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Cruz das Almas, BA Dezembro, 2010 96 ISSN 1809-5011 Autor Nelson Fonseca D.Sc., Pesquisador, Embrapa Mandioca e Fruticultura; Rua Embrapa s/n, Caixa Postal 007, 44380-000, Cruz das Almas, BA; [email protected] Introdução O gênero Spondias é composto por espécies distribuídas, principalmente, na América Tropical e Indo-Malásia. No Brasil, ocorrem as seguintes espécies: Spondias tuberosa Arr. Câm., umbuzeiro; Spondias mombim L., cajá; Spondias purpúrea, cirigüela; Spondias cytherea Sonn, cajarana; e Spondias sp, umbu-cajá (ARAÚJO, 2000). O umbuzeiro é uma Dicotyledoneae, da família Anacardiaceae, árvore frutífera de pequeno porte em torno de 6 metros de altura, tronco curto, copa em forma de guarda-chuva com diâmetro de 10 a 15 metros. Possui vida longa (100 anos), xerófila e suas raízes superficiais exploram um metro de profundidade (SEAGRI, 2009). O xeromorfismo desta espécie é propiciado pela ação dos xilopódios, pelo mecanismo de fechamento dos estômatos nas horas mais quentes do dia e pela queda de folhas durante a estação seca (FERRI e LABOURIAU, 1992; LIMA FILHO, 1995; MENDES, 1990). Suas raízes possuem estrutura túbera ou batata, constituída de tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tamino, amido, ácidos, dentre outros. É originária dos chapadões semiáridos do Nordeste brasileiro, nas regiões Agrestes (Piauí), Cariris (Paraíba) e Caatinga (Pernambuco e Bahia). Os seus frutos são muito apreciados para o consumo ao natural, sendo comercializados nos diversos mercados juntamente com produtos processados como polpa, doces, sucos e picolés. A espécie tem crescente importância socioeconômica para a região, fato confirmado pelo surgimento de várias pequenas agroindústrias de processamento. É explorado extrativamente, não existindo pomares comerciais em produção com plantas enxertadas e selecionadas. A propagação é feita normalmente por semente, que se encontra no interior do endocarpo, o qual é comumente chamado de “caroço”. Segundo Meletti e Coelho (2000), a propagação do umbuzeiro por sementes não é recomendada comercialmente, pois as plantas de pé-franco são geneticamente muito desuniformes e apresentam período juvenil muito longo, demorando até 10 anos para entrar em produção, além de ocorrer alternância de produção e menor qualidade dos frutos. A propagação do umbuzeiro feita por estaquia tem o inconveniente de não formar ou formar muito tarde (após um ano do plantio) as raízes túberas (xilopódios), que são as estruturas de reserva de água da planta, tornando o umbuzeiro resistente aos efeitos da seca. As estacas de ramos devem ser colhidas no interior da copa da planta, entre os meses de maio e agosto, com 3,5 cm de diâmetro e comprimento entre 25 cm e 40 cm. As estacas são postas para enraizar em leitos de areia fina ou limo, enterradas em 2/3 do seu comprimento, em posição inclinada (SEAGRI, 2009). A estaca também pode ser enterrada no local definitivo de plantio, conforme é apresentada na Figura 1 feita pelo proprietário da Fazenda Pau D’arco, no município de Macaúbas, BA. Propagação do Umbuzeiro por Enxertia

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  • Cruz das Almas, BADezembro, 2010

    96

    ISSN 1809-5011

    Autor

    Nelson FonsecaD.Sc., Pesquisador, Embrapa

    Mandioca e Fruticultura;Rua Embrapa s/n, Caixa Postal

    007, 44380-000, Cruz dasAlmas, BA;

    [email protected]

    Introduo

    O gnero Spondias composto por espcies distribudas, principalmente, na AmricaTropical e Indo-Malsia. No Brasil, ocorrem as seguintes espcies: Spondias tuberosaArr. Cm., umbuzeiro; Spondias mombim L., caj; Spondias purprea, cirigela;Spondias cytherea Sonn, cajarana; e Spondias sp, umbu-caj (ARAJO, 2000).

