cinÉtica de secagem das sementes de pitaia … · eficientes processos para transformar e...
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Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015
CINÉTICA DE SECAGEM DAS SEMENTES DE PITAIA VERMELHA
KAROLINE THAYS ANDRADE ARAÚJO
1*, FRANCISLAINE SUÉLIA DOS SANTOS
2,
ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO3, ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ
3
1 Graduanda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Fone: (83) 98122-2133,
[email protected] 2 Graduanda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Fone: (83) 98730-4872,
[email protected] 3 Dr. Professor Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande–PB. Fone: (83) 2101-1547,
[email protected], [email protected]
Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015
15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil
RESUMO: Objetivou-se com este trabalho a realização da secagem das sementes de pitaia de casca
vermelha e polpa vermelha, em secador de bandejas nas temperaturas de 50, 60 e 70 °C com
velocidade do ar de secagem de 1,00 m/s e ajustar os modelos de Page e Logarítmico aos dados
experimentais. As sementes utilizadas foram extraídas de frutos maduros, cuja polpa foi passada em
peneira e lavada em água corrente para separação das sementes. Como critério de avaliação dos ajustes
dos modelos matemáticos utilizou-se o coeficiente de determinação (R²) e o desvio quadrático médio
(DQM). Verificou-se que os modelos testados podem ser utilizados na estimativa da cinética de
secagem das sementes de pitaia, sendo que o modelo de Page representou melhor as cinéticas de
secagem, com os maiores coeficientes de determinação (R²) e menores desvios quadráticos médios
(DQM).
PALAVRAS–CHAVE: Hylocereus costaricensis, secagem convectiva, cactácea
DRYING KINETIC OF THE RED PITAYA SEEDS
ABSTRACT: The objective of this work was the drying of the dragon fruit seed red rind and red pulp
in a tray dryer in the temperatures of 50, 60 and 70 °C with air velocity drying of 1.00 m/s and fittting
the Page and Logarithmic models to the experimental data. The seeds used were extracted from ripe
fruits and due to the mucilaginous texture of the pulp were placed in sieves and washed in water to
separate the seeds from the pulp. As the temperature was increased drying time decreased. As a
criterion for evaluation of mathematical models of adjustments used the coefficient of determination
(R²) and the mean square deviation (DQM). It was found that the tested models can be used for
estimation of the dragon fruit seeds drying kinetics, and the Page model was a better, with the highest
coefficients of determination (R²) and smaller mean squared deviations (DQM ).
KEYWORDS: Hylocereus costaricensis, tray dryer, mathematical models.
INTRODUÇÃO Na região Nordeste do Brasil as cactáceas encontram as condições edafoclimáticas propícias
para o seu plantio. Dentre as cactáceas, a pitaya vem sendo difundida no Brasil nos últimos anos,
devido a sua aparência exótica, sabor, odor, cor, e alto valor comercial. É originária da América e
cultivada em todo o mundo, sendo a Colômbia e o México os principais produtores. Do fruto da pitaya
pode-se aproveitar todas as partes: casca, polpa e sementes. Entretanto, produtos derivados de pitaya
ainda são raramente vistos no mercado e mais pesquisas devem ser feitas para aumentar as
oportunidades comerciais (LE BELLEC et al., 2006). As sementes secas, de tamanho semelhante ao
gergelim, podem ser utilizadas como ingrediente em alimentos, como barra de cereais, na composição
de pães e outros produtos de panificação e na produção de farinha. Um dos mais antigos, utilizados e
eficientes processos para transformar e conservar os produtos de origem vegetal é a secagem, que
também, no caso de grãos e sementes é comercialmente o mais viável. Quando a secagem de sementes
é realizada sem objetivo de manter a capacidade germinativa, ou seja para consumo, tem-se a
liberdade de utilizar temperaturas superiores a 50º C, abreviando o tempo de processo. O trabalho foi
realizado com o objetivo de estudar a secagem de sementes de pitaia, utilizando temperaturas de 50,
60 e 70º C e velocidade do ar de 1,0 m/s, com ajuste das cinéticas pelo modelos empíricos logarítmico
e de Page.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos
Agrícolas da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, na Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG), em Campina Grande, PB. Utilizou-se como matéria-prima sementes de pitaia
vermelha com polpa vermelha (Hylocereus costaricensis Web. Britton & Rose), maduras, cultivadas
no Estado do Ceará. Por estar envolvida na massa mucilaginosa da polpa, a extração das sementes foi
realizada passando a polpa em peneira, lavando em água corrente para separação e obtenção de
sementes isentas de polpa. A secagem foi realizada em secador convectivo em camada fina, nas
temperaturas de 50, 60 e 70°C e velocidade do ar de 1,0m/s. Os dados da cinética de secagem foram
obtidos pesando-se as sementes, em intervalos regulares, até peso constante. Com os dados
experimentais das secagens foram calculados os valores da razão de umidade (Equação 1).
(1)
em que:
RX – razão de umidade do produto (adimensional); X – teor de umidade do produto; Xi – teor
de umidade inicial do produto; e Xe – teor de umidade de equilíbrio do produto.
Em seguida foram construídas as curvas de cinética de secagem (razão de umidade em função
do tempo de secagem) e ajustados os modelos Logarítmico (Eq. 2) e Page (Eq. 3).
