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ÂNO XXXI - N9 096 CAPITAL FEDERAL SEÇÃO I TERçA-I!'mRA, 24 DE AGOSTO DE 1976 CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- A.TA DA 93.· SESS/lO D.8.2.· SESSãO LEGISLATIVA DA ti.· LEGISLATURA, EK 23 DE A.GOSTO DE '-''16 I- üCl't.ra aa SessáQ II - Leitm'a e aaiRaátl'a 4a ata .ela SellISáo anterior 111 - Leitura di) E'Jq)ediet\be SesÁG V.esperiina 23-$-7& ANTõNIO BRESOLIN, MILTON STEINERUCH, NINA RI- BEIRO, ANTôNIO POIN'TIl:S; FREDERICO BRANDAO, TI'llOTó- NI(Jf NETO, GAMALIEL .JJm,ONIMO S.í\..N'1.'ANA, AN- TUNES DE OLIVE!fRA, FERNANDO LYRA, CARLOS 'SANTOS, JOAa GILBERTO, SD:QUEffiA CAMI'OB,OOWALDO LIM!\., AL- BERTO CELSO BARROS, COIMBRA, BRíGIDO TINOCO, CÉLIO MARQUES FERNANDES, ALDO FAGUNDES, GASTA0 MfiLLE'R, EPITACIG CAFETlEIRA, lOS!!: COSTA, GOMES DO AMARAL, AROILARO DARIO, ,rOHGE MOURA, DAYL DE ALMEIDA, JúliO ALVES, NABOR JúNIOR, ATA DA 9S. a SESSÃO EM 23 DE AGOSTO DE 1976 PREBIDJilNCIA DOS SRS.: CÉLIO BOR.TA, Presidente; e PINHEillO MACHAJ)(}, 3 9 -Secretá..riD. I - As 13:30 hlilras compaxecem 05 Senhores: CéliG 80rja Pinheiro Uibaloo Acre Nosser Almeida - ARENA. Antunes de OliTeira - MDB. Pari. 10J.'1!e - ARENA. Maranhão Epitácitl Cafeteira - MDB; M.a.gno Bacelar - ARENA. &ui Hugo Napoleão - ARENA. Ceará Oomes <IA .silv:a - ARENA; .lemas Carloa - ARENA; Mareelo Unbareõl - AMNA. CELSO CARVALHO, HOMERO SANTOS, ALCEU COLLARES, MARCELO LINHARES - Eneam.illllhamento de votação do re- querimento para suspensão da Sessão em virtude do faleci- mento do ex-Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. PRESIDENTE - So1idariedade da Mesa às homenagens prestadas à memória do ex-Presidente dsi. R.e'!}úbli.ea, "-uscellno Kubitschek de Oliveira. da. do Dia Encecl."'AlilentD - ATA. DAf': OOM'ISSõES .3 - MESA. dos membrDs) 4- LíDERES E VICE LíDERES DE rAIt'nDOS {Relação d<JIJ membros) 5- COMISSõES (Relação dos membros à8.s Comissões Per- manentes, Especiais, Mistas e de Inquérito) Rio Grande do Norte Frnnclsoo Rocha - MIm; - ARENA; Vingt !I.t<Osado - ARENA. Paraíba Antônio Gomes - ARENA; Arnaldo Lafayette - MDB; Mau- ricio Leite - ARENA; Teotônio Neto - ARENA. Cll.rk!ls Mberto Oli"l"ein - ARENA; Fernandl'J L,n. - MDB; .resias Leite - ARENA; Mareo Maei.-ei - ARENA. .roê <ll'li!lta - MIlH. PU!lWl Porto - ARENA; Rmnlllndo Dinil; - ARENA. Bahia J6ãa - AUN.&.; JaiG Dunal - ARENA; Manoel No- nes - ARENA; lJ.enan.doo - ARmo.&.; N<lid.e cerqueil'a - .MDB; Pr.isoa Vi.AIlA - AR.ENA.. Es;piriio Santo Huri.lrJle Prettli. - ARENA. lUe lk .Jaudnr Alvaro 'fafie - ARENA; Bri-gitlo TiU'l'JOO - MDB; CoimlJl'a - ARENA; JG de Araújo Jorge __o MDB; Lygia Lessa Bastos - ARENA; MHton Btembrucb. - MOO; Niu RÜleíro - AR.ENA; 08- waido LiD:ta - MDB.

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  • ÂNO XXXI - N9 096 CAPITAL FEDERAL

    SEÇÃO I

    TERçA-I!'mRA, 24 DE AGOSTO DE 1976

    CÂMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO

    1 - A.TA DA 93.· SESS/lO D.8.2.· SESSãO LEGISLATIVA DAti.· LEGISLATURA, EK 23 DE A.GOSTO DE '-''16

    I - üCl't.ra aa SessáQII - Leitm'a e aaiRaátl'a 4a ata .ela SellISáo anterior111 - Leitura di) E'Jq)ediet\be

    SesÁG V.esperiina23-$-7&

    ANTõNIO BRESOLIN, MILTON STEINERUCH, NINA RI-BEIRO, ANTôNIO POIN'TIl:S; FREDERICO BRANDAO, TI'llOTó-NI(Jf NETO, GAMALIEL GALV~O, .JJm,ONIMO S.í\..N'1.'ANA, AN-TUNES DE OLIVE!fRA, FERNANDO LYRA, CARLOS 'SANTOS,JOAa GILBERTO, SD:QUEffiA CAMI'OB,OOWALDO LIM!\., AL-BERTO lJO~MiN, CELSO BARROS, D~:SO COIMBRA,BRíGIDO TINOCO, CÉLIO MARQUES FERNANDES, ALDOFAGUNDES, GASTA0 MfiLLE'R, EPITACIG CAFETlEIRA, lOS!!:COSTA, GOMES DO AMARAL, AROILARO DARIO, ,rOHGEMOURA, DAYL DE ALMEIDA, JúliO ALVES, NABOR JúNIOR,

    ATA DA 9S.a SESSÃOEM 23 DE AGOSTO DE 1976

    PREBIDJilNCIA DOS SRS.:CÉLIO BOR.TA, Presidente; e

    PINHEillO MACHAJ)(}, 39-Secretá..riD.

    I - As 13:30 hlilras compaxecem 05 Senhores:CéliG 80rjaPinheiro ),[ach~Uibaloo ~éll'1

    Acre

    Nosser Almeida - ARENA.

    AaIa~

    Antunes de OliTeira - MDB.

    Pari.

    10J.'1!e~ - ARENA.Maranhão

    Epitácitl Cafeteira - MDB; M.a.gno Bacelar - ARENA.&ui

    Hugo Napoleão - ARENA.Ceará

    Oomes

  • 7850 Te~a-feira 24 DIABIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Agosto de 1976

    o SR.' ANTliNIO BRESOLIN (MDB - RS. Pro.nnneia. o se-pinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, andou !leer~tado Giovani Pappini quando afirmou:

    "Verdadeiramente grande não é aquele que nasce,grande,e, depois, pouco a pouco, vai perdendo os seus poderesdivinos; mllJl grande é aquele que sabe conquistar a suagrandeza, lutando contra tudo e contra todos, até contraa sua própria natureza, e contra qualquer adveJ:'sidade."

    l!l foi assim o grande e saudoso Presidente Juscelino l'tubits-chek. Bafejado pelo carinho da mãe, que tanto amou e que tID1too incentivou. Simples funciom\rio .do Correio, médico, Prefeito,Governador e por fim Presidente da República. Em todos Oil po.st;osque ocupou, do mais humilde a:o mais elevado, o Uustre mam~empre foi o mesmo: generoso, trabalhador, idealista, eficiente ehonesto. Homem de larga visão, talentoso e culto, espírito empre-endedor e persistente, na sua larga caminhada política delx.oulastro de realização que o colOllcam entre os maiores. estadistas.

    Presidente da República pela vontade do povo; J1!IlcelinoKubitschek sempre foi um homem do povo. A sua trajetória lumi-nosa, pontilhada de lutas, fez deste intimorato e idealista desbra-vador um sustentáculo d!Ul lídimas aspirações populares, um in--transigente defensor das liberdades fundamentais da criaturahumana.

    Ao deixar a Presidência da República, dirigindo-se ao Presi-dente Jânio Quadros, diBBe:

    "Tenho a honra de passar às mãos de V. Ex." o coml\lldoda República, para o qual foi escolhido pela maioria dopovo brasileiro." .

    E acrescentou:"Está consolidada, entre nós, a democracia e e.stabeleclda.a paz que todos esperamos duradoura. O sentido que im-primi ao meu Governo para tomar o Brasil cOWl,ciente dasua grandeza e levá-lo a entrar na pOlll!e dos instru.naen-tos de sua ação redentora, o futuro há de julgá-lo, aoabrigo das paixões violentas mlUl efêmeras."

    E o Presidente Jânio Quadros a Juscelino:"O Governo de V. Ex:a que ora se finda. terá mareadona história a sua passagem, principalmente porque, a~vês de sua meta política, logrou consolidar, em teJ."JnOlldefinitivos, no Pais, os princípios do regime democrátieo."

    Foi estadista de marcante personalidade. Na sua alma, noleU coração e nos seus atos o édio nunca esteve presente. Ao ladodos clarões de sua inteligência fulgurante, dos seus ge.stos eomjo-1lOS, Juscelino Kubitschek era humilde, e sempre timbrava -seusatos com a fé que sempre foi sua companheira inseparável Atndahá meses, no Seminário de Brasília, participando de um cursHbo,conviveu na maior fraternidade cristã com homens das maisdiferentes condições econômicas, sociais e intelectuais. E ao jus~tificar a sua presença naquela casa, disse que lIe fazia presf;!'Dtepara fortalecer a fé e reviver os ensinamentos religiosos que haviarecebido de sua extremo..~a mãe.

    Falar sobre suas obras não há necessidade. Estamos no co-ração de Brasilia, que é a maior obra do século e que foi construí-da por Juscelino Kubitschek. É verdade que o giga.nteseo empre-endimento custou muitas lutas, sofrimentos e até persegulqões.Mas Carlos André Peraz, Presidente da Venezuela, disse: "Não hácaminhos fáceis para as grandes coisas."

    Ao tombar, tragicamente, Juscelino Kubitschek aglganta-se eavança no tempo, como disse Benjamim Franklil'll:

    "No transcurso da nossa vida pública, não podemos espe-rar a aprovação nem o reconhecimento imediato dos nos-sos trabalhos. Porém, deixai-nos pers.everar, mes.mo quan-do atacados e ostensivamente injuriados. A satisfaçãoíntima que têm todos aqueles de cOilllciência limpa estará,em nós, sempre presente, e o tempo nos fará justiça navoz do povo, mesmo entre aqueles que presentementemais nos antagonizam."

    O SR. PRESIDENTE

  • Atosto de 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL

  • 7852 Terça-feira IM DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Agosto ae 1976

    Sessão, em homenagem à memória do grande brasileiro, do grandedemocrata que foi o ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

    Temos especiais razões para solicitar esta derradeira homena-gem a Juscelino Kubitschek, o construtor de Brasília, por ser filhode Jataí, onde o grande brasileiro concebeu a idéia da construçãodesta cidade maravilhosa.

    Ainda cursando o ginásio, sou testemunha do fato, pois encon-trava-me presente ao comicio, quando então candidato do PSDassumiu o compromisso público, afirmando que se fosse eleito mu-daria a Capital para o Planalto Central. Foi eleito, fez um grandeGoverno e cumpriu a promessa feita em Jataí, mudando a Capitalpara o Planalto central, hoje a realidade de Brasília.

    Oomo representante do povo de Rondônia no Oongresso Nacio-nal; registro o pesar da Nação brasileira pelo infausto aconteci-mento, com amargura e tristeza. Morreu um homem bom, desa-pareceu aquele que teve a capacidade de realizar. Perde a Naçãoum homem que é a personificação da capacidade, que materia-li'1lou a força do otimismo, que desde criança, em Diamantina, lutoue superou os obstáculos de uma infância na pobreza; tudo enfren-tou e venceu, pela sua capacidade de vencer barreiras, de lançaros olhos à frente e com ideal, desprendimento e patriotismo-rea-lizar os anseios da Nação.

