cláudia marina teixeira martinho os recursos didáticos no...
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Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Os Recursos Didaacuteticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundaacuterio
Outubro de 2012
Outubro 2012
Relatoacuterio de EstaacutegioMestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Trabalho efetuado sob a orientaccedilatildeo doDoutor Artur Manuel Sarmento Manso
Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Os Recursos Didaacuteticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundaacuterio
Universidade do MinhoInstituto de Educaccedilatildeo
ii
DECLARACcedilAtildeO
Nome Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Endereccedilo Eletroacutenico claudiamartinho2009gmailcom Telefone 933263902
Nuacutemero do Bilhete de Identidade 10590745
Tiacutetulo do Relatoacuterio Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Orientador Doutor Artur Manuel Sarmento Manso
Ano de conclusatildeo 2012
Designaccedilatildeo do Mestrado Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Eacute AUTORIZADA A REPRODUCcedilAtildeO INTEGRAL DESTE RELATOacuteRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGACcedilAtildeO
MEDIANTE DECLARACcedilAtildeO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE
Universidade do Minho ____________
Assinatura ______________________________________________
iii
ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia
Sonhando imaginando ou estudando
Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo
Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas
me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho
Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico
pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores
metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos
cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia
Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua
disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio
Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a
realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu
Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia
e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia
Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade
presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer
margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer
Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos
os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho
Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste
percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a
concretizaccedilatildeo deste projeto
Muito obrigada a todos
v
RESUMO
Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade
do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de
Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que
se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte
Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao
longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos
pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso
acadeacutemico dos alunos
O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias
bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do
contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e
qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa
praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo
da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada
Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
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com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
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- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
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projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
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CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
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21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
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determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
22
Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
23
22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
24
pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
46
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
47
Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
48
geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
50
bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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58
ANEXOS
59
ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
60
ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
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com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
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Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto
AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da
Educaccedilatildeo
AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista
Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379
Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga
Universidade do Minho ndash IEP
Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-
Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
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ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
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ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
Outubro 2012
Relatoacuterio de EstaacutegioMestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Trabalho efetuado sob a orientaccedilatildeo doDoutor Artur Manuel Sarmento Manso
Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Os Recursos Didaacuteticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundaacuterio
Universidade do MinhoInstituto de Educaccedilatildeo
ii
DECLARACcedilAtildeO
Nome Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Endereccedilo Eletroacutenico claudiamartinho2009gmailcom Telefone 933263902
Nuacutemero do Bilhete de Identidade 10590745
Tiacutetulo do Relatoacuterio Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Orientador Doutor Artur Manuel Sarmento Manso
Ano de conclusatildeo 2012
Designaccedilatildeo do Mestrado Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Eacute AUTORIZADA A REPRODUCcedilAtildeO INTEGRAL DESTE RELATOacuteRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGACcedilAtildeO
MEDIANTE DECLARACcedilAtildeO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE
Universidade do Minho ____________
Assinatura ______________________________________________
iii
ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia
Sonhando imaginando ou estudando
Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo
Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas
me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho
Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico
pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores
metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos
cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia
Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua
disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio
Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a
realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu
Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia
e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia
Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade
presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer
margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer
Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos
os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho
Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste
percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a
concretizaccedilatildeo deste projeto
Muito obrigada a todos
v
RESUMO
Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade
do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de
Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que
se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte
Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao
longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos
pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso
acadeacutemico dos alunos
O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias
bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do
contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e
qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa
praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo
da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada
Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
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Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
11
- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
16
tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
17
daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
18
Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
19
A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
20
Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
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Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
41
natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
44
Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
45
teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
46
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
47
Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
48
geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
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bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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58
ANEXOS
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ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
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ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
64
Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
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Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
65
ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
66
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
67
ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
68
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
69
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
70
ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
71
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
72
ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
73
74
75
76
ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
ii
DECLARACcedilAtildeO
Nome Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Endereccedilo Eletroacutenico claudiamartinho2009gmailcom Telefone 933263902
Nuacutemero do Bilhete de Identidade 10590745
Tiacutetulo do Relatoacuterio Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Orientador Doutor Artur Manuel Sarmento Manso
Ano de conclusatildeo 2012
Designaccedilatildeo do Mestrado Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
Eacute AUTORIZADA A REPRODUCcedilAtildeO INTEGRAL DESTE RELATOacuteRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGACcedilAtildeO
MEDIANTE DECLARACcedilAtildeO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE
Universidade do Minho ____________
Assinatura ______________________________________________
iii
ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia
Sonhando imaginando ou estudando
Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo
Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas
me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho
Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico
pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores
metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos
cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia
Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua
disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio
Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a
realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu
Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia
e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia
Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade
presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer
margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer
Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos
os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho
Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste
percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a
concretizaccedilatildeo deste projeto
Muito obrigada a todos
v
RESUMO
Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade
do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de
Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que
se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte
Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao
longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos
pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso
acadeacutemico dos alunos
O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias
bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do
contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e
qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa
praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo
da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada
Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
11
- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
22
Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
24
pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
25
Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
29
projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
30
Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
45
teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
46
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
47
Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
48
geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
50
bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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ANEXOS
59
ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
60
ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto
AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da
Educaccedilatildeo
AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista
Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379
Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga
Universidade do Minho ndash IEP
Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-
Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
66
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
71
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
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74
75
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ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
iii
ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia
Sonhando imaginando ou estudando
Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo
Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas
me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho
Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico
pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores
metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos
cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia
Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua
disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio
Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a
realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu
Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia
e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia
Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade
presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer
margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer
Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos
os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho
Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste
percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a
concretizaccedilatildeo deste projeto
Muito obrigada a todos
v
RESUMO
Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade
do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de
Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que
se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte
Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao
longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos
pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso
acadeacutemico dos alunos
O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias
bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do
contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e
qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa
praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo
da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada
Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
11
- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
16
tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
17
daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
18
Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
19
A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
20
Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
22
Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
23
22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
24
pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
25
Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
29
projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
30
Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
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CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
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Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
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geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
