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COGERH - DIRETORIA DE OPERAÇÕES / GERÊNCIA METROPOLITANA DNOCS COORDENADORIA ESTADUAL DO CEARÁ ELABORAÇÃO: o Berthyer Peixoto Lima (Engº Agrônomo Gerente das Bacias Metropolitanas COGERH) o Márcia Soares Caldas (Geógrafa - Coordenadora do Núcleo de Gestão - Gerência Metropolitana/COGERH) o Maria de Fátima de Oliveira (Assistente Social Técnica do Núcleo de Gestão Gerência Metropolitana/COGERH) Fortaleza-CE Junho/2008

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COGERH - DIRETORIA DE OPERAÇÕES / GERÊNCIA METROPOLITANA

DNOCS

COORDENADORIA ESTADUAL DO CEARÁ

ELABORAÇÃO:

o Berthyer Peixoto Lima (Engº Agrônomo

Gerente das Bacias

Metropolitanas

COGERH)

o Márcia Soares Caldas (Geógrafa - Coordenadora do Núcleo de Gestão -

Gerência Metropolitana/COGERH)

o Maria de Fátima de Oliveira (Assistente Social

Técnica do Núcleo de

Gestão

Gerência Metropolitana/COGERH)

Fortaleza-CE

Junho/2008

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APRESENTAÇÃO

O objetivo deste documento é facilitar aos participantes das comissões gestoras uma melhor compreensão sobre os recursos hídricos, de forma que todos possam contribuir na gestão integrada e descentralizada dos Recursos Hídricos, garantindo assim a participação da sociedade no processo decisório, na busca do desenvolvimento sustentável.

Entendemos que este MANUAL seja uma ferramenta a mais para que os recursos naturais sejam mais bem conservados e possam servir para utilização não só na nossa geração, bem como para as futuras gerações.

Para um membro da Comissão Gestora de Sistema Hídrico executar suas atribuições com eficiência é preciso ter subsídios técnicos para a tomada de decisão.

É dentro desse foco que o Manual de Orientação pretende contribuir, dando-lhe noções de educação ambiental, conhecimento da bacia hidrográfica a que pertence o seu sistema hídrico, gestão de recursos hídricos no Ceará e complementando com legislação ambiental.

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SUMÁRIO Página

1) Educação Ambiental na Gestão das Águas.................................................... 03

2) Bacia Hidrográfica........................................................................................... 05

2.1 O que é bacia hidrográfica?..................................................................... 05

2.2 Bacias Metropolitanas.............................................................................. 05

3) Gestão de Recursos Hídricos no Ceará.......................................................... 09

3.1 Política Estadual de Recursos Hídricos

Lei 11.996/1992..................... 10

3.2 Política Nacional de Recursos Hídricos

Lei 9.433/1997....................... 22

3.3 Alocação negociada de água................................................................... 32

3.4 Resolução do CONERH sobre Comissões Gestoras............................. 38

3.5 Resolução do CBH-RMF sobre Comissões Gestoras............................ 40

3.6 Instrução normativa de acesso aos reservatórios................................... 43

4) Legislação Ambiental...................................................................................... 47

4.1 Política Nacional do Meio Ambiente

Lei 7.804/1989............................ 47

4.2 Lei de Crimes Ambientais

Lei 9.605/1998............................................ 51

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1) EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO DAS ÁGUAS

A Educação Ambiental é uma forma de transmitir informações e conhecimentos sobre recursos naturais e como preservá-los. É também, uma forma de construir novos valores e atitudes diante dos problemas ambientais, procurando condições adequadas de sobrevivência para as atuais e futuras gerações. 1

Em 1997, durante a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental , em Tbilisi, cidade da antiga União Soviética, o conceito de Educação Ambiental foi definido como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática de educação, orientada para a busca de soluções concretas para o meio ambiente, através de um trabalho multidisciplinar e da participação ativa de cada indivíduo e da coletividade.

As cinco linhas de ações do Programa de Educação Ambiental do Ceará (PEACE) elaborado pelo Governo Estadual através da SEMACE, contemplou a Educação Ambiental e os Mecanismos Locais de Gestão de recursos Hídricos. Portanto, observa-se que o Estado do Ceará já iniciou a discussão e implementação da Educação Ambiental no nosso Estado.

A ÁGUA é um bem essencial no sistema ambiental do nosso Estado e para gerenciar de forma adequada os recursos hídricos é imprescindível utilizar esta ferramenta de ensino, pois a água é um elemento fundamental em todo o meio ambiente.

Não há como exigir preservação do meio ambiente sem conhecimento. Temos que ter consciência que o planeta terra na verdade poderia ser chamado de planeta água, porque a maioria do seu espaço é ocupado por água. No entanto, 99% dessa água não está disponível para uso humano (97% são salgadas e 2% formam geleiras), apenas 1% é água doce e disponível para utilização.

Da pouca água disponível, o homem ainda contribui para degradá-la, poluindo os rios, desmatando as matas ciliares e acabando com as fontes e nascentes.

O que precisamos fazer é recuperar o sistema educacional, orientando todas as faixas etárias sobre a sua responsabilidade na conservação do nosso ecossistema. É preciso também descobrir mecanismos de reduzir a degradação ambiental, melhorar a distribuição de renda e adotar medidas de recuperação ambiental.

Na questão hídrica, há dois pontos fundamentais que contribuem para a preocupação mundial: a escassez hídrica e a poluição da água.

O Estado do Ceará possui 90% do seu território dentro do clima semi-árido, onde as chuvas variam a cada inverno e caem em quantidades diferentes em cada região, ocasionando secas e cheias.

Por outro lado, o crescimento da população e as suas atividades têm como conseqüência o aumento na utilização dos recursos naturais, o que nos obriga a pensar novas maneiras de utilizar a água para preservá-la - não desperdiçar e sim racionalizar.

O uso dos agrotóxicos, lixo, esgotos, desmatamento, irrigação inadequada, desperdício, são os focos principais que contribuem para a diminuição da disponibilidade da quantidade e qualidade da água.

1 COGERH/CBH-RMF. Educação Ambiental na Gestão das Águas. Fortaleza, 2007.

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Cuidados fundamentais para a preservação dos recursos hídricos:

Não jogue lixo nos rios, pois nas chuvas, a água pode transbordar e alagar sua casa, além de contaminar o rio e contribuir para a sua poluição.

Não jogue lixo nas ruas e praças, pois ele entope as bocas-de-lobo e impede o escoamento.

Deposite lixo em lixeiras.

Conserve a mata ciliar.

Dê preferência aos detergentes biodegradáveis.

Evite impermeabilizar o solo.

Não jogue animais mortos nos rios.

Conserve a mata ciliar2 dos rios

Não faça queimadas sem orientação ou devida permissão ambiental

Não construa casas nas margens dos rios.

É preciso ter consciência que o lixo acumulado produz chorume. Esse líquido s/ tratamento adequado contamina lagoas, rios, poços e cisternas.

Além disso, o lixo a céu aberto traz vetores de doenças como moscas, baratas, ratos e etc. A solução para o lixo pode se resumir em quatro R :

Reduzir

Reutilizar

Reciclar

Racionalizar

Como preservar a mata ciliar do seu rio?

Respeite a área de proteção da margem do rio de no mínimo 30 metros.

Não desmate plantações nativas próximas ao leito do rio.

Evite agricultura de subsistência muito próximo da margem.

Ajude a preservar a mata ciliar plantando mudas de espécie nativa nos lugares de pouca mata.

2 Mata ciliar é a vegetação que ocorre nas margens dos rios, córregos, lagos, lagoas, olhos d'água, represas e nascentes.

É considerada pelo Código Florestal Federal (Lei N° 4.771/65) como área de preservação permanente, ou seja, área que não pode sofrer alteração.

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2) BACIA HIDROGRÁFICA

2.1

O que é bacia hidrográfica?

É uma área formada por um rio principal e todos os seus afluentes. Toda chuva que cai nessa área escorre por riachos e rios secundários até se juntar ao rio maior que está no ponto mais baixo da paisagem (veja figura 01).

Figura 01

Bacia hidrográfica

É preciso ter consciência que qualquer ação do homem de ajuda/preservação ou prejuízo/agressão, dentro da bacia hidrográfica, tem repercussão no seu conjunto.

2.2

Bacias Metropolitanas

O Ceará contém 11 bacias hidrográficas: 1. Bacia do Coreaú 2. Bacia do Acaraú 3. Bacia do Poti-Longá 4. Bacia do Litoral 5. Bacia do Curu 6. Bacias Metropolitanas 7. Bacia do Baixo Jaguaribe 8. Bacia do Médio Jaguaribe 9. Bacia do Alto Jaguaribe 10. Bacia do Salgado 11. Bacia do Banabuiú

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A Bacia Metropolitana, na qual nos localizamos, representa um conjunto de bacias das mais diversas formas e tamanho, cobrindo uma área total de 15.085 km², por isso é que eles são chamadas de Bacias Metropolitanas.

Compreende um agrupamento de 16 micro-bacias, distribuídas por 31 municípios cearenses localizados à nordeste do estado. As sub-bacias posicionadas no sentido oeste-leste, estando assim distribuídas: São Gonçalo, Gereraú, Cauipe, Juá, Ceará, Maranguape, Cocó, Coaçu, Pacoti, Catu, Caponga Funda, Caponga Roseira, Malcozinhado, Uruau, Pirangi e as Faixas Litorâneas de Escoamento Difuso (FLED). (Figura 02).

Figura 02

Sub-Bacias Metropolitanas

O potencial hídrico das Bacias Metropolitanas está totalmente comprometido com o abastecimento da Região Metropolitana (RMF), sendo as bacias do Pacoti, Choró e Cocó as que mais contribuem para o abastecimento de água de Fortaleza.

Os 31 municípios que compõem a região hidrográfica das Bacias Metropolitanas, estão agrupados em 4 unidades de trabalho a saber: SERRA - Barreira, Acarape, Redenção, Baturité, Pacoti, Palmácia, Guaramiranga, Mulungu e Aratuba; SERTÃO - Capistrano, Aracoiaba, Itapiúna, Choró, Ocara, Ibaretama; LITORAL - Cascavel, Beberibe, Pindoretama, Euzébio e Aquiraz; RMF - Pacajus, Horizonte, Chorozinho, Pacatuba, Guaiúba, Itaitinga, São Gonçalo do Amarante, Caucaia, Maranguape, Maracanaú e Fortaleza. (Figura 03).

Choró Pirangi

FLED Uruaú

Malcozinhado

Catu

Juá Cahuípe

São Gonçalo

Pacoti

Gereraú

Ceará

Maranguape

Cocó Coaçu

FLED Caponga Funda Caponga Roseira

FLED

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Figura 03

Municípios das Bacias Metropolitanas

Os açudes de responsabilidade da Gerência Metropolitana estão ilustrados na figura 04:

Figura 04

Açudes das Bacias Metropolitanas

A capacidade de armazenamento e os municípios onde estão localizados os sistemas hídricos das Bacias Metropolitanas estão na tabela 01 a seguir:

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Tabela 01

Capacidade de armazenamento dos sistemas hídricos das Bacias Metropolitanas

AÇUDE MUNICÍPIO CAPACIDADE (m3)

ACARAPE DO MEIO Redenção 31.500.000

AMANARY

Maranguape

11.010.000

ARACOIABA

Aracoiaba

170.700.000

CASTRO

Itapiúna

63.900.000

CATUCINZENTA Aquiraz 27.130.000

CAUHIPE Caucaia 12.000.000

GAVIÃO Pacatuba 32.900.000

ITAPEBUSSU Maranguape 8.800.000

MACACOS

Ibaretama

10.320.337

MALCOZINHADO

Cascavel

37.840.000

PACAJUS

Pacajus

240.000.000

PACOTI Horizonte 380.000.000

PENEDO Maranguape 2.414.000

POMPEU SOBRINHO Choró 143.000.000

RIACHÃO Itaitinga 46.950.000

SITIOS NOVOS

Caucaia

126.000.000

16 açudes

1.344.464.337

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3) GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Gestão é o conjunto de procedimentos organizados no sentido de solucionar os problemas referentes ao uso, controle e conservação dos recursos hídricos. A partir desta definição, a água deve ser gerenciada de forma descentralizada, integrada e participativa. No Ceará, duas Instituições foram criadas para solidificar o sistema de gestão de recursos hídricos:

SRH (Secretaria de Recursos Hídricos)

criada em 1987

órgão gestor dos

recursos hídricos

administração estadual direta

COGERH (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos)

criada em 1993

órgão de gerenciamento dos recursos hídricos

administração Estadual indireta.

