ciência, tecnologia e cultura: um novo olhar

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Artigos organizados que tratam da temática de forma abrangente e interessante, ao qual formaram o título Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA:

Um Novo Olhar

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

Conselho Científico / Editorial

Prof. Dr. Carlos Henrique Medeiros de Souza

Prof. Dr. Ed Porto Bezerra

Prof. Dr. Fabrício M. de Almeida

Prof. Dr. Hélio Rosetti Júnior

Prof. Dr. Juliano Schimiguel

Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Junior

Profª Dra. Rita de Cássia Marques Lima de Castro

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA:

Um Novo Olhar

Organizadores

Djalma de Oliveira Bispo Filho Evandro Paulo Bolsoni

Maringá / Paraná, 2013

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

Copyright © 2013. Djalma de Oliveira Bispo Filho, Evandro Paulo Bolsoni

Todos os direitos desta edição reservados à Linkania Editora Rua João Maria de Andrade, 273 – Parque da Gávea – Maringá – CEP 87053-338

www.linkania.org

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REVISÃO Cristiane Oliveira Alves / Evandro Paulo Bolsoni

PROJETO GRÁFICO E CAPA

Evandro Paulo Bolsoni / Gráfica Canadá

DIAGRAMAÇÃO E IMPRESSÃO Gráfica Canadá

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B457 BISPO FILHO, Djalma de Oliveira; BOLSONI, Evandro Paulo. Ciência Tecnologia e Cultura: um novo olhar / Djalma de Oliveira Bispo Filho; Evandro Paulo Bolsoni(Org.) Maringá - Pr.: Linkania Editora, Agosto de 2013. 215 p. 1. Ciência . Tecnologia. 3. Cultura. Brasil. I. Título. CDD 005

Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB-8 nº. 6828

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, total ou parcial, constitui violação da lei n. 9.610/98.

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Sejam bem-vindos a Era das Rupturas

Prof. Ph.D Ricardo Daher Oliveira

O debate acerca de Ciência, Tecnologia e Cultura envolve-nos numa simbiose

cujos princípios nos remetem ao fim e que, cujos fins nos remetem aos

princípios. Não é fácil afirmar que ciência e tecnologia afetam a cultura visto que

ambas emergem antes de tudo do próprio processo cultural.

Em um breve resgate histórico, tomemos a “eolípila”, motor a vapor criado por

Heron de Alexandria nas primeiras décadas da Era Cristã, por volta do ano 60

d.C. cujo propósito nada mais era do que divertir as crianças. Passados quase

1700 anos, por volta de 1776 o então matemático e engenheiro James Watt,

utiliza-se do conceito da máquina a vapor e aplica-o ao processo de manufatura,

constituindo-se ali, o marco da Revolução Industrial.

Desde então, os processos de criação e inovação passaram a conviver com

permanentes rupturas, fossem por revoluções ou mesmo por evoluções. Da

utilização do vapor no processo produtivo, ao primeiro voo controlado feito, em

1906, por Santos Dumont foram necessários apenas 130 anos se comparados aos

1700 da máquina a vapor.

Neste contexto, uma cena me chama atenção todas as vezes que vejo fotos e

filmes relacionados ao voo do 14 Bis, em 1906, no campo de Bagatelle, Paris.

Trata-se da expressão das pessoas que ali estavam. Olhavam-se incrédulos para o

que acontecia. De um lado, os céticos, com a certeza de que o que viam não

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passava de modismo ou loucura de um homem. De outro, os pessimistas, que

certamente alegavam que a altura e a distância percorrida nunca seriam

melhorados. E finalmente um outro grupo, os dos otimistas, cujo evento que ali

acontecia representava o início de uma nova Era nas relações comerciais e de

poder.

Passados pouco mais de cem anos do voo do 14 Bis, temos não somente aviões

para mais de 500 pessoas, mas foguetes para explorações espaciais, aviões

movidos à energia solar, aviões espiões, voos de turismo para fora da atmosfera,

desenvolvimento de máquinas com o uso do magnetismo, carro-avião e outras

invenções na área cujos observadores, lá em 1906, jamais poderiam imaginar

tamanho avanço em tão pouco tempo.

E, isto que presenciamos ate aqui é somente o início. O início de uma Era sem

espaço para os céticos e pessimistas.

Entramos na Era da Nanotecnologia, na Era do DNA, uma Era em que o

homem atingirá muito facilmente uma expectativa de vida de 200 anos, onde as

viagens interplanetárias terão início, onde os carros com seus sensores e GPS hão

de nos conduzir aos locais sem nossas intervenções. Uma Era, em que os

diagnósticos e intervenções cirúrgicas serão feitas por robôs injetados em nossas

veias. Compraremos células-tronco nas farmácias como compramos, hoje, uma

aspirina.

E você? Seja cético ou pessimista, saiba que vai acontecer. Nossos dilemas estão

apenas começando.

Afinal, como se comportará uma sociedade composta de indivíduos com 200 ou

300 anos? Qual será o modelo de educação a ser adotado, qual será o conceito de

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família? Como serão regidos os pactos laborais? Qual será o conceito de riqueza e

pobreza? E a Moeda? E a Economia?

Certamente que estas e outras dúvidas hão de permear toda a sociedade. Mas o

elo criado entre ciência, tecnologia e cultura, já não pode ser rompido.

Estagnado, talvez por contingências humanas, mas jamais extinto.

E, é sobre as relações existentes entre Ciência, Tecnologia e Cultura que esta obra

traz um conjunto de artigos cujo arcabouço teórico aborda temas vitais ao

processo de desenvolvimento do conhecimento humano.

Temas como: Educação, Pesquisa, Especialização, História/Memória, Vida

Saudável, Aprendizagem, Novas Mídias e quebras de paradigmas representam a

nata de todo o processo de revisão do pensamento humano.

Neste sentido, faço votos de uma boa leitura e que, ao final deste livro, você

venha a fazer parte do grupo dos otimistas cujo pensamento edifica a ideia de

que a Educação não é a melhor forma, mas a única forma de alcançarmos uma

melhor qualidade de vida.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES DUCACIONAIS.......................................................................................................14 CAPÍTULO 2 ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE: VISÃO DE UMA ESPECIA-LIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL NA MODALIDADE A D ISTÂNCIA..............28 CAPÍTULO 3 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET...................................................................................................................................46 CAPÍTULO 4 PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP......................................................................................................................................................72 CAPÍTULO 5 PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE?..................................................................................................................90 CAPÍTULO 6 HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES............................................102 CAPÍTULO 7 AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO...............................................................................................................................................................122 CAPÍTULO 8 MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA.....................................132 CAPÍTULO 9 A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS..........................................................................................................................................................142 CAPÍTULO 10 A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS...................................................................................................................................................156 CAPÍTULO 11 MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA...............................................174 CAPÍTULO 12 NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCAÇÃO................................................................................184

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CAPÍTULO01

EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA:ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E

AS POSSIBILIDADES DUCACIONAIS

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EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O

LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS

Hélio Rosetti Júnior

José Adilson dos Santos Guerra

José Maria Vieira da Fonseca

Juliano Schimiguel

Rita de Cássia Frenedozo

Carmem Lúcia Costa Amaral

Djalma de Oliveira Bispo Filho

O trabalho educacional apresenta-se como uma atividade complexa e problemática nas

suas diversas áreas de abrangências. O conteúdo a ser ministrado nas aulas não pode estar

voltado para memorizar conceitos em que o aluno não consegue estabelecer relação com a

realidade na qual está inserido, orientados apenas a responder "corretamente" algumas

perguntas sem fazer nenhuma reflexão sobre os conhecimentos estudados.

Vaniel e Bemvenuti (2006) observaram que a maioria dos livros não faz a relação

necessária da teoria com a prática, sequer mostram a importância que os conteúdos têm com o

cotidiano do aluno.

O verdadeiro aprendizado está além da sala de aula e dos livros didáticos. Ocorre no

cotidiano, no trabalho, em casa, na comunidade, no cinema, no clube, no lazer, nos momentos

de leitura e reflexão, nos jogos e brincadeiras, nos passeios educativos e excursões.

Para que se atinja este tipo de formação é necessária uma nova postura do professor,

promovendo atitudes criativas e críticas, ao invés de conceber o ensino como um processo de

transmissão de informações por meio de “macetes” e de memorização.

A prática docente, enquanto atividade de pesquisa, proporciona testar novas

possibilidades decorrentes de inquietações e redimensioná-las para que possam contribuir para

a construção de conceitos e atitudes a partir dos significados atribuídos aos conteúdos

estudados. Segundo Demo (1998), é necessário fazer da pesquisa uma atitude cotidiana no

professor e no aluno.

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O objetivo de uma pesquisa pode ser o de testar uma lei científica, ilustrar ideias e

conceitos aprendidos nas “aulas teóricas”, descobrir ou formular uma lei acerca de um

fenômeno específico, “ver na prática” o que acontece na teoria, ou aprender a utilizar algum

instrumento ou técnica de laboratório específico.

A seguir, serão abordadas algumas aplicações práticas e epistemológicas da matemática,

química e biologia no ensino de ciências.

MATEMÁTICA NA PRÁTICA COTIDIANA

A matemática como ciência encontra-se no cotidiano das pessoas e das comunidades.

Ensinar os fundamentos de matemática tem sido um desafio para o sistema educacional

brasileiro. Historicamente, os resultados de desenvolvimento dos alunos têm sido ruins, com

elevadas taxas de reprovação e retenção, por conta das enormes barreiras de aproveitamento

enfrentadas pelos estudantes.

Implementar estratégias educacionais e pedagógicas que levem o ensino de matemática

para a maioria dos alunos, vem sendo um desafio para educadores e gestores da educação, na

perspectiva de proporcionar a evolução plena dos jovens no contexto educacional brasileiro.

Nesse contexto, a escola não pode ignorar as novas linguagens e modelos matemáticos1

tão presentes no mundo dos educandos. Diante disso, é fundamental que as práticas e os

conteúdos ministrados em aula estejam em sintonia com as novas exigências do mundo em

que vivemos, para que a educação não seja algo distante da vida dos alunos, mas, ao contrário,

seja parte integrante de suas experiências para uma existência melhor. Rosetti (2003, p. 35)

enfatiza que:

Escolher e modular as atividades de aprendizagem é uma

competência profissional essencial que supõe não apenas um bom

1 Um modelo matemático é uma representação ou interpretação simplificada da realidade, ou uma interpretação de um fragmento de um sistema, segundo uma estrutura de conceitos mentais ou experimentais. Um modelo apresenta apenas uma visão ou cenário de um fragmento do todo. Normalmente, para estudar um determinado fenômeno complexo, criam-se vários modelos. Os modelos matemáticos são utilizados na prática em todas as áreas científicas, por exemplo, na biologia, química, física, economia, engenharia e na própria matemática pura. Para representar um fenômeno físico complexo pode-se utilizar: modelos físicos, modelos matemáticos ou modelos híbridos de variados tipos.

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conhecimento dos mecanismos gerais de desenvolvimento e de

aprendizagem, mas também um domínio das didáticas das disciplinas.

Modelar matematicamente problemas do cotidiano dos alunos tem sido uma boa

alternativa para a aprendizagem de matemática.

NA ESCOLA

Um exemplo já utilizado com êxito dessa ação educacional é a prática de se ensinar

geometria com fita métrica e régua no ambiente da escola. Medindo-se as figuras geométricas

dos espaços da escola é possível identificar as dimensões dos lados e das áreas dessas figuras.

Dessa forma, o piso da sala nos fornece um retângulo, com o qual é possível calcular

sua área e quantos alunos, carteiras ou mesas ele pode reunir. A própria mesa do professor

pode ser objeto de medida em seu tampo retangular e seus lados, com cálculos de suas

dimensões.

Exemplo de questões a serem exploradas:

Quantos livros podem ser colocados sobre a mesa?

Quantas mesas podem ser colocadas na sala de aula?

Quantas pessoas cabem na sala?

A base do tambor da lixeira nos fornece um círculo. A quadra de esportes poliesportiva nos dá

várias figuras com suas marcações. A medição dessas figuras é uma atividade lúdica e

envolvente com figuras geométricas.

Exemplo de questões a serem exploradas:

Quantos alunos podem ser colocados na quadra?

Quantos tambores de lixo cabem no espaço para a lixeira?

Quantas quadras cabem no terreno da escola?

Os jardins podem ter formatos de figuras planas diversas. Tudo isso pode ser reunido

em plantas confeccionadas nas aulas, com cálculos das diversas dimensões e aplicações, na

prática, das propriedades geométricas.

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Exemplo de questão a ser explorada:

Quantas plantas podem ser colocadas no jardim?2

Esse tipo de aplicação prática e epistemológica3 da matemática promove a curiosidade

dos alunos acerca dos estudos das quantidades no mundo em que vivem, com uma visão

aplicada da matemática.

Dessa maneira, exercícios em casa, com desenho da planta baixa das residências de

cada aluno, com as diversas dimensões, fazem com que se leve a matemática para o ambiente

do lar dos estudantes, envolvendo também os familiares nessa atividade. Tudo isso permite ao

aluno conhecer melhor o espaço onde mora e estuda.

Esse trabalho tem a possibilidade de resgatar a autoestima dos alunos, numa disciplina

em que os índices de reprovação são elevados com grande desistência no cotidiano escolar.

Com o grande avanço tecnológico e a facilidade oferecida pela tecnologia de

informação, a utilização de modelos matemáticos deixou de ocorrer esporadicamente para se

tornar parte integrante e inseparável da vida do cidadão comum em todos os instantes, em

apoio às diversas ações e relações na comunidade.

Nesse contexto, a Matemática não pode continuar sendo um fator de exclusão do

sistema escolar brasileiro, num contexto informatizado em que as linguagens nos veículos de

informação são carregadas de signos lógicos quantitativos. Incrementar os currículos e

programar as práticas educacionais no cotidiano das escolas tem o significado de inserir, de

forma generosa, uma parcela significativa da nossa população no ambiente numérico da

sociedade contemporânea e da vida do nosso país.

Com ciência da vida

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio (MEC, 1999)

propõem que o ensino de ciências deve propiciar ao educando compreender as ciências como

construções humanas, entendendo como elas se desenvolvem por acumulação, continuidade

2 Essas questões podem ser debatidas de forma interdisciplinar, envolvendo disciplinas como biologia, química, geografia etc. 3 Aqui no sentido de Epistemologia ou teoria do conhecimento, ciência, conhecimento; um ramo da Filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.

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ou ruptura de paradigmas, relacionando o desenvolvimento científico com a transformação da

sociedade (p. 107).

Muitos docentes de ciências, tanto no ensino fundamental como no ensino médio,

abordam os conteúdos programáticos de forma fragmentada, sem fazer nenhuma correlação

com conteúdos anteriores, levando o aluno a decorar conceitos em que o mesmo não

consegue estabelecer nenhuma relação com a realidade na qual está inserido e objetivando

apenas a responder "corretamente" algumas perguntas sem fazer nenhuma reflexão sobre os

conteúdos estudados.

Justificam tal procedimento por muitas vezes estarem sobrecarregados de horas/aula e

“sem tempo” para elaborar ações além do conteúdo do livro didático.

Em geral acreditam que a melhoria do ensino de ciências passa pela introdução de aulas

práticas no currículo e a necessidade de criar laboratórios com equipamentos especiais para a

realização de trabalhos experimentais, o que particularmente não concordo.

Muitos trabalhos práticos podem ser desenvolvidos em qualquer sala de aula, sem a

necessidade de instrumentos ou aparelhos sofisticados, o importante não é a manipulação de

instrumentos sofisticados e sim o envolvimento comprometido com a busca de

respostas/soluções bem articuladas para as questões abordadas, é encontrar novas maneiras de

usar as atividades prático-experimentais de forma criativa e com propósitos bem definidos,

mesmo sabendo que isso não é a solução para os problemas relacionados com a aprendizagem

de ciências.

Considerando a realidade dos professores e alunos, este artigo traz propostas de

atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula ou em ambiente externo (parques,

reservas, museus etc.) com grandes chances de proporcionar o estabelecimento de um

programa de investigação no qual alunos e professores possam desenvolver conceitos.

As sugestões propostas para um trabalho, além do livro didático, podem ser adaptadas

aos diversos níveis de escolaridade.

Proposta I - O lixo nosso de cada dia.

Objetivo: despertar e conscientizar os alunos sobre a problemática do lixo em sua escola e em

sua cidade para que possam agir e buscar soluções.

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Atividades:

- Sensibilizar a comunidade escolar (direção, coordenações, professores e serviçais) propondo a

participação de todos no trabalho a ser realizado.

- Levantar a quantidade de lixo (Kg/dia) produzido na escola, durante uma semana.

- Confeccionar gráficos que retratem os dados obtidos durante a semana (não divulgar!).

- Deixar de proceder a limpeza e coleta do lixo da escola por 48 horas.

- Proceder a limpeza e coleta do lixo produzido durante as 48 horas e pesá-lo.

- Confeccionar e aplicar um questionário/diagnóstico, no dia seguinte após a limpeza, com

objetivo de colher dados a respeito da repercussão do fato.

- Análise dos questionários respondidos e divulgação, por meio de gráficos, dos pontos mais

relevantes da análise.

Aprofundamento do tema:

A partir dessa análise, todos os professores que aceitaram a participar do projeto

podem solicitar que os alunos tragam informações “ambientais” contidas nas diferentes fontes

(internet, jornais, revistas, artigos, resenhas, TV), selecionar alguns desses materiais e explorá-

los com embasamento científico, por meio de palestras, grupos de discussão ou seminários.

Proposta II - GD (Grupo de Análise e Discussão de Textos).

Objetivo:

Resoluções de problemas e compreensão de processos importantes que envolvem os

conteúdos abordados em sala.

Atividades:

1

Seleção de textos (artigos, resenhas, revistas, jornais, Web) que envolvam os conteúdos

abordados em sala; formação de grupos que irão analisar e discutir com a turma o tema

abordado, orientados pelo professor.

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2

Responder perguntas relevantes ao conteúdo ministrado, podendo ser respondido

individualmente ou em grupo, para posterior análise do professor, devolução e discussão em

sala.

Exemplos:

- De que modo agem as pílulas contraceptivas conhecidas como “Pílula do Dia Seguinte”?

- Por que as células vermelhas do sangue humano não têm núcleo?

- O que é a dor?

- Como agem os medicamentos no nosso organismo?

- Por que não fumar?

- Por que as aranhas não se enrolam na própria teia?

- O escorpião se suicida na presença do fogo?

Proposta III – Ver para crer.

Objetivo: proporcionar o contato direto com o(s) objeto(s) de estudo de modo a obter, na

prática, o máximo de informações e confirmações relativas aos conteúdos estudados.

Atividades:

- Formação de um grupo interdisciplinar de professores que possam construir um roteiro

prático com objetivo de observar e constatar fatos relacionados aos conteúdos ministrados em

sala.

- Preparar, com base no roteiro e objetivos, um grupo de monitores que irão auxiliar o

professor(a) no trabalho de campo.

Sugestão de locais para o desenvolvimento do trabalho:

- Visita ao Zoológico.

- Visita ao horto florestal.

- Visita ao museu de ciências.

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- Caminhadas em trilhas ecológicas.

- Observação de costões rochosos.

- Observação de um rio na região urbana e na região rural.

Química: o surgimento da primeira reação

Ninguém sabe quem descobriu o fogo, mas podemos imaginar o sucesso que ele fez.

Acredita-se que o domínio do fogo abriu o caminho para a civilização, tendo sido a combustão

uma das primeiras reações químicas experimentadas pelo ser humano. As transformações

químicas de uma substância em outra sempre fascinaram a humanidade. A partir delas

surgiram processos que ajudaram a melhorar a vida no planeta. Os egípcios desenvolveram

técnicas de extração de corantes de vegetais e os fenícios, de extração de tintas de moluscos.

Muitos outros desses processos foram desenvolvidos nas civilizações pré-históricas,

como técnicas primitivas de transformações de matérias, as quais muitas vezes eram executadas

como rituais religiosos ou de magia. Essas técnicas ritualísticas foram se somando a

conhecimento de diversos sábios dando origem à alquimia.

Acredita-se que a palavra “alquimia” tenha se originado nessa época. Alguns

consideram que ela teve origem na civilização egípcia, advinda da palavra Khemeia, arte

relacionada com mistérios, superstições, ocultismo e religião. Outra hipótese é que tenha

surgido da palavra grega Chyma, que significa fundir ou moldar metais.

A Química como Ciência experimental

Medir, pesar, testar, provar. Esse foi o novo jeito de fazer ciência no estudo da

Química que nasceu a partir dos trabalhos de Lavoisier. Foi uma das primeiras grandes

mudanças de paradigmas da história da Ciência. Paradigma é o padrão ou modelo que norteia

nosso modo de viver, trabalhar, fazer ciência. E é pela mudança de paradigmas que a Ciência

se desenvolveu, segundo o físico e filósofo alemão Thomas Kuhn (1922-1996). Essa mudança

é chamada de revolução Científica, conforme Reis (1996).

Os historiadores divergem quanto ao período e aos fatos que marcaram a Revolução

Química. Porém, muitos concordam que essa revolução culminou com a publicação do

trabalho de Lavoisier, Traité élémentaire de Chimie (tratado elementar de Química) em 1789.

Podemos destacar vários fatores que caracterizaram a revolução no conhecimento químico:

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• Aumento no uso preciso de métodos quantitativos (baseados em medidas de

quantidade e não simplesmente de qualidade).

• Substituição da teoria do flogístico pela teoria da reação com o oxigênio.

• Definição de elemento químico, substância e mistura.

• Estabelecimento de um novo sistema de nomenclatura química.

• Abandono da ideia de ar como elemento.

As explicações que tinham certo caráter “mágico” foram cedendo lugar às explicações

científicas, baseadas em experiências. Se considerarmos o trabalho de Lavoisier como marco

dessa revolução, a Química tem pouco mais de duzentos anos. É uma Ciência nova.

Como vimos, a mudança no modo de estudar os processos químicos que determinou o

surgimento da Química como ciência experimental é denominada pelos historiadores de

Revolução Química. Essa revolução ocorreu quando os químicos passaram a ter um método

característico de investigação, uma linguagem própria e um sistema lógico de teorias para

explicar seus processos.

O contexto histórico daquela época, caracterizado por profundas mudanças culturais e

sociais como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, contribuiu para o estabelecimento

da Química como Ciência. Os iluministas defendiam novas formas de compreender o

Universo, por novos métodos, como os usados por Lavoisier. E a Revolução Industrial fez que

muitas pesquisas científicas fossem financiadas para desenvolver novas tecnologias.

Isso contribuiu para que uma comunidade de pesquisadores começasse a adotar uma série

de atitudes que caracterizaram o trabalho científico. Outra característica que sempre esteve

presente nessa comunidade é o crédito na descoberta científica. A descoberta do oxigênio, por

exemplo, foi reivindicada por três químicos: o sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786), que

gerou tal gás entre os anos de 1770 a 1773; o inglês Joseph Priestley (1733-1804), que preparou

o gás em 1774, provavelmente sem conhecer o trabalho de Scheele; e o Francês Lavoisier, que

explicou a combustão pelo oxigênio, conforme Feltre (1992).

Do que trata a Química, então?

A Química estuda as transformações que envolvem matéria e energia. A Química é

uma ciência em constante renovação e para nos fazer benefícios só precisa ser tratada com

critério e responsabilidade.

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Se prestarmos atenção a nossa volta iremos notar que um número imenso de

transformações está ocorrendo todo momento.

Muitas são naturais, ocorrem sem que o homem tenha que interferir, como a digestão

de um alimento em nosso corpo, a formação de petróleo, o amadurecimento de uma fruta na

árvore, a decomposição de organismos mortos, o crescimento de um cristal em uma caverna.

Outras Transformações só ocorrem com a interferência do homem, como na produção

de plásticos que dão origem a utensílios domésticos, fibras têxteis usadas nas confecções,

papéis que permitem as escritas, tintas que se aplicam em objetos, aço que produz diversos

equipamentos, metais utilizados na fabricação de utensílios, processos de curtição de peles de

animais que são transformados em vestimentas e tantas outras coisas definitivamente

incorporadas no nosso dia a dia, segundo Wildson (2005).

Todas as transformações que modificam a natureza da matéria são por definição de

processos químicos, independentemente de serem naturais ou de serem controladas pelo

homem. O objetivo de todo químico é entender exatamente como as transformações ocorrem,

conhecer os princípios básicos que regem as transformações para prever quando uma

transformação é possível ou não e quando sua reprodução em grande escala é viável.

Os princípios que iremos investigar são frutos da observação e da experimentação que

o homem vem acumulando há séculos, não são verdades absolutas ou acabadas. Há muito

ainda o que observar, experimentar e descobrir.

É lamentável que nem sempre o bom senso prevaleça e muitas atividades químicas

acabem em acidentes e poluição. Mais lamentável ainda é saber que muitos países destinam

verbas vultosas à pesquisa de armamentos e quase nada à pesquisa de remédios ou produção

de alimentos. Importante é perceber que essa má utilização do conhecimento da Química é um

problema político e só será resolvido com a interferência de uma sociedade bem informada e

atuante.

“A ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanidade”. Albert

Einstein (1879-1955).

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QUÍMICA FORA DA SALA DE AULA - “O QUE É QUÍMICA” ATRAVÉS DO

ESTUDO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS

Objetivos

• Associar a Química como ciência.

• Entender o papel social da Química.

• Discutir as funções dos cientistas “Químicos”.

• Estudar e levantar hipóteses para melhor compreensão de técnicas como observações,

medidas, notações...

• Estudar e compreender as leis, teorias.

Ponto de partida

A introdução à química será estudada a fim de permitir que todos os alunos exponham

conhecimento prévio do assunto abordado. Nesse sentido, a aula deve funcionar como um

estímulo ao estudo das aplicações científicas. No entanto, este tema é excelente para ilustrar o

tópico da importância da ciência “Química” para com a sociedade.

Já o método científico será estudado a fim de permitir que todos os alunos exponham

conhecimento prévio do assunto abordado. Nesse sentido, a aula deve funcionar como um

estímulo ao estudo das técnicas científicas. No entanto, este tema é excelente para ilustrar o

tópico “importância do avanço da ciência Química”, para com a sociedade.

Estratégias:

• Será pedido para que leiam individualmente um texto introdutório.

• Após a leitura serão expostos os pontos de vistas e suas opiniões.

• Deverá ser apresentados locais que se aplicam e a importância da ciência “Química”

em nossa sociedade.

• Estudar e levantar hipóteses para melhor compreensão de técnicas como observações,

medidas, notações...

• Estudar e compreender as leis, teorias.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Obs.: a sala será dividida em duas partes em que uma defenderá o uso da ciência e a outra

criticará.

Motivação

O professor se apresentará caracterizado de cientista apresentando a evolução da

Química através dos tempos abordando épocas diferentes e variados equipamentos.

Já para o método científico o professor levará para a aula copos de vidro contendo:

água à temperatura ambiente e outro contendo água com pedras de gelo. Cada equipe deverá

apontar os fatos acontecidos (formação de água no lado de fora do copo) e justificá-los por

meios científicos4.

Conforme Tamir (1991), um dos principais problemas com as atividades práticas de

ciências é que se pretende atingir uma variedade de objetivos, nem sempre compatíveis, com

um mesmo tipo de atividade.

Para que as atividades práticas sejam efetivas em facilitar a aprendizagem, devem ser

cuidadosamente planejadas, levando-se em conta os objetivos pretendidos, os recursos

disponíveis, as ideias prévias dos alunos sobre o assunto, o tempo necessário para execução das

atividades propostas no roteiro e aspectos ligados à segurança (BORGES, 2002).

Atualmente, a busca daqueles que investigam novos rumos para o ensino de ciências

não está apenas na superação da mera descrição de teorias, experiências, teoremas e postulados

científicos, nem na visão somente de que o conhecimento é algo que se estrutura

pedagogicamente.

As atenções e focos do processo educacional5 estão, hoje, basicamente, voltados para a

ideia de cidadania, inclusão e para a formação de professores com novos perfis profissionais,

docentes em condições de atuar com uma visão interdisciplinar e transdisciplinar de ciência,

própria das múltiplas e variadas formas de se conhecer e intervir na sociedade moderna.

4 A aula será realizada ao ar livre onde poderá o aluno associar as transformações que os rodeiam. Esse local é uma área junto a uma estufa que o colégio possui conhecida como “fazendinha”. 5 Educação é ato ou efeito de educar, é o processo e desenvolvimento de capacidade física, intelectual e moral do ser humano. Assim, o processo educacional que tem como elementos consagrados o professor, o aluno, a comunidade, o sistema gestor e a família, institucionalizados na escola, necessita de constantes ajustamentos à realidade externa, a fim de cumprir o seu papel na sociedade.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Dessa maneira, as propostas e ações mais adequadas para um ensino de ciências, em

sintonia com esse novo direcionamento, devem possibilitar uma aprendizagem comprometida

com as dimensões aplicadas, sociais, políticas e econômicas que envolvem as relações entre

sociedade, comunidade, escola, ciência e tecnologia.

Procura-se, assim, orientar o ensino de ciências para uma discussão mais prática e

crítica acerca dos processos de produção do conhecimento científico-tecnológico bem como

de seus envolvimentos e relacionamentos na sociedade para a qualidade de vida de cada

cidadão.

REFERÊNCIAS

BORGES, T.A. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Cad. Brás. Ens. Fís., v.

19, n.3: p.291-313, dez. 2002. 291.

FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. São Paulo: Editora Moderna, 1992.

MEC PCN Ensino Médio. Brasília: SEMTEC/MEC, 1999.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes

Médicas Sul, 2000.

REIS, Martha. Química integral. São Paulo: Editora FTD, 1996.

ROSETTI JR., Helio. Não Pare de Estudar. Vitória: Oficina de Letras, 2003.

TAMIR, P. Practical work at school: An analysis of current practice. In: WOOL-NOUGH, B.

(ed.) Practical Science. Milton Keynes: Open University Press, 1991.

ZEPPONE, R.M.O. Teoria e práticas Escolares. 1. ed. Araraquara: JM Editora, 1999.

SANTOS, Wildson L. P. dos. PEQUIS, Química e Sociedade. Volume Único. São Paulo:

Nova Geração, 2005.

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CAPÍ TU

LO02

ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE:VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

MUNICIPAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

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ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE:

VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

MUNICIPAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

Octavio Cavalari Júnior

Juliano Schimiguel

Djalma de Oliveira Bispo Filho

A educação a distância (EAD) é uma realidade no que tange aos métodos e

modalidades de ensino, haja vista as necessidades do Estado de elevar a escolaridade de seus

cidadãos, como também dos alunos por limitações territoriais ou temporais.

Neste capítulo serão discutidas a evolução do ensino na modalidade a distância no

panorama mundial e brasileiro e as interações com um curso de especialização nessa

metodologia e, mais precisamente, a disciplina de Logística, a qual se utiliza de métodos

matemáticos para direcionamentos das estratégias de gestão e do processo decisório.

No que tange a EAD ainda existe um longo caminho a percorrer, principalmente no

que se refere às pesquisas a respeito de como estimular o aluno por meio de sua emoção e

afetividade, no desenvolvimento de seu aprendizado. Na comunicação mediada por tecnologia,

própria da EAD, há a necessidade de serem também afetivos, espirituosos, sérios. Substituir as

antigas brincadeiras de sala, em expressões que correspondam ao sentido da comunicação que

se quer produzir entre aluno, professor e tutor na forma escrita. Consequentemente, é

fundamental que se conheça bem o aluno e seu perfil porque algumas formas de comunicação

e atitudes podem funcionar de forma equivocada ao se emitir ideias e sentimentos, gerando

ruídos de comunicação e não estimulando o propósito educativo (ANDERSON; ELLOUMI,

2011).

Assim sendo, a visão do homem dividido, corpo/mente, matéria/espírito,

cognição/afeto, tem influenciado o pensamento, o conhecimento e a forma de se ensinar por

séculos, e isto afetou o processo educacional, com o domínio do racional sobre o sensorial, o

que impede uma compreensão da totalidade do ser humano (LEITE; TASSONI, 2000).

O estudo que será apresentado foi realizado por meio da metodologia qualitativa por

levantamento bibliográfico, análise documental e de conteúdo do ambiente virtual e, em

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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seguida, trabalhado com focus grupos com os alunos de dez turmas do curso de especialização

em gestão pública municipal, para entender suas percepções acerca da metodologia EAD e o

aprendizado na disciplina de Logística, tendo como objetivo de pesquisa acompanhar as

relações de afetividade e cognição nessa modalidade de ensino.

O resultado, que será apresentado na seção do case da Especialização de Gestão Pública

Municipal, leva a repensar sobre as tecnologias empregadas na educação a distância e a buscar

melhorias nos canais de diálogo, e a afetividade das relações entre a instituição (professor, tutor

e equipe multidisciplinar) e alunos em disciplinas que envolvam métodos quantitativos, como é

o caso da estudada em Gestão em Logística.

2. HISTÓRICO DO ENSINO A DISTÂNCIA – EAD

O ensino a distância é uma metodologia tão atual quanto antiga, segundo relatos de

Nunes (2009), a primeira vez que se teve informações sobre EAD foi a partir da publicação na

Gazette de Boston, EUA, em 1728, que anunciava aulas ministradas por correspondências.

Nunes (2009) ainda destaca que, em meados do século passado, as universidades

Oxford e Cambridge, na Grã-Bretanha, ofereceram cursos de extensão a distância. Logo após

vieram a Universidade de Chicago e de Wisconsin, nos EUA. Em seguida, em 1924, na

Alemanha, é criada a primeira escola de negócios por correspondência. Com o advento da

Segunda Guerra Mundial e a necessidade de capacitação dos recrutas, novos métodos foram

incorporados a EAD, um deles foi o Código Morse. Contudo, somente a partir de meados dos

anos de 1960 é que temos a EAD sendo institucionalizada na educação secundária e superior.

No momento, mais de 80 países, nos cinco continentes, adotam a educação a distância

nos sistemas formais e não formais de ensino, em todos os níveis de escolaridade, dando

acesso à qualificação a milhares de cidadãos (NUNES, 2009).

No Brasil, levantamentos históricos nos levam a inferir que a EAD data de pouco antes

de 1900, mediante cursos profissionalizantes por correspondência. A partir de 1904, com a

consolidação da República, Escolas Internacionais se estabelecem no país com cursos ligados à

conquista de emprego principalmente nas áreas de serviços e comércio (ALVES, 2009;

SARAIVA, 1996).

O grande impulso na educação a distância no Brasil veio acompanhado do rádio;

quando em 1923 é fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cuja principal finalidade era a

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educação popular. Importantes instituições como Instituto Monitor, 1939, e o Instituto

Universal Brasileiro, 1941, reforçaram no país a metodologia a distância como elo entre os

cidadãos e a qualificação. Posteriormente, o cinema e a TV educativa, mais uma vez veículos

de massa, deram novos horizontes a EAD (ALVES, 2009).

Na década de 1970, as universidades instalaram seus primeiros computadores que

tiveram sua gradativa desvalorização monetária, e em seguida a utilização da internet fizeram

com que novos rumos fossem dados ao método de ensino a distância. Contudo, somente a

partir da LDB, de 1996, a EAD passou a ser possível em todos os níveis de escolaridade

(ALVES, 2009).

Atualmente, com a aceleração crescente da educação, temos cada vez mais indistintos

os limites entre disciplinas, instituições e espaços geográficos. O acesso à educação, por meio

da EAD, por modelos diferenciados como as Universidades Corporativas, Universidades

abertas a distância, Teletrabalho e outros faz com que o cenário seja otimista para a utilização

da metodologia EAD (LITTO, 2009).

Desta forma, pode-se repensar o crescimento do ensino a distância na atualidade como

algo inovador, visto que, há algum tempo, essa metodologia tem sido aplicada e adaptada a

questões históricas políticas e sociais.

3. METODOLOGIA EAD

A educação a distância vem sofrendo, desde seu surgimento, modificações tanto na

implementação de novos meios tecnológicos quanto na aplicação de suas metodologias.

Para iniciar a discussão acerca do tema, Marques e Cavalcante (2009) apresentaram o

decreto nº 2494 de 1998 do Ministério da Educação que norteia a EAD, mostrando-a como

uma modalidade de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos

didáticos, sistematicamente organizados, apresentados em diversos apoios tecnológicos.

Ainda para Moore e Kearsley (1996), pode ser definida como métodos em que as ações

dos professores são realizadas à parte das ações dos alunos e para essa comunicação ocorrer

são utilizados meios impressos, eletrônicos, mecânicos e outros.

Já Moran (1994) aponta que o ensino a distância é a metodologia em que o processo de

ensino e aprendizagem é mediado por tecnologias.

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Mesmo com várias definições a EAD pode ser vista de uma forma mais simplificada,

como sendo a forma de metodologia através da qual aluno e professor não utilizam o mesmo

tempo para a promoção do processo de ensino/aprendizagem. Eles utilizam diversos recursos

que vão se modificando e reinventando durante sua história.

