colecção periódicos locais / mensais número 74 30 setembro

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colecção periódicos locais / mensais número 74 30 setembro 2021 1 euro

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Page 1: colecção periódicos locais / mensais número 74 30 setembro

colecção periódicos locais / mensais número 7430 setembro 2021 1 euro

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32número 74 setembro 2021

P IZZARIA

RESERVASDELIVERY

TAKE-AWAY233 098 079

12h30 - 22h30

Devemos aos nossos leitores um esclarecimento pelo facto de nestas páginas d"O Palhinhas & Ca." não se ter celebrado o dia 20 de Setembro, dia de aniversário da cidade (139 anos),

com a saída do jornal nesta data. A explicação é simples, mas do-lorosa, pois seria incomportável imprimir duas edições em datas tão próximas (20 e 30 de Setembro).É certo que a cidade já se habituou (mal) no que a espera no dia aniversário - hastear da bandeira do município, na varanda do edifício da Câmara Municipal, ramo de flores na rotunda do cen-tenário, e um desejo de boas graças ao almoço dos figueirenses, sem direito, contudo, a uma simples taça de espumante bairra-dino. Esta, terá ficado reservada para a noite de 26 de Setem-bro,premiando... vencedores(?) e vencidos (?), se houver disposi-ção e motivo devidamente adequados...Para avaliarmos a emoção de tão significativo momento, tivemos connosco um par de jarras+um que, decerto, saberão justificar, avaliar e prever o posicionamento dos eleitores do nosso conce-lho...A fim de melhor identificarmos o acto e as suas conclusões, fize-ram-nos companhia 1 politólogo ambulante, 1 negacionista inde-pendente e 1 adepto incondicional do voto abstencionista.

A N I V E R S Á R I O D A C I D A D E V S E L E I Ç Õ E S A U TÁ R Q U I C A S

ANA

BISC

AIA

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54número 74 setembro 2021

P E D R O S I M Õ E S

VISTAS LARGAS

Comprou o último grito em óculos de

ver ao longe. E desfez-se em lágri-

mas.

PRESSENTIMENTO

Vivia aterrado pela ideia de poder um

dia morrer de repent

URGÊNCIA LITERÁRIA

Livro! Um livro! Um livro na estante,

já! Um livro, que o gato salta ao caná-

rio!

CENA GAGA

Foi e não foi. E não indo, foi indo,

indo, indo, e foi.

UMA VIDA SEM PONTUAÇÃO

Vivia como escrevia sem vírgulas sem

pontos sem parágrafos até que uma

madrugada saiu da discoteca entrou

no cruzamento

CLIC...

Quando se apanha distraído,

pega na máquina fotográfica

e faz auto-retratos.

A U G U S T O B A P T I S TA

Na edição de Julho de 2021 de "O Palhi-nhas & Ca.", tínhamos avançado com uma possibilidade de 33,33% de votação

para cada um dos três candidatos ao título, pre-vendo uma possível imagem de um saco de gatos, constituindo oportunidade única de uma solução política de alto coturno, secundada por um sonoro convite Vamos a isto, meus senhores!

Não acertando em cheio na real votação, a consequência registrada vai dar ao mesmo, ou seja uma conversa prolongada, dirimida em sistema de 4-4-1, que os candidatos irão usar a exemplo de muito boa gente. Serão capazes? Até que ponto? É isso que vamos ver, sussurra o nosso Politólogo Ambulante, lembrando a sua definição de cien-tista político e enorme experiência, que assenta sobremaneira nas várias solicitações de quem lhe paga a opinião. Assim, se percebe a sua obsessão pelas faldas das sondagens, onde se despenhou já algumas vezes (uma vigarice, facto muito em voga e não só nas sondagens, conforme o rio sobe ou desce, queixando-se das enxurradas, ou das secas, a que se converte em tempos ajustados de crença, suposição, ou dúvida). Parecendo original, o pensamento do cientista político conclui que a coisa vai ser idêntica ao caso das eleições alemãs: pode ser que para o Natal o assunto possa estar resolvido.

Já o penetrante Negacionista Independente prevê que, nestas coisas da política, ou falta dela, tudo isto não é concebível, antes revela uma anar-quia que não é para todos, quanto mais para al-guns...Todavia, lá foi adiantando que quem ganha no Paião tem direito a um fato por medida, sinal de que segundo o novo testamento ortográfico, nunca um fato precisa de fato de camisa e gravata para constituir um fato histórico.

