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Cognições da Filosofia que são Ativas em Contabilidade: Conformidade Filosófico-Contábil e Complexidade Científica Maria Lúcia Pagliusi Silva (E-mail: [email protected]) Mestrado em Ciências Contábeis pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) São Paulo, SP, Brasil Marcos Reinaldo Severino Peters (E-mail: [email protected]) Doutor e Professor de Mestrado da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) São Paulo, SP, Brasil Área Temática: Ética e responsabilidade social

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Cognições da Filosofia que são Ativas em Contabilidade:

Conformidade Filosófico-Contábil e Complexidade Científica

Maria Lúcia Pagliusi Silva (E-mail: [email protected])

Mestrado em Ciências Contábeis pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)

São Paulo, SP, Brasil

Marcos Reinaldo Severino Peters (E-mail: [email protected])

Doutor e Professor de Mestrado da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)

São Paulo, SP, Brasil

Área Temática: Ética e responsabilidade social

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1 Introdução

Perspectivas de inovação e expansão prático-teórica do saber contábil ou organizacional

estimularam este trabalho, uma pesquisa qualitativa no formato de ensaio acadêmico. Para sustentá-

la, foram avocados ensinamentos da Filosofia e da Ciência, para contribuir com as reflexões acerca

da coerência filosófico-contábil e sobre a complexidade científico-contabilística, em contexto

multidisciplinar. O problema de pesquisa consiste em discutir a interlocução da Contabilidade com

os estudos filosóficos e científicos.

O objetivo geral é analisar os raciocínios filosóficos e científicos que se articulam junto às

teorias e procedimentos contábeis, considerando-se a gestão organizacional. Objetivos específicos:

1) mostrar as cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade; 2) trazer argumentos que

legitimam a complexidade científico-contabilística; 3) abordar a confluência da Filosofia e da

Ciência como aporte de inovação e progresso científico contábil.

Levantamentos bibliográficos permitiram identificar aspectos cognitivos filosóficos e

científicos que se revelam junto à diligência contabilística ou organizacional. A delimitação da

pesquisa ocorreu pela aproximação de assuntos filosóficos correlacionados, em virtude dos amplos

estudos da Filosofia. Uma vez que agrupados, foram investigados junto aos estudos e pesquisas

contábeis, observando-se seus legados intelectuais para o esclarecimento de temas contabilísticos

ou organizacionais. Esses critérios metodológicos endossaram o cunho científico.

A Fundamentação Teórica exibe cognições filosóficas que são ativas contabilmente.

Sínteses cognitivas filosóficas foram elaboradas; a essência econômica dos estudos contábeis foi

reportada, incluindo-se ambiente organizacional. Os contornos fronteiriços entre a Contabilidade e

a Economia foram abordados, com ponderações acerca da formação das disciplinas científicas.

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Disciplina científica é organizada mentalmente e esboça seu objeto de estudo através de

estruturação intelectual que investiga fenômenos (Fourez, 1995). A Ciência moderna é produção

cultural que exprime concepções de proposta social (Japiassu, 2001). Embora haja preocupação

com a cientificidade, a Filosofia da Ciência não cuida da complexidade. Nenhum conhecimento

detém plenitude. Parâmetros redutores limitam ideias em detrimento à pluralidade e à contradição,

cujas dimensões bio-psico-sócio-político-culturais integram propósitos científicos (Morin, 2014).

O tópico da Discussão conduz raciocínios para se compreender a conformidade filosófico-

contábil, através das cognições filosóficas que são operantes junto à teoria e procedimentos

contabilísticos, inclusive gestão. As características interativas de seus significados expressam

estruturação filosófica contábil formada por indicadores científicos da Contabilidade, conforme

asseveram Silva e Peters (2017a, 2017b, 2018), e de onde se depura plausível composição

paradigmática qualitativa, em consonância à complexidade científica tratada por Morin (2014).

Sínteses cognitivas filosóficas caucionam argumentos à complexidade científico-contabilística.

A Filosofia e a Ciência expõem movimentos confluentes em contribuição ao conhecimento

contábil, como aporte de fomento à inovação, aperfeiçoamento e evolução científica contabilística.

O item voltado à Conclusão destaca que os objetivos foram atingidos em sua totalidade.

2 Metodologia

Investigações filosóficas oferecem recursos na busca de conhecimento (Kuhn, 2011).

Estudos realizados junto à Filosofia são capazes de proporcionar intelectualidade às pesquisas

acadêmicas, inovação, avanço científico e desenvoltura profissional, alcançando-se excelência.

Para tanto, áreas de conhecimento foram investigadas: Filosofia e Contabilidade, inclusive

gestão. Os levantamentos bibliográficos favorecem a solução de problemas (Oliveira, 2011) e

proporcionam elucidação dos assuntos tratados (G. A. Martins & Theóphilo, 2009). Esta pesquisa

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é qualitativa, sem apuração numérica (Oliveira, 2011); sua estruturação é bibliográfica, preparada

através de acesso à Internet, artigos científicos, livros, teses e dissertação (Farias & Arruda, 2013;

G. A. Martins & Theóphilo, 2009; Oliveira, 2011; Oliveira et al., 2003; Severino, 2011).

Para concisão analítica, a delimitação da pesquisa (G. A. Martins & Theóphilo, 2009) se

deu pelo grupamento de cognições filosóficas afins, diante do vasto universo da Filosofia que se

procurou retratar. A demarcação dessa estratégia veio das abordagens que a Contabilidade faz com

outras áreas do saber, conforme lecionam Hendriksen e Breda (2011) e também Iudícibus (2010).

As cognições filosóficas delimitadas estão a seguir, destacadas em negrito. A linguagem

realiza a comunicação, permitindo conhecer as coisas. O conhecimento abrange percepção,

sensação, intuição, pensamento, raciocínio, memória e imaginação, percursos do aprendizado

ontológico. As ciências envolvem suas classificações por natureza de estudo, aspiração e atitude

científicas. A razão inclui atividades e processos racionais. A justiça congrega o que é bom e justo,

a aplicação do direito, leis e normas. A religião compreende as vivências sagradas. As artes

acolhem a estética. A expressão psíquica integra o comportamento. Moral é assimilada pela ética.

