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1 CÍRCULOS BÍBLICOS Pastoral da Criança frei Carlos Mesters, Carmelita frei Carlos Mesters, Carmelita SETE CÍRCULOS BÍBLICOS Aprendendo com Jesus, Maria e José, a família de Nazaré 1 . A gravidez de Maria: uma criança está sendo gerada 2. A visita de Maria a Isabel: duas mulheres grávidas 3. Nascimento de uma criança: Jesus nasce em Belém. 4.Morre muita criança: o massacre das crianças em Belém 5. Mãe perde o filho durante uma romaria: Jesus no Templo 6. Aprender com as crianças: elas são um sinal de Deus 7. A vida em família, durante os trinta anos em Nazaré 1º CÍRCULO: A gravidez de Maria: uma criança está sendo gerada A alegria da nova vida que vem chegando Lucas 1,26-38 2º CÍRCULO: A visita de Maria a Isabel: duas mulheres grávidas: Os cuidados para com a gravidez de risco Lucas 1,39-56 3º CÍRCULO: Nascimento de uma criança: Jesus nasce em Belém E não havia lugar para eles dentro de casa Lucas 2,1-14 4º CÍRCULO: Morre muita criança: o massacre das crianças em Belém. Os riscos pelos quais passa um recém-nascido Mateus 2,13-23 5º CÍRCULO: Mãe que perde o filho durante uma romaria: Jesus no Templo As crianças perdidas nas grandes cidades Lucas 2,41-50 6º CÍRCULO: Aprender com as crianças: elas são um sinal de Deus Quem quiser ser o maior, seja o servo de todos Marcos 9,30-37 7º CÍRCULO: A vida em família, durante 30 anos em Nazaré E o menino crescia em sabedoria, tamanho e graça... Lucas 2,39-40.51-52

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CÍRCULOS BÍBLICOS Pastoral da Criança

frei Carlos Mesters, Carmelita

frei Carlos Mesters, Carmelita

SETE CÍRCULOS BÍBLICOS Aprendendo com Jesus, Maria e José,

a família de Nazaré

1 . A gravidez de Maria: uma criança está sendo gerada 2. A visita de Maria a Isabel: duas mulheres grávidas

3. Nascimento de uma criança: Jesus nasce em Belém. 4.Morre muita criança: o massacre das crianças em Belém

5. Mãe perde o filho durante uma romaria: Jesus no Templo 6. Aprender com as crianças: elas são um sinal de Deus 7. A vida em família, durante os trinta anos em Nazaré

1º CÍRCULO: A gravidez de Maria: uma criança está sendo gerada A alegria da nova vida que vem chegando Lucas 1,26-38

2º CÍRCULO: A visita de Maria a Isabel: duas mulheres grávidas: Os cuidados para com a gravidez de risco Lucas 1,39-56

3º CÍRCULO: Nascimento de uma criança: Jesus nasce em Belém E não havia lugar para eles dentro de casa

Lucas 2,1-14

4º CÍRCULO: Morre muita criança: o massacre das crianças em Belém. Os riscos pelos quais passa um recém-nascido Mateus 2,13-23

5º CÍRCULO: Mãe que perde o filho durante uma romaria: Jesus no Templo As crianças perdidas nas grandes cidades Lucas 2,41-50

6º CÍRCULO: Aprender com as crianças: elas são um sinal de Deus Quem quiser ser o maior, seja o servo de todos Marcos 9,30-37

7º CÍRCULO: A vida em família, durante 30 anos em Nazaré E o menino crescia em sabedoria, tamanho e graça... Lucas 2,39-40.51-52

2 1º CÍRCULO

A GRAVIDEZ DE MARIA Uma criança está sendo gerada

A alegria da nova vida que vem chegando Lucas 1,26-38

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar Nem sempre as gestantes recebem a devida assistência. A Pastoral da Criança inicia seus trabalhos com as

gestantes. Este trabalho significa transmitir informações e orientações, não só para a gestante, mas também para toda a sua família. Vamos conversar sobre isto:

1. Como está sendo a orientação para as gestantes na sua comunidade? Boa ou deficiente? Por quê? 2. Quais as maiores dificuldades neste trabalho de orientação para as gestantes? 4. Como orientar as crianças para ajudá-las a entender o mistério da gravidez? Conte algo da sua experiên-

cia neste ponto

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida 1. Durante a leitura do texto vamos prestar atenção no anúncio do anjo Gabriel a Maria e na reação de Maria

para o anjo. Algo novo e surpreendente está acontecendo na vida de Maria. Ela está grávida! Nove meses de espera! A chegada de uma nova vida sempre traz uma grande surpresa!

2. Leitura lenta e atenta do texto: Lc 1,26-38. 3. Um momento de silêncio 4. Perguntas para a reflexão:

1. De que você mais gostou neste texto? Por quê? 2. Comentar, uma por uma, as três afirmações do anjo Gabriel no diálogo com Maria. 3. Comentar as palavras de Maria no diálogo com o anjo Gabriel. 4. Conforme as palavras do anjo Gabriel, qual a esperança que o menino Jesus traz para todos nós? 5. Qual a esperança que a pastoral da criança deve transmitir para as gestantes?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração Sugestões para a celebração

1. Colocar em forma de oração aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus e sobre o trabalho pastoral. Como refrão após cada prece: Faça-se em mim segundo a tua palavra.

2. Formular um compromisso pessoal ou comunitário 3. Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 124 (123): O Senhor está do nosso lado. 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso e um canto final.

