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São Paulo, 2017
2ª capa CMYKCMYK
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São Paulo, 2017
2ª capa CMYKCMYK
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OUTLOOK FIESP 2027
Dados Internacionais de Catalogação na PublicaçãoDIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBD/ESALQ/USP
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo Outlook Fiesp 2027: projeções para o agronegócio brasileiro / Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.- São Paulo: FIESP, 2017.
86 p. : il.
ISBN: 978-85-7201-029-0 1. Agronegócio 2. Projeções 3. Economia 4. Fertilizantes 5. Crédito rural 6. Economia Agrícola 7. Área plantada 8. Produção 9. Consumo doméstico 10. Exportação 11. Uso da terra I. Título
CDD 338.13 F293o
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
PresidentePaulo Skaf
DEPARTAMENTO DO AGRONEGÓCIO
Diretor TitularMario Sergio Cutait
DiretoresDivisão de Insumos: Welles Clovis PascoalDivisão de Produtos de Origem Vegetal: Laerte MoraesDivisão de Produtos de Origem Animal: Francisco Sérgio TurraDivisão de Nozes e Castanhas: José Eduardo Mendes de Camargo
GerenteAntonio Carlos P. Costa
Equipe TécnicaAnderson dos SantosFabiana C. FontanaGregory Honczar
CONSULTORIA MB AGRO
DiretorAlexandre Mendonça de BarrosJosé Carlos Hausknecht
Equipe TécnicaAna Laura MenegattiCesar de Castro AlvesEduardo PessinaFrancisco QueirozRenata Marconato
Federação das Indústrias do Estado de São PauloDepartamento do Agronegócio – DEAGRO
Av. Paulista, 1.313, 5º andarCEP: 01311-923 – São Paulo – SP
Projeto Gráfico e Diagramação: Studio MRKRevisão: Hassan AyoubImpressão: Gráfica HRosa fiesp.com.br/outlook
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OUTLOOK FIESP 2027
O cenário brasileiro para 2018 é de retomada mais consistente da economia. O desemprego
deve cair e a taxa básica de juros tende a ficar em patamar historicamente baixo. No curto
prazo, o setor de alimentos estará entre os mais beneficiados pela recuperação do poder
de compra da população, com impacto positivo no consumo de produtos que dependem
mais do mercado interno. É o caso das proteínas animais, como as carnes e os derivados
do leite, e também dos alimentos mais elaborados.
Em prazo mais longo, as reformas estruturais já feitas e as que ainda virão darão
maior eficiência ao Estado e abrirão caminho para implementar políticas públicas
mais eficazes. A agrícola, por exemplo, poderá iniciar sua migração para um modelo
mais robusto. Com novos cortes na taxa básica de juros – e sua permanência em nível
adequado –, o custo do governo para a equalização do crédito rural tenderá a cair, o que
abrirá espaço para finalmente haver um seguro de renda.
Só que, neste cenário, o real tende a ficar mais valorizado em relação ao dólar, o que
deve significar margens apertadas aos produtores, como ocorreu em 2017, exigindo
investimentos cada vez maiores em tecnologia e gestão. Vale ressaltar que são os ganhos
de produtividade que permitirão os aumentos futuros de safra.
Com a economia nos trilhos, teremos condições de avançar, com foco nos debates sobre
a resolução dos grandes problemas e no aprimoramento de segmentos-chave para o
desenvolvimento da nossa sociedade.
O Outlook Fiesp 2027 mostra que o agronegócio brasileiro, responsável em grande parte
pelo início da recuperação econômica em 2017, continuará, certamente, como um dos
protagonistas do Brasil que queremos ser.
CARTA DE APRESENTAÇÃO
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Se o ritmo de crescimento da produção e das exportações será inferior ao dos últimos
dez anos, o desempenho será significativamente superior ao restante do mundo para a
maioria dos produtos analisados, aumentando ainda mais a presença internacional dos
alimentos, fibras e energia produzidos no País.
Dessa maneira, o agronegócio brasileiro terá, ao longo da próxima década, um papel
cada vez mais importante no cenário internacional, contribuindo de forma decisiva para
a garantia da segurança alimentar global.
Boa leitura a todos!
Paulo Skaf
Presidente
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OUTLOOK FIESP 2027
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Resultados das Projeções
1. Considerações sobre as Projeções(Notas Metodológicas)
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2. A Macroeconomia Brasileirae os Desafios para 2018
3. O Cenário Macroeconômico no Brasile seus reflexos no Agronegócio 16
4. Algodão...........................................................................................20
5. Arroz.................................................................................................
.....................................
...........................................
13...........................................................
24
6. Café....................................................................................................28
7. Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol......................................32
8. Celulose...........................................................................................37
9. Feijão.................................................................................................41
10. Milho..................................................................................................44
11. Soja: Grão, Farelo e Óleo.......................................................47
12. Suco de Laranja........................................................................... 51
13. Trigo..................................................................................................55
14. Carne Bovina................................................................................59
15. Carne de Frango e Ovos.........................................................64
16. Carne Suína....................................................................................68
17. Lácteos.............................................................................................72
18. Piscicultura.....................................................................................76
19. Fertilizantes...................................................................................78
20. Uso da Terra..................................................................................82
Í N D I C E
PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
FERTILIZANTES
PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
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Resultados das Projeções
1. Considerações sobre as Projeções(Notas Metodológicas)
10
2. A Macroeconomia Brasileirae os Desafios para 2018
3. O Cenário Macroeconômico no Brasile seus reflexos no Agronegócio 16
4. Algodão...........................................................................................20
5. Arroz.................................................................................................
.....................................
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13...........................................................
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6. Café....................................................................................................28
7. Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol......................................32
8. Celulose...........................................................................................37
9. Feijão.................................................................................................41
10. Milho..................................................................................................44
11. Soja: Grão, Farelo e Óleo.......................................................47
12. Suco de Laranja........................................................................... 51
13. Trigo..................................................................................................55
14. Carne Bovina................................................................................59
15. Carne de Frango e Ovos.........................................................64
16. Carne Suína....................................................................................68
17. Lácteos.............................................................................................72
18. Piscicultura.....................................................................................76
19. Fertilizantes...................................................................................78
20. Uso da Terra..................................................................................82
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OUTLOOK FIESP 2027
Nesta edição do Outlook Fiesp, o cenário foi marcado pela grande variação entre as safras 2015/2016 e 2016/2017. Na primeira,
as baixas produtividades tanto da soja quanto, principalmente, de milho, provocaram escassez no mercado interno. No caso
do milho, os preços explodiram, prejudicando as cadeias das carnes.
Na safra 2016/2017, a oferta foi abundante, fruto das excelentes produtividades em praticamente todas as principais regiões
produtivas do País, que proporcionaram uma safra recorde. Também tivemos boas produtividades em outros países
importantes, como os EUA, o que pressionou para baixo os preços internacionais. Da mesma forma, no açúcar, passamos de
cotações recordes em 2016 para um cenário de preços mais baixos em 2017. A valorização da moeda brasileira em relação
ao dólar também não contribuiu para uma melhor precificação dos produtos agrícolas.
Apesar do risco climático inerente ao setor, projetamos um cenário de menor volatilidade externa nos mercados agrícolas,
após uma estabilização dos preços das commodities em geral. No mercado interno entendemos que, apesar do risco político
devido às incertezas quanto as eleições de 2018, trabalhamos com um cenário de retomada do crescimento econômico.
Nesse sentido, a eventual escolha de um presidente que não dê continuidade às reformas econômicas implementadas
constitui um risco considerável ao cenário macroeconômico, prejudicando a retomada definitiva do crescimento econômico
do País, com consequências para as estimativas aqui apresentadas.
Mesmo com um horizonte previsto de menor volatilidade, com a retomada da política econômica adequada e voltada ao
crescimento sustentado, muitas incertezas continuam presentes e permeiam o universo das projeções, adicionando um
grau maior de dificuldade no exercício aqui desenvolvido de prever o futuro.
As estimativas de crescimento mundial e nacional determinam a demanda pelos produtos agropecuários e as variações
cambiais trazem mudanças na competitividade do setor. Além disso, a crise econômica acaba afetando outras variáveis,
como a disponibilidade de crédito e o endividamento das empresas, com efeitos significativos sobre o agronegócio.
CONSIDERAÇÕESSOBRE AS PROJEÇÕES
(Notas Metodológicas)
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Utilizamos como cenário-base a perspectiva de que o momento mais turbulento da economia já passou e que o ajuste
macroeconômico ocorrido até aqui permitirá uma retomada mais consistente do crescimento a partir de 2018. Consideramos
também que não haverá interrupção abrupta do crescimento mundial e que, apesar da desaceleração dos países emergentes,
a demanda por alimentos seguirá aquecida, mesmo que em taxas inferiores às observadas nos últimos anos.
No mais, o Outlook Fiesp tem o intuito de trazer elementos para discussões acerca dos diversos setores envolvidos com o
agronegócio e, com isso, auxiliar a identificação de gargalos e a elaboração de propostas para o futuro do setor, possibilitando
antever as ações necessárias diante do crescimento esperado.