A política recepciona poder, democracia, partidos políticos, governabilidade, liberdade e

atividades de especialistas. Por se fazerem presentes em diversificados assuntos da Filosofia, a

verdade, a lógica, os valores e a cultura mereceram investigações específicas, sem associações.

As cognições filosóficas já delimitadas foram examinadas junto às pesquisas e estudos

contábeis, analisando-se seus legados intelectuais no esclarecimento de temas contabilísticos ou

organizacionais, mediante critérios: verificar se elucidavam matérias contábeis ou voltadas à

gestão, mantendo-se significados oriundos da Filosofia. Assim foi assegurado o cunho científico.

Constatados arcabouços filosóficos operantes na diligência contábil ou organizacional, a

Fundamentação Teórica apresenta as cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade,

acompanhadas de suas respectivas sínteses cognitivas filosóficas, ali então elaboradas.

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A Filosofia tem como objeto as ideias, abstrações conceituais em premissas lógicas que não

se aperfeiçoam por aparatos materiais. Conhecimento filosófico se traduz pela busca de

discernimento ao se lidar com as adversidades e não se submete à apuração ou observação

instrumental (Marconi & Lakatos, 2010); ele “emerge da experiência e não da experimentação.

Daí, a verificação dos enunciados filosóficos não serem confirmados nem refutados, o que não

ocorre com as hipóteses dentro do campo da ciência”. As Ciências podem ser formais (lidam com

entes abstratos e ideais, como os números) ou factuais (tratam de coisas, fatos e processos). “O

conhecimento científico é analítico porque procura compreender uma situação global ou um

fenômeno totalizador em termos de seus componentes”. Hoje se nota diálogos entre filósofos e

cientistas em estudos, mas houve ruptura entre eles no passado. (Trujillo Ferrari, 1982, pp. 7-9).

Trata-se de investigação descritiva e explicativa (Farias & Arruda, 2013) vez que descreve

apontamentos sobre cognições filosóficas e elucida como elas são ativas contabilmente. O ensaio

acadêmico foi adequado para expor pensamentos com análises críticas, observações que defendem

posições; é modalidade que preconiza autonomia diante da formalidade científico-metodológica,

afirma Severino (2011). Ensaio é composição filosófica que esclarece certo assunto, realiza

combinações e sínteses de conteúdo, com alegações que sustentam a narrativa (Cunha, 2013).

A Discussão lança raciocínios para se compreender a conformidade filosófico-contábil, isto

é, conhecimentos filosóficos que são atuantes junto à Contabilidade. Sínteses cognitivas filosóficas

promoveram argumentos em prol da complexidade científico-contabilística. Filosofia e Ciência

manifestam confluência e dinâmica propícia à inovação e à evolução científica do saber contábil.

A Conclusão assinala que os objetivos propostos foram atingidos.

3 Fundamentação Teórica

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A Contabilidade ostenta trajetória longeva (D’Áuria, 1949; Hendriksen & Breda, 2011; Sá,

2006), seu percurso alcança os humanos mais primitivos (Iudícibus, 2010) que já agiam de modo

a representar singelas atuações contabilísticas ao registrarem suas conquistas através de desenhos

ou incisões em rochas, antes mesmo de aprenderem a escrever (Iudícibus, 2010; Sá, 2011),

expressando assim a própria atitude de contar (Peters, 2011). A sabedoria filosófica se manifestou

em torno dos séculos VII e VI a.C. (Garcia Morente, 1980; Marcondes, 2007) na Grécia Antiga,

valendo-se concluir que o saber contábil presenciou o alvorecer e a estruturação da Filosofia.

Foi pelos filósofos gregos que a reflexão acerca do senso comum e o conhecimento

organizado sobre a realidade manifestaram seus traços, pela formação de correntes filosóficas que

conduziram produções científicas e novas áreas das ciências. Muitas informações chegaram até

eles devido às atividades marítimas e comerciais. Na busca pelo ideal de conhecimento,

absorveram saberes nas viagens pelo Oriente, principalmente Mesopotâmia, Babilônia e Egito,

transformando-os em alicerces para enfrentar desafios. (Giles, 1980). Garcia Morente (1980, p. 68)

explica que as filosofias orientais, hindu ou chinesa se caracterizam como sabedorias populares,

detêm perspectivas religiosas, são noções superficiais sobre a existência e o universo; “filosofia

não existe na história da cultura humana, do pensamento humano, até os gregos”.

Toda indagação filosófica está relacionada a uma série de questões interligadas que exibem

o todo ou parte considerável de uma área do saber, seja nos estudos da lógica, conhecimento,

ciência, justiça, ética, beleza, política, cidadania, governabilidade, dentre outros. Embora

entrelaçados, cada um desses aspectos mostra complexidade independente. Pitágoras identificou a

matemática e o número como princípio das coisas. Sócrates conduziu reflexões institucionais e

trouxe a maiêutica [grifo do autor], arte do parto que traz ideias à luz. Platão expôs o método

dialético, debate que busca a verdade para se chegar aos pensamentos inteligíveis. Aristóteles se

interessou pela natureza e suas estruturas. Agostinho e Tomás de Aquino buscaram harmonizar a

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fé e a razão. (Giles, 1980, p. 44). Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles exercem até hoje grande

influência junto ao processo de conhecimento (Hendriksen & Breda, 2011).

Com o declínio das ideias medievais, Guilherme de Ockham apresentou pensamentos

empíricos voltados à experiência humana, rejeitou as sondagens metafísicas e dissociou a fé da

razão. Originou-se, assim, a base positivista do pensamento filosófico moderno que valorizou a

razão, enfatizando que a ordem do universo se submete a leis quantitativas fundamentadas na

matemática, verificáveis e formuláveis. Essa concepção é exploratória, crítica, passível de

demonstração e foi impulsionada por vários filósofos tais como René Descartes (traçou linhas

principais), John Locke, George Berkeley, David Hume (discutiram conteúdos e limites do

conhecimento), Immanuel Kant (incluiu a física newtoniana no debate filosófico) e Georg Wilhelm

Friedrich Hegel (lançou a racionalidade em todas as áreas do saber), narra Giles (1980).