    Ele mesmo dissera: "Percorri este Pais de Norte a Sul e sacudium Gigante." Era um Gigante sacudindo outro. O gigante maiorera Juscelino, que, com sua força de vontade, com seu dinamismo,com sua obstinação, com seu destemor superou obstáculos e rea-lizou o seu programa de metas, deixando uma obra que marca oscontornos do Brasil atual, indo desde a indústria automobilística, ashidroelétricas, até o arrojado programa de construção de rodo-vias na Amazônia.

    Realizador, Juscelino enfrentou problemas em seu Governo,como a insubordinação de Aragarçal!, superada com a anistia aos,sediciosQs. A grandeza dos homens se mede pela sua capacidade deperdoar. Os castigadores, os carrascos, a história não registra se-quer os seus nomes. Juscelino soube realizar e soube muito maisp.erdoar, compreender; não temia os adversários impondo-lhespenas eternas. E porque soube compreender, porque soube perdoare porque soube anistiar, sua obra e seus gestos ganharam dimen-sões de universalidade. Realizou um grande Governo, uma grandeobra material e política que o imortalizou, que o consagrou naconsciênciá da Nação e dos povos. O gesto de anistia aos sediciososno seu Governo engrandece Jusceliho perante a historia e ganhaespecial significado na época atual. Maior do que a obra materialque realizou foi o seu gesto espiritual, cristão, perdoando seus ini-migos, sepultando ódios. Muita gente vive a declinar a oração doPadre Nosso sem que na realidade tenha capacidade para perdoar015' inimigos. A grandeza dos homens está no gesto cristão de per-dão e da compreensão. Os castigos e as vinditas ficam no planobaixo da barbárie que nada constrói de permanente. Juscelinofoi grande e ficará gravado na consciência dos brasileiros pelosseus gestos largos de perdoar sempre, e quanto mais desprendido,mais realizador, porque perdoou e ficou querido pelo povo, daí osentimento de pesar que e111uta e deprime a alma nacional nestemomento, que a todos entristece, especialmente a população deBrasília. O povo brasileiro decretou luto. O luto não é oficial, oluto é da Nação, imposição da consciência cívica e cristã do povobrasileiro sem distinção de credos ou partidos, principalmenteporque se trata de um povo de elevados sentimentos cristãos. É aconsciência cristã de nosso povo que sê ach~ enlutada.

    Como humilde. representante de Rondônia, nesta Casa, ashomenagens derradeiras que prestamos hoje à memória de Jus-celino Kubitschek são as mesmas que lhe tributamos em vida,quando em 17 de abril de 1972 apresentávamos o Projeto de Lein.o 583, que propunha anistia ao ex-Presidente. O projeto nãoteve sequer tramita~ão nesta Casa; não é preciso dizer mais nada.

    Também em 20 de abril de 197,2 apresentamos o Projeto deResolução n.o 33, que dava ao Edifício do Congresso Nacional adenominação de Palácio Juscelino Kubitschek de Oliveira, quetambém não teve tramita~ão nesta Casa.

    . Sr. Presidente, é doloroso ver-se um homem da grandeza deJuscelino Kubitschek, um ex-Presidente da República, talvez omais querido e o mais simpático dos ex-Presidentes, morrer semanistia, anistiado e permanentemente consagrado que é pelo povo.Qual o crime deste homem para permanecer punido até a morteou mesmo depois deia? Este fato nos entristece mais, porque morrepunido aquele cuja vida foi sempre um gesto de perdão a compre-ensão para com todos os brasileiros.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavrJj. o Sr.Antunes de Oliveira, para encaminhar a votação do requerinlento.

    O SR. ANTUNES DE OLIVEIRA (MDB - AM. Pronuncia oseguinte discurso,) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, in memoriamdo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, tinha assinado umrequerimento de suspensão dos trabalhos da Câmara dos Depu-

    tados, pela sua partida; falo, desta alta tribuna do Pais, em nomedo Amazonas e do Brasil.

    Passou para a eternidade o estadista autêntico.Passou para a eternidade o estadista fundador de Brasíl1a -

    Capital do Século - Capital do Brasil - futura Oapital do Mundo.

    Passou para a eternidade o estadista que sentiu o drama daAmazônia brasileira.

    Passou para a eternidade ° estadista que soube colocar emprática os ensinos dos pais e mestres, notadamente daquela singularbrasileira e mineira, a Pro!." Júlia de Oliveira - sua dedicada.progenitora.

    Passou para a eternidade o estadista defensor dos fracos e doBrasil total.

    Dou, a mim mesmo, condolências; dou à Nação brasileira con~dolências, à Prot" 8arah Kubitschek e a todos os parentes docasal. .

    Através de minha palavra traduzo, também, as homenagenspóstumas e os sentimentos da Dra. Béth Antunes de Oliveira, mi-nha esposa, a quem o Presidente ;ruscelino Kubitschek fez justiça,após brilhante concurso no MEC; outrossim, traduzo a palavra. dereconhecimento da Prof." Júnia Antunes de Oliveira - minha filha,que telefonou de Manaus.

    Um estadista não morre. Imortaliza-se. O Preil'idente JuscelinoKubitschek de Oliveira imortalízou-se em vida.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Fernando Lyra, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. FERNANDO LYRA

  • Agosto de 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 24 7853

    Os contornos imensuráveis da figura do grande morto e amagnitude do seu porte mental, espiritual e cívieo, o colocam, semfavor algum, entre aqueles que na expressão do pensador - mor-'tos continuam vivos, porque permanecem perenemente na lem-brança, na admiração, no respeito, na saudade e na gratidão dOBque lhe sucedem nOB entreveros do mundo.

    Que o S.upremo Regooor dos Povos, na grandeza insondávelde seus desígnios, o receba e acolha na mansão eterna dos Justos,para o perenallíescanso de sua boníssima alma, alma que subli-mou-se votada sempre para as fulgurações do amor a Deus e dorespeito aos Homens, na defesa dos fracos e deserdados da sorte,na dignificação do Trabalho, e no devotamento à Justiça e àPaz Social, pela grandeza crescente em busca de alevantados des-tinos da sua, da nossa grande Pátria, o BramI.

    Voto, por ísso, favoravelmente ao requerimento pedindo asuspensão dos nossos trabalhos em homenagem à memória doextraordinário varão mineiro agora tragicamente desaparecido.

    Durante o discurso do Sr. Carlos Santos, o Sr. CélioBorja, Presidente, deixa a cadeira da presidência, que éocuPf!.da pelo Sr. Pinheiro Machado, 39 Secretário.

    O SR. PRESIDENTE (Pinheiro Machado) - Tem a palavra ÕSr. João Gilberto, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. JOÃO GILBERTO (MDB-RS. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a Nação chora a per-da de um dos maiores estadistas deste século. A fatalidade co-lheu o ex-Presidente Juscelino Kubitsehek de OliveIra, que deixaaos brasileiros a herança de sua obra desenvolvimentista e polí-tica.

    Sobre Juscelino, seu governo e sua ação política os homenspodem ter diferentes opinióes. Indiscutível, porém, é seu papel deconstrutor de um importante eapitulo da História brasileira: go-vernou estritamente dentro das regras demoerátieas; seus opo-aitores receberam o tratamento elevado que só os estadistas sabemdar às oposições; construiu Brasília; abriu caminhos; encerrouseu governo entregando o poder a um presidente legitimamenteescolhido pela vontade soberana do povo.

    A morte de Juscelino assemelha-se à de Pedro lI. O envelhe-cido Imperador, que tanto trabalhara para unir os brasileiros epaeificá-los, morreu no exílio. Só mais tarde a Naçao lhe fez jus-tiça histáriea e restaurou sua imagem. Também o ex-PresidenteJuscelino Kubitschek veio a falecer ainda em meio a um tristeexílio politieo, desconsiderado e marginalizado até nas comemora-ções da cidade que construiu, sem que houvesse a restauração daverdade históriea sobre seus aeertos e erros e a reeomposição desua imagem oficial. Embora amado profundamente pelo povo,celebrado na intimidade dos lares ou nas praças públicas, cadavez que seu nome é citado, Juscelino morreu sem ter visto orestabelecimento oficial de sua imagem que lhe era devido porsua obra e pelo que foi - passados os ventos mais fortes daborrasca política.

    A Pátria fica a dever a Juscelino justiça histórica. Sabemosque a voz da História falará mais alto, mas temos de lamentarque um ex-Presidente venha a falecer nessa condição de margi-nalizado político.

    Temos outros grandes nomes brQ-sileiros, homens que, tentan-do realizar o bem público, às vezes acertaram e às vezes erraram- homens dos quais alguém pode divergir, mas cuja obra não épossível esquecer, em face do testemunho dado e dos sacrifíeiosem prol da coletividade. Pode ser que esses homens temham sorteqiversa à do grande ex-Presidente Juscelino Kübitschek de Oli-veira e a morte só os encemtre quando já tenham sido reabilitadosna memória oficial da Pátria.

    Para Juscelino Kubitschek e para outros resta, por enquanto,apenas a justiça da memória do povo. Este não esqueceu e nãoolvidará jamais o testemunho dado por seus líderes e por seus~~~~ -

    Esta é a homenagem de um jovem que era apenas adolescentequando Juscelino foi Presidente; de um jovem que, no ardor desua adolescência, talvez tenha discordado de algumas medidasadotadas pelo ex-Presidente, mas de um jovem que ama e bUilcaa Justiça para os seus companheiros como parn os seuq adversários. Por isto, com justiça e com saudade, prestamos esta home-nagem a Juscelino Kubitschek de Oliveira.

    O SR. PRESIDENTE (Pinheiro Machado) - Tem a palavrao Sr. Siqueira Campos, para encaminhar a votação do requeri-mento.

    O SR. SIQUEIRA CAMPOS (ARENA - GO. Pronuncia o se-guinte discurso.) - Sr Presidente, Srs. Militando. durante cereade quarenta anos, na vida política de Belo Horizonte, Governadorde Minas Gerais, Constituinte de 1945, como Deputado Federal, e,finalmente, Senador eleito pelo Estado de Goiás, o fundador de_Brasília merece, deeerto, deste Poder e do País, as homenageILS

    póstumas mais sentidas, pelo que realizóu, nas três esferas admi-nistrativas e no legislativo federal, em benefício do País.

    O trágico passamento do grande estadista, na noite de ontem,deixou transida a Nação inteira, como repercutiu, no mundo,diante da perda sofrida pelo Brasil, seja pelo respeito universalaos ideais democráticos, seja pelo descOl:tino com que soube de-frontar, sempre, o futuro do País.

    Se merece a homenagem da suspensão dos trabalhos a me-mória de qualquer congressista da legislatura corrente, não ve-mos por que igual preito não se preste a quem honrou esta Casae o Senado Federal, como parlamentar brilhante e vulto dos maiseminentes da politica brasileira - Juscelino Kubitschek de Oli-veira, o grande estadista a quem tanto deve o desenvolvimentodeste País.

    Juscelino Kubitschek foi até as trágicas 18,00 horas do nãomenos trágico 22 de agosto de 1976, o maior brasileiro vivo; aforao seu nome se insere - e dentre eles se avulta - como um dosnossos grandes heróis.

    Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, figura ímpar denossa história; Caxias, o extraordinário unificador da Pátria; Gc-

    _túlio Vargas e Juscelino Kubitschek de Oliveira são inquestiona-velmente os grandes heróis desta Nação de tantas e tão extraor-dinárias figuras.

    Em nome da bancada da ARENA de Goiás. solidarizo-me com. a: Nação e, particularmente, com a familia do eminente esta-dista desaparecido.

    l!: com amargo pesar e a mais profunda tristeza que o ter-rível trauma nos causou que registro o adeus sentido do povogoiano ao "Peixe Vivo Mineiro". que estabeleceu um amplo eperfeito acordo nacional e modernizou esta Nação.

    O SR. PRESIDENTE (Pinheiro Machado) - Tem a palavra oSr. Oswaldo Lima, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. OSWALDO LIMA (MDB - RJ. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Brs. Deputados, não venho a esta tri-buna tão-somente chorar o desaparecimento de um grande Presi-dente que. a República brasileira teve a felicidade de conhecer.Não venho a esta tribuna lamentar o infausto do construtor deBrasília e do progresso desta Nação. Mais que tudo isto, que par:aele foi de somenos importância, venho lUimentar a perda do eonso-lidador dos principios do regime democrático, venho chorar amemória do desbravador do Oeste desconhecido que nas sendasda política dos anos cinqüenta fez-se respeitar pelos seus maistemidos adversários e numa demonstração do seu espírito huma-nistlCo respondeu ao ódio com o perdão, nunca se afastando doscaminhos da legalidade e da democracia.