A metodologia EAD, no seu desenvolvimento, utilizou-se de vários recursos o

primeiro deles foi a correspondência (PALHARES, 2009), depois o Rádio (DEL BIANCO,

2009), em seguida TV e Cinema (NUNES, 2009), computadores sem rede (VALENTE, 2009),

vídeos, conferências (CRUZ, 2009), computadores com conexão a internet (ALVES, 2009) e

diversos outros. O que não podemos esquecer e que todos esses meios ainda são utilizados de

forma conjunta, dependendo do perfil do público-alvo.

4. AFETIVIDADE E APRENDIZADO

Normalmente, as nuances entre afetividade e aprendizagem são discutidas na

modalidade presencial, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, visto que é

nesse momento inicial que o aluno se depara com as questões formais do ensino. Neste estudo

pretende-se, como já dito anteriormente, entender se na modalidade a distância tal fator ainda é

preponderante para afinar a cognição dos alunos, facilitando seu aprendizado.

Para iniciar a discussão acerca de afetividade e aprendizagem (cognição) um dos

primeiros autores que se pode demonstrar é o teórico Jean Piaget (1896-1980). Em seu

trabalho, publicado a partir de um curso que ministrou na Universidade de Sorbonne (Paris)

no ano acadêmico de 1953-54, "Les relations entre l'intelligence et l'affectivité dans le développement de

l'enfant", o autor indica que, apesar de diferentes em sua natureza, a afetividade e a cognição são

inseparáveis em todas as ações simbólicas e sensório-motoras. Ele observou que toda ação e

pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um

aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade (ARRANTES, 2002).

Ainda seguindo a concordância de Piaget, não existem estados afetivos sem elementos

cognitivos, assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. Quando discute

os papéis da assimilação e da acomodação cognitiva, afirma que esses processos da adaptação

também possuem um lado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em assimilar

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o objeto ao self (o aspecto cognitivo é a compreensão/aprendizado); enquanto na acomodação,

a afetividade está presente no interesse pelo objeto novo (ARRANTES, 2002).

Outro teórico que explica a dicotomia entre os aspectos afetivos e cognitivos é

Vygotsky (1996), destacando que a forma de pensar junto com o sistema de conceito que é

imposto pelo meio que nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. Não sentimos

puramente: o sentimento é entendido por todos sob a forma de ciúme, cólera, ultraje, ofensa.

Assim, não se consegue separar o que se sente do que se aprende.

Seguindo esse raciocínio, como indicam Kohl e Rego (2003), a vida emocional está

conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo

geral. Para essas teóricas, Vygotsky (1991 apud VAN DER VEER, 1996) considera a

valorização do repertório cultural, das experiências e interações com outras pessoas como

imprescindível para a compreensão dos processos envolvidos.

As emoções seriam, portanto, constituintes do processo dialético com um projeto

cognitivo de um sujeito construído também histórica e culturalmente (SERRA, 2005).

Com o papel primordial da linguagem e a importância da interação social para o

desenvolvimento pleno dos indivíduos, os seres humanos operam com base em conceitos

culturalmente construídos que constituem, representam e expressam não só seus pensamentos,

mas também suas emoções (KOHL; REGO, 2003, p. 25).

Sendo assim, ainda segundo as autoras, a imersão dos sujeitos humanos em práticas e

relações sociais define emoções mais complexas e mais submetidas a processos de

autorregulação conduzidos pelo intelecto (SERRA, 2005).

Os afetos em disciplinas que envolvem a matemática, segundo Gómes Chacón

(2003/2000), podem estar ligados a crenças que os alunos têm de forma rígida e negativa sobre

a matemática e sua aprendizagem; outro aspecto é que se eles assimilaram que estudar

matemática é apenas fazer cálculos, no futuro eles apresentarão resistência em tarefas que

exijam pensar.

Desta forma, as condições afetivas, históricas, culturais e sociais interferem no

aprendizado dos alunos e, como neste trabalho retratamos a realidade da educação a distância,

nesse caso também teremos esses fatores contrapondo-se ao processo cognitivo nessa

modalidade de ensino.

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5. MÉTODOS QUANTITATIVOS LIGADOS A DISCIPLINAS DE GESTÃO DE

LOGÍSTICA

As ciências sociais têm por habitual a aplicação de métodos quantitativos no

desenvolvimento de disciplinas dos cursos da área de negócios, principalmente nas que

pretendem de alguma forma prever, estimar ou acompanhar recursos materiais, tangíveis ou

intangíveis, facilitando a atuação profissional e também referências da linguagem e da pesquisa

científica.

De acordo com Teixeira e Pacheco (2005, p. 60), “a área de métodos quantitativos

caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações

quanto no tratamento dessas por meio de técnicas estatísticas”. Os autores reforçam as

limitações da área ao defenderem que o uso de método estatístico para a solução de um

problema não faz generalizações sobre a resolução de todos os outros problemas de mesma

natureza.

Para Lima (2005), os métodos quantitativos mais comumente utilizados pelas ciências

sociais, em geral, são: a programação linear, a análise insumo-produto, modelos para

planejamento e controle de projetos, a teoria da decisão, a análise fatorial, a regressão, a

correlação entre variáveis e as séries temporais. Estes costumam ser os temas recorrentes às

ementas das disciplinas da área, conforme pode-se verificar na ementa da disciplina de

Logística.

No estudo deste artigo o foco é na disciplina de Gestão de Logística que para atingir

seus objetivos práticos de previsão, demanda quantidades, tempos, melhor trajeto etc. Torna-

se necessário a utilização dos métodos quantitativos citados acima.

6. PROGRAMA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP

Nas sociedades democráticas contemporâneas, eficiência, transparência, controle social

e responsabilidade são demandados de todas as esferas da administração pública. A

consolidação da democracia pressupõe o empoderamento do cidadão e da sociedade civil, que

assumem papel cada vez mais relevante na cobrança de resultados das instituições públicas.

Tais resultados devem se traduzir em melhorias efetivas na realidade da população, o que

exigirá melhorias contínuas na qualidade dos serviços e na gestão pública (CAVALARI, 2009).

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A mudança do papel repercutiu no aparelho do Estado no âmbito federal, estadual e

municipal, trazendo demandas gerenciais mais complexas. Isso significa uma administração

mais profissionalizada, exigindo gestores com sólida formação teórico-conceitual nas áreas

sociais, políticas, econômicas e administrativas.

Nesse contexto, o programa nacional de administração publica, PNAP, é um Projeto

do Governo Federal que, por meio da CAPES, tem por finalidade fomentar a qualificação da

população mediante à metodologia EAD, em que são oferecidos o Curso de Bacharelado em

Administração Pública, que está voltado para a formação de egressos capazes de atuar, de

forma eficiente e eficaz, no contexto da gestão pública, atendendo às necessidades e ao

desenvolvimento da sociedade (CAVALARI, 2009).

No estado do Espírito Santo, a Universidade Federal, UFES, optou por oferecer a

especialização com ênfase em saúde e o Instituto Federal, IFES, que é o espaço desse estudo,

respondeu ao edital para coordenar e ofertar à população a especialização de formação em

Gestão Municipal.

O curso teve início em maio de 2010 em dez polos de apoio presenciais nos municípios

de: Vitória, Vila Velha, Colatina, Afonso Claudio, Mimoso do Sul, Domingos Martins, Santa

Tereza, Baixo Guandu, Linhares e Aracruz. Totalizando 420 vagas.

Para o ano de 2011 mais quinze polos foram contemplados pelo curso nos municípios:

Alegre, Bom Jesus do Norte, Cachoeiro de Itapemirim, Conceição da Barra, Ecoporanga,

Itapemirim, Iúna, Mantenópolis, Nova Venécia, Pinheiros, Piúma, Santa Leopoldina, São

Mateus, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante. Totalizando 600 vagas.

No total o PNAP, por meio da CAPES, no IFES irá financiar 1020 vagas para a

formação na especialização em Gestão Pública Municipal até o ano de 2012.

Nesta pesquisa, foram retratadas as percepções dos alunos dos dez primeiros

municípios, os quais já passaram pela disciplina de Logística, que é o foco deste estudo, por se

tratar de um conteúdo para cujo alcance do processo decisório é necessário se lançar mão de

uma base matemática, por meio de levantamentos estatísticos e equilíbrio entre prazos, custos,

disponibilidades e necessidades públicas de produtos ou serviços.

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7. METODOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, por meio de um estudo de caso com

dimensão etnográfica, tendo como instrumento de pesquisa a observação, focus grupos e análise

documental conforme descrito a seguir.

A pesquisa para estudar a EAD e afetividade na visão de um curso de especialização foi

qualitativa, uma vez que segundo Lüdke e André (1986), “... Envolve a obtenção de dados

descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o

processo do que o produto e se reocupa em retratar a perspectiva dos participantes”.

Desta forma, pretende-se obter dados que descrevam a realidade, as necessidades,

limitações, vantagens e desvantagens da metodologia EAD para o curso de especialização em

Gestão Pública Municipal.

O estudo também retrata a dimensão etnográfica, visto que num primeiro momento foi

realizada uma descrição dos significados sociais, econômicos e culturais dos alunos da

especialização, conforme sugere Lüdke e André (1986) “A pesquisa etnográfica é a descrição

de um sistema de significados culturais de um determinado grupo”.

O método utilizado foi o estudo de caso que tem a característica de descrever a

realidade de um determinado contexto, estudando algo singular como o caso da afetividade em

uma disciplina de gestão, a qual utiliza como base para o processo decisório cálculos

matemáticos, utilizando variedades de fontes de informação por meio de uma linguagem mais

simples (LUDKE, ANDRÉ, 1986).

Para o levantamento das informações da pesquisa foram utilizadas quatro tipos de

técnicas: a primeira o focus grupos, que é uma técnica de trabalho no qual um grupo é reunido

com a finalidade de discutir determinado assunto, situação ou demanda e mediante desse

instrumento há a captação imediata e corrente das informações desejadas (LUDKE; ANDRÉ,

1986). O que no caso da pesquisa sugerida é importante, devido à necessidade de levantamento

de dados sobre a realidade dos alunos em situações diferenciadas.

A segunda técnica é a observação que, ao lado da entrevista, também constitui

importante fonte de coleta de dados em abordagens educacionais. A observação também

auxilia a aproximação do pesquisador às respostas do problema de pesquisa levantado

(LUDKE; ANDRÉ, 1986). No que tange a esse estudo, a aproximação ao objeto de pesquisa

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significa entender melhor as limitações, necessidades e, assim, propor interações na modalidade

de ensino estudada.

Em seguida, na pesquisa, foi utilizada a técnica de análise documental e de conteúdo,

uma vez que essa tem por finalidade completar as informações obtidas por outras técnicas,

trazendo à tona outros aspectos relevantes ao trabalho (LUDKE; ANDRÉ, 1986).

Para finalizar a pesquisa, foi utilizado novamente o focus grupos por meio do recurso

tecnológico da Webconferência para alinhar os dados analisados no ambiente virtual com as

falas dos alunos nos polos de apoio presencial.

8. CASE DE UM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

O sujeito deste case é o Instituto Federal do Espírito Santo – IFES - foi criado em 23

de setembro de 1909, no governo do presidente Nilo Peçanha. Regulamentado pelo Decreto

nº 9.070, de 25 de outubro de 1910, foi inicialmente denominado Escola de Aprendizes e

Artífices do Espírito Santo, tendo como propósito a formação de profissionais artesãos, com

ensino voltado para o trabalho manual e oferta educacional de cunho assistencialista.

Atualmente, são 17 campi em funcionamento e mais um em construção (SUETH, 2009).

Como o estudo apresentado está voltado à modalidade a distância, além dessas 17

cidades nas quais já existe a presença física do IFES, a Universidade Aberta do Brasil em

parceria com as prefeituras do estado do Espírito Santo, tem polos de apoio presencial a EAD

em mais 11 cidades, totalizando 28 polos e esse curso de especialização está presente em 25

deles, tornando-se, assim, nesse momento, o maior curso em quantidade de alunos e

abrangência, já ofertado pelo IFES na modalidade EAD.

8.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASE REALIZADO

As dez turmas analisadas, dos municípios já citados em tópicos acima, têm em sua

formação 57% de mulheres e 43% de homens, com faixa etária predominante entre 20 e 50

anos. Desse total 82% residem em área urbana, sendo que 46% dos alunos possuem em suas

residências duas pessoas com renda superior a um salário mínimo, e 68% têm renda familiar

acima de três salários mínimos.

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Em relação ao nível de escolaridade, 71% dos alunos são graduados e os demais já

possuem algum tipo de pós-graduação.

No que tange ao segmento de atuação profissional, 85% dos alunos estão ligados à

iniciativa pública, seja ela municipal, estadual ou federal; efetivos ou contratados.

Em relação ao tempo de trabalho, identificamos que 29% já possuem mais de 10 anos

de atuação em sua profissão, já 17% têm entre cinco e dez anos de experiência profissional e

os demais, menos de cinco anos.

Dos alunos pesquisados, 80% possuíam, no início do curso, computador em suas

residências e 68% tinham acesso à internet banda larga.

Quanto à modalidade de ensino, 63% dos discentes nunca haviam feito qualquer curso

na modalidade a distância, mas os estudos confirmam que os 68% deles, que optaram agora

por fazer um curso nesta modalidade, fizeram tal opção devido ao IFES ser a instituição

coordenadora do programa, sendo que 35%, quando questionados das possíveis dificuldades,

mostraram-se preocupados com uma possível falta de tempo para a execução de todas as

atividades.

O que se pode inferir do questionário socioeconômico aplicado, e que teve

parcialmente seus dados apresentados acima, é que em parte o público-alvo do programa foi

atingindo.

Após iniciadas as aulas e decorridas as disciplina de Metodologia de EAD, Metodologia

de Pesquisa e a primeira disciplina do módulo básico, a coordenação do curso, o autor deste

artigo, agendou reunião com cada polo, em dias e horários distintos, dessa reunião

participaram os discentes, o tutor presencial e a coordenação do polo.

Em cada uma dessas reuniões, o coordenador elegia entre os presentes, no focus grupos,

um relator que iria disponibilizar a ata no ambiente virtual e, logo em seguida, era aberto um

fórum no polo a fim de que fosse verificada com os participantes a concordância ou não com

os relatos feitos. Apesar das reuniões acontecerem com públicos diferentes e em regiões

diferentes, os mesmos pontos foram levantados, entre eles destacam-se:

o Falta de aproximação entre tutor e aluno.

o Excesso de atividades em período curto de tempo.

o Qualidade do material didático.

o Dificuldade de adaptação ao método.

o Dificuldade de manuseio da tecnologia.

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o Falta de estrutura da biblioteca do polo.

o Distância entre a teoria e a prática.

o Avaliações essencialmente teóricas.

Analisando-se os pontos elencados pelos alunos, podemos descrever que quanto à

aproximação aluno e tutor, observou-se que nem o aluno estava habituado a não ter a presença

física do professor, assim como o tutor não tinha tanta experiência na modalidade, e isso não

permitia a ele, até então, perceber que o diálogo escrito deveria suprir a distância física que o

separava do aluno.

Em relação ao excesso de atividades e tempo de execução, foi percebido, em

questionamentos com os discentes, que até nos modelos presenciais de especialização, nas

regiões estudadas, havia o condicionamento a cursos mais tranquilos no ponto de vista didático

e acadêmico.

A questão da qualidade do material, apresentado nas reuniões, justifica-se pelo fato do

mesmo ter sido preparado por comissão da Universidade de Santa Catarina e CAPES, e desse

ser de âmbito nacional.

As dificuldades de adaptação ao método, pelo que foi diagnosticado, estavam

vinculadas, principalmente, à falta de preparo dos alunos em trabalhar com computador e

internet, ou seja, recursos tecnológicos, visto que grande parte dos participantes, apesar de ter

esses componentes em casa e/ou no trabalho, não o utilizava com frequência no dia a dia.

Uma realidade identificada nos polos visitados é a falta de investimento, por parte da

prefeitura local, na compra de acervo para as bibliotecas físicas, contudo, essa carência foi

amenizada pelo curso, por meio da utilização de uma biblioteca virtual.

Durante essas reuniões, outro ponto levantado foi a questão do distanciamento entre

teoria e prática, entretanto, no momento dos encontros, o curso ainda estava numa fase muito

inicial, o que indica que isso não poderia, naquele momento, servir de parâmetro. O que vale

também para as avaliações, haja vista que, inicialmente, algumas teorias deveriam ser

consolidadas para futuras aplicações práticas.

No que tange ao acompanhamento da disciplina específica de Logística, uma vez que

utiliza a matemática como padrão para o processo decisório e para a resolução de estratégias de

gestão, foi realizada uma análise documental e de conteúdo do ambiente virtual de

aprendizagem. No caso do curso, o IFES utiliza o Moodle por ser um software gratuito e de

domínio público.

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A disciplina de Logística foi planejada por um professor do instituto, tomando por

base o material que o PNAP disponibiliza, mas como foi verificada uma quantidade grande de

cálculos matemáticos nesta disciplina, o professor especialista optou por utilizar planilhas de

cálculos (BRoffice) para facilitar o aprendizado do conteúdo.

Em entrevista com o professor, esse relatou que tentou desenvolver vários tutoriais,

nos quais explicava passo a passo como utilizar o aplicativo de cálculo para chegar aos

resultados e, assim, alcançar as melhores estratégias de decisões logísticas. Outro ponto que o

professor destacou é que buscou trabalhar as atividades em grupos de estudo, a fim de somar

as habilidades e diminuir as dificuldades.

Desta forma, o aluno tinha como suporte para o desenvolvimento dessa disciplina:

material impresso, o Moodle, tutoriais, professor especialista, tutor a distância, tutor presencial e

ainda os seus pares, visto que as atividades, em sua maioria, foram realizadas em grupo.

Acompanhando os fóruns de dúvidas e as interações entre os alunos, foi constatado

que as dificuldades começaram com a utilização da planilha de cálculo do BRoffice, visto que a

grande maioria dos alunos, nos dez polos, não tinha familiaridade com esse software gratuito;

desta forma, tiveram problemas com instalação, utilização e entendimento da ferramenta.

Assim, não era apenas o entendimento dos resultados proporcionados pelas planilhas e a

utilização dos resultados encontrados que dificultavam o aprendizado, mas também a

operacionalidade do sistema.

No período de entrega das atividades, a pedagoga do curso, após acompanhar essa

situação, solicitou ao professor especialista que facultasse a entrega por meio de outros

aplicativos de cálculo também, o que foi aceito e realizado pelo especialista.

Durante a realização das Webconferências com os alunos dos polos citados, alguns

outros pontos foram levantados acerca do acompanhamento da disciplina:

o Dificuldade de baixar os tutoriais, devido à velocidade da internet no interior

do estado.

o Dificuldade de fazer a junção entre os resultados matemáticos das planilhas e

quais decisões deveriam ser tomadas.

o Os alunos se preocuparam muito em cumprir as atividades para obtenção das

notas e não acessaram outras partes do material, que eram necessárias para o

desenvolvimento da disciplina.

Page 42: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

41

o Falta de acompanhamento dos tutores presencial e a distância durante o

desenvolver da disciplina.

o Os alunos, em geral, não conseguiram fazer a concretização de como iriam

utilizar na prática os pontos estudados.

o Os alunos entenderam que o conteúdo da disciplina foi muito amplo, entrando

em detalhes que não cabem aos gestores.

o Colocaram que acharam abusivo o número de atividades.

o Não conseguiram desenvolver melhor a disciplina devido ao tempo da mesma,

ou seja, a carga horária deveria ter sido maior.

o Outros pontos isolados foram colocados, mas, neste estudo, daremos enfoque

aos pontos comuns entre os polos estudados.

O que se pode entender e concluir a partir dos pontos apresentados, é que os alunos,

com o desenvolvimento das disciplinas, passam a se preocupar unicamente com as atividades,

haja vista que essas serão a base para a construção de sua média e, em vários momentos,

deixam de lado informações importantes para execução de cada disciplina e aquisição de

conhecimento.

No caso da disciplina de Logística, o professor, no vídeo de apresentação da disciplina,

deixou clara a necessidade da leitura do material teórico, que todos os alunos receberam

impresso, para que houvesse o link entre teoria, cálculos e prática. Contudo, se for analisada a

estatística de utilização desse recurso em específico, apenas 15 % deles o acessou, o que

possivelmente dificultou o alcance do objetivo geral da disciplina.

Em relação à velocidade da internet, apesar de não ser um recurso que possa ser

manobrado pela equipe gestora do curso, esse ponto será mais bem analisado na reoferta de

cursos nas regiões com problemas, ou ainda, deverão ser lançados recursos que atendam a

todas as cidades e infraestruturas no planejamento das disciplinas nessa modalidade de ensino.

A falta de acompanhamento dos tutores, quando verificado, nos deixou preocupados,

visto que, uma das preocupações da equipe gestora é que as disciplinas ocorram de forma que

a afetividade estivesse presente em todo o curso e, um dos fatores, o qual maximiza essa

presença, é a interação constante dos tutores com os alunos. Esse problema foi gerado por

dois aspectos: primeiro, grande parte dos tutores também não tinha domínio de planilhas de

cálculos; segundo, que essa disciplina foi a única no curso com a necessidade dessa

competência, o que terá que ser reforçado para a próxima turma.

Page 43: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

42

Quanto ao número de atividades, o professor tentou diminuir ao máximo as áreas de

abrangência da disciplina, contudo, como o material disponibilizado pelo PNAP era muito

generalista, ele não teve como não atuar nos pontos principais para os quais a teoria apontava.

Já em relação à carga horária, ela é uma realidade de cursos de especialização,

normalmente o tempo por disciplina é reduzido e não se consegue trabalhar com todos os

pontos, o que é uma realidade também dos cursos presenciais.

Durante o contexto teórico deste artigo, foi introduzido um breve histórico da EAD

no cenário mundial e brasileiro e percebe-se, pelos argumentos apresentados, que apesar dessa

metodologia existir há muito tempo, ela ainda precisa ser melhor divulgada e trabalhada dentre

a população.

Outro ponto que se pode analisar, é que, particularmente no Brasil, os avanços dessa

metodologia estão associados a veículos de massa de comunicação, como rádio, TV, internet, o

que pode indicar a utilização desses recursos como meios para ampliar a aplicação da

modalidade a distância.

O case do curso de especialização do PNAP apresentado, leva a inúmeros

questionamentos, que vão desde a preocupação com os recursos tecnológicos, como também

um estudo sobre a necessidade de aproximação entre aluno e tutor, por meio do diálogo, do

discurso escrito e da afetividade, que são pontos para um próximo estudo desses autores.

Pelos pontos relatados por esse estudo de caso, ressaltamos que além da preocupação

com a utilização de maneira adequada dos recursos tecnológicos visando potencializar o

ensino, deve-se também ter cuidado com a necessidade de aproximação entre aluno e tutor por

meio do estreitamento do diálogo, do discurso escrito e da afetividade nas relações que são

pontos para um próximo estudo.

Apesar dos avanços informacionais ligados à educação na modalidade a distância, os

pontos têm que ser apreciados, uma vez que nesse método existe o autoaprendizado,

destacado neste artigo, o que dá margem a um pensamento diferenciado na didática e no

formato sistêmico do curso.

Trazendo a discussão de Gómez Chacón (2003/2000) acerca de alguns afetos que os

alunos trazem para a sala, o que mais facilmente se conseguiu destacar foi o do pré-conceito

em relação a cálculos. O pensar, que é atribuído após o cálculo acabado, (visto que o cálculo

era desempenhado pelo aplicativo) se tornou tarefa pesada para boa parte dos alunos, no que

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

43

se refere ao pensar em como utilizar os resultados para tomada de decisões estratégicas para

logística na área pública. O ocorrido fez com que o professor, além dos tutores e colegas, em

diversos momentos, tivessem que intervir e tentar, durante o andamento da disciplina, outros

métodos para que o objetivo fosse cumprido (aprendizado).

Assim, consideramos que além das dificuldades oriundas dos recursos tecnológicos

também temos as de caráter emocionais e afetivas quando na disciplina de logística fazemos a

combinação entre os métodos quantitativos e as decisões que podem ou devem ser tomadas

pelos gestores.

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CAPÍ TU

LO03

ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO:UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO

E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇOWEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA

ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE

DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET

Evandro Paulo Bolsoni

Desirre Marques Brandão

Marcos de Souza

Ao se ter a pesquisa científica como objeto de estudo, optou-se inicialmente por

apresentar o conceito de Método Científico. Descartes – Filósofo, Físico e Matemático da Era

Moderna - ao apresentar seu discurso sobre Método Científico afirmou:

Não se deve aceitar jamais com verdadeira alguma coisa de que não se

conheça a evidência como tal, isto é, evitar cuidadosamente a

precipitação e a prevenção, incluindo apenas, nos juízos, aquilo que

mostrar de modo tão claro e distinto ao espírito que não subsista

dúvida alguma. (MICHEL, 2009, p.34)

Assim, o método tenta captar e compreender a realidade, estabelecendo formas de

como se chegar a um resultado. Esse percurso de construção dará origem à pesquisa científica.

Michel (2009) e Richardson (2010), afirmam que a metodologia é o processo pelo qual se busca

respostas para resolução de problemas, necessidades e dúvidas.

Dentre os vários métodos de pesquisa existentes e de suas várias divisões didáticas, este

artigo dará um destaque mais amplo à Pesquisa Quantitativa que, segundo Michel (2009), parte

do princípio de que tudo é quantificável. Tal modalidade de pesquisa quantifica desde a coleta

de dados até o tratamento dessas informações. Wainer (2010) afirma ainda que tal modalidade

realiza a comparação de resultados e utiliza técnicas estatísticas e escala numérica.

Fixando a atenção neste momento nas Tecnologias de Informação e Comunicação -

TICs, por meio de serviços hoje disponibilizados na internet, acredita-se que existem

mecanismos facilitadores que auxiliem no momento da coleta, tabulação e a análise de dados,

bem como na estética da pesquisa de uma forma geral, principalmente na construção de tabelas

e gráficos. Assim, tais serviços agilizariam o processo de pesquisa, principalmente se esta for de

caráter quantitativo. O serviço Google Drive SpreadSheet, de responsabilidade da empresa Google é

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

48

um dos serviços disponibilizados na internet e que está acessível para ser utilizado por qualquer

pessoa, para armazenamento de dados virtuais, criação, alteração e compartilhamento de

documentos, inclusive de forma colaborativa e simultânea.

Portanto, a partir das expectativas geradas pela utilização das tecnologias como meio de

facilitar a pesquisa, sugere-se a seguinte problemática: De que forma seria possível coletar,

tabular, gerar estatísticas e gráficos de forma ágil e eficiente na elaboração de artigos científicos

baseados na metodologia de pesquisa quantitativa?

Este artigo tem como objetivo apesentar o ambiente Google Drive como meio

tecnológico de facilitação no processo de pesquisas científicas de caráter quantitativo. Justifica-

se a importância desse tema, uma vez que a cada ano, é exigido dos pesquisadores, tanto

alunos de pós-graduação quanto professores universitários, um número considerável de

publicações e produções científicas, tanto para validar o curso no qual estão inseridos, como

para ampliar as pesquisas sobre um determinado assunto de qualquer área do conhecimento.

Portanto, observando que a produção científica é uma exigência para o funcionamento

de cursos, como também o momento de investigação e produção de conhecimento acerca de

um determinado objeto de estudo, momento este que se valida um pensamento empírico, as

ferramentas tecnológicas podem facilitar e agilizar o processo de produção científica.

Inicialmente, será apresentada as modalidades de pesquisa, em especial a metodologia

de Pesquisa Quantitativa. Em seguida, será apresentado o ambiente Google Drive,

especificamente sua ferramenta SpreadSheet – “Formulários” como um importante instrumento

tanto para coleta de dados como organização, geração de estatísticas, estética na formatação de

gráficos e planilhas, que pode otimizar tempo de construção de um trabalho científico.

1. METODOLOGIA E PESQUISA CIENTÍFICA

Por Método, Michel (2009) enfatiza que se trata de um conjunto de procedimentos

sistemáticos, utilizado para a obtenção de um resultado desejado, caracterizado por se

assemelhar a um norteador de processo investigativo, levando o pesquisador a uma resposta,

uma solução. Richardson (2010) corrobora com Michel (2009) acrescentando ainda que a partir

dos resultados obtidos por meio da pesquisa, pode-se interpretá-los fundamentando-os em

teorias existentes.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

49

Uma das características básicas do Método Científico, de acordo com Mazzotti;

Gewandsznajder (1999) é o fato de se resolver problemas através de hipóteses, que devem ser

testadas por meio de observações ou experiências.

Segundo Marques (2010), “Pesquisa é buscar um centro de incidência (...) um pólo

preciso das muitas variações de saberes que se irradiam a partir de um mesmo ponto” (p.93).

Tabela 1: Métodos de pesquisa

Método Característica

Dialético Usa a discussão e argumentação dialogada,

a provocação.

Estudo de caso

Investiga casos isolados, grupos, pessoas,

para entendê-los nos seus próprios termos,

sua cultura, contexto.

História de vida e História oral

Analisam fenômenos, situações a partir de

depoimentos falados e escritos de pessoas

cujo testemunho pessoal auxilia na

compreensão do tema de estudo.

Funcional

Procura entender os fenômenos sociais

através da análise isolada e integrada das

partes que o compõem.

Matemático Através de operações matemáticas e

estatísticas, busca soluções exatas.

Estatístico

Através de técnicas estatísticas e

matemáticas, busca soluções por

mostragem.

Histórico-evolutivo Analisa e compara situações e sua evolução

ao longo do tempo.

Experimental Submete o objeto de estudo à influência de

variáveis.

Observacional Usa os sentidos, a observação para

capitação da realidade.

Comparativo Usa a comparação como medida de

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

50

observação entre grupos, políticas, fatos,

variáveis, comportamento, processos,

táticas, vendas, etc.

Econométrico Análise qualitativa e quantitativamente

variáveis econômicas.

Survey Quantifica opinião, atitudes, motivos,

através de amostragem.

Fonte: (Michel, 2009, p.59)

A pesquisa, conforme aponta Michel (2009), é a descoberta científica da realidade e

atividade básica da ciência, sendo etapa anterior à geração e transmissão do conhecimento.

Partindo do princípio proposto pela autora, de que a realidade não é aparente inicialmente,

chega-se ao pressuposto de que explicações sobre a realidade nunca se findam.

Portanto, observa-se que a metodologia orienta o pesquisador na preparação de um

trabalho científico que somente é assim denominado por se tratar em um percurso pré-

determinado, mas que a priori, surgiu de uma inquietação, de um palpite ou conjuntura.

Pesquisa, portanto, é o mesmo que “procura”, é a busca por respostas para alguma

questão, como afirma Kuark (2010). Ela ainda enfatiza que é por meio da pesquisa que se

produz ciência e consequentemente, conhecimento. A Ciência foi sendo dividida durante sua

evolução em áreas de conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Sociais, Biológicas, Exatas

etc., e essas ainda podem ser subdivididas. Assim, a Ciência é “o conjunto de conhecimentos

racionais – certos ou prováveis – obtidos metodicamente” (KAUARK, 2010, p. 88) e

trabalhados de forma particular (MARX, HILLIX, 1963).

2. TIPOS DE PESQUISA E SUAS ESTRUTURAS

Aqui, será discutida a estruturação didática que Michel (2009) propôs para a pesquisa.

Ela divide a pesquisa tanto apontando os meios e quanto os fins. A tabela 2 abaixo evidencia

tal divisão:

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

51

Tabela 2: Classificação da pesquisa

Quanto aos meios Quanto aos fins

Pesquisa bibliográfica

Pesquisa prática

Pesquisa de campo

Pesquisa empírica

Pesquisa-ação

Pesquisa básica

Pesquisa aplicada

Pesquisa de inovação tecnológica

Pesquisa descritiva

Fonte: Michel, 2009, p. 45

2.1 PESQUISAS QUANTO AO MEIO

Michel (2009) salienta que a pesquisa será classificada como meio quando o seu

propósito for identificar, mostrar a forma de atuação do pesquisador, o modo de caminhar do

trabalho. Nesta classificação, a pesquisa funciona como instrumento para se obter respostas e

soluções, indicando como o trabalho foi realizado. A autora propõe a seguinte divisão:

Pesquisas Bibliográfica, Pesquisa Teórica, Pesquisa Prática ou Experimental, Pesquisa de

Campo, Pesquisa Empírica, Pesquisa-Ação.

A Pesquisa Bibliográfica é a fase inicial da pesquisa que busca o levantamento

bibliográfico sobre o tema, com o propósito de encontrar informações para definição dos

objetos, determinação do problema e definição dos tópicos do referencial teórico. É

considerada uma forma de pesquisa porque implica em leitura sobre o assunto, embora não

seja o propósito final da pesquisa (MICHEL, 2009, p. 40). Gil (1993) destaca que essa

metodologia proporciona maior familiaridade com o problema, e se pode destacá-lo mais

durante a construção das hipóteses. O autor enfatiza que essa pesquisa tem como objetivo

principal o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições.

A pesquisa teórica é atividade de pesquisa que se preocupa em mensurar, desmontar,

criticar e reconstruir teorias existentes a partir de críticas e comparações entre autores

diferentes. Baseia-se em verdades imperativas, oriundas de estudos anteriores, escusando o

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

52

método e valorizando o uso da razão e da lógica. Apesar disso, ela não admite a especulação

pura e simples, e busca através de procedimentos fundamentais para um quadro teórico de

referência: (a) domínio dos clássicos de determinada disciplina; (b) domínio da bibliografia

fundamental, pela qual atualizamo-nos na produção existente sobre o assunto; (c) visão crítica,

por meio da qual se instala a discussão aberta com o caminho básico do crescimento científico.

(MICHEL, 2009)

Michel (2009) conceitua a Pesquisa Prática ou Experimental como pesquisas que se

realizam a partir de testes práticos de ideais e proposições discutidas na teoria. Este tipo de

pesquisa implica na simulação de um ambiente laboratorial para verificação das teorias e é

utilizada nas áreas de ciências básicas naturais e biologia, como biologia, química, física.

Na Pesquisa de Campo, utiliza-se a coleta de dados em ambiente natural, com o

objetivo de observar, criticar a vida real, com base na teoria, para averiguar como a teoria se

comporta na vida real. Checando a teoria na prática, permite responder ao problema e atingir

os objetivos, conforme aponta Michel (2009). Kauarkm (2010) destaca que o objetivo desse

tipo de pesquisa é adquirir maior familiaridade com o problema. Para sua construção, envolve

levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o

problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão etc.

A Pesquisa Empírica é voltada para a face experimental dos fenômenos. É aquela que

maneja dados e fatos concretos. Procura traduzir os resultados em dimensões mensuráveis.

Por esse motivo, tende a ser quantitativa, na medida do possível. O seu grande valor é trazer a

teoria para a realidade concreta. Cria modelos a partir de apreciações de experiências. Não,

necessariamente, os experimenta ou os aplica a realidade (MICHEL, 2009).

Pesquisa-Ação, conforme aponta Michel (2009), é um tipo de investigação social com

base empírica, concebida e realizada em estrita associação com uma ação ou com resolução de

um problema coletivo, no qual os pesquisadores e os participantes representativos na situação

ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Kauark (2010)

destaca que esse é um tipo de pesquisa concebida e realizada em estreita associação com uma

ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou

participativo.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

53

2.2 PESQUISA QUANTO AOS FINS

De acordo com a pesquisadora e autora do livro Metodologia e Pesquisa Científica em

Ciências, Michel (2009), a classificação de pesquisa quanto aos fins será utilizada para obtenção

de resultados, que acarretará como características para refletir, traduzir o propósito do trabalho

e direcionar o que se deve realizar durante o processo de pesquisa. Ainda em suas

considerações, Michel (2009) aponta quatro tipos de pesquisas quanto aos fins: Pesquisa

Básica, Pesquisa Aplicada, Pesquisa de Novas Tecnologias e Pesquisa Descritiva.

Para Michel (2009, p.43), a especificidade da Pesquisa Básica não possui o propósito da

aplicabilidade imediata: Não tem propósito de aplicabilidade imediata; é generalista; voltada

para descoberta de fenômenos naturais e físicos; (teoricamente) não tem comprometimento

com a ética, nem com a geração de retornos financeiro, nem de aplicação imediata; seu

propósito é apenas com a geração do conhecimento novo. A pesquisa básica procura os

princípios, os fundamentos do mundo, das coisas, do seu funcionamento; sua intenção é

desvendar características, propriedades básicas dos fenômenos.

Já a Pesquisa Aplicada, de acordo com Michel (2009, p.44): Tem como objetivo a

aplicação, a utilização dos conhecimentos e resultados adquiridos na pesquisa básica; volta-se

mais para o aspecto utilitário da pesquisa. A pesquisa aplicada procura transformar o

conhecimento puro em elementos, situações destinadas a melhorar a qualidade de vida da

humanidade. Implica na ação do homem sobre as descobertas para criação de produtos,

serviços, visando à qualidade de vida na terra.