Questões filosóficas detêm tríplice horizonte: universalidade (mundo), individualidade

(eu) e humanidade (coletividade), afirma Giles (1980). Para Bunge (2017, pp. 21-22), a Filosofia

não é mero apanhado de opiniões e “faz valer seu nome se for antes uma cosmovisão explícita e

bem organizada”. Qualquer Filosofia genuína está “centrada em uma ontologia”, tem nascedouro

na lógica e na semântica, com afluência dirigida à epistemologia e à prática. E complementa: “uma

filosofia sem ontologia não tem espinha dorsal, assim como será confusa se isenta de lógica e

semântica, descabeçada, se isenta de epistemologia, e aleijada se não possuir uma filosofia prática”.

A Filosofia é uma disciplina do pensamento, incentiva a intelectualidade, proporciona

acesso à compreensão de vários questionamentos da realidade, através de métodos distintos

daqueles empregados pelas ciências (Fourez, 1995) que estão em constante transformação, cuja

realização é multidimensional e eticamente vigorosa, carreando complexidade vez que compõem

a conjuntura histórico-social (Morin, 2014). Segundo Japiassu (2001, p. 57), a “ciência moderna”

ou “ocidental” [grifos do autor] emergiu no século XVII, introduzida por Galileu, com preceitos

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amparados na racionalidade (experiência e razão) e atividades baseadas no lucro, no crescimento,

na eficácia, na produção – em perspectivas plurais e exigências quantitativas – e oportunidades

epistemológicas enlaçadas, no intuito de se construir o pensamento científico.

Ciência é produto cultural e suas raízes estão na sociedade, onde cientistas produzem ideias,

experiências e teorias. Desde o começo, a Ciência exibe caráter de “projeto social” erigido pela

sociedade, com objetivos que não são “apenas de ordem cognitiva, mas prático-social”. Importante

se examinar as circunstâncias que deram formação ao “projeto científico. Não foi por acaso que

um novo tipo de saber definiu-se na aurora dos tempos modernos”. (Japiassu, 2001, p. 155).

O Renascimento instaurou uma “nova visão de mundo” [grifo do autor] e com ela novos

hábitos e novas necessidades. Veneza e Florença se tornaram polos socioculturais e econômicos.

Comerciantes e banqueiros protagonizaram a “inovação social”. As práticas técnico-financeiras

“faziam apelo ao nascimento de novos métodos e de novos saberes”. (Japiassu, 2001, p. 156).

Para entender os fenômenos e elementos que compõem a Contabilidade (uma ciência social

aplicada), seus propósitos normativos e procedimentais, é necessário interpretar vários aspectos em

seus nexos e fundamentos lógicos, enlaçados de maneira recíproca, com estruturação abstrata

firmada cientificamente na experimentação e na observação. A disciplina contabilística tem

essência econômica uma vez que “exprime e mensura a circulação de riqueza numa organização

empresarial com ou sem fins lucrativos”. (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016, p. 158).

“O grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas está diretamente

associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das

sociedades, cidades ou nações.” (Iudícibus, 2010, p. 16). As ciências sociais lidam com

comportamentos e amplitude econômica. Conexões entre a sociedade e a Contabilidade mostram

características peculiares porque reputam a “problemática do estudo do comportamento humano e

da pluralidade das suas manifestações”. (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016, p. 64).

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A Economia “se ocupa do comportamento humano e estuda como as pessoas e as

organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços.” (Passos

& Nogami, 2006, p. 6). A Contabilidade se integra ao ambiente onde realiza atividades, em

prospectiva sistêmica e multidimensional. Mutações na Contabilidade geram transformações na

sociedade e na “distribuição de poder”. (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016, p. 65).

A Contabilidade e a Economia são áreas que tratam de questões econômicas, precisam

tutelar suas compatibilidades, independentemente de suas dimensões e direções diferentes. Ambas

investigam a economia nacional (macroeconomia; contabilidade governamental) e o

gerenciamento empresarial (microeconomia; contabilidade empresarial), alega Mattessich (1956).

Economistas como Irving Fisher, Joseph A. Schumpeter e John M. Clark mostraram

pioneirismo ao cuidar dos contornos fronteiriços entre a Contabilidade e a Economia. Tem se

avolumado a literatura dirigida aos alvos tangenciais desses dois campos do saber, embora ainda

seja considerável o distanciamento entre eles. Uma das divisórias estaria na gênese disciplinar: “A

origem da economia é encontrada na filosofia, enquanto a contabilidade emergiu da técnica

aritmética dos registros contábeis”, expõe Mattessich (1956, p. 552, tradução nossa).

Mattessich (1956, p. 553, traduções nossas) chama a Contabilidade de “planta mãe”

arraigada “no solo da realidade” e conclui que a Economia é a figura do “pai, voltado para a

matemática e à filosofia”. Porém, um breve exame cronológico dessas duas áreas mostra que há

séculos a Contabilidade transmite conhecimentos e práticas para gerir a riqueza. A Economia é

área de estudo moderna e imprescindível, mas contemporânea diante da anciã maturidade contábil.

Fourez (1995, p. 103) esclarece que “Uma disciplina científica é determinada por uma

organização mental” e os estudos da Filosofia da Ciência (em especial, a visão kuhniana) chamam

a isso de “matriz disciplinar ou um paradigma [grifos do autor], ou seja, uma estrutura mental,

consciente ou não, que serve para classificar o mundo e poder abordá-lo”.

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O objeto de uma disciplina é delineado a partir da “representação intelectual de fenômenos”

que afetam sua extensão de conhecimento. Isto é, “uma disciplina científica não é definida pelo

objeto que ela estuda, mas é ela que o determina”, sendo por ela produzido. “E, na evolução de

uma disciplina, esse objeto pode variar.” Características promovem classificações que emergem de

modo evidente, porém, a evidência de qualquer “paradigma científico” [grifo do autor] pode ser

questionada e há reestruturação do conhecimento. (Fourez, 1995, pp. 105-106).