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capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
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bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
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CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
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constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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58
ANEXOS
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ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
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ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
64
Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
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Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
65
ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
66
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
67
ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
68
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
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ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas
me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho
Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico
pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores
metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos
cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia
Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua
disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio
Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a
realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu
Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia
e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia
Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade
presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer
margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer
Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos
os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho
Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste
percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a
concretizaccedilatildeo deste projeto
Muito obrigada a todos
v
RESUMO
Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade
do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de
Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que
se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte
Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao
longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos
pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso
acadeacutemico dos alunos
O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias
bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do
contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e
qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa
praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo
da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada
Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
11
- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
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determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
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Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
26
de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
27
221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
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CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
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Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
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geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
50
bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
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constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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ANEXOS
59
ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
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ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto
AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da
Educaccedilatildeo
AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista
Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379
Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga
Universidade do Minho ndash IEP
Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-
Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
66
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
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75
76
ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
v
RESUMO
Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade
do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de
Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que
se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte
Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao
longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos
pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso
acadeacutemico dos alunos
O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias
bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do
contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e
qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa
praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo
da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada
Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
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Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
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powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
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- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
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projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
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determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
21
recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
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Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
31
reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
32
metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
33
222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
44
Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
45
teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
46
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
47
Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
48
geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
50
bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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participaccedilatildeo Petroacutepolis Editora Vozes
58
ANEXOS
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ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
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ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
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irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
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Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
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Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
65
ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
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ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
70
ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
71
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
72
ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
73
74
75
76
ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
vi
ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of
Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the
20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the
probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic
success
The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical
references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second
chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its
respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project
Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
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Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
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- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
16
tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
17
daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
18
Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
19
A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
20
Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
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Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
45
teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
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CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
47
Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
48
geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
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bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
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CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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58
ANEXOS
59
ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
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ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
64
Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
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Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
65
ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
66
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
67
ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
68
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
69
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
70
ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
71
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
72
ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
73
74
75
76
ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
vii
IacuteNDICE
AGRADECIMENTOS IV
RESUMO V
ABSTRACT VI
INTRODUCcedilAtildeO 1
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4
11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5
12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13
21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14
22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23
221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27
222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46
CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55
ANEXOS 58
ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59
ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65
ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67
ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70
ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72
ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76
ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77
ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78
ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80
ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
11
- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
16
tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
22
Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
23
22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
24
pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
26
de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
27
221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
32
metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
37
princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
38
situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
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CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
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Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
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geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
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capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
50
bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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58
ANEXOS
59
ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
60
ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
64
Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto
AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da
Educaccedilatildeo
AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista
Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379
Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga
Universidade do Minho ndash IEP
Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-
Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
65
ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
66
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
69
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
73
74
75
76
ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
1
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos
indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o
sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos
evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos
didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos
nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica
letiva
Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da
filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas
refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem
Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto
os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende
ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a
maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter
certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo
(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos
adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os
meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula
Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente
justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir
que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
11
- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
12
projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
16
tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
18
Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
21
recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
22
Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
23
22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
24
pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
29
projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
30
Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
31
reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
45
teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
46
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
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Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
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geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
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capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
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bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
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CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
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constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
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que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
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Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
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ANEXOS
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ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
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ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
61
irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
62
com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
63
Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto
AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da
Educaccedilatildeo
AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista
Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379
Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga
Universidade do Minho ndash IEP
Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-
Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
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ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
71
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
72
ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
73
74
75
76
ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
77
ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
78
ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
79
2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
80
ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
81
82
ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
83
III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
84
IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
-
- Page 1
-
2
sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na
base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos
adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a
considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo
da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio
Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na
Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de
