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CIÊNCIA E TREINAMENTO EM JUDÔ Volume 1 Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização clássica

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CIÊNCIA E TREINAMENTO EM JUDÔ

Volume 1Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização clássica

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CIÊNCIA E TREINAMENTO EM JUDÔ

Volume 1Preparação desportiva aplicada ao

judô: periodização clássica

1ª edição2017

Antonio Carlos Tavares Jr. Alexandre Janotta Drigo

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Conselho Editorial Acadêmico:Prof. Dr. Matreus Sugisaki (in memorian)Prof. Dr. Carlos Alexandre Fett Prof. Dr. Cláudio Joaquim Borba PinheiroProf.Dr. Peterson CamposProf Dr. Mauro GurgelProf. Anderson Dias de Lima

© by Antonio Carlos Tavares Jr. & Alexandre Janotta Drigo© by Mundo Jurídico - Editora e Distribuidora Ltda.

Coordenação:Alexandre Janotta DrigoProf. Dr. Samuel de Souza Neto

Diagramação:Silas Renato da Cruz

Capa:Silas Renato da Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

TAVARES JR.. Carlos & DRIGO. Alexandre Janotta

Ciência e treinamento em Judô - Volume 1: Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização clássica 1ª Edição/ Antonio Carlos Tavares Jr. & Alexandre Janotta Drigo - Leme/SP: Mundo Jurídico, 2017.

ISBN: 978-85-88576-xxx-x

1. Literatura esportiva - Brasil I. Título

Índices para catálogo sistemático:1. Brasil: Literatura esportiva

Proibida a reprodução total ou parcial sem permissão expressado Editor (Lei nº 9.610/98).

Direitos desta edição reservados à:

Editora e Distribuidora de Livros Mundo Jurídico Ltda.Rua Álvaro Pacheco Silveira, 125 - Vl. Santucci

Telefax: (19) 3571-8027Cep: 13614-170 – Leme-SP

http://www.editoramundojuridico.com.bre-mail: [email protected]

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Em memória ao meu amado filho Gabriel e a minha amada esposa Bruna, por todo o seu incondicional apoio e

exemplo de amor...

Antonio Carlos Tavares Junior

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Em memória do estimado professor Dr. Mateus Sugizaki, por todos os serviços prestados ao judô e a ciência.

Alexandre Janotta Drigo

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Ressalva: A proposta de treinamento que foi apresentada nesta obra enfoca atletas que pertencem ou que pretendem alcançar o alto rendimento desportivo, não sendo adequados para a iniciação desportiva. A utilização dos mesmos para pré-púberes ou crianças deve ser desconsiderada. (Prof. Dr. Mateus Sugisaki – durante a avaliação do texto, os autores concordam com sua preocupação)

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PREFÁCIO

O judô brasileiro vem passando nestes últimos anos por transformações em vários aspectos, dentre estes, a or-ganização das instituições que o gerenciam, principalmente da confederação brasileira de judô (CBJ) merece destaque, pois, este processo atrai para a modalidade mídia e recursos que possibilitam o judô galgar espaço e ter aceitação cada vez maior na sociedade brasileira. Tais espaços demandam agentes, com um mínimo de capacitação, que os ocupem, sejam estes em projetos de iniciação esportiva, clubes, aca-demias, prefeituras, projetos sociais, organizações politicas, secretarias, federações e também universidades e seleções estaduais e a seleção nacional.

É na capacitação destes agentes que deve ser o foco de atenção neste momento do processo, uma vez que o crescimento do judô enquanto modalidade esportiva no país, ocorreu de maneira assimétrica a capacitação destes. Por tanto, há uma lacuna de conhecimentos que sejam aplicáveis, para os diferentes lócus de atuação do judô, seja na esfera educacional, pedagó-gica, esportiva, política, financeira, entre outras. E iniciativas que venham a promover o conhecimento e ousar propor

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ações para cada uma destas áreas, são no mínimo dignas de reconhecimento, pois contribuem significativamente para um processo inevitável de “profissionalização” que ocorre na modalidade.

E neste contexto se insere esta obra “Preparação des-portiva aplicada ao judô: um guia clássico para periodi-zação do treinamento”, que visa contribuir para o processo de profissionalização do treinador de judô. Os autores fazem a interlocução entre a literatura esportiva, sobretudo voltada ao treinamento desportivo, e as aplicações práticas do judô de rendimento, possibilitando aos técnicos um olhar sobre sua prática da perspectiva da ciência do esporte.

Ao apresentarem os conceitos e termos utilizados na li-teratura possibilitam a compreensão e discussão dos modelos de organização e planificação do treinamento que perpassam ao longo do texto, possibilitam ao leitor analisar sua práxis como treinador e encontrar pontos de ajustes ao seu trabalho. Os autores propõem ainda um modelo de periodização que consideram ideal as demandas atuais, fomentando o conhe-cimento e possibilitando outras discussões que tragam mais luz a temática.

Esta aproximação entre o campo acadêmico com o campo esportivo é condição sine qua non, para que as mo-dalidades de lutas, como o judô, possam se desenvolver em diferentes esferas. Principalmente, ao se tratar de esporte de alto rendimento, ou pela busca para se atingir esse patamar, esta relação deve ser cada vez mais estreita devido ao alto nível competitivo, que equiparam os atletas em níveis técnicos,

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táticos e físicos. Desta forma, o conhecimento aplicado à preparação desportiva destes atletas torna-se o diferencial para o sucesso.

MS. JOSÉ ALFREDO OLÍVIO JUNIOR(Auxiliar técnico das seleções de base da CBJ;

Técnico do Projeto Kimono de Ouro)

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................1.1. Judô e sua complexidade ...........................................1.2. Judô e ciências do esporte .........................................

2. CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E MOTORASNO JUDÔ ........................................................................

2.1. Atuação do treinador de judô .....................................2.2. Metabolismo Anaeróbio ............................................2.3. Metabolismo Aeróbio ................................................2.4. Capacidades motoras condicionais .............................2.5. Preparação técnica e tática ........................................

3. O TREINAMENTO DESPORTIVO ..............................3.1. Introdução à ciência do treinamento esportivo .............3.2. Componentes da carga de treinamento .......................

4. PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO .......................4.1. Periodização desportiva e o esporte moderno ..............4.2. Histórico da Periodização Esportiva ............................4.3. Planejamento do treinamento ....................................4.4. Principais modelos clássicos de periodização ...............

5. PROPOSTA DE PERIODIZAÇÃO CLÁSSICA PARAO JUDÔ ...........................................................................

5.1. Proposta de periodização aplicada ao judô ..................

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................

7. REFERÊNCIAS ............................................................

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Supercompensação (adaptado VERKHOSHANSKY, 2001) .................................................................................

Figura 2.Frequência e continuidade de estímulos inadequados(adaptado BARBANTI, 2010) ...............................................

Figura 3. Overtraining (adaptado BOMPA, 2002) ...................

Figura 4. Tetra Grego (adaptado DANTAS, 2003) ..................

Figura 5. Modelo de Periodização Clássico (adaptado MATVEEV, 1990) .................................................................................

Figura 6. Modelo de Periodização Pendular (adaptado FORTEZAde la ROSA, 2006) ..............................................................

Figura 7. Modelo de Periodização das Campanas Estruturais(FORTEZA de la ROSA, 1994) .............................................

Figura 8. Modelo de Estado de Rendimento Prolongado (adaptadoBOMPA, 2002) ...................................................................

Figura 9. Modelo Não Linear ................................................

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Capacidades motoras condicionais e suas manifestações ....

Tabela 2. Manifestações de força e suas respectivas utilizações em combates de judô.................................................................

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Tabela 3. Escala CR10 de Borg (1982) modificada .................

Tabela 4. Classificação de cargas pelas zonas de intensidade ...

Tabela 5. Periodização anual ................................................

Tabela 6. Periodização semestral ...........................................

Tabela 7. Divisão das fases de treinamento ............................

Tabela 8. Configuração de periodização específica ao judô ......

Tabela 9. Organização Microciclos Pré-temporada ..................

Tabela 10. Organização Microciclos Incorporação ..................

Tabela 11. Organização Microciclos Pré-competitivo ..............

Tabela 12. Organização Microciclos Competitivo ...................

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1. INTRODUÇÃO

São inúmeros os pesquisadores, estudiosos e treina-dores que contribuem para o desenvolvimento científico das lutas, em especial do judô, trazendo avanços notáveis, prin-cipalmente no campo da fisiologia, nutrição, pedagogia e aprendizagem e controle motor.

Todavia, nós identificamos uma lacuna, no que diz res-peito a conexão dessas áreas, o que, se concretizado, pode-ria trazer mais facilidade ao cotidiano do treinador de judô.

Equacionar os conhecimentos da área e sistematizá-los em um modelo de preparação desportiva é o papel do campo do trei-namento desportivo. Nesse sentido, essa obra pretende ser um ca-talizador do conhecimento científico aplicável ao judô, funcionando como um guia para a preparação de atletas da modalidade.

1.1. Judô e sua complexidade

O judô, por si só, é um fenômeno de difícil análise, pois não pode ser compreendido de maneira linear e uniforme.

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Uma luta, transformada em esporte de combate e olímpico, com características formativas e ideológicas que evocam a perseverança e continuidade e preconizam o respeito mútuo, é entendida e vivida por muitos como um estilo de vida, quase uma religião, havendo, nesse contexto, muita controvérsia e polêmica e a existência de duas vertentes complementares e indissociáveis: o “judô competitivo” e o “judô tradicional”. Clássico e contemporâneo, resultados e colaboração, espetá-culo e tradição, cair e levantar, tudo face da mesma moeda.

Estudar o treinamento e os treinadores desse esporte requer compromisso em entender seu nascimento, como ele foi disseminado e as marcas culturais oriundas de suas ori-gens que, mesmo perdendo intensidade, exercem influência em suas práticas, competitivas ou não, até os dias atuais. Esse contexto histórico é primordial para entendermos a for-mação e atuação do treinador de judô, principal agente da preparação desportiva dessa modalidade. Preparação que, devido às peculiares características motoras, táticas e técni-cas dessa modalidade é extremamente complexa.

Dessa maneira, neste estudo, partimos da premissa de que o judô competitivo depende do entendimento das carac-terísticas específicas supracitadas, e, como todo esporte de alto rendimento, depende, também, do conhecimento dos conceitos inerentes à teoria do treinamento desportivo e das metodologias de periodização desportiva.

1.2. Judô e ciências do esporte

O desporto tem se desenvolvido de forma acentuada, ampliando sua área de atuação e, consequentemente,

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tornando-se um fenômeno de complexidade cada vez mais crescente (BARBANTI, 2010). Essa complexidade caracteri-za-se por seu aspecto multidisciplinar e as constantes evo-luções e ajustes que o acompanham, exigindo de técnicos e atletas frequentes aperfeiçoamentos nos processos de preparação.

Apesar de todo seu destaque, a ciência desportiva e do exercício é um fenômeno relativamente recente, que teve sua notoriedade intensificada nas últimas décadas, por conta da união de novas tendências e paradigmas de pesquisas das áreas físicas e biológicas, referentes às ciências do com-portamento, ciências sociais e ciências médicas (ELLIOT e MESTER, 2000). As nuances advindas do esporte e a conca-tenação dos seus muitos conteúdos empíricos com o conhe-cimento científico, é um desafio dos primórdios da ciência do desporto (BENTO, 1989) e que continua extremamente atual, visto que o desporto de alta competição é cada vez mais exigente e abrangente, em seus processos de preparação e definição de metodologias específicas, visando atender de maneira eficiente às mais diversas modalidades.

O treinamento desportivo progrediu para tornar-se ponto comum de diferentes áreas do conhecimento, aban-donando o aspecto simplista de propiciar apenas melhora do gestual técnico específico, transformando-o em um processo pedagógico complexo que objetiva colocar o indivíduo em sua melhor condição de desempenho. Nesse cenário, as di-mensões pedagógica, biológica e psicológica se inter-relacio-nam numa compreensão comum, com propósito de alcançar os máximos níveis técnicos, físicos, táticos e psicológicos. O conteúdo biológico manifesta-se na elaboração e administração

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coerentes de estímulos que intentam produzir adaptações morfofuncionais no organismo do desportista, enquanto o aperfeiçoamento, controle e mobilização das aptidões psí-quicas, em níveis adequados para a competição, evidenciam o componente psicológico da preparação. A organização e distribuição das cargas de treino e seu uso racional, de acordo com o calendário competitivo e as particularidades, objetivos e necessidades de cada modalidade e atleta, bem como o relacionamento treinador/atleta dão corpo à dimensão peda-gógica do treinamento (FORTEZA de la ROSA, 2004).

Segundo Verkhoshansky (2001), a teoria e a metodo-logia da preparação desportiva chegaram, ao final das etapas empíricas, naturalmente, avançando para a etapa de ciências aplicadas. Seu desenvolvimento e formação contemporânea baseiam-se nos pressupostos científicos, aparando falhas e teorias especulativas do passado, analisando racionalmente os fatos e as hipóteses duvidosas, objetivando compreender a experiência prática trazida de muitos anos, e sustenta-da pelas premissas científicas modernas, equalizando a atual concepção teórico-metodológica e munindo o desporto com um sistema de conhecimento metodológico.

O técnico desportivo deve deter conhecimentos so-bre a fisiologia humana e do exercício, entendendo muito bem as fontes energéticas para o trabalho e a maneira de potencializar as adaptações necessárias de qualquer orien-tação metabólica predominante, dominando o processo de especialização e aprimoramento funcional do organismo, durante o treinamento de longo prazo. Necessita conhecer os mecanismos musculares, capacidades motoras envolvidas

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e as ações motoras complexas e suas organizações, compreen-dendo os mecanismos de aperfeiçoamento e refinamento dessas variáveis, tendo, assim, papel decisivo na capacidade de trabalho do desportista, levando-o a atingir os objetivos propostos para cada sessão de treino. Sem esses alicerces, toda explanação das concepções teóricas e metodológicas do treinamento desportivo contemporâneo será injustificável e abstrata (GOMES, 2009).

A etapa contemporânea do desenvolvimento despor-tivo possui certas peculiaridades que exercem total interfe-rência sobre a organização da preparação dos desportistas, determinando para o treinador novas tarefas e demandas mais multifacetadas, as quais estimulam a busca de estraté-gias muitas vezes diferentes das formas tradicionais de orga-nização do processo de treino (VERKHOSHANSKY, 2001).

Todas as características supracitadas nos fazem crer que a formação prática de faixa-preta ou do ex-atleta, apesar de importante para a preparação desportiva, não comporta, sozinha, todas as demandas modernas do esporte. Sua arrai-gada cultura dificulta essa compreensão em todos os meios do desporto.

Ressaltamos que os fundamentos peculiares da formação para o judô, apresentam, não raro, inúmeros e paradoxais entendimentos de um mesmo objeto, impressões advindas da pesquisa científica, corpo de estudos da educação física e do senso comum presente no cotidiano e representado pela figura do mestre e sua sabedoria “embutida” na faixa-preta (TAVARES JR, 2003; DRIGO, 2009). A graduação no judô

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(faixas) sugere conhecimento adquirido, ao longo do tempo, através da prática do esporte. Segundo Novaes (2002) a so-ciedade que conota autoridade ao faixa-preta, deposita nele confiança, acatando suas ordens, opiniões ou sugestões com respeito e consideração ou, ao menos, sem hostilidade e re-sistência, demonstrando disposição para submeter-se a ela.

Essas características do esporte dão brechas para que, em alguns redutos, persista uma visão ultrapassada de que não há relação entre “treino de tatame” e “treino fora do tatame”, faltando referencial teórico, métodos mais específi-cos e instrumentalização para a aplicação coerente do trei-namento (MORAES, 2000). Essa lacuna de entendimento das necessidades imprescindíveis para a prática nas lutas, que ainda persistem na estrutura acadêmica da educação física, dificulta a formação do treinador de judô, não delimitando quais competências são essenciais para sua atuação (DRIGO et al., 2011). Muitos atletas, junto com seus preparadores físicos e senseis, trabalham a preparação física e técnica ba-seando-se no bom senso e nas experiências pessoais. (AZE-VEDO et al., 2004). A bagagem cultural, passada de mes-tre para discípulo, tende a sobressair aos conhecimentos da ciência do esporte, o que faz com que os conhecimentos científicos fiquem, muitas vezes, distantes da prática no dojô.

É preciso, também, dar crédito aos “experts”, que desenvolvem seu trabalho com sucesso, fruto de intuição, experiência e “visão” apurada, alcançando in-contestáveis resultados, sendo verdadeiros “poços de conhe-cimento” técnico prático. Entretanto, mesmo com o sucesso que atende à ambição imediata, os processos que guiam esses

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feitos poderiam ser mais claros, já que os resultados, quando não são precedidos por processos metodológicos coerentes, com orientação, avaliação e registros em longo prazo que os fundamentem, podem apontar para o acaso (MASSA, 2006; FRANCHINI, 2010).

Régnier et al. (1993) afirmam que promover a inte-gração entre teoria e prática é o grande desafio do esporte moderno e que seu principal problema é persistir no distan-ciamento entre técnicos e pesquisadores. Equacionar esse dilema passa por conectar esses conhecimentos, já que am-bos não são excludentes, mas podem e devem ser comple-mentares, sendo função da ciência do desporto fundamentar, redimensionar, contextualizar e responder questões inerentes ao empirismo presente nas diversas modalidades esportivas e que estão intrínsecas em suas histórias. Sobre isso, Venuto (1999) discorre que é acertado ressaltar o valor que a elabo-ração do conhecimento, baseado na racionalidade científica, impõe na consolidação de um grupo profissional, pois a ci-ência tem manobrado como valência das mais eficazes para afirmação da autoridade nas sociedades modernas.

O problema passa a existir quando o conhecimento científico passa a relegar a plano inferior ou a excluir uma ca-deia de outros recursos que apresentam dimensão qualitativa importante e encorpam a construção de uma atividade pro-fissional. Em resumo, se o conhecimento específico advindo da prática carece de estrutura em um alicerce científico, ou se o conhecimento advindo da ciência engole em suas análises o conhecimento prático, a capacidade de mudança, re-configuração e possibilidades de um campo profissional fica reduzida a quase zero.

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Entretanto, não foram observadas no judô, até esse momento, tentativas reais de aproximação, nem por parte das federações e confederações, nem pelo meio acadêmico, continuando essas instâncias com comunicações incompletas ou conflitantes, havendo, inclusive, embates jurídicos, para que ambas continuem caminhando por rotas paralelas. Essas tentativas de imposição tanto de um lado, como de outro, podem ser perigosas e interferir negativamente na formação do treinador desportivo de judô.

Essa obra, mesmo que incipiente para mudar esse ce-nário, tem o objetivo de aproximar ciência e prática, servindo como ferramenta de interação entre as duas instâncias, ten-tando colaborar com o treinador de judô e suas dificuldades cotidianas, tanto na elaboração e planejamento, como no controle e quantificação da carga de treinamento.

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2. CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS

E MOTORAS NO JUDÔ

2.1. Atuação do treinador de judô

Levando em conta suas características específicas e pe-culiares, a preparação desportiva no judô torna-se complexa. Suas ações são muito difíceis de prever e dependem de movi-mentação, ação e reação de parceiros ou oponentes. Estilos diferentes de lutas, tempo variado de luta, diversas técnicas (golpes) e táticas são algumas das características que marcam essa dificuldade. (FRANCHINI, 2010).

Verkhoshansky (1990), afirma que o judô é um des-porto combinado, caracterizado por intensidade de trabalho variável e grandes possibilidades de ações motoras, realizadas em condições de fadiga compensada.

Do ponto de vista bioenergético, a literatura aponta com certo consenso que a via anaeróbia lática de forneci-mento de energia é mais importante para sustentar as ati-vidades motoras no judô, marcadas por trabalhos de alta intensidade seguidos de pausas bastante curtas (TAYLOR

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E BRASSARD, 1981; THOMAS et al., 1989; CAVAZA-NI, 1991; CALLISTER et al., 1991; DRIGO et al., 1994; FRANCHINI et al., 1998; BORKOWSKI et. al., 2001). Po-rém, as atuais concepções científicas nos mostram que não é mais possível levar em conta um sistema linear de ativação das vias metabólicas e ou do desenvolvimento dos processos de ressíntese de ATP (GASTIN, 2001), o que torna outras vias de obtenção de energia muito importantes nos combates de judô (DEGOUTTE et. al., 2003). Nessa linha, Artioli et al. (2012) acreditam que os metabolismos anaeróbio alático, anaeróbio lático e aeróbio são igualmente importantes para a realização da atividade competitiva no judô, mesmo sendo a adaptação ao sistema glicolítico aquela que discrimina os melhores competidores (STERKOWICZ et al., 1999; FRAN-CHINI et. al., 2005).

Carvalho et al. (2008) acredita que algumas capacida-des motoras de condicionamento devem ser priorizadas du-rante o processo de treinamento em judô:

2.2. A velocidade acíclica

Potência: usada na fase dinâmica das lutas em pé e no solo;

A força: aplicada durante as imobilizações e pegadas; para sair de posições encaixadas ou projetar o oponente;

Resistência: importante para suportar os sucessivos esforços intervalados durante a luta.

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O sucesso competitivo de um judoca depende, além de sua condição física, do domínio técnico e tático, repre-sentados por recursos de ataque, contra-ataque e defesa, estratégias bem elaboradas e variações e adaptações de golpes. Estruturar e planejar um treinamento que contemple de maneira integrada aspectos físicos, técnicos e táticos em distribuições de estímulos adequados para cada período do calendário esportivo, mensurando carga de treino (intensi-dade, volume e densidade) e respeitando a especificidade e variabilidade do judô é uma questão complexa a ser resolvida pelo treinador dessa modalidade.