Ideias sobre paradigmas, mudanças normais da Ciência e revoluções científicas são

articuladas por Kuhn (2006, 2011). Paradigma é um conjunto de informações referentes ao

desempenho e à natureza dos entes, constituído por arquétipos acolhidos pela comunidade

científica tanto quanto a observação e a experimentação (Kuhn, 2011). Mudanças normais da

ciência provocam só um acréscimo ao que antes era desenvolvido. Normas científicas geralmente

são emanadas desse processamento regular e a maioria dos avanços é resultante dessa cumulação

(Kuhn, 2006). Se padrões adotados não conseguem explicar um fenômeno, é preciso construir

novos paradigmas e arquétipos científicos, originando-se uma revolução científica (Kuhn, 2011).

Arguições de Karl Popper sustentam que toda teoria faz parte de “sistemas dedutivos” que

nem sempre refletem a realidade. Existe uma “seleção natural” no histórico das teorias científicas

que obtêm sucesso, e conseguem assegurar a capacidade de explicar fenômenos, até que outros

surjam e exijam inovação/renovação no alargamento epistemológico. A ciência avança não pela

“acumulação de verdades”, mas por eliminar o que é falso. (Morin, 2014, p. 148). Para Popper

(1998b), uma teoria científica ou sua utilidade reside na força de sua subsistência, sem desabar

perante o erro (falseabilidade) quando é colocada à prova para demonstrar sua natureza científica.

Nas intensas discussões epistemológicas entre Popper, Khun e vários outros estudiosos,

percebe-se “que eles tratam da racionalidade, da cientificidade, da não-cientificidade e não tratam

da complexidade”, como se ela estivesse ausente. Contudo, a complexidade existe e é relevante

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para os estudos científicos. “A problemática da complexidade ainda é marginal no pensamento

científico, no pensamento epistemológico e no pensamento filosófico.” (Morin, 2014, p. 175).

A complexidade não deve ser compreendida como um receituário ou uma resposta pronta.

Deve ser sim encarada como “motivação para pensar”. Não raras vezes, a complexidade é tomada

“como o inimigo da ordem e da clareza”, entretanto, se mostra como “o esforço para conceber um

incontornável desafio que o real lança em nossa mente”. Nenhum conhecimento detém completude.

O raciocínio simplificador rejeita aspectos “biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais”,

na pretensão de distingui-los ou uni-los através de redução que mutila ideias. (Morin, 2014, p. 176).

Por longo período, acreditou-se “que o erro das ciências humanas e sociais era o de não

poder se livrar da complexidade aparente dos fenômenos humanos para se elevar à dignidade das

ciências naturais” onde predominam concepções deterministas. Mas se tem visto o acanhamento

de simples explicações por parte das ciências físicas ou biológicas. Essa crise tem mostrado que os

bordões não científicos das ciências humanas (pluralidade, contradição, complicação, desordem,

incerteza) compõem atual “problemática geral do conhecimento científico”. (Morin, 2014, p. 177).

A partir da revisão da literatura, foi elaborada a Figura 1 que é apresentada a seguir. A

coluna à esquerda expõe os apontamentos sobre as cognições da Filosofia e suas respectivas

sínteses cognitivas; a coluna à direita elucida e ilustra como os atributos cognitivos filosóficos são

ativos em Contabilidade, considerando-se o ambiente organizacional, através de citações:

Apontamentos sobre cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade

LINGUAGEM: palavras são vitais para se conhecer as

coisas, quando do aprendizado teórico para solucionar

problemas (Kuhn, 2006), na comunicação de ideias que

exprimem a interpretação da realidade (Alston, 1972;

Giles, 1980), onde as unidades linguísticas assumem

variados significados contextuais (Wittgenstein, 1996).

Síntese cognitiva: produção de comunicabilidade.

Contabilidade desenvolve linguagem onde as palavras

trazem significado da essência econômico-patrimonial

(semântico), efeito prático (pragmático), sentido lógico

ao reconhecer eventos reais (sintático), estabelecendo

comunicação (Hendriksen & Breda, 2011), divulgação de

informações econômico-financeiras (Weffort, 2011) no

alcance e apreensão do fluxo patrimonial (Sá, 2011).

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continua

continuação

CONHECIMENTO: conhecer é explorar fenômenos

através do intelecto para aperfeiçoar a prática, unindo

teoria e ação (Giles, 1980) com finalidade de promover

definições, classificação dos entes, mostrar estruturas e

procedimentos (Kuhn, 2006, 2011), cujo conhecimento

científico inovador é óbvio neste século (Morin, 2014).

Síntese cognitiva: compreensão dos fatos e das coisas.

Contabilidade é conhecimento estruturado, profícuo na

gestão da riqueza, detém princípios genuínos (D’Áuria,

1949) baseados em métodos científicos para exploração

de fenômenos econômico-patrimoniais, fundamentados e

suscetíveis de investigação (Oliveira et al., 2003) com

interdisciplinaridade contábil (Peters, 2011) compatível à

estratégia e inovação organizacionais (DuBrin, 2008).

Apontamentos sobre cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade

VERDADE: é alcançada pelo conhecimento vez que

resposta aos problemas reclama padrão de certeza ou de

erro, seja por métodos filosóficos que aplicam senso

comum e evidência (Giles, 1980) ou por se reconhecer a

intuição como modo de perceber a veracidade (Garcia

Morente, 1980) antes de análises (Charbonneau, 1986).

Síntese cognitiva: convicção essencial da realidade.

Contabilidade examina transações em aspecto formal

combinado aos propósitos reais firmados, para registro da

natureza econômico-patrimonial e verdade dos fatos

(Iudícibus, E. Martins, Gelbcke, & A. Santos, 2010),

representação fiel, padrão ético, qualidade e veracidade

de informações seguras, transparência em conformidade

jurídica (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016).

CIÊNCIAS: são atividades organizadas com intuito de

impelir produção evolutiva (Giles, 1980), vinculadas à

perspectiva filosófica (Charbonneau, 1986) e agrupadas

em puras, aplicadas e tecnologias (Fourez, 1995), que

geram revoluções científicas frente a novos fenômenos

(Kuhn, 2011) ou diante lacuna teórica (Popper, 1998b).