    Mais uma vez a mortalha cobre de luto a Pátria bra.sileira e,desta vez, levando o eterno Presidente Juscelino Kubitschek deOliveira. Dele muito teríamos que falar, mas por nós fala o cora-ção de todos os brasileiros, que choram e senteJTI a perda do líderinconteste que ele sempre foi. Há vinte anos sua palavra poderiater modificado os destinos políticos de hoje. Mas, com OB olhosvoltados para os compromissos assumidos ·eom o povo e com suaconsciência de democrata autêntico, preferiu modificar a imagemeconômica combalida e desaereditada desta imensa Nação. A revol-ta, à insurreição e aos motins antes e após sua posse como Presi-dente de todos os brasileiros, respondeu com a grandeza dos seussentimentos patrióticos, respondeu com a grandeza de sua for-mação democrática. A vida, 81'S. Deputados, tem sido cruel paracom os apóstolos da paz, dos humildes e da lei. se nos prepará-vamos para amanhã reverenciar a memória do grande PresidenteGetúlio Vargas, hoje somos surpreendidos com o desaparecimentotrágico do não menos grande Presidente Juscelino Kubitschek deOliveira. Nós e o povo, toda a Nação brasileira, já quase não temoslágrimas para prantear as injustiças do destino contra nossoslíderes. Tenho certeza, Srs. Deputados, de que entre nós, nesterespeitável Plenário, que é a caixa de ressonância dos sentimentosde toda a Nação brasileira, não existe um só parlamentar que nãochore e lamente a perda irreparável da p=ba da paz que foi oPresidente Juseelino Kubitschek de Oliveira. Dele não restará asimples lembrança do impulso que desenvolveu nosso PaÍS. Deletambém restarão a lembrança e os ensinamentos da tolerância,do amor e da compreensão para com os inimig'os dos princípiosdemocráticos. -

    As gerações futuras saberão exaUar a sua memória entreaqueles que entendem que de nada vale o progresso sem liberdade;qúe de nada vale a liderança sem o diálogo e, por certo, haverãode reconhecer que mais forte que as inúmeras barragens de con-ereto que o grande Presidente construiu. a mais sólida, a mais viril,.a mais admirável de suas obras foi, sem sombra de dúvid.a, orespeito às liberdades demoeráticas.

    O SR. PRESIDENTE (Pinheiro Machad.o) - Tem a palavra oSr. Alberto Hoftmann, para encaminhar a votação do requerimento.

  • 7854 Terça-feira:Mo DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Agosto de 1976

    o SR. ALBERTO HOFFMANN (ARENA - RS. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, com a morte de Jusce-lino Kubitschek de Oliveira desaparece do cenário nacional umadas figuras mais insignes do Brasil moderno. Na condição de inte-grante da bancada da Aliança Renovadora Nacional do Rio Gran-de do Sul, sinto-me à vontade para, neste instante, sincera eprofundamente associar-me às homenagens póstumas que lhe es-tão sendo prestada.!> pela Câmara dos Deputados. Juscelino Kubits-chek não foi apenas o constl1ltor de Brasília. Juscelino Kubitschek,o grande desenvolvimentista, o grande apóstolo do otimismo, foiquem promoveu o desenvolvimento da indústria nacional, não ape-nas da automobilistica. Voltou-se também, como hoje foi dito aqui,para as áreas menos protegidas do nosso País. Entretanto, nãodispensou atenção apenas ao setor secundário da nossa economia,conforme afirmavam alguns críticos, visto que interessou-se pro-fundamente pelo setor primário.

    Sr. Presidente, em pouquíssimas palavras, presto um depoi-mento acerca do que ocorreu com o trigo, cujo cultivo estava desa-parecendo completamente da lavoura brasileira. Levado um planoobjetivo ao Presidente Juscelino Kubitschek, contra os pareceresdos assessOl'es que orientavam a política econômica na ocasião,os quais entendiam que era muito melhor importar trigo do quese atirar a uma aventura de genética, de pesquisa e fomento,S. Ex.a, examinando o expediente, autorizou recursos da ordem de500 milhões de cruzeiros por conta do Fundo de Recuperação daLavoura Nacional, o chamado Fundo dos Ágios, a fim de que asestações experimentais do sul do País, tanto federais como esta-duais, pudessem dedicar-se à busca de novas sementes, o que setornou hQje grande realidade. Por isto, presto este depoimento:pm'a dizer que Juscelino Kubitschek não foi apenas Brasília; Jus-celino não foi apenas a indústria moderna do Brasil; Juscelino,no sentido amplo das atividades do nosso Pais, foi Brasil.

    O SR. PRESIDENTE (PInheiro Machado) - Tem a palavra oSr. Celso Barros, para encaminhar a v.otação do requerimento.

    O SR. CELSO BARROS (MDB - PIo Sem revisão do orador.)- Sr. Presidente, 8rs. Deputados, conheci Juscelino Kubitscheknos seus dias de glória, esta glória que se coloca tão alta comQo sol, mas que, como o sol, não se fixa no seu zênIte. porque ime-diatamente tende a descer. Juscelino Kubitschek, da' glória do seutriunfo, passou ao crepúsculo das decepções. Como a Sócrates,deram-lhe cicuta. Este veneno matou fisicamente o grande filó-sofo. A cicuta que deram a Juscelino - a do Ato Institucional -matou-lhe a vida política mas. como o filósofo, também ele seresignou, também ele sofreu confiante, também ele vislumbroua glória do seu povo.

    HQje; aqui estamos para homenageá-lo na dupla perspectivada sua vida: a vida iluminada da sua glória e a vida obumbradadas suas decepçõe.B. Ainda há pouco, no avião em que eu viajava,via, num jornal, a ,sua fotografia, escondendo a face e chorando.Era um momento de explosão sentimental. Chorava, não por si,mas por Brasília, pela emoção de ver a sua cidade, a cidade dosseus sonhos, colocada, naquele dia alegre e risonho, no patamarda História. Era a emoção incontida. Mas, naquelas lágLimas queele derramava, num dia de festa, estava a tradução do seu própriodestino, nos destinos de Brasília, porque, enquanto a glória o ele-vava, os destinos da cidade naturalmente o levavam para o vale-- o vale das injustíçM que acompanharam ultimamente o seutriunfo naciona1.

    Mesmo sendo o homem que a História haveria de reconhecer,há poucos meses tivera ele outra grande decepção. Batera àsportas da Academia Brasileira de Letras, naturalmente querendoconquistar outra glória. Ele, que conquistaL'a a glória da políticanacional, que conquistara a glória do povo brasileiro, que conquis-tara a glória- deste Planalto. queria conquistar uma glória a quemuitos são afeiçoados - a glória literária. E nem esta permitiramque ele conquistasse. As portas da Academia se fecharam paraele. Mas quem entrara triunfalmente para a História do Brasil nãoprecisava, absolutamente, bater às portas da Academia BrMileira.

    Juscelino Kubitschek, hoje, é apenas pó. E eu me lembro daspalavras biblicas que definem o homem na sua pequenez, na suamodéstia, no seu silêncio, o homem no seu nada: memento h(}mo,.llIia pulvis es - lembra-te, homem, que és pó. E esta palavra émenos uma lembrança de Juscelino do que daqueles que lhe em-bargaram os passos na sua caminhada gloriosa na História doBrasil.

    O SR. PRESIDENTE (Pinheiro Machado) - Tem a palavra oSr. Daso Coimbra, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. DASO COIMBRA (ARENA - RJ. Pronuncia o seguintedisCUl'SO.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o filho de Diamantina,nas Minas Gerais, o pai de Brasilia, no Distrito Federal, o homemdJo BrMil Inteiro, Juscelino Kubitschek, morreu ontem, em territó-rio fluminense, no ~unícípio de Rezende, recebendo de imediato,seu corpo inerte, a reverência do povo brasileiro.

    SerVidor público, dos Correios e Telégrafos. Médico do povo.Vereador. Prefeito, Deputado Federal, Governador, Presidente daRepública, Senador, ,Juscelino nunca se fez ausente de SUM ori-gens e jaJmais esqueceu de onde veio para tomar-se o homem pú-blico de maior projeção, em seu tempo, no continente sul ameri-cano.

    Eis por que, Sr. Presidente, registro o meu constrangimentoante o desaparecimento desta figura singular, histórica, inesque-cível para todos e em especial para nós, de Brasília, que hoje ca-minhamos, pés limpos, sobre o asfalto firme da cidade, que cobrea poeira e a lama que receberam a bênção de serem amassadose pisados pelos pés de um homem visionário, que cria em si mcs-mo, em Brasília e no Brasil.

    Representando o Estado do Rio, no momento em que a mortealcançou Juscelino Kubitschek no solo fluminense, que j.amaisdesejou ser o palco desta cena de muitas lágl'ima."i, rendemos nossahomenagem a este brasileiro ilustre.

    Era o que tinha a dizer.O SR. PRESIDENTE (PinheIro Machado) - Tem a palavra. o

    Sr. Brígido Tinoco, para encaI!]lnhar a votação do requelimento.O SR. BRíGIDO TINOCO (MDB - RJ. Sem revisão do oradGr.)

    _ Sr. Presidente, muitos já disseram da melancolia que pesa sobreesta Casa, motivada pelo desaparecimento de Juscelino Kubitschek'de Oliveira.

    Poderia realçar, nesta hora, minhas íntimas relações com oex-Presidente, desde que há mais de trinta anos, quando ele go-vernava Belo Horizonte e eu Niterói, éramos amigos fr.aternais.Mas não o farei. O que conta neste momento, muito mais do queminha amarguro pessoal, é o imenso pesar da Nação pela mortedeste mensageiro da fé, peregrino im.aculado da verdade e dafantasia. Ele foi um bom, jamais cultivou mágoM ou alimentouódios. Distribuiu indiscriminadamente a felicidade, cobrindo debenesses as classes desfavorecdas. Por isto mesmo, Sr. Presidente,choramos todos nós, porque a alma do Brasil está de luto.

    Agora, imune aos rancores gratuitos, ele repousará em Br~sília a Capital que criou com patriotismo e denodo. Os que reSL-dem' aqui e as gerações vindouras de nossa Pátria j.amais o esque-cerão. Juscelino vai repousar no coração do Brasil, na terra queemoldurou nos seus sonhos e imortaliwu na realidade de suaconQuista.

    Que a mãe pátria o acolha em seu seio com a mesma ternurae consternação com que o saudamos agora neste des11speradoadeus.

    Já requeri a V. Ex.a, Sr. Presidente - e o requerimento .seencontra sobre a mesa - uma sessão conjunta das duas Casasdo Congresso, em homenagem ,a este preclaro brasileiro. Napamais justo, eis que Juscelino Kubitschek. ~lé:n de Chefe da Naçao,foi Constituinte de 46 e Senador da Republlca.

    SOlicitaria neste sentido o emprenho de V. Ex.", Sr. Presidente,junto ao Presidente do Congresso Nacional, para que o meu reque-rimento fosse devidamente considerado, marcando-se em tempooportuno o dia da referida homenagem. será uma pequena defe-rência ao jovem pobre que saiu de Diamantina para plantar no.solo brasileiro a semente da democracia.

    Durante o discurso' do Sr. Brigido Tinoco, o Sr. Pi.hheiroMachado, 39 Secretário, deixa a cadeira da presidência, queé ocupada pelo Sr, Célio Borja, Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Célio Marques Fernandes, para encaminhar a votação do reque-rimento.

    O SR. CÉLIO MARQUES FERNANDES (ARENA - RS. Semrevisão dG oradGr.) - Sr. Presidente, nobres Deputados, lideranç~não se ganha nem se compra, adquire-se ao longo da vida, comtrabalho, dedicação, esforço, vontade, mesmo de atender às rei-vindicações..

    Na minha vida pública pancas líderes populares conheci; en-tre eles, Juscelino Kubitschek.

