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CÁLCULO DE CONSUMO DE COMBUSTÍVEL EM ROTAS MARÍTIMAS PLANEJADAS ATRAVÉS DE MODELO TERMODINÂMICO DO MOTOR Felipe Peixoto Pereira Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientador: Luiz Antônio Vaz Pinto Rio de Janeiro Junho de 2019

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CÁLCULO DE CONSUMO DE COMBUSTÍVEL EM ROTAS

MARÍTIMAS PLANEJADAS ATRAVÉS DE MODELO

TERMODINÂMICO DO MOTOR

Felipe Peixoto Pereira

Projeto de Graduação apresentado ao

curso de Engenharia Naval e Oceânica

da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientador: Luiz Antônio Vaz Pinto

Rio de Janeiro

Junho de 2019

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Cálculo de Consumo de Combustível em Rotas Marítimas Planejadas

através de Modelo Termodinâmico do Motor

Felipe Peixoto Pereira

PROJETO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

NAVAL E OCEÂNICA APRESENTADO AO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA, UFRJ,

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO TÍTULO

DE BACHAREL EM ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICA.

Examinada por:

_______________________________________________

Prof. Luiz Antônio Vaz Pinto, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Luiz Felipe Assis, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Ricardo Homero Ramírez Gutiérrez, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Ulisses A. Monteiro, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JUNHO DE 2019

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iii

Peixoto Pereira, Felipe

Cálculo de Consumo de Combustível em Rotas Marítimas

Planejadas através de Modelo Termodinâmico do Motor

/Felipe Peixoto Pereira. - Rio de Janeiro: UFRJ,2019.

X, 77 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Luiz Antônio Vaz Pinto

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de

Engenharia Naval e Oceânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 75-77

1. Consumo de Combustível 2. Modelo Termodinâmico do

motor 3. Rotas Planejadas 4. Algoritmo de Dijkstra I.

Antônio Vaz Pinto, Luiz. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval e

Oceânica. III. Cálculo de Consumo de Combustível em

Rotas Planejadas através de Modelo Termodinâmico do

Motor

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por toda a força e saúde proporcionada em todos os momentos

ao longo desta trajetória.

Aos meus pais, Ana Cristina e Marcelo, por terem sempre acreditado em mim e

por nunca terem medido esforços em me apoiar e me dar toda a base e estrutura

necessárias, sem as quais não seria possível ter chegado até aqui.

Ao meu grande amigo Ryan, pela paciência, ajuda, amizade e por ser meu braço

direito em quase todas as matérias e trabalhos em que eu realizei ao longo da graduação.

Aos meus orientadores Luiz Antônio Vaz Pinto e Ricardo Homero Ramírez

Gutiérrez, por toda ajuda e ensinamentos ao longo deste projeto de graduação

A Universidade Federal do Rio de Janeiro pela oportunidade de aprender.

iv

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Resumo do Projeto de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia

Naval e Oceânica da Escola Politécnica, UFRJ, como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Naval e Oceânica.

Cálculo de Consumo de Combustível em Rotas Marítimas Planejadas através de

Modelo Termodinâmico do Motor

Felipe Peixoto Pereira

Junho/2019

Orientador: Felipe Peixoto Pereira

Programa: Engenharia Naval e Oceânica

O crescente preço dos combustíveis derivados do petróleo e a competitividade

no setor de transporte marítimo faz com que diversos estudos sejam feitos com o intuito

de buscar minimizar o consumo de combustível nas viagens realizadas pelos navios. No

presente projeto, será realizado um estudo de caso para minimizar o consumo de

combustível do navio gaseiro Gilberto Freyre, em uma rota partindo do Terminal

Aquaviário da Ilha Redonda, no Rio de Janeiro, com ponto de parada no porto de

Paranaguá e finalizando a viagem no porto de Rio Grande. O algoritmo de otimização

de rota que busca o trajeto que apresenta o menor consumo de combustível é baseado no

algoritmo de Dijkstra. O algoritmo estabelece funções de peso que tem como base

condições climatológicas, condição de carregamento do navio e reduções de velocidade

involuntária, que influenciarão na determinação da rota de menor consumo.

Futuramente pode-se estimar a potência e rotação requerida pelo motor, em cada ponto

da rota otimizada, que serão utilizados para estimar o consumo do combustível a partir

da utilização do método de otimização de Levenberg – Marquardt Não linear junto com

um modelo termodinâmico zero – dimensional desenvolvido para o motor utilizado

como caso de estudo. Finalmente, a metodologia utilizada fornece como resultado a

quantidade total de combustível utilizado durante a navegação pela rota otimizada.

Palavras Chave: Redução do Consumo de Combustível, Algoritmo de Dijkstra, Modelo

Termodinâmico Zero-Dimensional, Levenberg-Marquardt

v

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Abstract of the Course Conclusion Project presented to the Department of Naval and

Oceanic Engineering of the Polytechnic School as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Bachelor in Naval and Oceanic Engineering (B.Sc.)

Calculation of Fuel Consumption in Maritime Planned Routes by a Thermodynamic

Engine Model

Felipe Peixoto Pereira

June/2019

Advisor: Luiz Antônio Vaz Pinto

Department: Naval and Oceanic Engineering

The increasing price of petroleum-derived fuels and competitiveness in the maritime

transport sector means that several studies are carried out with the aim of minimizing

the consumption of fuel in the trips made by the ships. In the present project, a case

study will be carried out to minimize the fuel consumption of the gas carrier ship

Gilberto Freyre, on a route from the Redonda Island Waterway Terminal in Rio de

Janeiro, with a stopping point in the port of Paranaguá and ending the trip in the port of

Rio Grande. The route optimization algorithm that searches for the path that exhibits the

lowest fuel consumption is based on the Dijkstra algorithm. The algorithm establishes

weight functions based on weather conditions, ship loading condition and involuntary

speed reductions, which will influence the determination of the least consumption route.

In the future, it is possible to estimate the power and rotation required by the engine at

each point of the optimized route, which will be used to estimate the fuel consumption

from the Levenberg-Marquardt non-linear optimization method together with a zero

thermodynamic model - dimensional model developed for the motor used as the case

study. Finally, the methodology used results in the total amount of fuel used during

optimized route navigation.

Keywords: Reduction of Fuel Consumption, Dijkstra algorithm, Zero-Dimensional

Thermodynamic Model, Levenberg-Marquardt

vi

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................. 1

2. Objetivos ............................................................................................................................... 2

3. Metodologia .............................................................................................................................. 3

3.1 Resistência ao Avanço ........................................................................................................ 3

3.2 Cálculo da Resistência ao Avanço ...................................................................................... 6

3.3 Projeto do Sistema Propulsivo ............................................................................................ 7

3.4 Rotas Planejadas ................................................................................................................ 19

3.5 Algoritmo de Dijkstra aplicado ao projeto ........................................................................ 27

3.6 Modelo Termodinâmico do Motor .................................................................................... 35

3.6.1 Análise da pressão no interior do cilindro .................................................................. 37

3.6.2 Análise da Temperatura no Interior do Cilindro ........................................................ 39

3.6.3 Cálculo do Calor Específico a Volume Constante ..................................................... 42

3.6.4 Equações da queima do combustível.......................................................................... 44

3.6.5 Equações da combustão completa .............................................................................. 47

3.6.6 Equações da combustão da mistura pobre .................................................................. 47

3.6.7 Parâmetros geométricos do cilindro ........................................................................... 49

3.6.8 Parâmetros de desempenho do motor ......................................................................... 49

3.6.9 Estimativa do Consumo de Combustível – Técnica de Levenberg-Marquardt .......... 51

4. Estudo de Caso ........................................................................................................................ 55

4.1 Dados Principais do Navio Gilberto Freyre ...................................................................... 55

4.2 Estudo da Rota de Navegação ........................................................................................... 57

4.3 Seleção do Propulsor ......................................................................................................... 60

4.4 Verificação do Modelo Termodinâmico ........................................................................... 65

5. Resultados ............................................................................................................................... 69

5.1 Rota Otimizada .................................................................................................................. 70

5.2 Rota Aleatória 1 ................................................................................................................ 71

5.3 Rota Aleatória 2 ................................................................................................................ 72

6. Conclusões .............................................................................................................................. 73

7. Recomendações Para Trabalhos Futuros ................................................................................. 74

8. Bibliografia ............................................................................................................................. 75

vii

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Lista de Figuras

Figura 1 - Padrão de ondas de Kelvin (adaptado de HARVALD, 1983) ......................... 5

Figura 2 Diagrama série B para propulsor de 3 pás e razão de áreas 0.9 Fonte :

BERNITSAS et. Al [8] ..................................................................................................... 9

Figura 3 Recomendação Prática DNV-GL para as claras do hélice Fonte [10]: DNVGL

Hull Equipments and Appendages ................................................................................. 11

Figura 4 Curva Kt x bJ² .................................................................................................. 13

Figura 5 Curva bJ² sobreposta ao diagrama série B para propulsor de 3 pás e razão de

áreas 0,6 Fonte: Adaptado [11] ...................................................................................... 14

Figura 6 Diagrama de Burril [12] ................................................................................... 15

Figura 7 Resistencia adicional ao avanço para as direções W, E, N e S em uma malha de

exemplo Fonte: MORAES [2] ........................................................................................ 23

Figura 8 Resistencia adicional ao avanço para as direções NW, NE, SW e SE em uma

malha de exemplo Fonte : MORAES [2] ....................................................................... 23

Figura 9 Empuxo requerido nas direções W, E, N e S em uma malha de exemplo Fonte:

MORAES [2] .................................................................................................................. 24

Figura 10 Empuxo requerido nas direções NW, NE, SW e SE em uma malha de

exemplo Fonte: MORAES [2] ........................................................................................ 25

Figura 11 Interseção da Curva de Operação com a Curva Kt do propulsor Fonte: Autor

........................................................................................................................................ 26

Figura 12 Algoritmo de Dijkstra Fonte : NUNES [15] .................................................. 29

Figura 13 Ilustração do primeiro passo do algoritmo ..................................................... 30

Figura 14 Ilustração do segundo passo do algoritmo ..................................................... 31

Figura 15 Ilustração do terceiro passo do algoritmo ...................................................... 32

Figura 16 Ilustração do quarto passo do algoritmo ........................................................ 33

Figura 17 Ilustração do quinto passo do algoritmo ........................................................ 34

Figura 18 Ciclo Diesel ideal dos MCI Fonte: [18] adaptado .......................................... 38

Figura 19 Vista de Popa do Navio Gaseiro de Projeto Modelado no Software FreeShip

........................................................................................................................................ 56

Figura 20 Rota Analisada no Presente Estudo................................................................ 58

Figura 21 Ilustração da Malha ........................................................................................ 58

viii

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Figura 22 Cenário Meteorológico ilustrando direção e altura significativa de onda na

região de estudo .............................................................................................................. 59

Figura 23 Cenário Meteorológico ilustrando direção e intensidade do vento na região de

estudo .............................................................................................................................. 59

Figura 24 Motor MAN B&W 7L27/38 .......................................................................... 63

Figura 25 Rota Otimizada (13 nós) ................................................................................ 70

Figura 26 Rota Aleatória 1 (13 nós) ............................................................................... 71

Figura 27 Rota Aleatória 2 (13 nós) ............................................................................... 72

ix

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Coeficiente de Redução da Direção (Cβ) Fonte : KWON [13] ....................... 21

Tabela 2 Coeficiente de redução de velocidade (CU) Fonte: KWON [13] .................... 21

Tabela 3 Coeficiente de forma do navio (CForm) Fonte: KWON [13] ......................... 21

Tabela 4 Escala Beaufort Fonte : NUNES [15] .............................................................. 22

Tabela 5 Tabela referente a primeira etapa do exemplo ................................................. 30

Tabela 6 Tabela referente a segunda etapa do exemplo ................................................. 31

Tabela 7 Tabela referente a terceira etapa do exemplo .................................................. 32

Tabela 8 Tabela referente a quarta etapa do exemplo .................................................... 33

Tabela 9 Tabela referente a quarta etapa do exemplo .................................................... 34

Tabela 10 - Tabela comparativa entre os diferentes modelos termodinâmicos Fonte:

Marty [17] ....................................................................................................................... 36

Tabela 11 Coeficientes do Calor específico a pressão constante para cada componente

da mistura Fonte: RAKOPOULOS [24] e LANZAFAME et.al [25] ............................. 44

Tabela 12 Características Principais do Navio de Projeto .............................................. 56

Tabela 13 Resistência ao avanço (13 nós) ...................................................................... 57

Tabela 14 Empuxos requeridos na rota analisada .......................................................... 60

Tabela 15 Propulsores Selecionados Preliminarmente ................................................... 61

Tabela 16 Propulsor Selecionado ................................................................................... 63

Tabela 17 Especificações Técnicas motor 7L27/38 ....................................................... 64

Tabela 18 Pontos operacionais do sistema propulsivo definido ..................................... 64

Tabela 19 Dados para o início da simulação .................................................................. 65

Tabela 20 Potência efetiva simulada (kW) ..................................................................... 66

Tabela 21 Resultados Cálculo da Vazão de Combustível (Vc) ...................................... 68

Tabela 22 Consumo entre cada nó da rota otimizada ..................................................... 70

Tabela 23 Consumo entre cada nó da rota aleatória 1 .................................................... 71

Tabela 24 Consumo entre cada nó da rota aleatória 2 .................................................... 72

x

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1

1. Introdução O transporte marítimo envolve um mercado que apresenta enorme

competitividade entre seus participantes, sejam operadores ou donos de carga. A

necessidade da minimização dos custos fixos e operacionais no setor é de extrema

importância para poder manter-se competitivo

A busca pela minimização dos custos nem sempre é bem sucedida, uma vez que

fatores complexos e amplos, como a política externa que influência no preço do

petróleo, não podem ser controlados. Uma vez que os navios mercantes em sua grande

maioria utilizam combustíveis fósseis derivados do petróleo, como o óleo pesado ou o

diesel, como fonte de energia, estes se tornam grandes dependentes dessa commodity,

que é a responsável por uma parcela significativa do custo operacional do navio.

Entretanto ainda que o preço do petróleo não possa ser controlado, a otimização

do sistema propulsivo do navio ou a busca por uma melhor rota de navegação, resultam

em uma diminuição do consumo de combustível, que é de extrema importância para o

custo operacional, especialmente em momentos de alta do preço do petróleo.

Dessa forma então, o primeiro passo na minimização do consumo de

combustível é verificar a eficiência global do sistema propulsivo do navio. Quanto

maior a eficiência do sistema menor será o consumo. O aumento da eficiência global do

sistema propulsivo pode ser realizado de várias maneiras, para isso deve-se atentar aos

componentes que o influenciam. O aumento da eficiência pode ser realizado através da

otimização da forma do casco ou do hélice, ou através da melhoria de desempenho dos

componentes que compõe o sistema de máquinas (motores, caldeiras, bombas, etc.)

Uma outra forma de diminuir o consumo de combustível do navio é otimizar a

rota de navegação. A resistência ao avanço do navio tem influência direta do estado de

mar que a embarcação necessita enfrentar durante sua viagem, o que significa que

quanto maior o estado de mar, maior a resistência ao avanço do navio e

consequentemente maior será a potência demandada para manter a velocidade desejada,

o que impacta em um maior consumo de combustível.

Portanto a determinação de uma rota ótima, em que se leva em consideração as

previsões climáticas da região e as peculiaridades da embarcação são fatores

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2

determinantes para podermos minimizar o consumo de combustível e consequentemente

o custo operacional do navio, além de prover maior segurança à tripulação e a carga.

2. Objetivos

O objetivo do presente projeto é resolver um problema de otimização e através

da utilização do programa desenvolvido por RODRIGUES [1] E MORAES [2], que é

baseado no algoritmo de DIJKSTRA [3], buscar a rota de menor consumo de

combustível na rota compreendida entre o Terminal Aquaviário da Ilha Grande e o

porto do Rio Grande, levando-se em consideração a parada intermediária no porto de

Paranaguá. O navio utilizado no presente estudo é o navio gaseiro Gilberto Freyre.

No presente projeto, para o cálculo da potência e do consumo de combustível

durante a rota analisada, será utilizado o modelo termodinâmico zero-dimensional

desenvolvido por GUTIÉRREZ [4]. O objetivo ao utilizar tal modelo é demonstrar que

o uso de um algoritmo capaz de realizar simulações termodinâmicas pode representar de

forma confiável o funcionamento do motor em várias faixas de operação, além de

simular o funcionamento do motor em faixas de operação não estipuladas pelo

fabricante do motor.

Futuramente é necessário verificar a rota considerada como a rota de menor

consumo, comparando-a com rotas aleatórias e verificar se o consumo de combustível

realmente existe e se é significativo.

Analogamente, também é importante verificar as simulações realizadas através

do modelo termodinâmico e comparar os resultados obtidos entre a potência simulada e

a potência requerida para cada faixa de operação do motor. E também comparar os

resultados encontrados através da utilização da técnica de Levenberg-Marquardt Não

Linear e da curva de consumo disponível no manual do fabricante, no cálculo da

estimativa de consumo do motor, para cada faixa de operação analisada.