Síntese cognitiva: adoção de processos sistemáticos.

Contabilidade é conhecimento científico que apresenta

objeto, finalidade, utilidade, natureza analítica, teorias,

doutrinas, metodologia na investigação de fenômenos e

sondagem preditiva com estudos multidisciplinares (Sá,

2011); é ciência social aplicada (Oliveira et al., 2003)

com diretriz tecnológico-procedimental e programático-

normativa (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016).

LÓGICA: mecanismo usado pelas ciências, dispositivo

que inscreve a concepção apropriada para se atingir o

conhecimento científico, pela produção de linguagem

peculiar que contém informações sobre as coisas (Giles,

1980), podendo ser formal (silogismo e forma) ou

material (conceito e matéria), diz Charbonneau (1986).

Síntese cognitiva: construção de raciocínios definidos.

Contabilidade tem composição dinâmica quantitativa

onde números e estatística são instrumentos, vez que a

sistematização da ciência contábil requer inferências

lógicas na abstração, conceituação e análises (J. J. M.

Almeida & B. J. M. Almeida, 2016), com aplicação de

raciocínio lógico-aritmético nas partidas dobradas (Sá,

2011), álgebra no registro (Hendriksen & Breda, 2011).

RAZÃO: pensamento fundamentado na matemática e

na lógica para conhecimento e solução de problemas

(Morin, 2014), exigindo objetividade, postura científica,

imparcialidade e crítica ao se buscar a verdade (Popper,

1998b), atividades que expressam proporcionalidade,

equilíbrio de valores, estética e realização (Giles, 1980).

Síntese cognitiva: aplicação de critérios estruturados.

Contabilidade compreende estudos e juízos analíticos

apoiados na matemática; é racionalidade lógica exibida

por números em demonstrativos que revelam atuação da

economia (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016),

critérios dedutivos ou indutivos (Hendriksen & Breda,

2011) em ótica comportamental-sociocultural-histórica

(Mattessich, 1956; Schmidt & J. L. Santos, 2008).

RELIGIÃO: sentimento relativo à presença divina e

sagrada, crença que direciona comportamentos (Giles,

1980), emoção manifestada desde o tribalismo, em que

o significado mágico conduzia a vida social e atitudes

(Popper, 1998a), mundo sobrenatural não passível de

verificação, oposto ao real questionável (Morin, 2014).

Síntese cognitiva: devoção teológica, fé na sacralidade.

Contabilidade é efeito do produto intelecto-cultural das

sabedorias judaica, muçulmana e cristã (Hendriksen &

Breda, 2011), orientação político-religiosa dos israelitas

(D’Áuria, 1949), pelo vigor comercial e influência do

sagrado desde milênios, fatores do avanço ao registro

patrimonial (Sá, 2006), com impulso eclesiástico na era

medieval para controle de bens (Oliveira et al., 2003).

CULTURA: manifestação de costumes interligados em

dimensão comportamental, artística, linguística, política

ou econômica (Kluckhohn, 1963), propagação social de

significados relevantes e difusão de valores históricos,

Contabilidade tem contado com pesquisas que discutem

diferenças culturais e associação de seus aspectos, por

meio de investigações de Hofstede (1983) capazes de

exibir dimensões da cultura junto às práticas contábeis,

controles gerenciais e pareceres de auditoria (Doupnik &

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13

conclusão

éticos, religiosos (Hessen, 1946) para aperfeiçoamento

humano e suporte às suas exigências (Cunha, 2013).

Síntese cognitiva: associação de costumes e sabedorias.

Tsakumis, 2004), aliados a padrões éticos exigidos na

solução de conflito e transações globais (DuBrin, 2008).

VALORES: compreensão mental de amplitudes que

expressam qualidade (Hessen, 1946) benéfica ou lesiva,

nobre ou ruim, abrangendo tendências éticas e lógicas,

religiosidade e verdade (Garcia Morente, 1980), juízo de

conduta na socialização (Costa, 2005), na formação da

identidade com preservação cultural (Cunha, 2013).

Síntese cognitiva: acolhimento de atributos e crenças.

Contabilidade manifesta em suas práticas e modelos,

valores sociais que espelham os costumes e instituições,

um estudo de Gray (1988) com suposições baseadas em

pesquisa cultural de Hofstede (1983), comentam Braun e

Rodriguez (2008), Chanchani e Willet (2004), Doupnik e

Tsakumis (2004), energias firmes e presentes no dilema,

solução e tomada de decisão (DuBrin, 2008).

Apontamentos sobre cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade

JUSTIÇA: é realizada na aplicação de direitos iguais,

na paridade de obrigações, na restituição que instaura

equilíbrio, no exercício racional do bem que partilha e

distribui recursos (Giles, 1980), provendo sociabilidade

(Charbonneau, 1986) e normas para regulação do poder

(Cunha, 2013) face às relações humanas (Reale, 2002).

Síntese cognitiva: observação do direito e legalidade.

Contabilidade reflete o sistema institucional e jurídico

(Weffort, 2005), ambiente social conduzido por valores

culturais, legais, políticos e religiosos que atingem as

práticas contábeis e revelam o impacto econômico-

financeiro das normas (J. J. M. Almeida & B. J. M.

Almeida, 2016), com saberes conjugados à legalidade,

ética e equidade (Hendriksen & Breda, 2011; Sá, 2011).

COMPORTAMENTO: gesto ou ausência de atitude

que indica ânimo ou falta de ação, prática consciente e

racional da moral, decorrente de repressão social ou

valor coletivo exigido (Giles, 1980), onde os tabus são

delineados pelas preferências, pelo acolhimento ou não

das normas, para retê-las ou mudá-las (Popper, 1998a).

Síntese cognitiva: ação ou inércia que mostra posturas.

Contabilidade provê informação econômico-financeira

que possibilita atitude e comportamento na tomada de

decisão (Hendriksen & Breda, 2011); considera forças

coletivas, poder e crenças corporativas (DuBrin, 2008),

cujas perspectivas culturais receberam investigações de

Trompenaars (1996) em estratégias, valores e convívios

(Lacerda, 2011; Trompenaars & Woollianms, 2003).