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SUBSÍDIO PARA O 1º CÍRCULO A GRAVIDEZ DE MARIA

Lucas 1,26-38 1. Significado dos nomes:

Gabriel: Deus forte Maria: Yahweh é meu Senhor, ou Amada de Yahweh Jesus: Deus salvará José: Deus faz crescer ou Deus acrescente mais um Zacarias: Lembrar de Deus; Deus lembra-se de nós Isabel: Deus é plenitude, perfeição João: Deus é benevolente; Deus consola Joaquim: Yahweh dê força Ana: Misericórdia

2. Como eram os anjos? Tinham assas?

A palavra Anjo significa o mensageiro. Anjo é o que leva as mensagens de Deus para as pessoas. Anjo pode

ser uma inspiração, pode ser o vento, um pôr do sol, uma experiência forte, uma pessoa amiga, o conselho

de um irmão ou de uma irmã. Depende da maneira como a mensagem de Deus chega até nós. No Antigo

Testamento, os anjos, às vezes, aparecem como uma pessoa humana: "Gabriel, o homem, que eu tinha visto

no começo da visão" (cf. Dn 9,21). Outras vezes, como o vento ou como o fogo: "Tu fazes dos ventos os teus

mensageiros (anjos), e das chamas de fogo os teus ministros!" (Sl 104,4). Os anjos aparecem sob muitas

formas, pois existem muitas formas de se perceber a mensagem de Deus nos fatos da vida. Até hoje, há

anjos e anjas que nos comunicam as mensagens de Deus. No evangelho de Lucas o próprio anjo se

apresenta a Zacarias e diz: "Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus" (Lc 1,19).

4. "Eis aqui a Serva do Senhor"

A imagem do Servo ou da Serva veio do profeta Isaías que anunciou o Messias como Servo de Deus (Is 42,1-

9). No tempo de Jesus, havia várias formas de se esperar a vinda do Messias: Messias Rei (Mc 15,9.32);

Messias Santo ou Sumo Sacerdote (Mc 1,24); Messias Lutador (Lc 23,5; Mc 13,6-8), Messias Doutor (Jo 4,25),

Messias Juiz (Lc 3,5-9), Messias Profeta (Mc 6,4; 14,65). Apesar das diferenças, todos eles esperavam um

messias glorioso que fizesse o povo de Deus ser grandioso no meio dos povos. Só os pobres esperavam o

Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías. Eles encaravam a missão do povo de Deus, não como uma

promoção ou um privilégio, mas como um serviço. Maria, a pobre de Javé, dizia ao anjo: “Eis aqui a serva do

Senhor!” Era o contrário da visão que, na época da monarquia, se tinha da missão do povo de Deus.

A inspiração para a imagem do Servo veio da vida do profeta Jeremias, o grande sofredor. Durante vinte três

anos, ele resistiu contra os opressores do povo sem obter resultado (cf. Jr 25,3). Mesmo assim, ele não

desistiu, nem perdeu a esperança. E durante outros vinte anos, até à sua morte, continuou resistindo. O

povo sofredor identificava-se com ele. Via nele a imagem da sua própria vida e missão. Daí nasceram os

quatro cânticos do Servo de Deus que ajudavam o povo exilado a descobrir sua missão como Povo de Deus

(Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Estes quatro cânticos são uma espécie de cartilha para ajudar os

pobres, tanto de ontem como de hoje, a descobrir e assumir a sua missão. O primeiro cântico (Is 42,1-9)

descreve como Deus escolhe o povo oprimido para ser o seu Servo. O segundo (Is 49,1-6) mostra como este

povo ainda sem fé em si mesmo descobre a sua missão. O terceiro (Is 50,4-9) relata como o povo assume a

sua missão e a executa apesar da perseguição. O quarto (Is 52,13 a 53,12) é uma profecia a respeito do

futuro do Servo e da sua missão. Um resumo dos quatro cânticos (Is 61,1-2) define a missão do povo. Foi

este o texto que Jesus usou para se apresentar ao povo na sinagoga de Nazaré (Lc 4,18-19).

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2º CÍRCULO A VISITA DE MARIA A ISABEL

Duas mulheres grávidas Lucas 1,39-56

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar O texto fala da visita de Maria à sua prima Isabel. Isabel já era idosa e estava grávida pela primeira

vez. Gravidez de risco! Maria, ela mesma grávida, viaja para ajudar sua prima Isabel. Uma viagem de 4 a 5 dias, a pé. Em torno de 140 quilômetros; uma média de 30 a 35 quilômetros por dia. Vamos conversar sobre isto:

1. Você faria o que Maria fez para ajudar a Isabel? 2. Você que é mãe, qual foi a sua experiência durante o tempo da gravidez? 3. Quais os fatores que podem colocar em risco uma gravidez? 4. Quais as orientações para uma mãe durante a gravidez?

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida

1. O texto da bíblia fala do encontro de duas mulheres grávidas, Isabel e Maria, partilhando suas vidas. Neste encontro, as duas experimentam a presença de Deus e começam a louvar a Deus. Durante a leitura vamos prestar atenção no diálogo entre Maria e Isabel.

2. Leitura lenta e atenta do texto: Lc 1,39-56. 3. Um momento de silêncio. 4. Perguntas para a reflexão

1. De que você mais gostou neste texto? Por quê? 2. Comentar as palavras de Isabel para Maria. 3. Comentar as palavras do cântico de Maria. 4. Como Deus se manifestou na conversa destas duas mulheres?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração

Sugestões para a celebração 1. Colocar em forma de oração tudo aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus e sobre

nosso trabalho na Pastoral. Como refrão após cada prece digamos: Senhor, fazei-nos sempre solidários com todos!