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3

3. Metodologia

3.1 Resistência ao Avanço

Segundo HARVALD [5] a resistência ao avanço de um navio em determinada

velocidade é dada pelas forças do fluido agindo na embarcação de forma oposta a seu

movimento. Dessa forma, a resistência será igual à componente das forças do fluido

agindo paralelamente ao eixo em que o navio se movimenta.

A resistência ao avanço de um navio é função de diversos fatores, referentes ao

casco da embarcação, do fluido e do plano de flutuação. Analisando o problema da

resistência ao avanço chegamos aos seguintes fatores que influenciam no problema:

1. Velocidade da Embarcação

2. Dimensões da Embarcação

3. Densidade do Fluido

4. Viscosidade Cinemática do Fluido

5. Aceleração da Gravidade

Formalmente, a resistência total experimentada pela estrutura em presença de

um escoamento pode ser descrita por:

Rt = f(ρ,Vs,L,μ,g,p) ∝ ρaVsbLc, μdgepf (3.1)

Ainda segundo HARVALD [5], a resistência total (𝑅𝑇) pode ser dividida em

uma série de componentes devido às diferentes variedades de fatores que interagem

entre si de forma bastante complexa e que compõe a resistência ao avanço do navio. As

definições destas componentes que compõe a resistência total ao avanço (𝑅𝑇) são

descritas de forma breve a seguir:

Resistência Friccional (RF): A resistência friccional é o componente da

resistência obtida pela integração das tensões tangenciais que agem sobre a área

molhada do casco do navio na direção do movimento. Ou seja, ela expressa a resistência

do casco ao avançar por um fluido viscoso devido às forças cisalhantes que ocorrem

dentro da camada limite ao redor do casco. Ela corresponde a maior parcela da

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4

resistência do navio, podendo chegar a 90% da resistência total em grandes navios de

deslocamento

Resistência Residual (RR): É definida como sendo a diferença entre a resistência

total e a resistência friccional. Assim, engloba todas as outras componentes da

resistência que não seja a componente friccional.

Resistência de Pressão (𝑅𝑃): É a componente da resistência obtida pela

integração das tensões normais sobre a superfície do corpo na direção do movimento.

Resistência de Pressão Viscosa (𝑅𝑃𝑉): A resistência de pressão viscosa é a

componente da resistência obtida pela integração dos componentes das tensões normais

devido à viscosidade e turbulência. Essa resistência não pode ser medida diretamente a

não ser que o corpo esteja totalmente submerso, nesse caso a resistência de pressão

viscosa será igual à resistência de pressão.

Resistência Viscosa (𝑅𝑉): É a componente da resistência associada com a

energia gasta devido a efeitos viscosos.

Resistência de Geração de Ondas (𝑅𝑊): É a componente da resistência associada

à energia gasta na geração das ondas de gravidade. Corresponde à maior parcela da

resistência residual e sua contribuição para a resistência total cresce com a velocidade

do navio. Dessa forma, sua contribuição na resistência total é avaliada em função do

número de Froude da embarcação.

As ondas geradas são compostas por ondas divergentes (geradas nas laterais do

navio e se propagam para longe dele, com certa inclinação em relação a seu curso) e

ondas transversais (que se propagam perpendicularmente ao curso do navio) e seguem

um padrão particular durante todo o trajeto percorrido pela embarcação. O padrão,

conhecido como padrão de ondas de Kelvin, pode ser visto na figura 1:

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5

Figura 1 - Padrão de ondas de Kelvin. Fonte: Adaptado de HARVALD [5]

Resistência de Quebra de Ondas (𝑅𝑊𝐵): A resistência de quebra de ondas é a

componente associada com a quebra de ondas da proa do navio

Resistência de Spray: componente associada com a energia dissipada ao gerar

spray;

Além das componentes apresentadas, temos ainda outras componentes que

contribuem para a resistência total e que se enquadram em um grupo conhecido como

resistência adicional, integrando esse grupo apresentam-se as seguintes resistências:

Resistência de apêndices: parcela da resistência que aparece em navios que

contam com bolina, sobre quilha e pé de galinha, dentre outras estruturas que não estão

presentes no casco nu

Resistência rugosa: é contabilizada em navios em que o casco tem pontos de

corrosão ou incrustações

Resistência do ar: parcela da resistência ao avanço que ocorre na região da

superestrutura e do casco que está acima da linha d’água.

Cada resistência descrita acima compõe a resistência total ao avanço em águas

calmas, que equivale a força necessária para rebocar a embarcação a uma dada

velocidade desconsiderando a interferência causada pelo reboque.

A resistência total ao avanço segundo Sen e Padhy [6] é dada pelo somatório da

resistência em águas tranquilas e da resistência adicional em ondas. Isso se deve ao fato

de que ao navegar em águas desabrigadas, a embarcação esta suscetível a influência dos

efeitos causados por ondas, ventos e correntes, que contribuem de forma significativa

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6

para o aumento da resistência ao avanço. Os efeitos dos fatores ambientais que

contribuem para o aumento da resistência se dá o nome de resistência adicional (𝑅𝐴𝐷𝐷).

Sendo assim, a resistência total da embarcação é a soma das resistências em

águas calmas (𝑅𝑆𝑊) com a resistência adicional devido a onda (𝑅𝑊), corrente (𝑅𝐶) e

vento (𝑅𝐴𝑊), conforme as equações 3.2 e 3.3:

𝑅𝐴𝐷𝐷 = 𝑅𝑊 + 𝑅𝐶 + 𝑅𝐴𝑊 (3.2)

𝑅𝑇 = 𝑅𝑆𝑊 + 𝑅𝐴𝐷𝐷 (3.3)

3.2 Cálculo da Resistência ao Avanço

Ao longo dos anos, muitos métodos foram desenvolvidos por diferentes

pesquisadores para a realização do cálculo de resistência ao avanço. Historicamente,

William Froude (1860) foi o primeiro pesquisador a desenvolver um estudo do cálculo

da resistência ao avanço, separando a resistência total em resistência friccional e

resistência residual.

Após Froude surgiram outros pesquisadores como Hughes e Telfer que

desenvolveram os estudos do cálculo da resistência ao avanço. Porém, em todos esses

métodos propostos se faz necessário testes em modelos de escala reduzida para se

calcular a resistência ao avanço do navio.

Por isso, para o presente projeto utilizaremos o método de HOLTROP (1984)

[7]. No método de HOLTROP [7] para a estimativa da resistência ao avanço não se faz

necessário testes em modelos de escala reduzida. O método foi desenvolvido a partir de

análises de regressões com modelos aleatórios e informações de navios em escala real

disponíveis na Netherlands Ship Model Basin.

No método de HOLTROP [7], a resistência em avanço em águas calmas é dado

pela seguinte equação:

𝑅𝑡 = 𝑅𝐹(1 + 𝐾1) + 𝑅𝐴𝑃𝑃 + 𝑅𝑊 + 𝑅𝐵 + 𝑅𝑇𝑅 + 𝑅𝐴 (3.4)

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7

Em que, 𝑅𝐹(1 + 𝐾1) é a resistência friccional corrigida pelo fator de forma

(1 + 𝐾1), 𝑅𝐴𝑃𝑃 é a resistência dos apêndices que estão presentes no navio, 𝑅𝑊 é a

resistência de geração de onda, 𝑅𝐵 é a resistência de pressão gerada pelo bulbo, 𝑅𝑇𝑅 é a

resistência devido à imersão do espelho de popa e 𝑅𝐴 é a resistência de correlação do

modelo com a embarcação.

3.3 Projeto do Sistema Propulsivo

Após calculado a resistência ao avanço em águas calmas, utilizando a

metodologia de HOLTROP [7], conforme realizado no tópico anterior, o próximo passo

então é realizar o projeto do sistema propulsivo. No projeto do sistema propulsivo, o

primeiro item que deve ser selecionado é o propulsor.

Os propulsores ou hélice, podem se dividem em dois tipos, os de passo fixo e os

de passo controlado. Os hélices de passo fixo são os mais comuns na indústria naval e

são amplamente utilizados, sua utilização está presente desde motores de popa de

pequenas embarcações até navios de grande porte. Como o nome sugere, esse tipo de

hélice possui um passo fixo, que define fixa, a posição relativa das pás do hélice, não

tendo como variar o perfil de geração de empuxo do propulsor, sem reduzir a rotação

entregue ao mesmo.

Já os propulsores de passo controlável são menos utilizados na indústria naval,

uma vez que são mais caros e são somente utilizados em casos específicos em que há a

real necessidade de sua utilização. Estes propulsores possuem a capacidade de variar

seu passo para atender a diferentes fornecimentos de empuxo e até realizar a reversão

sem o auxílio de uma caixa reversora. Eles também possuem uma área efetiva menor se

comparados com hélices de mesmo diâmetro de passo fixo, além de terem manutenção

mais complexa e cara.

A geometria de hélices de passo fixo normalmente segue séries sistemáticas

conhecidas, que definem a forma do hélice e o perfil das pás. Algumas das séries

sistemáticas mais comuns serão apresentadas a seguir:

Série B: Série sistemática mais utilizada em navios de deslocamento. Funciona

muito bem em embarcações que operem em até 20 nós de velocidade.

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8

Série Gawn: Série sistemática utilizada usualmente em navios com velocidade

de operação entre 20 e 35 nós.

Série Kaplan: Série sistemática usualmente utilizada para navios que operem em

baixa velocidade e em Bollard Pull. Usualmente utilizada para rebocadores,

empurradores, etc.

Como o navio do projeto é uma embarcação de deslocamento cuja velocidade de

serviço é de 13 nós, a geometria do hélice deve se enquadrar na série sistemática do tipo

B.

Há diversos propulsores que se enquadram nessa série sistemática. A diferença

entre eles se dá pela variação de alguns fatores que são a razão de áreas (𝐴𝑒/𝐴0), em

que 𝐴𝑒 é a área expandida e 𝐴0 é a área do disco, razão passo-diâmetro (P/D), diâmetro

do propulsor (D) e número de pás (Z). A faixa de aplicações da série é apresentada a

seguir:

Número de pás: 2 ≤ Z ≤ 7.

Razão de área expandida: 0,3 ≤ 𝐴𝑒/𝐴0 ≤ 1.05;

Razão passo-diâmetro: 0,5≤ P/D ≤ 1,4.

Para determinarmos a eficiência de cada propulsor em cada ponto de operação,

podemos utilizar os diagramas Kt-Kq-J. Nesses diagramas, cada um dos propulsores

têm suas características representadas à partir de curvas do coeficiente de empuxo (𝐾𝑇),

de torque (𝐾𝑞) e da eficiência (𝜂0), todos eles em função do adimensional de coeficiente

de avanço (J), reunidas no diagrama de águas abertas. A figura 2 ilustra um exemplo de

um diagrama deste tipo:

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9

Figura 2 Diagrama série B para propulsor de 3 pás e razão de áreas 0.9

Fonte : Adaptado de BERNITSAS et. Al [8]

O diagrama apresentado na figura 2, utilizado como exemplo, representa as

curvas de eficiência em águas abertas para propulsores de 3 pás e razão de área (𝐴𝑒/𝐴0)

igual a 0,9, em que cada uma das dez curvas desenhadas no diagrama corresponde a

uma relação de passo diâmetro (P/D), começando em 0,5 e terminando em 1,4. No eixo

das abscissas encontra-se o coeficiente de avanço (J) e no eixo das ordenadas

encontram-se o coeficiente de empuxo (𝐾𝑇) e o coeficiente de torque (𝐾𝑄).

Os coeficientes de avanço (J), de empuxo (𝐾𝑇), de torque (𝐾𝑄) e a eficiência do

propulsor (𝜂0) são dados pelas seguintes fórmulas:

𝐽 =𝑉𝐴

𝑛𝐷=

(1 − 𝑤)𝑉𝑠

𝑛𝐷 (3.5)

𝐾𝑇 =𝑇

𝜌𝑛2𝐷4 (3.6)

𝐾𝑄 =𝑄

𝜌𝑛2𝐷5 (3.7)

𝜂0 =𝐽

2𝜋.𝐾𝑇

𝐾𝑄 (3.8)

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10

Nas fórmulas 3.5 a 3.8, T representa o empuxo gerado pelo propulsor em kN, 𝜌

é o peso específico da água do mar em (kg/𝑚3), n é a rotação do propulsor em hertz

(𝑠−1), D é o diâmetro do propulsor em metros, Q é o torque gerado pelo propulsor, dado

em kN.m, 𝑉𝑠 é a velocidade de serviço da embarcação em m/s, 𝑉𝐴 é a velocidade de

avanço, também dada em m/s e 𝑤 é o coeficiente de esteira, sendo esse uma grandeza

adimensional.

Em relação ao coeficiente de esteira (𝑤), segundo HARVALD [5] é o

coeficiente que quantifica a diferença de velocidade do navio e a velocidade que chega

ao propulsor. Essa variação da distribuição de velocidades do escoamento é devido à

presença do casco. De forma matemática, temos que:

𝑉𝐴 = 𝑉𝑠(1 − 𝑤) (3.9)

Há também outro coeficiente adimensional de extrema importância a ser

considerado no dimensionamento e na escolha do propulsor que é o coeficiente de

redução da força propulsora (t). Segundo Levi [9], esse coeficiente representa uma

alteração na resistência ao avanço experimentada pelo casco devido à operação do

propulsor que modifica as características do escoamento, principalmente na popa do

casco. Dessa forma, o aumento da resistência ao avanço fará com que o empuxo gerado

pelo propulsor seja maior do que a resistência ao avanço calculada, temos então que:

𝑇𝑟𝑒𝑞 =𝑅𝑇

1 − 𝑡

(3.10)

Os parâmetros do coeficiente de esteira e da redução da força propulsora podem

ser estimados por formulações. HOLTROP [7] inclusive estimou em seu trabalho os

valores desses parâmetros em função das características do casco do navio. E

futuramente neste trabalho será usada a formulação de HOLTROP [7] para obtenção

desses coeficientes.

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11

O próximo passo no dimensionamento e seleção do propulsor é calcular o

diâmetro máximo que o propulsor do navio pode ter. Para isso, será utilizado uma

recomendação prática desenvolvida pela empresa DNV-GL [10] que fornece os

espaçamentos máximos para as claras do hélice. Aplicando então esta recomendação

poderemos então dimensionar o tamanho máximo do hélice do navio.

Figura 3 Recomendação Prática DNV-GL para as claras do hélice

Fonte [10]: ADAPTADO de DNVGL Hull Equipments and Appendages

Encontrado então o máximo diâmetro do propulsor, o próximo passo é

determinar a geometria do hélice, ou seja, os parâmetros de número de pás, razão de

áreas e relação passo-diâmetro do propulsor. O objetivo neste caso é encontrar um

propulsor cujas características geométricas possam fornecer o empuxo igual ou um

pouco maior do que o empuxo requerido calculado pela equação 3.10 e que tenha a

maior eficiência em águas abertas (𝜂0).

Entre os diferentes métodos que há para seleção das características geométricas

do propulsor, utilizaremos o método conhecido como ‘’bJ2’’. Neste método buscamos

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12

uma relação entre o coeficiente de empuxo (𝐾𝑇) e o coeficiente de avanço J. De posse

das equações 3.5 e 3.6, elevamos a equação 3.5 ao quadrado

𝐽2 =𝑉𝐴

2

𝑛2𝐷2

(3.11)

Reescrevendo a equação 3.11:

𝑛2 =𝑉𝐴

2

𝐽2𝐷2

(3.12)

E substituindo a equação 3.12 na equação 3.6, temos que:

𝐾𝑇 =𝑇𝐽2

𝜌𝑉𝐴2𝐷2

(3.13)

Considerando que o termo 𝑇

𝜌𝑉𝐴2𝐷2 é uma constante a qual chamaremos de “b”.

Reescrevendo a equação, fica-se então:

𝐾𝑇 = 𝑏𝐽2 (3.14)

Através da equação 3.14 poderemos criar uma curva quadrática que relaciona o

coeficiente de empuxo com o coeficiente de avanço do propulsor, como demonstrado no

exemplo da figura 4:

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13

Figura 4 Curva Kt x bJ²

De posse desta curva, podemos sobrepô-la aos diagramas série B e na interseção

das curvas 𝐾𝑇 = 𝑏𝐽2 com as curvas 𝐾𝑇 presentes no diagrama série B, encontraremos os

pontos de operação de cada um dos propulsores analisados, uma vez que na interseção

das curvas, o empuxo gerado pelo propulsor é igual ao empuxo requerido pelo navio.

Na figura 5 é apresentado o mesmo diagrama série B da figura 2. Cada curva do

diagrama representa uma diferente relação passo/diâmetro do propulsor, indo de P/D

igual a 0,5 até 1,4. A interseção de cada uma das 10 curvas com a curva 𝐾𝑇 = 𝑏𝐽2,

assim como apresentado nos diagramas de representa o ponto de operação de cada

propulsor, que neste ponto de interseção atende ao requisito de gerar o empuxo

requerido.