2.3. Metabolismo Anaeróbio

Instantes de grande exigência, características das ativi-dades intermitentes, como o judô, requerem altas taxas de transferência energética, o que demanda primordial contri-buição dos metabolismos anaeróbios alático e lático. Fato observado em trabalhos cíclicos, com ações não específicas do judô, porém com altas intensidades e intermitência (GAI-TANOS et al., 1993; BOGDANIS et al., 1996; TABATA et al., 1997). As estruturas temporais dos combates de judô nos permitem afirmar que sua demanda principal advém dos sistemas ATP-CP e glicolítico, especialmente, já que suas ati-vidades motoras alternam momentos de alta intensidade, de 15 a 30 segundos, com pausas extremamente curtas, entre 5 a 10 segundos (ROSA, 2008; FRANCHINI, 2010). Sen-do assim, os estímulos do treinamento devem respeitar esse padrão temporal, ressaltando a predominância energética re-sultante da variedade entre ações e pausas.

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Testes que avaliaram a aptidão anaeróbia, como o Win-gate para membros superiores, demonstraram altos desem-penhos em atletas de judô, quando comparados a atletas de outras modalidades e a indivíduos não atletas, assim como indicou diferenças significativas entre judocas de níveis competitivos diferentes (SHARP e KOUTEDAKIS, 1987; THOMAS et. al., 1989; LITTLE, 1991; FRANCHINI et. al., 1999; FRANCHINI et. al., 2005), mostrando a adaptação fisiológica causada pelo treinamento da modalidade e a im-portância da via glicolítica para o desempenho competitivo.

A melhor aptidão anaeróbia relaciona-se diretamente com o sucesso competitivo, pois essa via energética é deci-siva para o momento de aplicação dos golpes, contragolpes, esquivas e trocas de pegadas.

Corroborando com o exposto, foram encontradas dife-renças significativas entre atletas de diferentes níveis competitivos utilizando o Special Judo Fitness Test (SJFT), teste específico que tem associação positiva com o Wingate (FRANCHINI et al., 1999; STERKOWICZ et al., 1999), sendo um indicador específico de avaliação da capacidade anaeróbia no judô, discriminando os atletas com melhor performance competi-tiva (STERKOWICZ et al., 1999; FRANCHINI et al., 2005 e TAVARES JR et al., 2013).

Outros estudos que mediram as concentrações de lactato sanguíneo após combates de judô, indicador da ativi-dade anaeróbia lática, em situações de treinos e competições, comprovaram a utilização dessa via para suportar a demanda metabólica exigida (SIKORSKI et al.,1987; CALLISTER et

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al., 1991; CAVAZANI, 1991; DRIGO et al., 1996; FRAN-CHINI et al., 1998; DEGOUTTE et al., 2003).

Entretanto, mesmo com todas essas evidências, é necessário ressaltar que não podemos elencar apenas um modelo fisiológico que quantifique todas as demandas ener-géticas de uma competição de judô (AZEVEDO et al., 2007), já que algumas características da modalidade dificultam essa descrição:

a-) Uma luta pode durar desde poucos segundos até indeterminados minutos (5 min. de luta + tempo ilimitado para o Golden Score).

b-) Um lutador faz muitas lutas no mesmo dia. c-) As características da luta mudam de acordo com o

sexo e categorias de peso.d-) As características técnicas dos lutadores e táticas

planejadas podem influenciar a intensidade e temporalidade das lutas.

e-) As constantes mudanças nas regras, nos últimos anos, podem alterar a temporalidade, dinâmica e intensidade das lutas.

2.3. Metabolismo Aeróbio

Sabe-se que uma boa aptidão aeróbia está relacionada com maior recuperação da potência muscular, componente imprescindível no judô, por promover uma ressíntese mais eficiente da creatina fosfato (TOMLIN e WENGER, 2001; BILLAT, 2002; MESSONIER et al., 2002).

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Apesar da via glicolítica ser imprescindível em comba-tes de judô, não podemos desprezar o fato de o indivíduo fa-zer várias lutas no mesmo dia ou da luta ser mais longa, o que faz com que a via oxidativa apresente grande importância. Taylor e Brassard, 1981 e Thomas et al., 1989, comparti-lham dessa premissa ao afirmarem que o metabolismo aeró-bio é fundamental para suportar períodos longos de combate e muitas lutas no mesmo campeonato.

Não é possível pensar linearmente com relação aos metabolismos energéticos, o que seria subestimar a comple-xidade do sistema biológico, levando a análises incompletas (GARCÍA-MANSO et al., 2010), principalmente em um es-porte com inúmeros componentes técnicos e táticos e múlti-plas e imprevisíveis ações motoras, indeterminado quanto ao tempo de duração e dependente de diferentes capacidades motoras condicionais (DRIGO et al., 1996; GARCÍA e LU-QUE, 2007; ROSA et al., 2008; FRANCHINI et al., 2008).

Essa relação metabólica é confirmada em estudo de Degoutte et al. (2006), que encontrou após lutas de judô, au-mento dos níveis de ácido graxos livres, triglicerídeos e coles-terol, além de elevação de adenina nucleotídeo, marcadores do catabolismo muscular (indicação de ativação da via aeró-bia), junto com um esperado aumento do lactato sanguíneo (indicação de ativação da via anaeróbia). Corroborando com a não linearidade de ativação das vias energéticas, Cavazani (1991) aponta que melhores desempenhos esportivos estão relacionados com menores concentrações de lactato durante os combates e outros autores sugerem que uma melhor ca-pacidade aeróbia pode promover mais rápida remoção do

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lactato sanguíneo (GRAESSER e POOLE, 1988; JUEL e HALESTRAP, 1999) e consequentemente dos prótons de hi-drogênio (FRANCHINI, 2010; AZEVEDO e DRIGO, 2013), esses últimos, metabólitos associados à fadiga pela lite-ratura contemporânea (BROOKS, 2001; WESTERBLAD et al., 2002; ALLEN, 2004).

Certamente, o retardo dos processos de fadiga é um fator que não deve ser desprezado, pois aumenta conside-ravelmente a chance de sucesso competitivo. Mesmo que os mecanismos que levem a fadiga nos esportes não sejam con-senso na literatura, inclusive no judô, é possível inferir que a aptidão aeróbia é essencial para que o indivíduo se exercite em intensidade elevada (CARTER et al., 1999) e para manter essa intensidade durante toda a luta, tendo maiores possi-bilidades de decidir a contenda nos momentos finais ou no Golden Score (GARIOD et al., 1995).

No geral, comprova-se que a aptidão aeróbia de judocas não ultrapassa níveis considerados excelentes para a po-pulação normal (KISS, 1987), tendo atletas de elite VO2máx

entre 50 e 60 mL.kg-1.min.-1, para categorias masculinas, e entre 40 e 50 mL.kg-1.min.-1, para categorias femininas, números bem discrepantes com relação a atletas de modalida-des de endurance, sem indícios de que VO2máx mais elevados ofereçam vantagens nas competições (FRANCHINI, 2010). Atletas treinados, mas de níveis regionais e estaduais, apre-sentam VO2máx similares ou melhores que judocas de níveis nacionais e internacionais, assim como não há diferenças sig-nificativas entre titulares e reservas em equipes nacionais e nem entre vencedores e vencidos em confronto direto (SUAY et al., 1999; BORKOWSKI et al., 2001; FRANCHINI et al., 2005).

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Sendo assim, a o condicionamento aeróbio parece ser importante para o desempenho, mas não é um critério de seleção e nem determinante para discriminar atletas com melhores ou piores resultados. Vale a pena frisar que existe a sugestão de que o treinamento conjunto da resistência aeró-bia e força ou potência muscular, ocasionam prejuízos no de-senvolvimento dessas últimas capacidades motoras (GOMES e AOKI, 2005; FLECK e KRAMER, 2006; FORTEZA de la ROSA, 2006; BARBANTI, 2010), que são primordiais para o judô, devendo o treino ser bem planejado e estruturado para que não exista essa concorrência. O treinamento aeróbio específico é um item relevante na preparação do judô, mas sua real importância não pode ser superestimada, sob o risco de comprometer o rendimento do atleta.

2.4. Capacidades motoras condicionais

As capacidades motoras condicionais (Tabela 1) estão intimamente ligadas aos sistemas energéticos, dependendo dos processos metabólicos de obtenção e transformação de energia, o que vai determinar a efetividade da atividade neuromuscular (FORTEZA de la ROSA, 2006; BARBANTI, 2010). A tarefa de ressintetizar o ATP, através de diferentes vias de obtenção de energia (que se alternam ou integram-se de acordo com o tempo, intensidade, tipo de atividade e re-cuperação), é primordial para possibilitar o processo de contração muscular. Esse composto nucleico, limitado nas células musculares, é o responsável por transformar energia química em mecânica, sendo o elo em cada capacidade condicional (FORTEZA de la ROSA, 2006).

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O movimento executado com perfeição requer a existência específica de certas capacidades determinadas geneticamente e que podem ser potencializadas pelo trei-namento. Essas capacidades tendem a manterem entre si e entre outras propriedades do organismo conexões e afinidades, apesar dos limites clássicos que cada variável está submetida (GOMES, 2009; BARBANTI, 2010).

Tabela 1. Capacidades motoras condicionais e suas

manifestações

CAPACIDADES MANIFESTAÇÕES

ForçaMáximaRápida

Resistência

ResistênciaAeróbia

Anaeróbia

VelocidadeReaçãoCíclicaAcíclica

FlexibilidadeEstática

Dinâmica

Fonte: Adaptado Barbanti, 2010

Dentre as capacidades supracitadas a força e suas ma-nifestações compõem o pilar central para a preparação des-portiva no judô (LITTLE, 1991; CARVALHO et al., 2008; ROSA, 2008; FRANCHINI, 2010; AZEVEDO E DRIGO, 2013).

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São completadas pela resistência anaeróbia e aeróbia e pela velocidade, em suas manifestações de reação e acíclica (CARVALHO et al., 2008; ROSA, 2008). Alguns autores ainda destacam a flexibilidade, que seria útil no trabalho de luta de solo (ROSA, 2008), para execução de algumas téc-nicas específicas (FRANCHINI, 2010) ou atuaria como um componente profilático em algumas fases do treinamento (CARVALHO et al., 2008).

A - Força

Muitos fatores, de diversas naturezas (morfológicos, neurais, bioquímicos e fisiológicos), determinam a força mus-cular. Segundo Prado (2013, p.35), são eles:

• Área de secção transversa do músculo (hipertrofia);• Capacidade de gerar energia pelas vias metabólicas anaeróbias (fator, portanto, diretamente associado à capacidade/potência anaeróbia);• Composição dos tipos de fibras musculares (indivíduos que possuem, num determinado músculo ou porção deste, um maior percentual de fibras rápidas, glicolíticas, tendem a ser capazes de gerar maior tensão). • Número de unidades motoras voluntariamente recru-tadas (o que depende, por sua vez, da própria frequência de estímulos, da ação inibitória dos órgãos tendinosos de Golgi e de complexos mecanismos neurais de inte-gração do input sensorial, processamento de informações em nível cortical e resposta eferente);• Frequência de estímulos

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• Coordenação intramuscular (coordenação do recru-tamento de unidades motoras dentro de um músculo) e coordenação intermuscular (coordenação da ação de músculos ou grupos musculares agonistas, sinergistas e antagonistas para um dado movimento);• Nível de cocontração (ação de antagonistas para um determinado movimento, o que pode implicar ação ini-bitória e reguladora para a ação agonista, o que tem grande relevância para estabilização do sistema loco-motor e proteção contra lesões).

As lutas, em geral, são consideradas modalidades de força, com diferentes aplicações de suas manifestações (VERKHOSHANSKY, 1996; ZATYORSKI, 1995). A força é uma capacidade determinante para o desempenho no judô (CARVALHO et al, 2008; 2001; OLIVEIRA et al., 2005; FRANCHINI, 2010). Essa afirmação é reforçada quando observamos os expoentes da antiga União Soviética (prin-cipalmente Rússia e Geórgia, finalistas do campeonato mundial por equipes masculinas em 2013), Cuba e França, e seus ótimos resultados alcançados regularmente em com-petições importantes do judô mundial ao longo dos anos. Sabendo dos pressupostos advindos das metodologias do treinamento, que preconizam o treinamento de força para as modalidades de luta (TSCHIENE, 1987; OZOLIN, 1989; VERKHOSHANSKY, 1990; PLATONOV, 2008; BON-DARCHUK, 2010), e embasam o treinamento dessas equipes (ROSA, 2008), conseguimos traçar um paralelo entre um trabalho bem estruturado, com utilização e distribuição ade-quada das cargas de força, e suas especificidades, preconizado por esses teóricos, e os bons resultados competitivos que se sucedem, ficando claro que essa capacidade condicional é

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primordial para o desenvolvimento dos potenciais máximos de judocas de alto nível, como observado na Tabela 2:

Tabela 2. Manifestações de força e suas respectivas

utilizações em combates de judô

Manifestações de Força Utilização no judôForça Rápida 1. Aplicação de um golpe ou

finalização.2. Esquivas e fintas.3. Contragolpes ou movimentos de transição da luta em pé, para a luta no solo.

Força Máxima 1. Erguer e ou sustentar um oponente do solo.2. Estourar ou dominar a pegada.3. Bloquear a entrada de um golpe.4. Escapar de um golpe encaixado.5. Sair de imobilizações.6. Abaixar ou levantar o opo-nente, quando do domínio da pegada.

Resistência de Força 1. Manutenção da pegada.2. Sustentar uma frequência contínua de ataques.3. Manter a intensidade de esforços intervalados durante toda a luta.

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A Força Máxima pode ser definida como a tensão máxima gerada por um músculo ou grupo muscular (KOMI, 2006) e segundo McArdle et al. (2003), pode ser expressa em termos absolutos (sem levar em conta o peso corporal do indivíduo) ou relativos (levando em conta o peso corporal do indivíduo). Nos esportes divididos por categorias de peso, como o judô, é muito importante que a força máxima seja relativizada (FRANCHINI, 2010). A força máxima seria importante para executar ações motoras máximas necessárias durante uma luta e o treinamento dessa manifestação pa-rece estar correlacionada com melhoras no desempenho da força rápida (RUTHERFORD et al., 1986; MOSS et al., 1997; SCHMIDTBLEICHER, 1992) e da resistência de força (VERKHOSHANSKY, 1998; CAMPOS et al., 2002), o que denota a importância em treinar essa variável para o judô, com o devido cuidado, pois não é desejável o aumento de peso corporal em um atleta que se encontra próximo ao limite estabelecido pela sua categoria (FRANCHINI, 2010). Para isso recomenda-se o trabalho com intensidades altas (90% de 1 RM), carga suficiente para promover aumentos importantes de força (de 15 a 20 %), sem aumento da sessão transversa (MOSS et. al., 1997; FLECK e KRAEMER, 2006; CHAGAS e LIMA, 2013).

Assim como a força máxima dinâmica, a força máxima isométrica é imprescindível para o judô. Um movimento é considerado isométrico quando não é possível observar en-curtamento das fibras musculares e consequente movimento articular (MCARDLE et al., 2008). Existe uma grande corre-lação entre a força máxima isométrica e força máxima dinâ-mica em atletas praticantes de esportes de força e potência.

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Charles e Lima (2013) explicam essa relação afirmando que durante uma ação concêntrica, sempre existirá uma parcela de contribuição isométrica, pois enquanto a resistência ex-terna não é vencida é a isometria que mantém o esforço, o que segundo SIFF (2004), torna os valores intermediários de força dinâmica máxima dependente da força máxima isomé-trica. Quanto mais elevada é a sobrecarga em que o movi-mento é realizado, maior é essa dependência (ZATSIORSKY, 1995). Frente a essas afirmações, podemos inferir que a força máxima isométrica é primordial para auxiliar nas ações motoras de força máxima dinâmica durante a luta de judô.

O estabelecimento, manutenção e trocas de pegadas durante a luta representam ações motoras primordiais, pois delas nascem o domínio que possibilitará um ataque mais efe-tivo. Desse modo, a força de preensão manual é um fator que merece destaque, embora não tenha sido encontrada relação entre essa força e os resultados em luta (BORGES, 1989), bem como os resultados detectados em judocas seriam simi-lares à população comum (HEYWARD, 1997). Isso se ex-plica, provavelmente, porque quando se trata de preensão manual no judô, a resistência de força é mais importante do que a força máxima, além do que, as muitas possibilidades e componentes envolvidos em um combate não permitem que apenas uma variável elucide o sucesso competitivo.

Força rápida pode ser definida como a capacidade do sistema neuromuscular em produzir o maior impulso possível, com alta velocidade de contração muscular, em um deter-minado tempo (CHAGAS e LIMA, 2013; FORTEZA de la ROSA, 2006). Alguns autores chamam essa manifestação

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de força explosiva ou potência (VERKHOSHANSKI, 1998; SIFF, 2004, BARBANTI, 2010). Ou seja, esse tipo de ma-nifestação depende da integração entre força e velocidade e seria muito útil em diversos momentos de uma luta.

Alguns estudos mostram que a força explosiva pode ser um fator discriminante de performance em competidores de judô. Franchini et al. (2005) encontraram associação entre vitórias nas etapas da Copa do Mundo e a altura dos atletas masculinos nos testes de salto vertical. Em exercícios com peso, atletas finlandeses de nível internacional obtiveram es-cores mais altos no agachamento com saltos do que atletas de nível recreacional (FAGERLUND e HAKKINEN, 1991).

Podemos definir resistência de força como a capacidade de um músculo ou grupo muscular de realizar movimentos repetidos, resistindo ao processo de fadiga, em condições me-tabólicas predominantemente anaeróbias (HARRE, 1988; FORTEZA de la ROSA, 2006; MCARDLE et al., 2003). Como o judô é um trabalho intermitente, caracterizado pela compensação da fadiga e manifesta-se de maneira predo-minantemente anaeróbia, essa manifestação de força se faz presente em muitos momentos.

Estudos que avaliaram a resistência de membros su-periores (flexão e extensão dos cotovelos) e abdominal em judocas das seleções canadenses e croatas (TAYLOR e BRASSARD, 1981; THOMAS et al., 1989; KRSTULOVIC et al., 2006), apontam que os atletas possuem boa capa-cidade de resistência muscular, quando comparados com o

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restante da população, com valores acima do percentil 90 para membros superiores e entre o percentil 80 e 90 para resistência abdominal (HEYWARD, 1997).

Uma avaliação mais específica foi proposta por Fran-chini et al. (2004), em um teste de suspensão e repetições máximas em barra fixa com judogi1. Os autores encontraram, para o número máximo de repetições, correlação signifi-cativa com a força de preensão manual relativa, execução de 1RM para remada livre (relativo à massa corporal) e com a potência média relativa no teste de Wingate. Também houve correlação positiva entre o número máximo de repetições e vitórias em etapas da Copa do Mundo de Judô, sugerindo que a resistência na pegada pode influenciar o desempenho na luta (FRANCHINI et al., 2005), o que é consenso no meio desportivo, tanto para técnicos, como para atletas, já que em uma luta, muito do tempo transcorrido envolve disputa e manutenção de pegada. Portanto, o Kumi Kata2, como componente primordial para o desempenho na modalidade necessita de mais avaliações que possam mensurar de ma-neira específica, a resistência de força isométrica, explicitada pela preensão manual no judogi.

Grande parte das avaliações citadas não são específicas, com relação às aplicações de força dentro do gestual motor do judô, e podem não mostrar a real necessidade dessa capaci-dade no momento de atuação desportiva, contudo é um nor-te para avaliação inicial, ajuste e evolução do treinamento. Faz-se necessário que avaliações mais adaptadas às deman-das do esporte sejam propostas para que essa capacidade

1. Traje usado para a prática do judô (quimono).2. Pegada, empunhadura.

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seja mensurada de maneira mais adequada. Inclusive o trei-namento para o aumento da força deve ser composto princi-palmente por exercícios que recrutem os grupos musculares necessários e possibilitem transferência para o gestual motor do atleta, sendo o mais específico possível. As vantagens má-ximas originadas do aumento dessa capacidade dependem dessa transferência.

B - Velocidade

Muitos momentos em um combate de judô são depen-dentes da velocidade em duas de suas manifestações: reação e acíclica.

A velocidade de reação é importante em todos os es-portes e diz respeito à capacidade do sistema neuromuscular em reagir a um estímulo (sonoro, óptico ou tátil) no menor tempo possível, gerando uma ação. Esse mecanismo é com-plexo e depende de componentes nervosos e musculares, pois envolve a transmissão de impulsos, atividade do córtex cerebral (armazenamento e seleção de programas motores), e velocidade de contração dos músculos (BARBANTI, 2010).

No judô, durante todo o tempo de combate, a tomada de decisão, interpretação de estímulos e reação frente a um objetivo motor são tônicas constantes. A reação é condicio-nada de acordo com a movimentação, pegadas, entradas de golpes, fintas e oportunidades oriundas das modificações constantes de direção, induzidas por um dos lutadores ou realizada naturalmente para tentar deslocar e desequilibrar o

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oponente. A seleção da melhor resposta motora, com rapi-dez, aumenta as chances de surpreender o adversário, o que ressalta a importância dessa manifestação da velocidade.

Velocidade acíclica é a capacidade de realizar movi-mentos acíclicos (quando não há repetição de fases ou partes do movimento) no menor tempo possível (TUBINO, 2003). Como o judô é uma modalidade dominada por movimentos acíclicos, com amplo leque de variações motoras, a rapidez dessas ações deve ser treinada de maneira específica, com o intuito de melhorar a fluidez e coordenação das técnicas, aprimorando o aparelho motor à regulação precisa dos movimentos de acordo com características técnicas, táticas e antropométricas do atleta, ressaltando suas vantagens biomecânicas. O treinamento de velocidade demanda, no judô, adaptação ao trabalho específico em condição de fadiga compensada, intermitência e variação de intensidade, ca-racterísticas peculiares e indissociáveis da modalidade, o que a torna dependente dos mecanismos de produção de força, manifestando a velocidade principalmente em conexão com essa capacidade condicional, na forma de força rápida ou potência.