Quanto ao nosso convidado Adepto Incondi-cional Devoto Absentista, estranha o aumento da abstenção, não que ele tenha jamais votado, antes porque desde sempre se habituou a celebrar os seus compromissos pelo salutar bacalhau (aperto de mãos) com aqueles amigos e conhecidos de conversas construidas e finalizadas. Bem se lem-bra, passados que foram umas dúzias de anos, de uma lauta conversa que culminou na sua adesão àquele partido a quem jurou fidelidade, confiado nos percursos da honra e honestidade. E assim continua, e isso, para ele, é o suficiente. Votar? Então um homem não faz outra coisa? E tudo isto não anda nem desanda? Que diabo, somos obriga-dos por tudo e por nada a justificar os nossos gostos e desejos?! Ora porra! Que é lá isso?!...Já basta o que basta, carago!!!

V . C L A R O

As autárquicas são aquelas eleições onde mais se esbate a distância entre candidatos e eleitores. De uma ponta a outra do país as bermas das estra-das tingem-se de cartazes exibindo rostos familiares, gente mais ou

menos conhecida na sua terra, facilmente identificável no quotidiano das autarquias. As ruas atapetam-se de panfletos com propostas, frases feitas, chavões, intenções, promessas, slogans previsíveis com mensagens simples e directas. Encontramos o candidato X ou Y no restauran-te, no mercado, na praça, e cumprimentamo-nos, damos os bons dias e trocamos meia dúzia de palavras. Bebe-mos um cafezinho, distribuímos palmadinhas nas costas. Somos humanos, cidadãos, damo-nos uns com os outros, convivemos, fazemos parte da mesma comunidade. Isto tem tanto de bom quanto de mau, pois na mesma medida em que supera barreiras também as ergue através de estigmas fomentados por simpatias e antipatias. É sempre melindroso ter que dizer a um amigo: não estou contigo, o meu projecto é outro.

Num país ainda pautado pelo nepotismo generalizado, os caciques ganham força nas autárquicas. Percebemos isso desde o momento de formar uma lista até à hora de analisar os quadros dos municípios. As câmaras municipais são poderosas entidades empregadoras, gerem interesses económicos e perspectivas de vida. O

conservadorismo que emperra a mudança tem nesta rea-lidade a sua mais evidente explicação. Qualquer partido que conquiste o poder numa Câmara Municipal dificil-mente o abandonará, para tanto basta fazer uso táctico e manipulador do seu mais forte argumento: distribuição de cargos, empregos, trabalho, salários. Fica assim per-vertido o debate político, pois poucos serão aqueles que estão disponíveis a abdicar de uma vida estável em nome do pensamento crítico. Quem tiver algo a dizer, cale-se. É o mesmo nas empresas, “eu até dizia, mas não vale a pena. Uma pessoa depois é que fica mal.”

Criticar publicamente Medina em Lisboa significa colocar-se à margem do poder, apoiar publicamente Santana Lopes na Figueira significa colocar-se no centro de uma hipótese de poder. Isto oferece ministé-rios, beneficia contratos. Chamam-lhe nomeações de confiança para desagravarem o que na realidade é, uma

forma de extrapolar a divergência corrompendo o pensa-mento crítico. Transformados em entidades empregado-ras, ou, se preferirem, em meros patrões, os presidentes de câmara tendem invariavelmente a optar pelos lacaios oportunistas que não geram discussão. Não estando dispostos a discutir, eximem-se de convites a adversários para cargos onde é necessário dar serventia. É cada vez mais difícil elaborar uma lista também por estas razões. As pessoas com competência não querem ficar marcadas, sobrando um refugo à base de videirinhos e cata-vento.

A dado momento, julgou-se que os chamados movi-mentos de cidadãos independentes podiam inverter isto. Sucede que esses cidadãos, regra geral, nada têm de independentes, sendo os movimentos formados a partir de cisões entre antigos camaradas. A indepen-dência é a fachada por detrás da qual se escondem

rancores e frustrações, invejas e ambições goradas. Por vezes basta o desagrado pelo lugar ocupado numa lista ou a corriqueira atençãozinha que ficou por se con-cretizar. Julgo que uma imensa maioria dos chamados movimentos cívicos tem na sua génese esse tipo de questiúnculas, as quais se alicerçam num plano ideoló-gico pantanoso minado pela mera vaidade pessoal. Daí que raramente vinguem e, sobretudo, não perdurem no tempo, esmaecendo à medida que os seus quadros sejam reintegrados no sistema partidário tradicional ou se afastem radicalmente da actividade política.