O modelo, aperfeiçoado ao longo dos últimos anos, estabelece um balanço de oferta e demanda mundial que mantenha
consistência entre as principais economias produtoras e consumidoras de alimentos do mundo. A consistência é avaliada a
partir das relações estoque/uso que devem manter o mercado estabilizado no longo prazo.
O modelo de projeção da produção brasileira, no caso das commodities consideradas, parte de um balanço mundial da
produção e consumo de alimentos, no qual a demanda de cada país é estabelecida a partir das expectativas de aumento da
população e do crescimento da renda per capita, combinados às elasticidades-renda dos alimentos em cada um dos países.
As previsões de renda utilizadas são as divulgadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e da população, pela Organização
das Nações Unidas (ONU). No caso brasileiro, as estimativas de crescimento da economia foram feitas pela MB Associados,
com base em seu modelo macroeconômico de consistência para o País.
Do ponto de vista da oferta, a produção de alimentos é estimada com base na tendência da produtividade e da área disponível
em cada um dos principais produtores. O Brasil é variável-chave para o fechamento do balanço internacional, dado que é
uma das poucas regiões em que ainda é possível obter ganhos de produtividade, aliados ao aumento da área agrícola,
ao contrário, por exemplo, dos EUA, onde a produção só pode crescer a partir de ganhos restritos de produtividade ou de
menor produção de uma determinada commodity em detrimento de outra, pelo remanejamento de uma área produtiva
relativamente fixa.
Obtida a produção brasileira necessária para que a relação estoque/consumo mundial se mantenha em um patamar em que
os preços justifiquem o crescimento da oferta global, as áreas demandadas para alcançar tais produções são estimadas a
partir da curva projetada de produtividade para cada uma das commodities agrícolas em cada uma das regiões brasileiras.
Uma peculiaridade no caso do etanol é que o consumo interno brasileiro é derivado de um modelo de crescimento e
depreciação da frota de veículos em função do PIB, tendo como variável exógena a participação dos veículos Flex Fuel nas
vendas totais.
Para a celulose, a demanda por áreas plantadas com florestas vem dos novos investimentos em fábricas programados pelo
setor, que, no longo prazo, atendam à demanda para exportação e para o mercado interno da celulose produzida no País.
As áreas e as produtividades esperadas são as variáveis de entrada no modelo de demanda de fertilizantes da agricultura
brasileira. Associando essa produtividade com a curva de resposta à adubação, estabelece-se a necessidade de NPK por
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OUTLOOK FIESP 2027
hectare para cada cultura. Multiplicando a área total de cada cultura pela necessidade desse NPK, chega-se ao consumo de
NPK para as lavouras. Adicionando a esse consumo o de fertilizantes para as pastagens, o reflorestamento e a adubação de
base para abertura de novas áreas, totaliza-se a demanda total de NPK para o Brasil até 2027.
A partir dos projetos de investimento no aumento da capacidade instalada de produção de fertilizantes no País, estima-se
a oferta doméstica futura de nutrientes, tendo como pressuposto um nível histórico de utilização da capacidade instalada.
Com a oferta desses nutrientes por região, o balanço entre demanda e oferta é calculado, obtendo-se a necessidade de
importação em 2027.
Como a maior parte dos projetos de novas plantas de fertilizantes está suspensa ou foi postergada, nesta edição optamos
por elaborar apenas um cenário de oferta para o setor. Nesse cenário, consideramos apenas as plantas em processo de
instalação e, com isso, existe um aumento significativo da dependência externa no suprimento da necessidade brasileira de
fertilizantes no horizonte projetado.
Vale ressaltar, como observação para todo este trabalho, que as projeções adotam pressupostos que podem ser modificados
ao longo do período considerado: eventos climáticos mais severos, abertura de novos mercados, modificação de status
sanitário e redução ou aumento do protecionismo internacional são apenas algumas das variáveis que podem afetar as
expectativas para determinado produto.
Em alguns produtos como o arroz, feijão, trigo e leite, a produção é primordialmente direcionada pela demanda do mercado
doméstico, dado que, para estes o País não se configura como grande player no mercado internacional.
Devido à possibilidade de alteração nas estimativas em razão dos fatores de risco inerentes ao setor agrícola ou a mudança
nas expectativas macroeconômicas, a partir desta edição as previsões serão revisadas de forma periódica ao longo do
ano ou caso algum evento mais relevante signifique uma modificação importante das perspectivas para as commodities
analisadas. As atualizações realizadas poderão ser acompanhadas através do endereço: www.fiesp.com.br/outlook.
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
A MACROECONOMIA BRASILEIRAE OS DESAFIOS PARA 2018
São três as perguntas que influenciarão a trajetória da produção agropecuária brasileira na próxima década. A macroeconomia
nacional se encontrará em um ponto de clivagem a partir de 2018? O modelo agrícola brasileiro deverá se alterar nos
próximos anos, em função do modelo macroeconômico que desenhará o desenvolvimento do País? Há uma nova revolução
tecnológica em curso na agricultura? As respostas a essas três perguntas delinearão o futuro da área plantada, da produção
e da produtividade agrícola na próxima década.
É fato que 2018 projeta uma encruzilhada para a economia brasileira. Houve uma mudança expressiva no modelo
macroeconômico adotado pelo País a partir da troca presidencial ocorrida em meados de 2016. A volta do tripé
macroeconômico adotado no início da década passada, ou seja, câmbio flutuante, meta de inflação e equilíbrio fiscal,
alterou a rota da política econômica e dos principais preços da economia.
A aceitação do diagnóstico, pelo governo atual, de que o principal desafio macroeconômico do País é a recuperação das
contas públicas mudou substancialmente o direcionamento das ações por parte do Executivo Federal. A política econômica
transparente adotada tanto pelo Ministério da Fazenda quanto pelo Banco Central estabeleceu novas bases para os
investidores avaliarem o risco do País, embora tenha tornado claro que o tamanho do rombo fiscal exige um grande esforço
para recolocar as contas públicas novamente em uma trajetória de equilíbrio.
Em novembro de 2016, o governo conseguiu aprovar uma lei que limita, para a próxima década, os seus próprios gastos
reais (descontada a inflação) ao que se gastou no ano anterior. Assim, espera-se que, conforme a economia volte a crescer e,
com isso, a arrecadação se recupere, o tamanho do Estado como participação do PIB se reduzirá com o tempo. A sobra de
recursos arrecadados permitirá reduzir progressivamente a dívida pública, que em um curto espaço de tempo saltou de 56%
com relação ao PIB em 2013, para números próximos a 80% em 2017 e 2018.
É certo que a redução das taxas de juro que já se iniciou em 2017 ajudará a recompor a equação fiscal. A taxa básica de juros
em 2016 encontrava-se em 14,25%. Espera-se que no fim de 2017 ela alcance níveis ao redor de 7%, o que representaria
importante elemento para a redução do déficit nominal do governo.
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OUTLOOK FIESP 2027
A queda nas taxas de juro tem o duplo efeito de acelerar a recuperação econômica e, com ela, a arrecadação, ao mesmo
tempo que diminui sobremaneira o pagamento de juros por parte do setor público. Nota-se, nesse ponto, o quão relevante
para a recuperação do equilíbrio fiscal é a continuidade da política econômica no sentido de dar consistência à manutenção
de juros baixos na economia.
No campo fiscal, contudo, há um elemento central que ainda precisa ser corrigido, que é grande o suficiente para
desestabilizar a promissora recuperação fiscal. Já está claro às lideranças do País que é preciso promover uma reforma na
Previdência Social, posto que o crescente déficit oriundo dessa conta torna impossível manter a regra de teto do gasto real
do poder público.
O governo atual propôs rever as regras da Previdência, mas a conturbada situação política impediu que a pauta fosse votada
em 2017. As lideranças legislativas seguem prometendo que o tema será levado a votação até o início de 2018, embora,
provavelmente, fique restrito apenas ao limite da idade mínima para a aposentadoria.
Seja como for, é bom ter presente para os cenários construídos para o Outlook Fiesp, que o divisor de águas que diferencia
os cenários de médio prazo será o resultado da eleição presidencial de 2018 e a agenda a ser seguida pelo presidente eleito.
Caso a pauta seja a continuidade das reformas econômicas, é possível ver um ciclo de recuperação com crescimento do PIB,
juros baixos, inflação contida e progressiva melhora da situação fiscal do País. Caso a agenda retorne aos marcos populistas
anteriores, é provável que o Brasil siga na direção oposta em relação a todos esses indicadores.
Há boa chance de o País entrar em uma década de crescimento econômico, caso a agenda reformista persista. O momento
é raro na história econômica brasileira. A profunda recessão que marcou o período de 2014 a 2016 dá claros sinais de se
encerrar em 2017. As projeções indicam que o PIB deve crescer entre 0,7% e 1% em 2017 e de 3% a 4% em 2018. A taxa de
desemprego segue alta, mas já começou a cair no segundo semestre de 2017 e desenha-se, para 2018, a continuidade dessa
queda.