Com relação à Pesquisa de Inovação tecnológica, Michel (2009, p.44), caracteriza a

Pesquisa Básica como: Pertence ao ramo do conhecimento aplicado, e, para muitos, não é

considerado ciência. Utiliza os conhecimentos resultantes das pesquisas básicas e aplicada para

interesses tecnológicos, industriais. É a transformação do produto já criado em produtos

tecnológicos, comercializáveis, melhorados. A tecnologia se caracteriza pela ação de melhoria

de um produto existente, em termos de praticidade, modernização, conservação, produção em

alta escala, aperfeiçoamento, incremento de tecnologia, avanços de produtos existentes. A

pesquisa é um processo essencialmente calculado na base científica, mas visa a interesses de

comercialização e lucro (estudo de formas de conservação, reprodução em larga escala, estudos

de compatibilidade, embalagem e distribuição do remédio ou vacina inventado). A pesquisa

descritiva se propõe a verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, com a

precisão possível, observando e fazendo relações, conexões, à luz da influência que o ambiente

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

54

exerce sobre eles. Não interfere no ambiente; seu objetivo é explicar os fenômenos,

relacionado-os com o ambiente. Trata, em geral, de levantamento de características de uma

população, um fenômeno, um fato, ou o estabelecimento das relações entre variáveis

controladas. Está relacionada diretamente com a pesquisa qualitativa, na medida em que

levanta, interpreta e discute fatos e situações (MICHEL, 2009, p.44).

Dentre os tipos e estrutura apresentadas no capítulo, sistematicamente destacados no

estudo da autora Michel (2009), observou-se que suas metodologias e características peculiares

são divididas quanto aos meios e fins. Será apresentado no capítulo seguinte o conceito sobre

Pesquisa Quantitativa, tais como sua diferenciação da pesquisa qualitativa.

3. PESQUISA QUANTITATIVA

Richardson (2010), e Zetti (1996) afirmam que o método quantitativo tenta garantir

inicialmente a precisão de resultados e margem de segurança quanto às inferências. Michel

(2009) acrescenta que tal pesquisa surge do princípio de que tudo pode ser quantificável e que

informações e opiniões podem ser traduzidas em forma de números.

Poppoer (1972) corrobora com Michel (2009) e vai além: acrescenta que os resultados

da pesquisa quantitativa permitem verificar a ocorrência ou não das hipóteses iniciais.

Richardson (2010) evidencia as grandes diferenças entre à pesquisa qualitativa e a

quantitativa, que de acordo com o referido autor, baseiam-se na interação entre pesquisador e

objeto de estudo. Isso porque a pesquisa quantitativa muito raramente escuta o participante

após a coleta de dados. A fala de Serapione (2000) vai ao encontro da fala de Richardson

(2010), já que o autor propõe uma conceituação dessas duas perspectivas, conforme se observa

na tabela abaixo (Tabela 3).

Tabela 3: Métodos quantitativos e qualitativos

Métodos Quantitativos: positivismo

lógico

Métodos qualitativos: fenomenologia e

compreensão

• são orientados à busca da magnitude e das

causas dos fenômenos sociais, sem interesse

pela dimensão subjetiva e utilizam procedi-

mentos controlados;

• analisam o comportamento humano, do

ponto de vista do ator, utilizando a

observação naturalista e não controlada;

• são subjetivos e estão perto dos dados

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

55

• são objetivos e distantes dos dados

(perspectiva externa, outsider), orientados à

verificação e são hipotético-dedutivos;

• assumem uma realidade estática;

• são orientados aos resultados, são

replicáveis e generalizáveis.

(perspectiva de dentro, insider), orientados

ao descobrimento;

• são exploratórios, descritivos e indutivos;

• são orientados ao processo e assumem

uma realidade dinâmica; • são holísticos e

não generalizáveis.

Fonte: Serapione (2000, p. 191).

Como enfatizou Serapioni (2000), a metodologia quantitativa desconsidera a dimensão

subjetiva e geralmente, se utiliza de um procedimento controlável, assim como também

apresenta Zotu (1996).

De acordo com Richardson (2010, p.89), a pesquisa quantitativa é permeada por três

estágios sendo i) planejamento ii) coleta de dados iii) análise da informação que, com suas

características específicas, respondem e auxiliam etapas de sua pesquisa.

No planejamento da pesquisa, a utilização de um questionário prévio no momento da

observação ou entrevista pode contribuir para delimitar o problema estudado e a informação

coletada, permitindo identificar casos representativos ou não representativos em nível grupal

ou individual.

Na coleta de dados, o questionário prévio pode ajudar a evitar perguntas rotineiras e a

identificar características objetivas, como, por exemplo, geopolíticas de uma comunidade, que

podem influir no contexto da pesquisa.

Assim, como enfatiza Richardson (2010, p. 89) "Na análise da informação, as técnicas

estatísticas podem contribuir para verificar informações e reinterpretar observações

qualitativas, permitindo conclusões menos objetivas".

Para os autores Kauark, Manhães e Souza (2010), em sua obra intitulada “Metodologia

da Pesquisa - Um guia prático” uma pesquisa é quantitativa, quando a mesma pode ser

quantificável, traduzindo assim seu conteúdo em números, opiniões e informações para que

possam ser classificadas e posteriormente analisadas. Ainda para os autores, técnicas estatísticas

como percentual, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação e análise de

regressão são necessários para tabulação dos dados coletados.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

56

Segundo Martins; Bicudo (1989, apud KAUARK; MANHÃES; SOUZA, 2010), o

processo de pesquisa quantitativa pode ser resumido em estudos que lidam com fatos, advento

de observação sistemática, delimitada e mensurável.

Atualmente, com as TICs, realizar uma pesquisa quantitativa se torna uma prática mais

ágil e eficiente. No próximo capítulo, será apresentado o ambiente Google Drive, em especial a

ferramenta “Formulários”, utilizada para elaboração, coleta, tabulação e geração de estatísticas

para uma pesquisa quantitativa.

4. SERVIÇO GOOGLE DRIVE SPREADSHEET - FORMULÁRIOS PARA

COLETAS,TABULAÇÕES, ESTATÍSTICAS E ESTÉTICA DE DADOS

Para acessar o ambiente de Formulários do Google Drive, é necessário possuir uma conta Google6

- conta esta que oferta diversos serviços na web. Após efetivar o login (entrar) no Google Drive,

estarão disponíveis serviços como criação de arquivos de texto, planilha, apresentação,

desenho e, dentre eles, a criação de formulários, muito utilizado em pesquisas, mas que antes

desta ferramenta, eram produzidas em papel. O ambiente ainda permite realizar upload e

download de diversos formatos de arquivos, organizar os diretórios, compartilhar

documentos/diretórios e sincronizar os documentos com dispositivos móveis.

A seguir, será apresentado como resultado dessa pesquisa a utilização do Google Drive

como coletas, tabulações e estéticas de dados utilizando a ferramenta SpreadSheet - Formulário.

Após acessar o ambiente através do endereço eletrônico drive.google.com e realizar o login,

será apresentado ao usuário uma interface amigável, de fácil usabilidade e navegação. Para criar

um documento novo de formulário, basta clicar no botão "Criar" localizado no lado esquerdo

superior da tela e selecionar a opção Formulário.

6 Empresa Norte-Americana que disponibiliza diversos serviços web. www.google.com.br

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Figura 01 - Criar novo documento Formulário Fonte: Google

Em seguida, o ambiente apresentará uma mensagem de boas vindas, quando for a

primeira vez que for utilizada, e será apresentada as principais funcionalidades da ferramenta,

dentre elas, destacam-se em forma de manual eletrônico as opções: 1. Crie - Crie formulários

rapidamente com atalhos do teclado e alterações salvas automaticamente; 2. Compartilhe -

Construa formulários com outras pessoas em tempo real; 3. Envie - Convide participantes para

responder por e-mail ou por redes sociais; 4 Análise - Envie as respostas para uma planilha

para realizar análises detalhadas.

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Figura 02 - Tela de boas vindas

Fonte: Google

A tela para construção de formulários web se torna fácil de utilizar, seu ambiente

possui características de menus similares a outras ferramentas de pacote Office. Todas as

inserções e alterações de dados são salvas automaticamente e ficam armazenadas na estrutura

da conta do usuário do Google Drive.

Figura 03 - Visão geral da ferramenta formulário

Fonte: Google

Durante a construção do formulário, se faz necessário definir e preencher os campos

“título do formulário” e a “descrição” do mesmo. Uma vez definido o título, se torna fácil

localizar o documento para visualização ou alteração do mesmo na estrutura do Google Drive. Já

o campo “descrição”, pode ser utilizado, por exemplo, como uma espécie de “carta ao

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

59

respondente” de sua pesquisa. Dessa forma, pode-se escrever sob a pretensão e objetivos da

pesquisa.

Na construção dos campos de perguntas, a ferramenta permite elaborar e utilizar

diferentes tipos de componentes, esses por sua vez, refletem diretamente na forma como as

perguntas são disponibilizadas para o usuário final. Ao construir uma pergunta, podem-se

utilizar os campos: “texto”; “texto parágrafo”; “múltipla escolha”; “caixa de seleção”; “escolha

de uma lista”; “escala”; “grade”. Outro fato importante é a possibilidade de definir as

perguntas como “campo obrigatório”, assim o respondente somente consegue avançar ou

concluir o questionário se responder todas as perguntas de cunho obrigatório destacados com

um asterisco na cor vermelha. A ordem sequencial das perguntas também pode ser alterada a

qualquer momento de edição, basta somente arrastá-las e posicioná-las na ordem correta. A

qualquer momento pode-se editar qualquer pergunta ou mesmo excluí-las.

Figura 04 - Escolha do tipo de pergunta a ser construída Fonte: Google

A pergunta deve ser elaborada utilizando o campo “Título” da pergunta. Além disso, é

possível descrever um texto auxiliar para maiores esclarecimentos ou para facilitar o

entendimento da pergunta no campo “Texto de ajuda”.

As perguntas construídas utilizando o tipo “Texto” permite que o respondente

preencha o campo livremente utilizando um pequeno espaço de área para resposta. Este

campo é ideal para utilizar como item de identificação, desta forma, o pesquisador pode-se

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60

solicitar o e-mail do respondente para retornar os resultados obtidos com a pesquisa. A

pergunta pode se tornar campo obrigatório ao marcar a opção “Pergunta obrigatória”.

Figura 05 - Elaboração de pergunta utilizando campo Texto

Fonte: Google

Perguntas elaboradas utilizando o campo “Texto parágrafo” são ideais para respostas

abertas, em que serão considerados relatos ou experiências do respondente. Tanto a pergunta

“Texto” quanto “Texto parágrafo” não geram gráficos e estéticas, pois não trabalham com

dados quantificáveis.

Figura 06 - Elaboração de pergunta utilizando campo Texto parágrafo

Fonte: Google

A elaboração de perguntas utilizando o campo “Múltipla escolha” permite ao

respondente marcar somente uma opção como resposta. Já ao pesquisador, este pode

adicionar quantas opções achar necessária. O campo pode ser utilizado, por exemplo, com

perguntas do tipo: "Qual seu sexo", "Qual a faixa etária que pertence" ou "Quantas horas

diárias você dedica à pesquisa".

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Figura 07 - Elaboração de pergunta utilizando campo Múltipla escolha

Fonte: Google

A construção de uma pergunta do tipo “Caixa de Seleção” permite ao respondente

marcar mais de uma opção como resposta, porém, o resultado em percentual ultrapassa o

totalizador de 100% devido ao fato de que vários usuários podem marcar várias opções como

resposta. O tipo de pergunta se torna ideal do tipo: "Quais os tipos de pesquisas que costuma

realizar?" tendo como opções de respostas "Bibliografia Histórica Documental Descritiva

Experimental". O pesquisador pode adicionar, editar ou excluir quantas opções achar

necessárias.

Figura 08 - Elaboração de pergunta utilizando campo Caixa de seleção Fonte: Google

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A opção “escolha” de uma lista permite ao respondente marcar somente uma opção

como resposta. A mesma apresenta valores preenchidos pelo pesquisador e se torna ideal

quanto o quantitativo de opções para resposta é muito grande. Por exemplo: "Em qual estado

brasileiro reside? ".

Figura 09 - Elaboração de pergunta utilizando campo Escolha de uma lista Fonte: Google

O tipo de pergunta “Escala” permite ao pesquisador adicionar opções de intervalos,

notas ou escalas para determinado tipo de pergunta na qual o respondente pode variar sua

resposta de acordo com um conceito pré-estabelecido. Exemplificando, "O que acha do

artigo?", variando uma escala de 1 a 5, sendo 1 para bom e 5 para excelente.

Figura 10 - Elaboração de pergunta utilizando campo Escala Fonte: Google

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Já a elaboração de questionários utilizando o tipo de pergunta “Grade”, possibilita o

respondente marcar várias opções de respostas fazendo um cruzamento entre linhas e colunas

disponibilizadas pelo pesquisador. Por exemplo: "Quantos artigos foram publicados no ano de

2010: ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10; 2011: ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( )

acima de 10; 2012 ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10?

Figura 11 - Elaboração de pergunta utilizando campo Grade Fonte: Google O formulário permite ao pesquisador adicionar quantas perguntas forem necessárias,

independente do tipo. À medida que tal necessidade apareça, basta clicar no botão “adicionar

novo item”.

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64

Figura 12 - Adicionar um novo item

Fonte: Google

Além disso, para que determinado questionário não fique extenso, pode ser inserida

quebra de páginas por determinado assunto, por exemplo. Para cada sessão do formulário, o

pesquisador pode preencher um novo cabeçalho identificando aquela sessão.

Por fim, se faz necessário preencher uma página de confirmação em que o respondente

visualizará a mensagem ao completar a pesquisa. Neste momento, o pesquisador pode ativar

ou desativar três caixas: “Mostrar link para enviar outra resposta”; “Publicar e mostrar um link

para os resultados deste formulário”; “Permitir que os participantes editem as respostas após o

envio”.

Figura 13 - Página de confirmação Fonte: Google

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A todo o momento no processo de construção ou edição do formulário, o pesquisador

pode visualizar como o formulário ficará disponível na Web. Para isso, basta clicar na opção de

menu “Visualizar” > “Formulário publicado”.

Mediante ao término da construção ou edição do formulário de pesquisa, utilizando o

serviço Google Drive, pode-se realizar a divulgação do questionário nas Redes Sociais Digitais

Google+, Facebook e ou Twitter ou através do serviço de correio eletrônico Gmail para que

os respondentes possam participar. Desta forma, o pesquisador deve clicar no botão destacado

ao final do formulário chamado “Enviar formulário”.7

Figura 14 - Configurações de compartilhamento Fonte: Google

Consequentemente, após o prazo de aplicação do formulário de pesquisa científica

determinado pelo pesquisador, o mesmo pode acessar, mesmo antes do término, o resumo das

respostas. Este apresenta um resumo de todas as respostas separadas pelas perguntas que é

visualizado em forma de dados, gráficos e estatísticos em porcentagens. Para isso, basta clicar

no menu “Respostas” > “Resumo das respostas”.

A modalidade de gráfico de pizza apresenta os resultados em forma de imagem,

juntamente com as respostas e a respectiva qualidade de opções marcadas pelos respondentes.

Além disso, apresenta o percentual de cada resposta. Este gráfico é utilizado no tipo de

pergunta de Múltipla escolha.

7 Formulário utilizado para produção desse artigo científico está disponível através do link: <https://docs.google.com/forms/d/1x76q7F3iQtW7LNwqz4BvvFFwrlJe01ZSqHZ-p6p5xWw/edit?usp=sharing >

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66

Figura 15 - Gráfico Pizza Fonte: Google

Os resultados apresentados utilizando “Caixas de seleção” apresentam os resultados

utilizando gráfico de linhas, tais como as opções e quantidades de respostas, além do

percentual.

Figura 16 - Gráfico de Linhas

Fonte: Google

Já a apresentação dos resultados em colunas, são exibidos para perguntas do tipo

“Escolha de lista” que apresentam como dados a quantidade de opções marcadas e o

percentual. 8

8 Para visualizar todas as respostas do exemplo deste artigo, acesse o link: <https://docs.google.com/forms/d/1x76q7F3iQtW7LNwqz4BvvFFwrlJe01ZSqHZ-p6p5xWw/viewanalytics>

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Figura 17 - Gráfico de Colunas

Fonte: Google

Para o pesquisador fazer cruzamento de dados, o mesmo ainda pode ter acesso a uma

planilha com todos os dados cadastrados e fazer os cálculos estatísticos de forma manual. Para

isso, o proprietário do formulário deve clicar no menu “Respostas > Ver respostas”.

Figura 18 - Planilha de Coleta de Dados – Respostas Fonte: Google

5. DISCUSSÃO

Dentre os tipos e características apresentados sobre pesquisas, quanto aos meios e aos

fins, abordados pela autora Michel (2009), especificada no capítulo dois, e quanto às

características de pesquisas quantitativas apresentadas no capítulo três, realizou-se a descrição

do ambiente Google Drive e a ferramenta Formulários, no qual percebeu que todos as

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ferramentas desse meio tecnológico podem ser utilizadas na construção de um instrumento de

coleta de dados, além de auxiliar no tratamento dos dados pelo pesquisador.

Destaca-se que, mesmo sendo um meio tecnológico que possibilita obtenção de dados

numéricos para uma pesquisa quantitativa, quando a pesquisa possui características

Bibliográficas, sugere-se o uso da ferramenta “Formulários” com perguntas abertas utilizando

“Texto Parágrafo”. Mesmo que não haja dados numerais para estatísticas e não atenda as

especificações de uma Pesquisa Quantitativa, as informações registradas ou mesmo relatas

contribuem para uma pesquisa científica.

Referente à Pesquisa Teórica, que busca discutir teorias existentes, pode-se desenvolver

um formulário utilizando os campos Caixa de Seleção, por exemplo, para comparação de

autores; Múltiplas Caixas para dados estipulados; Perguntas abertas para coleta de opiniões.

Por fim, a ferramenta Escala também se adéqua a esse tipo de pesquisa, podendo realizar uma

pesquisa de grau de escala ou por determinada preferência.

A Pesquisa Prática ou Experimental, que envolve testes práticos com base nas teorias

estudadas, pode ser utilizada como ambiente de registro das informações ou resultados

parciais/finais de um grupo específico que esteja participando direta ou indiretamente da

pesquisa. Todas as funcionalidades da ferramenta Formulários podem ser utilizadas nessa

pesquisa.

Já a Pesquisa de Campo, que tem como objetivo observar e criticar a vida real com

base nas teorias abordadas se limita ao meio externo, sendo um pouco inviável a utilização de

um ambiente virtual. Porém, a pesquisa pode ser elaborada no Google Drive, posteriormente

impressa e levada para campo. Após coleta de dados manual, os mesmos podem ser

cadastrados pelo pesquisador no ambiente, possibilitando assim, todos os benefícios como

geração de gráficos e percentuais. Caso contrário, a pesquisa também pode ir a campo

utilizando recursos tecnológicos como notebook's, tablet's ou celulares com acesso à internet

para recolhimento de dados.

A Pesquisa Empírica, que manipula dados e fatos concretos em sua essência, trabalha

resultados quantitativos. Sugeri-se a criação de perguntas com características fechadas. Dessa

forma, os campos “Grade”, “Escala”, “Escolha de Lista” e “Múltiplas Caixas” são as opções

ideais, pois, além da coleta de dados, apresenta resultados gráficos e estatísticos.

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De acordo com a Pesquisa-Ação, por tratar em uma ação para resolução de problemas

coletivos, as ferramentas de cunho fechado serão as mais ideais para alcançar determinado

objetivo.

De acordo com os conceitos apresentados sobre Pesquisa Básica, voltada para

descoberta de fenômenos naturais e físicos; Pesquisa Aplicada, que utiliza dos dados da

Pesquisa Básica a fim de transformar conhecimento em melhoria na qualidade de vida da

humanidade; Pesquisa de Inovação Tecnológica que utiliza conhecimentos resultantes das

pesquisas básicas e aplicada para interesses tecnológicos e a Pesquisa Descritiva, que propõe a

verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, possibilita utilizar todas as

ferramentas disponibilizadas na ferramenta Formulário do ambiente Google Drive.

Independentemente do tipo de pesquisa a ser realizado utilizando as TICs como o

ambiente Google Drive, especificamente a ferramenta Formulário, estatísticas e dados

armazenados estarão disponíveis a qualquer momento para os pesquisadores. Todos os

campos e funcionalidades podem ser utilizados, desde perguntas abertas para coleta de relatos

ou perguntas fechadas utilizando diferentes opções para determinada coleta de dados.

Com base nos conceitos teóricos abordados sobre Metodologia da Pesquisa Científica,

percebe-se um vasto número e diferentes tipos e estruturas de pesquisas, possibilitando assim,

ao pesquisador, encontrar a melhor solução sobre qual modelo de pesquisa irá utilizar para

solução de determinado problema abordado na metodologia. A resolução PJR/JL - Resolução

CFE nº 05/83 – de 10/03/83, segue como marco incentivador para que as Instituições de

Ensino Superior, especificamente pós-graduação Stricto sensu atendendo às exigências do

MEC - Ministério da Educação para o devido funcionamento e credenciamento de cursos,

venham a produzir mais e mais pesquisas científicas, ampliando o potencial de produção como

o conhecimento sobre um objeto de estudo, seja ele de qual área do conhecimento for.

Sobre a Pesquisa Quantitativa, constatou-se que refere-se a uma pesquisa em que o

objetivo é quantificar dados. Dessa forma, informações podem ser traduzidas em números nos

quais para obter resultados consideráveis e cruzamento de informações, faz-se necessário ao

pesquisador. Como característica dessa modalidade de pesquisa, destaca-se a necessidade de

conhecimento sobre estatística e de algumas de suas subdivisões, por exemplo: percentual,

média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação e análise de regressão para a

tabulação de dados coletados. Tais dados coletados permitem ao pesquisador verificar a

ocorrência ou não da hipótese da pesquisa.

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70

O ambiente Google Drive, utilizando a ferramenta “Formulário”, possibilita ao

pesquisador realizar coletas de dados de forma ágil, eficiente e fácil, quebrando assim,

paradigmas de tempo, espaço geográfico, mão de obra e reduzindo ao mínimo taxa de erros ao

se tratar de Pesquisa Quantitativa. Cabe ao pesquisador elaborar um questionário com

perguntas fechadas e de bom entendimento para o pesquisado.

Além dos benefícios citados, a ferramenta “Formulário” permite ao pesquisador em

uma interface amigável e sem muitos esforços, ter acesso aos dados, gráficos e percentuais que

são gerados de forma automática, sem necessariamente ter que realizar os gráficos e

porcentagens de forma manual, agilizando assim o processo de pesquisa. A qualquer momento,

mesmo durante a pesquisa, o pesquisador pode acompanhar os resultados tendo acesso aos

dados, gráficos e percentuais de cada pergunta.

Em contra partida, pontos negativos também podem ser apresentados na utilização da

ferramenta “Formulário”, por exemplo, se a amostragem da pesquisa envolver pessoas que não

possuem acesso à internet ou mesmo conhecimento para operacionar um dispositivo

tecnológico. Dessa forma, cabe ao pesquisador realizar um trabalho manual, desde a coleta de

dados por meio de formulários impressos até ao cadastro fidedigno dos dados, para assim,

posteriormente ter acesso aos gráficos e percentuais.

De fato, o uso da ferramenta “Formulário” possibilita ao pesquisador, dentre seus

objetivos e metodologia planejada, coletar, tabular, gerar estatísticas e gráficos de forma ágil e

eficiente na elaboração de artigos científicos. Especificamente, quando utilizada a metodologia

baseada em Pesquisas Quantitativas, resulta-se em um aproveitamento maior que os outros

tipos de pesquisas.

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REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Resolução CFE nº 05/83. Fixa normas de

funcionamento e credenciamento dos cursos de pós-graduação stricto sensu. Brasília,

1983.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994.

KAUARK, Fabiana Silva da; MANHÃES, Fernanda Castro. SOUZA, Carlos Henrique

Medeiros de. Metodologia da Pesquisa. Um Guia Prático. Edição 1, Itabuna - BA, Via

Litterarum Editora, 2010, 100p.

MARQUES, Mario Osório. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 3 ed. Unijuí: Ed.

UNIJUÍ, 2000.

MAZZOTTI, Alda Judith Alves; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas

Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. São Paulo: Pioneira

Thomson Leaning, 1999.

MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências. 2 ed. São Paulo:

Atlas, 2009.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: Métodos e Técnicas. 3 ed. 11 reimpr. São

Paulo: Atlas, 2010.

SERAPIONI, Mauro. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em

saúde: algumas estratégias para a integração. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2000, vol.5, n.1,

pp. 187-192. ISSN 1413-8123. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7089

.pdf >. Acesso em: 24 abr. 2013.

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CAPÍ TU

LO04

PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE:AS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES COMO

SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃOESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP

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PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS CASAS DOS

IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE

REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP

Alessandro Aoki

Há pouco mais de cem anos atrás, um novo contingente étnico pisava no território

brasileiro, cujos traços físicos e costumes divergiam radicalmente, assim era a raça japonesa.

No ano de 2008, completou cem anos de imigração japonesa no Brasil e várias festividades

foram realizadas para comemorar essa passagem, que carrega uma bagagem contendo uma

infinidade de acontecimentos históricos, marcados pela organização, disciplina e trabalho.

A saga do imigrante japonês no Brasil irá ganhar maior destaque no cenário das

colonizações, que ocorreram alguns anos após o fracasso das primeiras imigrações. Com a

colonização, os imigrantes ganharam suporte da companhia de terras japonesa, que foram

responsáveis pela organização e fornecimento de infraestrutura necessária para que o imigrante

se fixasse na nova terra.

O palco dessa colonização foi a região do vale do Ribeira, localizado a sudeste do

estado de São Paulo, que recebeu os primeiros imigrantes japoneses. Foi o ponto de partida

para a disseminação e criação de uma identidade brasileira.

Essa distribuição da população japonesa pelo território contribuiu com o passar dos

anos para que novos elementos culturais fossem introduzidos e passados por gerações por

intermédio dos descendentes. Esse fato imprimiu uma paisagem cultural à luz da permanência

e das atividades desenvolvidas ao longo de um século.

A paisagem resulta dessa interação do imigrante japonês com o seu habitat, que além

de tudo é também representativo, pois contém elementos marcantes que remetem aos

acontecimentos passados e refletem a atual configuração espacial.

Visando as questões relacionadas com a representação cultural por meio de um

contingente de imigrantes japoneses é que se propõe o presente trabalho, buscando uma

análise reflexiva sobre a construção identitária ao longo dos anos que foi responsável por criar

um conjunto de valores expressos por meio das experiências vivenciadas por esses. Para isso,

resgatamos as antigas casas dos japoneses como meio de expressar as relações que esse grupo

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tem com o lugar em que vive e constitui um habitat carregado de representações no espaço e

tempo.

2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: DO LUGAR À CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM

CULTURAL

É por meio dos princípios que norteiam o conceito de lugar nos estudos geográficos,

que se tem um conjunto de relações que envolvem os laços afetivos, sentimentais, ou seja, as

vivências desse grupo de imigrantes determinarão um conjunto de valores e significados

únicos.

É dessa dimensão de lugar que os indivíduos se familiarizam, pois seu significado

remete ao pertencer, tem todo um significado pessoal e entre pessoas, sejam elas vizinhas,

familiares, ou mesmo uma sociedade.

Sobre o aspecto do lugar como espaço de significados é que Mendes (2008, p.140) faz a

seguinte colocação:

O lugar é um produto das relações humanas e entre o ser humano e a

natureza, construído por relações sociais que se realizam no plano

vivido, o que garante a construção de uma rede de significados e

sentidos que são produzidos pela história e pela cultura de uma dada

sociedade, constituindo identidade, uma vez que é nesse espaço onde

o homem se reconhece porque é o lugar da vida.

O pertencer ou fazer parte de algum lugar possui valores expressados por meio de

símbolos representados em abstrações, exaltando assim o sentimento, e a outros grupos, que a

partir do aspecto visual reconhecem diferentes culturas.

Ainda que no plano fenomenológico os símbolos sejam uma forma de expressar

sentimentos, valores pessoais, ou em grupo num dado lugar, são também representações

passíveis de visualização, pois podem ser percebidos aos olhares de qualquer pessoa. Por

exemplo, quando avistamos uma cerimônia de um grupo religioso, ou mesmo o estilo

arquitetônico das casas voltado à etnia oriental, subentendendo as origens, são representações

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de suma importância, pois adquirem valores maiores que o material, torna-se sentimental

transcendendo os sentidos.

Tuan (1980) assinala a importância dos sentidos na percepção para o reconhecimento

dos elementos constituintes do meio ambiente, valorizando a visão como sentido mais

importante para o homem uma vez que permite maiores detalhes do foco em vista.

Dos cinco sentidos tradicionais, o homem depende mais

conscientemente da visão do que dos demais sentidos para progredir

no mundo. Ele é predominantemente um animal visual. Um mundo

mais amplo se abre e muito mais informação, que é espacialmente

detalhada e específica, chega até ele através dos olhos, do que através

dos sistemas sensoriais da audição, olfato, paladar e tato. A maioria

das pessoas, provavelmente considera a visão como sua faculdade

mais valiosa e preferiria perder uma perna ou tornar-se surda ou muda

a sacrificar a visão (TUAN, 1980, p.7).

Seja visual ou subjetiva a construção do lugar, o importante é que os valores são

expressos pelo conjunto de atividades de certo grupo de indivíduos que ao longo do tempo

conseguem transmitir toda a experiência acumulada às próximas gerações, e consequentemente

as marcas deixadas continuam e as que estão sendo construídas tornam-se complementares,

dando um sentido de produção e reprodução espacial.

O lugar torna-se uma representação espacial de um grupo por meio do modo de vida

que exerce, construindo uma rede de relações com o meio ambiente, envolvendo a sociedade e

natureza.

Desta interação é que se resulta a paisagem, contendo uma infinidade de traços num

determinado espaço, e que o tempo é responsável pelas transformações do ambiente.

Quando se fala em paisagem, não limitamos apenas as características visíveis, mas

também as perceptíveis, pois os elementos que os constituem possuem representações além do

campo material, que muitas vezes são reconhecidos apenas pelos grupos que têm relação direta

com esse meio.

O que seriam essas características visíveis numa paisagem? Para a Geografia, partindo

da individualidade dos objetos observados, podem ser considerados os elementos naturais,

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76

como o solo, o clima, a vegetação predominante, o tipo de rocha. E também os fatores que

representam as atividades humanas, como o trabalho, a economia, a política etc. E quais seriam

as características perceptivas? Podem ser considerados os modos de vida de diferentes grupos

sociais, o que envolve os aspectos culturais, como a religião, as tradições, as cerimônias

festivas, as técnicas empregadas no trabalho etc. Contudo, são imagens que acarretam valores

para quem está envolvido nesse meio, para o observador, muitas vezes, não há tal importância,

pois lhe falta a experiência da vivência.

Portanto, para analisar a paisagem total é necessário fazer as correlações dos diferentes

elementos que a compõe, pois há elementos contidos que são decisivos para diferenciar de

outras paisagens, uma vez que muitas características podem ser comuns a outras.

Para isso partimos do pressuposto das imigrações japonesas no Brasil como fator

constitutivo de relações sociais de um grupo étnico que se consolidou à luz da organização do

trabalho, e que imprimiu com o passar dos anos uma paisagem tipicamente oriental na região

do vale do Ribeira, sudeste do estado de São Paulo.

3. O PROCESSO MIGRATÓRIO: A SAGA DOS JAPONESES EM TERRAS

BRASILEIRAS

O ponto de partida para a entrada dos nipônicos ao Brasil estava num acordo assumido

entre os dois países, sendo que o Brasil assumiria toda a despesa de viagem, em contrapartida

os imigrantes japoneses teriam que cumprir um contrato de trabalho nas fazendas. Esta

situação é ilustrada com detalhes por Sakurai (2000, p.208), afirmando que:

Para dar início oficial à imigração japonesa para o Brasil, acerta-se que

o governo brasileiro pagaria a passagem de terceira classe em navios

que partem do porto de Kobe para o de Santos, em São Paulo. As

despesas de viagem são repassadas aos fazendeiros que depois as

deduzem do pagamento dos trabalhadores. O acordo inclui ainda as

condições para a imigração de japoneses: a vinda de famílias com pelo

menos três pessoas aptas para o trabalho, não importa o sexo e a

idade, e o contrato como colono numa fazenda de café pelo período

de dois anos. É uma relação de trabalho assalariado, com a

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77

particularidade do colonato paulista da época do café, que permite o

cultivo de culturas intercalares como as do milho e feijão, cujo

excedente pode ser comercializado pelo imigrante. O destino das

famílias japonesas já estava estabelecido antes da saída do Japão: é

uma agricultura no interior do estado de São Paulo.

Há de se ressaltar que antes de se realizar a viagem para o Brasil, havia alguns

problemas, tais como das despesas do navio, apesar de serem reembolsadas posteriormente

pelo governo brasileiro, e outra, pela dificuldade de encontrar pessoas dispostas a emigrar.

A companhia imperial de emigração e imigração, a chamada Koukoku Shokumin

Gaisha, uma empresa a serviço do governo japonês, foi a responsável pelos acordos com o

governo brasileiro, se comprometendo com o envio dos futuros trabalhadores na lavoura do

café. Apesar de todos os trâmites já estarem acertados entre os dois países, a companhia

imperial de emigração e imigração, liderada pelo então presidente Ryu Mizuno, enfrentou

dificuldades para emigrar.

Estava difícil recrutar famílias dispostas a se aventurarem em terras desconhecidas e a

única solução foi fazer arranjos entre familiares ou parentescos distantes, pois já não havia mais

tempo, devido à data já estabelecida. Segundo Dezem (2006, p.6):

A dificuldade das companhias de emigração em arregimentar famílias

legítimas, levou a formação de “famílias compostas”, formadas na

maior parte das vezes por elementos que não possuíam laços

consangüíneos; muitas famílias possuíam grau de parentesco distante

ou agregados.

Outra situação ocorreu em relação à liberação do navio Kasato Maru, que só poderia

embarcar mediante o pagamento em dinheiro no valor de 100 mil ienes para a seção de

emigração do ministério das relações exteriores. Esse fato gerou a insatisfação de muitos

japoneses já prontos para seguir viagem, o que causou mais preocupação para a companhia.

Mizuno não conseguiu de imediato adquirir o valor integral, porém obteve êxito em

seu ideal, pois adquiriram, por meio do empréstimo da viúva do Barão japonês, a metade do

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78

valor exigido (50 mil ienes), o qual foi somado aos 30 mil ienes retirados do cofre que estava

no navio, dinheiro que eram dos emigrantes, que foi solicitado por motivos de urgência.

Somente, então, em abril de 1908, Mizuno consegue a liberação do navio com o

pagamento de 80 mil ienes, que foi conseguido graças à interferência e cooperação do então

deputado japonês Doi, que tornou possível a viagem que se deu pelo embarque no Porto de

Kobe, com 11 dias de atraso, partindo no dia 28 de abril de 1908, e chegando ao Porto de

Santos em 18 de junho de 1908, conforme ilustra a figura a seguir.

Figura 1- Rota da Viagem Fonte: <http://images.google.com.br>

As famílias que compunham a tripulação eram oriundas de diferentes regiões do Japão,

e o maior contingente eram os pertencentes à ilha de Okinawa, ao Sul do país, conforme o

quadro 1.

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79

N° Pessoas Províncias de Origem

324 Okinawa

172 Kagoshima

78 Kumamoto

42 Hiroshima

30 Yamaguchi

21 Aichi

14 Kochi

10 Miyaqi

09 Niigata

03 Tóquio

78 Não divulgados

Total - 781

Quadro 1- número de imigrantes e seus respectivos locais de origem Fonte: adaptado Rezende (1991)

Contudo, a viagem teve uma longa duração passando pelos continentes Asiático e

Africano até que chegasse ao Brasil, trazendo num total de 158 famílias, dentro do perfil

exigido pelo governo brasileiro de no máximo três pessoas por família aptas para o trabalho.

Essa exigência por parte do governo brasileiro já era anterior, remetia ao tempo das emigrações

italianas.

De acordo com Sakurai (2000, p.208):

A exigência da imigração familiar é decorrência da experiência anterior

com os imigrantes italianos, vindos também para os cafezais de São

Paulo. As fugas das fazendas e, portanto o não cumprimento do

contrato significa prejuízos para os fazendeiros, que querem evitar a

repetição da experiência com os italianos. A imigração em família é

entendida por eles como um fator de retenção e de não abandono do

contrato.

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80

Apesar dos fazendeiros paulistas crerem que essa nova modalidade de imigração, por

meio da convocação por famílias, os prenderia ao trabalho, estava equivocado, pois como já

dito anteriormente, para o governo japonês sua população iria ser seu representante no

exterior, o que leva consequentemente a acreditar que sua emigração ao Brasil faria desse um

morador permanente. Porém, a ideia do imigrante era de regressar a sua terra natal com a

economia que poderiam fazer ao longo dos anos com as atividades que viessem a exercer no

Brasil.

