cogniÇÃo social e moral dos agentes do grupo

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Bertram F. Malle. Professor, Department of Cognitive, Linguistic, and Psychological Science Brown University Responsabilidade de grupos

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Bertram F. Malle.Professor, Department of Cognitive, Linguistic, and Psychological Science Brown University

Responsabilidade de grupos

INTRODUÇÃO

I. CONHECIMENTO SOCIAL: OS CASOS INDIVIDUAIS

a. Conceitos Fundamentais: Agência e Intencionalidade;

b. Intencionalidade: Conceito e Julgamento;

1. Duas Formas de Julgamentos Intencionais ;

c. Núcleo de aplicação de Intencionalidade: Explicações de

comportamento;

1. Explicações de Razão;

2. História causal da razão (CDH) Explicações;

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II. COGNIÇÃO SOCIAL DE AGENTES DO GRUPO

a. Dois Tipos de Grupos;

b. Explicações de Comportamento;

1. As pessoas usam Explicações de Razão quando explicam

comportamentos de Grupos?

2. A Hipótese do Hyperagent;

c. Atribuições de Estados Mentais;

1. Diferentes estados mentais?

2. Estados mentais diferentes para grupos?

3. Tirando as conclusões certas;

4. A postura inferencial relutante;

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II – O JULGAMENTO INDIVIDUAL DOS AGENTES MORAIS

A. Moralidade é incorporado na Psicologia Popular;

B. Modelo de Passo de culpa;

IV – JULGAMENTO MORAL DE AGENTES DO GRUPO

A. Aplicando o Modelo Passo de Culpa aos Agentes do Grupo;

B. Pesquisa em andamento;

V – A VIDA MORAL DOS AGENTES DE GRUPO, LTD.

A. Problemas para Culpar Grupos;

B. Culpar os membros do grupo;

CONCLUSÃO

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Introdução

Segundo Malle, para entender o alcance e os limites dapunição a grupos é preciso entender como as pessoasconceituam os agentes, interpretam suas ações, e fazemjulgamentos morais .

Para isso, é examinar as bases sócio-cognitivas para apercepção humana de grupos e as avaliações morais de suaconduta.

Por isso, o artigo foi dividido em cinco partes:

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I - Identificar o quadro conceitual no qual as pessoasinterpretam e raciocinam sobre os agentesindividuais;

II- Examinar se as pessoas aplicam o mesmoquadro de cognição à agentes do grupo.

III- Introduzir o sistema psicológico que realiza aspessoas nos julgamentos morais dos agentesindividuais.

IV- Explorar se pessoas aplicam este sistema dejuízos morais aos agentes do grupo.

V- Discutir os limites em que o observador podesentir mais dolorosamente que o agente.

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I. Cognição Social- Os casos Individuais

Objetivo final:

Explorar como os grupos podem ser alvos de CogniçãoSocial e Moral.

Foco:1 - Julgamentos de intencionalidade;

2 - Explicações de comportamento ;

3 - Atribuições de estados mentais.

A cognição social é complexa e semelhante a cognição moral.

“A questão é saber se esta complexidade se estende dos indivíduos aos agentes do grupo...” (???)

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A. Conceitos Fundamentais: Agência e Intencionalidade

Os humanos percebem interações através de um quadrocomportamental ligada aos estados mentais, chamado depsicologia do senso comum, psicologia popular, outeoria da mente, que consiste em duas partes:

a. Sistemas que filtram, organizam e integram asentradas de estímulos para conceitos de agente, intenção,crença e razão;

b. Suposições sobre essas categorias e seusrelacionamentos.

Porém, estes processos têm diferentes caminhos evolutivos desde o primeiro ano de vida...

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Na infância o conceito de Intencionalidade e de Cognição Socialatinge uma notável complexidade...

Durante o primeiro ano, identificam comportamentointencional, “movimentos como agarrar ou colocar.”

No final do primeiro ano, analisam ações ecomportamentos, como “iniciadas ou concluídas”.

No segundo ano, surge o primeiro conceito mental dedesejo. “Reconhecem que outras pessoas podem terdesejos diferentes dos seus.”

Nos anos seguintes, adquirem os conceitos de crença eintenção, limpa e diferenciada de desejo.

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A mudança no âmbito da psicologia popular ocorre, com a

diferenciação do conceito de INTENCIONALIDADE a

partir de uma compreensão simples para uma compreensão

mais complexa.

Analisaremos, agora o conceito deINTECIONALIDADE nos adultos.

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B. Intencionalidade: Conceito e julgamentos

Os filósofos têm oferecido inúmeras análises doconceito de INTENCIONALIDADE...