Trágico é, deste modo, o subnível a que chegámos em matéria de congregação cívica, ou seja, em matéria de estímulos à participação na vida da cidade. As tácti-cas de sedução sofrem por vezes inflexões arrojadas, quase sempre para caírem naquele ridículo que leva a sentir vergonha pelas figuras tristes de terceiros.

Enchem-se páginas com casos, anedotas, tiradas e jogadas de uma boçalidade consternadora. A gracinha e o riso sobrepõem-se, em termos mediáticos, à discussão de ideias e de projectos. Ganha quem tiver a melhor imprensa, quem for mais simpático e atractivo aos olhos do mercado de consumidores de notícias Talvez haja neste diagnóstico alguma presunção, talvez esta forma implacável de avaliar o trabalho cada vez mais oneroso de ser convincente aos ouvidos de quem não quer ouvir se revele injusta. O busílis reside precisamente neste pa-radoxo facilmente constatável: quanto mais sério, menos popular. A política aos Isaltinos.

E quanto maior a proximidade entre políticos e elei-tos, menor o entusiasmo e a glorificação. Não é por acaso que o Chega optou por colocar o seu grande líder em todos os cartazes, disseminando o rosto de-magógico e ambicioso do deputado único por aldeias, vilas e cidades de norte a sul do país. Assim procura

disfarçar a vulgaridade das suas propostas e a medio-cridade dos seus candidatos. Se atentarmos às figuras embaraçosas de vários proponentes deste partido, por demais caricaturados nessa grande e complexa malha comunicacional que mete no mesmo saco media tradi-cionais e redes sociais, temos um panorama deprimente à vista.

O verdadeiro “tesourinho deprimente” das autárquicas não é a propaganda tosca, não são os cartazes palermas nem as acções de campanha circenses, não é o circo das arruadas nem das autocaravanas nem das feiras nem dos festivais, é todo este clima de glorificação do mediano que atrai cada vez menos gente capaz

para a política local. É esta “porra triste” de ir assistindo à degradação do confronto público, pasmando diante da ruína com sensação de impotência. Não admira que a abstenção ganhe terreno quando o ambiente é tão calculista e pragmático, este cheiro a podre do medo de mudança que acanha uns, desmotiva outros, abrindo alas à parvónia que era bom não vir a ser dona disto tudo. A reflexão começa agora, na ressaca pós-eleitoral.

H E N R I Q U E M A N U E L B E N T O F I A L H OCaldas da Rainha, 25/Setembro/2021

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76número 74 setembro 2021

Examinada á luz concupiscente da fragilida-de dos ossos illiacos, a politica é afinal de contas uma batata.Assim o definiu o sabio Ulysses, quando a nigromante Circe lhe transformou em por-cos os companheiros.Sendo assim, é fácil comprehender a diver-gencia dos varios politicos, facillimo per-ceber os motivos das differentes escolas e doutrinas politicas.Tal homem prefere a batata cosida; imme-diatamente encontra partidarios no gosto e na ideia, e eil-o chefe d’um partido po-litico! Outro é todo elle pela batata frita; e ahi temos outro partido! Ainda outro gosta mais da batata assada; reune em torno de si os amadores d’este genero de batata e eis formado um terceiro partido! E assim suc-cessivamente…D’onde se conclue que, afinal, os program-mas partidarios são simplesmente pro-grammas culinarios. e, sendo programmas culinarios, são consequentemente pro-grammas barriguistas.E tambem, seguindo esta ordem de ideias, que o philosopho Kant chega á conclusão de que os homens que soffrem do estoma-

go - maneira aristocratica de dizer barriga - nunca podem ser grandes politicos.Um grande politico deve ter o estomago accessivel a meia arroba de batata, pelo menos; no caso contrario, nunca po-derá passar além da craveira de sapateiro em politica.A capacidade politica está na razão directa da capacidade absorvente - batatalmente fa-lando.A Historia conta que Napo-leão, incontestavelmente um grande politico, trazia sem-pre os bolsos cheios de ba-tatas cosidas em agua e sal; e o marquez de Pombal, sem duvida o nosso maior talento politico, comia tanta batata as-sada no forno, que teve a ideia de mandar plantar o pinhal de Leiria, imaginando que os pinheiros davam batatas. O proprio rei D.Diniz foi cogno-minado o Lavrador, porque comia batatas fritas como um lavrador!