Resumidamente, aconteceu que antes mesmo de embarcarem a bordo do Kasato Maru,

os japoneses firmaram acordo com a empresa imperial de emigração e imigração, no qual

previa um contrato de seis meses. Contudo, ao chegar ao Brasil, havia outro contrato

estabelecendo sua permanência na lavoura de café em troca da amortização das despesas de

viagem. Porém, toda a economia dos imigrantes estava depositada na companhia japonesa de

imigração, que por sua vez custeou a viagem. É nesse momento que gera preocupações por

parte dos japoneses, pois a empresa estava falida, e esses valores depositados serviriam para o

sustento no período inicial do trabalho. Enfim, os valores não foram repassados pela

companhia segundo a afirmação de Mizuno, responsável pela embarcação.

Os imigrantes perceberam que foram enganados pela companhia japonesa, situação

que gerou inquietações e revoltas, e até suicídio de uma pessoa durante a viagem. Portanto,

uma vez já em terras brasileiras não podiam mais regressar, o caminho foi dirigirem-se às

fazendas, onde deu início ao trabalho nos cafezais.

Não só o fato já citado foi um impacto aos imigrantes, pois ainda tinham que viver

numa terra de adversidades, tanto no meio físico como no meio humano. Para Sakurai (2000,

p.210),

As reações dos japoneses perante o Brasil é de total estranhamento a

tudo que os rodeia. O clima, a língua, a alimentação e, sobretudo, as

condições de trabalho provocam nesses imigrantes uma desilusão,

especialmente sobre o sonho de retorno.

Essas hostilidades levaram a não assimilação, trazendo problemas em adaptar-se ao

território brasileiro, a esse fato uma série de consequências negativas viriam fazendo com que

cada vez mais o imigrante japonês ficasse isolado pelo preconceito, sentindo-se inferior.

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Para a grande maioria, esse sentimento gera um estado de profunda

angústia. A predisposição desses imigrantes de abrir mão daquilo que

consideravam importante no Japão, não significava que estivessem a

salvo de uma angustiante depressão, provocada por uma série de

fatores, a cada confronto com a sociedade receptora. Seria o caso de

certas restrições quanto à naturalização e aquisição de cidadania, da

escolha ocupacional, diferenças e obstáculos provenientes de sua

língua, suas religiões, seu modus-vivendi, isso sem mencionar os

chamados movimentos antijaponeses (TSUKAMOTO, 1973, p.25).

A mentalidade do imigrante, assim como foi em outros países que se deslocaram, era

de retorno assim que conseguisse cumprir seu objetivo de juntar um valor considerável,

objetivo esse que era diferente aos propósitos da companhia e do governo japonês, que era de

colonizar construindo um habitat permanente.

Diante da realidade contrária, teriam que conviver com todo o problema da falta de

dinheiro e o preconceito por serem apenas substitutos dos europeus, teriam que ficar nas mãos

dos fazendeiros, esses por sua vez, cientes da situação, fariam de tudo para mantê-los o

máximo possível no trabalho. Assim, as condições de trabalho nas fazendas de café não

permitiram a poupança que se esperava na chegada (SAKURAI, 2000, p.211). E isso foi cada

vez mais frustrando os imigrantes, que culminou em revoltas e muitos fugiram das fazendas,

pois suas dívidas nunca eram quitadas apesar de todo o empenho no trabalho, sendo

considerado um modelo de imigrante (MARTINS, 1973, p.27).

Contudo, a imigração de 1908 foi carregada de muitos erros de ambos os países, o

Japão, por ter confiado a imigração a uma companhia falida e sem estrutura organizacional, e

do outro, o Brasil, que não estava preparado para receber imigrantes tão diferentes em todos

os sentidos: físico e cultural, que acabou gerando preconceitos, pois eram mal vistos pelas

elites, sendo apenas um recurso de mão de obra em substituição aos europeus, esses que eram

preferidos devido à política de branqueamento da população. Enfim, aliado às condições

precárias que passavam nas fazendas, e às dificuldades impostas pelos fazendeiros quanto ao

salário, fizeram com que os nipônicos se evadissem do trabalho, se dispersando por outras

regiões. Foram resultados negativos para os dois países que só retomaram as imigrações dois

anos depois em 1910.

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Uma nova imigração ocorrerá sob a tutela de uma empresa, a qual será fiscalizada pelo

governo japonês, nos moldes de colonização para povoamento, que será o primeiro passo para

a formação da identidade cultural japonesa no Brasil, que diferente dos tempos de imigração,

os japoneses mudarão sua mentalidade, deixarão de pensar em retornar ao Japão.

3. O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO E FORMAÇÃO DA IDENTIDADE

JAPONESA EM REGISTRO

A colonização foi uma nova alternativa do governo japonês em povoar as terras

brasileiras, após o fracasso com as primeiras imigrações que deixaram uma má impressão para

os fazendeiros de café.

Novamente é realizado um acordo entre os dois países, fato que foi favorecido porque

na época ocorria a Primeira Guerra Mundial e envolvia a Itália, um país que o Brasil tinha

preferência pelos imigrantes devido à política de branqueamento da população.

Essa nova etapa do movimento migratório japonês ao Brasil teve como lugar escolhido

a região do Vale do Ribeira, pouco povoada que oferecia condições naturais para se concretizar

os planos do governo japonês e assim dar início ao povoamento que já vinha almejando há

anos.

O núcleo de colonização em Registro surge em 1914, com a concessão de mais porções

de terras pelo município de Iguape, no qual se instalou algumas poucas famílias, ainda em fase

de estruturação.

Seis anos mais tarde, em 1918, foi criada a K.K.K.K. (Kaigai Kogyo

Kabushiki Kaisha) Companhia Ultramarina de Empreendimentos

S.A., filial da Companhia Imperial, que passou a ser responsável direta

pela colonização da região. Nascia, assim, a experiência da colonização

nipônica na região, que diferia totalmente das experiências anteriores,

na medida em que surgiu com apoio governamental e,

fundamentalmente, sob a coordenação de uma organização poderosa

como a Companhia Imperial (BRAGA, 1999, p.64).

A K.K.K.K. escolheu Registro como sua sede administrativa, pois estrategicamente o

local oferecia condições naturais favoráveis para a navegação através do leito fluvial do rio

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Ribeira de Iguape. Dessa forma, construíram um Porto Fluvial e um conjunto de Galpões, no

qual incluía a maior fábrica de beneficiamento de arroz da América Latina (HANDA, 1987,

p.346).

Segue a figura ilustrando a chegada de embarcações ao Porto fluvial do K.K.K.K. em

Registro por volta de 1920.

Foto 1- Porto Fluvial de Registro Fonte: Álbum Colônia Iguape, 1933

A função que a Companhia assumiu limitava-se a organizar todo um amparo às famílias

recém-chegadas e às já assentadas, fornecendo desde loteamentos rurais, assistência médica e

profissional, até a comercialização da produção gerada pelas famílias que se destinavam ao

trabalho na lavoura.

A Kaigai orientou a colonização de forma mais completa possível.

Além de responsável pelo loteamento das terras, introduziu famílias de

agricultores e promoveu a distribuição de lotes por venda. Prestou

assistência contínua aos colonos nos primeiros anos de sua estada na

região, preocupando-se para que encontrassem condições de trabalho

satisfatórias no novo ambiente e, também, para que a eventual

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produção das colônias pudesse encontrar escoamento e mercados

(PETRONE, 1966, p.156).

Além dessas medidas estruturais citadas acima, tomadas pela empresa, outras mais

serão realizadas, como abertura de caminhos vicinais, ligando as colônias e as estradas que

interligariam cidades entre outras.

Numa região despovoada como o vale do Ribeira, onde se localizam

essas colônias, a presença dos japoneses se fez notar por benfeitorias,

como estradas de rodagem, construídas com recursos e sob a

responsabilidade da companhia. A mais importante, de 34 quilômetros

de extensão, liga Registro a Juquiá, sem contar as estradas entre as

colônias e o porto de Registro. Como se pode perceber, esse núcleo

colonial é organizado de forma a tirar o máximo proveito dos recursos

humanos e ambientais, com o claro objetivo de compatibilizar o

espírito comunitário com o caráter de empreendimento empresarial

com fins lucrativos (SAKURAI, 2000, p.224).

Contudo, a organização da companhia foi de grande êxito, conseguiu fixar muitas

famílias, dando início ao processo de povoamento tutelado na baixada do Ribeira, conforme

previsto nos planos do governo japonês.

O único caso em que se verificou formação de verdadeira comunidade é

o caso das colônias japonesas, as mais homogêneas e melhor

organizadas e orientadas. Tal fato se deve a organização da companhia

ultramarina de Empreendimentos, o KKKK (Kaigai Kogyo Kabushiki

Kaisha), que em acordo com o governo Paulista, recebeu terras para

que se iniciasse o processo de povoamento (PETRONE, 1966, p.114).

De fato o plano da companhia deu certo, e assim o Brasil continuaria a receber novas

imigrações, e seria em meados dos anos 1920 que iriam ocorrer os maiores fluxos de caráter

permanente.

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5. REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DAS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES

A casa tem um valor memorável para a cultura japonesa, pois traz lembranças de um

passado que foi construído por um pequeno contingente étnico que viria ao Brasil com

intenções de permanecer provisoriamente, até que conseguisse a economia almejada para

retornar. Esse objetivo temporário tornou-se permanente, e assim se deu início à constituição

de uma nova identidade.

A casa é também um lugar, pois existiu uma relação social firmado nos princípios de

união e amizade, cuja organização do trabalho se fez nos moldes cooperativistas, beneficiando

o grupo envolvido. Dessa forma, representou não só as relações sociais, mas também

econômicas e políticas, pois as atividades desenvolvidas ao longo dos anos garantiram aos

nipônicos um status de reconhecimento enquanto contingente étnico.

Monbeig (1957, p.151) já frisava que o município de “Registro é a área onde mais

notável se fez sentir a influência da colonização japonesa”. De fato toda a construção do

município se deu sob a égide de um grupo liderado pelo governo japonês e a companhia de

empreendimentos, que trouxeram os imigrantes que a partir daí deram início à jornada de vida

que os levaria à formação de uma sólida identidade cultural.

Esse lugar construído pelos japoneses refletiu o modo de vida que levara no país de

origem, levando a reprodução do seu antigo lar e no novo, que seria para sempre sua moradia.

Dessa forma, as experiências vividas na terra natal foram fundamentais para construir no Brasil

um espelho das antigas condições de vida.

Pode-se dizer que as antigas casas dos imigrantes possuem valores tanto visuais como

subjetivos, pois quem observa logo percebe que os traços arquitetônicos remetem ao estilo

oriental, e que as experiências de vida enquanto moradores dessas casas representaram um

passado de dificuldades, trabalho, cooperação, sempre com muito esforço.

Foram também palco das cerimônias religiosas ou mesmo comemorativas, ainda as

reuniões de trabalho e as associações administrativas sempre estiveram ligadas à figura do

habitat, sendo esse o centro de todas as relações sociais, numa espécie de comunidade fechada.

O habitat é por excelência a essência de toda a construção cultural que se fez na cidade

de Registro, pois a figura nipônica é o principal agente de produção espacial, e responsável pela

paisagem humanizada.

Segundo Petrone (1966, p. 163):

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Geograficamente tais fatos tiveram maior importância nas paisagens,

especialmente na presença da casa, mas também na formação de um

grupo etnicamente diferenciado do conjunto da população da Baixada,

com bagagem social e material peculiar, em síntese constituindo um

fato novo, com repercussões apreciáveis nos quadros geográficos da

região com apreço.

Foto 2- Casa de imigrante japonês encontrada abandonada, sofrendo com a ação do tempo

Fotografia: Alessandro Aoki (2008)

A foto 2 ilustra uma casa de imigrantes japoneses localizada na zona rural, como a

grande maioria que ainda se encontra construída e inabitada, porque a maioria dessas casas já

não existe por conta do abandono ou venda da propriedade.

A foto 3 também retrata uma casa nos mesmos moldes da anterior, porém estava

habitada e as características ainda se mantêm originais da época, com exceção da organização

interna da casa que foi reformada, uma vez que o material utilizado era menos resistente.

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Estes lugares representam uma volta às origens numa época que ainda as hostilidades

físicas eram as maiores dificuldades para se construir e trabalhar.

Foto 3- Antiga casa reformada e habitada, mantendo as características originais Fotografia: Alessandro Aoki (2008)

Essas casas são legítimas representações de um passado recente de formação de um

território e de uma nova identidade em terras brasileiras, e que carrega consigo um conjunto de

valores culturais de um grupo de japoneses instalados há quase cem anos em Registro.

A imigração japonesa para o Brasil foi responsável pelo atual reconhecimento como

contingente étnico que se radicou no país e formou uma das maiores colônias no município de

Registro. E os resultados dessa permanência foram os legados culturais, representados por

meio das antigas casas, que foram moldadas seguindo a arquitetura oriental, como uma forma

de se sentir mais próximo à terra natal.

É uma expressão cultural, uma vez que as relações humanas são realizadas num

contexto de formação de uma paisagem humanizada, e que envolvem um determinado

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contingente racial que passa a dominar um cenário repleto de hostilidades naturais, e que a

necessidade de manutenção à vida levou a construírem um espaço que se tornaria anos mais

tarde um lugar que representaria todo o grupo através do legado histórico deixado por meio

das casas, que nos dias atuais, não têm sido valorizadas pelas gerações posteriores, o que pode

caracterizar futuramente na perda da memória cultural.

6. REFERÊNCIAS

ALBÚM Colônia Iguape: 1913-1933.

BRAGA, Roberto. Raízes da questão Regional no Estado de São Paulo: Considerações sobre o

Vale do Ribeira. Revista Geografia: Unesp, Rio Claro, vol.24(3): 43-68 Dezembro, 1999.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. No Rancho Fundo: espaços e tempos no mundo rural.

Uberlândia-MG: Editora EDUFU, 2009.

HANDA, Tomoo. O imigrante japonês: História de sua vida no Brasil. São Paulo:

Centro de Estudos Nipo–Brasileiros, 1987.

MARTINS, José de Souza. A imigração e a crise no Brasil Agrário. São Paulo-SP: Editora

São Paulo, 1973.

MONBEIG, Pierre. Novos Estudos de Geografia Humana Brasileira. São Paulo-SP:

Editora Difel,1957.

PETRONE, Pasquale. A Baixada do Ribeira: Estudo de Geografia Humana. Boletim nº 14,

São Paulo–SP. 1966.

ROTA do Imigrante. Arquivo disponível em: <http//: www.imagesgoole.com>. capturado

em: 15 jul. 2009.

SAKURAI, Célia. Imigração Japonesa para o Brasil. Um exemplo de Imigração Tutelada –

1908-1941. In: XXII Encontro Nacional da ANPOCS. 22, 1998, Caxambu. Anais. Caxambu-

MG, 1998. p. 1-21.

TSUKAMOTO, Ruth Youko. A Teicultura no Brasil: Subordinação e Dependência. 1994.

225f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade de São Paulo: São Paulo-SP, 1994.

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TUAN, Yi-Fu. Topofilia: Um estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente.

São Paulo-SP: Editora Difel, 1980.

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CAPÍ TU

LO05

PROCESSO EM BATATAS E CHUCHUS,SOUS VIDE

SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUEINFLUÊNCIA NO ?SHELF LIFE

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PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA

UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE?

Rosana de Fátima Capelo

Valdirene F. Neves dos Santos

A história do Sous Vide iniciou-se na França na década de 1970, quando o chef Georges

Pralaus descobriu que ao colocar o alimento em embalagens plásticas a vácuo e cozinhá-lo

lentamente em temperatura precisamente determinada, poder-se-ia obter um produto com

maior rendimento e um sabor infinitamente superior. Na metade da década de 1980, quando a

alta gastronomia se tornou famosa nos serviços de bordo nos trens na França, chefs de

cozinha mudaram seu foco para a qualidade, foi quando Bruno Goussault, também conhecido

como um dos fundadores do Sous Vide refinou os parâmetros de cozimento e a relação entre

tempo, temperatura e validade dos alimentos. Desde então, o Sous Vide tornou-se um método

de cozimento celebrado pelos melhores chefs de Cozinha da Europa, os quais empregam esta

técnica de cozimento em seus notáveis restaurantes (RHODEHAMEL, 1992).

O processo Sous Vide consiste em um método profissional em que se emprega

embalagem a vácuo com controle de temperatura designada pela característica individual de

cada alimento que poderá ser desde carnes até massas. O alimento passa por um tratamento

térmico comparável às condições da pasteurização, na qual ocorre um choque térmico. As

temperaturas podem atingir 54°C a 72°C para o cozimento e 0°C a 2°C para o resfriamento,

nesses dois processos tais temperaturas reduzem as formas vegetativas de bactérias patogênicas

e o produto poderá ser conservado por 3 a 4 semanas e os benefícios para a produção são:

minimização para o desperdício, redução da equipe de funcionários, serviço mais rápido, maior

planejamento de produção. O resultado é um produto final com textura superior com boas

qualidades organolépticas (RHODEHAMEL, 1992).

Os métodos de produção de alimento dentro das indústrias, hotéis e catering evoluíram durante

longo período na França. As cozinhas foram equipadas para atender à demanda dos cardápios,

centralizando o sistema de produção da tecnologia avançada com a entrada do sistema Sous

Vide (ADAMS, 1983).

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Sabe-se que a técnica Sous Vide ainda é pouco disseminada no Brasil, todavia, pode ser

encontrada em alguns restaurantes gastronômicos.

A literatura descreve que os legumes pré-processados embalados sob vácuo, técnica

comumente utilizada no Brasil, quando comparados com o método Sous Vide, este último

otimiza o tempo de vida útil do produto “shelf life” (BETISY,1990).

Considerando que algumas regiões brasileiras devido às condições climáticas desfavoráveis,

carecem de certos tipos de legumes em alguns períodos do ano, logo a técnica Sous Vide parece

viabilizar o consumo e o preço dos produtos às pessoas que residem nessas regiões.

Uma vez que não foram encontrados trabalhos utilizando a técnica Sous Vide em batatas

e chuchus pré-processados no Brasil, justificamos o presente trabalho.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

- Avaliar se a técnica Sous Vide aumenta o tempo de durabilidade de amostras de batatas e

chuchus pré-processados, quando comparada com amostra de batatas e chuchus pré-

processados embalados sob vácuo.

Objetivo Específico

- Avaliar a contagem microbiológica do produto mediante a técnica Sous Vide e compará-la

com os pré-processados embalados sob vácuo.

Analisar e comparar os valores microbiológicos padronizados pela legislação brasileira com os

valores encontrados por meio da contagem microbiológica mediante a técnica Sous Vide.

METODOLOGIA

Delineamento do Estudo:

Trata-se de um estudo descritivo de natureza transversal realizado em uma empresa de

Hortifrúti de produtos processados na região metropolitana de São Paulo no ano de 2010,

durante o período de janeiro a março, com enfoque no processo Sous Vide. O termo de

consentimento livre e esclarecido foi obtido dos diretores responsáveis pela empresa de

Hortifrúti de produtos processados.

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Seleção das amostras

Foram selecionados os legumes (batatas e chuchus) com boas características

considerando: tamanho uniforme, cores vivas, para não comprometer a qualidade dos mesmos.

Critérios de Exclusão

Os legumes que se apresentaram com características diferentes dos critérios

estabelecidos foram excluídos da amostra os chuchus amarelados, pequenos e batatas pequenas

com pintas ou deformadas.

Critérios sensoriais esperados nas análises

Quanto a análises sensoriais espera-se coloração adequada e textura “ao dente” para

todos os legumes após as duas técnicas empregadas.

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO SOUS VIDE E PRÉ-

PROCESSADOS EMBALADOS SOB VÁCUO

Utilizou-se banho-maria (Hot Box) adaptado para o estudo com uma largura de 50, P 45

C 70 com capacidade de 150 litros. Dois tanques de inox para a cloragem e metabissulfito

capacidade de 150 litros e um descascador de inox para o descasque dos legumes.

1) Descrição do Método Utilizado nos legumes pré-processados

Embalados a Vácuo:

Após a seleção dos legumes de acordo com os critérios de seleção, estes foram

colocados dentro do descascador de inox para realização da retirada das cascas. A seguir, os

legumes foram imersos em cuba com 150 litros de água e 400 ml dióxido de cloro para a

higienização e toalete, ocorreu ainda a retirada de algumas manchas que permaneceram da

etapa anterior do processo. Na sequência, os legumes foram conduzidos ao corte, sendo

cortados em cubos de 2 cm. Depois foram colocados em conservante de metabissulfito, sendo

a concentração de 40g de metabissulfito para 150 litros de água. Nesse processo, objetivou-se

eliminar o escurecimento dos legumes em contato com o oxigênio. Os legumes (chuchu e

batata) foram embalados a vácuo em embalagens de 500 gramas e levados para refrigeração a

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4ºC, considerando o tempo de vida de útil “shelf life” de até sete dias de acordo com os dados

apontados pela literatura, após este período as amostras foram direcionadas ao laboratório de

análise microbiológica a fim de serem analisados os parâmetros de coliformes totais a 35°C,

coliformes fecais a 45°C e Salmonella SP.

2) Descrição do Método utilizado do Processo Sous Vide na amostra de

legumes

O método Sous Vide consistiu em três estágios: preparo para a embalagem, cozimento

e finalização. Após a seleção dos legumes de acordo com os critérios de seleção, esses foram

colocados dentro do descascador de inox para realização da retirada das cascas. A seguir, os

legumes foram imersos em cuba com 150 litros de água e 400 ml dióxido de cloro para a

higienização e toalete, ocorreu ainda a retirada de algumas manchas que permaneceram da

etapa anterior do processo. Na sequência, os legumes foram conduzidos ao corte, sendo

cortados em cubos de 2 cm, depois foram embalados a vácuo em pacotes de 500 gramas. A

quantidade total de amostra analisadas nessa etapa consistiram em 6 pacotes com 500 gramas

para cada produto (batata e chuchu), sendo dois pacotes separados para o 1º teste e 4 pacotes

separados para o 2º teste. Após essa etapa todos os pacotes foram conduzidos ao banho-maria,

sendo a temperatura da água utilizada no momento da pesquisa entre 70ºC a 75ºC, durante a

etapa dos legumes imersos em banho-maria, diversos tempos distintos foram utilizados,

conforme descritos abaixo no tópico 1º teste e 2º teste. Após a retirada do banho-maria foi

realizado choque térmico com água e gelo a 3ºC por 5 minutos até que o produto atingisse a

temperatura de 20ºC e na sequência as embalagens foram conduzidas ao refrigerador,

mantendo-se em temperatura de 4ºC por até 20 dias.

1º TESTE:

Dois pacotes com 500 gramas de cada produto (chuchus e batatas) foram submersos à

análise em banho-maria a 75ºC, em períodos de tempos diferenciados como segue: escala 1(1

hora), escala 2 (2 horas), escala 3 (02h30min). Termostato e termômetro foram utilizados

continuamente na avaliação da temperatura durante as três escalas. A quantidade de água

utilizada no banho-maria em todas as escalas correspondia a 120 litros. Após os períodos

respectivos, as embalagens foram colocadas imediatamente em água com cubos de gelo para o

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resfriamento, até atingir 20ºC. Posteriormente, todos os pacotes foram levados para a câmara

fria, mantidos em temperatura de 4ºC por período de 20 dias. Passados os 20 dias, verificou-se

que os pacotes processados com escala de tempo de 1 hora e 2 horas apresentaram colorações

esbranquiçadas e consistências cruas, logo, os mesmos foram rejeitados na análise.

Os pacotes dos legumes da escala 3 (02h30min) apresentaram melhor coloração, sendo

aprovados para a etapa seguinte de reaquecimento. Observou-se após o reaquecimento que os

pacotes com escala 3 (02h30mim), apresentaram textura crocante e melhor coloração,

resultado este superior às outras amostras testadas, porém, na etapa do reaquecimento as

amostras da escala 3 ainda não haviam atingido a textura e coloração esperada de acordo com a

técnica Sous Vide, sendo assim, essa amostra foi rejeitada e adotou-se um período de tempo

superior ao da escala 3 (02h30min) para a avaliação dos outros legumes.

2º TESTE

No 2º teste a partir das experiências anteriores, optou-se pela escala de tempo de 3

horas em que se utilizou quatro pacotes com 500 gramas de cada produto (chuchus e batatas).

As embalagens foram imersas no banho-maria a 75ºC e maiores cuidados foram adotados

quanto à homogeneização no cozimento, para tal, colocou-se os cubos lado a lado dentro de

cada pacote mantendo as embalagens dos legumes completamente submersas em banho-maria

com o auxílio de uma grade após a região marginal da cuba com água. Após o período

determinado, as embalagens foram colocadas imediatamente em água com cubos de gelo com

temperatura de 2ºC por 5 minutos, para o resfriamento, até que os produtos atingissem a

temperatura de 20ºC. Posteriormente, todos os pacotes foram levados para a câmara fria,

mantidos em temperatura de 5ºC por período de 20 dias.

No segundo dia um dos pacotes de cada produto fora conduzido ao laboratório de

microbiologia da empresa “FOOD SAFETY” para identificação da contagem microbiológica

do produto. No vigésimo dia, outro pacote foi conduzido a esse mesmo laboratório de

microbiologia para contagem de coliformes totais e fecais, bolores e leveduras, Salmonella e

Bacillus cereus. Esses cuidados e testes foram utilizados a fim de avaliar o binômino: tempo e

temperatura, no tocante à textura “apropriada” e “shelf life” do produto analisado.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

96

Para avaliação do produto final considerou-se os resultados das análises

microbiológicas, bem como suas características físicas e organolépticas. Segue detalhamento no

quadro abaixo os resultados microbiológicos:

RESULTADOS:

Características

Sensoriais

Teste 1

1 hora

Teste 1

2 horas

Teste 1

02h30mim

Teste 2

3 horas

Cor Branco Branco Branco Pouco esbranquiçado

Sabor “cozido” Não Não Sim Sim

Sabor “cru” Sim Sim Não Não

Sabor estranho Não Não Não Não

Aparência apropriada Não Não Não Sim

Quadro 1- Características sensoriais de batatas embaladas de acordo com a Técnica Sous Vide em diferentes escalas de tempo Fonte: Capelo & Santos (2010)

Características

Sensoriais

Teste 1

1 hora

Teste 1

2 horas

Teste 1

02h30mim

Teste 2

3 horas

Cor Esbranquiçado Esbranquiçado Esbranquiçado Pouco esbranquiçado

Sabor “cozido” Não Não Sim Sim

Sabor “cru” Sim Sim Não Não

Sabor estranho Não Não Não Não

Aparência apropriada Não Não Não Sim

Quadro 2- Características sensoriais de chuchus embalados de acordo com a Técnica Sous Vide em diferentes escalas de tempo Fonte: Capelo & Santos (2010)

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

97

Quadro 03 - Comparação da análise microbiológica do método Sous Vide em batatas em cubos no segundo e vigésimo dia após o processo com a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)

Microorganismo

Valores de

tolerância

segundo a RDC

nº 12 para

amostra (g)

Segundo dia após

processo

Vigésimo dia após

processo

Coliformes 45°

(Fecais)

10 2

11 UFC/g

< 3 UFC/g

Coliformes 35°(Totais) ------- 11.102 UFC/g < 3 UFC/g

Staphylococcus Coag.

positiva

10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g

Bacillus cereus 10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g

Salmonella sp (25) Ausente Ausente Ausente

Microorganismo

Valores de tolerância

segundo a RDC nº 12

para amostra (g)

Segundo dia

após processo

Vigésimo

dia após

processo

Coliformes 45° (Fecais) 10 2 < 3 UFC/g < 3 UFC/g

Coliformes 35° (Totais) -------- 460 UFC/g < 3 UFC/g

Staphylococcus Coag. positiva 10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g

Bacillus cereus 10 3 < 100 UFC/g < 100 UFC/g

Salmonella sp (25) Ausente Ausente Ausente

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

98

Quadro 4- Comparação da análise microbiológica do método Sous Vide em chuchus em cubos no segundo e vigésimo dia após o processo com a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)

Microorganismo

Valores de

tolerância

segundo a

RDC nº 12

para amostra

(g)

Segundo dia após

processo

Vigésimo dia

após processo

Coliformes Fecais 45°

C/g

102 < 3 UFC/g 1,1.10 UFC/g

Coliformes Totais

35°C/g

-------------- 4,6.102 UFC/g 1,1.103 UFC/g

Salmonella sp (25/g) Ausência Ausência Ausência

Quadro 5 - Comparação da análise microbiológica do método a vácuo de batatas em cubos pré-processadas após 7 dias do armazenamento com os valores padronizados aceitáveis pela Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)

Microorganismo Valores de

tolerância segundo

a RDC nº 12 para

amostra (g)

Segundo dia após

processo

Vigésimo dia

após processo

Coliformes 45°C/g

(Fecais)

102

< 3 UFC/g

1,1.10 UFC/g

Coliformes 35°C/g

(Totais)

-----------

4,6.102 UFC/g

1,1.103 UFC/g

Salmonella sp

(25/g)

Ausência

Ausência

Ausência

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

99

Quadro 6 - Comparação da análise microbiológica do método a vácuo de chuchus em cubos pré-processadas após sete dias do armazenamento com os valores padronizados aceitáveis pela Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010)

DISCUSSÃO

De acordo com a análise sensorial, a textura apropriada no final da última etapa dos

legumes seria a textura “ao dente”, assim sendo, observa-se no quadro 1 e 2 que no primeiro

teste, o tempo e temperatura não foram suficientes para atingir essa textura, porém o pacote da

escala 3 (02h30min) não ficou muito esbranquiçado. No entanto, o resultado obtido no teste

realizado na escala 3 não permitiu obter conclusões definitivas com relação ao

tempo/temperatura e durabilidade do produto, isto porque durante o teste, não se teve o

cuidado de colocar os cubos lado a lado, para a homogeneização do cozimento fato este que

colaborou para aparência esbranquiçada posteriormente.

O cozimento tem por função valorizar as características organolépticas dos produtos e

garantir sua conservação. Sendo a técnica de cozimento em banho-maria apropriada para

manter a uniformidade no processo de cocção. A valorização das características organolépticas

resulta da preservação, modificação ou mesmo do desaparecimento de certas propriedades

funcionais e dos componentes bioquímicos dos produtos. O calor é um dos fatores,

preponderantes em todas essas reações e transformações e o domínio do binômio

tempo/temperatura para cada produto (GOUSSAULT, 1996).

De acordo com Paschoalino (1987), a exposição prolongada a uma temperatura

moderadamente elevada (70-75°C) confere um fortalecimento significativo da consistência em

legumes em conserva. Esse resultado seria por causa da ativação das enzimas pectina-metil-

estérases que provocam a desesterificação das substâncias pécticas das paredes celulares,

favorecendo assim para formação de pontes de cálcio entre substâncias pécticas e,

consequentemente, maior rigidez na consistência.

Em relação às análises microbiológicas observou-se que no vigésimo dia do método

Sous Vide houve uma diminuição na contagem de coliformes fecais e totais, talvez pela

competição de outras espécies de bactérias que não foram analisadas.

Observou-se também que no método pré-processado a vácuo de sete dias houve um

aumento na contagem de coliformes fecais quando comparado com o vigésimo dia do Sous

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

100

Vide, justificando então que no presente estudo o método Sous Vide mostrou-se mais eficiente

no shelf life.

Um estudo conduzido por Amstrong (2003) analisou com técnicas rigorosas, a

aceitação sensorial dos produtos Sous Vide durante o armazenamento pelos consumidores. Os

resultados indicaram que a aceitação dos produtos a base de vegetais continuou mesmo após

armazenamento por 20 dias. Esses valores, resultantes dessa pesquisa, ultrapassam o prazo de

vida útil estipulado pela ANVISA (2001) sob a técnica Sua Vide e são resultados do

desenvolvimento eficaz da receita e do tratamento térmico durante o processamento e

armazenamento desses produtos.

Os métodos mais populares de Sous Vide são: cozinhar e esfriar ou cozinhar e congelar,

posteriormente são selados a vácuo, pasteurizados e rapidamente esfriados para evitar a

exploração de Clostridium perfringens até serem reaquecidos para servir. Listeria é um patógeno

não formador de esporos mais resistente ao calor, sendo capaz de crescer em temperaturas de

geladeira. Uma vez mantido o alimento a vácuo previne-se a recontaminação após a cocção,

mas esporos de Clostridium botulinum, Clostridium perfringes e Bacillus cereus podem sobreviver ao

tratamento do calor da pasteurização (SVETLANA, 1999).

A técnica de processamento de Sous Vide é utilizada na indústria alimentícia para

estender a validade de produtos comestíveis quando embalados a vácuo, são mantidos a uma

temperatura abaixo de 3,3°C apresentando garantia por shelf life de 3 a 4 semanas (ROCA,

2005).

Conclui-se que o processo Sous Vide em batatas e chuchus pré-processados embalados,

mostrou-se eficiente em relação à análise sensorial e microbiológica de acordo com os critérios

preconizados pela Anvisa (2001) para coliformes fecais, coliformes totais e Salmonella sp, os autores

sugerem que sejam realizadas novas pesquisas na avaliação de outros agentes além dos

preconizados pela legislação como bactérias psicotroficas, contagem de bactérias lácteas e por

serem embalados a vácuo a contagem de esporulados como do gênero Bacillus e Clostridium.

Agradecimentos: Reinaldo Lima dos Santos e Rosemeire Francisca Neves Pereira pelo apoio

ministrado a essa pesquisa.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

101

REFERÊNCIAS

ADAMS. Jebeles exigences thermiques des fruits et légumes destinés à la congélation lors de

l’opération de blanchiment. Révue Générale du froid. Paris, 1983, 73 :(1), 21-25.

AMSTRONG, G. A. Sensory Quality/ Consumer Acceptance of foods processed by the

Sous Vide, 2003.

ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº12, de 02 de janeiro

de 2001: aprova regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimento. Diário

Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,10 janeiro 2001.Seção 1.

BETISY, B. Sous Vide: What’s all the excitement about? Food Technology, 1993, pp. 92-93.

GOUSSAULT, B. Cuissons à juste température. Actualités Technique et Industrielles, Paris,

1996.

PASCHOALINO. J. E. Branqueamento de hortaliças destinadas ao congelamento. Coleção

ITAL, Campinas, 1987, 17:(2) ,101-117.

RHODEHAMEL E. FDA’s. Concerns with Sous Vide Processing. Food Technology,

1992. (pp.73-83).

ROCA, J. Sous Vide Cuisine. Montagud Editores, (pp.15-30) Paris, 2005.

SVETLANA. R.R. Develloping a HACCP plan for extended shelf-life cook-chill ready –to-eat

meals. Food Australia, 51, 1999, (pp.430-433).

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CAPÍ TU

LO06

HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL:ALGUNS APORTES

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES

Rodrigo de Moura Domingues

Renato de Sá Lima

A humanidade deve se glorificar ou se condenar com a criação da tecnologia? Pois o

mesmo equipamento tecnológico que serve para criar serve também para ferir ou matar.

O enfoque deste artigo será voltado para a tecnologia móbile existente em nossa

sociedade, atualmente a necessidade e dependência dessa tecnologia são predominantes não só

em nosso país, mas no mundo todo.

No Brasil como em qualquer outro país a tecnologia está presente e chegou após a

globalização, e não é difícil reconhecer a sua importância.

A história da tecnologia pode ser contada de várias maneiras, dependendo do foco, que

marcaram a evolução, é importante conhecer a história da informática para entender como

evoluímos, onde estamos e para onde caminhamos (MEIRELLES, 1994).

Atualmente, a tecnologia mobile está crescendo muito em uso conjunto com a WEB

(World Wide Web), hoje não precisamos mais estar em casa ou no escritório para enviar ou

acessar um e-mail, está tudo mais dinâmico, podemos, por exemplo, comprar qualquer coisa

praticamente por um celular ou tablet, que tenha acesso à internet e esses equipamentos são

mais potentes que alguns dos computadores que temos em casa.

Segundo o IBGE (2009), o número de domicílios que possuíam somente telefone

móvel foi de 2,5 milhões, de 2004 para 2009. A proporção de domicílios que possuíam

somente telefone móvel celular passou de 16,5% para 41,2%.

Em 2009 pessoas que já utilizaram a internet com dez anos ou mais foi de 67,9

milhões, teve uma crescente de 21,5%, representando 12,0 milhões de pessoas com relação a

2008 (55,9). Em 2005 eram 31,9 milhões de usuários da internet, nesse período observou-se

um aumento de 112,9%. Sendo que esses dados são somente de computadores de mesa ou

portátil (laptop, notebook, palmtop, pocket PC, handheld), conforme dados do (IBGE, 2009).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Em nossa sociedade é comum pensar em tecnologia de forma simples, porém é algo

muito mais amplo e deve ficar claro que o conhecimento tecnológico não é algo que se resume

ao uso e conhecimento sobre redes sociais.