Segundo Barbanti, (2010, p. 107) as principais exigências funcionais da velocidade são:

• Propriedades especiais do sistema nervoso, incluindo programas motores armazenados na memória motora para a coordenação de movimentos velozes;• Quantidade elevada de fibras rápidas na estrutura das fibras musculares e boa elasticidade dos músculos;

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• Suprimento energético ótimo pelos processos bioquí-micos específicos nos músculos;• Pré-requisitos psicológicos específicos;• Eficiência e domínio das técnicas dos movimentos do esporte praticado;• Grau das capacidades coordenativas em geral (nível de desenvolvimento das capacidades coordenativas).

A maestria da técnica desportiva é primordial para alcançar altos níveis de velocidade no esporte (VERKHOSHANSKI, 2001; BOMPA, 2002; PLATONOV e BULATOVA, 1995; FORTEZA de la ROSA 2006). O maestro desportivo tem altos níveis de coordenação intramuscular (número de fibras estimuladas e frequência dos estímulos neuromusculares) e coordenação intermuscular (coordenação entre músculos sinergistas e antagonistas), atingindo máxima eficiência de movimento, com menor dispêndio energético (GROSSER, 1990), que é uma condição essencial para que a energia e concentração necessárias para atingir grande velocidade não se dissipem em correções ou modulações dos movimentos (FORTEZA de la ROSA, 2009).

C - Flexibilidade

A flexibilidade é a capacidade motora condicional respon-sável pela obtenção de grandes amplitudes de movimentos (GOMES, 2009), ocasionados pela execução voluntária, com amplitude angular máxima, de uma articulação ou conjunto de articulações, sem risco de lesões, respeitando os limites morfológicos (DANTAS, 2005).

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Em algumas línguas a grafia judô era traduzida como “via da flexibilidade”, o que explica que durante muito tempo essa capacidade tenha sido superestimada na preparação de judocas. Hoje, acredita-se ser relevante na parte de luta de solo (ROSA, 2008), e na luta em pé, em níveis maiores para articulação do quadril e ombro (FRANCHINI, 2010), já que muitas técnicas dependem de boa amplitude articular dessas estruturas. Contudo, parece ser importante, mas não ser de-terminante para o sucesso competitivo no judô (CARVALHO et al., 2008; ROSA, 2008), atuando mais de maneira profilática, diminuindo chances de lesões advindas de encurtamentos musculares e limitações estruturais das articulações.

2.5. Preparação técnica e tática

Os estudos sobre treinamento desportivo têm dado maior ênfase nas capacidades motoras condicionais e menos espaço para as capacidades coordenativas e capacidades técnicas e táticas, ficando esses aspectos restritos aos manu-ais de modalidades esportivas (GRECO, 2013). As pesquisas na área de aprendizagem motora apresentam poucas relações com a pedagogia do esporte, enfatizando a habilidade de uma maneira mais geral e menos aplicada ao desporto (GRECO e ROTH, 2013). No judô isso não é diferente e a modalidade carece de referencial teórico para fundamentar o treinamento técnico e tático da modalidade (GRECO e VIANA, 1997).

A resolução eficaz de cada tarefa motora especifica de uma modalidade, disciplina ou desporto, através de ações ou procedimentos, é o que chamamos de técnica despor-tiva. Procedimentos são posições e movimentos específicos

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de cada atleta, caracterizados por uma estrutura motora in-dividualizada. Quando esses procedimentos são utilizados para resolver determinada tarefa tática, eles são chamados de ação (PLATONOV, 2008). Percebe-se a assimilação dos procedimentos e ações pelas seguintes características: pela presença de esquemas motores ligados a procedimentos técnicos específicos, suas ações e meios em que são executados; pela manifestação e incremento natural do domínio motor; e pela automatização e consolidação da habilidade motora especializada (GRECO, 2013).

Todo movimento intencional automatizado depende da coordenação global do sistema nervoso central. Esse é o princípio para a formação de padrões de movimentos em esporte. As representações motrizes do cérebro apenas se transformarão em movimento diante da cooperação de todas as unidades subordinadas a esse esquema. Assim, a reali-zação de uma técnica depende da interação entre cérebro e cerebelo. O primeiro é responsável por regular os processos conscientes e o segundo por controlar os processos automa-tizados (GROSSER, 1990).

Funcionalmente, possibilitar o desenvolvimento correto das estruturas coordenativas, através de vastas experiências motoras na infância e adolescência, aumentando a coorde-nação geral e o leque de habilidades motoras sedimenta o futuro aprendizado técnico. Desse modo o treinamento sistematizado de coordenação, principalmente coordenação geral, é pré-requisito para o treinamento técnico (GRECO e ROTH, 2013). Essa lógica contradiz o processo de especia-lização desportiva precoce comum no judô e diagnosticado

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por alguns autores (DOS SANTOS e MELLO, 2000; DRIGO et al., 2005; CAVAZANI, 2013). O nível de maestria des-portiva, almejado por qualquer atleta de ponta, tende a ser alcançado apenas quando etapas iniciais de preparação não tenham sido negligenciadas. Esse nível é verificado através de habilidades motoras estabilizadas, grande capacidade de coordenação técnica específica, economia de energia e alter-nativas eficientes para os movimentos competitivos (PLA-TONOV, 2008).

A técnica desportiva é dependente do nível de habilidades motoras gerais do desportista, pois essas auxiliam a discriminar o nível de rendimento entre os seres humanos. A habilidade remete ao “nível de controle das funções e dos processos específicos necessários ao desempenho das técnicas esporti-vas de uma modalidade” (GRECO e ROTH, 2013).

As habilidades motoras podem ser classificadas segundo Schmidt (1993), de acordo com três fatores:

Quanto ao processamento de informações: quando o ambiente é dotado de imprevisibilidade, instabilidade e tem influência direta no resultado de execução, como é o caso da competição de judô, ele é considerado aberto; quando o ambiente é dotado de estabilidade, previsibilidade e não tem influência no resultado de execução, como uma prova de natação, ele é considerado fechado.

Quanto ao movimento observável: quando é possível diferenciar o início e o fim do movimento com exatidão, como no caso de um salto, a habilidade motora é chamada

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de discreta; quando não é possível verificar início e fim do movimento, como no caso da corrida, ela é chamada cíclica; quando existe a combinação de uma ou mais ha-bilidades discretas, como no caso de uma luta de judô, ela é chamada seriada.

Quanto à tomada de decisão e controle motor: esse fator se relaciona a predominância entre tomar uma de-cisão e realizar o movimento com perfeição. Em um jogo de tabuleiro ou baralho, a tomada de decisão parece ser um aspecto mais relevante, pois os movimentos que se seguem são considerados de fácil execução pela maioria. Em uma prova de ginástica artística, patinação ou nado sincronizado o aspecto motor tem relevância crucial para o sucesso. No judô, parece haver um equilíbrio com relação à importância cognitiva e motora, fazendo com que ela seja uma atividade intermediária (FRANCHINI, 1998).

Desse modo, verificamos que em uma competição de judô as técnicas utilizadas, são aplicadas em um ambiente aberto, baseadas em habilidades motoras seriadas e com igual importância entre a tomada de decisão e controle motor. Logo, o treinamento técnico para o alto rendimento deveria levar em consideração essas características. No entanto algumas práticas tradicionais são extremamente comuns nos treinamentos de judô. Úteis para o aprendizado do movimento fogem das especificidades necessárias para o alto rendimento. Podemos citar principalmente:

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1. Uchi-komi3 estático: atividade realizada em am-biente fechado, com característica de habilidade motora discreta. Não apresenta movimentação e resistências peculiares a uma luta, bem como perturbações neces-sárias para correta tomada de decisão e ajustes precisos dos movimentos relacionados à realidade de combate.2. Ukemis4: atividade realizada em ambiente fechado, com característica de habilidade motora discreta. Da mesma maneira que o uchi-komi é de extrema impor-tância nos momentos iniciais de aprendizagem, para que se possa praticar a modalidade com segurança. En-tretanto, em um nível mais avançado, onde o objetivo é não cair, principalmente com as costas no chão, parece uma contradição à execução de ukemis. Lembrando que nesse patamar os indivíduos têm amplo domínio de como cair com segurança.

Remetendo a essas ponderações, Platonov (2008) ressalta que a preparação técnica corresponde à incorporação de um sistema de movimentos (técnicas da modalidade) inerentes a especificidade do desporto, guiados para a obtenção dos me-lhores resultados e intimamente ligados com as capacidades motoras condicionais e preparação tática.

As demandas técnicas das modalidades esportivas estão diretamente relacionadas com suas exigências físicas o que vai direcionar o seu treinamento técnico. Em esportes que se utilizam da força rápida (como o judô), por exemplo, uma técnica atingirá força e potência máxima quando houver coordenação de forças internas e externas, alavancas corretas

3. Entrada de golpes.4. Técnicas de amortecimento de quedas.

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e economia de energia. Além disso, em esportes de luta, a técnica apresenta papel fundamental quando existe provei-to efetivo dos impulsos máximos de força, o que contribui para a economia de movimentos e promove constantes mo-dulações e adaptações das técnicas em diversas situações de combate enfrentadas pelo executante (ZATSIORSKY, 1992).

Visto a grande competitividade do presente, parece ser desejável que o atleta de judô de alto rendimento, seja dotado de algumas características técnicas:

1. Ter no mínimo 06 golpes de arremesso efetivos (WEERS, 1997a), com variação entre ashi- waza5, koshi- waza6, te-waza7 e sutemi-waza8. 2. Concatenar combinações entre as técnicas mais efetivas.3. Dominar a movimentação e as técnicas de ashi-waza, que com as novas regras, que impossibilitam ataques e contragolpes segurando nas pernas, parecem ser cada vez mais importantes para criar espaços e minar a defesa do oponente. Além disso, as técnicas de perna tendem a ser as mais utilizadas em competições de alto rendi-mento (MATSUMOTO et al., 1978; BRANCO, 1979; FRANCHINI et al., 2005; BOGUSZEWSKI e BOGUS-ZEWSKA, 2006; FRANCHINI et al., 2008) e pelos me-lhores atletas (FRANCHINI e STERKOWICZ, 2002). 4. Realizar ataques efetivos em qualquer direção (CALMET e AHMAIDI, 2004).

5. Golpes de perna.6. Golpes de quadril.7. Golpes de mão.8. Golpes de sacrifício.

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5. Ser capaz de atacar com efetividade de ambos os lados (direita e esquerda). 6. Apresentar variabilidade de kumi-kata (WEERS, 1997c) e não ser dependente da pegada clássica: gola e manga. 7. Dominar as técnicas de ne-waza9. As imobilizações, cha-ves de articulação e estrangulamentos são técnicas muito efetivas e que frequentemente resultam em ippon10 (BROWN e MCMURRAY, 1997; STERKOWICZ e MASLEJ, 1999). Também são técnicas presentes no arsenal dos melhores atletas (WEERS, 1997b).8. Dominar a transição entre a luta em pé e a luta no solo, pois muitas vezes essa situação permite a possi-bilidade de definir a luta ou conseguir uma pontuação (WEERS, 1997d). 9. Defender com consistência. Esse item técnico parece ser condição sine qua nom para alcançar a vitória. Os atletas de alto rendimento apresentam efetividade em torno dos 90% nesse quesito (BOGUSZEWSKI e BO-GUSZEWSKA, 2006). 10. Ter boas esquivas e alternativas de contra-ataques. Weers (1996) verificou que em atletas de alto nível 42,6% dos contragolpes são feitos através de esquivas. Sterkowicz e Maslej (1999) constataram que, em torneios de alto nível, apenas 5% das técnicas de tachi-waza11 são originárias de contra-ataques, porém 46% dessas tentativas terminavam em pontuação, demonstrando grande eficácia.

Tática desportiva é a reunião e concretização de ações motoras responsáveis por uma atividade competitiva eficaz,

9. Técnicas de solo.10. Pontuação que encerra a luta (golpe perfeito).11. Técnicas realizadas em pé.

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de acordo com objetivos predefinidos. O conjunto de repre-sentações dos meios, tipos e formas da tática desportiva e as particularidades de sua utilização no treinamento e nas competições são chamados de conhecimentos táticos (PLA-TONOV, 2008). GARGANTA (2001) completa essa infor-mação inferindo que tática é a designação de vários planos de ações e alternativas decisórias que regulam certa atividade, sendo o êxito esportivo dependente desse sistema.

Tomar a decisão correta é o ponto fundamental do treinamento tático, imprescindível nos esportes de natureza aberta, como esportes de luta em geral. Em um ambiente imprevisível, a execução de uma técnica é dependente do comportamento tático do atleta (GRECO, 2013). As con-figurações situacionais em cada momento da luta, no caso do judô, concatenadas com placares e punições, tempo res-tante, estado psicológico, condição física de ambos, técnicas preferenciais do oponente, orientações recebidas, qualidade técnica, motivação, regras e fatores diversos que interagem no tempo e no espaço são primordiais para a tomada de decisão (GARGANTA, 2001).

O treinamento tático tem influência nos aspectos pri-mordiais de tomada de decisão que engloba “o que fazer” (relacionado com objetivo da ação), “como fazer” (escolha da técnica/movimento que será realizado), “onde fazer” (es-paço ou brechas disponíveis para execução), “quando fazer” (tempo exato para executar a ação). Quanto mais alto o de-sempenho competitivo, mais alta é a dependência técnica, com relação aos conhecimentos táticos (PAULA et al., 2000; GARGANTA, 2001; TAVARES, 1999; GRECO, 2013).

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No judô, como em outros esportes abertos, esse pro-cesso de tomada de decisão é extremamente dinâmico. Sua identidade apresenta grande variabilidade técnica, aleatorie-dade, muitas possibilidades táticas e dinâmicas peculiares para cada categoria de peso. Portanto, o treinamento táti-co da modalidade também deve oferecer esse dinamismo, o que, sem dúvida não é tarefa das mais fáceis. Nesse sentido, Garganta (1998) e Graça e Mesquita (2002) afirmam que para melhorar a tomada de decisões, o atleta precisa desen-volver a capacidade de solucionar problemas, considerando, inclusive, a quantidade de pressão inerente a atividade com-petitiva. Os autores chamam essa prática de “apelo à inte-ligência, enquanto capacidade de adaptação a um contexto em permanente mudança”. Assim, parece ser desejável que o atleta de judô de alto rendimento, seja dotado de alguns conhecimentos táticos:

Administrar as tomadas de decisão em todos os mo-mentos da luta. O maior percentual de Ippon acontece no úl-timo minuto de luta (STERKOWICKZ e FRANCHINI, 2000).

Ter ações treinadas para lutar com atletas destros e ca-nhotos e suas respectivas variações de kumi-kata e com atle-tas mais altos ou mais baixos e suas diferentes envergaduras.

Ter condição de escolher a melhor estratégia de luta de acordo com as principais técnicas, estilo e características físicas do oponente.

Interpretar a configuração situacional com relação à sua condição física e a do oponente durante os vários momentos

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da luta, tomando as melhores decisões e aumentando ou di-minuindo o ritmo de luta.

Tomar as melhores decisões de acordo com o placar da luta (ser mais defensivo ou mais ofensivo).

Interpretar corretamente a questão das punições para tirar o máximo proveito (forçar uma punição ou evitar que seja punido).

Ter condição de executar ataques e movimentações para todas as direções, de acordo com as limitações do opo-nente ou possibilidades criadas ou dadas durante a luta.

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3. O TREINAMENTO DESPORTIVO

O treinamento desportivo pode ser definido como o “processo sistemático da preparação de atletas para o nível mais alto de rendimento esportivo” (HARRE, 1988).

A teoria do treinamento esportivo é o conjunto de conhecimentos advindos de várias áreas do conhecimento humano ligados ao exercício e ao esporte (fisiologia, bio-mecânica, pedagogia, psicologia, sociologia e nutrição), que norteiam e fundamentam conceitos e métodos empregados nos processos de treino (SZMUCHROWSKI e COUTO, 2013). Segundo Gabbett (2010), muitos treinadores negli-genciam essa fundamentação científica e confiam apenas em sua intuição para conduzirem e monitorarem esse processo, cometendo um grande equívoco devido ao dina-mismo e complexidade intrínsecos ao treinamento esportivo. Mesmo a capacidade intuitiva, representando uma condição presente e importante em todas as etapas de planejamento, estruturação e controle do treinamento, jamais poderá subs-tituir a ciência.

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3.1. Introdução à ciência do treinamento esportivo

Seja qual for o modelo de periodização escolhido ou planejado, as leis científicas devem embasar essa dinâmica, conferindo-lhe credibilidade, segurança e garantias de pres-crições adequadas e efetivas.

Dentre as premissas que regem a metodologia do treinamento desportivo e a elaboração de programas de exercícios físicos, o ponto inicial é a síndrome geral da adap-tação (SELYE, 1936) que, modificado pelo bioquímico russo Yakovlev, resultou na lei da adaptação biológica. Esse con-ceito, muito difundido e aceito, considera que os sistemas biológicos, quando submetidos a agentes que causam a quebra de sua homeostase (equilíbrio) de maneira repetida e com estímulos de natureza semelhantes, tendem a se adaptar a esses estímulos sobrepujando os níveis iniciais de equilíbrio, melhorando suas capacidades, talvez preparados para so-frerem nova agressão ou estresse que, novamente, desestabi-lizará o estado de homeostase (GARRETT e KIRKENDALL, 2003; BOMPA, 2002; FORTEZA de la ROSA, 2006; PRADO, 2013).

Barbanti (2010) ressalta três princípios biológicos do treinamento desportivo: sobrecarga, especificidade e reversi-bilidade. Esses, junto com suas interveniências, correspondem ao alicerce científico que respalda toda forma de planificação e estruturação do treinamento.

O princípio da sobrecarga, ou da administração racional da carga, como prefere Platonov (2008), está totalmente relacio-nado à lei da adaptação biológica e estipula que as mudanças

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funcionais do corpo (fisiológico, bioquímico ou psicológico) ocorrem somente quando o estímulo é suficiente para causar grande ativação nos processos energéticos ou estresse nos componentes plásticos das células, ou seja, desestabilizar o equilíbrio funcional (VOLKOV, 1975; VERKHOSHANSKY, 1999), fazendo com que o organismo responda às cargas impostas com um aumento nos processos de composição, regenerativos ou anabólicos, promovendo recuperação e posterior adaptação aos estímulos. A adaptação ocorre quando há equiparação entre síntese e degeneração. Esse recurso de recuperação tende, não somente a retornar ao ponto inicial das capacidades orgânicas de antes do esforço, mas também colocá-las mais acima, esperando por um novo estímulo. Esse fenômeno é conhecido como supercompen-sação (VERKHOSHANSKY, 1998; FORTEZA de la ROSA, 2006). Para que esse fenômeno continue a ocorrer ao longo do tempo, é necessário que as cargas de trabalho sejam adequadas e progressivamente maiores (PRADO, 2013). Gomes (2009) chama esses efeitos de:

Efeito imediato do treinamento: caracterizado pelas influências que ocorrem imediatamente durante a execução dos exercícios ou em seu término, moduladas, principalmente, pelo desenvolvimento dos processos de fadiga.

Efeito posterior do treinamento: são as alterações ocorridas durante o período de repouso até a próxima sessão de treino, moduladas pelas leis naturais dos processos de recuperação.

Barbanti (2010) enfatiza que cada pessoa tem uma amplitude de carga considerada ótima, ideal para provocar

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mudanças na capacidade funcional do organismo. Estímulos abaixo ou acima desse ponto não repercutirão na evolução dessas capacidades, podendo, inclusive, levar à estagnação ou à queda no rendimento. Exigências esportivas cada vez mais elevadas retratam a necessidade de prescrição indivi-dualizada das cargas, baseadas em constantes avaliações. Mesmo atletas submetidos a cargas individualizadas podem apresentar respostas não previsíveis e influenciar os efeitos das cargas subsequentes.

Desse modo, as cargas devem ser frequentemente moduladas e reguladas, monitorando as respostas ao trei-namento, com o intento de garantir segurança e efetividade nesse processo (CLAUDINO et al., 2012), pois a indivi-dualidade biológica deve ser considerada nos momentos de planejamento e ajustes das cargas, consistindo em erro crasso não considerar cada indivíduo dotado de com-ponentes físicos, psíquicos e sociais próprios, possuindo respostas diferentes para estímulos de mesma magnitude. Essa compreensão potencializa, entre outras coisas, a manutenção da boa saúde do atleta, possibilitando que ele possa atuar sempre em condições máximas, diminuindo a incidência de lesões e, consequentemente, aumentando suas chances de vitória e a longevidade na carreira, o que nas concepções modernas do desporto, significa maiores ganhos financeiros, mais oportunidades para o desportista e melhores condições físicas para que sua qualidade de vida não seja comprometida, quando chegar o momento de abandonar o esporte competitivo.

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A frequência e continuidade do treinamento com metas bem delineadas, adequada progressão da carga, previsão de me-canismos de reajustes e recuperação permitem a constância no fenômeno de supercompensação (TUBINO, 2003), como verificado na Figura 1. A variabilidade dos exercícios pro-postos, gerando estímulos diferentes para atender ao(s) mesmo(s) objetivo(s) também é uma estratégia válida para que o orga-nismo não se estabilize e deixe de evoluir, além de ajudar a quebrar a monotonia do treinamento (KRAEMER E FLECK, 2009; BARBANTI, 2010). Sobre isso, Gomes (2009) ressalta o efeito somatório de treinamento, representado pela relação entre as várias cargas de treinamento e o resultado da adição dos efeitos desses estímulos.

Figura 1. Supercompensação (adaptado VERKHOSHANSKY, 2001)

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Quando não há continuidade ou a frequência dos es-forços é muito espaçada, não há evolução, não ocorrendo a supercompensação, como demonstrado na Figura 2.

