fevereiro 1976 - imprensa brasileira - angola

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Jornal: Folha de São Paulo Data/pg: 01/02/1976 p. 11. Manchete: “MPLA rejeita um governo de união com adversários” Fonte: Folha de São Paulo Assunto: A matéria trata da declaração feita na Rádio de Luanda pelos representantes do governo do MPLA, de que jamais aceitariam a formação de um governo de união nacional, já que o que tinha se visto até o momento eram forças que se diziam angolanas, mas que haviam se revelado apenas como “agentes a serviço do imperialismo e do expansionismo racial”. Acrescenta que os EUA estavam cometendo “atos agressivos e criminosos próprios do imperialismo norte-americano” no território angolano. Destaca também a acusação de Cuba a China, segundo a qual esta última estaria colaborando com as forças mercenárias e imperialistas da FNLA, mas que Angola iria triunfar “apesar do delirante e frenético alvoroço maoísta”. Por fim, ressalta que o Primeiro-Ministro do Canadá Pierre Elliot Trudeau, advertiu Cuba para que não utilizasse os aeroportos canadenses como escala de reabastecimento dos aviões em transito para Angola, de ida ou de volta. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 01/02/1976, p. 6, com a manchete “MPLA recusa-se a compartilhar poder”. No Jornal do Brasil, dia 01/02/1976, p. 12, com as manchetes “MPLA pretende normalizar relações com o Ocidente” e “Times condena Trudeau”. No O Globo, dia 01/02/1976, p. 24, com a manchete “Ultimato a Portugal”. Jornal: Folha de São Paulo Data/pg: 01/02/1976 p. 11. Manchete: “Gowon comenta drama dos angolanos” Fonte: John Ellison – Dayly Express Assunto: O general Yakubu Gowon que governou a Nigéria durante nove anos falou pela primeira vez, desde que foi deposto, sobre a “tragédia angolana”. Gowon estava morando na Inglaterra e cursando Política na Universidade de Warwick. Afirmou que o fracasso da OUA em conceber uma fórmula de paz para Angola era sem dúvida uma tragédia para a África e que por isso, deveria deixar que Moscou e Washington resolvessem a situação. O General acreditava que dois fatores haviam sido os responsáveis pelo “desastre de

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Jornal: Folha de São PauloData/pg: 01/02/1976 p. 11.Manchete: “MPLA rejeita um governo de união com adversários”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata da declaração feita na Rádio de Luanda pelos representantes do governo do MPLA, de que jamais aceitariam a formação de um governo de união nacional, já que o que tinha se visto até o momento eram forças que se diziam angolanas, mas que haviam se revelado apenas como “agentes a serviço do imperialismo e do expansionismo racial”. Acrescenta que os EUA estavam cometendo “atos agressivos e criminosos próprios do imperialismo norte-americano” no território angolano. Destaca também a acusação de Cuba a China, segundo a qual esta última estaria colaborando com as forças mercenárias e imperialistas da FNLA, mas que Angola iria triunfar “apesar do delirante e frenético alvoroço maoísta”. Por fim, ressalta que o Primeiro-Ministro do Canadá Pierre Elliot Trudeau, advertiu Cuba para que não utilizasse os aeroportos canadenses como escala de reabastecimento dos aviões em transito para Angola, de ida ou de volta.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 01/02/1976, p. 6, com a manchete “MPLA recusa-se a compartilhar poder”. No Jornal do Brasil, dia 01/02/1976, p. 12, com as manchetes “MPLA pretende normalizar relações com o Ocidente” e “Times condena Trudeau”. No O Globo, dia 01/02/1976, p. 24, com a manchete “Ultimato a Portugal”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 01/02/1976 p. 11.Manchete: “Gowon comenta drama dos angolanos”Fonte: John Ellison – Dayly ExpressAssunto: O general Yakubu Gowon que governou a Nigéria durante nove anos falou pela primeira vez, desde que foi deposto, sobre a “tragédia angolana”. Gowon estava morando na Inglaterra e cursando Política na Universidade de Warwick. Afirmou que o fracasso da OUA em conceber uma fórmula de paz para Angola era sem dúvida uma tragédia para a África e que por isso, deveria deixar que Moscou e Washington resolvessem a situação. O General acreditava que dois fatores haviam sido os responsáveis pelo “desastre de Angola”: “o primeiro foi o fato de os portugueses não conseguirem, antes de deixar o país em 11 de novembro, estabelecer uma forma viável de governo em Luanda” e, “o segundo foi a intervenção das forças sul-africanas”. Revelou que os soviéticos estavam armando o MPLA bem antes da independência angolana, pois possuíam ambições estratégicas na África e que Washington vinha fornecendo armas para a FNLA. Destacou também que foi um erro dos ocidentais supor que, pelo fato de ter recebido armas dos soviéticos um movimento tinha que necessariamente vender-se para Moscou. Deu o exemplo da sua experiência na Guerra de Biafra, na qual aceitou os armamentos soviéticos, somente porque “não podia obtê-las de nenhum outro país” e que não “tinha a menor intenção de tornar a Nigéria uma colônia soviética”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 02/02/1976 p. 04.Manchete: “EUA estariam financiando os mercenários de Angola” Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata da declaração feita ao jornal The Observer segundo a qual a

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pessoa que estava recrutando uma força de 600 mercenários para lutar em Angola contra o MPLA revelou que a operação era financiada pelos EUA e que seu contato na Embaixada norte-americana em Londres era um adido militar. A Embaixada, como era de se esperar, desmentiu a notícia. Segundo o jornal, já tinham sido enviados para Angola, via Bruxelas, 120 mercenários para lutarem ao lado da FNLA e que a cada um foi oferecido um prêmio de 25 mil dólares pela captura de um soldado soviético entre as forças do MPLA.No que se refere à batalha, o jornal informa que o MPLA havia tomado a cidade de Huambo, antigo quartel-general da UNITA e ainda o importante entroncamento ferroviário de Benguela. Ressalta que os principais baluartes da UNITA embora ainda não tivessem caído, era apenas uma questão de dias. OBS: Matéria com conteúdo semelhante no que diz respeito às informações sobre a frente de batalha no O Estado de São Paulo, capa, com a manchete “MPLA avança e pressiona UNITA”. No Jornal do Brasil dia 02/02/1976, p. 10, com as manchetes “ ‘Expresso’ diz que Huambo caiu” e “Embaixada nega recrutamento”. No O Globo, dia 01/02/1976, p. 24, com a manchete “MPLA mobilizará suas reservas para conter mercenários”. Ainda no O Globo, dia 02/02/1976, p. 13, com a manchete “Mercenários serão mais de três mil”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 02/02/1976 p. 04.Manchete: “Posição do Brasil sobre Angola não muda sobre pressão”Fonte: Sucursal de Brasília, dos correspondentes e do serviço localAssunto: A matéria trata da declaração de fontes diplomáticas de Brasília, segundo as quais consideraram “inviável” a possibilidade de que Henry Kissinger realizasse quaisquer tipos de pressão junto às autoridades brasileiras para obter mudança na posição do Brasil em face do governo de Angola. A informação sobre as pretensões atribuídas ao Secretário de Estado havia chegado ao Itamaraty por meio de agências de noticias internacionais. Admitiu-se, contudo, que Kissinger conversará com os dirigentes brasileiros a respeito da questão angolana, mas que não se aceitaria uma pressão direta do Secretário com vistas a obter um recuo do Brasil na sua política de aproximação com o governo de Luanda. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 04/02/1976, p. 11, com a manchete “Angola, um tema de Kissinger no Brasil”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 03/02/1976 p. 6.Manchete: “O MPLA prepara a grande ofensiva”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata da inauguração da Conferência Internacional de Solidariedade a Angola, que seria usada como base política para a grande ofensiva militar a que pretendia o MPLA, em comemoração ao 15º aniversário do inicio da luta armada contra as forças coloniais de Portugal. A Conferência de Luanda foi convocada pela Organização de Solidariedade aos Povos da África e Ásia com sede no Cairo. Ressalta também a declaração dada por Neto, segundo a qual só existiria uma

organização política e governo organizado – o do MPLA e, que os “títeres” jamais poderiam ser considerados movimentos de libertação.

Informa que Camarões e Serra Leoa reconheceram o governo do MPLA e que a Tanzânia teria proposto que a OUA admitisse Angola como país membro.Por fim, trata das declarações prestadas por Henrick Vaal Neto e Paul Tuba ao Senado

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norte-americano, segundo as quais defenderam a necessidade de que tivessem armas tão poderosas quanto as do MPLA, que não precisavam nem queriam a participação de soldados norte-americanos e que a situação de Angola não era propriamente uma guerra civil, “mas sim uma guerra entre nacionalistas angolanos e os invasores não-angolanos e comunistas”. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 03/03/1976, p. 10, com a manchete “Brejnev envia mensagem de apoio a URSS”. No O Globo, dia 03/02/1976, p. 15, com a manchete “MPLA comemora a guerrilha”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 03/02/1976 p. 6. Manchete: “EUA recorrerão a pressões”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria afirma que os EUA haviam renunciado a idéia de intervir em Angola com a finalidade de contrabalançar a presença soviética, todavia, estariam dispostos a exercer pressões econômicas sobre o Kremilin, a fim que o avanço soviético fosse contido em Angola. Tais pressões econômicas, segundo teria dito o Presidente Ford, consistiriam em reduzir o fluxo tecnológico e comercial dos EUA para a URSS, para que esta última adotasse uma política mais conciliatória em Angola.Ressalta também a acusação do Primeiro-Ministro do MPLA, Lopo do Nascimento, publicada no The New York Times, de que os EUA estariam movendo uma guerra econômica contra Angola, na medida em que suspenderam as atividades da Gulf Oil em Cabinda e retiveram 200 milhões de dólares por essa empresa. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 02/02/1976, p. 10, com a manchete “MPLA reclama de pressão econômica norte-americana”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 03/02/1976 p. 6.Manchete: “Ford é criticado em Moscou”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata da declaração da URSS, segundo a qual o Presidente Gerald Ford e o Secretário de Estado Henry Kissinger estariam distorcendo a política de Moscou e de Havana com relação a Angola, desde que o Congresso norte-americano proibiu qualquer tipo de ajuda a FNLA e a UNITA.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 02/02/1976, p. 10, com a manchete “Moscou critica Ford e Kissinger”. No O Globo, dia 02/02/1976, p. 13, com a manchete “ ‘Pravda’: URSS quer paz em Angola”. Ainda no O Globo, dia 03/02/1976, p. 15, com a manchete “Brejnev reitera apoio ao MPLA”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 04/02/1976 p. 02.Manchete: “Angola no futuro”Fonte: Jane Bergerol – Financial TimesAssunto: O artigo afirma que as perspectivas de uma vitória do MPLA em Angola, estariam previstas para aquelas próximas semanas ou no máximo no fim de 1976 e que tinham se tornado suficientemente clara para que os EUA tivessem permitido que Jonas Savimbi falasse nas extinções das guerras de guerrilhas.Destaca que a mal conduzida intervenção sul-africana em Angola havia sido frustrada por forças do MPLA lideradas por tropas cubanas com armas fornecidas pela URSS. Previne que supor que o MPLA viesse a oferecer ajuda material aos movimentos de

