - Incluem a colestiramina e o colestipol. Diminuem a absorção de gordura pelo intestino. Podem ser usados em casos de aumento leve a moderado do colesterol, mas produzem vários efeitos colaterais como: diarréia, náusea, cólicas, flatulência e problemas do fígado. d) Ácido nicotínico (niacina) - é uma vitamina que reduz o nível de LDL-colesterol e VLDL-colesterol, além de aumentar o HDL-colesterol (“bom” colesterol) de uma forma mais importante que

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outras medicações. Pode ser usado para alguns casos de LDL-colesterol alto com HDL-colesterol muito baixo. Entretanto, também têm efeitos adversos incômodos e freqüentes, principalmente quando usados em doses altas: sensação de calor na parte superior do corpo, coceira, náuseas, formigamento e adormecimento das extremidades, problemas do fígado. Os efeitos colaterais podem ser reduzidos se a medicação for tomada com comida, ou com aspirina (tomada 30 minutos antes), ou com o uso de formulações de niacina de liberação prolongada, que possuem menos efeitos colaterais que as formulações de ação rápida.e) Ezetimibe - é uma medicação nova que ajuda a reduzir o LDL-colesterol e o colesterol total. É uma droga fraca quando utilizada isoladamente, mas produz uma boa redução do colesterol quando utilizada juntamente com as estatinas. Por isso, é usada quase sempre em associação com a sinvastatina ou atorvastatina, em pessoas com níveis muito altos de colesterol e LDL-colesterol.

Qual a utilidade do óleo de peixe? E da soja? E do alho?Várias outras formas de tratamento têm sido propostas para controle do colesterol, mas poucas delas realmente funcionam, e geralmente seus efeitos são muito pequenos em comparação com as medicações disponíveis. Converse com seu médico antes de iniciar o uso de qualquer desses suplementos. Um resumo dos outros tratamentos está abaixo:a) Óleo de peixe - alguns suplementos à base de óleo de peixe são ricos em ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, que ajudam a reduzir os triglicérides mas podem aumentar um pouco o LDL-colesterol. Precisam ser usados em altas doses e produzem alguns efeitos colaterais incômodos (náusea, cheiro de peixe ou gosto de peixe na boca, gases, diarréia).b) Proteína de soja - As isoflavonas são substâncias presentes na soja que têm um efeito semelhante ao hormônio natural feminino (estrógeno), e por isso têm sido usadas para aliviar sintomas da menopausa em algumas mulheres. Podem ajudar a reduzir um pouco o colesterol total, LDL e triglicérides, mas seu efeito costuma ser fraco.c) Alho - O consumo regular de alho pode ajudar a reduzir discretamente o colesterol total e o LDL.d) Berinjela - Há alguns estudos mostrando que o consumo regular de berinjela pode ajudar a reduzir um pouco o nível de colesterol.

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Por quanto tempo usar a medicação?Uma vez iniciada a medicação para controle dos níveis de colesterol ou triglicérides, seu uso deve ser mantido por toda a vida, na maioria dos casos. Assim como outros problemas de saúde (pressão alta, diabetes etc.), o aumento de colesterol não tem cura, e as medicações controlam as gorduras do sangue apenas enquanto estão sendo tomadas. Uma vez que se interrompa o uso dos medicamentos, o colesterol (ou os triglicérides) voltam a subir e o paciente volta a ter um risco aumentado de problemas cardiovasculares.Por isso, o médico deve avaliar bem os riscos e os benefícios do uso de medicações em cada caso.

Síndrome Metabólica

O que é a Síndrome Metabólica?

O termo “Síndrome Metabólica” descreve a associação de diversos problemas que aumentam a chance de uma pessoa desenvolver doenças cardíacas, derrame cerebral e diabetes. A causa exata da síndrome metabólica ainda não é conhecida, mas a carga genética (características herdadas da família), junto com o excesso de gordura no corpo e a falta de atividade física auxiliam no desenvolvimento dessa condição.O diagnóstico de síndrome metabólica é feito quando a pessoa apresenta 3 ou mais dos problemas abaixo:

a) Gordura abdominal aumentada – cintura maior que 102 cm em homens ou maior que 88 cm em mulheres.b) Baixo colesterol HDL (“bom colesterol”) – nível menor que 40 em homens ou menor que 50 em mulheres.c) Triglicerídeos aumentados – nível de 150 ou mais.d) Hipertensão – pressão arterial maior que 135x85, ou uso de medicações para controlar a pressão.e) Aumento da glicemia (açúcar no sangue): nível de 110 ou mais em jejum.

Possuir 3 ou mais desses fatores de risco é um sinal de que o corpo é resistente à ação da insulina, um importante hormônio

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produzido pelo pâncreas. A insulina tem várias ações importantes, sendo uma delas o controle dos níveis de glicose no sangue. Quando a insulina é produzida mas não consegue exercer seus efeitos adequadamente, surge a resistência à insulina – ou seja, mais insulina que o normal é necessária para manter o corpo funcionando e para controlar a glicemia.

Que pessoas estão em risco de apresentar a síndrome metabólica?

Uma em cada 5 pessoas, nos países desenvolvidos, é portadora da síndrome metabólica. A síndrome geralmente segue um padrão familiar. Isso quer dizer que, se alguma pessoa tem a síndrome, várias outras pessoas na sua família geralmente também são portadoras. É mais comum em negros, indígenas e orientais. Quanto mais velha a pessoa, também maior é sua chance de desenvolver a síndrome metabólica. Algumas pessoas têm um risco particularmente aumentado de apresentar a síndrome metabólica. As características que aumentam o risco da síndrome são:a) ganho de peso, especialmente no abdômen;b) história de diabetes;c) pressão alta;d) altos níveis de colesterol (gorduras) no sangue;e) sedentarismo (pouca atividade física).

A maioria das pessoas que têm a síndrome metabólica sente-se perfeitamente saudáveis, e pode não apresentar quaisquer sintomas. No entanto, essas pessoas têm uma chance muito aumentada de desenvolver doenças sérias no futuro, tais como infarto do miocárdio, diabetes e derrame cerebral, e por isso devem ser tratadas.

Como a síndrome metabólica deve ser tratada?

Aumentar a atividade física diária e perder peso são as melhores maneiras de combater essa condição. Medicações também devem ser utilizadas para controlar os fatores de risco presentes, como hipertensão arterial (pressão alta) ou diabetes. (Leia mais sobre diabetes clicando aqui)Pessoas com risco de apresentar a síndrome metabólica devem procurar um médico, de preferência um especialista. O

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endocrinologista, especialista em hormônios e metabolismo, pode avaliar se a pessoa apresenta ou não a síndrome metabólica, e também recomendar o melhor tratamento.

Como prevenir a síndrome metabólica?

Um estilo de vida saudável, incluindo uma atividade física regular e uma alimentação equilibrada, bem como manter o peso corporal dentro do normal, são as melhores maneiras de prevenir e também de tratar essa condição. (Leia mais sobre obesidade e perda de peso clicando aqui)Ser portador da síndrome metabólica significa possuir um risco alto de diabetes, doenças cardíacas e derrame cerebral, e deve servir como um estímulo para as pessoas adotarem hábitos de vida mais saudáveis antes que as complicações apareçam.

 

Hipotireoidismo

O que é hipotireoidismo?

Hipotireoidismo é um distúrbio que cursa com a falta de hormônio da tireóide (“tireóide preguiçosa”). O hipotireoidismo é a doença mais comum da tireóide. Ocorre mais freqüentemente em mulheres que em homens, é mais comum em pessoas de mais idade, e pode ter uma característica familial (atingir vários membros de uma mesma família).

Quais são os sintomas do hipotireoidismo?

O hipotireoidismo pode ter vários sintomas, visto que os hormônios da tireóide são importantes para regular o funcionamento de praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo. Quando os níveis de hormônios tireoidianos (T3 e T4) se tornam anormalmente baixos por algum motivo, todos os processos do corpo se tornam mais lentos. Por isso, os sintomas do hipotireoidismo incluem:

1. cansaço excessivo;

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2. desânimo, ou até mesmo depressão;

3. raciocínio lento;

4. fala arrastada;

5. sensação de frio excessivo;

6. ganho de peso (geralmente, em torno de 3 a 5 Kg);

7. pele seca e cabelos finos e quebradiços;

8. inchaço nas pernas ou ao redor dos olhos;

9. pouca sudorese;

10. intestino preso e digestão lenta;

11. irregularidade das menstruações (às vezes, sangramento excessivo);

12. infertilidade;

13. batimento lento do coração (menos que 60 batimentos por minuto);

14. aumento do colesterol.