Como podemos decidir, se a intenção érealmente diferente de desejo?

Malle e Knobe investigaram empiricamente o conceitode pessoas comuns, que compartilham o conceitopopular de intencionalidade e usam-no para julgarcomportamentos.

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Primeiro : Malle Knobe pediram às pessoas para definir o

conceito de INTENCIONALIDADE.

Houve consenso, em quatro componentes para umagente realizar um comportamento intencional;

O agente deve ter:

1. Um desejo para um resultado; 2. Uma crença de que o comportamento vai ter resultados; 3. A intenção de realizar o comportamento; 4. Consciência de suposições sobre essas categorias e seus

relacionamentos.

Malle e Knobe também postularam um quinto componente daintencionalidade: HABILIDADE de controlar e replicar um comportamento.

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Modelo popular do conceito de intencionalidade

O conceito consiste em cinco componentes, mas, as pessoas não deliberaram sobre os mesmos, cada vez que julgam um

comportamento como intencional.

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Crenças

INTENCIONALIDADE

Intenção

Habilidade Consciência

Desejos

Malle e Knobe

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1. Duas Formas de Julgamentos Intencionais

Os componentes do conceito popular de INTENCIONALIDADE,podem ser encontrado em muitas línguas e podem ser universais.

Conforme o conceito, a causa direta de uma ação intencional éo estado mental de intenção.

a) Para que uma ação seja vista como intencional, a habilidadee a consciência têm que estar presentes;

b) As pessoas identificam a intenção como um estado mentalda intencionalidade como propriedade de uma ação.

Julgamentos de INTENCIONALIDADE desempenham um papel central na vida social.

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Analisaremos um dos mais importantes:

a) Como as pessoas explicam o comportamento?

b) Como as pessoas atribuem estados mentais decrenças e desejos a um agente, para dar sentido aoseu comportamento?

Esta marca vai se tornar um caso de teste (na Parte II)para saber a semelhança entre a cognição social dosgrupos e a cognição social dos indivíduos.

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C. Núcleo de aplicação de intencionalidade: Explicações de comportamento

Heider, observou que, explicações das pessoas sãodiferentes para comportamentos INTENCIONAIS e nãoINTENCIONAIS.

Os comportamentos NÃO INTENCIONAIS são

"mecânicos”, não há intenção ou consciência.

Os comportamentos INTENCIONAIS são mais

complexos, envolvem consciência, racionalidade e

controle intencional.

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As pessoas usam três "modos" diferentes para explicar ocomportamento intencional, porém, dois são importantespara o nosso propósito:

1- EXPLICAÇÕES DE RAZÃO;2- HISTÓRIA CAUSAL DAS EXPLICAÇÕES DE RAZÃO.

1 – EXPLICAÇÕES DE RAZÃO são as mais utilizadas erefletem o núcleo do conceito de intencionalidade eocorrem quando um agente decide agir pela razão de suascrenças e desejos.

a) A “SUBJETIVIDADE" é a primeira característica que defineexplicações da razão: são projetos do agente, para reconstruircrenças e desejos que moldam sua intenção.

b) A “RACIONALIDADE" é a segunda característica de explicações derazão: Um agente decide agir em razão de certas crenças oudesejos se teve motivos razoáveis para agir.

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2- HISTÓRIA CAUSAL DAS EXPLICAÇÕES DE RAZÃO sãoos estados mentais inconscientes doagente, educação, personalidade, cultura e o contexto.

Explicação de uma ação intencional citandoantecedentes causais para o raciocínio do agente esua decisão de agir.

Mesmo que as pessoas explicam comportamentos intencionais

com referência a motivos do agente, não explicam as razões.

Ex.: Ao questionarmos por que Kim não votou, alguém pode dizer

"Ele é preguiçoso" ou "Sua família é apolítica.“

As declarações ajudam a explicar a ação de Kim, mas não as razões

subjetivas para não votar.

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II. COGNIÇÃO SOCIAL DE AGENTES DO GRUPO

“Examinaremos a cognição social de grupos com o foco sobre o conceitode agência intencional, explicação da ação por razões, e os tipos deestados mentais que são ou não atribuídas aos agentes do grupo.

a) “Funcionários Sea Bright inicialmente opuseram ao programa debombeamento de areia, porque achavam que a sua cidade seriainundada” (Washington Post)...

b) “Wimbledon simplesmente não sabia o que eles tinham e se esteseria lembrete do Arsenal para o Manchester United quepretendia lutar para manter o título até a última” (Irish Time)

OBS. Essas são atribuições de ações intencionais, intenções,conhecimento, crenças, desejos aos agentes do grupo.