De acordo com a Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei 11.996/1992) e a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/1997), há cinco instrumentos utilizados para gerenciar os recursos hídricos:

Enquadramento

classificação dos tipos de água dos rios, canais, poços, adutoras, de acordo com os usos e a qualidade.

Plano de bacia

documento técnico contendo o diagnóstico, o planejamento e programa de ações para a bacia hidrográfica.

Outorga

documento de licenciamento emitido pelo Secretário de Recursos hídricos, após parecer dos técnicos COGERH/SRH.

Cobrança

consumo superior a 2000 l/h em atividades de irrigação, abastecimento, indústria, aqüicultura.

Sistema de Informações sobre recursos hídricos

dados gerados pelos órgãos técnicos e disponibilizados ao público para auxiliar na tomada de decisão.

Dentro do sistema de Gestão de Recursos Hídricos no Ceará, há um Colegiado que é preciso ressaltar

Comitês de Bacias Hidrográficas

o que é preciso saber sobre eles?

É um órgão colegiado integrante do Sistema de Gestão de Recursos Hídricos (SIGERH), com funções consultivas e deliberativas sobre recursos hídricos na área de sua jurisdição.

É formado por sociedade civil (30%), usuários (30%), Poder Público Municipal (20%) e Poder Público Estadual/Federal (20%).

É eleito para um mandato de 4 anos.

O Decreto 26462/2001 regulamenta seu funcionamento

No Ceará já tem 10 Comitês Constituídos

Figura 05 - Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Ceará

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Todo o sistema de gestão de Recursos Hídricos é baseado na Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei 11.996/1992) e na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/1997).

3.1 - Política Estadual de Recursos Hídricos - Lei N° 11.996, DE 24 de julho de1992

Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos

SIGERH e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS Art. 1º. A Política Estadual de Recursos Hídricos, prevista no artigo 326 da Constituição Estadual, será disciplinada por esta Lei e tem como objetivos:

I - compatibilizar a ação humana, em qualquer de suas manifestações, com a dinâmica o ciclo hidrológico no Estado do Ceará, de forma a assegurar as condições para o desenvolvimento econômico e social, com melhoria da qualidade de vida e em equilíbrio com o meio ambiente; II - assegurar que a água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social possa ser controlada e utilizada, em padrões de qualidade e quantidade satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo o território do Estado do Ceará; e III - planejar e gerenciar, de forma integrada, descentralizada e participativa, o uso múltiplo, controle, conservação, proteção e preservação dos recursos hídricos.

CAPÍTULO II

DOS PRINCÍPIOS Art. 2°. A Política Estadual de Recursos Hídricos atenderá aos seguintes princípios:

I - Princípios Fundamentais: a) o gerenciamento dos Recursos Hídricos deve ser integrado, descentralizado e participativo sem a dissociação dos aspectos qualitativos e quantitativos, considerando as fases aérea, superficial e subterrânea do ciclo hidrológico; b) a unidade básica a ser adotada para o gerenciamento dos potenciais hídricos é a bacia hidrográfica, com decorrência de condicionante natural que governa as interdependências entre as disponibilidades e demandas de recursos hídricos em cada região; c) a água, como recursos limitado que desempenha importante papel no processo de desenvolvimento econômico e social, impõe custos crescentes para sua obtenção, tornando-se um bem econômico de expressivo valor, decorrendo que: - a cobrança pelo uso da água é entendida como fundamental para a racionalização de seu uso e conservação e instrumento de viabilização da Política Estadual de Recursos Hídricos; - uso da água para fins de diluição, transporte e assimilação de esgotos urbanos e industriais, por competir com outros usos, deve ser também objeto de cobrança. d) sendo os Recursos Hídricos bens de uso múltiplo e competitivo, a outorga de direitos de seu uso é considerada instrumento essencial para o seu gerenciamento e deve atender aos seguintes requisitos: - a outorga de direitos de uso das águas deve ser de responsabilidade de um único órgão, não setorial, quanto às águas de domínio federal, devendo ser atendido o mesmo princípio no âmbito do Estado; - na outorga de direitos de uso de águas de domínio federal e estadual de uma mesma Bacia Hidrográfica a União e o Estado

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deverão tomar medidas acauteladoras mediante acordos entre Estados definidos em cada caso, com interveniência da União.

II - Princípios de Aproveitamento: a) o aproveitamento dos Recursos Hídricos deve ter como prioridade maior o abastecimento das populações; b) os reservatórios de acumulação de águas superficiais devem ser incentivados para uso de múltiplas finalidades; c) os corpos de águas destinados ao abastecimento humano devem ter seus padrões de qualidade compatíveis com essa finalidade; d) devem ser feitas campanhas para uso correto da água visando sua conservação.

III - Princípios de Gestão: a) a gestão dos Recursos Hídricos deve ser estabelecida e aperfeiçoada de forma organizada mediante a institucionalização de um Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos; b) o Conselho de Recursos Hídricos fará, anualmente, em consonância com as Instituições Federais, um plano de operação de reservatórios; c) a gestão dos Recursos Hídricos tomará como base a Bacia Hidrográfica e incentivará a participação dos Municípios e dos usuários de água de cada Bacia; d) o Plano Estadual de Recursos Hídricos deve ser revisto e atualizado com uma

periodicidade mínima de quatro anos.

CAPÍTULO III DAS DIRETRIZES Art. 3°. A Política Estadual de Recursos Hídricos se desenvolverá de acordo com as seguintes diretrizes:

I - prioridade máxima ao aumento de oferta d'água e em qualquer circunstância, ao abastecimento às populações humanas; II - proteção contra ações que possam comprometer a qualidade das águas para os fins que se destinam; III - prevenção da erosão dos solos urbanos e agrícolas com vistas à proteção dos campos e cursos d água da poluição e do assoreamento; IV - zoneamento de áreas inundáveis com restrições a usos com edificações nos locais sujeitos a freqüentes inundações; V - estabelecimento, em conjunto com os Municípios, de um sistema de alerta e defesa civil para cuidar da segurança e saúde públicas quando da ocorrência de eventos hidrológicos extremos - secas e cheias; VI - proteção da flora, da fauna e do meio ambiente; VII - articulação intergovernamental com o Governo Federal, Estados vizinhos e os Municípios para a compatibilização de planos de uso e preservação de Recursos Hídricos; VIII - estabelecimento de cadastro de poços, inventário de mananciais e de usuários, com vistas a racionalização do uso da água subterrânea; IX - definição conjunta, pelo Estado, União e Municípios das prioridades para construção, pela União, de grandes reservatórios em rios de domínio estadual; X - Revogado pelo Art. 4º da Lei nº 12.664, de 30 de dezembro de 1996. Parágrafo Único - A fixação de tarifa ou preço público pela utilização da água obedecerá a critérios a serem definidos pelo Conselho de Recursos Hídricos do Ceará.

CAPÍTULO IV DOS INSTRUMENTOS DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS Seção I Da Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos

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Art. 4°. A implantação de qualquer empreendimento, que consuma Recursos Hídricos, superficiais ou subterrâneos, a realização de obras ou serviços que alterem o regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, depende de autorização da Secretaria dos Recursos Hídricos, na qualidade de Órgão Gestor dos Recursos Hídricos no Estado do Ceará, sem embargo das demais formas de licenciamento expedidas pelos Órgãos responsáveis pelo controle ambiental, previstos em Lei. que tramitará na Diretoria de Administração dos Recursos Hídricos).

Art. 5°. Constitui infração às normas de utilização de Recursos Hídricos superficiais e subterrâneos:

I - utilizar Recursos Hídricos de domínio ou administração do Estado do Ceará, sem a respectiva outorga do direito de uso; II - iniciar a implantação ou implantar qualquer empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de Recursos Hídricos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização da Secretaria dos Recursos Hídricos; III - deixar expirar o prazo de validade das outorgas sem solicitar a devida prorrogação ou revalidação; IV - utilizar-se dos Recursos Hídricos ou executar obras ou serviços com os mesmos relacionados em desacordos com as condições estabelecidas na outorga; V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; VI - declarar valores diferentes das medidas ou fraudar as medições dos volumes de água captados; VII - infringir as normas estabelecidas nesta Lei ou no seu regulamento, inclusive outras normas administrativas, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelo órgão gestor.

Art. 6°. Por infração de qualquer dispositivo legal, regulamentador ou pelo não atendimento às solicitações no que diz respeito à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou a utilização dos Recursos Hídricos de domínio ou administrados pelo Estado do Ceará o infrator, a critério da Secretaria dos Recursos Hídricos, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente da sua ordem de enumeração:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção de irregularidade; II - multa simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, em dobro no caso de reincidência, a ser definida posteriormente pelo Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH; III - embargo administrativo, por prazo determinado, para a execução de serviços e obras necessários ao cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos Recursos Hídricos; IV - embargo definitivo, com revogação da outorga se for o caso, para repor, incontinente, no seu estado anterior, os Recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos artigos 58 e 59 do Código de Águas, ou tamponar os poços de extração de água subterrânea. § 1°. Qualquer prejuízo ao serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízo de qualquer natureza a terceiros, devido à infração cometida, a multa a ser aplicada deverá ser compatível aos danos causados, e nunca inferior à metade do valor máximo combinado em abstrato. § 2°. No caso dos incisos III e IV, independentemente da multa serão cobradas as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53, 56 e 58 e Código de Águas, sem prejuízo de responder o infrator pela indenização dos danos a que der causa.

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§ 3°. Para os efeitos desta Lei considera-se reincidente todo aquele que cometer mais de uma infração da mesma tipicidade. § 4°. Das sanções acima caberá recursos à autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento desta Lei. Seção II Da cobrança pela utilização dos Recursos Hídricos I - a cobrança pela utilização considerará a classe de uso preponderante em que for grau de regularização assegurado por obras hidráulicas, a vazão captada o seu regime de variação, o consumo efetivo e a finalidade a que se destina; II - a cobrança pela diluição, transporte e a assimilação de efluentes do sistema de esgotos e outros líquidos, de qualquer natureza considerará a classe de uso em que for enquadrado o corpo d'água receptor, o grau de regularização assegurado por obras hidráulicas, a carga lançada e seu regime de variação, ponderando-se, dentre outros, os parâmetros orgânicos e físico-químicos dos efluentes e a natureza da atividade responsável pelos mesmos.

§ 1°. No caso do inciso II, os responsáveis pelos lançamentos não ficam desobrigados do cumprimento das normas e padrões legais, relativos ao controle de poluição das águas. § 2°. Poderão deixar de ser cobrados os usos insignificantes, observado o disposto no artigo 28, IV. § 3°. Será aplicada a legislação federal específica quando da utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica.