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oposição aos países vizinhos, Zâmbia e Zaire, era uma questão delicada. Mas que certamente, as relações com o Zaire, cujo exército havia aderido às tropas da FNLA contra o MPLA no norte de Angola, seriam bastante problemáticas. Com relação a Zâmbia, segundo o jornal, o problema seria diferente já que o MPLA havia desfrutado de facilidades de operações em Zâmbia, tendo abastecido suas forças guerrilheiras orientais. Todavia, o presidente Kenneth Kaunda passara, posteriormente para o lado da UNITA. Acredita-se que Luanda reabriria o caminho de ferro de Benguela para o uso da Zâmbia, desde que esta abandonasse a UNITA e reconhecesse o MPLA. Entretanto, o fato da linha férrea passar pelo Zaire poderia causar problemas. Desta forma, o artigo ressalta que o presidente da Zâmbia corria, portanto, o risco de tornar-se cada vez mais dependente economicamente da África do Sul.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 04/02/1976 p. 6.Manchete: “Chegam a Salvador mais nove refugiados de Angola” Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata, como o próprio título adianta, da chegada de nove refugiados em Salvador que concederam entrevistas na sede do II Distrito Naval. Todos já tinham situação legalizada e já haviam se apresentado à Policia Federal. O grupo afirmou que vieram para o Brasil, pois precisavam de segurança e tranqüilidade para trabalhar, estabilidade econômica e possibilidade de alimentar-se normalmente, longe dos tiros e sem querer saber de política. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 04/02/1976, p. 11, com a manchete “Chega outro barco angolano trazendo mais 9 refugiados”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 04/02/1976 p. 08. Manchete: “Só em Londres mercenários já custaram Cr$ 5,6 milhões”Fonte: Cláudio Kuck – Correspondente em LondresAssunto: A matéria afirma que ao embarcarem no aeroporto de Londres os mercenários escondiam o rosto entre as mãos, baixavam a cabeça, não queriam responder mais perguntas. Mas que mesmo assim, soube-se que para lutar em Angola, ao lado das forças do Zaire, FNLA, África do Sul e UNITA, receberiam ordenados que variavam de 650 a 1100 libras mensais, um mês de férias após seis meses de trabalho, além de uma passagem aérea para descansar em qualquer país do mundo. Existia ainda, um prêmio extra de 25 mil libras se conseguissem capturar algum agente soviético em ação em Angola. Ressalta que a Security Advisory Services (SAS) organização dirigida por John Banks (32 anos), ex-paraquedista, coordenava a arregimentação de mercenários. Quanto a origem do dinheiro, afirmou que ele vinha de diversas fontes, desde a CIA (via embaixada norte-americana em Londres) até enviados vindos do Zaire. Havia também outros meios, como transferências bancárias da Bélgica e diretamente através da embaixada do Zaire em Londres. Disse que os negócios haviam aumentado muito depois da publicidade em torno da primeira viagem dos mercenários. Tanto assim, que um telefonema dado à sede da empresa, foi respondido por uma voz feminina perguntando: “Você também quer ir a Angola? Todos querem. Já houve mais de 300 chamadas só hoje”. O jornal destaca que os candidatos eram, em sua maioria, reservistas desempregados, ou então faziam parte do grupo de 8 mil soldados desmobilizados por motivo de economia. Alguns pertenceram aos comandos dos fuzileiros navais, do “Special Air Services” e ex-paraquedistas.

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Por outro lado, a matéria enfatiza que o deputado trabalhista Stanley Newens combatia a ida de mercenários no Parlamento e questionava o Ministro das Relações Exteriores, James Callaghan, sobre o que ele achava do assunto e o que faria contra. O deputado acrescentou defendendo que os mercenários viajavam como cidadãos britânicos, então o que aconteceria caso fossem recrutados? O governo interviria?OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 04/02/1976, p. 15, com a manchete “Guerreiros sem pátria dão muito lucro a negociantes” (por Cláudio Kuck).

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 04/02/1976 p. 08. Manchete: “Zaire retira apoio à FNLA”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata da declaração do Presidente do Zaire Mobuto Sese Seko, de que seu governo não permitiria mais o trânsito de mercenários em direção a Angola. A atitude de Mobuto fora considerada nos círculos diplomáticos africanos, conseqüência da crescente ofensiva do MPLA, naquele momento já reconhecido pela maioria das nações africanas. Ressalta também, que o MPLA havia desmentido a declaração de que pretendia nacionalizar as jazidas de petróleo exploradas em Cabinda pela Golf Oil.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 05/02/1976, p. 8, com a manchete “Mobutu tenta ‘africanizar’ a guerra civil de Angola”. No Jornal do Brasil dia, 04/02/1976, p. 10, com a manchete “Coalizão volta à mesa de debate”. No Globo, dia 04/02/1976, p. 15, com a manchete “Zaire barra mercenários”. Ainda no O globo, dia 05/02/1976, p. 18, com a manchete “Ação do Zaire fortalece MPLA”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 04/02/1976 p. 08.Manchete: “Kissinger arquiva ‘caso Angola’”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração do Secretário de Estado, Henry Kissinger, em que diz ter arquivado a questão angolana, mas advertiu, contudo, que os EUA não permaneceriam por muito tempo indiferentes ao envio de forças expedicionárias e de grandes quantidades de armas para a imposição de alguns governos apoiados por uma minoria da população local. O secretário também acusou o Congresso dos EUA de ter contribuído para a atual situação ao ter impedido o apoio às facções contrárias ao MPLA.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 04/02/1976, p. 10, com a manchete “EUA advertem que não tolerarão nova Angola”. No O Globo, dia 04/02/1976, p. 15, com a manchete “Kissinger considera perdida a questão angolana”.

Jornal: Jornal do BrasilData/pg: 04/02/1976 p. 10.Manchete: “MPLA celebra 15 anos de guerra”Fonte: Internacional/PesquisaAssunto: A matéria traça um histórico do MPLA, fixando sua origem em 1956, passando pelo inicio da luta em 1961 e mencionando a publicação em junho de 1961 de uma “declaração ao Governo de Lisboa”, na qual exigia “1) o reconhecimento solene e imediato do direito do povo angolano à autodeterminação; 2) anistia total e incondicional, assim como a libertação de todos os prisioneiros políticos; 3) instituição das liberdades públicas, principalmente a formação legal de Partidos políticos e

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garantias concretas para o exercício efetivo dessas liberdades; 4) retirada imediata das Forças Armadas portuguesas e fechamento das bases militares existentes no território; 5) convocação, até o fim de 1961, de uma mesa-redonda formada, de um lado por delegados de todos os Partidos políticos angolanos, e de outro por delegados do governo português, tendo em vista a solução pacifica do problema colonial em Angola, no interesse geral”.

Jornal: Jornal do BrasilData/pg: 04/02/1976 p. 10.Manchete: “Os poços parados de Cabinda”Fonte: Michael Kaufman – New York TimesAssunto: A matéria afirma que os equipamentos de extração e bombeamento de petróleo estavam, a uma milha da costa da localidade de Malongo, imóveis devido a “escaramuças econômicas e diplomáticas entre os EUA e o MPLA”. Acrescenta que os poços de petróleo haviam sido instalados na cidade pela Gulf Oil, que operava, originalmente, sob concessão do Governo português. Em dezembro de 1975 os técnicos da Gulf partiram, supostamente, segundo o autor, por terem temido por sua segurança. Desta forma, naquele momento, os poços estavam inativos, com exceção de um, operado por um ex-técnico da Gulf e partidário do MPLA, que declarou que estavam refinando um pouco de óleo cru para as necessidades de Angola e usando os estoques já existentes. O ex-técnico defendeu acreditar que a Gulf havia deixado Cabinda por pressão do Departamento de Estado norte-americano.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 05/02/1976 p. 8.Manchete: “URSS saúda MPLA”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração do Ministro da Defesa da URSS, Andrei Grechko, segundo a qual enviou mensagens de “saudações e cumprimentos fraternais” às Forças Armadas de Angola, tendo formulado votos para que o MPLA vencesse a “valente luta que estava travando contra a agressão estrangeira e a reação interna, pela liberdade e integridade territorial de Angola”. Tal menção fora dirigida a Henrique Teles Carreira, Ministro da Defesa do governo instalado pelo MPLA em Luanda. Ressalta também a critica feita por meio do Diário do Povo de Pequim à intervenção soviética e cubana, tendo afirmado que a situação vivida por Angola naquele momento era grave e sua gravidade estava no fato da URSS ter provocado à divisão e a guerra civil e comparou a ação soviética à de Hitler. Acrescentou que o pretexto ideológico era só para que fosse encoberta uma ação de nítido toque colonialista, que superava inclusive, os dos velhos colonialistas. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 05/02/1976, p. 18, com a manchete “China adverte: URSS criará novas Angolas”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 05/02/1976 p. 6. Manchete: “EUA pretendem usar bases aéreas e navais de Angola”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria afirma que o Departamento de Defesa norte-americano queria que as facções pró-ocidentais saíssem vitoriosas do conflito em Angola para que navios e aviões de guerra pudessem ter acesso aos portos e bases aéreas. Acrescenta declaração do Sub-Secretário norte-americano da Defesa, Robert Ellsworth, de que o MPLA