POLÍTICA: análise do poder em seu dinamismo social

(Odegard, 1963), área de negociação da moral e justiça,

onde normas trazem comprometimento entre interesses

contrastantes, com aplicação da lei e do direito (Fourez,

1995), legitimidade e instituições justas (Giles, 1980).

Síntese cognitiva: dimensões do poder e da negociação

social e justa, governabilidade, legitimidade e liberdade.

Contabilidade exerce função social tanto ao expor

políticas corporativas (Oliveira et al., 2003) quanto ao

diligenciar atividades sociopolítico-culturais que editam

normas no exercício do poder, com impacto econômico

(J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016) que influi

na dinâmica política acadêmica, deixando de encorajar

produção contábil normativa (E. A. Martins, 2012).

ÉTICA: prática do bem, consciência moral guiada por

ideal de equilíbrio, dever social; vontade racional e

comportamento virtuoso (Giles, 1980), na apreciação de

atos e juízo de valores (Fourez, 1995) para igualdade e

liberdade, bases geradas pela religião (Popper, 1998a).

Síntese cognitiva: propósito do bem, da virtude e razão.

Contabilidade preceitua ética em sua função social para

garantir posturas adequadas na cultura organizacional

(Weffort, 2011), consultorias em observância à virtude

(Sá, 2012), tomadas de decisão aplicando-se direitos e

deveres (DuBrin, 2008); estudos éticos contábeis ainda

são tímidos, mas valiosos (Hendriksen & Breda, 2011).

ARTES: representações em profundidade sociocultural,

histórica e psiquismo do processo criador (Neumeyer,

1963); revelação artística em valor estético, apreciação

e identificação emotiva de quem a contempla (Giles,

1980), associada à ciência na Renascença (Kuhn, 2011)

e exigida para se entender cientificidade (Kuhn, 2006).

Síntese cognitiva: expressão artística e talento estético.

Contabilidade lida com registro econômico-financeiro e

fluxo patrimonial, realidade prático-funcional diferente

de criação artística, porém, o conceito de arte tem sido

inadvertidamente dito para fundamentar conhecimento

contábil (J. J. M. Almeida & B. J. M. Almeida, 2016),

mesmo se sabendo que a inteligência humana idealizou

gravuras (Sá, 2011) para o ato de contar (Peters, 2011).

Figura 1. As cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade Fonte: Adaptado de “Ciência e Filosofia na Contabilidade: a Informação Contábil na Tomada de Decisão, na Gestão

e na Governança Corporativa”, de M. L. P. Silva e M. R. S. Peters, 2017a, Anais do Congresso UnB de

Contabilidade e Governança, Brasília, DF, Brasil, 3.

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As cogniçoes da Filosofia ativas em Contabilidade (Figura 1) não detêm caráter exaustivo.

Existem incontáveis possibilidades de sondagem na Filosofia, que apenas se faz ora representada.

4 Discussão

Conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS), as Normas

Internacionais de Contabilidade se baseiam em princípios que impõem qualidade e transparência

das informações ou demonstrativos financeiros (Ernst & Young, & Fundação Instituto de Pesquisas

Contábeis, Atuariais e Financeiras [FIPECAFI], 2010; Iudícibus, E. Martins, Gelbcke, & Santos,

2010), motivo pelo qual nortearam o raciocínio analítico empregado na consolidação deste estudo,

balizando interpretações junto à Discussão, no alcance dos objetivos propostos.

Da Figura 1 depreende-se que a intelectualidade filosófica mostra vitalidade/atividade

junto às teorias, aos procedimentos contábeis ou organizacionais. É consistente a coerência e a

interação de significados, em cruzamento e malha de raciocínios que expõem de pronto a

correlação entre áreas de conhecimento, flagrando-se a conformidade filosófico-contábil.

Estudos filosóficos se dividiram academicamente em áreas específicas, cultivando modos

próprios de conceber o mundo, o que tem demandado conciliação para “restaurar a unidade

tradicional da filosofia concebida como uma elaborada cosmovisão”, compreensão holística que

agrega propósitos ao invés de tratá-los de modo isolado (Bunge, 2017, p. 21). “A integração das

partes ou elementos de uma disciplina acadêmica é que une as ciências. Esse elo é basicamente

uma teoria ou o embasamento teórico-metodológico da pesquisa”. (Farias & Arruda, 2013, p. 61).

Não é sem motivo que Morin (2014, p. 136) insiste na interdisciplinaridade, argumentando

que os saberes não se comunicam e privilegiam o primado de suas áreas; os fenômenos são

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fracionados de modo a não se entender suas unicidades. Raias fronteiriças se elevam ao invés de

desabarem. A jornada histórica da Ciência aponta “grandes unificações transdisciplinares marcadas

com os nomes de Newton, Maxwell, Einstein, o resplendor de filosofias subjacentes (empirismo,

positivismo, pragmatismo) ou de imperialismos teóricos (marxismo, freudismo)”.

Além das cognições filosóficas se verificarem operantes e ativas contabilmente, nota-se

dinamismo entre elas. Linguagem impulsiona entendimentos, acessibilidade, intercâmbio de

informações e comunicabilidade. Conhecimento, verdade, ciências e lógica agregam escopos

científicos. Razão e ciências se interagem em seu objetivos. Cultura, justiça, valores,

comportamento, política e ética conciliam pressupostos em favor da humanidade. Política, cultura

e ética possuem vínculos associados com a religiosidade. Ética, política e justiça estão coligadas

em suas sinergias de concepção. Artes e ciências se remontam à inteligência dos seres humanos.

Para D’Áuria (1949), onde há conexões e associações existe um sistema em curso cujos

elementos exercem funções com finalidade estabelecida. Logo, a dinâmica das cognições

filosóficas que são ativas contabilmente propaga fenômeno sistêmico. Conforme Silva e Peters

(2017a, 2017b, 2018), a interdisciplinaridade entre Contabilidade-Filosofia-Ciência expressa

interatividade entre significados e manifesta estruturação filosófica contábil constituída por

indicadores científicos. Essa organização estrutural é vista por Silva (2014) como um sistema

filosófico contábil de potência continuada. Significa dizer que a Figura 1 indica paradigmas e

arquétipos qualitativos, aquiescentes à complexidade científica versada por Morin (2014),

parâmetros para se investigar estruturas ou impactos de fenômenos econômico-contabilísticos.

