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Aprovado por despacho de Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado da Saúde, Dr. José Miguel Boquinhas, em 10 de Abril de 2000. Direcção-Geral da Saúde - Direcção de Serviços de Planeamento Cirurgia de Ambulatório

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Page 1: Cirurgia de Ambulatório...1. Enquadramento Há determinadas intervenções cirúr-gicas que, pela urgência, pela com-plexidade, por patologias concomi-tantes do paciente ou por razões

Aprovado por despacho de Sua Excelência o SenhorSecretário de Estado da Saúde, Dr. José Miguel Boquinhas,

em 10 de Abril de 2000.

Direcção-Geral da Saúde - Direcção de Serviços de Planeamento

Cirurgia deAmbulatório

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Grupo de Trabalho

As personalidades abaixo indicadas deram um exce-lente contributo para o documento que se apresenta,embora este possa não traduzir todos os pontos devista dos intervenientes.

Dr. Adriano Natário – Direcção-Geral da SaúdeDr. Carlos Guinot Oliveira – Hospital Egas MonizEngª Cecília Mendonça – Direcção-Geral das Instalações e

Equipamentos da SaúdeDr. Fernando Martinho – Hospitais da Universidade de

CoimbraDr. Francisco Ribeiro de Carvalho – Hospital Distrital de

SantarémDr. Jorge Alves – Departamento dos Recursos HumanosDr. Manuel Jorge Seca – Hospital de Santo AntónioDrª Maria Angélica Almeida – Hospital de S. JoséDrª Maria do Céu Valente – Instituto de Gestão Informática e

Financeira da SaúdeDrª Maria José Proença – Direcção-Geral da SaúdeProf. Dr. Silvestre Ramos Carneiro – Hospital de S. João

Editor: Direcção-Geral da Saúde

Design: Gráfica Maiadouro

Impressão|Acabamento: Gráfica Maiadouro

Tiragem: 5000 exemplares

Dep. Legal: 176 690/02

PORTUGAL. Direcção-Geral da Saúde. Direcção de Serviços de Planeamento.Cirurgia de ambulatório: recomendações para o seu desenvolvimento. – Lisboa: Direcção-Geral da Saúde. Direcção de Serviços de Planeamento, 2001 – 20 p.Cirurgia ambulatória – normas

ISBN: 972-9425-98-1

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Índice1. Enquadramento 5

2. Conceito 7

2.1 ... realizada em instalações próprias... 7

2.2 ...com segurança e de acordo com as actuais leges artis 8

2.3 ...em regime de admissão e alta do doente no mesmo dia 9

3. Estrutura Física 11

4. Recursos Humanos 12

5. Financiamento 13

6. Qualidade 14

Bibliografia 16

Anexos 17

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1. EnquadramentoHá determinadas intervenções cirúr-

gicas que, pela urgência, pela com-plexidade, por patologias concomi-tantes do paciente ou por razõessociais, terão sempre que ser realiza-das em ambiente de internamentohospitalar.

Existem também pequenas inter-venções que, por rotina, podem serrealizadas na Consulta ou no Serviçode Urgência e, tradicionalmente, de-signadas como Pequena Cirurgia.

Entre estes dois extremos doespectro cirúrgico existe uma diversi-dade de intervenções, ainda hojerealizadas em regime de interna-mento, que podem ser efectuadasem regime de ambulatório, consti-tuindo a Cirurgia de Ambulatório.

O conceito de Cirurgia de Ambula-tório surgiu no início dos anos 60nos EUA, com David Cohen e JohnDillon, que introduziram um princípioque preside a toda a Cirurgia deAmbulatório, que é a “Segurança”.

“Quando é realizada uma boaselecção dos doentes pelo Cirurgião,uma cuidadosa avaliação pelo

Anestesista, com escolha adequadada técnica anestésica, não há razãopara esperar mais complicações doque aquelas que surgem no regimede internamento”.

Efectivamente, a sua prática é pos-sível, em virtude dos avanços daCiência Médica no domínio daAnestesiologia, nas técnicas e mate-riais empregues na Cirurgia e, tam-bém, pela melhoria perceptível donível cultural da população.

O tratamento cirúrgico de muitosdos doentes em regime de ambulató-rio contribui para diminuir os temposde internamento e as listas deespera, com consequentes benefí-cios sociofamiliares, económicos epsicológicos para o doente, paraalém de, eventualmente, reduzir oscustos.