2. Formular um compromisso pessoal ou comunitário 3. Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 122 (121): “Vamos à Casa de Yahweh” 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso e um canto final.

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SUBSÍDIO PARA O 2º CÍRCULO

A VISITA DE MARIA A ISABEL Lucas 1,39-56

1. Magnificat, o cântico de Maria (Lc 1,46-56)

No cântico do Magnificat transparece como Maria meditava a Palavra de Deus. Este cântico está permeado

de frases da Bíblia. A Bíblia de Jerusalém enumera dezenove textos do Antigo Testamento que são evocados

no cântico de Maria. Parece até uma colcha de retalhos, feita com frases e palavras tiradas da Bíblia,

sobretudo dos salmos. Sinal de que Maria conhecia a Bíblia quase de memória! De tanto meditar a Palavra

de Deus, quando ela mesma rezava, usava as palavras da Bíblia. Muitas vezes, sem a gente se dar conta, nós

fazemos o mesmo e usamos as palavras da Bíblia para poder rezar e falar com Deus. O cântico mostra

também que Maria tinha consciência clara da situação social e política do seu povo. Ela conhecia as

pretensões dos soberbos (Lc 1,51), a ganância dos ricos (Lc 1,53), a opressão dos poderosos sobre os

pequenos (Lc 1,52). Ela se faz porta-voz da esperança do seu povo (Lc 1,54-55). Unir o conhecimento crítico

da realidade com a leitura orante da Bíblia era a chave que abria os olhos do coração de Maria para ela

perceber os apelos de Deus na vida. Se você tiver a possibilidade, leia o cântico de Ana, a mãe de Samuel,

no primeiro livro de Samuel (1Sm 2,1-10). Compare o cântico de Maria com o cântico de Ana. Quais as

semelhanças e coincidências que você descobre? Faça você também o seu Magnificat a partir das

passagens bíblicas que são importantes para você na sua vida.

2. As distâncias e as viagens

De Nazaré até Jerusalém são em torno de 135 quilômetros. De Jerusalém até Cairo no Egito são em torno de

450 quilômetros. Até a fronteira do Egito era menos, em torno de 200 quilômetros. Somando tudo, de

Nazaré até o Egito, ida e volta, era uma viagem de em toro de 700 ou mais quilômetros. A média por dia,

viajando a pé, era de 30 quilômetros. Ao todo, no mínimo mais de vinte dias de viagem. Quando Maria foi

de Nazaré até Belém por ocasião do recenseamento, ela estava grávida de quase nove meses.

3. A visita do anjo Gabriel a Zacarias e a Maria: semelhanças e diferenças

A visita do anjo Gabriel a Zacarias (Lc 1,5-25): Zacarias é homem, idoso, sacerdote, casado com Isabel

senhora já idosa estéril, estava na sua função sacerdotal, no Santo dos Santos do Templo, lá em Jerusalém,

centro espiritual do povo de Deus. Ele recebe o anúncio da futura gravidez de Isabel. Ele não consegue crer

e pede um sinal. O sinal é este: você vai ficar mudo até que se realize a promessa. E assim se fez.

A visita do anjo Gabriel a Maria (Lc 1,26-38): Maria é mulher, jovem, leiga, noiva, prometida em casamento

a José, estava em casa nos trabalhos caseiros, lá em Nazaré, lugar pequeno na Galileia, periferia. Ela recebe

o anúncio da sua gravidez, faz pergunta para poder entender, pois ainda não convive com José, seu

prometido esposo. O anjo responde: "O Espírito Santo virá sobre ti". Maria aceita: "Eis aqui a serva do

Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra!". E assim se fez.

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3º CÍRCULO O NASCIMENTO DE UMA CRIANÇA Jesus de Nazaré nasce em Belém

E não havia lugar para eles dentro de casa Lc 2,1-14

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar No Brasil existe muito espaço. País enorme! No entanto, muita gente não encontra lugar para morar.

Crescem as favelas, os cortiços, o povo da rua, o número dos sem-teto. Também não existe espaço para as crianças nascerem. Na hora do parto, muitas gestantes estão sozinhas em busca de auxílio. Vamos conversar sobre isto:

1. O parto é um momento muito importante na vida da mãe e do bebê. Como orientar para que este momento seja natural, com menos sofrimento e menos risco para a mãe e para o bebê?

2. Você que é mãe: como foi o parto? Teve boa ajuda? 3. O que seria um parto bem assistido?

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida

1. O texto narra o nascimento de Jesus em Belém. Durante a leitura vamos prestar atenção nas condições em que se deu o parto e como foi este momento na vida de Jesus e na vida de Maria.

2. Leitura lenta e atenta do texto: Lc 2,1-14 3. Um momento de silêncio 4. Perguntas para a reflexão:

1. De que você mais gostou neste texto? Por quê? 2. Como aconteceu o parto de Jesus? Quais as condições de Maria na hora do parto? 3. O que tudo isso ensina para nós hoje?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração Sugestões para a celebração

1. Colocar em forma de oração tudo aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus e sobre nosso trabalho Pastoral. Como refrão após cada prece: Ele veio morar no meio de nós!

2. Formular um compromisso pessoal ou comunitário. 3. Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 131 (130) – Como criança no colo da mãe! 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso e um canto final.