Foi-se depois pouco a pouco perdendo o gosto pela batata; hoje em dia os nossos politicos são de meia tijela por não come-rem dóse sufficiente de batata. E, tanto as-sim o reconhece o nosso povo, que não raro se decide a correr os politicos á batata, como que a ensinar-lhes que devem comer muita batata antes de pretenderem metter--se nas altas cavallarias da politica transcen-dental.Sendo a batata, nas suas diversas modalida-des culinarias, um alimento primacialmente popular, é esta a razão por que os regimens tendem a democratisar-se. Os regimens aristocraticos gastam pouco d’aquelle legu-me, tornando-se por isso anemicos physica e intellectualmente falando e acabando por apodrecer ao fim de pouco tempoComo os numeros falam como gente, ahi ficam as seguintes estatisticas: a Allemanha consome anualmente apenas dois milhões de arrobas de batatas e a Russia tres milhões e meio; ao passo que a Suissa consome no mesmo tempo, apesar se ser um paiz mui-to mais pequeno, que cabe na cova d’um dente do Kaiser e que o czar come todos os dias ao almoço, 10 milhões de arrobas.Porquê? Porque as duas primeiras poten-cias são aristocraticas e a Suissa é o governo do povo, do eterno comilão de batata!E assim nós vemos este pequeno paiz pos-perar, ao passo que a Russia e a Allemanha decaem a olhos vistos e não tarda que se-jam corridos á batata.E’, pois, na batata que reside o futuro da Re-publica.Portuguezes á batata! Ingeri á bruta esse precioso alimento e vereis grelarem no vos-so cerebro as mais luminosas ideias politi-cas! Comei batata e sereis um povo gran-de!!Diz Alberto Rei que o futuro da Patria está na plantação de immensas florestas de eu-calyptos; não apoiado! O futuro de Portugal, a felicidade da Repu-blica consistem na plantação de immensos batataes.Seguide este conselho desinteressado, dae incremento aos batataes e dentro em breve vereis surgir um novo Portugal feliz e flores-cente…

A N T Ó N I O A M A R G O

LARGO DO CARVÃO, N.º 5

3080-070 FIGUEIRA DA FOZ

+351 233 097 374

[email protected]

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98número 74 setembro 2021

Este Domingo, à semelhança do que vem acontecendo desde há alguns anos, fui um dos membros de uma das mesas de voto na Figueira da Foz. Nestas eleições autárquicas, como creio que saberão muitos dos que me

leem, as urnas foram encerradas às 20h, e não às 19h, como vem sendo habitual. Curiosamente, soube mais tarde que pelas 21h foi lançado aos céus da cidade um fogo de artifício que comemorava a vitória daquela que foi, de facto, a candidatura ven-cedora, se bem que seja conveniente esclarecer que a essa mesma hora ainda se procedia, tanto na mesa em que prestei funções como em todas as outras espalhadas pela cidade, à contagem dos resultados do sufrágio, ou seja, ainda não existia qualquer vitó-ria, tanto mais que – e digo-o sem dilemas, porque estes dados são públicos – a referida candidatura, depois de feitas as contas e estando já as 21h passa-das há muito, não foi a que alcançou mais votos na “minha” mesa. Mas andante: algumas horas depois (não muitas) encontrava-me num estabelecimento noturno da Avenida do Brasil quando a mesma foi cruzada por um carro alegórico (não há outro adjetivo possível) da já mencionada candidatura a (re?)comemorar a vitória eleitoral, enquanto as entidades competentes ainda estavam em pleno processo de cruzamento, tratamento e contabilização dos dados recolhidos pelo sufrágio, que mostravam, nesse preciso mo-mento, que a (ainda não vencedora) candidatura festejadora estava com cerca de 4% a menos dos votos do seu concorrente mais próximo. De pouco ou nenhum interesse serão agora estas questões, pensarão alguns dos que me leem, tendo em conta que a candidatura em causa ganhou as eleições; mas que esses alguns pensem também que espécie de vitória será esta que não conseguiu conquistar o im-portante órgão que é a assembleia municipal nem se impor realmente em quase nenhuma das assem-bleias de freguesia do concelho, como a contagem dos votos já prenunciava. Lançaram-se foguetes, é verdade, mas agora urge pensar em quem é que vai realmente ficar na cidade para apanhar as canas.