É interessante notar que a recuperação econômica ocorre em um momento de baixa inflação. As principais fontes que
projetam o indicador sinalizam para porcentuais inferiores a 3% em 2017 e para algo ao redor de 4% em 2018. A queda
dos índices de preços foi muito sustentada pela excepcional safra agrícola colhida em 2017, mas é fato que está em curso a
quebra da inércia inflacionária, que transbordou para o setor de serviços e para os salários.
É matéria bem conhecida a questão da inércia inflacionária em um país em que diversos preços são indexados à inflação
passada. Por ser um preço macroeconômico central, a indexação dos salários tende a manter a espiral preço-salário
relativamente ativa. A alta da inflação é repassada aos salários futuros, o que mantém a demanda em alta e, com ela, a
inflação. A indexação generalizada de preços acaba por exigir da política monetária juros relativamente elevados.
Assim, o momento atual de queda da inflação constitui oportunidade rara para trazer a economia para um equilíbrio de
preços e juros em patamares baixos. Esse equilíbrio pode ser mantido no médio prazo, caso a política econômica siga a
trajetória consistente adotada atualmente.
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Há, ainda, outro elemento raro na história do Brasil, que é o excepcional equilíbrio nas contas externas do País. O ano de
2017 deve marcar um saldo recorde na balança comercial, da ordem de US$ 71 bilhões, forte o suficiente para trazer as
transações correntes para um superávit de cerca de US$ 12 bilhões. O saldo positivo na conta corrente contará ainda com
cerca de US$ 85 bilhões de Investimentos Externos Diretos (IED), o que sinaliza excelente oferta de dólares e a manutenção
da força relativa da moeda brasileira. Vale notar adicionalmente que o nível de reservas externas é da ordem de US$ 380
bilhões, o que configura quadro de muita estabilidade nas contas brasileiras.
O excelente equilíbrio externo permite que o País não repita momentos do passado, nos quais o quadro internacional
acabava por tornar a recuperação econômica limitada. Crises políticas como a atualmente vivida afetavam a moeda, uma
vez que a falta de reservas promovia fortes desvalorizações do real.
A desvalorização da moeda afetava a inflação, o que gerava elevação das taxas de juro e consequente interrupção da
recuperação econômica, que, por sua vez, tende a agravar o quadro político. A instabilidade externa acabava por se traduzir
em instabilidade interna. Eis, pois, que o atual momento de grande equilíbrio externo permite imaginar que, caso o País siga
a trajetória de reformas estruturantes, o crescimento poderá ser duradouro.
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OUTLOOK FIESP 2027
São várias as implicações dos diferentes cenários macroeconômicos para o agronegócio brasileiro, a partir das eleições de
2018. Caso a agenda reformista siga adiante, é possível imaginar um quadro de baixas taxas de juro, relevante recuperação
do poder de consumo interno, decorrente do aumento da renda, da melhora do emprego e de uma moeda relativamente
mais forte. Caso a agenda populista retorne em um novo governo, provavelmente o inverso se dará, como já mencionado:
juros mais elevados, real desvalorizado e menor dinamismo do mercado interno.
Tomando por base o cenário de continuidade das reformas econômicas, é provável que o modelo de política agrícola
brasileiro se altere de maneira relevante. É fato que o principal eixo da política pública para a agricultura, nas duas últimas
décadas, foi o crédito rural. Com o passar do tempo, as políticas de intervenção de preços e a gestão de estoques públicos
de alimentos foram perdendo força, restando a política de crédito rural como eixo central da política agrícola.
Ensaiou-se uma mudança relativa do programa de seguro rural, mas nos últimos quatro anos houve retrocesso em suas
metas. Novamente coube ao crédito a compensação pela redução nas demais políticas. Não há dúvida de que o acesso
ao crédito, a taxas relativamente baixas para os padrões brasileiros, constitui um dos elementos centrais da capacidade da
agricultura brasileira se expandir. Os estudos de crescimento da agricultura atestam que a correlação entre o crédito e a
produção, produtividade e área plantada é muito grande.
Em poucas palavras, o crédito é um fator de produção tão relevante quanto a terra, o fertilizante ou a máquina agrícola.
Dessa maneira, seria impensável a expansão do agronegócio brasileiro sem a política de crédito rural que norteou a política
agrícola nacional.
Não obstante seu papel central em relação ao agronegócio nacional, é fato que, pela primeira vez na história brasileira, a taxa
de juros da economia (Selic) encerrará o ano abaixo da taxa de juros básica de 8,5% adotada pelo Plano Safra de 2017/2018.
O CENÁRIO MACROECONÔMICONO BRASIL E SEUS REFLEXOS
NO AGRONEGÓCIO
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
As discussões em torno da reformulação da política de crédito rural sugerem que a ideia de um maior alinhamento entre
a taxa Selic e os juros do crédito rural pode vir a ocorrer a partir do Plano Safra de 2018/2019, o que reduziria o custo do
governo para equalização das taxas de juro do crédito rural.
O modelo agrícola seria então calibrado na direção de uma maior priorização do seguro rural como política de garantia
de renda ao produtor. Esse novo desenho da política agrícola brasileira somente será possível caso a economia entre no
círculo virtuoso de crescimento econômico, com inflação e juro estruturalmente baixos e progressiva redução do tamanho
do Estado.
Este cenário abre a possibilidade do setor privado potencializar a captação de recursos no mercado a juros livres, por meio
de operações com diferentes papéis do agronegócio. Ressalta-se a importância da manutenção da vantagem tributária
desses papéis, para que o mercado privado de crédito voltado ao agronegócio se consolide.
É importante notar que muitas das empresas e cooperativas do agronegócio não desenvolveram ainda governança para
se apresentar ao mercado, a fim de captar recursos. Dessa forma, as vantagens tributárias são relevantes para preparar o
caminho para a ampliação das captações privadas de crédito.
No curto prazo, o cenário básico tende a favorecer os produtos nos quais o mercado interno tem maior peso no consumo.
A continuidade da agenda reformista tende a manter o real forte, o que segura os preços das commodities em reais nos
patamares atuais. Alguns produtos, cuja participação brasileira no mercado internacional não é grande o suficiente para
influenciar os preços externos, sofrerão as consequências da moeda forte. A soja, o milho e o algodão enquadram-se
nessa categoria.
Outros produtos, contudo, como o açúcar, o café e o suco de laranja não sentirão tanto o efeito da valorização do real,
posto que seus preços internacionais tendem a subir em dólares com o fortalecimento da moeda nacional, dada a alta
participação das exportações brasileiras no mercado mundial. Na verdade, para essas culturas, esse cenário tende a
manter os insumos com preços mais baixos, além de promover a desalavancagem das empresas que detêm dívidas
cotadas em dólares. Nesse sentido, as margens podem melhorar.
O cenário de recuperação do consumo interno, associado a preços relativamente mais baixos de grãos, ajuda a cadeia da
pecuária, especialmente de aves, suínos, leite e ovos. É sempre bom ter presente que o consumo per capita de proteína
animal caiu consideravelmente com a recessão vivida pelo País nos últimos três anos. A queda de quase 10% na renda do
brasileiro teve efeito expressivo sobre o consumo interno de alimentos, principalmente os de maior elasticidade na renda.
Resta, por fim, falar acerca do padrão tecnológico no campo. Já se vai quase uma década, desde quando os preços dos
alimentos inverteram sua tendência secular de queda. Foi no biênio 2007/2008 que os preços agrícolas começaram a subir,
surpreendendo o mundo.
A inflação agrícola passou a ser assunto de destaque em todos os países, em especial naqueles importadores de alimentos.
A história da agricultura mostrou que a resposta da humanidade à escassez foi criar formas de combinar insumos para elevar
a produtividade agrícola. Não está sendo diferente no choque atual.
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OUTLOOK FIESP 2027
A inteligência humana tem trabalhado no sentido de desenvolver sementes mais produtivas, resistentes às pragas ou mais
tolerantes à seca. Diversas empresas de fertilizantes ampliaram seus investimentos em maior capacidade produtiva e em
produtos com menores perdas, que combinam nutrientes no grão, com nanotecnologia etc.
As máquinas agrícolas passaram a embarcar informações georreferenciadas que, combinadas ao sensoriamento remoto,
permitem uma gestão aprimorada do sistema produtivo. A revolução na tecnologia da informação chega ao campo. O uso
de “big data” para análise e predição de sistemas agropecuários permitirá novo impulso da produtividade. O amálgama de
todas essas novas tecnologias resultará em expressivos ganhos de produtividade.
As excelentes safras colhidas no Brasil e no mundo nos últimos anos seriam resultado do clima perfeito, das novas tecnologias
ou de ambos os fatores? Provavelmente, de ambos, mas é cedo para responder. Entretanto, não há dúvida de que está em
curso uma nova revolução agrícola, que afetará as estimativas de produtividade da próxima década.
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
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OUTLOOK FIESP 2027
ALGODÃO
A safra 2016/2017 marcou uma redução da área de algodão no Brasil, em comparação ao período anterior, como reflexo de
dois fatores principais: a retração dos preços no mercado mundial e a menor disponibilidade de crédito no País.
A retração nas cotações foi resultado da mudança da estratégia da China para o produto, que na safra 2015/2016 reduziu pela
primeira vez os seus estoques expressivamente, que vinham sendo acumulados de forma agressiva desde a safra 2011/2012.