    O umbuzeiro uma Dicotyledoneae, da famlia Anacardiaceae, rvore frutfera depequeno porte em torno de 6 metros de altura, tronco curto, copa em forma deguarda-chuva com dimetro de 10 a 15 metros. Possui vida longa (100 anos), xerfilae suas razes superficiais exploram um metro de profundidade (SEAGRI, 2009). Oxeromorfismo desta espcie propiciado pela ao dos xilopdios, pelo mecanismo defechamento dos estmatos nas horas mais quentes do dia e pela queda de folhasdurante a estao seca (FERRI e LABOURIAU, 1992; LIMA FILHO, 1995; MENDES,1990). Suas razes possuem estrutura tbera ou batata, constituda de tecido lacunosoque armazena gua, mucilagem, glicose, tamino, amido, cidos, dentre outros. originria dos chapades semiridos do Nordeste brasileiro, nas regies Agrestes(Piau), Cariris (Paraba) e Caatinga (Pernambuco e Bahia). Os seus frutos so muitoapreciados para o consumo ao natural, sendo comercializados nos diversos mercadosjuntamente com produtos processados como polpa, doces, sucos e picols. A espcietem crescente importncia socioeconmica para a regio, fato confirmado pelosurgimento de vrias pequenas agroindstrias de processamento. exploradoextrativamente, no existindo pomares comerciais em produo com plantasenxertadas e selecionadas.

    A propagao feita normalmente por semente, que se encontra no interior doendocarpo, o qual comumente chamado de caroo. Segundo Meletti e Coelho(2000), a propagao do umbuzeiro por sementes no recomendadacomercialmente, pois as plantas de p-franco so geneticamente muito desuniformese apresentam perodo juvenil muito longo, demorando at 10 anos para entrar emproduo, alm de ocorrer alternncia de produo e menor qualidade dos frutos.

    A propagao do umbuzeiro feita por estaquia tem o inconveniente de no formar ouformar muito tarde (aps um ano do plantio) as razes tberas (xilopdios), que so asestruturas de reserva de gua da planta, tornando o umbuzeiro resistente aos efeitosda seca. As estacas de ramos devem ser colhidas no interior da copa da planta, entreos meses de maio e agosto, com 3,5 cm de dimetro e comprimento entre 25 cm e40 cm. As estacas so postas para enraizar em leitos de areia fina ou limo, enterradasem 2/3 do seu comprimento, em posio inclinada (SEAGRI, 2009). A estaca tambmpode ser enterrada no local definitivo de plantio, conforme apresentada na Figura 1feita pelo proprietrio da Fazenda Pau Darco, no municpio de Macabas, BA.

    Propagao do Umbuzeiro por Enxertia

  • 2 Propagao do Umbuzeiro por Enxertia

    O processo de propagao recomendado para oumbuzeiro por meio de enxertia, usando-se porta-enxerto proveniente de semente e o mtodo deenxertia por garfagem no topo em fenda cheia.Segundo Fonseca et al. (2007), esse mtodo vivelpara a produo de mudas selecionadas, ocorrendoexcelente pegamento (acima de 90%) com vriosacessos de umbuzeiros.

    Produo de mudas enxertadas

    A principal vantagem da muda enxertada estrelacionada com a garantia de manuteno dascaractersticas da variedade indicada, o que no possvel pela muda produzida por meio de semente.Outra vantagem est na formao de pomarescomerciais mais uniformes no tamanho de plantas eproduo de frutos, alm da antecipao do incio deproduo.

    O objetivo desse documento expor o mtodo deproduo de mudas enxertadas de umbuzeiro utilizadoe recomendado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura.

    Escolha do porta-enxerto

    Como a planta pouco estudada e exploradacomercialmente, at o momento no se temvariedades selecionadas para uso como porta-enxertos.Para a formao de mudas colhem-se as sementesprovenientes de frutos cados da planta (Figura 2) ouquelas que passaram pelo trato digestivo de animais,principalmente de caprinos e ovinos. Aps a obtenodas sementes, faz-se a semeadura para a obteno deporta-enxertos.