Figura 2.Frequência e continuidade de estímulos inadequados

(adaptado BARBANTI, 2010)

Quando as cargas são demasiadamente elevadas e os intervalos de recuperação não são suficientes, o organismo começa a entrar em colapso, diminuindo suas capacidades funcionais e causando queda de rendimento, ocorrendo o que é conhecido como overtraining (Figura 3).

Figura 3. Overtraining (adaptado BOMPA, 2002)

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Verificamos, então, que a carga tem uma influência sobre o organismo nos momentos de execução dos exercícios durante o treino e nos períodos de descanso após o trabalho. O efeito do treinamento, resultado da aplicação da carga, não é constante, alterando-se de acordo com os intervalos de repouso e recuperação, continuidade e frequência dos es-tímulos e influências e acúmulo de efeitos de novas cargas. A eficiência do processo de treinamento depende do domínio e clareza sobre as relações “carga/efeito do treinamento”. A união dos efeitos de alguns ciclos de preparação, seus resul-tados e reestruturações dos sistemas funcionais ocorridos em longo prazo representam o efeito acumulativo do treinamento e constituem condição fundamental para a chegada do atleta ao alto nível competitivo (GOMES, 2009).

O princípio da especificidade baseia-se na premissa de que a adaptação orgânica ocorre sempre de acordo com o tipo de estímulo que lhe foi atribuído, modulando-se aos pa-drões de movimento, produção de força e potência e demais necessidades fisiológicas (KRAEMER E FLECK, 2009), portanto, a prática de um esporte ou exercício físico resultará em adaptações ao organismo que serão específicos para essas demandas (BARBANTI, 2010). Ou seja, o organismo vai adaptar-se de modo específico ao que lhe for ofertado (MEL-LEROWICS e MELLER, 1979); no caso da atividade física e ou desportiva, os órgãos, células, estruturas intracelulares e metabolismo energético sofrerão mudanças funcionais e morfológicas, de acordo com os tipos de movimentos ou esforços necessários para desenvolver tal prática específica (VOLKOV, 1975).

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Gomes (2009) ressalta a importância da especialização da carga para o alto rendimento desportivo. Infere que, quanto mais a carga de treino se aproxima do exercício competitivo do atleta, mais especializada ela é. O autor cita as caracterís-ticas bioquímicas, fisiológicas e psicológicas como forma de mensurar essa coincidência necessária entre os estímulos de treino e competitivo. Nessa linha, Zatsiorsky (1992) afirma que as cargas de treinamento e competição devem estar em harmonia, inclusive coordenativa, respeitando os parâmetros das técnicas competitivas e criando estímulos favoráveis aos grupos musculares envolvidos no movimento específico. O nível de realizações em uma modalidade esportiva especí-fica depende da predominância de capacidades e habilidades funcionais do atleta, as quais são obtidas pela especialização da carga de trabalho. Essa especialização é característica primordial no processo de treino e define a evolução e con-solidação dos resultados competitivos (GOMES, 2009).

Em síntese, Barbanti (2010, p. 77) enumera algumas considerações para que o princípio da especificidade seja respeitado:

1. O treinamento deve estar intimamente relacionado com a característica do esporte.2. O treinamento deve envolver os músculos que par-ticipam do gesto do esporte, mas também, e principal-mente, a forma como esses músculos trabalham.3. Os exercícios com sobrecargas devem ser executados com a estrutura total ou parcial dos gestos esportivos.4. A velocidade de execução dos exercícios deve ser muito próxima à velocidade do gesto esportivo.5. A amplitude de movimento deve ser similar à ampli-tude do gesto esportivo.

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Os esportes acíclicos, como o judô, são mais complexos com relação à determinação de cargas específicas, depen-dendo da análise de suas situações técnicas, táticas, demandas energéticas e capacidades condicionais. Kraemer e Fleck (2009) consideram que ajustar o programa de treino, de acordo com essas especificidades é essencial para promover maiores transferências do treino para a atividade específica, melhorando, consequentemente, o rendimento esportivo.

O princípio da reversibilidade invoca a condição não permanente das alterações orgânicas provocadas pelo trei-namento físico. Isso significa que, quando um atleta para de treinar, as modificações funcionais e morfológicas con-seguidas ao longo do tempo voltam ao seu estado inicial. A velocidade de reversão ocorre de maneira proporcional à velocidade com que os ganhos de condicionamento foram obtidos. Pensando em qualidade de vida e manutenção da aptidão física, um atleta nunca deveria abandonar totalmente as atividades físicas e desportivas, mesmo com o final de sua carreira, e sim apenas promover ajustes em suas práticas à sua nova realidade (BARBANTI, 2010).

3.2. Componentes da carga de treinamento

A relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento constitui o grande problema científico da pre-paração desportiva. A proporcionalidade direta entre rendi-mento e os componentes das cargas de treino compõe o item principal de trabalho e de pesquisa de toda a metodologia

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e teoria do treinamento esportivo. Entretanto, mesmo com toda essa relevância, é o elo mais frágil desse sistema (FOR-TEZA de la ROSA, 2009).

“A carga de treinamento sintetiza uma série de com-ponentes internos que a definem” (FORTEZA de la ROSA, 2004). Alguns estudiosos destacam-se pela relevância de suas pesquisas nessa área: Bompa (1983); Platonov (1988); Weineck (1989); Verkhoshansky (1990); Grosser (1990); Zintl (1991); Forteza de la Rosa (1994). Apesar de diferen-tes classificações para os componentes da carga, por parte desses autores, em todas as propostas existem alguns deno-minadores comuns: volume, intensidade e densidade, além de inferências quanto à importância da frequência dos exer-cícios, conteúdo e organização das cargas, tanto na utilização dos métodos, como no que diz respeito à continuidade do treinamento (FORTEZA de la ROSA, 2009).

A eficácia dos exercícios físicos, programados em uma periodização, é incumbência do seu volume (distância per-corrida, quantidade de repetições, duração do estímulo), in-tensidade (peso carregado, velocidade empregada, grau de força utilizado) e densidade (relação temporal entre as fases de esforço e recuperação, frequência de realização). A cor-reta manipulação desses componentes é determinante na condução de alterações fisiológicas, motoras, anatômicas e bioquímicas (BOMPA, 1983).

A - Volume

O volume possui caráter quantitativo e é essencial para atingir a maestria técnica, a competência tática e a excelência física

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(BOMPA, 2002; FORTEZA de la ROSA, 2004). É composto pelas seguintes partes (FORTEZA de la ROSA, 2009):

• Total de atividade realizada em uma sessão ou etapa de treinamento.• A distância percorrida por unidade de tempo, sessão de treinamento ou etapa do treinamento.• Total de carga levantada por unidade de tempo, sessão de treinamento ou etapa do treinamento.• Quantidade de repetições para um determinado exer-cício, elemento técnico ou elemento tático, executado em um dado tempo. Duração de determinada carga.

Bompa (2002) considera que existe uma relação di-reta entre o nível de performance do atleta e seu volume de treinamento, discriminando, inclusive, atletas de diferentes patamares:

• Atletas campeões olímpicos e mundiais: 1000 horas/ano.• Atletas de nível internacional: 800 horas/ano.• Atletas de nível nacional: 600 horas/ano.• Atletas de nível estadual/regional: 400 horas/ano.

No entanto, Gomes (2009) pontua que o volume é muito importante nas primeiras etapas na vida desportiva do atleta, e que seu aumento está correlacionado com a melhora de desempenho. Porém, com a chegada ao alto nível, nem sempre o incremento de volume significará aumento de desempenho, podendo resultar em queda de rendimento, quando aumentado de maneira exagerada. Essas afirmações

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nos fazem crer que exista um volume ótimo a ser imposto, gradativamente, para que o atleta atinja o alto rendimento es-portivo, e que, depois de alcançado esse estágio, o aumento desse componente não trará melhoras de resultados, podendo, in-clusive, afetar negativamente a performance dos atletas.

B - Intensidade

De caráter qualitativo, a intensidade, relaciona-se dire-tamente com o nível do desportista e com o período da tem-porada em que ele se encontra (WEINECK, 1989; GOMES, 2009). Intensidade é a função da força dos estímulos mani-festada pelos atletas nos momentos de esforços (GROSSER e STARISCHA, 1988), a qual depende da carga, da duração do exercício, da velocidade de execução e das pausas de re-cuperação (GOMES, 2009; BOSSI, 2011).

Os critérios de determinação de intensidade variam de acordo com as especificidades das diferentes modalidades desportivas, usando-se parâmetros relativos para determinar a intensidade das sessões de treinamento (FORTEZA de la ROSA, 2009; GOMES, 2009). Nos exercícios de velocidade e força, usa-se, habitualmente, um percentual estipulado do melhor rendimento do atleta (100%) para as determinações e prescrições das cargas de treino. Nesses casos, a intensi-dade é medida, respectivamente, em metros por segundo, quilômetros por hora ou quantidade de minutos para realização do movimento e em quilogramas ou número máximo de repe-tições (FORTEZA de la ROSA, 2009). Critérios fisiológicos

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também podem ser empregados para determinação da in-tensidade da carga: frequência cardíaca, VO2máx e teor de lactato sanguíneo (GOMES, 2009).

Nos esportes de luta, assim como em outras atividades intermitentes, o controle de intensidade da carga é bas-tante complexo, devido à natureza variável dessas modali-dades e aos diferentes exercícios utilizados na preparação de lutadores (VIVEIROS et al., 2011). Gomes (2009) considera que o controle de intensidade da carga nesses esportes deve ocorrer pelo monitoramento da frequência cardíaca e pelo número de ações determinadas em uma unidade de tempo, medidas mais fáceis de serem obtidas. Entretanto, especi-ficamente no judô, a verificação de lactato sanguíneo seria o melhor parâmetro fisiológico para determinação de in-tensidade de treinamento (VOLKOV, 1989; VIVEIROS et al., 2011), porém sua coleta cotidiana implicaria dificuldades, inclusive de custos.

Nesse sentido, outra forma de monitorar a intensidade de treinamento é a PSE (percepção subjetiva de esforço), método que já tem sido aplicado em esportes de combate (IMAMURA et al.,1997; AMTMANN et al., 2008), através da escala CR10 (BORG, 1982; FOSTER et al., 2001a). Tra-ta-se de uma alternativa prática e de baixo custo para deter-minar a intensidade de treinamento (VIVEIROS et al., 2011), através de uma simples pergunta: “Como foi a sua sessão de treino?” Orientado pela escala, apresentada na Tabela 3, o atleta deve escolher um descritor e depois um número para responder a pergunta, 30 minutos após o término da

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sessão de treino (FOSTER et al., 2001a). Esse método tem se mostrado eficiente, também, para avaliar a concordância entre a carga prescrita pelo técnico e/ou preparador físico e a carga vivenciada pelo atleta (FOSTER, 1998, FOSTER et al., 2001b; VIVEIROS et al., 2011).

Tabela 3. Escala CR10 de Borg (1982) modificada

Classificação Descritor0 Repouso

1 Muito, muito fácil

2 Fácil

3 Moderado

4 Um pouco difícil

5 Difícil

6 -------

7 Muito difícil

8 -------

9 -------

10 Máximo

Fonte: Foster et al. (2001)

Dependendo das possibilidades disponíveis (estrutura, recursos humanos e recursos financeiros), os parâmetros fi-siológicos podem e devem ser usados para orientação, deter-minação e controle da intensidade de trabalho. A Tabela 4 demonstra classificações da carga de acordo com sua zona de intensidade, usando critérios fisiológicos:

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Tabela 4. Classificação de cargas pelas zonas de intensidade

Nº ZonasFC (por min)

VO2máx. (%)

Lactato (mmol/L)

Duração máxima

de trabalho

I Aeróbia Até 140 40-60 Até 2Algumas

horas

IIAeróbia

(de limiar)140 -160 60-85 Até 4

Mais de 2 horas

IIIMista

(aeróbia- anaeróbia)

160-180 70-954-66-8

30min. – 2h10-30min.

IVAnaeróbia(glicolítica)

Mais de 180

95-100

8-1510-18

14-20 e mais

5-10min.2-5min.

Até 2min.

VAnaeróbia

(alática)-------- 95-90 -------- 10 -15s

Fonte: Gomes (2009)

A duração dos exercícios propostos em treinamento está rigorosamente ligada à intensidade, pois diferentes durações incidem em aportes energéticos diferentes. Desse modo, um trabalho de caráter curto e intensidade máxima (até 1 minuto) tem predominância dos processos anaeróbios de energia. À medida que o tempo de trabalho se prolonga, forçosamente o metabolismo aeróbio passará a predominar e a intensidade não poderá ser mantida. (GOMES, 2009).

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Existe uma relação ótima de aplicação do volume e da intensidade em uma programação de treinamento, para que a carga seja a ideal de acordo com o momento de pre-paração. Em regra, sempre que existe um aumento de in-tensidade, reduz-se o volume de treinamento, caracterizando uma interdependência entre volume e intensidade. É comum que o volume de treino seja mais alto no início da temporada esportiva e que vá diminuindo, à medida que o período competitivo se aproxima. Com a intensidade, a dinâmica tende a ser inversa.

C - Densidade

Tão importante quanto volume e intensidade, a densidade diz respeito à relação entre as fases de esforço e de recuperação, expressa em tempo, durante uma unidade de trabalho. Esse componente garante estímulos e pausas corretas, evitando que o atleta atinja estado de fadiga total ou crítica, garantindo eficiência ao treinamento (FORTEZA de la ROSA, 2009).

As pausas entre os estímulos podem ser completas (permitem minimizar o cansaço) ou incompletas (induzem os processos de adaptação) e feitas de maneira passiva ou ativa, essa última, muito eficiente nos casos de grande solicitação do metabolismo anaeróbio lático (GOMES, 2009), como é o caso do judô. Estudos específicos mostram que a recuperação ativa, no judô, tem se mostrado mais eficiente do que a passiva (FRANCHINI, 2001; FRANCHINI et al., 2003).

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Os intervalos de recuperação devem ser planejados de acordo com a intensidade e o volume de cada esforço, bem como devem ser relacionados com diversos fatores, a saber: nível esportivo, especificidades de cada esporte, in-dividualidade biológica e período da temporada em que se encontra o atleta (GOMES, 2009; FORTEZA de la ROSA, 2009). A recuperação ocorre em fases, começando ime-diatamente após o estímulo empregado (recuperação imediata), desencadeando processos recuperativos que, principalmente, restituem o débito de O2 e eliminam os metabólitos acu-mulados dos processos anaeróbios, ocasionados durante a execução dos exercícios. A segunda fase (recuperação lenta) diz respeito às restaurações dos componentes plásticos ce-lulares e da regeneração do equilíbrio iônico e endócrino, podendo levar muitas horas, dependendo da magnitude do estímulo empregado.

Nesse período de recuperação é que ocorre o regresso à normalidade das reservas energéticas e a síntese proteica é estimulada para auxiliar na reconstrução das estruturas deses-truturadas pelo trabalho (KOTS e VINOGRADOVA, 1981; GOMES, 2009). As reservas de creatina fosfato e O2 são as que mais rápido se refazem, seguidas das reservas de glicogênio muscular e hepático. As reservas de gordura e as estruturas de proteína destruídas durante o esforço são as últimas a se recomporem (VOLKOV, 1989). Após a recuperação com-pleta, pode haver superação das reservas energéticas iniciais e melhorias estruturais e funcionais do atleta, indicando su-percompensação (VERKHOSHANSKY, 2001).

O exposto nos leva a entender a importância da conexão entre volume, intensidade e densidade. Manipular qualquer

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uma dessas variáveis influencia diretamente nas outras e na demanda enfrentada pelo atleta em treinamento, alterando suas respostas, recuperação e seu consequente desempenho. São componentes de carga complementares e indissociáveis (BOMPA, 2002).

D - Conteúdo, Orientação e Organização da carga

Esses três componentes relacionados e contidos dentro dos pressupostos de volume, intensidade e densidade repre-sentam aspectos que direcionam o treinamento, oferecendo referências aos técnicos desportivos no momento de planifi-car e distribuir as cargas de treino.

Para Verkhoshansky (2001) e Gomes (2009), duas di-mensões determinam o conteúdo da carga:

• Nível de especificidade: o quanto os exercícios propostos são similares aos exercícios de competição. Essa carac-terística permite o enquadramento das cargas de trabalho em dois blocos: preparação geral e preparação especial.• Potencial de treinamento: refere-se ao quanto a carga estimula a condição do atleta. O lastro de treinamento e o aumento do rendimento diminuem esse potencial, surgindo à imprescindibilidade de variação dos exercícios e estímulos e aumento da intensidade como formas de alcançar avanços em seu rendimento. A sequência de incremento dos estímulos deve preconizar que os exercícios utilizados a priori estimulem condições favo-ráveis àqueles que serão implementados posteriormente (VIRU, 1995).

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A preparação desportiva envolve grande complexidade pelo desenvolvimento simultâneo de diversas capacidades motoras, desenvolvimento e aperfeiçoamento técnico e tático e o consequente planejamento dessas variáveis durante a vida competitiva do atleta. Cargas heterogêneas promovem dife-rentes influências que serão refletidas no organismo do des-portista e terão níveis de manifestações diversificadas, alterando muitos aspectos relativos ao treinamento (GOMES, 2009).

Logo, para coerente programação da preparação, é primordial ter clara noção da aplicação e correlação de cargas de variadas orientações funcionais, conhecendo suas influências e também o ritmo de evolução de seus respectivos índices (FORTEZA de la ROSA, 2009). Entretanto, esse ainda é o grande problema científico do treinamento despor-tivo, pois a literatura é escassa e contraditória com relação à duração ótima das cargas dirigidas a diferentes orientações funcionais (FORTEZA de la ROSA, 2006), fazendo com que a preocupação com as respostas individualizadas, diante dos estímulos e orientações propostos, seja pressuposto essencial no processo de estruturação do treinamento.

As orientações da carga podem ser de natureza seletiva ou complexa. A primeira vai estimular, primordialmente, apenas um sistema funcional, assegurando a manifestação de deter-minada qualidade ou capacidade. A segunda estimulará dois ou mais sistemas funcionais. Devemos considerar que não é possível a influência total de apenas determinado órgão ou sis-tema funcional, visto que uma ação motora envolve inúmeros mecanismos de regulação e execução. Entretanto, a intenção

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de selecionar a orientação da carga é provocar a máxima mo-bilização de determinada estrutura ou sistema funcional, com baixa participação de outros, gerando função concreta desses mecanismos, obtendo o efeito imediato do treinamento, cuja soma, em longo prazo, levará as adaptações planejadas e a melhora do desempenho desportivo (GOMES, 2009).

A alteração na orientação da carga é, invariavelmente, dependente da manipulação das variáveis: intensidade, volume e densidade.

A organização da carga pode ser entendida como sua sistematização em determinado período de tempo. Sua base deve consistir na obtenção positiva, dos efeitos do treinamento, oriundo de cargas de diferentes orientações funcionais (VERKHOSHANSKY, 2001; GOMES, 2009), programadas de acordo com a condição inicial e o alcan-ce pretendido (FORTEZA de la ROSA, 2009). Dentro desse processo, dois pontos merecem destaque (FORTEZA de la ROSA, 2006; GOMES, 2009):

A. Distribuição da carga no tempo

Explica como são alocadas as cargas nas diferentes partes que compõem a periodização do treinamento (sessão, dia, microciclo, mesociclo e macrociclo). A literatura aponta duas formas de distribuição: cargas diluídas e cargas concentradas.

As cargas diluídas consistem na distribuição uniforme da carga durante toda a temporada, com maior ou menor

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ênfase, de acordo com a etapa de preparação. Cargas de di-ferentes orientações são administradas concomitantemente, o que pode diminuir o desempenho pela integração entre as variadas direções de estímulos (FORTEZA de la ROSA, 2009). O desempenho tem melhora gradual, até que as melhoras de determinados sistemas funcionais começam a interferir em outros aspectos negativamente (SIFF e VERKHOSHANSKY, 2000). Essa forma de gerenciamento da carga deve ser em-pregada em modalidades, cujas capacidades determinantes sejam poucas ou e estejam diretamente relacionadas, ou em atletas juvenis e de nível médio, que ainda não atingiram o alto rendimento (FORTEZA de la ROSA, 2009).

As cargas concentradas são alocadas com a intenção de concentrar volume e intensidade, em curtos espaços no período da preparação, visando ao desenvolvimento de uma orientação definida (FORTEZA de la ROSA, 2009). Distribuídas de modo coerente e obedecendo a uma se-quência metodológica clara, minimizam uma possível in-fluência negativa de orientações de carga distintas (SIFF e VERKHOSHANSKY, 2000). É esperado que, durante sua aplicação, devido à sua forte estimulação, haja queda nos parâmetros funcionais e desempenho dos atletas. Depois, devido ao EPDT, a recuperação supera os níveis iniciais, oca-sionando aumento considerável da performance no final do macrociclo (VERKHOSHANSKY, 2001). Esse tipo de distri-buição é indicado para atletas de elite e com vasta bagagem de treinamento (FORTEZA de la ROSA, 2009).