Essa modificação foi acompanhada por quedas nas importações e na produção daquele país, o que levou o preço da fibra a
alcançar níveis muito baixos em 2016.
Quanto ao crédito, a crise econômica impactou diretamente a disponibilidade e a tomada de recursos pelos produtores.
Como o custo de produção do hectare de algodão é significativamente maior comparado a outras culturas, como milho e
soja, e a redução da tecnologia empregada no cultivo não é possível, é comum ocorrer a retração da área plantada em anos
de escassez de crédito.
Porém, vale destacar uma dicotomia no comportamento de área entre as diferentes regiões produtoras. Nos últimos anos,
o MAPITOBA1 teve consecutivas quebras de safra, devido ao clima. A seca impactou gravemente a produção e a economia
agrícola local. Como consequência, tanto o produtor de algodão quanto o das demais culturas tiveram seu endividamento
elevado, o que dificultou a obtenção de financiamento. Logo, a menor disponibilidade de crédito foi agravada pela situação
da região. Por outro lado, no Centro-Oeste, houve um pequeno incremento de área que compensou parte da redução do
Nordeste.
De qualquer forma, o clima na safra 2016/2017 foi quase perfeito e proporcionou produtividades muito elevadas, além de
beneficiar a qualidade da fibra. Essa situação, aliada a uma maior firmeza dos preços no mercado mundial, propiciou ótimos
resultados para os produtores, o que foi especialmente importante para o MAPITOBA, pois foram melhoradas suas condições
financeiras em contraponto aos últimos anos.
Para a safra 2017/2018, teremos um cenário diferente em relação ao ciclo anterior: é esperado um aumento da área semeada
e da produção tanto no Brasil quanto no mundo, pois os preços no mercado internacional ofereceram boas oportunidades de
1 MAPITOBA: Região que inclui partes dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
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PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
travamento antecipado. Outro fator que favorece a recuperação nacional de área plantada é a redução do custo de produção,
especialmente dos fertilizantes e defensivos.
Esse cenário de incremento da oferta global, de cerca de 13% segundo o USDA, versus uma expectativa de crescimento do
consumo de apenas 4%, apontaria naturalmente para uma tendência de redução dos preços internacionais, até porque não é
esperada uma pressão compradora na China para 2018, que dará seguimento à forte utilização de seus estoques.
Por outro lado, a recuperação das cotações do petróleo, que encarece a produção de fibras sintéticas, ao mesmo tempo
favorece a aquisição de fibras naturais, o que deverá manter os preços equilibrados e próximos à média de 2017.
Apesar de a perspectiva para 2018 ser de clima favorável para todo o Brasil e de não haver quebras previstas para o MAPITOBA,
é esperado um crescimento maior no Centro-Oeste do que nas regiões Norte e Nordeste. Esse descompasso de área entre as
regiões ainda deve se manter no horizonte das projeções e a recuperação do cultivo seguirá uma dinâmica mais lenta nos
estados mais afetados pela seca recente.
21
-
OUTLOOK FIESP 2027
Variação entre 2016/17 a 2026/27
Produção, Área e Produtividade Brasileira do Algodão
Consumo Doméstico e Exportação Líquida de Algodão
Consumo doméstico
26%
Exportação líquida
60%
Participação Regional na Produção de Algodão
Nota:* A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento. Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
Produção
46%
Área Plantada
38%
Produtividade
6% Pro
duçã
o (1
000
t) e
Área
(100
0 ha
)10
00 t
Prod
utiv
idad
e (k
g/ha
)
Produção Área Produtividade
-
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
2016/17 2026/27
Consumo doméstico Exportação líquida
2026/27Produção Total: 2,2 Milhões de Toneladas
2016/17Produção Total: 1,5 Milhão de Toneladas
Participação*:
Norte 0%
Nordeste 26%
Sudeste 2%
Sul 0%
Centro-Oeste 72%
Participação*:
Norte 1%
Nordeste 29%
Sudeste 2%
Sul 0%
Centro-Oeste 69%
1.560
1.600
1.640
1.680
1.720
1.760
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
2016/17 2026/27
22
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
1,3 MILHÃOde toneladas líquidas exportadas
em 2026/2027*
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2016/2017 e 2026/2027 - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
demanda doméstica
0,7milhão de t
2016/17
0,9milhão de t
2026/27
6%será o crescimento da produtividade (t/ha)
1,61,7
2016/20172026/2027
produção por região
de hectares plantados1,3 MILHÃO
crescimento de 38% em relação à safra 2016/2017
crescimento de 26%
crescimento de 60% em relação à safra 2016/2017
ALGODÃO(PLUMA)
Crescimento (de 2016/17 a 2026/27)Participação em 2026/27**Sul
0%0%
Norte
132%1%
Centro-Oeste
38%69%
Sudeste
31%2%
Nordeste
67%29%
de toneladas produzidas2,2 MILHÕES
crescimento 46% em relação à safra 2016/2017
23
-
OUTLOOK FIESP 2027
Depois de uma safra problemática, devido ao excesso de chuvas causado pelo fenômeno El Niño, a temporada 2016/2017
trouxe uma das melhores produtividades já vistas nas lavouras brasileiras de arroz, recuperando a produção e garantindo
suprimento tanto para o consumo interno quanto para a exportação.
Com a retomada da oferta, os preços no mercado interno recuaram para patamares históricos, indicando que a eficiência dos
produtores será decisiva para assegurar que o plantio da safra 2017/2018 tenha uma rentabilidade adequada.
Por ser um produto cujas características de consumo se diferenciam em cada mercado, o comércio internacional do grão
fica restrito a países com hábitos de consumo semelhantes. O arroz consumido no Brasil é similar ao produzido no Paraguai,
Uruguai e Argentina. Portanto, as importações brasileiras são originárias desses parceiros comerciais.
Nos últimos anos, observamos o aumento das exportações brasileiras e o País se tornar um exportador líquido em algumas
safras. Este tem sido um fator importante para o equilíbrio do mercado interno, mesmo em períodos de menor competiti-
vidade do grão. Embora os países importadores do produto nacional sejam, em sua maioria, de baixa renda, é de elevada
importância a consolidação desse movimento para a continuidade do crescimento da produção doméstica. Nesse sentido,
é fundamental o empenho do setor em efetivar a abertura de novos mercados, para que as exportações se mantenham em
patamares elevados.
Dada a vasta extensão territorial do Brasil e os diferentes tipos de solo e clima, a possibilidade de produção de arroz sob dis-
tintos sistemas de cultivo é uma realidade. Nas áreas em que é possível o alagamento, dá-se o cultivo irrigado, enquanto nas
demais o plantio é de sequeiro ou de terras altas.
O sistema irrigado, característico da Região Sul do País, possui elevados rendimentos e um alto grau de especialização, o
que favorece a continuidade e a concentração da produção brasileira ao longo dos anos. Isso possibilitou um foco bastante
específico para a cultura naquela região, com investimentos em pesquisas para o desenvolvimento genético e tecnologias de
manejo, por exemplo, tornando esses locais cada vez mais competitivos. Nesse sentido, no horizonte das projeções, o Sul do
País continua sendo responsável por atender a maior parte do consumo nacional.
ARROZ
5
24
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Já as demais regiões produtoras utilizam o cultivo de sequeiro, atendendo alguns mercados específicos. Nesse sistema, a tec-
nologia empregada é menor, o que acaba por refletir em níveis reduzidos de produtividade, seja porque o plantio desse arroz,
em sua maioria, é utilizado como opção de redução de custo na formação de pastagens, seja porque a produção é voltada
para a subsistência.
Vale destacar que há polos produtivos nas regiões Centro-Oeste e Norte, com produtores tecnificados que obtêm melhores
produtividades, sendo esse potencial de ampliação da oferta reforçado nas projeções. Porém, no Cerrado, o cultivo de arroz
de sequeiro compete com a soja e o milho, o que dificulta o crescimento do volume produzido.
Para a próxima safra projetamos uma redução da produtividade média da cultura, o que levará à diminuição da produção. No
entanto, o mercado deve continuar abastecido. Por outro lado, as últimas revisões climáticas apontam para uma maior pos-
sibilidade de ocorrência de La Niña, o que seria benéfico para a cultura na Região Sul e poderia surpreender com a elevação
da produção total do País.