    Figura 3 Beneficiamento da semente com a retirada dapolpa.

    Beneficiamento da semente

    De uma forma geral, as sementes so obtidas de frutoscados da planta, fazendo-se primeiro o despolpamento,espremendo os frutos com a mo e raspando comfacas (Figura 3) ou passando em peneiras para retirar orestante da polpa. Aps, as mesmas so secas emlocal sombreado e ventilado por dois dias,aproximadamente. Como mencionado anteriormente,as sementes tambm podem ser colhidas aps terempassado pelo trato digestivo de animais da caatinga.

    Figura 1 Muda de umbuzeiro produzida por estaca enterradano local definitivo de plantio, feita pelo proprietrio da FazendaPau Darco ( esquerda), no municpio de Macabas, BA.

    Figura 2 Frutos maduros de umbuzeiros usados para aobteno de sementes

    Antes da semeadura, recomenda-se fazer a embebiodas sementes em gua por um dia. Alm disso, parapermitir uma maior penetrao da gua para ahidratao do embrio e rapidez na germinao, pode-se fazer um trato fsico da semente, que consta daretirada, com a ponta de uma faca, do tecido fibrosoda maior cavidade da semente, onde situa-se o hilo(Figura 4). Segundo Scanavaca Jnior et al. (2007), o

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    tratamento com trato fsico da semente seguido deembebio com gua por seis horas foi o melhor,obtendo-se 69% de germinao das sementes.

    Figura 5 Semeadura em linha em canteiro.

    Semeadura

    A semeadura pode ser feita diretamente em sacos depolietileno preto (30 cm x 20 cm x 0,02 mm), contendosubstrato, colocando-se duas a trs sementes em cadasaco. Em geral, faz-se a semeadura em canteiros demadeira, contendo areia lavada, onde as sementes socolocadas juntas, alinhadas em fileiras espaadas de 5cm (Figura 5). A seguir colocada areia por cima dasfileiras das sementes, o suficiente para encobri-las,irrigando os canteiros com regadores manuais.Diariamente deve-se fazer a irrigao dos canteirospara permitir rapidez na germinao das sementes.

    Figura 6 Enchimento das embalagens de polietileno pretocom substrato.

    Figura 7 Embalagens de polietileno preto com substratoarrumadas em fileiras qudruplas em telado sinttico.

    fertilizaes da muda no viveiro. Obtm-se, tambm,bons resultados na formao da muda, utilizando umamistura contendo cinco partes de terra de boaqualidade, duas partes de esterco curtido e trsquilogramas de superfosfato simples por metro cbicoda mistura.

    Figura 4 Trato fsico do caroo, na rea do hilo, para permitirmelhor embebio do embrio.

    Substrato e arrumao dos sacosplsticos no viveiro

    Os sacos de polietileno preto podem ser enchidosutilizando como substrato apenas a terra da camadasuperficial do solo (Figura 6), at 10 cm deprofundidade, onde posteriormente sero feitas as

    Aps o enchimento, os sacos so colocados numviveiro de tela sinttica de 30 a 50% desombreamento, em fileiras de quatro sacos, espaadasde 80 cm para permitir o acesso para a realizao dostratos culturais (Figura 7).

    Transplante

    O transplante das mudas feito aps a germinaodas sementes no canteiro, quando as plantas atingirema altura de 5 cm, ou aps 30 dias da semeaduraquando as primeiras folhas j esto formadas (Figuras8 e 9). Aps o transplante, faz-se a irrigao que deveser feita duas a trs vezes por semana, durante todo operodo de formao da muda.

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    Tratos culturais

    Os tratos culturais consistem, principalmente, defertilizaes de cobertura, irrigao, capinas manuais,podas apicais da planta e controle de doenas epragas.

    As fertilizaes de cobertura nos sacos com substratode terra vegetal so iniciadas trs a quatro semanasaps o transplante, usando 8 g da mistura de calcriodolomtico e superfosfato simples, na proporo, emvolume, de 1:1 em cada saco. Duas semanas aps, feita a fertilizao com esterco curtido ou torta demamona, colocando 10 g do produto em cada saco(Figura 10). Sempre que necessrio, deve-se procedera limpeza dos sacos mediante a retirada manual dasplantas daninhas que crescem com as mudas.