Para documentar a importância destamodalidade, ressalvando as respecti-vas políticas de saúde, observe-se aexperiência acumulada em alguns paí-ses:

Nos EUA a Cirurgia de Ambulatóriotem crescido, continuamente, nasúltimas décadas. Em 1980, 16,7%de todas as intervenções hospitala-res eram realizadas em ambulatório;em 1985, essa proporção passoupara 34,5%, prevendo-se que em2000 atinja 60%.

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(Intervenção cirúrgica (conceito do INE –Estatísticas da Saúde, 1998) – Um ou mais actosoperatórios com o mesmo objectivo terapêutico eou diagnóstico, realizado(s) em sala operatória,sob anestesia geral, loco-regional ou local, comou sem presença de anestesista).

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Nos países da Europa o cresci-mento da Cirurgia de Ambulatóriotem sido mais lento, salientando-se,contudo, o Reino Unido com valorespróximos dos 60% de procedimentoscirúrgicos em ambulatório.

Na Suécia, Dinamarca e Noruega,entre 1993 e 1996, oscilou entre os20% e os 25%.

Um estudo efectuado em 1998,em França, demonstrou que a per-centagem de intervenções cirúrgicasem ambulatório nos hospitais públi-cos se situava em 8%, atingindocerca de 33% no sector privado.

Na Finlândia, de 1991 para 1994,observou-se um aumento de proce-dimentos cirúrgicos em ambulatóriode 10% para 25%, fundamentalmenteatravés de um programa do governopara diminuição das listas de espera.

Em Espanha tem havido um grandeesforço no desenvolvimento da Cirurgiade Ambulatório, apresentando, actual-mente, valores percentuais superioresa 30%.

Em Portugal, conforme as Estatísti-cas da Direcção-Geral da Saúde em1997, a proporção de intervençõescirúrgicas em ambulatório situava-seem 8,9%.

De acordo com uma auscultaçãodirecta aos Hospitais Gerais, Centraise Distritais, recentemente realizada,verifica-se que a Cirurgia de Ambula-tório com critérios explícitos é prati-cada em 19 hospitais.

Contudo, nem todas as Especiali-dades Cirúrgicas estão igualmenteenvolvidas na Cirurgia de Ambulatório.

As Especialidades que, nos 19 hos-pitais, registam, proporcionalmente,

valores mais elevados são a CirurgiaGeral, a Ginecologia e a Oftalmo-logia.

A título de exemplo, referem-se osresultados de um Hospital Centralcom um Departamento de Ambula-tório que integra uma Unidade deCirurgia de Ambulatório com instala-ções próprias (o Hospital de SantoAntónio) e de um Hospital Distritalcuja Unidade se situa no mesmopiso do Bloco Operatório e é consti-tuída por 2 salas de cirurgia equipa-das com recursos para a anestesiageral e 1 sala de recobro com 3camas (o Hospital de Santarém).

No Hospital de Santo António, cujaUnidade de Cirurgia de Ambulatórioentrou em funcionamento em Feve-reiro de 1991, foram realizadas, atéDezembro de 1998, 8176 interven-ções cirúrgicas. No ano de 1998este valor foi de 1272, situando-se arelação de intervenções ambulatório//internamento em 28,8%.

O Hospital de Santarém registou,no final do ano de 1998, 1644 inter-venções cirúrgicas em ambulatório, oque corresponde a cerca de 30% daactividade cirúrgica deste Hospital.

No sentido de incentivar a criaçãoe/ou o desenvolvimento de Unidadesde Cirurgia de Ambulatório, apresen-tam-se a seguir alguns critérios quedevem estar subjacentes à prática daCirurgia de Ambulatório, devendo cadahospital equacionar a sua localizaçãogeográfica, o tipo de cirurgia e exa-mes complementares, os recursosfísicos, humanos e técnicos e funda-mentalmente os benefícios reais quetrará ao doente.

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2. ConceitoCirurgia de Ambulatório é a inter-

venção cirúrgica programada, rea-lizada sob anestesia geral, loco--regional ou local que, emborahabitualmente efectuada em regimede internamento, pode ser realizadaem instalações próprias, com segu-rança e de acordo com as actuaisleges artis, em regime de admissãoe alta do doente no mesmo dia.

2.1. ... realizada eminstalações próprias...