Examinando-se as cognições filosóficas que são ativas em Contabilidade (Figura 1), foi

construída a Figura 2. As sínteses cognitivas referentes aos apontamentos filosóficos, elaboradas

lá na Figura 1, foram trazidas para a Figura 2 (coluna à esquerda) no intuito de que agora sejam

acompanhadas de discursos que legitimam a complexidade científico-contabilística (coluna à

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direita). Esses comentários reflexivos estão amparados no diálogo que a Contabilidade realiza com

os estudos filosóficos e científicos, conforme segue:

Sínteses cognitivas da

Filosofia Discursos que legitimam a complexidade científico-contabilística

LINGUAGEM: produção de

comunicabilidade.

Linguagem contábil instaura comunicabilidade ao propiciar difusão de elementos

patrimoniais, em dinâmica e repercussão econômico-financeira, cuja terminologia

dos demonstrativos é apreendida pelos usuários, tomadores de decisão e gestores.

CONHECIMENTO:

compreensão dos fatos e das

coisas.

Conhecimento contábil aplica preceitos teórico-empíricos na compreensão das

mutações patrimoniais, estudos de desempenho corporativo e efeitos econômico-

financeiros que esboçam dimensão estrutural, composição e atividade estratégica.

VERDADE: convicção

essencial da realidade.

Veracidade contábil é norteada pela convicção de eventos econômico-financeiro-

patrimoniais analisados em perspectiva real, com práticas e modelos confiáveis e

seguros, informações que traduzem padrões analíticos, conclusivos e preditivos.

continua

conclusão Sínteses cognitivas da

Filosofia Discursos que legitimam a complexidade científico-contabilística

CIÊNCIAS: adoção de

processos sistemáticos.

Ciências em acepção contábil tratam de critérios teórico-procedimentais adotados

em investigações, sistematização qualitativa ou quantitativa dirigida ao fenômeno

dinâmico patrimonial, que exibe porte científico coerente, substancial e genuíno.

LÓGICA: construção de

raciocínios definidos.

Lógica contábil abrange raciocínios metodológicos e mecanismos instrumentais,

definidos diante das atividades econômico-financeiro-patrimoniais, em habilidade

numérica e linguagem singular que delineiam processos, decisões e controladoria.

RAZÃO: aplicação de

critérios estruturados.

Razão contábil exalta a prospectiva científica, combinações lógico-matemático-

analíticas que consideram saber organizado, imparcial e objetivo, proporção ética na

estruturação procedimental ou normativa, contíguos aos propósitos humanos.

RELIGIÃO: devoção

teológica, fé na sacralidade.

Religiosidade nos estudos contábeis traz a chancela da sacralidade e devoção

teológica junto aos esforços civilizatórios milenares dirigidos ao conhecimento,

aperfeiçoamento da área contabilística face à dimensão do universo patrimonial.

CULTURA: associação de

costumes e sabedorias.

Cultura em termos contábeis conclama saberes e costumes consagrados, práticas e

padrões contabilísticos em asserção sócio institucional, complexidade híbrida

alcançada por múltiplas expressões do conhecimento e diversidade de valores.

VALORES: acolhimento de

atributos e crenças.

Valores compõem o esteio contabilístico pela ressonância dos atributos lógico-

sociocultural-jurídico-financeiro-econômicos, tangíveis junto aos procedimentos,

com assertividade imparcial-racional-objetiva e disponibilidade ético-conjuntural.

JUSTIÇA: observação do

direito e legalidade.

Justiça no âmbito contábil viabiliza compreensão jurídica e legal, percepção de

nomenclaturas transacionais, captação crítico-analítica dos efeitos sociopolítico-

econômico-financeiros das normas, na dinâmica do poder e interesses coletivos.

COMPORTAMENTO: ação

ou inércia que mostra

posturas.

Comportamento no limítrofe contábil representa posturas e atitudes (ou ausência

delas) em condições de sugestionar comunicação, procedimento, demonstrativo,

planejamento ou orçamento, visando missão corporativa e mitigação de conflitos.

POLÍTICA: dimensões do

poder e da negociação social

e justa, governabilidade,

legitimidade e liberdade.

Política na alçada contábil propicia a consciência da extensão do poder e de sua

potência, diagnóstico de ordenações institucionais que vertem negociação social,

representatividade e legitimidade, para assegurar probidade junto aos modelos e

práticas contabilísticas na preservação de competitividade, liberdade e justiça.

ÉTICA: propósito do bem, da

virtude e razão.

Ética contábil considera fundamentos morais, político-jurídico-socioculturais,

valores em prol da verdade, virtude, confiabilidade, utilidade e cientificidade, para

instaurar segurança na manifestação de raciocínios econômico-patrimoniais.

ARTES: expressão artística e

talento estético.

Artes no saber contábil podem subsidiariamente contribuir junto aos propósitos

científicos sem desvirtuar princípios, finalidades, objetos, métodos, resultados e

estudos contabilísticos, que se distinguem da expressão artística e talento estético.

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Figura 2. Sínteses cognitivas da Filosofia e discursos que legitimam a complexidade científico-

contabilística

Fonte: Adaptado de “Ciência e Filosofia na Contabilidade: a Informação Contábil na Tomada de Decisão, na Gestão

e na Governança Corporativa”, de M. L. P. Silva e M. R. S. Peters, 2017a, Anais do Congresso UnB de Contabilidade

e Governança, Brasília, DF, Brasil, 3.

Os discursos apresentados na Figura 2 habilitam a complexidade científico-contabilística.

Morin (2014, pp. 177-180) afirma que para tratar da complexidade, vários caminhos são admitidos.