Seção III Do rateio de custos das obras de Recursos Hídricos Art. 8°. Terão os seus custos rateados direta ou indiretamente, as obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Poderão ser financiados ou receber subsídios, segundo critérios e normas a serem estabelecidos em regulamento,atendendo os seguintes critérios:

I - deverá ser precedida de negociação do rateio de custos entre os setores beneficiados a concessão ou autorização de obras de regularização de vazão, com potencial de aproveitamento múltiplo. Quando houver aproveitamento hidroelétrico a negociação envolverá a União. II - dependerá de estudo de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental, com previsão de formas de retorno dos investimentos públicos, a construção de obras de interesse comum ou coletivo. No caso de obras a fundo perdido deverá haver também uma justificativa circunstanciada da destinação de recursos a fundo perdido.

CAPÍTULO V DOS INSTRUMENTOS DO USO DA ÁGUA

Art. 9°. VETADO Art. 10. VETADO Parágrafo Único. VETADO Art. 11. VETADO Art. 12. VETADO CAPÍTULO VI

DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS - PLANERH Art. 13. O Estado manterá atualizado o Plano Estadual de Recursos Hídricos e assegurará recursos financeiros e mecanismos institucionais, para garantir:

I - a utilização racional das águas, superficiais e subterrâneas; II - o aproveitamento múltiplo dos Recursos Hídricos e o rateio dos custos das respectivas obras, na forma da Lei; III - a proteção das águas contra ações que possam comprometer seu uso, atual ou futuro;

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IV - a defesa contra secas, inundações e outros eventos críticos, que ofereçam riscos à saúde e segurança públicas, e prejuízos econômicos e sociais; V - o funcionamento do sistema de previsão de secas e monitoramento climático.

Art. 14. O Plano Estadual de Recursos Hídricos será aprovado por Lei, cujo Projeto deverá ser encaminhado à Assembléia Legislativa do Estado até o final do primeiro ano do mandato do Governador, devendo o mesmo ser revisto, atualizado e consolidado o Plano anteriormente vigente.

Parágrafo Único - Os dispêndios financeiros para elaboração e implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos deverão constar das Leis sobre o Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias e Orçamento Anual do Estado.

Art. 15. O Plano Estadual de Recursos Hídricos deverá estar contido no Plano Plurianual de Desenvolvimento do Estado de forma a assegurar a integração setorial e geográfica dos diferentes setores da economia e das regiões como um todo.

§ 1°. A Secretaria de Planejamento deverá proceder, através de mecanismos próprios, o Acompanhamento, Controle e Avaliação do Plano Estadual de Recursos Hídricos. § 2°. No Plano Estadual de Recursos Hídricos, assim como nas suas atualizações, deverá constar a divisão hidrográfica do Estado do Ceará. Art. 16. O Poder Executivo fará publicar, até 30 de junho de cada ano, o relatório anual sobre a situação dos Recursos Hídricos no Estado do Ceará, com avaliações e recomendações que permitam atualizar e aperfeiçoar o Plano, destacando em especial: I - relatórios específicos sobre cada bacia hidrográfica e sobre os aqüíferos subterrâneos; II - necessidades de recursos financeiros para os planos e programas estaduais e regionais; III - demandas de aperfeiçoamento tecnológico e de capacitação de recursos humanos, inclusive de aumento de produtividade e de valorização profissional das equipes técnicas especializadas em recursos hídricos e campos afins das entidades públicas e privadas; e IV - propostas de aperfeiçoamento das formas de participação da sociedade civil na formulação e implantação dos planos e programas de recursos hídricos.

CAPÍTULO VII DO FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS - FUNORH

CAPÍTULO VIII DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE RECURSOS HIDRÍCOS - SIGERH Dos Objetivos

Art. 23. O Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos SIGERH visa a coordenação e execução da Política Estadual de Recursos Hídricos, bem como a formulação, atualização e execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos devendo atender aos princípios constantes do art. 2° desta Lei.

Seção II Da Estrutura Organizacional

Art. 24. O Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos

SlGERH, congregará instituições estaduais, federais e municipais intervenientes no Planejamento, Administração e Regulamentação dos Recursos Hídricos (Sistema de Gestão), responsáveis pelas obras e serviços de Oferta, Utilização e Preservação dos Recursos Hídricos (Sistemas Afins) e serviços de Planejamento e Coordenação Geral, Incentivos Econômicos e Fiscais, Ciência e Tecnologia Defesa Civil e Meio Ambiente (Sistemas

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Correlatos), bem como aqueles representativos dos usuários de águas e da sociedade civil, assim organizado:

I - Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH; II - Comitê Estadual de Recursos Hídricos - COMIRH; III - Secretaria dos Recursos Hídricos - Órgão Gestor; IV - Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNORH; V - Comitê de Bacias hidrográficas - CBH's; VI - Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza- CBRMF; VII - Instituições Estaduais, Federais e Municipais responsáveis por funções hídricas, compreendendo: a) Sistema de Gestão: - Secretaria dos Recursos Hídricos - Órgão Gestor - FUNCEME - SEMACE b) Sistemas Afins: - SOHIDRA - FUNCEME - EMCEPE - CEDAP - SEARA - CEPA - CAGECE - COELCE - SEDURB - SEMACE - Prefeituras Municipais - Instituições Federais c) Sistemas Correlatos: - SEPLAN - EMCEPE - SAS/CEDEC - FUNCEME - FUNECE - NUTEC - SEDURB - SEMACE - Instituições Federais § 1°. A sociedade civil, as instituições Estaduais e Federais envolvidas com recursos hídricos, assim como as entidades congregadoras de interesses municipais participarão do Conselho de Recursos Hídricos do Ceará. § 2°. As Prefeituras Municipais, as Instituições Federais e Estaduais envolvidas com Recursos Hídricos e a Sociedade Civil, inclusive Associações de usuários, participarão do SIGERH nos Comitês de Bacias Hidrográficas e no Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza. SEÇÃO III Dos colegiados de coordenação e da participação

Art. 25. Ficam criados e confirmados como órgãos de coordenação, fiscalização, consultivos e deliberativos de nível estratégico, com organização, competência e funcionamento estabelecidos em regulamento:

I - o Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH, como órgão central; II - o Comitê Estadual de Recursos Hídricos

COMIRH como órgão de assessoramento técnico do CONERH;

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III - Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH, como órgãos regionais com atuação em Bacias ou Regiões Hidrográficas que constituem unidades de gestão de Recursos Hídricos; IV - o Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza como órgão regional com atuação em Bacias ou Regiões hidrográficas da referida região que constitui unidade de gerenciamento de Recursos Hídricos; V - o Grupo Técnico DNOCS/Governo do Estado, como instrumento de assessoramento ao CONERH nos assuntos que digam respeito aos interesses comuns do Estado e da União no tocante ao controle e aproveitamento dos Recursos Hídricos no Semi-Árido Cearense.

Art. 26. O Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH, o Comitê Estadual de Recursos Hídricos - COMIRH, os Comitês de Bacias hidrográficas - CBH's e o Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza

CBRMF, serão organizados considerando as seguintes representações e participações:

I - representação das Secretarias de Estado envolvidas com Recursos Hídricos; II - representação das Instituições Federais envolvidas com Recursos Hídricos; III - representação de Municípios contidos em Regiões, Bacias ou Sub-Bacias Hidrográficas, assegurando-se a participação paritária dos Municípios com relação ao Estado; IV - participação dos usuários das águas, públicos e privados, na elaboração das propostas a serem submetidas ao CONERH, aos CBH's e CBRMF; V - participação das Universidades e Instituições de Pesquisa na elaboração das propostas referentes a desenvolvimento tecnológico, formação, treinamento e aperfeiçoamento de Recursos Humanos no campo dos Recursos Hídricos, a serem submetidos ao CONERH, aos CBH's e CBRMF; VI - participação da sociedade civil obedecendo-se, de forma compatibilizada, aos termos do art. 326, da Constituição Estadual. Parágrafo Único - A participação a que se referem os incisos acima se fará de forma a compatibilizar a eficiência dos trabalhos com a representação abrangente de instituições públicas, estaduais, federais e municipais, e da sociedade civil nas decisões referentes à execução da Política Estadual de Recursos Hídricos. Subseção I Do Conselho dos Recursos Hídricos do Ceará - CONERH

Art. 27. O Conselho dos Recursos Hídricos do Ceará - CONERH, órgão de coordenação, fiscalização, deliberação coletiva e de caráter normativo do Sistema

Integrado de Gestão dos Recursos Hídricos terá as seguintes finalidades: Ver Decreto nº 23.039/94(Regimento Interno do CONERH)

a) coordenar a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos; b) explicitar e negociar políticas, de utilização, oferta e preservação dos Recursos Hídricos; c) promover a articulação entre os Órgãos Estaduais, Federais e Municipais e a Sociedade Civil; d) deliberar sobre assuntos ligados aos Recursos Hídricos.

Art. 28. Comporão o Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH: Ver Decreto nº 23.039/94(Regimento Interno do CONERH)

a) o Secretário de Recursos Hídricos, como seu Presidente; b) um representante da Secretaria de Planejamento e Coordenação - SEPLAN; c) um representante da Secretaria de Transportes, Energia, Comunicação e Obras - SETECO; d) um representante da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária - SEARA; e) um representante da Secretaria da Indústria e Comércio - SIC;

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f) um representante da Secretaria de Ação Social - SAS; g) um representante da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - SDU; h) um representante do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS; i) um representante da Universidade Federal do Ceará - UFC; j) um representante da Associação dos Prefeitos do Estado do Ceará - APRECE; l) um representante da Associação Brasileira de Recursos Hídricos ABRH; m) um representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES; n) um representante da Procuradoria Geral do Estado; o) um representante da Comissão de Agropecuária e Recursos Hídricos da Assembléia Legislativa.

Art. 29. O Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH, terá uma Secretaria Executiva, chefiada pelo Diretor do Departamento de Gestão da Secretaria dos Recursos Hídricos e organizada para desenvolver as atividades administrativas e de planejamento, coordenação, acompanhamento, apoio tecnológico e de utilização de águas no Estado do Ceará, devendo a escolha do seu titular recair em Técnico de Nível Superior especializado em Recursos Hídricos, com experiência mínima de 5 (cinco) anos de atividades profissionais.

Art. 30. Junto ao Conselho de Recursos Hídricos do Ceará - CONERH funcionará uma Assessoria Jurídica, cujo chefe será o Assessor Jurídico da Secretaria dos Recursos Hídricos, além de dois outros Assessores, todos advogados de notória especialização, com experiência profissional de pelo menos 5 (cinco) anos,devidamente comprovada.

Art. 31. O Secretário dos Recursos Hídricos será o único membro nato do CONERH. Os demais serão membros efetivos.

§ 1°. A cada um dos representantes nominados no artigo 28 corresponderá um suplente, igualmente indicado pelo órgão representado, sendo o Secretário de Recursos Hídricos substituído pelo Subsecretário, que presidirá o Conselho nas ausências e impedimentos do Titular. § 2°. Cada representante terá mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução por igual período.