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SUBSÍDIO PARA O 3º CÍRCULO

O NASCIMENTO DE UMA CRIANÇA

Lc 2,1-14

1. O Recenseamento

O motivo que levou José e Maria a viajar para Belém foi o recenseamento decretado pelo imperador de

Roma (Lc 2,1-7). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam tais recenseamentos nas várias

regiões do seu imenso império. Era para recadastrar a população e saber quanto cada pessoa tinha que

pagar de imposto. Os ricos pagavam imposto sobre a terra e sobre os bens que possuíam. Os pobres

pagavam pelo número dos filhos. Às vezes, o imposto total a ser pago chegava a mais de 50% dos

rendimentos da pessoa. O imperador romano pensava ser o dono do mundo. Na realidade, o evangelho de

Lucas mostra que Cesar Augusto, o dono do mundo, não passava de um empregado. Sem saber e sem

querer, ele executava os planos de Deus, pois o decreto imperial fez com que Jesus pudesse nascer em

Belém e realizar a profecia! (Lc 2,1-7)

2. A presença dos Pastores no presépio

Diz a Bíblia: "Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não

havia lugar para eles dentro da casa" (Lc 1,7). As hospedarias eram de dois andares. O andar de cima, a

"casa", era para as pessoas. O andar de baixo era para os animais: espécie de estacionamento. Para o casal

pobre da Galileia não havia lugar no andar de cima, na "casa". Tiveram que descer no andar de baixo. Maria

deu à luz no meio dos animais. Jesus nasceu no estacionamento. Os primeiros convidados eram os pastores.

Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas. Viviam junto com os animais, separados do

convívio humano. Por causa do contato permanente com os animais eram considerados impuros. Ninguém

jamais os convidaria para vir visitar um recém-nascido. É a estes pastores que aparece o Anjo do Senhor

para transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus.

3. "Não tenham medo!" (Lc 2,10)

Diante da aparição dos anjos, os pastores ficaram com medo (Lc 2,9). Muitas vezes, desde Abraão, o pai do

povo de Deus, até João, autor do Apocalipse, Deus repete ou manda repetir: Não tenha medo: Abraão (Gn

15,1), Agar (Gn 21,17), Isaque (Gn 26,24), Raquel (Gn 35,17), Jacó (Gn 46,3), Moisés (Nm 21,34), Povo no

deserto (Dt 1,21; 3,2.22; 7,18; 20,1), Josué (Dt 31,8; Js 1,9; 8,1; 10,8; 11,6), Gedeão (Jz 6,23), Elias (2Rs 1,15),

Davi para Salomão (1Cron 22,13), Rei Acab (Is 7,4), povo em Jerusalém (Is 10,24), povo no cativeiro (Is 40,9;

41,10.13-14; 43,1.5; 44,2; Lm 3,57), Jeremias (Jr 1,8.17), povo Jacó (Jr 30,10), povo Servo (Jr 46,27.28),

Ezequiel (Ez 2,6), Daniel (Dn 10,12.19), José (Mt 1,20), Jairo (Mt 5,36), Zacarias (Lc 1,13), Maria (Lc 1,30),

Tiago e João (Lc 5,10), João do Apocalipse (Ap 1,17) e a comunidade de Esmirna (Ap 2,10). E às vezes,

acrescenta o motivo pelo qual não se deve ter medo: "Eu estou com você! Eu te ajudo! "Eu te amo" Eu te

protejo! Eu sou o criador do mundo". E até hoje, nas celebrações, repetimos sem parar: O Senhor esteja

convosco! - Ele está no meio de nós!". É a certeza da presença de Deus, expressa por ele mesmo no próprio

nome, repetido sem cessar, mais de seis mil vezes, ao longo das páginas da Bíblia: Yahweh, Emanuel, Deus

conosco.

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4º CÍRCULO MORRE MUITA CRIANÇA ANTES DO TEMPO

o massacre das crianças em Belém Mateus 2,13-23

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar.

Apesar de todos os cuidados, muitas crianças morrem antes de completar um ano de vida. Os riscos para a saúde do bebê são muitos. Vamos conversar sobre isto:

1. Quais os maiores riscos para a vida do bebê nos seus primeiros meses depois do nascimento? 2. Na sua comunidade, as famílias encontram condições de criar um ambiente favorável para o desenvol-

vimento de suas crianças recém nascidas?

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida

1. O texto de hoje relata o massacre das crianças em Belém a mando do rei Herodes. Durante a leitura vamos prestar atenção nos motivos que levaram à morte daquelas crianças.

2. Leitura lenta e atenta do texto: Mt 2,13-23. 3. Momento de silêncio 4. Perguntas para a reflexão:

1. O que mais lhe chamou a atenção neste texto? Por quê? 2. Quais os motivos que levaram Herodes a matar as crianças de Belém? 3. Também hoje muitas mães são como Raquel que choram seus filhos e muitos são os Herodes que matam.