No ponto de interseção de cada uma das curvas, conseguimos obter os valores

referentes aos coeficientes de empuxo, de torque e de avanço, e utilizando as equações

3.5 a 3.8, podemos conferir se o empuxo gerado é igual ao empuxo requerido, além de

obter os valores referentes à rotação, o torque gerado pelo propulsor e a eficiência do

propulsor em águas abertas.

0,0000

0,2000

0,4000

0,6000

0,8000

1,0000

1,2000

1,4000

1,6000

1,8000

0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 1,000 1,200 1,400 1,600

Co

efic

ien

te d

e To

rqu

e (K

T)

bJ²

Curva Kt x bJ²

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14

Figura 5 Curva bJ² sobreposta ao diagrama série B para propulsor de 3 pás e razão de áreas 0,9

Fonte: Adaptado DE BERNITSAS et. Al [8] e [11]

Encontrado então o ponto de operação de cada propulsor analisado, o próximo

passo na seleção final do propulsor é realizar o teste de cavitação.

A Cavitação é um fenômeno observado usualmente em sistemas de bombas,

turbinas hidráulicas, propulsores navais e é definida como a vaporização de um

determinado fluido em decorrência da diminuição de pressão durante o escoamento do

mesmo. A alta velocidade de rotação do hélice gera regiões com baixa pressão onde

eventualmente podem ser formadas bolhas de vapor d’água. Quando essas bolhas

caminham para uma região de pressão superior a pressão de vapor, elas são

comprimidas e implodem.

O colapso das bolhas causa uma onda de choque que pode atingir e danificar a

superfície das pás. Este fenômeno é chamado de erosão (corrosão por cavitação). A

cavitação causa diversos efeitos negativos em propulsores como a diminuição do

empuxo e da eficiência, vibração e ruído

Uma das formas mais práticas de evitar problemas relacionados com cavitação é

realizar uma avaliação da porcentagem de cavitação do propulsor operando na condição

de serviço. Em geral essa avaliação é feita utilizando o método de Burril

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15

Burril conduziu vários experimentos em túneis de cavitação em escala real de

hélices de geometrias variadas e através desses testes ele criou um diagrama que

relaciona o coeficiente de Burril (τ𝑐) e o número de cavitação (σ)

Ainda que não seja possível evitar totalmente a cavitação no propulsor, através

do diagrama de Burril pode-se estimar a porcentagem de cavitação no dorso das pás do

propulsor. O diagrama de Burril é apresentado pela figura 6:

Figura 6 Diagrama de Burril

Fonte: Adaptado de D.RODRIGO. et al [12]

O coeficiente de Burril (τ𝑐) é dado por:

τ𝑐 = 𝑇

0,5𝜌𝐴𝑝𝑉𝑟2(0,7𝑅)

(3.15)

Em que 𝐴𝑝 é a área projetada do hélice em metros quadrados (m²). Já 𝑉𝑟 é o

valor da velocidade local, em metros por segundo (m/s), calculado em um ponto

distando 70% do raio em relação ao bosso do hélice, por ser a região mais suscetível a

cavitação.Ele compõe a velocidade do fluido com a velocidade radial causada pela

rotação do propulsor. Seu valor pode ser calculado pela equação 3.16:

𝑉𝑟 = √𝑉𝑎2 (0,7𝜋𝑛𝐷)2 (3.16)

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16

E o número de cavitação, também calculado em um ponto a 70% do raio em

relação ao bosso do hélice (σ0,7𝑅) é dado por:

σ0,7𝑅 =𝑃0 − 𝑃𝑣 + 𝜌𝑔(ℎ − 0,7𝑅)

0,5𝜌𝑉𝑟2

(3.17)

Em que 𝑃0 é a pressão atmosférica na superfície do mar, em Pascal (Pa). 𝑃𝑣 é a

pressão de vapor da água salgada, em Pascal (Pa) e h é a profundidade do centro do

propulsor (m).

Calculado então o valor de τ𝑐 e de σ0,7𝑅, deve-se plotar o ponto no diagrama de

Burril. Se o ponto plotado no gráfico para o propulsor ficar abaixo da curva

correspondente ao tipo de embarcação do projeto, o propulsor passa no critério de

cavitação. No caso de navios mercantes, o limite máximo de ocorrência de cavitação é

representado pela curva de 5%

O próximo passo então no projeto do sistema propulsivo é realizar a integração

casco-motor-hélice. Essa etapa demanda conhecimento dos conceitos que envolve a

potência e como ela é transmitida entre cada elemento do sistema propulsivo. Esse

estudo é de extrema importância em um projeto de sistema propulsivo tendo em vista

que caso tais fatores não sejam levados em consideração a tendência é de que a

embarcação não consiga atingir a velocidade de serviço especificada pelo armador.

Para isso então, a partir do ponto operacional do propulsor, deve ser encontrado

o ponto operacional do motor e através dos testes com diferentes propulsores, deve-se

chegar em um par motor-propulsor que apresente melhor eficiência.

Segundo HARVALD [5], a potência efetiva (𝑃𝐸) ou Effective Horse Power

(EHP), em kW, dada por:

𝑃𝐸 = 𝑅𝑇𝑉𝑆 (3.18)

Em que 𝑃𝐸 (𝑘𝑊) é a potência efetiva necessária para mover o navio pela água

ou rebocá-lo a uma dada velocidade de serviço 𝑉𝑆 (m/s)

A potência entregue pelo propulsor (𝑃𝑇), ou Thrust Horse Power (THP), em kW,

dada por:

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17

𝑃𝑇 = 𝑇𝑉𝐴 (3.19)

E a potência entregue ao propulsor (𝑃𝐷) ou Delivered Horse Power (DHP), em

kW, dada por:

𝑃𝐷 = 𝑃𝑇

𝜂0 𝜂𝑟𝑟

(3.20)

Em que 𝜂0 é a eficiência em águas abertas conforme já demonstrado através da

equação 3.8 e 𝜂𝑟𝑟 é a eficiência rotativa relativa. A eficiência rotativa relativa é um fator

que representa a alteração nas características de rendimento do propulsor devido ao

mesmo estar operando em escoamento não uniforme.

Por último, temos a potência requerida pelo motor (𝑃𝐵) ou Brake Horse Power

(BHP), em kW, dada por:

𝑃𝐵 =𝑃𝐷

𝜂𝑠

(3.21)

Em que 𝜂𝑠 é a eficiência mecânica do eixo.

Realizado então os cálculos das potências, conforme demonstrado, chegamos

então ao valor da potência requerida pelo motor (𝑃𝐵). Entretanto, para esse valor

encontrado de potência assim como para o valor da rotação do propulsor devem ser

aplicadas margens de serviço, uma vez que é natural que ao passar dos anos o navio

comece a perder rendimento devido a incrustações no casco, perda de eficiência do

motor e também perda de eficiência do propulsor devido a cavitação.

Todos esses fatores que ao passar do tempo começam a atuar cada vez mais de

forma significativa faz com que seja necessário realizar a aplicação das margens de

serviço. Entre as margens de serviço estão a margem de rotação, a margem de motor e a

margem de mar.

A margem de rotação é aplicada para compensar o desgaste dos hélices devido

ao envelhecimento e a cavitação. A margem de rotação recebe o valor de 3% a 5% e é

aplicada na própria rotação, transformando a rotação inicial 𝑅𝑃𝑀0em uma rotação

maior, chamada de 𝑅𝑃𝑀1, e pela relação cúbica que existe entre potência e rotação, ao

alterarmos a rotação do propulsor, a potência inicial 𝐵𝐻𝑃0 transforma-se em uma

potência 𝐵𝐻𝑃1, como mostrado pelas equações 3.22 a 3.24:

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𝑅𝑃𝑀1 = 𝑅𝑃𝑀0(1 + 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜) = 𝑅𝑃𝑀0(1 + 0,03) (3.22)

𝑅𝑃𝑀1 = 1,03𝑅𝑃𝑀0 (3.23)

E a alteração na potência inicial requerida pelo motor (𝐵𝐻𝑃0) será dada por:

𝐵𝐻𝑃1 = 𝐵𝐻𝑃0 (𝑅𝑃𝑀1

𝑅𝑃𝑀0)

3

(3.24)

A segunda margem a ser aplicada é a margem operacional. Essa margem é

aplicada para que a embarcação não opere a todo momento em potência máxima, tendo

como objetivo evitar o desgaste do motor e buscar preservar sua vida útil. Costuma-se

aplicar uma margem de 10% sobre a potência requerida pelo motor. Sendo assim:

𝐵𝐻𝑃2 = 𝐵𝐻𝑃1(1 + 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙) = 𝐵𝐻𝑃1(1 + 0,1) (3.25)

𝐵𝐻𝑃2 = 1,1𝐵𝐻𝑃1 (3.26)

E uma vez que existe a relação cúbica entre potência e rotação, a rotação

também mudará:

𝑅𝑃𝑀2 = 𝑅𝑃𝑀1 (𝐵𝐻𝑃2

𝐵𝐻𝑃1)1/3

(3.27)

Há ainda uma terceira margem de serviço, que costumar ser aplicada para a

obtenção do ponto operacional do sistema propulsivo, que é a margem de mar. A

margem de mar é aplicada para compensar a perda de velocidade involuntária durante a

viagem devido a ação das forças ambientais de vento, corrente e ondas. Costuma-se

adotar uma margem de mar que varia de 20% a 35%, dependendo da região em que o

navio for operar.

No presente projeto não aplicaremos uma margem de mar pré-estabelecida, no

caso, a resistência adicional que existe devido as forças ambientais a que a embarcação

está submetida durante a viagem será simulada através do programa desenvolvido por

RODRIGUES [1] e MORAES [2], que simula a resistência adicional para cada ponto

do mar em uma rota planejada.

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19

3.4 Rotas Planejadas

No programa desenvolvido por RODRIGUES [1] e MORAES [2], leva-se em

consideração as condições de altura de onda e intensidade e direção do vento em cada

trecho do percurso analisado afim de otimizar o consumo de combustível durante toda a

viagem. O software é baseado no algoritmo desenvolvido por DIJKSTRA [3]. A ideia

por trás do programa desenvolvido por RODRIGUES [1] e MORAES [2] é que o navio

consiga navegar através dos trechos que apresentam menor resistência ao avanço

adicional e que com isso, consiga manter uma velocidade constante durante toda a rota,

sendo necessário em alguns trechos variar a carga do motor para manutenção da

velocidade.

No programa, inicialmente é escolhido um ponto de origem e um de destino,

obtendo-se então uma rota pré-estabelecida. A seguir, a região entre o ponto de origem e

o ponto de destino é dividida em retas horizontais de latitude fixa e retas verticais de

longitude fixa, e cada uma das interseções dessas retas representarão um nó, em que

cada nó representa um par latitude/longitude. Além disso, para cada nó existente é

atribuído uma resistência adicional devido ao estado de mar naquele nó.

Ainda que um navio possa navegar em infinitas possíveis direções, no referido

programa o navio pode se deslocar entre os nós em oito possíveis direções, que são as

seguintes coordenadas geográficas: Norte (N), Sul (S), Leste (E), Oeste (W), Nordeste

(NE), Noroeste (NW), Sudeste (SE) e Sudoeste (SW). Sendo assim, para cada nó temos

até oito diferentes possíveis resistências ao avanço. Essa resistência ao avanço é a

chamada resistência ao avanço total (𝑅𝑡𝑡), que é composta da resistência ao avanço em

águas calmas (𝑅𝑡) somada a resistência ao avanço adicional (𝑅𝑎𝑑𝑑).

A resistência em águas calmas (𝑅𝑡) foi apresentada no subcapítulo 3.2 em que se

demonstrou que uma das formas pela qual podemos obter essa resistência é através do

método formulado por HOLTROP [7]. Em relação ao cálculo da perda de velocidade

involuntária e da resistência adicional (𝑅𝑎𝑑𝑑), serão utilizados as formulações propostas

por KWON [13] e por BERLEKOM [16]. O método proposto por KWON [13] é um

método para prever a perda de velocidade involuntária de um navio de deslocamento

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20

quando submetido aos efeitos de ondas e de vento, sendo esse método fácil e prático de

utilizar.

O efeito das forças de ondas e de vento, que refletem na perda de velocidade

involuntária do navio, é comparado a velocidade esperada do navio quando navegando

em águas calmas, e essa perda de velocidade é expressa através da seguinte expressão:

𝛥𝑉

𝑉1100% = 𝐶𝛽𝐶𝑈𝐶𝐹𝑜𝑟𝑚

(3.28)

Reescrevendo, temos que:

𝑉2 = 𝑉1 − (𝛥𝑉

𝑉1100%)

1

100% 𝑉1 = 𝑉1 − (𝐶𝛽𝐶𝑈𝐶𝐹𝑜𝑟𝑚)

1

100%𝑉1

(3.29)

Em que:

𝑉1: Velocidade de serviço do navio quando operando em águas calmas, dado em

m/s

𝑉2: Velocidade do navio quando submetido as forças de vento e de ondas, dado

em m/s

𝛥𝑉: (𝑉1-𝑉2) é a perda absoluta de velocidade, dado em m/s

𝐶𝛽: Coeficiente de redução da direção, sendo função da direção da incidência de

onda no navio em relação a proa, e também do número de Beaufort (BN), sendo

apresentado na tabela 1

𝐶𝑈: Coeficiente de redução da velocidade. È função do coeficiente de bloco do

navio (𝐶𝐵), da condição de carregamento e do número de Froude (𝐹𝑛), sendo

apresentado na tabela 2

𝐶𝐹𝑜𝑟𝑚: Coeficiente de forma do navio, sendo apresentado na tabela 3

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Tabela 1 Coeficiente de Redução da Direção (𝐶𝛽)

Fonte :Adaptado de KWON [13]

Tabela 2 Coeficiente de redução de velocidade (𝐶𝑈)

Fonte: Adaptado de KWON [13]

Tabela 3 Coeficiente de forma do navio (𝐶𝐹𝑜𝑟𝑚)

Fonte: Adaptado de KWON [13]

Vale ressaltar que os coeficientes 𝐶𝛽 e 𝐶𝐹𝑜𝑟𝑚 são função do número de Beaufort

(BN) [14].A escala de Beaufort, inventada por Francis Beaufort, é uma escala utilizada

para mensurar a intensidade dos ventos e de ondas e é detalhada através da tabela 4:

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Tabela 4 Escala Beaufort

Fonte : NUNES [15]

Após encontrar a redução de velocidade em cada nó devido aos efeitos da onda e

do vento, utilizaremos a formulação de BERLEKOM [16] para encontrar as resistências

adicionais em cada nó devido à redução de velocidade:

𝛥𝑉

𝑉0= √1 +

𝛥𝑅

𝑅0− 1

(3.30)

Em que 𝛥𝑉 é a perda de velocidade, 𝑉0 é a velocidade do navio em águas calmas

(m/s), 𝑅0 (𝑘𝑁) é a resistência ao avanço em águas calmas navegando em velocidade 𝑉0

(m/s) e 𝛥𝑅 (kN) é a resistência ao avanço adicional que irá compor a resistência total do

navio.

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Figura 7 Resistencia adicional ao avanço para as direções W, E, N e S em uma malha de exemplo

Fonte: MORAES [2]

Figura 8 Resistencia adicional ao avanço para as direções NW, NE, SW e SE em uma malha de exemplo

Fonte : MORAES [2]

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24

Em posse das resistências adicionais é possível obter a resistência total

somando-as com a resistência ao avanço em águas calmas para a velocidade de serviço:

𝑅𝑡𝑡𝑖,𝑗 = 𝑅𝑡 + 𝑅𝑎𝑑𝑑𝑖,𝑗 𝑝𝑎𝑟𝑎: 𝑖 ∊ 𝑁∗

𝑗 ∊ (𝑁, 𝐸,𝑊, 𝑆, 𝑁𝐸,𝑁𝑊, 𝑆𝐸, 𝑆𝑊)

(3.31)

Em que j representa as oito coordenadas geográficas em que o navio pode se

deslocar e i é o índice que representa a contagem dos nós existentes na malha utilizada.

Com a posse das informações de resistência adicional para cada nó,

encontraremos então a resistência total, e de posse da resistência total podemos então

calcular o empuxo requerido em cada nó para cada uma das 8 direções, através da

seguinte equação:

𝑇𝑖,𝑗 =𝑅𝑡𝑡𝑖,𝑗

1 − 𝑡 𝑝𝑎𝑟𝑎 ∶

𝑖 ∊ 𝑁∗

𝑗 ∊ (𝑁, 𝐸,𝑊, 𝑆, 𝑁𝐸,𝑁𝑊, 𝑆𝐸, 𝑆𝑊)

(3.32)

Figura 9 Empuxo requerido nas direções W, E, N e S em uma malha de exemplo

Fonte: MORAES [2]

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25

Figura 10 Empuxo requerido nas direções NW, NE, SW e SE em uma malha de exemplo

Fonte: MORAES [2]

Embora a embarcação não navegue em todas as direções na rota estipulada e

nem necessite cruzar todos os nós da malha do trajeto, no procedimento de seleção do

motor e propulsor foram analisados todos os empuxos referentes a todos os nós da grade

e em todas as 8 direções. Dessa forma com os melhores propulsores do banco de dados,

que foram selecionados de acordo com o que foi descrito no subcapítulo 3.3, calcula-se

todos os empuxos para cada nó e direção existente e calcula-se então o ponto de

operação de cada propulsor para cada empuxo requerido ao longo do trajeto.