10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais
Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso
plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa
experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas
teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico
avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo
No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que
esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o
nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a
turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais
No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando
alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da
filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute
aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na
explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que
descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-
pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionaccedilatildeo
3
No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de
intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a
estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula
Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de
intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do
nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada
de estaacutegio profissional
4
CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO
5
11 O contexto de intervenccedilatildeo
O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade
contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico
integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das
aprendizagens dos seus alunos
Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a
bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina
sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel
arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de
aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)
satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e conviacutevio
Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo
externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco
paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar
Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola
No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia
nacional De acordo com o referido relatoacuterio
Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos
satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm
anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)
6
Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em
responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos
alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo
escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes
a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se
foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da
capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum
observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas
prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do
desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)
Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente
estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a
abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem
algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de
educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover
uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes
objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo
A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm
O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)
Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos
menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento
7
com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula
Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos
parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas
teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um
questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente
expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente
fundamentada
Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados
cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3
periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze
alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves
suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A
consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para
comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como
for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais
encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente
que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes
mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar
em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos
livres e autoacutenomos
8
12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se
prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas
do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees
tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar
Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula
Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia
Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas
carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como
ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por
exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de
conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para
aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus
autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de
discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem
de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir
os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo
(ibidem)
Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos
princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente
quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e
pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees
formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo
9
Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos
espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma
cultura mais alargada
Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para
a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em
estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a
reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar
estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar
e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas
estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que
escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar
criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a
pensar
Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa
orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a
cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do
questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das
siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de
10
powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens
documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas
racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar
incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo
podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e
da vida cada vez mais ampla
Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais
dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada
atraveacutes de variados recursos didaacuteticos
Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor
professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute
sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as
atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a
muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o
nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos
e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais
tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada
Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em
benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia
Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo
pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees
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- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos
didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia
- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica
da poliacutetica e da esteacutetica
- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as
representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia
refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar
criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto
de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais
reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos
no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino
da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos
preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como
grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas
abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de
siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre
os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a
investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do
projeto traccedilado
O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a
desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e
anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do
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projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde
usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do
produto)
De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem
antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-
aprendizagem
13
CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO
14
21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens
De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)
pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de
trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD
computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais
(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais
especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos
pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel
classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o
caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos
Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios
que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute
algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de
atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino
Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes
disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais
atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para
facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua
principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de
competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos
Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos
uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um
15
determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala
1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos
muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles
contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um
meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo
Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute
porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo
essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de
uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo
(ibidem)
Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp
Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira
e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens
No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar
entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente
a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais
devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que
ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito
maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)
Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais
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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem
recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios
audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso
de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos
permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de
conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a
variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos
Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens
Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros
recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios
praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno
desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem
de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado
posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria
menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees
posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso e a sua adaptabilidade a cada momento
Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e
evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que
vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e
realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias
importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior
interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das
suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos
conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los
mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses
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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua
aprendizagem
Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os
nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo
histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos
meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente
na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de
condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)
O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave
noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que
foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta
realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe
que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute
preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das
comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e
as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava
atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem
Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens
devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve
estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo
escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)
18
Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma
preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a
integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila
novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos
recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o
apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica
letivardquo (Oliveira 1996 237)
Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns
criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que
dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e
estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade
e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que
leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora
de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didaacuteticos
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos
professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos
nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute
assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo
interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos
o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a
importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)
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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees
etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea
de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino
secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre
eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que
funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser
eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as
probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que
tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele
necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir
obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute
motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute
que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois
por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos
recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de
aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de
formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo
tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo
ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a
utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de
diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno
possibilitando uma diversidade de experiecircncias
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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si
soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem
diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de
ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que
utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para
facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto
suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de
conteuacutedos e objetivos
Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a
aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a
aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas
vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido
muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as
demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees
abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)
Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos
teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as
pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da
utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo
(Barbosa 2001 IX)
Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos
parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os
conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar
noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os
21
recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees
sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e
inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos
Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os
pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos
ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de
materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos
abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento
possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo
(Wittich amp Schuller 1962 31)
Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os
professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso
didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)
A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que
a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a
desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os
conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos
textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores
em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)
22
Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos
didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de
documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em
atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar
maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente
Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como
meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que
esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos
seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem
por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O
professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais
realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos
estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma
ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo
melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido
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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo
Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de
ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala
de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade
Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada
procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves
estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo
Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de
uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que
procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico
reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O
ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem
sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm
consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo
eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura
claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido
as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre
os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia
A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou
especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da
lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo
em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela
nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela
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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educaccedilatildeo Sexual
Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o
meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A
Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de
trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios
de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de
powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos
de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar
as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem
para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que
diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a
dia foram uma constante
Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua
eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar
o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e
participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais
sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho
Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto
com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e
criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O
compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo
refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade
Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste
sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com
os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente
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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as
suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia
da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um
lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho
Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O
aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo
assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias
filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo
Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se
estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar
corresponder a esse interesse mostrando que sabe
Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da
orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos
que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de
correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em
estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e
procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram
trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem
como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de
forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo
filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves
teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute
evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que
usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo
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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia
convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio
da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros
recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos
filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se
deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou
pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas
competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve
procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de
filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se
em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002
11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e
competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim
poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os
homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no
sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no
decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial
ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica
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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)
Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva
das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro
contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de
Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa
participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira
Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de
filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave
primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram
integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula
revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas
ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do
PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com
momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas
natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e
confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria
lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do
que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula
O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei
nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs
nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito
fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos
programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos
cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a
superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre
homem e mulherrdquo
Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010
regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os
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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais
destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo
estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo
utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade
gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis
suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees
abusivas
O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais
objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos
reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais
como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar
comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou
orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada
Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em
temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de
professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores
A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash
A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e
compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa
Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com
a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento
sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)
Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos
pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso
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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia
estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais
atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a
documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo
Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES
Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual
Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam
as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De
seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade
decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e
o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming
onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor
confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente
apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo
(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca
de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua
visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele
estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens
da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela
Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as
componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a
nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os
valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade
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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo
entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores
importantes na compreensatildeo da sexualidade humana
Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana
Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno
que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha
de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no
filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos
relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)
desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um
Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a
resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os
objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final
tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a
limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as
aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por
exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um
fim em si mesmo
A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave
sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que
lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como
um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a
todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees
anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de
Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula
abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e
utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de
paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o
diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto
quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo
ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes
Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar
de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre
uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor
aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens
de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc
A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se
especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo
fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o
casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios
um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa
participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos
O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim
que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um
maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do
ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave
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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo
sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais
pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram
trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e
sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de
situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das
seguintes aulas
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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees
relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde
foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de
trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo
dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos
Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os
alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e
necessidades dos nossos alunos
Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a
reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo
criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de
lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel
sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos
apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica
fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como
jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais
tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do
meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas
tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a
powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de
Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na
proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula
Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-
unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As
temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave
necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da
eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a
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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que
nos ocupou duas aulas
Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo
anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria
Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar
as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant
explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula
- Em que se fundamenta a moral
- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental
- Se existe em que consiste esse princiacutepio
Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de
Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos
seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica
Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir
moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados
Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do
agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias
desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas
para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais
Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em
funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et
