cinema de arte
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O que é cinema de arteTRANSCRIPT
Cinema de Arte
O conceito de cinema de arte e sua história é um tanto vago. Conforme
os historiadores do cinema, os primeiros filmes assim denominados surgiram
na França em 1904, por iniciativa dos Irmãos Lafitte, que com a intenção de levar às
classes intelectuais ao cinema, produziram adaptações de
grandes romances da literatura francesa e mundial, como Victor Hugo, Charles
Baudelaire, Émile Zola, Gustave Flaubert, Voltaire,Honoré de Balzac e Molière.
Embora seja bastante questionados os princípios que norteiam este movimento, alguns
propõem que o cinema de arte consiste nas experimentações estéticas
do cinema vanguardista, e no cinema em que predominam a reflexão em detrimento
da ação, ao contrário dos ditos "filmes comerciais". O cinema comercial é frequentemente
associado ao cinema estadunidense, enquanto o conceito de arte fica a cargo do cinema
europeu, asiático, sul-americano e africano.
HistóriaAntes dos irmãos Lafitte padronizarem o cinema de arte, Georges Méliès, ilusionista que
trabalhava no vaudeville francês, diretor de Le Voyage dans la Lune (1902) entre tantos
outroscurtas-metragem, é considerado o precursor da narrativa de ficção, como criador do
cinema de fantasia, que se opunha ao estilo Lumière de documentar em
pequenos documentáriosexcertos da vida cotidiana, conceito aprimorado por Edwin
Stanton Porter com O Grande Roubo do Trem (1903). Apenas um ano mais tarde, os
Lafitte filmariam uma adaptação de Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo, obra
considerada perdida.
Em 1916, David Wark Griffith lançaria Intolerância, filme de longa-metragem com três
horas de duração que narra quatro histórias paralelas. Esta obra foi crucial para o
desenvolvimento damontagem paralela, que mais tarde seria amplamente utilizada
por Sergei Eisenstein e outros construtivistas russos em filmes marcantes como O
Encouraçado Potemkin (1925). Narrando casos de intolerância através dos tempos, o
longa foi pouco compreendido pelo público, não teve ressarcimento por sua
dispendiosa produção, e foi considerado o primeiro fracasso comercial da história do
cinema.
Em 1919, Robert Wiene lança na Alemanha as bases para o Expressionismo Alemão,
movimento influenciado pela estética sombria e fantasmagórica
do entreguerras mostrando umaEuropa destruída, decadente e com sinais de esgotamento
através de personagens perdidos e enigmáticas. Friedrich Wilhelm Murnau lançaria várias
importantes obras desse movimento como Aurora, de 1927, considerado um dos melhores
filmes de todos os tempos. Grande parte de sua obra é considerada perdida e não há
cópias da maior parte de seus trabalhos cinematográficas.
Fritz Lang, dirigiria outros suntuosos e refinados filmes que criticam a sociedade de sua
época como o monumental Metrópolis, filme reverenciado na cultura pop, estudado nos
circuitos intelectuais e admirado por Adolf Hitler, que convidou o cineasta para ser o
divulgador do nazismo no cinema. Lang recusou o convite e exilou-se nos Estados Unidos,
onde produziria várias obras de cunho social e político.
Em 1922, Abel Gance lança o filme A Roda, de 1923 e Napoleon, de 1927, filme de quatro
horas de duração que narra a ascensão e declínio de Napoleão Bonaparte. Era prevista
uma série de continuações, mas por motivos financeiros os projetos não foram levados
adiante. Germaine Dulac dirige A Sorridente Madame Beudet, que é considerado a
primeira obra feminista do cinema. Este movimento foi chamado de impressionismo
francês.
Luís Buñuel e Salvador Dalí dirigem Um Cão Andaluz e A Idade do Ouro, filme gravados
na efervescência de Paris, que criticam a hipocrisia da sociedade burguesa da época e
falam dapsicanálise e socialismo, de forma não-linear e descomprometida com o resultado
final das obras.
No Brasil, Mário Peixoto dirigiu Limite, filme passado em um barco com destino incerto
onde um homem e uma mulher discutem durante todo o tempo. Humberto Mauro, dirigiu
em 1933Ganga Bruta, outro importante filme brasileiro.
O realismo poético francês, de Jean Renoir e Marcel Carné, critica com um humor cáustico
os meandros sociais da Primeira Guerra Mundial com A Grande Ilusão, estrelado por Jean
Gabin, famoso pelos inúmeros filmes policiais que protagonizou e A Regra do Jogo, filme
que narra um misterioso assassinato em uma fazenda francesa enquanto acontece um
jantar de gala na casa de campo de um aviador. Em O Boulevard do Crime, lançado
em 1945, Carné faz um retrato da destacada vida da França, sendo considerado várias
vezes pela crítica um dos melhores filmes da cinematografia universal.