    Muitos pensam que são lideres, mas, no final, não lideramcoisa alguma. O povo sabe escolher seus líderes; escolhe-os e 08mantém na memória, sejam eles vivos ou mortos.

    Juscelino, que já havia entrado para a História do Brasil,assume hoje a categoria dos Imortais, dos grandes heróis danossa época. Se Brasíli!l não fosse construída em curto prazonão estaríamos aqui e provavelmente o Parlamento ainda estariano Rio de Janeiro, enfrentando dificuldades e problemas.

    Recordo-me dele ainda no meu Partido. o Partido SOcial Demo-cráticó, onde por mais de uma vez privaí;nos de sua companhia.Certa feita viajamos de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, aconvite de S. Ex.", com quem estivemos no dia da ínauguraçãoda sua maravilhosa vivenda em Ipanema.

  • Agosto de, 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL

  • 7856 Terça-feira:M DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) A&,osto de 19'11

    ainda no exílio, estender a mão aos seus arqulinimigos, CarlosLacerda e Jânio Quadros.

    Eu me recordo de uma belíssima crônica de Josué Montello,clamando contra as injustiças cometidas contra aquele grandebrasileiro. Montello dizia que "quando esta geração passasse,e outra mais, e outra mais, de modo que delas não restasse sequero pó, confundipas para sempre na poeira dos cemitérios sem. direi-to a um epitáfio ou uma lápide funerária, o nome do ex-Pre-sidente Juscelino Kubitschek, quisessem ou não seus contemporâ-neos, seria lembrado". Parece que a História já começa a fazerjustiça a Juscelino, ele que aqui foi réu sem crime e que chegoua ser apenado sem culpabilidade.

    Na hora de sua morte, lastimo, sinceramente, que as contra-dições internas em nosso País só tenham permitido que fosse de-clarado luto oficial da Nação depois que Portugal e os Estados Uni-dos o tivessem feito. No instante, Sr. Presidente, em que, em meunome pessoal e em nome do meu Partido, por sua representação deAlagoas, empresto apoio ao requerimento que ora se encontra sobrea mesa, suspendendo os trabalhos da Casa em homenagem aogrande morto, e apresento à família do ex-Presidente os meussentimentps, quero lembrar uma de suas frases inspiradíssimascom que justificava o gesto de dar a mão aos seus inimigos: "Épreciso uma pausa nos ódios menores".

    Eis a extraordinária lição que nos deixou.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Gomes do Amaral, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. GOMES DO AMARAL (MDB - PRo Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente e Srs. Deputados, no ano passado, rece-bíamos uma honrosa e agradável incumbência da Oposição doParaná - saudar S. Ex.a, o ex-Presidente Juscelino Kubitschek,por ocasião de seu aniversário. Hoje, recebemos a dolorosa missãode homenagear à sua memória. E para cumpri-la, recorreremosàs belas' palavras do editorial do Correio Bra:dliense, sob o titulo:"Agora, a História":

    "Talvez poucos tenham percebido. Mal; agora parece queos imponderáveis efetivamente se conjugaram, e o quepoderia parecer um episódio fortuito, um simples acaso,traz o sentido de umlJ, antecipação premonitória.

    Tombou à semana passada o Cruzeiro, que marcou o pri-meiro ato de fé pública de Brasília, sob cuja égide os lon-gos dessas planuras ouviram o apelo cristão, invocando asbênçãos do alto para a Capital da Esperança que nascia.Ontem, também envolvido nos desígnios do destino, tom-bou o ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.A força, o coração, a inteligência e a visão abrangentedo Homem de Estado não só levantaram o Cruzeiro, re-cém-tombado, mas também esta Cidade, numa epopéiade coragem, de afirmação, fazendo vivo o sonho de DomBosco e materializando os anseios de interiorização quea Nação alimentava desde o instante em que os brasileirosse conscientizaram de inequívocas vocações de grandezado País.

    Entre atônita e amargurada pela tristeza, a Nação foi sa-cudida ao crepúsculo de ontem com uma notícia que nin-guém queria aceitar, tal a brutalidade de sua crueza, tãofundo ela alcançava a alma de todos os brasileiros.Ao fazer este registro, o Correio Braziliense cumpre umade suas mais duras e dolorosas missões sem igualmentefugir ao indeclinável d,ever de prantear com profunda tris-teza o episódio, lamentando pelas formas mais sentidaso instante de sofrimento que a Nação experimenta pelamorte de um de seus mais ilustres filhos.

    De Juscelino Kubitschek ficam marcas profund~s no corpoe na alma do Brasil.Sua generosa contribuição de Estadista, seus feitos mate-riais, suas realizações - Brasília, sua obra-prima - sãomarcas que balisam o caminho que agora o Júri da His-tória vai julgar para a posteridade.No seu exemplo, no seu caráter, no seu amor extremadoao Brasil, seguramente, vamos encontrar as mais purasgemas, o cristal genuíno que agora a História vai imor-talizar."

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra p Sr.Argilano Dario, para encaminhar a votação do requerímento.

    O SR.'ARGILANO DARIO (MDB - ES. Sem revisão do ora.dor.)- Sr. Presidente,.Srs. Deputados, ingressei na política nos idos deGetúlio.Vargas, cuja data de morte homenagearemos amanhã, ecom ele, paralelamente, acompanhamos a 1'lotável trajetória deJuscelino Kubitschek de Oliveira. De Prefeito a Presidente da Re-pública, estivemos quase sempre juntos, embora ele de uma facçãopolítica e eu de outra, mas admirando sempre o extraordinário

    valor deste homem que soube perdoar, que soube governar semódio e sem rancor, mas com muita firmeza, acreditando semprena grandeza e no futuro deste País.

    Lá do Espírito Santo recebemos a incumbência, como repre-sentante de seu povo, de aqui homenagear este vulto insigne daHistória de nossa Pátria, que tombou de forma trágica, nos ca-minhos de São Paulo para o Rio de- Janeiro.

    Quero, Sr. Presidente, como Deputado pelo Espírito Santo,como Presidente do Diretório Regional do Movimento DemocráticoBrasileiro naquela Unidade da Federação, não somente em nomedos homens do meu Partidb, mas em nome de toda a coletividadecapixaba, que tantos beneficios recebeu da benfazeja ação deJuscelino Kubitsrhek, registrar aqui o nosso mais profundo, maissincero pesar por este infausto acontecimento.

    Faço minhas também as palavras, mais seguras, de todos oscompanheiros neste instante em que, genuflexos, pedimos a Deus,pedimos ao Senhor que encaminhe para os páramos da EternaMorada aquele que, em vida, soube dar o que de melhor possuíapara a grandeza de sua terra, para a grandeza desse País.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Jorge Moura, para encaminhar a 'votação do requerimento.

    O SR. JORGE MOURA (l\IDB _ RJ'. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, fazemos parte deuma geração que começou a discutir política sob o D;lanto protetordas liberdades públicas e individuais, e isso aconteceu exatamenteno governo de um homem que possuía a envergadura de um es-tadista, que administrou o Brasil durante 5 anos, com desenvol-vimento e liberdade. Nossó País, então, conheceu o maior surtode desenvolvimento, com liberdade e otimismo. Trabalhadores,intelectuais, empresários, enfim, todo o povo brasileiro, unido sobum mesmo ideal, construiu um Brasil democrático. Democratacom todas as letras, nunca este Parlamento viveu dias tão glorio-sos, nunca os políticos se afirmaram tanto quanto na era jusceli-nana, uma verdadeira era política. Governou governando, isolandoos intolerantes e radicais, mas não os isolou cassando seus direitospolíticos; isolou-os, anistiando-os., porque acreditava Íllabalavel-mente na democracia. GovernolL com grandeza. Juscelino Kubi-tschek de Oliveira hoje é um cidadão da humanidade. Desa-parece num momento em que nosso Pais tanto precisava da suatolerância e magnanimidade democrática. O Estado de Direito erao seu apanágio, o povo participava e discutia o processo de desen-volvimento nacional. Construiu Brasilia, marco eterno da capaci-dade de um povo que emergia do subdesenvolvimento. Com inte-ligência, tenacidade e coragem, enfrentou o Fundo Monetário In-,ternacional, mostrando ao mundo a capacidade do povo.braBileiro.

    Nossa humilde homenagem póstuma, neste momento, tem osentido de que os poderosos de hoje se inspirem no exemplo deJuscelino para unir a Nação brasileira, no momento em que oISpregoeiros da intranqüilidade tentam semea.r a divisão e o ódio.Por isso, inspir.ando-nos no exemplo de Juscelino Kubitschek deOliveira, a maior homenagem que podemos prestar à sua memóriaé invocar a palavra anistia.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Dayl de Almeida, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. DAYL DE ALMEIDA (ARENA - RI. Pronuncia o se-guinte discurSCi.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados. Já foram en-focadas, aqui e hoje, muitas facetas da personalidade do homemcuja trágica morte abre um vazio imenso na vivência dos brasi-leiros e marca, para sempre, o seu lugar na História pátria.

    Que direi dele? Não é hora de fazer-lhe a biografia, bem osei, mas de prantear-lhe o passamento. Direi, tão-só, que o vejocomo Chefe de Estado, como líder político, como cidadão querestituiu a seus patrícios a confiança em si mesmos. Foi um oti-mista, um semeador de otimismo, um entusiasta e um apaixonadopelo porvir. Humilde e perseverante, tinha em si o sentido de umsereno humanismo, despido de facciosismos ideológicos. Simplese apaixonado, viveu plenamente, carismaticamente fadado a en-trar na História.

    Nossas homenagens sentidas e profundas, por iB80 mesmo epor muito mais, por isso que marcados pela dor do inopinadosangrento, a quem acreditou no Brasil integrado, deoonvolvido esoberano. .

    Guarde sua alma o Senhor dos Povos, pois o povo brasileiroguardará sua memória.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.João Alves, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. JOAO ALVES (ARENA - BA. S.em revisão do orador.>- Sr. Presidente, Srs. Deputados, queremos manifestar o nossopesar pelo falecimento, em circunstâncias trágicas, do ex-Presi-dente Juscelino Kubitschek de Oliveira. O Brasil, e, em particular,Brasília e esta Casa, das quais foi o construtor, jamais o ellllue-cerão.

    Que Deus o guarde em sua glória.

  • Agosto de 1916 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira:M 185'7

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Nabor Júnior, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. NABOR JÚNIOR (Mim - AC. Sem revisão do orador.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, como representante do Estadodo Acre nesta Casa não poderia omitir-me das justas manifesta-ções de pesar que estão sendo prestadas à memória do ex-Presi-dente Juscelino Kubttschek de Oliveira, falecido à noite de ontemem circunstânciM trágicas, no percurso de São Paulo-Rio.

    O Acre é muito grato ao ex-Presidente Juscelino, porque du-rante o seu Governo foi aberta a única via de transporte que ligaaquele Estado ao Sul do Paía. Foi a promessa que o ex-Presidenteassumiu perante o povo do Acre durante sua campanha política.Antes de deixar o Governo, em 1961, ele fazia chcgar os primeiroscaminhões à Capital do Acre, Rio Branco, conduzindo progresso,conduzindo mercadoriM do Sul do País para suprimento do Es-tado.

    De modo que, como representante do povo acreano, queroassociar-me às justM homenagens que estão sendo prestadas aeste grande brasileiro, na tarde de hoje, por esta Casa.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Celso Carvalho, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. CELSO CARVALHO (ARENA - SE. Sem rcvisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, ao crepúsculo de on-tem tinha morte violenta, paradoxalmente, 'um homem generoso,o Presidente Juscelino Kubitschek, o ex-Prefeito de Belo Horizonte,o ex-Governador de Minas Gerais, o Presidente de todos os bra-sileiros, como ele se intitulava e como, realmente, os 'brasileiroso consideravam.

    Em nome da bancada do meu Estado, Sergipe, associo-me àshomenagens que esta Casa presta a este grande brasileiro, certode que, com um homem do porte de Juscelino Kubitschek, nãose verificaria aquilo que dissera Tobias Barreto, em belos versos,quando pressentia sua própl'ia morte: "Aqui, nesta campa, nãocolherei saudosas/ ,gotas de pranto que derrame alguém;/ pobreservinhas brotarão, viçosas,! e o esquecimento brotará também."