B. Interconexão das cargas

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Aponta a relação e coerência de acoplamento de cargas de diferentes orientações. O efeito acumulativo do treinamento é fruto da combinação entre essas cargas (GOMES, 2009). Alguns desses exemplos explicitados abaixo, podem apre-sentar interferência negativa ou positiva:

• Trabalho de força e trabalho de flexibilidade: o treina-mento de flexibilidade, realizado até uma hora antes do treino de força e ou entre as séries, tem interferência negativa, diminuindo a eficiência das unidades moto-ras e, consequentemente, diminuindo o torque força e potência muscular (FOWLES et al., 2000; TRICOLI e PAULO, 2002; ARRUDA et al., 2006; SOUZA et al. 2009). Weineck (1991) afirma que se o trabalho de for-ça anteceder o de flexibilidade, em uma mesma sessão, a fadiga prejudicará o aprimoramento da flexibilidade e aumentarão as chances de lesão. • Orientação anaeróbia alática ou lática e orientação aeróbia: a adaptação das fibras musculares ao exercício aeróbio, causado pelo aumento das enzimas oxidativas, diminuem a capacidade de ativação neural para geração de força máxima e rápida (HAKKINEN et al., 2003). Do mesmo modo, essa alteração enzimática pode dimi-nuir o VO2máx, quando a ênfase em exercícios de força se sobrepõe à carga de natureza aeróbia (NAKAO et al., 2005). Cargas com orientação anaeróbio lática, executadas após trabalhos de orientação aeróbia (gran-des volumes), não serão totalmente aproveitadas, pois o alto consumo de glicogênio muscular causará fadiga e a consequente diminuição do desempenho subsequente

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(SIFF, 2004). A execução de exercícios aeróbios após cargas de orientação anaeróbia alática ou anaeróbia lá-tica de baixo volume não causarão, de maneira aguda, nenhuma influência negativa (VERKHOSHANSKY, 1998). • Orientação anaeróbia alática e orientação anaeróbia lática: a fadiga causada pelo trabalho anaeróbio lático prejudica o desempenho subsequente do metabolismo anaeróbio alático, diminuindo a capacidade de geração de força máxima ou rápida. Entretanto, a execução de exercícios com orientação anaeróbia lática, após cargas de orientação anaeróbia alática, mostra-se muito positiva, gerando transferência do trabalho de força para o gestual técnico específico, com maior recrutamento de unidades motoras (GOMES, 2009).

Esses critérios e as especificidades de cada modalidade devem ser levados em consideração, no momento de distri-buir as cargas de treino, com interconexões que resultem em melhorias funcionais e, consequentemente, no melhor de-sempenho desportivo durante o período competitivo (POWERS e HOWLEY, 2001).

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4. PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO

O programa de treinamento deve ser baseado no con-ceito de periodização (divisão em fases) e deve ser regido pe-los princípios e leis do treinamento. Essas fases representam a organização de todas as variáveis que constituem as etapas de preparação do atleta, inter-relacionando os momentos de preparação e de competição (FORTEZA de la ROSA, 2009). Sobre esse conceito, Dantas (2003, p.65), pontua:

[...] periodização é o planejamento geral e detalhado do tempo disponível para o treinamento, de acordo com os objetivos perfeitamente estabelecidos, respeitando-se os princípios científicos do exercício desportivo [...].

Periodização é a forma de preparação de atletas dividida em períodos e etapas. É a divisão organizada do treinamento de forma a proporcionar ao atleta que atinja seu melhor re-sultado no período estipulado (TUBINO 2003). Complemen-tando, Granell e Cervera (2003, p.9) afirmam:

[...] a periodização do treinamento representa o sistema por meio do qual se constrói um modelo de desenvolvimento

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estruturado em ciclos, em cada um dos quais as cargas são aplicadas de forma que os mecanismos que pro-vocam a adaptação sejam favorecidos [...].

Complementando as informações acima, Dick (1993) afirma que a periodização é dependente do calendário espor-tivo e que a organização da temporada tem como objetivo proporcionar ao atleta alcançar o máximo rendimento no momento das principais competições.

4.1. Periodização desportiva e o esporte moderno

Situações rigorosas de treinamento e com exigências cada vez mais elevadas e próximas dos limites suportáveis do rendimento humano são condições para que o indivíduo atinja patamar de destaque no esporte moderno de alto ren-dimento. Esse cenário é proporcional à necessidade de um programa de treino que conte com ajustes e prescrições in-dividualizadas das cargas de treinamento, respeitando seus princípios biológicos (SZMUCHROWSKI E COUTO, 2013).

Desse modo, planificar a estrutura de trabalho a que o atleta será submetido é condição principal para administrar com sucesso os estímulos, ao longo de uma temporada.

A estruturação e periodização do treinamento despor-tivo é, principalmente, o resultado do pensamento do trei-nador (FORTEZA de la ROSA, 2006). Este pensamento deve estar pautado pela ciência e distanciar-se ao máximo da improvisação, integrando os conhecimentos em um sistema organizado (FARTO, 2002).

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O treinador desportivo é figura primordial da preparação desportiva, sendo o responsável por comandar, coordenar e estruturar todo o processo de treinamento. Entre suas funções destacam-se: organização, aplicação e avaliação dos treinamentos com o intuito de atingir os objetivos propostos e ainda liderar uma equipe ou grupo de pessoas para a rea-lização adequada do treino, com vista a um objetivo comum (ROSADO e MESQUITA, 2008).

A evolução constante do treinamento desportivo pressupõe uma formação cada vez mais completa, complexa e específica para o sucesso competitivo. Isso fica claro, quando verificamos, neste século, a importância atribuída a esses profissionais pelas potências olímpicas, visto o alto in-vestimento em corpo técnico especializado (PLATONOV, 2008).

Para Bompa (2002), o conhecimento sobre a planifi-cação esportiva, assim como o controle do treinamento não deveriam escapar a nenhum técnico desportivo. Para isso é necessário planejar o programa anual, pois é ele que norteará o treinamento atlético.

4.2. Histórico da Periodização Esportiva

Já na antiguidade grega, podemos encontrar evidências do uso de alguns princípios para nortear o treinamento desportivo. A grande importância que essa sociedade dava aos jogos que lá eram praticados serviu para despertar o interesse na metodologia de preparação de seus atletas (BARBANTI, 1997; TUBINO, 2003). O treinamento de

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soldados, intensificado pela sociedade romana, utilizou es-ses princípios também, para preparar seus guerreiros. Desse modo, os antigos jogos esportivos e as guerras são os com-bustíveis iniciais da preparação desportiva e atlética (DAN-TAS, 2003). Tubino (2003) ressalta a preparação dos helê-nicos e suas semelhanças com a teoria do treinamento atual para retratar a influência da cultura grega na evolução da preparação desportiva. Esse povo se exercitava de maneira generalizada, com corridas, marchas, lutas, saltos, realizando aquecimento no início das sessões e volta à calma no final, inclusive com realização de massagens. Usavam cargas com alternâncias de intensidade, em ciclos de treinamento de qua-tro dias que se sucediam, denominados Tetra (Figura 4).

Figura 4. Tetra Grego (adaptado DANTAS, 2003).

Entretanto, a evolução do treinamento em uma confi-guração sistemática, menos intuitiva e espontânea, visando

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elevar ao máximo o rendimento desportivo, ocorreu, verda-deiramente, com o renascimento dos Jogos Olímpicos, no final do século XIX (BARBANTI, 1997).

Gomes (2009) cita as contribuições iniciais de Kraevki, Tausmev, Olshanik, Skotar, Shtliest e Murph, entre 1902 e 1913. Fleck e Kraemer (2006) enfatizam a importância dos estudos sobre periodização, desenvolvidos para a preparação de halterofilistas da Europa Oriental, que tinham a intenção de promover aumento de força e potência, por meio de períodos de treino e recuperação mais coerentes.

Segundo Silva (1998) a primeira obra relevante sobre periodização do treinamento foi publicada por Kotov, em 1917. Esse estudioso dividiu a preparação em três etapas:

• Etapa geral: ênfase no condicionamento aeróbio (de-senvolvimento do sistema cardiovascular e respiratório).• Etapa preparatória: ênfase desenvolvimento da força e resistência muscular.• Etapa específica: ênfase na especificidade de uma modalidade ou prova.

Em 1922, Gorinevski escreveu um livro com o título: “Bases Fundamentais do treinamento”. Em 1930, o finlandês Pinkala revolucionou os sistemas de preparação criando um ciclo de treinamento anual que, segundo Gomes (2009), era dividido em:

• Fase de preparação: visava desenvolver uma base geral de aptidão trabalhando o sistema muscular, car-diovascular e respiratório.

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• Fase de primavera: visava o desenvolvimento de habi-lidades motoras gerais.• Fase de verão: visava o desenvolvimento de habilidades motoras específicas da modalidade.• Fase de repouso: recuperação, por meio de descanso ativo.

O finlandês instituiu, também, dois princípios de ma-neira extremamente visionária e pertinente:

• Períodos de esforço e repouso proporcionais. • Propôs que um sistema de preparação de longo prazo deveria começar com tempo de trabalho mais extensos e intensidades mais baixas e que essa lógica deveria ir se revertendo à medida que o atleta se aproximava das competições.

Em 1939, Grantyn, baseado nos estudos de Gorinevski e Pinkala, ressaltou a divisão da temporada em três ciclos: principal, preparação e transição. Dez anos mais tarde, Ozolin iniciou os debates sobre treinamento de longo prazo (15 a 20 anos) e ressaltou que as etapas do ciclo de treino devem ser divididas igualmente, levando em conta as competições, diferindo com relação aos conteúdos administrados em cada fase, e de acordo com cada modalidade. Em 1950, Letonov teceu duras críticas aos modelos utilizados, elevou a importância de conceitos biológicos na adaptação dos estímulos do treinamento e dividiu a temporada em três ciclos: treinamento geral e es-pecífico, forma competitiva e recuperação (GOMES, 2009).

Na década de 1950, o professor Leev Pavlovitchi Matveev começou estudos para aprofundar e aprimorar os

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conhecimentos desenvolvidos anteriormente e, com base nos sistemas de preparação dos atletas soviéticos e respaldado por princípios científicos, criou na década de 60 uma teoria para estruturar e periodizar o treinamento desportivo, que permanece até os dias atuais. Podemos dizer que Matveev é o pai da periodização científica da preparação desportiva (FORTEZA de la ROSA, 2009). Essa teoria foi estruturada sobre a premissa de que o atleta deveria construir, manter e depois perder, em partes, a forma adquirida, respeitando um conjunto objetivo de leis que regem o processo de preparação, em grandes ciclos planejados anual ou semestralmente (MATVEEV, 1986, 1996, 1997).

A periodização de Matveev é o que norteia as discussões sobre a planificação do treinamento, já que temos muitos es-tudos, iniciando com Arosjev e Kalinin em 1971, citado por Forteza de la Rosa (1994), com intenção de complementar e aperfeiçoar essa teoria (BOMPA, 1983; PLATONOV, 1988; HARRE, 1988; OZOLIN, 1989; VIRU, 1991; FORTEZA de la ROSA, 1994) e outros tantos, tentando romper com essa forma clássica de sistematização (VOROBJEV, 1974; BON-DARCHUK, 1988; VERKHOSHANSKY, 1996; TSCHIENE, 1985; NAVARRO, 1994; WEINECK, 1999).

Algumas críticas à teoria de Matveev, feitas por estu-diosos do treinamento, ganharam destaque: Tschiene (1985) considera o esquema de Matveev muito rígido, adotando, em diversos períodos de preparação, para diferentes modalidades, calendários e atletas, relativamente as mesmas relações de volume e intensidade. Esse mesmo autor ressalta que durante o processo atual de treinamento desportivo é importantíssima

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uma preparação individualizada e específica, com intensidade elevada de treino durante todo o ciclo e momentos planejados de pausas profiláticas, o que não ocorre na periodização tradicional. No alto nível, devido aos muitos anos de treina-mento já realizados, o atleta não precisaria elevar seu estado de preparação geral, já que os processos de transferência para os esforços específicos não se desencadeariam mais nesses indivíduos (TSCHIENE, 1985; VERKHOSHANSKY, 1990; WEINECK, 1999; OLIVEIRA, 1998).

Aumentando o nível de rendimento, é preciso aumentar também os meios específicos de treinamento, portanto o modelo de Matveev seria válido somente para as primeiras fases do treinamento ou para atletas da base que ainda não atingiram o alto nível, já que as exigências esportivas e os calendários competitivos, atualmente, são bem diferentes (GAMBETTA, 1990; VERKHOSHANSKY, 2001).

4.3. Planejamento do treinamento

É importante ressaltar que, tanto os modelos tradicionais quanto os contemporâneos partem da premissa de que o treinamento deve ser estruturado respeitando diferentes períodos, etapas, fases ou microetapas (OLIVEIRA, 2008), de acordo com os objetivos de curto, médio e longo prazo pretendidos, o que retrata a importância das premissas clássicas de Matveev. Com relação a essa estrutura, o treinamento costuma organizar-se em:

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A - Preparação Plurianual

É a preparação de várias temporadas de treinamento e competições (NAVARRO, 2000). São necessários muitos anos de treinamento para que o atleta consiga seus melhores resultados desportivos (PLATONOV e BULATOVA, 1995). Essa concepção está relacionada com faixa etária ótima para melhora das capacidades condicionais, aquisição de hab-ilidades motoras e com o momento em que o desportista apresenta os melhores resultados nas diferentes modalidades (ZAKHAROV e GOMES, 1992). Dessa maneira, não se queimam etapas ou se suprimem momentos importantes da preparação na vida do atleta, sendo possível determinar de maneira mais precisa o período em que o treinamento de-verá intensificar-se, visando obter os melhores resultados do esportista (PLATONOV, 2008).

B - Preparação anual

A integração de todas as etapas e ciclos de treinamento de uma temporada, para que o atleta conquiste sua melhor forma desportiva nas competições almejadas, compõe a preparação anual (NAVARRO, 2000). A elaboração do treinamento anual depende do objetivo específico planejado de acordo com a sequência plurianual e do número de ma-crociclos estabelecidos para a atual temporada que, dentro das concepções contemporâneas de estruturação do treina-mento, podem variar bastante, podendo chegar até sete deles. (PLATONOV, 2008).

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C - Macrociclo

Refere-se ao período de treinamento que culmina em uma fase competitiva. Pode ter duração de 3 a 12 meses. Um macrociclo é formado por vários mesociclos (NAVARRO, 2000). Nessa estrutura, estarão contidas etapas importantes para o desenvolvimento da forma esportiva, instituídos obri-gatoriamente um período preparatório, um período compe-titivo e um período de transição para o próximo macrociclo (PLATONOV, 2008).

D - Mesociclo

Refere-se ao conjunto de vários microciclos, sendo considerada a fase estrutural da organização do treinamento. Deve ser uma etapa bastante completa que implique grandes ganhos nas capacidades funcionais, conseguindo direcionar e organizar os microciclos de diferentes tipos e cargas de treinamento, usufruindo de seus estímulos acumulados para atender a objetivos pré-determinados (NAVARRO, 2000). Geralmente, apresenta duração de 3 a 6 semanas, podendo variar de acordo com o calendário competitivo e modalidade desportiva. A organização do treinamento baseada em me-sociclos oportuniza que a preparação direcione-se de acordo com a tarefa principal de cada período e assegura que a ad-ministração das cargas seja coerente, respeitando a conexão entre estímulos e recuperação e a consequente continuidade esperada no desenvolvimento físico, técnico e tático (PLA-TONOV, 2008). Existem 7 tipos de mesociclos (OLIVEIRA et al., 2005), a saber:

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• Incorporação: objetiva a melhora dos componentes que serão importantes para o desempenho específico. É a fase de incorporar elementos básicos de preparação que servirão de alicerce para momentos futuros. A carga de treinamento é voltada para a melhora das capacidades condicionais (PLATONOV, 2008).• Básico: visa à melhora dos metabolismos energéticos específicos e a continuidade do trabalho para a melhora das capacidades condicionais, através de um efeito acumu-lativo das cargas. Cada vez mais conectados aos com-ponentes técnicos e táticos. Esse período apresenta volume e intensidade bem elevados e pode, de acordo com o modelo de periodização, ser direcionado à pre-paração geral ou específica (PLATONOV, 2008). • Estabilizador: preocupa-se, dando continuidade aos ciclos anteriores, em atingir os estágios mais avançados de condicionamento físico, técnico e tático, consolidando as mudanças funcionais ocorridas. O treinamento é voltado para situações que se assemelhem às da competição, sendo o mais específico possível (DANTAS, 2003). • Controle: período voltado para competições que servirão como parâmetro para atestar a evolução do treinamento e ou detectar possíveis deficiências no atleta (ZAKHAROV e GOMES, 1992). • Pré-competitivo: com destaque para a parte tática e psicológica, esse mesociclo objetiva a manutenção das aptidões físicas e pequenos ajustes técnicos, servindo como polimento (PLATONOV, 2008). • Competitivo: determinado pelas particularidades de cada modalidade e seu calendário esportivo. Momento onde o atleta deve alcançar seu ápice da forma atlética e alcançar os resultados planejados no início da tempo-rada (DANTAS, 2003).

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• Recuperativo: período para recuperar o atleta dos desgastes oriundos da preparação, servindo de elo para o próximo macrociclo.

E - Microciclo

Refere-se ao período composto por diversas sessões de treinamento. Suas sucessões visam atender aos objetivos de dado mesociclo (ZAKHAROV e GOMES, 1992). Cada microciclo tem usualmente 7 dias, podendo, porém, variar de acordo com os objetivos pretendidos (FARTO, 2002). O microciclo, constituído de maneira racional, de acordo com os princípios de variabilidade dos exercícios, permite evitar a monotonia e estagnação (MANSO, 1996). Na prática, os microciclos se relacionam com a solução das tarefas, moda-lidade esportiva, meios de treinamento e com a orientação predominante das cargas, no momento da temporada em que o atleta se encontra (ZATSIORSKY, 1992). Segundo Oli-veira et al. (2005), os microciclos podem ser classificados em:

• Incorporação: utilizado para o incremento inicial das cargas, geralmente utilizado quando o objetivo é a aquisição da aptidão física geral (MATVEEV, 1990). • Ordinário: microciclo que objetiva promover adap-tações morfofisiológicas suficientes para promover aumento no condicionamento do atleta. É o mais comum dos microciclos e representa a base estrutural do pro-cesso de preparação de atletas dos mais variados níveis. A intensidade das cargas fica em torno de 70-80% (PLA-TONOV, 2008).

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• Choque: caracterizado por cargas intensas, oscilando entre 80-100%, objetiva promover grande estresse fisiológico, através da mobilização máxima das re-servas energéticas, obrigando o organismo a adaptarse ao estímulo, promovendo de maneira acentuada o fenômeno de supercompensação ou EPDT (OLI-VEIRA, 1998). • Recuperativo: essa microciclo objetiva recuperação parcial ou total do atleta, possibilitando a manutenção de certas condições alcançadas nos microciclos ante-riores. Contribui para o fenômeno de supercompensação e pode ser usado entre os estímulos de choque. Adota-se grandeza das cargas que variam entre 30-40%, até o descanso total, que possibilitarão ao atleta restauração do organismo para subsequentes exigências (PLA-TONOV, 2008). • Pré-competitivo: nesse microciclo, as cargas de alta intensidade (máximas ou próximas) se alternam com fases de recuperação, visando à manutenção das alte-rações funcionais provocadas nos períodos anteriores de preparação, sem ocasionar estresse desnecessário, deixando o atleta pronto para a competição. Essa fase também é destinada para facilitar a adaptação quanto a condições climáticas, geográficas e de fuso-horário (DANTAS, 2003). • Competitivo: é o momento da transferência do que foi feito em treinamento para a competição. Pode variar em duração de acordo com as especificidades de cada modalidade e calendário. A performance tem prioridade total (PLATONOV, 2008).

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F - Sessões de treinamento

Referem-se à unidade básica de treinamentos dentro de um sistema de preparação esportiva. São planejados de acordo com as tarefas e objetivos de dado microciclo, respei-tando as formas de organização referentes às especificidades de cada modalidade e os princípios biológicos do treinamento (NAVARRO, 2000).

Os exercícios utilizados para alcançar os objetivos pre-tendidos em cada fase da temporada, e que vão compor as sessões de treino, microciclos, mesociclos e macrociclos são primordiais para a melhora na capacidade de rendimento e componentes principais do processo de preparação despor-tiva (WEINECK, 1999). Muitos autores classificam os exercícios de acordo com seu direcionamento para discriminar quais as situações em que eles serão utilizados. Entre as diferentes terminologias atribuídas e critérios utilizados pelos peritos do treinamento desportivo nessas definições (MATVEEV, 1986; PLATONOV, 1988; FORTEZA de la ROSA, 1994; MANSO et al., 1996; MARQUES et al., 2000; BOMPA, 2002) dois grandes grupos se destacam: exercícios de preparação geral e exercícios de preparação específica.

A proporção entre esses dois grupos de exercícios em uma programação de treinamento dependerá de alguns fa-tores como: o modelo de periodização utilizada, do ponto da temporada em que o atleta se encontra, das características e necessidades de cada modalidade esportiva, da idade e lastro de treino do atleta, do nível competitivo do desportista e da individualidade biológica (MARQUES, 1989).

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4.4. Principais modelos clássicos de periodização

Os modelos clássicos de periodização foram aqueles que originaram propostas mais concretas e racionais de or-ganização das cargas de treinamento. E mesmo os sistemas criados posteriormente de maneira a confrontá-los, só são possíveis, devido à concepção dos primeiros modelos.

De toda maneira são sistemas com grande aplicabilidade, passíveis de adequação para inúmeras modalidades (DANTAS et al., 2009; DANTAS et al., 2011), mesmo que não aplicados exatamente como o previsto em sua origem. Isso, ainda, os mantém como uma ferramenta muito utilizada na planificação moderna do treinamento esportivo, ideal para atletas juvenis, juniores e ou que ainda não alcançaram a maestria esportiva.

Modelo Clássico No final dos anos 50, Leev Pavlovitchi Matveev apresentou

ao mundo o modelo de periodização que iria revolucionar a preparação desportiva. Ainda é o modelo de preferência de muitos treinadores, apresentando grande abrangência e ade-quabilidade (DANTAS et al., 2009; DANTAS et al., 2011).