Serão eles apenas metáforas?

Um crítico do "Coletivismo", diria: "O fato de atribuímos qualidadesintencionais à grupos não implica que tenham verdadeiras intenções.

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Essa crítica falha em dois aspectos:

Primeiro:

Faz a afirmação empírica de que "nós" (as pessoas)atribuímos estados mentais à grupos metaforicamente,mas nenhuma evidência empírica é oferecida para estareivindicação.

Segundo:

O autor aparentemente distingue entre a prática de(metaforicamente) atribuir intenções (ou outrosestados mentais) a grupos de forma objetiva em quenão tem intenções.

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Mas o que constitui esta realidade objetiva?

Se a maioria das pessoas não vêm nenhum problema ematribuir intenções a grupos, um estudioso diria que: - Estátudo errado e que não sabem o que significa oconceito de intenção.

Na realidade, ele é que está confuso, dado que, não é oconceito popular de intenção, trabalhado por ele, quedeve determinar por que as pessoas atribuem estadosmentais à grupos usando esse conceito.

Malle assume que, quando as pessoas atribuem um estadomental a um grupo, é uma atribuição literal.

Porém, devido a flexibilidade dos conceitos deintencionalidade e mentalidade, as pessoas não temdificuldade em atribuir mentes a grupos.

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A. Dois Tipos de grupos

Para analisar a percepção social dos agentes dogrupo, devemos fazer a distinção entre os dois tipos degrupos:

(a) GRUPOS AGREGADOS, os membros desempenham a mesmaação de forma independente (Ex.:Muitos nova-yorquinos foram para aretrospectiva de Kandinsky no Guggenheim),

(b) GRUPOS QUE ATUAM EM CONJUNTO, os membros atuamcomo se fossem um agente único (Ex.: O Tribeca Art Club foi para oKandinsky no Guggenheim).

Neste caso, um grupo agregado não é um agente, mas uma coleção de agentes.

Agindo conjuntamente os grupos deliberam e planejam suas ações. Cada membro submete a certos estados mentais, mas o grupo decide e age "como um só.” Ex.: “um departamento de uma faculdade decide sobre a promoção de um candidato.”

É o grupo que tem desejos, crenças, intenções e deve identificar a metadesejada, agrupar as crenças, verificar a compatibilidade com outrascrenças e desejos e, formar uma intenção racional a perseguir.

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Poderá não haver unanimidade em adotar crenças, desejos eintenções, mas a maioria legitima as escolhas do grupo.

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Desejo de contratar alguém

Crença que P.P. é o melhor candidato

Crença de que P.P está disponível

A Fig. 2 Processo de raciocínio em grupo.

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A subordinação ao grupo é uma característica quedistingue intenção coletiva da ação individual, ou deintenções individuais que estão de acordo.

Quando é que não há subordinação?

Se numa decisão não há “quorum”, é questionável seuma minoria deve contar como a intenção do grupo.

Uma intenção poderá não ser aprovada pelo grupo,mas por uma elite dentro do grupo. Neste caso, atirania não pode ser tomado como a vontade de umgrupo.

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Analisaremos nas seções seguintes dois casos de teste para ahipótese de que, a cognição social dos grupos ésemelhante, embora não idênticas, à cognição social dosindivíduos.

Primeiro caso, examina como as pessoas explicam oscomportamentos realizados por grupos emcomparação com comportamentos realizados porindivíduos.

Segundo caso, examina atribuições de vários estadosmentais (crenças, desejos e intenções) e estadosfenomenais (sentimentos, emoções, sensações).

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B. Explicações de Comportamento

Se as pessoas consideram agentes do grupo agindointencionalmente, devem explicar essas ações comrazões que as pessoas explicam o comportamentointencional individual.

O uso de explicações de razão para os agentes dogrupo, forneceria evidências tanto a aplicação daintencionalidade e uso do estado mental (crença edesejo) ao comportamento dos agentes do grupo.

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1. As pessoas usam explicações da razão quandoexplicam comportamentos dos grupos?

O'Laughlin e Malle criaram três experimentos em quepessoas comuns explicam uma variedade decomportamentos, alguns realizados porindivíduos, outros por grupos. Estas explicaçõesforam classificados em explicação de razão ehistória causal da razão.

Os estímulos foram criadas em que cada conduta éapresentada como realizado por um indivíduo ou umgrupo de agentes.

Ex.:"Por que Nina usa drogas?" versus "Por que osalunos do terceiro ano do E.M. usam drogas? "

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No estudo I, as ações realizados por indivíduos mostraram 71% deexplicações de razão, enquanto ações realizadas por grupos mostraram 56% .