B R U N O F O N T E S

Haja atenção, ouvido atento. Os diálogos nos comboios, na rua, nos cafés são amiúde cons-

truções engenhosas. E as conversas ao telefone! Há quem ande de auto-carro, bloco na mão, só para ouvir e anotar falas, registar pistas, estímulos de escrita criativa.Haja atenção, olhar atento aos múl-tiplos desafios visuais: caras, vesti-mentas, tatuagens, máscaras, graffitis, pichagens, cartazes, mensagens, palavras.Num arrebatamento obstinado, um co-ração apaixonado faz saber ao Porto a dimensão do seu amor. Numa reduzida papeleta de uns 7x3 centímetros, afixa-da na cidade, em toda a cidade, pulsa às centenas, aos milhares, a mensagem que ninguém aqui já ignora. Declaração que ombreia e suplanta, juraria, as propostas políticas ultimamente pronunciadas em voz alta. Mas esta, esta mensagem amo-rosa, é um sussurro que emerge inaudí-vel, que espreita nas paredes, nos postes, nas portas, nos portões, em cada esquina, e que omnipresente se impõe, aqui, ali, além, a preto e branco, pequenina, feita grito que ensurdece, que ensandece, que

todos sabem: Amo-te, CristinaOlhar atento ainda para a multidão de animais perdidos por aí, para a girândo-la de apelos magoados dos seus donos, na esperança de que alguém lhes valha nesta angústia, alguém lhes dê novas dos desencaminhados companheiros.

Entre as hordas transviadas, abundam gatos. São os gatos quem mais se tresma-lha, quem mais mobiliza atenções públi-cas, quem mais activa a redacção de SOS lancinantes que gritam nas paredes. E há cães perdidos, há cães achados. Peque-ninos, de grande porte. E há gente que desaparece. Pássaros que se desnorteiam.Das criaturas voadoras despassaradas, que bem podem arribar um tanto por aí, a Norte, a Sul, ao Centro – insondá-veis são os caminhos do céu e o rumo das asas – faz sentido dar à estampa neste jornal dois apelos, tal qual foram publicados recentemente das vidraças de estabelecimentos comerciais, um no Porto, outro em Valongo.

PROCURA-SE PAPAGAIO CINZENTOFugiu dia 02/08/2021, junto à estação de Valongo. Dá-se pelo nome de Nina. Tem anilha e está registada no ICNF. Dá-se recompensa a quem a encontrar. 962 416 222

Fugiu no Sábado dia 22/5 da zona de Fernão Magalhães Ring Neck Azul. Agradecia que quem o encontrar, entrar em contato para o telefone 225378208 ou na Fernão Magalhães n.º 577. Obri-gado.(Nota da Redacção – Ring Neck Azul: Papagaiwo com anel de pena azul no pescoço)

Tratando-se de criaturas aladas, bem podem elas arribar longe, em chão pá-trio ou lá por fora, que asa é dote liber-

tário com sede de horizonte. Asa é música que não conhece fronteira. Nem carece de passaporte. Por isso, bem pode o leitor – qual seja a sua residência – protagonizar a boa acção e candidatar-se à recompensa. Enfim, haja atenção, nariz atento, aos odorosos versos de “O Livro de Cesário Verde”, quanto a Lisboa. E ao País:

Num cutileiro, de avental, ao torno.Um forjador maneja um malho, rubra-mente;E de uma padaria exala-se, inda quente,Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

É preciso quem olhe, escute, quem son-de e fixe os aromas deste chão, quem surpreenda o pulsar dos lugares, quem narre, desvende, dê a saber a identidade das cidades e de todos os espaços nestes dias. É preciso quem fale deste nosso jei-to único de ser gente. De ser País. Antes que a mortalha do esquecimento desça sobre nós. E nos apague.

T E X T O E F O T O G R A F I A SA U G U S T O B A P T I S TA

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1110número 74 setembro 2021

R I C A R D O L I M A

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1312número 74 setembro 2021

Eram 3 e meia da madrugada do dia 27 de Setembro quando apaguei a luz e tentei dormir.

Foi-me muito difícil. As emoções da noite eleitoral não me deixavam.De manhã, procurei focar a lente. E pensei:- No Porto, a minha cidade, o resul-tado foi bom: ao perder a maioria absoluta na câmara e ao não dispor dela na assembleia municipal, sofreu um golpe fatal o autoritarismo de Rui Moreira (o “independente” que não o é, nem nunca o foi, pois conta com o apoio do CDS e da Iniciativa Liberal, essa extrema-direita do século XXI). E a esquerda, por seu lado, reforçou-se: a CDU elegeu à vontade a sua vereadora mais três deputados municipais e subiu nos eleitos para as assembleias de freguesia: em média possui agora dois em cada assembleia, quando antes, em média, tinha apenas um. O BE, pela sua parte, conseguiu eleger um verea-dor e três deputados municipais. Tudo isto dá para fazer a diferença, dá ânimo e cria condições melhores para a luta política autárquica em prol da popula-ção do Porto.- Depois fui ver algumas das uniões de freguesia que a esquerda possui a