Para esta análise então, realizaremos o que foi feito no subcapítulo 3.3, e para

isto, é necessário conhecer a curva 𝐾𝑇 dos propulsores selecionados e também uma

curva 𝐾𝑇 de operação (curva 𝐾𝑇=bJ²) designada por cada um dos empuxos. Assim com

as duas curvas, o ponto em que a curva de operação, no empuxo analisado, intercepta a

curva do propulsor nos dá o ponto de operação do propulsor para o empuxo analisado.

Para encontrar cada curva de operação referente a cada um dos empuxos

requeridos voltaremos a utilizar a equação 3.13, que é novamente apresentada a seguir:

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26

𝐾𝑇 =𝑇𝐽2

𝜌𝑉𝐴2𝐷2

(3.13)

Uma vez que o valor do peso específico da água salgada (𝜌) e o diâmetro do

hélice (D), não mudam, basta substituir os valores de velocidade de avanço, do empuxo

requerido no nó e direção analisados, que obteremos então a curva de operação do

propulsor para cada empuxo requerido analisado.

Já para a curva 𝐾𝑇 dos propulsores, elas são disponibilizadas nos diagramas de

águas abertas de cada propulsor ou podem ser criadas através dos polinômios

interpoladores de 𝐾𝑇 e 𝐾𝑄. Os polinômios são encontrados em BERNITSAS [8].

Sendo assim, para cada valor de empuxo requerido em cada nó e direção da

malha utilizada no trajeto do navio, consegue-se definir o ponto de operação do

propulsor. E através do ponto de operação do propulsor, utilizamos as equações 3.5 a

3.8, para encontrar a eficiência em águas abertas do propulsor, e também a rotação, o

coeficiente de torque 𝐾𝑄 e o torque Q, no ponto de operação analisado.

Figura 11 Interseção da Curva de Operação com a Curva Kt do propulsor

O procedimento então é repetido para todos os empuxos calculados nas oito

direções de cada nó, e após obter o valor dos empuxos e posteriormente dos pontos de

operação de cada hélice para cada empuxo requerido, utilizamos então as equações 3.18

a 3.27 para encontrarmos os pontos de operação do motor para cada hélice nas direções

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27

e nós analisados. Dessa forma então, é feita a escolha do conjunto motor e propulsor

que consegue abranger a maior quantidade de pontos operacionais na rota analisada.

Nos pontos analisados em que o conjunto motor e propulsor não consigam

fornecer a potência necessária, o comandante do navio precisará realizar uma redução

voluntária da velocidade da embarcação.

3.5 Algoritmo de Dijkstra aplicado ao projeto

O algoritmo de Dijkstra foi formulado pelo cientista holandês Edsger W.Dijkstra

em 1956 e publicado três anos depois [3]. O algoritmo tem o objetivo de encontrar o

menor caminho entre dois nós em um conjunto denominado grafo G(V,A), onde V é um

conjunto não vazio de objetos denominados vértices e A é um subconjunto de arestas

que consistem em pares não ordenados de V, RODRIGUES [1].

A versão original do algoritmo desenvolvida por DIJKSTRA [3] tem por

objetivo determinar o caminho de menor distância entre dois nós (vértices). Entretanto,

com o passar dos anos, surgiu uma variação do algoritmo que consiste na fixação de um

único nó como nó de origem e a partir dele pode ser obtido o caminho mais curto para

todos os outros nós do grafo. Essa variação do algoritmo é a que será usada no presente

projeto.

Considerando então um grafo G(V, A), cada aresta estará representada por um

par ordenado de vértices ou nós (i, j) , aos quais associam-se pesos, que serão

responsáveis pela tomada de decisão de qual caminho deve ser seguido. Sendo que o

peso associado a cada par de vértices (i, j) é função daquilo que se deseja minimizar,

como por exemplo, distância, tempo, consumo de combustível, etc.

Para cada vértice i da malha, três informações são atribuídas ao mesmo:

Se o vértice já foi analisado

O menor somatório de peso desde a origem até o vértice atual

O vértice anterior ao vértice atual

Assumindo que o vértice de origem é 𝑝𝑡, o algoritmo inicialmente assume que

nenhum vértice foi visitado, e com isso atribui peso infinito (𝑝𝑖 = ∞) para todos os

vértices, com exceção do vértice de origem, que recebe peso zero (𝑝𝑡 = 0). De maneira

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28

semelhante, o algoritmo assume valor indefinido de vértice predecessor para todos os

vértices.

Sendo assim, o algoritmo realizará o seguinte procedimento que é descrito a

seguir, enquanto restar vértices não visitados no grafo. Assumindo que o peso para

atingir o vértice i é 𝑝𝑖, teremos que:

1. O nó t recebe o peso de zero: 𝑝𝑡 = 0

2. O nó t recebe o valor de visitado

3. Todos os nós i recebem peso infinito: 𝑝𝑖 = ∞

4. Para cada vértice (nó) adjacente a t, temos que:

4.1 O valor de alt = 𝑝𝑡 + 𝑝𝑡𝑖 é calculado

4.2 Caso 𝑝𝑖 seja maior que alt, o valor de 𝑝𝑖 será substituído pelo valor de alt,

o que significa dizer que um caminho com peso menor até i será

encontrado.

4.3 Se o valor de 𝑝𝑖 for alterado, então o nó precedente do vértice i passa a

ser t.

5. O procedimento acima é realizado repetidamente até que todos os vértices

sejam visitados

6. O caminho de menor peso até o vértice de destino é encontrado rastreando o

seu predecessor, e os respectivos predecessores até o vértice de origem

O algoritmo de DIJKSTRA [3] representado em forma de fluxograma é apresentado a

seguir:

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29

Figura 12 Algoritmo de Dijkstra

Com a finalidade de explicar o funcionamento do algoritmo de DIJKSTRA [3]

de forma mais didática e de facilitar o entendimento, a seguir está representado um

exemplo da aplicação do algoritmo de DIJKSTRA [3].

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30

A figura 13 demonstra a primeira etapa do funcionamento do algoritmo, na

imagem podemos observar um grafo que contém os vértices I,J,K e L. O objetivo é

encontrar um percurso otimizado pelo menor peso das arestas, com início no vértice I e

fim do percurso no vértice L.

A primeira etapa na otimização da rota segundo o algoritmo de DIJKSTRA [3] é

atribuir o valor de peso infinito a todos os vértices (nós), com exceção do vértice de

origem I, que recebe o valor de zero.

Figura 13 Ilustração do primeiro passo do algoritmo

Tabela 5 Tabela referente a primeira etapa do exemplo

Vértices Visitado Peso Anterior

I Sim 0 -

J - - -

K - - -

L - - -

A próxima etapa é estabelecer o vértice I como o nó atual e definir os outros

vértices como não visitados. Então os nós adjacentes ao nó de origem, J e K, recebem os

pesos em relação ao nó de origem, sendo atribuído a J e a K os pesos de 5 e 2,

respectivamente.

J

I

L

K

0

2

5

1 2

5

10

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31

Figura 14 Ilustração do segundo passo do algoritmo

Tabela 6 Tabela referente a segunda etapa do exemplo

Vértices Visitado Peso Anterior

I Sim 0 -

J Não 5 I

K Não 2 I

L Não - -

Agora nesse momento, o nó K é o nó adjacente a I que apresenta menor peso,

sendo assim, o segundo nó a ser visitado é o nó K. A partir dele um novo peso é

atribuído a cada um dos nós que ainda não foram visitados. Portanto, o nó J recebe um

novo peso provisório, já que seu novo peso é menor que o anterior, e o mesmo vale para

o nó L. Dessa forma, a cada etapa do algoritmo o peso provisório dos nós não visitados

mudam se o novo peso provisório for menor que o anterior.

J

I

L

K

0

5

2

5

1 2

5

102

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32

Figura 15 Ilustração do terceiro passo do algoritmo

Tabela 7 Tabela referente a terceira etapa do exemplo

Vértices Visitado Peso Anterior

I Sim 0 -

J Não 4 K

K Sim 2 I

L Não 12 K

A próxima etapa é então visitar o nó J, uma vez que esse é o nó adjacente que

apresenta o menor peso e se os nós adjacentes apresentarem pesos atuais menores que

os anteriores, eles devem ser atualizados, é o caso do nó L, que anteriormente tinha um

peso de 12 e agora depois de atualizado obtém um peso de 9:

J

I

L

K

0

4

2

5

1 2

5

102

12

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33

Figura 16 Ilustração do quarto passo do algoritmo

Tabela 8 Tabela referente a quarta etapa do exemplo

Vértices Visitado Peso Anterior

I Sim 0 -

J Sim 4 K

K Sim 2 I

L Não 9 J

A última etapa então consiste em visitar o último nó e dessa forma então o

algoritmo encontra o percurso otimizado que apresenta menor peso

J

I

L

K

0

4

2

5

1 2

5

102

9

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34

Figura 17 Ilustração do quinto passo do algoritmo

Tabela 9 Tabela referente a quarta etapa do exemplo

Vértices Visitado Peso Anterior

I Sim 0 -

J Sim 4 K

K Sim 2 I

L Sim 9 J

Portanto, para o exemplo apresentado, a rota otimizada consiste em percorrer o

caminho I-K-J-L

No presente projeto, a aplicação do algoritmo de DIJKSTRA [3] tem a

finalidade de otimizar uma rota comercial que apresente o menor consumo de

combustível. Para isso, utilizou-se então o algoritmo desenvolvido por RODRIGUES

[1] em linguagem de programação VBA.

O programa desenvolvido por RODRIGUES [1] consiste na divisão de uma

região, por onde a embarcação irá navegar, em linhas paralelas horizontais, ou seja,

linhas em que se mantém fixo a latitude e varia-se a longitude, e linhas paralelas

verticais, ou seja, linhas em que se mantém fixo a longitude e varia-se a latitude. A

interseção de cada uma dessas linhas resultam em nós ou vértices, e em cada um desses

nós será atribuído um peso.

J

I

L

K

0

4

2

5

1 2

5

102

9

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35

RODRIGUES [1] considerou os pesos dos nós como função de tempo, buscando

então a rota de menor tempo, mas no presente projeto o peso considerado é o

combustível consumido (MORAES [2]), em toneladas, para que a partir de um ponto de

origem e outro de destino o algoritmo forneça o trajeto que apresenta menor consumo

de combustível.

Como explicado no subcapítulo 3.4, a cada nó da malha criada estão associados

oito pontos operacionais, e para cada um desses pontos é possível calcularmos a

eficiência do sistema propulsivo e o fluxo de massa de combustível requerido em cada

ponto operacional, sendo que esse último parâmetro é estimado utilizando o modelo

termodinâmico do motor desenvolvido por GUTIÉRREZ [4]. Sendo assim, o consumo

de combustível entre cada um dos nós poderá ser encontrado através da multiplicação

do fluxo de massa de combustível pelo tempo do percurso

Segundo MORAES [2], o tempo é calculado dividindo-se a distância entre os

nós pela velocidade de serviço da embarcação, já o peso entre cada um dos nós, que é

atribuído ao consumo do motor, é obtido pela multiplicação entre o fluxo de massa de

combustível consumida e o tempo.

𝑡𝑖,𝑗 = 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑖,𝑗

𝑉𝑖,𝑗 (3.33)

𝑃𝑖 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 = 𝑉𝑐𝑖,𝑗. 𝑡𝑖,𝑗 (3.34)

Em que 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑖,𝑗 é a distância em milhas náuticas entre o vértice i e o vértice j. V é

a velocidade de serviço da embarcação em nós; 𝑡𝑖,𝑗 é o tempo, em horas, que a

embarcação leva para navegar entre os vértices i e j; Vc é o fluxo da massa de

combustível consumida pelo motor entre os vértices i e j, em ton/h, e 𝑃𝑖 é o peso da

tomada de decisão do algoritmo, que nesse caso recebe o valor do consumo de

combustível, em toneladas, entre cada um dos vértices.

3.6 Modelo Termodinâmico do Motor

Para a realização do cálculo do consumo de combustível pelo motor, será

utilizado o modelo termodinâmico do motor desenvolvido por GUTIÉRREZ [4].

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36

Modelos termodinâmicos do motor são amplamente encontrados na literatura, e

o objetivo principal dos mesmos é representar os fenômenos físico-químicos que

acontecem durante sua operação, com a finalidade de estimar o desempenho do motor.

Diferentes tipos de modelos são utilizados, alguns mais complexos e outros mais

simplificados. O desenvolvimento e a escolha do modelo varia de acordo com a

precisão e o detalhamento dos resultados que se deseja obter.

De acordo com GUTIÉRREZ [4], notou-se que a utilização do modelo

termodinâmico, quando calibrado adequadamente, permite poupar tempo e custo

operacional na realização de testes experimentais, permitindo variar mais de um

parâmetro quando a finalidade é obter o melhor conjunto de parâmetros que possibilite

obter o melhor desempenho do motor.

Segundo NUNES [15], para motores diesel, existem inúmeras maneiras de

simulação, podendo ser empírica ou analíticos, estático ou transiente. Os modelos

analíticos podem ser divididos entre zero-dimensional ou multidimensional. Os modelos

zero-dimensional podem ser divididos em uma única zona ou multi-zonas, enquanto que

os modelos multidimensionais podem ser de uma, duas ou três dimensões. Porém, em

sua grande maioria, os modelos propostos encontrados na literatura, apresentam uma

combinação dos modelos, por motivos de tempo, esforço e custos.

Na tabela 10, podemos observar a comparação entre os modelos termodinâmicos

existentes.

Tabela 10 - Tabela comparativa entre os diferentes modelos termodinâmicos

Fonte: Marty [17]

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37

O modelo termodinâmico desenvolvido por GUTIÉRREZ [4], o qual usaremos

no presente projeto é um modelo zero-dimensional com aplicação para motores diesel

de 4 tempos

Segundo GUTIÉRREZ [4], as hipóteses simplificadoras adotadas referentes a

modelagem zero-dimensional são as seguintes:

1. Câmara de combustão modelada como um cilindro perfeito;

2. O processo de admissão e exaustão foi considerado a pressão constante de acordo

com o ciclo ideal dos motores de ignição por compressão;

3. A mistura Ar-Combustível é homogênea e se distribui uniformemente em toda a

câmara, considerando que a queima ocorre simultaneamente em todos os pontos;

4. A câmara de combustão é perfeitamente vedada, não havendo vazamentos pelos anéis

de segmento;

5. Não são considerados os efeitos de turbulência dos gases;

6. A pressão e a temperatura são uniformes em toda a câmara;

7. O cálculo das propriedades termoquímicas da mistura, não considera resíduos de

combustão, sendo apenas função dos reagentes;

8. Temperatura da parede considerada constante em cada condição de operação e 20°C

acima da temperatura da água de arrefecimento

9. Eficiência da combustão considerada como 99%.

3.6.1 Análise da pressão no interior do cilindro

No presente projeto estamos interessados nas etapas do ciclo que se encontram

no intervalo que se inicia com o fechamento da válvula de admissão e que termina com

a abertura da válvula de admissão. Portanto, a seguir será demonstrada a análise da

pressão nas etapas da compressão e da combustão e expansão, que foram modeladas de

acordo com o ciclo real.A figura 18 representa o comportamento da mistura de gases no

interior do cilindro no ciclo ideal e real

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38

Figura 18 Ciclo Diesel ideal dos MCI

Fonte: Adaptado de MAUTONE [18]

Na fase de compressão, de acordo com GUTIÉRREZ [4], a pressão muda

de acordo com um processo politrópico e é expressa da seguinte forma:

𝑃𝑉𝑛 = 𝐶𝑡𝑒 (3.35)

Em que V é o volume instantâneo no interior do cilindro (m³) e n é o coeficiente

politrópico do ar, que é definido como a razão entre o calor específico a volume

constante e o calor específico a pressão constante. No caso do ar, n tem valor igual a

1,35.

Derivando a equação 3.35 em relação ao ângulo do eixo de manivelas, temos que:

𝑑𝑃

𝑑𝜃= −𝑛

𝑃

𝑉

𝑑𝑉

𝑑𝜃 (3.36)

Já na fase de Combustão e expansão, de acordo com GUTIÉRREZ [4], a mistura

de gases é governada pela equação universal dos gases ideais

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39

𝑃𝑉 = 𝑚𝑅𝑇 (3.37)

Onde m é a massa da mistura de gases no interior do cilindro (kg), R é a

constante universal da mistura de gases no interior do cilindro (J/Kg.K) e T é a

temperatura instantânea dos gases no interior do cilindro (K).