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possuía “esmagadora superioridade” graças aos 200 milhões de dólares em ajuda bélica concedidos pela URSS e também pela presença de onze mil soldados cubanos. Defendeu ainda que o Pentágono não recomendava nem apoiava o deslocamento de forças militares dos EUA para Angola e que não permitiriam que a URSS obtivesse o uso exclusivo, para fins militares, das instalações áreas e marítimas angolanas.No que se refere à frente de batalha, a matéria informa que a UNITA estava no sul de Angola e que pretendia expulsar as tropas do MPLA do estratégico entroncamento rodoviário de Alto Hama, ao norte da cidade de Huambo. OBS: Matéria de conteúdo semelhante, no que diz respeito as informações sobre a frente de batalha no O Estado de São Paulo, dia 05/02/1976, p. 8, com a manchete “A UNITA esboça ofensiva no sul”. No Jornal do Brasil matéria de conteúdo semelhante com relação à questão da instalação de bases, dia 05/02/1976, p. 10, com a manchete “EUA acham que Moscou se aproveita de Angola”. No O Globo (também questão da instalação de bases), dia 05/02/1976, p. 18, com a manchete “EUA temem perda de bases e portos”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 06/02/1976 p. 7. Manchete: “Ladrões e contrabandistas, a ‘elite’ dos mercenáruios”Fonte: Cláudio Kuck – Correspondente Folha de São Paulo Assunto: A matéria ressalta que ladrões, alcoólatras, expulsos do Exército formavam o batalhão de elite dos mercenários que continuavam a ser arregimentados pela FNLA na Grã-Bretanha, para lutarem em Angola.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 06/02/1976 p. 7.Manchete: “O MPLA desfila em Luanda com armamentos soviéticos”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata de um desfile militar feito pelo MPLA em Luanda com tanques, carros blindados e lança foguetes de fabricação soviética, esquadrão de aviões a jato “Mig – 21” também cruzaram o céu. Ressalta a crítica feita por Holden Roberto ao Ocidente, acusado de ter se acovardado com a intervenção soviética na guerra civil de Angola. Acrescentou que se o Ocidente entregasse a FNLA a metade, ou mesmo a terça parte, do material com que a URSS estava abastecendo o MPLA, que certamente poderiam esmaga-los. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 06/02/1976, p. 2, com a manchete “Líder da FNLA condena a falta de ajuda do Ocidente”. No Jornal do Brasil, dia 06/02/1976, p. 10, com a manchete “Roberto acusa Ocidente de covardia ante a ação da URSS”. No O Globo, dia 06/02/1976, p. 16, com a manchete “UNITA usará aviões contra o MPLA”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 06/02/1976 p. 2. Manchete: “Luns critica ingerência russa e a omissão norte-americana”Fonte: O Estado de São PuloAssunto: A matéria enfatiza a declaração do Secretário-Geral da NATO, Joseph Luns, segundo a qual condenou severamente a intervenção militar da URSS em Angola, tendo afirmado que tal gesto “prejudicou seriamente o processo de distensão entre Leste e Oeste” e que poderia conduzir a uma intervenção maciça na África. Acrescentou, por outro lado, que a recusa do Congresso em que fosse permitida a ajuda direta dos EUA

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às facções pró-ocidentais angolanas, estava fazendo com que as nações africanas colocassem em dúvida o sistema democrático. Afirmou também que as nações africanas estavam observando de perto e comparando as ajudas prestadas pela URSS e pelos EUA. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 06/02/1976, p. 16, com a manchete “OTAN critica URSS e ameaça intervir na África”. Ainda no O Globo dia, 09/02/1976, p. 16, com a manchete “Luns e a indecisão dos Estados Unidos”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 07/02/1976 p. 7. Manchete: “Pentágono diz que cubanos deixaram de ir para Angola”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria ressalta a interrupção por mais de duas semanas do transporte aéreo de tropas cubanas para Angola. Analistas do Pentágono informaram que não sabiam se o envio de soldados cessou temporariamente ou se a suspensão foi definitiva.Destaca também que a África do Sul mobilizaria sua força aérea para defender suas tropas na fronteira com Angola se necessário fosse. Informa que três soviéticos morreram em confronto com a UNITA.OBS: Matéria de conteúdo semelhante, no que diz respeito à disposição sul-africana de mobilizar sua força aérea para a luta em Angola, no O Estado de São Paulo, dia 07/02/1976, p. 6, com a manchete “Em Angola, soviéticos morrem em combate”. No Jornal do Brasil, dia 07/02/1976, p. 10, com a manchete “Soviéticos sofrem as primeiras baixas em Angola e três morreram em choque com a UNITA”. No O Globo, dia 07/02/1976, p. 15, com a manchete “África do Sul ameaça usar aviação em Angola”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 06/02/1976 p. 2.Manchete: “Para Kissinger, Cuba não alterou a estratégia”Fonte: David Binder – The New York TimesAssunto: A matéria é sobre a declaração do Secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, segundo a qual afirmou que Cuba estava exportando a Revolução por sua própria iniciativa para Angola, para o Saara e talvez para outras áreas situadas fora do hemisfério, todavia, deixou claro que acreditava que os cubanos tinham chegado a Angola com as bandeiras tremulando ao vento. Ou seja, rejeitava a teoria a teoria apresentada pela maioria dos peritos administrativos, de que Cuba estava sendo obrigada a lutar em Angola por pressão soviética.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 07/02/1976 p. 7.Manchete: “A Índia reconhece o MPLA”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata como seu título já adianta, do reconhecimento do governo do MPLA pela Índia. O Ministro das Relações Exteriores Indiano, Yeshwantrao Chavan, afirmou que somente o MPLA parecia ter se comprometido a preservar a independência e a integridade de Angola e lutava contra a intromissão armada sul-africana. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 07/02/1976, p. 6, com a manchete “Em Angola soviéticos morrem em combate”. No O Globo, dia 07/02/1976, p. 15, com a manchete “Senador americano pede diálogo”.

Jornal: O Estado de São Paulo

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Data/pg: 07/02/1976 p. 6.Manchete: “Continente teme subversão geral”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria afirma que era cada vez maior o temor de alguns países africanos de que uma vitória das forças pró-soviéticas pudesse transformar Angola “num centro de subversão contra os países vizinhos”, e que isso pudesse tornar ainda mais graves os problemas raciais na África do Sul, colocando em perigo as escassas possibilidades de que a situação pudesse ser resolvida pacificamente. Acrescentou-se que uma maior participação norte-americana seria bem vinda.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 08/02/1976 p. 14.Manchete: “Portugal impedirá o recrutamento de mercenários”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração do Ministro Interterritorial, Major Vitor Crespo, de que Portugal adotaria as medidas necessárias para impedir que se recrutassem em seu território mercenários para Angola. Tal declaração deve-se ao fato da imprensa ter vindo a dias denunciando a ação de uma rede portuguesa de recrutamento de “voluntários” para combater ao lado da FNLA.Ressalta também, a polêmica que a situação em Angola gerou nas Nações Unidas entre o delegado soviético Yakov Malik e o britânico John Murray. Este último afirmou que os fatos falavam claramente: soldados cubanos muito bem armados com armas soviéticas estavam matando africanos, tendo atravessado o Atlântico com esta finalidade. Malik replicou tendo denunciado o recrutamento na Inglaterra de mercenários para a luta em Angola.OBS: Matéria de conteúdo semelhante, no que diz respeito as declarações do Major Vitor Crespo, em O Estado de São Paulo, dia 08/02/1976, p. 6, com a manchete “Conseguida a vitória, MPLA dependerá apenas de Moscou”. No Jornal do Brasil, dia 08/02/1976, p. 14, com as manchetes “Moynihan reaga a Malik na ONU em tom violento” e “Portugal promete ao MPLA medidas contra mercenários”. No O Globo, dia 08/02/1976, p. 24, com as manchetes “Ford debaterá com Luns intervenção da URSS em Angola” e “EUA e URSS travam áspero debate por erro de tradução”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 09/02/1976 p. 4.Manchete: “MPLA ocupa a capital do sul”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata do anúncio feito pelo MPLA de que haviam capturado a cidade de Huambo (ex Nova Lisboa), terceira cidade em importância em Angola e capital da UNITA, esta, abandonou a cidade e dirigiu-se para Silva Porto. A tomada de Humabo constitui um novo êxito ao MPLA, já que poderia controlar um grande trecho do caminho de ferro de Benguela. Um porta voz do MPLA teria informado também, que as tropas naquele momento dirigiam-se para Luso e, uma outra coluna, para Lobito.Ressalta o anúncio feito pela agência de notícias TASS, que informou que o MPLA conquistara o povoado de Santo Antonio do Zaire, no nordeste de Angola, anteriormente em poder da FNLA. Na frente oriental, segundo o jornal, as tropas do MPLA capturaram a povoação de Lomege, tendo aberto caminho até Lozo, importante entroncamento ferroviário de Benguela.Destaca uma entrevista feita com o Ministro das Relações Exteriores da Tanzânia, Ibrahim Kaduma, que havia acabado de retornar de uma viagem a Angola. Kaduma