25
-
OUTLOOK FIESP 2027
Variação entre 2016/17 a 2026/27
Nota:* A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento. Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
Produção, Área e Produtividade Brasileira do Arroz
Consumo Doméstico e Exportação Líquida de Arroz
Consumo doméstico Exportação líquida
Produção
12%
Área Plantada
-4%
Produtividade
16%
Participação Regional na Produção de Arroz
Consumo doméstico
7%
De importadorpara exportador
1,5 milhãode toneladas
líquidas
Prod
utiv
idad
e (K
g/ha
)
Produção Área Produtividade
Prod
ução
(100
0 t)
e Ár
ea (1
000
ha)
1000
t
2016/17 2026/27
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
-2.000
-
2026/27Produção Total: 13,8 Milhões de Toneladas
2016/17Produção Total: 12,3 Milhões de Toneladas
Participação*:
Norte 9%
Nordeste 4%
Sudeste 0%
Sul 81%
Centro-Oeste 6%
Participação*:
Norte 8%
Nordeste 2%
Sudeste 0%
Sul 83%
Centro-Oeste 6%
5.500
5.750
6.000
6.250
6.500
6.750
7.000
7.250
-
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
2016/17 2026/27
26
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
16%
em 2026/2027*
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2016/2017 e 2026/2027 - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
será o crescimento da produtividade (t/ha)
6,27,2
2016/20172026/2027
produção por região
demanda doméstica
12,3milhões de t
11,5milhões de t
(Safra 2016/17) (Safra 2026/27)
crescimento de 7%
ARROZ
de 200 MILtoneladas líquidas importadas
em 2016/17
para 1,5 MILHÃOde toneladas líquidas exportadas
em 2026/27
consumo per capita(kg/hab/ano)
54,9(Safra 2016/17)
55,2(Safra 2026/27)
Sul
14%83%
Norte
-2%8%
20%6%
Centro-Oeste
Sudeste
-10%0%
Nordeste
Crescimento (de 2016/17 a 2026/27)Participação em 2026/27**
-25%2%
redução de -4% em relação à safra 2016/2017
de hectares plantados1,9 MILHÃO
crescimento de 12% em relação à safra 2016/2017
de toneladas produzidas13,8 MILHÕES
estável
27
-
OUTLOOK FIESP 2027
CAFÉ
Em 2017, segundo dados do segundo levantamento da Conab, o Brasil deve registrar uma safra de café em torno de 11%
menor em relação à anterior, que marcou recorde histórico de produção (56,1 milhões de sacas segundo o USDA, ou 51,4
milhões de sacas pelos dados da Conab). Essa queda se deve à característica bienal1 da produção dos cafés arábicos, que
influencia de forma relevante o total produzido, uma vez que essa variedade representa perto de 75% da oferta nacional.
Por outro lado, a produção de conilon foi maior que a do ciclo anterior.
Ainda que o Espírito Santo, o principal estado produtor, não tenha se recuperado totalmente da seca de 2015, que trouxe
consequências gravíssimas no ano sequente para as indústrias de solúvel, torrado e moído, a produção total dessa variedade
cresceu 27% no Brasil em 2017, ainda de acordo com os dados preliminares da Conab. As boas safras em Rondônia e na Bahia,
o clima em geral positivo ao longo de 2016 e 2017, além dos preços relativos elevados quando comparados aos do arábica,
contribuíram para essa recuperação.
Mesmo com a entrada de uma safra menor em 2017, a produção recorde de 2016, associada à ausência de problemas em
outros países produtores, restringiu uma eventual alta de preços do café no começo do ano, ainda que parte dos produtores
tenha retido as vendas, o que reduziu a quantidade exportada nesse período.
Porém, essa estratégia adotada pelos produtores não surtiu efeito em termos de preços, uma vez que, se as exportações
brasileiras evoluíram apenas 1,2% entre outubro de 2016 e junho de 2017, as vendas globais avançaram 5,6% nesse mesmo
período, o que manteve o equilíbrio dos estoques nos países consumidores e ajudou a limitar uma reação mais duradoura
nas cotações.
Em resumo, quanto às perspectivas de curto prazo: 1) as menores exportações brasileiras deixaram um estoque de passagem
elevado, que deve favorecer o fluxo das vendas externas; 2) a menor safra brasileira de 2017 terá o contraponto das boas
expectativas de produção nos países concorrentes, como Vietnã, Colômbia e Indonésia, o que mantém um panorama
equilibrado do ponto de vista do abastecimento; 3) caso o clima seja positivo para os cafezais brasileiros nos próximos meses,
1 O ciclo bienal ou bienalidade é a alternância de safras com alta e baixa produtividade, uma característica fisiológica do café arábica, que resulta em uma variação do market share do Brasil no comércio internacional de um ano para o outro.
6
28
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
o País poderá colher novamente uma safra recorde em 2018. Há chances razoáveis de que, além da natural recuperação da
produção de café arábica, a produção de conilon do Espírito Santo também seja bem melhor, fortalecendo a oferta nacional.
Não obstante, uma preocupação recente na cafeicultura brasileira, ainda pouco quantificada, mas que pode vir a se tornar um
problema mais relevante, é o crescimento da incidência de broca nas lavouras, o que deprecia o produto e reduz o rendimento.
O alto custo e a dificuldade de controle dessa praga por parte dos cafeicultores cresceram significativamente nos últimos dois
anos, após o principal inseticida utilizado para esse fim ter sido banido. Esse problema pode se tornar ainda maior, caso os
produtores não se mantenham vigilantes com os níveis de infestação ou descuidem da limpeza dos cafezais após a colheita,
pois os grãos que caem no chão durante a colheita e não são recolhidos, servem de alojamento para a broca, atingindo a
lavoura no ano seguinte.
29
-
OUTLOOK FIESP 2027
Produção, Área e Produtividade Brasileira do Café
Variação entre 2017/18 a 2027/28
** Produtividade baseada na área em produção.Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: * A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
Produção Área Produtividade**
Produção
Área Plantada
-8%
Produtividade
36%
27%Pr
oduç
ão (1
000
saca
s) e
Ár
ea P
lant
ada
(100
0 ha
)
Prod
utiv
idad
e (s
cs/h
a)**
Consumo doméstico
Exportação líquida
28%
26%
Consumo Doméstico e Exportação Líquida de Café
Consumo doméstico Exportação líquida
1000
saca
s
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
-2017/18 2027/28
Participação Regional na Produção de Café2027/28
Produção Total: 56,9 Milhões de Sacas2017/18
Produção Total: 44,8 Milhões de Sacas
Participação*:
Norte 3%
Nordeste 4%
Sudeste 90%
Sul 2%
Centro-Oeste 1%
Participação*:
Norte 3%
Nordeste 3%
Sudeste 92%
Sul 1%
Centro-Oeste 1%
8.00
12.00
16.00
20.00
24.00
28.00
32.00
-
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
2017/18 2027/28
2.000
30
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
em 2027/2028*CAFÉ
Notas: *Comparativo entre as safras 2017/2018 e 2027/2028 - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
demanda doméstica
20,7milhões de sacas(Safra 2017/18)
26,1milhões de sacas(Safra 2027/28)
36%será o crescimento da produtividade*** (sacas/ha)
24,032,8
2017/20182027/2028
produção por região
queda de -8% em relação à safra 2017/2018
crescimento de 26%
39,1 MILHÕESde sacas exportadas
crescimento de 28% em relação à safra 2017/2018
crescimento de 19%
consumo per capita(kg/hab/ano)
5,9(Safra 2017/18)
7,0(Safra 2027/28)
Crescimento (de 2017/18 a 2027/28)Participação em 2027/28**
Sul
-10%1%
-3%1%
Norte
13%3%
Centro-Oeste
Sudeste
30%92%
Nordeste
8%3%
crescimento de 27% em relação à safra 2017/2018
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO*** Produtividade baseada na área em produção.
de hectares plantados2,0 MILHÕES
de sacas produzidas56,9 MILHÕES
31
-
OUTLOOK FIESP 2027
CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL
Depois de cinco anos consecutivos de superávit, o déficit registrado na safra global 2015/2016, encerrada em setembro de
2016, elevou os ânimos no setor. A frustração da safra de cana-de-açúcar no Brasil, combinada a uma moagem mais voltada
ao etanol, por conta das alterações tributárias em vários estados do País, e o recuo na produção dos principais produtores
de açúcar do mercado – principalmente a Índia e a União Europeia, levaram os estoques de açúcar a patamares baixos o
suficiente para sustentar um preço médio no ano acima dos 20 centavos de dólar por libra-peso.
Em outubro de 2016, o contrato de açúcar número 11 em Nova York alcançou seu maior valor no ano, 23,8 centavos de dólar
por libra-peso. A perspectiva de uma nova quebra de safra na Índia, o segundo maior produtor mundial, mantinha até então
as expectativas de um novo déficit global na safra 2016/2017. Além disso, o câmbio mais desvalorizado contribuiu para que os
preços do açúcar no mercado doméstico fossem recordes.
Nos meses que se seguiram, as projeções de crescimento para a produção de diversas regiões, como União Europeia, Tailândia
e China, além do Brasil, começaram a corroer as expectativas de déficit da safra 2016/2017. No caso brasileiro, mesmo com
uma colheita de cana menor, a moagem foi direcionada ao açúcar, elevando sua produção sobre a temporada anterior.
As vendas do etanol hidratado perderam o fôlego do ano anterior, ao mesmo tempo que a apreciação do real em relação ao
dólar abriu uma janela para as importações de etanol de milho dos EUA, principalmente para abastecer a Região Nordeste do
País, levando à queda nos preços do etanol no fim de 2016 e início de 2017, em plena entressafra do produto.
Em setembro de 2017, as projeções já apontavam para um novo superávit entre a oferta e a demanda de açúcar para a safra
mundial 2017/2018, iniciada em outubro. O plantio de beterraba na União Europeia apresentou forte crescimento, assim como
na Rússia. China, Índia e Tailândia, por sua vez, apontam para aumentos significativos na safra de açúcar. O preço do contrato
do produto em NY, neste momento, fechou em 14,3 centavos de dólar por libra-peso. A valorização da moeda brasileira fez
com que os preços em reais caíssem ainda mais: comparando os preços em outubro de 2016 com agosto de 2017, houve uma
redução de 40% nas cotações.