Esses sintomas não são exclusivos do hipotireoidismo. Ou seja, vários outros problemas de saúde podem causar sintomas bastante semelhantes aos do hipotireoidismo. Por isso, algumas vezes os sintomas são atribuídos a outras doenças que podem apresentar algumas manifestações semelhantes, tais como: anemia, depressão e deficiência de vitaminas, e o diagnóstico de hipotireoidismo pode ser feito anos após o início das queixas do paciente. Felizmente, hoje em dia os médicos conhecem melhor as características do hipotireoidismo e fazem o diagnóstico mais precocemente.

Quais são as causas do hipotireoidismo?

Nos adultos, a causa mais comum de hipotireoidismo é um distúrbio chamado tireoidite de Hashimoto, ou simplesmente doença de Hashimoto. Nessa doença, o sistema de defesa do organismo (sistema imunológico) ataca a glândula tireóide e causa dano a essa glândula, comprometendo a sua capacidade de produzir hormônios tireoidianos. Por isso, a doença de

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Hashimoto faz parte de um grupo de doenças chamadas auto-imunes.O hipotireoidismo pode ser causado também por tratamentos médicos que reduzem a capacidade da tireóide produzir hormônio, como, por exemplo: o uso de iodo radioativo (para tratamento de hipertireoidismo, que é o oposto do hipotireoidismo) ou a cirurgia, com retirada parcial ou total da tireóide (para tratamento de outros problemas nessa glândula). Leia mais sobre hipertireoidismo clicando aqui.Outra causa de hipotireoidismo, bastante rara, é a presença de alguma doença da hipófise, levando à redução da produção do TSH, o hormônio que estimula o funcionamento da tireóide. Algumas medicações também podem levar à redução da produção ou da ação dos hormônios tireoidianos e, portanto, provocar hipotireoidismo (por exemplo: amiodarona, xaropes para tosse contendo iodo, carbonato de lítio).Há casos, ainda, em que a tireóide não se desenvolve adequadamente e a criança apresenta deficiência de hormônios tireoidianos desde o nascimento; é o chamado hipotireoidismo congênito, que geralmente é diagnosticado já no berçário através do teste do pezinho.

Quais as conseqüências do hipotireoidismo?

Em adultos, o hipotireoidismo (se não for tratado corretamente) leva a uma significativa redução da sua performance física e mental, além de poder causar elevação dos níveis de colesterol, que aumentam as chances de algum problema cardíaco. Além disso, o hipotireoidismo severo, sem tratamento, pode evoluir ao longo do tempo até uma situação dramática e com grande risco de vida, o chamado coma mixedematoso, que se apresenta como redução da temperatura corporal, perda de consciência e mau funcionamento do coração.O diagnóstico de hipotireoidismo é especialmente importante quando é feito durante a gestação, pois a falta de hormônios tireoidianos pode afetar profundamente o desenvolvimento do bebê, provocando retardo mental e atraso do crescimento. No entanto, esses problemas para o bebê são prevenidos pelo tratamento precoce da mãe com a reposição de hormônio tireoidiano.

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Como é feito o diagnóstico de hipotireoidismo?

Geralmente o diagnóstico é confirmado através de um simples exame de sangue. Os exames que ajudam no diagnóstico do hipotireoidismo são: a dosagem de TSH (que é um hormônio produzido pela hipófise, e que estimula o funcionamento da tireóide), e a dosagem de hormônios tireoidianos (T4 e T3).

Classicamente, o diagnóstico de hipotireoidismo é feito quando o paciente apresenta TSH aumentado e T4 baixo no sangue. Entretanto, em casos muito leves de hipotireoidismo, ou quando este está apenas no início, pode-se encontrar TSH aumentado com T4 normal. Ou seja, o nível de TSH aumenta antes que o nível de T4 caia abaixo do normal. Essa situação, em que o TSH está elevado com T4 normal, é chamada de hipotireodismo subclínico. Entre os dois exames de sangue, o TSH é o mais importante, já que o T4 pode variar mais de um dia para o outro ou de uma coleta para a outra; por isso o médico vai prestar mais atenção ao TSH do que ao T4 para fazer o diagnóstico de hipotireoidismo.

TIREÓIDE NORMALTSH e T4 normais

HIPOTIREOIDISMO INICIAL OU LEVE (SUBCLÍNICO)TSH alto e T4 normal

HIPOTIREOIDISMO INSTALADO (CLÍNICO) TSH alto e T4 baixo

Outro exame que pode trazer alguma informação é a dosagem de anticorpos contra a tireóide, que geralmente estão aumentados quando a causa de hipotireodismo é a doença de Hashimoto. Os anticorpos que podem ser dosados em laboratório são o anti-tireoperoxidase (ou anti-TPO) e o anti-tireoglobulina (ou anti-TG).

Como é tratado o hipotireoidismo?

O hipotireoidismo é a falta de hormônio tireoidiano. Portanto, o tratamento é feito com a reposição desse hormônio, na forma de comprimidos tomados por via oral. A medicação de escolha é a levotiroxina, que é uma forma farmacológica do hormônio T4.

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Depois do início da medicação, o paciente comumente leva cerca de 2 semanas para sentir uma melhora importante dos sintomas do hipotireoidismo (podendo ser um pouco mais em casos mais graves).A levotiroxina deve ser tomada todos os dias, pela manhã, para reproduzir o funcionamento normal da tireóide. Um cuidado importante é tomá-la em jejum (no mínimo 30 minutos antes do café da manhã), porque a ingesta de alimentos junto com a medicação diminui muito a sua absorção pelo intestino e, portanto, a sua eficácia.Existem várias marcas de levotiroxina no mercado brasileiro, e todas são igualmente efetivas. No entanto, pode haver pequenas diferenças de ação entre uma marca e outra. Por isso, quando uma pessoa começou a usar uma marca de levotiroxina, deve preferencialmente continuar com a mesma marca (a não ser que o médico resolva trocar a medicação por algum motivo). Outro cuidado importante com a levotiroxina é que ela não deve ser manipulada, porque os comprimidos contêm quantidades muito pequenas do hormônio tireoidiano e nem sempre as farmácias de manipulação conseguem colocar a quantia exata do hormônio dentro das cápsulas.Na maioria das vezes, as pessoas que têm hipotireoidismo precisam fazer o tratamento com levotiroxina para o resto da vida, mas em alguns casos a tireóide volta a funcionar normalmente depois de alguns meses. Se, por algum motivo, a medicação precisar ser trocada, é importante checar os níveis de TSH com exames de sangue após a troca do remédio, para garantir que a dose está sendo adequada. Existem comprimidos de levotiroxina com várias doses diferentes, disponíveis nas farmácias (25, 50, 75, 88, 100, 112, 125, 150, 175 e 200mcg). O ajuste da dose da medicação é feito com base nas dosagens de TSH, o qual deve ser mantido dentro dos valores normais se possível. Se as doses de levotiroxina estiverem muito baixas para as necessidades do paciente, este pode não sentir melhora dos sintomas do hipotireoidismo ou voltar a apresentá-los. Se as doses estiverem muito altas, o paciente pode desenvolver hipertireoidismo (excesso de hormônio tireoidiano), que leva, a longo prazo, a enfraquecimento dos ossos, funcionamento anormal do coração e arritmias cardíacas, entre outros problemas. (Leia mais sobre hipertireoidismo clicando aqui.)A necessidade de levotiroxina pode flutuar ao longo do tempo,

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dependendo de fatores como: outras doenças, gravidez, menopausa e uso de outras medicações. Por essa razão, é recomendável que o paciente com hipotireoidismo seja acompanhado regularmente por um médico, com exames de TSH e ajuste da dose da medicação se necessária.

Então, quem tem hipotireoidismo é uma pessoa doente para a vida toda?