Art. 32. Incluir-se-ão entre as competências do CONERH: Ver Decreto nº 23.039/94(Regimento Interno do CONERH)

I - aprovar proposta do anteprojeto de Lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos, a ser apresentada pelo Poder Executivo à Assembléia Legislativa e aprovar e encaminhar aos órgãos competentes, a proposta anual referente às necessidades do setor de Recursos Hídricos a serem consideradas na formulação dos Projetos de Lei sobre plano plurianual de desenvolvimento, diretrizes orçamentárias e orçamento anual do Estado; II - apreciar o relatório anual sobre a situação dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará; III - exercer funções normativas e deliberativas relativas a formulação, implantação e acompanhamento da Política Estadual de Recursos Hídricos; IV - propor ao Governador do Estado critérios e normas sobre a cobrança pelo uso das águas, em cada Região ou Bacia Hidrográfica, observado o disposto nesta lei e em seu regulamento; V - estabelecer critérios e normas relativas ao rateio, entre os beneficiados, dos custos das obras de uso múltiplo dos Recursos Hídricos ou de interesse comum ou coletivo;

VI - estabelecer diretrizes para a formulação de programas anuais e plurianuais de aplicação de recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNORH;

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VII - promover o enquadramento dos cursos de águas em classes de uso preponderante, ouvidos os CBH's e CBRMF. Subseção II Do Comitê Estadual de Recursos Hídricos - COMIRH

Art. 33. O Comitê Estadual de Recursos Hídricos - COMlRH, Órgão de Assessoramento Técnico do CONERH, terá as seguintes atribuições: I - assessorar a Secretaria Executiva do CONERH; II - elaborar, periodicamente, proposta para o Plano Estadual de Recursos Hídricos, compreendendo, dentre outros elementos: a) planos de utilização, controle, conservação e proteção de Recursos Hídricos, em especial o enquadramento dos corpos de águas em classes de uso preponderante; b) programas necessários à elaboração, atualização e execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos, em especial o relativo ao sistema de informações sobre Recursos Hídricos, central e regionais; c) programas anuais e plurianuais de serviços e obras de aproveitamento múltiplo, controle, proteção e conservação de Recursos Hídricos que devam obter recursos do FUNORH; d) programas de estudos, pesquisas e de desenvolvimento tecnológico e gerencial no campo dos Recursos Hídricos; e) programas de capacitação de recursos humanos e de Intercâmbio e cooperação com a União, com outros Estados e com Municípios, com Universidades e Entidades Privadas, com vistas ao gerenciamento dos Recursos Hídricos; f) programas de comunicação social tendo em vista levar ao conhecimento público as questões de usos múltiplos, controle, conservação, proteção e preservação dos Recursos Hídricos; III - compatibilizar tecnicamente os interesses setoriais das diferentes Instituições envolvidas; IV - emitir parecer prévio, de natureza técnica, sobre projetos e construções de obras hidráulicas, como também sobre pedidos de outorga para uso ou derivação de água; V - VETADO.

Art. 34. O Comitê Estadual de Recursos Hídricos - COMIRH terá estrutura e organização estabelecidas em regulamento, obedecidas as seguintes diretrizes:

I - gestão administrativa colegiada com participação das Instituições vinculadas que compõem o SIGERH diretamente ou através de suas Secretarias; II - participação das Instituições intervenientes no SIGERH diretamente ou através de suas Secretarias, em colegiados técnicos, normativos e consultivos responsáveis pela formulação das propostas a serem submetidas ao CONERH aos CBH's e CBRMF, como também por pareceres técnicos, conforme inciso V do artigo 33.

Art. 35. O Comitê Estadual de Recursos Hídricos

COMIRH, Órgão Técnico de Assessoria do Conselho de Recursos Hídricos do Ceará,será presidido pelo Diretor do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos - DEGERH e terá a seguinte composição:

a) Diretor do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos - DEGERH como seu Presidente; b) um representante da Fundação Instituto de Planejamento do Ceará - IPLANCE; c) um representante da Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa - FUNCAP; d) um representante da Companha Energética do Ceará - COELCE; e) um representante da Empresa Cearense de Pesquisa e Extensão Rural - EMCEPE; f) um representante da Companhia Estadual de Desenvolvimento Agrário e da Pesca - CEDAP; g) um representante da Fundação Núcleo de Tecnologia do Ceará - NUTEC; h) um representante da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil - CEDEC;

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i) um representante da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará - CAGECE; j) um representante da Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE; l) um representante da Superintendência Estadual de Desenvolvimento Urbano do Estado do Ceará - SEDURB; m) um representante da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME; n) um representante da Superintendência de Obras Hidráulicas - SOHIDRA. Subseção III Dos Comitês das Bacias Hidrográficas - CBH e do Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza - CBRMF

Art. 36. Os Comitês de Bacias Hidrográficas e Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza terão as seguintes atribuições: I - aprovar a proposta referente à Bacia Hidrográfica respectiva, para integrar o Plano de Recursos hídricos e suas atualizações; II - aprovar plano de utilização, conservação e proteção dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica; III - promover entendimentos, cooperação e eventual conciliação entre os usuários dos Recursos Hídricos; IV - proceder estudos, divulgar e debater, na região, os programas prioritários de serviços e obras a serem realizados no interesse da coletividade, definindo objetivos, metas, benefícios, custos e riscos sociais, ambientais e financeiros; V - fornecer subsídios para elaboração do relatório anual sobre a situação dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica; VI

elaborar calendários anuais de demanda e enviar ao Órgão Gestor; VII - executar as ações de controle a nível de Bacias hidrográficas; VIII - solicitar apoio técnico ao Órgão Gestor quando necessário. Subseção IV Do Grupo Técnico DNOCS/Governo do Estado

Art. 37. O Governo do Estado através da Secretaria dos Recursos Hídricos buscará entendimento com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, ou com órgão sucedâneo, no sentido de que seja criado um Grupo Técnico visando adequar o gerenciamento das águas aos interesses do Estado do Ceará e da União no Semi-árido Cearense.

Art. 38. O Grupo Técnico será paritário com 3 (três) representantes de cada parte, indicados com o respectivo suplente.

Parágrafo Único - Os representantes do DNOCS serão indicados pelo seu Diretor Geral e os representantes do Estado pelo Secretário de Recursos Hídricos.

Art. 39. A regulamentação dos trabalhos será efetuada através de convênio entre as partes, onde serão definidas as atribuições e os recursos.

Seção IV Das Instituições com Poder de Política no gerenciamento dos Recursos Hídricos

Art. 40. No Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos, caberá a Secretaria dos Recursos Hídricos, sem prejuízo das suas demais atribuições:

I - cumprir o Código de Águas e a legislação supletiva e complementar; II - promover o inventário das disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas; III - dar suporte técnico ao COMIRH, aos CBHs e CBRMF, no âmbito de suas atribuições; IV - cadastrar os usuários das águas, estimar as demandas de águas atuais e futuras, outorgar o direito de uso das águas segundo o Plano Estadual de Recursos Hídricos - PLANERH; V- controlar e fiscalizar as outorgas, aplicar sanções de advertência, multas, embargos administrativos e definitivos, de acordo com o regulamento desta Lei; VI - Revogado pelo Art. 4º da Lei nº 12.664, de 30 dezembro de 1996; VII - planejar, proteger, executar e operar obras de aproveitamento múltiplo dos Recursos Hídricos e de interesse comum previstas no Plano Estadual de Recursos

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Hídricos, com rateio de custos entre os setores beneficiados, em cooperação ou convênio com Instituições componentes do SIGERH; VIII - prestar assistência técnica e realizar programas conjunto com os Municípios, no que se refere a uso múltiplo, controle, proteção e conservação dos Recursos Hídricos; IX - promover a integração dos aspectos quantitativos e qualitativos do gerenciamento dos Recursos Hídricos, articulando-se, pelos meios que forem determinados em regulamento, com os órgãos e entidades integrantes do Sistema de Administração da qualidade ambiental; X - efetuar o controle e o monitoramento da quantidade da água mediante redes de observação hidrológicas, hidrogeológicas e hidrometeorológicas; XI - realizar programas de estudos, pesquisas, desenvolvimento de tecnologia, treinamento e capacitação de recursos humanos necessários ao SIGERH no âmbito de suas atribuições.

Art. 41. No Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos - SIGERH, caberão às instituições participantes do Sistema de Administração da qualidade ambiental,

proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e uso adequado dos recursos naturais, previsto no âmbito de suas respectivas atribuições, conforme for estipulado no regulamento desse Sistema: I - analisar e propor o enquadramento dos corpos de águas em classes de uso preponderante, deforma compatibilizada com o Plano Estadual de Recursos Hídricos; II - calcular e efetuar a cobrança das tarifas de utilização de Recursos Hídricos para fins de diluição, assimilação e transporte de esgotos e efluentes urbanos, industriais e agrícolas; III - dar suporte ao COMIRH aos CBH's e ao CBRMF; IV - efetuar o controle e o monitoramento da qualidade das águas; V - cadastrar as fontes e licenciar as atividades potencialmente poluidoras dos Recursos Hídricos, aplicar as multas e sanções previstas em lei, destinando os resultados financeiros ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos; e VI - realizar programas de estudos, pesquisas, desenvolvimento de tecnologia, treinamento e capacitação de recursos humanos, necessários ao SIGERH, no âmbito de suas respectivas atribuições.

Art. 42. No âmbito do SIGERH caberá à SEMACE, sem prejuízo das suas demais atribuições, zelar pela qualidade da água para consumo humano.

Parágrafo Único - A SEMACE se articulará com a Secretaria da Saúde para o exercício da vigilância sanitária referente às doenças de veiculação hídrica.

Art. 43. No âmbito do SIGERH caberá à Secretaria de Agricultura e à Superintendência Estadual de Meio Ambiente, no exercício de suas respectivas competências e sem prejuízo das suas demais atribuições:

I - controlar o uso de agrotóxicos e fertilizantes na agricultura, com vistas a proteção dos Recursos Hídricos contra poluição; II - prevenir a erosão do solo rural tendo em vista proteger os Recursos Hídricos contra o assoreamento e a poluição física; III - fomentar o aproveitamento racional das várzeas, considerando o zoneamento das áreas inundáveis e o equilíbrio ambiental; e IV - fomentar a irrigação, com utilização racional dos Recursos Hídricos, de forma compatibilizada com o Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Seção V Da Participação dos Municípios

Art. 44. O Estado incentivará a formação de consórcios municipais nas regiões e Bacias Hidrográficas críticas, nas quais a gestão de Recursos Hídricos deva ser feita segundo diretrizes e objetivos especiais e estabelecerá convênios de mútua cooperação e assistência com os consórcios que tiverem a participação de pelo menos metade dos municípios abrangidos pelas regiões ou Bacias Hidrográficas.

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Art. 45. O Estado delegará aos Municípios que se organizarem técnica e administrativamente para tal, o gerenciamento de Recursos Hídricos de interesse local, compreendendo microbacias hidrográficas que se situem exclusivamente no território do Município.

Parágrafo Único - O regulamento desta Lei estipulará as condições gerais que deverão ser atendidas pelos convênios entre o Estado e os Municípios tendo como objeto a delegação mencionada, cabendo ao Presidente do Conselho de Recursos Hídricos do Ceará autorizar celebração desses convênios. Seção VI Da Participação dos Usuários dos Recursos Hídricos

Art. 46. Em Regiões ou Bacias Hidrográficas de grande intensidade de uso ou poluição das águas e em áreas que realizar obras e serviços de infra-estrutura hidráulica, o Estado promoverá a organização de associações de usuários como entidades auxiliares, respectivamente, na gestão dos Recursos Hídricos ou na implantação, operação e manutenção de obras e serviços, com atribuições a serem estabelecidas em regulamento.

Seção VII Da Participação de Entidades de Ciência e Tecnologia

Art. 47. Mediante acordos, convênios ou contratos, instituições integrantes do SIGERH contarão com o apoio e cooperação de entidades estaduais, federais e internacionais, especializadas em pesquisas, desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos no campo dos Recursos Hídricos.

CAPÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÒRIAS

Art. 48. Fica desde já criado o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Curu.

