cleânio da luz lima estudo espectroscópico de m ateriais
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Coordenação de Pós
Estudo espectroscópico de m
A múltipla aplicabilidade da e
caracterização de aminoácidos, molibidato e tungstato de sódio, e
Universidade Federal do Ceará
Centro de Ciências
Departamento de Física
Coordenação de Pós-Graduação em Física
Cleânio da Luz Lima
Estudo espectroscópico de materiais:
aplicabilidade da espectroscopia Raman na
caracterização de aminoácidos, molibidato e tungstato de sódio, e
óxidos nanomoldados.
Fortaleza-CE
Março de 2011
ateriais:
pia Raman na
caracterização de aminoácidos, molibidato e tungstato de sódio, e
ii
Cleânio da Luz Lima
Estudo espectroscópico de materiais:
A múltipla aplicabilidade da espectroscopia Raman na
caracterização de aminoácidos, molibidato e tungstato de sódio, e
óxidos nanomoldados.
Orientador: Prof. Dr. Josué Mendes Filho
Coorientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire
Coorientadora: Profª. Drª. Alcinéia Conceição Oliveira
Tese apresentada ao Departamento de Física
da Universidade Federal do Ceará, como parte
dos requisitos para a obtenção do Título de
Doutor em Física.
Fortaleza-CE
Março de 2011
iii
Tese apresentada sob o titulo de: Estudo espectroscópico de materiais: A múltipla
aplicabilidade da espectroscopia Raman na caracterização de aminoácidos, molibidato e
tungstato de sódio, e óxidos, defendida por Cleânio da Luz Lima em 18 de março de 2011, em
Fortaleza, Ceará, à banca examinadora constituída por:
____________________________________________________
Prof. Dr. Josué Mendes Filho
(Dep. de Física - UFC) – presidente da banca e orientador
____________________________________________________
Prof. Dra. Alcinéia Conceição Oliveira
(Dep. de Química - UFC) - membro da banca
____________________________________________________
Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire
(Dep. de Física - UFC) – membro da banca
____________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Lenz César
(Instituto de Física Gleb Wataghin - Unicamp) - membro da banca
____________________________________________________
Prof. Dr. Bartolomeu Cruz Viana Neto
(Dep. de Física - UFPI) – membro da banca
iv
“A desobediência é uma virtude necessária à
criatividade.”
Raul Seixas
v
“Os ventos que às vezes tiram algo que
amamos são os mesmos que trazem algo que
aprendemos a amar.... Por isso não devemos
chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender
a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo
que é realmente nosso, nunca se vai para
sempre.... Por isso, não viva para que a sua
presença seja notada, mas para que a sua
falta seja sentida... (Bob Marley)”
In memorian: José Pereira Lima
vi
Agradecimentos
À Deus, pelo dom da vida e as conquistas nela realizadas. Apesar de às vezes nos
afastarmos dele, ele nunca nos abandona em nossa caminhada;
Ao meu orientador, Prof. Dr. Josué Mendes Filho, pela orientação, por sua
personalidade forte e marcante que mascara uma pessoa sensível, lutadora, por sua paciência,
boa vontade, versatilidade, disciplina e dedicação á pesquisa. Por tudo que me ensinou, não
somente em relação à Física, mas também a conduta diante da vida;
Aos meus coorientadores, Profs. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire e Dra.
Alcinéia Conceição Oliveira, por suas coorientações nos trabalhos desenvolvidos, por serem
exemplos como pesquisadores, além de, pessoas simples, sinceras, acessíveis e sempre
prestativos. Assim, gostaria de deixar escrita aqui minha eterna gratidão e admiração ao meu
orientador Josué Mendes Filho e aos meus coorientadores Paulo de Tarso Cavalcante Freire e
Alcinéia Conceição Oliveira;
Aos Profs. Dr. Antônio Gomes de Souza Filho, Dr. Alejandro Pedro Ayala e Dr.
Francisco Erivan de Abreu Melo, por estarem sempre dispostos a ajudar; pela paciência, boa
vontade, versatilidade, disciplina e didática no cotidiano da pesquisa;
Aos meus queridos pais, José Pereira Lima (in memorian) e Marizete de Sousa
Silva, aquele pelo exemplo de pessoa simples e de poucas palavras e de quem aprendir a
procurar e buscar aprender de tudo um pouco. Aquela, a quem devo o que sou hoje, e que não
media esforços para que seus filhos tivessem uma boa educação. Mãe, muito obrigado por
tudo, te amo. Aos irmãos, Paulo César (por sua dedicação familiar para com seus pais e
irmãos), Josilene, Paulo Sérgio, Carlos Henrique (a quem admiro desde criança, por sua
dedicação aos estudos e hoje por sua dedicação e responsabilidade ao seu trabalho), a sua
esposa, Sandra e filhas (Lara e Lana) por sempre me receberem bem em sua casa. Juscelino,
Josane, Samuel Cosme e Samuel Damião e demais familiares que sempre me acompanharam
em todos os momentos e conquistas da minha vida;
À minha querida esposa, Maria da Cruz Moura e Silva pelo amor, carinho,
companheirismo, incentivo e muita compreensão neste período em que passamos nos
dedicando aos estudos, espero que agora possamos finalmente desfrutar desta dedicação;
vii
Aos Profs. Dr. José Alves de Lima Júnior e Dr. Gilberto Dantas Saraiva, por
terem contribuído no desenvolvimento deste trabalho, tanto na realização dos experimentos
quanto nas discussões dos resultados;
Aos Professores participantes da banca de avaliação, Prof. Dr. Josué Mendes
Filho, Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire, Prof.a Dra. Alcinéia Conceição Oliveira,
Prof. Dr. Carlos Lenz César e Prof. Dr. Bartolomeu Cruz Viana Neto, pelo interesse e
contribuição valiosa para este trabalho;
À minha amiga, Gardênia de Sousa Pinheiro a quem aprendi a admirar por sua
competência, amizade e companheirismo, bem como seus familiares (sua mãe Maria Gorete e
seus irmãos, Jéssica, Oscar e Bruno) por me hospedarem sempre que foi necessário de ano em
sua residência e me tratarem como um membro da família;
Ao IPDI (Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Ceará), ao
CETENE (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste), ao IRCELYON (Institut de
recherches sur La catalyse et l´environnement de Lyon, França), ao Laboratório de Difração
de Raios-X do Departamento de Física da UFC, Ao Langmuir (Laboratório de Adsorção e
Catálise) do departamento de Química UFC, ao Instituto de Mineralogia e Física da matéria
condensada da Universidade Pierre e Marie Curie, Paris, França e ao Instituto de Química da
Universidade Federal da Bahia pela disponibilização de parte dos equipamentos utilizados nos
experimentos deste trabalho;
À Coordenação de Pós-Graduação em nome de sua Vice-Coordenadora, Prof.a
Dra. Marlúcia Freitas Santiago por toda assistência para com os seus alunos;
Ao departamento de Física e seu colegiado, pela infraestrutura oferecida e
incentivo ao desenvolvimento deste estudo;
Aos ex-alunos, hoje, professores Doutores Clenilton Costa dos Santos, Arian
Paulo de Almeida e Francisco Ferreira de Sousa, pela contribuição nos experimentos sempre
que foi necessário e pelas valiosas discussões;
Aos meus amigos Roberto Lima, Aldilene Saraiva, José Valdenir, Eduardo
Barbosa, Saulo-Davi Reis, Wanessa Melo, Rafael, Manoel, Alcemira, Rocicler, Gustavo,
Ricardo, Robson, Katiane, Janilson, Nádia, Manuela, Janete entre outros, pela amizade e pelos
momentos de descontração. À todos os colegas de pós-graduação, pela convivência;
viii
Às secretárias do Departamento e da Pós-Graduação, Maria Creuza da Silva,
Rejane Coelho, Ana Cleide Ferreira, Michele Ferreira, Jailson da Silva Neves e Vera Lúcia
dos Santos, por toda assistência dada no que foi necessário;
Aos amigos do SEFUFPI, e demais grandes amigos (Fran e demais familiares,
Frederico, Lazaro, Andréia, Lorena, Celeandra entre outros), que mesmo distante nunca
deixaram de apoiar-me e torcer por mim;
À CAPES, pelo fomento da bolsa de Doutorado por estes quase três anos;
A todas as pessoas que contribuíram diretamente ou indiretamente para a
realização deste estudo;
A todos, muito obrigado.
ix
Resumo
A elucidação da estrutura do aminoácido (C5H9NO4), molibidato (Na2MoO4) e
tungstato (Na2WO4) de sódio, e óxidos nanomoldados (CeO2, ZrO2, TiO2 e Ce0,8Zr0,2O2) foi
realizada através da espectroscopia Raman. O ácido L-glutâmico (C5H9NO4) foi investigado
através de experimentos de espectroscopia Raman, visando avaliar os efeitos da aplicação da
pressão hidrostática em suas propriedades estruturais e vibracionais. As amostras
monocristalinas foram obtidas através do método de evaporação lenta, gerando duas fases.
Para a identificação das referidas fases, foram realizados experimentos de difração de raios-X
(DRX), análise térmica (DSC), espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR) e Raman.
Esta última técnica foi decisiva para a distinção das duas fases, de modo a complementar o
DRX. Quando o ácido L-glutâmico foi submetido a altas pressões, foram observado
modificações em sua estrutura; tais modificações ocorridas foram no número de modos
vibracionais e descontinuidade nas curvas número de onda vs pressão; as modificações
evidenciaram que o cristal da fase β sofreu quatro transições de fase estruturais desde a
pressão ambiente até 21,5 GPa. Para o cristal da fase α, observou-se três transições de fase
estruturais, desde a pressão ambiente até 7,5 GPa. Na descompressão para a pressão ambiente,
os espectros originais foram recuperados, indicando que as transições de fase são reversíveis,
para as referidas fases α e β. Os experimentos de espectroscopia Raman com variação de
temperatura dos materiais policristalinos Na2WO4 e Na2MoO4, foram realizados para se obter
informações sobre a estabilidade estrutural destes sólidos. A estabilidade da fase cúbica dos
sistemas Na2WO4 e Na2MoO4 foram verificadas e estes estudos indicaram que os cristais
permanecem com tal fase no intervalo de 8-823 K e 15-773 K para Na2WO4 e Na2MoO4,
respectivamente. Destaca-se, que sobre o cristal de Na2WO4 houve uma transição de fase em
898 K aproximadamente. O cristal de Na2MoO4, por outro lado, exibiu três transições de fase
em altas temperaturas, 783-803 K, 823-913 K e 943-950 K. Em ambos os cristais as
transições de fase são de primeira ordem, e evidênciadas pelo comportamento dos modos
Raman: o splitting de novos modos abaixo de 100 cm-1. Estas transições foram relacionadas à
inclinação e/ou rotações dos tetraedros WO4 e MoO4 que provocam uma desordem nos sítios
WO4 e MoO4, os quais são constituintes da estrutura Na2WO4 e Na2MoO4, respectivamente.
A elucidação da estrutura de óxidos nanoestruturados (monóxidos e óxidos binários) foi
realizada por espectroscopia Raman. Nanopartículas constituídas de CeO2, ZrO2 e TiO2, bem
x
como nanoestruturas constituídas por CeO2-ZrO2 e Ce0,8Zr0,2O2 foram obtidos. As análises de
DRX, propriedades texturais e superficiais foram comparadas através da espectroscopia
Raman, sendo que esta técnica possibilitou a compreensão das propriedades estruturais das
nanopartículas e nanoestruturas. Os referidos sólidos mostram ser ativos quando aplicados
como catalisadores na desidratação do glicerol a acroleina e 1-hidroxicetona, sendo a
atividade catalítica relacionada à estrutura dos sólidos.
xi
Abstract
Structure determination of aminoacid (C5H9NO4), tungstate (Na2WO4) and
molybdate (Na2MoO4), and MOx nanostructureed oxides was performed through Raman
spectroscopy. L-glutamic acid was investigated by Raman spectroscopy with the aim of
evaluating the effect of the hydrostatic pressure on their structural and vibrational properties.
The nanocrystalline samples were obtained by slow evaporation method; and two
polymorphic phases were produced. To identify the abovementioned phases, X-ray diffraction
(XRD), thermal analysis (DSC), infrared spectra (FT-IR) and Raman spectroscopy
experiments were performed. The latter was decisive to distinguish the two phases formed,
and was complementary to XRD. When high pressures were applied, modifications in the L-
glutamic acid structure were observed. Such a modification was due to vibrational and
changes in the wavenumber versus pressure curves. These modifications evidenced that the β-
phase of the crystal had four structural phase transitions from room pressure to 21.5 GPa; for
α-phase crystal, there structural phase transitions from room pressure to 7.5 GPa.
Decompression to room pressure provided the restored original spectra, which indicating that
the phase transitions were reversible to the aforesaid phases. Variation of the temperature of
the polycrystalline Na2MoO4 and Na2WO4 was performed to obtain information about the
structural change occurred the solids. Cubic phase stability of the Na2MoO4 and Na2WO4 was
verified and these studies indicated that the crystals maintained the cubic phase in the 8- 823
K and 15 – 773 K range for Na2MoO4 and Na2WO4 crystals, respectively; a first order
transition phase was shown through the Raman modes behavior: the splitting of the new
modes appeared below to 100 cm-1. These transitions were due to the disorders of MoO4 and
WO4 sites from Na2MoO4 and Na2WO4 structure, respectively. The structure determination of
nanostructured oxides (monoxides and binary oxides) was investigated by Raman
spectroscopy. Nanoparticles mode of CeO2, ZrO2 and TiO2 as well as that of CeO2-ZrO2 and
Ce0.08Zr0.2O2 were obtained. XRD analysis, textural and surface properties and Raman
spectroscopy, being the latter responsible for a deeper understanding of the structural
properties of the nanoparticles and nanostructure when applied as catalysts for glycerol
dehydration to acrolein and 1-hydroxyacetone the solids were actives, and actively was
related to the solids structure.
xii
Conteúdo
Agradecimentos ....................................................................................................................... vi
Resumo ..................................................................................................................................... ix
Abstract .................................................................................................................................... xi
Conteúdo ................................................................................................................................. xii
Lista de Figuras ..................................................................................................................... xvi
Lista de Tabelas ...................................................................................................................... xx
Lista de Quadros .................................................................................................................... xxi
Capítulo 1 ................................................................................................................................ 22
Introdução ............................................................................................................................... 22
1.1 Justificativa ................................................................................................................... 23
1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 25
Capítulo 2 ................................................................................................................................ 26
Fundamentação Teórica ........................................................................................................ 26
2.1 Espectroscopia Raman .................................................................................................. 26
2.1.1 Fundamentos .......................................................................................................... 26
2.2 Aplicações da pressão hidrostática ............................................................................... 30
2.3 Efeitos da Temperatura ................................................................................................. 31
2.4 Outras técnicas utilizadas nas caracterizações .............................................................. 31
2.4.1 Difração de raios-X (DRX) ................................................................................... 32
2.4.2 Espectroscopia de infravermelho médio (FTIR) ................................................... 32
2.4.3 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) ....................................................... 33
2.4.4 Microscopia Eletrônica de Varredura e Transmissão (MEV e MET) ................... 34
2.4.5 Espectroscopia Fotoeletrônica de raios-X (XPS) .................................................. 34
xiii
2.4.6 Propriedades texturais através de isotermas de adsorção ...................................... 35
Capítulo 3 ................................................................................................................................ 38
Procedimento Experimental .................................................................................................. 38
3.1 Sínteses dos materiais ................................................................................................... 38
3.1.1 Aminoácidos .......................................................................................................... 38
3.1.2 Molibidato e Tungstato de Sódio ........................................................................... 38
3.1.3 Óxidos nanomoldados ........................................................................................... 38
3.2 Espectroscopia Raman .................................................................................................. 39
3.3 Sistema de medidas de pressão hidrostática ................................................................. 40
3.4 Sistema de medidas a alta temperatura ......................................................................... 43
3.5 Sistema de medidas a baixa temperatura ...................................................................... 44
3.6 Sistema de medidas de Raios-X ................................................................................... 45
3.7 Sistema de medidas de espectroscopia de infravermelho ............................................. 45
3.8 Sistema de medidas de análise de DSC ........................................................................ 46
3.9 Microscopias ................................................................................................................. 47
3.9.1 MEV ...................................................................................................................... 47
3.9.2 MET ....................................................................................................................... 47
3.10 XPS ............................................................................................................................... 47
3.11 Análise superficial ........................................................................................................ 47
3.12 Testes catalíticos ........................................................................................................... 47
Capítulo 4 ................................................................................................................................ 49
Aminoácidos ............................................................................................................................ 49
4.1 Descrição Geral ............................................................................................................ 49
4.2 Ácido L-glutâmico ........................................................................................................ 53
4.3 Resultados e Discussão ................................................................................................. 55
4.3.1 Interesse da obtenção dos monocristais de ácido L-glutâmico .............................. 55
xiv
4.3.2 DRX ....................................................................................................................... 55
4.3.3 FTIR ....................................................................................................................... 56
4.3.4 DSC ....................................................................................................................... 58
4.3.5 Medidas por espectroscopia Raman ...................................................................... 58
4.4 Considerações Finais .................................................................................................... 87
Capítulo 5 ................................................................................................................................ 89
Molibidato e Tungstato de Sódio ........................................................................................... 89
5.1 Descrição Geral ............................................................................................................ 89
5.2 O molibidato e o tungstato de sódio (Na2MoO4 e Na2WO4). ....................................... 90
5.3 Resultados e Discussão ................................................................................................. 91
5.3.1 Método de obtenção do Na2WO4 e Na2MoO4 ....................................................... 91
5.3.2 Espectroscopia Raman ........................................................................................... 92
5.4 Considerações Finais .................................................................................................... 99
Capítulo 6 .............................................................................................................................. 100
Óxidos nanoestruturados ..................................................................................................... 100
6.1 Descrição Geral .......................................................................................................... 100
6.2 Propriedades Físico-químicas dos Óxidos .................................................................. 102
6.2.1 Óxido de Titânio .................................................................................................. 102
6.2.2 Óxido de Zircônio (ZrO2) .................................................................................... 103
6.2.3 Óxido de Cério (CeO2) ........................................................................................ 104
6.3 Resultados e Discussão ............................................................................................... 105
6.3.1 Método de obtenção dos óxidos .......................................................................... 105
6.3.2 DRX ..................................................................................................................... 106
6.3.3 Análise química e XPS ........................................................................................ 108
6.3.4 Espectroscopia Raman ...................................................................................... 110
6.3.5 MEV e TEM .......................................................................................................... 111
xv
6.3.6 Propriedades texturais ...................................................................................... 113
6.3.7 Propriedades catalíticas na desidratação do glicerol ..................................... 115
6.4 Considerações Finais .................................................................................................. 120
Capítulo 7 .............................................................................................................................. 121
Perspectivas ........................................................................................................................... 121
7.1 Perspectivas ácido L-glutâmico .................................................................................. 121
7.2 Perspectivas para os molibidatos e tungstatos ............................................................ 121
7.3 Perspectivas para os óxidos ........................................................................................ 121
Apêndice A ............................................................................................................................ 122
Lista dos 20 aminoácidos Fundamentais e Símbolos ......................................................... 122
Apêndice B ............................................................................................................................ 125
Publicações ........................................................................................................................ 125
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 128
xvi
Lista de Figuras
Figura 1 - Diagrama energético em que as linhas horizontais representam distintos estados
vibracionais e que mostra as transições entre estados energéticos para diferentes
interações luz-matéria. As linhas horizontais cheias representam os estados excitados,
enquanto as pontilhadas os estados virtuais. ............................................................................ 27
Figura 2 – Gráfico representativo do espalhamento Raman onde se ilustram as Bandas
Rayleigh, bandas Raman Stokes e bandas Raman anti-Stokes. ............................................... 29
Figura 3 – Reflexão de um feixe de raios-X por planos de um cristal tal como concebido
por Bragg. O feixe incidente faz um ângulo θ com a superfície do plano. .............................. 32
Figura 4 – Imagem do sistema de micro análise Raman (T-64000) com seus componentes
(a) e outra imagem lateral desse sistema utilizado nas medidas Raman (b). ............................ 39
Figura 5 – Célula de pressão utilizada no experimento de pressão até 10 GPa. ...................... 41
Figura 6 – Ilustração esquemática de uma DAC. ..................................................................... 42
Figura 7– Imagens do ácido L-glutâmico fase β na cela de pressão onde temos: (a) antes
da focalização e (b) na focalizada com a lente de 20X. ........................................................... 43
Figura 8– Sistema de medidas utilizado nos experimentos a altas temperaturas. .................... 44
Figura 9 – Sistema de análise de baixa temperatura, onde temos: (a) criostato,
(controlador de temperatura) e (c) bomba de vacum. ............................................................... 45
Figura 10 – Equipamento utilizado nos experimentos de espectroscopia infravermelho
com transformada de Fourier. ................................................................................................... 46
Figura 11- Equipamento utilizado nos experimentos de DSC. ................................................ 46
Figura 12 - Fórmula estrutural dos aminoácidos ...................................................................... 50
Figura 13 - Estruturas moleculares do ácido L-glutâmico. ...................................................... 52
Figura 14 - Arranjos moleculares do ácido L-glutâmico na estrutura cristalina das fases
(α) e (β) ao longo do eixo c (58) em (a) e (b) respectivamente. ............................................... 54
Figura 15 - Cristais do ácido L-glutâmico na fase α (a) e na fase β (b) obtidos nos nossos
experimentos. ............................................................................................................................ 55
xvii
Figura 16 - Difração de raios-X da fase α (53) (54). ................................................................ 56
Figura 17 – Difração de raios-X da fase β (53) (54). ............................................................... 56
Figura 18 - Espectros Infravermelhos das fases α e β do Ácido L-glutâmico. ......................... 57
Figura 19 - Análise DSC das fases α e β do ácido L-glutâmico. .............................................. 58
Figura 20 - Esquema das polarizações do laser (a) e algumas posições dos cristais para as
medidas (b). .............................................................................................................................. 59
Figura 21 - Espectros Raman polarizados para a fase α do ácido L-glutâmico face BC. ........ 60
Figura 22 - Espectros Raman polarizados para a fase α do ácido L-glutâmico: (a) face AC
e (b) face AB............................................................................................................................. 61
Figura 23 - Espectros Raman polarizados para a fase β do ácido L-glutâmico: (a) face BC
e (b) face AC............................................................................................................................. 62
Figura 24 - Espectros Raman polarizados para a fase β do ácido L-glutâmico face AB. ........ 63
Figura 25 - (a) Espectros Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região
0 a 300 cm-1. ............................................................................................................................. 64
Figura 26 – (b) Espectro Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região
300 a 900 cm-1. ......................................................................................................................... 66
Figura 27 – (c) Espectros Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região
900 a 1750 cm-1. ....................................................................................................................... 69
Figura 28 – Espectros Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região
2750 a 3300 cm-1. ..................................................................................................................... 71
Figura 29 - Espectros Raman do ácido L-glutâmico na fase β para a pressão entre 0,0 e
4,0 GPa na região espectral de: (a) 45-250 cm-1; (b) 320 – 450 cm-1; (c) Número de Onda
vs pressão na região espectral de 25 – 450 cm-1. ...................................................................... 74
Figura 30 - Espectro Raman do ácido L-glutâmico fase β para pressão entre 0,0 e 18,0
GPa na região espectral de: (a) 25-250 cm-1 para pressão entre 0,0 e 10,8 GPa; (b) 25 –
650 cm-1 para pressão entre 10,8 e 18,3 GPa; (c) número de onda vs pressão na região
espectral de 25 – 450 cm-1 para pressão entre 0,0 e 18,3 GPa; (d) ........................................... 76
xviii
Figura 31 - Espectro Raman do ácido L-glutâmico fase β para pressão entre 0,0 e 21,4
GPa na região espectral de: (a) 650-1250 cm-1; (b) Número de Onda vs pressão para a
mesma região. ........................................................................................................................... 77
Figura 32 – Espectro Raman do ácido L-glutâmico fase β para pressão entre 0,0 e 21,4
GPa na região espectral de: (a) 2840-3250 cm-1, para pressões entre 0,0 e 10,8 GPa; (b)
2840-3250 cm-1, para pressões entre 10,8 e 21,4 GPa; (c) número de onda vs. pressão na
região espectral de 2840 – 3250 cm-1 para pressões entre 0,0 e 21,4 GPa. .............................. 79
Figura 33 - Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 15 a 210 cm-
1; (b) número de onda vs pressão. ............................................................................................. 81
Figura 34 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 200-850 cm-
1; (b) número de onda vs. pressão. ............................................................................................ 82
Figura 35 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 860-1250 cm-
1; (b) número de onda vs. pressão. ............................................................................................ 83
Figura 36 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (g) 1380-1800
cm-1; (h) número de onda vs. pressão ....................................................................................... 84
Figura 37 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 2820 - 3180
cm-1; (b) número de onda vs. pressão. ...................................................................................... 85
Figura 38 – Espectro Raman do óleo mineral nujol na região espectral 2500-3500 cm-1. ....... 85
Figura 39 – Espectros Raman na temperatura e pressão ambiente nas regiões espectrais
de: (a) 15-300 cm-1; (b) 300- 1250 cm-1. .................................................................................. 86
Figura 40 – Espectros Raman do Na2WO4 para o intervalo de temperatura de 8-918 K. ........ 94
Figura 41 – Número de Onda vs. temperatura para os modos stretching, bending e da rede
do cristal de Na2WO4. As linhas sólidas são os fits dos dados experimentais com a
equação 8 e � = �0 + ��, para a fase cúbica (fase I) e ortorrômbica (fase II),
respectivamente. ....................................................................................................................... 95
Figura 42 – Espectros Raman do Na2MoO4 para as quatros diferentes fases no intervalo
de temperatura 763-943 K. ....................................................................................................... 96
Figura 43 – Espectros Raman da segunda fase do tungstato e da terceira do molibidato
para observação da semelhança. ............................................................................................... 97
xix
Figura 44 - Representação esquemática da formação de nanoestruturas e nanopartículas
via nanomoldagem, utilizando-se qualquer direcionador duro (molde) (111). ...................... 100
Figura 45 – Desidratação do glicerol em acroleina e em 1-hidroxiacetona. .......................... 101
Figura 46 - Mecanismo de nanomoldagem para obtenção de óxidos nanoestruturados
SnO2-TiO2, utilizando-se como direcionador duro à sílica SBA-15 (123)............................. 105
Figura 47 - (a) Difratogramas de raios-X dos moldes usados para obtenção dos óxidos
nanoestruturados. (b) Difratogramas de raios-X em alto ângulo dos monóxidos
sintetizados. (c) Difratogramas de raios-X em baixo ângulo das amostras Ce, Ti, Zr e
CeZr. ....................................................................................................................................... 107
Figura 48 – Espectros XPS das amostras Ce, Zr, Ti e CeZr que mostram as linhas do Ce
3d, Zr 3d, Ti 2p e CeZr ao Ce 3d, Zr 3d, O 1s e Si 2p. .......................................................... 109
Figura 49 - Espectros Raman dos óxidos. .............................................................................. 110
Figura 50 - Micrografia de MEV-EDX dos monóxidos. ........................................................ 112
Figura 51- Imagem de MET (TEM) da amostra Ti. ............................................................... 112
Figura 52 - Micrografia de MEV-EDX dos óxidos binários. ................................................. 113
Figura 53 – Isoterma de adsorção - dessorção de nitrogênio da amostra Ti, representativa
dos monóxidos. ....................................................................................................................... 115
Figura 54 – (a) Conversão de glicerol em função do tempo. (b) Espectros Raman dos
sólidos após o teste catalítico. ................................................................................................ 115
Figura 55 – (a) Conversão a glicerol e (b) seletividade em função da temperatura com
condições reacionais de P =1 atm e glicerol/água = 1:3. ........................................................ 119
xx
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico
observados em temperatura ambiente no intervalo entre 15 cm-1 e 300 cm-1 das fases α e
β. ............................................................................................................................................... 65
Tabela 2 – Classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico
observados em temperatura ambiente no intervalo entre 300 cm-1 e 900 cm-1 para as fases
α e β. ......................................................................................................................................... 68
Tabela 3 – Classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico
observado em temperatura ambiente no intervalo entre 900 cm-1 e 1750 cm-1 das fases α e
β. ............................................................................................................................................... 70
Tabela 4 – classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico
observados em temperatura ambiente no intervalo entre 2750 cm-1 e 3300 cm-1 das fases α
e β. ............................................................................................................................................ 72
Tabela 5 – Modos vibracionais observados para os sistemas cúbico e ortorrômbico na fase
II, para o Na2WO4, junto com vibrações baseadas no LDC do Na2MoO4. .............................. 98
Tabela 6. Composição química, tamanho do cristal e análises de XPS dos sólidos. ............. 108
Tabela 7 - Propriedades texturais dos monóxidos e do óxido binário. ................................... 114
Tabela 8 – Desempenhos catalíticos dos sólidos na desidratação do glicerol. Condições
reacionais: T = 250 ºC, glicerol/água = 1:3, P = 1 atm e tempo de reação de 8-10 h. ........... 118
xxi
Lista de Quadros
Quadro 1 - Diagrama de correlação para os íons (WO4)2- e (MoO4)
2- na estrutura cúbica
do Na2WO4 e do Na2MoO4. ...................................................................................................... 92
Quadro 2 - Diagrama de correlação para os íons (WO4)2- e (MoO4)
2- na estrutura
ortorrômbica (Fddd (D2h24)) do Na2WO4 e do Na2MoO4. ........................................................ 93
Quadro 3 - Lista dos 20 aminoácidos fundamentais e símbolos. ........................................... 122
22
Capítulo 1
Introdução
As caracterizações e as investigações dos processos físicos induzidos por
variações de temperatura ou pressão hidrostática têm bastante importância na pesquisa
científica, porque revelam as propriedades desses materiais e estimulam a formulação de
modelos para descrever o comportamento dos materiais em condições extremas, suas
características e aplicações. Nesta perspectiva, o estudo de processos físico-químicos de
síntese e caracterização de materiais constitui uma abordagem multidisciplinar como Física,
Química e Engenharia de Materiais. Neste contexto, estudos envolvendo a espectroscopia
Raman sob pressão hidrostática pode ser considerada como uma ferramenta eficiente para
avaliação da estabilidade estrutural dos materiais. Em particular, as transições de fases
estruturais, que associa experimentos dependentes da pressão hidrostática, temperatura e
simulação computacional.