    Durante o crescimento das mudas so feitas trs aquatro podas (acima de 20 cm de altura da planta)com a finalidade de apressar o engrossamento do caulepara a realizao da enxertia. Por ocasio da primeirapoda, se necessrio, faz-se o tutoramento da muda

    que estiver tombada (Figura 11). Na ltima poda,aproveita-se para retirar as folhas mais baixas doporta-enxerto, preparando-o para o procedimento daenxertia (Figura 12).

    Algumas lagartas que causam a desfolha da plantapodem surgir na fase de crescimento vegetativo, sendoo controle efetuado mediante a catao manual dessaspragas (Figuras 13 e 14). Cochonilhas podem atacaras folhas, porm no tem sido necessrio efetuar o seucontrole no viveiro (Figura 15).

    Figura 13 Tipos de lagartas desfolhadoras em mudas deumbuzeiro.

    A B CFigura 10 Fertilizaes com calcrio e superfosfato simples(A) e adubos orgnicos, esterco (B) e torta de mamona (C).

    Figura 11 Detalhe da muda tombada no saco plstico (A) epodada e tutorada (B).

    BA

    Figura 12 Realizao da terceira poda com tesoura manual(A) e detalhe, na fileira da frente, de mudas podadas elimpas na base (B).

    BA

    Figura 8 Germinao das sementes em canteiro comcobertura de plstico transparente.

    Figura 9 Transplante dos seedlings para as embalagens depolietileno preto com substrato.

  • 5Propagao do Umbuzeiro por Enxertia

    Figura 14 Desfolha causada por lagartas em mudas deumbuzeiro.

    Figura 15 Ataque de cochonilhas em folhas de mudas deumbuzeiro.

    Figura 16 Sintoma do cercosporiose em folhas de mudas deumbuzeiro.

    A cercosporiose uma doena fngica que podecausar danos s folhas em perodos de alta umidaderelativa e calor. Aparecem pintas negras por todo olimbo foliar, seguido de amarelecimento e queda dafolha (Figura 16). A aplicao de defensivos a base detriazois alternados com benzimidazois, pulverizadossemanalmente, permite um controle satisfatrio dessadoena (8ml do princpio ativo por 20L de gua).

    Figura 17 Garfos ou ponteiros de umbuzeiros para enxertiaconservados em folhas de jornal envolvidas com plstico.

    Cuidados que antecedem a enxertia

    Cerca de seis meses de idade, quando as mudas ouporta-enxertos esto com dimetro do caule entre 0,6cm e 0,8 cm a 20 cm de altura do colo da planta, sofeitas as enxertias pelo mtodo de garfagem em fendacheia no topo. Duas semanas antes da enxertia deve-se irrigar o viveiro em dias alternados, de prefernciapela tarde, para permitir a circulao da seiva epossibilitar a maior percentagem de pegamento.

    Deve-se evitar a enxertia em perodos chuvosos e friosdo ano (de junho a agosto), pois essa poca acarretauma dificuldade na brotao do enxerto. Aps esseperodo, j existe bastante material propagativo ouponteiros nas plantas de umbuzeiros na caatinga, quese encontram com os ramos sem folhas e com gemasno brotadas. Os garfos ou ponteiros devem sercolhidos maduros, com boas condies vegetativas,sem apresentarem danos causados por pragas oudoenas. Uma condio importante que o garfoesteja com dimetro em torno de 1cm, e que seja igualou bem prximo ao dimetro da haste do porta-enxertono ponto de enxertia.

    Se as plantas matrizes estiverem prximas ao local deenxertia, deve-se fazer a retirada dos ramos e realizara enxertia no mesmo dia para obter maior possibilidadede pegamento. No entanto, se estiverem em lugaresdistantes, os garfos devem ser colhidos,imediatamente envolvidos em folhas de jornal mido ecolocados em sacos plsticos para seremtransportados (Figura 17). Dessa forma os garfospodero ser conservados cerca de uma semana.