Apesar dessa volatilidade apresentada nos últimos dois anos, o mercado internacional do açúcar dá pistas de continuar
sendo, no prazo contemplado pelo Outlook Fiesp, promissor para o Brasil.
7
32
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
O País, como benchmarking no que se refere aos custos de produção do açúcar bruto, possui um fôlego adicional na
comparação com o da maioria dos demais produtores. A União Europeia não terá estímulo para continuar expandindo sua
produção de beterraba em 2018 com o nível atual de preços, mesmo com o fim da política de cotas de produção da região a
partir de setembro de 2017. Muitos países estão implementando políticas de uso de combustíveis renováveis, que direcionarão
à produção de matérias-primas para os biocombustíveis.
Com isso, a esperada melhora na economia brasileira para os próximos anos deve levar a uma retomada da demanda de
etanol pela frota nacional, que tende a se tornar cada vez mais Flex. A nova política de reajustes de preços da Petrobras, ainda
que promova uma maior volatilidade, permite balizar os preços dos combustíveis no mercado interno aos internacionais,
dando mais transparência ao mercado. Por fim, planos de incentivo ao benefício ambiental dos biocombustíveis, como o
Renovabio, abrem perspectivas bastante positivas para esses mercados.
Os problemas estruturais do setor ainda não foram solucionados. Muitas empresas estão em estado crítico e levará tempo
para que o segmento se ajuste. No entanto, começamos a ver o tão esperado movimento de consolidação, com as indústrias
mais capitalizadas adquirindo ativos e expandindo suas produções, o que permite vislumbrar um crescimento da moagem
nos próximos anos. Nesse sentido, no período projetado, o Brasil se manterá como maior fornecedor de açúcar do mundo.
Apesar disso, a demanda de biocombustíveis será o principal vetor de crescimento da produção no setor.
33
-
OUTLOOK FIESP 2027
Variação entre 2017/18 a 2027/28
Produção
27%
Área Plantada
10%
Produtividade
15%
Produção, Área e Produtividade Brasileira da Cana-de-Açúcar
Consumo doméstico
6%
Exportação líquida
30%
Consumo Doméstico e Exportação Líquida de Açúcar
2027/28Mix
44%Etanol
Açúcar
56%
Destino da Cana-de-Açúcar Produzida no Brasil
Produção Área Produtividade
2017/18 2027/28
Prod
ução
(100
0 t)
e Ár
ea (1
000
ha)
Prod
utiv
idad
e (t/
ha)
900.000 86
84
82
80
78
76
74
72
70
68
800.000
700.000
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
-8.000
Cana para açúcar Cana para etanol
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2017/18 2027/28
%
Consumo doméstico Exportação líquida
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
2017/18 2027/28
1.00
0 t
34
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Evolução da Frota Brasileira de Veículos
Participação Regional na Produção de Cana-de-Açúcar2027/28
Produção Total: 819,9 Milhões de Toneladas2017/18
Produção Total: 646,3 Milhões de Toneladas
Participação*:
Norte 1%
Nordeste 7%
Sudeste 65%
Sul 6%
Centro-Oeste 21%
Participação*:
Norte 1%
Nordeste 7%
Sudeste 62%
Sul 6%
Centro-Oeste 24%
ConsumoEtanol Hidratado
64%
ConsumoEtanol Anidro
17%
Consumo Doméstico de Etanol Anidro e Hidratado
Hidratado Anidro
Variação entre 2017/18 a 2027/28
Frota Total % Frota Flex com Hidratado
Nota:* A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento. Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
2017/18 2027/28
1.00
0.00
0 de
litr
os
-
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
2017/18
1000
uni
dade
s
2027/28
24% 26%
35
-
OUTLOOK FIESP 2027
em 2027/2028*
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2017/2018 e 2027/2028 - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL
Área Plantada(hectares)
Produtividade(t/ha)
crescimento de 10%
crescimento de 15%
Mix de produção
Produção(t)
crescimento de 23%
crescimento de 30%
Exportaçãolíquida (t)
crescimento de 6%
Demandadoméstica (t)
Açú
car
Eta
no
l
Crescimento
(de 2017/2018 a 2027/2028)
Participação em 2027/28**Sudeste
21%62%
Nordeste
26%7%
Sul
29%6%
Centro-Oeste
44%24%
Norte
30%1%
Produção(litros)
crescimentode 41%
Exportaçãolíquida (l)
crescimentode 269%
Demandadoméstica (l)
crescimentode 41% 26% flex hidratado
frota brasileira de veículos leves
produção decana-de-açúcar por região
Can
a-d
e-A
çú
car
46,9 mi 35,9 mi 10,9 mi
45,6 miunidades
(2027/28)
9,7 mi
36,8 bi 1,0 bi 35,8 bi
Produção(toneladas)
crescimento de 27%
819,9 mi 85Açúcar
Etanol
Açúcar
Etanol
48% 52%
2017/18
2027/28
44% 56%
36
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Apesar da forte crise econômica enfrentada pelo Brasil em 2016, o setor florestal apresentou números gerais positivos.
A produção total1 de celulose no País bateu recorde naquele mesmo ano, com 18,8 milhões de toneladas, crescimento de
8,1%, ultrapassando o Canadá e a China e alcançando a segunda posição no ranking dos maiores produtores mundiais. Nesse
período, as exportações do produto também foram recordes, aumentando 11,9% e atingindo 12,9 milhões de toneladas.
No primeiro semestre do ano de 2017 houve elevação nos preços de referência da celulose em torno de US$ 200 por tonela-
da na Europa, US$ 210 na América do Norte e US$ 150 na Ásia, o que significou pelo menos 25% de valorização no período.
Do lado da demanda, esses três mercados têm ampliado as compras, liderados pela China, que nos primeiros seis meses
do ano consumiu 9,6% a mais de fibra curta, ou 7 milhões de toneladas adicionais.
Quanto à oferta, a fábrica da Ásia Pulp and Paper na Indonésia, com capacidade de produção anual equivalente a 2,8 milhões
de toneladas de celulose, ainda não opera em ritmo pleno. No Brasil, a Fibria iniciou a operação de sua nova planta industrial,
denominada Horizonte 2, em Três Lagoas (MS), no fim do mês de agosto de 2017, que processará 1,95 milhão de toneladas
de celulose por ano, o que, somado à primeira, eleva a capacidade da unidade do município para 3,25 milhões de toneladas
de celulose anuais.
Ainda no Brasil, a J&F anunciou a venda da Eldorado Celulose e Papel para a holandesa Paper Excellence. A mudança, se
concretizada, pode viabilizar a conclusão da segunda unidade da empresa, localizada em Três Lagoas (MS), que deverá somar
2 milhões de toneladas de celulose por ano ao volume atual, de 1,7 milhão de toneladas. Entretanto, as obras estão paradas
desde abril.
Está prevista também a entrada em operação, em 2018, de uma nova fábrica da Metsa na Finlândia, com capacidade de 500
mil toneladas de celulose por ano.
Espera-se que a demanda nos mercados europeu e asiático continue aquecida. Porém, uma eventual desaceleração da China
pode afetar o preço da celulose, evitando que ela alcance patamares mais elevados no mercado internacional. Além disso, há
CELULOSE
1 Uma importante diferença do Brasil para os demais concorrentes é que sua produção é em sua maioria de celulose de fibra curta, ideal para a produção de papéis de imprimir, escrever, fins sanitários e para finalidades especiais.
8
37
-
OUTLOOK FIESP 2027
expectativa de correção dos preços internacionais em razão do aumento da oferta de celulose, que surgirá à medida que as
novas fábricas entrem em produção e atinjam plena capacidade.
No longo prazo, o Brasil deve continuar ampliando sua participação no mundo, seja para atender à expansão da demanda,
seja para ocupar a lacuna deixada por empresas menos competitivas, que devem abandonar esse mercado no horizonte
projetado, potencializando o crescimento das exportações de celulose do País.