2.1.1.Tratando-se de cirurgias que nor-

malmente são realizadas no BlocoOperatório Central em internamento,pretende-se desta forma reduzir ouso deste, por se tratar de umaestrutura pesada, de elevados custosde funcionamento e que deve ser

aproveitada até ao limite para o trata-mento de situações clínicas maisgraves. Assim, a Cirurgia de Ambu-latório deverá realizar-se, preferencial-mente, em instalações próprias combloco operatório.

2.1.2 Admite-se que em alguns hospitais

possa existir uma oferta de temposoperatórios superior à capacidadeem camas, sendo portanto lícito oaproveitamento de alguma sala doBloco Operatório Central.

Neste caso, devem as administra-ções hospitalares criar condiçõespara que, a médio prazo, a cirurgiade internamento possa ser separadada cirurgia de ambulatório.

2.1.3 Existem vários modelos orgânicos

e estruturais de Unidade de Cirurgiade Ambulatório, com maior ou menorgrau de autonomia e consequentesvantagens e desvantagens:

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• Custos iniciais baixos • Difícil acessibilidade • Prioridade para o internamento• Staff não preparado para o ambulatório• Critérios de alta mal definidos

Vantagens Desvantagens

Em instalações do Bloco Operatório Central

• Staff próprio • Utilização de equipamento comum

(Serviço de Sangue, Radiologia...)• Bloco operatório próprio• Recobro próprio

• Eventual aumento dos custos iniciais

Vantagens Desvantagens

Em instalações próprias no hospital

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2.2 ... com segurançae de acordo com asactuais leges artis ...

Para atingir este objectivo, torna-senecessário implementar uma série demedidas, tais como:

2.2.1 Criteriosa selecção dos doentes e

das patologias (definida nos chama-dos critérios de admissibilidade), quedeverão ser adaptados às caracterís-ticas de cada hospital, da região eda população que serve.

A título de exemplo, recomendam--se como critérios mínimos:

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• Aceitação de ser operado nas condições oferecidas.

• Transporte assegurado em veículo automóvel.

• Área de residência ou local de pernoita a menos de 60 minutos de distância do hospital.

• Condições de adequada habitabilidade do local de pernoita.

• Acesso a comunicações (telefone).• Assegurada a companhia de um

adulto responsável pelo menos nas primeiras 24 horas.

• Idealmente ASA I ou ASA II (American Society of Anesthesiologists).

• Estabilidade clínica e psíquica.• Intervenção que se prevê de curta

duração (cerca de 60 minutos).• Desconforto no pós-operatório

passível de controlo com medicação por via oral.

Critérios Sociais Critérios Clínicos

2.2.2 Consulta de anestesia, a que deve-

rão ser submetidos todos os doentesa operar com a participação do anes-tesista, salvo se existirem protocolosde avaliação que tenham sido defini-dos pelos cirurgiões e anestesistas;

2.2.3 Sala de operações equipada deacordo com o tipo de cirurgia eanestesia a realizar;

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2.2.4 Disponibilidade de anestesista durante

o funcionamento da Unidade;

2.2.5 Sala de recobro com vigilância de

enfermagem e monitorização adequa-das, onde deverão permanecer todosos doentes operados com o con-curso do anestesista, até que este osconsidere aptos para terem alta parao domicílio ou serem transferidos paraenfermaria, se necessário;

2.2.6 Recomendável a existência de

Hospital de Dia polivalente, sempreque possível, que poderá tambémapoiar estes doentes;

2.2.7 Avaliação pelo cirurgião responsá-

vel das condições do doente antesda alta, elaboração da nota de alta efornecimento da medicação ade-quada a cada situação ou providen-ciar o seu internamento, sempre quea situação clínica o justifique;

2.2.8 Fornecer ao doente e familiares

recomendações por escrito paraantes da cirurgia, assim como conse-lhos práticos de como actuar perantepequenos incidentes ou complica-ções após aquela;

2.2.9 Garantir ao doente o contacto tele-

fónico com a unidade ou com ocirurgião, aos quais poderá recorrerem caso de necessidade;

2.2.10 Observar os doentes operados

num dos dias imediatos à cirurgia eposteriormente, sempre que a situa-ção o recomende;

2.2.11 Elaborar protocolos de colaboração

com os centros de saúde e os sub-sistemas, em que os médicos assis-tentes e os enfermeiros participemno seguimento dos seus doentes;

2.2.12 Instituir um programa de controlo

da qualidade.É necessário avaliar e registar com

rigor os procedimentos efectuados eas complicações surgidas em cadauma das etapas do tratamento, istoé, durante a admissão, a intervençãocirúrgica, o recobro anestésico, apermanência no hospital de dia, emesmo no domicílio.