A Tecnologia acompanha a evolução da humanidade, a necessidade de uma nação,

como na década de 1940 quando houve uma grande mudança na tecnologia, porém com um

enorme preço a se pagar. Será que no futuro, para que haja novamente uma grande mudança,

precisaremos pagar com um valor de igual tamanho?

EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

Segundo Meirelles (1994), em 1937 um jovem professor de matemática de Harvard, Howard

Aiken, submeteu ao homem forte da IBM, Thomas Watson, a ideia de fabricar um

computador eletromecânico - o MARK I-, construído então com o auxílio da IBM e da

Marinha Americana. O MARK I é o primeiro projeto de computador de que se tem notícia,

apesar de ainda eletromecânico e de só ter sido apresentado em 1944, após a guerra; media 2,5

metros de altura por 18 de comprimento, tinha 750.00 partes e mais de 700 quilômetros de

cabos.

O primeiro computador eletrônico digital foi o ABC (Atanasoff Berry Computer), criado

pelo professor de matemática John Atanasoff. O protótipo desenvolvido a partir de 1937 foi

demonstrado em 1939 e foi o primeiro a usar válvulas para circuitos lógicos. Porém, não foi

completado e abandonou-se sua construção em 1942, somente em 1973, por meio de uma

demanda judicial de patentes, é que o ABC foi oficialmente reconhecido como o protótipo

pioneiro.

Em 1940 Hitler teria rejeitado financiar o projeto de Konrad Zuse para construir o Z4,

mas vários historiadores afirmam que o Z3, construído na Alemanha por Zuse em 1941 foi o

primeiro computador eletrônico digital de uso genérico a ser completado e operacionalizado, e

que teria sido usado durante a segunda Grande Guerra. Nessa mesma época, 1943, a Inglaterra,

através de Alan Turing, construiu dez Colossus I - um computador eletrônico digital que já

usava válvulas e teve o seu uso dedicado para decifrar códigos militares, em especial o da

máquina de código alemã - Enigma, conforme Meirelles (1994).

Durante a década de 1940, impulsionada pelo esforço da guerra, a tecnologia avançou

muito rápido e muitas pessoas trabalhavam com ideias semelhantes.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

105

Em 1946 foi apresentando o primeiro "grande" computador eletrônico: ENIAC-

Electronic Numeric Integrator and Calculator, que ocupava mais de 170 metros quadrados, pesava 30

toneladas e funcionava com 18.000 válvulas, 10.000 capacitores além de milhares de resistores

e relés, os quais consumiam cerca de 150.000 watts para executar cinco mil adições ou

subtrações por segundo.

A preparação do ENIAC para cálculos demorava semanas, pois a programação era

feita através de fios, e não funcionava por muitos minutos seguidos, pois havia vários

componentes delicados, que quebravam com facilidade. Seu valor foi estimado em meio

milhão de dólares, muito pouco eficiente se comparado com as atuais calculadoras que custam

alguns dólares. Tendo como base o ABC, John Mauchly e J. Presper Eckert, da universidade

da Pensilvânia, reduziram para 30 segundos os cálculos de trajetória de mísseis sendo que antes

levavam cerca de 1.000 segundos. Chegava a ser em algumas operações, mil vezes mais rápido

que o MARK I (MEIRELLES, 1994).

O nome seguinte da história dos computadores é John Von Neumann que, juntamente

com Arthur Burks e Herman Goldstine, desenvolveu entre 1945 e 1950 a lógica dos circuitos,

os conceitos de programa e operações com números binários e o conceito de que tanto

instruções como dados podiam ser armazenados e manipulados internamente. Suas ideias e

conceitos ainda são utilizados 45 anos depois nos computadores e microcomputadores recém-

lançados.

O EDSAC - Electronic Delay Storage Automatic Computer, construído na Inglaterra em

1949, foi um dos primeiros a utilizar o conceito de programa armazenado, e em alguns meses

depois o EDVAC - Electronic Discrete Variable Automatic Computer, desenvolvido na Pensilvânia

com a consultoria de Von Neumann, professor da Universidade de Princeton. O EDVAC

usava 10% do volume de equipamento do ENIAC e tinha cem vezes mais memória.

Após o lançamento do ENIAC (1946), John Mauchly e J. Presper Eckert deixaram a

Universidade da Pensilvânia para fundar sua empresa. No dia 14 de junho de 1951, a divisão

UNIVAC da Remington Rand entrou para o US Bureau of Census, o mesmo Serviço de

recenseamento Americano que já havia motivado Hollerith, o primeiro UNIVAC I.

O UNIVAC I (Universal Automated Computer) foi o primeiro a usar os conceitos de Von

Neumann e a ser produzido em escala comercial. Seu tamanho já era razoável se comparando

com o ENIAC - a UCP ocupava pouco mais de 20 metros quadrados e pesava cinco toneladas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

106

Foram comercializados 15 computadores UNIVAC I, em 1952. O segundo UNIVAC

I, foi vendido em 1954 à GE - General Electric - para processar sua folha de pagamento.

Em 1953, foi lançado o IBM 701, mas o maior sucesso comercial da década de 1950

ficou com o modelo lançado em 1954, o IBM 650, teve uma quantidade de 50 unidades

vendidas inicialmente, mesmo com seu valor alto, mas o seu desempenho era superior a todos

os outros computadores concorrentes. A IBM comercializou mais de 1.000 unidades do

modelo 650 (MEIRELLES, 1994).

GERAÇÕES E ETAPAS DA EVOLUÇÃO DOS COMPUTADORES

Podem ser consideradas gerações de equipamentos as máquinas que tiveram mudanças

muito radicais de arquitetura e tecnologia incorporadas ao sistema (MANZANO N.G. L.;

MANZANO N.G. I., 2007).

Ainda existe certo consenso na definição das três primeiras gerações, os autores e

historiadores de informática ainda não chegaram a um acordo quanto às datas de início da

primeira geração e de término da terceira. Como consequência, para alguns ainda estamos na

terceira geração e para outros já entramos na quinta geração (MEIRELLES, 1994).

Primeira Geração - Válvulas

Os computadores da primeira geração eram todos baseados em tecnologia de Válvulas

e essa tecnologia foi até 1959. Esses grandes computadores eram difíceis de manusear e

consumiam grande quantidade de energia. As válvulas eram bem frágeis, queimavam com

poucas horas de uso. Outra característica dessa geração é que sua programação se dava em

linguagem de máquina.

O EDVAC, o Whirlwind e o IBM 650, foram os que mais se destacaram dessa geração

(MANZANO N.G.L.; MANZANO N.G.I., 2007; MEIRELLES, 1994).

Segunda Geração – Transistores

Nos equipamentos da segunda geração, a válvula foi substituída pelo transistor,

tecnologia usada entre 1959 e 1965. O transistor foi desenvolvido no Bell Laboratories, por

William Shockley, J. Bardeen e W. Brattain em 1947.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

107

Seu tamanho era cem vezes menos que o da válvula, não precisava de tempo para

aquecimento, consumia menos energia, era mais rápido e muito mais confiável. A linguagem

de programação na época era o ASSEMBLY.

Entre essa geração e a seguinte, a IBM desenvolveu o modelo "T5" foi o mais confiável

da época, trata-se do IBM 1401 e seu sucessor o IBM 7094, já totalmente transistorizado, suas

medidas eram cerca de 1.5 metros de altura por 1,2 de comprimento, sua memória tinha a

capacidade de 4 Kbytes. Entre os modelos 1401 e 7094, a IBM vendeu mais de 10.000

computadores (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007; MEIRELLES, 1994).

Terceira Geração - Circuitos Integrados

A Terceira geração começa com a substituição dos transistores pela tecnologia de

circuitos integrados - transistores e outros componentes eletrônicos miniaturizados e

montados num único chip. Esse chip já conseguia calcular em nanosegundos (bilionésimos). A

IBM contribuiu com o lançamento dessa nova geração de computadores com o modelo IBM

S/360, esse modelo tinha seis modelos básicos e várias opções de expansão que realizava mais

de dois milhões de adições por segundo e cerca de 500 mil multiplicações, esses modelos eram

todos transistorizados.

O IBM S/360 possuía microcircuitos, também conhecidos como CI - Circuito

Integrado, que eram do tamanho de um grão de arroz. Eles possibilitaram o aumento da

capacidade de trabalhos de computadores, cuja tecnologia recebeu o nome de SLT - Solid Logic

Technology (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007; MEIRELLES, 1994).

Entre 1965 e 1975 ocorreu um desenvolvimento significativo nos minis, respondendo a

demanda por máquinas de menor porte e processadores menos centralizados.

Em 1965, começa a terceira geração e para muitos vai até hoje, se tratando que os

equipamentos evoluíram; mas para alguns autores localizam a quarta geração de 1970 ou 1971

até hoje, devido à importância de maior escala de integração alcançada pelos CIs de LSI.

Finalmente, a outra corrente usa o mesmo argumento da anterior, mas considerando que a

miniaturização de fato ocorreu com o VLSIs, definindo a quarta geração a partir de 1975, com

o advento dos microprocessadores e dos microcomputadores.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

108

MICROCOMPUTADORES

Em 1997 foi um ano marcante para a história da tecnologia, nesse ano surgiram os

microcomputadores em escala comercial e seu microprocessador era um milésimo do preço de

um UCP em 1960.

Com essa tecnologia, que permitiu reunir num único chip todos os elementos que

compunham as UCPs, foi iniciada a fabricação dos primeiros microcomputadores no final da

década de 60, os computadores estavam bem mais baratos e com uma capacidade extensa para

realizar aplicações e sua capacidade continua a aumentar. Com esse barateamento, muito mais

empresas que não tinham condições de disputar um espaço no mercado começaram a lançar

seus produtos.

Em 1969, a empresa Intel lança Intel 4004 de 4-bits - um Ci com 2.250 transistores

(equivalente ao ENIAC de 1946). O 4004 foi muito usado e viabilizou as calculadoras

eletrônicas do início da década de 70. Já em 1974 foi lançado o modelo Intel 8080.

Entre 1971 e 1975, foram lançados vários kits (conjuntos de componentes) e foram

comercializados em um escala pequena, porque as grandes empresas que lideravam o mercado

não se interessaram nos mínis, acreditando que não existia espaço para micros.

Em 1976, Steve Jobs e Sthephen Wozniak criaram a Apple I, numa garagem de fundo

de quintal. Seu primeiro lote de 50 unidades foi vendido em 1976 e suas vendas ficaram perto

de 200 unidades.

Um ano depois em 1977, com um projeto melhor, surge o Apple II, a aceitação foi

muito grande desse modelo, pois contavam com a ajuda do Mike Markkula, ex-engenheiro e

executivo de marketing da Intel, juntos transformaram a microempresa em uma grande

indústria.

Ainda em 1977, além do Apple II, foi lançado o TRS-80 modelo I da Radio Shack

(Tandy Coporation) e o PET - Personal Electronic Transactor da Commodore.

Em 1981, a IBM entrou no mercado dos microcomputadores, lançando um

computador com tecnologia 16bits, que em pouco tempo se tornou um padrão. Dois anos

depois, lançaram mais um novo modelo, o PC-XT com winchester opcional. Em 1984, a IBM já

detinha mais da metade de todo o mercado dos microcomputadores.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

109

A Apple, em 1984, revolucionou o mercado com um novo conceito de software e

interface com o usuário, outro lançamento importante foi o IBM PC-AT em agosto de 1984,

nessa época o PC já era o padrão para micros.

A Compaq começa a se destacar e assume a terceira posição no mercado de micros,

depois da IBM e Apple. Ela domina o mercado de micros portáteis e torna pioneira com os

lançamentos do Compaq 386 em 1986 e do Compaq 486 em 1989. Nesse mesmo ano a Intel

lançou seu processador 80486, com um processador matemático embutido (MEIRELLES,

1994).

No ano seguinte quem participa ativamente do mercado é a Microsoft com o

lançamento do Windows 2.0, um sistema operacional com interface melhorada e habilidade

para ter acesso à memória estendida.

Em 1991, a Microsoft melhora seu sistema DOS com a versão 5.0. A Apple lança seu

notebook Macintosh, Powerbooks que oferecia um disco rígido embutido e fax/modem.

Apple e IBM se juntam contra a Microsoft, formando uma sociedade para o uso e

desenvolvimento de um PC que poderia utilizar produtos de ambos, tanto do PC

(DOS/Windows) quanto do MAC.

Começa também estudos sobre o desenvolvimento do LINUX, pelo estudante

finlandês Linus Torvalds.

A Intel, em 1992, lança o primeiro chip Pentium, um dos nomes de processadores mais

conhecidos da história, e assim dá início a uma família de processadores. O processador

Pentium era capaz de processar até 100 milhões de instruções por segundo. A Microsoft

desenvolve o Windows NT, uma plataforma para soluções em Rede Cliente/Servidor.

Em 1996, é lançado o Windows 95, que em aproximadamente dois meses teve mais de

quatro milhões de cópias vendidas. No ano seguinte a Intel lança o Pentium MMX, em maio

do mesmo ano lança o Pentium II.

Dois anos depois é lançado o Windows 98 pela Microsoft, sendo como principal

novidade sua integração com a Internet e incorporava o IE quatro (internet Explorer).

Em 2000, a novidade fica por conta da Intel, com seu processador Pentium quatro.

Surge pela Apple o sistema operacional MAC OS X, sistema com interface gráfica e

baseado em UNIX. Um ano depois a Microsoft lança o sistema operacional Windows XP um

dos sistemas mais usados até hoje.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

110

A Microsoft lança seu novo sistema operacional Windows Vista em 2007, um ano

depois a Apple lança o Iphone. Já em 2009 é lançado pela Microsoft o Windows 7, bem

semelhante em termos de interface com o Windows Vista, mas a semelhança fica apenas aí,

pois o Windows 7 é muito mais rápido e com grandes melhorias na estrutura.

Em 2010, a Apple lança o Iphone, dispositivo em formato de prancheta com

funcionalidades de um smartphone e notebook (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I.,

2007).

HISTÓRIA DA TECNOLOGIA NO BRASIL

Segundo Meirelles (1994), em 1961 chega ao Brasil o primeiro computador um

UNIVAC 1105, ainda com válvulas para o IBGE.

De acordo com o departamento de informática (DIN) que pertence a UEM,

(Universidade Estadual de Maringá), o primeiro computador nacional foi o "Patinho feio" feito

em 1972, na USP (Universidade de São Paulo), seguindo em 1974, do projeto G-10 na USP e

na PUC do Rio de Janeiro, incentivado pela marinha de guerra.

Em 1972, surge o CAPRE (Comissão de Coordenação das Atividades de

Processamento Eletrônico) com o objetivo de propor uma política governamental de

desenvolvimento do setor.

A primeira empresa Brasileira de computadores foi criada em 1974, e se chamava

COBRA (Computadores Brasileiros S.A.). Iniciou-se em 1976, com a restauração da Capri e a

criação de uma reserva de mercado na faixa de minicomputadores, para empresas nacionais,

além da instituição do controle de importações.

A partir de 1979, a intervenção governamental foi intensificada, com a extensão da

reserva de mercado para microcomputadores e com a criação da SEI (secretaria especial de

informática) ligada ao Conselho de Segurança Nacional, que é então, o órgão superior de

orientação, planejamento, supervisão e fiscalização do setor.

Em 1981, o Brasil já tinha um mercado forte em informática e começaram a serem

produzidos os primeiros computadores nacionais. O modelo TRS-80, D-8000 da Dismac que

foi lançado em 1981. Entre 1980 e o final de 1981, foram também lançados os modelos: C-300

da Cobra, S700 da Prológica e os modelos da SID, Polymax, Novadata e HP.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

111

Em 1982, foram lançados mais alguns modelos como: CP-500 da Prológica e o DGT-

100 da Digitus.

A empresa Apple dominou o mercado brasileiro entre 1983 e final de 1985, logo em

seguida passou a serem os modelos da IBM-PC, fabricados em 1983, pela Softee, Microtec e

Scopus.

No ano de 1981, quando a microinformática foi introduzida no Brasil, não chegava a

mil unidades, dez anos depois em 1991, seus números já ultrapassavam 3 (três) milhões de

micros, dos mais diferentes tipos, porte, configuração e preços (MEIRELLES, 1994).

No mesmo ano (1981), a microinformática teve um crescimento explosivo, o número

de fabricantes pulou de 10 para mais de 100 e os modelos disponíveis praticamente dobraram,

isso no final da década de 80.

O número de fabricantes chegou a 110 em 1987 e só começou a diminuir em 1992.

Este número é somente dos fabricantes nacionais, se forem incluídos as multinacionais

do setor, esse número pula para aproximadamente 300 e se forem incluídas as empresas de

serviços, esse número pode chegar a mais de 1000.

Tabela 01 - mercado nacional de micros

Mercado Nacional de Computadores

Ano Venda Aumento Venda Vida Útil

Anual Anual Acumulada em anos

Base Ativa total

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1.000 1.000 7.0

2.000 100% 3.000 6.8

12.000 500% 15.000 6.6

35.000 192% 50.000 6.2

70.000 100% 120.000 6.2

130.000 86% 250.000 6.0

230.000 77% 480.000 5.8

310.000 35% 790.000 5.6

400.000 29% 1.190.000 5.4

1.000

3.000

15.000

50.000

120.000

250.000

480.000

790.000

1.200.000

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

112

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

460.000 15% 1.650.000 5.2

400.000 -13% 2.050.000 5.0

400.000 0% 2.450.000 4.8

400.000 0% 2.850.000 4.6

500.000 25% 3.350.000 4.4

600.000 20% 3.950.000 4.2

750.000 25% 4.700.000 4.0

900.000 20% 5.600.000 menos de 4.0

1.500.000

1.800.000

2.000.000

2.100.000

2.200.000

2.500.000

2.800.000

3.500.000

Fonte: MEIRELLES, 1994

Como mostrado na tabela, as vendas em 1986 foram mais de 200.000 unidades e com

um crescimento significativo e com grande potencial de utilização dos micros como ferramenta

de trabalho pessoal, profissional ou empresarial.

Algo que foi significantemente mostrado é a vida útil dos micros, sua vida física pode

chegar a dez anos, mas em média é menor. A vida útil considerada nos cálculos da tabela

começa em sete anos em 1980 e vai diminuindo até menos de quatro anos em 1996. O

mercado vem crescendo em várias outras direções tanto no número de fabricantes ou

fornecedores como no volume de vendas de periféricos e serviços em geral (MEIRELLES,

1994).

Page 114: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

113

Cronologia - História da Informática no Brasil

Tabela 02 - Cronologia

1917 A IBM inicia suas operações no Brasil. Através de um contrato de prestação

de serviços, surge no Brasil a empresa norte americana Computing

Tabulating Recording Company, que em 1924, sob a liderança de Thomas J.

Watson foi registrada nos Estados Unidos como International Business

Machines Corporation (IBM).

1924 A IBM é autorizada a operar no Brasil por um decreto assinado pelo

presidente Arthur Bernardes.

1939 Inaugurada no Brasil a primeira fábrica da IBM fora dos Estados Unidos,

localizada no bairro de Benfica, no Rio de Janeiro.

1957 Chegou um Univac-120, o primeiro computador no Brasil, adquirido pelo

Governo do Estado de São Paulo, era usado para calcular todo o consumo

de água na capital. Ocupava o andar inteiro do prédio onde foi instalado.

Equipado com 4.500 válvulas fazia 12 mil somas ou subtrações por minuto

e 2.400 multiplicações ou divisões, no mesmo tempo.

1959 A empresa Anderson Clayton compra um Ramac 305 da IBM, o primeiro

computador do setor privado brasileiro. Dois metros de largura, um metro

e oitenta de altura, ocupava um andar inteiro da empresa. A empresa foi

uma das primeiras fora dos Estados Unidos a usar esse computador.

1961 (Zezinho) - Como trabalho de fim de curso de engenharia eletrônica no

ITA e auxílio financeiro do CNPq de 350 dólares, quatro alunos, José Ellis

Ripper, Fernando Vieira de Souza, Alfred Wolkmer e Andras Vásárhelyi

auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica do ITA e professor Richard

Wallauschek construíram o "Zezinho". Com os recursos disponíveis não foi

possível construir um computador com grande capacidade de memória, o

painel tinha dois metros de largura por um metro e meio de altura, foram

utilizados cerca de 1500 transistores e diodos de fabricação nacional,

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

114

produzidos pela Ibrape, uma subsidiária da Philips, tinha capacidade para

fazer vinte operações. Era um computador didático, para uso em

laboratório. Ganhou, entretanto, lugar na história como o primeiro

computador não comercial transistorizado totalmente nacional projetado e

construído no Brasil, embora um sucesso foi desmontado pelos alunos das

turmas seguintes, que utilizaram seus circuitos para novas experiências.

A Fábrica da IBM, em Benfica-RJ, inicia a montagem de computadores da

linha 1401.

1964 01/Dezembro - Criado o Serpro - Serviço Federal de Processamento de

Dados, empresa pública criada para modernizar e dar agilidade a setores

estratégicos da administração pública.

1968 1º CNI - Congresso Nacional de Informática.

1969 24/Julho - Criada a Prodesp - Companhia de Processamento de Dados do

Estado de São Paulo.

1971 Entra em operação a fábrica da IBM na cidade de Sumaré/SP.

1972 05/Abril - Criado a Capre - Comissão de Coordenação das Atividades de

Processamento Eletrônico, órgão governamental cujo objetivo inicial era

promover o uso mais eficiente dos computadores na administração pública

e traçar uma política tecnológica para a área de informática.

Julho - Construído o "Patinho Feio" no Laboratório de Sistemas Digitais -

LSD da Escola Politécnica da USP, foi concebido como um trabalho de fim

de curso. O Patinho Feio é tido como o primeiro computador,

documentado e com estrutura de computação clássica, desenvolvido no

Brasil. Tinha um metro de comprimento, um metro de altura, 80

centímetros de largura, pesava mais de 100 quilos e possuía 450 pastilhas de

circuitos integrados, formando três mil blocos lógicos distribuídos em 45

placas de circuito impresso. A memória podia armazenar 4.096 palavras de

8 bits, ou seja, 4K. O Patinho feio se tornou um marco inicial porque gerou

massa crítica para a consolidação da indústria de informática no Brasil.

1974 18/Julho - Fundação da COBRA - Computadores e Sistemas Brasileiros

Ltda. A Cobra foi a primeira empresa brasileira a desenvolver, fabricar e

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

115

comercializar computadores.

1975 Fundação do LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis na Escola

Politécnica da USP.

Junho - Fundação da Scopus, uma das principais empresas de informática

do Brasil. Empresa criada por um grupo de ex-professores da Poli-USP que

trabalharam no desenvolvimento do minicomputador G-10.

Agosto - Lançamento da revista Dados & Idéias. Revista lançada pelo

Serpro para mostrar a realidade tecnológica no Brasil. Periodicidade

bimestral.

1976 Março - Lançado o DataNews, tablóide quinzenal especializado no

noticiário sobre informática, editado pela ComputerWorld do Brasil.

Fundada a Prológica em São Paulo, um dos maiores fabricantes de

equipamentos de processamento de dados, entre eles o Sistema-700 e CP-

500, ambos micros de 8 bits e o SP-16, compatível com PC-XT.

1978 Janeiro - Fundada a SID - Sistemas de Informação Distribuída S/A.

Julho - Fundado em Porto Alegre a SBC - Sociedade Brasileira de

Computação. A SBC é uma instituição acadêmica que incentiva e

desenvolve pesquisa científica na área da computação no Brasil.

1979 09/Outubro - Criado a SEI - Secretaria Especial de Informática. Após

ampla reestruturação dos órgãos governamentais responsáveis pelo setor de

informática, a Capre foi substituída pela SEI na formulação da Política

Nacional de Informática.

Fundada a Elebra Informática S/A, grande fabricante de impressoras, entre

elas a matricial Emília.

1980 Pela primeira vez um microcomputador era vendido em um grande

magazine. Entre vitrinas com eletrodomésticos, ofertas de cama, mesa e

banho, miudezas, câmaras fotográficas e calculadoras, o Mappin da Praça

Ramos, no centro de São Paulo, vendia o D-8000, microcomputador da

Dismac.

Lançado pela Cobra na SUCESU de 1980 o primeiro minicomputador

totalmente projetado, desenvolvido e fabricado no Brasil a alcançar o

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

116

mercado, o Cobra 530.

1981 Fundação da Microdigital foi, na primeira metade da década de 80, o maior

fabricante nacional de microcomputadores. Famosa pelos seus micros da

linha Sinclair como o TK-85, TK-90X e TK-95.

Desenvolvido o Sistema 700 da Prológica, microcomputador de uso

profissional de 8 bits.

Outubro - Lançamento da revista Microsistemas, primeira publicação

brasileira dedicada exclusivamente aos microcomputadores.

16 - 23/Outubro - Realizada a I Feira Internacional de Informática no

Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi/SP, teve 117.253 visitantes e

183 expositores. Foi um evento paralelo à realização do XIV CNI -

Congresso Nacional de Informática.

23/Outubro - Inaugurado o 1º laboratório de microinformática no Brasil,

instalado numa sala dentro da biblioteca da Faculdade de Economia e

Administração da USP, tinha cinco microcomputadores D-8000, cedidos

pela Dismac. O laboratório era aberto a todos os alunos da universidade.

1982 Fevereiro - Fundado o IBPI - Instituto Brasileiro de Pesquisa em

Informática, instituto criado para o ensino de profissionais de informática,

no Rio de Janeiro/RJ.

1983 Março - Lançado o microcomputador EGO pela empresa Softec, primeiro

microcomputador brasileiro a utilizar a tecnologia dos microprocessadores

de 16 bits, compatível com o IBM PC, era baseado no microprocessador

8080 da Intel e clock de 5 MHz.

1984 Lançado pela Telesp - Companhia Telefônica do Estado de São Paulo o

primeiro sistema de videotexto brasileiro. O teste piloto ocorreu de 1982 a

1984 com 1.500 assinantes da Telesp.

29/Outubro - Sancionada a Lei nº 7.232 que estabelecia os princípios,

objetivos e diretrizes da Política Nacional de Informática, estava criada a

reserva de mercado de informática no Brasil.

1985 Agosto - Fundada a Gradiente Informática, fabricante do Expert,

microcomputador de 8 bits da linha MSX.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

117

1986 09/Setembro - Fundada em São Paulo a ABES - Associação Brasileira das

Empresas de Software.

1987 Criação da Fácil Informática, empresa desenvolvedora do editor de textos

Fácil.

24 - 27/Março - 1º FENASOFT - Feira Nacional do Software, no

Riocentro, Rio de Janeiro.

1995 26 - 29/Setembro - Realizado a COMNET Fenasoft Brazil´95 no Pq.

Anhembi em São Paulo, evento internacional de telecomunicações e redes.

Realizado o I CONIP - Congresso Nacional de Informática Pública, em

São Paulo. Fórum para discussão e apresentação do uso da tecnologia da

informação no serviço público.

Fonte: <http://www.din.uem.br/museu/hist_nobrasil.htm>. Acesso em: 16 fev. 2012.

TECNOLOGIAS MÓVEIS NO BRASIL

Atualmente, existem diversos dispositivos móveis no Brasil com velocidades muito

superiores se comparados com os primeiros microcomputadores no Brasil. Sua popularidade

só está aumentando, porém a tecnologia é muito nova para os brasileiros e precisa de várias

melhorias.

Como atualmente há diversos dispositivos no mercado, o enfoque será três

dispositivos: Celular, Notebook e Tablet.

O tablet é o dispositivo mais novo no Brasil, um aparelho com as funções de um

celular e notebook juntos.

Notebook: microcomputador com processamento variado, cuja principal virtude é a

possibilidade de ser levado para qualquer lugar, pode ser usado com praticamente todos os

sistemas operacionais do mercado. Existem diversos tipos de modelos e diferentes tipos de

marcas (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007).

Tablet: é um microcomputador do tamanho de uma prancheta. Nesse dispositivo, o

usuário não precisa de um mouse, pode ser acessado com uma caneta específica ou com suas

próprias mãos (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). Existem diferentes tipos

de sistemas operacionais para o tablet, mas os mais usados atualmente são o Android da

Google, e o IOS da Apple.

Page 119: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

118

Celular: apesar de ser um telefone, é possível tê-lo como periférico integrado ao

computador por conexão Wireless, para transmitir e receber qualquer tipo de dados. Assim

como o tablet, os sistemas operacionais mais usados são o Android e o IOS, (MANZANO

N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007).

Todos esses dispositivos têm uma rede sem fio chamada Wireless, pois não bastaria ser

portátil e não conter um recurso de transmissão de dados sem fio, isso perderia quase todo o

sentido atual da portabilidade.

A rede wireless é essencial para esses dispositivos, pois não há a necessidade de se

conectar a cabos. Outro recurso importante é o Bluetooth, um fato curioso é sobre o seu

nome, ele foi escolhido em homenagem ao Rei da Dinamarca conhecido como Rei Harald

Bluetooth, esse apelido foi lhe dado por causa da sua arcada dentaria azulada. A tecnologia

Bluetooth é basicamente um padrão para comunicação sem fio com baixo custo e curto

alcance, com ele é possível conectar a qualquer dispositivo com um chip Bluetooth

(MANZANO N.G.L.; MANZANO N.G.I., 2007).

Meirelles (1994) classifica esses dispositivos entre Micro Pessoal pequeno e Micro

Pessoal Médio/pequeno, pois têm seu trabalho reduzido e operam com energia própria,

(bateria recarregável) para permitir a portabilidade sua principal característica (MEIRELLES,

1994).

O Brasil está procurando se adaptar à tecnologia móvel, a demanda é muito grande de

usuários para esses dispositivos, e está crescendo a cada dia que passa. A grande “Roda” para

essa tecnologia se chama Internet (World Wide Web), talvez junto com os microcomputadores,

são as duas invenções da informática mais importantes de todos os tempos.

Dados do IBGE (2009) mostram a crescente dessa tecnologia, essa pesquisa foi

realizada durante três meses.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

Gráfico 01

O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A

quantidade deles que tinham

tinham acesso à internet (16,0 milhões).

A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e

com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nord

são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio.

A região Sul possui 32,8% e o Centro

Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009.

No mesmo período, o cres

microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7%

(IBGE, 2009).

A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa,

juntas elas possibilitam diversas opções de uso para o usuário.

Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”,

para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

119

Gráfico 01 – computador de mesa e portátil

O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A

quantidade deles que tinham microcomputadores foi de quase 35,0% (20,3 milhões), 27,4%

tinham acesso à internet (16,0 milhões).

A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e

com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nord

são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio.

A região Sul possui 32,8% e o Centro-Oeste, 28,2%.

Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009.

No mesmo período, o crescimento da proporção de domicílios que possuíam

microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7%

A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa,

diversas opções de uso para o usuário.

Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”,

para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

computador de mesa e portátil

O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A

microcomputadores foi de quase 35,0% (20,3 milhões), 27,4%

A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e

com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nordeste 14,4%

são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio.

Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009.

cimento da proporção de domicílios que possuíam

microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7%

A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa,

Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”,

para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

120

dão ao usuário uma sensação de estarem “livres”, é possível estar conectado em praticamente

qualquer canto do Brasil sem o uso de cabos.

Por meio do desenvolvimento deste trabalho, mostrou-se o grande crescimento

histórico da tecnologia mundial e brasileira. A tecnologia está cada vez mais presente em

nosso dia a dia, acompanhando a necessidade de uma nação que está em constante evolução,

cada vez dando mais conforto e comodidade às pessoas. Mas esse conforto se torna em pouco

tempo uma dependência, a quantidade de pessoas dependentes em tecnologia é cada vez

maior, e isso pode se tornar um problema no futuro. Precisa-se atentar à parte psicológica

dessa dependência, para não formarmos cidadãos incapazes de ter uma vida social normal,

atualmente existem muitas pessoas que preferem conversar por meio das mídias sociais do que

pessoalmente.

O estudo mostra também que a tecnologia da informática está cada ano mais forte, o mercado

se adequando para suportar a demanda de usuários, mas se compararmos o Brasil com outros

países também desenvolvidos deixa muito a desejar, a tecnologia pode ser mais bem

aproveitada, sendo investida melhor na educação computadorizada, pois só melhorando a

educação se melhora um país.

Concluindo, o crescimento da tecnologia existe e usuários usufruem também, mas precisa

melhorar sua infraestrutura, dando aos usuários uma maior qualidade. O Brasil está no

caminho certo para as melhorias é difícil acompanhar todas essas evoluções, a velocidade com

que se muda é muito grande, praticamente todo ano tem alguma mudança significativa no

mundo tecnológico.

REFERÊNCIAS

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios: Síntese de Indicadores 2009. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pnad

_sintese_2009.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.

MANZANO N.G.L; MANZANO N.G.I. Informática básica: Estudo dirigido de

Informática básica 7. ed. São Paulo: Editora Érica Ltda, 2007.

Page 122: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

121

MEIRELLES, F.S. Informática: Novas Aplicações com Microcomputadores. 2. ed. São

Paulo: Makron Books, 1994.

UEM. Universidade Estadual de Maringá. História dos Computadores Brasileiros.

Disponível em: <http://www.din.uem.br/museu/hist_nobrasil.htm>. Acesso em: 9 out. 2012.

Page 123: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CAPÍ TULO07

AS NOVAS TENDÊNCIAS DATECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO,

O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVONA PRÁTICA DO ENSINO

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

123

AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM

ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO

Renato de Sá Lima

Juliano Schimiguel

Cerca de 60 anos atrás a maioria das pessoas que necessitavam se comunicar com seus

amigos ou parentes, até mesmo profissionalmente, necessitavam basicamente enviar uma carta.

Por intermédio dos correios, essa mesma carta poderia levar dias e até meses para que chegasse

ao seu destino. Nessa época, as pessoas costumavam dizer que o tempo demorava a passar. A

devolutiva desta correspondência, caso fosse respondida instantaneamente, era praticamente o

mesmo tempo de envio, ou seja, perdia-se certo tempo só no envio de retorno desta carta, no

máximo dentro desses envelopes poderiam conter fotos ou qualquer objeto que se assemelhe a

uma folha de papel.

Figura 1 – Modelo de envelope clássico para correspondência Fonte: correios.com.br

Claro que por meio de encomendas era possível enviar algo de maior volume e peso,

com o passar do tempo surgiu o aparelho telefônico que revolucionou o mercado das

comunicações, no seu início somente pessoas com grande poder aquisitivo tinham condições

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

124

de possuir; governos e instituições de ensino também, mas era algo que os populares ainda não

tinham acesso com grande facilidade. Para quem até então estava acostumado a levar meses

para se ter uma resposta de uma pergunta qualquer que fosse enviada por correio, o telefone

mudou a vida das pessoas. E embora isso possa soar como algo estranho, no Brasil a telefonia

se popularizou em meados da década de 70 e 80, enquanto isso países como Estados Unidos,

Japão, Inglaterra estavam passos adiante com o início daquilo que seria futuramente chamado

de internet. Mas embora o telefone fosse algo incrível, não era possível visualizar as pessoas,

ou enviar qualquer tipo de informação, logo surgiu o fax, a ideia era que documentos

pudessem ser enviados “instantaneamente” de um lado para outro do mundo, governos,

empresas, comércios tiraram vantagens sobre os outros graças a esses recursos na época.

Figura 2 – Telefone do início do século XX Fonte: telefoneantigo.com.br

Ainda assim, na área da educação, era algo somente usado em diretorias de ensino,

secretarias de educação. Estudantes não tinham este tipo de contato com recursos

tecnológicos, no máximo giz, apagador e quadro negro. Com o início dos anos 90 outro meio

de comunicação surgiu para ainda mais agilizar a vida das pessoas, o “Pager”, aparelho que

recebia mensagens e comunicava ao seu usuário, hoje algo tão popular quanto um SMS. Para

que este equipamento funcionasse era necessário que a pessoa, interessada em enviar a

mensagem, ligasse a uma central telefônica, que logo após esse contato enviaria a mensagem

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

125

em forma de texto, este aparelho veio a surgir da clara necessidade de se comunicar com

pessoas que estivessem em trânsito, ou seja, fora dos seus escritórios, casas ou instituições de

ensino.

Figura 3 – Pager Motorola Fonte: Motorola.com

Mas ainda existia a necessidade da resposta na comunicação móvel nesta época, logo

em seguida surgiu o tão popular, atualmente, telefone celular, embora seu alto custo para a

época fosse uma repulsa aos mais necessitados, sua praticidade e comodidade de sempre ser

localizado onde estiver fizeram deste aparelho sinônimo de sucesso, em dias atuais é

impensável imaginar um cidadão que esteja em um grande centro que não possua um aparelho

celular. Segundo o IBGE (2009), 94 milhões de pessoas de dez anos ou de mais idade

declararam possuir telefone móvel celular. Seu grande número se deve à praticidade de um

usuário possuir uma linha telefônica sem que pague o custo de uma mensalidade por isso, os

chamados telefones pré-pagos.