Derivando a equação 3.37 em relação ao ângulo do eixo de manivelas, chegamos

a expressão da taxa de variação de pressão na fase de combustão e expansão:

𝑑𝑃

𝑑𝜃= 𝑚𝑅 (

𝑑𝑇

𝑑𝜃− 𝑃

𝑑𝑉

𝑑𝜃)1

𝑉 (3.38)

Através da integração das equações 3.36 e 3.38, obtemos o valor da pressão

instantânea no interior do cilindro para as etapas de compressão e combustão e

expansão, a seguir apresentaremos a metodologia para encontrarmos a equação que

forneça o cálculo da temperatura.

3.6.2 Análise da Temperatura no Interior do Cilindro

A primeira lei da termodinâmica aplica o princípio de conservação de energia a

sistemas nos quais transferência de calor e realização de trabalho são os métodos de

transferir energia para dentro e para fora do sistema.

Uma vez que o modelo zero-dimensional não permite a entrada ou saída de

massa do volume de controle (nesse caso o interior e as paredes do cilindro), o balanço

de energia é então descrito pela primeira lei da termodinâmica, sendo mantido como

única variável independente, no modelo, o tempo.

Para efeitos de simplificação no modelo desenvolvido por GUTIÉRREZ [4], é

considerado que a mistura de gases no interior do cilindro encontra-se num estado

estacionário desde a abertura da válvula de admissão até o momento do fechamento da

válvula de exaustão. Aplicando a primeira lei da termodinâmica, temos que:

𝑑𝑈 = 𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 (3.39)

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40

Em que dU é o diferencial da variação da energia interna, 𝛿𝑄 é o diferencial da

variação do calor fornecido ao sistema e 𝛿𝑊 é o diferencial da variação do trabalho

realizado pelo sistema.

Derivando a equação 3.39 em relação ao ângulo do eixo de manivelas, temos

que:

𝑑𝑈

𝑑𝜃=

𝛿𝑄

𝑑𝜃−

𝛿𝑊

𝑑𝜃 (3.40)

O termo dU/dθ também pode ser expresso através da seguinte equação:

𝑑𝑈

𝑑𝜃= 𝑚𝑐𝑣

𝑑𝑇

𝑑𝜃 (3.41)

Em que 𝑐𝑣 é o calor específico mássico da mistura a volume constante, dado em

J/Kg.K.

𝛿𝑄, que é o primeiro termo do lado direito da equação 3.39, representa a taxa de

variação do calor do sistema, e segundo GUTIÉRREZ [4], depende da taxa de

fornecimento de calor devido à queima do combustível e da taxa de transferência de

calor pelas paredes do cilindro, sendo expresso da seguinte forma:

𝛿𝑄 = 𝛿𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝜃) − 𝛿𝑄𝑝(𝜃) (3.42)

Derivando a equação 3.42 em relação ao ângulo do eixo de manivelas:

𝛿𝑄

𝑑𝜃=

𝛿𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑑𝜃−

𝛿𝑄𝑝

𝑑𝜃 (3.43)

Onde 𝛿𝑄𝑝/𝑑𝜃 é a taxa de transferência de calor pelas paredes do cilindro em

relação ao ângulo do eixo de manivelas.

𝛿𝑄𝑝, segundo HEYWOOD [19] e STONE [20], pode ser dividido em duas

parcelas que são a taxa de transferência de calor por convecção e a taxa de transferência

de calor por radiação:

𝛿𝑄𝑝

𝑑𝑡=

𝛿𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜

𝑑𝑡+

𝛿𝑄𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜

𝑑𝑡 (3.44)

Na equação (3.44) pode-se observar que a taxa de transferência de calor pela

parede do cilindro está em função do tempo, mas, como nossa variável independente é o

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41

ângulo da árvore de manivelas, pode-se usar a equação 3.45 para mudar de variável

(HEYWOOD [19]):

∆𝑡 = ∆𝜃

6𝑁 (3.45)

Em que ∆𝑡 é o intervalo de tempo (s), ∆𝜃 é o Intervalo do ângulo da árvore de

manivelas (º) e N é a rotação do motor (RPM)

Realizando então a mudança de variável, teremos que:

𝛿𝑄𝑝

𝑑𝜃=

𝛿𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜

𝑑𝜃+

𝛿𝑄𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜

𝑑𝜃 (3.46)

Onde:

𝛿𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜

𝑑𝜃=

1

6𝑁ℎ𝐴(𝑇 − 𝑇𝑝) (3.47)

Sendo h o coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m².K), e 𝑇𝑝 é

a temperatura na parede do cilindro (K) e A é área da parede do cilindro (m²).

Utilizando a correlação de Eichelberg, (ROUSSEAU et.al [21]) ℎ é dado por:

ℎ = 7,8 X 10−3 𝑃0,5𝑇0,5𝑣𝑝1/3

(3.48)

E 𝑣𝑝 é a velocidade média do pistão (m/s), que, segundo GUTIÉRREZ [4],

pode ser calculada da seguinte forma:

𝑣𝑝 =𝜋

302𝐷𝑁 (3.49)

Sendo D o diâmetro do cilindro (m). Já a taxa de calor transferida por radiação

é dada por:

𝛿𝑄𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜

𝑑𝜃 =

1

6𝑁𝛽𝑒𝜎𝐴(𝑇4 − 𝑇𝑝

4) (3.50)

Sendo 𝛽𝑒 a emissividade, sendo igual a 0,576 para motores diesel, 𝜎 é a

constante de Boltzmann (W/m².K)

Dessa forma, utilizando as equações acima, obtém-se a expressão da taxa de

transferência de calor pela parede do cilindro em função do ângulo da árvore de

manivelas:

𝛿𝑄𝑝

𝑑𝜃=

1

6𝑁ℎ𝐴(𝑇 − 𝑇𝑝) +

1

6𝑁𝛽𝑒𝜎𝐴(𝑇4 − 𝑇𝑝

4) (3.51)

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42

Além disso, segundo GUTIÉRREZ [4], a taxa de variação do trabalho realizado

pelo sistema pode ser calculada pela seguinte expressão:

𝛿𝑊

𝑑𝜃= 𝑃

𝑑𝑉

𝑑𝜃 (3.52)

Realizando então a manipulação algébrica das equações apresentadas, chega-se a

equação diferencial que calcula a temperatura da mistura dos gases no interior do

cilindro:

𝑑𝑇

𝑑𝜃= (𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑑𝑥(𝜃)

𝑑𝜃−

𝛿𝑄𝑝(𝜃)

𝑑𝜃− 𝑃

𝑑𝑉

𝑑𝜃)

1

𝑚𝑐𝑣 (3.53)

Em que dx/d𝜃 é a taxa de variação de combustível queimado durante a

combustão.

3.6.3 Cálculo do Calor Específico a Volume Constante

De acordo com GUTIÉRREZ [4], devido às variações de temperatura no interior

do cilindro, o calor específico da mistura dos gases sofre alterações, além disso, há um

rearranjo dos componentes da reação, que começa com ar admitido, continua com a

injeção do combustível e termina quando todo o combustível é queimado e só restam os

gases produtos da combustão.

Segundo KUO [22] e LAPUERTA et.al [23], nas etapas de admissão,

compressão, expansão e exaustão, a composição química da mistura no interior do

cilindro não varia, sendo assim, as propriedades termoquímicas das misturas de gases

pode ser calculada como a média ponderada das propriedades termoquímicas de cada

um dos componentes presentes no interior do cilindro. Sendo assim:

𝑚𝑀𝑜𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎= ∑𝑋𝑖𝑚𝑀𝑜𝑖

(3.54)

Em que 𝑚𝑀𝑜𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 é a massa molar da mistura, em g/mol, e 𝑋𝑖 é a fração molar

das espécies químicas. E ainda que:

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43

𝐶𝑃𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝐶𝑃𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 =1000 ∑𝑋𝑖 𝐶𝑝𝑖

𝑚𝑀𝑜𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎

(3.55)

𝐶𝑣𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝐶𝑣𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 =1000 ∑𝑋𝑖 𝐶𝑣𝑖

𝑚𝑀𝑜𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎

(3.56)

Em que 𝐶𝑃𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 é o calor especifico a pressão constante dos reagentes, dado

em J/kg.K, 𝐶𝑣𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 é o calor específico a volume constante dos reagentes, dado em

J/kg.K, 𝐶𝑃𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 é o calor especifico a pressão constante dos produtos, dado em

J/kg.K, 𝐶𝑣𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 é o calor específico a volume constante dos produtos, dado em

J/kg.K, 𝐶𝑝𝑖 é o calor específico molar a pressão constante das espécies químicas, dado

em J/mol.K e 𝐶𝑣𝑖 é o calor específico molar a volume constante das espécies químicas,

dado em J/mol.K.

O calor específico da mistura dos gases a volume constante pode ser calculado

através da seguinte expressão:

𝐶𝑣𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝐶𝑃𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 − 𝑅𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 (3.57)

Em que 𝐶𝑃𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 é calor específico a pressão constante da mistura em J/Kg.K e

𝐶𝑣𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 é o calor específico a volume constante da mistura em J/Kg.K.

Já o calor específico da mistura dos gases a pressão constante pode ser estimado

a partir de correlações encontradas por alguns autores. No presente trabalho foi utilizado

a correlação descrita por RAKOPOULOS [24], para o óleo diesel, a qual é representada

pela equação 3.58:

𝐶𝑃𝐷𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙= 𝑅(𝑎1 + 2𝑎2𝑇 + 3𝑎3𝑇² + 4𝑎4𝑇³)

(3.58)

Para os demais componentes da mistura, foi utilizado a correlação proposta por

LANZAFAME et.al [25]:

𝐶𝑃𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠/𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠= 𝑎0 + 𝑎1(𝑙𝑛𝑇) + 𝑎2(𝑙𝑛𝑇)2 + 𝑎3(𝑙𝑛𝑇)3 + 𝑎4(𝑙𝑛𝑇)4 + 𝑎5(𝑙𝑛𝑇)5 (3.59)

Em que 𝑎0, 𝑎1, 𝑎2, 𝑎3, 𝑎4𝑒 𝑎5 são os coeficientes de ajuste do calor específico a

pressão constante de cada componente da mistura de gases.

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44

A tabela 11 apresenta os coeficientes de ajuste para cada um dos componentes

da mistura de gases analisada:

Tabela 11 Coeficientes do Calor específico a pressão constante para cada componente da mistura

Fonte: RAKOPOULOS [24] e LANZAFAME et.al [25]

Gases 𝑎0 𝑎1 𝑎2 𝑎3 𝑎4 𝑎5

𝐶13𝐻28 - 6,4 0,053 -12,7x10−6 10,6x10−10 -

𝐻2𝑂 -11780,765 8490,5218 -2414,77575 339,33662 -23,54277 0,64541

𝑂2 10228,3426 -7184,92333 2010,86808 -279,69496 19,34823 -0,53257

𝑁2 -7513,3642 5708,38047 -1712,1739 254,29554 -18,69984 0,54497

𝐶𝑂2 -1412,36785 1288,4677 -452,81197 77,54809 -6,43522 0,20754

Por último, na etapa de combustão, a partir do momento que ocorre a queima da

mistura Ar/Combustível vão se formando os produtos da combustão. Dessa forma, o

calor específico a volume constante da mistura depende da quantidade de reagentes e de

produtos que coexistem durante o processo de combustão.

𝐶𝑃𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎= (1 − 𝑥)𝐶𝑝𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

+ 𝑥𝐶𝑃𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠

(3.60)

3.6.4 Equações da queima do combustível

A seguir apresentaremos como ocorre o processo de combustão em motores

diesel e as equações para a modelagem da queima de combustível propostas por

GUTIÉRREZ [4], as quais foram utilizadas no presente trabalho:

É importante ressaltar que, segundo GUTIÉRREZ [4] o processo da combustão

ocorre em um tempo muito pequeno, portanto, para um melhor entendimento e estudo,

costuma-se dividi-lo em três períodos. É importante notar que estes períodos não

possuem limites facilmente distinguíveis, sendo difícil estabelecer na prática quando um

termina e o outro começa. Os períodos citados são explicados a seguir e as equações que

os descrevem são apresentadas, respectivamente. (HEYWOOD [19], BUENO [26])

O atraso de ignição significa que há um período de tempo estendido disponível

entre o início da injeção do combustível e o início da combustão e se deve à acumulação

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45

de massa de combustível na câmara de combustão. Durante esse tempo, a temperatura

aumenta devido à compressão do ar provocando a autoignição da massa do combustível.

A figura 3.61 representa a equação para o cálculo do atraso da ignição (𝜏) :

𝜏 = 4,66 − 4 X 10−2𝜃𝑖𝑛𝑗 + 1,16 X 10−4𝜃𝑖𝑛𝑗2 − 1,12 X 10−6𝑝𝑖𝑛𝑗𝑏𝑎𝑟

− 8,95 X 10−5𝑝𝑎𝑟𝑏𝑎𝑟− 9,25 X 10−6𝑇𝑎𝑟

(3.61)

Em que 𝑝𝑎𝑟𝑏𝑎𝑟 é a pressão na admissão do ar, em bar, 𝑝𝑖𝑛𝑗𝑏𝑎𝑟

é a pressão de

injeção de combustível, em bar, 𝑇𝑎𝑟 é a temperatura na admissão do ar, em Kelvin, e

𝜃𝑖𝑛𝑗 é o ângulo de início da injeção de combustível, em graus.

No período da Combustão Pré-Misturada ou Combustão Rápida, ocorre a

combustão do combustível injetado que já formou mistura com o ar durante o período

do atraso da ignição, ocasionando uma elevação brusca da pressão

A equação 3.62 representa a equação para o cálculo da duração da combustão

pré-misturada. (MAROTEAUX et.al [27])

𝛥𝜃𝑝 = −13,2 − 1,64 X 10−2𝑝𝑖𝑛𝑗𝑏𝑎𝑟+ 3,82𝑝𝑎𝑟𝑏𝑎𝑟

+ 7,3 X 10−2𝑇𝑎𝑟

+ 0,22

𝜆+ 3 X 10−3𝑁

(3.62)

Em que 𝛥𝜃𝑝 é a duração da combustão pré-misturada (º); 𝜆 é a razão de

equivalência Ar/Combustível e N é a rotação do motor (RPM).

O período da Combustão Difusa, que é também conhecido como período da

combustão controlada, ocorre depois da mistura formada no período do atraso da

ignição ser consumida. A quantidade de combustível que ainda não formou uma mistura

apropriada com o ar até o momento da ignição vai sendo consumida de forma mais lenta

durante a combustão.

Segundo GUTIÉRREZ [4], a soma da duração da combustão pré-misturada e da

combustão difusiva resulta na duração total do processo de combustão, esse período

pode ser estimado a partir da correlação proposta por GHAZAL [28]:

A seguir é apresentada a equação 3.63 para o cálculo da duração da combustão

total:

𝛥𝜃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 30 + 50

𝑟𝐴𝐶𝑚𝑅𝐸𝐴𝐿 X 0,06691 X 0,7 (3.63)

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46

Aonde 𝛥𝜃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é a duração total da combustão (º); 𝑟𝐴𝐶𝑚𝑅𝐸𝐴𝐿 é a razão

Ar/Combustível mássica real

A partir das equações (3.62) e (3.63), pode-se calcular a duração da combustão

difusiva:

𝛥𝜃𝑑 = 𝛥𝜃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝛥𝜃𝑝 (3.64)

A seguir é apresentada a equação 3.65 para o cálculo da função dupla de Wiebe, para

estimar a curva da fração de massa queimada do combustível:

𝑥(𝜃) = 1 − (𝑥𝑝𝑒−𝑎(

𝜃−𝜃𝑖𝑛𝑗

𝛥𝜃𝑝)𝑚𝑝+1

+ 𝑥𝑑𝑒−𝑎(

𝜃−𝜃𝑖𝑛𝑗

𝛥𝜃𝑑)𝑚𝑑+1

) (3.65)

Segundo GUTIÉRREZ [4], 𝑥(𝜃) é a fração de massa queimada do combustível,

𝑥𝑝 é a fração de massa queimada do combustível na fase pré-misturada, 𝑥𝑑 é a fração de

massa queimada do combustível na fase de combustão difusa, "𝑎” é o parâmetro de

eficiência da combustão, 𝑚𝑝 é o fator de forma da câmara na fase de combustão pré-

misturada e 𝑚𝑑 é o fator de forma da câmara na fase de combustão difusa.

Equação para o cálculo da taxa de calor transferido ao sistema pela queima do

combustível:

𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡ã𝑜 = 𝑛𝑐 X 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏 X 𝑃𝐶𝐼 (3.66)

Em que 𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡ã𝑜 é o calor fornecido ao sistema (J), 𝑛𝑐, é a eficiência da

combustão, 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏 é a massa de combustível (kg) e PCI é o poder calorífico inferior do

combustível (J/kg).

E de acordo com RAMIREZ [29], a massa de combustível injetada no cilindro,

para motores de 4 tempos, pode ser calculada através da equação 3.67:

𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏 = 0,001 𝑉𝑐

30 X 𝑁𝑐X N

Em que 𝑁𝑐 é o número de cilindros do motor, e 𝑉𝑐 é a vazão de

combustível consumido pelo motor, dado em g/h.