Pessoas com hipotireoidismo precisam fazer o tratamento correto, com o uso diário de levotiroxina na dose mais adequada para sua situação. Se estiverem usando a medicação regularmente, e dessa forma mantendo os níveis de TSH dentro dos valores normais, elas podem ter uma vida saudável, feliz e completamente normal.No entanto, se o hipotireoidismo não for tratado corretamente, ele pode se tornar um problema sério de saúde, comprometer a capacidade da pessoa realizar suas tarefas e até mesmo representar um risco de vida em casos extremos.

                Em que casos uma pessoa deve fazer exames para avaliar a tireóide?

Nem todas as pessoas precisam fazer exames de sangue para avaliar se a tireóide está funcionando corretamente. O médico é quem determina se alguém precisa ou não fazer uma dosagem de TSH, mas existem algumas situações em que é necessária essa avaliação, como, por exemplo:

1. sintomas sugestivos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo;2. outras pessoas na família com doenças da tireóide;

3. gravidez.

Alguns especialistas recomendam ainda que todas as mulheres com mais de 60 anos deveriam fazer pelo menos um exame de TSH, mesmo na ausência de sintomas, visto que o hipotireoidismo é muito comum nesse tipo de população, mas este ainda é um assunto controverso.

O que é diabetes?

O diabetes mellitus (ou "diabetes melito") ocorre quando o

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pâncreas, uma glândula localizada atrás do estômago, não produz a quantidade suficiente de um hormônio chamado insulina. A parte específica do pâncreas que produz insulina é chamada de Ilhotas de Langerhans. A insulina é um hormônio extremamente importante porque ajuda a regular o metabolismo, ou seja, o processo de queima ou armazenamento dos nutrientes provenientes da alimentação. A marca registrada do diabetes é o aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue, um fenômeno conhecido como hiperglicemia.

"açúcar" = glicose

"açúcar no sangue" = glicemia

Como funciona o metabolismo normal?

Os processos do metabolismo variam de acordo com o horário do dia e a presença das refeições. Segue abaixo um resumo dos acontecimentos inerentes a um metabolismo normal.

1) Durante e logo após uma refeição, os intestinos digerem os alimentos e quebram os nutrientes até sobrarem apenas os seus componentes mais básicos. Assim, os carboidratos são quebrados em glicose, as proteínas em aminoácidos e as gorduras em ácidos graxos. A glicose é a fonte primária de energia do organismo.

2) Após a refeição, a glicose, os aminoácidos e os ácidos graxos são absorvidos, ou seja, passam do interior dos intestinos para a circulação sangüínea. Com isso, os níveis de glicose no sangue aumentam um pouco, logo após a refeição.

3) Qualquer pequeno aumento no nível de glicose no sangue serve como um sinal, que faz com que o pâncreas produza e jogue no sangue uma quantidade maior de insulina. Cerca de 10 minutos após a refeição, o nível de insulina no sangue atinge seu máximo, em resposta ao aumento da glicose.

4) A insulina age no fígado, nos músculos e no tecido adiposo (que compõem os chamados tecidos-alvo da insulina), estimulando a captação de glicose e outros nutrientes por esses tecidos. Assim, a glicose circulante no sangue passa para o interior das células, onde vai ser utilizada (“queimada”) para produção de energia ou

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armazenada para o uso futuro (na forma de gordura).  Nesses tecidos, a glicose não consegue entrar nas células se não houver insulina presente (e é por isso que a glicose aumenta no sangue dos indivíduos diabéticos).

5) Quando os níveis de insulina estão altos, o fígado também armazena glicose na forma de glicogênio. Com isso, os níveis de glicose no sangue vão diminuindo gradativamente, e a liberação de insulina pelo pâncreas volta a diminuir também.

6) Cerca de 2 a 4 horas após a refeição, os níveis de glicose e insulina já estão baixos novamente. Se o jejum durar mais que algumas horas, a insulina pode cair mais um pouco, o que faz com que o fígado libere pequenas quantidades de glicose para o sangue, a partir da quebra do glicogênio. Isso evita que a glicemia (nível de glicose no sangue) caia até valores perigosamente baixos. Com isso, o valor da glicemia varia relativamente pouco em pessoas normais. Esse controle estreito da glicemia é muito importante, já que a glicose é praticamente a única fonte de energia utilizada pelo cérebro, e portanto é necessário um fornecimento contínuo de glicose para garantir o funcionamento adequado do sistema nervoso central.

Como é o metabolismo de um paciente diabético?

Acompanhe o que acontece com o organismo de um paciente diabético:

1) O pâncreas é incapaz de liberar quantidades suficientes de insulina para controlar o metabolismo. Inicialmente, a insulina falta apenas quando é necessária em grandes quantidades, como logo após uma refeição. Depois de um tempo, entretanto, a insulina pode faltar mesmo nos períodos de jejum, quando os tecidos estiverem quebrando os alimentos para produzir energia.

2) Sem insulina suficiente para empurrar a glicose para dentro das células, a glicose passa a se acumular no sangue. Ocorre então o aumento da glicemia, ou hiperglicemia.

3) A glicose em excesso no sangue passa através dos rins para a urina, antes que o organismo do diabético consiga utilizar essa glicose para produzir energia. Com isso, o paciente diabético pode começar a urinar demais e ter muita sede. Esses podem ser os

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primeiros sintomas da doença. O paciente também começa a emagrecer, pois não consegue utilizar a energia dos alimentos, que é perdida através da urina.

4) Com o passar do tempo, o organismo reage ao desequilíbrio da glicemia e podem surgir importantes complicações. Essas complicações podem ser prevenidas se o diagnóstico for feito cedo e o tratamento for iniciado o quanto antes, com o objetivo de manter a glicemia normal ou muito próxima dos valores normais.

Quais são os tipos de diabetes?

Existem 2 tipos principais de diabetes.

a) Diabetes Mellitus Tipo 1 – é a forma mais severa. Costumava ser chamada de Diabetes Mellitus Insulino-Dependente (DMID), ou Diabetes Juvenil. É mais comum em indivíduos jovens (crianças e adolescentes), mas pode atingir pessoas de qualquer idade. Não costuma ter relação com o peso corporal, por isso boa parte dos pacientes afetados tem peso corporal normal. Acontece devido à destruição das ilhotas de Langerhans por algum motivo, levando à ausência completa ou quase completa de produção de insulina. As pessoas com diabetes tipo 1 (DM 1) precisam tomar injeções de insulina diariamente para controlar essa condição. Os sintomas do DM 1 podem surgir muito subitamente.

b) Diabetes Mellitus Tipo 2 – é a forma mais comum da doença, responsável por 90 a 95% dos casos de diabetes. Neste tipo de diabetes, antigamente chamado de Diabetes Mellitus Não-Insulino-Dependente (DMNID), o que acontece é que a pessoa torna-se resistente à ação da insulina. Ou seja: o pâncreas produz insulina em quantidades normais no início da doença, mas essa insulina não consegue exercer seu efeito como deveria, o que faz com que o pâncreas acabe produzindo mais e mais insulina na tentativa de compensar esse defeito. Com o passar dos anos, o pâncreas acaba se “cansando”, e deixa de ser capaz de compensar a resistência à insulina – é nesse momento que surge a hiperglicemia, e é feito então o diagnóstico de Diabetes Tipo 2 (DM 2). O DM 2 está intimamente relacionado ao excesso de peso, a hábitos alimentares inadequados e ao sedentarismo, fatores esses que aumentam a resistência à insulina. Como mais e mais pessoas estão se tornando obesas, o número de indivíduos

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com DM 2 também está aumentando de forma assustadora (inclusive em crianças e adolescentes). Freqüentemente, o DM 2 pode ser controlado com um estilo de vida saudável, mas muitos necessitam de medicações para controlar sua glicemia, e cerca de 30%precisam usar insulina em algum momento, principalmente aqueles pacientes com muitos anos de diabetes.

Existem outras formas de diabetes?

Existem outras formas, menos comuns, de diabetes. Podemos citar:a) Diabetes Gestacional – consiste de qualquer anormalidade do metabolismo da glicose, de qualquer magnitude, que é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez, podendo ou não persistir após o parto. Mulheres que apresentam diabetes gestacional possuem um risco aumentado para o desenvolvimento de diabetes no futuro.b) Tipos Específicos de Diabetes – aqueles que possuem uma causa estabelecida, como, por exemplo: MODY – um diabetes hereditário, devido a defeitos genéticos específicos. Também existem alguns casos de diabetes associados a outras doenças (como na pancreatite crônica) e associados ao uso de algumas medicações (exemplo: corticóides).