O que está matando hoje as nossas crianças? Por quê? 4. O que nossa comunidade pode fazer para melhorar esta situação?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração

Sugestões para a celebração 1. Colocar em forma de oração tudo aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus e sobre nossa vida e

nosso trabalho na Pastoral. Como refrão após cada prece digamos: Dai-nos a vida, Senhor! 2 Formular um compromisso pessoal ou comunitário no trabalho da Pastoral. 3. Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 130 (129) – Senhor, ouve o meu grito! 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso. Canto Final

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SUBSÍDIO PARA O 4º CÍRCULO

MORRE MUITA CRIANÇA ANTES DO TEMPO o massacre das crianças em Belém

Mateus 2,13-23 1. Rei Herodes e o filho Arquelau

Herodes, chamado o Grande, foi Rei da Palestina de 37 a 4 antes de Cristo. Notabilizou-se pelas grandes construções. Ele não era judeu de raça pura. Por isso, os judeus o odiavam. Para conseguir a simpatia dos judeus restaurou o Templo de Jerusalém, cuja grandiosidade ainda hoje se percebe e se visita. A construção levou mais de 40 anos. Mesmo assim, Herodes não conseguiu a simpatia dos judeus. Sua mania de poder e de riqueza levou-o a matar muita gente. Chegou a eliminar algumas de suas esposas e matou alguns dos seus filhos. Qualquer possível ameaça ao seu poder ou à sua honra era combatida e eliminada. Por isso mandou matar as crianças de Belém. Durante o seu governo, Palestina teve uma relativa Paz. Não era a Paz, fruto de justiça, mas sim a paz do cemitério. Depois da sua morte, seu filho Arquelau recebeu dos romanos o governo da Judéia. No discurso da tomada de posse, prometeu ao povo afrouxar a dura escravidão do Pai. Quando as mães, cujos filhos tinham sido queimados vivos por Herodes, pediram que fossem castigados os assassinos dos seus filhos, Arquelau mandou os soldados avançar e eles mataram 3000 pessoas na praça do Templo. Por isso, quando José, esposo de Maria, soube que Arquelau era governador na Judeia, resolveu morar em Nazaré e não em Belém (cf. Mt 2,22-23)

2. "Isto aconteceu para que se realizasse......".

Esta expressão ocorre inúmeras vezes no Evangelho de Mateus: Mt 1,23; 2,5.15.17.23; 4,14; 8,17; 12,17; 13,14.35; etc. É quase um refrão. Mateus escreve o seu evangelho para judeus convertidos. Por isso, ele tem a preocupação em mostrar que Jesus é realmente o Messias que veio realizar as profecias do Antigo Testamento. Mateus toca aqui no ponto de maior tensão entre os judeus que aceitavam Jesus como messias e se fizeram batizar e os judeus que não aceitavam Jesus como messias. Estes, a partir da Bíblia, diziam: "Jesus não é nem pode ser o Messias!" Mateus, a partir da mesma Bíblia, respondia e provava que Jesus é realmente o Messias: "Isto aconteceu para que se realizasse o que diz a Escritura..."

3. Os nomes de Jesus

Marcos começa o evangelho: “Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1,1). No fim, na hora da morte de Jesus, ouvimos a solene profissão de fé de um pagão: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (15,39). No começo e no fim, Jesus é chamado Filho de Deus. Entre o começo e o fim, apareceram vários outros nomes de Jesus, mais de vinte, que ajudam a entender o sentido da expressão Filho de Deus.

Eis a lista dos nomes e títulos entre o começo (Mc 1,1) e no fim do Evangelho de Marcos (Mc 15,37):

* Messias, Cristo (Ungido) (1,1; 8,29; 14,61; 15,32). * Senhor (1,3; 5,19; 11,3). * Filho amado (1,11; 9,7) * Santo de Deus (1,24). * Nazareno (1,24; 10,47; 14,67; 16,6). * Filho do Homem (2,10.28; 8,31.38; 9,9.12.31;

10,33.45; 13,26; 14,21.21.41.62). * Noivo (2,19). * Filho de Deus (3,11), * Filho do Deus altíssimo (5,7), * Carpinteiro (6,3), * Filho de Maria (6,3).

* Profeta (6,4.15; 8,28). * Mestre (freqüente), * Bom Mestre (10,17), * Filho de Davi (10,47.48; 12,35-37), * Rabboni (10,51), * Bendito o que vem em nome do Senhor (11,9). * Rabbi (11,21) * Filho (13,32). * Pastor (14,27) * Filho do Deus bendito (14, 61), * Rei dos judeus (15,2.9.18.26), * Rei de Israel (15,32)

O título Filho do Homem é o nome que Jesus mais gostava de usar. O título Filho de Deus é o resumo de todos os nomes de Jesus e a chave central para entender quem é Jesus.

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5º CÍRCULO MÃE QUE PERDE O FILHO DURANTE UMA ROMARIA

As crianças perdidas nas grandes cidades Lc 2,41-50

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar

O texto de hoje descreve a angústia de Maria e José que perderam o menino durante a romaria em Jerusalém. No Brasil, muitas crianças se perdem. É grande o número de crianças abandonadas. Cresce o número de jovens sem lar nas grandes cidades. Muitos filhos e filhas desaparecidas. Vamos conversar sobre isto:

1. Você conhece algum caso de uma criança que desapareceu? Conte como foi? 2. Quais as maiores ameaças que possibilitam o desaparecimento de uma criança? 3. Que orientações dar aos pais para evitar o desaparecimento de seus filhos?

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida

1. O texto de hoje descreve a romaria que a família de Jesus fez a Jerusalém. Durante a leitura vamos prestar atenção na angústia e nas atitudes dos pais de Jesus pelo filho desaparecido.