    Isso não ocorreria, jamais, com' um homem como Tobias Bar-reto e agora também não ocorre com o grande patriota JuscelinoKubitschek.

    Ao visitar Brasília pela primeira vez, subi à Torre de Televi-são para divíaar esta bela eidade. Olhando a Esplanada dos Mi-níatérios, veio-me à idéia que as gerações futuras bem poderiamerguer ali uma estátua de corpo inteiro do grande patriota Jus-celino Kubitschek, a fim de que os brasileiros que nos sucedessemvissem no bronze a intrepidez de um povo.

    Sr. Presidente, associo-me às·· homenagens que estão sendoprestadas ao ilustre desaparecido.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tem a palavra o Sr.Homero Santos, para encaminhar a votaçiio do requerimento.

    O SR. HOMERO SANTOS (ARENA - MO. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, vimos trazer o nossotestemunho, nós, que tivemos a felicidade de conviver com S. Ex."',o ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Lutamos paraque fosse Governador de Minas e para que chegasse à Presidênciada República. Por conhecê-lo é que apresentamos esse requeri-mento, como homenagem à sua vida. E por conhecê-lo tão bempodemos afirmar, neste instante, que Juscelino Kubitschek deOliveira jamaía permitiu - ele um homem sem ódio e sem rancor- que se explorasse politicamente o seu trabalho e sua luta embenefício do Brasil. E não será agora depois de sua morte, Sr.Presidente, que sua memória haveria de servir para semear ódiosou prestar-se à exploração politica.

    Juscelino Kubitschek de Oliveira só teve' um objetivo na suavida: trabalhar pelo engrandecimento do Brasil. E bem agiuS. Ex."', o eminente Presidente Ernesto Geisel, ao decretar no Paisluto ofieial por 3 dias, dando Msim uma demonstração da gran-deza de que é possivel como supremo chefe de todos os brasileiros.

    Sr. Presidente, neste momento de dor, queremos deixar con-signado nosso voto de profundo pesar pela morte do ex-PresidenteJuseelino Kubitschek de Oliveira, enviando nossas condolências àfamília enlutada.

    O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) _ Tem a palavra o Sr.Alceu Collares, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. ALCEU COLLARES (MDB - RS. Sem revisão do ora-dor.) - Sr. Presidente, ehamados por V. Ex.... ao Gabinete, ime-diatamente roncordamos em também assinar o requerimenro apre-sentado pelá Deputado Homero Santos, já. que havíamos elaboradooutro, de igual teor.

    Nesta hora todas as correntes politicas devem unir-se, harmo-nizar-se. Nenhuma preocupação deverá haver quanro à paterni-dade desta ou daquela homenagem - é a Nação toda que homena-

    geia um homem desses que raramente na.sce no meio da própriahumanidade.

    O 'Brasil é um país privilegiado. Quando o seu povo está deses-perado, cansado, sem perspectivas, sem possibilidade de sonhar,surgem homens como Tiradentes, para iluminar os seus própnospassos e traçar rumos para sua Pátria. Daí a pouco outro cataclís-ma se abate sobre a Pátria, e surge um Caxias para pacificar aprópria família brasileira. O tempo vai passando e o povo vr.i sedesiludindo e se desesperançando. É quando surge um Vargas paramostrar que o amor ao povo, na interpretação fiel dos seus pró-prios sentimentos, é a grandeza do homem, e deve ser a grandezade ,todos os lideres. Passa-se mais um pouco, e quando tudo parecejá desesperança, descaso, negligência, conflitos, atritos de todasas camadas sociais, surge um homem como este. Como são pro-fundos os designios do Senhor. Lá, num humilde rancho, num hu-milde casebre, nasce aquele que traz no seu espírito a potencia-lidade necessária para se transformar no grande Líder que foi,que é, e que será sempre. quer queiram quer não queiram aquelesque rapidl'.me-nte passam pelo Poder. Não se apaga das páginas daHistória da Pátria aquele que foi grande, nem morrem aqueles queforam grandes.

    Não estamos pranteando a morte do homem que desapareceufisicamente, mas espiritualmente e.stá libertado dos conflitos in-teriores da própria Pátria. Ele foi, sim, levar ao Senhor a bagagemde bem que semeou nesta Pátria, todo o amor que deu ao seu Pais,toda a dedicaçãô, toda a generosidade, toda a extraordinária vir-tude que ornou a Sua alma. Como é extraordinariamente grandepara os homens esta virtude que poucos têm, a eapacidade de per-doar. Só os grandes podem perdoar e aqueles que numa ou noutrahora mal lhe fizeram, pensando que mal lhe tinham feito, fizeram-lhe bem, porque ele pôde dimencionar a sua fé, a sua convicção, asua crença no próprio Senhor, que, quando crucificado, disse:"Perdoa-os,Pai, porque eles não sabem o que fazem."

    Que grandeza de alma, meu Presidente e meus companheiros,que extraordinário espirito nessa fantástica epopéia, fascinanteepopéia da construção de Brasília. Para aqui vieram homens detodas as partes, dispostos a dar um pouco do seu sangue pal'atransformá-lo na argamassa que haveria de construir a Cidade deBrasília, marco inieial para a identificação dos grandes problemasnacionais, mareo inicial para a interlOrizacão do Pais marco ini-cia! para uma nov::;; caminhada de grandez:'1 para esta 'Pátria. Nin-guem pode tingir um homem desses, jamais alguém, humano serpoderá atingir tal grandeza, tal magnitude. Seres como este pa.s~sam p~la vida perdoando, amando, semeando anlOr, semeandofraternldade, semeando compreensão semeando generosidade. Poristo, esta Pátria deve sempre se eongr~tular consigo mesma, porquenas horas de dor, nas horas de conturbação, nas horas de atrito,nM horM de desentendimento, nas horas de ódio nM horas de in-tolerãncia surgem os grandes para iluminar os' seus camInhos enão deixar o povo perder a esperança.

    Por íaso, SI. Presidente, a Oposição manifesta também o seuvoto de pesar nesta hora em que passa para a História mais umdo~ seus grandes homen!'. Tenho certeza absoluta de que o mensa-geIro da paz, o mensageIro da tranqullidade, o mensageiro da con-flança, o mensageiro da convicção, o mensageiro do amor estaráJunto a Deus, pedindo-lhe que ilumine e inspire a mente dos res-ponsáveis pelos destinos desta Pátria, para que a dirijam com~~or, .tolerância, _compreensão e espírito dc harmonização, porqueso assim reallzarao obra grande, duradoura e perene.

    O .SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -- Tem a palavra o Sr. Mar-celo Lmhares, para encaminhar a votação do requerimento.

    O SR. MARCELO LINHARES (ARENA _ CE. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, após as palavras doDeputado Homero Santos, da ARENA de Minas Gerais e autor dorequerimento, a Liderança da Aliança Renovadora Nacional nadamaía, te!~a a acreseentar sen~o o seu integral apoio à proposição, etransmitIr aos Deputados e a Naçao, por delegacão do Presidenteda República, a ~oticia ofieial de que às primeiras horas de hoje,o Exmo. Sr. PreSIdente Ernesto Cleisel decretou, luto ofIcial pelamorte do ex-Presidente Juseelino Kubitschek de Oliveira.

    . A .~liança Renovadora Nacional, por sua Liderança, estendea famllia o seu voto de pesar.

    O SR. PRESI.oENT~ (Célio Borja) - Os Srs. que aprovam orequerJmento queiram fIcar como estão. (Pausa.)

    Aprovado.

    . O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - A Presidência, ao ma-mfestar o seu pesar pela morte do Presidente Juscelino Kubits-chek de Olivejr~, ~xprime o sentimento da representação nacionale do povo brasIleIro que o pranteiam, porque nele identificavamum traço próprio desta Nação, quc é a vocação da concórdia e daconciliação.

  • DIA.&IO DO CONGRESSO NAOIONAL (Seção I)

    Acre

    ra - MDB; :Rogério Rêgo - ARENA; Rômulo Gt\lvão - AREN'A;Ruy Bacel,ar - ARENA; Theódulo Albuquerque - ARENA; Vasco_Neto - ARENA; Viana Neto - ARENA; Wílson Falcã.o - ARENA.

    Espírito SantoAloisio Santos - MDB; Arg!J.ano Dario - MOB; Geroo:o. 011.-

    mata - ARENA; Henrique Pretti - ARE:N.A; Moacyr D~lla -ARENA; OBwaldo Zanello - ARENA; Parente FrotA - ARENA.

    :Rio de JaneiroAbdon Oouçalves - MDB; Alair Ferreira - ARENA; Alberto

    Lavinas - MDB; Alclr Pimenta - MDB; Am3Ta1 Netto - Al1.1!lNA;.Ario Theodoro - MDB; Olmiel Silva - MDB; Darcilin Ayre\! -ARENA; Dayl de .IUmeilÚ\. - ARENA; Eduardo Galil - ARENA;Emanoel Waisman - MDB; Erasmo Martins Pedro - MDB; FleXl1.Ribeiro - ARENA; Florim Coutinho - MDB; Francisco StudllI'1o_- MDB; Hélio de Almeida - MDB; Hydekel FreitlUl - ARENA;Joel Lima - MDB; Jorge Moura - MDB; José .Bonüácio Neto -MDB; José Haddad - ARENA; José Maria de Carvalho - MDB;José Maurício - MDB; Leônidas Sampaio - MDB; Luiz Braz -ARENA; Mac Dowell Leite de Oastro - MDB; :M!UMlo Medeíro.ll- MDB; Miro Teixeira - MDB; Moreira FranC

  • Agosto de 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL eixam de comparecer os Senhores:

    Pernambuco

    Thales Ramalh.o - MDB.

    São PauloEdgar Martins - MDB; Faria Lima - ARENA.IV - O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Levanto a sessão

    desIgnando para amanhã a seguInte

    ORDEM DO DIASessão em 24 de agosto de 1976

    (Terça-feira)EM URGÊNCIA

    Votação1

    PROJETO DE LEI N.o 2.4.09-A, DE 1976

    Votação em discussão única do Projeto D.o 2.409-A, de 1976,que dispõe sobre o seguro de acidentes do trabalho a cargo doINPS, e dá outras providências (votação somente do Projeto);tE,lldo pareceres: da Comissão de COnstitlllÇão e Justiça, pela cons-titucionalidade, coIQ. emendas; da Comissão de Finanças, pelaaprovaçáo, com emendas, contra os votos dos 81'S. Theodoro Men-des, Florim Coutinho, Antônio José, Odacir Klein, Gomes do Ama-ral, Epitácio Cafeteira e Ruy Côdo. Pareceres às Emendas. dePlenário: da Comissão de Constituição e Justiça, pela COnstItu-cionalidade das de n.os 1, 4, 5, 15 e 17; pela constitucionalidadee, no mérito, pela aprovação das de n.os 2, 3, 11, 12, 13, }4, 16,IH e 19. Pela constitucionalidade e, no mérito, pela aprovaçao comSubemendas das de n.Os 7 e 21; pela rejeiçáo da de n.O 6; pela pre-judicialidade das de n.os 9 e 10; pela inconstitucionalidade da de'n.O20 c contra os votos dos Srs. Erasmo Martins Pedro, Nóíde Cer-queira e José Bonifácio Neto, da de n.o 8; da Comissão de Fi-nanças, pela aprovação das de n,os 1, 5, 7, 11, 12, 14, 15, 16, 17 e2J; pela aprovação, c,om Subemendas das de n.os 2 e 4; e pela re-jeiçáo das de n.OS 3, 6, 8, 9, 10, 13, 18, 19 e 20, contra os votos dosSrs. Theodoro Mendes, Florim Coutinho, Antônio José, OdacirKlein, Gomes do Amaral, Epitácio Cafeteira e Ruy CôdO; do Relatordesignado pela Mesa em substituição à Comissão de Trabalho eLegislação Social; pela aprovação do Projeto e da Emenda n.o 11de Plenário e pela rejeição das demais, com a apre.sentação deduas emendas. (Do poder Executivo ~ Mensagem n.o 156/76.) -Relatores: Srs. Antonio Morimoto, Athi,ê Coury e Vílmar Pontes.(Anexado o Projeto n.o 2.377176.)