38
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Área com Florestas Plantadas para a Produção de Celulose no Brasil
Oferta e Demanda de Celulose no Brasil
Consumo doméstico
Exportação líquida
63%
24%
Produção
44%
Participação Regional na Área Plantada com Eucalipto para a Produção de Celulose
2027Total: 2,9 Milhões de Hectares
2016Total: 2,6 Milhões de Hectares
Participação*:
Norte 6%
Nordeste 25%
Sudeste 27%
Sul 22%
Centro-Oeste 20%
Participação*:
Norte 11%
Nordeste 23%
Sudeste 23%
Sul 18%
Centro-Oeste 26%
Variação entre 2016 a 2027
Nota:* A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento. Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
Área
Pla
ntad
a (1
000
ha)
1000
tÁrea Plantada
12%
Produção Exportação líquida Consumo doméstico
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
2016 2027
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
2016 2027
39
-
OUTLOOK FIESP 2027
Crescimento (de 2016 a 2027)Participação em 2027**
de hectares plantados com eucalipto2,9 MILHÕES
de toneladas produzidas de celulose27,1 MILHÕES
20,4 MILHÕESde toneladas
líquidas exportadas
em 2027*
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2016 e 2027 - Projeção de 11 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
demanda doméstica
3,3milhões de t
2016
4,1milhões de t
2027
área plantada para produção de celulose
crescimento de 12% em relação à safra 2016
crescimento de 44% em relação à safra 2016
crescimento de 24%
crescimento de 63% em relação à 2016
Sul
-7%18%
Norte
92%11%
Centro-Oeste
44%26%
Sudeste
-6%23%
Nordeste
2%23%
CELULOSE
40
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
O ano de 2016 marcou uma safra de preços excepcionais para o feijão, em virtude da baixa oferta do produto no mercado
interno. Como algumas culturas concorrentes por área, como a soja e o milho, apresentaram melhor rentabilidade, acabaram
provocando a redução da área cultivada com o grão. Além disso, o clima desfavorável acarretou perdas de produtividade em
importantes regiões produtoras.
O consumo interno, mesmo em períodos de quebra de safra e aumento de preços, é bastante estável, o que torna difícil o
ajuste do mercado em momentos de baixa oferta do produto, causando elevação significativa dos preços. Embora tenha
ocorrido um aumento das importações, o produto trazido de fora acaba sendo principalmente o feijão-preto, que é bastante
semelhante ao produzido no Brasil. Já a situação das outras variedades, das quais quase não há a produção em outros países,
ficou ainda mais crítica e o seu suprimento por meio de importações é inviável.
Em 2017, os produtores responderam aos estímulos de preço elevando a área de cultivo. Como o clima colaborou com a
produtividade, o que se viu foi um aumento expressivo da oferta e a consequente redução dos preços. Para a safra 2017/2018,
considerando-se a expectativa de clima favorável ao bom desenvolvimento da cultura, estima-se uma produção dentro da
normalidade, com área plantada adequada à demanda pelo produto.
Para o médio e longo prazo, projetamos uma redução da área cultivada, devendo o crescimento da produtividade ser o principal
responsável pela manutenção da oferta necessária ao atendimento da demanda nacional. Já o comércio internacional deve
seguir baixo no período projetado, em razão da escassez de oferta das variedades consumidas nos diferentes países.
Para que se tenha uma mudança no mercado internacional do produto, teria de haver uma expansão da produção de
variedades com a finalidade específica de suprir o mercado externo. Portanto, para que se tenha o aumento da exportação,
seria necessária uma ação coordenada entre a produção e a comercialização do feijão, para atender ao padrão de consumo
dos mercados de destino, uma vez que atributos como cor, sabor, textura e outras características do feijão são muito específicas
para cada mercado e expandir a exportação é um desafio.
Além do mais, a perecibilidade do produto é alta, o que dificulta sua estocagem. Dadas essas especificidades do produto, não
consideramos essas alterações no mercado no horizonte das projeções.
FEIJÃO
9
41
-
OUTLOOK FIESP 2027
Produção, Área e Produtividade Brasileira de Feijão
Consumo Doméstico e Importação Líquida de Feijão
Consumo doméstico Importação líquida
Participação Regional na Produção de Feijão
2026/27Produção Total: 3,7 Milhões de Toneladas
2016/17Produção Total: 3,4 Milhões de Toneladas
Participação**:
Norte 4%
Nordeste 20%
Sudeste 24%
Sul 28%
Centro-Oeste 25%
Participação**:
Norte 3%
Nordeste 17%
Sudeste 24%
Sul 27%
Centro-Oeste 29%
Variação entre 2016/17 a 2026/27*
Notas: * Valores referentes as 3 safras do feijão.** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
Produção
10%
Área Plantada
Produtividade
8%
1%Pr
oduç
ão (1
000
t) e
Área
(100
0 ha
)
Prod
utiv
idad
e (k
g/ha
)
Consumo doméstico6%
Importação Líquida-33%
Produção Área Plantada Produtividade
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
2016/17 2026/27
1000
t
1.000
1.020
1.040
1.060
1.080
1.100
1.120
1.140
1.160
1.180
2.900
3.000
3.100
3.200
3.300
3.400
3.500
3.600
3.700
3.800
2016/17 2026/27
42
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
em 2026/2027*FEIJÃO
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2016/2017 e 2026/2027. Valores referentes as 3 safras. - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
participaçãono total produzido
36%2ª safra
38%1ª safra
26%3ª safra
8%será o crescimento da produtividade (t/ha)
1,11,2
2016/20172026/2027
produção por regiãodemanda doméstica
3,6milhões de t
(Safra 2026/27)
3,4milhões de t
(Safra 2016/17)
crescimento de 6%
Crescimento (de 2016/17 a 2026/27)Participação em 2026/27**Sul
Norte
-7%3%
Centro-Oeste
28%29%
7%27%
Sudeste
9%24%
Nordeste
-5%17%
consumo per capita(kg/hab/ano)
16,0(Safra 2016/17)
16,0(Safra 2026/27)
de toneladas produzidas3,7 MILHÕES
crescimento de 10% em relação à safra 2016/2017
de hectares plantados3,2 MILHÕES
crescimento de 1% em relação à safra 2016/2017
estável
na Safra 2026/27
43
-
OUTLOOK FIESP 2027
MILHO
Após 2016 ter marcado um período bastante conturbado na oferta de milho no Brasil, devido à seca que reduziu drasticamen-
te a produção, o ano de 2017 destacou-se por uma safra recorde, que superou todas as expectativas. A despeito da elevação
de área tanto na primeira como na segunda safra, o que por si só já tenderia a gerar uma oferta maior, a produtividade atingida
pela lavoura deu um salto significativo. Além do clima muito favorável, a tecnologia empregada no cultivo foi essencial para o
comportamento apresentado. O resultado foi um ano de farta disponibilidade no mercado interno, principalmente depois da
colheita da segunda safra, o que provocou forte queda de preços à medida que o produto entrava no mercado.
A partir do último trimestre de 2016, verificamos a cotação do milho caminhar de patamares historicamente elevados para a
paridade de exportação no segundo semestre de 2017. Nesse período, foi importante a atuação do Ministério da Agricultura,
que promoveu leilões para facilitar o escoamento da produção, principalmente em locais com logística mais cara, que impac-
ta diretamente o preço do produto e prejudica significativamente a rentabilidade do produtor.
Dessa forma, especialmente o Centro-Oeste recebeu apoio para distribuir a farta produção local. A colheita da segunda safra
amplificou sobremaneira a oferta interna, ressaltando as dificuldades logísticas, assim como a baixa capacidade de arma-
zenagem do País, que recorreu a silos bolsa e também a estoques a céu aberto em locais de clima mais seco. A situação foi
agravada pelo ritmo mais lento de comercialização da soja ao longo do ano, em razão dos baixos preços do produto e da
expectativa de um repique de mercado.
Até o começo da colheita da safra 2017/2018, o milho nos armazéns precisará dar espaço para a soja que será colhida. Para
esse ciclo, os elevados estoques de passagem e a pressão baixista sobre os preços internos deverão resultar na redução da
área de milho na primeira safra e, no melhor dos cenários, na estabilização da área na segunda safra, impactando negati-
vamente a produção. Mesmo com esse cenário, não é esperada escassez do produto no mercado interno, pois haverá um
carregamento de estoque significativo da safra anterior, mesmo com as excelentes vendas externas de 2017, que consolidam
o Brasil como um dos principais exportadores mundiais.
Em relação ao consumo do grão, observa-se que o setor de carnes, que sofreu com o alto custo do insumo em 2016 e com os
efeitos da crise econômica, que resultaram na redução da demanda doméstica, está ainda em processo de recuperação, o
que limita uma expansão mais robusta das aquisições de milho no mercado interno no curto prazo, situação que deverá se
normalizar nos próximos anos.