Como a temperatura e a pressão hidrostática estão ligadas intrinsecamente à
estabilidade estrutural do material, a espectroscopia Raman, por ser uma técnica muito
sensível às variações nas ligações químicas, é uma das ferramentas mais apropriadas para
investigar os diversos tipos de transformações estruturais que os materiais experimentam sob
a variação dessas variáveis intensivas, e na identificação das ligações e distinção entre
materiais.
O presente trabalho visou avaliar a estabilidade estrutural do ácido L-glutâmico
submetido à variação de pressão, avaliar a estabilidade estrutural do molibidato e tungstato de
sódio submetidos à variação de temperatura, bem como, realizar a caracterização vibracional
dos óxidos nanomoldados de CeO2, ZrO2, TiO2 e Ce0,8Zr0,2O2, através da espectroscopia
Raman. O comportamento dos modos vibracionais destes materiais em função desses
parâmetros auxiliará no entendimento das suas propriedades estruturais e, principalmente, a
influência dessas interações sobre propriedades do material, e nos mecanismos das eventuais
transições e estabilidade das fases. Todos os óxidos foram avaliados cataliticamente na
desidratação do glicerol e a estabilidade das fases formadas permitiu justificar os resultados
catalíticos.
Este trabalho está organizado da seguinte forma:
Capítulo 1 Introdução
23
No capítulo 1, apresenta-se uma introdução sobre o uso da espectroscopia Raman,
seguida pela justificativa e objetivos de sua aplicação aos sólidos (aminoácidos, molibidato e
tungstato de sódio, e óxidos).
No capítulo 2, aborda-se os fundamentos teóricos das técnicas utilizadas neste
trabalho, enfatizando a espectroscopia Raman, seguido do capítulo 3, no qual são
apresentados os procedimentos experimentais utilizados.
No capítulo 4, descreve-se os estudos do ácido L-glutâmico, abordando as
características gerais dos aminoácidos e de estudos previamente realizados nos cristais (fases
α e β) do ácido L-glutâmico; seguido dos resultados de obtenção dos monocristais, bem como
as análises experimentais, e considerações sobre os mesmos.
No capítulo 5, apresenta-se as propostas mencionadas acima para o molibidato e o
tungstato de sódio, ou seja, o estudo destes sólidos, descrevendo sobre suas características e
um panorama geral dos estudos anteriormente realizados nestes materiais; a obtenção das
amostras, caracterização e estudos com a temperatura, seguida das considerações sobre os
mesmos.
No capítulo 6, descreve-se os óxidos nanomoldados, fazendo uma abordagem
sobre suas características gerais, seguido da obtenção das amostras, bem como das análises
experimentais e aplicações catalíticas desses materiais. Seguido dos capítulos de perspectivas
futuras, posteriormente, do apêndice e referências bibliográficas.
1.1 Justificativa
A nanomoldagem é uma estratégia para a produção de materiais inorgânicos com
alta área superficial, que especificamente para a catálise, implica em mais sítios para a
transformação de reagentes em produtos. Desta forma, as propriedades texturais (área
superficial, volume e diâmetro dos poros) dos materiais inorgânicos são altamente desejáveis
em comparação com os tradicionais óxidos que possuem valores de propriedades texturais
baixos. Neste contexto, os óxidos que possuem características nanométricas são apropriados
para a conversão do glicerol em acroleina e 1-hidroxiacetona que são materiais utilizados para
a produção de acrílico e outros produtos. O crescente interesse na busca da eficiência
ambiental e econômica na produção de biodiesel nos encorajou no desenvolvimento de
sólidos para o processo catalítico da transformação do glicerol. Atualmente, o processo de
fabricação do biodiesel pelas biorrefinarias quando comparados a indústrias de diesel
Capítulo 1 Introdução
24
convencional, é caro. Essa diferença de custo é principalmente devido ao excesso de glicerol
gerado como subproduto no processo de trans esterificação, isto representa cerca de 10% do
biodiesel produzido (1) (2) (3) (4) (5). Portanto, a transformação e desenvolvimento de
sólidos para converter o glicerol são consideradas alternativas importantes para explorar
propriedades estruturais e texturais de materiais. Uma maneira de se transformar o glicerol é
sua conversão em outros produtos como acroleína, propanodiáis e 1-hidroxicetona (6) (7) (8)
(9) (10). Desta forma, as pesquisas sobre as reações que envolvem a transformação do glicerol
nesses valiosos intermediários químicos, por via catalítica, alcançaram grande destaque.
Como não se tem informação na literatura sobre esse processo, esta é a primeira vez que esses
óxidos nanomoldados são aplicados na desidratação em fase gasosa do glicerol.
O ácido L-glutâmico, os molibidatos e os tungstatos são materiais caracterizados
por apresentarem interessantes comportamentos em função da temperatura e da pressão. O
ácido L-glutâmico tem impactância por se tratar de um aminoácido presente nas atividades
biológicas fundamentais e por apresentar polimorfismo (cristaliza-se em fases distintas).
Experimentos em altas pressões em aminoácidos são importantes porque informam sobre a
conformação molecular, ligações de hidrogênio e a estabilidade da estrutura cristalina.
Embora hajam muitos dados na literatura aberta sobre a estabilidade de aminoácidos em altas
pressões, como por exemplo a L-metionina que apresenta uma transição de fase em 2,2 GPa
(11). A L-serina e DL-serina (12) (13) (14) (15), a L-valina e DL-valina (12) (13) (14) (15)
(16) também foram investigadas sob condições de altas pressões, mas estudos da estabilidade
do ácido L-glutâmico não foram encontrados e se houve não foram divulgados.
Os molibidatos e tungstatos apresentam várias características interessantes
destacando-se a dilatação térmica negativa, ou seja, à medida que se aumenta a temperatura, o
volume da célula unitária diminui e a condutividade iônica. Estas características os tornam
também excelentes materiais para aplicações em dispositivos eletrônicos. Dessa maneira, este
trabalho se justifica principalmente por se tratar de aplicações tanto do ponto de vista do
domínio científico quanto do tecnológico. Do ponto de vista científico, a correta compreensão
das propriedades destes materiais permitirá o delineamento correto do papel destes materiais e
sua aplicabilidade. Sob o ponto de vista tecnológico, a correta compreensão das transições de
fases estruturais e as estabilidades destas fases nos referidos sistemas, permitirá o
desenvolvimento de aplicações específicas. A relação entre transição de fase e as aplicações
dos materiais é a estabilidade da fase, pois no processo de fabricação de componentes
eletrônicos, por exemplo, os materiais são submetidos à variação de temperatura e pressão, se
Capítulo 1 Introdução
25
estes materiais sofrerem uma transição em função da temperatura e/ou pressão para uma fase
na qual seja irreversível esta nova fase pode possuir propriedades eletrônicas diferente das
desejáveis.
1.2 Objetivos
Objetivo geral: Caracterizar através de espectroscopica Raman materiais distintos
a temperatura e pressão ambientes, bem como em função da variação da temperatura e da
pressão hidrostática.
Objetivos específicos:
• Estudar a cristalização (obtenção de monocristais) e determinação da
estrutura do ácido L-glutâmico;
• Submeter o ácido L-glutâmico a variações de pressão para verificar as
possíveis transições de fase sofrida pelo mesmo através de espectroscopia
Raman.
• Dar continuidade às investigações espectroscópicas Raman de molibidatos
e tungstatos iniciados no mestrado, em particular, estudar as transições de
fase sofrida pelo molibidato de sódio (Na2MoO4) em altas temperaturas
onde aparece uma incoerência sobre haver ou não uma das fases e
indefinição estrutural da segunda fase do mesmo;
• Avaliar as propriedades estruturais, texturais dos óxidos nanomoldados na
desidratação do glicerol.
26
Capítulo 2
Fundamentação Teórica
Visto que o objetivo desta tese foi o estudo de materiais através de espectroscopia
Raman a temperatura e pressão ambiente e em função da variação da temperatura e/ou da
pressão, nesta seção serão feitas breves discussões dos fundamentos teóricos das mesmas.
2.1 Espectroscopia Raman
2.1.1 Fundamentos
A espectroscopia Raman é uma técnica de alta resolução que proporciona em
poucos segundos obter informações químicas e estruturais de quaisquer materiais, compostos
orgânicos e/ou inorgânicos. As análises mediante espectroscopia Raman se baseiam em
examinar a luz espalhada por um material advinda da luz monocromática incidente sobre ele.
Uma pequena porção da luz incidente é espalhada inelasticamente experimentando mudanças
em seus números de onda e que são característicos do material analisado. Esta luz espalhada
permite o estudo de rotações e vibrações moleculares. Trata-se de uma técnica de análise que
se realiza diretamente sobre o material a ser analisado é segura e não destrutiva. Uma
observação que deve ser levada em consideração é que o tratamento descrito é para dimensões
moleculares, ou seja, condição de difração em que d << λ.
Breve descrição qualitativa do efeito Raman
O fenômeno conhecido como efeito Raman foi descrito pelo físico indiano
Chandrasekhara Venkata Raman e seu discípulo Krishnan no ano de 1928. Eles publicaram
um famoso artigo na revista Nature em 1928, em que descreveram este tipo de radiação
secundário (17), este trabalho rendeu a Raman o prêmio Nobel de Física em 1930.
As análises mediante a espectroscopia Raman se baseiam na incidência de um
feixe de luz monocromática de número de onda ν0 sobre uma amostra cujas características
moleculares se deseja determinar, através da luz espalhada por esta amostra. A maior parte da
luz espalhada apresenta o mesmo número de onda que a luz incidente, apenas uma fração
muito pequena, apresenta número de ondas diferentes, resultado da interação da luz com a
matéria. Quando a luz mantém o mesmo número de onda ν0 da luz incidente se conhece como
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
27
espalhamento Rayleigh e não apresenta nenhuma informação sobre a composição da amostra
analisada. A luz espalhada que apresenta número de ondas distintas da radiação incidente ν =
ν0 ± νr é a que proporciona informações sobre a composição molecular da amostra e é esta que
compõe o espalhamento Raman. Os novos números de ondas, ±νr, são os número de ondas
Raman, características da natureza química e do estado físico da amostra e independente da
radiação incidente.
As variações de número de ondas observadas no fenômeno de espalhamento
Raman são equivalentes à variação de energia (18). Os íons e átomos interagem
quimicamente para formar moléculas e redes cristalinas, onde são permitidas apenas as
constantes de movimento vibracional e rotacional; estas oscilações se realizam com número
de ondas bem determinados em função das massas das partículas que interagem e do
comportamento dinâmico das interações existentes. Em cada um dos movimentos vibracional
e rotacional da molécula corresponderá um valor determinado de energia molecular. Um
diagrama energético em que cada estado de energia é representado por uma linha horizontal é
mostrado na Figura 1.
Figura 1 - Diagrama energético em que as linhas horizontais representam distintos estados vibracionais e que
mostra as transições entre estados energéticos para diferentes interações luz-matéria. As linhas horizontais cheias
representam os estados excitados, enquanto as pontilhadas os estados virtuais.
Quando os fótons da luz incidente, com energia hν0 (onde h é a constante de
Planck), chocam-se com uma amostra cristalina, a maior parte a atravessa, apenas uma
pequena fração é espalhada (da ordem de 1 fóton espalhado por cada 1011 incidentes). Este
espalhamento pode ser interpretado através do seguinte processo: o fóton incidente leva a
molécula transitoriamente a um nível de energia vibracional (ou rotacional) superior não
permitido (virtual), como a molécula está em um nível virtual, ela abandona rapidamente este
Rayleigh
Raman
Stokes
Raman Anti-Stokes
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
28
nível e passa para um dos níveis de energia permitidos emitindo um fóton; o número de onda
no qual é liberado este fóton dependerá das transições vibracionais permitidas à molécula.
Nesses processos podemos distinguir os seguintes casos:
• Se o resultado da interação fóton-molécula é um fóton espalhado com o
mesmo número de onda que o fóton incidente, se diz que o choque é
elástico e que nem fóton e nem a molécula sofrem variações em seu estado
energético; a molécula volta ao mesmo nível de energia que tinha antes do
choque e o fóton é espalhado com o mesmo número de onda ν0 que o
incidente, a este espalhamento dar-se o nome de Rayleigh;
• Se o resultado da interação fóton-molécula é um fóton espalhado com
número de onda distinto do incidente, diz-se que este choque é inelástico
(existe transferência de energia entre a molécula e o fóton); neste caso
podemos ter os seguintes fenômenos:
1. Se o fóton espalhado tiver número de onda menor que o incidente,
se produz uma transferência de energia do fóton para a molécula
que, depois de saltar para um estado de energia virtual, volta a um
estado permitido com energia maior que o estado inicial; o fóton é
espalhado com número de onda ν0 - νr e se produz o espalhamento
Raman Stokes;
2. Se o fóton espalhado tiver número de onda maior que o incidente,
se produz uma transferência de energia da molécula para o fóton;
isto significa que a molécula antes do choque não se encontrava em
seu estado vibracional fundamental, sendo este um estado de maior
energia e depois do choque passa ao estado fundamental; o fóton é
espalhado com número de onda ν0 + νr e se produz o espalhamento
Raman anti-Stokes.
Cada material tem um conjunto de valores νr característicos de sua estrutura
poliatômica e da natureza das interações químicas que os formam.
O espectro Raman expressa este fenômeno representando a intensidade óptica
espalhada em função do número de onda normalizado ω. O número de onda normalizado é
uma magnitude proporcional ao número de onda e inversamente proporcional ao
comprimento de onda, que é expressado em cm-1:
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
29
ω = ν/c = 1/λ [cm-1] (Equação 1)
Como se observa na Figura 2, o espectro Raman é formado por séries de bandas
secundárias correspondentes às bandas Raman Stokes e anti-Stokes, situadas simetricamente
em ambos os lados da banda Rayleigh.
Figura 2 – Gráfico representativo do espalhamento Raman onde se ilustram as Bandas Rayleigh, bandas Raman
Stokes e bandas Raman anti-Stokes.
É importante ressaltar que o deslocamento dos números de ondas Raman em
relação ao número de onda incidente ν0 é independente desta última. Utilizamos como
abscissa para representar o espectro Raman este deslocamento, situando o centro da banda
Rayleigh como origem do eixo. Deste ponto adiante quando for dito número de onda fica
subentendido número de onda normalizado e que será representado por ω como referido
anteriormente.
A temperatura ambiente, segundo a lei de distribuição de energias de Maxwell-
Boltzman, 99% das moléculas se encontram no estado vibracional de menor energia, portanto,
a probabilidade de que ocorram transferências de energias que deem lugar ao espalhamento
Raman Stokes é muito maior que a do espalhamento Raman anti-Stokes. Isto mostra que a
intensidade do espalhamento Raman Stokes é dá ordem de 100 vezes superior à do
espalhamento Raman anti-Stokes (19). A diferença entre a intensidade do efeito Stokes e do
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
30
efeito anti-Stokes faz com que habitualmente se trabalhe somente o efeito Stokes e por
comodidade se situa o resultado na parte positiva do eixo.
2.2 Aplicações da pressão hidrostática
As principais mudanças nos espectros vibracionais oriundos da aplicação da
pressão nos sólidos são listadas abaixo:
(a) Mudanças no número de onda
O efeito da pressão nos modo vibracionais de sólidos foram discutidas por
Sherman (20) (21). Para cristais que não sofrem uma transição de fase, as coordenadas
normais das vibrações permanecem inalteradas. Apesar das distâncias interatômicas sofrerem
pequenas alterações, consequentemente pequenas mudanças nos números de ondas dos modos
são observadas e isso se dá devido à invariância na constante de força. Sherman e Wilkinson
(20) e Sherman (21), consideraram a mudança na constante de força em termos das mudanças
das distâncias interatômicas e suporam que todas as constantes de força das ligações de
estiramento “stretching” são anarmônicas.
(b) Forma da banda e mudanças de intensidade
Estudos sistemáticos da forma e da intensidade da banda sob variação da pressão
foram feitos para identificar eventuais mudanças. A maioria das mudanças significantes na
forma e na intensidade das bandas acontece quando ocorre mudança de fase. Vibrações que
têm uma contribuição significativa de modos da rede apresentam mudanças de forma e de
intensidade da banda na ocorrência de uma transição de fase.
(c) Divisão de vibrações degeneradas (aparecimento de vibração não permitida)
A perda da degenerescência das vibrações do tipo E ou F sob pressão é possível.
Em alguns casos, isto pode ser devido a uma diminuição da simetria do cristal. Em outros
casos, nos quais uma combinação pode ter duas ou mais moléculas por célula unitária, é
possível que as vibrações na célula unitária estejam juntas, causando uma divisão do grupo
fator, ou divisão de Davydov. Exemplos variados existem, nos quais vibrações que não são
permitidas passam a ser permitidas por aplicação de pressão.
(d) Dobramento das vibrações de absorção
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
31
No curso de vários estudos foi observado que alguns dobramentos das bandas
podem ocorrer devido à pressão. Isto pode ser devido ao abaixamento do sítio de simetria
local induzida no estado sólido pela pressão externa. Alternativamente, duas vibrações
acidentalmente sobrepostas podem acontecer no mesmo número de onda. Estas poderão se
separar por causa de uma diferença nas dependências com a pressão manifestada pelas duas
vibrações.
2.3 Efeitos da Temperatura
A temperatura pode causar mudança no perfil das bandas. Mudanças nas bandas
são devido à população relativa dos estados rotacionais, ou seja, um aumento na temperatura
mudará a população dos estados rotacionais, e consequentemente, a mudança no perfil das
bandas. Secundariamente, o aumento da temperatura em uma célula fechada (porta amostra)
que não permite a expansão de volume, induz o aumento da pressão que produz o efeito de
alargamento.
As intensidades das bandas também são dependentes da temperatura, e mudança
na temperatura causa mudança na intensidade.
Embora moléculas que possuem conformação rotacional, elas também são
afetadas através de mudanças na temperatura, porque as concentrações das diferentes rotações
são dependentes da temperatura. Então, é essencial registrar espectros em diferentes
temperaturas para verificar quais faixas de temperatura a molécula possui tais propriedades.
2.4 Outras técnicas utilizadas nas caracterizações
Como as análises do ácido L-glutâmico foram realizadas em monocristais ou em
pó (fases polimórficas α e β), obtidos pelo método de cristalização de evaporação lenta do
solvente, outras técnicas foram utilizadas com os seguintes objetivos:
• Confirmação das estruturas dos materiais em análise, por meio da técnica de
difração de raios-X e;
• Distinção entre os polimorfos utilizando-se os espectros infravermelhos (FT-
IR) e Raman polarizado e comportamento térmico de ambos por Calorimetria
Diferencial de Varredura (DSC).
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
32
2.4.1 Difração de raios-X (DRX)
Uma investigação experimental em estado sólido quase sempre começa por um
estudo da estrutura do material a ser analisado, pois, de maneira geral podemos afirmar que
todas as propriedades de um sólido cristalino se relacionam de um modo ou de outro à sua
estrutura que pode ser cristalina ou amorfa. A técnica mais usada para a investigação das
propriedades estruturais é a difração de raios-X. A radiação utilizada nesta técnica possui um
comprimento de onda da ordem de alguns ângstrons, ou seja, a mesma ordem do espaçamento
entre os átomos em um cristal.
Bragg, em 1913, deu uma explicação simples para a difração de raios-X de
cristais. Ele imaginou que a radiação era refletida especularmente por planos atômicos como
mostra a Figura 3. A condição para que haja um pico de radiação espalhada é dada por:
2d sen θ = nλ (Equação 2)
onde θ é o ângulo entre a direção do feixe incidente e o plano de átomos, λ o comprimento de
onda da radiação e n é um número inteiro.
Figura 3 – Reflexão de um feixe de raios-X por planos de um cristal tal como concebido por Bragg. O feixe
incidente faz um ângulo θ com a superfície do plano.
2.4.2 Espectroscopia de infravermelho médio (FTIR)
A espectroscopia de infravermelho (IR) é uma das mais importantes técnicas
analíticas disponíveis, pois pode ser usada para identificar um composto ou investigar a
composição de uma amostra. O principal objetivo da análise de infravermelho é determinar a
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
33
composição química dos grupos funcionais e sua configuração nuclear em uma amostra.
Como cada composto (material) apresenta seus próprios grupos funcionais e configuração
nuclear, a espectroscopia IR é uma importante ferramenta para a identificação destes
compostos. Uma das grandes vantagens desta técnica é que praticamente todas as amostras
podem ser estudadas em qualquer estado.
A espectroscopia de infravermelho é uma técnica baseada na absorção de energia
por vibrações dos átomos de uma molécula. Um espectro de infravermelho é geralmente
obtido pela passagem de radiação infravermelha através de uma amostra e a determinação da
fração da radiação incidente que é absorvida para uma dada energia, onde os picos de
absorção correspondem aos números de ondas de vibração de partes da molécula.
Classicamente, a absorção da radiação por um sistema é devido à variação periódica de seu
momento de dipolo elétrico que é determinado pela configuração nuclear.
2.4.3 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)
A análise térmica é um termo que abrange um grupo de técnicas nas quais uma
propriedade física ou química de uma substância, ou de seus produtos de reação, é monitorada
em função do tempo ou da temperatura; a temperatura da amostra, sob uma atmosfera
específica, é submetida a uma programação controlada. Dessa forma, a análise térmica tem
seu campo de atuação voltado ao estudo de processos como catálise e corrosão, propriedades
térmicas e mecânicas de materiais como expansão térmica e amolecimento, diagramas de fase
e transformações.