Sintomas

Quais são os sintomas do diabetes?

Se a doença estiver no início, o paciente pode não perceber quaisquer sintomas que chamem a sua atenção. De fato, por ser uma doença relativamente assintomática no seu início, estima-se que cerca de 50% dos diabéticos não saibam do diagnóstico. Ou seja: metade dos diabéticos não sabe que tem diabetes! Por isso é importante a avaliação médica e a dosagem da glicemia no sangue em pessoas com alto risco para desenvolver diabetes ou que apresentem quaisquer sintomas compatíveis com diabetes.

Em pessoas com doença mais avançada ou com glicemia mais alta, alguns sintomas muito sugestivos de diabetes são:

- vontade de urinar a toda hora, com grande quantidade de urina;- formigas subindo no vaso sanitário, devido à presença de açúcar na urina;- sede em excesso;

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- fome exagerada;- perda de peso sem motivo aparente, apesar de estar comendo até mais que o normal;- “borramento” da visão;- fraqueza intensa, mal-estar, desânimo;- “formigamentos” nas mãos e nos pés;- feridas que demoram a cicatrizar ou não cicatrizam.

Que pessoas apresentam risco alto de apresentar diabetes?

Algumas pessoas possuem características que aumentam muito a sua chance de apresentar diabetes. As principais dessas características são as seguintes:

- excesso de peso ou obesidade;- história familiar de diabetes (ou seja, parentes de primeiro grau – pais, irmãos ou filhos – que também possuem a doença);- história de ter tido diabetes durante a gravidez (diabetes gestacional); - história de macrossomia fetal (ou seja, ter dado à luz filhos pesando mais de 4 Kg), ou abortos de repetição;- história de glicemias alteradas no passado;- sedentarismo;- idade acima dos 45 anos;- pressão alta; - triglicérides altos ou HDL-colesterol (“bom colesterol”) baixo;- doença coronariana (infarto do miocárdio, angina);- uso de medicações que podem aumentar a glicemia.

O que fazer na presença de sintomas sugestivos ou fatores de risco para diabetes?

Essas pessoas devem ser avaliadas por um médico e testadas para a presença de diabetes, através da dosagem da glicose no sangue (glicemia).Existem 3 formas de avaliar a glicemia de um paciente:a) Dosagem de glicemia de jejum – é a forma mais simples, prática e barata de diagnosticar o diabetes. Deve ser colhida amostra de sangue pela manhã, após um jejum de 8 a 12 horas.b) Dosagem de glicemia casual – é a determinação da glicemia em amostra de sangue colhida em qualquer horário do dia, independente da pessoa estar em jejum ou não. Útil em casos de pessoas com sintomas muito evidentes e sugestivos de diabetes.

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c) Teste de Sobrecarga de Glicose – indicado em pacientes com glicemia de jejum pouco alterada, ainda não atingindo o nível para diagnóstico de diabetes, ou em pacientes de risco muito elevado para diabetes com glicemia de jejum normal. Colhe-se uma amostra de sangue (geralmente em jejum), então o paciente ingere 75g de glicose dissolvida em água e colhe uma nova glicemia após 2 horas.

Quais os valores normais de glicose no sangue?

Atualmente, consideram-se normais os valores de glicemia:

a) menores que 100 mg/dL em jejum;b) menores que 140 mg/dL após teste de sobrecarga com glicose.

Cuidado! Muitos laboratórios clínicos no Brasil ainda colocam o limite de 110mg/dL como "Valor normal", ou "Valor de Referência" para a glicemia de jejum. De fato, a glicemia de jejum foi considerada normal até 110mg/dL por muitos anos, mas isso mudou em 2004, quando a Associação Americana de Diabetes, baseada nos resultados de vários pesquisas novas, estabeleceu que o valor da glicemia de jejum não deve passar de 100mg/dL para ser considerada normal. Por isso, hoje em dia se considera normal apenas a glicemia de jejum menor que 100mg/dL.

Quais os valores de glicemia necessários para fazer o diagnóstico de diabetes?

O diabetes mellitus é diagnosticado quando se encontra:

a) glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL, em pelo menos 2 medidas em dias diferentes;b) glicemia casual maior que 200 mg/dL, na presença de sintomas sugestivos de diabetes;c) glicemia após teste de sobrecarga com glicose 75g maior que 200 mg/dL.

            Valores intermediários entre o normal e o diabetes fazem o diagnóstico de pré-diabetes, que inclui a tolerância diminuída à glicose (glicemia pós-sobrecarga entre 140 e 200 mg/dL) e a glicemia de jejum alterada (glicemias de jejum repetidamente maiores que 100 e menores que 126 mg/dL).

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Outros testes, como a glicemia capilar (medida em sangue da ponta do dedo, através de aparelhos chamados glicosímetros) e a detecção de glicose na urina (chamada glicosúria) em geral não servem para diagnóstico de diabetes, e devem ser preferencialmente confirmados pela dosagem de glicemia no sangue (glicemia).

Se algumas pessoas têm diabetes mas não sentem nada, então porque precisam de tratamento?

Todos os tipos de diabetes podem produzir complicações sérias com o passar do tempo, incluindo: cegueira, doenças do coração (infarto), obstrução (entupimento) dos vasos sangüíneos (principalmente nas pernas e pés) e perda de função dos rins. Algumas vezes, o comprometimento da circulação sangüínea chega a ser tão grave que exige a amputação de membros. Além disso, o paciente com diabetes do tipo 1 pode passar por situações graves, em que níveis muito altos ou muito baixos de glicemia podem ameaçar a sua vida. Por isso, todos os indivíduos portadores de diabetes devem fazer um cuidadoso acompanhamento médico e participar ativamente do seu tratamento, com o objetivo de manter sua glicemia a mais próxima do normal possível, pois assim se evitam muitas das complicações da doença. Existem endocrinologistas especializados no tratamento de diabetes, que podem avaliar e tratar pessoas diabéticas da melhor forma possível. Em muitos casos, o paciente diabético também vai precisar da ajuda de outros profissionais, como, por exemplo: médicos oftalmologistas (que vão avaliar o acometimento dos olhos pelo diabetes), nutricionistas (que vão orientar a maneira correta do diabético alimentar-se), psicólogos e enfermeiras.

Tratamento

Quais são as opções de tratamento para o diabetes?

Todas as pessoas com diabetes precisam controlar sua condição com uma dieta adequada e exercício físico regular. Também é aconselhável que o paciente faça medidas rotineiras da sua glicemia, para que possa manter os níveis de glicose sob controle no dia-a-dia. Essas medidas podem ser feitas em casa, usando aparelhos domésticos que medem a glicose em amostras de sangue da ponta dos dedos (glicosímetros). O hábito dos pacientes diabéticos de medirem sua própria glicemia

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regularmente é chamado de automonitorização glicêmica, e é uma ferramenta importante para ajudar no controle da doença.

Leia mais sobre automonitorização glicêmica

Há diferenças entre o tratamento do diabetes tipo 1 e o do tipo 2?

Sim, há algumas diferenças. Os diabéticos do tipo 1, todos, precisam tomar insulina, que é o hormônio que deixou de ser produzido pelo seu pâncreas. A grande maioria dos diabéticos do tipo 1 precisa tomar 2 ou mais injeções de insulina todos os dias. Uma alternativa para a aplicação de insulina, que é usada por alguns pacientes, é a chamada bomba de insulina, que é um aparelho, do tamanho de um bip (“pager”), que fica acoplado ao corpo do diabético e infunde insulina continuamente no tecido subcutâneo (ou seja, embaixo da pele) do indivíduo, através de um pequeno tubo que é trocado a cada 2-3 dias. No entanto, a bomba é um aparelho muito caro, o que impede o seu uso rotineiro.Já os diabéticos do tipo 2 têm muitas outras opções de tratamento. Alguns pacientes conseguem ficar com a glicemia bem controlada apenas com uma dieta adequada e exercício físico regular. Outros pacientes, além da dieta e do exercício, precisam usar medicações (comprimidos) para controlar adequadamente os níveis de glicose. Existem hoje vários tipos de medicamentos, com mecanismos de ação muito diferentes, para o tratamento do diabetes, e o médico é quem vai escolher a melhor opção para cada caso. Há uma parcela dos diabéticos tipo 2, no entanto, que não consegue atingir um controle satisfatório apenas com a dieta, o exercício e as medicações tomadas por via oral. Esses pacientes necessitam de injeções de insulina. Os pacientes diabéticos do tipo 2, ainda, apresentam com muita freqüência outras alterações que precisam ser tratadas para preservar ao máximo a sua saúde. De fato, pessoas com diabetes tipo 2 têm mais hipertensão arterial (pressão alta), dislipidemias (colesterol alterado) e problemas cardiovasculares, quando comparados com não-diabéticos ou diabéticos do tipo 1. Por isso é comum que um paciente com diabetes do tipo 2 precise tomar vários medicamentos, para controle da glicemia, colesterol, pressão arterial etc. Apenas com o controle adequado de todos esses problemas é que o indivíduo

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estará plenamente protegido das complicações do diabetes.