norte. Entristeci ao constatar que a presidência da União de Freguesias de S. Pedro da Cova e Fânzeres (31 000 habitantes!), que era historicamente da CDU (sobretudo S. Pedro), passa agora para o PS, por apenas 700 e tal votos de diferença. A CDU continua-ria certamente a governar S. Pedro, a vila mineira comunista, não se tivesse consumado, no tempo de Relvas, a união forçada e intencional destas duas freguesias de Gondomar. Claro que é todo um património de trabalho e de construção que agora é posto em causa, nomeadamente na área da Cultura. A CDU perde também a freguesia de Parada de Todeia, em Paredes, histo-ricamente sua. Consolam-me, porém, os vários eleitos que conseguiu colocar nestas assembleias. - Continuo a viagem e folgo com o vereador eleito em Gondomar (com quatro deputados municipais) e com o Zé Pedro Rodrigues, vereador eleito mais uma vez em Matosinhos; com a vereadora mantida pela CDU em Braga; e com o vereador renovado em Viana do Castelo. E, centrando--me neste distrito, fico contente ao ver como a CDU manteve as muito importantes presidências da freguesia

de Darque e da união de freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela – com subi-das de votação. E regozijo-me com a manutenção da presidência da emble-mática freguesia de Vilar de Mouros, no concelho de Caminha. Regressando a Braga, é bom saber que a CDU, além da vereadora, mantém a presidência da União de Freguesias de Merelim (São Paio), Panóias e Parada. E agora perdoe-se-me o voo para sul, mas adoro essa pérola de urbe mouris-ca que é Silves, essa mítica cidade me-dieva do príncipe-poeta Al-Mu’tamid, com S. Bartolomeu de Messines, berço doutro grande poeta, João de Deus, ali mesmo ao lado. Terra de laranjas, de romãs, de alfarroba, de figos. E como-vo-me ao saber que as mulheres (quase tudo mulheres) conquistaram a maio-ria absoluta para a CDU, reforçando a votação.Depois a língua saboreia todos es-tes nomes: Barrancos, Cuba, Serpa, Vidigueira, Arraiolos, Évora, Viana do Alentejo, Silves, Sobral de Monte Agraço, Avis, Monforte, Benavente, Alcácer do Sal, Grândola, Seixal, Pal-mela, Santiago do Cacém, Sesimbra, Setúbal... E penso que cada um destes

topónimos é um nome para a esperan-ça. Um nome para o futuro. Observo ainda que o meu alter-ego, João Pedro Mésseder, não perdeu a oportunidade para uma meditação poética um pouquinho mais jocosa, embora um nadinha amarga. Con-sequências, claro, das perdas da es-querda-do-povo. Aí fica o poema que colocou no Facebook:

O MISTÉRIO MAIOR

O mistério maior:é o povo que votaescolhendo a rota

da sua derrota.

Amanhã tropeça,mergulha no abismo

e a seguir começaa sentir o sismo.

Depois abre a bocaa mostrar os queixais

e a dizer outra vezque são todos iguais.

M E D I TAÇÃO A NO RT E CO M U M SA LTO AT É AO SO L , I STO É , AO SU L

J O S É A N T Ó N I O G O M E S

Experimente caminhar pela cidade. Fazer a sua vida a pé durante uma semana sem o seu automóvel. Experimente apanhar um transporte público para che-gar onde necessita (perceba a tristeza que é não poder partilhar transporte com os outros: nada de picar bilhete, nada de filas de gente sempre diferente, nada de meter conversa com o condutor a um Domingo - faz bem es-pairecer, mas eu estava melhor em casa - para o alegrar).

Experimente andar a pé e, ao fim de semana, aventu-re-se no pitoresco casco velho da cidade e, lançamos--lhe o desafio de registar com o seu telemóvel o que vê, e, definir, para cada imagem uma palavra, o que sente. O que vai ver mete dó. E parece que anda tudo a assobiar para o lado, como se nada fosse. A cidade mais suja, cada vez mais suja, decrépita e decadente, à venda, e tudo a assobiar para o lado. Custa andar acordado, olhar para a peste negra?

Custa trabalhar, imaginar soluções que não sejam de faz-de-conta? Continue a caminhar e sinta sede, vonta-de de sombra, um banco para se sentar. Talvez rezando, Deus pense em si e no seu cansaço. Experimente andar pela cidade (na baixa da cidade, por exemplo) e conte o número de lojas fechadas, o número de casas vazias, de-volutas, o número de prédios à venda. Talvez seja mais fácil contar o número de ruas limpas, ou o número de estradas sem buracos (não há, não é?)