O DSC é uma técnica que analisa o comportamento térmico de uma amostra,
quando essa é submetida a uma variação de temperatura controlada para a observação de
modificações sofridas em um determinado intervalo de temperatura. As modificações
químicas e/ou físicas sofridas pela amostra são obtidas por “comparação”, tal comparação é
dada da seguinte forma: dentro do equipamento de análise térmica são postos dois porta
amostras (cadinhos), um contendo a amostra e outro vazio de referência; onde a temperatura
de ambos é monitorada. Caso a temperatura de um dos cadinhos sofra alteração devido a um
processo térmico (endotérmico ou exotérmico) será detectado pelos termopares de
monitoramento de ambos. Essa alteração será registrada e a informação será analisada
posteriormente. Mede-se o fluxo de calor envolvido no sistema, quando submetido a uma
variação de temperatura (22).
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
34
2.4.4 Microscopia Eletrônica de Varredura e Transmissão (MEV e MET)
2.4.4.1 MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura)
O MEV é uma técnica que pode produzir imagens com alta ampliação e resolução
e é uma ferramenta padrão para inspeção e análise da morfologia em diversas áreas de
pesquisa, desde a área de materiais até a biológica. O princípio de operação baseia-se na
quantificação dos elétrons secundários emitidos por uma amostra como resposta a uma
excitação eletrônica incidente, ou seja, interação da matéria com os elétrons incidentes; e a
emissão de ondas ou partículas (fótons, elétrons, íons, átomos, neutros, nêutrons, fônons).
Esta medida de elétrons secundários permite uma definição qualitativa da morfologia e
topografia da amostra (23).
Em geral, pode-se se obter as seguintes análises:
• Imagens da amostra em alta resolução, de dimensões menores que 500 nm;
• Análise química elementar da amostra, ou seja, a composição química, quando
ao MEV acopla-se uma sonda de EDX (Energy Dispersive of Eletrons) pode
realizar análise superficial de sólidos.
2.4.4.2 MET (Microscopia Eletrônica de Transmissão)
O conhecimento detalhado da microestrutura dos materiais permite o
entendimento das propriedades e comportamento dos mesmos. Por isso, uma caracterização
microestrutural é desejável e envolve a determinação da estrutura cristalina, composição
química, quantidade, tamanho, forma, distribuição das fases e distribuição dos defeitos
cristalinos. Além disso, indícios sobre a textura dos materiais pode ser observada por MET. A
microscopia eletrônica de transmissão é uma técnica que permite muitas das análises dessas
características e auxilia no entendimento das propriedades dos sólidos (24).
2.4.5 Espectroscopia Fotoeletrônica de raios-X (XPS)
Muitas funções desempenhadas pelos materiais não dependem especificamente só
da estrutura, mas também da composição química de suas superfícies e de interfaces internas.
Para entendermos o comportamento de novos materiais para desempenhar certas funções é
essencial saber como se comportam a estrutura e composição dessas superfícies. As técnicas
que analisam a superfície e estrutura interna a nível atômico (25) são de importância
fundamental para tal fim.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
35
A espectroscopia de fotoelétrons por raios-x XPS (X-Ray Photoelectron
Spectroscopy), também conhecido como ESCA (Electron Spectroscopy for Chemical
Analysis) é muito usada na investigação da composição química de superfícies. Esta técnica
permite explorar os efeitos das primeiras camadas atômicas e determinar o estado químico dos
átomos detectados. Isso mostra que o XPS é uma ferramenta muito poderosa no estudo da
superfície. Além disso, o XPS pode analisar várias propriedades relativas à superfície como a
adesão, propriedades elétricas, ópticas e a caracterização de tecidos biológicos (26). Entre as
vantagens do XPS ou ESCA como técnica de análise superficial podemos citar a manutenção
da integridade da amostra, visto que a análise do sólido não é destrutiva. A análise é sensível a
praticamente todos os elementos e é uma das poucas técnicas que fornece informação sobre a
natureza química da ligações envolvidas no sólido (27). Adicionalmente, cada elemento tem
um único grupo de energia de ligação, assim, o XPS pode ser usado para identificar e
determinar a estequiometria dos elementos na superfície (28).
O princípio do XPS consiste em irradiar a amostra com raios-X geralmente
monoenergético e analisar a emissão de elétrons; tal emissão é causada pelo efeito
fotoelétrico. A técnica de XPS reproduz diretamente as estruturas eletrônicas desde as
camadas mais internas até a camada mais superficial, revelando os elementos presentes na
superfície de uma amostra. A energia de ligação é calculada como a diferença de energia entre
o estado inicial e final do fotoelétron, depois de ter partido do átomo. Como para cada tipo de
átomo há possíveis estados finais dos íons, existe uma variação na energia cinética dos
elétrons emitidos. O espectro de XPS é obtido como um gráfico do número de elétrons
detectados por intervalo de tempo versus a energia de ligação (27). A identificação dos
elementos presentes na superfície é feita diretamente pela determinação das energias de
ligações dos picos dos fotoelétrons. A intensidade (área integrada da linha de emissão
fotoelétrica) é proporcional ao número de átomos no volume detectado, permitindo, portanto,
obter-se informação sobre a composição da superfície (29).
2.4.6 Propriedades texturais através de isotermas de adsorção
Através da análise das imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura
(MEV), podemos ter detalhes da porosidade superficial e interna, bem como o tamanho
aproximado dos poros. Entretanto, uma descrição quantitativa desses através das imagens é
bem mais complexa. Neste sentido, outras técnicas são utilizadas em complemento as
imagens, tais como a porosimetria de mercúrio, adsorção física, adsorção química, dentre
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
36
outras. Para obtenção da área superficial, tamanho médio, volume e distribuição de tamanho
de poros, utiliza-se o ensaio de adsorção física (gasosa), através do modelo BET (Brunauer,
Emmett e Teller). A adsorção gasosa é o fenômeno resultante de interações físicas ou
químicas entre as moléculas do gás e os átomos da superfície do sólido (30), citando
[LOWELL, et al. (1984) e SING, et al. (1985)]. A resolução desta técnica permite caracterizar
imperfeições na superfície e estrutura de poros internos até mesmo da ordem do nível atômico
(30).
A diferença entre a adsorção química (quimissorção) e a adsorção física
(fisissorção) está relacionada a natureza da interação entre o gás (adsorvato) e o sólido
(adsorvente). Se o adsorvato forma ligações químicas com o adsorvente caracterizados por
elevado potencial de interação modificando a superfície, tem-se a adsorção química. Por outro
lado, na adsorção física, a natureza das interações entre adsorvente e adsorvato é de natureza
física. E as ligações do tipo van der Waals, caracterizam este tipo de interação gás-sólido ou
gás-líquido.
Outra característica que diferencia as adsorções é a formação das camadas entre o
adsorvente e o adsorvato, uma vez que para a adsorção química a natureza das ligações das
moléculas do adsorvato é indiferente e não terão mobilidade pela superfície do adsorvente
para formar camadas únicas. Por outro lado, na adsorção física, ocorre a formação de mono e
multi-camadas permitindo obter dados do volume de poros do sólido. Além disso, a sua
natureza reversível permite obter histerese das isotermas de adsorção/dessorção que nos
fornece dados sobre o formato dos poros que formam o sólido em questão (30). Por estas
características a isoterma de adsorção física foi utilizada para caracterização da porosidade e
área superficial dos sólidos porosos e que tem sido bastante utilizada nos últimos anos como
técnica para controle de qualidade e para caracterização de novos materiais.
O método para determinação da isoterma consiste nas seguintes etapas:
- Preparação da amostra: a qual consiste na realização de vácuo na amostra por
um determinado período a temperaturas superiores a 100 °C, com objetivo de eliminar as
impurezas fisicamente adsorvidas que são de fácil remoção.
- Adsorção: nesta etapa, uma quantidade de gás e de amostra é confinada em um
recipiente a temperatura constante. Quando o processo de adsorção passa a ocorrer, a pressão
do sistema passa a decrescer até que o equilíbrio da pressão se reestabeleça. Alcançado o
equilíbrio da pressão, neste ponto têm-se a quantidade de gás adsorvido. Esse processo é
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
37
repetido por várias vezes, acrescentando uma quantidade de gás para que se tenha certeza de
que todos os poros e a superfície tenha adsorvato.
38
Capítulo 3
Procedimento Experimental
Aqui, apresentamos a forma como foram obtidas as três séries de sólidos
(aminoácidos, molibidato e tungstato de sódio, e óxidos nanomoldados) com intuito de se
realizar estudos, bem como as descrições dos equipamentos utilizados nas diversas técnicas
empregadas neste trabalho.
3.1 Sínteses dos materiais
3.1.1 Aminoácidos
Os cristais de ácido L-glutâmico foram obtidos por método de evaporação lenta
do solvente, de acordo com a metodologia descrita por J. Calderon De Anda et. al. (31) e C.
Cashell, D. Corcoran et. al. (32), com algumas modificações. Certa quantidade (seguindo a
curva de solubilidade) do reagente ácido L-glutâmico foi dissolvida em água destilada usando
um agitador magnético até que a solução ficasse totalmente transparente. Para se obter a fase
α a solução foi aquecida a 318 K (45 ºC); já a fase β, basta manter a solução na temperatura
ambiente. Então, a solução foi filtrada e posta em repouso a 291 K (18 ºC) durante 20 dias. O
reagente foi obtido da Sigma-Aldrich (99% de pureza) na fase β.
3.1.2 Molibidato e Tungstato de Sódio
As amostras policristalinas Na2WO4 e Na2MoO4, utilizadas neste trabalho foram
originadas do pó comercial fabricado pela Sigma-Aldrich (99% de pureza) na fase hidratada
(Na2WO4.2H2O e Na2MoO4.2H2O). Foi colocado cerca de 10 mg de tungstato ou de
molibidato macerados em um cadinho e posto em um forno e aquecidas até 423 K (150 ºC)
para a obtenção das fases anidra, em seguida foi resfriado até a temperatura ambiente para
dar-se início a análise dos respectivos materiais.
3.1.3 Óxidos nanomoldados
Descrição do preparo
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
39
Resumidamente, a nanomoldagem consistiu na utilização de 10 g de cada fonte de
metais (Ce(NO3)3.6H2O, ZrOCl2 e TiSO4.xH2O) dissolvidos em água destilada para obter uma
solução 1,0 g mL-1 do precursor metálico. Cerca de 1,0 g de sílica (SiO2) foi então dispersa
em 40 mL de n-hexano com agitação por 3 h. Em seguida, 1 mL da solução do precursor
metálico, por exemplo Ce(NO3)3.6H2O foi adicionado à última mistura, gota a gota, sob
vigorosa agitação durante 24 h à temperatura ambiente. Após esse período, o pó de sílica foi
calcinado a 873 K (600 °C) com uma taxa de aquecimento de 1oC min-1 e mantida a esta
temperatura durante 6 horas, sob fluxo de nitrogênio. A infiltração dos precursores
inorgânicos foi repetida duas vezes. O molde foi então removido por meio de agitação da
sílica em solução de ácido fluorídrico (HF) 5% e posteriormente lavada com etanol, filtrado e
seco para obter a amostra de óxido resultante (Ce), que foi calcinado a 823 K (550 ºC), sob
fluxo de ar por 12h. O mesmo procedimento foi realizado para se obter os óxidos ZrO2, TiO2
e o misto CeO2-ZrO2, abreviados como Zr,Ti e CeZr, substituindo-se o precursor metálico
inicial.
3.2 Espectroscopia Raman
Os espectros Raman foram registrados usando um espectrômetro triplo (sistema
micro-Raman), modelo T64000 da Jobin Yvon – SPEX, Division d’Instruments S. A. (Figura
4) equipado com detector CCD (Coupled Charge Device) resfriado a nitrogênio líquido,
usando uma configuração de tripla subtração e geometria de retroespalhamento.
Figura 4 – Imagem do sistema de micro análise Raman (T-64000) com seus componentes (a) e outra imagem
lateral desse sistema utilizado nas medidas Raman (b).
A fonte de excitação empregada foi a linha de laser 514,5 nm proveniente de um
laser de argônio (Ar), modelo Innova 70 da Coherent Inc. O feixe do laser foi focalizado
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
40
utilizando-se um microscópio OLYMPUS BH40 equipado com uma lente de distância focal f
= 20,5 mm para os experimentos de temperatura e pressão e 50 mm para os realizados na
temperatura e pressão ambiente, com abertura numérica de 0,35. Consegue-se com esta
configuração um spot com diâmetro da ordem de 1 µm. Este diâmetro pode ser calculado
utilizando-se a fórmula,
D = 1,22λ/NA (Equação 3)
onde λ é o comprimento da luz usada no experimento e NA é a abertura numérica de 0,35.
Os dados obtidos eram arquivados em um computador acoplado ao espectrômetro,
de onde os mesmos foram transferidos para outro computador onde eram analisados com a
ajuda dos softwares Origin da OriginLab Corporation e PeakFit da SPSS Inc. Os espectros
foram ajustados por somas de picos, cada um descrito por uma função Gaussiana +
Lorentziana, de onde foram extraídos os dados das posições, intensidade e largura de linha
das bandas Raman observadas. Após este processo foi feita a interpretação dos dados. As
fendas do espectrômetro foram ajustadas de modo a fornecer uma resolução espectral da
ordem de 2 cm-1. O sistema foi calibrado utilizando uma amostra padrão de silício usando a
sua banda Raman posicionada em 521 cm-1.
3.3 Sistema de medidas de pressão hidrostática
Para as análises com pressões hidrostáticas foram utilizadas duas células de
pressão, a primeira do tipo bigorna com diamantes, DAC (Diamond Anvill Cell). Na Figura 5,
apresentamos a imagem de uma das células na qual possui limite de operação no intervalo de
0-10 GPa. A segunda é uma célula de bigorna com diamante e membrana (MDAC) [38] com
diamantes com 400 mm de superfície plana utilizada como dispositivo de pressão. Um buraco
de 150mm de diâmetro em aço inoxidável e foi carregada com argônio [39], sendo possível
atingir uma pressão de 21,4 GPa. Em ambos os experimentos a pressão foi monitorada através
de linhas de emissão de rubi. Ambas são feitas de aço inoxidável com o compartimento onde
se coloca a amostra, geralmente, feito de carboneto de tungstênio. A análise feita até 21 GPa
foram realizadas no Instituto de Mineralogia e Física da matéria condensada da Universidade
Pierre e Marie Curie, Paris, França.
O funcionamento da célula de pressão ocorre da seguinte maneira: aplica-se uma
força externa que é produzida pela rotação de um parafuso é transmitida ao diamante montado
sobre o pistão móvel através primeiramente de arruelas, que por sua vez transmitem a uma
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
41
alavanca que finalmente pressiona a gaxeta. Na gaxeta se encontra a amostra a ser medida
imersa em um fluido transmissor de pressão, entre dois diamantes.
Figura 5 – Célula de pressão utilizada no experimento de pressão até 10 GPa.
A Figura 6 é uma representação esquemática da célula de pressão, na qual são
vistos os principais elementos (indicado pela numeração) que é necessário conhecer para
entender seu funcionamento. Estes elementos basicamente são:
1. Um parafuso principal com arruelas, que é responsável direto pelo controle da
pressão durante o experimento;
2. Uma alavanca e mais alguns periféricos, que são responsáveis pela transmissão da
pressão aos diamantes por intermédio do pistão;
3. Pistão móvel, que é responsável pela transmissão da pressão à gaxeta e ao fluido
transmissor. Ele é quem dá acesso ao local onde se “coloca” a amostra a ser
analisada.
4. A gaxeta é uma peça metálica constituída de aço inoxidável, com um orifício em
seu centro, no interior do qual ficará a amostra e o líquido transmissor de pressão
durante o experimento.
5. Diamantes (superior e inferior). Estes, por sua vez, constituem as peças de maior
valor, e apesar de sua (conhecida) alta dureza, os diamantes podem sofrer danos
irreparáveis com o manuseio incorreto do equipamento. Os diamantes são
responsáveis diretos (via fluido transmissor de pressão) pela aplicação da pressão
sobre a amostra. Eles são desenhados de modo que a área de contato com a gaxeta
seja a mínima possível. Quanto menor for à área de contato, maior é a pressão
sobre a amostra, para uma mesma força exercida sobre os diamantes.
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
42
Na montagem do experimento, utiliza-se um microscópio para obter-se a melhor
centralização do orifício da gaxeta com o centro dos diamantes. As gaxetas empregadas nos
experimentos foram lâmina de uma liga metálica especial, (aço inox 301) com espessura de
210 µm. O orifício das gaxetas, com diâmetro da ordem de 300 µm, foi feito a laser. Após
furadas as gaxetas, estas são lixadas com a finalidade de eliminar rebarbas na borda do
orifício e postas em um ultrassom por 20 minutos para eliminar qualquer resíduo tanto da
queima com o laser quanto da lixa.
Figura 6 – Ilustração esquemática de uma DAC.
Para montar este experimento, coloca-se a gaxeta sobre o diamante fixo,
alinhando o orifício da mesma com o centro do diamante e coloca-se no orifício uma pequena
amostra de rubi, Al2O3: Cr3+, e a amostra a ser medida. Então o orifício é preenchido com um
fluido transmissor de pressão e a célula é fechada com o diamante móvel (pistão) sobre a
gaxeta. Nos experimentos realizados utilizou-se o óleo mineral nujol como fluido transmissor
de pressão, pois não há reatividade deste com a amostra analisada e este é hidrostático no
intervalo de pressão de interesse (0-10 GPa). Na Figura 7, apresentamos imagens do ácido L-
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
43
glutâmico na fase β na célula de pressão durante a realização do experimento, onde podemos
observar bem o cristal utilizado
Figura 7– Imagens do ácido L-glutâmico fase β na cela de pressão onde temos: (a) antes da focalização e (b) na
focalizada com a lente de 20X.
O rubi é utilizado para calibrar a pressão no interior da célula, pois as duas linhas
R1 e R2 de luminescência do rubi, Al2O3: Cr3+, deslocam-se linearmente em função da pressão
até o limite de 30 GPa. Assim, é possível encontrar o valor da pressão (em GPa) no interior da
célula utilizando a seguinte expressão:
� = ω�ω�
,��� (Equação 4)
onde, ωRi é o número de onda de qualquer uma das duas linhas do rubi, expressa em cm-1, à
pressão P e ω0Ri é o número de onda da respectiva linha à pressão ambiente.
3.4 Sistema de medidas a alta temperatura
Para as análises em alta temperatura, foi empregado um forno resistivo (Figura. 8).
Para melhor controle da temperatura e evitar aquecimento de sua parte externa este possui
refrigeração com água. O controle da temperatura é obtido com o uso de um termopar tipo S
(Platina/Ródio-Platina) e um controlador modelo HW4200 da Coel Controles Elétricos
LTDA. O intervalo de trabalho deste sistema é de 295 – 950 K.
.
.
(a) (b)
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
44
Figura 8– Sistema de medidas utilizado nos experimentos a altas temperaturas.
3.5 Sistema de medidas a baixa temperatura
Para os experimentos a baixas temperaturas, foi utilizado um criostato modelo
DE202S da Air Products and Chemicals Inc. (Figura 9), no qual estava acoplado um sistema
de alto vácuo modelo E2M8 da Edwards Vacum Ltda. A refrigeração do criostato foi feita
utilizando um sistema de ciclo fechado de hélio contínuo da Air Products and Chemicals Inc.
modelo 0-10000HR, que bombeia o gás hélio até a extremidade do criostato onde a amostra é
colocada. Os experimentos a baixas temperaturas foram realizados desde a temperatura
ambiente (295 K) até a temperatura de 15 K. A temperatura foi medida utilizando um
termopar do tipo T (Cobre/Constantan) ligado a um controlador de temperatura Lakeshore
modelo 330 com uma precisão de ± 0,1 K (22).
.
.
.
.
.
.
.
.
45
Figura 9 – Sistema de análise de baixa temperatura, onde temos: (a) criostato, (controlador de temperatura) e (c)
bomba de vacum.
3.6 Sistema de medidas de Raios-X
Em um experimento de difração simples, geralmente a amostra é girada em
relação à direção do feixe incidente, e o ângulo θ é varrido até que a Equação 3 seja satisfeita.
Os picos no espectro são então indexados de acordo com o conjunto de planos que os geram,
e as distâncias interplanares, parâmetros de rede, posições atômicas, etc., podem ser obtidos.
Para confirmar a estrutura das amostras estudadas neste trabalho, foram realizados
experimentos de difração de raios-X de pó (XRD) utilizando um difratômetro de raios-X
Rigaku D-Max 240, usando radiação monocromática de CuKα de comprimento de onda
1,5418 Å com uma lâmina de grafite. Os experimentos foram feitos utilizando a configuração
θ-2θ, com 2θ variando no intervalo de 1-45 º , a uma taxa de varredura de ±0,5/min com 30 V
e 40 mA no Laboratório de Raios-X do Departamento de Física da UFC.
3.7 Sistema de medidas de espectroscopia de infravermelho
Os espectros de infravermelho foram obtidos usando um sistema de
espectroscopia de absorção de IR com transformada de Fourier (FT-IR), modelo VERTEX 70
(a)
(b)
(c)
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
46
da Bruker Optics (Figura 10), com comprimento de onda de 1064 nm com fonte Globar ou
Nernst para a região do infravermelho médio e um detector piroelétrico de sulfato de triglicina
deuterada (DTGS). Os espectros foram coletados na região de 400-4000 cm-1 com resolução
de 4 cm-1. Os experimentos foram realizados utilizando os pós dos cristais macerados. Foram
dissolvidos aproximadamente, 1% de cada amostra em KBr, para a obtenção dos espectros.
As análises foram realizadas no laboratório de espectroscopia FT-IR, FT-Raman e Raman
confocal da Universidade Federal do Ceará (22).
Figura 10 – Equipamento utilizado nos experimentos de espectroscopia infravermelho com transformada de
Fourier.
3.8 Sistema de medidas de análise de DSC
A análise de DSC foi realizada utilizando o equipamento DSC 204F1 (Figura 11),
da Netzsch, sendo o experimento realizado em atmosfera de nitrogênio (N2) com cadinhos de
alumínio (Al). A amostra, com massa em torno de 5 mg, foi analisada utilizando o seguinte
programa de aquecimento: de 300 K a 520 K a uma taxa de aquecimento de 5K/min (22).
Figura 11- Equipamento utilizado nos experimentos de DSC.
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
47
3.9 Microscopias
3.9.1 MEV
As imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) foram realizadas em
um aparelho a JEOL LV5800 equipado com o EDX Link Analytical QX-20000 e voltagem de
aceleração de 20 kV no IRCELYON França.
3.9.2 MET
As imagens de microscopia eletrônica de transmissão (TEM) e alta resolução
(HRTEM) foram realizadas em um aparelho JEOL 2010 FEG, tensão de 200kV com a
resolução de 0.19 nm no IRCELYON França.
3.10 XPS
Os resultados de espectroscopia fotoeletrônica de raio-X (XPS) foram obtidos em
uma aparelho XPS Escalab MKII e VG equipado com uma fonte padrão de Al Kα (1486,6
eV). O aparelho foi calibrado assumindo energia de ligação do pico C1s do contaminante
carbono (284,8 eV), no Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia.
3.11 Análise superficial
As propriedades texturais ou morfológicas foram analisadas a partir das isotermas
de adsorção/dessorção de nitrogênio, em um aparelho ASAP 2020 micromeritics.
Previamente, as amostras calcinadas foram desgaseificadas por 4 horas a 150°C, sendo em
seguida analisadas. As áreas superficiais foram obtidas a partir das isotermas na faixa de
pressão relativa de 0,1 a 0,4. O volume total de poros foi determinado através da quantidade
de nitrogênio adsorvida a STP, sendo P/Po aproximadamente 0,99.
3.12 Testes catalíticos
A desidratação do glicerol em fase gasosa foi utilizada para avaliar as
propriedades catalíticas dos sólidos na faixa de 100-350 °C, P = 1 atm, a uma velocidade
espacial de 38 h-1, 100 mg de catalisador e uma mistura dos reagentes glicerol/água (1:3 em
peso). Os testes catalíticos foram conduzidos em um reator de inox equipado com um
termopar. Antes das medidas catalíticas, os catalisadores foram ativados in situ sob fluxo de
nitrogênio da temperatura ambiente até 350 oC, ao longo de 1 h. Posteriormente, a mistura
Capítulo 3 Procedimentos Experimentais
48
glicerol e água foi alimentada através de um vaporizador, onde o fluxo de nitrogênio foi
misturado com a mistura glicerol/água na proporção de 1:3, respectivamente. A mistura foi
então passada através do reator de aço inoxidável de forma contínua. A reação foi realizada a
pressão atmosférica na faixa de 150-350 oC. A cada 30 min, os efluentes foram condensados e
analisados por um cromatógrafo a gás (modelo simples Chrom) equipado com um detector de
ionização de chama. Os produtos da reação foram identificados por cromatografia gasosa
acoplada a um espectrômetro de massa (GC-MS). Os efluentes gasosos foram analisados em
um detector de condutividade térmica acoplado a um cromatógrafo de gás.
As conversões do glicerol e a seletividade foram obtidos de acordo com as
seguintes equações:
�������ã� �%� = ����� �!"#$#�� ����%#&$#����� �!"#$#� ' . 100 (Equação 5)
*�+�,-�-./.� �%� = � �012�3 "%ã2' . 100 (Equação 6)
Em que:
nGl(entrada) – Número de mols total de glicerol
nGl(saída) – Número de mols de glicerol que permanece em solução após o teste.
nx – Número de mols de produtos obtidos do glicerol.
As atividades foram medidas como mols de glicerol consumidos por grama de
catalisador por hora e foram expressos em mol h-1 g-1. O saldo de carbono apurado foi cerca
de 98%. Este foi realizado no laboratório Langmuir (Laboratório de Adsorção e catálise) no
departamento de química da UFC.
49
Capítulo 4
Aminoácidos
Neste capítulo apresentamos uma descrição sobre aminoácidos e suas
características e, em seguida, os resultados das análises realizadas no ácido L-glutâmico
submetido a altas pressões.
4.1 Descrição Geral
As diversas proteínas são formadas por seus monômeros, os aminoácidos. Por
serem as unidades básicas das proteínas, uma vez que elas são sintetizadas a partir de apenas
20 aminoácidos, estes desempenham papel fundamental à existência dos organismos vivos.