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enfatizou que o MPLA controla cerca de 70% da ex-colônia portuguesa. Acrescentou dizendo que a OUA deveria reconhecer o governo do MPLA.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 10/02/1976, p. 9, com a manchete “A conquista de Huambo é precedida de chacinas”. No Jornal do Brasil, dia 09/02/1976, p. 11, com a manchete “Tropas de Agostinho Neto ocupam Huambo e S. Antonio”. No O Globo, dia 09/02/1976, p. 16, com a manchete “Tropas do MPLA tomam Huambo, QG da UNITA”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 10/02/1976 p. 8. Manchete: “Mercenários fuzilam mercenários”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria destaca que John Banks, recrutador de mercenários britânicos, voltou de Angola e informou que oficiais norte-americanos “boinas verdes” estavam treinando soldados do Zaire em acampamentos localizados a um dia de Angola. Acrescentou que rompeu relações com a “Special Advisory Service” (SAS), principal organização de recrutamento de mercenários na Grã-Bretanha devido ao mau uso que os seus dirigentes vinham fazendo dos fundos destinados à FNLA. Afirmou que estava pronto para voltar a Angola para tentar tirar de lá seus homens, já que a SAS não estava proporcionando as instalações médicas prometidas. Denunciou que 14 mercenários haviam sido mortos por terem se negado a lutar. A execução fora ordenada pelo coronel Callan, comandante mercenário, que Banks classificou de “um maníaco homicida”. Essa denuncia, segundo o jornal, fora confirmada pelo correspondente de guerra Neil Davis, da Austrália. Callan foi descrito como um terrorista grego que servira por dois anos no Exército britânico. Apesar de tudo, o jornal afirma, por fim, que os recrutamentos para Angola continuam e que Leslie Aspin, um dos responsáveis pela SAS acompanhara pessoalmente o último grupo de 60 homens. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 10/02/1976, p. 9, com a manchete “Violência e morte entre os mercenários”. No Jornal do Brasil, dia 10/02/1976, p. 10, com as manchetes “Britânico denuncia ação dos EUA” e “Londres investiga execuções” (por Robert Dervel Evans). No O Globo, dia 10/02/1976, p. 13, com a manchete “Mercenários fuzilam os próprios companheiros”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 10/02/1976 p. 8.Manchete: “Para a UNITA um duro revés”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria relata as seguidas vitórias obtidas na frente de batalha pelo MPLA, destacando-se as conquistas de Huambo e Uige, antigos baluartes da UNITA. Descreve com detalhes essas batalhas, ressaltando que o avanço do MPLA fora dificultado, pois as tropas sul-africanas antes de retirarem-se do território angolano, minaram-no (pontes, rodovias, povoados inteiros). Enfatiza que a conquista de Huambo tinha significado além do militar, já que era uma região rica, com importante criação de gado, excelentes colheitas de cacau, borracha e café. E também o entroncamento ferroviário que controla o envio de cobre do Zaire e da Zâmbia ao porto de Lobito, no Atlântico. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 10/02/1976, p. 10, com a manchete “Sul-africanos admitem que MPLA já ganhou a guerra”.

Jornal: Folha de São Paulo

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Data/pg: 11/02/1976 p. 5.Manchete: “Angola preocupa Brasil e Argentina”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria informa que o novo embaixador argentino, Jorge Casals, revelou que o Brasil e a Argentina participavam da mesma inquietude diante da possibilidade de bases comunistas em Angola, mas entendiam que este não devia ser um tema para discussões bilaterais entre ambos os países, mas sim analisado e estudado num plano maior da segurança do continente.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 11/02/1976 p. 6.Manchete: “Caem Lobito e Benguela; o fim da guerra se aproxima”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria é sobre a tomada dos portos de Lobito e Benguela e da cidade de Katambela, importantes centros de resistência da UNITA e, naquele momento já avançavam sobre seus últimos baluartes de Silva Porto e Luso.Ressalta que o MPLA tinha tido mais uma importante vitória diplomática ao ser reconhecido por Uganda, cujo Chefe de Estado, Idi Amin, é também Presidente da OUA.Destaca que quarenta exaustos mercenários britânicos retornaram a Londres e confirmaram as execuções de vários companheiros por ordem de seu comandante conhecido como Coronel Callan. O jornal informa que os mercenários foram submetidos a interrogatórios e apurou-se que o verdadeiro nome do Coronel Callan, era Costas Geogiou, um greco-cipriota, que na época tinha apenas 24 anos. Naquele momento, segundo as informações dos mercenários, ele econtrava-se preso pela FNLA, devido aos fuzilamentos e estava ferido. Holden Roberto defendeu, entretanto, que não possuía conhecimento das execuções.OBS: Matéria de conteúdo semelhante, no que se refere à frente de batalha em O Estado de São Paulo, dia 11/02/1976, p. 8, com a manchete “O MPLA prossegue avanço e toma Lobito e Benguela”. Outra matéria de conteúdo semelhante, no que diz respeito ao retorno dos mercenários britânicos a Londres, em O Estado de São Paulo, dia 11/02/1976, p. 8, com a manchete “Wilson vai impedir ação dos mercenários”. No Jornal do Brasil, dia 11/02/1976, p. 10, com as manchetes “Wilson confirma nos Comuns os fuzilamentos” e “MPLA toma os portos de Lobito e Benguela”. Ainda no Jornal do Brasil, dia 12/02/1976, p. 10, com a manchete “FNLA anuncia a morte de Callan”. No O Globo, dia 11/02/1976, p. 17, com as manchetes “MPLA toma Lobito e Benguela e ganha lugar na OUA” e “Mercenários regressam a Londres”. Ainda no O Globo, dia 12/02/1976, p. 19, com a manchete “Mercenários relatam chacina”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 11/02/1976 p. 6.Manchete: “O passo em falso da África do Sul”Fonte: Paul-Jean Francheschimi – LeMondeAssunto: A matéria informa que o MPLA parecia estar em vias de ganhar a partida em Angola, pois no norte a FNLA debandava em desordem, abandonando equipamentos e armamentos para a fronteira do Zaire; no centro e no sul do país, a UNITA, privada do essencial apoio sul-africano, também debandava e seu chefe, Jonas Savimbi, multiplicava os oferecimentos de negociação a Neto. O governo de Luanda, contudo, não parecia disposto a uma negociação, afirma o jornal.Destaca que se o MPLA se instalasse solidamente na fronteira do Sudoeste Africano,

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Pretória não manteria suas pretensões ao direito de seqüência e mesmo à proteção das instalações hidrelétricas do Rio Cunene, senão ao preço de um choque direto com angolanos e cubanos. Enfatiza que o passo em falso de Vorster colocaria o poder branco na Rodésia numa posição cada vez mais insustentável, encorajaria a guerrilha negra na Namíbia e talvez incendiaria a fronteira com Moçambique. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 10/02/1976, p. 10, com a manchete “Imprensa teme choque iminente”. No O Globo, dia 11/02/1976, p. 17, com a manchete “Movimento de pinças para luta final”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 12/02/1976 p. 10.Manchete: “Unidade africana reconhece MPLA”Fonte: Folha de São Paulo Assunto: A matéria é sobre a admissão de Angola como 47º membro da OUA, o que significou o maior êxito no campo diplomático do MPLA até então. A admissão de Angola foi decidida por maioria simples, em votação realizada entre os membros da entidade e, a decisão foi comunicada ao Presidente Neto em mensagem assinada pelo secretário-geral do órgão, William Eteki M´Boumoua.Em seguida, a matéria relata as principais vitórias obtidas pelo MPLA: queda de Santo Antonio do Zaire e São Salvador, no norte; Lobito e Benguela, no sul; e a queda iminente de Silva Porto, no centro. Ressalta que os enfrentamentos naquele momento, seriam contra a África do Sul, fato que poderia gerar um conflito ainda mais grave. No entanto, esperava-se que pudesse haver negociações, já que o MPLA não desejaria envolver-se numa nova guerra, possivelmente mais longa e dolorosa.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 12/02/1976, p. 14, com a manchete “OUA reconhece o MPLA” e no Jornal do Brasil, dia 11/02/1976, p. 10, com as manchetes “O passo calculado” (por Juarez Bahia) e “Amin pede que Neto aceite cooperar com rivais”. Ainda no Jornal do Brasil, dia 12/02/1976, p. 10, com as manchetes “OUA admite Governo de Neto por maioria simples” e “MPLA avança em direção do Sul”. No O Globo, dia 12/02/1976, p. 19, com a manchete “OUA confirma reconhecimento”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 12/02/1976 p. 10Manchete: “O final trágico de um sórdido negócio”Fonte: Cláudio Kuck – Correspondente Folha de São PauloAssunto: A matéria afirma que havia virado desastre o sórdido negocio de alugar homens para irem lutar contra os africanos e cubanos do MPLA em Angola. Ressalta que a “Security Advisory Service” (SAS) estava interessada apenas em ganhar suas 200 libras por soldado posto no Zaire e incorporado à FNLA, não fazendo qualquer seleção e mentindo aos candidatos. Assim, chegaram a Kinshasa rapazes como David Smith (17 anos) que nunca haviam manejado uma arma, ou o piloto Andrew Black (21 anos), que havia sido contratado com a informação de que treinaria outros pilotos, no entanto, quando lá chegou foi lutar na infantaria. No grupo, também se incluía homens procurados pela polícia pelos crimes mais diversos. A matéria continua informando que por fim, o episódio jogou toda a imprensa britânica contra os mercenários e seus recrutadores.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 12/02/1976 p. 14