    Escolha da copa

    Atualmente, a pesquisa tem feito a seleo de plantasque apresentem caractersticas de boa produtividade,frutos mdios a grandes em relao ao seu tamanhonormal (10 a 20 g), casca fina e lisa, maior

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    percentagem de polpa e alto teor de slidos solveistotais. Assim, tem sido feita a seleo de plantas naregio semirida do Norte de Minas Gerais, Bahia ePernambuco, apresentando copas com frutosconsiderados gigantes, em torno ou acima de 100gramas, e com bom paladar de polpa (Figuras 18 e 19).

    Mdias obtidas de dez frutos analisadas pelo Laboratrio de Fisiologia Vegetal e Ps-Colheita da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

    Tabela 1- Principais caractersticas do fruto de quatro acessos de umbuzeiros do Estado da Bahia. Cruz dasAlmas, BA, 2010.

    Figura 18 Comparao dos frutos de quatro acessos deumbuzeiro colhidos em diferentes municpios do Estado daBahia, 2010.

    Figura 19 Frutos gigantes de umbuzeiro oriundos domunicpio de Macabas, BA.

    Na Tabela 1 so apresentadas as principaiscaractersticas dos frutos de quatro acessos deumbuzeiros mostrados na Figura 18, destacando ospesos mdios dos frutos provenientes da Fazenda PauDarco, municpio de Macabas, BA, com 119, 2 g; dapropriedade de Dodo, povoado de Pedra Preta, deAnag, BA, com 87,2 g; e da propriedade de Tio doCavaco, do municpio de Livramento de NossaSenhora, BA, com 81,2 g. Esses mesmos acessostambm se destacaram no percentual de polpa dofruto, em torno de 80%. O acesso do municpio deLivramento de Nossa Senhora foi o que apresentou amenor acidez com 0,687 g de cido ctrico/100 g e omaior pH com 2,94, em relao aos outros acessos.

    Enxertia

    Com uma tesoura de poda corta-se a haste do porta-enxerto onde ser feita a enxertia a 20 cm de altura dasuperfcie do solo. A seguir, com um canivete deenxertia afiado, efetua-se um corte vertical de 3 cm,abrindo o topo da haste do porta-enxerto ao meio. Nogarfo, fazem-se, de cada lado de sua extremidadeinferior, duas incises em forma de cunha ou bisel, comaproximadamente 3 cm de comprimento, sem colocar a

    ponta dos dedos na parte cortada, evitando prejuzos aopegamento em conseqncia de doenas. Em seguida,introduz-se a cunha do garfo no corte vertical do topoda haste do porta-enxerto, fazendo o contato do tecidocambial (casca) pelo menos em um dos lados. Feito isto,ata-se firmemente a zona de unio com fita de plsticode 20 cm de comprimento, 2 cm de largura e 0,01 mmde espessura. Finalmente, cobre-se o enxerto com umsaquinho de plstico transparente, a fim de evitar oressecamento dos tecidos (Figura 20).

  • 7Propagao do Umbuzeiro por Enxertia

    A B

    C D

    Figura 21 Enxerto em brotao com 30 dias (A) e 35 dias(B) aps enxertia, enxerto com 60 dias ainda com a fitaplstica no local da enxertia (C) e enxerto com 90 diaspodado e sem a fita plstica no local da enxertia, pronto parao plantio (D).

    Em caso de xito na enxertia, a partir da terceirasemana tero incio as brotaes das gemas apical oulaterais do enxerto, retirando-se, nesse caso, osaquinho com muito cuidado para evitar a quebra dasfrgeis brotaes do enxerto. Ocorrendo brotaes noporta-enxerto, estas devero ser eliminadas parapermitir melhor desenvolvimento das brotaes doenxerto e, por outro lado, impedindo o predomnio dedesenvolvimento do porta-enxerto. As irrigaesdevem ser feitas constantemente, para propiciar ocrescimento e desenvolvimento das brotaes novas.A fim de evitar um crescimento exagerado dos ramos,recomenda-se fazer uma poda aos 30 cm da inserodo caule. Aps trs meses da enxertia, a muda estarpronta para ser plantada no local definitivo (Figura 21).A fita de plstico no local da enxertia dever serretirada no plantio para evitar o estrangulamento docaule.