(2)
(3)
em que:
RX – razão de umidade (adimensional); a, k, c, n – constantes dos modelos; t – tempo (min)
Para o ajuste dos modelos matemáticos aos dados experimentais foi utilizado o programa
computacional Statistica por meio de análise de regressão não linear. Para avaliar a qualidade do ajuste
dos modelos foram utilizados como critérios o coeficiente de determinação (R2) e o desvio quadrático
médio (DQM), Equação 4.
(4)
em que:
DQM – desvio quadrático médio; RXpred – razão de água predito pelo modelo; RXexp –
razão de água experimental; n – número de observações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observam-se na Figura 1, os dados experimentais da cinética de secagem de sementes de
pitaia, nas temperaturas de 50, 60 e 70 °C, para uma velocidade do ar de secagem de 1,0 m/s,
expressos através da razão de umidade em função do tempo de secagem (min), com ajustes pelo
modelo de Page.
Com a elevação da temperatura observa-se redução do tempo de secagem, comportamento
esperado e reportado por outros autores, como RAFIEE et al. (2009) ao avaliarem a cinética de
secagem de grãos de soja nas temperaturas de 30, 40, 50, 60 e 70 °C e BORTOLAIA (2011), que
descreve o fenômeno como um processo onde à medida que se eleva a temperatura de secagem
aumenta a disponibilidade de energia para vaporização da água e o coeficiente de transferência de
massa.
Figura 1. Pontos experimentais, com curvas de ajustes pelo modelo de Page, das secagens de sementes
de pitaia, nas temperaturas de 50 a 70º C e velocidade do ar de secagem de 1,00 m/s
As secagens das sementes na velocidade do ar de 1,00 m/s, até atingirem massa constante,
foram executadas durante 70 min na temperatura de 50 °C, 50 min na temperatura de 60 °C e 35 min
na temperatura de 70 °C, denotando a redução no tempo de secagem com o aumento de temperatura.
COSTA et al. (2011) avaliando as cinéticas de secagem de sementes de crambe em estufa com
ventilação forçada, encontraram tempos de secagem de 1230, 510, 300, 300 e 165 min para as
temperaturas de 30, 40, 50, 60 e 70 °C, respectivamente.
Na Tabela 2, os valores dos parâmetros dos modelos matemáticos de Page e Logarítmico
ajustados aos dados experimentais das cinéticas de secagem com os respectivos valores dos
coeficientes de determinação (R²) e os desvios quadráticos médios (DQM).
Tabela 2. Parâmetros dos modelos ajustados as curvas de secagem das sementes de pitaia
Modelo Temp. Parâmetros R
2 DQM
(°C) A k c
50 1,0419 0,0847 -0,0170 0,9987 0,0159
Logarítmico 60 1,1104 0,0841 -0,0586 0,9943 0,0350
70 1,0848 0,1089 -0,0572 0,9974 0,0227
Modelo Temp. Parâmetros R
2 DQM
(°C) k n
Page
50 0,0601 1,1403 0,9997 0,0079
60 0,0367 1,3601 0,9988 0,0159
70 0,0695 1,2404 0,9991 0,0113
Verifica-se que o modelo de Page resultou nos melhores ajustes, com os maiores R2 e os
menores DQM. O modelo logarítmico também apresentou bons ajustes, com valores de R² ≥ 0,99 e
DQM ≤ 0,04. RAFIEE et al. (2009) encontraram valores de R² ≥ 0,97 e erro quadrático médio ≤ 0,02,
ao ajustarem os modelos matemáticos de Page, Aproximação da Difusão e Thompson aos dados
experimentais da secagem dos grãos de soja na temperatura de 50 °C e velocidade de ar de 1,00 m/s.
GAZOR et al. (2010) verificaram valores de R2 superiores a 0,99 ao ajustarem o modelo Logarítmico
às curvas de secagem de sementes de canola em secador de leito fixo em temperaturas de 30 a 100 °C.
Esses resultados concordam com os observados por MENEGHETTI et al. (2012) que
encontraram valores de R² superiores a 0,99 ao ajustarem os modelos Logarítmico, Page e
Aproximação de Dois Termos aos dados experimentais da secagem intermitente de casca de arroz nas
temperaturas de 70, 90 e 110 °C. PEREIRA et al. (2010) verificaram valores de R² superiores a 0,98
ao ajustarem o modelo de Page aos dados experimentais da secagem das sementes de painço (Setaria
itálica L.), nas temperaturas de 35, 40 e 45 °C e velocidades de ar de secagem de 0,5 e 1,5 m/s.
Verifica-se que o parâmetro “n” do modelo de Page sofreu um acréscimo com a elevação da
temperatura. CÔRREA et al. (2007) observaram elevação no parâmetro “n” do modelo de Page entre
as temperaturas de 35, 45 e 55 °C, quando utilizaram a modelagem matemática para descrever o
processo de secagem do feijão (Phaseolus vulgaris L.).
CONCLUSÕES Os tempos de secagem diminuíram com o aumento da temperatura de secagem. Os modelos de
Page e Logarítmico proporcionaram bons ajustes aos dados da cinética de secagem, com
preponderância do modelo de Page.
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