    El\oJ TRAMITAÇÃO ORDINARIADiscussão

    2PROJETO N.o 1. 066-A, DE 1975

    Discussão única do Projeto n.o 1. 066-A, de 1975, que dispõesobre causa de especial aumento de pena, quanto aos crimes contraa Administração pública, praticados por ocupantes de cargos emcomissão de Administração Direta e Indireta, regula a forma deSE'U procedimento, e dá outras providênCIas; tendo pareceres: daComissão de Constituição e Justiça, pela constitucionalidade, ju-ridicídade, técnica legislativa e, no mérito, pela aprovação, comemendas e voto em separado do Sr. Celso Barros; e, da Comissãode Serviço Público, pela aprovação, com' adoção das emendas dacomissãO' de Constituição e Justiça. (Do Sr. Norton Macedo.) -Relatores: 8rs. Luiz Henrique e Ari Kffuri.

    3PROJETO N.o 1.088-A, DE 1975

    Discussão única do Projeto n.o. 1.088-A, de 1975, que dá novaredação ao art. 110 do Código Nacional de Trânsito, determinandoo pagamento, pelo infrator, de multa de trânsito de sua responsa-bl:lidade; tendo pareceres: da COmissão de Constituição e Justiça,

  • 'II6t Terça-feira Z4 DIAItIO 00 CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    Suplentes

    Nunes LealUlisses PotiguarVicente Vuo.loWilson Braga

    IIDB

    Ti.IlIa~

    João ArrudaElioy LenziNohit CerqueiraMªgnus GuimarãesWaü>er GWmaJrãesJoão CunhaAntonio CarlosTarcimo- DelgadoFrederico BrandãA:lAnil Theodoro

    Supleaies

    CeIlIo BalrrosAlrtoIl SanooYa}Fernando Lyra

    --- xx ---

    Reunião: 26-8-76Hora: 9:30 horas

    Pauta: Comparecimento do Sr. Francisco Horta - Presidentedo Fluminense Futebol Clube.

    ZCOMISSAO DE ~IINAS E ENERGIA

    ReunIão: dia 2~HI-'16

    Hora: 10:00 horas

    Pauta: comparecimento do Gel!. Obiel Almeida Costa ~ Pre-~dellte00 VonselOO Nacional do Petróleo.'"

    ---J[J[---

    Reunião: 24-8-76Hora: l6::m horasPauta: CcJmparecimento 00 Presidente da Associação Atlética

    Palmeiras.

    ()OMISSõES PERMANENTES

    )

    COMISSAO DE CONSTI'FUIÇAO E JUSTIÇA

    Reuniões: Terças. quartu e qtJintas-feirasHora: 10:[10 horas

    Jairo BrumJoel FerreiraJosé Có.margoJúlio ViveIrosNey FerreiraOlivlr GabardoPadre NobreRenato AzeredoRubem MedinaVinicius Cansanção

    C-OMlSSÕES DE INQUÉRITO

    1

    ~CPI - LOTERIAS"

    Humberto SoutoJosé HaddadLygia Lessa BastosMíWilro Mlyamo.to

    3

    WMISSAO ESPECIAL DO DESENVOLVIMENTO DAItEGIAO CENTIW-OESTE

    Reunião: dia 26-8-'1GH4>ra: 10:00 boras

    Pauta: Comparecimento do Senador Jó.rbas l'assadnho.---XJ(---

    Jmy LimoMarcondes GadelhaJosé Carlos TeixeiraSérgio Murilo

    SuplentesMDB

    Erasmo Martins PedroTarcwo DelgadoFe.rnando CoelhoMário Moreira05waldo Lima

    lIDBTitulares

    Lázaro Barbf1Ú.E,.,elas.i& Vieira

    MEMBROS DA COMISSAO MISTA DE OBÇAMEN'lOSENADORES

    ARENATitulares

    LUIZ CavalcanteMendes CanaleOtall" BecterPaulo GuerraVirgílio Távwa

    SuplentesRuy SaDtu

    Amaral PeixotoDirceu Card

  • Apsto de 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 24 "8CI

    Pram

    Até dia 21-9-76 - no Congresso Nacional

    2

    PROPOSTAS DE EMENDA A CONSTITUIÇãO N.OIl 23 E 25176"Acrescenta dispositivo ao Título "V" - Disposições Gerais e

    TransitórillS, da Constituição Fêderal." "Altera a redação dolI.rt. 103 da Constituiçáo Federal." (s/aposentadoria.) - Autores:Srs. SantilIi Sobrinho e Airton SandovaL

    Comissã.o Mista

    Presidente: Deputado Fernando CoelhoVice-Presidente: Senador Augusto FrancoRe"lator: Deputado Ary Kffuri

    I"raoo

    Até dia 2-9-76 - na Comissão Mista;Até dia 2-10-76 - no COngresso Nacional.

    :&

    PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇAO N.o 24/76"Altera os itens I e li do art. 26 da Constituição Federal."

    (s/distribuiçao do produto de arrecad:;.ção do Imposto s/Lubrifican-tes e C{lmbustiveis Líquidos ou Gal;;osQs.) Autor: Dep. Air/;on San-doval.

    ComÍllSáo Mista

    Presidente: Senador Evandro CarreiraVice-Presidente: Senador Renato FranooRelator: DCl1utado Antônio G

  • 7862 Terça-f~ ~ DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Agosto de 1976,

    Possui cursos de jardim, de Pré~escolar, 1.0 e 2.0 graus, estes sob'Várias modalidades profissionalizantes. Tem uma frota de 25 ônibuspara o transporte diário dos alunos, sendo que, hoje, o númerodestes chega a cerca de seis mil. Possui noventa e uma salas deaula, dois grandes anfiteatros, -cinco salões de educação física, trêsbibliotecas, um centro audiovisual, vários laboratórios de matériastecnológicas, quatro departamentos pedagógicos, e conta com doisdiretores pedagógicos e oito orientadores pedagógicos e educa-cionais.

    Nos últimos exames vestibulares, para as escolas superioresde São Paulo, QS alunos do Colégio Dante Alighieri conseguira);Ilcerc:a de 96% das aprovações, Estou dizendo essas coisas, porquegrande parte desse resultado é conseqüência do brilhante trabalhodo Professor Morivaldo e seus companheiros que, diuturnamente,lutam pela elevação não só educacional, como moral ~ivica daque-la juventude que freqüenta o Colégio Dante Alighien, Terei, poste-riormente, o prazer de apresentar o Dl'. Plácido Affonso, meu velhoe querido amigo, a quem externo a enorme satisfação desta Presi-dência e dos Deputados pertencentes a esta Comissão pela suapresença nesta Casa.

    Os dois convidados de ~oje vão discorrer, como já anunciado,sobre a matéria em pauta: "A influência das mensagens decomunicação na formação da infância, da juventude e da família".l'or quarenta minutos, tem a palavra o Professor MorivaldoKrambeck Júnior. Logo em seguida, daremos a palavra ao Dl'. Plá-(ddo Affonso. Os Srs, Deputados que queiram, depois, fazer per-guntas aos nossos convidados, poderão formulá-las, não sem antesse registrarem na lista de inscrições que se encontra com a secre-tária da nossa Comissão. Com a palavra o Professor MorivaldoKrambeck. .

    O SR. MORIVALDO KRAMBECK - Inicialmente, gostaria deagradecer, em nome, da Direção do Colégio Dante Alighieri e doColégio Bandeirantes, o honroso convite que recebi para estarpresente, hoje, neste auditório, a fim de trazer, digamos, mais aminha vivência pessoal, como educador, do que entrar em grandeselucubrações filosóficas ou pedagógicas que possam, eventualmente,tlesvirtuar o sentido de humildade diante de um problema com-plexo, como o da educação nos nossos dias.

    Gostaria de iniciar minha palestra, acentuando a importânciaclos meios de comunicação na sociedade atual. Esses meios funcio-nam como um complexo e até agressivo e perigoso sistema nervosoque emite, sob as mais diversas formal:l, imagens que vão atingirfrontalmente a personalidade do ser humano - no caso especifico,a personalidade do jovem -, estabelecendo-se entre o emissor daimagem a imagem e a personalidade como receptor da imagem,um condominio de interação mútua que torna o elemento emissore o receptor complexos, na medida em que essa 'interação implicamodificação da estrutura básica da personalidade do jovem, namedida em que as imagens emitidas serão absorvidas pela vidaintelectual, emocional e sexual do jovem. Dessa maneira podemosaquilatar a importância dos meios de comunicação não só na for-mação da personalidade do jovem, como no eventual auxílio queesses meios podem possibilitar no seu ajustamento à vida prática. Atendência natural, entre a fantasia e a realidade do jovem, é'transferir para o comportamento social, identificar-se com perso-nalidades, normalmente, um e outro, projetados através dos meiosde comunicação. Daí a impox·tância dos meios de comunicacão nadefinição e no esclarecimento do comportamento do jovem nomeio social. '

    Por outro lado, os meios de comunicação fabricam tambémcultura, e esta vai ser assimilada pelo jovem, ai a importânciados meios de comunicação no que concerne à elaboracão da suaestrutura cultural. Essel:l meios de comunicação vão dár-lhe umavisão da história pátria; ele vai compreender, através desses meiosnão só as figuras simbólicas da nossa Pá:'tria querida, como tambéma realidade brasileira e os intrincados problemas a que assistimose que procuramos solucionar, hoje, no nosso Pais. Esses meios decomunicação vão também, aprimorar-lhe a estrutura moral ereligiosa, na medida em que, se bem USE.dos, façam, com que o30vem, que hoje, perigosamente, recebe insinuações na linha domaterialismo ateu, volte a Deus e a uma compreensão racional eteológica do universo.

    Esses meios de comunicação vão, também, aprimorar-lhe a for-mação humanistica, que reputo da maior importância nos diasatuais. Como. sabemos, o contexto cultural mundial por'razões quenão cabe aqui discutir, derivou toda a estrutura'para o que euchamaria de idolatria da máquina, idolatria da tecnologia avançadaque tende a descaracterizar a pessoa humana, quando não agredi-la. É preciso, como dizia o grande humanista cristão, Miguel deUnamuno, hoje um pouco esquecido, revalorizar a pessoa humanarespeitá-la e fazer, com que toda a sofisticada máquina criadàpela inteligência humana no mundo moderno, seja um veiculo deaprlmoramento da pessoa humana, do homem como tal, do homemde carne y buell!lo!l, como diria Unamuno, outra ,vez, e que necessitaa meu ver e salvo melhor juizo, de ser revalorizado.