Esses resultados sugerem duas conclusões:

Primeiro: as pessoas usam explicações de razão (estado mental em queum agente decide agir) ao explicar uma ação de grupo.

Segundo: eles o fazem menos do que quando explicam a ação de umagente do grupo.

Todos os agentes no estudo 1 foram grupos agregados. Osmembros têm diferentes razões para agir.

No estudo 2 O'Laughlin e Malle, fizeram a distinção entre gruposagregados e grupos agindo em conjunto.

As hipótese s foram as seguintes:

Grupos agindo em conjunto estão unidos pelo seu raciocínio a partir decrenças e desejos assim, a taxa de explicações de razão deve sersemelhante ao comportamento do indivíduo.

Ambos devem ser maior do que a taxa do comportamento de gruposagregados.

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Explicações de razão para grupos agindo em conjunto e para agentesindividuais foi 76%, e para grupos agregados foi de 62%.

Foi descoberto algo surpreendente:

O índice de explicações de razão para grupos agindo em conjunto(81%) foi maior do que o índice para agentes individuais (71%).

Esse padrão foi repetido num estudo de acompanhamento quedemonstrou que as explicações do comportamento de um grupoagregado(46%) em relação a média do individuo e do grupo agindoconjuntamente (76%).

A taxa ainda é maior para comportamentos de grupo atuando emconjunto (86%) que comportamentos individuais (66%)

O estudo informou que as pessoas não têm dificuldades em atribuirestados mentais e razões à grupos, quer agregado ou agindoconjuntamente.

Assim, preceptores sociais usam o mesmo quadro conceptual paraexplicar comportamentos de grupo e comportamentos individuais.

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2. A Hipótese do Hyperagente

Por que grupos adquirem o estado hyperagent?

Primeiro: O raciocínio de um grupo agindo em conjunto pode serimaginável por deliberação e tomada de decisão conjunta.

Segundo: um grupo formado com intenção de superar os diferentesinteresses, é mais forte que a intenção de um indivíduo.

Terceiro: o grau de organização dos grupos deve ser interpretado comouma determinação forte para atuar.

Esses recursos de deliberação, força de intenção, prontidão, açãoorganizada podem ser explorados quando preceptores sociais descrevemgrupos como potentes ameaçadores.

Explicações de razão serão, prováveis na propaganda contra gruposagindo conjuntamente.

Ex: O ataque à Polônia, em 1939, Hitler teria criticado o vizinho daseguinte maneira: “Apesar dos tratados de amizade, Polônia sempre teve o intenção

secreta de explorar todas as oportunidades para fazer-nos mal.”

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Em contextos legais, um promotor pode enfatizar ("conspiração")entre elementos cometendo uma série de crimes.

Um exemplo histórico, em que os promotores aliados nas acusações deNürnberg, do principal grupo de vinte e quatro criminosos de guerranazistas como conspiradores, agindo em conjunto:

A fim de conseguir seus objetivos, os conspiradores nazistaspreparadas para assumir o controle totalitário sobre Alemanha eassegurar que nenhuma resistência podesse surgir.

Implementar a sua política de "raça superior", os conspiradoresingressaram num programa de perseguição implacável aos judeus,para exterminá-los.

Os escritores usavam expressões linguísticas de planejamento("Objetivos e propósitos", "preparado para aproveitar","programa") de razões e metas ("a fim de ...", "projetado para"),ressaltando a motivação, a intencionalidade do coletivo .

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C. Atribuições de Estado Mentais

Voltando ao segundo caso de teste, para a hipótese de que a CogniçãoSocial de Grupos é semelhante a Cognição Social de Indivíduos.

Sabemos que as pessoas explicam comportamentos do grupo com razõesdesejos e crenças – “o que os filósofos chamam atitudes proposicionais”.

E os outros estados mentais?As pessoas se sentem confortáveis atribuindo estados como medo, amor,audição e degustação à mente de um grupo?

Para grupos agregados, essas atribuições não são um grande problema.

Ex1: “Os homens sentiram constrangido quando perderam o jogo”, éinterpretado como dizendo que cada homem sentiu-se envergonhado;nenhuma mente do grupo sentiu-se embaraçado...

Contrariamente, os grupos que atuam em conjunto são candidatos a atribuiçõesde tais estados afetivos:

Será que a empresa BP sentiu-se constrangido com derrame de petróleodo Golfo, em 2010?

O governo dos EUA ficou irritado com a BP?

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1. Diferentes estados mentais?