2. Leitura lenta e atenta do texto: Lc 2,41-50. 3. Breve momento de silêncio 4. Perguntas para a reflexão:

1. O que mais lhe chamou a atenção neste texto? Por quê? 2. Quais as atitudes dos pais de Jesus na busca do filho desaparecido? 3. Como Maria revela sua angústia pelo desaparecimento de seu filho? 4. Como entender a resposta de Jesus para os pais?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração

Sugestões para a celebração 1. Colocar em forma de oração tudo aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus, sobre nossa vida e nosso

trabalho na Pastoral. Como refrão após cada prece digamos: Proteja nossas crianças, senhor! 2. Formular um compromisso pessoal ou comunitário. 3. Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 8 – O louvor das crianças afasta o inimigo. 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso. Canto Final

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SUBSÍDIO PARA O 5º CÍRCULO

MÃE QUE PERDE O FILHO DURANTE UMA ROMARIA As crianças perdidas nas grandes cidades

Lc 2,41-50

1. As romarias e festas

As romarias para Jerusalém se faziam três vezes ao ano, nas três grandes festas: Páscoa, Pentecostes e

Tabernáculos (cf. Ex 23,14 e 17). Dos lugares mais distantes da Palestina eles vinham caminhando, rezando e

cantando os Salmos de Romaria. Vinham para Jerusalém, a capital, “cidade grande e bela, para onde tudo

converge” (cf. Sl 122,3-4). Outros vinham da diáspora, espalhada por todo o Mediterrâneo. As romarias

eram momentos de confraternização e de muita alegria: “Fiquei foi contente, quando me disseram: Vamos

para a Casa do Senhor!” (Sl 122,1) Nestas longas viagens, o povo rezava e cantava os Salmos de Romaria.

Jesus também os rezava quando, junto com os discípulos, subia em peregrinação para Jerusalém.

Os “Salmos de Romaria” formam uma coleção de quinze salmos dentro do saltério (Sl 120 a 134). São

salmos pequenos. O povo os rezava nas romarias, subindo para o Templo de Jerusalém. Por isso, eram

chamados “Cânticos das Subidas”. Eles diziam: “Vinde! Vamos subir ao Monte de Yahweh!” (Is 2,3). “Vamos

subir a Sião, a Yahweh, nosso Deus!” (Jr 31,6). Também eram chamados “Cânticos dos Degraus”. Provavel-

mente por causa da majestosa escadaria de quinze degraus que dava acesso ao Templo em Jerusalém. Daí,

talvez, a razão de a coleção ter exatamente quinze salmos.

2. Como Maria e José podiam andar um dia inteiro sem o filho Jesus?

Hoje, sem dizê-lo abertamente, muitos pais se perguntam: "Como é que Maria e José podiam viajar durante

mais de um dia, sem se dar conta de que o filho de apenas doze anos não estava com eles? Hoje seria difícil

você imaginar um casal fazer uma romaria até Aparecida do Norte e não se dar conta de que o filho, ainda

menor, não está com eles no retorno para casa. É que naquela época, as grandes caravanas dos romeiros

eram organizadas da seguinte maneira. Um grupo de homens ia na frente. As mulheres com crianças

andavam no meio. Um outro grupo de homens ia no fim. Os meninos já mais crescidos podiam ficar com os

homens ou com as mulheres. Por isso, Maria e José não se preocuparam. Maria pensava: "Jesus deve estar

com os homens!" José pensava: "Jesus deve estar com as mulheres!" Eles só se deram conta da falta do

menino quando, à noite do primeiro dia de viagem, pararam para descansar e dormir.

3. Obediência de Jesus

Diz a Bíblia: "Jesus desceu com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles" (Lc 2,51). Jesus, ele

mesmo, dizia: "O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou" (Jo 4,34). O apóstolo Paulo

completa a informação sobre a obediência de Jesus dizendo: "Foi obediente até a morte, e morte de cruz"

(Fl 2,8). Um longo processo que durou 33 anos. "Por isso, Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome

que está acima de qualquer outro nome; para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e

sob a terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai" (Fp 2,8-11).

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6º CÍRCULO APRENDER COM AS CRIANÇAS: ELAS SÃO UM SINAL DE DEUS

Quem quiser ser o maior, que seja servo ou serva de todos Mc 9,30-37

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar No texto de hoje Jesus nos convida a olhar para as crianças numa atitude de aprendizado e de discipulado. Ele

diz que devemos ser como as crianças: pequenas, desarmadas, indefesas. Vivemos hoje numa sociedade em que a riqueza, o poder e a ostentação são os valores determinantes. Jesus ensina o contrário. Ele apresenta uma criança como um exemplo de vida. Vamos conversar sobre isto:

1. O que você aprendeu trabalhando com os pobres e as crianças? 2. O que mudou na sua vida depois que começou trabalhar na Pastoral?

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida 1. No texto de hoje Jesus nos ensina a aprender com as crianças. O próprio Jesus se identifica com as crianças,

com os menores, com os fracos e indefesos. Durante a leitura vamos prestar atenção nas palavras de Jesus ao apresentar a criança como modelo para os discípulos.

2. Leitura lenta e atenta do texto: Mc 9,30-37. 3. Breve momento de silêncio 4. Perguntas para a reflexão:

1. De que você mais gostou neste texto? Por quê? 2. Qual o motivo da discussão entre os discípulos? Como entender tal discussão? 3. Quais as palavras de Jesus para os discípulos? Por que Jesus mostra a criança como exemplo? 4. O que tudo isto nos ensina em nossos trabalhos pastorais?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração Sugestões para a celebração:

1. Colocar em forma de oração tudo aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus, sobre nossa vida e nosso trabalho na Pastoral. Como refrão após cada prece digamos: Queremos estar a serviço de todos!