Quais os cuidados gerais no tratamento do diabetes tipo 1 (DM 1)?

Alguns cuidados devem ser seguidos, de maneira geral, para o sucesso do tratamento do diabetes tipo 1:1) Tomar as injeções de insulina todos os dias, na dose e no horário prescritos pelo médico. A insulina precisa ser aplicada mesmo nos dias em que o paciente não se sente bem ou está doente. Em caso de dúvidas, o médico deverá ser contatado.2) Se possível, o indivíduo deve comer a mesma quantidade de comida, nos mesmos horários, todos os dias, evitando variações grandes nos hábitos alimentares.3) O indivíduo não deve jamais deixar de fazer uma refeição no horário certo, especialmente após uma injeção de insulina, pois isso pode fazer com que o nível de glicose no sangue caia demais (hipoglicemia).4) Medir (monitorizar) os níveis de glicemia regularmente, conforme recomendações do médico, é importante para o controle do tratamento.5) Lembrar que a aplicação de insulina deve ser acompanhada de uma dieta balanceada e exercícios físicos regulares.6) Conhecer os locais adequados para aplicação de insulina, e checar continuamente se está havendo algum problema na pele onde a insulina é aplicada.7) Usar apenas as seringas e agulhas de uso próprio.8) Quando viajar, levar consigo suas próprias seringas, agulhas e frascos de insulina.9) Sempre manter um frasco de insulina extra na geladeira, além do que está sendo utilizado, para o caso de quebrar, estragar ou extraviar o frasco em uso. 10) Os frascos fechados de insulina devem ser guardados refrigerados, de preferência na parte de baixo da porta, até que sejam abertos.11) Depois de abertos, a insulina pode ser mantida fora da geladeira, desde que seja guardada num lugar fresco, seco e ao abrigo da luz solar. Dessa forma, a insulina dura até um mês.

Quais os cuidados gerais no tratamento do diabetes tipo 2 (DM 2)?

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Alguns cuidados devem ser seguidos, de maneira geral, para o sucesso do tratamento do diabetes tipo 2:1) O paciente deve saber exatamente os horários e doses dos seus medicamentos, e tomá-los conforme prescrito pelo médico.2) Se achar que os medicamentos estão fazendo mal de alguma forma, ou estiver tendo algum problema, o paciente deve entrar em contato com o médico para solicitar instruções. Não se deve mudar o medicamento por conta própria.3) Os medicamentos, sozinhos, não são suficientes para controlar a glicemia sem a ajuda do paciente diabético. Dieta balanceada e exercício físico regular ainda são a base do tratamento.4) Perder um pouco de peso, mesmo que sejam poucos quilos, pode trazer um grande benefício no controle do diabetes, e também ajudar no controle da pressão arterial e do colesterol. Em alguns casos, a perda de alguns quilos pode até permitir a redução ou a retirada de algumas medicações.

Saiba mais sobre as medicações utilizadas no tratamento do diabetes

O que o paciente pode fazer para ajudar no seu tratamento?

1) Aprender. Quanto mais o paciente diabético conhece sobre sua doença (sinais, sintomas, complicações etc.), mais apto está a proteger sua própria saúde. Principalmente se o diabetes estiver avançando, o paciente precisa estar alerta para reconhecer precocemente os sinais de:- problemas de visão;- irregularidades na pele ou feridas que não cicatrizam;- doenças (obstrução) dos vasos sangüíneos;- doença dos nervos (neuropatia), particularmente se houver amortecimento, formigamento ou dor (tipo queimação) dos pés e mãos;- impotência, nos homens;- doença dos rins.2) Procurar o médico imediatamente se reconhecer sinais de qualquer uma dessas alterações, para iniciar o tratamento adequado o quanto antes.3) Cuidar-se. O diabético, em geral, precisa tomar mais cuidado com a própria saúde que as pessoas não diabéticas.  4) Monitorizar freqüentemente os níveis de glicose, através das medidas de glicemia capilar.

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5) Evitar bebidas alcoólicas. Algumas pessoas, com casos leves de diabetes, podem ingerir álcool moderadamente. No entanto, os diabéticos em geral não devem tomar diariamente mais que uma dose de bebida (para mulheres) ou duas doses (para homens).6) Parar de fumar. A combinação de fumo e diabetes aumenta muito o risco de complicações para os vasos sangüíneos e o coração, tais como: derrame cerebral e infarto do miocárdio. Abandonar o cigarro é uma das melhores maneiras de prevenir esses problemas.

Como deve ser mantida a glicemia do paciente diabético?

Para todos os tipos de diabetes, a glicemia deve ser mantida normal ou o mais próximo do normal possível. Com isso, o paciente conseguirá manter sua saúde e ganhar muitos anos de vida, pois o controle adequado da glicemia pode reduzir muito as chances de desenvolver as complicações crônicas do diabetes. Se o paciente já apresenta alguma complicação, o controle rigoroso da glicemia também diminui a piora dessas complicações. Em números: a glicose do sangue deve ser mantida, idealmente, menor que 110 mg/dL, quando medida em jejum, e menor que 140 mg/dL quando medida 2 horas após uma refeição.

O que é hemoglobina glicada, ou A1C ?

O exame de hemoglobina glicada (também conhecido como glicohemoglobina, hemoglobina glicosilada, ou hemoglobina A1c) é um parâmetro útil, junto com as medidas de glicemia, para avaliar se o tratamento de um determinado paciente está sendo adequado. A hemoglobina glicada é formada pela ligação da glicose a uma molécula do sangue chamada hemoglobina. Quanto mais glicose houver no sangue de uma pessoa, maior vai ser o nível de hemoglobina glicada. A hemoglobina fica durante cerca de 90 a 120 dias na circulação sangüínea, portanto um exame de dosagem da hemoglobina glicosilada vai indicar como foi a média da glicemia do indivíduo nos últimos 2 a 3 meses.Por isso, a dosagem de hemoglobina glicada deve fazer parte do acompanhamento do paciente diabético. É recomendável que a hemoglobina glicada seja mantida abaixo de 7%, um nível no qual já foi provado que se conseguem prevenir as complicações do diabetes. 

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Correlação entre o nível de hemoglobina glicada (A1c) e a média da glicemia:

Hemoglobina glicada (%)

Glicemia (mg/dl)

4 685 976 1267 1548 1839 21210 24011 26912 298

 Automonitorização Glicêmica

Pessoas com diabetes desempenham um papel central no seu próprio tratamento, através de cuidados como: a dieta, o exercício, o uso correto das medicações e a automonitorização glicêmica.A automonitorização glicêmica é a prática do paciente diabético medir regularmente a sua própria glicemia através de fitas e/ou aparelhos de uso doméstico. Medir freqüentemente os níveis de glicose no sangue, através do uso de aparelhos portáteis no sangue da ponta dos dedos, é uma oportunidade para o diabético assumir o controle da sua própria saúde. Essa é uma das melhores maneiras de determinar se o tratamento para o diabetes está sendo efetivo, isto é, se a glicemia está sendo mantida o mais próximo do normal possível.Os exames de laboratório solicitados regularmente pelo médico (glicemia venosa, hemoglobina glicada etc.) fornecem uma estimativa da qualidade do controle glicêmico, mas apenas a monitorização domiciliar da glicemia pode permitir ao paciente o ajuste fino do plano de tratamento, conforme a variação do diabetes de um dia para o outro e com as diferentes situações do cotidiano. Com isso, é possível um controle glicêmico mais rigoroso, que diminui a chance de complicações diabéticas a longo prazo e também retarda a progressão das complicações porventura existentes.Além disso, a automonitorização ajuda a prevenir as

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conseqüências potencialmente sérias de flutuações excessivas nos níveis de glicose (hiperglicemia e hipoglicemia).