Eles participam de um amplo leque de reações químicas do corpo humano e são vitais no
ciclo de produção e transferência de energia e na atividade muscular.
O ácido L-glutâmico (objeto de nosso estudo) é um neurotransmissor excitatório
do sistema nervoso. Cogita-se que tal aminoácido pode estar envolvido em funções cognitivas
no cérebro como a aprendizagem e a memória. O excesso de glutamato no espaço extracelular
(excitotoxidade) ocorre em episódios de isquemia cerebral e apoplexia e está associada a
doenças como a de Alzheimer (33). Bons exemplos de sua aplicabilidade é a da incorporação
deste em drogas para o tratamento de úlcera (34) (35), hipoglicemia (36), epilepsia, Parkinson
e outras desordens neurológicas (37) (38) (39).
Estruturalmente, os aminoácidos são compostos que possuem uma fórmula básica
comum. Em um carbono α estão ligados um grupo amino (-NH2), um grupo carboxila (-
COOH), um hidrogênio (H) e um grupo variável, chamado cadeia lateral ou grupo R (Figura
12). Esta cadeia lateral é especifica para cada aminoácido e podem ser observada no Quadro 3
apêndice A. Além disso, nesse quadro encontra-se também a representação dos aminoácidos
por símbolos, de uma ou três letras, para facilitar a apresentação de sua sequência na estrutura
proteica.
Capítulo 4 Aminoácidos
50
Figura 12 - Fórmula estrutural dos aminoácidos
Em todos os aminoácidos, exceto a glicina, onde a cadeia lateral está ligada a um
átomo de hidrogênio, o carbono α é assimétrico, existem dois possíveis isômeros ópticos, D
(Destrógeno) e L (Levógeno), sendo que o isômero L é achado em proteínas naturais. Dois
aminoácidos, treonina e leucina, possuem um centro assimétrico adicional nas suas cadeias
laterais e com isso são quatros possíveis isômeros ópticos.
Os grupos carboxila e amino dos aminoácidos são ionizados em solução de pH
fisiológico, o grupo carboxila com carga negativa (COO-) e o grupo amino com carga positiva
(NH3+). O estado de ionização varia com o pH: em solução ácida o grupo carboxílico (–
COOH) não é ionizado e o grupo amino é ionizado (NH3+). Enquanto, em solução alcalina o
grupo carboxílico (COO-) é carregado negativamente e o grupo amino não é ionizado (NH2).
Em geral, as propriedades de ionização dos constituintes dos aminoácidos,
incluindo suas cadeias laterais, influenciam também a solubilidade, estabilidade e organização
estrutural. Semelhantemente, a hidrofobia/hidrofília das cadeias laterais produz um papel
importante no procedimento físico-químico das cadeias dos polipeptídios, dobrando-as em
estruturas tridimensionais. Foram propostas classificações para os 20 aminoácidos com base
nas propriedades dos seus grupos R. Uma das utilizadas comumente inclui seis categorias:
1. Alifáticos (5 aminoácidos): glicina, o aminoácido mais simples com um só
átomo de hidrogênio em sua cadeia lateral; alanina, valina, leucina e
isoleucina, que contêm hidrofobia não cíclica, cadeia não polar, pouco solúvel
em água.
2. Hidroxílico (2 aminoácidos): serina e treonina que contêm, respectivamente,
um grupo de álcool primário e secundário, é polar e muito solúvel em água.
3. Ácido ou dicarboxílico, e amidos correspondente (4 aminoácidos): ácido
aspártico e ácido glutâmico que ambos possuem uma segunda carboxila que se
agrupa na cadeia lateral que é ionizado, negativamente carregada e muito polar
H|
R―C― COOH|
NH2
ÁcidoCarboxílico
CadeiaLateral
Grupo Amino
Capítulo 4 Aminoácidos
51
em condições fisiológicas; os derivados correspondentes, asparagina e
glutamina que contêm um amido polar que se agrupa no lugar do segundo
grupo carboxílico.
4. Básico (3 aminoácidos): lisina e arginina, que são ionizados carregados
positivamente e muito polar sob as maiorias das condições fisiológicas;
histidina, com um grupo imidazólico fracamente básico com pH 7.
5. Cíclico (4 aminoácidos): fenilalanina, tirosina e triptofano, nos quais cada um
contém um ciclo aromático; prolina, o aminoácido com um heterociclo
alifático.
6. Contendo enxofre (2 aminoácidos): metionina, com uma cadeia não polar
hidrofóbica; e cisteína, que é polar por causa de seu grupo sulfídrico.
Além dessas características, outra, talvez a mais importante dos aminoácidos, seja
que eles são formados em sua maioria por ligações covalentes quando nos referimos à
molécula de hidrogênio em cristais. Além dos aminoácidos, as ligações de hidrogênio
desempenham papel fundamental em diversos outros sistemas como a água e o DNA (ácido
desoxirribonucleico). A molécula do ácido glutâmico na fase zwitterion é mostrada na Figura
13. Das 18 ligações da molécula, nove são ligações de hidrogênio, a estes tipos de ligações em
uma única molécula dar-se o nome de intramolecular. No caso dos cristais as ligações de
hidrogênio que ocorrem entre as moléculas são denominadas intermoleculares. Para o ácido
glutâmico estes dois tipos de ligações juntas são mais de 55% das ligações na célula unitária,
dado assinalado nas identificações dos modos de vibração em diversos artigos (40) (41) (42).
Em particular, nos aminoácidos as ligações de hidrogênio são principalmente do tipo N–H---O
onde o nitrogênio pertence ao grupo amino, NH3+, e o oxigênio ao grupo carboxílico, CO2
-.
Fatores como o número de ligações de hidrogênio e propriedades dos grupos
doadores e receptores alteram as características das ligações e com isto modificam as
propriedades físicas e químicas das substâncias.
.
.
.
.
.
Capítulo 4 Aminoácidos
52
Fase α Fase β
Figura 13 - Estruturas moleculares do ácido L-glutâmico.
Estudos de difração de raios-X em 889 cristais orgânicos (43) revelaram diversas
características das ligações do tipo N–H---O. A distância entre o hidrogênio e o oxigênio, r(H-
--O) tende a ser maior nas ligações intramoleculares que nas intermoleculares, já a distância
entre o nitrogênio e o oxigênio, r(N---O) tem comportamento oposto. Em geral, as ligações N–
H---O buscam uma configuração linear, que é a energeticamente mais favorável, contudo,
existem desvios desta configuração principalmente nas ligações intramoleculares. Outro
estudo comparou o comportamento do modo de torção do NH3+ nos cristais de taurina, L-
treonina e L-alanina submetidos a altas pressões (44). Enquanto o número de onda deste modo
aumenta com a pressão para a L-treonina e para a taurina ela diminui na L-alanina. A
explicação para esta anormalidade foi dada em termos do tamanho da ligação N---O, que na
taurina e na L-treonina são maiores, com o aumento da pressão o tamanho das ligações tem
seus valores diminuídos, o que ocasiona um aumento do número de onda da vibração. Já na
L-alanina, os comprimentos das ligações N---O são menores e o efeito da pressão é distorcer a
ligação ao invés de encurtá-la, o que causa uma diminuição no número de onda do modo.
Como observado anteriormente os aminoácidos são formados predominantemente
por ligações de hidrogênio; a espectroscopia Raman tem sido uma técnica bastante eficiente
no estudo do comportamento dos modos normais de vibração dos cristais de aminoácidos.
Nesses cristais, as ligações de hidrogênio (ou pontes de hidrogênio) desempenham
função de grande importância em sua estabilidade, e a espectroscopia Raman é capaz de
detectar mudanças mínimas nas distâncias das ligações de hidrogênio. Além da caracterização
dos modos Raman à temperatura ambiente, a técnica pode ser implementada com a finalidade
de se estudar a estabilidade da estrutura, o papel das ligações de hidrogênio e ainda ser
utilizada para se observar a presença de efeitos anarmônicos em função dos parâmetros
Capítulo 4 Aminoácidos
53
temperatura e pressão. A variação dos parâmetros termodinâmicos pode causar transições de
fase e o conhecimento dessas novas fases é bastante útil para diversas áreas além da Física
(45), tais como Geoquímica (46), Medicina e Farmacologia (47) pois, estas podem apresentar
características distintas da fase anterior e, dependendo, de sua aplicação estas novas
características podem ser benignas ou não, dependerá de sua aplicação.
Motivados pela ausência de estudos de espectroscopia vibracional sobre o ácido
L-glutâmico submetido à variação de temperatura ou pressão e as diversas transições
apresentadas por vários outros aminoácidos apresentados na literatura, é que neste trabalho
investigamos as propriedades vibracionais do referido cristal.
4.2 Ácido L-glutâmico
Os aminoácidos constituem uma classe de compostos orgânicos que têm sido
investigados por várias técnicas experimentais incluindo: espectroscopia na região do
infravermelho, espectroscopia Raman, difração de raios-X e difração de nêutron. O ácido L-
glutâmico é um dos 20 aminoácidos padrões e cristaliza-se em duas fases: os cristais de fase α
são prismáticos e os de fase β, agulhas ou placas. A estrutura cristalina da fase α foi publicada
em 1931 por Bernal et. al. citado por Hirokawa et. al. o qual, publicou em 1955 um estudo no
polimorfo de fase β analisado por difração de nêutron (48). Muitos trabalhos posteriores com
difração de raios-X (46) (47) (49) (50) (32) apareceram mostrando a diferença entre as fases.
Ambas as fases têm estruturas cristalinas ortorrômbicas P212121 (D24) com a = 10.282, b =
8.779, c = 7.068 Å para a fase α e a = 5.159, b = 17.30, e c = 6.948 Å para a fase β (49) (50).
Imagens de microscópio óptico (32) (51) (52) (53) (54) (31), espectroscopia Raman ambiente
acima de 200 cm-1 e infravermelho (fase β) (51) (52) (40), estudo do comportamento
polimórfico (51) (52) (53) (54) (31) (40), estabilidade relativa destes dois polimorfos em
função da solubilidade (55), entalpia (56), estudos de campo de força e cálculos de
coordenada normal e deuteração (57) já foram apresentados na literatura. No estudo do
comportamento polimórfico destes materiais fica bem claro que a fase β é a fase de mais fácil
cristalização embora sejam cristais de tamanho pequeno, da ordem de 150 µm.
Para entender por que a transformação da fase β→α é um processo difícil e não
acontece no estado sólido à temperatura ambiente, basta observar as conformações dos
monômeros na Figura 13. Tais conformações são muito diferentes; por conseguinte, como
mostrado na Figura 14, os arranjos moleculares das duas estruturas cristalinas também são
muito diferentes (58).
Capítulo 4 Aminoácidos
54
Figura 14 - Arranjos moleculares do ácido L-glutâmico na estrutura cristalina das fases (α) e (β) ao longo do eixo
c (58) em (a) e (b) respectivamente.
A transformação no estado sólido deve ser então construtiva em natureza: é difícil
ver como a nucleação homogênea de α se forma dentro da rede cristalina de β. O
impedimento da transformação β→α poderia acontecer por causa das restrições estruturais
impostos pela circunvizinhança da rede cristalina de β. Contudo, a transformação estrutural de
β→α envolve uma barreira de alta ativação que, presumivelmente, explica porque a
transformação não é observada no estado sólido a temperatura ambiente. Em altas
temperaturas, 140 ºC, a energia térmica das moléculas reduz a barreira cinética efetiva à
nucleação e ocorre o subsequente crescimento do polimorfo de fase estável α.
O polimorfismo do ácido L-glutâmico não é um caso isolado e alguns outros
aminoácidos apresentam este fenômeno, como a glicina e a alanina. A glicina, o aminoácido
mais simples, é também uns dos que apresenta o número mais alto de polimorfos (α, β e γ) a
condições ambientes. Murli et al. (59) investigou a glicina (fase α) através de espectroscopia
Raman e verificou que este aminoácido é estável para pressões até 23 GPa. Aplicando pressão
na fase β, observou-se uma transição de fase a 0,76 GPa (60) (61). A fase δ é obtida a partir
da compressão da fase γ em 1.9 GPa. A fase ξ é alcançada quando é feita a descompressão
(62) (63) (64).
Capítulo 4 Aminoácidos
55
4.3 Resultados e Discussão
4.3.1 Interesse da obtenção dos monocristais de ácido L-glutâmico
O intuito de se obter monocristais de aminoácido, em particular do ácido L-
glutâmico, foi para a realização do experimento com pressão e posteriormente medidas
polarizadas, que nos permite identificar a que polarização as vibrações pertencem.
Uma confirmação prévia da obtenção das duas fases do material é mostrada na
Figura 15. Como referido anteriormente, o cristal da fase α possui forma piramidal, enquanto
o da fase β forma de agulha ou placa.
Figura 15 - Cristais do ácido L-glutâmico na fase α (a) e na fase β (b) obtidos nos nossos experimentos.
4.3.2 DRX
Nas Figura 16 e 17 apresentamos os difratogramas das fases α e β
respectivamente, tanto os experimentais quanto os teóricos retirados da literatura (53) (54), e
ambas as fases α e β obtidos estão em pleno acordo com a literatura (53) (54), que mostra a
estrutura ortorrômbica P212121 (D24) já referido anteriormente. Na Figura 16, o XRD
experimental apresenta uma combinação das duas fases; isso se dá devido ao processo de
maceração do cristal da fase α, por nós obtidos para a realização da XRD, que induz a
transformação do polimorfo α em β e/ou haja crescido pequenos cristais da fase β junto
(dentro) da fase α, algo apresentado na literatura e que possivelmente seja o mais provável.
1mm 1 mm
Capítulo 4 Aminoácidos
56
Figura 16 - Difração de raios-X da fase α (53) (54).
Figura 17 – Difração de raios-X da fase β (53) (54).
4.3.3 FTIR
A Figura 18 mostra o espectro de infravermelho das duas fases onde é possível
observar as diferenças entre elas. Em (a) observamos que na fase α aparecem modos bem
distintos em 466, 612, 622, 782, 1021 e 1583 cm-1 e em (b) 1951, 2133 cm-1, além desses,
outros modos estão identificados com setas nas figuras. No espectro da fase α, também são
observados deslocamentos de modos em toda região espectral comparada com a fase β.
Capítulo 4 Aminoácidos
57
Uma análise mais detalhada nos espectros de infravermelho será feita
posteriormente para a identificação de cada banda. A análise de infravermelho apresentada
aqui foi no intuito apenas de mostrar a distinção entre as duas fases.
400 600 800 1000 1200 1400 1600
Tra
nsm
itânc
ia
Número de Onda (cm-1)
Fase α Fase β
(a)
β
α
1800 2100 2400 2700 3000 3300 3600 3900
Tra
nsm
itân
cia
Número de Onda (cm-1)
Forma α
Forma β
(b)
β
α
Figura 18 - Espectros Infravermelhos das fases α e β do Ácido L-glutâmico.
Capítulo 4 Aminoácidos
58
4.3.4 DSC
A Figura 19 apresenta as análises de DSC de ambas as fases do ácido L-
glutâmico. Em (a), a fase α apresenta ponto de decomposição em 472,9 K (199,9 º C)
aproximadamente 10o mais alto que a fase β, (b) que é observado em 463,6 K (190,6 o C). Isto
indica que temos dois materiais distintos, embora de mesma fórmula química.
300 330 360 390 420 450 480 510
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
DS
C (
Uni
d.
Arb
.)
Temperatura (K)
Fase α Fase β
α
β
463,6 K
472,9 K
Figura 19 - Análise DSC das fases α e β do ácido L-glutâmico.
4.3.5 Medidas por espectroscopia Raman
4.3.5.1 Espectros Raman Polarizados dos cristais à temperatura ambiente
Medidas polarizadas geralmente são realizadas com a finalidade de identificar a
que polarização as vibrações pertencem, como referido anteriormente. No nosso caso, ela nos
mostra claramente a distinção entre as duas fases do ácido L-glutâmico. As medidas
realizadas nas amostras do ácido L-glutâmico foram realizadas com os seguintes parâmetros:
• Linha de laser 514,5 nm com um laser de Argônio;
• O pico do silício encontrava-se em 521cm-1, que foi utilizado para a calibração
do equipamento;
• A lente de focalização foi de 50X para as medidas polarizadas e no pó, e de
20X para as de pressão;
Capítulo 4 Aminoácidos
59
• As medidas foram realizadas com 4 acumulações de 30 s com potência do laser
de saída de 150 mW;
• Espectros foram obtidos na região de 20 a 3600 cm-1.
A Figura 20 apresenta o esquema de polarização da luz incidente e espalhada pela
amostra. Na imagem da esquerda em (a) apresenta-se a polarização não cruzada, já a da
direita mostra o esquema da polarização cruzada. Em (b), evidencia as direções por nós
estabelecidas para os cristais bem como exemplos do posicionamento dos cristais para as
medidas.
Figura 20 - Esquema das polarizações do laser (a) e algumas posições dos cristais para as medidas (b).
Na Figura 20(b) é apresentada também a seguinte nomenclatura, Li(Pi,Pr)Lr, que
possui o seguinte significado:
• Li – direção de propagação do laser antes de incidir na amostra;
• Lr – direção de propagação do laser para a coleta após ser espalhado;
(a)
(b)
Capítulo 4 Aminoácidos
60
• Pi – direção de incidência da polarização do laser e;
• Pr – direção de coleta da polarização da luz espalhada pelo cristal.
Esta nomenclatura aparece nas figuras (Figura 21, Figura 22, Figura 23 e Figura
24) que se referem, respectivamente, às medidas polarizadas para as fases α (Fig. 21 e 22) e β
(Fig. 23 e 24). Nestas figuras são mostrados espectros para a face BC (Fig. 21 e 23(a)), para a
face AC (Fig. 22(a) e 23(b)) e face AB (Fig. 22(b) e 24). Não podemos realizar uma
comparação direta de polarização por polarização entre as duas fases, pois temos ainda que
determinar as direções corretas dos eixos. Mas podemos realizar uma análise qualitativa, ou
seja, nos espectros da fase α não são observadas vibrações em nenhuma das polarizações
abaixo de 50 cm-1. Entretanto, vibrações desse tipo acontecem para a outra fase (β); vibrações
distintas nesta região indicam estruturas diferentes, pois esta região é a região na qual
aparecem as vibrações referentes à rede. Outra observação refere-se à vibração em 90 cm-1
que é de grande intensidade na fase β e de baixíssima intensidade em α. Nas proximidades de
1000 cm-1 nós observamos a presença de modos na fase α, o que não acontece para a fase β.
Fase α
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Inte
nsi
da
de
Ra
man
Número de Onda (cm-1)
A(C,C)A
A(C,B)A
A(B,B)A
A(B,C)A
21(a)
Figura 21 - Espectros Raman polarizados para a fase α do ácido L-glutâmico face BC.
Capítulo 4 Aminoácidos
61
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Inte
nsi
dad
e R
ama
n
Número de Onda (cm-1)
B(C,C)B
B(C,A)B
B(A,A)B
B(A,C)B
22(a)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Inte
nsi
da
de
Ra
man
Número de Onda (cm-1)
C(B,B)C
C(B,A)C
C(A,A)C
C(A,B)C
22(b)
Figura 22 - Espectros Raman polarizados para a fase α do ácido L-glutâmico: (a) face AC e (b) face AB.
.
.
.
Capítulo 4 Aminoácidos
62
Fase β
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Inte
nsi
dad
e R
am
an
Número de Onda (cm-1)
A(C,C)A
A(C,B)A
A(B,B)A
A(B,C)A
23(a)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Inte
nsi
da
de
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
B(C,C)B
B(C,A)B
B(A,A)B
B(A,C)B
23(b)
Figura 23 - Espectros Raman polarizados para a fase β do ácido L-glutâmico: (a) face BC e (b) face AC.
Capítulo 4 Aminoácidos
63
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Inte
nsi
dad
e R
am
an
Número de Onda (cm-1)
C(B,B)C
C(B,A)C
C(A,A)C
C(A,B)C
24(a)
Figura 24 - Espectros Raman polarizados para a fase β do ácido L-glutâmico face AB.
4.3.5.2 Medidas realizadas no pó do ácido L-glutâmico à temperatura
ambiente
Geralmente se utilizam mais as análises no pó do material do que em um cristal
em virtude de não se precisar de nenhum tratamento especial na amostra. A vantagem de se
fazer a análise no pó em relação à medida polarizada é que basta uma medida para observar
todas as vibrações do material, o que não acontece com as medidas polarizadas. Para observar
todas as vibrações com medidas polarizadas se fazem necessárias medidas em diversas
polarizações. A desvantagem nas análises no pó é que não podemos identificar a que
polarização pertence nenhuma vibração.
As figuras (Figura 25, Figura 26, Figura 27 e Figura 28) apresentam os espectros
Raman no pó das duas fases do ácido L-glutâmico, onde podemos observar algumas
diferenças entre as duas fases, que estão indicadas com setas. Estes espectros apresentam uma
grande diferença em relação aos espectros polarizados; por exemplo, vibrações abaixo de 50
cm-1 são observadas para a fase α, o que não acontece com as medidas polarizadas. Este fato
nos confirma que o processo de maceração do cristal da fase α induz o aparecimento da fase
β, o que é observado através das medidas de difração de raios-X.
Capítulo 4 Aminoácidos
64
Uma classificação dos modos normais de vibração do ácido L-glutâmico,
observados nos espectros Raman do pó é apresentado nas tabelas abaixo. Esta classificação se
baseia nos estudos de espectroscopia Raman de Dhamenlicourt et. al. (40), Lòpez et. al. (41),
Ramirez et. al. (42), e estudos de espectroscopia de infravermelho Andreas Barth (65) e
Adriana et. al. (66). Para os modos não observados nestes trabalhos, fez-se uma classificação
tentativa a partir de estudos vibracionais de outros aminoácidos já publicados. Os modos, em
sua maioria, foram classificados a partir do trabalho de Ramírez (40), por isso, somente será
apresentada a identificação dos modos não classificados por estes autores, contudo, em alguns
momentos aparecerão breves relatos das identificações dos mesmos.
A Figura 25 apresenta os espectros Raman do ácido L-glutâmico à temperatura e
pressão ambientes para as duas fases, no intervalo espectral entre 15 cm-1 e 300 cm-1. Nesta
região foram observados 17 modos para a fase α e 16 modos para a fase β que estão listados e
identificados na tabela 4.1.
0 50 100 150 200 250 300
7
6
Inte
nsi
dad
e R
aman
Número de Onda (cm-1)
Fase α
Fase β
(a)
α
β
1 2 3
45
6
7
8
8 9 10 11 12 13
1 23
4
5 14
910
1112
1314 15
Figura 25 - (a) Espectros Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região 0 a 300 cm-1.
.
.
Capítulo 4 Aminoácidos
65
Tabela 1 - Classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico observados em temperatura
ambiente no intervalo entre 15 cm-1 e 300 cm-1 das fases α e β.
Modo Número de Onda (cm-1) Identificação
Literatura Fase α Fase β
1 32 31 Rede
2 41 41 41 τ(CO2-)
3 57 56 τ(CC)
4 62 63 63 Rede
5 67 67 67 Rede
6 76 75 75 Rede
7 91 91 90 τ(CC), τ(CO2-)
8 100 98 97 Rede
9 108 110 109 Rede
10 130 128 128 Rede
11 133 135 136 Rede
12 152 149 150 τ(esq.)
13 172 155 173 τ(esq.)
14 199 203 201 τ(CO2-)
15 240 242 242 δ(esq.)
16 253 258 258 δ(esq.)
17 282 285 286 δ(esq.)
τ → Torção, δ → Deformação, esq. → Esqueleto.
Na fase cristalina dos aminoácidos, geralmente os modos vibracionais da região
espectral de baixo número de onda são classificados como modos externos de vibração ou
modos da rede. O valor do número de onda limite para se classificar os modos da rede ainda
apresenta divergências; mas na literatura, os modos vêm sendo classificados como externos
Capítulo 4 Aminoácidos
66
aqueles que possuem número de onda inferior a 200 cm-1, embora existam alguns modos neste
intervalo que estejam sendo classificados como modos internos, é bem mais provável que
estes sejam modos da rede ou uma combinação dos mesmos como mostrado por Ricardo R. F.
Bento et. al. estudo da Seselina (67). Para o ácido L-glutâmico nesta região seis modos são
classificados como torção do esqueleto da molécula, τ(esq.) os de número de onda 150, 155 e
173 cm-1, e os modos em 41, 90 e 199 cm-1, que foram identificados como uma torção da
unidade CO2-, τ(CO2
-) e o modo em 57 cm-1 como torção da unidade CC, τ(CC).
As identificações dos modos 41, 57 e 90 cm-1 como τ(CO2-), τ(CC) e τ(CO2
-)
respectivamente, foram feitas por associação com os modos que aparecem nos resultados dos
cálculos semiempíricos MNDO (tipo ab initio) do cristal de ácido L-glutâmico por Ramirez e
Lopez (42). Os modos de número de onda 150, 155, 173 e 200 cm-1, são classificados como
τ(Esq.), τ(Esq.) e τ(CO2-) respectivamente, no experimento de polarização realizado por
Ramirez e Dhamenlicourt (40). São identificados como deformações do esqueleto, δ(esq.), da
molécula do ácido L-glutâmico os modos localizados em 240, 258 e 284 cm-1 (40) (41).
Na Figura 26 apresentamos os espectros Raman do ácido L-glutâmico à
temperatura e pressão ambiente para as duas fases, no intervalo espectral entre 300 cm-1 e 900
cm-1. Nesta região foram observados 18 modos para a fase α e 14 modos para a fase β que
estão listados e identificados na Tabela 2.
300 400 500 600 700 800 900
Inte
nsid
ade
Ra
man
Número de Onda (cm-1)
Fase α Fase β
(b)
α
β
1516
1718
19
2021
2223
24 25 26
27
28
16 1718
19
20
2122
23
24
25
26 2728
29 30 31
32
33
Figura 26 – (b) Espectro Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região 300 a 900 cm-1.