(3.67)

Segundo GUTIÉRREZ [4], uma vez que o calor total fornecido pela queima do

combustível é função do ângulo do eixo de manivelas, e relacionando as equações 3.65

e 3.67, temos que:

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47

𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡ã𝑜 = 𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡ã𝑜 X 𝑥(𝜃) (3.68)

Derivando a equação 3.68, encontra-se a taxa de fornecimento de calor para o sistema:

𝛿𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡ã𝑜

𝑑𝜃= 𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡ã𝑜 X

𝑑𝑥

𝑑𝜃

(3.69)

3.6.5 Equações da combustão completa

A combustão completa ocorre quando a quantidade de ar admitida no interior do

cilindro é completamente consumida com a quantidade de combustível injetada. Nesse

caso a equação

que representa a combustão completa do óleo diesel, que é o combustível utilizado no

presente projeto, é apresentada a seguir:

𝑎𝐶13𝐻28 + 𝑏(𝑂2 + 3,76𝑁2) → 𝑚𝐶𝑂2 + 𝑛𝐻2𝑂 + 𝑝𝑁2 (3.70)

Em que a, b, m, n e p são os coeficientes estequiométricos da reação (mols)

Realizando então o balanceamento estequiométrico dos coeficientes, pode se

calcular a razão Ar/Combustível molar, para que ocorra a combustão completa do

combustível injetado, cujo resultado é apresentado pela equação 3.71:

𝑟𝐴𝐶𝑚𝑆 =𝑏

𝑎= 20

(3.71)

E também é possível calcular a razão Ar/Combustível mássica:

𝑟𝐴𝐶𝑀𝑆 =𝑏(𝑂2

+ 3,76𝑁2)

𝑎 𝑥 𝐶18𝐻28

(3.72)

Sendo 𝑂2, 𝑁2

𝑒 𝐶18𝐻28, as massas molares do oxigênio, do nitrogênio e do

tridecano, respectivamente, dados em (g/mol) .

3.6.6 Equações da combustão da mistura pobre

Já a combustão com mistura pobre, ocorre quando não houver combustível

suficiente para consumir todo o oxigênio presente no interior do cilindro, gerando assim

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48

produtos além daqueles formados na combustão completa. A seguir é apresentado a

equação 3.73 que descreve a combustão com mistura pobre, considerando o óleo diesel

como combustível.

𝑎𝐶13𝐻28 + 𝜆 + 𝑏(𝑂2 + 3,76𝑁2) → 𝑞𝐶𝑂2 + 𝑟𝐻2𝑂 +

𝑠𝑁2 + 𝑡𝑂2 + 𝑢𝐶𝑂 + 𝑣𝑁𝑂 + 𝑤𝐻𝐶 (3.73)

Entretanto, foi adotado as considerações feitas por GUTIERREZ [4] de que a

formação do monóxido de carbono, compostos de nitrogénio e hidrocarbonetos não

queimados podem ser considerados desprezíveis, desde o ponto de vista de liberação de

energia, e portanto a equação 3.73 se reduz a equação 3.74, apresentada a seguir:

𝑎𝐶13𝐻28 + 𝜆 + 𝑏(𝑂2 + 3,76𝑁2) → 𝑞𝐶𝑂2 + 𝑟𝐻2𝑂 + 𝑠𝑁2 + 𝑡𝑂2 (3.74)

Realizando o balanceamento estequiométrico da equação 3.74, pode-se calcular

a razão Ar/Combustível molar real, dada pela equação 3.75:

𝑟𝐴𝐶𝑚𝑅𝐸𝐴𝐿 = 𝜆 X 𝑏

𝑎

(3.75)

E por conseguinte, pode-se calcular a razão Ar/Combustível mássica real, dada pela

equação 3.76:

𝑟𝐴𝐶𝑀𝑅𝐸𝐴𝐿 =𝜆 𝑥 𝑏(𝑂2

+ 3,76𝑁2)

𝑎 𝑥 𝐶18𝐻28

(3.76)

E dessa forma, pode-se calcular a razão de equivalência ar/combustível (𝜆):

𝜆 = 𝑟𝐴𝐶𝑀𝑅𝐸𝐴𝐿

𝑟𝐴𝐶𝑀𝑆

(3.77)

A razão Ar/Combustível mássica real pode ser calculada pela seguinte expressão:

𝑟𝐴𝐶𝑀𝑅𝐸𝐴𝐿 =𝑚𝑎

𝑚𝑐 (3.78)

Em que 𝑚𝑎 é a massa de ar admitida no cilindro (kg) e 𝑚𝑐 é a massa de

combustível admitida no cilindro (kg).

Segundo GUTIÉRREZ [4] a massa admitida no cilindro pode ser estimada a

partir da equação dos gases ideais e no momento de fechamento da válvula de admissão

(devido a que na admissão só ingressa Ar no cilindro), apresentada pela equação 3.79

(HEYWOOD [19], SOUZA JUNIOR [30]):

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49

𝑚𝑎 =𝑃𝑎𝑉𝑎𝐶𝐷

𝑅𝑎𝑇𝑎

(3.79)

Em que: 𝑃𝑎 é a pressão no fechamento da válvula de admissão (Pa); 𝑉𝑎 é o

volume do cilindro no fechamento da válvula de admissão (m³); 𝑅𝑎é a constante

mássica do ar (J/kg.K); 𝑇𝑎 é a temperatura no fechamento da válvula de admissão (K); e

𝐶𝐷 é o coeficiente de descarga na admissão

3.6.7 Parâmetros geométricos do cilindro

As equações para a modelagem dos parâmetros geométricos do cilindro são as

utilizadas por GUTIERREZ [4]

Equação para o cálculo da posição instantânea do êmbolo:

𝑠(𝜃) = 𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠 cos(𝜃) + √𝐿2 − (𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑛(𝜃))2 (3.80)

Em que 𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠 é o raio da árvore de manivelas (m) e L é o comprimento da biela

(m)

Equação para o cálculo da área instantânea da parede do cilindro:

𝐴 = 𝜋𝐷 (𝐷

2+ 𝐿 + 𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠 +

2𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠

𝑟 − 1− 𝑠(𝜃))

(3.81)

Sendo D o diâmetro do pistão (m) e r é a razão de compressão do cilindro

E por último, a equação para o cálculo do volume instantâneo do cilindro:

𝑉 = 𝜋𝐷2

4(𝐿 + 𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠 +

2𝑅𝑚𝑎𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠

𝑟 − 1− 𝑠(𝜃))

(3.82)

3.6.8 Parâmetros de desempenho do motor

As equações apresentadas neste tópico representam parâmetros relacionados ao

desempenho do motor, vale ressaltar que estas equações estão referenciadas em relação

ao ângulo do eixo de manivelas e são aquelas utilizadas por SOUZA JUNIOR [30].

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50

Trabalho Indicado: Representa o trabalho realizado pelo fluido no intervalo do

eixo de manivelas em que as válvulas de admissão e de exaustão se encontram fechadas.

A equação 3.83 é apresentada a seguir, segundo HEYWOOD [19]:

𝑊𝑖𝑛𝑑 = ∫ 𝑝(𝜃)𝑑𝑉𝜃𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎𝑣𝑎𝑙𝑣 𝑒𝑥𝑎𝑢𝑠𝑡

𝜃𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑣𝑎𝑙𝑣 𝑎𝑑𝑚

(3.83)

Pressão Médica Indicada: Representa a pressão uniforme no interior do cilindro

durante todo o ciclo. É calculada pela expressão 3.84, conforme HEYWOOD [19]:

𝑝𝑚𝑖𝑛𝑑=

𝑊𝑖𝑛𝑑

𝑉𝑑

(3.84)

Em que 𝑉𝑑 é o volume deslocado, ou cilindrada, expresso em m³

Potência Indicada: É a potência que ocorre no interior do cilindro. Pode ser

calculada através da equação 3.85, segundo HEYWOOD [19]:

𝑃𝑜𝑡𝑖𝑛𝑑 = 𝑝𝑚𝑖𝑛𝑑

X 𝑉𝑑 X 𝑁

120

(3.85)

Potência Efetiva: É a potência transferida ao motor, já sendo considerada as

perdas mecânicas:

𝑃𝑜𝑡𝑒𝑓𝑒𝑡 = 𝜂𝑚 X 𝑃𝑜𝑡𝑖𝑛𝑑 (3.86)

Sendo 𝜂𝑚 a eficiência mecânica.

Torque indicado: O torque é a força responsável pela capacidade do motor

produzir força motriz, ou seja, o movimento giratório. Pode ser calculado pela

expressão 3.87, conforme HEYWOOD [19]:

𝑇𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒𝑖𝑛𝑑 = 𝑃𝑜𝑡𝑖𝑛𝑑 X 60

2𝜋𝑁

(3.87)

Torque efetivo: É o torque transferido ao eixo do motor, já descontado as perdas

mecânicas:

𝑇𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒𝑒𝑓𝑒𝑡 = 𝜂𝑚 X 𝑇𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒𝑖𝑛𝑑 (3.88)

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51

3.6.9 Estimativa do Consumo de Combustível – Técnica de Levenberg-

Marquardt Foi utilizado a Técnica de Levenberg-Marquardt Não Linear para estimar a

vazão de combustível consumido pelo motor em cada nó da malha analisada. O objetivo

ao usar essa técnica é buscar a melhor estimativa para o vetor desconhecido “p”, que no

presente caso é a vazão de combustível consumido pelo motor (𝑉𝑐).

De posse da vazão de combustível consumido pelo motor, da velocidade do

navio e da distância entre cada nó da malha analisada, pode-se calcular o consumo em

cada trecho, através da equação 3.34, e finalmente o consumo total para qualquer trajeto

que esteja dentro da região analisada.

A referida técnica é a mesma empregada por GUTIÉRREZ [4] em seus estudos,

na ocasião, para identificação dos parâmetros de falhas do motor.

No presente projeto, Z e H(p) representam, respectivamente, a potência

requerida e a potência efetiva (𝑃𝑜𝑡𝑒𝑓𝑒𝑡) em cada trecho da rota. Já “p” é uma grandeza

escalar, que vai estimar a vazão de combustível consumida pelo motor (Vc), sendo

assim 𝑝 = 𝑉𝑐.

A realização da estimativa da vazão de combustível consumido envolve uma

série de parâmetros, inclusive o cálculo da massa de combustível que é dado pelas

equações 3.66 e 3.67

Os métodos de estimação de parâmetros devem ser capazes de minimizar o erro

entre os valores observados de Z e os valores, H(p), gerados pelo vetor p. Sendo assim a

equação 3.89 deve ser minimizada. OZISIK [31].

𝑒 = 𝑍 − 𝐻(𝑝) (3.89)

Um dos métodos mais simples para minimizar a equação (3.89) é a minimização

da soma dos quadrados dos elementos do vetor e. Assim, os maiores erros são mais

penalizados do que os menores. Seja S, a quantidade escalar que define a função

objetivo que se quer minimizar:

𝑆 = 𝑒𝑇 . 𝑒 = (𝑍 − 𝐻(𝑝))𝑇(𝑍 − 𝐻(𝑝)) (3.90)

e

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52

(𝑍 − 𝐻(𝑝))𝑇

= (𝑍1 − 𝐻1, 𝑍2 − 𝐻2, … , 𝑍𝑀 − 𝐻𝑁) (3.91)

Segundo GUTIÉRREZ [4], para resolver a equação (3.90) existem várias

técnicas que permitem calcular a melhor estimativa do vetor p, e a escolha de qual

método a ser utilizado depende da quantidade de informação disponível.

Para resolver a equação (3.90) pelo método dos mínimos quadrados, deve-se

escolher o algoritmo adequado que lide com problemas não lineares. Nesse sentido, foi

escolhida a técnica de Levenberg-Marquardt não linear OZISIK [31], o qual é um

processo iterativo e sua convergência depende do critério de parada estabelecido. A

seguir apresenta-se a descrição da metodologia utilizada:

De acordo com GUTIÉRREZ [4] e OZISIK [31], Para minimizar a equação

(3.90), devem se igualar a zero as primeiras derivadas de S(p) com relação aos seus

parâmetros, conforme expresso na equação (3.92):

𝜕𝑆(𝑝)

𝜕𝑝1

=𝜕𝑆(𝑝)

𝜕𝑝2

= ⋯ = 𝜕𝑆(𝑝)

𝜕𝑝𝑁

(3.92)

Na forma matricial, a equação (3.92), após ser derivada, pode ser escrita como:

∇S(𝑝) = −2 [𝜕𝐻𝑇(𝑝)

𝜕𝑝] (𝑍 − 𝐻(𝑝)) = 0 (3.93)

Onde,

𝜕𝐻𝑇(𝑝)

𝜕𝑝=

[

𝜕

𝜕𝑝1

⋮𝜕

𝜕𝑝𝑚]

(𝐻1 …𝐻𝑁) (3.94)

Segundo GUTIÉRREZ [4], A matriz de influência ou também conhecida como

matriz de sensibilidade ou, ainda, como matriz Jacobiano, J(p), é definida como a

transposta da matriz definida na equação (3.95).

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53

𝐽(𝑝) = [𝜕𝐻𝑇(𝑝)

𝜕𝑝] =

[ 𝜕𝐻1

𝜕𝑝1

…𝜕𝐻1

𝜕𝑝𝑁

⋮ ⋱ ⋮𝜕𝐻𝑀

𝜕𝑝1

…𝜕𝐻𝑀

𝜕𝑝𝑁 ]

(3.95)

Segundo GUTIÉRREZ [4], os coeficientes de sensibilidade, 𝐽𝑖𝑗, são definidos

como sendo as derivadas primeiras das medições estimadas usando o modelo

termodinâmico, H(p), em relação a cada parâmetro 𝑝𝑗, isto é:

𝐽𝑖𝑗 =𝜕𝐻𝑖

𝜕𝑝𝑗

(3.96)

Os coeficientes 𝐽𝑖𝑗 podem ser calculados através da aproximação por diferenças

finitas. Substituindo a equação (3.96) na equação (3.93), tem-se:

−2𝐽𝑇(𝑝). (𝑍 − 𝐻(𝑝)) = 0 (3.97)

Segundo GUTIÉRREZ [4], nos casos onde o sistema é considerado linear, a

matriz de sensibilidade não é uma função dos parâmetros desconhecidos, p, e a equação

3.96 pode ser resolvida de forma explícita.

Para o motor Diesel, a relação entre o parâmetro de vazão de combustível e os

parâmetros de desempenho medidos é não-linear, então, há uma dependência funcional

entre a matriz de sensibilidade e os parâmetros independentes.

A solução da equação (3.97) requer um procedimento iterativo, obtido através

da linearização do vetor H(p) em torno da solução 𝑝𝑘. A linearização, utilizando a série

de Taylor, é dada por:

𝐻(𝑝) = 𝐻(𝑝𝑘) + 𝐽(𝑝𝑘). (𝑝 − 𝑝𝑘) (3.98)

Em que:

H(𝑝𝑘) são as simulações estimadas na interação k; e

J(𝑝𝑘) é a matriz do jacobiano avaliada na interação k

De acordo com GUTIÉRREZ [4], substituindo a Eq. 3.98 na Eq. 3.97, e

rearranjado a expressão resultante, o procedimento iterativo utilizado na estimativa dos

parâmetros independentes é calculado conforme a equação 3.99:

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54

𝑝𝑘+1 = 𝑝𝑘 + [(𝐽𝑘)𝑇𝑥 𝐽𝑘]−1 X [(𝐽𝑘)𝑇𝑥 (𝑍 − 𝐻(𝑝𝑘))] (3.99)

O procedimento iterativo dado pela equação 3.99 requer que uma matriz

específica seja não-singular:

(𝐽𝑘)𝑇𝐽𝑘 ≠ 0 (3.100)

Segundo GUTIÉRREZ [4], se o determinante da equação 3.100 for zero, ou

próximo de zero, os parâmetros 𝑝𝑗 não poderão ser determinados através do processo

iterativo da equação 3.99. Para minimizar essas dificuldades, o método de Levenberg-

Marquardt foi utilizado. Ele modifica o processo iterativo da equação 3.99, tornando-a

da forma dada pela equação 3.101:

𝑝𝑘+1 = 𝑝𝑘 + [(𝐽𝑘)𝑇𝑥 𝐽𝑘 + 𝑢𝑘Ω𝑘]−1 X [(𝐽𝑘)𝑇𝑥 (𝑍 − 𝐻(𝑝𝑘))] (3.101)

Em que:

𝑢𝑘 é um parâmetro de amortecimento, sendo um escalar positivo, e Ω𝑘 a

matriz diagonal, calculada pela equação 3.102:

Ω𝑘 = 𝑑𝑖𝑎𝑔[((𝐽𝑘)𝑇X 𝐽𝑘] (3.102)

Segundo GUTIÉRREZ [4], o objetivo de se incluir o termo [𝑢𝑘Ω𝑘] na equação

3.101 é para amortecer as oscilações e instabilidades devido ao mal-condicionamento da

matriz dada pela equação 3.99

Três critérios de parada foram sugeridos por OZISIK [31] para interromper o

processo iterativo, como é demonstrado a seguir:

1. S(p) < 휀1

2. ‖(𝐽𝑘)𝑇 𝑥 (𝑍 − 𝐻(𝑝𝑘))‖ < 휀2

3. ‖𝑝𝑘+1 − 𝑝𝑘‖ < 휀3

Em que 휀𝑖 são as tolerâncias e ‖ . ‖ indica o cálculo da norma euclidiana, isto é:

‖𝑥‖ = (𝑥𝑇𝑥)1/2 (3.103)

No caso deste trabalho, foi adotado o critério de parada número 1. De acordo

com GUTIÉRREZ [4], o algoritmo para a implementação computacional encontra-se

em OZISIK [31].