Como pode ser feita a automonitorização?

Qualquer pessoa com diabetes (exceto crianças muito pequenas) pode medir sua própria glicemia. Existem diversos tipos de aparelhos (glicosímetros) que fazem a medida da glicemia, geralmente em amostras de sangue retiradas da ponta dos dedos. Existem também fitas que mudam de cor, que dispensam o uso de aparelho, mas não são tão precisas.Para fazer corretamente a medida da glicemia, usa-se uma agulha ou lanceta para produzir uma pequena perfuração na ponta do dedo (Figura 1 ). Se houver dificuldade em retirar sangue do dedo, pode-se tentar as seguintes medidas:

1) lavar as mãos com água morna;2) sacudir as mãos abaixo da cintura;3) apertar ou “ordenhar” o dedo.

Figura 1

A gota de sangue obtida é depositada na fita, no local próprio. Se estiver sendo usado um glicosímetro, este vai fornecer uma medida digital no visor, após alguns segundos (Figura 2). Se for utilizada a fita de cor (Haemoglukotest ®), deve-se seguir as instruções do fabricante e comparar a coloração da fita com uma escala que consta na embalagem.

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Figura 2

Com que freqüência devem ser feitas medidas de glicemia?

A freqüência da automonitorização vai depender, em primeiro lugar, do tipo de diabetes. Além disso, varia com outros fatores, que podem alterar os níveis de glicemia, e com as metas do tratamento.

Pacientes com diabetes tipo 1 – Estes pacientes precisam manter a glicemia tão próxima do normal quanto possível. Para isso, a monitorização diária da glicose sangüìnea é indispensável. O número de medidas por dia varia de paciente para paciente. Idealmente, a maior parte dos pacientes com diabetes tipo 1 precisa fazer medidas de glicemia de 3 a 4 vezes por dia. Pacientes em tratamento mais intensivo (contagem de carboidratos, bomba de infusão de insulina etc) precisam fazer até 7 medidas por dia. Isso é mais fácil de ser conseguido em países como os Estados Unidos, onde as fitas são fornecidas pelo sistema de saúde. No Brasil, alguns pacientes também conseguem o fornecimento de fitas pelo SUS. O médico é quem pode informar melhor sobre essa possibilidade.

Pacientes com diabetes tipo 2 – A monitorização da glicemia também é importante nestes pacientes, mas geralmente a freqüência não precisa ser tão grande quanto nos pacientes com diabetes tipo 1. O médico endocrinologista é quem vai determinar o plano de monitorização mais adequado para cada paciente, levando em conta fatores como: o tipo de medicação utilizada, a presença de complicações do diabetes, a qualidade do controle glicêmico etc.

Como o próprio paciente pode usar os resultados da monitorização?

A automonitorização glicêmica produz muitos números. O paciente deve discutir com o seu médico o que significam esses números, como registrá-los e como usá-los para melhorar o controle dos níveis de glicose.Em geral, toda medida de glicemia deve ser registrada. O paciente deve anotar: o valor da glicemia, a hora do dia em que foi medida, a dose da medicação usada, o tempo decorrido desde

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a última refeição, se foi feito exercício recentemente e a presença de qualquer doença ou stress.Vários dias de monitorização são necessários para definir um padrão da glicemia durante o dia e para permitir ajustes na medicação ou nos hábitos de vida do paciente.Diabéticos tipo 1 em tratamento intensivo podem ajustar sua própria dose de insulina antes das refeições, de acordo com a medida da glicemia nesses momentos.Diabéticos do tipo 2 podem usar os seus registros de glicemia para avaliar a efetividade do seu tratamento e para fazer pequenos ajustes.

IMPORTANTE: As anotações de glicemia devem ser trazidas a TODAS as consultas com o médico.

Os resultados da monitorização são mesmo confiáveis?

A capacidade de um aparelho ou sistema medir a glicemia e produzir um número que reflita a verdadeira taxa de glicose de um paciente chama-se acurácia.  Quanto mais precisa a medida produzida por um aparelho, mais acurado é esse aparelho.Uma forma de checar se um determinado aparelho (glicosímetro) tem acurácia adequada é levá-lo junto quando for colher exames de sangue. Assim, o paciente pode comparar o resultado do seu aparelho com o valor da glicemia medido pelo laboratório. Uma diferença de até 15% entre esses valores é aceitável. Por exemplo: se a glicemia medida no sangue, pelo laboratório, for de 100mg/dL, o resultado do aparelho pode variar entre 85 e 115mg/dL.A acurácia depende de vários fatores. Os principais fatores estão listados abaixo.

Glicosímetros – São razoavelmente acurados. No entanto, pode haver alguma diferença de um para outro aparelho, por isso é recomendável um pouco de cautela e bom-senso ao interpretar esses resultados. Por exemplo: se uma medida de glicemia não parecer de acordo com os seus sintomas (ou falta de sintomas), faça uma segunda medida ou use outro método para testar sua glicemia. É importante lembrar que todos os aparelhos de medida de glicemia capilar (glicosímetros) têm uma acurácia mais baixa –

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ou seja, produzem resultados menos confiáveis – se a glicemia estiver muito baixa (hipoglicemia).

Fitas reagentes de glicemia – As fitas, ou tiras, podem ter alguma diferença de um frasco para outro. Por isso, alguns aparelhos exigem que seja feita uma nova calibragem toda vez que é aberto um novo frasco de tiras. O armazenamento dessas fitas também deve ser feito com cuidado: nunca se deve misturar fitas de diferentes frascos, e a embalagem deve ser rapidamente fechada novamente depois que se retira uma fita para uso.

Operador – A pessoa que faz a medida da glicemia pode cometer alguns erros que prejudicam a leitura da glicemia, tais como: usar muito álcool para desinfetar as mãos, etc. Seguir exatamente as instruções do aparelho (que constam do manual de instruções) ajuda a obter resultados mais confiáveis.

Qual o melhor aparelho para monitorização?

Não existe nenhum aparelho que seja muito melhor que os outros. Vários fatores podem ser considerados quando o paciente for escolher um aparelho para comprar:

1) Preço – Nâo é difícil encontrar ofertas de monitores de glicemia, tornando-os bastante acessíveis. No entanto, antes de comprar, verifique o custo das fitas, que muitas vezes podem ser mais caras que o próprio aparelho, ou podem ser difíceis de encontrar.

2) Facilidade de uso – Algumas máquinas são mais fáceis de usar que outras. É bom conversar com outras pessoas que possuem aparelho ou com o médico para informar-se sobre quais os melhores aparelhos nesse aspecto.

3) Acurácia – Os glicosímetros lêem a glicemia a partir de uma gota de sangue aplicada à fita reagente. Aparelhos mais antigos precisam de uma preparação prévia das fitas, que deixa maior margem para erros. Os monitores mais recentes fazem tudo automaticamente, bastando que o paciente coloque a gota de sangue na fita, então há menos passos para o paciente realizar e menor possibilidade de erro. Monitores mais novos geralmente são mais acurados.

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Há algum método novo de monitorização?

Os pesquisadores estão atualmente investigando métodos novos de monitorização da glicemia, que produzam leituras contínuas e menos invasivas.Um monitor que está em pesquisa é um sensor de glicose que pode ser colocado abaixo da pele, na forma de uma agulha, e é ligado a um aparelho (semelhante a um celular) que grava todas as medidas. Essa máquina pode fazer centenas de medidas durante um dia, durante um período de 2 a 3 dias, e essa informação pode ser analisada através de programas de computador para produzir dados úteis para o ajuste do tratamento. Esse tipo de aparelho já está disponível no Brasil, e é usado em algumas situações especiais, devido ao seu alto custo. O sistema é conhecido como: "monitorização contínua da glicose capilar" (ou CGMS, da sigla em inglês). Outras novidades estão aparecendo continuamente. Há pouco tempo, foi comercializado nos Estados Unidos um sensor em forma de relógio de pulso (GlucoWatch), que faz leituras de glicemia a partir do suor da pele. Estudos mostram que essas medidas são bastante confiáveis. O aparelho precisa ser calibrado (comparado com uma medida convencional de glicemia num glicosímetro) a cada 12 horas. Entretanto, o aparelho foi retirado do mercado porque produzia muita irritação na pele do pulso, já que usava uma pequena corrente elétrica para produzir suor.