al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi
melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito
bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema
distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever
Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por
dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo
nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma
pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o
cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)
Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a
compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da
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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela
sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou
compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja
soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou
tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de
acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o
dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo
correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que
foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do
imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos
precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender
Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta
ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo
os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor
moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda
quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O
que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que
eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a
vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo
dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem
foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos
parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos
mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente
respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas
Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico
Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o
que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave
exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse
melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou
algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os
exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos
ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao
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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave
obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim
Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a
moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo
absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela
razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e
ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em
si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo
categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se
relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a
honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com
facilidade
Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um
breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que
houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu
interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se
reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os
alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico
Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica
letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos
sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que
tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e
argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final
para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial
e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de
lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como
for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula
foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula
conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas
formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute
conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de
guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum
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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute
na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental
Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial
descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15
aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos
a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma
mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados
Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar
mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo
Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo
categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral
deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior
apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que
conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos
abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual
Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as
aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant
tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e
datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um
exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo
podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser
valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado
Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do
manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as
objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o
powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista
Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o
interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras
vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram
com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo
relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma
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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso
pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi
muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos
pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o
cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor
aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite
uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula
com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista
apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo
Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo
repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e
cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias
vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos
problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica
recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a
discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de
aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica
kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte
A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber
uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre
com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez
A) Ficou com os 10euro
B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta
C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno
Questotildees
Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria
Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria
Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica
Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas
tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as
accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao
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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a
devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos
(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute
desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo
que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim
em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste
tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas
Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final
da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que
foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)
Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando
autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas
Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica
abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais
concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta
que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese
textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo
destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir
que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde
satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa
autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma
Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do
plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada
Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora
cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da
turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos
sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam
a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito
completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao
manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave
anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade
para Aristoacuteteles
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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na
quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na
quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo
A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)
foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos
letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um
texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO
Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita
sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes
diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos
alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-
problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo
contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem
numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave
autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza
para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute
contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o
contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza
pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre
pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute
ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da
aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina
212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados
no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes
podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo
dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme
ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos
indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos
concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo
se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade
civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte
para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando
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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida
da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e
discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem
ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de
questotildees filosoacuteficas
Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas
(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute
desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint
ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a
proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave
entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula
8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de
trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas
por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um
bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre
mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus
conhecimentos
Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da
justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como
equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por
apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma
sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos
de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute
uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o
liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera
que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se
beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande
importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar
grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de
explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam
situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua
opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam
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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou
de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta
estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as
imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo
Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave
realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um
assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma
cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual
justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se
um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia
Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este
autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o
conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls
As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de
powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do
manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)
Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o
princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos
a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de
exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e
anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da
anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)
Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas
apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo
As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas
revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas
duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais
no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na
aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social
e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu
essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de
motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em
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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees
sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida
pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo
graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram
ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso
As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas
relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que
a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em
conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma
maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade
despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos
relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a
niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na
participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que
iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a
tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees
havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de
obras que eles jaacute conheciam
Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a
nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e
caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois
sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo
juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a
realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem
perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf
anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um
powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas
De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir
duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos
alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria
Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant
Stolnitz Dick
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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em
consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc
abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo
esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de
padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas
Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada
pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de
exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da
mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que
causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos
ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de
experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica
que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica
Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do
conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute
um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta
visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos
uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como
imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como
expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte
como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais
utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise
de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou
instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo
para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham
participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de
obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo
dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas
experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica
Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5
sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs
45
teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que
pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada
Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma
ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os
conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos
Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente
desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de
estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a
esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das
suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for
foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e
aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante
de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita
e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os
alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho
Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de
alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma
anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo
teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
(cf anexo 10)
46
CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO
47
Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da
lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo
Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram
significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e
contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para
empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no
acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio
profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade
docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na
aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas
especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de
podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou
especialmente
No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a
nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos
Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da
informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo
houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os
recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste
sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo
anterior
Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa
lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal
nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi
sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo
relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma
especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas
estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem
dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados
anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais
dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma
48
geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos
mais atuais
Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que
foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a
existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos
mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o
manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de
filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O
impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma
variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um
elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos
alunos em sala de aula
Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos
concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar
de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)
estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade
(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores
Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de
avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse
questionaacuterio
Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia
atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora
estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo
de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo
lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta
preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam
por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem
fomentar a aprendizagem significativa
Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais
didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e
os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual
adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em
49
capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se
evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos
powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios
escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua
preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente
porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre
recebidas e explicadas com agrado e interesse
Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-
aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz
e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de
reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que
esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na
aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos
Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar
de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora
estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu
bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da
professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para
desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores
(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para
uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no
sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o
conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no
ensino secundaacuterio
Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas
variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta
sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as
respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes
opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os
alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito
50
bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada
exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu
tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e
aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor
compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um
pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De
uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo
menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar
algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo
Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados
inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e
dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos
51
CONCLUSAtildeO
A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-
se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento
criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e
vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos
instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente
os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de
desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos
problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o
exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser
assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que
visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo
criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo
criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute
preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos
forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para
lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos
problemas que se manifestem na sociedade
Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo
supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise
reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no
ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora
que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover
uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser
utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel
de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)
Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a
compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser
sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias
as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o
desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem
da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento
52
constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais
diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico
Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que
esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos
concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma
indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no
decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei
jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso
do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste
momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao
longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais
capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre
aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o
espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda
a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura
colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo
estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia
adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com
satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada
por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder
constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino
lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas
conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos
profissionais cada vez mais conscientes e capacitados
Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute
trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos
evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta
realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se
como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe
e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo
relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior
limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo
53
que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do
estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de
estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas
respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de
conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem
arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar
Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e
esforccedilo suplementar de trabalho
Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros
de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas
levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito
provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula
ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute
uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que
a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais
teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos
relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais
valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a
praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-
fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a
confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para
aprender mais e melhor a cada dia que passa
Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas
reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim
o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas
imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos
Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo
lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a
turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem
funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos
especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo
constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo
54
Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde
decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos
atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da
participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto
julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na
preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais
teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos
ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo
fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia
eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e
mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade
docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso
projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento
dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento
a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho
constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo
acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho
para investir no trabalho da escola
Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o
desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo
pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele
que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os
conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar
duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por
outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas
falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas
e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais
teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que
conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos
que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e
equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica
efetiva de lecionaccedilatildeo
55
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ANEXOS
59
ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada
Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio
OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO
UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE
Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho
Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes
Supervisor Doutor Artur Manso
Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Braga 07 Dezembro de 2011
60
ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo
Antoacutenio Machado
I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO
Introduccedilatildeo
O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo
Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no
Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo
20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O
projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos
seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -
anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila
social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da
experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos
No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-
aprendizagem da filosofia
Caraterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na
freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma
populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de
funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto
conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo
reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades
de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre
outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro
auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos
computadores e projetores)
Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de
avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de
realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na
organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave
mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a
1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
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irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas
de substituiccedilatildeo
Caraterizaccedilatildeo da Turma
O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda
por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os
16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos
elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados
cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e
participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente
desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento
interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam
discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e
abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees
meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que
alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada
Exposiccedilatildeo do Projeto