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55

4. Estudo de Caso

No Brasil em 2013, a demanda de GLP no país atingiu 7,3 milhões de toneladas,

um crescimento de cerca de 18% quando comparado com o consumo registrado de 6,2

milhões de toneladas em 2003 [32], e a previsão é que a demanda por GLP chegue a 9,2

milhões de toneladas em 2025 [33].

No caso do GLP, 76% da tancagem está situado nos portos, o que equivale a 363

mil m³ de capacidade em terminais [34]. Sendo assim, a movimentação de GLP no país

é realizada principalmente via cabotagem. Pode-se então notar que a demanda por GLP

no país apresenta pleno crescimento o que reflete então em uma necessidade de

modernização e expansão dos portos e terminais aquaviários e também da frota de

navios que transportam GLP.

Foi através dessa necessidade de expansão que a TRANSPETRO através do

Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF), em 2010, encomendou ao

estaleiro Vard Promar oito navios gaseiros LPG, sendo quatro navios com capacidade

de transporte de 7.000 m³ de gás, dois de 12.000 m³ e dois de 4.000 m³ [35]

Entre os navios encomendados destaca-se o navio Gilberto Freyre que é o navio

utilizado no presente estudo de caso. Entregue no final de 2017 e sendo o quinto navio

gaseiro a integrar a frota da Transpetro o Gilberto Freyre conta com dois tanques

pressurizados e apresenta capacidade de transporte de 4 mil m³.

4.1 Dados Principais do Navio Gilberto Freyre

Na tabela 12 está representado os principais dados inerentes ao navio, sendo

importante ressaltar que para obtenção de alguns dados de entrada que não se

encontravam prontamente disponíveis o navio então foi cuidadosamente modelado

através do software de modelagem computacional de forma do casco FreeShip® e então

através do programa foram extraídos alguns dados de suma importância, como o

coeficiente de linha d´agua, o coeficiente de seção mestra e as informações relacionadas

ao bulbo do navio.

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56

Tabela 12 Características Principais do Navio de Projeto

Navio Gaseiro Gilberto Freyre

Comprimento Total (m) 99,764

Comp. Perpendiculares (m) 92,700

Comp. Linha d'água (m) 93,99

Boca Moldada (m) 16,800

Calado Moldado (m) 5,000

Pontal Moldado (m) 8,350

Vol. Desloc. Moldado (m³) 5669

LCB Relativo à PR (m) 45,71

Coef. Seção Mestra 0,9824

Coef. Linha d'água 0,7806

Coef. De Bloco 0,6769

Área Transom (m²) 0

Área Transv. Do Bulbo (m²) 7,31

Altura Centro Área Bulbo(m) 2,70

Velocidade de Serviço (nós) 13

Na figura 19 pode ser visto o casco do navio modelado através do software

FreeShip:

Figura 19 Vista de Popa do Navio Gaseiro de Projeto Modelado no Software FreeShip

De posse da forma do casco e das características e dimensões principais do navio

é possível estimar a resistência ao avanço do navio. Nesse caso o método escolhido para

isso foi o método proposto por HOLTROP (1984) [7].

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57

Realizando os cálculos considerando a velocidade de serviço de 13 nós, a

resistência ao avanço segundo o método de HOLTROP [7], assim como os valores do

coeficiente de esteira (w), do coeficiente de redução de força propulsora (t) e da

eficiência rotativa relativa (𝜂𝑟𝑟) são apresentados na tabela 13:

Tabela 13 Resistência ao avanço (13 nós)

Resistência ao avanço em águas calmas para velocidade de 13 nós

RT (kN) t w 𝜂𝑟𝑟

144,560 0,19798 0,34502 1,00273

Com a resistência ao avanço e o coeficiente de redução da força propulsiva na

velocidade de projeto foi possível aplicar a equação 3.9 para encontrar o empuxo

requerido (𝑇𝑅𝑒𝑞) em águas calmas para se navegar na referida velocidade:

𝑇𝑅𝑒𝑞 = 180,245 kN (4.1)

4.2 Estudo da Rota de Navegação Em relação a rota a ser cumprida e a ser utilizada no presente estudo de caso, foi

escolhida a rota ligando o Terminal Aquaviário (TA) da Ilha Redonda, localizado na

Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, até o porto de Paranaguá, no Paraná e finalizando

o trajeto no porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

O Terminal Aquaviário (TA) da Ilha Redonda é operado pela TRANSPETRO e

é ligado por um gasoduto a REDUC, a refinaria de Duque de Caxias, distante 18km da

Ilha Redonda. Através do TA da Ilha Redonda são realizados operações de cabotagem,

importação e exportação de GLP [36].

Para o estudo da rota e implementação da metodologia descrita foi criada uma

malha para a região da rota estabelecida. O ponto em branco representa o Terminal

Aquaviário da Ilha redonda, que é o ponto de partida do navio. Os pontos em vermelho

representam os portos de Paranaguá e de Rio Grande, que são os pontos de parada e o

ponto de destino, respectivamente, conforme a figura 20.

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58

Figura 20 Rota Analisada no Presente Estudo

A malha foi discretizada com intervalos de 1 grau entre as latitudes e intervalo

de 30 minutos entre as longitudes da malha, resultando em 190 interseções, tendo como

origem a interseção da latitude 23ºS com a longitude 43ºW, o ponto de parada

representado pela interseção da latitude 26ºS com a longitude 47º30’W e o ponto de

destino representado pela latitude 32ºS com a longitude 52ºW. Cada intercessão das

linhas de latitude e longitude é considerado um vértice, formando assim a malha

representada pela figura 21.

Figura 21 Ilustração da Malha

Pode-se notar através da figura 21,que o ponto de início da rota é o nó de

número 190, representando o TA da Ilha Grande, no Rio de Janeiro. O nó 124

representa o porto de Paranaguá e finalmente o nó número 1 representa o destino final

da embarcação, no porto de Rio Grande.

LAT / LONG 52W 51,5W 51W 50,5W 50W 49,5W 49W 48,5W 48W 47,5W 47W 46,5W 46W 45,5W 45W 44,5W 44W 43,5W 43W

23S 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190

24S 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171

25S 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152

26S 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133

27S 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114

28S 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95

29S 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76

30S 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57

31S 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

32S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

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59

O cenário com as condições climatológicas utilizadas no trabalho e que são de

suma importância para os cálculos da redução involuntária da velocidade e da

resistência adicional, apresentadas no capítulo 3, foi retirado do site Windy [37] e

representa as condições meteorológicas do dia 2 de Dezembro de 2018. As figuras 22 e

23 apresentadas a seguir ilustram o cenário.

Figura 22 Cenário Meteorológico ilustrando direção e altura significativa de onda na região de estudo

Figura 23 Cenário Meteorológico ilustrando direção e intensidade do vento na região de estudo

Com as informações meteorológicas da região analisada, e com a metodologia e

as fórmulas apresentadas na seção 3.4 do capítulo 3, somos capazes de calcular a

resistência adicional em cada nó da malha, para cada uma das 8 direções. Levando-se

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60

em consideração que são 120 interseções navegáveis e 8 direções em que o navio pode

navegar, então temos no total 960 nós de resistência adicional. Somando-se ao valor da

resistência adicional a resistência em águas calmas, encontramos então a resistência ao

avanço total do navio para cada nó e utilizando a equação 3.10 é possível calcular o

empuxo requerido em cada nó.

Na tabela 14 é apresentado o valor do empuxo requerido em cada nó. Vale

ressaltar que uma vez que o cálculo da resistência adicional é função do estado de mar e

do número de Beaufort é comum que em vários nós o empuxo requerido coincida,

conforme pode ser observado através da tabela 14:

Tabela 14 Empuxos requeridos na rota analisada

Contagem Empuxo (kN) Incidencia

1 176,93 5

2 178,12 38

3 178,52 1

4 180,09 4

5 180,24 15

6 182,72 10

7 184,29 2

8 185,38 1

9 191,86 4

10 193,42 43

11 194,20 2

12 198,23 250

13 201,06 10

14 208,75 20

15 228,32 125

16 237,39 59

17 257,93 10

18 273,60 172

19 334,80 40

20 384,92 86

21 434,44 43

22 534,14 20

4.3 Seleção do Propulsor Dispondo dos valores dos empuxos requeridos em cada nó para cada direção, o

próximo passo então é realizar a seleção do propulsor. O primeiro passo foi calcular o

diâmetro máximo do hélice respeitando o espaço para as claras do hélice segundo a

recomendação da empresa DNV-GL [10] e conforme a figura 3, apresentada no

subcapítulo 3.2.

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61

Realizando então os cálculos chegou-se ao diâmetro máximo permitido para o

hélice de 3,65 m. O segundo passo consistiu em encontrar os hélices cuja geometria são

capazes de fornecer o empuxo requerido pela embarcação em águas calmas e cuja

incidência de cavitação esteja abaixo de 5%. O método utilizado foi o método

conhecido como “bJ²” cuja metodologia é explicada nos subcapítulos 3.3 e 3.4 do

presente relatório.

Realizado então a seleção do propulsor, chegou-se a três diferentes propulsores

cuja geometria atendem ao requisito estipulado e cuja incidência de cavitação está

abaixo dos 5%, segundo o método de Burril. Além disso, os três propulsores apresentam

os melhores resultados de eficiência em águas abertas (equação 3.8) entre todos os

propulsores analisados.

Tabela 15 Propulsores Selecionados Preliminarmente

Propulsores Série B

Id. D (m) P/D Z Ae/A0 𝜂0

1 3,65 0,9 5 0,55 57,68%

2 3,65 0,9 5 0,6 57,70%

3 3,65 0,9 6 0,55 57,12%

Entretanto, a variação do estado de mar em cada ponto da região analisada,

resulta em trechos que apresentam maior resistência ao avanço e consequentemente

demandam maior empuxo do propulsor. Por isso, nessa etapa, é importante testar a

eficiência e incidência de cavitação de cada um dos propulsores da tabela 15 para todos

os pontos da região de navegação analisada e verificar os resultados.

Por isso, para cada um dos propulsores apresentados na tabela 15 foi calculado a

eficiência do propulsor e verificado a incidência de cavitação para cada um dos

empuxos requeridos apresentados na tabela 14. Na tabela 16 os resultados para cada um

dos três propulsores analisados são apresentados:

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62

Tabela 16 Eficiência e incidência de cavitação dos Propulsores pré-selecionados para cada empuxo

requerido na região analisada

Id Hélice 1 Id Hélice 2 Id Hélice 3 Empuxo

(kN) Eficiência

Cavitação

(<5%) Eficiência

Cavitação

(<5%) Eficiência

Cavitação

(<5%)

176,93 58,01% OK 58,05% OK 48,85% OK

178,12 57,93% OK 57,96% OK 57,40% OK

178,52 57,90% OK 57,94% OK 57,37% OK

180,09 57,79% OK 57,82% OK 57,27% OK

180,24 57,78% OK 57,81% OK 48,59% OK

182,72 57,95% OK 57,98% OK 57,41% OK

184,29 57,50% OK 57,53% OK 57,01% OK

185,38 57,42% OK 57,45% OK 56,94% OK

191,86 56,99% OK 57,01% OK 56,54% OK

193,42 56,89% OK 56,91% OK 56,44% OK

194,20 56,83% OK 56,85% OK 56,40% OK

198,23 56,56% OK 56,58% OK 56,16% OK

201,06 56,37% OK 56,39% OK 47,05% OK

208,75 55,88% OK 55,88% OK 46,52% OK

228,32 54,66% OK 54,66% OK 54,42% OK

237,39 54,13% OK 54,12% OK 53,92% OK

257,93 52,96% OK 52,94% OK 43,52% OK

273,60 52,13% OK 52,10% OK 52,05% OK

334,80 49,19% OK 49,14% OK 49,27% OK

384,92 47,13% NÃO OK 47,07% OK 47,30% OK

434,44 45,33% NÃO OK 45,26% NÃO OK 57,27% NÃO OK

534,14 42,27% NÃO OK 42,19% NÃO OK 33,69% NÃO OK

Entretanto, a variação do estado de mar em cada ponto da região analisada,

resulta em trechos que apresentam maior resistência ao avanço e consequentemente

demandam maior empuxo do propulsor. Por isso, nessa etapa, é importante testar a

eficiência e incidência de cavitação de cada um dos propulsores da tabela 15 para todos

os pontos da região de navegação analisada e verificar os resultados.

Por isso, para cada um dos propulsores apresentados na tabela 15 foi calculado a

eficiência do propulsor e verificado a incidência de cavitação para cada um dos

empuxos requeridos apresentados na tabela 14. Na tabela 17 os resultados para cada um

dos três propulsores analisados são apresentados:

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63

Tabela 17 Propulsor Selecionado

Propulsor Série B

D (m) P/D Z Ae/A0

3,65 0,9 5 0,6

Definido então o propulsor o próximo passo seria encontrar o motor que consiga

englobar o maior número de pontos de operação do propulsor selecionado. No presente

projeto por utilizarmos o navio gaseiro Gilberto Freyre, que é um navio já em operação,

não realizaremos a seleção do motor, uma vez que já é conhecido qual o motor que a

embarcação dispõe.

O motor utilizado é o motor da empresa MAN B&W, modelo 7L27/38, diesel,

de 4 tempos e de média rotação. A figura 24 apresenta a imagem do motor e a tabela 17

apresenta as especificações técnicas do motor [38]

Figura 24 Motor MAN B&W 7L27/38

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64

Tabela 18 Especificações Técnicas motor 7L27/38

Número de Cilindros 7 em linha

Diâmetro do cilindro 270 mm

Comprimento da Biela 1209 mm

Raio do Eixo de Manivela 131 mm

Cilindrada Total 152,6 litros

Razão de Compressão 15,9:1

Sequência de Ignição 1-2-4-6-7-5-3

Ângulo de Fechamento da Válvula de Admissão

198⁰

Ângulo de Abertura da Válvula de Escape 481⁰

Temperatura da Água de Arrefecimento 80-100 ⁰C

Pressão de Admissão do Ar 3-3,3 Bar

Temperatura Admissão do Ar 313-328 K

Pressão de Admissão do Óleo Diesel 3-3,5 Bar

Temperatura de Admissão do Óleo Diesel 293-313 K

Potência Máxima 2380 kW

Com o conjunto hélice e motor definidos, somos então capazes de verificar

como o conjunto se comporta para cada um dos empuxos requeridos na região da rota

definida e quais são os pontos operacionais na rota analisada que estão dentro do limite

de operação do sistema propulsivo do navio. A tabela 19 apresenta os resultados do

conjunto motor e hélice para todos os pontos de operação na rota analisada.

Tabela 19 Pontos operacionais do sistema propulsivo definido

Empuxo (kN) Incidencia Potencia Requerida (kW) Eficiencia do Hélice RPM do Motor % Carga Motor

176,93 5,00 1604 58,05% 666 67,4%

178,12 38,00 1617 57,96% 668 67,9%

178,52 1,00 1621 57,94% 668 68,1%

180,09 4,00 1639 57,82% 671 68,9%

180,24 15,00 1639 57,81% 671 68,9%

182,72 10,00 1658 57,98% 673 69,7%

184,29 2,00 1686 57,53% 678 70,8%

185,38 1,00 1698 57,45% 679 71,3%

191,86 4,00 1771 57,01% 692 74,4%

193,42 43,00 1788 56,91% 695 75,1%

194,20 2,00 1797 56,85% 697 75,5%

198,23 250,00 1843 56,58% 706 77,5%

201,06 10,00 1876 56,39% 713 78,8%

208,75 20,00 1965 55,88% 732 82,6%

228,32 125,00 2198 54,66% 778 92,3%

237,39 59,00 2308 54,12% 796 97,0%

257,93 10,00 2563 52,94% 823 107,7%

273,60 172,00 2763 52,10% 835 116,1%

334,80 40,00 3585 49,14% 850 150,6%

384,92 86,00 4303 47,07% 851 180,8%

434,44 43,00 5050 45,26% 852 212,2%

534,14 20,00 6660 42,19% 852 279,8%

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65

4.4 Verificação do Modelo Termodinâmico

Na tabela 20 são apresentados os valores dos parâmetros de

funcionamento do motor em cada ponto de operação na rota analisada. Os dados

apresentados na tabela 20 serão utilizados como dados de entrada para então

serem realizadas as simulações desejadas através do programa desenvolvido por

GUTIÉRREZ [4]

Tabela 20 Dados para o início da simulação

Os valores da pressão de admissão e da temperatura de admissão foram

calculados em função da potência requerida através de equações lineares, uma vez que

os limites inferiores e superiores da pressão e da temperatura de admissão são

conhecidos, sendo obtidos através do manual do fabricante do motor [38] e dispostos na

tabela 17.