Capítulo 4 Aminoácidos
67
Os modos 320, 577 e 668 cm-1 foram classificados como torção do esqueleto,
τ(Esq.), para o primeiro e deformação do CO2-, δ(CO2
-), para os demais respectivamente, pois
os mesmos foram relatados por Ramirez et. al. (41) em 324, 577 e 676 cm-1. O modo
observado em 364 cm-1 foi classificado por Ramirez et. al. (57) como uma deformação da
unidade CCC, δ(CCC), e de valor 342 cm-1, mas que em seu valor experimental aparece com
o valor de 364 cm-1 que é o valor identificado no espectro. Para a mesma referência (57), o
modo em 438 cm-1 foi identificado como uma deformação da unidade CO2-, δ(CO2
-).
O modo em 623 cm-1 foi identificado como um rocking (CO2-) usando a
identificação do modo em 611 cm-1 no estudo da diferença da L- e DL-serina por Boldyreva
et al. (15), geralmente o rocking do CO2- para varios aminoácidos esta classificado entre 520
e 550 cm-1. O modo de número de onda 748 cm-1 identificado como wagging do CO2-, ω(CO2
-
), é a mesma identificação dada por Lima Jr. et. al. (68) para o modo da L-valina em 755 cm-1,
e também por Chitra Murli em 750 cm-1 para a DL-valina (69). Para o modo em 871 cm-1, foi
classificado como estiramento CCN, ν(CCN), em concordância com Joelma et. al. (70) ao
modo de mesmo número de onda para a alanina deuterada e Silva et. al. (71) ao modo de
número de onda de 878 cm-1 para a L-treonina, em seus trabalhos. Os demais modos foram
observados e classificados através do trabalho de Dhamelincourt et. al. (40).
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Capítulo 4 Aminoácidos
68
Tabela 2 – Classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico observados em temperatura ambiente no intervalo entre 300 cm-1 e 900 cm-1 para as fases α e β.
Modo Número de Onda (cm-1) Identificação
Literatura Fase α Fase β
18 324 320 325 τ(esq.)
19 342 362 366 δ(CCC)
20 377 379 380 δ(esq.)
21 392 390 391 δ(esq.)
22 438 436 δ(CO2-),
δ(CCC)
23 467 466 464 τ(NH3+)
24 501 503 503 δ(CO2-)
25 539 539 539 γ(OCC)
26 577 577 577 δ(CO2-)
27 611 623 Rock. (CO2-)
28 676 668 675 δ(CO2-)
29 707 707 707 Rock. (CH2)
30 750 748 Wagging (CO2-)
31 759 761 760 Rock. (CH2)
32 801 801 801 ν(C-C)
33 866 866 865 δ(CO2-)
34 871 871 ν(CCN)
τ → Torção, δ → Deformação, esq. → Esqueleto, γ → twisting, Rock. →rocking, ν → Estiramento.
A Figura 27 apresenta os espectros Raman do ácido L-glutâmico à temperatura e
pressão ambiente para as duas fases, no intervalo espectral entre 900 cm-1 e 1750 cm-1. Nessa
Capítulo 4 Aminoácidos
69
região foram observados 25 modos para a fase α e 18 modos para a fase β, que estão listados e
identificados na Tabela 3.
900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700
Inte
nsid
ade
Ra
man
Número de Onda (cm-1)
Fase α Fase β
(c)
29
30 31 3233
34
35 36 37
3839
40
41
42
43 44 4546
34
3536
37 38
39
40 41
4243
4445
46 47
48
49 50
51
52
53 54
5556
57
58
α
β
Figura 27 – (c) Espectros Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região 900 a 1750 cm-1.
Os modos 986 cm-1, 1078, 1181 cm-1e 1317 cm-1 foram classificados como
estiramento, ν(C-C), twisting γ(CH2) e deformação (vibração fora do plano) δ(CH), foram
classificados conforme os modos 982, 1181 e 1313 cm-1 ambas relacionadas ao grupo CO2-.
por Andreas Barth (65) em aminoácidos, sendo que estas no ácido L-glutâmico, foram obtidas
através de espectroscopia de infravermelho. O modo 1078 cm-1 foi classificado conforme a
classificação de Ramirez (42) em seu trabalho teórico no ácido L-glutâmico. O modo em 1004
cm-1 foi identificado como um estiramento do CN ν(CN), mesma identificação dada ao modo
em 1010 cm-1 no estudo realizado na L- e DL-serina por Boldyreva et. al. (15). Silva et. al.
(71) deram a classificação do modo de 1460 cm-1 como uma deformação assimétrica do NH3+,
δa(NH3+) para a L-treonina; tal número de onda coincide com um modo observado no
espectro da Figura 26 e assim foi classificado. Temos ainda o modo em 1671 cm-1
classificado como defeito do NH3+, classificação dada ao modo em 1670 cm-1 por Murli et. al.
(72) no estudo da α-glicina com pressão.
.
Capítulo 4 Aminoácidos
70
Tabela 3 – Classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico observado em temperatura
ambiente no intervalo entre 900 cm-1 e 1750 cm-1 das fases α e β.
Modo Número de Onda (cm-1) Identificação
Teóricos Fase α Fase β
35 917 916 919 ν(C-C)
36 942 941 941 γ(O-H)
37 969 968 968 ν(C-C)
38 982 986 ν(C-C)
39 1010 1004 ν(CN)
40 1061 1061 1060 ν(C-N)
41 1082 1078 γ(CH2), ν(C-O)
42 1087 1086 1086 ν(C-O)
43 1126 1126 1126 δ(NH3+), Rock.
44 1148 1147 1148 δ(NH3+), Rock.
45 1162
46 1181 1181 γ(CH2), δ(CH)
47 1217 1216 1215 δ(CH2), Twist.
48 1267 1267 1266 δ(CH)
49 1312 1309 1309 δ(OH-)
50 1313 1317 γ(CH2), δ(CH)
51 1349 1351 1351 δ(CH)
52 1377 1377 1376 δ(CH2), Wag.
53 1408 1408 1408 νa(CO2-)
54 1438 1437 1437 δ(CH2)
55 1460 1460 δa(NH3+)
Capítulo 4 Aminoácidos
71
56 1515 1521 1523 δs(NH3+)
57 1614 1613 δa(NH3+)
58 1636 1634 1630 ν(C=O)
59 1659 1659 1657 δa(NH3+)
60 1671 1679 Defeito (NH3)
ν → Estiramento, νs → Estiramento simétrico, νa → Estiramento assimétrico, γ → twisting, δ → Deformação,
δs → Deformação simétrica, δa → Deformação assimétrica, Rock. →rocking, Wag. → wagging.
O modo 1521 cm-1 foi classificado como vibração simétrica no plano δs(NH3+),
conforme a classificação dada por Lopez (41) ao modo 1515 cm-1 para o ácido glutâmico. Os
demais modos foram classificados através do trabalho de Dhamelincourt et. al. (40). Os
modos com número de onda no intervalo de 1750 a 2750 cm-1 não foram observados ou são
de baixa intensidade e não foram classificados.
2800 2900 3000 3100 3200 3300
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
Fase α Fase β
(d)
α
β
48
47
49
50
5152
53
59 60
61
62
63
64
6566
67
68
Figura 28 – Espectros Raman do pó de ambas as fases do ácido L-glutâmico na região 2750 a 3300 cm-1.
Capítulo 4 Aminoácidos
72
Os dois primeiros modos desta região foram classificados conforme a
classificação feita por Boldyreva et. al. (60) aos modos de 2877 e 2886 cm-1 como uma
combinação do estiramento CC com wagging do CH2 para a β-glicina. Quanto aos demais são
todos de estiramento, sendo um simétrico (2934 cm-1) e dois assimétricos (2972 e 2987 cm-1)
do CH2, um do CH em 2961 cm-1 e quatro do grupo NH3+, sendo dois simétricos (3073 e 3110
cm-1) e dois assimétricos (2992 e 3017 cm-1). Os modos 2984 e 3110 cm-1 foram classificados
segundo o trabalho de Ramirez (42) e os demais já citados pelo trabalho de Dhamelincourt et.
al. (40).
Tabela 4 – classificação dos modos vibracionais Raman ativos do ácido L-glutâmico observados em temperatura
ambiente no intervalo entre 2750 cm-1 e 3300 cm-1 das fases α e β.
Modo Número de Onda (cm-1) Identificação
Teóricos Fase α Fase β
61 2877 2872 2861 Combinação
62 2886 2885 ν(CH)
63 2934 2934 2934 νs(CH2)
64 2964 2961 2963 ν(CH)
65 2972 2971 2970 νa(CH2)
66 2987 2984 νa(CH2)
67 2994 2992 2992 νa(NH3+)
68 3018 3017 3017 νa(NH3+)
69 3077 3073 3073 νs(NH3+)
70 3147 3110 νs(NH3+)
ν → Estiramento, νs → Estiramento simétrico, νa → Estiramento assimétrico.
Capítulo 4 Aminoácidos
73
4.3.5.3 Medidas de pressão hidrostática realizada no cristal de ácido L-
glutâmico fase β
Para facilitar a compreensão dividiu-se a discussão em duas partes: (i) resultados
obtidos na primeira experiência (de 0,0 a 4,0 GPa) e (ii) resultados obtidos na segunda
experiência (de 0,0 a 21,4 GPa).
(i) Pressão entre 0,0 e 4,0 GPa.
As Figuras Figura 29(a) e Figura 29(b) mostram os espectros Raman da fase β do
ácido L-glutâmico para os vários valores de pressões entre 0.0 e 4.0 GPa na região espectral
25 - 250 cm-1 e entre 320 – 450 cm-1, respectivamente. Na Figura 29(a) é possível observar o
aparecimento de um modo em ~35 cm-1 a 1,0 GPa. Um dos dois modos observados no
espectro de 0,0 GPa em 75 cm-1 desaparece em 1,3 GPa, e um único modo pode ser visto até
2,6 GPa. Em 3,1 GPa este modo divide-se em dois e estes ainda estão presentes no espectro
de 4,0 GPa. O terceiro modo, com número de onda de ~100 cm-1, perde intensidade com a
pressão e apresenta uma descontinuidade no plot de ω vs. P em 1,3 GPa (Figura 29(c)). Os
últimos dois modos desta região têm baixa intensidade até mesmo a pressão ambiente e com o
aumento da pressão a intensidade deles permanece baixa, para pressões mais altos que 1,3
GPa é observado um aumento na largura de linha. É importante mencionar que os modos
nesta região são associados com vibrações da rede e, por conseguinte, as modificações
observadas nestes modos podem ser associadas, em tese, com transições de fase sofridas pelo
cristal como verificado em outros aminoácidos (11) (12) (13) (14) (15) (16). Todas as
modificações observadas nos espectros do ácido L-glutâmico nos dão evidências que o cristal
sofre transições de fases, uma entre 0,7 e 1,3 GPa e uma segunda entre 2,6 e 3,1 GPa.
A Figura 29(b) mostra os espectros Raman da fase β do ácido L-glutâmico para
várias pressões entre 0,0 e 4,0 GPa na região espectral entre 320 - 450 cm-1. A banda
assimétrica nestes espectros é associada com as deformações do esqueleto δ(skel. - CCαN), e é
composta, na pressão ambiente, por dois modos que se transformam em um modo a 1,3 GPa.
Estas modificações podem ser interpretadas como rearranjos nas moléculas do cristal. A
variação do número de onda (dos modos) vs. pressão da fase β do ácido L-glutâmico na região
dos espectros na região de 25 - 400 cm-1 entre 0,0 e 4,0 GPa é apresentada na Figura 29(c).
74
50 100 150 200 250
Pressão(GPa)
4,0
3,5
3,1
2,6
1,3
2,1
0,2
Inte
nsid
ade
Ra
ma
n
Número de Onda (cm-1)
0,0
0,7
0,5
1,7
1,0
1(a)
360 390 420
Inte
nsi
da
de R
am
an
Número de Onda (cm-1)
Pressão(GPa)
4,0
3,5
3,1
2,6
1,3
2,1
0,2
0,0
0,7
0,5
1,7
1,0
1(b)
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.00
30
60
90
120
150
180
380
400
Nú
me
ro d
e O
nda
(cm-1
)
Pressão (GPa )
(c)
Figura 29 - Espectros Raman do ácido L-glutâmico na fase β para a pressão entre 0,0 e 4,0 GPa na região
espectral de: (a) 45-250 cm-1; (b) 320 – 450 cm-1; (c) Número de Onda vs pressão na região espectral de 25 – 450
cm-1.
.
Capítulo 4 Aminoácidos
75
(ii) Pressão entre 0,0 e 21,4 GPa.
As Figuras (Figura 30(a) e Figura 30(b)) mostram os espectros Raman da fase β
do ácido L-glutâmico para pressões selecionadas, na região espectral 25 - 250 cm-1, entre 0,0
e 10,8 GPa e entre 10,8 e 18,3 GPa, respectivamente. Em primeiro lugar, nós precisamos
mencionar que os espectros das Figuras (Figura 29 e Figura 30) são diferentes porque não é
possível (até mesmo se possível é muito difícil) o controle da polarização em um experimento
de altas pressões. Para a segunda experiência, nós usamos outro pedaço da amostra com uma
orientação diferente. As primeiras mudanças observaram na Figura 30(a) é: (i) o aparecimento
de um modo em ~ 35 cm-1 em 1,0 GPa; (ii) o desaparecimento a 3,0 GPa de um modo que a
pressão ambiente é visto como um ombro do modo de maior intensidade no espectro (veja a
Figura 30(d)). Estas modificações estão de acordo com as modificações observadas na
primeira experiência.
Outra modificação observada é o aparecimento de um modo, (marcado com uma
seta) em ~ 160 cm-1 a 6,4 GPa Figura 30(b). Devido à diminuição da intensidade dos modos,
nós apresentamos os espectros de pressões superiores a 10,8 GPa na Figura 30(b). Nesta
Figura nós observamos que a maior mudança ocorre nos espectros entre 13,9 e 15,2 GPa. As
diferenças observadas para esta região de pressão nos permitem sugerir que o cristal sofre
outra transição de fase neste intervalo. Vale mencionar que os dois modos com número de
onda próximo de 600 cm-1 a 10,8 GPa praticamente desaparece a 13,9 GPa, reaparecendo em
15,2 GPa como quatro modos. Estes modos, à pressão ambiente, são classificados como
vibração rocking do CO2 e este splitting também foi observado em outros aminoácidos (11)
(12) (13) (14) (15) (16). Este comportamento anômalo é devido a um rearranjo das moléculas
dentro da célula unitária. Foram observadas muitas modificações nos modos internos nas
outras regiões e serão discutidas nos próximos parágrafos mas, em resumo, as mudanças
observadas em modos externos apontam quatro transições de fase sofridas pelo cristal.
76
50 100 150 200
In
tens
idad
e R
aman
Número de Onda (cm-1
)
6,9
3,5
1,9
1,0
0,0
3,0
5,4
6,4
10,8
PressãoGPa
(a)
100 200 300 400 500 600 700
Inte
nsi
dad
e R
aman
Número de Onda (cm-1
)
10,8
18,3
17,2
16,0
12,8
13,9
15,2
PressãoGPa
(b)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
50
100
150
200
300
400
500
600
Nú
me
ro d
e O
nda
(cm-1
)Pressão (GPa )
(c)
50 75 100 125 150
Número de Onda (cm-1
)0,0GPa
3,0GPa
Inte
nsid
ade
Ra
ma
n
Inset(Fig.1(a))
Figura 30 - Espectro Raman do ácido L-glutâmico fase β para pressão entre 0,0 e 18,0 GPa na região espectral
de: (a) 25-250 cm-1 para pressão entre 0,0 e 10,8 GPa; (b) 25 – 650 cm-1 para pressão entre 10,8 e 18,3 GPa; (c)
número de onda vs pressão na região espectral de 25 – 450 cm-1 para pressão entre 0,0 e 18,3 GPa; (d)
Os espectros Raman da fase β do ácido L-glutâmico na região espectral 700 -
1300 cm-1 da pressão ambiente até 21,4 GPa são mostrados na Figura 31(a), e o plot do
Capítulo 4 Aminoácidos
77
número de onda vs. pressão para os modos nesta região é apresentado na Figura 31(b). O
primeiro modo desta região tem baixa intensidade a 0,0 GPa, e não é visto entre 6,9 e 12,8
GPa, quando reaparece. Em seguida, dois modos mais energéticos diminuem suas
intensidades com o aumento de pressão crescente, mas eles são observados em todos os
espectros. Entre 850 e 1000 cm-1 são observados 4 modos a pressão ambiente, mas com a
compressão um deles desaparece a 12,9 GPa e outro a 15,2 GPa. Os dois modos que
permanecem até 21,5 GPa apresentam descontinuidade no plot de ω vs. p, como pode ser
observado na Figura 31(b). Entre os três últimos modos desta região um único é observado
para pressões superiores a 13,9 GPa. Os valores de pressão onde as modificações foram
observadas nesta região coincidem com os valores da região anterior e podem ser
interpretados como um rearranjo molecular, reforçando nossa suposição de transições de fase
sofridas pelo cristal.
700 800 900 1000 1100 1200 1300
Inte
nsi
dad
e R
aman
Número de Onda (cm-1)
6,9
3,5
1,9
1,0
0,0
3,0
5,4
6,4
10,8
PressãoGPa
21,4
16,0
13,912,8
15,2
17,218,3
(a)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
700
800
900
1000
1100
1200
Núm
ero
de
Ond
a (
cm-1)
Pressão (GPa )
(b)
Figura 31 - Espectro Raman do ácido L-glutâmico fase β para pressão entre 0,0 e 21,4 GPa na região espectral
de: (a) 650-1250 cm-1; (b) Número de Onda vs pressão para a mesma região.
Os espectros Raman da região de alto número de onda no intervalo de pressão
entre 0,0 e 10,8 GPa são mostrados na Figura 32(a) e entre 10,8 a 21,4 GPa na Figura 32(b).
Uma banda observada em ~ 2950 cm-1 a 0,0 GPa (Figura 32(a)) está presente em todos os
Capítulo 4 Aminoácidos
78
espectros e começa aumentando sua intensidade com o aumento da pressão. Para pressões
superiores a 3,0 GPa, esta diminui de intensidade e seu número de onda apresenta uma
descontinuidade na curva do número de onda vs. pressão em 6,4 GPa (veja Figura 32(c)).
Outra observação interessante na Figura 32(a) é o comportamento das duas bandas marcadas
com asterisco. O número de onda destas duas bandas ficam muito próximos até 1,9 GPa e
para pressões superiores a 3,0 GPa seus números de ondas começam a separar, e as
intensidades delas diminuem depois de 3,0 GPa. O quarto modo desta região a 0,0 GPa está
presente em todos os espectros para pressões até 6,4 GPa. Entre 6,9 e 10,0 GPa não é visível,
mas reaparece em 10,8 GPa. O último modo é visto em todos os espectros para pressões até
10,8 GPa.
Para pressões superiores a 10,8 GPa, os espectros são mostrados na Figura 32(b).
Como pode ser visto todos os modos perdem intensidade e uma grande modificação acontece
entre 12,8 e 15,2 GPa, como observado para os modos externos. A 13,9 GPa aparece um
modo novo (marcado com uma seta) e os três modos que compõem a banda em ~3080 cm-1
apresentam descontinuidades na curva de ω vs. p desta região (veja Figura 32(c)). A 15,2 GPa
só o modo que apareceu no espectro prévio é visto em ~3020 cm-1 e um novo aparece
(também marcado com uma seta). Para pressões mais altas que 16,0 GPa é possível observar
um aumento na largura de linha do modo em ~3020 cm-1, mas com praticamente nenhuma
mudança nas intensidades de qualquer modo para pressões até 21,5 GPa. Mudanças no
número de modos e descontinuidade na curva de ω vs. p na região de estiramento do CH e
CH3, já foi relatado na literatura e pode ser interpretado como modificações conformacionais
sofridas pelas moléculas na célula unitária (11) (16) (73) (74). Nós observamos modificações
nesta região espectral entre 1,9 e 3,0 GPa, em 6,4 GPa, e entre 12,9 e 15,2 GPa. Um rearranjo
molecular pode acontecer sem mudança na simetria cristalina. Porém, as outras regiões
espectrais também apresentam modificações nos espectros nesses valores de pressão e esta
coincidência reforça nossa hipótese de transições de fase. São vistas descontinuidades no
comportamento do número de onda em função da pressão claramente na Figura 32(c).
Capítulo 4 Aminoácidos
79
2800 2900 3000 3100 3200
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
3,5
1,9
1,0
0,0
3,0
5,4
8,7
6,4
10,8
PressãoGPa *
(a)
2800 2900 3000 3100 3200
21,4
Inte
nsi
dad
e R
aman
Número de Onda (cm-1
)
10,8
18,3
17,2
16,0
12,8
13,9
15,2
PressãoGPa
(b)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
3000
3100
3200
Núm
ero
de
On
da (
cm-1)
Pressão (GPa )
(c)
Figura 32 – Espectro Raman do ácido L-glutâmico fase β para pressão entre 0,0 e 21,4 GPa na região espectral
de: (a) 2840-3250 cm-1, para pressões entre 0,0 e 10,8 GPa; (b) 2840-3250 cm-1, para pressões entre 10,8 e 21,4
GPa; (c) número de onda vs. pressão na região espectral de 2840 – 3250 cm-1 para pressões entre 0,0 e 21,4 GPa.
Capítulo 4 Aminoácidos
80
4.3.5.4 Medidas de pressão hidrostática realizada no cristal de ácido L-
glutâmico fase α
Este experimento foi realizado no intervalo de pressão de 0,0 a 7,5 GPa com três
intervalos de números de ondas, um de 15 a 1250 cm-1 outro de 1380 a 1800 cm-1 e o terceiro
entre 1750 a 3230 cm-1, a ausência dos intervalos de 1250 a 1380 cm-1 e 1750 a 2750 cm-1, se
deve ao fato de apresentar um modo do diamante no intervalo de 1250 a 1380 cm-1, que é de
grande intensidade e que inibe a visualização dos modos vibracionais da amostra em análise
nos experimentos de pressão. Para o intervalo de 1750 a 2750 cm-1, por não apresentar modos
de vibração. Para uma melhor visualização dos espectros o intervalo de número de onda 15 a
1250 cm-1 foi dividido em outros três.
As Figuras (Figura 33(a) e Figura 33(b)) mostram os espectros Raman da fase α
do ácido L-glutâmico para o intervalo de pressão entre 0,0 e 7,5 GPa e região espectral de 15 -
200 cm-1 e o plot de ω vs. p para o mesmo intervalo. Na Figura 33(a) podemos observar o
desaparecimento dos modos 1 (56 cm-1, τ(CC)) e 9 (135 cm-1, rede) entre 1,9 e 2,2 GPa. Para
este mesmo valor de pressão os demais modos sofrem uma descontinuidade nos seus números
de onda, o que pode ser observado na Figura 33(b), o que nos dá indícios de uma transição de
fase neste intervalo de pressão. Para estas mesmas figuras entre 3,3 e 3,7 GPa podemos
observar ainda o desaparecimento dos modos 4 (90 cm-1, τ(CC) ou τ(CO2-)) e 11 (155 cm-1,
τ(esq.)), o colapso dos modos 7 (115 cm-1, rede) e 8 (127 cm-1, rede) em um único modo,
dando indício da ocorrência de uma segunda transição de fase.
Para o intervalo de pressão entre 5,6 e 6,0 GPa nas Figuras, (Figura 33(a) e Figura
33(b)) temos o desaparecimento dos modos 3 (74 cm-1, rede) e 10 (146 cm-1, τ(Esq.)), o que
nos dá a sugestão de uma terceira transição. Como mencionado anteriormente para a fase β,
em geral, esse intervalo de número de onda nos dá informações sobre os modos externos ou
modos da rede. Portanto, o aparecimento e o desaparecimento bem como descontinuidades
nos números de onda dos modos nesse intervalo indicando a ocorrência de mudanças na
estrutura do material.
81
30 60 90 120 150 180 210
6.8
5.6
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
0.1
0.5
1.2
1.9
2.6
3.3
3.7
4.9
6.0
7.5
1
2
3
45
6 78
9 1011
(a)
GPa
0 1 2 3 4 5 6 7 8
60
80
100
120
140
160
180
200
Nú
mer
o d
e O
nd
a (cm
-1)
Pressão (GPa)
1
2
3
4
5
67
8
9
10
11
(b)
Figura 33 - Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 15 a 210 cm-1; (b) número de onda vs
pressão.
As Figuras (Figura 34(a) e (b)) mostram os espectros Raman com pressões entre
0,0 e 7,5 GPa na região espectral 200 e 860 cm-1 e o plot de ω vs. p para os mesmos
intervalos. Na Figura 34(a) podemos observar o desdobramento do modo 16 (438 cm-1) em
dois modos após 1,9 GPa. No trabalho de Ramirez (42), este modo, 438 cm-1, é classificado
como uma combinação de torções das unidades COOD, e CCC, por isso, nossa classificação
como δ(COOH) + δ(CCC); o efeito da pressão é a separação destes modos, ficando o de
menor número de onda classificado como δ(CCC) em 437 cm-1 (que geralmente ocorre para
valores menores que as torções da unidade COOH) ficando assim o de maior número de onda
classificado como torção do CO2-, δ(CO2
-) em 446 cm-1. Embora, seja observado apenas o
aparecimento de um modo e nenhum desaparecimento, podemos ver na Figura 34(b) as
descontinuidades do número de onda dos diversos modos. Em particular, observa-se o modo
18 (506 cm-1, δ(CO2-)) que também é uma torção da unidade CO2
-, e confirmando que tal
unidade está sendo afetada pela compressão. Para o valor de pressão entre 3,3 e 3,7 GPa não
temos desaparecimento de nenhum modo (Figura 34(a)), apenas o modo 12 (203 cm-1, τ(CO2-
)) tem uma descontinuidade significativa. Temos o aparecimento de quatro modos sendo em
Capítulo 4 Aminoácidos
82
265, 548, 587 e 723 cm-1, confirmando que para tal intervalo de pressão (3,3 - 3,7 GPa) este
material sofre uma transição de fase. Ainda nas Figuras (Figura 34(a) e Figura 34(b)) no
intervalo de 5,6 e 6,0 GPa temos o aparecimento de um modo em 218 cm-1 e o
desaparecimento de sete modos; estes são o 15 (362 cm-1, δ(CCC)), o modo de maior número
de onda resultante do desdobramento do modo 16 e que tem número de onda de 446 cm-1,
sendo classificado como δ(COOH); os modos 17 (466 cm-1, τ(NH3+)), 18 (507 cm-1,
δ(COOH)) e 19 (540 cm-1, γ(OCC)) e ainda os modos 20 (613 cm-1) e 21 (623 cm-1)
classificado como rock.(CO2). Como resultado das observações feitas neste intervalo de
número de onda para a pressão entre 5,6 e 6,0 GPa confirma-se a ocorrência da transição de
fase para tal intervalo de pressão.