Agora o mais dificil: experimente caminhar pela cida-de e sonhar. Vinha voando e aproximava-se desta foz do Mondego. Imagine a cidade bem posta, arranja-das, bem vestida, cheia de bom gosto e de vitalidade, com comércio alegre e gente bem disposta, emprega-da, bem paga, voluntariosa, cuidadosa. Imagine que todos os edifícios foram arranjados, pintados, e que as janelas se abrem porque pássaros cantam. Imagine a cidade em festa, bem bonita, espaçosa, marítima, ventosa. Imagine habitação condigna a baixo preço. Imagine que foi uma orquestra que imaginou, sonhou e implantou esta nova realidade.

Regresse à terra e continue a experimentar andar a pé, e o seu carro estacionado. Vai aperceber-se disto e de mais. Depois escreva-nos e diga-nos o que viu e o que sentiu. Se for válido, sairá no próximo jornal.

A N A B I S C A I A

FICHA TÉCNICA Periódicos Mensais Locais nº 74

30 Setembro de 2021

DIRECTÓRIO COLECTIVO

José de Matos-Cruz | Joaquim Jordão | António

Viana | Álvaro Biscaia

MORADA Rua da República, 114 1º sala 5 3080-036

Figueira da Foz

EDIÇÃO

FLAGRANTETITULO - Associação Cultural

([email protected])

COLABORAÇÕES V. Claro | Ricardo Lima | Pedro

Simões | Paulo Dâmaso | Paula B. | José de Matos-

Cruz | José António Gomes | Joaquim Jordão |

Henrique Manuel Bento Fialho | Bruno Fontes |

BAP | Augusto Baptista | AFMFF | António Amargo |

André Ruivo | André Carrilho | Ana Biscaia

IMPRESSÃO FIG DEPÓSITO LEGAL 458649/19

João de Azevedo sempre presente.

Page 8: colecção periódicos locais / mensais número 74 30 setembro

1514número 74 setembro 2021

Novembro de 1976

Erguendo a mão direita, Maciel Caneiro olhou estupefacto para o Presidente da Junta, seu cunhado:

− Então, não sabes para que serve este dedo? É com ele que se carrega no gatilho da espingarda, ou desfloram as donzelas.

Xavier correspondeu, entre impressionado e trocista:− Pois sim, e depois o que fazes às pétalas?− O mesmo que às gotas de sangue − contestou Ma-

ciel, com sombria entoação. No sexo como na morte... Deixam-se ir pela pia abaixo!

Com um calafrio, Xavier Outeiro acomodou-se na cadeira, aparentando calma.

Sabia bem o tipo de bicho que tinha à sua frente. Tal-vez por isso, acariciou a caçadeira que guardava debaixo da secretária, assegurando-se de que estava mesmo lá.

Porém, o esperto Maciel pareceu adivinhar. Não dei-xando de o fitar, apontou-lhe o tal dedo indicador:

− Tens a certeza que, isso aí, está municiado com za-galotes? Olha que, para furar um lobo, é preciso chumbo grosso!

Aborrecido com o rumo que conversa tomava, Xavier decidiu, contudo, não dar parte de fraco:

− Não te rales, os lobos só descem ao povoado quan-do têm fome... E para os gulosos, que andam para aí vestidos com pele de cordeiro, cá estou eu, que sou a autoridade!

Parecia um diálogo de outro mundo ou, então, de uma época passada. Mas, como um pedaço de má literatura, decorria quando em Portugal houvera já uma revolução socialista, embora com escassos reflexos para aquelas bandas do Minho.

Pior ainda, os dois homens que assim, familiarmente, travavam um ambíguo combate entre bem e mal, ou

melhor, entre poder e posse, estavam já numa idade para terem juízo.

Mais difícil era saber se, mais tarde ou mais cedo, não chegariam mesmo às vias de facto.

Embora fosse bronco e bravio, no entanto Maciel sa-bia amaciar as tensões. Sobretudo, quando lhe convinha. E alguns lucros tinha ainda de tirar daquele sujeito, um dos seus fitos quando lhe casara com a irmã.

Um feito quase heróico. Olhar para Balbina era quase uma blasfémia. Ter desejos com ela seria uma ofensa à natureza humana.

Uma dessas mulheres sem formas, sem alma, sem vontade, sem objectivo. Balbina existia desde manhãzi-nha, quando se levantava para lidar da casa, até voltar à cama, logo que anoitecia. Nem cansaço, nem fastio. Às vezes, ia resmungando − sabe-se lá o quê ou para quem. Comer, parecia o seu único prazer − que rematava com uns arrotos.