    Referncias

    ARAJO, F. P.; SANTOS, C. A. F.; MOREIRA, J. N.;CAVALCANTE, N. B.; Avaliao do ndice depegamento de enxertos de espcies de Spondias emplantas adultas de umbuzeiro. Petrolina: EmbrapaSemi-rido, 2000, 4 p. (Embrapa Semi-rido. Pesquisaem andamento, 100).

    BAHIA. SEAGRI. Cultura umbuzeiro. Disponvel em:

    Acessado em: jul., 2009.

    FERRI, M. G.; LABOURIAU, L. G. Water balance ofplants from the caatinga. Transpiration of some ofthe most frequent species of the caatinga of PauloAfonso (Bahia) in the roing slason. Revista Brasileira deBiologia, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 301-312, out.1992.

    A B

    C DFigura 20 Enxertia por garfagem em fenda cheia no topoem porta-enxertos de umbuzeiro. Corte vertical no topo dahaste do porta-enxerto (A), corte em forma de cunha no garfo(B), enxerto e porta-enxerto atado com fita plstica (C) esaquinho de plstico transparente colocado no enxerto (D).

  • 8 Propagao do Umbuzeiro por Enxertia

    Exemplares desta edio podem ser adquiridos na:Embrapa Mandioca e FruticulturaEndereo: Rua Embrapa, s/n, Caixa Postal 07,44380-000, Cruz das Almas - BahiaFone: (75) 3312-8000Fax: (75) 3312-8097E-mail: [email protected]

    1a edioverso online (2010)

    CircularTcnica, 96

    FONSECA, N.; SCANAVACA JNIOR, L.; SANTOS, R.P. dos; TRINDADE, A. M.; PEIXOTO, A. A. Procedn-cia e idade da planta sobre o pegamento da enxertia deumbuzeiro (Spondia tuberosa Arr. Cm.) In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS,4., 2007. So Loureno, MG. Melhoramento dePlantas e agronegcio. 2007., So Loreno, MG.Resumos... Lavras:UFLA; SBMP, 2007. 1 CD-ROOM,Trabalho 507.

    LIMA FILHO, , J. M. P. Ecofisiologia do umbuzeiro II Comportamento hdrico. In: CONGRESSO BRASILEIRODE FISIOLOGIA VEGETAL, 2., 1995, Lavras, MG.Resumos... Lavras: SBFV, 1995. p.288.

    MELETTI, L. M. M.; COELHO, S. M. B. M. Lichieira(Litchi chinensis Sonn.). In: Propagao de frutferastropicais. Agropecuria, [s.l.], 2000. p.155-163.

    MENDES, B. V. Umbuzeiro (Spondia tuberosa Arr.Cm.): importante fruteira do semi-rido. Mossor:ESAM, 1990. 66 p.

    SCANAVACA JNIOR, L.; FONSECA, N.; SANTOS, R.P. dos; TRINDADE, A. M.; PEIXOTO, A. A. Viabilidadede sementes de umbuzeiros (Spondia tuberosa Arr.Cm.) em funo da procedncia de tratos culturais.In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTODE PLANTAS, 4., 2007. So Loreno, MG. Melhora-mento de plantas e agronegcio. Resumos... Lavras:UFLA; SBMP, 2007.

    Presidente: Aldo Vilar Trindade.

    Secretria: Maria da Conceio P. Borba dos Santos.

    Membros: Abelmon da Silva Gesteira, Ana LciaBorges, Antonio Alberto Rocha Oliveira, Carlos Albertoda Silva Ledo, Davi Theodoro Junghans, Eliseth deSouza Viana, La ngela Assis Cunha, MarileneFancelli.

    Superviso editorial: Ana Lcia Borges.

    Reviso de texto: Rogrio RitzingerJoo Roberto Pereira Oliveira.

    Reviso gramatical: Lucidalva R. Gonalves Pinheiro.

    Editorao: William Augusto do Nascimento FilhoSaulus Santos da Silva.

    Comit depublicaes

    Expediente