Pautada nas leis biológicas (principalmente na síndrome geral da adaptação), sua teoria levava em conta as condições climáticas, o calendário esportivo e o aumento progressivo e máximo dos esforços de treinamento, visando a que o atleta alcançasse sua melhor forma coincidentemente no momento da competição mais importante. Para isso estabeleceu três períodos que correspondem à ideia central de sua teoria (MATVEEV, 1990):

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Período preparatório: aquisição da forma desportiva. Dividida em preparação geral (desenvolvimento das capaci-dades motoras gerais, onde a preparação geral se sobressai à preparação específica) e preparação especial (desenvolvi-mento das capacidades motoras especiais e manutenção do nível geral, onde a preparação específica se sobressai, mas a preparação geral ainda se destaca).

Período competitivo: manutenção da forma desportiva (manutenção da preparação geral e especial alcançada, pre-domínio da preparação específica, ápice da forma desportiva). É dividido em pré-competitivo e competitivo.

Período transitório: perda momentânea da forma despor-tiva (descanso ativo, por meio de jogos e atividades lúdicas).

Criado inicialmente para cobrir 12 meses de preparação (Tabela 5), Matveev (1986) atribuiu 6 meses para o primeiro período, 4 a 5 meses para o segundo e 1 a 2 meses para o terceiro. No caso de uma periodização dupla (dois peaks12 no ano), cada período teria metade dessas durações (Tabela 6).

Tabela 5. Periodização anual

Periodização SimplesMeses Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Competições CP CP CP CA CA

Períodos Transitório Preparatório Competitivo

Etapas Transitório Geral Específico Pré-Competitivo Competitivo

CP: competição preparatória; CA: competição alvoFonte: Matveev (1990)

12. Ápice do rendimento esportivo (pico).

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Tabela 6. Periodização semestral

Periodização DuplaMeses Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Competições CP CA CP CA CA

Períodos Transição Preparatório Competitivo Transição Preparatório Competitivo

Etapas Transição Geral Especial Pré Comp. Transição Geral Especial Competitivo

CP: competição preparatória; CA: competição alvoFonte: Matveev (1990)

A etapa de preparação geral tem como objetivo au-mentar as capacidades funcionais do organismo, melhorando o condicionamento físico de maneira global. Nessa fase, há predominância do volume sobre a intensidade e são re-forçados aspectos ligados à resistência aeróbia e anaeróbia e aperfeiçoamento geral da força, usando variados tipos de exercícios, mesmo que não tendo similaridade com a modalidade praticada pelo atleta (DANTAS, 2003). Outro ponto rele-vante desse período é a quantidade mínima ou inexistente de exercícios competitivos, justificado pelo autor como uma forma de não preconizar execução de estereótipos motores assimi-lados anteriormente. Para ele, a ênfase nesses aspectos antes de o atleta alcançar sua melhor forma geral, poderia ser um obstáculo ao aprimoramento técnico, já que um aparato mais preparado fisicamente contribuiria para o aperfeiçoamento de seu gestual motor específico (MATVEEV, 1990).

Na etapa de preparação específica, o treinamento é fo-cado nos aspectos técnicos e táticos, com predominância da intensidade sobre o volume. É um período destinado a criar condições para a organização da forma desportiva adqui-rida na fase anterior, possibilitando ao atleta desenvolver um

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gestual motor específico estável e um grande senso tático. É usual a combinação dos componentes físico, técnico, tático e psicológico para promover adaptação interna dos diferentes conteúdos de carga administrados (DANTAS, 2003).

No período competitivo, a ênfase específica será quase que total. Preconiza-se o apuramento e a estabilização do leque de ações motoras selecionadas e maior elevação pos-sível do discernimento tático. Presume-se que nesse ponto o desportista tenha alcançado seus níveis máximos de desem-penho e, portanto, é necessário preservar esse estado para alcançar os resultados esportivos pretendidos. (MATVEEV, 1997; DANTAS, 2003). Na fase pré-competitiva haverá um incremento de volume, calculado de acordo com as exigên-cias da competição, porém sem sobressair à intensidade e esse volume irá diminuir à medida que a competição alvo se aproxima, dando mais ênfase à qualidade dos movimentos em vez da quantidade de exercícios.

É importante manter o atleta motivado e preparado psicologicamente para as competições, bem como mantê-lo fo-cado no objetivo principal, mesmo quando houver derrotas nas competições preparatórias (ocorridas no período pré-compe-titivo), conduzindo o desportista emocionalmente forte para a mobilização máxima de sua condição física (MATVEEV, 1996).

O período de transição tem como objetivo principal pro-porcionar a recuperação física e psicológica após a grande mobilização de esforços no período de competições. Carac-terizado pela administração de níveis muito baixos de intensi-dade, não se trata da suspensão do processo de treinamento,

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mas de uma fase regenerativa, que ajudará a evitar o over-training (OLIVEIRA et al., 2005). Mesmo em uma fase de descanso ativo, Matveev (1990) ressalta a importância de manutenção de estímulos que sejam suficientes para iniciar o novo macrociclo em condições melhores que o anterior, garantindo o aspecto plurianual de evolução do treinamento. Nesse período, são realizadas outras modalidades desportivas, trabalhos para melhora da flexibilidade, tratamento de lesões e compensações musculares. É o momento para avaliar a temporada que terminou e programar o próximo macrociclo (DANTAS, 2003).

A Figura 5 representa o esquema de preparação pelo modelo clássico, com respeito à constituição de seus meso-ciclos e as dinâmicas de volume e intensidade das cargas de seu macrociclo.

Figura 5. Modelo de Periodização Clássico (adaptado MATVEEV, 1990).

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Modelo Pendular e Modelo das Campanas EstruturaisIdealizado por Ariosev e Kalinin no início dos anos 70,

e formatado e continuado por Forteza de la Rosa (1994), esses modelos são uma tentativa de aperfeiçoamento do mo-delo clássico de Matveev, utilizando dos ciclos de treinamento propostos por esse autor (VIRU, 1991).

Essa estrutura preconiza a alternância entre cargas gerais e específicas. Em todo momento da preparação, as cargas específicas serão mais enfatizadas do que as cargas gerais, estando nesse ponto a principal diferença em relação ao modelo de Matveev.

Essa oscilação sistemática forma os “pêndulos de trei-namento” ou as “campanas estruturais”, havendo um cres-cimento das cargas específicas e um decréscimo das cargas gerais que desaparecem ou ficam muito reduzidas (entre 5 e 15% da carga total) no momento da competição principal. Do mesmo modo, as variáveis volume e intensidade acompa-nham essa oscilação. O volume predomina sobre a intensi-dade no início do macrociclo e essa lógica vai se invertendo quando a competição alvo vai se aproximando (FORTEZA de la ROSA, 2006).

Dessa maneira, o treinamento permite a manutenção da melhor forma desportiva durante grande parte do ano, possibilitando que o atleta participe de muitas competições durante o ano, mais ajustado, portanto, aos calendários atuais. Podemos identificar várias campanas ou pêndulos interligados. Cada campana ou pêndulo pode ser entendido

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como um macrociclo, o que permite o planejamento de vários macrociclos anuais (FORTEZA de la ROSA, 2004). Esses modelos são representados pelas Figuras 6 e 7.

Figura 6. Modelo de Periodização Pendular (adaptado FORTEZA de la ROSA, 2006).

Pêndulos ou campanas maiores significam maior con-dição do atleta em sustentar a forma desportiva, e pêndulos ou campanas menores significam maior condição de com-petir de maneira eficaz (FORTEZA de la ROSA, 2006). É possível perceber que nesses modelos de periodizações as cargas gerais têm papel relevante, porém ela coaduna com as cargas específicas desde o início da preparação, apresen-tando, portanto, semelhanças e diferenças com o modelo de Matveev (FORTEZA de la ROSA, 2009).

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Figura 7. Modelo de Periodização das Campanas Estruturais (FORTEZA de la ROSA, 1994).

Na Figura 7, observamos três macrociclos, com dife-rentes quantidades de mesociclos e as respectivas correlações entre preparação especial e geral. Notamos o crescimento das cargas específicas em detrimento das cargas generalistas conforme o treinamento avança. Esse tipo de organização dá ao esportista a oportunidade de competir desde o início da sua preparação, ajudando a equacionar os calendários aper-tados, repletos de provas classificatórias, competições que valem pontos para rankings e ou valendo premiações em dinheiro, características do esporte moderno.

Assim que um pêndulo ou campana (macrociclo) finda, outro se inicia imediatamente. Nunca há cruzamentos dos pêndulos ou campanas e sempre existe um alívio proporcional da intensidade dos próximos mesociclos, representado pelo aumento das cargas gerais (predomínio do volume sobre a

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intensidade) e diminuição das cargas especiais (FORTEZA de la ROSA, 2004). As direções e o conteúdo das cargas admi-nistradas devem contemplar as necessidades e peculiaridades de cada modalidade esportiva.

Modelo de Estado de Rendimento ProlongadoO americano Tudor Bompa idealizou essa teoria, no

meio dos anos 90, tendo como base a teoria de Matveev, não sem tecer algumas críticas ao modelo clássico, apontando que este atende apenas aos desportos que exigem potência e velocidade e que não reflete a necessidade do atual cenário esportivo mundial, no qual existe a necessidade de grande performance em muitas competições durante a temporada, em função dos elevados valores de premiações e demais interesses comerciais. Entretanto, mesmo assim, ele não desconsiderou o modelo de Matveev, apenas o adaptou (SEQUEIROS et al., 2005).

Esse modelo possui a mesma estrutura do modelo clássico, com período preparatório, subdividido em fase geral e específica, período competitivo, subdividido em fase pré-competitiva e competitiva e período de transição (Tabela 7). Entretanto, Bompa adota o termo macrociclo para definir os períodos de quatro a seis semanas, que têm como objetivo trabalhar as capacidades motoras condicionais básicas e específicas, denominados de me-sociclos no modelo russo, por considerar que essa nomen-clatura é mera formalidade (BOMPA, 2002; SEQUEIROS et al., 2005).

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Tabela 7. Divisão das fases de treinamento

Fonte: Bompa (2002)

Uma característica marcante de sua teoria diz respeito à ênfase dada para a importância da recuperação entre os estímulos. São necessárias 24 horas para uma recuperação adequada após uma sessão de treinamento com intensidade ótima (HERBERGER, 2003). O fenômeno de supercom-pensação pode variar de acordo com a carga de treino, podendo ser elevada em até 36-48 horas ou reduzidas para 6-9 horas. Em geral, atletas de elite treinam em duas sessões por dia, levando-os a terem curtos períodos de recuperação, o que incide em cuidados para alocar e distribuir as cargas de treino (BOMPA, 2002).

Esportistas com mais de 25 anos e menos de 18 anos, teoricamente, precisam de recuperação maior entre as sessões, para potencializar a supercompensação. (NUDEL, 1989; OMAR, 2002). As mulheres, devido às suas diferenças fi-siológicas e hormonais, principalmente com relação à testos-terona, têm uma recuperação mais lenta (NOAKES, 1991; VANDER et al.,1990; OMAR, 2002). Fatores ambientais, tais como altitude e temperatura, também podem afetar o tempo de recuperação (BISHOP et al., 2008). Todas essas variáveis, são exacerbadas no momento da planificação desse modelo de treinamento (SEQUEIROS et al., 2005).

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Antes das competições- alvo, esse modelo preconiza que se faça um macrociclo recuperativo, denominado de po-limento. Possuindo duração de no máximo dois microciclos (duas semanas), objetiva promover a recuperação total do atleta, atenuando a fadiga e potencializando a ocorrência da supercompensação, através de uma diminuição das cargas. Após as competições, no macrociclo de transição, as cargas são novamente atenuadas, pois devido à grande intensidade e ao desgaste competitivo, é necessário que o organismo se recupere. Posteriormente, ainda no período de recuperação, as cargas sofrem ajustes progressivos, preparando o atleta para o próximo macrociclo (BOMPA, 2002). As dinâmicas de volume e intensidade das cargas desse modelo são repre-sentadas na Figura 8:

Figura 8. Modelo de Estado de Rendimento Prolongado (adaptado BOMPA, 2002)

Verificamos que Bompa propõe um modelo com altos volumes, sempre sobressaindo à intensidade, durante toda a temporada, com exceção do período competitivo, pois a própria natureza da competição eleva a intensidade das cargas.

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Bompa (2002) estabelece modelos duplos, triplos e múltiplos em sua teoria. O modelo duplo destina-se para desportos de potência e velocidade, produzindo dois peaks ao ano, enquanto o triplo prevê três peaks anuais, sendo indicado para competições com nível de importância crescen-te, ao longo da temporada, a última coincidindo com o mo-mento de melhor rendimento. A estrutura é sempre a mesma (Figura 8), sendo repetida duas ou três vezes ao longo da temporada. O modelo múltiplo é adequado para modalidades que possuem um calendário com quatro ou mais competições importantes durante o ano. Estrutura-se como nos modelos duplo e triplo, entretanto, durante a temporada, o período preparatório encurta devido ao lastro de treinamento, com reflexos nas condições fisiológicas do atleta. Durante uma pre-paração plurianual, a tendência é que o período preparatório fique cada vez menor, abrindo espaço para que a preparação específica ocupe de maneira mais abrangente a planificação.

Modelo Não LinearCriado nos EUA, provavelmente no final da década de

80, esse modelo nasceu de uma adaptação ao modelo clássi-co de Matveev. Inicialmente aplicado aos exercícios de força (musculação e saltos profundos), pode ser aplicado em ou-tras capacidades motoras condicionais e coordenativas. Esses programas foram iniciados com a aplicação de períodos de duas semanas, que utilizavam diversas zonas de intensidade de treinamento e que variavam de acordo com as necessida-des de cada atleta (KRAEMER e FLECK, 2009; MARQUES JUNIOR, 2012), para atender modalidades cuja temporada era extensa e contava com muitos jogos ou competições como futebol americano, hóquei no gelo, tênis, voleibol, bei-sebol e luta olímpica.

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O modelo não linear é caracterizado pelas alterações frequentes de volume e intensidade, sejam estas semanais, por ciclos ou até mesmo diárias, dependendo do objetivo proposto, nível do atleta e condição de fadiga (RHEA et al., 2003). Essa oscilação permite trabalhos em altas intensidades e incrementos mais significativos nos ganhos de força, pois a variação dos componentes das cargas de treinamento induz a supercompensação, por meio de uma recuperação ativa (RHEA et al., 2002), oportunizando a manutenção de ótima forma competitiva durante toda a temporada (KRAEMER e FLECK, 2009).

Esse modelo tem apresentado bons resultados na melhora da força máxima e potência, pois induz à manutenção da continuidade adaptativa, por meio da variabilidade de estímulos, criando condições ideais para que não haja estabi-lização e acomodação das cargas, o que, teoricamente, cria melhores condições para obtenção da hipertrofia (produzindo estresse metabólico e endócrino), melhora de força máxima e potência (por meio da imposição de estresse neural) e aumento de resistência de força (devido à grande mobilização metabólica), dependendo do objetivo pretendido (FLECK e FLECK 1999; MINOZZO et al., 2008). Para o treino de força, quando o volume de treino é mais elevado, a resposta tende a ser mais hipertrófica; quando a intensidade é mais alta, a resposta neural é mais acentuada (GENTIL, 2014).

Os mesociclos de treinamento são divididos de maneira similar à periodização de Matveev, porém levam o nome do objetivo a ser alcançado. Originalmente desenvolvido para a melhora de força, foram compostos da seguinte maneira: fase

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de hipertrofia, fase de força máxima, fase de força rápida, fase de pico e fase de descanso ativo (Figura 9). Essas fa-ses são curtas (mesociclos de no máximo 2 semanas) e seus conteúdos não são exclusivos, primando sempre pela varia-bilidade de estímulos, mesmo que certa direção de carga seja predominante (KRAEMER e HAKINNEN, 2004; KRAEMER e FLECK, 2009). É importante conectar os aspectos espe-cíficos, técnicos e táticos nos momentos oportunos e de ma-neira permanente durante a preparação, gerando uma inter-ação positiva com as melhoras funcionais.

Figura 9. Modelo Não Linear

O modelo não linear é muito adaptável, podendo suas dinâmicas de oscilação de volume e intensidade ficar ainda mais acentuadas e seus mesociclos ainda menores (duração de 1 semana). Os macrociclos sucedemse durante todo o ano de competições e também de maneira plurianual.

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Outras capacidades motoras condicionais podem ser trabalhadas de maneira oscilatórias para que incrementos de desempenho sejam alcançados, dependendo das carac-terísticas da modalidade a ser treinada, ocasionando mudança de nome dos mesociclos, mas não a sua dinâmica. O curto espaço de tempo necessário para que esse sistema gere melhoras funcionais de maneira constante, faz com o atleta atinja vários peaks ao longo da temporada, sendo importan-te a implementação de avaliações, testes e ou competições de controle para mensurar o tamanho da evolução (MARQUES JUNIOR, 2012).

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5. PROPOSTA DE PERIODIZAÇÃO CLÁSSICA

PARA O JUDÔ

De acordo com o abordado até agora podemos verificar inúmeras propostas de periodização clássica que atendem desde o atleta em desenvolvimento, até aquele próximo da elite competitiva. Todo modelo pode ser aplicado com sucesso, desde que ajustado ao calendário do atleta e as especificidades de cada modalidade.

Entendemos que todo atleta, que chega ao alto rendi-mento, deveria vivenciar mais de uma forma de periodização durante a carreira, explorando todo o seu potencial de trei-namento e propiciando constantes variações de estímulos.

Entretanto, procurando um norte para propor algo es-pecífico, gostaríamos de apontar um sistema que contemple atletas dos mais variados níveis, com variações de estímulos, evitando acomodações das cargas de treino, utilizando-nos dos conceitos modernos da preparação esportiva como base.

Ressaltamos que os modelos contemporâneos, princi-palmente o de Blocos, idealizado por Yuri Verkhoshansky,

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e suas variações ou adaptações são propostas muito interessantes para as modalidades de lutas, podendo ser a sequência natural de continuação ao treinamento, após a utilização do que será proposto nessa obra. Contudo, por serem indicados apenas ao mais alto nível competitivo (VERKHOSHANSKY, 2001) e ideal para atletas que já vivenciaram outros modelos de periodização em suas carreiras, nós optamos por abordar sua aplicação desse sistema ao judô, em uma futura obra.

Assim, propusemos um modelo de periodização clássica para o judô, não de maneira engessada ou como “receita de bolo”, mas sim para servir de guia para os treinadores, podendo ser ajustado de acordo com as necessi-dades individuais de cada atleta, de acordo com os objetivos e calendário.

Essa proposta se aplica em atletas juvenis, juniores ou que nunca vivenciaram de maneira sistematizada um pro-cesso de planificação do treinamento esportivo, bem como atletas de alto rendimento que necessitam de uma orga-nização mais racional de suas cargas de treinamento. Sua construção se pautou nos gestuais motores específicos do judô, o que não impede a adequação e reprodução para ou-tras modalidades de luta, desde que adaptadas as suas reais necessidades.

5.1. Proposta de periodização aplicada ao judô

Pensando nos modelos clássicos como referência, en-tretanto com reconfigurações e ajustes atuais, sem deixar de

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pensar nas especificidades fisiológicas e motoras do judô, nossa proposta se baseia em um macrociclo de 27 semanas, com a seguinte configuração:

Tabela 8. Configuração de periodização específica ao judô

Período Pré-Temporada Incorporação Pré-Competitivo Competitivo Transição

Duração 3 semanas 10 semanas 10 semanas 2 semanas 2 semanas

Conteúdo Carga Geral Geral/Específica Específica Específica Geral

Entenda cada período como um mesociclo e cada se-mana como um microciclo. Os nomes foram escolhidos pelos autores para ilustrar qual o principal objetivo de cada mesociclo, facilitando a compreensão e aplicação.

Nessa proposta, as alterações de volume e intensidade serão frequentes, como no modelo Não Linear, com o obje-tivo de propiciar recuperações adequadas aos atletas, bem como induzir à manutenção da continuidade adaptativa, evi-tando acomodação e estabilização das cargas, empregando grande variabilidade de estímulos, potencializando a super-compensação e o incremento na melhora das manifestações de força (PINTO et al., 2009), capacidade essencial para o sucesso competitivo no judô.

Para mensurar a intensidade usaremos PSE (pela facilidade de aplicação cotidiana, principalmente levando em conta recursos disponíveis pelos treinadores), por meio da escala CR10 (BORG, 1982; FOSTER et al.,

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2001a; VIVEIROS et al., 2011), como descrito no Ca-pítulo 3 dessa obra, % de carga máxima (1RM) e número de repetições máximas (RM), além de FC (Karvonen et al, 1957) em alguns treinos extra tatame. O volume será mensurado por tempo de atividade e ou número de re-petições realizadas.

O nível de estresse e recuperação dos atletas serão avaliados pelo Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas – REST Q Sport (BOUGET et al., 2006; GONZÁLEZ--BOTO et al., 2008; NEDERHOF et al., 2008; KELLMANN et al., 2009; MATOS et al., 2011), associado ao Perfil dos Estados de Humor – POMS (NEDERHOF et al., 2007; RIET-JENS et al., 2005), os quais têm se mostrado mais sensíveis e expressivos para a detecção precoce do overtraining do que parâmetros fisiológicos (KENTTÄ e HASSMMÉN, 1998; KELLMANN et al., 2001).

Esses dois testes devem ser aplicados, mesmo fora dos períodos de avaliação, em qualquer suspeita de que as re-cuperações pretendidas não estão sendo alcançadas (queda de força ou performance inesperada nos treinamentos, por exemplo). Sendo o REST Q Sport uma análise que pode ser programada para mais momentos da temporada para respaldar a continuidade do processo de treinamento. A presença de um psicólogo do esporte para o tratamento de questões de ordem psicológica se faz primordial, caso, os instrumentos avaliativos sirvam também como parâmetro para uma pre-paração psicológica.