A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo
pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como
problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica
tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se
fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida
mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que
faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta
atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma
cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor
Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo
3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo
fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo
integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito
reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada
A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a
argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com
acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos
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com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi
atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua
lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com
meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e
aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos
em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)
II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO
Metodologia
Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de
ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno
Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos
estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda
fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o
meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e
adequados
Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no
ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o
ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases
sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma
cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde
decorre o nosso trabalho
Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de
metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir
as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese
o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de
recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints
viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc
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Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo
Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees
Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no
processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da
esteacutetica
Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no
acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Objetivos
Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos
Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de
filosofia
Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia
Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de
sala de aula
Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Estrateacutegias de accedilatildeo
Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no
processo de ensino-aprendizagem
Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia
Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem
no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia
Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da
lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica
Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras
proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se
revelem pertinentes no decurso do projeto
Participantes
Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da
ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e
o professor supervisor Artur Manso
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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)
Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos
parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos
instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios
sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas
tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para
compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos
usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a
eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)
Procedimento
Aulas de 90 minutos
Fases de Desenvolvimento
1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a
totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto
2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas
recursos entre outros meios escolhidos para efeito
3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)
Calendarizaccedilatildeo
Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro
Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de
informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas
questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc
Avaliaccedilatildeo - Junho
Referecircncias Bibliograacuteficas
AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto
AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da
Educaccedilatildeo
AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio
Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista
Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379
Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga
Universidade do Minho ndash IEP
Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-
Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano
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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho
ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO
PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO
Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original Juno
Geacutenero ComeacutediaDrama
Duraccedilatildeo 96 minutos
PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria
2007
Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos
Realizaccedilatildeo Jason Reitman
Argumento Diablo Cody
Atores Ellen Page Michael
Cera Jennifer Garner Jason
Bateman Allison Janney JK
Simmons Olivia Thirlby Eillen
Pedde Rain Wilson Daniel
Clark
Muacutesica Matt Messina
SINOPSE
O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar
graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua
situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias
decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos
classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)
visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o
passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias
complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa
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ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS
Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO
Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos
Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e
ponderada agraves seguintes questotildees
1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as
2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique
3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo
4) Qual a decisatildeo de Juno
5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker
6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos
Porquecirc
7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker
8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma
9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar
10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos
teus Justifique
Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome
tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo
Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m
Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico
- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)
- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
1ordf aula 2302
- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista
- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista
- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)
- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
2ordf aula 2802
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
3ordf aula 1303
- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke
- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas
Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
4ordf aula 1503
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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula
Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke
- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio
Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
5ordf aula 2003
Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original
- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual
- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
6ordf aula 1004
Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana
- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade
- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC
Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)
Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia
7ordf aula 1204
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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula
Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Sumaacuterio
O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Objetivos
Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico
Conteuacutedos
Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias
Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico
Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles
A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual
Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild
(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204
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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica
10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho
Materiais Recursos
Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild
Conceitos
Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa
Avaliaccedilatildeo
De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos
Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia
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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo
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ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual
A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO
O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o
estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade
mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute
autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais
A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em
aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir
(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a
sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus
Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo
Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho
Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais
Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012
1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado
2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado
3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas
4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica
porquecirc
5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo
6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o
sentido da afirmaccedilatildeo
7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico
8 Considera o texto seguinte
ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)
81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado
Orientaccedilotildees
ndash Formula o problema colocado no texto
ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke
82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza
83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela
sociedade civil
9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas
10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito
11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade
do estado
Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa
Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais
Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012
Grupo I
1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)
Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta
1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip
A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas
1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes
2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial
3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos
4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos
5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica
6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda
7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc
8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes
9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo
10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa
11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc
12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos
13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte
14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica
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2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma
tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e
crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria
3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que
A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma
4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que
A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente
Grupo III
1 Considera o texto seguinte
laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo
Arnold Hausser Teorias da Arte
a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as
b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica
2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta
Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa
ndash Carateriza a teoria da arte em causa
ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo
ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
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ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo
Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem
1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre
a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra
aquilo que ela representa
2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos
esteacuteticos
Bom trabalho
A professora Claacuteudia Martinho
Imagens
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
Imagem 4
Imagem 5
Imagem 6
Imagem 7
Imagem 8
Carateriacutestica
Pobreza
Tristeza
Beleza
Harmonia
Equiliacutebrio
Feio
Elegacircncia
Alegria
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ANEXO 10 ndash Questionaacuterio
No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino
Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos
didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino
secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa
colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio
Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma
confidencial
Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados
I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica
1 Sexo Masculino Feminino
2 Idade ______
II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem
3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem
utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com
a legenda fornecida
Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante
Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5
Exposiccedilatildeo oral dialogada
Discussatildeo de ideias
Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)
Questionamento
Leitura ativa
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III RecursosMateriais didaacuteticos
4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela
professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida
Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante
5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia
Sim Natildeo Natildeo sabe
6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada
Sim Natildeo
Natildeo sabe
7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo
Sim Natildeo
Natildeo sabe
RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5
Apresentaccedilotildees em PowerPoint
Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo
Textos filosoacuteficos
Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo
Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios
Quadro
Esquemas-siacutentese
Imagens
Jogos didaacuteticos
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IV Perfil da professora estagiaacuteria
8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue
Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre
V Avaliaccedilatildeo global
9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais
esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada
Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde
11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria
Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa
12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria
Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo
Claacuteudia Martinho
Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5
A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico
A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar
A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos
A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas
A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas
A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos
possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo
As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas
- CAPA Claudiapdf
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