Esta avaliação deve ser feita com orecurso a uma ficha de controlo daqualidade, que permita o seu poste-rior tratamento informático.

Poderá ser importante avaliar ograu de satisfação do doente cominquéritos simples e anónimos, ela-borados após a alta.

2.3 ... em regime deadmissão e alta dodoente no mesmo dia.

2.3.1 Pretende-se com esta regra evitar

a ocupação das camas de interna-mento, que deverão ser destinadasao estudo e tratamento de doentes

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mais graves ou que não possam seradmitidos nos programas de cirurgiade ambulatório.

2.3.2 As unidades de hospital de dia,

preferencialmente polivalentes, deve-rão praticar o horário que melhor seadapte às necessidades do doente.

2.3.3 Alguns autores alargam o conceito

de estadia no hospital até às 24horas, embora em rigor se não tratejá de Cirurgia de Ambulatório, masde Cirurgia de Um Dia.

A exigência, neste caso, de camapara passar a noite vai obrigar anovos recursos em instalações epessoas.

Esta alternativa pode ser equacio-nada em alguns hospitais que, pelasua dimensão ou características doSector de Ambulatório, o permitamsem grandes encargos financeiros.

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(Internado em estabelecimento de saúde (con-ceito do INE - Estatísticas da Saúde, 1998) –Indivíduos admitidos num estabelecimento desaúde com internamento, que ocupam cama (ouberço de neonatologia ou pediatria), para diag-nóstico ou tratamento, ou cuidados paleativoscom permanência de pelo menos uma noite.Incluem-se ainda os doentes falecidos, com altacontra parecer médico ou transferidos para outroestabelecimento, que, tendo sido admitidos, nãochegam a permanecer durante a noite).

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3. Estrutura FísicaDe acordo com o conceito já defi-

nido, uma Unidade de Cirurgia deAmbulatório deve ser constituídapelos espaços funcionais a seguirindicados.

Pressupõe-se um funcionamento de8 horas/dia, durante 250 dias/ano,uma duração média de cada interven-ção de 60 minutos e uma capacidadepor sala operatória entre 1750 e 2000intervenções anuais.

• Recepção/secretaria com equipmentode comunicações.

• Sala de espera para doentes e acompanhantes.

• Gabinete de consulta.• Área destinada a vestiário e repouso

do doente.• Vestiário de pessoal.• Área de desinfecção de pessoal.• Sala de anestesia.• Sala de operações.• Área para desinfecção de material.• Sala de recobro com capacidade

para os doentes operados e comequipamento de monitorização nãoinvasiva (ECG, TA, pulso, oximetria,equipamento para reanimação deemergência, saídas de oxigénioindividuais ).

• Área para guarda de Rx móvel.• Copa com capacidade para fornecer

refeições.• Depósitos de:

- medicamentos- material esterilizado- roupa limpa- material de limpeza

• Compartimentos para sujos/limpos.• Instalações sanitárias.• Acesso automóvel próximo da saída

dos doentes da UCA.

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4. RecursosHumanos

A UCA deve ser constituída poruma equipa multidisciplinar e ter umnúmero mínimo de médicos (cirur-giões e anestesistas), enfermeiros,administrativos e auxiliares.

Deverá haver um Coordenador, mes-mo que este não trabalhe exclusiva-mente na Unidade.

Os Serviços de Cirurgia e Anes-tesia deverão articular-se entre si, demodo a permitir um bom aproveita-mento dos recursos ao longo dasemana.

Porque se trata de um trabalho queassume características particularespela polivalência que pode implicar,pela rápida passagem de doentes evariabilidade de patologias aborda-das, a equipa deve ter conhecimentodas características específicas daCirurgia de Ambulatório e da estru-tura e orgânica da Unidade.

Assim, preferencialmente, deverãoser sempre os mesmos elementosmédicos, ainda que não trabalhem,exclusivamente, na UCA. Os restanteselementos da equipa deverão ser fixos.

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5. Financiamento Até à implementação do sistema

de classificação de doentes emGrupos de Doentes de Ambulatório(GDA) e à sua utilização para finan-ciamento, tem vindo a ser aplicadauma tabela de preços específicospara cirurgias de ambulatório, combase no sistema de classificação dedoentes em Grupos de DiagnósticosHomogéneos (GDH).