Art. 49. A criação dos demais Comitês de Bacias Hidrográficas, e do Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza - CBRMF ocorrerá a partir de 1 (um) ano de experiência do Comitê da Bacia do Rio Curu, incorporando as avaliações dos resultados e as revisões dos procedimentos jurídico-administrativos aconselháveis, no prazo máximo de 5 (cinco) anos, na seqüência que for estabelecida no Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Art. 50. Fundo para o FUNORH

Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Art. 51 a 54 - Fica criada a Medalha FRANCISCO GONÇALVES DE AGUIAR, a qual será anualmente conferida a personalidade que se haja destacado na luta pela preservação dos Recursos Hídricos cearenses.

Art. 55. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, aos 24 de julho de 1992.

CIRO FERREIRA GOMES

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3.2 - Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei Nº 9.433, de 8 de Janeiro de 1997.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO I

DOS FUNDAMENTOS

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

CAPÍTULO III DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.

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CAPÍTULO IV DOS INSTRUMENTOS Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. SEÇÃO I DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo: I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo; III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais; IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas; VI - (VETADO)

VII - (VETADO)

VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País. SEÇÃO II DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a: I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas; II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental. SEÇÃO III DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

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II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. § 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. § 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial específica. Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes. Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. § 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. § 2º (VETADO)

Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias: I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água. Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. Art. 17. (VETADO)

Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. SEÇÃO IV DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do uso da água; III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12 desta Lei. Parágrafo único. (VETADO)

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Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros: I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação; II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente. Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados: I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. § 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado. § 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água. § 3º (VETADO)

Art. 23. (VETADO)

SEÇÃO V DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS Art. 24. (VETADO)

SEÇÃO VI DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão. Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos. Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos: I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações; II - coordenação unificada do sistema; III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade. Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos: I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. CAPÍTULO V DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE COMUM OU COLETIVO Art. 28. (VETADO)

CAPÍTULO VI DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo Federal: I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência;

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III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional; IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União. Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de competência: I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos; II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal; IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. TÍTULO II DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS CAPÍTULO I DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos: I - coordenar a gestão integrada das águas; II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; III - os Comitês de Bacia Hidrográfica; IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V - as Agências de Água. Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

I

o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

I-A.

a Agência Nacional de Águas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

II

os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

III

os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

IV

os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

V

as Agências de Água. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

CAPÍTULO II DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por: I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;

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II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; III - representantes dos usuários dos recursos hídricos; IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos. Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os

planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; VIII - (VETADO)

IX - acompanhar a execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; IX

acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido por: I - um Presidente, que será o Ministro titular do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; II - um Secretário Executivo, que será o titular do órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos.

CAPÍTULO III DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação: I - a totalidade de uma bacia hidrográfica; II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente da República. Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação: I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

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V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes; VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; VII - (VETADO)

VIII - (VETADO)

IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência. Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes: I - da União; II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação; IV - dos usuários das águas de sua área de atuação; V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. § 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade do total de membros. § 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério das Relações Exteriores. § 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes: I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União; II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia. § 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos. Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros.

CAPÍTULO IV DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica. Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos: I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área de atuação: I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;

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III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação; VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências; VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação; X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica: a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos; d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

CAPÍTULO V DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos. Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos: I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos; II - coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e encaminhá-lo à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos; III - instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; IV - coordenar o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos; V - elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

I

prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

II

revogado; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

III

instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;" (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

IV

revogado;" (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

V

elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)

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CAPÍTULO VI DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos: I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos; III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos; IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas. TÍTULO III DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes; III - (VETADO)

IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes; VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções. Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração: I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades; II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea. § 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou

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prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. § 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa. § 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento. § 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. TÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Art. 51 a 54. Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no prazo de cento e oitenta dias, contados da data de sua publicação. Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 8 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Gustavo Krause Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 9.1.1997

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3.3 Alocação negociada de água

O processo de cidadania é uma prática educativa, consciente e sistemática, resultante de uma melhor educação e de um maior amadurecimento da nação como um todo.

Por isso, a gestão da água no Estado do Ceará é baseada no princípio de que seja uma ação integrada, levando-se em conta a água no meio ambiente e a política de recurso hídrico juntamente com as políticas públicas voltadas para a bacia, participativa, fazendo com que toda a sociedade participe da distribuição racional da água aos múltiplos usuários e descentralizada, pois a tomada de decisão é feita na base, ou seja na Comissão Gestora do açude.

A partir desta compreensão, os técnicos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos

COGERH desenvolveram uma metodologia de participação dos usuários no processo decisório sobre a vazão que deve ser retiradas semestralmente dos açudes após a quadra chuvosa. Essa metodologia é denominada

alocação negociada de água.

A alocação negociada de água é decidida através de uma explanação técnica da COGERH/DNOCS que mostra uma simulação de esvaziamento do reservatório.

Os técnicos da COGERH/DNOCS acompanham diariamente o aporte hídrico na estação chuvosa e o seu volume na estação seca. Faz um criterioso levantamento de todas as demandas de água, conhecendo a vazão necessária para atender aos múltiplos usuários, destacando sempre a prioridade do abastecimento humano e animal.

Para que ocorra uma decisão democrática sobre qual a melhor vazão para determinado reservatório, antes da reunião de alocação é feito um processo de mobilização pelos técnicos da COGERH/DNOCS, visitando irrigantes, pescadores, vazanteiros, pecuaristas, Sindicatos, Prefeitura, Secretaria de agricultura e de educação do município e outros órgãos do Estado ou Federal, quando houver na localidade. O objetivo é fomentar a participação de todos os atores ligados a recursos hídricos e meio ambiente no entorno da bacia hidrográfica a que pertence o sistema hídrico.

Na reunião de alocação, diante das informações técnicas da COGERH/DNOCS, que cria cenários com variadas opções de liberação de água para o açude, a Comissão Gestora, conhecendo as informações de demanda e oferta hídrica, além das simulações apresentadas, tem a capacidade de tomar a decisão para o melhor uso da água para aquele reservatório. O resultado de todo esse processo está ilustrado na figura 06.

Figura 06

Processo de mobilização e alocação negociada de água

B A SE D E D A D O S

O U TO RG A (D em anda)O FE RTA

P REV ISÃO C LIM Á TIC A

O PÇ Ã O D E C EN Á R IO S D E

A LO C A Ç Ã OM O B ILIZA Ç Ã O

SO C IA L

R E U N IÃ O D E A LO C A Ç Ã O D E

Á G U A

A C O M PA N H A M EN T O T ÉCN IC O

A V A L IA Ç Ã O F IN A L

FISC ALIZAÇ Ã O

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O processo de simulação de esvaziamento de reservatório consiste no balanço das entradas e saídas de água do reservatório. Nesse balanço se tem como entradas a precipitação, o escoamento superficial e sub-superficial e como saídas, a evaporação, a sangria e as retiradas, tanto pela tomada de água como a montante, na própria bacia hidráulica, conforme ilustrado esquematicamente na figura 07. .

Figura 07

Balanço Hídrico de um reservatório

Como no segundo semestre se tem uma elevada certeza que tanto a precipitação como o escoamento superficial é zero, por conseqüência e por segurança se pode considerar também como zero o escoamento sub-superficial, além de que não há sangria no período.

Em função do exposto, o balanço das entradas e saídas se resume nos componentes, evaporação e retiradas tanto pela tomada de água como à montante, diretamente da bacia hidráulica.

A COGERH faz um acompanhamento diário do nível dos açudes através de réguas instaladas em alguns pontos do açude, conforme figura 08 e a partir desses dados, faz o seu monitoramento quantitativo.

Figura 08

Acompanhamento do nível dos açudes

Há um software que mostra a simulação de esvaziamento do reservatório, a partir de julho do ano corrente, até janeiro do ano seguinte, espaço de tempo onde geralmente não chove no Ceará e o abastecimento de água do Estado depende do nível estocado nos açudes.

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A partir dos dados de oferta hídrica (através do nível do açude) e das demandas para aquele sistema hídrico através das outorgas (piscicultura, abastecimento, irrigação, indústria, etc), elaboram-se cenários de esvaziamento do açude (figura 09), apresentando vazões mínimas e máximas que possam ser deliberadas pela Comissão Gestora, para atender os múltiplos usos, tanto de usuários a montante como a jusante do açude.

Figura 09

Exemplo de simulação de esvaziamento do reservatório

É preciso salientar, que as atribuições da Comissão Gestora não param na decisão sobre alocação negociada da água, é também função da Comissão Gestora, propor critérios de uso racional dos sistemas hídricos, respeitando os múltiplos usos; promover debates sobre a preservação ambiental e o uso sustentável da água junto aos usuários do respectivo sistema hídrico; apoiar os órgãos gestores de recursos hídricos na atualização do cadastro dos usuários da respectiva bacia e no monitoramento das decisões tomadas no âmbito da Alocação Negociada de água; e, é atribuição do(a) Secretário(a) da Comissão Gestora registrar todas as decisões em ata, conforme modelo no anexo 01.

Toda a regulamentação de funcionamento das Comissões Gestoras está descritas na Resolução 002/2007 do CONERH e na Resolução 001/2008 CBH-RMF, transcritas na página 38 e 40 deste Manual.

SIMULAÇÃO DE ESVAZIAMENTO DO AÇUDE POMPEU SOBRINHO INÍCIO: 01-JULHO DE 2004 a 01-JANEIRO-2005

COTA SANGRADOURO:

218,00 m COTA TOMADA D'ÁGUA:

207,20 CAPACIDADE:

143,25 hm3 VOLUME MORTO:

16,250

MÊS Cota (m)

Volume (hm³)

Volume (em %)

Lâmina de evaporação

(m)

Vazão liberada (m³/s)

Volume liberado (hm³)

Volume evaporado

(hm³)

Variação da cota

(m)

Variação do volume (hm³)

01/07/04 213,55

67,713 47,4%

0,15 0,000

0,000 1,751 -0,14 -1,751

01/08/04 213,41

66,068 46,2%

0,21 0,000

0,000 2,430 -0,20 -2,430

01/09/04 213,21

63,718 44,6%

0,25 0,000

0,000 2,871 -0,24 -2,871

01/10/04 212,97

60,913 42,6%

0,28 0,000

0,000 3,176 -0,28 -3,176

01/11/04 212,69

57,763 40,4%

0,24 0,000

0,000 2,715 -0,24 -2,715

01/12/04 212,45

55,062 38,5%

0,24 0,000

0,000 2,720 -0,24 -2,720

01/01/05

212,21

52,363 36,6%

1,37 0,000 15,663 -1,34

-15,663

MÊS Cota (m)

Volume (hm³)

Volume (em %)

Lâmina de evaporação

(m)

Vazão liberada (m³/s)

Volume liberado (hm³)

Volume evaporado

(hm³)

Variação da cota

(m)

Variação do volume (hm³)

01/07/04 213,55

67,713 47,4%

0,15 0,050

0,134 1,751 -0,16 -1,885

01/08/04 213,39

65,832 46,0%

0,21 0,050

0,134 2,430 -0,21 -2,564

01/09/04 213,18

63,365 44,3%

0,25 0,050

0,130 2,856 -0,25 -2,986

01/10/04 212,93

60,462 42,3%

0,28 0,050

0,134 3,176 -0,29 -3,310

01/11/04 212,64

57,200 40,0%

0,24 0,050

0,130 2,715 -0,25 -2,844

01/12/04 212,39

54,387 38,0%

0,24 0,050

0,134 2,720 -0,25 -2,854

01/01/05 212,14

51,575 36,1%

1,37 0,795 15,648 -1,41

-16,443

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Anexo 01 - Modelo de ata da reunião de alocação negociada

ATA DA REUNIÃO DE OPERAÇÃO DO

SISTEMA HÍDRICO.....................................................................