2. Formular um compromisso pessoal ou comunitário no trabalho da Pastoral 3. Rezar um salmo. Sugestão: Magnificat, o Cântico de Maria (Lc 1,46-55) 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso. e Canto Final.

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SUBSÍDIO PARA O 6º CÍRCULO

APRENDER COM AS CRIANÇAS: ELAS SÃO UM SINAL DE DEUS Quem quiser ser o maior, seja o servo de todos

Mc 9,30-37

1. O Título Filho do Homem

Este título ocorre 83 vezes nos quatro evangelhos! A expressão Filho do Homem vem dos profetas. Em Ezequiel, a expressão “filho do homem” acentua, mais de noventa vezes, a condição humana do próprio profeta. (a Bíblia Pastoral a traduz por “criatura humana”; a Bíblia do Peregrino, por Filho de Adão). No livro de Daniel a expressão Filho do Homem ocorre na visão sobre os Reinos do Mundo (Dn 7,1-28) que são apresentados sob a figura de animais (Dn 7,4-8). São reinos animalescos; desumanizam a vida, “animalizam” as pessoas. Em seguida, naquela mesma visão de Daniel, o Reino de Deus é apresentado sob a figura de um Filho do Homem, (Dn 7,13), figura humana (Dn 7,18.27). Significa que o povo de Deus, não se deixa desumanizar nem enganar pela ideologia dominante dos reinos animalescos. A sua missão consiste em realizar o Reino de Deus como um reino humano, reino que não desumaniza a vida, mas sim a promove! Humaniza as pessoas.

Apresentando-se aos discípulos como Filho do Homem, Jesus assume como sua esta missão humanizadora, do Povo de Deus. É como se dissesse: “Venham comigo! Esta missão é de todos nós! Vamos juntos realizar a missão que Deus nos entregou, e realizar o Reino humano e humanizador que ele sonhou!” E foi o que Jesus fez e viveu durante toda a sua vida. Como dizia o Papa Leão Magno, Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano. Quanto mais humano, tanto mais divino! Quanto mais “filho do Homem” e tanto mais “filho de Deus!” Tudo que desumaniza as pessoas, afasta de Deus.

2. Jesus e as crianças

A experiência de Deus como Abba, Pai marcou a vida de Jesus e lhe deu olhos novos para perceber e avaliar a realidade que o envolvia. No Antigo Testamento Deus é chamado Pai 15 vezes. No Novo Testamento, 245 vezes! Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra os que causam o escândalo dos pequenos, isto é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7).

Mães com crianças chegam perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Jesus corrige os discípulos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. “Deixem vir as crianças, não as impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15). Dentro das normas da época, mães com crianças pequenas, todas elas viviam num estado permanente de impureza legal. Tocar nelas significava contrair impureza! Jesus nem se incomoda

Jesus pede que os discípulos se tornem como crianças, e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professora dos adultos! Jesus abraça as crianças e se identifica com elas. Quem recebe uma criança, é a mim que recebe (Mc 9,37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).

Entrando no Templo, Jesus derruba as mesas dos cambistas e as crianças gritam: “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca as Escrituras (Mt 21,16) e agradece ao Pai pela presença do Reino nos pequenos: “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem mais do Reino que os doutores!

São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo (Mc 5,41-42), a filha da mulher cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos 5 pães e 2 peixes (Jo 6,9).

3. A profecia do Servo orientou Jesus em tudo

O Servo de Deus é descrito como aquele que “não grita, nem levanta a voz, não solta berros pelas ruas, não quebra a planta machucada, nem apaga o pavio de vela que ainda solta fumaça” (Is 42,2). Perseguido, não persegue; oprimido, não oprime. Nele o vírus da violência opressora dos impérios não consegue penetrar. Sem desanimar, ele anuncia a justiça às nações (Is 42,3-4). Jesus percorreu o caminho do serviço até o fim, até as últimas consequências. A atitude resistente do Servo de Javé marcou a sua vida. Ele definiu sua missão: “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45). Serviço, doação total.

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7º CÍRCULO A VIDA EM FAMÍLIA DURANTE OS TRINTA ANOS EM NAZARÉ

E o menino crescia em sabedoria, tamanho e graça... Lc 2,39-40.51-52

Acolhida: um canto inicial criar um bom ambiente; invocar a luz do Espírito Santo

1. Um fato da Vida que nos faz pensar A criança manifesta sua saúde nas brincadeiras, na curiosidade, na vontade em aprender e em participar da vida

da casa. Ela também quer fazer tudo sozinha, demonstrando sua vontade. A criança vai descobrindo e aprendendo. Mas ela não pode fazer tudo o que quer. Os pais, os irmãos, a família e a comunidade devem mostrar que existem limites. Não é fácil a tarefa de educar uma criança. Vamos conversar sobre isto.

1. A partir a sua experiência com as crianças, como fazer para que as crianças tenham um desenvolvimento saudável e integrado?

2. O que você já aprendeu trabalhando na pastoral das crianças

2. Um texto da Bíblia que ilumina a Vida

1. O texto de hoje é de apenas quatro versículos que nos dão uma ideia de como era a vida da família de José, Maria e Jesus na casa deles em Nazaré. Durante a leitura vamos prestar atenção nas informações transmitidas pelo texto a respeito de desenvolvimento de Jesus.