Ora, Balbina havia de ser assim até ao final da vida. E Maciel que aguentasse. Uma destas madrugadas, arma-va-se em herói, e saltava-lhe para cima. De olhos fecha-dos, cheirando só a fêmea. Até talvez pensasse, então, na tão saudosa irmã Auzenda − que fora como uma mãe, com mais uns carinhos que lhe excitaram a puberdade...

− Doa a quem doer, quem manda aqui, sou eu! − repetia, entretanto, Xavier, encorajado pelo ar absorto de Maciel.

Este sentia-se a léguas, gozando a nostalgia da sua meninice. Queria acabar aquilo, até à próxima. E Maciel foi-se, dizendo − na falta de jeito habitual, mas com a astúcia de raposa:

− Não te aleijes, mas é... Quem atira, estando verdes, pode estragar a vindima.

Os EntreTantos

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Aos associados, assinantes, patrocinadores e amigos de longa e recente data, informamos que durante os meses de Junho e Julho (para os retardatários), procederemos à renovação das assinaturas da nossa "clientela", alargada aos associados cúmplices dos nossos projectos culturais.

Recordamos a tabela que regula essa anual recolha de fundos :A S S I N A N T E S P A R T I C U L A R E S R E S I D E N T E S N A C I D A D E

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N O TA Para além dos nossos associados, todos os assinantes podem aceder à compra das nossas edições, com direito a desconto de 10% sobre o PVP. O processo de aquisição será feito directamente na Flagrantetítulo (Rua da República, 114, 1º, sala 5. 3080-036 Figueira da Foz) ou através de email: [email protected]

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Page 9: colecção periódicos locais / mensais número 74 30 setembro

16número 74 setembro 2021

Setembro é um mês especial por diversas razões. Para mim, o dia 20 do nono mês do ano terá sempre um sabor especial e é uma razão para voltar a “casa”: assinalou-se o

aniversário da elevação da Figueira da Foz a cidade.

Foi precisamente há 139 anos, na Casa do Paço, que D. Luís I, “O Popular”, Rei de Portugal e do Algarve, anunciou a intenção de elevar a Figuei-ra da Foz à categoria de cidade em 1882, o que veio a acontecer através da publicação em decreto de 20 de Setembro.

A cidade completa este mês mais um ano de His-tória, mais doze meses de serviço a toda população. Mas, estará a população ao seu serviço? Certo é que, aos 139 anos de vida, o concelho “das finas areias, berço de sereias, procurando abrigo” vive desafios reais.

Falemos, então, da Figueira da Foz. A minha cidade é a minha identidade. É nela onde guardo as melhores recordações da minha vida. Mas, como diz a música, “o passado está lá atrás”.

A Figueira da Foz, conhecida como “Rainha das Praias de Portugal”, é provavelmente a cidade do mundo com maior qualidade de vida. Tem rio, mar, praias, serra, entre outras belezas naturais que

a tornam uma cidade única no mundo. Mas precisa de potenciar os recursos que tem.

Mas, onde queremos que a cidade esteja daqui a dez anos? Queremos uma cidade mais saudável? Queremos uma cidade mais verde, mais sustentável? Queremos uma cidade mais jovem? Sim, queremos. Então a Figueira precisa avançar. Já. E o futuro é hoje. O futuro é (também) dia 26.

Sobre o futuro da cidade, gostaria de a ver renas-cer. A criar condições para se tornar uma referência no panorama nacional e internacional, quer seja a nível do Turismo, empresarial, desportivo e cultural. Gostaria que a Figueira da Foz fosse no futuro uma cidade tecnológica, limpa, verde e sustentável. Essa seria a melhor prenda de aniversário para todos aqueles que, como eu, amam a cidade.

Neste aniversário da cidade quero homenagear a sua população e lembrar que quem faz a cidade são as pessoas. Gente de bem, honesta e batalhadora

que, com o seu trabalho diário, constrói o desenvol-vimento do município.

Parabéns a todos aqueles que, dia-a-dia, contri-buem para o desenvolvimento do nosso município e, dentro das suas possibilidades, não medem esforços para o crescimento da nossa cidade.

É com muito orgulho que sou Figueirense, de pertencer a esta cidade sol, linda e maravilhosa, repleta de belezas naturais, que será sempre o meu aconchego e o berço que me viu nascer, crescer e onde, um dia, virei devolver ausências.

Em jeito de ‘alfinetada’, para mim, o feriado mu-nicipal do concelho da Figueira da Foz deveria ser o dia 20 de Setembro e não o 24 de Junho.

Parabéns, Figueira da Foz. Ou como costumo dizer: Feliz Ano Novo!

P A U L O D Â M A S O