200 300 400 500 600 700 800 900
6.8
5.6
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
0.1
0.5
1.2
1.9
2.6
3.3
3.7
4.9
6.0
7.5
1213
14 15 1617
1819 21
2022
23 24(GPa)(a)
0 1 2 3 4 5 6 7 8200
300
400
500
600
700
800
900
Nú
mer
o d
e O
nda
(cm-1
)
Pressão (GPa)
12
13
14
15
16
17
18
19
2021
22
23
24
(b)
Figura 34 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 200-850 cm-1; (b) número de onda
vs. pressão.
As Figuras (Figura 35(a) e Figura 35 (b)) mostram os espectros Raman para o
mesmo intervalo de pressão entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de 860 a 1250 cm-1 e o
plot de ω vs. p para os mesmos intervalos. Na Figura 35(a) em 1,9 GPa não foram observados
aparecimento e desaparecimento de modos nos espectros, apenas suaves mudanças no número
Capítulo 4 Aminoácidos
83
de onda, que é melhor visualizado na Figura 35(b). Já para a pressão entre 3,3 e 3,7 GPa
podemos observar o desaparecimento do modo 28 (1004 cm-1), que foi classificado como
estiramento do CN. Para este intervalo de pressão temos ainda o aparecimento de três modos,
sendo estes em 883, 953 e 1236 cm-1. O modo em 953 cm-1, bem como o modo em 250 cm-1,
possivelmente, estejam relacionados a diminuição das ligações CC e NH3+, respectivamente,
pois, dois modos em 947 e 247 cm-1 aparecem no espectro do ácido L-aspártico quando
deuterado para estas ligações (41) . Para o intervalo de pressão entre 5,6 – 6,0 GPa nas
mesmas Figuras, (Figura 35(a) e Figura 35(b)) temos o desaparecimento dos modos 25, 26 e
30 e de números de onda 871 (ν(CCN)), 916 ν(C-C) e 1162 cm-1 ν(C-N), respectivamente.
900 1000 1100 1200
6.8
5.6
Inte
nsi
dad
e R
aman
Número de Onda (cm-1)
0.1
0.5
1.2
1.9
2.6
3.3
3.7
4.9
6.0
7.5
2526
27 28 30 3139 GPa
(a)
0 1 2 3 4 5 6 7 8850
900
950
1000
1050
1100
1150
1200
1250
Núm
ero
de
Ond
a
(cm-1
)
Pressão (GPa )
25
26
27
28
29
30
31
(b)
Figura 35 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 860-1250 cm-1; (b) número de onda
vs. pressão.
As Figuras (Figura 36(a) e Figura 36(b)) mostram os espectros Raman para o
intervalo de pressão entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de 1380 - 1800 cm-1 e o plot de ω
vs. p para os mesmos intervalos. Na Figura 36(a) é observado o aparecimento de um modo
(indicado com uma seta) em 1414 cm-1 na pressão 1,9 GPa, bem como, mudanças no número
de onda dos modos 32, 33 e 34, Figura 36(a). Para valores de pressão entre 3,3 e 3,7 GPa
Capítulo 4 Aminoácidos
84
podemos observar o aparecimento de dois modos, (1524 cm-1 e em 1657 cm-1), além das
mudanças nos seus números de ondas, melhor observadas na Figura 36(b). No intervalo de
pressão entre 5,6 e 6,0 GPa, nas mesmas Figuras, (Figura 36(a) e Figura 36(b)) temos o
desaparecimento dos modos 33(1437 cm-1, δ(CH2)) e 36 (1679 cm-1, deformação do NH3+).
1400 1500 1600 1800
6.8
5.6
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
0.1
0.5
1.2
1.9
2.6
3.3
3.7
4.9
6.0
7.5
32
3334
3536 GPa
(a)
0 1 2 3 4 5 6 7 81400
1450
1500
1550
1600
1650
1700
Nú
me
ro d
e O
nda
(cm
-1
)
Pressão (GPa )
32
33
34
35
36(b)
Figura 36 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (g) 1380-1800 cm-1; (h) número de
onda vs. pressão
As Figuras (Figura 37(a) e Figura 37(b)) mostram os espectros Raman para o
intervalo de pressão entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de 2750 - 3230 cm-1 e o plot de ω
vs. p para os mesmos intervalos. Devido aos modos desta região coincidirem com uma banda
do nujol (Figura 38), meio hidrostático utilizado no experimento, estas figuras servirão apenas
para mostrar que tal região também sofre mudanças. Duas destas mudanças são claras: a
primeira é o desaparecimento do modo 41 (2999 cm-1, νa(NH3+)) em 1,9 GPa e a segunda é o
aparecimento de um novo modo em 3,7 GPa de número de onda 3073 cm-1, que
possivelmente seja o modo já classificado na
85
2850 3000 3150
6.8
5.6
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
0.1
0.5
1.2
1.9
2.6
3.3
3.74.9
6.0
7.5
3738
39
4041
GPa
(a)
0 1 2 3 4 5 6 7 8
2940
2960
2980
3000
3020
3040
3060
3080
3100
Nú
me
ro d
e O
nda
(cm-1
)
Pressão (GPa )
37
38
39
40
41
(b)
Figura 37 – Espectros Raman entre 0,0 e 7,5 GPa na região espectral de: (a) 2820 - 3180 cm-1; (b) número de
onda vs. pressão.
2600 2800 3000 3200 3400
Inte
nsid
ade
Ra
ma
n
Número de Onda (cm-1)
Figura 38 – Espectro Raman do óleo mineral nujol na região espectral 2500-3500 cm-1.
Capítulo 4 Aminoácidos
86
A Figura 39 mostra os espectros Raman do ácido L-glutâmico na fase α após a
descompressão; observa-se claramente que as transições de fases sofridas pelo material são
reversíveis.
0 50 100 150 200 250 300
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
Compressão Descompressão
Comp.
Descomp.
(a)
400 600 800 1000 1200
Inte
nsid
ade
Ram
an
Número de Onda (cm-1)
Compressão Descompressão
Comp.
Descomp.
(b)
Figura 39 – Espectros Raman na temperatura e pressão ambiente nas regiões espectrais de: (a) 15-300 cm-1; (b)
300- 1250 cm-1.
4.3.5.5 Comparação entre as duas fases submetidas à pressão.
Para o ácido L-glutâmico na fase α submetido à variação de pressão, temos três
transições de fases claras, estas estão assim dispostas: uma entre 1,9 e 2,3 GPa, a segunda
entre 3,3 e 3,7 GPa e uma terceira entre 5,6 e 6,0 GPa. Uma observação deve ser feita. Se
observarmos as mudanças que acontecem para a primeira transição, temos que, os modos
afetados estão principalmente relacionados às ligações que envolvem as torções do esqueleto.
Destes modos podemos destacar os modos 1 e 2 que se transformam em um, o mesmo
acontece com os modos 9 e 10 (Figura 33(a) e Figura 33(b)). Temos ainda o desdobramento
do modo 16 (Figura 34(a) e Figura 34(b)) e a descontinuidade de vários outros modos em
todas as regiões espectrais.
Capítulo 4 Aminoácidos
87
Para a fase β, temos o aparecimento de um modo em 35 cm-1 na pressão de 1 GPa
enquanto para a fase α há o desaparecimento de um modo de número de onda de 55 cm-1 em 2
GPa, e ainda o desaparecimento do modo 75 cm-1 em 1,3 GPa voltando a aparecer em 2,6
GPa para a fase β. Para a fase α há o aparecimento de um modo de mesmo número de onda,
que desaparece em 5,6 GPa. Se observarmos a região entre 15 e 400 cm-1, para as duas fases,
os modos desta região perdem intensidade com a pressão até o cristal sofrer uma transição de
fase, provocando o aparecimento de vários modos. Tais transições ocorrem em valores de
pressão bem distintas: para a fase α entre 3,3 e 3,7 GPa enquanto para a β entre 13,9 e 15,2
GPa.
O modo em 868 cm-1 para a fase β e o modo em 871 cm-1 para a α apresentam
mudanças no ω vs. p para a primeira fase enquanto para a outra temos desdobramento. Para o
modo seguinte (em~915 cm-1) em ambas as fases, temos que, para a β o mesmo permanece
em todo o intervalo de pressão (0,0 – 21,4 GPa), enquanto na fase α o mesmo desaparece e o
surgimento de um novo modo ao seu lado.
4.4 Considerações Finais
Foram aqui apresentados diversos resultados relacionados aos cristais de ácido L-
glutâmico. A primeira parte diz respeito à cristalização das duas fases do material e suas
caracterizações por difração de raios-X. Para se confirmar a existência das duas fases foram
apresentados ainda resultados de espectroscopia de infravermelho, onde é possível observar
distintos espectros para as duas fases. Também são apresentados resultados de DSC que
mostram que a fase α possui temperatura de decomposição maior que a fase β em 10 ºC e que
indicando que a fase α é mais estável em altas temperaturas. Resultados de espectroscopia
Raman, quando realizados nos monocristais, confirmam a diferença entre as duas fases,
principalmente por apresentarem diferentes vibrações na região dos modos da rede, indicando
estruturas diferentes. Quando realizadas medidas Raman no pó proveniente dos monocristais
das fases α e β observamos que a fase α é semi-induzida a fase β devido à maceração. Isto
concorda com o resultado de difração de raios-X. Em altas pressões o ácido L-glutâmico na
fase β na região espectral entre 25 e 3300 cm-1 (da pressão ambiente até 21,5 GPa) foi
investigado através de espectroscopia Raman. Modificações descritas nos modos externos
sugerem que a fase β do ácido L-glutâmico sofre quatro transições de fase neste intervalo de
pressão: a primeira no intervalo de 0,5 a 1,3 GPa, a segunda entre 2,6 e 3.1 GPa, uma terceira
entre 5,4 e 6,4 GPa, e uma última no intervalo entre 13,9 e 15,9. Modificações nos modos
Capítulo 4 Aminoácidos
88
internos como o r(CO2-), o ν(CH) e o ν(CH3) também foram observados nos mesmos valores
de pressão. Estas modificações são interpretadas como rearranjos nas moléculas e reforçam a
hipótese de transições de fase sofridas pelo cristal. Para altas pressões na fase α na região
espectral entre 15 e 3300 cm-1 (da pressão ambiente até 7,5 GPa) foi realizado um estudo
através de espectroscopia Raman. Modificações descritas nos modos externos sugerem que a
fase α do ácido L-glutâmico sofre três transições de fase neste intervalo de pressão: a primeira
no intervalo de 1,9 a 2,2 GPa, a segunda entre 3,3 e 3,7 GPa, e uma terceira entre 5,6 e 6,0
GPa. A primeira está relacionada a torções do esqueleto do material. Na segunda, as
modificações na região de mais alto número de onda, como referido anteriormente, são
interpretadas como rearranjo nas moléculas geralmente devido as modificações nas ligações
N-H e que é confirmado com o aumento do número de modos da região de alto número de
onda. Uma outra modificação que nos confirma é o aumento do número de modos de baixo
número de onda bem como pelo aparecimento de modos relacionados à diminuição das
distâncias interatômicas no cristal. Para a terceira transição de fase, temos os
desaparecimentos dos modos relacionados às ligações do esqueleto (modos entre 200 e 1200
cm-1), permanecendo os modos que apareceram na transição anterior e relacionado à
diminuição das distâncias interatômicas do esqueleto.
89
Capítulo 5
Molibidato e Tungstato de Sódio
5.1 Descrição Geral
Os molibidatos e tungstatos são materiais pertencentes ao grupo dos óxidos de
metais de transição. Este grupo de materiais tem sido largamente estudado devido às suas
diversas estruturas e propriedades físicas, tais como: transições de fase do tipo metal isolante,
condução mista, supercondutividade, expansão térmica negativa e transformações
cristalográficas (75), principalmente quando eles são submetidos à variação de temperatura e
pressão. Estes comportamentos peculiares tornam-os potenciais candidatos para aplicações
em células de eletrólitos sólidos, eletrodos de bateria, sensores de gás, fabricação de ligas,
entre outros.
Como foi dito anteriormente, estes materiais têm despertado certo interesse por
serem potenciais candidatos para condução iônica em sólidos. Um exemplo disto é o que
ocorre com os materiais que possuem fórmula química semelhante ao Sc2(WO4)3 (76), que
devido à distribuição dos octaedros de ScO6 e tetraedros de WO4, apresentam túneis largos
onde ficam alojados os cátions trivalentes, o que propicia uma boa mobilidade dos mesmos,
tornando-o um bom condutor. Outro bom exemplo, é o material Al2(WO4)3 (77), que
apresenta uma mudança de valência do íon W6+ para W5+ induzida por pressão hidrostática. A
transferência de carga resultante desta mudança provoca uma mudança no mecanismo de
condução (de iônica para eletrônica) sob altas pressões. Isto torna o Al2(WO4)3 um candidato
em potencial para uso como condutor misto em eletrocatálise e em dispositivos
eletroquímicos de alta temperatura tais como sensores, eletrodos e células eletrolíticas de
óxidos sólidos a pressões moderadas.
Outra característica muito interessante apresentada por membros da família dos
materiais molibidatos e tungstatos é a expansão térmica negativa (NTE). Este processo
consiste, em linhas gerais, na diminuição de volume com o aumento da temperatura. O
fenômeno de NTE tem sido observado em diversos materiais incluindo o NaZnTO3,
Zn2W8O12, zeólitos (silicatos hidratados de alumínio). Diversos membros da família do
Sc2(WO4)3, Al2(WO4)3 e ZrW2O8 pertencem a este seleto grupo de materiais que exibem NTE
(78) (79) (80). O fenômeno de NTE tem sido frequentemente associado ao processo de
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
90
amorfização observado em alguns materiais molibidatos e tungstatos (80) (81) (82) (83) (84)
(85).
Outro atrativo para o estudo da família de materiais molibidatos e tungstatos é a
observação de amorfização induzida por pressão hidrostática em alguns membros desta
família. A amorfização é por si só, um fenômeno físico interessante, uma vez que a ordem de
longo alcance do material é perdida no processo. Em alguns materiais a amorfização é
reversível, enquanto que em outros o processo é irreversível. Uma observação de uma fase
amorfa usando compressão estática foi observada primeiramente por Brixner (86) no
composto Gd2(MoO4)3 que pertence à família dos molibidatos.
Os compostos de molibidatos que são representados quimicamente pela fórmula
M+M3+(MoO4)2, onde M+ = Na, K, Rb, Cs e M3+ = Al, In, Sc, Cr (87) (88) (89) (90) são
materiais caracterizados pela presença de uma transição de fase ferroelástica induzida por
variação de temperatura. O KSc(MoO4)2, apresenta uma transição de fase irreversível
induzida por pressão (91). Alguns destes materiais pertencem também à importante classe dos
materiais ferroelétricos de fórmula geral (Bi2O2)(Am-1 BmO3m+1) (92). Um exemplo é o
Bi2MoO6, que apresenta transições de fases induzidas por pressão hidrostática (93).
5.2 O molibidato e o tungstato de sódio (Na2MoO4 e Na2WO4).
O tungstato de sódio apresenta muitas aplicações como o preparo de eletrodos
para eletrocatálise (94), e tecidos antichamas (95); como uma consequência, muitas
investigações como decomposição térmica (96), DSC, condutividade elétrica (97) e medidas
de espectroscopia Raman e IR (98) foram realizadas neste material.
Os materiais Na2WO4 e Na2MoO4 pertencem à classe de cristais com fórmula
geral Na2XnO3n+1(X=W, Mo) (99) (100). Estes materiais atraíram muito interesse porque eles
também exibem uma sucessão de transições de fase e um rico polimorfismo (101). As
investigações estruturais em Na2WO4 e Na2MoO4 foram feitas inicialmente por Pistorius
(101). Foi informado que o Na2WO4 exibe uma transição de fase de primeira ordem próximo
de 901 K e ainda que esta fase tinha simetria ortorrômbica, possivelmente Pnma (D2h16) (101);
mas também foi sugerida a existência de outra fase, estável entre 860,6 e 861,8 K (102).
Estudos de calorimetria do Na2MoO4 revelaram que o mesmo exibe três transições de fase nos
intervalos de temperatura 717-733, 853-865 e 910-915 K (101) (103). Nos estudos de
Pistorius, ele supõe que a 773 K a fase deveria ter uma simetria ortorrômbica, possivelmente
Pnam, como o Na2WO4 acima de 901 K. Embora esta seja uma possibilidade, a verdadeira
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
91
fase no intervalo de 717-853 K para Na2MoO4 não foi estabelecida. Recentemente, Bramik et.
al. (104) informou que o padrão de difração de raios-X desta fase não pudesse ser indexado;
entretanto, Mudher et. al. (103) indexou o padrão em uma estrutura do tipo ortorrômbica.
Porém, os parâmetros de rede estabelecidos por Mudher et. al. (103), seriam bastantes
diferentes daqueles informados por Pistorius (101) e a simetria do grupo pontual não foi
proposta. A fase de mais alta temperatura é hexagonal, P63/mmc (D6h4) (103) (104), enquanto a
fase estável no intervalo 853-910 K é ortorrômbica, Fddd (D2h24) (103) (104).
Espectros Raman com variação de temperatura do sistema Na2WO4 não tinham
sido obtidos, enquanto que para o Na2MoO4 só foram obtidos espectros Raman até 803 K. O
estudo de espalhamento Raman mostrou que a segunda fase do cristal de Na2WO4 não pode
ser comparada com a simetria ortorrômbica (Pnma (D2h16)) (segunda fase do Na2MoO4) como
foi proposto por Pistorius a 773 K, mas com a terceira fase do Na2MoO4, no intervalo de 853-
910 K, sendo esta ortorrômbica, Fddd (D2h24) (103) (104). Bottelberghs El. al., (97) informou
transições em altas temperaturas em Na2WO4 e Na2MoO4. Os autores estabeleceram a
simetria da fase observada no intervalo 673-863 K como ortorrômbica Fddd (D2h24) (97).
No estudo Raman dependente da temperatura do material Na2MoO4 (105) não foi
observada uma das fases deste material. Este trabalho teve como objetivo o estudo dos modos
vibracionais de ambos os materiais, das transições de fase dos mesmos e uma melhor
descrição do Na2MoO4. Para altas temperaturas, os sistemas Na2WO4 e Na2MoO4 revelaram
mudanças drásticas nos espectros Raman que indicam transições de fase de primeira ordem.
Os espectros Raman exibem o desdobramento de vários modos que indicam naquela
temperatura uma transição de fase caracterizada pelo abaixamento da simetria. O estudo
Raman dependente da temperatura no Na2MoO4 foi feito para a comparação das mudanças
estruturais que acontecem neste material como resultado da transição de fase de alta
temperatura. Assim, o intuito deste estudo é entender melhor as propriedades vibracionais
destes materiais (Na2WO4 e Na2MoO4) com especial atenção às transições de fase induzidas
por temperatura.
5.3 Resultados e Discussão
5.3.1 Método de obtenção do Na2WO4 e Na2MoO4
O método de obtenção da fase anidra destes materiais apartir do aquecimento da
fase hidratada se deve a facilidade da realização do experimento e da maneira rápida de se
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
92
obter o material desejado, que se pode realizar juntamente com o experimento da estabilidade
do material com temperatura, ou seja, o aquecimento da a fase hidratada do material até
obtermos a fase anidra, retorna-se a temperatura ambiente de onde se dá início ao estudo com
variação de temperatura.
5.3.2 Espectroscopia Raman
À temperatura e pressão ambiente, os cristais de Na2WO4 e Na2MoO4 cristalizam-
se na estrutura Fd35m (Oh7) (98). Esta estrutura consiste em tetraedros isolados de WO4 ou
MoO4 (101) com o cristal tendo oito moléculas por célula unitária (106). A teoria de grupos
para estes cristais (Na2WO4 e Na2MoO4), no grupo espacial Fd35m (Oh7), prediz um total de 39
modos óticos e 3 modos acústicos. Os modos ópticos são distribuídos entre as representações
irredutíveis do grupo fator Oh como: A1g + Eg + F1g + 3F2g + 2A2u + 2Eu + 4F1u + 2F2u. Pela
regra de seleção apenas as representações A1g, Eg e F2g são Raman ativos e os modos podem
ser subdivididos em stretching simétrico (ν1), stretching assimétrico (ν3), bending simétrico
(ν2), bending assimétrico (ν4) e modos translacionais (T) dos WO4 /MoO4. Os Quadros
(Quadro 1 e Quadro 2) fornecem os diagramas de correlação para os íons (WO4)2- e (MoO4)
2-
nas estruturas cúbica e ortorrômbica do Na2WO4 e Na2MoO4, respectivamente.
Quadro 1 - Diagrama de correlação para os íons (WO4)2- e (MoO4)
2- na estrutura cúbica do Na2WO4 e do
Na2MoO4.
Na2WO4 / Na2MoO4
Simetria do íon livre Sítio de Simetria Simetria do grupo Fator
Td Td Oh
A1 (υ1) A1 A1g
A2u
E (υ2) E Eg
Eu
F2 (υ3, υ4, T) F2 F2g
F1u
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
93
Quadro 2 - Diagrama de correlação para os íons (WO4)2- e (MoO4)
2- na estrutura ortorrômbica (Fddd (D2h24)) do
Na2WO4 e do Na2MoO4.
Na2WO4 / Na2MoO4
Simetria do íon livre Sítio de Simetria Simetria do grupo Fator
Td Td D2h
A1 (υ1) A1 Ag
Au
E (υ2) B1 B1g
B1u
F2 (υ3, υ4, T) B2 B2g
B2u
B3 B3g
B3u
5.3.2.1 Na2WO4
A simetria para cada modo Raman ativo do Na2WO4 na fase cúbica (fase a
temperatura ambiente) foram identificados baseando-se em cálculos de dinâmica de rede
(LDC, lattice dynamics calculations) descrito por Saraiva (105) para o Na2MoO4.
Os espectros Raman do cristal Na2WO4 medidos no intervalo 8-823 K podem ser
visualizados na Figura 40. À temperatura ambiente o Na2WO4 apresenta cinco modos de
vibração localizados em 92, 312, 376, 813 e 929 cm-1. Ao aumentar a temperatura, os
espectros Raman permanecem qualitativamente os mesmos no intervalo de temperatura de 8-
823 K. Os números de ondas de todos os modos são exibidos na dependência da temperatura
onde as mudanças são relativamente fracas devido aos efeitos anarmônicos introduzidos pela
temperatura. A única exceção é o modo em 312 cm-1, que exibe uma mudança na largura de
linha. Este resultado indica que a estrutura é estável no intervalo de temperatura 8-823 K. Os
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
94
espectros Raman do Na2WO4 apresentam mudanças durante o aquecimento entre 833 e 883
K.
200 400 600 800 1000
Fase I
Fase II
Na2WO4
898K
8K
833K
612K
918K
373K
Número de Onda (cm-1)
Inte
nsi
dade
Ram
an
823K
Figura 40 – Espectros Raman do Na2WO4 para o intervalo de temperatura de 8-918 K.
Em 898 K é observada uma nova fase; as mudanças no espectro Raman são muito
claras, i.e., as mudanças abruptas nos espectros Raman indicam que o Na2WO4 sofre uma
transição de fase de primeira ordem da estrutura cúbica para a estrutura ortorrômbica (103)
(104). O aparecimento de vários modos nos espectros Raman do Na2WO4 é mostrado na
Figura 40 (para T> 853 K), onde o novo modo Raman que surgiu abaixo de 100 cm-1 é o
principal indicativo da nova fase. Estes modos que surgem podem ser interpretados como
resultado da significante distorção e o aumento da força de interação entre os tetraedros
WO42-.
Analisando os espectros Raman em função da temperatura, é possível perceber
que as principais mudanças observadas podem ser entendidas se for produzido o gráfico do
número de onda dos modos em função da temperatura (T) (Figura 41). A dependência do
número de onda dos modos com a temperatura (dw/dt) na fase cúbica foi fitada com a
expressão abaixo, que mostra a dependência dos fônons (107):
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
95
� = �6 + � 71 + 8 9� :; + < 71 + �
=� : + �� =�:�>; Eq. 7
onde TK
xB20ωh
= , TK
yB30ωh= , ћ é a constante de Planck dividida por 2π e KB é a constante de
Boltzmann. As constantes ω0, α e β são listado na Tabela 5. Os parâmetros ωo, α e β são
constantes obtidas ajustando os dados experimentais. Os modos da fase ortorrômbica foram
fitados com uma equação linear.
0 200 400 600 800 850 900
100
200
300
400
800
850
900
950
Na2WO4
Fas
e IIN
úmer
o de
Ond
a (c
m-1)
Temperatura (K)
Fas
e I
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(l)
Figura 41 – Número de Onda vs. temperatura para os modos stretching, bending e da rede do cristal de Na2WO4.
As linhas sólidas são os fits dos dados experimentais com a equação 8 e � = �6 + ��, para a fase cúbica (fase
I) e ortorrômbica (fase II), respectivamente.
5.3.2.2 Na2MoO4
Uma discussão completa sobre a estrutura e as propriedades vibracionais do
Na2MoO4 foi descrita por Saraiva (105). Neste prévio trabalho, os espectros Raman
dependentes da temperatura foram obtidos no intervalo de temperatura de 15-803 K.
Verificou-se como consequência do estudo neste intervalo de temperatura a impossibilidade
de se observar duas transições de fase em 823 e 943 K, como pode ser visto na Figura 42.