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Manchete: “Ação cubana foi decisiva”Fonte: Hermano Alves – Correspondente Estado de São PuloAssunto: A matéria defende que a participação das tropas cubanas na guerra em Angola vinha sendo decisiva nas sucessivas vitórias do MPLA, já que “o nível de adestramento” das tropas era muito mais alto do que de qualquer outra em operação no território. Calculava-se que existisse naquele momento mais de 12 mil cubanos em Angola.Destaca também uma intensa campanha em Cuba em apoio à luta ao lado do MPLA, contudo, a matéria deixa claro que “figuras importantes” haviam manifestado dúvidas, sobretudo depois que o Primeiro-Ministro do Canadá, Pierre Eliot Trudeau em conversa com Fidel Castro, criticou a intervenção cubana. Acrescenta que a necessidade de tal campanha demonstrava que Fidel Castro estava inseguro quanto ao fato de contar com o apoio político unânime do Partido Comunista e entre a população. Afirma que uma coisa era estimular e dar apoio material ou logístico a um movimento de guerrilhas ou de independência, treinar quadros, preparar especialistas e até mesmo fornecer dinheiro, outra, era enviar tropas do exército regular, sem que a maioria da população tivesse conhecimento do que estava ocorrendo. Dialoga com a proposta do Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, segundo a qual Cuba teria lutando na guerra em Angola por iniciativa própria e não porque teria sido “empurrada” pela URSS, afirmando que naquele momento ainda era interessante para o Secretário-Geral soviético Leonid Brejnev permitir que Cuba proclamasse vitórias independentes, já que, teria como objetivo implícito demonstrar que a deténte não incluía os conflitos em “áreas de periferia”, calando com isso seus adversários da “linha dura”. Mas ressaltou que isso tinha um limite, podendo chegar o momento em que a guerra se tornasse um fardo para Castro ou, por outro lado, suas ações independentes pudessem ser mal vistas por Moscou, assim como, já eram observadas com cautela por vários partidos comunistas (da França, Itália, Liga dos Comunistas da Iugoslávia, Polônia, partidos social-democratas e socialistas do Ocidente, além de vários governos de estados africanos). Enfatiza que uma conseqüência imediata da intervenção cubana em Angola foi à pausa nos contatos entre Washington e Havana e o arquivamento de uma viagem de Henry Kissinger a Fidel Castro. Aponta que outra conseqüência foi o esfriamento por parte dos países da Comunidade Européia com relação a Cuba. Uma terceira conseqüência teria sido as intensas críticas formuladas pela China. Como conclusão, o autor defendeu que sempre houve uma preocupação por parte das demais potências em disfarçar suas intervenções em países alheios, mas que Fidel Castro estava inovando na medida em que vinha enviando tropas a Angola sem que existisse qualquer instrumento jurídico ou sem que tivesse havido “qualquer disfarce capaz de preservar o pudor e a hipocrisia internacionais”. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 10/02/1976, p. 13, com a manchete “UNITA: Huambo foi tomada só por cubanos”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 12/02/1976 p. 24. Manchete: “Brasil manda logo embaixador para Angola”Fonte: Sucursal de BrasíliaAssunto: A matéria informa que daquele momento em diante não demoraria para que o Brasil enviasse um embaixador para Angola, já que parecia estar claro o fim da guerra.

Jornal: O Estado de São Paulo

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Data/pg: 13/02/1976 p. 9. Manchete: “Zaire critica decisão da OUA”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a critica formulada pelo Zaire com relação ao reconhecimento do governo do MPLA pela OUA por maioria simples. Isto porque, este procedimento só ocorre quando um governo domina todo o território, não sendo este o caso em Angola. Assim, o Zaire alegou que não podia compactuar com esta irregularidade, em mensagem enviada pelo Presidente Mobutu ao Presidente Ford. O Presidente Mobutu acrescentou que não era contra o MPLA e que a ajuda por ele prestada à UNITA e a FNLA “jamais foi destinada à aniquilação ou o afastamento do movimento marxista de Luanda”.A OUA, em resposta, declarou que considerava encerrada a questão dos governos rivais em Angola. E acrescentou que no que concernia a ela, Republica Democrática de Angola criada pela UNITA e pela FNLA, deixava de existir. “Por sua vez, a Republica Popular de Angola, estabelecida pelo MPLA em Luanda, foi declarada como único governo legitimo de Angola. E tudo de acordo com a Carta da OUA”. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 13/02/1976, p. 10, com a manchete “Zaire qualifica de ilegal medida da OUA”. No O Globo, dia 12/02/1976, p. 19, com a manchete “OUA confirma reconhecimento”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 13/02/1976 p. 7. Manchete: “MPLA avança rumo às posições sul-africanas”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria trata do avanço do MPLA sobre as posições sul-africanas. O objetivo do dispositivo militar sul-africanos que, segundo a agência France Presse, contava com mais de 5 mil homens, era a defesa da hidrelétrica do Rio Cunene, que fora construída pelo governo de Pretória.No que diz respeito à ofensiva contra a UNITA, a matéria informa que o MPLA tomara as cidades de Silva Porto, Moçâmedes e de Sá Bandeira. Em vista disso, a UNITA apresentava suas defesas cada vez mais precárias, depois de ter mudado seu quartel general de Huambo para Silva Porto, a organização anunciara que concentraria suas forças em Serpa Pinto. Ressalta também que a África do Sul estaria disposta a fazer negociações com o MPLA, desde que este garantisse a integridade do território da Namíbia.Com relação ao reconhecimento do governo do MPLA, a matéria deixa claro, que a o Partido Comunista da Itália pediu ao seu governo que este fosse imediatamente reconhecido e, que os demais países da União Européia fizessem o mesmo.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 13/02/1976, p. 9, com a manchete “MPLA conquista o QG da UNITA e continua o avanço para o sul” e outra no mesmo jornal no dia 14/02/1976, p. 6, com a manchete “MPLA derem ofensiva junto à fronteira sul”. No Jornal do Brasil, dia 13/02/1976, p. 10, com a manchete “Tropas de Neto tomam última cidade importante da UNITA”. No O Globo, dia 12/02/1976, p. 19, com a manchete “MPLA prossegue avanço e provoca fuga em massa”. Ainda no O Globo, dia 13/02/1976, p. 14, com a manchete “África do Sul quer garantias para fazer acordo com o MPLA”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 14/02/1976 p. 5.Manchete: “MPLA captura os dois últimos redutos da UNITA”

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Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria é sobre a derrubada das cidades de Serpa Pinto e Luso pelo MPLA, com isso, a guerra praticamente foi considerada acabada, dada à superioridade numérica deste movimento com relação à UNITA. Contudo, o jornal previne que embora a vitória do MPLA fosse evidente, as notícias chegadas da frente de combate ainda eram contraditórias. De forma que, a agência UPI anunciara que Sá Bandeira, Serpa Pinto e Luso, ainda estavam nas mãos da UNITA. Entretanto, o comunicado radiofônico divulgado pela UNITA não pareceu deixar muitas dúvidas sobre a situação daquela organização. O comunicado afirmava que continuariam combatendo nas florestas, nas montanhas e nos vales para que russos, cubanos e tchecoslovacos fossem derrotados.A matéria também informa sobre as investigações que começariam a ser realizadas nos EUA sobre o recrutamento de mercenários norte-americanos para a luta em Angola. A noticia foi do Jornal Washington Post, que descobrira que um grupo de veteranos de guerra do Vietnã estavam treinando 1.500 negros ligados à organização Congresso da Unidade Racial para combater o MPLA. Acrescentaram que o Major Warren Goodall, líder dos mercenários, recusara-se a revelar quem financiava a operação. Por fim, enfatizou-se que o recrutamento ilegal de pessoas para o serviço militar era punido com 3 anos de prisão e multas de 1 a 3 mil dólares. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 14/02/1976, p. 6, com a manchete “MPLA detém ofensiva junto à fronteira sul”. No Jornal do Brasil, dia 14/02/1976, p. 11, com a manchete “Guerra acaba e UNITA já prepara a guerrilha”. No O Globo dia, 14/02/1976, p. 15, com a manchete “MPLA domina toda Angola e UNITA inicia guerrilha”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 14/02/1976 p. 5. Manchete: “Quem está perdendo a cabeça ?”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração do Senador Edward Kennedy, segundo a qual afirmou que quem perdeu a cabeça foi o Presidente Gerald Ford no caso de Angola e não o Senado dos EUA. Defendeu que o “Congresso estabeleceu uma clara diferença entre os nossos interesses vitais e os interesses menos importantes, para os quais uma intervenção seria um erro”. O representante democrata respondia às criticas presidenciais ao veto da Câmara e do Senado a qualquer tipo de auxílio às facções angolanas contrárias ao MPLA. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 14/02/1976, p. 6, com a manchete “Ford é criticado por insistir em conceder ajuda a Angola”. No Jornal do Brasil, dia 14/02q1976, p. 11, com a manchete “Ford insistirá com Congresso”. No O Globo, dia 14/02/1976, p. 15, com a manchete “Ford não aceita colonização”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 14/02/1976 p. 6. Manchete: “Condenadas por Senghor as ingerências externas”Fonte: Correspondente de NatalAssunto: O artigo é sobre a preocupação do Presidente do Senegal, Leopold Senghor, com relação aos problemas políticos que afligiam a África, em conseqüência da intervenção de forças estrangeiras em diversos países do continente e, de maneira especial, em Angola. Afirmou que acreditava em Neto como poeta e como escritor, mas que não reconhecia nele capacidade política para defender a África ou Angola. Acrescentou defendendo que sua descrença era motivada pelo fato de Neto ter