Na filosofia clássica encontramos uma distinção entreduas classes principais de estados mentais:

1. Estados Proposicionais (crenças, desejos,intenções); entendido como "computacional", -implementada em outros meios além do cérebro;

2. Estados não-proposicional (dor, tristeza, comcheiro de café) - caracterizados como fenomenal,tendo uma qualidade experiencial.

Atribuições de estados fenomenais a grupos sãomais restritivas e podem requerer um cérebro, umcorpo unitário para a implementação.

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Robbins e Jack propõe que pessoas tomem uma posturafenomenal para certas criaturas, e seres humanos. Elesatribuem a eles uma variedade de estados fenomenais(emoções, humores, dores, sensações visuais...)

Esta posição é contrastada com a postura segundo aqual as pessoas atribuem aos outros, uma variedade deestados proposicionais (crença, desejo, intenção).

Um característica da proposta de Robbins e Jack é que apostura fenomenal vem com uma consideração de queoutras criaturas têm moral.

Que evidências temos para afirmar que pessoas comuns fazemdistinção entre os estados proposicionais e fenomenais?

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Gray, Gray, e Wegner pediram aos participantes que atribuissem umavariedade de estados mentais e capacidades à diferentes agentes.

As atribuições foram sugeridos num espaço bidimensional:

a) Um eixo rotulado como "Experience", foi constituído por estadosfenomenais (fome, medo, dor, prazer);

b) Outro eixo como "Agency", foi constituído por estados de maiorcognição (auto-contenção, moral, julgamento, memória, planejamento)

Os resultados permitem interpretações alternativas:

a) Os itens definidos no primeiro eixo podem ser entendidas comoestados não intencionais;

b) Os itens definidos no segundo eixo podem ser entendidas comoestados intencionais.

Então,o primeiro eixo pode ser considerada uma dimensão de efeito e osegundo uma dimensão da cognição.

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2. Diferentes Estados Mentais para Grupos?

Knobe e Prinz realizaram uma série de estudos que exploram adistinção entre estados proposicionais e fenomenais e adistinção entre o indivíduo e os agentes do grupo.

Concluíram que: Pessoas atribuem estados proposicionais

(decidir, querer, pretender, acreditar, saber) à agentes do grupo, massão reticentes em atribuir estados fenomenais, como(alegria, imaginação, depressão, dor).

Pessoas consideram que grupos não têm consciência fenomenal.

Segundo Knobe e Prinz, mesmo que as pessoas não consideremnaturais declarações como "Acme Corp está se sentindotriste," eles acham natural dizer "Acme Corp está triste com arecente decisão judicial."

Seria um concepção de estado fenomenal bastante incomumse um agente não pudesse apresentar um estado mas sentí-lo...Porém, a concepção das pessoas não parece ser incomum.

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Sytsma e Machery não foram capazes de replicar odiferença entre "sentindo triste " e "estar triste.”

Para ambos as formulações, a média das pessoasescolheram o ponto médio entre "soa claramenteestranho" e "Soa claramente natural" não éevidente a recusa em atribuir estados fenomenais agrupos.

Estes resultados mostram que as pessoas não temcerteza se estados fenomenais podem ser atribuídosa grupos.

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3. Tirar as conclusões certas

O estado atual da prova é altamente misturado.

Por um lado, pode-se concluir que as pessoas tratamos agentes do grupo como agentes individuais;

Por outro, as pessoas sentem menos confortáveisquando atribuem estados fenomenais a grupos.

Há uma sútil diferença em atribuir estados fenomenais a

indivíduos ou a grupos, mas essa diferença não é bem

compreendida.

Tudo se resume na questão de como devemos explicara diferença.

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Numa pesquisa no Google, Knobe e Prinz, afirmaram quepraticamente não existem frases como "Microsoft senteraiva" "Deprimido" ou "medo", mas existem milhares defrases como "Microsoft decide" ou "quer" ou "espera".

Se as pessoas raramente atribuem estados fenomenaisaos agentes do grupo, a associação mental entre estados egrupos será fraco; é improvável que as pessoas atribuamestados mentais a grupos. Isso é chamado de posturainferencial relutante.

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Se as pessoas são relutantes em atribuir estados fenomenais agrupos, uma possibilidade intrigante surge:

Um grupo de agentes que não tem preocupações, nãosente dor, não pode ser intimidado e não searrepende, vai ser visto como um agente calculista.

Tal imagem contribui para a noção de: Grupos que agem como hyperagentes - agentes, mostram mais

empenho, exercem mais poder, representam uma ameaça maiordo que qualquer agente.

Essa imagem teria uma outra consequência. Agentes que não sentem preocupação, arrependimento, ou dor,

são insensíveis a censuras, advertências, ameaças e castigos...