Aos......................................................................................................estiveram reunidos no(a) .................................................................., no município de ......................................................., os usuários do sistema hídrico: ..............................................................., num total de _______ participantes, que assinam a presente ata . A reunião teve como objetivo discutir e definir um plano de operação do referido sistema hídrico, para o 2º semestre de 200__, a partir das informações técnicas recebidas da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará - COGERH sobre a situação do sistema hídrico e as respectivas simulações que levam em consideração as suas diversas possibilidades de usos. ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ .........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

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A Comissão Gestora deste sistema hídrico assina a presente ata:

Nome

Entidade

Fone / contato

1. 2. 3. 4. 5. 6.

7.

8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20.

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37

Lista de participantes da reunião de operação do sistema hídrico ............................................................, no município de............................................, realizada no dia ......./........./200__, que assinam a presente ata.

Nome Instituição Fone 1. 2. 3.

4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30.

31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43.

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3.4 - Resolução do CONERH - Nº 002 de 20 de novembro de 2007 - Dispõe sobre as Comissões Gestoras de Sistemas Hídricos.

O CONSELHO DE RECURSOS HÍDRICOS DO CEARÁ - CONERH, no uso de suas atribuições que lhe conferem a Lei nº 11.996, de 24 de julho de 1992 e o Decreto nº23.039, de 01 de fevereiro de 1994, e, Considerando que o CONERH tem como objetivo a coordenação, fiscalização, deliberação coletiva e de caráter normativo do Sistema Integrado de Gestão dos Recursos Hídricos; Considerando a relevância da institucionalização das Comissões Gestoras de Sistemas Hídricos, ora em atividade nas bacias hidrográficas no Estado do Ceará, e visando a necessidade de regularização do uso da água nestes sistemas; Considerando o que dispõe o Art.46 da Lei nº11.996, de 24 de julho de 1992, que faculta ao Estado, a organização de usuários em entidades auxiliares na gestão dos recursos hídricos, e na preservação ambiental das obras e ou serviços de oferta hídrica.

RESOLVE: Art.1º

Criar Comissões Gestoras (CG) de Sistemas Hídricos que operem isoladas no Estado do Ceará. §1º - As Comissões Gestoras (CG) são organismos de bacia, vinculadas aos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) do Estado do Ceará. §2º - Consideram-se sistemas hídricos que operam isolados, àqueles sistemas que não fazem parte de vale perenizado, ou aqueles que não causam impacto em outros sistemas à jusante ou montante, podendo ser incluídos nesta categoria; sistemas hídricos naturais (lagos, lagoas, córregos, etc.) ou artificiais (açudes, adutoras, canais, etc.). §3º - A formação e manutenção das Comissões Gestoras ficarão a cargo dos comitês de bacia. §4º - As CG serão formadas pelos seguintes segmentos: I

por usuários de água; II

por representantes da sociedade civil organizada, e; III

por representantes do Poder público; §5º - Os membros das CG terão um mandato de dois anos; §6º - Na bacia hidrográfica Poti-Longá, a CG será formada pela COGERH, até que o Comitê venha a ser criado. Art.2º - Integram a estrutura das Comissões Gestoras: I

plenário; II - secretaria. §1º - As decisões deverão ser tomadas por maioria simples; §2º - As CG elegerão um Secretário dentre os seus integrantes. §3º - Os membros do plenário serão eleitos em Assembléia convocada pelo CBH correspondente; §4º - A secretaria da CG será vinculada à secretaria geral do CBH correspondente; Art.3º - São atribuições do Secretário da Comissão Gestora: §1º - Definir, juntamente com o Plenário, o calendário de reuniões da CG e, assim que for definido, encaminhar o respectivo documento ao CBH correspondente. §2º - Responsabilizar-se pela elaboração e encaminhamento das Atas das reuniões ao CBH correspondente. §3º - Comunicar à Diretoria do Comitê quaisquer fatos dignos de registro no âmbito das CG e acompanhar os encaminhamentos, se houver. §4º - Apresentar Relatório das Atividades e ou eventos, sempre que solicitado pela Diretoria do CBH correspondente. Art.4º

São atribuições das CG: I

Definir o calendário de suas reuniões; II- Apoiar a gestão dos sistemas hídricos e do seu entorno;

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III

Promover, de forma conjunta com o CBH e os órgãos gestores de recursos hídricos,

a Assembléia de Alocação objetivando o estabelecimento da Alocação Negociada de água; IV

Propor critérios de uso racional dos sistemas hídricos, respeitando os múltiplos usos;

V

Promover debates sobre a preservação ambiental e o uso sustentável da água junto

aos usuários do respectivo sistema hídrico; VI

Apoiar os órgãos gestores de recursos hídricos na atualização do cadastro dos

usuários da respectiva bacia e no monitoramento das decisões tomadas no âmbito da Alocação Negociada de água; VII

Comunicar ao CBH as decisões adotadas quanto a Alocação Negociada de água. §1º - Considera-se Alocação Negociada de água a reunião anual de definição das ações de operação, manutenção e monitoramento dos sistemas hídricos, na qual é estabelecido o Pacto de Alocação. §2º - Considera-se Pacto de Alocação a definição das vazões de água a serem utilizadas por cada segmento de usuário do sistema hídrico. Art.5º

Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Estado.

Fortaleza, 20 de novembro de 2007. César Augusto Pinheiro PRESIDENTE DO CONERH Antonio Martins da Costa SEC. EXECUTIVO DO CONERH *** *** ***

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3.5 - Resolução 001/2008 do CBH-RMF

Comissões Gestoras

Resolução CBH-RMF 01, de 13 de março de 2008, com alterações em 29 de maio de 2008.

O COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA (CBH-RMF), no uso de suas atribuições que lhe conferem a Lei Nº 11.996, de 24 de julho de 1992, o Decreto Nº 26.462 de 13 de dezembro de 2001, o Decreto Nº 26.902 de janeiro de 2003, e, também consubstanciado na Lei No. 9.433 de 09 de janeiro de 1997, considerando a relevância da institucionalização das Comissões Gestoras (CG) de Sistemas Hídricos que operam isolados, o CBH-RMF, ESTABELECE CRITÉRIOS DE FORMAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NAS COMISSÕES GESTORAS DOS SISTEMAS HÍDRICOS, observando a Resolução 02 de 20 de novembro de 2007 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH).

RESOLVE:

Art. 1º. Criar Comissões Gestoras (CG) que operem isoladas nas Bacias Metropolitanas, e que obedeçam aos seguintes critérios de priorização de criação:

I

Sistemas hídricos monitorados tecnicamente pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará (COGERH) e/ou pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) nas Bacias Metropolitanas e que já tenham Comissões Gestoras criadas informalmente. Vale ressaltar que essas Comissões Gestoras informais existentes, devem passar pelo processo eleitoral descrito no Art. 9º. desta Resolução.

II

Sistemas hídricos onde não haja nenhum trabalho de gestão com os usuários do sistema.

III

Sistema hídrico com poluição ambiental grave comprovada pelos técnicos da COGERH e/ou DNOCS em visita de campo. Considera-se poluição ambiental do sistema hídrico: § 1º Níveis elevados de eutrofização, que é o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes num corpo de água, o que leva a proliferação excessiva de algas que, ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do número de microorganismos e à conseqüente deteriorização da qualidade do corpo de água. § 2º Desmatamento e uso da Área de Preservação Ambiental (APPs). § 3º Efluentes domésticos no entorno do sistema hídrico sem saneamento.

IV

Sistema hídrico com muitos conflitos entre os usuários. Compreende-se por conflitos com usuários questões como: exploração da piscicultura, pesca predatória, roubo de apetrechos dos pescadores, barramento sem licença ao longo do rio e usuários de montante sem querer liberar a água para usuários da jusante.

V - Sistema hídrico com múltiplos usos (abastecimento, irrigação, industria, pesca, lazer).

Art. 2º A COGERH e/ou DNOCS deverá apresentar um diagnóstico da situação de cada reservatório monitorado por ela nas Bacias Metropolitanas para que, a partir deste diagnóstico, o CBH-RMF, baseado nos critérios de priorização, identifique e aprove em plenário, a priorização de formalização das Comissões Gestoras.

Art. 3º As Comissões Gestoras serão compostas de no mínimo 10 (dez} e de no máximo 20 (vinte) integrantes, observados os seguintes percentuais de participação de cada segmento: I

Usuários de água

60% II

Sociedade civil organizada

20% III

Poder Público

20%

Parágrafo único

será mantida, quando possível, a equidade na composição, entre usuários representantes de montante e jusante do manancial a que pertence esta CG.

Art. 4º. As reuniões da Comissão Gestora serão instaladas com a presença de no mínimo 1/3 (um terço) de cada segmento.

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Art. 5º. Serão feitas 4 (quatro) reuniões anuais em cada CG, ficando a cargo da Secretária Executiva dos Comitês (COGERH), das Prefeituras locais e dos membros do CBH-RMF pertencentes ao sistema hídrico em questão, a mobilização e colaboração na realização destas reuniões. Parágrafo único

Em todas as mobilizações, deverá ser estimulada a participação da Secretaria

de Educação e Saúde nas reuniões como ouvinte ou mesmo na composição das CG.

Art. 6º. Será excluído da CG o membro que faltar a 2(duas) reuniões consecutivas ou 3(três) intercaladas, sem justificativa, no prazo de seu mandato, fato este que será comunicado, após sua apuração, na reunião ordinária do CBH-RMF, sendo a vaga preenchida na reunião seguinte da Comissão Gestora.

Art. 7º. As CG terão apoio logístico, técnico e financeiro do órgão de gestão responsável pela sua manutenção, seja a COGERH, no açudes estaduais, seja o DNOCS, nos açudes federais, para realização de suas reuniões, observando as diretrizes orçamentárias anuais do órgão competente.

Art. 8º. Os membros terão acesso às informações técnicas disponíveis e necessárias à tomada de decisão, relativas ao sistema hídrico.

Art. 9º. As reuniões da CG serão públicas, podendo participar qualquer pessoa física e/ou jurídica, sem direito a voto, com interesse na área de influência do sistema hídrico.

Art.10. As atas das reuniões deverão ser elaboradas e lidas no final de cada reunião para serem aprovadas e assinadas pelos membros presentes.

Art. 11. O processo eleitoral para escolha dos membros das CG seguirá as seguintes diretrizes:

I

Articulação com o sistema institucional, respeitando a atuação das instituições locais e os poderes públicos municipais e estaduais:

II

Identificação das formas de organização existentes nos açudes e nos trechos perenizados para a formação do Cadastro Institucional;

III

Seminário Institucional onde será feita uma apresentação da COGERH e/ou DNOCS aos participantes sobre o diagnóstico da situação do sistema hídrico, tipos de uso e problemas existentes.

IV

No Seminário Institucional será feito com os participantes um levantamento dos problemas hídricos atuais e alternativas para o referido sistema. Esse levantamento servirá também como base de atuação para a CG, e deverá ser levada ao conhecimento do CBH-RMF para acompanhamento das alternativas de soluções.

V

Logo após o Seminário Institucional, será feito um segundo seminário para a formação da CG onde serão escolhidos os participantes da CG, obedecendo ao que diz o Art. 3º. desta Resolução, sendo que todos os participantes poderão votar na escolha da CG. Os mais votados, por maioria simples, serão eleitos. No processo eleitoral, deverá constar o nome do titular e do suplente, eleitos pelo plenário.