A pressão de admissão (𝑃𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜) é função da potência requerida e seu valor

varia de 3.105 a 3,3.105 Pascal. Admitindo que a pressão de admissão varia linearmente

com a potência requerida, chegamos a seguinte equação:

𝑃𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 =(𝑃𝑜𝑡𝑅𝑒𝑞 + 23800)

0,07933

(4.2)

Potencia Requerida (kW) RPM do Motor P.Admissão (Pa) T Admissão (K) θinj(⁰) Cd admissão

1604 666 320214 323,1 15 0,6

1617 668 320380 323,2 15 0,6

1621 668 320435 323,2 15 0,6

1639 671 320656 323,3 15 0,6

1639 671 320656 323,3 15 0,6

1658 673 320899 323,4 15 0,6

1686 678 321246 323,6 15 0,6

1698 679 321399 323,7 15 0,6

1771 692 322319 324,2 15 0,6

1788 695 322542 324,3 15 0,6

1797 697 322654 324,3 15 0,6

1843 706 323237 324,6 15 0,6

1876 713 323647 324,8 15 0,6

1965 732 324773 325,4 15 0,6

2198 778 327703 326,9 15 0,6

2308 796 329091 327,5 15 0,6

2563 823 332311 329,2 15 0,6

2763 835 334825 330,4 15 0,6

3585 850 345185 335,6 15 0,6

4303 851 354235 340,1 15 0,6

5050 852 363655 344,8 15 0,6

6660 852 383954 355,0 15 0,6

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66

De forma análoga, para a temperatura de admissão do ar, que varia de 313 a 328

K, e admitindo que sua variação ocorre de forma linear em função da potência

requerida, temos que:

𝑇𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜𝑎𝑟=

(𝑃𝑜𝑡𝑅𝑒𝑞 + 49662,667)

158,667

(4.3)

O ângulo de iniício da injeção (𝜃𝑖𝑛𝑗) foi obtido através do manual do motor [38]

e o valor do coeficiente de descarga no processo de admissão (Cd) foi considerado

constante em toda faixa de operação do motor.

Utilizando como dados de entrada os dados de operação do motor, conforme

apresentado na tabela 19, e com os dados geométricos do cilindro apresentados na

tabela 17, foram realizadas as simulações e através dos resultados obtidos, foram

efetuados os cálculos através das fórmulas apresentadas no subcapítulo 3.6.8 para

validar as simulações realizadas. Os resultados podem ser conferidos através da tabela

21 :

Tabela 21 Potência efetiva simulada (kW)

Potencia Req (kW) Pot efetiva Sim (kW) Discrepância (%)

1604 1680 4,79%

1617 1687 4,35%

1621 1690 4,21%

1639 1699 3,69%

1639 1700 3,72%

1658 1710 3,12%

1686 1726 2,42%

1698 1734 2,14%

1771 1784 0,77%

1788 1798 0,52%

1797 1804 0,40%

1843 1842 0,11%

1876 1869 0,39%

1965 1947 0,92%

2198 2148 2,29%

2308 2227 3,53%

2563 2357 8,04%

2763 - -

3585 - -

4303 - -

5050 - -

6660 - -

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67

Vale ressaltar que o cálculo da potência só foi feito para um percentual de

carga de até 110%, que é o limite da faixa de operação do motor.

A seguir, os gráficos 1,2,3 e 4 demonstram a variação da pressão no interior do

cilindro durante o intervalo que se inicia com o fechamento da válvula de admissão e

termina com a abertura da válvula de exaustão. Durante esse intervalo ocorrem as etapas

de compressão e combustão no interior do cilindro.

Para efeitos de simplificação são apresentados 4 gráficos, em que cada gráfico

reflete o comportamento da pressão no interior do cilindro para cada ponto de operação

do motor, respectivamente.

Gráfico 1 Curva de Pressão para potência

simulada de 1680 kW

Gráfico 2 Curva de Pressão para potência

simulada de 1798 kW

Gráfico 3 Curva de Pressão para potência

simulada de 2198 kW

Gráfico 4 Curva de Pressão para potência

simulada de 2357 kW

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68

A pressão máxima atingida no interior do cilindro, no caso da maior potência

simulada que o motor é capaz de atender (2357 kW) é de 218,8 bar, o que está dentro do

limite indicado pelo manual do fabricante do motor [38] que é de 220 bar.

Com os valores da potência requerida e da potência efetiva simulada para cada

ponto de operação do sistema propulsivo do navio calculados, podemos então realizar o

cálculo da vazão de combustível consumida pelo motor (Vc), segundo a técnica de

Levenberg-Marquardt Não Linear, conforme descrita no subcapítulo 3.6.9 do relatório.

Para efeito de comparação, o cálculo da vazão de combustível, para cada ponto

de operação analisado também foi calculada através da curva de consumo específico do

motor (𝑉𝑐𝑓𝑎𝑏𝑟𝑖𝑐) [38]. Para realizar o cálculo dessa maneira, foi utilizada a seguinte

equação:

𝑉𝑐𝑓𝑎𝑏𝑟𝑖𝑐 = 𝐶𝐸 X 𝑃𝑜𝑡𝑅𝑒𝑞 (4.4)

Em que CE é o consumo específico de combustível para cada ponto de operação

do motor, expresso em g/kW.h

Os resultados podem ser conferidos através da tabela 22:

Tabela 22 Resultados Cálculo da Vazão de Combustível (Vc)

Pot Requerida (kW) Pot efetiva (kW) Vc.Sim LM (kg/h) Discr (%)

1604 1680 311,1 316,5 1,75%

1617 1687 313,7 319,4 1,82%

1621 1690 314,5 320,3 1,84%

1639 1699 317,9 324,0 1,93%

1639 1700 318,2 324,4 1,94%

1658 1710 321,7 330,4 2,73%

1686 1726 321,7 330,4 2,73%

1698 1734 327,0 336,3 2,86%

1771 1784 329,3 338,9 2,92%

1788 1798 343,5 354,5 3,20%

1797 1804 346,9 358,2 3,25%

1843 1842 357,6 369,8 3,40%

1876 1869 363,9 376,6 3,48%

1965 1947 383,2 395,1 3,10%

2198 2148 430,8 444,7 3,24%

2308 2227 454,7 470,2 3,41%

2563 2357 510,1 543,2 6,49%

2763 2417 552,6 - -

3585 2501 724,1 - -

4303 2519 869,1 - -

5050 2530 1020,1 - -

6660 2545 1345,4 - -

𝑉𝑐𝑓𝑎𝑏𝑟𝑖𝑐 (kg/h)

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69

Nota-se que a técnica de Levenberg-Marquardt Não Linear utilizada no presente

trabalho para o cálculo da vazão de combustível, apresentou valores muito próximos aos

valores encontrados através do cálculo utilizando a curva de consumo específico do

motor disponibilizada pelo fabricante.

Através dos resultados apresentados na tabela nota-se que as discrepâncias

encontradas são muito pequenas para toda a faixa de operação do motor na rota

analisada, e que os resultados não diferem mais do que 4%, apresentando apenas uma

maior diferença quando a potência requerida é de 2563 kW, o que corresponde ao motor

operando próximo a 110% de sua potência máxima (2380 kW)

5. Resultados

Com a vazão de combustível consumida pelo motor calculada através do método

Levenberg-Marquardt Não Linear (Vc Sim.LM) em cada ponto de operação, podemos

então aplicar o algoritmo de DIJKSTRA [3] na rota analisada, para então encontrar uma

rota otimizada que nos forneça o percurso de menor consumo de combustível.

Utilizando as equações 3.33 e 3.34, conseguimos calcular o consumo de

combustível entre cada um dos nós.

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70

5.1 Rota Otimizada A figura 25 apresenta a rota otimizada para a velocidade de serviço de 13 nós

que apresenta o menor consumo de combustível:

Figura 25 Rota Otimizada (13 nós)

Em que o nó 190 representa a origem, o nó 124 representa o ponto de parada no

porto de Paranaguá e o nó número 1 representa o destino final do navio.

Tabela 23 Consumo entre cada nó da rota otimizada

Rota Pot Req (kW) Consumo (t)

190-189 1843,5 0,853

189-188 1658,0 0,763

188-187 1658,0 0,763

187-167 2197,8 2,292

167-166 1843,5 0,853

166-165 1843,5 0,853

165-145 2167,0 2,257

145-144 2197,8 1,026

144-124 2167,0 2,257

124-104 2307,9 2,423

104-84 2307,9 2,423

84-64 2307,9 2,423

64-44 2307,9 2,423

44-43 2197,8 1,026

43-23 2307,9 2,423

23-3 2307,9 2,423

3-2 2197,8 1,026

2-1 1685,5 0,776

TOTAL 29,284

LAT / LONG 52W 51,5W 51W 50,5W 50W 49,5W 49W 48,5W 48W 47,5W 47W 46,5W 46W 45,5W 45W 44,5W 44W 43,5W 43W

23S 187 188 189 190

24S 165 166 167

25S 144 145

26S 124

27S 104

28S 84

29S 64

30S 43 44

31S 23

32S 1 2 3

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71

5.2 Rota Aleatória 1 Para efeito de comparação, a seguir, através das figuras 26 e 27, são

apresentadas duas rotas quaisquer, escolhidas de forma aleatória para mostrar a

diferença no consumo total final entre a rota otimizada de menor consumo de

combustível e rotas aleatórias:

Figura 26 Rota Aleatória 1 (13 nós)

Tabela 24 Consumo entre cada nó da rota aleatória 1

Nó Pot Req (kW) Consumo (t)

190-170 2197,8 2,292

170-150 2197,8 2,292

150-149 1843,5 0,853

149-148 1843,5 0,853

148-128 2197,8 2,292

128-127 1843,5 0,853

127-126 2197,8 1,026

126-125 2197,8 1,026

125-124 2197,8 1,026

124-105 2197,8 2,053

105-85 2307,9 2,423

85-65 2307,9 2,423

65-64 2307,9 2,423

64-63 2197,8 1,026

63-43 2087,7 1,026

43-23 2307,9 2,423

23-3 2307,9 2,423

3-2 2197,8 1,026

2-1 1685,5 0,776

TOTAL 30,538

LAT / LONG 52W 51,5W 51W 50,5W 50W 49,5W 49W 48,5W 48W 47,5W 47W 46,5W 46W 45,5W 45W 44,5W 44W 43,5W 43W

23S 190

24S 170

25S 148 149 150

26S 124 125 126 127 128

27S 105

28S 85

29S 63 64 65

30S 43

31S 23

32S 1 2 3

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72

5.3 Rota Aleatória 2 A seguir, através da tabela 25, pode ser conferido os resultados para a rota

aleatória de número 2.

Figura 27 Rota Aleatória 2 (13 nós)

Tabela 25 Consumo entre cada nó da rota aleatória 2

Nó Pot Req (kW) Consumo (t)

190-171 2167,0 2,021

171-152 2167,0 2,021

152-133 2167,0 2,021

133-132 1843,5 0,853

132-131 1843,5 0,853

131-130 1843,5 0,853

130-129 1843,5 0,853

129-128 1843,5 0,853

128-127 1843,5 0,853

127-126 2197,8 1,026

126-125 2197,8 1,026

125-124 2197,8 1,026

124-105 2197,8 2,053

105-85 2307,9 2,423

85-66 2197,8 2,053

66-47 2197,8 2,053

47-46 2197,8 1,026

46-45 2197,8 1,026

45-44 2197,8 1,026

44-43 2197,8 1,026

43-23 2307,9 2,423

23-4 2197,8 2,053

4-3 2197,8 1,026

3-2 2197,8 1,026

2-1 1685,5 0,776

TOTAL 34,252

LAT / LONG 52W 51,5W 51W 50,5W 50W 49,5W 49W 48,5W 48W 47,5W 47W 46,5W 46W 45,5W 45W 44,5W 44W 43,5W 43W

23S 190

24S 171

25S 152

26S 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133

27S 105

28S 85

29S 66

30S 43 44 45 46 47

31S 23

32S 1 2 3 4

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73

Analisando os resultados apresentados pelas tabelas 23,24 e 25, pode-se notar

que o navio quando percorre a rota otimizada apresenta um consumo de combustível

significativamente menor em comparação com as rotas aleatórias. Na rota aleatória 1, o

consumo de combustível total foi maior em 1,254 t (4,2% maior) em relação a rota

otimizada, e quando comparamos a rota aleatória 2 com a rota otimizada, o consumo

total na rota aleatória 2 é 4,968 t maior (16,9% maior).

Deve-se observar que ainda que a rota analisada seja uma rota de cabotagem, e

que o navio Gilberto Freyre apresente uma potência instalada pequena, quando

comparada a outros navios, nota-se que navegar em uma rota aleatória e sem

planejamento, mesmo nesse caso, pode ser o suficiente para elevar os gastos com

combustível ao ponto de inviabilizar a operação, do ponto de vista econômico.

6. Conclusões

O modelo termodinâmico desenvolvido por GUTIÉRREZ [4] utilizado no

presente trabalho apresentou resultados consistentes. Com os resultados obtidos através

da simulação do modelo termodinâmico, pode-se notar que o modelo está bem calibrado

e os cálculos de estimativa da potência efetiva do motor estão bem próximos as

potências requeridas.

Além disso, a estimativa de consumo de combustível segundo a técnica de

Levenberg-Marquardt Não Linear apresentou resultados muito próximos aos resultados

calculados através da utilização da curva de consumo específico do fabricante, em toda

faixa de operação do motor analisada, conforme pode ser visto através da tabela 21,

presente no subcapítulo 4.5, o que valida o modelo termodinâmico desenvolvido por

GUTIÈRREZ [4] e que foi adotado no presente trabalho

Sendo assim, o modelo termodinâmico zero-dimensional, usado no presente

trabalho, e desenvolvido por GUTIÉRREZ [4], é capaz de representar o funcionamento

termodinâmico de motores 4 tempos de forma adequada.

Em suma, a utilização deste tipo de modelo permite poupar tempo e recursos

financeiros na realização de testes experimentais, além de poder considerar nas

simulações condições de operação não estipuladas pelo fabricante

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74

Embora o cenário climático em questão apresente regiões onde o mar possua

altura significativa de onda elevada e direções desfavoráveis à navegação, ele não é dos

mais severos existentes, tampouco apresenta inúmeras áreas de temporais, o que tornou

possível a utilização das formulações para a obtenção da resistência adicional, e

contribuiu significativamente para a otimização da rota no sentido de evitar que a

velocidade da embarcação fosse reduzida voluntariamente ao passar por esses nós, de

cujos pontos operacionais passam do limite superior da margem de operação do motor.

A implementação do algoritmo desenvolvido por RODRIGUES [1] E MORAES

[2], para a obtenção da rota de menor consumo foi de grande contribuição para o

presente trabalho, já que a comparação feita entre a rota otimizada de menor consumo

de combustível com rotas aleatórias, pode provar que mesmo para uma rota de

cabotagem, que para os padrões de navegação é uma rota curta, a economia de

combustível utilizando uma rota planejada é significativa quando comparada a uma rota

não planejada.

7. Recomendações Para Trabalhos Futuros

Entre as propostas de aprimoramento do trabalho, que podem ser temas de

futuros trabalhos, pode-se citar a implementação no programa de uma redução

voluntária de velocidade para um limite nos casos em que a embarcação seja obrigada a

passar por regiões muito desfavoráveis a navegação e com isso não consiga manter a

velocidade original por questões de ter que aumentar a potência para além do que o

motor pode proporcionar ou até mesmo por questões de segurança.

Atualmente, os biocombustíveis são temas de grandes discussões e já são

combustíveis que vem apresentando uma ampla aceitação e utilização na indústria. Uma

ideia para um futuro trabalho é utilizar o simulador termodinâmico desenvolvido por

GUTIÉRREZ [4] para realizar o cálculo do consumo de combustível pelo motor, em

uma rota planejada, utilizando como fonte de energia diferentes biocombustíveis.

De posse dos preços praticados no mercado para cada biocombustível, para o

óleo diesel e do consumo total de cada combustível na rota planejada, será possível

efetuar uma análise econômica e verificar economicamente qual a melhor opção.

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75

Para futuros trabalhos, pode-se realizar o ajuste de cada um dos pontos de

operação do motor através do modelo termodinâmico, uma vez que os pares potência

requerida e rotação calculados nem sempre estão dentro da faixa de operação do motor.

E para trabalhos futuros também poderá ser inserido junto ao modelo termodinâmico,

um algoritmo para realizar o cálculo das emissões durante a rota navegada, visto que

atualmente o controle das emissões de poluentes é um fator de grandes debates e

pesquisas

8. Bibliografia

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COMBUSTÍVEL. 2016.

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76

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compliant with IMO Tier I