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4. Postura Inferencial Relutante

Então, devemos perguntar:

a) Como as pessoas tratam moralmente um agente dogrupo?

b) Os agentes do grupo são alvos adequados deexpectativas morais, avaliação moral e castigo moral?

Essas perguntas serão respondidas na Parte III destaapresentação.

Primeiro examinaremos o julgamento moral dos de agentes individuais.

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III. O julgamento moral dos agentes individuais

A. Moralidade é incorporado na Psicologia Popular

Quando pessoas fazem julgamentos morais de umagente, avaliam o comportamento, considerando:

(a) Normas que o comportamento pode ter violado;

(b) O que estava na mente do agente antes, durante,e depois de executar o comportamento. “estas últimasconsiderações são o reflexo da teoria da mente (parte I).

Assim, podemos dizer que a teoria popular está nocentro do julgamento moral.

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Os humanos não fazer julgamentos morais sobre terremotosou furacões. Os julgamentos morais são dirigidos à agentescapazes de seguir padrões de conduta social.

A culpa é atribuída a um agente tendo em conta acapacidade de raciocinar sobre vários caminhos de açãoe de buscar intencionalmente um caminho tal.

Mesmo quando o dano ocorre involuntariamente, se apessoa poderia ou deveria ter escolhido um caminhoalternativo, mas não, a culpa é aplicável.

A INTENCIONALIDADE é essencial nas decisões de culpa. Assim, foidesenvolvido um modelo de trabalho que caracteriza o conceito, eintegra uma série de caraterísticas de culpa.

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B. Modelo Passo de culpa.

Foi desenvolvido um modelo de trabalho de culpaque caracteriza o conceito de intencionalidade eintegra uma série de características de culpa.

Assim, para simplificar a apresentação, designa-secomo primeiro passo no processo de detecção de culpado observador de um comportamento-norma violada.

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.

Arlindo Rocha - PUC-Rio 26/11/2012

Detenção (comportamento ou resultado)

Intencionalidade o agente trouxe intencionalidade

ao evento?

Justificação quais foram as razões que agentes

para trazer o evento?

Obrigação o agente foi obrigado a

impedir o evento?

Capacidade o agente pode impedir o evento (habilidade, conhecimento

prévio, oportunidade)

Não Culpa

suave

Sim

Sim Não

Graus de culpa

Não

A Step Model of Blame.

45

O Modelo é um requisito necessário de um julgamentode culpa.

Na fase de detecção o observador centra-se na avaliação da"maldade" do comportamento;

Na fase de julgamento do observador centra-se na grau deculpa do agente.

Simplificando:

As pessoas não culpam comportamentos, culpam os agentes, oque requer avaliar seus estados mentais.

A avaliação chave é saber se o comportamento foi intencional ounão (Este passo é essencial porque se bifurca em dois caminhos)

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No caso de um comportamento intencional (esquerda),o observador

considera motivos particulares para o agente agir:

As razões consideradas são

crenças, desejos e intenções de agir.

Quando um agente violou

intencionalmente uma

norma, queremos saber porque ele agiu

daquela forma.

As razões fazem aumentar oudiminuir a culpa por meio deuma justificação.

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No caso de um comportamento não intencional (direito),considera-se a combinação de obrigação e capacidade do agente emimpedir o evento .

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Um agente que fere alguém intencionalmente pode terrazões justificadas (um dentista tentando extrair umdente de uma criança) será menos responsabilizado doque aquele que tinha razões injustificadas (umestudante provocando uma briga).

Quando se considera que o agente, atuouinvoluntariamente, examina-se se deveria terimpedido o evento (obrigação) ou se poderia terevitado (capacidade).

Estas considerações estão ligadas a intencionalidade doconceito.

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Comunidades sociais impõe obrigações aos indivíduosporque esperam que ajam intencionalmente, deacordo com as obrigações.

Se o agente não tiver as capacidades cognitivas (raciocínio econhecimento) e não cognitivas (habilidade ou oportunidade)para cumprir as obrigações, pouco ou nenhuma culpa seráaplicada.

Se o agente tiver as capacidades e é sujeita à obrigação, efracassa ao evitar um evento negativo desencadeia uma culpasubstancial.

Essa culpa varia se a falha for considerada umcomportamento imprudente, negligente ou a violaçãointencional, de uma obrigação.

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O modelo tem algumas sobreposições com a decisão judicial,dado que a lei codifica algumas características humanasbásicas de julgamento moral.

Ex: Um homicídio, para ser definido como assassinatointencional, requer "movimento intencional” “estadomental de intenção de matar ".

Geralmente a responsabilidade criminal é definido como oemparelhamento de um ato lesivo e o estado mentalcorrespondente ou intenção."