Com o objectivo de contemplar amaioria das situações tratadas emCirurgia de Ambulatório, o IGIFS revê,com regularidade, o número de GDHque contempla estas cirurgias, bemcomo os respectivos preços. Deacordo com a base de dados nacio-nal dos GDH, em 1998, já existiampreços para cerca de 90% das cirur-gias de ambulatório efectuadas noshospitais do SNS. Está, assim, garan-tido o incentivo para o recurso a esteregime de tratamento.

Embora estes preços sejam ligeira-mente inferiores aos dos GDH de inter-namento, o tratamento de mais doen-tes pela cirurgia de ambulatóriotraduzir-se-á, naturalmente, num acrés-cimo de receita para os hospitais.

Refere-se, ainda, que a tabelaanexa à Portaria nº 177/2000 de 23de Março (Programa para a Promoçãodo Acesso) contempla, igualmente,alguns procedimentos de Cirurgia deAmbulatório.

Consta, em anexo, uma listagemde intervenções cirúrgicas que pode-rão ser efectuadas em Ambulatório.

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6. QualidadeA definição dos parâmetros de quali-

dade de uma Unidade de Cirurgia deAmbulatório (UCA) impõe a definiçãoprévia de objectivos a atingir e a com-paração iterativa e periódica do de-sempenho real da Unidade em relaçãoa esses objectivos.

Existem vários elementos envolvi-dos num projecto deste tipo, comobjectivos naturalmente diferentes,que devem ser contemplados sepa-radamente na avaliação da quali-dade:

• O doente/utente.• A equipa que trabalha na UCA.• A estrutura orgânica da UCA.• A instituição que hospeda a UCA e

da qual depende.• A entidade administrativa e financiadora.• A sociedade em geral.

Todos estes elementos têm expec-tativas diferentes sobre o que é umserviço de Cirurgia de Ambulatório dequalidade. É do equilíbrio da avalia-ção parcelar destes elementos queresulta a qualificação global de quali-dade da UCA.

A garantia da qualidade inicia-se nafase de planeamento e continua-sedurante o funcionamento efectivo daUnidade.

Enumeram-se, seguidamente, algunsindicadores a considerar para manterelevados padrões de qualidade nodesempenho de uma Unidade destetipo, que deverão constar, obrigato-riamente, do Relatório Anual a realizarpela Unidade segundo modelo anexo.

• De Estrutura:

- Existência de Bloco Operatório au-tónomo.

- Existência de sala de recobro.- Equipa multiprofissional responsável.- Guia do doente.- Critérios de admissibilidade definidos.- Critérios de selecção de doentes

definidos.- Protocolos de execução permanente:

- Cuidados e preparação pré-operatória.

- Consulta de anestesia.- Intervenção cirúrgica.- Procedimentos de alta.- Cuidados no pós-operatório.- Normas de reinternamento ou

resolução de complicações tardias.

• De Processo:

- Percentagem de fichas com todos os itens preenchidos.

- Proporção de determinadas cirurgias realizadas em regime de interna-mento no corrente ano, em relaçãoàs mesmas cirurgias realizadas noano anterior (ex: hérnias, varizes,tunel cárpico, laqueação de trom-pas, cataratas).

- Razão entre o nº de cirurgias reali-zadas no corrente ano em regimede internamento e o nº de cirurgiasrealizadas em ambulatório (ex: hér-nias, varizes, tunel cárpico, laquea-ção de trompas, cataratas).

- Total de cirurgias de ambulatório realizadas em relação às programa-das.

- Demora média de intervenção, em minutos.

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• De Resultado:

- Óbitos ocorridos.- Doentes que ficaram internados.- Doentes internados por complica-

ções dos procedimentos efectuados,até 30 dias depois.

- Doentes reintervencionados até um ano após a cirurgia.

- Doentes que até 30 dias de pós--operatório se reinseriram na actividade que tinham antes da cirurgia.

- Grau de satisfação do doente, 30 dias após a intervenção.

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BibliografiaAlmeida AP; Jorge T; Manuel AS.Focus on Anestesia em Cirurgia deAmbulatório. Anestesia 2000, 1997;vol.1, nº 0.

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Caetano E. O Ambulatório Hospitalar.Edição da Associação Portuguesa deEngineering Hospitalar, Lisboa,1996.

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Jarret PEM. Ambulatory Surgery.Elsevier Science, Amsterdam, TheNetherlands, 1998.