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
96
200 400 800 900 1000
Fase IV
Fase III
Fase II
Na2MoO
4
Fase I
Número de Onda (cm-1)
943K
823K
863K
913K
783K
Inte
nsid
ade
Ram
an
763K
Figura 42 – Espectros Raman do Na2MoO4 para as quatros diferentes fases no intervalo de temperatura 763-943
K.
As características principais dos espectros Raman do Na2MoO4 no intervalo de
783-803 K estão ligados com os grupos (MoO4)2- do molibidato que são parcialmente
desordenados, o que pode ser inferido pelo aumento da largura dos modos envolvidos destes
grupos. O aumento dos números de onda observados nos espectros indica que as ligações do
Mo-O são encurtadas na fase ortorrômbica quando comparada com a fase cúbica. Os
espectros Raman em alta temperatura do Na2MoO4 no intervalo de 823-913 K de temperatura
é compatível com leves rotações dos tetraedros (MoO4)2-, e que afeta as vibrações do tipo
stretchings entre os tetraedros, aproximando a ligação do Mo-O conduzindo a estrutura a uma
fase de alta simetria.
Para o Na2MoO4, a fase estável no intervalo de 823-913 K produz espectros
Raman semelhantes aos espectros da segunda fase do Na2WO4. A Figura 43 mostra a
semelhança dos espectros Raman de ambos os cristais (Na2WO4 e Na2MoO4). Como a
segunda fase do Na2WO4 foi determinada nas Ref. (97) e (104) como sendo de simetria
ortorrômbica e pertencente ao grupo Fddd (D2h24), é possível entender pela semelhança dos
espectros em nosso estudo que a terceira fase do Na2MoO4 pertence à mesma simetria do
Na2WO4 na segunda fase.
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
97
200 400 800 900 1000
Na2WO
4 Fase II
Número de Onda (cm-1)
Na2MoO
4 Fase III
918K
823K
908K
898K
913K
Inte
nsi
dad
e R
am
an
863K
Figura 43 – Espectros Raman da segunda fase do tungstato e da terceira do molibidato para observação da
semelhança.
As Figuras (Figura 40 e Figura 42), mostram o aparecimento de vários novos
modos nos espectros Raman dos cristais de Na2WO4 e Na2MoO4. Estes modos podem ser
interpretados como resultado das significantes distorções e do aumento da interação entre os
respectivos tetraedros (WO42- e MoO4
2-) do tungstato e molibidato. Os cristais cristalizam-se
na mesma estrutura quando a temperatura ambiente e evolui para fases diferentes com a
variação da temperatura. A observação do modo v1 para os dois materiais na estrutura cúbica
pode ser relacionados em ambas as unidades WO4 e MoO4 cristalograficamente
independentes nos cristais. No artigo de Saraiva (105) foi concluído que na primeira transição
de fase no cristal de Na2MoO4 a separação do modo v3 em três é consistente com a suposição
da diminuição de simetria cúbica para ortorrômbica. Neste caso, a tríplice degenerescência do
modo F2g deveria dividir-se em três. Estes três modos estão presentes na terceira fase do
Na2MoO4 e na segunda fase de Na2WO4, respectivamente, mas agora estes modos estão
relacionados com os modos B1g + B2g + B3g, da simetria Fddd (D2h24) (Quadro 2).
.
.
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
98
Tabela 5 – Modos vibracionais observados para os sistemas cúbico e ortorrômbico na fase II, para o Na2WO4,
junto com vibrações baseadas no LDC do Na2MoO4.
IR
(Fase I)
ωobs
Raman
(Fase I)
ωobs
Raman
(Fse I)
ωo / α / β
Raman
(Fase II)
ωo /γ
Classificação dos modos
(f) 61 / -0.039 T(Na) diagonal
93 (a) 94 / -0.008 / 0.0002
T(WO4)(x,y,z)
312 (b) 314 / -0.071 / 0.0011
ν2 (MoO4)
320 ± 10 (g) 328 / -0.01
(h) 365 / 0.00
373 (c) 377 / -0.134 / -0.0004
ν4 (MoO4)
813 (d) 813 / -0.166 / -0.0157
ν3 (MoO4)
(i) 822 / -0.01 ν3 (MoO4)
835
(j) 847 / 0.003 ν1 (MoO4)
928 (e) 930
0.133 / -0.0193
(l) 927.0
0.133 / -0.019
ν1 (MoO4)
.
.
.
.
.
.
Capítulo 5 Molibidato e Tungstato de Sódio
99
5.4 Considerações Finais
As notáveis semelhanças e diferenças entre os espectros Raman do Na2WO4 e do
Na2MO4 nos permitem construir uma comparação interessante entre estes compostos desde a
temperatura ambiente até altas temperaturas. As características principais dos sistemas
isoestruturais são:
• Na fase cúbica, para ambos os cristais, todos os modos diminuem seus números
de onda com o aumento da temperatura (a derivada da temperatura dw/dT <0);
• Esta dependência dos números de onda dos modos com a temperatura na fase
cúbica era esperada devido à anarmonicidade dos fônons; esta diminuição do
valor do modo pode ser observado na equação 6;
• Ambos os cristais exibiram uma transição de fase de primeira ordem, da estrutura
cúbica para estrutura ortorrômbica Fddd (D2h24);
• Os modos do tipo stretching passam a ter número de onda mais alto;
• A largura de todos os modos Raman aumenta significativamente;
• Ocorre quebra de degenerescência na maioria dos modos Raman;
• Todas as transições de fase são completamente reversíveis.
100
Capítulo 6
Óxidos nanoestruturados
6.1 Descrição Geral
Os materiais inorgânicos de alta área superficial têm atraído grande atenção em
diversas áreas, tais como catálise heterogênea, adsorção, detecção de gás, e aplicações
biomédicas (108) (109). A nanomoldagem é uma estratégia para a produção de materiais
inorgânicos de alta área superficial e consiste na inserção de precursores metálicos nos
mesoporos da sílica dissolvida em soluções alcoólicas ou aquosas, seguido da evaporação do
solvente (108). O resultante composto pode ser preparado através de uma simples mistura
física dos precursores com sílica mesoporosa (precursores sólido-líquido) (108) (109) (110)
ou decomposição térmica. Durante o aquecimento do precursor, este último penetra nos
mesoporos da sílica através de um capilar e se decompõe em altas temperaturas para formar o
óxido metálico (108), de acordo com o esquema apresentado na Figura 44:
Figura 44 - Representação esquemática da formação de nanoestruturas e nanopartículas via nanomoldagem,
utilizando-se qualquer direcionador duro (molde) (111).
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
101
A etapa do processo de nanomoldagem acima referido pode fornecer
nanopartículas ou nanoestruturas (112). Além disso, os subprodutos como resíduos dos
precursores inorgânicos geralmente deixam os materiais produzidos na fase gasosa. Se a taxa
de inserção dos precursores é alta o suficiente durante o processo de aquecimento, os
nanocristais podem interliga-se e formarem uma estrutura contínua (108) (109) (110) (112).
Após a remoção do silicato mesoporoso, as nanopartículas ou mesoestruturas são copiadas do
molde, e são obtidas réplicas dos mesmos. O referido método pode ser aplicado ao carbono
mesoporosos e/ou uma mistura de carbono e sílica (108). Especificamente para a catálise,
essas elevadas áreas superficiais dos materiais inorgânicos são altamente desejáveis devido a
maior exposição dos sítios ativos. Neste contexto, os óxidos que possuem estas características
são apropriados para a conversão do glicerol.
O glicerol é um triálcool, matéria-prima importante para a produção seletiva de
produtos químicos de valor agregado e seus intermediários, tais como a acroleína e 1-
hidroxicetona (113) (Figura 45). A acroleína destina-se a produção de ácido acrílico enquanto
que a 1-hidroxicetona destina-se a produção de solventes e umectantes; os propanadióis são
destinados a formação de polímeros e resinas. Por exemplo, o glicerol pode ser desidratado e
formar acroleína e 1-hidroxicetona, sobre uma variedade de catalisadores, tais como sulfatos,
fosfatos, óxidos, ácido nióbico, heteropoliácidos e zeólitas (113) (114) (115) (116) (117)
(118) (119) (120). Para a desidratação em 1-hidroxicetona é conduzido sobre catalisadores
sólidos básicos (118) (119). No entanto, ao usar estes catalisadores sinterizam ou sofrem, o
processo de deposição excessiva de carbono (coqueamento), as partículas ou lixiviação dos
sítios ativos no meio reacional (115) (116) (117) (118) (119) (120) (121).
Figura 45 – Desidratação do glicerol em acroleina e em 1-hidroxiacetona.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
102
No caso das nanopartículas, a relação da área específica e volume são tão grandes
que o número de átomos na superfície nas regiões cristalinas é comparável àquelas situadas na
rede. Como uma consequência, as nanopartículas, como catalisadores modernos, podem ser
espécies ativas na catálise (122). É conhecido que as atividades catalíticas das partículas
metálicas suportadas são fortemente dependentes do tamanho e da forma das partículas.
Catalisadores em forma de nanopartículas são altamente ativos, uma vez que as superfícies
das partículas estão disponíveis para a transformação do glicerol.
Os sólidos nanoestruturados tem se configurado como arranjos estáveis para
aplicações catalíticas (123), comparando-as com as nanopartículas. Assim, a obtenção de
nanoestruturas possibilita o confinamento de reagentes no interior dos poros dos sólidos para
a posterior conversão de reagentes em produtos, logo, os óxidos nanoestruturados
comportam-se como reatores catalíticos.
Como alternativa para a conversão do glicerol, os óxidos que possuirem alta
atividade e maior estabilidade são catalisadores adequados e podem superar o problema da
sinterização de partículas. Óxidos nanomoldados, desta forma, poderiam fornecer maiores
superfícies externas e encurtar as distâncias de difusão nos canais das partículas, facilitando o
acesso aos sítios ativos e reduzindo a desativação (124) (125) (126) (127) (128). Há alguns
trabalhos sobre a melhoria das propriedades catalíticas de óxidos nanocristalinos, como uma
maior seletividade em reações catalíticas e diminuição da formação de coque em relação aos
óxidos convencionais de CeO2, TiO2 e ZrO2 (129) (130) (131). No entanto, até agora, as
investigações sobre o desempenho destes catalisadores nanomoldados na desidratação do
glicerol é escassa, embora se espere propriedades superiores destes materiais em relação aos
óxidos tradicionais com tamanhos maiores de cristal.
6.2 Propriedades Físico-químicas dos Óxidos
6.2.1 Óxido de Titânio
O dióxido de titânio (Titana - TiO2) é um sólido branco muito estável na
temperatura ambiente, é anfótero e insolúvel em água; no entanto, dissolve-se tanto em ácido
como em base. Ocorre principalmente nas fases rutilo (tetragonal), que é a única fase estável,
a fase anátasio (tetragonal) e brookita (ortorrômbica), que são fases metaestáveis
transformando-se irreversivelmente a rutilo sob aquecimento (122).
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
103
O dióxido de titâna tem sido estudado nas reações de acoplamento oxidativo do
metano, oxidação parcial de metano, oxidação, hidratação e hidrocarbonetos (122).
Comercialmente a fase mais empregada é a anátase, por possuir uma área superficial
específica superior à da fase rutilo. Entretanto, em alguns casos, o rutilo apresenta melhores
resultados, como suporte, comparando-o com a fase anátase (122).
A forma anátase pode ser convertida por síntese hidrotérmica em nanotubos
inorgânicos (125) e nanofitas de titânio, tem interessantes potenciais como suportes catalíticos
e fotocatalisadores. O dióxido de titâna, TiO2, especialmente na forma anátase, é um
fotocatalisador sob luz ultravioleta (UV). Recentemente, foi encontrado que a titana, quando
enriquecida com íons de nitrogênio ou dopados com óxido de metal como o trioxido de
tungstênio, também é um fotocatalisador sob luz visível ou UV. Destaca-se que a titana é um
óxido não estequiométrico, possuindo excesso de átomos de oxigênio, isto permite uma maior
variedade de estruturas deste material, a depender do método de preparação (123).
6.2.2 Óxido de Zircônio (ZrO2)
O óxido de zircônio (zircônia) tem sido estudado extensivamente como
catalisador e suporte catalítico, isso, devido à sua característica anfótera dos grupos hidroxilas
da superfície e sua estabilidade térmica (122). Ocorre geralmente na forma de pó branco,
conhecido como zinco branco. O óxido de zinco cristalino é termocrômico, passando de
branco para amarelo quando aquecido, revertendo para o branco quando resfriado.
O ZrO2 cristaliza-se em três formas: monoclínica, tetragonal e cúbica. A fase
cúbica não tem simetria de inversão que confere o caráter de piezoeletricidade ao referido
óxido. Esta propriedade torna um importante material para muitas aplicações, que exigem
uma grande eletromecânica de acoplamento.
A estabilidade da zircônia foi ativamente investigada como um condutor de íons
para a aplicação em sensores de oxigênio e células de combustíveis de óxidos sólidos (132).
Quando é usada como suporte, é observada uma melhor atividade e seletividade que suportes
convencionais. Uma recente aplicação do óxido de zircônia refere-se aos sólidos superácidos,
que é um potencial catalisador para as reações de dimerização de olefinas leves assim como
na alquilação (122).
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
104
6.2.3 Óxido de Cério (CeO2)
O óxido de cério ou céria é um óxido de metal terra rara. É um pó branco-
amarelado obtido pela calcinação do oxalato de cério ou hidróxido de cério. É ligeiramente
higroscópico e também pode absorver uma pequena quantidade de dióxido de carbono da
atmosfera (133). O cério pode existir nas formas, Ce2O3, mas a fase CeO2 é a mais estável à
temperatura ambiente e sob condições atmosféricas.
Embora seja transparente à luz visível, absorve radiação ultravioleta fortemente,
portanto, é um substituto em potencial dos óxidos de zinco e dióxido de titânio em protetores
solares, já que tem menor atividade fotocatalítica. O uso de nanopartículas de TiO2 e ZnO,
que podem penetrar o corpo e atingir órgãos internos, tem sido criticado como inseguros
(134).
Na forma dopada, a céria é um material que pode ser usado em células a
combustível de óxido sólido (SOFCs) por causa de sua alta condutividade iônica (nos átomos
de oxigênio se movem facilmente através dele) em temperaturas intermediárias (500 - 800 °
C). A céria também apresenta alta condutividade eletrônica em baixas pressões (132).
Sob as condições de redução, uma grande quantidade de vacância de oxigênio
pode ser formada no material, reduzindo-o de Ce4+ para Ce3+. Óxidos nestas condições
aumentam a condutividade eletrônica do material. Sabe-se que a céria tem a capacidade de
promover a dispersão dos metais na superfície, bem como apresenta a propriedade de alternar
entre os estados Ce3+ (estável) e Ce4+ para proporcionar estabilidade térmica ao catalisador
(135).
A céria tem sido usada em conversores catalíticos em aplicações automotivas.
Sua associação com outros catalisadores, pode reduzir efetivamente a emissões de NOx, bem
como converter o prejudicial monóxido de carbono ao menos nocivo dióxido de carbono. A
céria é interessante para a conversão catalítica porque tem sido demonstrado que a sua adição
é comparativamente mais barato que outros óxidos e pode permitir uma redução substancial
na quantidade de platina (usada como catalisador) necessária para a oxidação completa do
NOx e outros produtos nocivos da combustão incompleta.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
105
6.3 Resultados e Discussão
6.3.1 Método de obtenção dos óxidos
Os óxidos em estudo foram preparados através da técnica de nanomoldagem que é
uma estratégia para a produção de materiais inorgânicos de alta área de superfície e consiste
na inserção de precursores metálicos, dissolvidos em solução aquosa, nos mesoporos da sílica,
conforme descrito no cap. 3, item 3.1.3. Para os óxidos desta tese foi utilizado à sílica
mesoporosa SBA-15 como molde (direcionador duro) dissolvido em soluções alcoólicas ou
aquosas através da mistura física dos precursores com a referida sílica mesoporosa, seguido
da evaporação do solvente (108) (109) (110). Após a utilização do molde, a síntese do
material é efetuada através da remoção do direcionador duro, por via ácida ou básica, seguida
de calcinação e o produto inorgânico é obtido, com propriedades texturais e morfológicas
semelhantes aquelas do sólido poroso que lhe deu origem (124) (125). Durante o aquecimento
do precursor inorgânico na sua temperatura de fusão, ele penetra nos mesoporos da sílica
através de ação capilar e se decompõe em altas temperaturas para formar o óxido metálico
(108). Na Figura 46 apresentamos um esquema do processo de nanomoldagem que pode
formar nanopartículas ou nanoestruturas.
Figura 46 - Mecanismo de nanomoldagem para obtenção de óxidos nanoestruturados SnO2-TiO2, utilizando-se
como direcionador duro à sílica SBA-15 (123).
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
106
Basicamente, o processo da nanomoldagem compreende três etapas: i) Infiltração
do direcionador com uma solução contendo os precursores dos compostos inorgânicos; ii)
Tratamento térmico, sob uma atmosfera controlada do direcionador impregnado para
converter o precursor infiltrado no material inorgânico e iii) remoção do direcionador.
Além disso, esta estratégia sintética claramente sugere que a estrutura dos
compostos inorgânicos sintetizados pode ser adaptada dependendo do tamanho dos poros do
direcionador selecionado. A sílica, SBA-15, utilizada possui poros entre 50 – 150 nm (124).
Previamente, vários moldes como nanotubos de carbono, sílica porosa, materiais
nanoestruturados da família M41s (MC<-41, MCM-48) e SBA-15 foram testados (124).
Observa-se que a SBA-15 foi o melhor molde devido a acessibilidade dos precursores
inorgânicos aos seus poros bidimensionais que resultou em uma maior infiltração dos
precursores inorgânicos.
Os catalisadores de óxido foram sintetizados de acordo com o método de
nanomoldagem, descrito anteriormente, utilizando uma fonte metálica (Ce(NO3)3.6H2O,
ZrOCl2.8H2O, Al(NO3)3.9H2O, ou Ti(BuO)4, todos da Sigma-Aldrich) e um modelo rígido de
sílica mesoporosa citada anteriormente. Obteve-se óxidos de CeO2, ZrO2, TiO2 e o óxido
binário CeO2-ZrO2 abreviados por Ce, Zr, Ti e CeZr, respectivamente.
6.3.2 DRX
Como referido no item anterior, vários moldes tais como SBA-15, nanotubos de
carbono, entre outros foram testados como direcionador duro. Neste trabalho, a SBA-15 foi
escolhida devido a melhor qualidade dos óxidos gerados por este molde, em termos de
cristalinidade. Tanto a sílica porosa quanto os nanotubos de carbono estudados são amorfos
ao DRX (Figura 47). As peneiras moleculares MCM-41, MCM-48 e SBA-15 são silicatos
semicristalinos com paredes amorfas, conforme mostram os difratogramas em baixos ângulos
(Figura 47). Adicionalmente, as reflexões (100), (110) e (200) nos padrões de difração são
relativos ao grupo espacial P6mm (hexagonal) da SBA-15 (124).
Os padrões de difração dos óxidos obtidos em altos ângulos, mostraram que a
largura de linha dos picos dos monóxidos de cério (Ce), titânio (Ti), zircônio e o misto cério e
zircônio (CeZr) aumentaram, indicando o pequeno tamanho dos cristais destes sólidos (Figura
47).
Além disso, as posições angulares das linhas de difração de 2θ = 28,5, 33,4, 47,6 e
56,5 para a amostra Ce foram similares ao da fase CeO2 com estrutura da fluorita (Joint
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
107
Committee on Powder Diffraction Standards -JCPDS no. 43-1002) (129) (136) (137) (138). A
amostra Zr apresentou uma mistura das fases ZrO2 tetragonal e monoclínica (JCPDS no. 34-
1484), em concordância com trabalhos anteriores (125).
Figura 47 - (a) Difratogramas de raios-X dos moldes usados para obtenção dos óxidos nanoestruturados. (b)
Difratogramas de raios-X em alto ângulo dos monóxidos sintetizados. (c) Difratogramas de raios-X em baixo
ângulo das amostras Ce, Ti, Zr e CeZr.
A amostra Ti mostrou picos de difração do TiO2 nas fases rutilo (JCPDS no. 21-
1276) e anátase (JCPDS no. 21-1272) (125) (138). A amostra CeZr apresentou os picos
característicos dos óxidos CeO2, ZrO2 e Ce0.8Zr0.2O2, o que sugere que o ion Zr4+ substitui as
vacâncias octaédricas da céria para formar um oxido duplo (137). O tamanho médio dos
cristais sugeriu a formação de nanopartículas (2–21 nm), com tamanho insuficiente para
formar picos nítidos nos difratogramas de raios-X de Ce, Zr e Ti, de acordo com a Tabela 6.
2 4 6 8 10
30 504020 60
MCM-41
Silica porosa
Carbono
2θ (graus)
Inte
nsi
dade
(u.a
)
MCM-48
SBA-15
2θ (graus)
Inte
nsid
ade
(u.a
)
(a)
2 4 6 8 10
Ce
Ti
CeZr
Zr
Inte
nsi
dade
(u.a
)
2θ (graus)
(c)
Inte
nsid
ade
(u.a
)
CeO2
#ZrO2
TiO2anatase¤TiO2rutilo
#
�
20 30 40 50 60 70 802θ (graus)
Ce
Zr#
# #
•
·
·
CeZr
Ti
¤¤ ¤
¤
¤ ¤
·
# ∆
∆ Ce0,8Zr0,2O2
♦ ZrO2 tetragonal
♦♦ ♦
•
••
••
•
�
�� �
�
�
♦
♦
•
monoclínica
•
••
(b)
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
108
Por outro lado, a cristalização da amostra CeZr formou grandes cristais de tamanho médio de
21.4 nm.
Tabela 6. Composição química, tamanho do cristal e análises de XPS dos sólidos.
Amostra Composição Químicaa (m/m) Razão Db (nm)
BE (e.V)c
Ce Ti Zr Si Ce 3d Ti 2p Zr 3d
Ce 34,2 901,8
882,0
920,0
Ti 34,8 459,0
465,0
472,0
Zr 33,9 182,1
184,1
CeZr 22,7 2,3 15,4 1,6 21,4 901,8
882,0
920,0
a ICP-OES b Tamanho dos cristais a partir de DRX. c Análises de XPS
6.3.3 Análise química e XPS
Os resultados de análise química do teor dos metais para os monóxidos são
mostrados na Tabela 6. Os teores de cério, titânio e zircônio nas amostras Ce, Ti e Zr, através
da análise de ICP-OES foram semelhante à composição teórica (ou seja, 35% em peso),
significando que os metais não foram lixiviados, após a remoção do molde de sílica, exceto
para CeZr. A inserção dos precursores Ce e Zr no interior do mesoporos tubular da sílica
mesoporosa SBA-15 resultou em menor teor de metais na amostra CeZr (Tabela 6). De
acordo com os resultados de análise química, a amostra CeZr apresentou a seguinte
composição: Ce0.8Zr0.2O2. Além disso, a razão molar Ce/Zr igual a 1,6, conforme determinado
pela análise de ICP-OES, diferiu significativamente da razão molar teórica (Ce/Zr igual a 1),
provavelmente devido à lixiviação da solução de zircônio.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
109
A composição superficial dos sólidos através das análises de XPS revelou que a
razão atômica Ce/Zr de aproximadamente 0,003 foi menor que os valores nominais, o que
confirmou a existência de uma superfície rica em aglomerados de CeO2. Essa observação
pode ser explicada pela capacidade de compostos binários de cério em formar agregados
(139), em concordância com os tamanhos maiores de cristal de CeZr (análise de DRX).
As medidas de XPS (Figura 48) para a amostra Ce revelaram os valores de
energia de ligação de 901,8 (Ce4+), 882 e 920 eV (Ce3+), o que sugere a presença de íons de
cério em ambas as posições intersticial e extra rede (129). O subnível 3d (Ce) foi
deconvoluído nos componentes 3d5/2 e 3d5/2, devido ao acoplamento spin-órbita do Ce4+. As
energias de ligação do Zr 3d 5/2 e Zr 3d 5/2 foram 182,1 e 184,1 eV, respectivamente. Estas
ilustraram a presença de Zr4+ (140). A amostra Ti apresentou energias de ligação em 459, 465
e 472 eV (Tabela 1), que foram atribuídos a espécies Ti4+ (140). No caso de CeZr, a
variabilidade da energia de ligação pode ser atribuída à difusão de espécies de oxigênio
intersticial e às vacâncias geradas por Ce4+ e Zr4+ (139) (140).
Figura 48 – Espectros XPS das amostras Ce, Zr, Ti e CeZr que mostram as linhas do Ce 3d, Zr 3d, Ti 2p e CeZr
ao Ce 3d, Zr 3d, O 1s e Si 2p.
870 880 890 900 910 9208000
10000
12000
14000
Ce 3d3/2
Energia de ligação (e.V)
Ce Ce 3d5/2
Inte
nsid
ade
(u.a
) (a)
Energia de ligação (e.V)
450 460 470 480
10000
20000
30000
Inte
nsid
ade
(u.a
) Ti 2p3/2
Ti 2p1/2
Ti 2p1/2
Ti(c)
176 178 180 182 184 186 188 190
2000
4000
6000
8000 Zr
Energia de ligação (e.V)
Zr 3d3/2
Zr 3d5/2
Inte
nsid
ade
(u.a
) (b)
100 200 300 400 500 600 7008009000
10000
20000
30000 /
O1s
O1s
O1s
Si 2p
Energia de ligação (e.V)
Inte
nsi
dad
e(u
.a) CeZr
Ce 3d5/2
Ce 3d3/2
Zr 3d5/2
(d)
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
110
6.3.4 Espectroscopia Raman
A comparação dos dados obtidos a partir de DRX e Raman (Figura 49)
confirmaram a presença das fases relativas aos materiais. Por exemplo, a amostra Ce
apresentou bandas pouco intensas em 307, 323, 659, e 704 cm-1, e as bandas menos intensas
em 463, 478, e 525 cm-1. Todas as bandas foram devido ao modo F2g Raman ativos da
estrutura cúbica da fluorita CeO2 (141). As bandas em 525 e 659 cm-1 foram relacionados ao
modo longitudinal óptico, que é associado com vacâncias de oxigênio na rede CeO2 (141). O
Zr exibiu bandas em 153 e 354 cm-1 (Figura 49), o que correspondeu ao ZrO2 monoclínico,
enquanto bandas em 117, 650, 709 e 774 cm-1 foram atribuídos ao ZrO2 monoclínico e
tetragonal, as quais foram claramente identificados pelos resultados de DRX.