Sobre este contexto evolutivo da tecnologia móvel, surge a usabilidade da internet

sobre esses equipamentos, aparelhos telefônicos celulares na verdade possuem um amontoado

de ferramentas tecnológicas que permite que seu usuário possa realizar as mais diversas

atividades no mesmo aparelho. Uma consequência da popularização tecnológica é o baixo

custo de um aparelho telefônico com acesso à internet, hoje chamado de Smartphone. Seu custo

varia de R$ 200 reais a até R$ 2 mil reais em grandes centros comerciais como o bairro da

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Santa Efigênia na cidade de São Paulo, o que para muitos há alguns anos atrás poderia ser

chamado de artigo de luxo hoje é dado como presente a crianças em datas comemorativas

como dia das crianças ou até no natal. Outro aparelho que surgiu durante esse processo de

evolução tecnológica é o tablet, dispositivo com características semelhantes a um computador,

mas com o foco direcionado a visualização de arquivos multimídia e acesso àinternet. No seu

início, ostablets tinham como objetivo ser um aparelho para leitura de livros digitais, os

chamados e-books. Logo com maior necessidade de leitura de outros tipos de documentos,

visualização de arquivos de vídeo e áudio, serviços foram incluídos, inclusive acesso à internet,

e hoje é o gadgetspreferido da maioria dos empresários, crianças e de pessoas com necessidade

de estar conectado ou “on-line” no mundo digital.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO CENÁRIO ATUAL

Com todo o histórico sobre a evolução dos dispositivos de comunicação tecnológicos,

para o que é hoje a internet, a rede mundial de computadores, outro universo paralelo vem se

destacando na vida dos brasileiros já há algum tempo que são as mídias sociais. Para um rápido

conhecimento do que é uma mídia social, devemos compreender primeiro o que é uma rede

social. Segundo Souza e Queila (2008), as redes sociais são estruturas sociais compostas por

pessoas ou organizações. Essas por sua vez, estão conectadas por um ou vários tipos de

relações. Pessoas que fazem parte da mesma rede social compartilham valores e interesses em

comuns.

Logo as mídias sociais compartilham o mesmo objetivo, porém com o seu foco sobre a

internet.

Como dito anteriormente, pessoas demandavam de um grande tempo para que

pudessem se comunicar, por meio de cartas, mensagens, ou de maneira mais rápida com o

telefone, logo, com as mídias sociais, estreitaram ainda mais os laços e as distâncias, fazendo

com que pessoas se relacionem através deste meio, compartilhando fotos, vídeos, textos e

músicas. Mas para a sua funcionalidade ser um sucesso, dependia da disponibilidade ao acesso

àinternet para a população. Segundo o IBGE (2009), no país, em um período de três meses,

67.893.000 pessoas acima dos dez anos de idade tiveram acesso à internet, destaque para a

região Nordeste, com 13.522.000 pessoas e Sudeste 33.531.000 pessoas. Dessas mídias sociais

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as mais utilizadas pelos brasileiros são: Facebook 86%, Orkut 63%, Google+ 33% e Twitter

com 32%, segundo pesquisa publicada pelas empresas Hi-Mídia e a M.Sense (2012). Vale

ressaltar que o usuário pode ter mais de um perfil criado em mais de uma mídia social. Logo,

um perfil pode ser considerado que é uma página que contém informações sobre aquela

pessoa, sejam informações verídicas ou não, embora pareça algo estranho, muitas pessoas com

as mais diversas justificativas acabam criando “perfis” com informações fora da realidade ou

simplesmente um perfil falso chamado de “Fake” e é muito mais comum do que muitos

podem imaginar. O conceito de mídias sociais é reunir amigos, colegas de trabalho, ou até

mesmo um meio de se promover perante os “amigos em comum”, seja profissionalmente ou

pessoalmente. Além do círculo de amizades criado ou interligado graças a este recurso, outras

ferramentas como compartilhamento de imagens, vídeos e músicas são comuns em ambientes

como este. O principal objetivo de muitos usuários é levar a vida real para o mundo digital. E

quando se diz “levar o mundo real para o mundo digital”, não é um exagero provocado por

uma expressão. Até pouco tempo atrás era comum pessoas chegarem de seu trabalho, da

escola, cursinho ou faculdade e ao adentrarem em suas residências, se dirigirem direto ao

televisor, hoje o que acontece é que ao momento que este indivíduo adentra a sua residência, o

primeiro equipamento que é ligado passou a ser o computador.

Com os avanços tecnológicos recentes supracitados, além do próprio computador,

dispositivos móveis como tablets, smartphones, notebooks e netbooks, agora ficam

conectados 24 horas do dia, ou seja, simplesmente é comum pessoas estarem conectadas todas

as horas do dia, o que é muito comum entre jovens de 12 a 25 anos, justamente em fase

escolar. Assim como encontros entre grupos de jovens para saírem e se divertirem em um

sábado a noite qualquer. Outro fator tem chamado a atenção de pesquisadores e educadores já

há algum tempo, que é utilizar desta “dependência digital” dos jovens para promover

encontros educacionais ou até mesmo a prática do ensino sobre a ferramenta. A prática do

ensino a distância não é algo tão recente assim, muito popular na década de 60 e 70 do século

passado, cursos por “correspondência” capacitaram diversos profissionais nas mais variadas

áreas. Embora seja visto por alguns como uma prática de estudo em que não se absorve quase

nada, este ponto de vista é facilmente derrubado por quem de fato adota esta prática de ensino

para se tornar um excelente profissional, ou seja, para que se obtenha resultados o estudante

necessita de muita dedicação e disciplina.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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A educação a distância (EAD) pode ser considerada de forma simplificada como a

educação na qual tanto professores como alunos estão dispersos geograficamente e mediados

por algum recurso tecnológico. Esta modalidade de educação é dividida em etapas sendo

definidas por recursos tecnológicos em que utilizavam, conforme Dias e Leite (2007), cartas,

manuscritos, televisão, rádio e internet. Com o foco sobre o meio de comunicação internet,

podemos citar alguns ambientes virtuais de aprendizagem, os chamados AVA’s (Ambiente

Virtual de Aprendizagem), como Moodle, Blackboard, Teleduc e Eureka, dentre esses

ambientes alguns são pagos e outros gratuitos sendo o único custo ode mantê-lo on-line, ou

seja, disponível na internet ou além de mantê-lo on-line é também pagar sobre o direito de uso,

como no caso do BlackBoard, por exemplo. Os AVA’s trouxeram uma grande vantagem

tecnológica sobre os meios de aprendizagens comuns principalmente sobre o ensino superior,

em que alunos que habitam regiões remotas, mas ainda assim possuem acesso à internet,

podem frequentar as aulas sem sair do conforto de suas casas e se deslocar por grandes

distâncias.

Algumas definições de determinados autores:

AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular

conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo.

[...] Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma

opção de mídia que está sendo utilizada para mediar o processo

ensino-aprendizagem à distância (PEREIRA, 2007, p. 4-5).

Sistema informatizado, projetados para promover interação entre

professores, alunos e quaisquer outros participantes em processos

colaborativos que envolvam ensino e aprendizagem via Internet

(SANTOS, 2006, p. 18).

Consistem em conjunto de ferramentas eletrônicas voltadas ao

processo ensino-aprendizagem. Os principais componentes incluem

sistemas que podem organizar conteúdos, acompanhar atividades e,

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129

fornecer ao estudante suporte on-line e comunicação eletrônica

(PEREIRA, 2007, p. 6).

AVAs vai além da idéia de um conjunto de páginas educacionais na

Web ou de sites com diferentes ferramentas de interação e de imersão

(realidade virtual). Entendemos que um ambiente virtual de

aprendizagem é um espaço social, constituindo-se de interações

cognitivo-sociais sobre ou em torno de um objeto de conhecimento:

um lugar na Web, “cenários onde as pessoas interagem”, mediadas

pela linguagem da hipermídia, cujos fluxos de comunicação entre os

interagentes são possibilitados pela interface gráfica (VALENTINI;

SOARES, 2005, p.19).

O termo AVA deve ser usado para descrever um software baseado em

servidor e modelado para gerenciar e administrar os variados aspectos

da aprendizagem, como disponibilizar conteúdos, acompanhar o

estudante, avaliar o processo de ensino-aprendizagem entre outros

(PEREIRA, 2007, p. 6).

Contudo, podemos afirmar que com o objetivo de promover os estudos por meios

tecnológicos, podemos afirmar que o uso de mídias sociais é algo muito bem visto,

principalmente pela grande dependência que o público-alvo tem sobre ela. Algumas empresas

utilizam das mídias sociais para promover seu negócio, seus produtos; ou pessoas comuns se

apropriam para reclamar, promover discussões de produtos e serviços. Porém, por outro lado,

algumas pessoas utilizam destes recursos para tirarem proveito de algumas situações como,

escapar de uma blitz da polícia, por exemplo, ou denegrir imagens de pessoas e empresas, que

é algo muito comum.

Embora já existam ferramentas próprias para o uso na educação, outras vêm surgindo

com muita popularidade, por exemplo, as ferramentas Google; Google Docs, Google

Acadêmico, Google Driver, Google tradutor e Google e-mail (gmail). Ferramentas de fácil

usabilidade, disponível na internet 24 horas por dia e além de todos os outros benefícios, é

gratuito. Computação nas nuvens pode ser um termo inédito para alguns, muitos de nós já

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utilizamos desta “prática” há algum tempo, mas não possuem ciência da usabilidade. Quando

muitos de nós não possuíamos um dispositivo para transferir de um lugar para outro, um “pen

drive”, muito simplesmente enviávamos e-mails a nós mesmos para que em outra localidade

pudéssemos obter este documento de volta, logo com o benefício das ferramentas Google não

é mais necessário todo este trâmite, o mesmo possui um sistema de disco virtual que armazena

qualquer tipo de dado até uma determinada capacidade, trabalhos podem ser editados por dois

ou mais pessoas simultaneamente, a publicação de materiais e a disponibilidade a todos é algo

simples de se realizar, ou seja, praticamente todas as ferramentas que uma AVA possui, o

Google disponibiliza.

Conforme os últimos avanços tecnológicos, a popularização da internet no Brasil e o

fácil acesso a dispositivos físicos está cada vez mais evidente que em um futuro breve todos

nós seremos reféns do uso da tecnologia informatizada em todas as nossas tarefas do dia a dia.

Hoje essa dependência pode ultrapassar próximo aos 80%, em grandes centros como na região

sudeste, se tratando principalmente de educação, escolas particulares estão cada vez mais e

mais adaptadas a este novo universo tecnológico que é imposto a todos nós diariamente,

alunos já frequentam salas de aula com dispositivos móveis e informatizados com acesso à

internet, ou seja, hoje já fazemos parte de um mundo conectado à internet e este “mundo” não

pode parar mais. Em salas de aulas espalhadas não só pelo sudeste, o conteúdo dedeterminadas

aulas fica disponibilizado por meio de equipamentos tecnológicos como tablets, smartphones e

qualquer outro dispositivo eletrônico que possua acesso à internet e possa ser utilizado como

uma ferramenta a mais dentro da sala de aula.

Sobre as mídias sociais, podemos afirmar que está encravada sobre os jovens que

frequentam ambientes de ensino e é o principal meio de comunicação entre eles.

Justamentepor essa dependência, é de suma importância que seja aproveitada essa necessidade

de estar conectado à internet e unir essa dependência com o interesse desses jovens em sala de

aula.

A maioria dos ambientes virtuais de aprendizagem hoje não oferece uma interface tão

atraente e também outros recursos a não ser aqueles que a ferramenta possui, ou seja, um

editor de texto, editor e visualizador de um vídeo, por exemplo, para que isso seja possível, é

necessário depender de ferramentas secundárias comoYoutube, por exemplo. Logo as

ferramentas Google acrescentam de maneira fantástica a prática das atividades em sala de aula,

aumenta a interação entre os usuários e transformam o que pode ser uma tarefa maçante em

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uma tarefa que além das obrigações acadêmicas acrescente como um conteúdo de interesse

pessoal, ou seja, algo que possa ser aproveitado em seu trabalho, ambiente profissional, ou em

qualquer atividade pessoal. Com o grande número de usuários as mídias sociais como

Facebook, por exemplo, a junção dessas duas ferramentas pode ser algo ainda mais atraente

para o aluno realizar suas tarefas com maior participação e ainda obedecendo aprazos. Embora

mídias sociais possam acarretar algum tipo de problema, por exemplo, o seu uso inadequado,

ou até mesmo aumentar a dependência tecnológica da ferramenta, caso não seja elaborado um

bom planejamento, atividades com objetivo e conscientização por parte dos usuários, esta

ferramenta tem todos os ingredientes básicos para se tornar funcional, logo para isto basta

planejamento, conscientização e compromisso.

REFERÊNCIAS

ACESSO à Internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal, IBGE. Disponível

em:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/

acessoainternet/defaulttab_hist.shtm>. Acesso em: 15 out. 2012.

BRASIL já o terceiro em número de usuários no Facebook, Jornal o Globo. Disponível em:

<http://oglobo.globo.com/tecnologia/brasil-ja-terceiro-em-numero-de-usuarios-no-

facebook-4680865>. Acesso em: 15 out. 2012.

O NÚMERO de usuários de celular sobe 87%. Jornal O Estadão. Disponível em:

<http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,numero-de-usuarios-de-celular-sobe-87-

em-2009-aponta-ibge,34458,0.htm>. Acesso em: 15out. 2012.

SANCHO, Juana M: HERNÁNDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a

educação. Porto Alegre: Artmed, 2008.

SANTOS, N. Estado da Arte em Espaços Virtuais de Ensino e Aprendizagem. Revista de

Informática na Educação. Nº 4, abril 1999.

SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. Revisada e Atualizada. São

Paulo: Cortez, 2007.

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CAPÍ TU

LO08

MATEMÁTICA:UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO

CONTEMPORÂNEA

Keiji Nakamura

Numa manhã quente e úmida de agosto de 1900, o professor David Hilbert, da

Universidade de Göttingen, prostou-se frente aos matemáticos que lotavam a sala de

conferências do Congresso Internacional, realizado no Sorbonne, em Paris. Hilbert já era

considerado um dos maiores matemáticos da época e havia preparado uma palestra ousada.

Falaria sobre o desconhecido, e não sobre o que já fora aprovado. Essa abordagem era

contrária a todas as convenções habituais, e a plateia pôde notar o nervosismo na voz de

Hilbert quando ele começou a esboçar sua visão sobre o futuro da matemática. Disse: “Quem

de nós não gostaria de levantar o véu que esconde o futuro, vislumbrando os próximos

avanços de nossa ciência e os segredos de seu desenvolvimento nos séculos que virão”?

Para anunciar o novo século, Hilbert desafiou a plateia com uma lista de vinte e três

problemas que, segundo ele, ditariam o novo rumo dos exploradores matemáticos do século

XX. De todos eles, apenas um, o oitavo, chegou aos nossos dias sem solução: a hipótese de

Riemann. Assim, o mistério dos números primos passou a ser considerado o maior problema

matemático de todos os tempos.

-Farei um pequeno comentário de alguns problemas propostos e destinados aos

professores do ensino fundamental e médio para preparar e melhorar seus alunos para a, quase

extinta, carreira em matemática.

O problema um: Provar a hipótese co Continuum (HC) de Cantor.

Foi solucionado parcialmente pelo matemático Georg Cantor (1845-1918), com três

paradoxos ocorridos em momentos diferentes, que ficaram marcados fortemente na História

da Matemática.

Mas, o que é um paradoxo? Um paradoxo é uma afirmação que não nos parece

contraditória em si mesma, mas que contraria fatos ou pressupostos tidos como verdadeiro.

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Em matemática, quando se anuncia um paradoxo tem-se que algo não está sendo

compreendido ou suficientemente explicado pelos conhecimentos já existentes. Em especial a

matemática se alimenta substancialmente todas as vezes que um paradoxo é anunciado. Isto se

dá, porque logo em seguida à provisória crise que se instala, segue-se uma incessante busca de

explicação, gerando assim novos conceitos e propriedades importantes que vão enriquecer a

ciência. Nesse processo, pode-se observar a evolução do senso comum para o que podemos

chamar de senso científico.

O primeiro Paradoxo de Zenão. Zenão foi um filósofo grego que viveu por volta de

450 a.C. Muito do que é tratado como matemática hoje em dia era conteúdo de filosofia na

Grécia. A corrente dos pitagóricos acreditava na existência de uma unidade de medida absoluta

(mônada). Assim, uma quantidade de tempo, por exemplo, poderia ser subdividida em certo

número de unidades de tempo que a comporiam. Essa unidade, por sua vez, não poderia mais

ser subdividida. Havia muita dúvida sobre isso já que apesar da crença pitagórica não ser aceita

por todos, não se tinha um argumento convincente para negá-la. Zenão jogou por terra a

afirmação dos pitagóricos mostrando que se admitirmos a existência de uma unidade absoluta

cairá num absurdo.

O segundo: paradoxo de Cantor. Um conjunto pode ter o mesmo número de

elementos que seu subconjunto próprio?

Essas questões não foram superadas sem traumas na matemática. Galileu (1564-1642)

já falava em correspondência biunívoca entre naturais e os números pares. A questão do

número de elementos de um conjunto infinito voltou fortemente à baila no século XIX com

grande avanço da Análise Matemática. Bolzano preferiu olhar esse fato como uma

característica especial dos conjuntos infinitos.

Georg Cantor (1845-1918) mostrou que infinito podia ser perfeitamente

compreensível, na verdade, não existia apenas um infinito, mas sim um infinito de infinitos.

Em 1883, a comparação entre quantidades de elementos de conjuntos infinitos através da

seguinte definição: “dois conjuntos têm o mesmo número de elementos quando existe uma

bijeção entre seus elementos”.

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“Hipótese contínua”: haverá algum infinito menor dos números inteiros e o infinito

maior dos números decimais? “Tema: Hipótese Contínuo, um problema com o qual, Georg

Cantor, se debateu durante o resto de sua vida”.

Richard Dedekind (1831-1916), em 1872, percebeu em um ensaio denominado

“Continuidade e números irracionais” que:

1. Existem mais pontos na reta do que números racionais.

2. Então, o conjunto dos números racionais não é adequado para aplicarmos

aritmeticamente a continuidade da reta.

3. Logo, é absolutamente necessário criar novos números para que o domínio numérico

seja tão completo quanto à reta, isto é, para que possua a mesma continuidade da reta.

No “Corte de Dedekind” mostrou que não é nada mais do que ampliar o domínio numérico

que era conhecido pelos Gregos, juntando os números racionais uma nova categoria de

números – os números irracionais – que vêm preencher os buracos cuja existência os gregos já

haviam constatado. Ao conjunto dos números racionais e irracionais, Dedekind dá o nome de

conjunto dos números reais e à reta contendo os racionais e irracionais de reta numerada real.

Problema dois: Para demonstrar a consistência dos axiomas da Aritmética.

Acredito que David Hilbert, com os vinte e três problemas, queria reconstruir um

grande projeto para conjunto finito de elementos. Hilbert acreditava que a linguagem era

suficientemente poderosa para desvendar todas as verdades da matemática. Por isso mostrou

não ter dúvidas que todos os seus problemas não tardariam a ser resolvidos e que a matemática

seria finalmente baseada em fundamentações lógicas inabaláveis.

Infelizmente, no dia de uma palestra científica que não era considerada digna de ser

transmitida, outro matemático iria despedaçar o sonho de David Hilbert e instalar a incerteza

no coração da matemática. O homem responsável por destruir a crença de Hilbert foi o

matemático Kurt Gödel (1906 – 1978), 25 anos. Gödel estudou a matemática na Universidade

de Viena, na Áustria, mas passava a maior parte do seu tempo entre “o círculo de Viena”, nos

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seus debates mostrou que iria revolucionar a matemática. Ele propôs a resolver o difícil teste

de matemática: queria resolver o segundo problema de Hilbert e encontrar uma base lógica

para toda a matemática.

Em 1931, Gödel demonstrou o “Teorema de Incompletude” que em matemática tem

um interessante resultado chocante. Chocou toda a comunidade. Ele demonstrou que toda

matemática matematizada formalmente tem postulados, Axiomas e Teoremas. A partir de

certo tamanho tem proposição dentro do sistema que não pode ser decidível, não é uma falha,

isto é, uma característica do sistema formal a partir de certo tamanho. Temos outros exemplos,

a conjectura de Goldbach ou a Hipótese Riemann, veio provar-se verdadeira ou impossível de

provar?

Gödel lentamente refugiava-se da sossegada e próspera Princeton de seus demônios,

este pessimismo transformou em paranoia. Preferiu junto à praia, junto ao oceano caminhar

sozinho e viver no seu interior. Nos anos 50, desde cedo, Paul Cohen ganhou competições e

prêmios matemáticos. A hipótese do Contínuo de Cantor, este foi o problema que Georg

Cantor não conseguiu resolver. Questiona-se se existe ou não um conjunto infinito de

números menores do que o conjunto de todos os números inteiros, mas pequeno do que o

grupo de todos os números decimais. Com arrogância própria da juventude, Paul Cohen, com

22 anos, decidiu que era capaz de solucioná-lo.

Cohen surgiu um ano depois com a descoberta extraordinária de que ambas as

respostas podiam ser verdadeiras.

Existia em matemática na qual a hipótese do contínuo era verdadeira: não existia uma

matemática em que a hipótese do contínuo era verdadeira. Não existia um conjunto entre os

números inteiros e os números decimais. Mas existia uma matemática igualmente consistente

em que a hipótese do contínuo podia ser falsa. Aqui existia um conjunto entre os números

inteiros e números decimais. Era uma solução incrivelmente ousada.

A demonstração de Cohen parecia ser verdadeira, mas o seu método era tão inovador

que ninguém tinha a certeza absoluta. Existia apenas uma pessoa em cuja opinião todos

confiavam. Depois da comunicação, Gödel deu o seu aval de forma pouco comum, pedindo-

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lhe o Artigo colocando-o no correio na segunda-feira seguinte, dizendo que sim, que estava

correto. A partir daí, tudo mudou.

A prova de Paul Cohen, jovem matemático da Universidade de Stanford, empregou um

método novo e engenhoso para provar que o Axioma da escolha era independente dos demais

axiomas da teoria dos conjuntos, e que, com efeito, a hipótese do continuum era independente

de todos os axiomas reunidos, inclusive a escolha. Cohen concluiu esse procedimento por

meio da prova do complemento do resultado estabelecido anos antes por Gödel. A prova de

Cohen demonstrou definitivamente que a verdade da hipótese do continuum de Cantor não

podia ser estabelecida dentro do atual sistema de axiomas da teoria dos conjuntos.

Isso não significa necessariamente que o resultado da incompletude de Gödel se

explicasse à hipótese do continuum ainda era possível que outro sistema de axiomas pudesse dar

margem a uma prova, quer da veracidade ou da negação da hipótese. O que a prova de Cohen

nos mostrou foi que, no atual sistema de axiomas, a hipótese em questão poderia ser tomada

tanto como verdadeira quanto como falsa, e nenhuma nova contradição iria resultar. Portanto,

depois de todos aqueles anos de trabalho árduo para descobrir se Cantor estava certo ou

errado, a hipótese do continuum permanece um enigma.

David Hilbert morreu em 1943. Apenas dez pessoas compareceram ao funeral do

matemático mais famoso de seu tempo.

Domínio da Europa, o centro mundial da matemática durante 500 anos, chegava ao

fim. Estava na altura de passar o testemunho matemático ao novo mundo. De fato, era a vez

deste sítio, o Instituto de Estudos avançados instalou-se em Princeton em 1930.

Com término da Segunda Guerra Mundial, a Europa e os demais países da Ásia

envolvidos tiveram de reconstruir suas cidades e restaurar as indústrias.

O fluxo de matemáticos, de cientistas e técnicos, entre os países, tornou-se muito

grande e globalizada, tornou-se uma necessidade. O sistema Métrico decimal passou a ser

utilizado por todos os países. O Instituto dos Estados Avançados instalara-se em Princeton a

ideia de reproduzir a atmosfera acadêmica para atrair muitos dos melhores matemáticos

europeus para a América.

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Nesse período, o grupo francês chamado Nicolas Bourbaky reescreveu matemática

conhecida até então, com movimento educacional que valorizava a linguagem matemática e

suas estruturas. Nicolas Bourbaky não existe nem nunca existiu, Bourbaky é de fato um

pseudônimo de um grupo de matemáticos franceses liderado por André Weil, que decidiram

escrever um relato coerente da matemática do século XX, normalmente, os matemáticos

gostam de ter os seus nomes nos teoremas, mas para o grupo bourbaky, os propostos do

projeto eram mais importantes do que os desejos de glória pessoal.

Depois da Segunda Guerra, o testemunho Bourbaky foi passado à geração seguinte de

matemática francesa, e o seu membro mais brilhante era Alexander Grothendiech.

Grothendiech brilhou nos seus famosos seminários, nos anos 50 e 60. Ele tinha um

carisma incrível e a capacidade fabulosa para ver uma pessoa jovem e de alguma forma saber

que tipo de contributo é que essa pessoa podia dar para esta visão incrível que ele tinha sobre

aquilo que a matemática podia ser. E esta visão permitiu-lhe ultrapassar algumas ideias

realmente difíceis.

Grothendieck interessado nas estruturas escondidas que servem de base para toda a

matemática. Só quando chegamos à arquitetura mais básica é que os padrões da matemática

tornam-se claros.

Grothendiechh produziu uma nova e poderosa linguagem para ver essas estruturas a

uma nova luz. Era como se vivêssemos num mundo de preto e branco.

E é uma linguagem que os matemáticos usam desde então, para resolver problemas na

teoria dos números, geometria e de física fundamental. Assim, os textos de matemática, física,

química e outros que dispunham de linguagem própria passaram a se utilizar da representação

simbólica da matemática, que se tornou a Rainha das ciências exatas e acabou conquistando as

demais ciências.

A demanda tecnológica, em meados do século passado, fez com que os textos dos

livros de Matemática fossem adaptados, pois até o final da década de 50, estes dividiam-se em

três grandes áreas: a Análise, a Álgebra e a Geometria.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Da Análise Matemática surgiu o Cálculo Diferencial e Integral com tratamento vetorial

e com funções de várias variáveis reais, com largas aplicações nas engenharias, nas economias e

arquiteturas; a Álgebra e a geometria fragmentaram-se gerando a Álgebra Linear, a Geometria

Analítica com tratamento vetorial de R3; os tipos de Geometrias, projetiva, descritivos e outras,

na parte da Trigonometria, uma propriedade fundamental das funções trigonométricas é que

elas são periódicas. Por isso são adaptadas para descrever os fenômenos de natureza periódica,

oscilatória ou vibratória, com os quais ajudam no universo: movimento do planeta, som,

corrente elétrica alternada, circulação de sangue, batimento cardíaco etc. Levou os textos

matemáticos a se adaptarem a essas aplicações da Matemática.

A informática, criada logicamente pelos matemáticos, teve um desenvolvimento

excepcional e determinou uma grande demanda de textos matemáticos aplicados a essa área.

Os textos matemáticos, ao serem aplicados às engenharias, às arquiteturas, às músicas,

às informáticas e as demais ciências, perderam as estruturas originais e começaram a surgir

representações simbólicas distintas em todas as ciências a tal ponto que algumas áreas da

Matemática, quando representadas por símbolos distintos, parecem representar conhecimentos

diferentes e não aplicações de um mesmo conhecimento. Por exemplo, a Álgebra Booleana, a

Lógica Clássica, os Circuitos Digitais são representações distintas dos anéis binários. Na

realidade são casos particulares e aplicações do estudo da estrutura dos Anéis, que é uma parte

da Álgebra.

Kurt Gödel em 1940 e Paul Cohen, em 1963, realizaram uma verdadeira revolução na

Teoria dos Conjuntos. Refere-se à hipótese do Contínuo (HC) uma cojectura de Cantor, que,

no conjunto R dos números reais, qualquer subconjunto infinito é enumerável ou equipotente

a R, muitas tentativas foram feitas para provar HC ou não HC, mas Gödel e Cohen

descobriram que se admite que os Axiomas ZF (Teoria de Zemelo –Fraenkil) . Em 1963,

Cohen inventou um novo método de formação de modelos de Teoria dos conjuntos,

chamando <forcing> de uma flexibilidade notável, o que leva a uma infinidade de <teorias dos

conjuntos> incompatíveis duas a duas.

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Unificação na Matemática

Naturalmente, não queremos ser interpretados nesse texto e eleger “culpados”, quando

negamos alguns feitos anteriores de propostas pedagógicas. A intenção de apresentar ideias

novas aos alunos de licenciatura em Matemática das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira

Unisepe/Registro, sempre foi a de proporcionar novas ideias, necessariamente que envolvam

ideias de como a ciência se desenvolve (matemática). Mas as ideias novas que trato aqui na

palestra são ideias unificadoras vindo da matemática moderna tratada nos anos 70, tiradas da

teoria dos conjuntos, álgebra ou topologia, ao dominá-las o aluno deve tornar-se mais capaz de

entender o sentido de argumentos expostos em casos particulares. Essa busca de unificação da

matemática, cujo objetivo é em parte estético, tem o fim prático de ajudar a por sob controle

de quantidades de conhecimento detalhado, para ajudar a memória e também repor ao cérebro

essas quantidades de conhecimento que está em falta.

Excluem-se da escola os que não conseguem aprender, excluem-se do mercado de

trabalho os que não têm capacidade técnica porque antes não aprenderam a ler, escrever e

contar, e excluem-se, finalmente, do exercício da cidadania, esses mesmos cidadãos, porque

não conhecem os valores morais e políticos que fundam a vida de uma sociedade livre,

democrática e participativa (VICENTE BARRETO, 2000).

REFERÊNCIAS

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Editora Globo. 2003.

DE MAIO, Waldemar. Fundamentos de Matemática. Espaços Vetoriais: aplicações lineares

e bilineares. LTC editora: Rio de Janeiro, 2007.

DOS SAUTOY, Marcus: A música dos números primos: a história de um problema não

resolvido na matemática/ Marcus Du Sautoy, tradução: Diego Alfaro. Jorge Zahar, Ed.: Rio de

Janeiro, 2007.

GRIFFITHS & HILTON. Tradução de ELZA F. GOMIDE. Matemática clássica: Uma

interpretação contemporânea. Por H. B. Griffiths e P.J. Hilton. São Paulo. Edgard Blücher,

Ed. Da Universidade de São Paulo. 1975. Volume 1, 2 e 3.

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PIRES, Rute da Cunha. Tese do título de Doutor em Educação Matemática: A presença de

Nicolas Bourbaky na Universidade de São Paulo. PUC/SP: São Paulo: 2006.

SOCIEDADE Brasileira de Educação Matemática. SBM. Novembro de 1995. Nº 5 Ano 3.

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CAPÍ TU

LO09

A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAISNAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

143

A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

Carlos Eduardo Pinto

Ana Aparecida Assis

Antônio Honório Siqueira

Priscilla Mendes Vieira

Rhaíra Ponchet

Criada na década de 1960 a Internet teve um início restrito e destinado somente ao

seguimento militar, governamental e acadêmico. Permanecendo assim por aproximadamente

vinte anos. Em meados da década de 1990, com a sua regulamentação, a Internet começou a

ser explorada comercialmente, popularizou-se por meio de pequenos programas gráficos,

pequenas redes, antes operadas isoladamente, interligaram-se a uma única rede surgindo assim

a Web 2.0 como hoje conhecemos.

Atualmente, as redes sociais têm adquirido importância crescente na sociedade

moderna como ferramenta de informação, eficiência e flexibilidade no processamento das

transições de dados sendo tão inovadora e desconhecida da maioria das empresas. Com os

mercados cada vez mais competitivos as micro e pequenas empresas estão se despertando para

adaptar-se às novas tecnologias. As mídias sociais contribuem como uma expansão e explosão

para um mundo tecnológico avançado e continuam a crescer gradativamente como uma

avalanche abrangendo várias faixas etárias e diversas classes sociais.

Segundo dados do SEBRAE, do ano de 2007, existem 5,1 milhões de empresas no

Brasil, sendo que 98% são micro e pequenas empresas, o conceito de micro e pequena

empresa é variável de acordo com o ramo de atividade, ficando assim estabelecido:

microempresa no comércio e serviços até 9 funcionários, para a indústria até 19 funcionários,

a pequena empresa comércio e serviços 10 a 49 funcionários, para indústria de 20 a 99

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

144

funcionários. Há também a classificação quanto ao faturamento microempresa até 360 mil

reais, a pequena empresa faturamento superior a 360 mil reais até 3,6 milhões de reais anuais.

Longenecker (1997) declara que as pequenas empresas contribuem

inquestionavelmente para o bem-estar econômico da nação. Elas produzem uma parte

substancial do total de bens e serviços. Conforme Rosenblom (2002), o uso da Internet para

tornar produtos e serviços disponíveis de tal forma que o mercado-alvo com acesso a

computadores ou outras tecnologias capacitadoras possa comprar e complementar a transação

de compra por meios eletrônicos.

Desse modo, podemos observar na região do Vale do Ribeira-SP, a estratégia de

marketing e os elementos que as micro e pequenas empresas mais utilizam são o preço e o

produto, deixando a promoção e o ponto de venda menos valorizados, porque demanda muito

valor para propagandas. As redes sociais vêm contrapondo a este canal de relacionamento com

o consumidor, proporcionando feedback instantâneo entre a empresa e o cliente.

Contudo, estamos na era do marketing on-line uma ferramenta auxiliadora para as

micro e pequenas empresas, tendo a necessidade de atuar de forma conjunta e associada. Esse

artigo visa analisar as mídias sociais como um ambiente corporativo e produtivo sobre a

perspectiva de vários autores e reforçando o conceito de colaboração mútua a fim que as micro

e pequenas empresas possam sobreviver e se manterem nesse mundo tecnológico.

O presente trabalho tem como objetivo estudar a preocupação com a imagem na Web,

os riscos para a marca e legitimidade das micro e pequenas empresas que usam esta ferramenta

de marketing. Como justificativa o tema é muito atual para a área acadêmica, visto que estudar

a influência das redes sociais no Vale do Ribeira-SP, região esta que está às margens da BR 116,

por onde passa quase toda a produção nacional de diversos produtos, pode trazer grandes

benefícios para o mercado e a vida acadêmica.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

145

2. AS REDES SOCIAIS

As redes sociais consistem em uma ferramenta que conecta pessoas e organizações

através do computador. As redes sociais tiveram início por volta do ano 1999, com um jovem

estudante de Stanford, que criou uma rede para downloads de música, esse foi o start, o início das

redes que conhecemos hoje. Atualmente, temos mais de 100 tipos de redes sociais, elas estão

divididas da seguinte forma: redes sociais (interação entre pessoas); produção de conteúdo

(colaborativo livre); agregadores e indexadores (relevância de conteúdo) e mundos virtuais

(interação social).

Hoje a maior rede social, o Facebook, já contabiliza 39,8 milhões de usuários em todo o

Brasil, números esses de dezembro de 2011. Com essa nova ferramenta, surgem inúmeras

oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas que vislumbram a Internet como

cenário de atuação, podendo beneficiar-se desta nova estratégia de marketing. As mídias sociais

contribuem para a expansão e explosão de um mundo tecnológico avançado, e continuam a

crescer gradativamente como uma avalanche abrangendo várias faixas etárias e diversas classes

sociais.

Rosenblom (2002) considera que embora a Internet tenha sido concebida como um

mecanismo de troca de informações, ela pode ser usada como um “canal de marketing

eletrônico” para compras. O uso da Internet pode tornar produtos e serviços disponíveis, de

tal forma que, o mercado-alvo com acesso a computadores ou outras tecnologias

capacitadoras, possam comprar e complementar a transação por meios eletrônicos.

Outra rede social também muito utilizada pelas organizações é o Twitter, que é um

microblog, com apenas 140 caracteres, ou seja, somente para mensagens curtas, os

consumidores utilizam esta ferramenta para dar suas opiniões em relação a produtos e serviços

prestados. Muitas empresas hoje já monitoram o Twitter para medir o nível de satisfação de

seus consumidores, o tempo entre a opinião do consumidor e a resposta da organização varia

entre 5 minutos a 2 horas, o Brasil já tem cerca de 33,3 milhões de usuários desta rede.

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146

3. O MARKETING E AS REDES SOCIAIS

Segundo Churchill, Gilbert e Peter (2000), a tecnologia da informação é especialmente

benéfica para os profissionais de marketing cujos produtos e serviços baseiam-se em

informações. A Internet é útil em todo o processo de marketing, os sites da Web também são

um meio de comunicação com clientes existentes e potenciais, uma vez que as organizações

podem oferecer informações sobre si mesmas e seus produtos, e cultivar relacionamentos

comerciais de longo prazo.

Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades

concernentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor

dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de

empresas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e

considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas

relações causam ao bem-estar da sociedade (LAS CASAS, 2009, p.15).

Las Casas (2009) comenta que a presença de computadores na comercialização

revolucionou o marketing a tal ponto, que hoje dois fatores têm sido mencionados com

frequência: rapidez e flexibilidade. A informação passou a ser componente importante na

estratégia e é considerado um diferencial. Globalização, planos econômicos, qualidade,

valorização do consumidor/colaboradores e modismos da administração são fatores

importantes que influenciam o marketing no Brasil.