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consentido que forças militares de Cuba e da URSS interviessem na guerra civil de Angola, contrariando o que dispunha a Carta da OUA e a própria decisão dos africanos de se libertarem do poder político e econômico estrangeiro. Continuou, dizendo que era por isso que o Senegal não tinha reconhecido o MPLA nem os outros movimentos políticos angolanos.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no Jornal do Brasil, dia 14/02/1976, p. 11, com a manchete “Senghor demonstra pessimismo”.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 14/02/1976 p. 5.Manchete: “O que não sai nos jornais”Fonte: Paulo Francis – The New York TimesAssunto: A matéria trata da entrevista coletiva concedida por Kissinger ao The New York Times, que tinha como objetivo implícito preparar a opinião pública para a vitória do MPLA em Angola, de forma que o Congresso fosse responsabilizado ao invés do Presidente Ford e insistir que o acordo de armas nucleares (SALT) era essencial à política externa norte-americana. A matéria usa essa entrevista para criticar o jornalismo que vinha sendo feito até então, jornalismo este, que omitia informações potencialmente interessantes por uma suposta falta de espaço em seus noticiários ou fazia perguntas sem relevância em coletivas. Um exemplo disso seria a omissão de que os EUA estavam comprando 10 milhões de toneladas de petróleo da URSS e, que era ela, e não a Arábia Saudita a maior produtora mundial de petróleo. Ou a pergunta feita na coletiva com Kissinger, se ele penduraria ou não em sua casa o tapete por ele recebido de presente do general curdo Barzani. A matéria segue criticando a política externa feita pelos EUA com a URSS.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 15/02/1976 p. 8.Manchete: “Angola na hora da reconstrução”Fonte: Flávio do Nascimento – Da Editora InternacionalAssunto: A matéria afirma que o reconhecido do governo do MPLA pela OUA parecia indicar que já havia sido virada a última página de uma luta anti-colonial que já durava 15 anos. Afinal, 46 países membros da OUA já haviam se curvado às sucessivas vitórias diplomáticas e militares do MPLA, com a conquista naquelas últimas semanas de Huambo, Lobito, Benguela, Lubango (ex-Sá bandeira), Silva Porto, Moçâmedes e Luso. Ao mesmo tempo, também havia sido definitivamente conjurados os fantasmas de um outro Vietnã ou de uma nova Biafra no território angolano, além dos ímpetos mais agressivos norte-americanos devidamente contidos pela pronta intervenção do Congresso. Com isso, Zaire e China, aliados dos EUA contra o MPLA, não iriam sustentar sozinhos a guerra. Some-se a isso o regime sul-africano que não provocaria uma nova guerra para alimentar uma nova aliança FNLA/UNITA em seu território. Por outro lado, mesmo que a África do Sul sustentasse a provocação contra o MPLA, o jornalista defende que Agostinho Neto provavelmente não se arriscaria em uma nova guerra, talvez mais longa e dolorosa, que pusesse em perigo a estabilidade de seu governo. Ressalta também que a preocupação do MPLA parecia cada vez mais voltar-se para a reconstrução de uma Angola devastada pelos horrores da guerra, o que incluía, é claro, a rearticulação da economia do país que tivera setores com sua produção diminuída ou simplesmente paralisada. Exemplo disso é a diminuição de 40 a 50% na produção de diamantes pela Diamang, causada pela fuga de técnicos portugueses e, certamente a

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falta de mão-de-obra qualificada em outros setores eram questões que deveriam ser resolvidas, não se sabia com ou sem a ajuda da URSS. A matéria por fim, enfatiza que a vitória do MPLA chegaria no momento certo, já que os preços do café, do minério de ferro e em parte do petróleo estavam em alta no mercado internacional. Além da produção de energia elétrica que excedia às necessidades do país.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 15/02/1976 p. 8.Manchete: “Muitos interesses em jogo”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria afirma que além das disputas ideológicas, diplomáticas ou estratégicas, estavam em jogo na guerra civil angolana poderosos interesses econômicos. O que podia ser confirmado apenas atentando para o grande número de multinacionais que atuavam no país. A matéria em seguida, elenca as principais riquezas de Angola (petróleo, diamantes, minério de ferro, cobre, alumínio e manganês) relacionando a elas as principais multinacionais. Inicia pelo petróleo, afirmando que este era maior fonte de divisas, e que, as principais áreas de exploração estavam divididas entre a Petrangol (possuía concessões no norte angolano e era proprietária da única refinaria do país localizada em Luanda), a Texaco (possuía concessões nos arredores de Santo Antonio do Zaire) e a Cabinda Gulf Oil (detinha 80% da produção total na época extraída do enclave de Cabinda). Os diamantes ocupavam o terceiro lugar na pauta das exportações (o segundo lugar era ocupado pelo café) e, era quase monopólio total da Diamang (cobria 80 % do território do país). O minério de ferro viria em seguida (quarto lugar na pauta das exportações), explorado pela Companhia Mineira de Lobito. O cobre representaria o quinto lugar, sendo explorado pela Tanganika Concessions (era proprietária também do Caminho de ferro de Benguela). O alumínio seria o próximo e, era explorado pela Alumínio Português de Angola. No fim da lista, viria o manganês, concessão da Companhia do Manganês de Angola.Para finalizar, a matéria afirma que o controle estrangeiro da economia angolana não parava por aí. Estendia-se por setores como o café, fumo, óleos vegetais, algodão, sisal e indústrias de alimentos.

Jornal: Folha de São PauloData/pg: 15/02/1976 p. 11.Manchete: “Paris e Londres vão reconhecer o governo do MPLA”Fonte: Folha de São PauloAssunto: A matéria informa que Grã-Bretanha e França reconheceriam o MPLA como o legítimo governo de Angola. O Embaixador francês no Quênia Oliver Deleau, declarou que a decisão francesa decorria, em grande parte, do reconhecimento do MPLA pela OUA e em sua admissão como membro pleno dela. Já em Londres, a matéria ressalta as declarações de fontes do governo britânico, segundo as quais teriam sido estipulados três requisitos para o reconhecimento do MPLA: que tivesse o controle da maioria do país, apoio da maioria da população e perspectivas razoáveis de conservar o poder. O que parecia estar sendo cumpridas.Com relação ao Zaire, a matéria afirma que este já teria se indicado disposto a um entendimento com o MPLA. O Ministro da Informação teria dito que a ajuda prestada a UNITA e a FNLA tinha se orientado para a derrota dos portugueses antes do 11 de novembro, e que já tinha sido proibido o uso da capital (Kinshasa) como base de mercenários estrangeiros contratados pelas facções pró-ocidentais. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Estado de São Paulo, dia 15/02/1976, p.

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18, com a manchete “Vorster quer evitar conflito com o MPLA”. No Jornal do Brasil, dia 15/02/1976, p. 12, com a manchete “Londres e Paris podem reconhecer Angola de Neto”. No O Globo, dia 15/02/1976, p. 24, com a manchete “Líderes da FNLA e UNITA pedem asilo ao Zaire”.

Jornal: Jornal do BrasilData/pg: 15/02/1976 p. 12.Manchete: “Chivale morre em combate”Fonte: Jornal do BrasilAssunto: A matéria trata da morte de Samuel Chivale, comandante da UNITA, principal militar do movimento. Chivale foi morto durante o combate na estrada de Alto Hama contra as forças do MPLA, segundo informações do jornal The Star.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 15/02/1976 p. 18.Manchete: “Conselho da Revolução debate reconhecimento”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata da reunião do Conselho da Revolução em sessão extraordinária, na qual foi analisada a situação de Angola. Os militares portugueses estavam estudando a possibilidade do reconhecimento do governo do MPLA, em conseqüência de suas sucessivas vitórias militares e de sua admissão na OUA. Tal reconhecimento por parte de Lisboa era exigido pelo Partido Comunista e condenado pelo Partido Socialista.Informa também, que o governo português iria começar a colocar em prática um programa habitacional para os refugiados de Angola, depois que 200 deles tomaram como refém o vice-ministro de Assuntos Sociais, Amandio Azevedo, tendo chocado-se posteriormente com a polícia. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, p. 24, com a manchete “PRD abre campanha em Portugal com ataque a socialistas”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 17/02/1976 p. 6.Manchete: “Pretória inicia negociações”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata do inicio das negociações sobre a paz entre o MPLA e a África do Sul, depois que esta última retirou seu apoio aos grupos pró-ocidentais, “numa mudança radical de tática em relação à guerra civil angolana”. Segundo a imprensa de Johannesburgo, a África do Sul retiraria suas tropas do sul de Angola, dali a poucos dias e os governos de Moçambique e Costa do Marfim estariam intermediando este processo. Ressalta a declaração do Ministro sul-africano, segundo a qual afirmou que estavam estudando uma “interessante proposta” feita pelo MPLA, na qual, este comprometeu-se a respeitar os interesses de Pretória e em troca, haveria uma reunião entre os dois governos. Todavia, era condição imediata do MPLA que os soldados sul-africanos fossem retirados da fronteira e que houvesse o reconhecimento do governo de Agostinho Neto.Enfatiza as declarações feitas por observadores militares de que se essas negociações pela paz não tivessem êxito, seria iminente um choque na fronteira e que tal choque, poderia transformar-se em um conflito racial muito amplo na África do Sul.Afirma também que a mudança de tática da África do Sul parecia ter influenciado a política da Zâmbia e do Zaire. O Presidente da Zâmbia, Kenneth Kaunda, declarou que