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Langloys J. Anesthésie Ambulatoire.Temps Pastel, Gif sur Yvett, 1997.

Lemos P. Indicações e Vantagens daCirurgia Ambulatória. Revista da Socie-dade Portuguesa de Anestesiologia,1998; vol.9: 104-113.

Milar JM; Rudkin GE; Hitchcock M.Practical Anaesthesia and Analgesia forDay Surgery. Bios Scientific PublishersLtd, Oxford, 1997.

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White PF. Ambulatory Anaesthesiaand Surgery. W B Saunders Com-pany Limited, London, 1997.

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Anexos

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Algumas intervençõescirúrgicas que poderãoser efectuadas emAmbulatório

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AdenoidectomiaAmigdalectomiaArtroscopiaBiópsiasBiópsias prostáticas, penianas e testicularesExcisão de catarataExcisão de chalásioCirurgia nervosa periféricaExcisão de cisto pilonidalDesobstrução das vias lacrimaisFasciectomia por Doença DupuytrenCircuncisãoFístulas arteriovenosas para hemodiáliseHemorroidectomia / Fissurectomia / FistulectomiaHerniorrafiaHisteroscopiaLaparoscopiaLaqueação tubar laparoscópicaExcisão de lesão meniscalCura sindactiliaMiringotomiaExcisão de nódulo da mamaOrquidopexiaEncerramento de fenda labialPolipectomia laríngea e nasalProcedimentos nas glândulas salivaresExcisão de pterígeosExcisão de quisto sinovialExcisão de cicatrizExcisão de tumor cutâneo e subcutâneoAlargamento do túnel do carpoExcisão de varicocelo e hidroceloLaqueação e excisão de vasosVasectomiaVentilação transtimpânica

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Unidade de Cirurgia de AmbulatórioHospital de Relatório Anual / Ano

(A enviar ao Planeamento da ARS com cópia para a DGS no final de Janeiro)

Estrutura e Recursos - Existência de Bloco Operatório autónomo- Existência de sala de recobro- Equipa multiprofissional responsável- Critérios de admissibilidade definidos - Procedimentos de alta

ProcessoN.º de cirurgias de ambulatório

N.º de cirurgias realizadas com internamento

N.º de cirurgias de ambulatório a hérnias N.º de cirurgia a hérnias com internamento

N.º de cirurgias de ambulatório a varizes N.º de cirurgias a varizes com internamento

N.º de cir. de ambulatório de laqueação trompasN.º de cirurgias de laqueação de trompas com internamento

N.º de cirurgias de ambulatório do túnel cárpico N.º de cirurgias do túnel cárpico com internamento

N.º de cirurgias de ambulatório a cataratas N.º de cirurgias a cataratas com internamento

Evolução do número de cirurgias de ambulatório: 2000 2001

HérniasLaqueação de trompas

VarizesCataratas

Tunel cárpico

ResultadosN.º de óbitos até 30 dias após a cirurgia de ambulatórioN.º de operados na Unidade de cirurgia de ambulatório

N.º de operados na UCA que ficaram internados (uma noite pelo menos no Hospital) N.º de operados na UCA no ano

N.º de operados muito satisfeitos /satisfeitos (Questionados nos 30 dias após operação*) Total de operados na UCA no ano

Total operados que retomaram completamente a actividade normal (Questionados nos 30 dias após operação*)Total de operados na UCA no ano

N.º de operados na UCA internados nos 30 dias seguintes por complicações N.º de operados na UCA no ano

O Responsável (Assinatura legível p. f.)* Questionário anexo a devolver pelo correio com porte pago** %

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Questionário de satisfação (Para preencher com uma cruz e devolver ao Hospital trinta dias após a cirurgia.

Não necessita selo)

Data da cirurgia

Muito satisfeito Satisfeito Insatisfeito

SecretariadoAmabilidadeEficáciaRapidez

Pessoal AuxiliarDisponibilidade RapidezAtenção

TelefoneEficáciaAmabilidade

ConsultaPontualidadeConforto das instalações

Cuidados ClínicosAmabilidadeQualidadeDisponibilidade

Grau de satisfação globalCom todos os serviços e ambiente do hospital

Já retomou a actividade normal que tinha antes da cirurgia?TotalParcialAinda não

Nota: Este questionário deverá ser impresso (assim como o endereço do hospital) em postal de porte pagoa ser fornecido pelo hospital. Informar o doente, no momento da entrega do postal, de que a resposta éanónima.