Figura 49 - Espectros Raman dos óxidos.
Ti
100 200 300 400 500600 700 800
CeZr
Número de onda (cm-1)
Ce
Inte
nsid
ade
Ram
an (
u.a)
100 200 650 700 750 800
117
650 Zr
Inte
nsi
dade
Ram
an (u
.a)
153 35
4
709
774
Número de onda (cm-1)
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
111
O espectro de Ti exibiu bandas em 275, 442, 620, e 785 cm-1 atribuídas a TiO2
(138). O composto CeZr mostrou bandas associadas a ambos os óxidos de CeO2 e ZrO2 em
115, 321, 523 e 655 cm-1 (138) (142). Além disso, as bandas de 78, 197, 270 e 614 cm-1
corresponderam a fase Ce0.8Zr0.2O2, conforme observado anteriormente (142) e sugerido por
DRX. Infere-se, ainda, que provavelmente a banda na faixa de 478-480 cm-1 nos sólidos a
base de cério pode ser atribuída à sílica residual amorfa, obtida a partir do molde (SBA-15).
Esta sílica restante foi confirmada pela análise de ICP-OES na amostra CeZr, perfazendo 10%
do total do sólido. Este resultado indicou que os sólidos não foram réplicas perfeitas do
molde. A espectroscopia Raman confirmou os resultados de DRX e permitiu informações
adicionais sobre as vibrações da estrutura relativas às fases dos óxidos. Os espectros Raman
das amostras são mostrados na Figura 49.
6.3.5 MEV e TEM
As análises de MEV-EDX dos monóxidos obtidos revelaram que as amostras
consistem em agregados de pequenas partículas esféricas, possuindo tamanho entre 20-50 nm.
As amostras Ce e Zr apresentaram nanocristais de CeO2 e ZrO2, respectivamente (ver Figura
50). As nanopartículas de titânio (Amostra Ti) são esféricas e estão homogeneamente
distribuídas na superfície do sólido, em concordância com os resultados de XPS.
Adicionalmente, estas partículas assemelham-se a uma nanoestrutura, como mostra a imagem
de MET (Figura 51). Em contraste, CeZr mostrou uma homogeneidade na distribuição Ce e
Zr, revelando um excesso de Ce e Si em algumas áreas (este último resultante da remoção
incompleta do molde).
112
Figura 50 - Micrografia de MEV-EDX dos monóxidos.
Figura 51- Imagem de MET (TEM) da amostra Ti.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
113
Estes dados corroboram com os resultados de DRX, XPS e espectroscopia Raman
que sugeriram formação de materiais nanoestruturados (nanopartículas e nanoestruturas) com
distintas fases e características estruturais únicas para cada monóxido ou óxido binário. A fase
Ce0.8Zr0.2O2, foi imperativamente identificada através de modos característicos apresentados
no espectro Raman. Logo, o seguinte protocolo pode ser sugerido: (i) monóxidos constituídos
por CeO2, ZrO2 ou TiO2 compõem nanopartículas devido a menor quantidade dos precursores
inseridos nos poros da SBA-15. Altas quantidades de precursores e/ou uso de moldes com
poros menores ou unidimensionais formam materiais amorfos aos DRX. (ii) Óxidos binários
obtidos pelo mesmo método geram nanoestruturas que apresentam fases tais como CeO2-ZrO2
e Ce0.8Zr0.2O2 devido ao menor espaço no interior dos poros da sílica; isto confere uma maior
interação entre Ce, Si, e Zr, produzindo materiais distintos.
Figura 52 - Micrografia de MEV-EDX dos óxidos binários.
6.3.6 Propriedades texturais
As propriedades texturais dos sólidos (área superficial, volume e diâmetro de
poros) são mostradas na Tabela 7. A isoterma do tipo IV obtida para a amostra Ti confirmou
as características dos sólidos mesoporosos (Figura 53). Todos os monóxidos exibiram esta
característica possuindo elevadas áreas superficiais, volume e diâmetro de poros maiores do
que os óxidos tradicionais (141) (142) (143). Por exemplo, o Ti possui área superficial de 402
m2 g-1, volume de poros de 1,25 cm3 g-1 e um diâmetro médio de poro de 86 Å. Esses valores
foram maiores do que um óxido TiO2 convencional (138), devido ao processo de
nanomoldagem.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
114
Nota-se que tanto Ce e Zr (Tabela 7) apresentaram propriedades características de
óxidos mesoporosos e morfologia da sílica SBA-15 (124), confirmando que tais óxidos são
réplicas inversas da SBA-15. Além disso, devido à forte interação entre TiO2, CeO2, ou ZrO2
com a SiO2, as nanopartículas foram produzidos após a remoção do modelo de sílica, como
observado por MEV-EDX e DRX das amostras Ti, Ce e Zr.
Tabela 7 - Propriedades texturais dos monóxidos e do óxido binário.
Amostra Área superficial
(m2.g-1)
Diâmetro do poro
(A)
Volume do poro
(cm3.g-1)
Ti 402 86 1,25
Ce 260 100 0,81
Zr 192 64 0,60
CeZr 122 41 0,38 a Método BET, b Ramo de adsorção a P/Po=0.99 e c Método BJH a partir do ramo de dessorção
O alto teor de precursores infiltrados de cério, titânio e zircônio poderia explicar o
menor espaço na estrutura de molde, após a decomposição do precursor, proporcionando a
formação das nanopartículas. Como a porosidade do molde foi formada por poros não ligados,
a formação de nanopartículas é provável. Estas nanopartículas resultaram na grande área
superficial, volume de poros dos das amostras Ce, Zr e Ti. Por outro lado, CeZr possuiu os
menores valores de propriedades texturais, em concordância com o tamanho dos cristais
observados por MET e DRX. Uma explicação para este fenômeno foi devido a forças de
compressão que apareceram durante a pirólise, possivelmente causando o encolhimento da
estrutura do molde (109) (126). Além disso, CeO2 e ZrO2 estariam em uma forte interação
com SiO2 (109). Por conseguinte, a amostra CeZr não foi uma réplica do modelo inverso e
diminuiu os parâmetros texturais, em comparação com aqueles do molde (124). Outra
possibilidade é que a sílica amorfa remanescente no sólido (confirmada por espectroscopia
Raman e MEV-EDX) pode ter bloqueado os poros e impedido a formação de uma estrutura
final ordenada de CeZr, o que também poderia justificar os diferentes tamanhos de poros e
volumes dos óxidos mesoporosos estudados.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
115
Figura 53 – Isoterma de adsorção - dessorção de nitrogênio da amostra Ti, representativa dos monóxidos.
6.3.7 Propriedades catalíticas na desidratação do glicerol
Os resultados de desempenho catalítico dos óxidos preparados na desidratação do
glicerol são mostrados na Figura 54(a).
Figura 54 – (a) Conversão de glicerol em função do tempo. (b) Espectros Raman dos sólidos após o teste
catalítico.
De acordo com a Figura 54(a), a conversão de glicerol diminuiu com o aumento
da cristalinidade do sólido, tendo à amostra Zr como exceção. O sólido Ce apresentou o pior
desempenho catalítico, devido a presença dos sítios pouco expostos e cristalinidade. Na
verdade, o óxido CeO2 tem propriedades redox, devido ao comportamento do Ce4+ e Ce3+ na
formação de vacâncias de oxigênio, tanto à superfície (XPS) e quanto na estrutura do
catalisador (130) (137). No entanto, estas espécies de Ce não foram eficazes como os sítios
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00
20
40
60
80
100
120
140
160
180Ti
Vo
lum
e a
dso
rvid
o (c
m3.g
-1)
Pressão relativa (P/Po)
0 2 4 6 8 1020
40
60
80
100
Tempo (h)
CeZr
Ti
Zr
Ce
Convers
ão
a g
licero
l(%
)
(a)
1200 1300 1400 1500 1600 1700
1370 1589Ti
Zr
CeZr
Ce
Inte
nsid
ade
Ram
an (u
.a)
Número de onda (cm-1)
(b)
D G
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
116
ativos para a produção de acroleína (1) (10) (144). As conversões dos sólidos Ti e Zr foram
maiores, do que a Ce. Embora, a atividade de Ti e Zr envolva a participação de zircônia ou
titânia e as vacâncias da céria, as conversões decresceram ao longo do tempo (Figura 54)
devido a formação de depósitos carbonáceo sobre o sólido.
Os espectros Raman da amostra Ti e Zr após o teste catalítico (Figura 54(b))
confirmaram a referida observação, uma vez que, mostraram desordem induzida no carbono
resultante da reação, conhecidas como bandas D e G, respectivamente (5), em 1370 cm-1 e
1589 cm-1. Estas bandas foram relacionadas com a maior quantidade de carbono amorfo e
desordenadas, subprodutos da desidratação do glicerol em 1589 cm-1, junto com uma
quantidade insignificante de grafite a 1370 cm-1. A deposição de grande quantidade de
espécies de carbono amorfo sobre Zr indicaram que os sítios ácidos presentes no sólido
podem ser responsáveis pela formação dos compostos pesados, que foram precursores de
coque (depósito carbonáceo). Este fenômeno também foi observado nos sólidos ácidos
aplicados na desidratação do glicerol (3) (145). Em contraste, a amostra Ce não apresentou
deposição de carbono, provavelmente devido à alta densidade de defeitos na superfície do
catalisador, bem como a cristalinidade elevada.
Contudo, nenhuma correlação clara entre as propriedades texturais dos óxidos e
desempenho catalítico foi observada. Além disso, os espectros Raman indicaram que a
amostra CeZr possuía uma estrutura (Ce0.8Zr0.2O2) que foi difícil de reduzir e foi resistente a
deposição de carbono.
O catalisador CeZr apresentou um melhor desempenho catalítico devido à sua
basicidade moderada, com uma conversão de 93,5% de glicerol. Esse comportamento sugere
um catalisador de cooperatividade ácido-base na fase Ce0.8Zr0.2O2 para induzir a reação
necessária de mono desidratação de qualquer uma das hidroxilas terminais de glicerol (1)
(116). Esta tendência foi observada porque os sítios ácidos-básicos do CeZr poderiam abstrair
um próton do carbono central do glicerol para formar 1-hidroxicetona (3) (145). Os resultados
de DRX, XPS e Raman confirmaram que a fase referida foi formada no catalisador de CeZr.
Assim, estes dados poderiam ser usados para apoiar a afirmação de que o ZrO2 e o CeO2,
apresentaram maior acidez e basicidade, respectivamente. A atividade, baseado nas taxas de
massa específica para os valores de consumo de glicerol foram de 1,1, 1,9, 2,2 e 3 x 10-6
mmol.g-1.h-1 para as amostras Ce, Zr, Ti e CeZr, respectivamente, com o tempo de reação de
8-10 h, e T = 250 oC. Estes valores revelaram que a maior estabilidade do catalisador CeZr foi
provavelmente devido à reoxidação contínua dos sítios de cério e zircônio pelo grande
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
117
excesso de vapor presentes durante a reação na fase Ce0.8Zr0.2O2 observado com o
experimento de espectroscopia Raman. Esta hipótese foi apoiada pelo fato de que os sítios e
as vacâncias foram uniformemente dispersas na superfície do sólido, foram sítios ativos de
glicerol e água, como previsto por XPS, espalhamento Raman e DRX.
O vapor agiu como um oxidante que leva à reoxidação os íons Ce3+ e Zr4+, quer
na superfície ou no interior da nanoestrutura do CeZr, que desde a conversão catalítica e
estabilidade do glicerol concorda com a análise de XPS dos catalisadores usados, que
detectou espécies de Zr4+ e Ce4+. Além disso, o resultado acima ilustra bem o porquê o CeO2
seria o material melhor para o armazenamento de oxigênio do que ZrO2, em conformidade
com os resultados (125) (137) (141). A deposição de carbono simultâneo na superfície, bem
como no interior dos poros da CeZr na nanomoldagem, seria improvável (em concordância
com o Raman).
No entanto, a formação de coque nas amostras Ti e Zr foi devido à leve basicidade
dos óxidos de ZrO2 e TiO2, que eram propensos à formação de depósitos carbonosos (131)
(63). Neste caso, o vapor não se comportou como um oxidante de titânio ou zircônio isolado,
sendo as espécies na superfície dos sólidos cobertas por coque, após 10 h de reação.
A acetona, a acroleína, e vários produtos de condensação, foram obtidos, os
principais produtos para todos os catalisadores, exceto CeZr. Alguns produtos das reações
catalíticas foram: 1-hidroxi, ácido acético e acetaldeído (Tabela 3). Essa maior seletividade
para a formação de 1- hidroxicetona na CeZr indicou que os sítios ácido-base do catalisador
diminuiu a produção de acroleína, em comparação com o típico catalisadores ácidos de
Brønsted (1) (6). Além disso, quando comparamos as propriedades texturais, os valores foram
inferiores para a amostra CeZr, seguido por Zr e Ce. Esse resultado pode indicar diferenças na
densidade dos sítios e cristalinidade; a acessibilidade dos óxidos nanoestruturados na
superfície do sólido poderia também gerar um comportamento catalítico diferente.
O catalisador nanoestruturado de CeZr pode ser considerado o mais adequado
para a reação de desidratação do glicerol. Assim, estudos sobre a influência da temperatura no
desempenho catalítico de CeZr foram investigados. Os sólidos Ti e Zr, entretanto,
desativaram em temperaturas superiores a 250 oC, devido ao coque formado.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
118
Tabela 8 – Desempenhos catalíticos dos sólidos na desidratação do glicerol. Condições reacionais: T = 250 ºC, glicerol/água = 1:3, P = 1 atm e tempo de reação de 8-10 h.
Amostra Conversão (%) Seletividade (%)
1-hidroxiacetona Ácido acético Acetaldeído Outrosa
Ce 35,2 1,2 5,7 17,5 74,6
Ti 70,2 31,0 3,6 1,5 62,1
Zr 61,3 39,8 - 0,8 56,3
CeZr 93,5 42,0 7,2 10,8 38,2
a Outros incluem compostos pesados.
A Figura 55, mostra o desempenho catalítico do sólido CeZr, avaliados em
diferentes condições. A amostra CeZr mostrou que a conversão a glicerol aumentou, enquanto
que a seletividade 1-hidroxiacetona teve tendência oposta em temperaturas de até 250 oC
(Figura 55), devido à quebra de glicerol em derivados mais leves, tais como acetaldeído,
álcool etílico e metanol.
A conversão do glicerol foi baixa em temperaturas inferiores a 250 oC por causa
da endotermicidade da reação. Como o aumento da temperatura acima de 250 oC, a conversão
a glicerol aumentou significativamente devido aos efeitos térmicos. Em 350 oC, a reação
alcançou o equilíbrio na conversão de glicerol 99,5%. Entretanto, a seletividade para 1-
hidroxicetona seguiu uma tendência inversa, devido às reações posteriores envolvendo 1-
hidroxicetona (1). A maior quantidade de 1-hidroxicetona foi inicialmente observado a 350 oC
(Figura 55(b)), sugerindo que as reações posteriores entre 1-hidroxicetona, acetona, álcool
etílico e acetaldeído ocorram, como observado anteriormente (1) (3) (144). A diminuição na
seletividade foi provavelmente devido aos compostos pesados observados por CG-MS (por
exemplo, lactonas, acetais cíclicos, 4-hidroxi-4-metil-2-pentanona, e vários hidrocarbonetos
aromáticos). Estes compostos foram formadas por reações de condensação entre os produtos,
tais como a acroleína e 1-hidroxicetona.
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
119
Figura 55 – (a) Conversão a glicerol e (b) seletividade em função da temperatura com condições reacionais de P
=1 atm e glicerol/água = 1:3.
O presente estudo indicou que a superfície e as características estruturais dos
óxidos nanomoldagem foram os principais responsáveis pelo desempenho catalítico dos
óxidos na desidratação do glicerol. As nanopartículas de CeO2-ZrO2 possuem um grande
número de vacâncias de ânion de oxigênio na superfície (129) (142), assim sítios ácidos
adicionais podem ser criados em espécie Zr na amostra CeZr. Entretanto, a força destes sítios
ácidos diminuiu para CeO2, que melhorou as propriedades ácido-base do óxido misto de
Ce0.8Zr0.2O2. Portanto, o óxido de CeZr reforça bastante a conversão do glicerol quando
comparados com o puro CeO2, ZrO2, TiO2 ou homólogos. Além disso, a seletividade de 1-
hidroxicetona foi superior ao CeZr, devido à sua capacidade para desidratar o glicerol, como
observado anteriormente (10).
O CeZr apresenta desempenho catalítico modesto a temperaturas inferiores a 250 oC, o que melhorou significativamente com o aumento das temperaturas. Este efeito foi
devido à quebra do glicerol e outras reações subsequentes a temperaturas superiores a 250 oC.
Além disso, esse fenômeno representava um claro exemplo de como as propriedades ácido-
0 2 4 6 8 100
20
40
60
80
100
CeZr 100oC
CeZr 350oC
CeZr300oC
CeZr250oC
CeZr200oC
CeZr 150oC
Tempo (h)
Con
vers
ãoa
glic
erol
(%)
(a)
CeZr 100oC
CeZr 350oC
CeZr 300oC
CeZr 250oC
CeZr 200oC
CeZr 150oC
0 2 4 6 8 100
20
40
60
Tempo (h)
Sele
tivid
ade
a1-h
idro
xiace
tona (
%) (b)
Capítulo 6 Óxidos Nanomoldados
120
base de sólidos podem ser ajustadas, modificando a interação de cério e zircônio em uma fase
estável (Ce0.8Zr0.2O2 ) obtido por nanomoldagem.
Estudos por espectroscopia Raman com variação de temperatura estão sendo
realizados para elucidar a influência de tal propriedade intensiva sobre os resultados
catalíticos.
6.4 Considerações Finais
Os catalisadores CeO2, ZrO2, TiO2 e CeO2-ZrO2 possuindo elevada área
superficial e estruturas mesoporosos foram obtidos. As características das nanomoldagem
desses óxidos, juntamente com suas propriedades ácido-base, resultou em sua capacidade de
converter o glicerol em produtos 1-hidroxicetona e outros. Além disso, as técnicas de
caracterização mostraram que as características dos nanoestruturados influenciaram na
atividade dos catalisadores para a conversão do glicerol, evitando coque. O binário óxido de
CeO2-ZrO2, possuindo basicidade moderada, provou ter um caráter ácido-base de cooperação
na fase (Ce0.8Zr0.2O2), resultando em uma maior produção de 1-hidroxicetona. Contudo,
nenhuma correlação clara entre as propriedades texturais fornecidas pelos óxidos
nanoestruturados e seu desempenho catalítico foi observado.
121
Capítulo 7
Perspectivas
7.1 Perspectivas ácido L-glutâmico
• Caracterização dos modos vibracionais para cada polarização em ambas as fases;
• Término das análises das medidas já realizadas por espectroscopia Raman em
função da temperatura (17 – 295 K) para ambas as fases;
• Realização das medidas em altas temperaturas para ambas as fases;
• Sintetizar molibidatos e tungstatos e óxidos nanomoldados contendo aminoácidos
para aumentar a estabilidade destes materiais.
7.2 Perspectivas para os molibidatos e tungstatos
• Término das análises nas medidas já realizadas por espectroscopia Raman em
função da temperatura (17 – 295 K) para os materiais Na2MoO4.2H2O e
Na2WO4.2H2O;
• Término das análises das medidas já realizadas por espectroscopia Raman em
função da pressão hidrostática (0 – 6 GPa) para o tungstato Na2WO4.2H2O;
• Término das análises nas medidas já realizadas por espectroscopia Raman em
função da temperatura (17 – 825 K) para os materiais MgMoO4, K2MoO4 e
outros.
7.3 Perspectivas para os óxidos
• Término das análises dos óxidos binários e ternários por espectroscopia Raman.
• Análises dos óxidos (monóxido, óxidos binários e ternários) por espectroscopia
Raman em função da temperatura e pressão para avaliar suas estabilidades frete a
estas variáveis;
Lista dos 20 aminoácidos Fundamentais e
Quadro 3 - Lista dos 20 aminoácidos fundamentais e símbolos.
Aminoácido Símbolo
(Três letras)
Alanina
Ala
Arginina
Arg
Asparagina
Asn
Ácido
aspártico
Asp
Cisteina
Cys
Apêndice A
Lista dos 20 aminoácidos Fundamentais e Símbolos
Lista dos 20 aminoácidos fundamentais e símbolos.
Símbolo
(Três letras)
Símbolo
(Uma letra)
A
Arg
R
Asn
N
Asp
D
Cys
C
122
Lista dos 20 aminoácidos Fundamentais e
Glutamina
Gln
Ácido
Glutâmico
Glu
Glicina
Gly
Histidina
His
Isoleucina
Ile
Leucina
Leu
Lisina
Lys
Metionina
Met
Q
E
G
H
I
L
K
Met
M
Apêndice A
123
Fenilalanina
Phe
Prolina
Pro
Serina Ser
Treonina Thr
Triptofano
Trp
Tirosina
Tyr
Valina
Val
F
P
S
T
W
Y
V
Apêndice A
124
125
Apêndice B
Publicações
Artigos publicados em periódicos
1. A.S. Sabino, G.P. De Sousa, C. Luz-Lima, P.T.C. Freire, F.E.A. Melo, J. Mendes
Filho; “High-pressure Raman spectra of L-isoleucine crystals,” Solid State
Communications, Volume 149, Issues 37-38, October 2009, Pag. 1553 - 1556. Doi:
10.1016/j.ssc.2009.05.048.
2. M. Mączka, P. T. C. Freire, C. Luz-Lima, W. Paraguassu, J. Hanuza and J. Mendes
Filho; “Pressure-induced phase transitions in ferroelectric Bi2MoO6 —a Raman scattering
study,” Journal of Physics: Condensed Matter, Volume 22, Number 1, December 2009, Pag.
1 - 6. Doi: 10.1088/0953-8984/22/1/015901.
3. C. Luz-Lima, G. D. Saraiva, A. G. Souza Filho, W. Paraguassu, P. T. C. Freire and J.
Mendes Filho; “Raman spectroscopy study of Na2MoO4·2H2O and Na2MoO4 under
hydrostatic pressure,” Journal of Raman Spectroscopy, Volume 41, Issue 5, May 2010, Pages:
576–581, Doi: 10.1002/jrs.2468.
4. C. Luz Lima, G. D. Saraiva, P. T. C. Freire, M. Maczka, W. Paraguassu, F. F. de
Sousa and J. Mendes Filho; “Temperature-induced phase transformations in Na2WO4 and
Na2MoO4 crystals,” Journal of Raman Spectroscopy, Article first published online : 21 JUL
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5. Andressa H. de Morais Batista, Francisca S.O. Ramos, Tiago P. Braga, Cleanio L.
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C. Oliveira; “Activity of nanocasted oxides for gas-phase dehydration of glycerol,” Chemical
Engineering Journal, In Press, Corrected Proof, Online 19 January 2011. Doi:
10.1016/j.cej.2011.01.053.
Apêndice B
126
7. Cleanio L. Lima, Hélvio S. A. de Sousa, Santiago J. S. Vasconcelos, Josué M.
Filho, Alcemira C. Oliveira,Francisco F. de Sousa and Alcineia C. Oliveira; “ Effect of
sulfatation on the physicochemical and catalytic properties of molecular sieves,” Reaction
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Artigos aceitos para publicação
9. Cleanio L. Lima, Santiago J. Vasconcelos, Josué M. Filho, Alcemira C. Oliveira,
Bartolomeu C. V. Neto, Maria G. C. Rocha, Pascal Bariela, Alcinéia C. Oliveira;
“Nanocasted oxides for gas phase glycerol conversion” Applied Catalysis. A, General (Print),
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10. Izabel M. de Nougueira, C. Luz Lima, Alcemira C. Oliveira, Gabriel Q. Sabadia,
Anderson L. Pinheiro, Tiago P. Braga, Antoninho Valentini, Josue M. Filho,
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Trabalhos completos publicados em anais de congressos
1. Andressa Hellen Morais Batista, Tiago Pinheiro Braga, Francisco Ferreira de Sousa,
Alcemira Conceição Oliveira, Alejando Pedro Ayala, Josué Mendes Filho, Cleânio da
Luz Lima , Antoninho Valentini, Alcineia Conceição Oliveira; “Influence of the acidity on
the catalytic properties of modified zeolites in the hydroconversion of n-octane.” In: XXII
CICAT Congresso Ibero-americano de Catálise, 2010, Vina del mar. Anais do XXII CICAT
Congresso Ibero-americano de Catálise. Vina del Mar, 2010.
Apêndice B
127
2. Francisca Solânea de Oliveira Ramos, Tiago Pinheiro Braga, Francisco Ferreira de
Sousa, Josué Mendes Filho, Cleânio da Luz Lima, Antoninho Valentini, Alcinéia
Conceição Oliveira; “ Characterization and catalytic application of mesoporous MAl2O4
(M=Cu, Ni, Fe or Mg) spinels to produce styrene.” In: XXII CICAT Congresso Ibero-
americano de Catálise, 2010, Vina del Mar. Anais do XXII CICAT Congresso Ibero-
americano de Catálise. Vina del Mar, 2010.
3. Regina Claudia R. Santos, Antoninho Valentini*,Rafael Melo Freire, Jackson R. de
Sousa,Aldenor S. de Oliveira, Cleanio L. Lima, Josué M. Filho, Maria da G. C. Rocha,
Pascal Bargiela, Alcineia Conceição Oliveira ; “Desidrogenação do etilbenzeno na presença
de CO2 sobre compósitos contendo ferro,” In: XXII CICAT Congresso Ibero-americano de
Catálise, 2010, Vina del Mar. Anais do XXII CICAT Congresso Ibero-americano de Catálise.
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