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Mesociclo I - Pré-TemporadaA Tabela 9 ilustra uma sugestão com a organização

dos microciclos desse primeiro período de preparação:

Tabela 9. Organização Microciclos Pré-temporada

Dias da Semana

Microciclo 1 Microciclo 2 Microciclo 3

Segunda Avaliação Treinamento resistido MMSS- Manhã

Treinamento Intervalado Corrida - Noite

Treinamento resistido MMSS- Manhã

Treinamento Intervalado Corrida - Noite

Terça Avaliação Treinamento resistido MMII e Abs – Manhã

Treinamento Intervalado Corda Naval - Noite

Treinamento resistido MMII e Abs – Manhã

Treinamento Intervalado Corda Naval - Noite

Quarta Avaliação Flexibilidade Flexibilidade

Quinta Avaliação Treinamento resistido MMSS- Manhã

Treinamento Intervalado Corrida - Noite

Treinamento resistido MMSS- Manhã

Treinamento Intervalado Corrida - Noite

Sexta Avaliação Treinamento resistido MMII e Abs – Manhã

Treinamento Intervalado Corda Naval - Noite

Treinamento resistido MMII e Abs – Manhã

Treinamento Intervalado Corda Naval - Noite

Sábado Descanso Flexibilidade Flexibilidade

Domingo Descanso Descanso Descanso

A temporada deve começar com uma avaliação geral que forneça dados para comparações ao longo da temporada.

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Dessa maneira a primeira semana desse mesociclo deve atender esse objetivo. A escolha das avaliações realizadas depende dos recursos tecnológicos, financeiros e humanos disponíveis. Abaixo vamos enumerar um conjunto de avalia-ções de baixo custo e fácil realização, mas que podem ser efi-cientes para o acompanhamento ao decorrer da temporada.

A. Avaliações Antropométricas• Peso• Altura• Percentual de Gordura (Protocolo de 7 dobras)

B. Capacidades Motoras• Teste de 1 RM (Supino, Remada Curvada, Terra e Agachamento)• Teste de Flexão de Braços na Barra com Judogi (Iso-tônico e Isométrico).• Teste de resistência Abdominal• Salto Vertical (Contra Movimento)• Salto Horizontal• Sentar e Alcançar (Banco de Wells)

C. Teste Específico• Special Judo Fitness Test

D. Avaliações Psicométricas• POMS• REST Q Sport

A segunda e terceira semanas têm como objetivo um fortalecimento muscular geral, ênfase em resistência de

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força, bem como treinamento da flexibilidade. Essa semana atuará de maneira profilática, oferecendo respaldo para as cargas subsequentes ao longo da temporada, sendo realizada toda fora do tatame, assim como preconizam os modelos clássicos de periodização. Abaixo segue uma sugestão de como as sessões de treinamento poderiam ser organizadas.

Todas as sugestões têm algumas variações em volume e intensidade, que visam atender atletas em condição e nível atlético maior, ou de categorias diferentes. Por exemplo, em um treino de Randori, as séries seriam de 5 min. para categoria mascu-lina e 4 min. para categoria feminina e atletas Juniores, pois esse é o tempo oficial de luta das respectivas categorias.

Outra questão que deve ficar clara é que o volume e intensidade das sessões devem ser compatíveis com o nível de cada atleta, portanto individualizadas, sendo as sugestões abaixo um norte e não uma regra.

A. Treinamento resistido (Musculação)• Objetivo: Resistência de força• Método: Seriado• Intensidade: 70%-75% de 1RM / 15-20 RM• Volume: 3-4x 15-20 repetições• Pausas: passivas de 30s-45s

Sugestão de Exercícios: • MMSS: Supino; Fly Inclinado; Voador; Remada Aberta; Puxada Frontal; Pull Down; Extensão do Tronco; Rosca Direta; Tríceps Corda; Desenvolvimento; Rotação Externa/Interna Ombro (Manguito)

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• MMII: Leg Press; Extensora; Flexora; Adutora; Ab-dutora; Panturrilha Sentada; Rotação do tronco na polia; Abdominal remador.

Ao ajustar a intensidade das sessões, é interessante a utilização do conceito de repetições máximas (RM), pois o teste de 1RM pode não ser tão fidedigno para indicar a ca-pacidade motora ou intensidade que se deseja trabalhar, po-dendo superestimar ou subestimar a carga de trabalho. Dessa maneira o treinador não perde tempo realizando testes de cargas máximas para todos os exercícios, bem como conse-gue ajustar a carga em qualquer sessão, equalizando desgas-te, motivação, melhora de performance e outros fatores que podem influir no desempenho do treinamento.

B. Treinamento Intervalado• Objetivo: Melhora da resistência anaeróbia e resistência aeróbia• Método: HIIT (High Intensive Interval Training)• Intensidade: 90-100% FC máx; PSE = 8-10• Volume: 10-15 min. de trabalho total• Pausas: ativas e passivas de 30s – 1min.

Sugestão de Exercícios:• Corrida: 5 min. de aquecimento + 10-15x tiros de 30s em velocidade máxima; de 30s de pausa ativa (caminhando). • Corda Naval: 5 min. de aquecimento + 10-15x execuções de 30s em velocidade máxima; 30s de pausa passiva.

C. Treinamento de Flexibilidade• Objetivo: melhora da flexibilidade.• Método: alongamento estático ativo.

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• Intensidade: amplitude máxima.• Volume: 1x 1 min. cada posição.• Pausas: passivas de 15s. entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:• Alongamento geral (para todo o corpo).

Mesociclo II - Incorporação: A Tabela 10 ilustra uma sugestão com a organização

dos microciclos desse mesociclo:

Tabela 10. Organização Microciclos Incorporação

Dias da Semana

Microciclos 1-3

Microciclos 4-6

Microciclos 7-9

Microciclo 10

Segunda

Treino Técnico (Manhã)

Treinamento resistido(Noite)

Treino Técnico(Manhã)

Treinamento resistido (Noite)

Treino Tático(Semana 7)

Descanso (Se-mana 8 e 9)

Descanso

Terça

Treino Tático

Treino Tático

Treino Físico Específico(Semana 7)

Descanso (Semana 8 e 9)

Treinamento Físico Específico

(Manhã)

Treino Tático(Noite)

Quarta

Treino Técnico (Manhã)

Treino FísicoEspecífico

(Noite)

Treino Técnico (Manhã)

Treino FísicoEspecífico

(Noite)

Treinamento resistido(Manhã)

Treino Tático(Noite)

Descanso(Semana 8 e 9)

Treino Técnico (Manhã)

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Quinta

Treino Tático(Manhã)

Flexibilidade(Noite)

Treino Tático(Manhã)

Flexibilidade(Noite)

Treino Técnico(Manhã)

Descanso

Sexta

Treino Técnico (Manhã)

Treinamento resistido (Noite)

Treino Técnico (Manhã) Descanso Descanso

Sábado Descanso Treino Tático Competição de Avaliação

Competição de Avaliação

Domingo Descanso DescansoCompetição de Avaliação

Competição de Avaliação

Abaixo descreveremos sugestões de sessões de treino de acordo com os microciclos:

Microciclos 1-3:A. Treinamento resistido (Musculação)Objetivo: Resistência de forçaMétodo: Super Set (Agonistas e Antagonistas)Intensidade: 75-80% de 1RM ou 10-15 RMVolume: 3-4x 10-15 repetiçõesPausa: sem pausa entre os exercícios e 1 min. de pausa passiva entre as Super Set´s

Sugestão de Exercícios: Supino – Remada CurvadaSupino Inclinado – Puxada FechadaAgachamento – StiffExtensora – FlexoraRosca Direta – Tríceps Testa

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B. Treinamento Físico EspecíficoObjetivo: Resistência de força específica e adaptação ao metabolismo anaeróbio láticoMétodo: HIITIntensidade: PSE = 8-10Volume: 16-21 séries (15-20min.tempo total da sessão)Pausa: passiva entre 10s – 1min. entre as séries e 2 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios: 6-8x 20s de puxada (Kuzushi) na borracha em velocidade máxima, sem perder qualidade de movimento (variar o tipo de puxada de acordo com os golpes de preferência ou necessidade específica do atleta) - 10s de pausa.6-8x 30s Uchi Komi na borracha em máxima velocidade de execução, sem perder qualidade de movimento (variar entre golpes de Koshi Waza e ou Te-Waza mais utilizados) - 30s de pausa.4-5x Barra fixa com judogui (até a falha concêntrica) – 1min. de pausa.

C. Treinamento de FlexibilidadeObjetivo: melhora da flexibilidade.Método: alongamento estático ativo.Intensidade: amplitude máxima.Volume: 1x 1 min. cada posição.Pausas: passivas de 10s. entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:Alongamento geral (para todo o corpo).

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D. Treinamento TécnicoObjetivo: melhora da técnica e resistência aeróbia específica.Método: treinamento intervalado.Intensidade: PSE = 4-5.Volume: 1 série de 10min. + 12-15 séries de 3 min. (Tempo total da sessão, em torno de 100 min.)Pausas: ativas de 2-3 min. entre as séries e exercícios.

Sugestão de Exercícios:Movimentação em sombra (10 min.).Discussão/ensino-aprendizagem de posições, golpes, movimentação, pegada e ou qualquer técnica que se pretenda enfatizar (20 min.).4-5x 3 min. movimentação com ataques13 a cada 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 2 min. de pausa. 4-5x 3 min. treinamento de defesa e esquiva14 (Tai Sabaki) com ataques a cada 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 2 min. de pausa.4-5x 3 min. movimentação de Ne-Waza, com jogo de “perguntas e respostas”15 – 2 min. de pausa.

As técnicas enfatizadas devem obedecer aquilo que o treinador acha relevante para a melhora do atleta de acordo com suas limitações, características, preferências e estratégias traçadas, tendo um grande leque de opções

13. Yaku-Soku-Gueiko - Os ataques podem contemplar aquilo que é o objetivo do treinador para a sessão: Ashi-Waza, Te-Waza, Koshi-Waza, Sutemi-Waza, Renraku-Renka-Waza ou com variação entre essas técnicas. 14. Kakari-Gueiko (Treino de defesas e esquivas).15. Conhecido como xadrez, cada atleta necessita fazer uma movimentação em resposta a movimentação de seu parceiro.

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(Ashi-Waza, Koshi-Waza, Te-Waza, Ne-Waza, Sutemi-Waza, Renraku-Renka-Waza, Kaeshi-Waza).

É ideal que na preparação técnica predomine as carac-terísticas motoras da luta, entretanto com uma intensidade menor. Portanto, mesmo que algumas posições, com objetivo de aprendizagem, sejam realizadas de maneira estática, em ambiente fechado, com característica de habilidade motora discreta (como o tradicional Uchi-Komi) é importante que essas sessões sejam compostas de habilidades motoras seriadas, em um ambiente aberto (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015). Reco-mendamos para mais esclarecimentos à leitura do Capítulo 2.5 dessa obra.

Devemos ter consciência de que todo o treinamento envolverá capacidades motoras condicionais, porém em intensidades diferentes. Dessa maneira, mesmo quando o objetivo do treinamento for técnico ou tático, será contem-plada, também, a questão física. No caso do treinamento técnico, por conta de uma menor intensidade de trabalho, a capacidade motora condicional predominante será a resis-tência aeróbia.

Em todos os treinos o tipo de movimentação e ou reação do Uke16 e as ações do Tori17 devem ser orientadas pelo treinador. As variações dessas determinações são importantes para que as perturbações sejam sempre diferentes, fazendo com que o atleta necessite ampliar seu leque de alternativas, para diversas situações (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015).

16. Aquele que se defende ou é derrubado.17. Aquele que ataca ou derruba.

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E. Treinamento TáticoObjetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.Método: treinamento intervalado.Intensidade: PSE = 8-10.Volume: 35-50 séries de 30s (Tempo total da sessão, em torno de 80 min.). Pausas: passivas de 10s a 20s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:Trocas de pegada (Kumi-Kata): 7-10x 30s de ação – 10s de pausa.Tachi-Waza: 7-10x 30s de ação – Ataque apenas com o lado dominante – 10s de pausa.Tachi-Waza: 7-10x 30s de ação – Ataque apenas com o lado não dominante – 10s de pausa. Tachi-Waza: 7-10x 30s de ação – Ataque apenas com Renraku-Renka-Waza, sendo que o primeiro golpe, obrigatoriamente tem que ser um Ashi-Waza – 15s de pausa. Ne-Waza: 7-10x 30s de ação - Ataque de uma posição específica (por cima ou por baixo na guarda, meia guarda ou nas costas) – 20s de pausa.

O treino tático deve ser o mais próximo possível da luta. Podendo ser treinado a simulação de luta (Randori) ou partes de uma luta. Os exercícios podem ser direcionados para que aspectos específicos sejam trabalhados, de acor-do com a necessidade do atleta ou objetivo do treinamento (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015). Listamos algumas sugestões de exercícios, mas as possibilidades são inúmeras. Para esses microciclos optamos por exercícios que simulam partes do jogo (luta), objetivando uma maior adaptação ao metabolis-mo anaeróbio lático.

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Para que o objetivo do treinamento seja atendido, é importante que os momentos de ação sejam executados em alta intensidade, por isso os atletas precisam ser estimulados verbalmente a se esforçarem ao máximo em cada série.

Microciclos 4-6:A. Treinamento resistido (Musculação)Objetivo: Força MáximaMétodo: SeriadoIntensidade: 90-95% de 1RM – 1 a 3 RMVolume: 3-5x 1-3 repetiçõesPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: Supino; Remada Curvada; Agachamento; Levantamento Terra.

B. Treinamento Físico EspecíficoObjetivo: Resistência de força específica e melhora do metabolismo anaeróbio láticoMétodo: CircuitoIntensidade: PSE = 8-10.Volume: 24-32 séries (tempo total da sessão em torno de 60 min.)Pausa: passiva entre 10s – 30s entre os exercícios e 2 min. entre as séries exercícios.

Sugestão de Exercícios: 6-8 séries em circuito dos exercícios abaixo:20s de puxada (Kuzushi) na polia, com pegada no judogui, em velocidade máxima, sem perder qualidade de movimento (variar o tipo de puxada de acordo com os golpes de prefe-rência ou necessidade específica do atleta) - 10s de pausa.

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30s Uchi Komi na polia, com pegada no judogi, em máxima velocidade de execução, sem perder qualidade de movimento (variar entre golpes de Koshi Waza e ou Te-Waza mais utilizados) 1min. Ashi Waza na polia (De-Ashi-Barai e Ko-Uchi-Gari), com movimentação – 30s de pausa. Escalada usando cordas (altura máxima atingida).

A carga a ser utilizada na polia deve permitir a execu-ção do movimento com o padrão motor pretendido. O ajuste deve acontecer para que a Intensidade alcance o que foi pla-nejado para a sessão (PSE 8-10).

C. Treinamento de FlexibilidadeObjetivo: melhora da flexibilidade.Método: alongamento estático ativo.Intensidade: amplitude máxima.Volume: 1x 1 min. cada posição.Pausas: passiva 10s entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:Alongamento geral (para todo o corpo).

D. Treinamento TécnicoObjetivo: melhora da técnica e resistência aeróbia específica.Método: treinamento intervalado.Intensidade: PSE = 5.Volume: 1 série de 10 min. + 15-21 séries de 3 min. (Tempo total da sessão, em torno de 120 min.)Pausas: ativas de 2 min. entre as séries e de 3 min. entre os exercícios.

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Sugestão de Exercícios:Movimentação em sombra (10 min.)Discussão/ensino-aprendizagem de posições, golpes, movimentação, pegada e ou qualquer técnica que se pretenda enfatizar (20 min.).5-7x 3 min. movimentação com ataques a cada 5s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 2 min. de pausa. 5-7x 3 min. movimentação de Ne-Waza, com jogo de “perguntas e respostas” – 2 min. de pausa. 5-7x 3 min. treinamento de defesa e esquiva com ataques a cada 5s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 2 min. de pausa.

E. Treinamento TáticoObjetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.Método: treinamento intervalado.Intensidade: PSE = 10.Volume: 20-28 séries de 30s a 1min. (Tempo total da sessão, em torno de 70 min.). Pausas: passiva de 10s a 30s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:Trocas de pegada (Kumi-Kata): 5-7x 30s de ação – 10s de pausa.Simulação de Luta (Randori): 5-7x 20s de ação – 10s de pausa.Simulação de Luta (Randori): 5-7x 30s de ação – 10s de pausa.Simulação de Luta (Randori): 5-7x 1min. de luta – 30s de pausa.

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Microciclos 7-10:A. Treinamento resistido (Musculação)Objetivo: Força MáximaMétodo: seriadoIntensidade: 90-95% de 1RM – 1 a 3 RMVolume: 3-5x 1-3 repetiçõesPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: Supino; Remada Curvada; Agachamento; Levantamento Terra.

B. Treinamento Físico EspecíficoObjetivo: Melhora da Força Máxima EspecíficaMétodo: treinamento intervaladoIntensidade: PSE = 7-9Volume: 9-15 séries de 6 a 10 repetições (Tempo total de sessão, em torno 75 min.).Pausa: passivas de 4-5 min. entre as séries e exercícios.

Sugestão de Exercícios: 3-5x 10 Kuzushi (5 para cada lado) com resistência (auxílio de um terceiro atleta segurando o Uke) – 5 min. de pausa.6-10x 6 Uchi Komi com projeção (3 para cada lado), em movimentação, com resistência (auxílio de um ter-ceiro atleta segurando o Uke) – 5 min. de pausa.

C. Treinamento TécnicoObjetivo: melhora da técnica e resistência aeróbia específica.Método: treinamento intervalado.Intensidade: PSE = 5-7.

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Volume: 4-8 séries de 5 min. (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.)Pausas: passivas de 1 min. entre as séries e de 2 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:Discussão/ensino-aprendizagem de posições, golpes, movimentação, pegada e ou qualquer técnica que se pretenda enfatizar (15 min.).1-2x 5 min. movimentação com ataques de Ashi-Waza a cada 5s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 1 min. de pausa. 1-2x 5 min. movimentação com ataques a cada 10s, de Renraku-Renka-Waza, iniciando com um Ashi-Waza, seguidos de uma técnica de preferência (Tokui Waza). Variar posições, lado e direção dos ataques – 1 min. de pausa. 1-2x 5 min. treinamento de defesa e esquiva, com reali-zação de contra-golpes (Kaeshi-Waza), com ataques a cada 5s – 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 1 min. de pausa. 1-2x 5 min. passagens ou ataques de transição para Ne-Waza - 1 min. de pausa.

D. Treinamento TáticoObjetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.Método: treinamento intervalado.Intensidade: PSE = 7-9.Volume: 7-10 séries de 30-40s + 3-6 séries de 4-5min. (tempo total da sessão, em torno de 60 min.). Pausas: 20s a 5 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

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Sugestão de Exercícios:Trocas de pegada com ataques18: 7-10x 30-40s de ação – 20s de pausa.Randori19: 3-6x 5min. – 4-5 min. de pausa.

E. Competições de AvaliaçãoObjetivo: avaliação específicaMétodo: competição.Intensidade: máxima.Volume: de 3 a 6 lutas.Pausas: mínimo de 5 min. entre as lutas.

As competições de avaliação devem ser planejadas nes-se momento do calendário para uma avaliação mais especí-fica possível, tanto no aspecto físico, como técnico/tático. Nessa fase, acredita-se que o atleta já tenha atingido uma condição de competir com segurança, minimizando os riscos de lesão, além de melhorias funcionais significativas que per-mitam uma avaliação mais criteriosa.

Essas competições não devem ser consideradas como o principal objetivo do atleta no ano e sim encaradas como um treinamento tático específico, com demandas energéticas e carga psicológica máximas ou próximas da máxima.

18. Os atletas estarão disputando a pegada e ao escutarem determinado sinal sonoro, um deles deve atacar independentemente da posição do Kumi Kata. A cada série um atleta diferente realizará o ataque. 19. Simulação de luta. Se possível, dependendo da quantidade de atletas, esse Randori pode ser feito com arbitragem, para estimular a competitividade, aumentar a intensidade e também simular as temporalizações reais de uma competição. Também podem ser propostas situações específicas: estar hipo-teticamente vencendo ou perdendo uma luta. O Volume deve ser equalizado de acordo com o que se espera na competição alvo e também de acordo com a categoria de peso.

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Metas individuais, independentemente dos resultados alcançados devem ser estabelecidas para cada atleta. Por exemplo: número de variações, lado ou direções de ataques, tipo específico de ataque (s), ênfase no trabalho de ne-waza e qualquer outra que o técnico considere importante para esse momento de desenvolvimento da temporada.

Os resultados dessas competições devem servir de parâ-metros para a continuação do planejamento ou replanejamento da periodização, por isso é importante que existam algumas competições nesse período, para que a avaliação não se paute em apenas um evento. Entretanto, os resultados não devem ser hiper-valorizados nessa fase, pois ainda é um momento de preparação na qual o atleta ainda não alcançou todo o seu potencial.

Dessa maneira, essas competições trarão importantes informações para quais aspectos técnicos e táticos enfatizar e quais capacidades motoras podem ser melhoradas.

Mesociclo III - Pré-competitivoA Tabela 11 ilustra uma sugestão com a organização

dos microciclos do período pré-competitivo:

Tabela 11. Organização Microciclos Pré-competitivo

Dias da Semana

Microciclo 1

Microciclos 2-5

Microciclos 6-7

Microciclo 8-10

Segunda Avaliação

Treino Técnico (Manhã)

Treino Físico(Noite)

Flexibilidade(Manhã)

Treino Tático (Noite)

Descanso(Semana 8)

Treino Técnico(Semana 9 e 10)

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Terça Avaliação

Treino Tático I(Manhã)

Plano de Luta(Noite)

Treino Físico

Plano de Luta (Manhã)

Treino Físico I (Noite)

Quarta Avaliação

Treino Técnico (Manhã)

Treino Físico(Noite)

Treino Técnico

Treino Tático I

Quinta Avaliação

Treino Tático II(Manhã)

Plano de Luta

(Noite)

Plano de Luta

Treino Físico II(Manhã)

Treino Tático II (Noite)

Sexta Avaliação

Treino Técnico (Manhã)

Treino Físico(Noite)

Descanso Flexibilidade

Sábado Descanso Descanso Competição

Controle Treino Tático I

Domingo Descanso DescansoCompetição

ControleDescanso

Seguem sugestões de sessões de treino de acordo com os microciclos desse mesociclo:

Microciclo 1:Após o período de incorporação, é importante a

repetição das avaliações realizadas no início da tempo-rada para verificar a evolução dos atletas e caso seja necessário, fazer ajustes para o período pré-competitivo que irá se iniciar.