As extremidades se sobrepõem quando os tribunais, aliteratura filosófica e a lei se envolvem em disputas sobre osignificado da intenção.

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Estas disputas são alimentadas por estudos individuais sobre o queé a intencionalidade e refletem a variação histórica e geográfica“restringir/ampliar” o significado de termos (intencionalmente,voluntariamente e conscientemente).

A vantagem de um modelo empírico de julgamento moral é que ostermos não têm que ser debatidos repetidamente, como fazem aspessoas comuns.

A principal diferença entre julgamento moral e conhecimentojurídico é que a primeira tenta esclarecer os processos que guiamo comportamento e a segunda concentra na missão reformadora(mudando o pensamento e o comportamento).

A crítica a questão é esta:Aplicando o modelo de julgamento dos agentes individuais, oque acontece quando se enfrenta o comportamento imoral de umagente do grupo?

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Existe algum consenso de que a capacidade de açãointencional do grupo é um pré-requisito para o seustatus como agente moral?

Isaacs, mostra que os grupos são capazes de açãointencional, então, é necessário também mostrarque eles são objetos de louvor e de culpa.

A capacidade para exemplificar a intencionalidade, estadosmentais e razão baseada em escolhas (racionalidade) sãocentrais na classificação de uma corporação como "agentemoral."

Ele argumenta que corporações são agentes morais,porque são capazes de ação intencional.

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IV. Julgamento moral dos agentes de grupos

Isaacs, considera ainda que, quando os agentes atuamintencionalmente, têm razões para suas ações.

Porém, o status das corporações e agentes de grupos como“agentes intencionais”, são apenas elegíveis para avaliaçãomoral.

Será que funciona da mesma forma para aavaliação moral dos indivíduos?

Não precisamos assumir automaticamente que ojulgamento moral coletivo funciona da mesmaforma, mas, se não houver prova emcontrário, podemos aceitar como uma hipótese detrabalho.

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Esta hipótese é reforçada por um argumento teórico básico.

Se a psicologia popular é aplicado aos agentes do grupo, ese o julgamento moral está na base da psicologia popular,então o julgamento moral, também, deve ser aplicada aogrupo.

Para testar a hipótese é preciso examinar os elementos do“Modelo de Passo de Culpa” e examinar se juízos de açãodo grupo poderiam ser transportados através de um aparatocognitivo com esses elementos.

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A. Aplicando o Modelo de Passo de culpa aos Agentes do Grupo

As normas específicas para grupos podem ser diferentes daqueles para osindivíduos. As pessoas não têm dificuldades para distinguir ocomportamento intencional e não intencional de um grupo.

Mas os atos de negligência (não intencional) são comuns emacusações de comportamento corporativo.

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Seguindo o caminho da esquerda para chegar aculpa, sabemos que as pessoas atribuem razõespara os agentes do grupo.

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Seguindo o caminho certo para chegar a culpa,a existência de normas para os agentes dogrupo implica que haja obrigações;

Para ser sujeito a uma norma significaconformar-se a ela, e se existe uma norma deprevenção (especialmente de danos), aobrigação de evitar.

Os grupos variam em suas capacidades para evitarresultados negativos “conhecimento de certos

fatos, habilidades e oportunidades” para executar certasintenções.

Atribuições de conhecimento ( ou falta dela) a grupos, eas variações de habilidades e oportunidades sãocertamente incontroverso.

Não temos nenhuma evidência direta de quepreceptores sociais culpam grupos após estespassos, pelo menos, não há obstáculos evidentes paraeles fazerem isso.

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B. Pesquisa em andamento

Recentemente Dillon e Malle reuniram algumas provas para julgamentosde intencionalidade e culpa em resposta ao comportamento do agente degrupo.

Universitários consideraram um número de ações realizadas porindivíduos e grupos, e fizeram uma série de julgamentos:

Foi um comportamento intencional? Será que você detectou o que o agente está pensando? Será que o agente merece elogios ou culpa?

As medidas-chave foram as taxas de respostas afirmativas (indicandoinferência de intencionalidade, pensamento ou culpa)

Todas as ações foram formuladas de três formas: Por um indivíduo, por um agregado (crianças urbanas do país, alunos

do curso de psicologia), e por um grupo agindo conjuntamente(organização estudantil, o equipe de projeto sênior).

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Os resultados mostraram que os agentes individuais e de grupoprovocaram taxas semelhantes e diferenciadas de inferência (ouseja, a intencionalidade foi inferida com mais frequência do que opensamento, que foi mais inferida que a culpa)

A única diferença surgiu na frequência absoluta de inferências deintencionalidade, onde os agentes individuais do grupo e,atuando em conjunto suscitaram afirmações de intencionalidademais do que os grupos agregados.