Estilo de vida

Os hábitos de vida são importantes para o diabético?

Um estilo de vida saudável, incluindo a alimentação equilibrada e o exercício físico regular, é uma forma eficaz de prevenir muitos problemas sérios de saúde, principalmente para os diabéticos. Apesar de dispormos hoje de muitas medicações para controle da glicemia, a dieta e o exercício continuam sendo um dos fundamentos do tratamento de qualquer pessoa com diabetes. É importante que o diabético não veja essas orientações de estilo de vida como um incômodo, mas como uma importante ferramenta para ajudá-lo a manter-se saudável por muito tempo.Ou seja: o paciente diabético:1) deve melhorar seus hábitos alimentares, ao invés de “fazer regime”,

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2) deve praticar atividades físicas, ao invés de “fazer sacrifícios”;3) deve esforçar-se para manter um peso normal.

Como deve ser a alimentação do paciente diabético?

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o paciente diabético não precisa de alimentos especiais, diferentes dos que outras pessoas comem. Existem, no entanto, alguns tipos de alimentos que são mais e menos recomendáveis para diabéticos.De uma forma geral, os diabéticos devem preferir alimentos:1) com pouco conteúdo de sal e gordura;2) com grande quantidade de fibras: grãos (feijão, soja etc), outros vegetais e frutas;O paciente diabético deve lembrar de incluir na sua alimentação alimentos de todos os grupos de alimentos (veja a Dieta do Diabético). Se o indivíduo estiver acima do seu peso ideal, deverá tentar reduzir a quantidade dos alimentos, o que pode ajudar a perder peso e melhorar o controle do diabetes.O médico é quem orienta como deverá ser a alimentação de cada paciente. Muitas vezes, os pacientes são encaminhados para um profissional de Nutrição (nutricionista), que vai preparar um plano alimentar equilibrado, com as quantidades certas de cada nutriente, para cada indivíduo, de acordo com as suas necessidades.

Clique aqui para conhecer os 10 passos para uma alimentação saudável

Como saber se a pessoa está acima do peso?

O meio mais simples de avaliar se uma pessoa está com excesso de peso é através do cálculo do seu Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é calculado pela seguinte fórmula:

O indivíduo terá um peso normal se apresentar IMC entre 18,5 e 24,9.De 25 a 29,9, o sujeito é considerado como portador de

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sobrepeso. Acima de 30, o indivíduo é considerado obeso. Pessoas com IMC menor que 18,5 possuem peso abaixo do normal.

Calcule seu IMC clicando aqui

Como o diabético deve exercitar-se?

O diabético sempre deve fazer uma avaliação médica completa antes de iniciar um programa de atividade física. Se o paciente tiver problemas cardíacos, ou fatores de risco para doença cardíaca (como idade avançada, pressão alta, colesterol elevado, mau controle do diabetes ou perda de proteínas pela urina), deverá discutir com seu médico se é necessário ou não a realização de um teste de esforço (ergométrico) antes de iniciar um programa de atividade física.O exercício é importante para pacientes com diabetes porque:1) ajuda a insulina a agir melhor, reduzindo os níveis de glicose;2) ajuda a manter um peso mais baixo, que também melhora o controle do diabetes;3) faz bem ao coração, vasos e pulmões;4) aumenta a energia e o bem-estar.

Seu médico pode sugerir os tipos de exercicio físico mais adequados. De uma forma geral, exercícios aeróbicos de leve a moderada intensidade (caminhada, hidroginástica, dança etc.) são os mais freqüentemente indicados. No entanto, o melhor exercício é aquele que o paciente sente prazer em realizar. Por isso, devem ser respeitadas as preferências individuais.O diabético deve procurar exercitar-se, de preferência, todos os dias. Se isso não for possível, um mínimo de 150 minutos de exercício moderado durante a semana, distribuído em 3 a 4 dias, deve ser instituído como parte do tratamento.

Quais os cuidados que o diabético precisa ter com o exercício físico?

O diabético não precisa de um planejamento diferenciado de exercício apenas porque tem diabetes. No entanto, ele precisa estar atento para alguns cuidados que precisam ser tomados, pois a atividade física pode influenciar seus níveis de glicose.

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Portanto, quando o paciente vai exercitar-se, ele deve tomar as seguintes precauções:1) sempre ter à mão algum tipo de lanche, para o caso de haver queda da glicemia (hipoglicemia);2) ter consigo um cartão ou outro tipo de identificação, informando que é portador de diabetes;3) não exercitar-se em jejum;4) ingerir um lanche (por exemplo: um copo de leite, ou uma maçã) se já estiver fazendo exercícios há mais de uma hora;5) evitar exercícios se a glicemia estiver acima de 240 mg/dL. Nesse caso, é recomendável tentar baixar a glicemia antes.

 Dieta do Diabético

Qual a importância de uma dieta adequada?Manter uma dieta saudável é importante para qualquer pessoa, mas é ainda mais importante para pessoas com diabetes. Seguir um plano dietético adequado pode representar toda a diferença para uma pessoa que esteja lutando para manter sua glicemia sob controle. O ideal para o paciente diabético é obter uma consulta e uma orientação com uma nutricionista experiente no manejo do diabetes. Entretanto, algumas dicas são apresentadas aqui para auxiliar o paciente diabético a seguir uma dieta saudável e adequada ao tratamento da sua doença.

O que são carboidratos?Os alimentos em geral são compostos por algumas substâncias básicas. Os principais tipos de componentes dos alimentos (ou nutrientes) são: carboidratos, proteínas e gorduras. Os carboidratos fornecem energia para o funcionamento do organismo, na forma de glicose. A glicose é um açúcar que funciona como combustível principal para

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todas as células do corpo. Há 2 maneiras de classificar os carboidratos: simples e complexos. Carboidratos simples são os açúcares - tais como: glicose, sacarose, frutose e lactose. Eles são encontrados no açúcar refinado (sacarose) e nas frutas (frutose).

Os carboidratos complexos são longas fileiras de açúcares simples ligados quimicamente uns aos outros, formando as “farinhas” ou “amidos”. Eles são encontrados no feijão, nozes, vegetais e grãos integrais. Os carboidratos complexos são considerados mais saudáveis porque são digeridos lentamente pelo organismo, fornecendo uma fonte estável de energia. Além disso, também contêm quantidades variáveis de fibras.Os carboidratos, mais do que as gorduras ou proteínas, têm o efeito mais imediato na glicemia, uma vez que são quebrados diretamente em glicose durante a digestão. É importante comer em cada refeição a quantidade correta de carboidratos, juntamente com proteínas e gorduras. Os carboidratos são encontrados principalmente nos seguintes grupos alimentares:

- Frutas;- Leite e iogurte;- Pão, cereais, arroz, massas;- Vegetais contendo amido (mandioca, batata etc.)

O que é a “contagem de carboidratos”?Contagem de carboidratos é um método

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de planejamento das refeições que permite controlar, de uma maneira simples, a quantidade de carboidratos que o indivíduo ingere a cada dia. Ela permite que o paciente diabético coma o que quiser. Ao invés de seguir uma lista fixa de trocas de alimentos, como é comumente feito, o paciente é treinado para calcular a quantidade de carboidratos que ingere durante o dia. Geralmente os pacientes aprendem a contar as quantidades em porções, correspondentes a 15 gramas de carboidrato (simples ou complexo). Dessa forma, pode-se planejar quantos gramas de carboidrato serão ingeridos em cada refeição de acordo com o nível de glicemia imediatamente antes da refeição (determinado com o aparelho de glicemia capilar). Também pode-se ajustar a dose de insulina rápida a ser aplicada em cada refeição, conforme a quantidade de carboidratos a ser ingerida e a glicemia capilar pré-refeição. Com isso, as doses de insulina e a quantidade de carboidratos são continuamente ajustadas pelo paciente de acordo com suas necessidades, permitindo um controle glicêmico mais adequado e uma flexibilidade maior com relação às refeições. Geralmente o treinamento dos pacientes é feito por uma nutricionista experiente em diabetes, que vai ajudar a montar um plano alimentar que satisfaça às suas necessidades. Para adultos, um plano típico inclui 3 a 4 porções de carboidratos em cada refeição, e 1 a 2 porções em cada lanche. Com isso, o paciente diabético pode comer o que ele quiser, bastando ler a informação nutricional no

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rótulo do alimento, estimar quantos gramas de carboidratos vai ingerir e aplicar a dose de insulina necessária para a refeição. O sistema de contagem de carboidratos é útil para pessoas que tomam múltiplas doses diárias de insulina, usam a bomba de insulina ou que querem mais flexibilidade e variedade nas suas escolhas alimentares. No entanto, nem todos podem ser beneficiados desse método, e muitas pessoas se dão bem com o tradicional sistema de trocas de alimentos.