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Microciclos 2-5:A. Treinamento físicoObjetivo: Melhora da Força Rápida (Potência)Método: Treinamento Complexo (Complex Training)Intensidade: 60-65% de 1RM Volume: 6-12x 6 repetições.Pausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: 2-4x 6 Arremesso (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi-Komis20 com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).2-4x 6 Arranque (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi-Komis com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).2-4 x 6 Agachamentos com saltos + 6 Uchi-Komis21 com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).

O treinamento físico desse período deve ser formado totalmente por cargas de preparação especial. Assim é impor-tante conectar o treinamento de força com a preparação de tatame.

B. Treinamento TécnicoObjetivo: melhora da velocidade específica e velocidade em fadiga compensada.Método: Treinamento Intervalado.Intensidade: PSE = 8.

20. As técnicas utilizadas para complementar o Arranque e Arremesso devem ser aquelas de preferência do atleta, de Koshi-Waza ou Te-Waza, ou ainda o Uchi-Mata (Ashi-Waza).21. As técnicas utilizadas para complementar o agachamento devem ser aque-las de preferência do atleta, de Ashi Waza.

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Volume: 18-30 séries de 1 min. (Tempo total da sessão, em torno de 70 min.).Pausa: ativa de 1 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios22:6-10x 1 min. movimentação com ataques de Renraku--Renka-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), a cada 10s, sendo o primeiro movimento uma técnica de Ashi-Waza. Variar posições, lado e direção dos ataques – 1 min. de pausa.6-10x 1 min. treinamento de defesa e esquiva, com realização de Kaeshi-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), com ações a cada 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 1 min. de pausa. 6-10x 1 min. treinamento de passagens para o Ne-Waza, em transição do Tachi-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), com ações a cada 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 1 min. de pausa.

C. Treinamento Tático IObjetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.Método: HIIT.Intensidade: PSE = 9-10.Volume: 26-42 séries de 20 a 40s (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.).Pausas: passivas de 10s a 20s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

22. A utilização de colchões auxiliares, é uma estratégia interessante nesse tipo de sessão de treinamento para preservar o Uke e incentivar o Tori a rea-lizar os golpes com o máximo de intensidade.

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Sugestão de Exercícios:Ataque x Defesa23: 4-6x 30s de ação – 15s de pausa + 4-6x 20s de ação – 10s de pausa.Randori24: 3-5x 40s – 10s de pausa (troca de parceiros em todas as rodadas) + 3-5x 30s – 10s de pausaPivô25: 6-10x 30s – 20s de pausaNe-waza26: 6-10x 30s – 15s de pausa (a luta deve iniciar em posições pré-estabelecidas pelo treinador).

D. Planejamento de LutaObjetivo: Traçar estratégias de lutaMétodo: vídeos, debates e demonstração de posições e situações pretendidas e ou esperadas.Intensidade: PSE = 1-2.Volume: 60 min.Pausas: sessão contínua.

Essa sessão de treinamento deve objetivar as estratégias, com participação e debate de treinador e atletas, que serão importantes para a competição alvo, de acordo com os ad-versários e características físicas e técnicas de cada atleta. Ela é um preparativo para o Treino Tático II, que será a sessão em que os planos de luta traçados serão aplicados.

23. Um atleta ataca, enquanto o outro se defende. A cada série as funções são invertidas.24. Determinar um número mínimo de ataques em cada série. Sugestão: 3 ataques.25. Um mesmo atleta lutará contra 10 oponentes diferentes em cada série, sendo que os atletas que forem entrando estarão descansados. 26. É necessário a ênfase de que nesse tipo de treino o principal objetivo é definir a luta ou conseguir uma imobilização (Ossae-Komi-Waza).

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E. Treinamento Tático IIObjetivo: melhora tática e execução dos planos de luta.Método: Simulação de Lutas, com determinações quanto a estratégias (criação de oportunidades de luta).Intensidade: PSE = 8-10.Volume: 3-6 séries de 4-6min.27 (Tempo total da sessão, em torno de 80 min.). Pausas: ativas de 5-10 min. entre as séries.

Sugestão de Exercícios:Randori: 3-6x 4-6 min. – 5 a 10min. de pausa ativa (como a que será realizada em competição).

Esse momento da preparação é crucial para o bom desempenho do atleta. Antes dessa sessão, é importante que o treinador instrua Tori e Uke para que se com-portem conforme o pretendido, variando funções durante o treinamento. É importante que os parceiros simulem estilos, pegadas, movimentações, golpes e demais dificuldades espe-radas para que os planos de luta sejam colocados em prática, minimizando as chances de surpresas durante a competição principal e maximizando as criações de oportunidades de ata-que (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015).

Microciclos 6 e 7:A. Treinamento físicoObjetivo: Melhora da Força Rápida (Potência)Método: Complex TrainingIntensidade: 50-60% de 1RM

27. Escolher aleatoriamente 1 ou 2 lutas que tenham um tempo maior, pen-sando em possível Golden Score.

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Volume: 8-16 séries de 6 a 8 repetiçõesPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: 2-4x 8-12 Flexão de braço em pliometria + 12 Kusushis (6 para cada lado), em máxima velocidade de execução. 2-4x 4-6 Arremesso (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi--Komis (Koshi-waza ou Te-Waza) com projeção em má-xima velocidade (3 para cada lado).2-4x 4-6 Arranque (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi--Komis (Koshi-waza ou Te-waza) com projeção em má-xima velocidade (3 para cada lado).2-4x 4-6 Saltos Profundos + 6 Uchi-Komis (Ashi-Waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).

B. Treinamento TécnicoObjetivo: melhora da velocidade específica e velocidade em fadiga compensada.Método: Treinamento Intervalado.Intensidade: PSE = 6-8.Volume: 12-20 séries de 1 min. (Tempo total da sessão, em torno de 50 min.).Pausa: ativa de 1 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:3-5x 1 min. movimentação com ataques de Renraku--Renka-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), a cada 10s, sendo o primeiro movimento uma técnica de Ashi-Waza. Variar posições, lado e di-reção dos ataques – 1 min. de pausa.

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3-5x 1 min. movimentação com ataques de Renraku--Renka-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), a cada 10s, sendo o segundo movimento uma técnica de Ashi-Waza. Variar posições, lado e direção dos ataques – 1 min. de pausa.3-5x 1 min. treinamento de defesa e esquiva, com realização de Kaeshi-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), com ações a cada 15s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 1 min. de pausa. 3-5x 1 min. treinamento de passagens para o Ne-Waza, em transição do Tachi-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), com ações a cada 15s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 1 min. de pausa.

C. Treinamento Tático Objetivo: melhora tática e aplicação dos planos de luta.Método: HIIT.Intensidade: PSE = 8-10.Volume: 26-42 séries de 20 a 40s (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.).Pausas: passivas de 10s a 20s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:Ataque x Defesa: 4-6x 30s de ação – 15s de pausa + 4-6x 20s de ação – 10s de pausa.Randori: 3-5x 40s – 15s de pausa (troca de parceiros em todas as rodadas) + 3-5x 30s – 10s de pausaPivô: 6-10x 30s – 20s de pausaNe-waza: 6-10x 30s – 15s de pausa (a luta deve iniciar em posições pré-estabelecidas pelo treinador).

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Por estarem programadas competições de controle nessas semanas, sugere-se que o treinamento tático contemple partes da luta e não a luta propriamente dita, já que ela será treinada em intensidade máxima nesses eventos previstos.

D. Treinamento de FlexibilidadeObjetivo: manutenção da flexibilidade, atividade com-pensatória e profilática.Método: alongamento estático ativo.Intensidade: amplitude máxima.Volume: 1x 1 min. cada posição.Pausas: passiva 10s entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:Alongamento geral (para todo o corpo).

E. Planejamento de LutaObjetivo: melhorar estratégias de lutaMétodos: vídeos, debates e demonstração de posições e situações pretendidas e ou esperadas.Intensidade: PSE = 1-2.Volume: 60 min.Pausas: sessão contínua.

Essa sessão de treinamento deve objetivar as estratégias, com participação e debate de treinador e atletas, que serão importantes para a competição alvo, de acordo com os adversários e características físicas e técnicas de cada atleta. Ela é um preparativo para as competições de controle, que serão os momentos em que os planos de luta traçados serão avaliados em situação real.

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F. Competições de ControleObjetivo: controle da evolução do atleta.Método: competição.Intensidade: máximaVolume: de 3 a 6 lutas.Pausas: mínimo de 5 min. entre as lutas.

As competições de controle devem ser planejadas nesse momento para uma leitura apropriada da real condição geral do atleta. É importante que elas sejam de um nível maior do que as competições de avaliação, sendo esse o momento ideal para verificar se as estratégias (plano de luta) serão efetivas, para serem reforçadas, ajustadas ou alteradas.

Assim como as competições de avaliação, as com-petições de controle devem ser consideradas parte do trei-namento e não como o principal objetivo do atleta no ano. Entretanto, nesse momento da preparação, o atleta já deve ter uma boa participação nesses eventos, levando em con-sideração a fadiga ocasionada pela semana de treinamento.

Caso existam competições importantes, porém se-cundárias ou classificatórias para a competição alvo, a pre-paração deve ser programada para que esses eventos ocorram nesse período de treinamento, pois se o atleta almeja resultados maiores, ele já deve, nessa fase, ter condições de concluir esses objetivos secundários com êxito. Entretanto, nesses ca-sos a semana do atleta deve ser ajustada para que ele possa competir totalmente descansado.

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Microciclos 8-10:A. Treinamento físico IObjetivo: Melhora da Força Rápida (Potência)Método: Complex TrainingIntensidade: 50-60% de 1RMVolume: 8-16 séries de 6 a 8 repetiçõesPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: 2-4x 8-12 Flexão de braço em pliometria + 12 Kusushis (6 para cada lado), em máxima velocidade de execução. 2-4x 4-6 Arremesso (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi--Komis (Koshi-waza ou Te-Waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).2-4x 4-6 Arranque (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi-Komis (Koshi-waza ou Te-waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).2-4x 4-6 Saltos Profundos + 6 Uchi-Komis (Ashi-Waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).

B. Treinamento físico IIObjetivo: Manutenção dos níveis de força máximaMétodo: Complex TrainingIntensidade: 100-110% de 1RM (auxílio na fase concêntrica)Volume: 9-12 séries de 1 repetiçãoPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: 3-4x 1 Supino + 12 Uchi Komis (Koshi-waza ou Te--Waza - 6 para cada lado) com projeção e com resistência, realizados com potência e velocidades máximas.

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3-4x 1 Remada Curvada + 12 Uchi Komis (Koshi-waza ou Te-Waza - 6 para cada lado) com projeção e com resis-tência, realizados com potência e velocidades máximas. 3-4x 1 Agachamento Completo + 12 Uchi Komis (Ashi Waza ou Sutemi Waza - 6 para cada lado) com pro-jeção e com resistência, realizados com potência e velocidades máximas.

C. Treinamento TécnicoObjetivo: melhora da velocidade específica e velocidade em fadiga compensada.Método: Treinamento Intervalado.Intensidade: PSE = 7-8.Volume: 24-30 séries de 1 min. (Tempo total da sessão, em torno de 70 min.).Pausa: ativa de 1 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:8-10x 1 min. movimentação com ataques a cada 10s (em máxima velocidade e potência de execução), usando golpes de preferência, alternando a direção dos ataques – 1 min. de pausa.8-10x 1 min. movimentação com ataques a cada 10s (em máxima velocidade e potência de execução), usando combinações, sendo o último, um golpe de preferência, alternando a direção dos ataques– 1 min. de pausa.8-10x 1 min. treinamento de passagens de preferência, para o Ne-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), com ações a cada 10s, alternando o lado dos ataques – 1 min. de pausa.

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Nessa fase do treinamento, a parte técnica deve estar totalmente direcionada ao planejamento de luta traçado para a competição alvo. Dessa maneira, as técnicas enfatizadas deverão ser única e exclusivamente aquelas que o atleta já domina com maestria e irá utilizar efetivamente.

D. Treinamento Tático IObjetivo: melhora tática e execução dos planos de luta.Método: simulação de lutas28, com determinações quanto a estratégias.Intensidade: PSE = 9-10.Volume: 3-6 séries de 4-5 min. (Tempo total da sessão, em torno de 80 min.). Pausas: ativas de 5-10 min. entre as séries.

Sugestão de Exercícios:Randori situacional: 3-6x 4-5 min. – 5 a 10min. de pausa ativa (como a que será realizada em competição).

Antes dessa sessão, é importante que o treinador instrua os atletas para que esses reproduzam situações que ele espera que ocorram na competição alvo, pensando nos adversários de cada um. Dessa maneira focar em determinadas posições, pegadas, golpes e combinações são estratégias válidas para essa fase do treinamento.

E. Treinamento Tático IIObjetivo: melhora tática e aplicação dos planos de luta.Método: HIIT.Intensidade: PSE = 10.

28. É importante estar atento para que os atletas treinem em máxima inten-sidade possível.

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Volume: 20-32 séries de 20 a 40s (Tempo total da sessão, em torno de 50 min.).Pausas: passivas de 10s a 20s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:Ataque x Defesa29: 4-6x 30s de ação – 15s de pausa + 4-6x 20s de ação – 10s de pausa.Randori: 3-5x 40s – 15s de pausa (troca de parceiros em todas as rodadas) + 3-5x 30s – 10s de pausaNe-waza: 6-10x 30s – 15s de pausa (a luta deve iniciar em posições pré-estabelecidas pelo treinador).

F. Planejamento de LutaObjetivo: melhorar estratégias de lutaMétodos: vídeos, debates e demonstração de posições e situações pretendidas e ou esperadas.Intensidade: PSE = 1-2.Volume: 60 min.Pausas: sessão contínua.

Essas sessões de treinamento devem levar em consi-deração as análises realizadas nas competições de controle, pensando nos últimos ajustes para a competição principal.

G. Treinamento de FlexibilidadeObjetivo: manutenção da flexibilidade, atividade com-pensatória e profilática.Método: alongamento estático ativo.Intensidade: amplitude máxima.

29. Usar os treinos de planos de luta para ajustar as estratégias traçadas.

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Volume: 1x 1 min. cada posição.Pausas: passiva 10s entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:Alongamento geral (para todo o corpo).

Mesociclo IV - CompetitivoO principal objetivo desse mesociclo é promover a

supercompensação, fazendo com que o atleta chegue em sua melhor forma no dia da competição, sem fadiga residual. A composição desse mesociclo consta na Tabela 14:

Tabela 12. Organização Microciclos Competitivo

Dias da Semana Microciclo 1 Microciclo 2Segunda Treino Físico Treino Técnico

Terça Treino Tático DescansoQuarta Descanso Plano de LutaQuinta Treino Tático DescansoSexta Descanso Descanso

Sábado Treino Físico Competição AlvoDomingo Descanso Competição Alvo

Microciclo 1 e 2:A. Treinamento TécnicoObjetivo: ajustes finais e manutenção da velocidade específica. Método: Treinamento Intervalado.Intensidade: PSE = 7.

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Volume: 20-30 séries de 1 min. (Tempo total da sessão, em torno de 70 min.).Pausa: ativa de 1 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:10-15x 1 min. movimentação com ataques livres (com-binações ou golpes diretos) a cada 15s (em máxima velocidade de execução), usando técnicas de prefe-rência (para os últimos ajustes) e que serão utilizados na competição alvo. 10-15x 1 min. movimentação com ataques livres a cada 15s, em transição para o Ne-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), usando as principais estratégias planejadas para esse tipo de situação – 1 min. de pausa.

B. Treinamento físicoObjetivo: Manutenção dos níveis de força rápidaMétodo: Complex TrainingIntensidade: 50-60% de 1RM (velocidade máxima de execução)Volume: 8-12 séries de 4 a 6 repetiçõesPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: 2-3x 4-6 Supino + 12 Uchi-Komis30 (Koshi-waza ou Te--Waza) de força (6 para cada lado), em trios com ajuda do parceiro, em máxima velocidade de execução e potência. 2-3x 4-6 Clean + 12 Uchi-Komis 31(Koshi-waza ou Te-Waza) de força (6 para cada lado), em trios com ajuda do par-ceiro, em máxima velocidade de execução e potência.

30. Golpe escolhido dentro das técnicas de preferência (Tukui-waza)31. Golpe escolhido dentro das técnicas de preferência (Tukui-waza)

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2-3x 4-6 Remada Curvada + 12 Uchi-Komis 32(Koshi--waza ou Te-Waza) de força (6 para cada lado), em trios com ajuda do parceiro, em máxima velocidade de execução e potência. 2-3x 4-6 Agachamentos + + 12 Uchi-Komis 33(Ashi-Waza) de força (6 para cada lado), em trios com ajuda do par-ceiro, em máxima velocidade de execução e potência.

C. Treinamento TáticoObjetivo: ajuste tático e treino de velocidade específica.Método: simulação de situações de lutas (resolução de problemas)Intensidade: PSE = 7-8.Volume: 20-30x 30-40s (30 min. aproximadamente)Pausas: passivas de 10s a 20s. entre as séries e 5 min. a cada 10 séries.

Sugestão de Exercícios:Randori Intermitente Situacional: 20-30x 30-40s de si-tuações específicas esperadas na competição alvo - 10s a 20s. entre as séries e 5 min. a cada 10 séries.

Esse tipo de randori deve estimular a resolução rápida de situações que são previstas na competição alvo. O Ukê deve ser orientado a fazer movimentações distintas e o Tori deve conseguir se desvencilhar ou atacar com velocida-de. Algumas posições pré-determinadas devem ser forçadas, sempre exigindo pronta solução e velocidade e potência para solucionar as situações determinadas.

32. Golpe escolhido dentro das técnicas de preferência (Tukui-waza)33. Golpe escolhido dentro das técnicas de preferência (Tukui-waza)

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D. Planejamento de lutaObjetivo: melhorar estratégias de lutaMétodos: vídeos, debates e demonstração de posições e situações pretendidas e ou esperadas.Intensidade: PSE = 1-2.Volume: 60 min.Pausas: sessão contínua.

A sessão que antecede a competição deve ser uma revisão sobre as análises feitas e estratégias programadas para que o plano de luta seja executado conforme o pla-nejado. Pontos importantes sobre os adversários devem ser ressaltados.

F. Competição AlvoSendo o principal objetivo da temporada, é nesse even-

to que o atleta deve alcançar a sua melhor performance, atin-gido o resultado programado. A semana que antecede esse evento (microciclo 2) é uma semana recuperativa, para que o atleta alcance sua máxima supercompensação, podendo competir sem nenhuma limitação. É importante durante todo o processo que o peso corporal do atleta esteja controlado para que o corte de peso também não atrapalhe a recupe-ração pré-competição, gerando stress físico e psicológico desnecessário.

Mesociclo V – TransiçãoNas duas semanas após a competição o atleta estará de

folga dos treinamentos. Entretanto o treinador deve incenti-vá-lo a manter-se ativo com atividades físicas recreacionais, feitas com intuito de lazer, desde que longe dos tatames.

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Dependendo do próximo calendário e da saúde do atleta, esse período pode se prolongar por um tempo um pouco maior. Caso tenha lesões advindas da temporada anterior ou da competição alvo, esse é o momento de se curar total-mente, voltando às atividades apenas quando estiver total-mente restabelecido.

Após terminado esse período, se iniciará um novo Ma-crociclo, com um Mesociclo de Pré-temporada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atravessamos um momento de transição, em que o conhecimento científico transcende as cátedras e cada vez mais ecoa nos locais de prática. Sem deixar de reconhecer e absorver as inquestionáveis contribuições, mesmo que empíricas, de muitos técnicos e experts do judô, mais sis-temas devem ser propostos, sob uma ótica racional, com o intuito de instrumentalizar os treinadores dos mais diversos desportos de combate.

A sistematização da preparação desportiva é primordial não apenas para maximizar os resultados, mas também para minimizar as chances de lesão e overtraining.

Ao quantificar e estabelecer cargas de trabalho e intervalos racionais de recuperação, o treinador conse-gue exacerbar a evolução do atleta, ao mesmo tempo que o protege. Essa proteção pode significar uma carreira mais longeva, com mais retorno financeiro, além de uma melhor qualidade de vida ao atleta, após o encerramento de suas atividades competitivas.

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A crescente produção científica relacionada ao judô no Brasil (PESET et al., 2013) e uma melhor qualificação pro-fissional (TAVARES JR, 2014) são fatores que devem contribuir para a atuação dos treinadores da modalidade. Nesse sentido, algumas pesquisas com reconhecidas aplicações práticas precisam de mais atenção, com intenção de instrumentalizar e dar condições mais palpáveis para esses profissionais que atuam diariamente em cima dos tatames, já que pouco ou nada se estudou sobre a realidade dos treinadores, o pla-nejamento e estruturação do treinamento e a aplicação dos diferentes métodos de treinamento no judô brasileiro.

Assim, como em outras partes do mundo, a comunidade acadêmica precisa aproximar-se de técnicos e de atletas para que a produção científica objetive os problemas reais dessa população. Aspectos relacionados à mensuração de volume e intensidade, a compreensão da densidade da carga e conceitos relacionados a orientação e direção da carga e suas aplicações práticas, precisam ser mais discutidos, para que exista contínua evolução na aplicação do treinamento em judô, fazendo com que todos se beneficiem das contribuições da ciência do esporte.

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