Um deles seria “o da irredutibilidade do acaso e da desordem” existentes no universo, vigentes na

evolução, para que fenômenos possam ser conhecidos através de qualquer efervescência/inovação

científica. Outra via seria a da “transgressão” de limites para se eliminar o que é singular, local ou

temporal, atingindo-se a universalidade. Outro modo é o da “complicação” visto que “os

fenômenos biológicos e sociais apresentam um número incalculável de interações”, combinações

espetaculares que nem mesmo o mais eficiente dos computadores tem condições de determinar.

Outra maneira é a da “organização” que exige raciocínio lógico com foco na especificidade e na

multiplicidade, para que não se transforme o “múltiplo em um, nem o um em múltiplo”.

Reflexões sobre a complexidade científica contabilística se tornam oportunas diante das

lições de Fourez (1995, p. 103) acerca da formação de disciplinas enquanto “organização mental”

que aborda o mundo e seus fenômenos, inclusive perante a ótica kuhniana que trata a representação

intelectual como matriz disciplinar [grifo do autor]. Isso se identifica com a ideia da “planta mãe”

citada por Mattessich (1956, p. 553, tradução nossa) ao se referir à gênese disciplinar da

Contabilidade (origem na técnica de registros aritméticos) e da Economia (origem na Filosofia).

Importante destacar que esta pesquisa vem mostrando que as cognições filosóficas são

ativas na teoria e nos procedimentos contábeis, ou organizacionais. Raciocínios contábeis são

aplicados desde civilizações antigas até as mais atuais, o que revela quilate científico amadurecido,

sem desmoronar quando são colocados à prova (conforme perspectiva popperiana).

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Assim, este trabalho acadêmico traz corolários: as sínteses cognitivas filosóficas detêm

capacidade para assinalar a complexidade científico-contabilística, através de argumentos

fundamentados em conteúdos universalmente consagrados que transcendem quaisquer fronteiras

do conhecimento. A conformidade filosófico-contábil, ou seja, a interlocução entre o universo

filosófico e a Contabilidade significa expansão científica, vez que disponibiliza oportunidades de

pesquisa cada vez mais arrojadas, transformadoras e inovadoras, qualidade e aprimoramento das

competências contabilísticas, concentradas junto às transações ou aos contextos organizacionais.

Resta discutido, refletido, justificado e demonstrado o movimento confluente e coerente da

Filosofia e da Ciência enquanto aporte de inovação e progresso à evolução científica contábil.

5 Conclusão

Prospectivas de inovação e expansão prático-teórica do saber contábil ou organizacional

deram impulso às investigações. O problema de pesquisa se dispôs a discutir a interlocução da

Contabilidade com os estudos da Filosofia e da Ciência, para trazer contribuição através de

reflexões sobre a coerência filosófico-contábil, complexidade científico-contabilística, em estudo

interdisciplinar. O objetivo geral propõe a análise de raciocínios filosóficos e científicos que se

articulam junto às teorias e procedimentos contábeis, incluindo gestão organizacional. Objetivos

específicos são: mostrar as cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade, para

compreensão da conformidade filosófico-contábil; através das sínteses cognitivas filosóficas,

trazer argumentos que legitimam a complexidade científico-contabilística; abordar a confluência

da Filosofia e da Ciência como aporte de inovação e progresso científico contábil.

A Metodologia contemplou levantamentos bibliográficos realizados junto aos estudos

filosóficos e contábeis, inclusive gestão. Percebidos alicerces filosóficos operantes na diligência

contábil ou organizacional, a Fundamentação Teórica exibiu as cognições da Filosofia que são

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ativas em Contabilidade. A delimitação da pesquisa ocorreu em razão do extenso acervo filosófico,

pela associação de assuntos congêneres da Filosofia que, após agrupados, foram investigados junto

às pesquisas e estudos contábeis. Foram examinados seus desempenhos na elucidação de temas

contabilísticos ou organizacionais. Os critérios metodológicos garantiram o cunho científico. Para

exposição de argumentos e articulação de ideias, o ensaio acadêmico se mostrou apropriado. Esta

pesquisa é qualitativa, com estruturação bibliográfica e não vislumbrou apuração numérica.

A Fundamentação Teórica também trata da formação de disciplinas científicas, discussões

epistemológicos e complexidade dos estudos científicos. No tópico destinado à Discussão, foram

lançados raciocínios para compreensão da conformidade filosófico-contábil. As sínteses cognitivas

filosóficas permitiram percepções, gerando argumentos e afiançando a complexidade científico-

contabilística, cuja interatividade entre significados expressam a interdisciplinaridade

Contabilidade-Filosofia-Ciência e manifestam estruturação filosófica contábil constituída por

indicadores científicos contábeis, de onde se pode depreender organização paradigmática.

As cognições da Filosofia que são ativas em Contabilidade apontam decorrências: a

complexidade científico-contabilística pôde ser assinalada através das sínteses cognitivas

filosóficas, com raciocínios sedimentados em proposições aclamadas globalmente, que se elevam

para além de quaisquer limites do conhecimento. A conformidade filosófico-contábil prenuncia

evolução científica, pesquisas transformadoras e aperfeiçoamento das habilidades contabilísticas.

Assim, a Filosofia e a Ciência indicam prontidão confluente em colaboração intelectual ao

conhecimento contábil, traduzindo-se em aportes de fomento à inovação e ao progresso científico

contabilístico. Dessa forma, ressalta-se que todos os objetivos foram alcançados.

Este trabalho acadêmico trouxe atributos da intelectualidade filosófica e científica em

interlocução junto às teorias e procedimentos contábeis, abrangida a gestão. Apresentou as

cognições da Filosofia que são ativas contabilmente, as sínteses cognitivas filosóficas,

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conformidade filosófico-contábil, complexidade científico-contabilística, confluência da Filosofia

e da Ciência em perspectiva de progresso e inovação à área contábil. Torna-se iminente o

prosseguimento dessas investigações, em aperfeiçoamento científico contábil e organizacional.

Destarte, são sugeridas pesquisas dirigidas aos estudos das cognições da Filosofia que são

ativas em Contabilidade, explorando-as sucessiva e continuamente, para fortalecer a conformidade

filosófico-contábil, com ideias cada vez mais inovadoras e capazes de encaminhar a consolidação

da complexidade científico-contabilística, intensificando esta pesquisa.

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