    Esses meios de comunicação criam não só cultura, como o quese denomina, hoje, cultura de massas. Na medida em que a tecno-logia avançada é aplicada na educação, ela leva a todas as regiões,com uma rapidez extraordinária, mensagens, assimiladas aqui eacolá de uma determinada maneira, dependendo, evidentementeda estrutura cultural, regional, para onde essa mensagem fienviada. Podemos, aqui, acentuar, principalmente, o papel queexerce o rádio na integração na

  • Ar:osto de 1916 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL - quem sabe? -- des-truir as demais. Felizmente ele morreu antes, sob os escombros doTerceiro e opulento Reich, que ele criara em termos de megaloma-nia, ou em razão da patologia humana. Mas -- dizia eu - Freudqueria que sua ciência ganhasse a área da educação e não quecaísse nas mãos de médicos. Não sou médico, embora formado emMedicina. Jamais exerci a Medicina. Queria ele, então. que a suaciência não caisse em mãos dos esculãpios, porque eles têm forma-ção materialista, organicista, e Freud criou uma ciência, sobre~udo,de caráter pedagógico, educacional. Ele estudou, em profundidade,as teorias que o tornariam, ainda hoje, o segundo homem mais fa-lado e comentado no mundo, embora, por vezes, injustamente,porque, desgraçadamente, quando sabemos pouc~ ou quase nada ~ealguma coisa e nos metemos a falar disso, obVIamente, por maIShonestos que sejamos, só poderemos falar tolices ou asneiras. En-

  • '1864 Terça-feira M DIARIO no CONGRESSO NACIONAL

  • Agosto de 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 24 7865

    do-o.s, como mercado de negoClos, fazendo papéis tão tristes, tãoincoerentes com aquela realidade que tais personalidades encerrampara admiração nossa e para gáudio da Nação e do povo brasi-leiro./I Então, para onde vamos só encontramos violência, agressão,brutalidade e crítica. Todos criticam. As vezes conversando combomens simples e bons, donos de pequenos negó6ios, como mer-cearias, bares, onde vou apenas para comprar balas, eles criticama política econômica do Governo dizendo que está tudo errado.Então, disse eu, para onde nos mandarmos vamos só encontrarviolência, agressão e contestação a tudo e a todos. O que precisa-ríamos fazer, seguindo as pegadas do mestre que terminou apre-sentando algumas e valios.as sugestões? Precisamos partir para acompeensão, que a meu ver é a maior crise da humanidade nosnossos dias. Quando não temos condições para nos comprender-mos, sequer, como haveremOB de compreender os outros? Crise eco-nômica, crise política, isto não tem maior significação. Hoje ahumanidade está rica, as nações e os povos progridem vertigino-samente no rumo apenas das conquistas materiais. E eu afirmo:quanto mais enriquece .a gente, quanto mais opulentos ficam ospovos e as nações em termos de conquistas apenas de naturezamaterial, mais infeliz fica o homem. Como conciliar isto, ilustrepedagogo, ilustre Presidente, eminentes Deputados e demais pes-soas presentes neste auditório: dando-nos as mãos, povo, homenBde jornal, do rádio, da televisão, homens públicos, porque aqui re-presentam o meu pcnsamento, pois sempre voto e hei de votar,e espero que o faça pelo tempo em fora, uma vez que não entendoregime algum capaz de nos dar segurança e tranqüilidade em pri-meiro lugar para nos conhecermos, já que conheço tantos teóricos,que a democracia. Então, quero render uma homenagem à demo-cracia, saud.ando os representantes do povo aqui presentes. Querorender uma homenagem à cultura e à Pedagogia, na pessoa doProfessor Morivaldo. Quero dizer, finalmente: vamos dar-nos asmãos, homens de jornal, do rádio e da televisão, professores, ho-mens públicos, autoridades e povo p.ara procurarmos pel? menosalguma coisa e acharmos no sentido de pelo menos amenIzar esseverdadeiro caos que aí está em termos de disseminação de estadOBe de vivêncla neuróticas Era o que tinha a dizer preliminarmente,Sr. Presidente, Srs. Deputados e demais pessoas presen~es.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Aurélio Campos) - Feito opronunciamento do Dl'. Plácido Affonso, passMnos, agora, à faseda interpelação com as perguntas dos Srs. Deputados devidamenteinscritos e que desejam dirigir-se aos nossos dois. c?nvidados dehoje, Professor Morivaldo Krambeck e o Dl'. PlaCldo Affonso.Inicialmente tem a palavra o nobre Deputado Gerson Camata.

    O SR.\ DEPUTADO GERSON CAMATA -, ~r. Presid~nJ:e, Srs.Deputados, Professor Morivaldo, Professor PlaCldo, o obJetIVO damesa-redonda é a influência dos meios de comunicação de massasobre a formacão da infância e da juventude. Durante a suaexposição, proféssor Morivaldo, ao exp~r um. diálogo que teve co~um homem de teatro, reproduziu a afIrmatIva del~ de que haVIamais interesse em faturar do· que em educar. Ha pouco tempoouvi uma entrevista de um animador de televisão na qual eleridicularizava o editorial de um jornal que dizia que na sua ati-vidade ele deseducava o povo. E ao responder de uma maneiraque considero muito leviana essa afirmativa do editorial do jornal,dizia que quando era anunciado não era anunciado como profes-sor; que para educar, o Governo tinha as escolas e as universi-dades e que não era funcão dele educar. Então, observe V. Ex.a queesses poderosos meios dc comunicação estão sendo manipuladospor pessoas que não têm o preparo principalmente moral à alturapara dirigir esses instrumentos de comunicação. A simples preo-cupacão de que o objetivo era faturar e de que quem deve educaré o Governo, acintosamente diz que a função dele não é esta,apesar dele estar usando um meio de comunicação conccdido peloGoverno. O Senhor não considera que há despreparo de grandeparte ou, talvez, de uma minoria desse, pessoal que controla essesmeios de comunicação, que tem poder de fazer a programaçã.o eescolher a mensagem? V. S." citou, em certa parte de seu pro-nunciamento, que as mensagens são transmitidas de acordo com(),~ interesses de grupos. V. s.a considera isso um perigo, umaameaça à formação da infância e da juventude?

    O SR. MORIVALDO KRAMBECK - Certamente. Se o nobreDeputado, que eu tenho certeza me entendeu, eu, como educador,entendo que, apesar dos dois pronunciamentos que eu citei e V.Ex.a citou, os meios de comunicação devem, vendo realisticamentea coisa, conciliar os interesses materiais da sua existência com amensagem educativa. Todavia, ou cntcndo, como educador, quedeve predominar a mensagem educativa, se não estariamosatendendo interesse de uma minoria interessada, no caso, emfaturar, em prejuízo de uma maioria, que é a sociedade, espe-Cialmente a sociedade jovem, que será a projcção do adulto nofuturo. Então, embora o seu caso e o meu, citados aqui, expres-sem opiniões de pessoas que estão vendo a coisa unicamentepela injunção de seus interesses econômicos, entendo que deveriahaver maior rigor na seleção dos responsáveis pelos meios decomunicação no que concerne. à pr-eservação da mensagem edu-catIva que, queiram ou não, existe e qu~ cabe, então, a nós aqui

    presentes, cada um na sua função, fiscalizar, para que não seagridam tradições tipicamente brasileiras quc, como todos nós sabe-mos, são cristãs, humanistas, para que se preservem os no&'lOS valo-res, sem levar em consideração se esses valores são ultrapassados ounão. As vezes, certo tipo de comportamento moral ou social podeser válido numa determinada cultura, em determinada sociedade,mas certamente não vale para nós. Se houver necessidade, acre-dito, de se modificar o nosso padJ;ão comportamental, se os meiosde comunicação exercem uma influênCia muito grande, tudo isto,repito, deve ser feito pela preservação da pessoa humana, pela.preservação dos nossos valores brasileiros. Apesar de ter lidosobre o comportamento psicológico e social de outras sociedades,continuo pensando como sendo valores que, apesar de tudo, nostornam uma sociedade até certo ponto equilibrada, se nôs olhar-mos em redor, e até certo ponto feliz, apesar dos problemas gra-víssimos que encontramos no Brasil atual. De sorte que entendo,como V. Ex.", que se trata de descobrir uma forma. Eu não estouinsinuando uma censura, mas uma forma de conciliar interessesde um e de outro, mas sempre preservando - como educador eusou intransigente nisso - a mensagem educacional que essesmeios de educação não podem abdicar. Ela tem que predominar.

    O SR. DEPUTADO GERSON CAMATA - Uma outra perguntaligada a um trecho de seu pronunciamento, depois reforçado poruma afirmativa do Professor Plácido. Parto de um exemplo parachegar onde desejo formular a pergunta. O Exército norte-ame-ricano realiza anualmente uma vi.olenta e dura selecão entreos recrutas que se apresentam para os seus serviços. Há muitotempo vem selecionando os elementos fisicamente mais resistentes,mais fortes e os de maior acuidade mental e de maior inteligênciae, de milhões que se apresentam anualmente, seleciona 100 ho-mens, recebem um curso de treinamento especial e vão formarum corpo de sabotadores. São homens que recebem umtal conhecimento de manejo de armas e instrumentos químicostão aperfeiçoados que seis deles penetrando em qualquer cidadeconsegucm parar e paralisar todas as atividades da cidade emapenas duas horas de trabalho, nas centrais de água, de abaste-cimento e de energia elétrica. Ultimamente, o Governo americanotem gasto recursos para vigiar esses homens quando eles deixaremo Exército, porque, chega o momento em que dois ou três seunindo, podem provocar problemas internos sérios à. segurançadas cidades norte-americanas. Ê uma mostra de que se dandouma excelente educação a um homem sem educação moralalguma, sem freio moral algum pode-se estar formando um pe-rigoso elemento que vai agir na sociedade não com uma .forçaconstrutiva, mas com um trabalho destrutivo. A televisão, os jor-nais, o rádio quando realizam o trabalho de educar ou citar oacontecimento que V. s.a se referiu, do indio que masca coca,sem estabelecer que aquilo é um vício e não um hábito saudável,está realizando um trabalho de preparar, de formar um homemsem colocar nele um freio, um preparo moral que cle sej a umelemento dentro da sociedade. Como V. s.a vê a programação dasestações de televisão do Brasil? Elas trabalham mais educando oudeseducando?

    O SR. MORIVALDO KRAMBECK - Como disse, elas traba-lham mais para faturar do que para outra coisa. Em São Paulo,a incidência de programas educativos é em número muito pe-queno. A audiência aos programas educativos é muito pequena.Salvo erro, assim de memória não me ocorre, a audiência da TVCultura de São Paulo é de 1,8%. :rsto indica que os programaspreparados pela TV Cultura não têm audiência. Às vezes as enor-mes somas de recursos empregadas na programação não surtem oefeito desejado. A TV Cultura de São Paulo representa um oásisdentro da estrutura da televisão, porque, na realidade, os pro-gramas atendem muito mais a necessidades de vendagem e deconsumo. São poucos os programadores e arquitetos da mensagemda comunicação que, infelizmente, deveriam preocupar-se comfator cducacional, mas não se preocupam. Isto, como disse no ini-cio, não acontece só na televisão. Acontece também no teatro,onde predomina a pornochanchada, que não é uma forma deelucidar as possíveis contradições da vida sexual do ser humano,mas é uma forma de agressão e de aviltamento do sexo. Há tam-bém a preocupação - e esta, no cinema - de exaltar, às vezes,um delinqüente pela sua capacidade de ludibriar a sociedade e osinstrumentos de repressão. Há poucos dias vi, em São Paulo, umfilme com essas características, em que o diretor transforma umassaltante de banco em quase herói nacional. Embora no fim dofilme ele tivesse recebido a punição necessária, houve, sem dúvida,a intenção de jogar a opinião pública contra o aparato policial re-pressivo e de desencadear um sentimento de revolta de um mar-ginal em relação à sociedade. E não importa discutir aqui porque ele virou marginal e foi Msaltar banco; o que é importanteé a fortua sensacionalista e até despudorada pela qual o perso-nagem central do filme vira herói. Algum jovem mal preparadona sua estrutura moral,. ou com problemas econômicos sérioscomo existem muitos, pode pensar em agir da mesma maneira:

    O SR. DEPUTADO OCTACíLIO ALMEIDA - A pergunta queeu iria fazer a V. s.a se refere justamente a esse filme.

  • DJARIO DO CONGRESSO NACIONAL

  • Agosto de 1976 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAl, (Seção I) Terça-feira %4 7867

    tas. qual o papel que acha V S.~ deva caber à tevê educativa,pois, na sua exposição, refenu-se 'ao baixo nivel de audiênCiados programas educativos em São Paulo, como de resto tambémocorre na Guanabara. Durante um debate mantido nesta Co-missão com o Professor Gilson Amado, pareceu-nos claro que omelhor cammho seria o de que a TV Educativa fosse apenas umcentro gerador de programas, mas que as suas produções entras-sem no CircUito das TVs comerciais, o que daria talvez maioresrc.sultados, sobretudo se sua programação nas Tvs comerciaisfosse em cadeia, procurando Justamente estabelecer cntérios se-gundo os quais os programas de TV Educativa aliassem o sentidoeducativo ao entretemmcnto E, por último, o que acha V s.a dacriaçao, como ocorre nos Estados Unidos e em outros países domundo, de um órgão colegiado, de caráter comunitário, que secOstuma chamar de Conselho Nacional de Comumcação, no qualestão presentes não só representantes do mundo oficial, mastambém institUições as mais diversas, culturais, profiSSIOnais etambém representantes das empresas vinculadas diretamente àeXf}loração dos canais de rádIO e de televisão, para efeito de su-pervisionar e de dlsciplmar a elaboraçao dos programas dessesvelculos de comunicaçao de massa?