Os resultados são preliminares, no entanto, não fornecemindicações de que é fácil e natural para as pessoas fazerinferências mentais e julgamentos morais sobre as ações dogrupo.

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V. A Vida Moral dos Agentes de Grupo

A. Problemas para Grupos Culpar:

À luz das evidências atuais, estamos confiantes de que aspessoas atribuem culpa aos agentes do grupo, usando omesmo aparelho psíquico que usam quando culpam agentesindividuais.

Porém, a culpa tem duas faces:

o cognitivo e o social.

A face social consiste em atos verbais ou físicas queexpressam o julgamento moral dirigidas ao agente parafins de regulação do comportamento.

Punição e culpa expressa, é uma espécie de punição social.

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Surge o primeiro problema: Como pode os preceptores sociais expressar culpa para os agentes do grupo?

As pessoas não encontramgovernos, corporações, equipes ou comitês face a face.Podem escrever cartas processá-los ou denunciá-losmas, não há garantias que o destinatário perceba a culpa.

O segundo problema é o seguinte: Se a culpa raramente é expressa e raramente ouvida, a

regulação do comportamento dos agentes "é executadomarcha lenta.”

O Terceiro problema foi apresentado na Parte II, Seção C: Se os agentes do grupo não têm estados mentais, será

improvável que se sinta culpa, arrependimento ouremorso.

Os grupos terão menos escrúpulos morais, que bloqueiam aregulação social, bem como a dissuasão.

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Felizmente, há limites para esse quadro desolador.

Enquanto os membros individuais do grupo sentem emoçõesmorais e medo de punições, sua influência pode alterar a açãodo grupo.

Neste caso, o lócus de emoções morais não é o agente dogrupo, mas o indivíduo que altera a tomada de decisão doagente de grupo.

No modelo de Pettit, as emoções morais dos membrosindividuais podem influenciar intenções do grupo.

O grupo pode decidir renunciar certas oportunidades, porqueeles são moralmente condenáveis..

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B. Culpar os membros do grupo

Se culpar e punir agentes do grupo é difícil, há a opçãode punir os membros individuais do grupo.

No entanto, não é necessariamente mais fácil. Osmembros individuais podem ser vistos como responsáveispela ação indesejável do grupo e, portanto, devem serpunidos diferencialmente.

Mas o que orienta essa diferenciação? O grau em que o indivíduo contribuiu para a ação do

grupo. A motivação ou justificativa para cometer o ato será

também avaliado. Se esteve sob pressão do grupo ou intrinsecamente

motivado para alcançar o resultado específico.

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A obrigação do indivíduo em impedir o ato também será questionada:

O cidadão é obrigado a impedir a guerra da nação?

O trabalhador é obrigado a acabar com a discriminação da empresa?

As capacidades, físicas e cognitivas são importantes para evitar a açãode um grupo?

Um último elemento é o nível de identificação ou de afastamento que omembro do grupo apresenta.

Se participar do grupo é uma escolha do indivíduo (o que não é aplicávelno caso de uma nação), então continuar sendo membro, conta comopatrocínio das ações do grupo.

As tentativas de protesto, para distanciar do grupo, mesmo quereprimidas, conta em favor do indivíduo.

Colaborar com uma ação quando o distanciamento é possível (mas acolaboração traria benefícios pessoais), seria um ponto contra oindivíduo.

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Conclusão

Um número elevado de agentes do grupo são consideradospoderosos, ameaçadores e moralmente desregulados.

As pessoas não têm dificuldades em tirar conclusões sobre ações do grupos, esentem o desejo de culpá-los e puni-los quando agem de forma imoral.

A habilidade e eficácia em culpar e punir grupos é limitado, especialmentegrupos institucionalizados do ( governos, corporações, comitês).

Dificilmente os agentes do grupo mostram emoções. Isso causa desgosto àspessoas em relação a indenizações em casos que procuram punir grandescompanhias.

Isso também explica a política de incerteza em países democráticos, onde aideologia alterna em cada eleição.

O mundo moderno apresenta à mente humana agentes de grupo que ativamtodas as reações sociais, cognitivas e morais mais familiares, mas que deixampouco espaço para agir com base em tais reações.

Talvez a lei possa proporcionar o espaço para as ações apropriadas, codificandonormas, obrigações e punições não só para indivíduos mas, também paragrupos. Ao fazê-lo, deve levar em conta os conceitos e critérios pelos quaispessoas normais reconhecem agentes de grupo e julgam sua conduta moral.

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