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ANÁLISE

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ANÁLISE

Cláudio Manuel da Costa foi um dos mais importantes poetas do Arcadismo no Brasil. A publicação de “Obras Poéticas” (1768) representa o marco inicial do movimento no País.

Além de escritor, ele foi advogado, jurista brasileiro e participou do movimento da Inconfidência Mineira.

Obras Culto Métrico (1749)

Munúsculo Métrico (1751)

Labirinto de Amor (1753)

Epicédio (1753)

Obras Poéticas (1768)

Vila Rica (1773)

Poesias Manuscritas (1779)

Características Linguagem simples

Lirismo

Bucolismo

Pastoralismo

Culto à natureza

Soneto I “Sou Pastor; não te nego; os meus montados

São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a relva florescente

A doce companhia dos meus gados;

Ali me ouvem os troncos namorados, Em que se transformou a antiga gente;

Qualquer deles o seu estrago sente; Como eu sinto também os meus cuidados.

Vós, ó troncos (lhes digo), que algum dia Firmes vos contemplastes, e seguros Nos braços de uma bela companhia;

Consolai-vos comigo, ó troncos duros; Que eu alegre algum tempo assim me via; E hoje os tratos de Amor choro perjuros.”

SONETO: XIV CLÁUDIO MANOEL DA COSTA (1729-1789)

Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira amor sinceridade;

Aqui sempre a traição seu rosto encobre;

Um só trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna, que soçobre;

Aqui quanto se observa, é variedade:

Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!

O tema do soneto é a contradição entre tranquilidade do campo e corrupção da vida urbana.

Nos primeiros versos, há uma metáfora 'Rosto da violência'(1 estrofe, 3 verso) que mostra o quão ruim é para o eu-lírico afastar-se do campo.

Alguns outros versos, retratam a calmaria trazida pela simplicidade da área afastada da cidade.

Percebemos, aqui, dois dos traços do Arcadismo: a valorização da natureza, partindo para o desejo bucólico e o pastoralismo, referente a exaltação da vida no campo

O poeta faz uma comparação com o Amor puro e verdadeiro da sua terra natal e acaba mostrando que na cidade há traição, essa encobre a face das pessoas/coisas.

Vemos claramente a exaltação da natureza, uma das características principais do Arcadismo.

Infelicidade do homem da cidade, e que a verdadeira felicidade está no campo.E na última ainda diz, que no campo não há fortuna que soçobre.

O poeta fala também da riqueza, não material, mas de felicidade que o pobre tem e o rico, não.

As características mais marcantes nesse poema, são o pastoralismo, bucolismo, nativismo, a rivalidade entre campo e cidade e o estado de inocência e exaltação de sentimentos, que, para o eu lírico, o que importa é viver onde ele ama, mesmo se mostrando claramente humilde.

Contudo, é importante lembrar que os autores arcadistas não eram pobres, apenas o eu lírico expõe essa impressão.