Parágrafo único

Os candidatos a CG deverão fazer uma defesa de sua participação ao plenário do Seminário, justificando o porquê de sua candidatura.

VI

A CG eleita deverá ser homologada em reunião da Câmara Técnica de Planejamento e Infra-estrutura do CBH-RMF. Logo após a homologação, será marcada a posse da CG. Vale ressaltar que, o plenário do CBH-RMF também tomará conhecimento da composição de cada CG.

VII

Após a reunião de posse da CG, deverá ser marcada a capacitação da CG, sob responsabilidade da COGERH e/ou DNOCS, dando a conhecer aos componentes da CG na capacitação, principalmente as temáticas: Gestão de recursos hídricos no Brasil/Ceará, situação dos sistemas hídricos das Bacias Metropolitanas e legislação ambiental.

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Art. 12.

O desempenho da função de membro da CG não será remunerado, sendo, contudo,

considerado como de serviço público relevante.

Art. 13. - O mandato dos membros da CG será de 2 (dois) anos, conforme está prescrito na Resolução 02 de 20 de novembro de 2007 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH).

Art. 14.

A CG eleita, ficará diretamente ligada a Câmara Técnica de Planejamento e Infra-

estrutura do Comitê das Bacias Hidrográficas da Região Metropolitana de Fortaleza (CBH-RMF), a qual acompanhará as deliberações e o funcionamento de cada CG.

Art. 15.

As Comissões Gestoras criadas pelo DNOCS nas Bacias Metropolitanas (açude Amanari e Pompeu Sobrinho), terão o prazo até 30 de dezembro de 2008 para se adequarem aos critérios estabelecidos nesta deliberação.

Art. 16. - As questões não contempladas nesta Resolução e/ou conflito de normas decorrentes da interpretação deste, serão dirimidas pela maioria simples dos membros do CBH-RMF.

Maria Zita Timbó Araújo Presidente do CBH-RMF

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3.6 - Instrução normativa de acesso aos reservatórios (Minuta) - Nº 01 de 19 de maio de 2004

Esta minuta de Instrução Normativa é utilizada em todos os reservatórios das Bacias Metropolitanas, contudo, ainda é uma minuta, isto é, não está regulamentada formalmente pela COGERH.

Esta minuta estabelece as Condições Gerais Quanto às Normas de Acesso e Permanência nos Reservatórios Estaduais Gerenciados pela COGERH, conforme art. 5º Os trechos alterados ou/e modificados estão em cores azuis.

CAPÍTULO I

DO OBJETIVO

Art. 1º - Os procedimentos estabelecidos neste anexo objetivam prover a sustentabilidade dos reservatórios estaduais, gerenciados pela COGERH, de forma quantitativa e qualitativa e garantir os múltiplos usos da água, disciplinando os diferentes usos e usuários e normatizando as formas de acesso aos mesmos.

CAPÍTULO II

DA COMPETÊNCIA

Art. 2º - A COGERH poderá fiscalizar as atividades das pessoas físicas e jurídicas que utilizarem os reservatórios por ela geridos, de forma a garantir a segurança das infra-estruturas existentes e monitorar a qualidade e quantidade da água bruta.

CAPÍTULO III DO ACESSO AOS RESERVATÓRIOS

Art. 3o - O acesso às áreas dos reservatórios estaduais será permitido somente através da apresentação de autorização expedida pela COGERH.

§ 1º - O acesso se dará no horário de 06:00 às 11:00 hs e das 14:00 às 17:00 hs: I

para pescadores, de segunda-feira à sábado; II

para empregados da atividade de aquicultura, de segunda-feira à domingo; III

para atividades de lazer, sábados e domingos.

§ 2º - Fica proibido o acesso para as atividades de lazer, nos reservatórios considerados exclusivamente para abastecimento humano.

§ 3º - Nos períodos de férias escolares ou em dias feriados fica autorizado o acesso para atividades de lazer, mesmo nos dias de segunda a domingo, em local previamente estabelecido pela COGERH.

Art. 4º - Os pescadores e empregados autorizados a ter acesso aos reservatórios poderão permanecer no período noturno para vigiar os petrechos, equipamentos e insumos utilizados na pesca ou na aquicultura, ficando vedada qualquer atividade no horário não compreendido no § 1º do artigo anterior.

Parágrafo único - Para obtenção da autorização estabelecida no caput deste artigo, será necessário:

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I

para pescadores, comprovar sua afiliação à Colônia existente na área de abrangência

do reservatório; II

para os empregados da atividade de aquicultura: comprovar a relação de emprego

existente. Art. 5o - É proibido o acesso no reservatório: I

de bebida alcoólica;

II

de qualquer tipo de armamento;

III

de qualquer animal doméstico;

IV

de veículos, na área de preservação permanente ou no coroamento da barragem,

salvo se for estrada de acesso às comunidades locais.

§ 1º - É vedado dentro do reservatório: I

qualquer forma de vandalismo que danifique o patrimônio público; II

lavar roupas, veículos ou animais; III

o lançamento de resíduos de qualquer natureza provenientes de aglomeração de pessoas.

§ 2º - A COGERH poderá interditar a qualquer tempo as estradas de acesso dentro da área do reservatório ou sobre o coroamento das barragens quando entender necessário.

CAPÍTULO IV

DA PESCA

Art. 6º - Entende-se por pesca todo ato tendente à captura ou extração de organismos vivos que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida.

Art. 7º - Os pescadores deverão obedecer ao período do defeso estabelecido pela legislação pertinente ou quando a COGERH achar necessário.

Art. 8º - É proibido a utilização dos seguintes petrechos de pesca e atividades nos reservatórios: I

rede de espera (galão) com malha inferior a 9 (nove) centímetros e a uma distância

inferior a 100 (cem) metros uma da outra;

II

arpão; III

tarrafa; IV

dinamite ou qualquer outra forma de explosivo; V

substâncias tóxicas; VI

barcos e equipamentos náuticos a motor de explosão; VII

pesca de batida ou tibungo ; VIII

pesca a menos de 200 (duzentos) metros a montante e a jusante das barragens ou sangradouros.

Capítulo V

DA AQUICULTURA

Art. 9o

Entende-se por aquicultura o cultivo de organismos que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida.

Art. 10 - No trecho de área marginal existente no reservatório, que for, de acordo com a legislação pertinente destinado para utilização na atividade de aquicultura, o cessionário deverá:

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I

construir cerca de arame com pelo menos 9 fios, para a identificação do referido lote;

II

construir galpão de alvenaria, desde que tenha autorização prévia do órgão ambiental

competente, não sendo permitido qualquer instalação hidro-sanitária; III

identificar o nome do cessionário, através de placas de fácil visibilidade, conforme

padrão definido pela COGERH.

Art. 11

A colocação de placas de aviso ou guaritas, ficará condicionada a aprovação

prévia da COGERH.

Art. 12

Os trabalhadores da atividade de aquicultura, existente no reservatório, deverão estar munidos da autorização e vestimenta que possam diferenciá-los e identificá-los.

Art. 13

Os cessionários dos lotes destinados à atividade de aquicultura deverão facilitar a ação fiscalizadora da COGERH, não opondo qualquer restrição.

Capítulo VI DA FAUNA E DA FLORA

Art. 14

Fica estritamente proibido matar, perseguir, caçar ou aprisionar qualquer espécime da fauna silvestre, nativo ou em rota migratória dentro da área do reservatório.

Art. 15

Fica proibido cortar ou danificar qualquer espécie vegetal, bem como transformar em carvão a vegetação dentro da área do reservatório.

Parágrafo Único

Não é permitido o uso de fogueiras dentro da área do reservatório.

Capítulo VII

DAS EDIFICAÇÕES

Art. 16. É vedada a construção de qualquer edificação, temporária ou definitiva, dentro da área do reservatório, salvo aquelas previstas no art. 9o desta Norma.

CAPÍTULO VIII DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 17

No caso da entrada irregular de qualquer pessoa, sem autorização da COGERH, a mesma será notificada e retirada pelo Agente de Guarda e Inspeção de Reservatório(AGIR).

Parágrafo único - Constatado a reincidência: I - se pescador, o produto da pesca será doado às comunidades carentes ou instituições sociais locais e os petrechos serão apreendidos e devolvidos após assinatura de termo de recebimento, se o material estiver dentro das normas legais, caso contrário o processo de infração e apreensão será encaminhado ao órgão competente; II

se empregado da atividade de aquicultura, o cessionário terá sua atividade suspensa até a regularização do funcionário.

Art. 18

As pessoas devidamente autorizadas pela COGERH que estejam na área do reservatório fora de seu horário permitido, serão notificadas pelo AGIR e no caso de reincidência, terão suas carteiras de acesso apreendidas por 30 (trinta) dias.

Art. 19

O desrespeito à época do defeso implicará na notificação do pescador, que terá, ainda, seu material de pesca e o pescado apreendido e o processo de infração e

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apreensão será encaminhado ao órgão competente, possuindo autorização, sua carteira de acesso será cancelada, salvo se a pesca for de anzol.

§ 1º

O pescador infrator só poderá tirar nova carteira de acesso depois de 01 ano, a

contar da data da infração e o material de pesca não será mais devolvido.

§ 2º - O produto da pesca apreendida será doada a comunidades carentes locais.

Art. 21

A utilização de barco ou equipamentos náuticos a motor de explosão sujeitará o

infrator a ser notificado pelo AGIR.

Parágrafo Único

No caso de reincidência a embarcação será aprendida e devolvida somente após a assinatura de termo de responsabilidade e compromisso, no caso de usuário com autorização, a carteira de acesso será apreendida por 30 (trinta) dias e o produto da pesca será apreendido e doado para comunidades carentes ou instituições sociais locais.

Art. 22

Infrações relacionadas ao artigo 8º desta norma implicará na notificação do infrator pelo AGIR.

Parágrafo Único

No caso de reincidência o infrator terá sua carteira de acesso apreendida por trinta dias e o produto da pesca apreendido e doado às comunidades carentes ou instituições sociais locais. O processo de infração e de apreensão será encaminhado ao órgão competente.

Art. 23

No caso de infrações relacionadas ao capítulo IV desta norma, a gerência tomará as providências cabíveis na legislação pertinente.

Gerência das Bacias Metropolitanas

Fortaleza, 19 de maio de 2004.

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4) LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

4.1 - Política Nacional do Meio Ambiente - Lei N° 7.804, de 18 de julho de 1989

Altera a Lei n° 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação a Lei n° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei n° 6.803, de 2 de julho de 1980, a Lei n° 6.902, de 21 de abril de 1981,e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Artigo 1° - A Lei n.° 6.938 de 31 de Agosto de 1981, passa a vigorar com as seguintes alterações:

I - o Artigo 1.° passa a ter a seguinte redação:

"Artigo 1° - Esta Lei, com fundamento nos incisos VI e VI 1 do Artigo 23 e no Artigo 225 da Constituição Federal, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, cria o Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA, e institui o Cadastro de Defesa Ambiental."

II - o Artigo 3.° passa a vigorar na forma seguinte:

"Artigo 3.°.............

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora."

III - o Artigo 6.° passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 6.° -..............

I - Órgão Superior: o Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;

II - Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, adotado nos termos desta Lei, para assessorar, estudar e propor ao Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA diretrizes políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais, e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

III - Órgão Central: o lnstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, com a finalidade de coordenar, executar e fazer executar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente e a preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos ambientais;

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IV - Órgãos Setoriais: os órgãos ou entidades integrantes da administração federal direta e indireta, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, cujas atividades estejam associadas às de proteção da qualidade ambiental ou àquelas de disciplinamento do uso de recursos ambientais;

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;"

IV - o Artigo 7.° passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 7.° - O Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA tem por finalidade assessorar o Presidente da República na formalização da Política Nacional e das diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.