1940O cinema americano começa a engrenar para o cinema de arte.
Orson Welles produz Citizen Kane, um marco no cinema.
Casablanca de Michael Curtiz, lembra o cinema de Jean Renoir e tem iluminação típica do
filme noir.
Na Itália, surge o Neorrelismo Italiano. Movimento que usa baixo orçamento e cenários
reais para fazer o filme. Os destaques são Roberto Rosselini de Roma Cittá
Aberta e Vittorio De Sica de Ladri di bicicletti.
Anos 50O cinema japonês cumula produção de qualidade com nomes como Kenji
Mizoguchi (Ugetsu Monogatari), Akira Kurosawa (Rashomon) e Yasujiro Ozu (Tokyo
Monogatari).
Alguns musicais da era de ouro de Hollywood podem ser considerados filmes de arte
como: Singin in the Rain.
Hitchcock muda-se para os Estados Unidos e faz grandes obras-primas do cinema de arte
como: Rear Window e Vertigo.
Ingmar Bergman (Summultronstallet) e seu cinema intimista são o destaque da Suécia.
Na França, surge a Nouvelle Vague, seus maiores nomes são Claude Chabrol (Les
Bonnes Femmes), François Truffaut (Les quatre cents coups) e Jean-Luc Godard (À Bout
de Souffle).
O cinema de Robert Bresson, influencia a nouvelle vague com filmes como Pickpocket.
Anos 60Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini e Luchino Visconti seguem os
passos da nouvelle vague com filmes importantíssimos como: L'Avventura,La Dolce
Vita, Rocco i suo fratelli, La Notte, Mamma Roma, Otto e Mezzo, Il gattopardo e Giulietta
Degli Spiriti.
Um novo movimento surge na Inglaterra, com nomes como Karol Reisz de Saturday
Morning.
No Brasil, o Cinema Novo incorpora nomes como: Gláuber Rocha (Deus e o Diabo na
Terra do Sol), Nelson Pereira dos Santos (Vidas Secas), Arnaldo Jabor (A Opinião Pública)
e outros.
Anos 70Algumas obras cult, conseguem grandes bilheterias como The Godfather, de Francis Ford
Coppola e Taxi Driver de Scorsese.
Na Itália, volta-se a discussão existencial com nomes como Bernardo Bertolucci (Last
Tango in Paris), Ettore Scola (Brutti, sporchi e cattivi) e novamente De Sica (I girasoli).
O Novo Cinema Alemão traz nomes como: Wim Wenders (Paris, Texas), Rainer Werner
Fassbinder (Lola) e Werner Herzog (Fitzcarraldo).
Anos 80 e 90O cinema americano volta ao cinema de arte com filmes como Raging Bull de Martin
Scorsese.
Michael Mann (Collateral), Hal Hartley (Dogs), Quentin Tarantino (Reservoir Dogs), Steven
Spielberg (Schindler's List), Woody Allen (Standart Memories) e outros se influenciam
pelos movimentos de cinema de arte europeu.
Abbas Kiarostami (Tam e Guilles) leva o cinema de arte iraniano ao mundo. Makhmalbaf
(Gabbeh) segue a linha de Kirostami. Jafar Panahi (Badkonake Sefid), Majid
Majidi (Bacheha-Ye aseman) e Bahman Gobhadi (Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand), são
os mais fiéis discípulos de Truffaut, Godard e Fellini.
Krystof Kieslowski produz a Trilogia das Cores, composta dos três filmes: Trois Coulours:
Bleu, Trois Colours: Blanc e Trois Colours: Rouge.
Anos 2000 e 2010O cinema europeu representa o novo cinema de arte com nomes que seguem a linha
clássica como Pedro Almodóvar (Volver), Lars Von Trier (Dogville) e Abbas Kiarostami
(Copie Conforme).
Apichatpong Weerasetakhul, produz filmes como Tropical Malady, e volta à tradição
asiática.
O brasileiro Fernando Meirelles depois de produzir filmes comerciais de sucesso
como Cidade de Deus, para a Globo Filmes, passa para um cinema de arte mais filosófico
e existencial como em Ensaio Sobre a Cegueira e 360, ambos sobre a decadência
humana.
Ashgar Farhadi, representa a nova geração iraniana, com o filme Jodaeiye Nader az
Simin.