2. Leitura lenta e atenta do texto: Lc 2,39-40.51-52.

3. Perguntas para a reflexão 1. De que você mais gostou neste texto? Por quê? 2. A partir das informações do texto, como você imagina a vida da família de Nazaré? 3. O que o texto fala do desenvolvimento do menino Jesus? 4. O que tudo isso ensina para nós hoje?

3. Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração Sugestões para a celebração

1. Colocar em forma de oração tudo aquilo que refletimos sobre a Palavra de Deus, sobre nossa vida e nosso trabalho na Pastoral. Como refrão após cada prece digamos: Dai-nos vossa sabedoria, Senhor!

2. Formular um compromisso pessoal u comunitário. 3. Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 127 (126) – Os filhos são uma herança do Senhor. 4. Terminar o encontro com a oração do Pai-Nosso. Canto Final.

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SUBSÍDIO PARA O 7º CÍRCULO

A VIDA EM FAMÍLIA DURANTE OS TRINTA ANOS EM NAZARÉ E o menino crescia em sabedoria, tamanho e graça...

Lc 2,39-40.51-52

1. Crescer em sabedoria, tamanho e graça

Crescer em tamanho é nascer pequeno, crescer aos poucos e tornar-se adulto. É o processo de todo ser humano, com suas alegrias e tristezas, amores e raivas, descobertas e frustrações. Tudo isto, Jesus o aprendeu convivendo com a família em casa, com Maria e José, com os avós, os parentes, tios e tias, sobrinhos e sobrinhas. Foi o seu crescimento biológico. Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes do povo. Isto, Jesus o aprendeu convivendo em casa e na escola e na sinagoga com o povo de Nazaré durante os trinta anos que por lá viveu. Foi o seu crescimento intelectual. Crescer em graça é descobrir a presença e o chamado de Deus nos fatos da vida, em tudo que nos acontece. Tudo isto, Jesus o aprendeu nas Sagradas Escrituras, na comunidade, nas celebrações, nas romarias, na família, no trabalho, na carpintaria, na luta de cada dia, no silêncio, na contemplação da natureza, nas longas orações ao Pai. A Bíblia diz que a graça de Deus estava com ele (Lc 2,20). Foi o seu crescimento espiritual.

2. A família de Jesus

Olhando de perto o ensinamento de Jesus sobre a família, a gente se defronta com uma contradição. De um lado, Jesus defende os valores da família, pois critica os fariseus que, em nome da Tradição dos Antigos, desfaziam o quarto mandamento que manda honrar os pais (Mc 7,8-13). Jesus ensina que, para entrar na vida eterna, se deve observar os mandamentos, e enumera explicitamente o quarto mandamento (Mc 10,17-19). Ele mesmo foi obediente aos pais durante os trinta anos que viveu em Nazaré (Lc 2,51). E no evangelho de São João, o primeiro milagre de Jesus foi feito em Caná, numa festa de casamento (Jo 2,1-12). Mas por outro lado, Jesus parece querer desfazer qualquer vínculo familiar. Pois, uma das coisas em que ele mais insiste junto aos que querem segui-lo, é abandonar pai e mãe, mulher e filhos, irmãos e irmãs. E ele dirige estas exigências não para alguns mais esforçados, mas para todos (Lc 14,25-26.33). Como entender esta aparente contradição.

Jesus procura reforçar a vida comunitária nas aldeias da Galiléia. Ele retoma o sentido profundo do clã, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo. Por isso pede aos que querem segui-lo, que não se fechem dentro do seu pequeno mundo. Pois "quem quer salvar sua vida, vai perdê-la, mas quem está disposto a perdê-la por causa dele e do Evangelho, vai salvá-la!" (Mc 8,35). Quem só pensa em salvar a sua própria família, vai perdê-la. Mas quem está disposto a abandonar pai e mãe, mulher e filhos, irmão e irmã, por amor ao Evangelho, este vai salvar sua família! Jesus deu o exemplo. Quando seus familiares queriam apoderar-se dele para levá-lo de volta para casa, ele reagiu e disse: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Eis a minha mãe e os meus irmãos! Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,33-35). Alargou a família. Criou comunidade. Jesus pedia o mesmo de todos que queriam segui-lo. As famílias não podem fechar-se. Os excluídos e os marginalizados devem ser acolhidos, novamente, dentro da convivência humana e, assim, sentir-se acolhidos por Deus (cf Lc 14,12-14). Jesus garante: “Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa ou por causa do Evangelho, que não receba cem vezes mais desde agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguição, e no mundo futuro a vida eterna” (Mc 10,29-30).

Hoje em dia, a grande tentação das famílias é fechar-se sobre si mesma para não serem arrastadas no turbilhão das coisas novas e incontroláveis que invadem a vida de todos de tantas maneiras. O grande desafio é as famílias se unirem entre si, não apenas para realizar algumas tarefas ou celebrações, e sim em comunidades permanentes de vida. Só assim é possível garantir a transmissão dos valores em que acreditamos. Só assim as famílias e as pessoas encontram a proteção desejada. Realmente, quem tem a coragem de romper o círculo estreito da sua própria família, reencontrará, dentro da comunidade, cem vezes tudo aquilo que abandonou: irmão, irmã, mãe, filho, amigos! Alguns anos atrás, na celebração do início do mês da Bíblia na Catedral de Itaguaí, foi feita a pergunta: "Qual a maior alegria que o Círculo Bíblico trouxe para você?" A resposta mais repetida dos mais de vinte grupos era esta: "Alargou a família da gente! Agora tenho mais irmãos e mais irmãs!"