    O SR MORIVALDO KRAMBECK - Quanto ao papel do Es-tado, entendo que ele eVidentemente não pode ser omisso Eletem uma função defmlda cm relação ao p.roblema. A cngrena-gem burocrática através da qual o Estado podcna agir, digamos.dc maneira mais severa eu prefena não discutir aquI, porquefugi na um pouco da minha espeCialidade.

    Quanto à sua segunda pergunta, queira repetir, por genti-leza.

    O SR. DEPUTADO HUMBERTO LUCENA - É sobre a TVEducativa.

    O SR MORIVALDO KRAMBECK - Entendo não ser um pro-blema só de audIênCIa ou não, especificamente da TV Educa-tiva. Quando eu disse que a TV Educativa era um oásis na edu-cacão, eu qUIs dizer que era a úmca que educava. E para mimtodos os melOS de comunicacão devem educar. Então as outrasemissoras de teleVISão tambem deveriam CUidar de mandar suasmcnsagens comerCiaiS, de vender, mas de maneira que o produtofosse apresentado de modo a conclliar os mteresscs econômicosque estão por trás dos bastIdores com as neceSSidades de umamalOna, que é a SOCiedade Em outras palavras, para anunciardetermmado pl'Oduto e vendê-lo, não importa o caso, ela temque respeitar os padrões comportamentals na ordem moral e naordem religiosa daquele que vai consumir, mas que não é sim-plesmente o mdlvíduo que vaí comprar o produto que eles estãovendendo: é uma pessoa humana que merece respeito, é um jo-vem cuja personalidade está em formação e que não pode ter amímma dÚVIda sobre o verdadeiro sentIdo da mensagem emitida.Quero dizer que ele não pode dUVidar sobre qual sena o cami-nho do bem ou do mal e ficar confuso, entre Deus e o diabo,entre a Justiça e a mJustJça, entre a moralidade e a Imoralidade.É preciso que, a par do atendimento das eXigênCIas econômIcase comerCiaIS dos meIOs de comumcacão como empreendimentoeconômICO, se CUide de preservar a SOCiedade e sobretudo o jovemQuanto à terceira idéia que V. Ex a emitIU, eu Já haVia pensadonela. não, eVidentemente, com a preCisão que acabou de enunciá-la Eu não haVia pensado aSSim, em censura, em termos estritosEu haVIa pensado numa espéCie de acordo de cavalheiros, se éque ISSO possa ser feito.

    O SR DEPUTADO HUMBERTO LUCENA - Não se trata, seV. S.a me penlllte, de censura. Seria um Conselho encarregadoda programação:

    O SR. MORIVALDO KRAMBECK - Certo Também não pen-sei em censura Pensei num acordo de cavalheiros entre os res-ponsavels do Estado e os meIOs de comunicação para que, aten-dendo-se a convelllências mútuas, se respeitassem os direitos deum e de outro: o direito de o individuo vender o seu produto; odireito de Os meIOs de comumcação existirem como entidade pri-vada, o dIreito da SOCiedade de ser respeitada e de não abrir umaparelho de televisão em sua casa e ser violentamente agredida;o dIreIto do mdlvJduo de aSSistir a um filme no cmema sem verseus valores desmoralizados, aviltados, dIante de uma forma decomumcação que, como eu disse, levanta dÚVida em vez de es-clarecer e confunde o Jovem em vez de torná-lo um cidadão deidéiaS claras e de firme determinacão na VIda Talvez um Con-selho, como o nobrc Deputado sugeriu, fosse a solução NesseConselho procurar-se-la conCiliar os interesses em Jogo, no casoos interesses dos meIOs de comulllcação como empreendimentoseconónllcos e dos meios de educação como fator de educação.

    Parece-me que a sugestão é bastante interessante.

    O SR. DEPUTADO HUMBERTO LUCENA - Muito obrigadoa V. S a Agradeco ao Professor PláCido Affonso generosas pala-vras que profenu a respeito de mmha atuação na presidênciadessa Comissão. DesejO encaminhar-lhe uma pergunta baseadainclUSIve numa passagem de sua palestra, sobre qual sua oplmãoa respeIto da el>cessiva propaganda sobre o fumo e bebidas alco-

    ólicas, pelo rádIO, e pela televisão, assunto que está inclusivemuito ligado ao nosso órgão téCniCO, onde fOi aprovado um subs-titutiVO da lavra do ilustre Deputado JG de AraÚJO Jorge nosentido de limitar, no tempo, a transmissão dessas mensagensconSideradas noclva.s à sociedade, sobretudo à infância e à JU-ventude e que, em outros países do mundo como, por exemplo, osEstados Unidos, são até prOIbidas terminantemente O DeputadoJG de AraÚJO Jorge, no seu substitutivo, não só 11l11l1a essa pro-paganda a determinado horário, que sena, se não me engano, ohorano noturno, ma.s também estabelece pressuposto de mensa-gens ínstitucionals, que senam elaboradas pelo próprio Governo,com o fim de esclarecer a nOCividade do fumo e das bebidasalcoólicas,

    O SR PLÁCIDO AFONSO - Ê muito oportuna a intervencãovaliosa do emmente Deputado Humberto Lucena Antes de respon-der à sua pergunta, devo declarar que Jamais bebi uma gota deálcool. Eu quena também dizer, já agura reconhecendo, ao seulado esquerdo. essa figura por todos nós querida e admirada, tam-bém dos meus tempos de Juventude, no RIO de Janeiro, Já queconvivi intensamente com literatos e sélbretudo fUi aluno de al-guém que-,elaborou todo um enorme trabalho e durante toda asua vida trabalhou contra o alcool, escntor e mestre da MedicinaLegal, de formacão portuguesa, falava Português castl

  • "18118 Terça-feira:M DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Agosto de 19'16

    que bebe todos os dias, mesmo pequenas quantidades. É o que bebepara sair de casa, para falar, para ficar mais comunicativo; quebebe para comer duas feijoadas; é aquele que bebe no intervalodo almoço e do jantar e antes do jantar e bebe à noite social-mente, como dizem. Esse é considerado alcoólatra, segundo oque nos ensinam os psíquiatras, os médicos e os biólogos. Acho quedevemos fazer alguma coisa, Mestre Luoona e Mestre JG de AraújoJorge, no sentido de pelo menos amenizarmos essa grave situação.

    O SR. DEPUTADO HUMBERTO LUCENA - Muito obrigadoaV.S.'"

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Aurélio Campos) - Com apalavra o Sr. Deputado Milton Steinbruch.

    O SR. DEPUTADO MILTON STEINBRUCH - Prof. MolivaldoKrambeck, garantiu V. S."' que o jovem não é passivo, ele inter-pela. Dentro do seu conceito social, quais são as perguntas maisfreqüentes dos jovens? A politica especificamente faz parte dasindagações dos nossos jovens?

    O SR. MORIVALDO KRAMBECK - No meu exercício demagistério, vinte anos, especificamente na Cadeira de Organização'Social e Politica Brasileira, observo que o jovem não faz uma per-gunta sobre politica, mas inúmeras; algumas bastante complexas,revelando a sua ansiedade no sentido de compreender o mundopolítico que o contorna. Mas em toda temática política que noswllcitam, o que me fez pensar de maneira mais cuidadosa foiexatamente a forma chocante e - digamos - traumaticamente,no sentido emocional, através da qual o jovem me pergunta porque, a no mundo de hoje, não se cuida, como se deveria, dos direitoshumanos. Em todas as classes onde dou aula, desde a 6."' sérieaté ao 3.0 ano colegial, na relação estrutura política - sistemapolítico - direitos humanos, o que respeita à pessoa. humana é atemática central. Além da Política, eles se interessam tambémpor problemas de Religião, problemas de Deus. Como deve saberV. Ex.", vivemos num mundo onde paira o materialismo ateu. Nopróprio magistério, lamentavelmente, há colegas que induzem osjovens a não acreditar em nada, a não ser na soberania do átomoou na soberania da célula viva. E quando o jovem pergunta:"Mas, mestre, de onde veio átomo, de onde veio a célula viva?" Aresposta costumeira é esta: "Não sei, isso não é problema meu, éproblema de Religião, de Filosofia, não é problema de Físico-Quí-mica nem de Eiologia. Resposta, com o perdão da palavra, meiosafada, que induz ° jovem ao nihilismo, à descrença, ao tédio e àincompreensão. Além de perguntas dessa natureza, também fazemperguntas relacionadas com o convívio familiar ou social. Recordo-me de uma aula em que eu insistia no valor espiritual e legal docasamento. ,Esforçava-me para mostrar o caráter metafísico, doaa quem doer, que existe na relação homem-mulher, quando o casa-mento é feito de ser para ser. E, em relação ao caráter_legal docasamento, voltei-me para a classe e perguntei se alguém tinhadúvida. Todas as dúvidas que surgiram não foram relacionadascom o casamento, mas fui crivado de perguntas doutra natu.reza:o que eu achava do desquite, o que eu achava do divórcio, o queeu achava do adultério, o que eu achava de filhos ilegítimos, oque eu achava de abandono do lar e assim por diante. O querevelava, para minha grande decepção, que eles estavam maisinteressados - e até avidamente interessados - em 'saber minhaopinião a respeito de todas essas formas de desrespeito e de de-sagregação familiar. Eu diria o sinal dos tempos, em que umasocIedade próspera materialmente, mas, salvo melhor juízo, emcrise de consciência, está mais preocupadas com as formas minori-tárias e ilícitas de comportamente moral do que nas formas nor-ma.is de integração homem-sociedade.

    O SR. DEPUTADO MILTON STEINBRUCH - Muito obrigado,Prof. Morivaldo.

    Professor Plácido, falou V. S."' sobre a neurose da contestacão.O jovem contesta, na sua opinião, por não ter condições de dia-logar com os pais, com as autoridades policiais e até com seus re-presentantes aqui no Congresso. O Decreto-Lei n.o 471, tão dis-cutido por Parlamentares, não seria um grande entrave a essediálogo?

    . O·SR. PLáCIDO AFONSO - Ilustre e eminente Deputado Mil-ton Steinbruch, representante do Rio de Janeiro tenho lido nosjornais e acompanhado com o mais vivo interesse' muita coisa quese tem falado sobre esse Decreto-Lei n.o 477. Mas devo confess:;trque não conheço seu texto. Sei do que se trata, sim. Diria querealmente deveriamos e precisamos dar oportunidade a que se esta-beleça o diálogo. Inclusive enfatízei isso no meu rápido pronun-ciamento desta manhã, aqill, na Comissão de Comunicações, lem-bra bem o ilustre Deputado. Mas homem que freqüentou univer-sidades e homem que continua ainda freqüentando universidades,llempre vi que há millto pouca gente, nas universidades, interessa-da em estudar, em aprender. Vejo que há muita gente nos pátios,vejo muita gente falando e se movimentando nas salas de aula.

    Não quando eu falo. Não sei por que eles me respeitam. Talvel!pela minha voz um pouco possante. E u me entusiasmo, não levonada escrito para falar, e vou falando. Quando vejo um que estáse mexendo, vou em cima dele. Não sei se por essa técnica defalar eles me ouvem. Mas tenho visto, as mais diferentes formasde desrespeito, inclusive à autoridade do mestre. Tenho assistidoa terríveis contestações de jovens em relação aos mestres, dizendoinclusive que eles não sabem ensinar, que não sabem nada, quenão têm condições para ser professores. Num entendimento queeles, os alunos, deveriam estar na tribuna e o mestre, velho, en-canecido, que já leu vinte, trinta, quarenta, cinqüenta anos, deve-ria sentar-se no 'lugar deles. Vejo, então, que o eminente Depu-tado, com muita oportunidade e muita propriedade, formulou-meuma pergunta a quem tenho dificuldade de responder. Mas .,l!stourespondendo. Não deixo nada sem resposta, porque entendo queciência tão simplesmente é pergunta e resposta. Sou um estudiosoda. ciência, um militante da ciência. Devo dizer que deveríamostambém fazer os jovens compreenderem que precisariam tr àssalas de aula. Mas para isso vamos cair naquele ponto, por nósaqui lembrado, de que precisamos preparar a criança, o ado-lescente, o jovem. Primeiro pelos pais, que deveriam ser os pri-meiros grandes mestres - insisto eu - para que depois elespudessem ter também direito à liberdade de estabelecer diálogo.Mas será que estou falando mal dos jovens, em