Que quantidade de fibras o diabético deve ingerir?Fibras são componentes de alguns vegetais, que não são digeridas pelo corpo humano. Desempenham um papel importante no processo digestivo, uma vez que ajudam a mover o alimento ao longo do tubo digestivo, dão volume ao bolo fecal e o ajudam a atravessar o intestino. Além disso, pessoas que adotam uma dieta rica em fibras têm menor risco de desenvolver obesidade, hipertensão arterial, doenças cardíacas e derrames.Para diabéticos, uma dieta rica em fibras ainda tem benefícios adicionais, tais como:

- Retardam a absorção dos açúcares, ajudando no controle da glicemia;- Reduzem a absorção de colesterol e diminuem o nível de colesterol no sangue;- Promovem perda de peso, pois dão volume aos alimentos e permitirem uma saciedade mais precoce, e portanto menor ingesta de calorias.

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A quantidade de ingestão de fibras recomendável para adultos é de 25 a 35 gramas por dia.A melhor maneira de aumentar a ingesta de fibras é aumentando o consumo dos seguintes alimentos, ricos em fibras:

- Frutas e vegetais frescos;- Leguminosas (feijão, ervilhas);- Pão, cereais e grãos integrais;- Arroz integral (escuro);- Produtos com farelo (aveia, etc.).

Que cuidados devem ser tomados com a gordura?Uma vez que o diabetes aumenta o risco de desenvolver doenças cardíacas (tais como o infarto de miocárdio), comer alimentos com menos gordura é particularmente importante para reduzir esse risco. Além disso, limitar a ingesta de gordura pode ajudar a perder algum peso, especialmente em combinação com um programa de exercícios. O principal tipo de gordura a ser evitada é a gordura chamada saturada, que pode ser encontrada no queijo amarelo, carne, leite integral e assados. Outro tipo de gordura nociva é a gordura trans, que são óleos vegetais mais consistentes (duros), encontrados em gorduras sólidas: margarinas etc.

Seguem algumas dicas para preparar alimentos com baixo teor de gorduras:- Prefira carnes magras: frango, peixe, carnes vermelhas com pouca gordura, e evite fritá-las; é melhor prepará-las de outra forma (assadas, grelhadas, cozidas... use a imaginação!);

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- Prefira laticínios com baixo conteúdo de gordura, tais como: queijo branco, leite desnatado e produtos feitos com leite desnatado (exemplo: iogurte light);- Prefira margarinas contendo estanóis ou esteróis, que ajudam na redução do colesterol (há várias no mercado);- Prefira óleos vegetais ricos em gorduras poli- ou mono-insaturadas, que ajudam a reduzir o colesterol: canola, oliva, girassol etc.- Evite molhos cremosos ou temperos para saladas contendo muita gordura (lembre-se de ver a informação nutricional na embalagem);- Todas as frutas e vegetais são boas opções pobres em gordura; lembre-se de incluí-los na sua contagem de carboidratos.

O diabético pode usar sal à vontade?O diabetes aumenta o risco de desenvolver pressão alta (hipertensão arterial). Grandes quantidades de cloreto de sódio (sal de cozinha) na alimentação podem aumentar ainda mais esse risco. Portanto, em casos selecionados o médico ou o nutricionista podem orientar o paciente diabético a diminuir seu consumo de sal (principalmente se o paciente já for hipertenso).Alguns tipos de alimentos devem ser evitados por pessoas que precisam restringir seu consumo de sal:

- Sal refinado e sal marinho;- Vegetais, sopas e carnes enlatadas;- Alimentos “prontos” ou processados;- Ketchup, mostarda, molhos para salada, molhos enlatados;- Sopas, condimentos e molhos em caixa;

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- Picles, azeitonas;- Embutidos: presunto, bacon, lingüiça, salsicha, salame;- Biscoitos salgados;- Glutamato monossódico (encontrado em comidas chinesas);- Molhos de soja e molhos de carne.Ervas, pimentas e especiarias podem ser usadas no lugar do sal para melhorar o sabor dos alimentos.

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Glicemias Alteradas

O que fazer se a glicemia estiver muito alta (hiperglicemia)?

Mesmo se o paciente diabético cuidar-se bem, podem acontecer flutuações do nível de glicose no sangue.Níveis elevados de glicemia (acima de 200 mg/dL) vão fazer com que o paciente elimine glicose pela urina. Nesse caso, o diabético vai urinar mais vezes e em maior quantidade, além de sentir sede em excesso.O exercício físico pode ajudar a diminuir a glicemia. No entanto, não é recomendado se a glicemia estiver acima de 240 mg/dL.Pacientes diabéticos do tipo 1 que desenvolvem alguma doença (por exemplo: infecções) e apresentam aumento da glicemia nessa ocasião devem fazer um teste para determinar a presença de cetonas na urina (cetonúria). Existem fitas disponíveis comercialmente para fazer esse teste, com resultado rápido (alguns segundos). Se o teste for positivo, o paciente deve procurar imediatamente um hospital. Importante ressaltar que o uso de insulina não deve ser interrompido.As cetonas se formam no corpo quando o diabético tipo 1 tem algum problema que aumenta a quebra de gorduras do corpo, como infecções, uso de alguns medicamentos ou a parada do uso da insulina. Nesse caso, o paciente pode desenvolver uma complicação séria, com risco de vida, chamada cetoacidose diabética, que requer tratamento imediato dentro de um hospital. Se o paciente estiver apresentando aumento da glicemia mas não possuir cetonas na urina, ele pode tentar comer um pouco menos que o habitual. Caso isso não controle a glicemia, deve-se entrar em contato com o médico para discutir maneiras de combater a hiperglicemia. Uma opção é o uso de

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Glicemias Alteradas

O que fazer se a glicemia estiver muito alta (hiperglicemia)?

Mesmo se o paciente diabético cuidar-se bem, podem acontecer flutuações do nível de glicose no sangue.Níveis elevados de glicemia (acima de 200 mg/dL) vão fazer com que o paciente elimine glicose pela urina. Nesse caso, o diabético vai urinar mais vezes e em maior quantidade, além de sentir sede em excesso.O exercício físico pode ajudar a diminuir a glicemia. No entanto, não é recomendado se a glicemia estiver acima de 240 mg/dL.Pacientes diabéticos do tipo 1 que desenvolvem alguma doença (por exemplo: infecções) e apresentam aumento da glicemia nessa ocasião devem fazer um teste para determinar a presença de cetonas na urina (cetonúria). Existem fitas disponíveis comercialmente para fazer esse teste, com resultado rápido (alguns segundos). Se o teste for positivo, o paciente deve procurar imediatamente um hospital. Importante ressaltar que o uso de insulina não deve ser interrompido.As cetonas se formam no corpo quando o diabético tipo 1 tem algum problema que aumenta a quebra de gorduras do corpo, como infecções, uso de alguns medicamentos ou a parada do uso da insulina. Nesse caso, o paciente pode desenvolver uma complicação séria, com risco de vida, chamada cetoacidose diabética, que requer tratamento imediato dentro de um hospital. Se o paciente estiver apresentando aumento da glicemia mas não possuir cetonas na urina, ele pode tentar comer um pouco menos que o habitual. Caso isso não controle a glicemia, deve-se entrar em contato com o médico para discutir maneiras de combater a hiperglicemia. Uma opção é o uso de