10
44
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Produção
20%
Área Plantada
10%
Produtividade
10%
Produção, Área e Produtividade Brasileira de Milho
Prod
ução
(100
0 t)
e Ár
ea (1
000
ha)
Prod
utiv
idad
e (K
g/ha
)
Consumo Doméstico e Exportação Líquida de Milho
Consumo doméstico Exportação líquida
1000
t
Consumo doméstico
14%
Exportação líquida
75%
Participação Regional na Produção de Milho2026/27
Produção Total: 117,7 Milhões de Toneladas2016/17
Produção Total: 97,7 Milhões de Toneladas
Participação**:
Norte 3%
Nordeste 7%
Sudeste 13%
Sul 28%
Centro-Oeste 50%
Participação**:
Norte 4%
Nordeste 6%
Sudeste 12%
Sul 24%
Centro-Oeste 54%
Variação entre 2016/17 a 2026/27*
Notas: *Valores referentes as 2 safras do milho. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
Produção Área Plantada Produtividade
-
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
2016/17 2026/27
5.000
5.200
5.400
5.600
5.800
6.000
6.200
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2016/17 2026/27
45
-
OUTLOOK FIESP 2027
em 2026/2027*MILHO
de hectares plantados19,3 MILHÕES
de toneladas produzidas117,7 MILHÕES
10%
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2016/2017 e 2026/2027. Valores referentes as 2 safras do milho. - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
será o crescimento da produtividade (t/ha)
5,62016/2017
6,12026/2027
produção por região
crescimento de 10% em relação à safra 2016/2017
crescimento 20% em relação à safra 2016/2017
demanda doméstica
63,8milhões de t
2026/2027
56,2milhões de t
2016/2017
crescimento de 14%
crescimento de 75% em relação à safra 2016/2017
30,5 mide toneladas
líquidas exportadas(Safra 2016/17)
53,4 mide toneladas
líquidas exportadas(Safra 2026/27)
Crescimento (de 2016/17 a 2026/27)Participação em 2026/27**Sul
3%24%
Norte
71%4%
Centro-Oeste
31%54%
Sudeste
10%12%
Nordeste
11%6%
35% crescimento na produção de milho 2ª safra participação da 2ª safra na produção total de milho77%2026/2027
46
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
SOJA:GRÃO, FARELO E ÓLEO
O clima, que foi um grande desafio à produção de soja em temporadas anteriores no Brasil, apresentou na safra 2016/2017 um
comportamento extremamente favorável em praticamente todas as regiões, o que permitiu que as lavouras expressassem o
seu potencial produtivo. A combinação de um clima bom com o alto nível tecnológico empregado resultou em uma produção
sem precedentes, acima de qualquer expectativa inicial, passando com sobras a marca dos 100 milhões de toneladas do grão.
Esse bom desempenho esteve presente em todo o território nacional e reverteu o recente ciclo de perdas no MAPITOBA, devido
à seca, o que favoreceu a recuperação econômica da região, que tem na agricultura importante vetor de desenvolvimento.
Embora este tenha sido um ano positivo para todas as culturas da região, a retomada dos investimentos para o ritmo visto
há alguns anos ainda não deve ocorrer, mas a melhora da situação financeira começa a trazer ânimo novo aos produtores.
Para a temporada 2017/2018 é esperada outra grande safra de soja. A área plantada novamente apresentará crescimento,
uma vez que a cultura seguirá como uma das opções mais rentáveis para o produtor brasileiro. Com isso, a soja deve ocupar
parte da área plantada com milho de primeira safra no ano anterior.
Apesar disso, as margens esperadas devem ser menores que no passado e, por consequência, o ritmo de crescimento
esperado em termos de área, também. Embora o custo de produção tenha sido menor em 2017, se comparado à safra
anterior, o produtor depara-se com preços acomodados no mercado internacional, devido à boa colheita em outros países.
Se essa tônica de boas safras se mantiver, há pouco espaço para altas nas cotações e o produtor terá de ficar atento às
oportunidades mais pontuais que surgirem para comercializar a oleaginosa.
Ademais, o real tem demonstrado tendência de valorização perante o dólar, em razão da melhora nas perspectivas
econômicas, o que não ajuda na precificação do produto. A menos que ocorra alguma pressão por conta do ambiente
político, dificilmente essa tendência será revertida. Nesse sentido, as eleições de 2018 podem trazer alguma surpresa, já que
o quadro ainda é de incertezas.
11
47
-
OUTLOOK FIESP 2027
O clima tem trazido certa preocupação ao setor, seja por algum atraso localizado no plantio da safra 2017/2018, seja pelo
aumento da probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña, que modelos climáticos têm mostrado. Essa condição, caso
venha realmente a se estabelecer, aumenta a possibilidade de seca no sul do continente americano e poderá trazer perdas
para a região, pressionando para cima os preços internacionais.
No mercado dos derivados de soja, o consumo de óleo segue crescendo no Brasil, influenciado principalmente pelo maior
uso para a produção de biodiesel. O programa nacional de biocombustível estipula que, em 2018, a mistura de biodiesel
no diesel passará de 8% para 9%, e que, em março de 2019, passará a 10%, garantindo um contínuo aumento na demanda
interna de óleo.
Uma antecipação na adoção desses coeficientes aceleraria o esmagamento interno e favoreceria a redução da exportação
de óleo. Como o esmagamento se manterá elevado ao longo dos anos, a oferta de farelo de soja para ração animal e para
exportação será ampla. Ainda assim, no período projetado, a produção brasileira de soja em grãos será suficiente para garantir
o suprimento tanto do mercado interno como para a expansão da sua participação no comércio mundial.
Vale observar que as mudanças na política agrícola chinesa têm estimulado o incremento do plantio de soja em detrimento
de outras culturas, como o milho. O USDA, por exemplo, estima um crescimento de 9,8% na área plantada na safra 2017/2018
e um aumento da produção de 1,5 milhão de toneladas. No entanto, o aumento do consumo, estimulado pelo crescimento
econômico e pela produção de carnes, continua sendo maior que o da produção e deveremos, novamente, observar uma
elevação das importações chinesas nesta safra. Além disso, as restrições impostas à importação de DDGS dos EUA têm
estimulado o esmagamento no País, devido ao aumento do consumo de farelo de soja.
Finalmente, o cenário de preços contidos no mercado mundial e a moeda brasileira apreciada apresentam um desafio maior aos
produtores nacionais, mesmo com uma perspectiva de custos mais contidos: a rentabilidade dependerá fundamentalmente
dos ganhos de produtividade, como já vimos na última safra. Nesse sentido, há uma busca crescente do setor produtivo por
novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas.
A agricultura 4.0, a exemplo do que vem acontecendo na indústria, com a utilização cada vez maior de técnicas como a
agricultura de precisão, sensoriamento remoto, drones, big data etc., leva não só ao aumento da produção, mas também à
maior eficiência na utilização de insumos e a um menor impacto ambiental. Ainda não conseguimos compreender todas as
suas consequências, mas, hoje, o produtor que quiser se manter na atividade não pode deixar de olhar esta nova maneira de
produzir, com o risco de se tornar obsoleto no tempo.
48
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Produção, Área e Produtividade Brasileira de Soja
Produção Área Produtividade
Consumo Doméstico e Exportação Líquida de Soja
Consumo doméstico Exportação líquida
Produção
27%
Área Plantada
17%
Produtividade
8%
Consumo doméstico
15%
Exportação líquida
43%
Participação Regional na Produção de Soja2026/27
Produção Total: 144,4 Milhões de Toneladas2016/17
Produção Total: 114,0 Milhões de Toneladas
Participação*:
Norte 5%
Nordeste 8%
Sudeste 7%
Sul 36%
Centro-Oeste 44%
Participação*:
Norte 6%
Nordeste 11%
Sudeste 7%
Sul 30%
Centro-Oeste 46%
Variação entre 2016/17 a 2026/27
Nota:* A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento. Fonte: Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRO
-
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
2016/17 2026/27
1000
t
Prod
utiv
idad
e (k
g/ha
)
Prod
ução
(100
0 t)
e Ár
ea (1
000
ha)
3.180
3.240
3.300
3.360
3.420
3.480
3.540
3.600
3.660
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2016/17 2026/27
49
-
OUTLOOK FIESP 2027
em 2026/2027*
Fonte : Outlook Fiesp Elaboração: FIESP/DEAGRO e MBAGRONotas: *Comparativo entre as safras 2016/2017 e 2026/2027 - Projeção de 10 anos. ** A soma das participações, quando maiores/menores que 100%, é explicada pelo sistema de arredondamento.
SOJA: GRÃO, FARELO E ÓLEO
crescimento de 17%
Sudeste
23%7%
Crescimento
(de 2016/2017 a 2026/2027)
Participação em 2026/27**
Nordeste
58%11%
Sul
8%30%
Centro-Oeste
32%46%
Norte
66%6%
produção de soja em grãospor região
exportaçãolíquida
demanda doméstica
produção(em milhões de toneladas)
(em milhões de toneladas)
(em milhões de toneladas)
Soja em grãos Farelo de soja
crescimento de 25%
Óleo de soja
8%será o crescimento da produtividade (t/ha)
3,42016/2017
3,62026/2027
redução de 22%
de hectares plantados
crescimento de 27%
144,4 micrescimento de 18%
39,0 micrescimento de 15%
9,7 mi
crescimento de 43%
89,9 micrescimento de 30%
19 mi 1,2 mi
crescimento de 15%
54,4 micrescimento de 16%
19,8 mi 8,5 mi
39,7mi
50
-
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
SUCO DE LARANJA
A produção de laranja no estado americano da Flórida, segundo produtor mundial, aumentou ligeiramente nesta última
safra 2016/2017, finalizada em setembro. De acordo com o Serviço Nacional de Estatísticas Agrícolas do Departamento
de Agricultura dos EUA, nesta temporada, a produção de laranja do estado cresceu 200 mil caixas em relação à anterior,
totalizando 68,7 milhões de caixas colhidas.
Foi um modesto retorno do crescimento em um setor que estava encolhendo desde a safra 2012/2013. O Greening, doença
que se disseminou nos pomares da Flórida, principalmente por conta dos furacões que atingem a região, foi o grande
responsável pela redução de oferta do estado. Os problemas com a doença foram a principal causa para o aumento dos
custos de produção daquele país, de US$ 2,5 por caixa em 200