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seu governo estava pensando seriamente na possibilidade de reconhecer o MPLA, como legitimo representante do povo de Angola. Já o Presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko, declarou que também estaria disposto a entrar em negociações com Neto. Todavia, a matéria deixa claro que ele gostaria de estar seguro de que o MPLA não pretendia conquistar o porto de Matadi, que seu governo não seria ameaçado de nenhuma forma e que poderia voltar a reiniciar os embarques de cobre pela ferrovia nacional angolana. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 16/02/1976, p. 16, com a manchete “MPLA toma a última cidade estratégica de Angola”. Na Folha de São Paulo, dia 16/02/1976, p. 4, com a manchete “A África do Sul negocia a paz secretamente com MPLA”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 17/02/1976 p. 16.Manchete: “China promete apoiar ação contra soviéticos” Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração do Ministro das Relações Exteriores chinês, Hsiao Kuan-hua, segundo a qual afirmou que emprestaria firme apoio aos esforços africanos para expulsar de Angola as forças soviéticas e cubanas e, acusou o Kremlin de tentar apoderar-se da ex-colônia portuguesa como base para sua política expansionista no continente. Ressalta que Hsiao elogiou o Zaire por ter demonstrado ser a “coluna vertebral do Terceiro Mundo”, opondo-se a intervenção soviética. O Zaire, por sua vez, respondeu defendendo que diante da aliança soviético-cubana e de sua agressão a Angola, eram obrigados a reagir e adotar medidas que libertassem o povo angolano. Em Havana, a matéria informa que Fidel Castro justificou a intervenção cubana em Angola, defendo que este era um dever moral e que caso tal intervenção não tivesse ocorrido, a África do Sul teria engolido Angola, já que os angolanos estavam mal armados e não tinham a experiência necessária no manejo de armas. Concluiu dizendo que os cubanos tinham ajudado os angolanos a obterem a vitória.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 17/02/1976, p. 16.Manchete: “A UNITA recorre á luta de guerrilhas”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria informa, com base em porta-vozes da UNITA em Lusaka, que esta já havia iniciado a guerra de guerrilhas contra o MPLA. Ressalta que a UNITA contava com oito pistas de pouso secretas nas selvas angolanas, por onde recebia armas, por via aérea, desde Kinshasa. Divulga declaração de Jonas Savimbi, na qual afirmou que continuariam a luta porque acreditavam que não poderiam aceitar um regime de minorias imposto ao povo angolano pelas tropas cubanas e pelos tanques soviéticos. No que diz respeito à frente de batalha, a matéria aponta que o MPLA consolidou seu domínio pelo país com a conquista de São Salvador, na Frente Norte e de Luso, na Frente Sul. Ressalta que foram expulsos de Kinshasa, pelas autoridades do Departamento de Imigração do Zaire, 21 mercenários que pretendiam desembarcar no aeroporto internacional de Ndiji, de onde seguiriam para Angola com o objetivo de lutarem ao lado das forças da FNLA. Dos mercenários havia 16 britânicos, um francês, um sul-africano, um belga, um norte-americano e um irlandês, que foram obrigados a regressar a Londres. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 16/02/1976, p. 16, com a

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manchete “MPLA toma última cidade estratégica de Angola” e no dia 17/02/1976, p. 15, com a manchete “Países vizinhos de Angola temem ataques do MPLA”. Na Folha de São Paulo, dia 17/02/1976, p. 8, com a manchete “MPLA consolida vitória militar e obtém novos êxitos diplomáticos”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 18/02/1976, p. 7. Manchete: “França reconhece governo do MPLA”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata, como o próprio título já adianta, do reconhecimento oficial da Republica Popular de Angola e da legitimidade do governo de Luanda pela França. Ressalta que a atitude francesa deveria ser seguida pelos outros países da Comunidade Européia, já que a decisão foi tomada depois de inúmeras consultas entre os membros. Enfatiza que Suécia, Dinamarca e Holanda deveriam reconhecer o governo Neto dali em breve.Em Johhanesburgo, segundo a matéria, as negociações secretas para o reconhecimento sul-africano do governo do MPLA continuavam, de forma que, o Chanceler Hilgard Muller declarou que o tema era demasiado delicado para que fosse comentado abertamente. Já o Ministro da Defesa Pieter Botha, disse que as forças sul-africanas responderiam com muito maior eficiência do que em vezes anteriores, se o MPLA tentasse penetrar no território da Namíbia.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 18/02/1976, p. 18, com as manchetes “França ignora plano dos EUA para Angola ao reconhecer MPLA” e “África do Sul adverte sobre Namíbia”. Na Folha de São Paulo, dia 18/02/1976, p. 6, com a manchete “Paris reconhece o governo do MPLA em Angola” (fonte: JB Natali – correspondente Folha de São Paulo).

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 18/02/1976 p. 7.Manchete: “Questão de Angola divide portugueses”Fonte: Santa Mota – Correspondente para O Estado de São PauloAssunto: O artigo trata das discussões pelo Conselho da Revolução do caso angolano. Afirma que não restavam dúvidas de que o MPLA seria o senhor absoluto do terreno militar e diplomático, uma vez que, era para ele, em face da superioridade de suas armas, que se canalizava o reconhecimento da maioria das nações da África e até de alguns países do Ocidente. Contudo, ressalta que Portugal mostrava-se hesitante em reconhecer oficialmente o governo de Luanda, já que, o reconhecimento de qualquer governo angolano que não abrangesse a participação de um ou dois dos três movimentos signatários do acordo firmado no Alvor implicaria renuncia, ou rescisão, do mesmo acordo por parte dos excluídos, sem juridicamente obrigar aos respectivos compromissos os signatários restantes. Desta forma, Portugal ficaria, portanto, descoberto de muitos interesses que as cláusulas daquele acordo contemplavam e sem qualquer forma legal que obrigasse o MPLA a respeitá-los. A solução seria pois, “obrigar” o MPLA a assinar um novo documento que garantisse as cláusulas do anterior. Eram tais diligências que estavam empenhados, de acordo com o autor, emissários oficiosos que de quando em quando se deslocavam de Lisboa a Luanda. Enfatiza que alguns argumentavam “empurrados pelos comunistas (principais motores desta catástrofe)” que quanto mais Lisboa atrasasse no reconhecimento do governo de Luanda, mais comprometeria o retorno dos portugueses foragidos de Angola que perambulavam por Portugal em busca de trabalho, que não havia, e mais agravaria a

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situação da marinha mercante nacional, que tinha na escala da África portuguesa a sua principal razão de ser.Conclui o artigo afirmando que convencesse ou não Agostinho Neto de partilhar os compromissos que Portugal assumira no exterior relativos investimentos em Angola, reabrisse ou não as portas aos portugueses que de lá fugiram e concedesse ou não facilidades à marinha mercante portuguesa, o caso era que o Conselho da Revolução não acharia outra saída senão aconselhar o governo português a reconhecer o governo de Neto.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 18/02/1976 p. 7.Manchete: “Moscou contesta chineses”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração do governo soviético, divulgado pela agencia TASS, na qual teria reagido às acusações e criticas de Pequim ao apoio dado por Moscou ao MPLA, tendo qualificado os governantes chineses de “inimigos da África livre e independente”. Acrescenta afirmando que recorrendo a vergonhosas mentiras sobre a política soviética, os maoístas procuravam distrair a opinião publica, depois do apoio que forneceram aos grupos criminosos em solo africano e que, o propósito de Pequim era dividir os países africanos e perturbar as relações que eles mantinham com a URSS. Enfatiza que esse comentário parecia ser resposta ao discurso que o Ministro das Relações Exteriores da China, Hsiao Kuanhua, havia feito em Pequim durante recepção oferecida a uma delegação do Zaire.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 19/02/1976 p. 14.Manchete: “Mais nove países reconhecem MPLA”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria informa que tendo seguido o exemplo da França, os governos da Grã-Bretanha, Itália, Holanda, Suíça, Dinamarca, Suécia, Irlanda, Noruega e Finlândia tinham reconhecido o governo de Neto. Apesar do reconhecimento, a matéria deixa claro que os países foram cautelosos, já que mostraram-se preocupados com a intervenção estrangeira de cubanos, soviéticos e sul-africanos.Ressalta critica do jornal Le Monde ao reconhecimento do governo do MPLA, tendo defendido que fosse qual fosse o valor dos argumentos utilizados pelo governo francês, o fato era que Paris fora precipitado no movimento e ignorara as duvidas e objeções dos demais paises europeus. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 19/02/1976, p. 17, com a manchete “Europa apóia MPLA mas Londres quer cubanos fora”. Na Folha de São Paulo, dia 19/02/1976, p. 8, com a manchete “Europa Ocidental reconhece MPLA”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 20/02/1976 p. 7.Manchete: “MPLA exige imediata retirada sul-africana”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a exigência de Angola de que as tropas sul-africanas fossem retiradas total e imediatamente da fronteira com a Namíbia, para que fosse evitado mais derramamento de sangue e como base para que fossem iniciadas as conversações com o governo de Pretória. Em troca, segundo a Rádio Luanda, o MPLA prometia não agredir

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os países vizinhos, desde que eles oferecessem garantias de que também não atacariam Angola. Ressalta que a nota do MPLA também advertia outros países, sem identificá-los, para que não promovessem atividades subversivas em Angola, tendo afirmado que tais atividades, “abalariam o respeito do MPLA pelos acordos internacionais”. Por fim, a nota impugnava “toda e qualquer representatividade dos movimentos fantoches como UNITA, FNLA e FLEC”, tendo prometido severa repressão aos elementos que tentassem reativa-los.Enfatiza, segundo observadores, que enquanto milhares de cubanos lutavam e morriam em Angola, os 8,5 milhões de habitantes de Cuba tinham uma vaga idéia do grau de envolvimento de seu país na ex-colônia portuguesa. Acrescenta que a população vinha sendo informada apenas indireta e superficialmente sobre a presença de tropas cubanas na luta “contra o racismo sul-africano e o imperialismo”, que nada sabiam sobe a ponte-aérea por onde eram transportados os soldados (entre 12 e 15 mil em três meses), nem sobre os mortos, feridos e prisioneiros.Informa que o governo português não havia reconhecido o governo angolano, devido a forte oposição dos socialistas, social-democratas e democratas-cristãos. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 19/02/1976, p. 17, com a manchete “Luanda fixa seus objetivos”, no dia 20/02/1976, p. 17, com as manchetes “MPLA exige retirada total das tropas da África do Sul” e “Cubanos são mal informados”. Na Folha de São Paulo, dia 20/02/1976, p. 8, com a manchete “Angola promete paz”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 22/02/1976 p. 7.Manchete: “Orfila considera suspeita a ação de Cuba em Angola”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata da declaração do Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos, Alejandro Orfila, segundo a qual afirmou que o envio de tropas cubanas para lutar em Angola “definitivamente levantou suspeitas na América Latina”. Enfatiza que para o Presidente do Zaire, Mobuto Sese Seko, um problema fundamental que complicava a possibilidade de normalização de relações entre seu país e Angola eram os mercenários. Desta forma, de acordo com entrevista concedida ao semanário Jeune Afrique, declarou que a questão dos mercenários, fossem cubanos, soviéticos, sul-africanos, europeus ou africanos teria que ser resolvida prioritariamente. Acrescentou, como problema adicional, a situação dos seis mil antigos gendarmes katangueses que apoiavam Tehombé quando da tentativa de sucessão do Katanga, fugido depois para Angola. Informa que o MPLA utilizou os katangueses na guerra civil e Mobutu encarava sua presença em Angola como uma potencial ameaça.Afirma que a Bélgica e Finlândia haviam reconhecido o governo de Luanda.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 22/02/1976 p. 8.Manchete: “PPD não aceitará reconhecer Angola”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a declaração de um porta-voz do Partido Popular Democrático (PPD) que afirmou que não iriam votar pelo reconhecimento do MPLA sob nenhuma circunstancia, que se oporiam a qualquer medida nesse sentido. Acrescenta que a decisão do PPD com certeza encontrou eco junto a alguns elementos do Conselho da Revolução. Ressalta que a questão era agravada pelo fato de o MPLA ter suspenso todos os vistos de entrada a antigos residentes que desejavam regressar a