§ 1.° - O Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA é presidido pelo Presidente da República, que o convocará pelo menos 2 (duas) vezes ao ano.

§ 2.° - São membros do Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA:

I - o Ministro da Justiça;

II - o Ministro da Marinha;

III - o Ministro das Relações Exteriores;

IV - o Ministro da Fazenda;

V - o Ministro dos Transportes;

VI - o Ministro da Agricultura;

VII - O Ministro da Educação;

VIII - O Ministro do Trabalho;

IX - O Ministro da Saúde;

X - O Ministro das Minas e Energia;

XI - O Ministro do lnterior;

Xll - O Ministro do Planejamento;

Xlll - O Ministro da Cultura;

XIV - o Secretário Especial de Ciência e Tecnologia;

XV - o Representante do Ministério Público Federal;

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XVI - o Representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC;

XVII - 3 (três) representantes do Poder Legislativo Federal;

XVlll - 5 (cinco) cidadãos brasileiros indicados pelo conjunto das entidades ambientalistas não governamentais.

§ 3° - Poderão participar das reuniões do Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA, sem direito a voto, pessoas especialmente convidadas pelo seu Presidente.

§ 4.° - A participação no Conselho Superior do Meio Ambiente -CSMA é considerada como de relevante interesse público e não será remunerada.

§ 5.° - O Ministro do lnterior é, sem prejuízo de suas funções, Secretário-Executivo do Conselho Superior do Meio Ambiente - CSMA."

V - o Artigo 8.° passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 8° .................

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como a entidades privadas, as informações indispensáveis; o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA apreciará os estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios de impacto ambiental, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, nas áreas consideradas Patrimônio Nacional pela Constituição Federal; ....................."

VI - o Artigo 9° passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 9° ..........................

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público Federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; ..........................

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo lnstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

Xll - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais."

VII - o Artigo 10 passa a vigorar na forma seguinte:

"Artigo 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do lnstituto Brasileiro do Meio

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Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis ....................... .

§ 4.° - Compete ao lnstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento previsto no caput deste Artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional."

VIII - o Artigo 15 passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 15 - O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR.

§ 1.° - A pena será aumentada até o dobro se:

I - resultar:

a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente;

b) lesão corporal grave;

II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de transporte;

III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em feriado.

§ 2.° - lncorrerá no mesmo crime a autoridade competente que deixar de promover as medidas tendentes a impedir a prática das condutas acima descritas:"

IX - o Artigo 17 passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 17 - fica instituído, sob a administração do lnstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora."

X - fica revogado expressamente o Artigo 16 da Lei n.° 6.938, de 31 de agosto de 1981.

XI - lnclua-se, na referida Lei, o seguinte Artigo 19:

"Artigo 19 - Ressalvado o disposto nas Leis n° 5.357, de 17 de novembro de 1967 e 7.661. de 16 de maio de 1988, a receita proveniente da aplicação desta Lei será recolhida de acordo com o disposto no Artigo 4.° da Lei n.° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989."

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Artigo 2° - O Artigo 2.° da Lei n.° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Artigo 2° - Fica criado o lnstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. entidade autárquica de regime especial, dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do lnterior, com a finalidade de coordenar, executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização e controle dos recursos naturais renováveis."

Artigo 3° - Nos dispositivos das Leis n° 6.308, de 2 de junho de 1980, 6.902, de 21 de abril de 1981 e 6.938, de 31 de agosto de 1981, substitua-se, onde couber, a expressão Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA por lnstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováreis - IBAMA.

Artigo 4° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 5° - Revogam-se as disposições em contrário.

4.2 - Lei de Crimes Ambientais - Lei 9.605/1998

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1° - VETADO.

Art. 2° - Quem, de qualquer forma, concorre para a prática de crimes revistos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro do conselho e do órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3° - As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo Único - A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4° - Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5° - VETADO

CAPÍTULO II

DA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6° - Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

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I. A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e as suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II. Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III. A situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7° - As penas restritivas de direito são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I. Trata-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias de crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo Único - As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8° - As penas restritivas de direito são:

I. Prestação de serviços à comunidade;

II. Interdição temporária de direitos;

III. Suspensão parcial ou total de atividades;

IV. Prestação pecuniária;

V. Recolhimento domiciliar.

Art. 9° - A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10 - As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11 - A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12 - A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com o fim social, de importância, fixada pelo Juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e setenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Art. 13 - O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido

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na sentença condenatória.

Art. 14 - São circunstâncias que atenuam a pena:

I. Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II. Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III. Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV. Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15 - São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I. Reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II. Ter o agente cometido a infração:

a) Para obter vantagem pecuniária;

b) Coagindo outrem para a execução material da infração;

c) Afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) Concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) Atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) Atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) Em período de defeso à fauna;

h) Em domingos ou feriados;

i) À noite;

j) Em épocas de seca ou inundações;

k) No interior do espaço territorial especialmente protegido;

l) Com o emprego de métodos cruéis para o abate ou captura de animais;

m) Mediante fraude ou abuso de confiança;

n) Mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

o) No interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

p) Atingido espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

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q) Facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16 - Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17 - A verificação da reparação a que se refere o § 2° do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção do meio ambiente.

Art. 18 - A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

Art. 19 - A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e calculo de multa.

Parágrafo Único - A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo civil poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20 - A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo Único - Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se no valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21 - As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3°, são:

I. Multa;

II. Restritiva de direitos;

III. Prestação de serviços à comunidade.

Art. 22 - As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I. Suspensão parcial ou total das atividades;

II. Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III. Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

§ 1° - A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2° - A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3° - A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

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Art. 23 - A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I. Custeio de programas e de projetos ambientais;

II. Execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III. Manutenção de espaços públicos;

IV. Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24 - A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento de crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

CAPÍTULO III

DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME

Art. 25 - Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1° - Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2° - Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.

§ 3° - Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4° - Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem.

CAPÍTULO IV

DA AÇÃO DO PROCESSO PENAL

Art. 26 - Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo Único - VETADO.

Art. 27 - Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei n.° 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28 - As disposições do art. 89 da Lei n./ 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

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I. A declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;

II. Na hipótese de laudo de constatação comprovar não ter sido comprovar não ter sido completa a reparação, a prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;

III. No período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;

IV. Findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V. Esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

CAPÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

Seção I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29 - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa;

§ 1° - Incorre nas mesmas penas:

I. Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II. Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III. Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2° - No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3° - São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias ou quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo em parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

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§ 4° - A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I. Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

II. Em período proibido à caça;

III. Durante a noite;

IV. Com abuso de licença;

V. Em unidade de conservação;

VI. Com emprego d métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa;

§ 5° - A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.

§ 6° - As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30 - Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização de autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31 - Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção de três meses a um ano, e multa.

Art. 32 - Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1° - Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência doloroso ou cruel em animal vivo, ainda eu para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2° - A pena é aumentada de um sexto para um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 33 - Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo Único - Incorre nas mesmas penas:

I. Quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio público;

II. Quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

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III. Quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre campos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34 - Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo Único - Incorre nas mesmas penas quem:

I. Pesque espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II. Pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III. Transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35 - Pescar mediante a utilização de:

I. Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

II. Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um a cinco anos.

Art. 36 - Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos de peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não ao aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 37 - Não é crime o abate de animal, quando realizado:

I. Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II. Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora e animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

III. VETADO

IV. Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II

Dos Crimes contra a Flora

Art. 38 - Destruir ou danificar a floresta considerada d preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo Único - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

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Art. 39 - Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Art. 40 - Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do decreto n./ 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1° - Entende-se por Unidade de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público..

§ 2° - A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades e Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena..

§ 3° - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 41 - Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo Único - Se o crime for culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42 - Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43 - VETADO

Art. 44 - Extrair de florestas e domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45 - Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46 - Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar a produto até o final beneficiamento::

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

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Parágrafo Único - Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe a venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo tempo de viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47 - VETADO

Art. 48 - Impedir ou dificultar a regeneração natural de floresta e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49 - Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo Único - No crime culposo, a pena é de seis meses, ou multa.

Art. 50 - destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa

Art. 51 - Comercializar moto-serra ou utilizá-las em florestas e demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52 - Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração d produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 53 - Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

I. Do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

II. O crime é cometido:

a) No período de queda das sementes;

b) No período de formação das vegetações;

c) Contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;

d) Em época de seca ou inundação;

e) Durante à noite, em domingo ou feriado.

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Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54 - Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1° - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

§ 2° - Se o crime:

I. Tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II. Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III. Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV. Dificultar ou impedir o uso público das praias;

V. Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3° - Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar e adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas e precaução em caso e risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55 - Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena: detenção, de seis meses a um ano e multa.

Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

At. 56 - Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva á saúde humana e ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos sus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1° - Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos

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no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2° - Se o produto ou substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.

§ 3° - se o crime é culposo::

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57 - VETADO

Art. 58 - Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I. De um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II. De um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III. Até o dobro, se resultar da morte de outrem.

Parágrafo Único - As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59 - VETADO

Art. 60 - Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61 - Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Seção IV

Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62 - Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I. Bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;

II. Arquivo, registro, museu, biblioteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo Único - Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63 - Alterar aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico,

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turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64 - Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65 - Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Parágrafo Único - Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude de seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

Seção V

Dos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66 - Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67 - Conceder o funcionário público licença , autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo Único - Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 68 - Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo Único - Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69 - Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais.

Pena - detenção, de um a três anos e multa.

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CAPÍTULO VI

DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 70 - Considere-se infração administrativa ambiental toda ação de omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção e recuperação do meio ambiente.

§ 1º - São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º - Qualquer pessoa, constatando a infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, por efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º - A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4º - As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observados as disposições desta Lei.

Art. 71 - O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:

I. Vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;

II. Trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data de sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação;

III. Vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria dos Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;

IV. Cinco dias para o pagamento de multa, contados data do recebimento da notificação.

Art. 72 - As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observados o disposto no art. 6º:

I. Advertência;

II. Multa simples;

III. Multa diária;

IV. Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V. Destruição ou inutilização do produto;

VI. Suspensão de venda e fabricação do produto;

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VII. Embargo de obra ou atividade;

VIII. Demolição de obra;

IX. Suspensão parcial ou total das atividades;

X. VETADO

XI. Restritivas de direitos.

§ 1º - Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º - A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º - A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I. Advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II. Opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISMANA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4º - A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

§ 5º - A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 6º - A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º - As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º - As sanções restritivas d direito são:

I. Suspensão de registro, licença ou autorização;

II. Cancelamento de registro, licença ou autorização;

III. Perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV. Perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

V. Proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 73 - Os valores arrecadados em pagamentos de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei n.° 7.797, de 10 de julho

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de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto n.° 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.

Art. 74 - A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75 - O valor da multa de que trata este capítulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões d reais)

Art. 76 - O pagamento de multa imposta pelos estados, Municípios, Distrito federal ou territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

CAPÍTULO VII

DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Art. 77 - Resguardados a soberana nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I. Produção de prova;

II. Exame de objetos e lugares;

III. Informações sobre pessoas e coisas;

IV. Presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;

V. Outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

§ 1° - A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.

§ 2° - A solicitação deverá conter:

I. O nome e a qualificação da autoridade solicitante;

II. O objeto e o motivo de sua formulação;

III. A descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;

IV. A especificação da assistência solicitada;

V. A documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

Art. 78 - Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.

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CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 79 - Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 80 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 90 (noventa dias) a contar de sua publicação.

Art. 81 - VETADO

Art. 82 - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177° da Independência e 110° da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Gustavo Krause