O uso da Internet como um canal de marketing ainda é muito novo e

embrionário para ter um registro confiável estabelecido. Cinco

vantagens são frequentemente mencionadas sobre os canais de

marketing baseados na Internet: Escopo e alcance global;

Conveniência/processamento rápido das transações; Eficiência e

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147

flexibilidade no processamento de informações; Gestão baseada em

dados e capacidade de relacionamentos; Menores custos com vendas e

distribuição (ROSEMBLON, 2002 p. 377-378).

Kotler (1998) conceitua o marketing on-line como o que pode ser atingido por uma

pessoa, via computador e modem, a vários canais on-line: marketing comercial em que o

internauta paga por ele. Ex.: jornais, revistas, site personalizados etc. Ou ainda a Internet,

sendo uma teia global que liga todas essas informações. Os benefícios do marketing on-line aos

consumidores são: conveniência, informação e menor exposição a vendedores e a fatores

emocionais. E para as empresas são: adaptações rápidas às condições de mercado, custos

menores, desenvolvimento de relacionamentos com os clientes e tamanho da sua audiência.

4. REDES SOCIAIS E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

As redes sociais como o Twitter, Orkut e Facebook, entre outras, valem ouro. São

ferramentas cada vez mais populares na Internet e um fenômeno tão recorrente e forte que

não pode passar despercebido pelas empresas. Muitas das micro e pequenas empresas estão

cada vez mais aderindo a esta nova ferramenta, que pode proporcionar o reconhecimento da

sua marca, inovação e prospecção de novos clientes.

Hercheui (2012) em seu artigo considera quatro benefícios fundamentais das mídias

sociais para as organizações: melhora da relação com os consumidores; redução dos custos de

comunicação; ampliação de acesso da empresa a conhecimento e a profissionais especializados;

aumento da capacidade de inovação da empresa.

Longenecker (1997) comenta que especificar qualquer padrão de tamanho para definir

pequenas empresas é algo necessariamente arbitrário, porque as pessoas adotam padrões

diferentes para propósitos diferentes. Mesmo os critérios usados para medir o tamanho dos

negócios variam, alguns critérios são aplicáveis a todas as áreas industriais, enquanto outros são

relevantes para certos tipos de negócios.

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As pequenas empresas contribuem inquestionavelmente para o bem-estar econômico

da nação. Elas produzem uma parte substancial do total de bens e serviços. Elas oferecem

contribuições excepcionais, na medida em que fornecem novos empregos, introduzem

inovações, estimulam a competição, auxiliam as grandes empresas e produzem bens e serviços

com eficiência.

Marketing de pequenas empresas consiste daquelas atividades que se

relacionam diretamente à identificação de mercados-alvos; à

determinação de potencial do mercado-alvo, e a preparação, a

comunicação e a satisfação plena desses mercados

(LONGENECKER, 2004 p. 190).

As estratégias de marketing são essenciais as micro e pequenas empresas e evoluiu

dessas atividades: a segmentação de mercado, a pesquisa de mercado, a previsão de venda; já a

teoria dos 4Ps, são tratadas como marketing mix da empresa.

Para se ter sucesso nas redes sociais é importante que as micro e pequenas empresas

tenham um plano de marketing definido, colocar temas que chamem a atenção do seu público-

alvo, publicar assuntos relacionados ao dia a dia e abordagens relevantes aos mais diversos

temas. Ainda buscando o sucesso e popularidade nas redes, a comunicação,

regularidade/atualização, o profissionalismo e a qualidade são tópicos que devemos prestar

bastante atenção, porque o mau uso destas variáveis pode acarretar em problemas no plano de

marketing.

5. METODOLOGIA

Nos dias atuais é fundamental o relacionamento no ambiente corporativo, pois visa

manter a imagem de uma empresa junto a seu público de interesse de diversas classes sociais,

conforme Charoux (2006), a metodologia deve ser entendida como um elemento facilitador da

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149

produção de conhecimento, uma ferramenta capaz de auxiliar o entendimento do processo de

busca de respostas e o adequado posicionamento de informações sobre o que se ignora.

Para Severino (2007), várias são as modalidades de pesquisa que pode praticar o que

implica coerência epistemológica, metodológica e técnica para o seu adequado

desenvolvimento que, segundo Reich (1999), é uma oportunidade para aprender e quem sabe

modificar a realidade nas organizações; por isso, colher e analisar dados sobre a empresa-alvo é

a tarefa mais importante.

Desta forma, Reich (1999) utiliza uma postura de ouvir o que as pessoas têm a dizer e

participar de eventos sem a preocupação de que isto possa influenciar os respondentes ou

processos em andamento, assim, Severino (2007) aborda que são várias metodologias de

pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais

a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas.

5.1 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO DO ESTUDO

As mídias sociais estão interligadas com grupos de pessoas em que facilita a maneira de

encontrar pessoas para que se possam obter informações de interesse em seu produto, afinal

cada mídia social funciona de uma maneira, mantendo uma constante troca de informações

instantâneas proporcionando um retorno imediato.

Por sua vez, Charoux (2006), em decorrência do tipo de pesquisa, diz que são

escolhidas as melhores ferramentas para o trabalho, isto é, as técnicas de coleta de dados que

melhor se ajustam à natureza da tarefa que, aborda Roesch (1999), engloba toda a organização,

como no caso de propostas de reestruturação organizacional, normalmente em empresas de

pequeno e médio porte.

Fundamentalmente, considera a efeito uma solicitação de dados a um aglomerado de

micro e pequenas empresas que atuam nas redes sociais com referência ao problema em tela

para, posteriormente, mediante a análise qualitativa, chegar às conclusões, proporcionalmente,

e às informações conquistadas.

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150

O foco da pesquisa está concentrado em dez micro e pequenas empresas instaladas no

mundo virtual das cidades Registro, Juquiá e Cajati como canais de informações e divulgações

dos seus produtos com o consumidor. O questionário foi devidamente aplicado com as micro

e pequenas empresas inclusas nas redes sociais.

5.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA

De acordo Charoux (2006), conforme o tipo de questionamento formulado, a pesquisa

pode ser classificada como: exploratória, descritiva e experimental ou casual. Quanto a sua

finalidade, pode ser classificada como: quantitativa ou qualitativa, como destaca Severino

(2007), que são várias as modalidades de pesquisa que se pode praticar o que implica coerência

epistemológica, metodológica e técnica para o seu adequado desenvolvimento.

Como ferramenta de obtenção de informações empregar-se-á o questionário pela

facilidade de utilização, podendo ser direcionado a um vasto número de micro e pequenas

empresas que atuam simultaneamente no mundo virtual, que discorre Roesch (1999). A

pesquisa qualitativa é apropriada para a avaliação formativa, quando se trata de melhorar a

efetividade de um programa ou plano, ou mesmo quando é o caso da proposição de planos, ou

seja, quando se trata de selecionar metas de um programa.

Para o objetivo proposto à investigação adotou-se um estudo qualitativo para avaliar as

prerrogativas do uso da Internet como forma de comunicação entre a empresa com o

consumidor e induzir a empresa na era da informação. A principal forma de conduzir a

pesquisa qualitativa é descobrir quantas micro e pequenas empresas compartilham uma

característica ou um grupo de características, especialmente projetada para gerar medidas

precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística.

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151

5.3 MÉTODO E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Santos e Filho (2003) comentam que o método como já exposto anteriormente, é o

caminho a ser trilhado pelos pesquisadores na busca do conhecimento. Existe o método geral,

aplicado a toda e qualquer área do conhecimento humano, e o método particular específico

para cada campo da ciência, com suas próprias especificidades.

Já Rudio (2004) conceitua “coleta de dados” como a fase do método de pesquisa, cujo

objetivo é obter informações da realidade, conforme relata Oliveira (2001), verifica-se que a

fase prática da pesquisa inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas

selecionadas, a fim de se efetuar a coleta de dados previstos, e sua execução obedece a várias

características.

Para Oliveira (2001), são várias as fases para a realização da coleta de dados, que variam

de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação, comenta Rudio (2004), que

pelo fato de serem muito frequentemente empregados nas ciências comportamentais, vamos

apenas considerar, em nosso estudo, o questionário e a entrevista.

Para esta pesquisa qualitativa foi utilizado o questionário, que tem por objetivo realizar

medições de variáveis ou conceitos. Na elaboração dos questionários foram utilizadas

perguntas abertas.

6. ANÁLISE DOS DADOS

Todas as informações obtidas por meio das entrevistas e da aplicação dos questionários

aqui serão levadas em consideração para a análise dos resultados. Observa Roesch (1999) que

as perguntas abertas em questionários são a forma mais elementar de coleta de dados

qualitativos, ainda descrevendo sobre a análise Symon & Casell citado por Roesch (1999)

enfatizam que é um processo de interpretação que impede a ideia de objetividade científica

implícita na confiabilidade e viabilidade.

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152

Foram analisadas dez empresas nos ramos de confecções, perfumaria, cosméticos,

medicamentos, imobiliário, consultoria e estética, nas cidades de Juquiá, Registro e Cajati, entre

os dias de 06 a 16 de abril do corrente ano. Foi utilizado um questionário com seis questões de

respostas abertas, em que as empresas foram questionadas quanto ao tempo de uso das redes

sociais, os fatores que levaram à utilização dessa ferramenta, os benefícios percebidos,

eventuais problemas e o custo que a empresa teve para estar presente nas redes sociais.

Foi observado na primeira pergunta que entre as dez empresas pesquisadas somente

três utilizam as redes sociais, por um período recente, entre 02 a 06 meses. Já as outras sete

empresas fazem uso desta ferramenta há um tempo maior, entre 02 a 03 anos de forma bem

atuante, sempre atualizando os perfis e postagens, mesmo as que ainda não têm tanto tempo

nesta rede, também utilizam de postagens e atualização para que consigam sempre estar

visíveis aos possíveis consumidores.

Na segunda questão foram analisados os fatores que levaram o uso desta ferramenta,

tendo como as respostas de ser vantajoso ter um perfil ativo na rede; rapidez de retorno em

relação às postagens de fotos, mensagens e produtos; grandes números de pessoas que se

relacionam por meio da rede; melhor contato com os clientes. Citado por cinco empresas o

objetivo de fazer propaganda utilizando a rede como forma de informar os possíveis clientes

em relação aos produtos expostos, houve relatos de uma empresa de perfumaria que costuma

postar produtos, e que os clientes que naquele momento não podem comparecer na loja ou

mesmo de outras cidades, chegam a reservar os produtos ou mercadoria, outro fator descrito

pelas empresas foi divulgar a marca, a divulgação também foi observada na análise dos

questionários, ou seja, a divulgação da marca e nome da empresa, visto que as empresas estão

buscando se tornar conhecidas para poder competir com o mercado globalizado.

Um fator notado nas empresas pesquisadas foi que várias citaram a utilização das redes

sociais para a propaganda, mas considerando o conceito de propaganda sendo alguma

atividade promocional que se pague por ela por um período determinado, essas empresas não

estão fazendo propaganda e sim uma forma de publicidade sendo considerada como uma

comunicação não paga de informações sobre a empresa, produto e ou serviço.

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153

Em relação aos benefícios sentidos, ao serem tabulados os dados, a rapidez foi a mais

citada, novos negócios, aumento da carteira de clientes, atração de novos clientes, possíveis

clientes. Dentro desta questão, três empresas ainda não observaram benefícios e resultados

desta ferramenta.

Um ponto bastante questionado neste trabalho foi a marca, os riscos que a rede pode

oferecer em relação à privacidade de nome, logomarca e imagem, devido à ação de hackers,

vírus e outros perigos incutidos na rede. Mas de maneira surpreendente todos os dez

entrevistados relataram não terem tido nenhum tipo de problema desta natureza.

Entre as redes mais usadas o Facebook é o grande preferido, sendo que as empresas que

ainda não estão nesta rede, já se projetam migrar devido ao grande boom de usuários que essa

rede social está acomodando no mundo.

Quanto aos custos para a manutenção da empresa na rede, a maioria relata não ter

despesa alguma, somente uma empresa no ramo de perfumaria pontuou que mantém um

administrador de sites para a manutenção da sua Fanpage.

Empresas Ramo de atividades Cidade Rede social

Ampla RH Consultoria Registro Facebook

Cor e Canela Perfumaria Salão de Beleza Juquiá Facebook

D&M Imóveis Imobiliária Cajati Facebook/Twiter

Dalva Moda Íntima Artigos em geral Juquiá Msn

Delírio Perfumaria Perfumaria Registro Facebook

Drogaria Silveira II Medicamentos Registro Facebook

Fascínio Modas Confecções Juquiá Facebook/Msn

Jhony Modas Confecções Juquiá Facebook/Msn

Peralta Modas Confecções Juquiá Orkut

Soul and Beauty Clínica de Estética Registro Facebook

6.1 Quadro - 1 Demonstrativo da Pesquisa Fonte: Dados da pesquisa 2012

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154

As redes sociais são hoje o boom do momento com milhões de pessoas no mundo

conectadas as outras em tempo mais do que real. O Brasil tem cerca de 40 milhões de usuários

ligados nestas redes sociais. A região do Vale do Ribeira-SP, com cerca de 140 mil habitantes,

considerando a grande expansão da Internet, mas ainda sem dados estatísticos sobre o número

de usuários das redes sociais.

Estudar a influência das redes sociais nas micro e pequenas empresas do Vale do

Ribeira-SP, com o objetivo principal de pesquisar a preocupação com a imagem na Web, os

riscos para a marca e legitimidade das micro e pequenas empresas que usam esta ferramenta de

marketing.

Após a análise dos dados coletados, podemos concluir que as empresas não estão

preocupadas com a imagem, todas as empresas pesquisadas relataram não terem tido

problemas com a sua imagem nas redes sociais, observamos que dependendo do ramo de

atividade, a venda não é tão relevante, mas sim, buscam estar posicionadas na mente do

consumidor. Encontramos algumas dificuldades no referencial teórico devido ao tema

proposto ser bastante inovador e inédito na coleta dos dados, que num primeiro momento

seria via rede social, mas logo esbarrado na falta de retorno das mensagens, buscamos outro

caminho para a coleta que se deu por meio de entrevistas pessoais e via telefone.

Há muito que se pesquisar sobre a questão de redes sociais e suas influências nas micro

e pequenas empresas, apontamos como sugestões observar o tempo para pesquisar a

população-alvo, cidade e ramos de atividades, e algo a notar, também, seria a metodologia,

talvez por meio de uma pesquisa quantitativa poderia se obter melhores resultados.

REFERÊNCIAS

CHAROUX, Ofélia M.G. Metodologia Processo de Produção, Registro e Relato do

Conhecimento. 3. ed. DVS. São Paulo.

CHUCHILL JR., GILBERT A.; PETER, J. Paul. Marketing (criando valor para os

clientes). 2. ed. Saraiva: São Paulo, 2000.

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DRUCKER, Peter F. Administrando para o Futuro: os anos 90 e a virada do século. 1. ed.

Pioneira. São Paulo: 1992.

FILHO, Domingos Parra; SANTOS, João Almeida. Metodologia Científica. 6. ed. Futura:

São Paulo, 2003.

GRACIOSO, Francisco. Propaganda Engorda e Faz Crescer a Pequena Empresa. 1. ed. Atlas:

São Paulo, 2002. In: LONGENEIKER, Moore, Petty. Administração de pequenas

empresas 1. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1997.

HERCHEUI, Magda David. 1,2,3 Estratégias de mídias sociais. HSM Management: São

Paulo: n. 90 p. 89-92, 2012.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 5. ed. Atlas: São Paulo, 1998.

LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing (conceitos, exercícios e casos). 8. ed. Atlas: São

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OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Cientifica-Projetos de Pesquisas,

TGI, TCC, Monografias, Dissertações e Teses. Pioneira: São Paulo, 2001.

ROESCH, Sylvia Maria Azeved. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração.

Atlas: São Paulo, 1999.

ROSENBLOON, Bert. Canais de Marketing – uma visão gerencial. 1. ed. Atlas: São

Paulo, 2002.

RUDIO, Franzs Victor. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 32. ed. Vozes: São

Paulo, 2004.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed. Revista e

Atualizada. Cortez: São Paulo.

Page 157: Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

CAPÍ TU

LO10

A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET:NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS

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A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS

SABERES E NOVOS PARADIGMAS

Enzo Bertazini

Juliano Schimiguel

Hélio Rosetti Junior

Djalma de Oliveira Bispo Filho

A Internet integra parte significativa do cotidiano das pessoas. Ela é usada para

atividades pessoais, corporativas e governamentais. A Educação como um todo também se

vale desta importante ferramenta como pode ser observado pelo levantamento feito pela Abed

(ABED, 2006) junto a Instituições de Ensino credenciadas a ministrarem cursos no formato

Ead, bem como empresas que utilizam este formato educacional para a formação, qualificação

e treinamento de seus funcionários, parceiros e clientes. O presente trabalho visa debater

detalhes da aprendizagem no ambiente da internet, com suas consequências e desdobramentos,

em comparação com as formas tradicionais de se aprender.

O Mapeamento do Censo EAD.BR (ABED, 2006) verificou a evolução em todos os

níveis educacionais. As instituições a distância ministram 1.752 cursos. Os de especialização

formam o maior grupo com 37% de todos os cursos, seguido pelos de graduação com 26,5%,

ou então por um grupo que pode ser composto pelos cursos de graduação mais os tecnólogos

ou de complementação pedagógica, que ainda assim ficam com 34,6%.

Conforme as instituições de ensino que responderam ao censo, a idade do aluno é mais

avançada do que na educação presencial, sendo que a idade predominante é a de mais de 30

anos e com o maior número de matrículas em torno de 72% (ABED, 2006).

O censo mostra ainda que a evasão média apurada entre as 129 instituições que

responderam a essa questão é de 18,5%. Os motivos mais frequentes apontados pelos alunos

para a evasão, na análise das instituições, são a falta de dinheiro e de tempo (indicados por

mais da metade), mas os problemas referentes ao desconhecimento do método ou ao seu

estranhamento não são desprezíveis, sendo citados por um terço das instituições (ABED,

2006). Esta característica muitas vezes vem acompanhada de outras como: aluno trabalhador,

com família constituída e há muitos anos afastado do sistema educacional. Isto implica não só

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158

em pré-requisitos e perspectivas diferentes por parte destes alunos quanto ao curso que

abraçaram, mas também de estilos e condições de aprendizagem centradas em também

diferentes relações com os saberes (CHARLOT, 2001; DOUADY, 1995). Estes aspectos

impõem mudanças, inovações na prática pedagógica do professor universitário e das

ferramentas utilizadas em um ambiente EAD.

A informação digitalizada circula mais rapidademente, se reproduz e pode ser

apresentada em diversas interfaces. Nesse contexto, Web sites e ambientes virtuais de

aprendizagem vêm ganhando espaço e credibilidade como ferramentas de apoio ao ensino e

aprendizagem, por facilitarem a organização, a interatividade e a colaboração entre alunos e

professores (RECUERO, 2002).

Duffy e Savery (1995) consideram que o conhecimento resulta do entendimento das

interações com o ambiente social, ou seja, os alunos interpretam as informações à medida que

as experimentam dentro de um contexto significativo. Regras, leis e enunciados, separados de

um contexto, têm pouco ou nenhum significado para os alunos. Dessa forma, construir

espaços de formação é um desafio que não se limita a simples incorporação de conteúdos

digitais no ambiente de aprendizagem. Deve-se também considerar a aprendizagem como uma

produção resultante não só dos conteúdos disponibilizados em um ambiente, mas também das

atividades de exploração conduzidas através da interação, dos processos colaborativos e da

contextualização do conhecimento (MORÁN, 2002).

A EAD apresenta-se como uma estratégia para a construção de conhecimentos em que

a construção do conhecimento ocorre em virtude da interação do indivíduo com o que ele

conhece, sendo sempre uma construção nova, uma nova interpretação que ele é capaz de fazer,

partindo de conhecimentos pré-estabelecidos (FRANCO et al., 2006). Para Estabel et al (2006),

Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são portas de entrada para a inserção de

indivíduos no ambiente digital, sendo necessário definir, de forma criteriosa, a escolha de um

ambiente com recursos de interação para favorecer o processo de aprendizagem atuando o

professor, como mediador no processo de cooperação.

Segundo resultados da 21ª Pesquisa Anual do Centro de Tecnologia de Informação

Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas

(FGV-EAESP-CIA, 2010), em 2010 existia 77 milhões de computadores em uso no Brasil

(dois para cada cinco habitantes). A previsão para os próximos anos indica que teremos as

seguintes quantidades: em 2012, 100 milhões de computadores (um para cada dois habitantes)

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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e em 2014, 140 milhões (dois para cada três habitantes). O uso da Internet também não para

de crescer em quantidade de usuários, sites e infraestrutura. É fato que estamos imersos em um

mundo cada vez mais dominado pelas tecnologias.

A escola como instituição social, sofre intervenção do contexto no qual se insere e, se a

sociedade moderna está definida e estruturada pela tecnologia, todas as suas instituições

passam a ser delineadas com parâmetros tecnológicos. A escola tem uma estrutura

tradicionalmente conservadora, porém, é impossível recusar o conhecimento tecnológico

trazido pelos estudantes, quando jovens, que convivem com a técnica no seu meio social, e

pelas empresas de informática, produtoras de instrumentação para aprendizagem em todas as

áreas. Em contrapartida, o grande número de alunos que estudam pelo sistema de EAD não

possui toda essa vivência digital.

OBSERVAÇÕES ACERCA DA APRENDIZAGEM NOS DIAS DE HOJE

Conforme De Aquino (2008), o mundo moderno, de modo geral, e o mundo dos

negócios, de modo particular, exigem das pessoas um constante aprendizado, para que elas

obtenham cada vez mais sucesso ou, no mínimo, não se sintam marginalizadas e sem

oportunidades. Estamos na era do “Lifelong Learning” ou educação continuada ou

aprendizagem continuada. Segundo a enciclopédia digital de construção coletiva do

conhecimento (WIKIPEDIA, 2011), aprendizagem continuada é o fornecimento ou a

utilização de ambas as oportunidades formais e informais de aprendizagem ao longo da vida

das pessoas, a fim de promover o desenvolvimento e melhoria contínua dos conhecimentos e

habilidades necessárias para o emprego e a realização pessoal. Esta definição compartilha uma

conotação de mistura com outros conceitos educacionais, como a Educação de Adultos,

Formação de Adultos, Educação Continuada, Educação Permanente e outros termos que se

relacionam com a aprendizagem fora do sistema formal de ensino.

Segundo o Banco Mundial (THE WORLD BANK, 2011), a aprendizagem continuada

é essencial para os indivíduos manterem o ritmo com o mercado de trabalho mundial. Nesta

visão, as pessoas devem adaptar-se constantemente às novas condições de vida, tecnologia e

exigências de trabalho. Isso requer o aprendizado de habilidades que ajudam o indivíduo a se

ajustar a um mundo em constante mudança. A abordagem do Banco Mundial para a

aprendizagem continuada envolve uma combinação de competências. O Banco Mundial define

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os conhecimentos e as competências necessárias para a aprendizagem ao longo da vida

incluindo a base de habilidades acadêmicas, como a alfabetização em língua estrangeira,

matemática e ciência, e habilidades, a capacidade de usar tecnologias de informação e

comunicação. Os trabalhadores devem usar essas habilidades de forma eficaz, agir de forma

autônoma e reflexiva, e juntar-se e funcionar em grupos socialmente heterogêneos.

Já a UNESCO (UNESCO, 2011) apoia uma visão mais humanista da aprendizagem em

comparação com a abordagem econômica do Banco Mundial. Esta visão está centrada no

desenvolvimento integral do indivíduo. O relatório intitulado Aprender a Ser: O mundo de

hoje e amanhã da Educação (FAURE et al., 1972) argumenta que a ênfase deve estar em

aprender a aprender e não sobre a adequação entre a escolaridade e as necessidades do

mercado de trabalho. O relatório afirma:

O objetivo da educação é permitir ao homem ser ele mesmo [...] e o objetivo da

educação em relação ao progresso econômico e de emprego devem ser não tanto a preparar

[...] para uma vocação específica para a vida toda, como otimizar a mobilidade entre as

profissões e oferecer estímulo permanente ao desejo de aprender e treinar a si mesmo.

O conhecimento é composto de diferentes tipos: Saber sobre, Saber fazer, Saber ser,

Saber onde encontrar e saber transformar (SIEMENS, 2011). Revistas, livros, bibliotecas,

museus fornecem conhecimento nos níveis "sobre" e "fazer". Saber ser, saber onde encontrar

e saber transformar são compreensões de nível superior e se dá por meio da reflexão e

aprendizagem informal. Os sistemas tradicionais de ensino, no qual o professor é a única fonte

de conhecimento, são pouco adequados para preparar as pessoas para trabalhar e viver em

uma economia do conhecimento. O quadro 01 mostra as relações entre a aprendizagem

tradicional e a aprendizagem contínua e os papéis desempenhados por alunos e professores.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Aprendizagem Tradicional Aprendizagem Contínua

O professor é a fonte de conhecimento Os educadores são os guias de fontes de

conhecimento

Os alunos recebem o conhecimento do

professor As pessoas aprendem fazendo

Os alunos trabalham sozinhos As pessoas aprendem em grupo e do outro

Os testes são indicados para impedir o

progresso, quando os alunos têm

dominado completamente um conjunto

de competências.

A avaliação é usada para guiar estratégias de

aprendizagem e de identificar caminhos para

a aprendizagem futura

Todos os alunos a aprender a mesma

coisa

Educadores • desenvolver planos de

aprendizagem individualizada

Professores recebem formação inicial

mais ad hoc de formação em serviço

Os educadores estão aprendendo ao longo

da vida. A formação inicial e

desenvolvimento profissional contínuo

estão ligados

Os alunos são identificados e autorizados

a continuar mais tarde a educação

As pessoas têm acesso a oportunidades de

aprendizagem ao longo da vida

O aprendizado é colocado em

prática

Quadro 01: Comparação entre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem contínua Fonte: Adaptado de THE WORLD BANK (2011)

Há mais de um tipo de aprendizagem. Em 1956 Benjamin S. Bloom e outros membros

da Associação Americana de Psicologia, identificaram três domínios de atividades

educacionais:

• Cognitivo: habilidades mentais (conhecimento).

• Afetivo: o crescimento de sentimentos ou áreas emocionais (atitude).

• Psicomotor: manual ou habilidades físicas (habilidades).

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O domínio cognitivo, segundo Bloom (1974), envolve o conhecimento e o

desenvolvimento de habilidades intelectuais. Isso inclui a retirada ou o reconhecimento de

fatos específicos, padrões processuais e dos conceitos que servem para o desenvolvimento das

capacidades intelectuais e competências. Há seis categorias principais: conhecimento,

compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. As categorias podem ser consideradas

como graus de dificuldades. Ou seja, as primeiras devem, normalmente, ser dominadas antes

que as próximas possam ter lugar.

O domínio afetivo inclui a maneira como lidamos com as coisas emocionalmente,

como sentimentos, valores, apreciação, entusiasmos, motivações e atitudes. Há cinco

categorias principais: internalização, organização (de valores), avaliação, resposta e recepção.

O domínio psicomotor inclui o movimento físico, coordenação e utilização das áreas

de habilidades motoras. O desenvolvimento dessas habilidades requer prática e é medido em

termos de velocidade, precisão, distância, procedimentos ou técnicas de execução. Há seis

categorias principais: reflexos, movimentos básicos, habilidades de percepção, habilidades

físicas, movimentos aperfeiçoados e comunicação não verbal.

Esta taxonomia dos comportamentos de aprendizagem pode ser pensada como "os

objetivos do processo de aprendizagem". Isto é, após um episódio de aprendizado, o aluno

deve ter adquirido novas competências, conhecimentos e/ou atitudes. Bloom e seus colegas

deram ênfase ao domínio cognitivo e estabeleceram uma hierarquia de objetivos educacionais,

que é geralmente referida como a Taxonomia de Bloom. Esta taxonomia tenta dividir objetivos

cognitivos em subdivisões que vão desde as habilidades de pensamento de ordem inferior até

as habilidades de pensamento de ordem superior, conforme mostrado na Figura 1.

Habilidades de Pensamento de Ordem Superior

AVALIAÇÃO

SÍNTESE

ANÁLISE

APLICAÇÃO

COMPREENSÃO

CONHECIMENTO

Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior

Figura 1- Taxonomia de Bloom Fonte: Adaptado de Churches (2011a)

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As divisões apresentadas não são absolutas e há outros sistemas ou hierarquias que

foram criados no mundo da educação e da formação. No entanto, a taxonomia de Bloom é

facilmente compreendida e é provavelmente a mais aplicada hoje em dia.

No ano de 2001 Anderson e Krathwohl (2001) publicaram a revisão sobre a taxonomia

de Bloom exclusivamente sobre o aspecto cognitivo. Esta nova taxonomia reflete, segundo

Churches (2010), uma forma mais ativa de pensar.

Habilidades de Pensamento de Ordem Superior

CRIAR

AVALIAR

ANALISAR

APLICAR

COMPREENDER

RECORDAR

Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior

Figura 2- Taxonomia de Bloom Revisada Fonte: Adaptado de Churches (2011a)

Umas das principais mudanças desta taxonomia é a utilização de verbos no lugar dos

substantivos utilizados na taxonomia de Bloom. Outra mudança foi na ordem das categorias.

Na figura 2 é representada esta nova taxomonia com os seus domínios.

Cada uma das categorias possui verbos-chave associados a ela e que são relacionados.

A seguir são listadas as categorias das habilidades de pensamento inferior para as habilidades

de pensamento superior segundo a taxonomia de Blom revisada:

• Recordar - reconhecer, descrever, identificar, recuperar o nome, localizar, encontrar.

• Compreensão - Interpretar, resumir, concluir, parafrasear, classificar, comparar,

explicar, modelar.

• Aplicar - realizar, desempenhar, utilizar, executar.

• Analisar - Comparar, organizar, desconstruir, atribuir, delinear, encontrar, estruturar,

integrar.

• Avaliar - Rever, formular hipóteses, criticar, experimentar, julgar, provar, detectar,

monitorar.

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• Criar - desenhar, projetar, planejar, construir, produzir, desenvolver, elaborar.

Segundo Anderson e Krathwohl (2001), a criatividade é superior à avaliação no

domínio cognitivo. Os verbos citados anteriormente descrevem muitas atividades, ações,

processos e objetivos que temos em nossa prática diária em sala de aula. Não satisfazem, no

entanto, os novos objetivos, processos e ações que, devido ao surgimento e à integração das

TIC, estão presentes em nossas vidas e na vida dos alunos, nas aulas e, gradativamente, em

quase todas as atividades que realizamos diariamente. Segundo Churches (2011a), é necessário

preparar nossos alunos para o futuro, temos de prepará-los para a mudança, ensiná-los a

questionar e pensar, para se adaptar e modificar, para filtrar, peneirar e classificar. Eles nascem

em um mundo em que a única constante é a mudança, eles estão imersos em tecnologia e ainda

não sabem como essa tecnologia é ubíqua. O impacto da colaboração em suas várias formas

tem uma crescente influência na aprendizagem. Muitas vezes isso é facilitado pelos meios

digitais e cada dia se torna mais valiosa nas salas de aula permeada por estes meios

(CHURCHES, 2011a).

A colaboração pode assumir diversas formas e seu valor pode variar muito. Muitas

vezes isso é independente do mecanismo usado para ajudar. A colaboração é essencial no

século XXI.

Considerando a taxonomia de Bloom, as inclusões das TIC nos ambientes de ensino e

aprendizagem, a colaboração, tão necessária e requisitada no século XXI, conforme Churches

(2011a) propõe uma modificação na taxonomia revisada de Bloom de modo a adequá-la às

TIC e ao uso cada vez mais comum da Web. Ele passou a chamá-la de Taxonomia Digital de

Bloom.

TAXONOMIA DIGITAL DE BLOMM

Utilizando as mesmas categorias encontradas na taxonomia revisada de Bloom inclui

agora as atividades “digitais” que passam a compor as mesmas (CHURCHES, 2011b). Estas

categorias passam a ser listadas e explicadas começando pelas de Habilidades de Pensamento

de Ordem Inferior.

• RECORDAR: lembrar está no menor nível da taxonomia, mas é fundamental para a

aprendizagem. Ela não tem que necessariamente ocorrer como uma atividade

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independente, ela é aumentada sendo aplicada em atividades de ordem superior. A

chave para este elemento da taxonomia para a mídia digital é a recuperação do material.

O aumento na quantidade de conhecimento e informação significa que é impossível e

impraticável para o aluno (ou professor) tentar se lembrar e manter todos os

conhecimentos atuais relevantes para a sua aprendizagem. As adições digitais para esta

categoria são listadas e explicadas no Quadro 2.

Verbos Explicação

Utilizar

vinhetas

Análogo a um anúncio, mas em formato digital.

Destacar O marcador é uma ferramenta essencial em “suítes” de produtividade de

software como o Microsoft Office ou Office.org. Ao incentivar os alunos a

escolher e destacar as palavras-chave e frases, elas reforçam a recordação e

memória.

Marcar

favoritos

Neste processo, os alunos marcam sites, recursos e arquivos para uso futuro.

Eles também podem organizá-los mais tarde.

Redes sociais Onde as pessoas desenvolvem redes de amigos e parceiros, estabelecer e

criar laços entre pessoas diferentes. Elas podem tornar-se um elemento-

chave da colaboração e networking.

Construção

coletiva

repositórios

favoritos

(social

bookmarking)

É uma versão online de marcação ou locais favoritos, mas mais avançado,

porque ele pode tirar proveito de outros marcadores e etiquetas. Enquanto

as habilidades de pensamento de ordem superior para colaborar e

compartilhar, podem e fazem uso dessas habilidades, este é o mais simples

de usar, como realizar uma simples listagem de sites que são salvos em uma

linha, ao invés de armazenadas localmente no seu computador.

Buscar,

pesquisar

Motores de busca agora são elementos-chave na investigação do estudante.

Esta habilidade não refina a busca para além da palavra-chave ou termo

usado.

Verbos-chave de RECORDAR: Reconhecer, listar, descrever, identificar, recuperar,

denominar, localizar, utilizar vinhetas, destacar, marcar favoritos, redes sociais, construção

coletiva de repositórios favoritos, buscar, pesquisar.

Quadro 2- Verbos para RECORDAR

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Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

• COMPREENDER: a compreensão constrói relações e conhecimento. Os alunos

compreendem conceitos e processos e podem explicá-los ou descrevê-los. São capazes

de resumir e reformular com suas próprias palavras. Compreender é estabelecer

relações e construir significados. Compreendendo: construindo o significado de

diferentes tipos de funções, seja ela escrita ou gráfica. As adições digitais para esta

categoria são listadas e explicadas no Quadro 3.

Verbos Explicação

Busca

Avançada e

Booleana

Esta é uma melhoria na categoria anterior. Os estudantes devem ter uma

compreensão mais profunda para criar, modificar e refinar as pesquisas para

atender às suas necessidades.

Notícias,

comentários,

editar Blogs

Este é o uso mais simples de um blog, em que o aluno "fala", "escreve" ou

"digita" um diário pessoal ou blog em uma tarefa específica. Isso mostra uma

compreensão básica da atividade que está sendo relatada. O blog ajuda a

desenvolver o pensamento de ordem superior, quando usados para discutir e

colaborar.

Categorizar

ou etiquetar

Classificar e organizar arquivos, sites e materiais de uso em pastas. Isso pode

ser feito por meio da organização, estruturação e atribuição de palavras-

chave de dados online no cabeçalho da página Web (meta-tags). Os alunos

precisam compreender o conteúdo das páginas para marcá-las.

Comentar Há uma variedade de ferramentas que permitem aos usuários comentar e

fazer anotações em páginas Web, pastas pdf e outros documentos. O usuário

desenvolve o entendimento, basta comentar sobre as páginas. Isso é

potencialmente mais eficiente, porque pode ser “linkados” e indexados.

Assinar Assinar o RSS de um site utiliza a marcação em suas diversas formas e leva

uma simples leitura a um nível superior. O ato de inscrição, por si só, não

demonstra ou desenvolve a compreensão, mas muitas vezes o processo de

releitura do que foi postado conduz a uma maior compreensão.

Verbos-chave de COMPREENDER: Interpretar, resumir, concluir, parafrasear,

classificar, comparar, explicar, exemplificar, fazer buscas avançadas, fazer pesquisas

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booleanas, editar blogs, "Twittar" (usando o Twitter), categorizar tag, comentar, anotar,

assinar.

Quadro 3- Verbos para COMPREENDER Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

• APLICAR: aplicar significa realizar ou recorrer a um processo para o desenvolvimento

de uma representação ou uma implantação. Aplicar relaciona e refere-se a situações em

que o material estudado é utilizado no desenvolvimento de produtos, tais como

modelos, apresentações, entrevistas e simulações. As adições digitais para esta categoria

são listadas e explicadas no Quadro 4.

Verbos Explicação

Operar e

executar

Refere-se à ação de iniciar um programa. É operar e manipular hardware e

software para alcançar um objetivo básico ou resultado.