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Angola, como reação ao não-reconhecimento de seu governo por Lisboa.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 22/02/1976, p. 20, com a manchete “PPD pode abandonar coalizão se Lisboa reconhecer o MPLA”.

Jornal: O GLOBOData/pg: 22/02/1976 p. 21.Manchete: “Zâmbia e Tanzânia debatem MPLA”Fonte: O GLOBOAssunto: A matéria é sobre o encontro dos presidentes da Zâmbia, Kenneth Kaunda, e, da Tanzânia, Julius Nyerere, no qual discutiram as conseqüências para seus paises da vitória do MPLA em Angola. Ressalta que a Zâmbia ainda não havia reconhecido o governo Neto e que estava mais preocupada com a situação, já que suas vitais exportações de cobre escoavam através do porto angolano de Benguela.Enfatiza que enquanto Zâmbia e Zaire não se decidiam, mais cinco países tinham anunciado o reconhecimento do governo do MPLA: México, Japão, Bélgica, Luxemburgo e Finlândia.OBS: Matéria de conteúdo semelhante na Folha de São Paulo, dia 21/02/1976, p. 8, com a manchete “MPLA recebe apoio de mais dois países”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 24/02/1976 p. 10.Manchete: “A China denuncia chacina em Angola”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria é sobre a acusação da China aos “soldados mercenários”, numa clara alusão às tropas cubanas lideradas por oficiais soviéticos, “de terem chacinado 150 mil angolanos e ferido um número ainda maior em atos de pilhagem registrados durante a guerra civil na ex-colônia portuguesa”. Tal acusação foi feita pela agência Nova China e, ressaltava ainda, que a URSS havia instigado à guerra civil em Angola, tendo ampliado o conflito com mais de mil assessores militares e vários milhões de dólares em armamentos entregues ao MPLA.Enfatiza que a agência iugoslava, apresentava, por sua vez, uma outra versão dos fatos, tendo afirmado que aproximadamente 700 mulheres, crianças e homens haviam sido chacinados em Angola pelas forças pró-ocidentais, antes que pudessem fugir das cidades meridionais de Sá Bandeira e Benguela. Informa também, segundo o Sunday Tribune, que barcos cubanos estavam chegando a Luanda com os parentes dos soldados e técnicos de Cuba, com o objetivo de que fosse estabelecida uma colônia de aproximadamente mil pessoas.Em Lukasa, porta-vozes da UNITA, de acordo com a reportagem, afirmaram que Joaquim Pinto de Andrade, “veterano da campanha nacionalista angolana contra os portugueses”, havia sido preso por determinação do MPLA. Ele teria sido preso por ter criticado a influência comunista em Angola.Aponta às declarações da FNLA, segundo a qual disseram que estavam lançando um desafio ao Kremilin: passariam para a clandestinidade e continuariam a guerra de guerrilhas contra os soldados de Agostinho Neto. OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 23/02/1976, p. 15, com a manchete “China: Cuba e URSS massacraram 150 mil angolanos”. Na Folha de São Paulo, dia 23/02/1976, p. 4, com a manchete “Portugal reconhece MPLA”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 24/02/1976 p. 10.

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Manchete: “O Zaire fixa condições para negociar acordo com Luanda”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria chama atenção para a imposição de três condições estabelecidas pelo Zaire, para que fossem melhoradas ou restabelecidas suas relações com Luanda: a primeira era que o MPLA garantisse a segurança ao longo dos 2.600 quilômetros de fronteiras entre os dois países; a segunda era que os seis mil soldados katangueses que lutaram contra o governo do Zaire e depois combateram ao lado do MPLA não se envolvessem em nenhuma operação contra o governo do Presidente Mobutu Sese Seko; a terceira era que fossem concedidas garantias plenas de que os refugiados angolanos, principalmente os nativos da FNLA, poderiam retornar a seus lares sem que temessem represalhas. Tais exigências foram expostas em Lusaka pelo Chanceler do Zaire, Nguza Karl I-Bond.Esclarece que o regime de Luanda já havia sido reconhecido por cerca de 80 países, 40 dos quais africanos, pelos membros da Comunidade Européia, pelo Canadá e, mais recentemente por Portugal. Quanto a este último, afirma que a decisão do gabinete dividiu ainda mais o país, com os partidos conservadores tendo criticado o reconhecimento do MPLA. Também foi anunciado pelo governo português, segundo a reportagem, a inauguração de uma ponte-aérea para que fossem retirados os seis mil portugueses “que ficaram isolados no sul de Angola, alguns dos quais no território da Namíbia, em conseqüência do avanço comunista”. Acrescenta que ao que tudo indicava, Lisboa estava procurando fazer com que o MPLA aceitasse de volta os 400 mil refugiados que estavam residindo temporariamente em Portugal.Ressalta a declaração dos EUA, de que não manteriam relações diplomáticas com o governo Neto, enquanto não fossem retirados os 12 mil soldados cubanos do território angolano e enquanto Zaire e Zâmbia, aliados norte-americanos, não se decidissem pelo reconhecimento do MPLA. Todavia, a matéria deixa claro que a administração do Presidente Gerald Ford havia dado ordens para que à companhia petrolífera Gulf Oil Corporation e à companhia de aviação Boeing Aircraft Corporation reiniciassem seus laços comerciais com Angola. Por fim, a matéria informa que Angola havia participado, pela primeira vez, de uma conferencia de chanceleres da OUA, na qual, não havia sido mais objeto de debate.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 23/02/1976, p. 15, com a manchete “Costa Gomes rompe impasse e Portugal reconhece MPLA”. Ainda no O Globo, dia 24/02/1976, p. 13, com a manchete “Angola: MCE condena a intervenção estrangeira”. Na Folha de São Paulo dia 23/02/1976, p. 4, com a manchete “Portugal reconhece MPLA”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 27/02/1976 p. 6.Manchete: “CEE ajudará Angola mas impõe condições”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria trata da declaração da Comunidade Européia de que iria ajudar economicamente Angola, todavia, esta teria que retirar do país todas as tropas estrangeiras do país, pois desta forma estariam escolhendo o desenvolvimento econômico do país com o auxilio do Ocidente, ou a transformação numa “cabeça de ponte” para novos conflitos na África do Sul. Ressalta também o informe dado pelo Primeiro-Ministro angolano, Lopo do Nascimento, de que haveria reduções nos salários dos funcionários públicos, já que esta seria “uma medida de austeridade exigida pelas necessidades de justiça social”. Acrescentou que as empresas privadas seriam obrigadas a impor reduções semelhantes

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nos ordenados de seus empregados para que os funcionários públicos não deixassem seus cargos.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 24/02/1976, p. 13, com a manchete “Angola: MCE condena a intervenção estrangeira” e dia 27/02/1976, p. 15, com a manchete “MCE diz que não há obstáculos à ajuda financeira a Angola”. Na Folha de São Paulo dia 27/02/1976, p. 8, com as manchetes “OUA vê Angola como trampolim para movimentos de libertação” e “Sul-africanos advertem o MPLA”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 28/02/1976 Capa.Manchete: “Hoje em Brazzaville encontro Neto-Mobutu”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A matéria informa que os Presidentes Neto e Mobuto Sese Seko reunir-se-iam em Brazzaville para discutir o reconhecimento do governo do MPLA.OBS: Matéria de conteúdo semelhante na Folha de São Paulo, dia 28/02/1976, p. 6, com a manchete “Agostinho Neto e Mobutu vão reunir-se hoje”.

Jornal: O Estado de São PauloData/pg: 29/02/1976 p.7.Manchete: “MPLA admite luta com sul-africanos”Fonte: O Estado de São PauloAssunto: A pequena matéria expõe uma declaração do MPLA, segundo a qual afirmaram que precisavam se preparar, pois teriam que retomar a luta ao sul para que as tropas sul-africanas pudessem ser definitivamente expulsas do território angolano.Ressalta também, que Neto parecia ter atingido seu objetivo no seu encontro com o Presidente do Zaire, visto que foi distribuído um comunicado afirmando que Angola e Zaire haviam concordado em normalizar suas relações fraternais e que esta decisão ia muito além de um simples reconhecimento do regime de Luanda pelo Zaire.OBS: Matéria de conteúdo semelhante no O Globo, dia 29/02/1976, p. 15, com a manchete “Angola diz que vai à guerra com África do Sul”.