Jogar É crescente a presença dos jogos como um meio educativo. Alunos que

conseguem manipular ou utilizar um jogo mostram compreensão de

processos e tarefas, e aplicação de habilidades.

Enviar e

compartilhar

Refere-se a carregar um material para sites de compartilhamento. Estas são

formas simples de colaboração, habilidade do pensamento de ordem

superior.

Editar Em muitos aspectos, a edição é um processo ou procedimento utilizado por

um editor.

Verbos-chave para APLICAR: Implementar, desempenhar, usar, executar, operar,

jogar, enviar, compartilhar, editar.

Quadro 4- Verbos para APLICAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

• ANALISAR: analisar é quebrar em partes ou conceitos e determinar como eles se

relacionam e interagem uns com os outros, ou uma estrutura completa, ou uma

finalidade específica. Ações mentais deste processo incluem diferenciar, organizar e

distribuir, assim como a habilidade de estabelecer diferenças entre os componentes. As

adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 5.

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Verbos Explicação

Recombinar

(Mashing) [8]

As misturas são formadas pela integração de várias fontes de dados em uma

única fonte. Este é um processo complexo, mas quando houver uma maior

evolução de sites, se tornará uma opção cada vez mais fácil e disponível para

analisar as informações.

“Linkar” É identificar e construir os “links” para o interior de documentos ou para

sites externos, documentos e páginas da Web.

Engenharia

Reversa

É análogo ao desconstruir. Também muitas vezes associada a "cracking", sem

as implicações negativas associadas a esta.

“Cracking” É necessário conhecer muito bem a aplicação ou sistema que se está

“craqueando”, para analisar seus pontos fortes e fracos e, em seguida,

explorá-los.

Verbos-chave para ANALISAR: comparar, organizar, desconstruir, atribuir, desenhar,

localizar, organizar, integrar, recombinar, “linkar”, validar, fazer engenharia reversa,

"cracking" e mapas mentais.

Quadro 5: Verbos para ANALISAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

• AVALIAR: avaliar é fazer julgamentos com base em critérios, normas ou padrões

utilizando testes ou uma avaliação crítica. As adições digitais para esta categoria são

listadas e explicadas no Quadro 6.

Verbos Explicação

Blog /

Videolog

A utilização destes recursos muitas vezes facilita a reflexão, comentários ou

críticas construtivas. Quando os alunos comentam e respondem as

publicações, eles devem avaliar o material dentro de um contexto e

responder a este.

Postar Fazer e postar comentários em blogs, participar de grupos de discussão,

participar de discussões em fóruns, são elementos cada vez mais comuns e

que os estudantes usam todos os dias. Os bons trabalhos (publicações), bem

como as boas críticas, não são respostas de uma simples linha, pelo

contrário, são elaborados e construídos para avaliar o tema ou conceito.

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169

Moderar Refere-se a fazer uma ação de alto nível, em que o avaliador deve ser capaz

de avaliar uma publicação ou comentário sob diversas óticas, avaliar seu

mérito, valor ou relevância.

Colaborar e

trabalhar em

rede

A colaboração é um recurso cada vez mais importante da educação. Em um

mundo cada vez mais centrado na comunicação, colaboração promovendo a

inteligência coletiva é fundamental. A colaboração efetiva envolve avaliar os

pontos fortes e habilidades dos participantes e valor das contribuições que

fazem. Trabalhar em rede é um recurso de colaboração, permitindo o

contato e a comunicação com pessoas adequadas, através de redes de

parceiros.

Teste (de

versões)

Testar aplicações, processos e procedimentos são elementos-chave no

desenvolvimento de qualquer ferramenta. Para ser eficaz no ensaio ou teste,

deve-se ter a capacidade de analisar o objetivo/função da ferramenta ou

processo, como esta deveria trabalhar e como ela está trabalhando no

momento do teste.

Validando Com a abundância de informações disponíveis para os alunos juntamente

com a dificuldade de verificar sua autenticidade, os estudantes de hoje e de

amanhã devem ser capazes de validar a veracidade das suas fontes de

informação. Para isso deve ser capaz de analisar e avaliar essas fontes e fazer

julgamentos com base nelas.

Verbos-chave para AVALIAR: revisar, formular hipóteses, criticar, experimentar,

julgar, testar, detectar, monitorar, comentar em um blog, revisar, moderar, colaborar,

trabalhar em rede, reelaborar.

Quadro 6- Verbos para AVALIAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

• CRIAR: criar é juntar os elementos para criar um todo coerente e funcional ou

reorganizar os elementos em um novo padrão ou estrutura. As adições digitais para

esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 7.

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Verbos Explicação

Programar Quer seja criando seus próprios aplicativos, macros de

programação, desenvolvendo jogos ou aplicações multimídia em

ambientes estruturados, os alunos estão criando uma rotina, os

seus próprios programas para atender às suas necessidades e

objetivos.

Filmar, animar,

transmissão de vídeo,

transmissão de áudio,

mixagem e remixagem

Isto tem a ver com a tendência crescente de utilizar e

disponibilizar na Web ferramentas multimédia e de edição

multimídia. Os alunos muitas vezes capturam, criam, mixam e

remixam conteúdos para criar produtos únicos.

Dirigir e produzir Dirigir ou produzir uma obra ou se envolver em um processo

criativo, requer que o aluno tenha visão, entenda os

componentes e os agregue em um produto consistente.

Postar (publicar) Seja através da Web ou a partir de computadores em casa, a

editoração eletrônica, geração digital de formatos de mídia está

aumentando. Isto requer uma boa visão do todo, não só o

conteúdo a ser publicado, mas também o processo e o produto.

Relacionado a este conceito estão também a criação de vídeo

(para blogs), blogs, bem como criação, modificação e

aperfeiçoamento de Wikis.

Verbos-chave para CRIAR: projetar, construir, planejar, produzir, desenvolver,

desenhar, elaborar, programar, filmar, animar, escrever em blogs, vídeo-blogs, mixar,

remixar, participar de um wiki, publicar "videocasting”, “podcasting”, dirigir, transmitir.

Quadro 7- Verbos para CRIAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

A proposta de Churches (2011a) permite uma visão mais detalhada sobre a Web e os

recursos nela disponíveis que podem ser empregados na educação formal em qualquer nível;

pelas empresas na formação, qualificação e treinamento de funcionários, parceiros e clientes ou

até mesmo na autoaprendizagem. Muitas destas novas atividades digitais (verbos) são feitas de

forma automática e quase sempre sem uma reflexão sobre as suas potencialidades no que tanje

à construção do conhecimento.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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Assim, cabe aos educadores refletir sobre isto e tentar adaptar as atividades

educacionais a este novo paradigma. Da mesma forma, cabe aos profissionais da Educação

procurar meios de satisfazer o anseio dos alunos com relação aos conteúdos a serem

estudados/aprendidos e seu crescimento como indivíduos.

REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO11

MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS:PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO

DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

175

MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS:

PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA

Helio Rosetti Júnior

Juliano Schimiguel

Antônio Henrique Pinto

Djalma de Oliveira Bispo Filho

Conhecer as operações financeiras tem sido uma necessidade no mundo moderno

conectado com a economia global. Cotidianamente são passadas, nos veículos de

comunicação, informações sobre as operações financeiras regionais, nacionais e internacionais,

demandando das pessoas conhecimentos e competências sobre as variações e indicadores

desse vasto mundo financeiro.

Entender o mercado financeiro com seus produtos e serviços, identificando seus

signos, pode proporcionar facilidades no trato com o dinheiro, por pequena que seja a quantia.

A eficiência do funcionamento do mercado financeiro é fundamental para o

crescimento das economias modernas. Quando é eficiente, facilita o acesso das empresas a

recursos mais baratos, estimulando a produção e o consumo de mercadorias. As famílias

também se beneficiam de uma remuneração melhor para os recursos poupados e têm mais

acesso a financiamentos a juros mais baixos, o que possibilita maior flexibilidade na decisão de

poupar ou consumir (PACHECO; OLIVEIRA, 2010).

Dessa maneira, compreender informações desse mundo das finanças possibilita que o

indivíduo possa fazer escolhas mais qualificadas, com resultados benéficos para sua vida

financeira pessoal.

O mercado financeiro permite a realização de trocas de diversas formas de ativos, que

representam reserva de valor. Um problema típico de um investidor é decidir como compor da

melhor maneira possível seu portfólio, ou seja, o conjunto de ativos que ele possui. Por

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

176

representarem uma reserva de valor, esses ativos podem ser vendidos futuramente para

financiar gastos em bens e serviços (HILLBRECHT, 1999).

Visando a realização das trocas de ativos financeiros, é necessária a compreensão do

significado e valor dos ativos, bem como as consequências dessas operações na vida das

pessoas e das comunidades. Essa compreensão ocorrerá na medida em que as pessoas

apresentam uma educação financeira, distinguindo assim os produtos no mercado, para uma

decisão financeira mais sustentável.

Porém, como nossa limitada educação financeira faz do crédito um conceito vago e

abstrato para a maioria das pessoas, é em torno do mau uso deste que as instituições

financeiras montam sua estratégia e realizam seus lucros no Brasil (CERBASI, 2009).

Dessa forma, como qualquer investimento, as aplicações e operações financeiras

demandam que as pessoas dediquem algum tempo para a escolha da melhor opção que se

encaixe em suas necessidades (LUQUET, 2007). O entendimento dos mecanismos e dos

signos do mundo financeiro facilita essa reflexão para uma operação bem-sucedida em tempos

de amplo acesso ao crédito. Cabe ressaltar que:

Nunca os jovens tiveram tanto acesso a serviços bancários e também nunca estiveram

tão endividados. É o que aponta o estudo realizado pela agência Namosca, especialista no

universo jovem. A pesquisa mostrou que 86% dos jovens entrevistados possuem conta-

corrente, 77,3% conta-poupança, 76,4% cartão de crédito, 84,9% cartão de débito e 62,3%

cartão de lojas (CREDINFO, 2012).

Este artigo tem por objetivo debater e refletir sobre os conhecimentos dos jovens

acadêmicos de cursos superiores de tecnologia sobre aspectos de finanças assim como sobre o

mercado financeiro. Neste estudo, procurou-se identificar a percepção e atitudes desses jovens

com o mercado financeiro no que tange às operações financeiras básicas no dia a dia e suas

consequências. A pesquisa foi feita no estado do Espírito Santo, Brasil, envolvendo faculdades

particulares de ensino tecnológico, no ano de 2010. O questionário da pesquisa foi aplicado via

Internet numa amostra de aproximadamente 400 alunos majoritariamente moradores de áreas

urbanas da região.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

177

Os dados resultantes dos instrumentos de pesquisa aplicados indicaram que os

estudantes demonstram dificuldades no que se refere ao entendimento de gráficos

representativos da bolsa de valores e da mesma forma na compreensão das séries e dos valores

financeiros informados na mídia.

O mundo do trabalho tem demandado habilidades financeiras dos estudantes,

sinalizando para uma formação acadêmica que inclua o jovem no mundo das operações com

ativos de finanças e entendimento dos códigos relacionados às moedas e seus desdobramentos

(ROSETTI; SCHIMIGUEL, 2011).

Os estudantes indicaram ainda dificuldades em utilizar a Internet para operações

financeiras, apontando para a necessidade de aprimoramento o uso da grande rede de

computadores para desenvolvimento de habilidades financeiras.

Vale ressaltar que a quantidade de alunos pesquisados representa aproximadamente um terço

do total do corpo discente das instituições, por ocasião da aplicação dos instrumentos,

distribuídos em turnos de trabalho e períodos, compondo assim uma amostra significativa

dessa população.

DADOS DA PESQUISA SOBRE MERCADO FINANCEIRO

Aqui será descrito e analisado o resultado da pesquisa realizada, com suas respectivas

representações gráficas.

Acerca de gráficos e bolsa de valores, a pergunta foi: consegue entender um gráfico

de evolução da bolsa de valores? As respostas foram: 2% responderam “muito”. 15%

responderam “razoável”. 20% marcaram “pouco”. 25% “muito pouco” e 38% responderam

“nada/nunca”, conforme o Gráfico 1. Nota-se que uma grande maioria, de 83% dos alunos,

respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre evolução dos gráficos da bolsa de valores.

Gráfico 1 – Consegue entender um gráfico de evolução da bolsa de valores

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

178

Fonte: os autores

Quando questionados: sabe analisar as séries de valores numéricos diários da

bolsa de valores? As respostas dos alunos foram as seguintes: 2% responderam “muito”. 15%

responderam “razoável”. 20% marcaram “pouco”. 25% “muito pouco” e 38% responderam

“nada/nunca”, conforme o Gráfico 2. Percebe-se que uma grande maioria, com 83% dos

alunos, respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre séries de valores diários da bolsa

de valores.

Gráfico 2 – Sabe analisar séries de valores numéricos da bolsa de valores

Fonte: os autores

Na pergunta: entende o noticiário financeiro nos jornais, rádios e TV´s? As

respostas foram as seguintes: 14% responderam “muito”. 31% responderam “razoável”. 22%

31%

21%19%

22%

7%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

38%

25%

20%

15% 2%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

179

marcaram “pouco”. 24% “muito pouco” e 9% responderam “nada/nunca”, conforme o

Gráfico 3. Nota-se que uma maioria, de 55% dos alunos, respondeu entender pouco, muito

pouco ou nada no noticiário financeiro na mídia.

Gráfico 3 – Entende o noticiário financeiro nos jornais, rádios e TV´s

Fonte: os autores

Quanto ao acesso à Internet, foi questionado: Tem acesso à Internet? As respostas

dos alunos foram: 81% responderam “muito”. 13% responderam “razoável”. 5% marcaram

“pouco”. 1% “muito pouco” e 0% “nada/nunca”, conforme o Gráfico 4. Nota-se que uma

grande maioria, com 81% dos alunos, respondeu “muito” no acesso à Internet.

Gráfico 4 – Tem acesso à Internet

Fonte: os autores

9%

24%

22%

31%

14%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

0% 5%13%

81%

1%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

180

Quanto ao acesso a sites financeiros, perguntou-se: acessa sites financeiros? As

respostas foram: 5% responderam “muito”. 9% responderam “razoável”. 24% marcaram

“pouco”. 24% “muito pouco” e 38% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 5.

Percebe-se que uma grande maioria, de 86% dos alunos, respondeu pouco, muito pouco ou

nada sobre acessar sites financeiros.

Gráfico 5 – Acessa sites financeiros

Fonte: os autores

Na pergunta: efetua operações financeiras e bancárias na Internet? As respostas

dos alunos foram: 13% responderam “muito”. 12% responderam “razoável”. 13% marcaram

“pouco”. 15% “muito pouco” e 47% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 6.

Nota-se que uma grande maioria, de 75% dos alunos, respondeu pouco, muito pouco ou nada

sobre efetuar operações financeiras na Internet. Quase a metade dos alunos, com 47%,

responderam nunca utilizar a Internet nas operações citadas.

Gráfico 6 – Efetua operações financeiras e bancárias na Internet

Fonte: os autores

38%

24%

24%

9% 5%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

47%

15%

13%

12%

13%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

181

Na pergunta: sabe o que é spread bancário? As respostas foram: 3% responderam

“muito”. 3% responderam “razoável”. 7% marcaram “pouco”. 12% “muito pouco” e 75%

responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 7. Percebe-se que uma grande maioria, com

75% dos alunos, respondeu “nada” saber sobre spread bancário.

Gráfico 7 – Sabe o que é spread bancário

Fonte: os autores

Nota-se que uma parcela ínfima, de 3%, respondeu conhecer muito sobre spread, o que

indica baixíssimos conhecimentos da maioria dos alunos sobre os ganhos do sistema bancário.

A maioria respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre evolução dos gráficos

da bolsa de valores, apontando dificuldades no entendimento desses modelos matemáticos

representativos de contextos financeiros. Assim, apesar de esses gráficos serem frequentes nos

meios de comunicação, a correta leitura dos seus significados mostra-se precária por parte dos

jovens estudantes universitários.

Uma significativa maioria, com 83% dos alunos, respondeu saber pouco, muito pouco

ou nada sobre séries de valores diários da bolsa de valores. Estes dados de percentuais

destacam que os números relativos à bolsa de valores são pouco entendidos pelos alunos

pesquisados, indicando um grande distanciamento entre os números do mercado financeiro e

os jovens em seus cotidianos.

Dessa forma, é necessário que os valores quantitativos dos órgãos financeiros sejam

devidamente explicados e discutidos com esses estudantes, visando um entendimento pleno do

contexto econômico em que estão inseridos.

75%

12%

7% 3% 3%

Nada/Nunca

Muito pouco

Pouco

Razoável

Muito

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182

Uma maioria, de 55% dos alunos, respondeu entender pouco, muito pouco ou nada no

noticiário financeiro na mídia. Assim, apesar de serem bombardeados diariamente com

informações e notícias financeiras, os estudantes pesquisados não conseguem, pela falta de

entendimento, correlacionar essas informações com suas vidas, suas finanças, seus trabalhos e

suas comunidades.

Portanto, como se pode constatar, a globalização, a inserção da economia brasileira no

cenário mundial e a estabilização econômica ocasionaram profundas mudanças no mercado

brasileiro, e o resultante desenvolvimento de novos instrumentos financeiros e a sua

complexidade demonstram que os indivíduos e suas famílias necessitam compreender, cada

vez mais, os conceitos financeiros, para embasar as suas decisões de investimento e de

financiamento, e maximizar o seu bem-estar econômico e social (SAITO; SAVOIA;

PETRONI, 2006).

Percebe-se que uma grande maioria, com 81% dos alunos, respondeu “muito” no

acesso à internet.

Uma significativa maioria respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre acessar

sites financeiros. Pode-se notar, dessa maneira, que mesmo tendo amplo acesso à Internet, os

jovens fazem muito pouco uso da rede mundial para operações financeiras, bem como acessar

páginas financeiras para obtenção de informações. Percebe-se, a partir desses dados, que as

facilidades tecnológicas não estimulam necessariamente o acesso às informações de finanças,

com marcante desinteresse por esse tipo de assunto. Com isso, fica evidente a necessidade de

se trabalhar a educação financeira nesse segmento populacional, com vistas a uma plena

inclusão desses jovens no ambiente profissional e das operações financeiras.

Verifica-se, ainda, que quase a metade dos alunos respondeu nunca utilizar a Internet

nas operações bancárias. Dessa forma, mesmo as operações bancárias, tão necessárias no

cotidiano, são feitas de forma não tecnológica por significativa parcela dos jovens, mesmo que

a grande maioria utilize a Internet intensamente para outras atividades.

Finalmente, verifica-se que a maioria, com ¾ do total, não sabe o que é spread bancário.

Isso indica que os jovens não têm conhecimentos acerca da remuneração e da lucratividade

dos sistemas financeiros.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

183

REFERÊNCIAS

CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira pessoal na

prática. Rio de janeiro: Elsevier, 2009.

CREDINFO. Acesso bancário gera endividamento de jovens. Obtido do endereço:

<http://www.credinfo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17786:aces

so-bancario-gera-endividamento-de-jovens&catid=1:canoticias&Itemid=100049>. Acesso em:

30 mar. 2012.

HILLBRECHT, Ronald. Economia Monetária. São Paulo: Atlas, 1999.

LUQUET, Mara. Guia Valor Econômico de Finanças Pessoais. São Paulo: Globo, 2007.

OLIVEIRA, Gilson; PACHECO, Marcelo. Mercado financeiro. São Paulo: Fundamento,

2010.

ROSETTI JUNIOR, Helio; SHIMIGUEL, Juliano. Características dos docentes que atuam na

área de matemática financeira e finanças em cursos de graduação tecnológica na rede

particular. Cuadernos de Educación y Desarrollo. Espanha, Vol 3, Nº 31, Setembro, 2011.

SAITO, A.; SAVOIA J.; PETRONI, L. A educação financeira no Brasil sob a ótica da

Organização de Cooperação e Desenvolvimento econômico – OCDE. IX SEMEAD.

Administração no Contexto Internacional. Seminários em Administração FEA-USP. Agosto,

2006.

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CAPÍTULO12

NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCACÃO

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

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NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCAÇÃO

Carlos Henrique Medeiros de Souza

Larissa Cristina Cruz Brum

Fernanda Castro Manhaes

As TICs – Tecnologias da Informação e da Comunicação possibilitam que novos

hábitos, estereótipos e consensos se alterem nesse novo ambiente, transformando formas de

pensar, agir ou falar, afetando comportamentos que muitas vezes podem desencadear numa

“normose informacional” ou “anomalias da normalidade”.

NORMAL X ANORMAL

O termo Normose, sugerido pelo filósofo francês Jean Yves Leloup (1997), define um

tipo de patologia moderna caracterizada pela aceitação de comportamentos pessoais, ou seja,

aquilo que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, é considerado normal e, por

conseguinte serve de guia para o comportamento de um grupo como o todo. Remete à

perigosa realidade em que o hábito nocivo torna-se a norma de consenso.

Sendo assim, o que podemos considerar comportamento “anormal”? Por quais

critérios podemos diferenciar o indivíduo do comportamento “normal”?

A Normalidade, segundo Ballone (2006), é um estado padrão, normal, que é

considerado correto, justo sob algum ponto de vista. É o oposto da anormalidade. A

normalidade muitas vezes se dá por conta de uma maioria em comum, sendo anormal aquele

que contraria esta maioria. Também se dá por um resultado padrão ao realizar uma operação

com alta probabilidade de se repetir.

De acordo com Atkinson (1995), a palavra “anormal” significa, “afastado da norma”

(p. 487) e apesar de não existir um diagnóstico completamente satisfatório para definir o

comportamento anormal, o autor estabelece quatro critérios que podem ajudar nesse

diagnóstico:

- Frequência Estatística: o comportamento anormal é estatisticamente infrequente

ou desvia-se da norma.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

186

- Desvio das normas sociais: Cada sociedade tem seus padrões e normas de

comportamento aceitáveis. As ideias de normalidade e anormalidade diferem de uma sociedade

para outra, e ao longo do tempo dentro da mesma sociedade.

- Comportamento mal-adaptativo: Muitos cientistas sociais acreditam ser este o

critério mais importante na definição da anormalidade. Neste caso, o comportamento afeta o

bem-estar do indivíduo ou do grupo social. De acordo com esse critério, o comportamento é

anormal se é “mal-adaptativo” e se tem efeitos adversos sobre o indivíduo ou sobre a

sociedade.

- Sofrimento Pessoal: Nesse critério, são considerados os sentimentos subjetivos do

indivíduo, em vez de seu comportamento. Ocasionalmente, o sofrimento pessoal pode ser o

único sintoma de anormalidade; o comportamento do indivíduo pode parecer normal para o

observador casual.

Para o mesmo autor (1995, p.488), anormalidade é ainda mais difícil de definir que a

normalidade, porém algumas qualidades podem representar traços que a pessoa normal possui

em um maior grau que o indivíduo diagnosticado como anormal. São elas:

- Percepção eficiente da realidade. Os indivíduos normais são regularmente realistas

na avaliação de suas reações e capacidades e na interpretação do que ocorre no mundo à sua

volta.

- Autoconhecimento. Os indivíduos normais têm alguma consciência de seus

próprios motivos e sentimentos.

- Capacidade para exercer o controle voluntário sobre o comportamento. Os

indivíduos normais sentem-se confiantes acerca de sua capacidade para o controle do próprio

comportamento.

- Auto-estima e Aceitação. Os indivíduos normais têm alguma apreciação de seu

próprio valor e se sentem aceitos por aqueles à sua volta. Sentem-se confortáveis com outras

pessoas e são capazes de reagir espontaneamente nas situações sociais.

- Capacidade para formar relacionamentos afetivos. Os indivíduos normais são

sensíveis aos sentimentos dos outros e não fazem exigências excessivas sobre outras pessoas

para a gratificação de suas próprias necessidades.

- Produtividade. Os indivíduos normais são capazes de catalizar suas capacidades

para a atividade produtiva.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

187

DEFINIÇÃO DE NORMOSE

Segundo Weil e Crema (1997), os primeiros autores a trabalhar o termo “normose” ou

“anomalias da normalidade” no Brasil, define-o como o “resultado de um conjunto de crenças,

opiniões, atitudes e comportamentos considerados normais, logo em torno dos quais existe um

consenso de normalidade, mas que apresentam conseqüências patológicas e/ou letais” (p.22).

Contudo, não duvidam dos benefícios que essa nova fase cultural pode proporcionar. Porém,

alertam para os perigos que a cultura informacional, especialmente a informática, podem trazer

aos indivíduos nessa nova fase, em que impera um constante fluxo de informações que pode

ocasionar certos aspectos destrutivos.

Ao fenômeno que descreve a onda de busca e uso indiscriminado da informação ele,

decidiu chamar de “normose informacional”. Em seu livro “Normose, a Patologia da

Normalidade”, Crema e Weil (1997) discutem a origem do termo forjado a partir das palavras

“normal” + “neurose”.

O termo “neurose”, do grego neûron + -ose (sufixo de terminologia científica, usado

em Medicina usado para formar substantivos que denotam estado mórbido, doença), Freud

entendia como o resultado de um conflito entre o Ego e o Id (inconsciente), ou seja, entre

aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou

ter sido). Originalmente, o termo foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para

indicar desordens de sentidos e movimento causadas por efeitos gerais do sistema nervoso.

Diferentemente daquilo que o senso comum expressa, a neurose não é sinônimo de

loucura. A psicologia moderna trata-a como uma reação exagerada do sistema nervoso em

relação a uma experiência vivida. Tem suas características baseadas na ansiedade, infelicidade

pessoal e comportamento mal-adaptativo do indivíduo.

Geralmente acontece quando o sistema nervoso de uma pessoa reage com exagero a

uma determinada experiência já vivida. Uma pessoa neurótica passa a ter reações e

comportamentos diferentes: fica muito ansiosa, evita sair de casa para ir a determinados

lugares, tem medo de certas situações, imagina situações que podem fazer mal, ficam

deprimidos mais constantemente e catalizam mais preocupações. Em suma, uma pessoa

neurótica sente tudo o que uma pessoa normal sente no seu dia a dia, mas sempre

exageradamente (ATKINSON, 1995).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

188

Sendo assim, a fórmula: “normal + neurose = normose”, determina a doença da

normalidade, na qual várias atitudes e comportamentos ditos como normais na realidade são

anormais. São executados sem que os seus atores tenham consciência de sua natureza

patológica, isto é, são de natureza inconsciente (CREMA; WEIL, 1997).

De acordo com os autores (1997), alguns exemplos de normoses são: considerar como

normal o uso das guerras para resolver conflitos e desavenças entre nações, o consumo de

álcool, drogas ou cigarro, o uso de agrotóxicos e inseticidas, os costumes alimentares errôneos

e até mesmo os paradigmas e fantasias que acabam sendo adotados pelos indivíduos.

Crema e Weil (1997) afirmam que a normose é a doença que faz com que o indivíduo

aceite comportamentos nocivos ou aja por sobre um plano ilusório de uma maneira normal. O

sujeito se acostuma tanto com determinada situação que nem pensa em questioná-la. Ela passa

a fazer parte do cotidiano, mesmo trazendo prejuízos significativos.

Refere-se a um mal que atinge a sociedade como um todo, uma vez que, os indivíduos

que nela convivem tornam-se vítimas de maus hábitos e modismos que denigrem cultura e

valores sociais. Acrescenta ainda que, num mundo repleto de superficialidades, tornou-se

comum assimilar referências vazias e sem sentido. Obsessão por consumo e manutenção de

"status" são algumas condutas sutilmente interiorizadas, mesmo sem significado real para

nosso próprio crescimento. Adquirimos padrões duvidosos apenas porque são considerados

normais. Substituímos inconscientemente nossos próprios valores, aderindo às transformações

de uma maneira inerte - normal.

Na visão de Hermógenes (2000), esse novo fenômeno vem causando a perda da

identidade do indivíduo. Ele explica que a pessoa normótica é “mesmificada” pelo fato de estar

sempre ajustando-se ao coletivo na suas mais diversas maneiras de pensar, agir e consumir. O

indivíduo entroniza os mesmos valores que a maioria das pessoas adota, sendo incapacitado de

analisar e decidir por suas próprias crenças.

(...) o normótico é um robô acionado pela batuta do marketing.

Inconsciente da importância do viver livre e autêntico, está perdido

de si mesmo, deixando-se ser arrastado pela pressão da cultura de sua

época (p.31).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

189

Mesmo diante do caráter um tanto empírico da Normose, Weil (2000) deixa claro que

para o domínio da ciência, as hipóteses apresentadas por ele devem ser confirmadas pelas

metodologias convenientes. O que se observa é que o termo traduz em sua essência a realidade

presenciada pela sociedade da informação do terceiro milênio e que muitos ensaios a respeito

do assunto já vem tomando suas proporções no meio acadêmico. Principalmente em se

tratando da Normose Informacional face à nova cultura – a cultura informática, que já escreve

nas linhas da sua trajetória alguns aspectos “normóticos” apresentados em pesquisas

relacionadas ao tema.

COMPORTAMENTOS NORMÓTICOS

Quando nos deparamos com as tecnologias, compartilhamos alguns sentimentos

como: encantamento, curiosidade, impaciência, medo, solidão, prazer etc. Isso é perfeitamente

compreensível por sermos seres humanos e termos um aparato psicológico que reage de

formas diferentes diante do desconhecido. Para Castells (1999), as mudanças sociais são tão

drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica, e será neste contexto

de mudanças confusas e incontroladas que as pessoas tenderão a agrupar-se em torno de

“identidades primárias” as quais trarão segurança pessoal e mobilização coletiva nestes tempos

conturbados.

Souza (2003) nos oferece a seguinte reflexão quanto a essa constante:

O avanço da tecnologia promove um redemoinho cultural nas inter-

relações de todos os sistemas do planeta, provocando uma

reorganização, um redimensionamento nas relações dos indivíduos na

sociedade (p.53).

(...) vivemos hoje em uma sociedade com uma cultura mediática/

mediatizante, onde as mídias desempenham, a função de formadoras

de opiniões, alteram hábitos e costumes, influenciam nas mais

distintas áreas, seja do conhecimento, da economia, do

entretenimento, etc (p.57).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

190

Um dos principais efeitos do ciberespaço é acelerar cada vez mais o ritmo da alteração

tecno-social (Lévy, 1993). Reforçando essa ideia, Souza (2003) citando Paiva (2002)

apresenta a seguinte reflexão: “Estamos imersos na era das redes digitais hipervelozes, que

disponibilizam incessantemente, informações de acesso imediato, em uma ambiência de usos

partilhados e interatividade” (p.42).

Nesse ínterim verifica-se que a velocidade e o dinamismo com que modificam pessoa,

lugar e tempo, criando novas ambiências, hábitos e especialmente estruturação linguística estão

se incorporando e criando fatos emergentes que não há como ignorar ou simplesmente evitar.

“As tecnologias se sucedem uma a uma e o novo de hoje é fruto de um amadurecimento, de

uma evolução que se desenvolve progressivamente, (...) o novo de hoje é o avançado do ontem

e o ultrapassado do amanhã”(SOUZA, 2003, p. 51).

Alguns podem considerar que as novas tecnologias surgem como um meio de inventar

necessidades aparentemente desnecessárias que se tornam absolutamente imprescindíveis e que

leva o normótico de forma inconsciente, a um modo de vida estressado, apressado, rotineiro,

excessivamente barulhento e repleto de "novidades". O indivíduo adquire um novo produto

lançado no mercado e quando ele está aprendendo a usá-lo em sua essência, o mesmo já se

tornou obsoleto e, novamente se permite ser influenciado pela mídia. Nesse ritmo frenético e

consumista, não sobra muito tempo para o questionamento da real necessidade dos mesmos.

O resultado é sempre igual: a mídia o impulsiona com as promessas de satisfação, fazendo com

que o normótico entre num processo compulsivo que só termina quando consegue conquistar

seu novo modelo (SOUZA, 2003).

No caso da cultura informacional, há um consenso quanto à normalidade do uso das

TICs e em especial, a informática. Utilizar o computador para buscar informações pode trazer

consequências sérias e em algumas vezes até letais (WEIL, 2000). Dessa forma, a cultura

informacional pode ser facilmente incluída no rol dos hábitos classificados como normose.

Com relação aos aspectos patogênicos, a normose informacional pode ser dividida em dois

tipos de doenças diferentes: a informatose e a cibernose.

A “informatose” é um termo criado por Weil (2000) para designar distúrbios ou

mesmo doenças causadas por excesso de fluxo de mensagens informacionais em relação a um

só receptor ou simplesmente do uso da informática em certas condições.

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191

No caso dos internautas, muitos se encontram constantemente na

situação de se depararem com milhares de indicações, referências e

informações diversas a respeito de cada assunto que estão

pesquisando. Eles ficam com a constante ilusão de que podem tudo

conhecer. Ficam então num ambiente bem parecido a de jogadores de

cassino que nunca perdem a esperança de ganhar e que praticamente

nunca ganham (p.61).

Quanto ao termo “cibernose”, ele foi criado por um psicosociólogo francês, Van

Bockstaele, para designar nós de estrangulamento nas comunicações durante uma situação

experimental que ele chamava de socioanálise – um método de dinâmica de grupo. O termo

foi retomado nos estudos recentes para designar situações de perturbações de comunicações,

com efeitos patogênicos sobre o sistema nervoso ou funções mentais, causados na sua maioria

pelo uso de aparatos tecnológicos.

Weil (2000, p. 100) fez uma lista das consequências patológicas geradas pelo acúmulo

de informações ou mesmo o uso excessivo da informática. De acordo com os estudos

realizados pelo doutor em psicologia, a Informatose pode causar:

1) Isolamento e desmembramento familiar: situação na qual os membros da

família desapercebem sua falta de comunicação e relação afetiva uns com os outros;

2) Dissonância cognitiva: A psicologia moderna chama de dissonância cognitiva a

discrepância entre o nosso nível de aspiração de realizar determinada tarefa e nossa

verdadeira capacidade para realizá-la. Esta dissonância cria tensões que se repetidas

constantemente podem levar ao estresse e suas consequências psicossomáticas. A

tentativa de apreender muitas informações ao mesmo tempo prejudica a capacidade

de fixação mnemônica dessas informações e, consequentemente, a consolidação do

aprendizado. No caso dos internautas, muitos se deparam com a infinidade de

indicações, referências e informações diversas a respeito de cada assunto que estão

pesquisando e ficam com a constante ilusão de que podem tudo conhecer;

3) A ligação sutil computador–ser humano: o fato de manipular um computador

por muito tempo diariamente passa a sensação de que a máquina se transformou

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192

num prolongamento do ser humano e da sua ação intelectual. Isso infere a questão

da vantagem benéfica do computador;

4) A Neurose do Virtual: doença que afeta os internautas que perderam contato com

a realidade do cotidiano ou que apresentam dificuldades neste sentido. Perderam de

certa forma sua visão de mundo, transformando o real em virtual;

5) Divulgação da violência: a divulgação expressiva da violência através de

noticiários, programas, vídeo games e sites da Internet contribuem de forma

significativa para seu aumento.

As consequências da cibernose devido ao uso do computador e outros componentes

eletrônicos podem provocar distúrbios nas comunicações e relações humanas além de atrofiar

suas funções.

1) Desquilíbrio dos hemisférios cerebrais: nossa educação se tornou apenas uma

instrução intelectual, consistindo em armazenar quantidade enorme de informação

ou treinando o raciocínio lógico matemático. Todas estas funções estão ligadas ao

hemisfério esquerdo do cérebro. A criatividade, ligada ao hemisfério direito, é pouco

estimulada pela informática. Na educação, as crianças e adolescentes veem atrofiadas

as funções ligadas ao hemisfério direito e se tornam dependentes do computador;

2) Atrofia da função numérica da mente humana: o uso da máquina de calcular ou

do computador para realizar operações aritméticas simples é cada vez mais

frequente entre os indivíduos pensantes, em especial, os estudantes. O uso da

tecnologia dessa forma, diminui a habilidade da realização de um cálculo mental sem

ajuda de uma máquina.

3) Frustrações nas comunicações e relações humanas: refere-se à perda de

liberdade causada pelo uso das TICs, especialmente o celular. Não se sabe mais o

que é urgente ou vital. Seu uso causa interrupções na comunicação intelectual e

afetiva.

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193

Mesmo diante dos abrangentes aspectos que permeiam esta discussão, Weil (2000)

afirma que as patologias anteriormente descritas não podem ser atribuídas simplesmente à

informática e à sua tecnologia, mas sim ao modo de uso destas pelos indivíduos. Elas se

tornam normóticas na medida em que os comportamentos que as geram são considerados

como normais pela maioria da população, embora sejam elas destrutivas da saúde física e ou

mental e, às vezes, letais.

Pode parecer um paradoxo, mas para evitar ser alvo dos distúrbios que a normose

informacional pode causar é preciso ter acesso à informação. Só que deve ser uma informação

preventiva de forma a ser um alerta para a sociedade. No âmbito educacional, Weil (2000)

recomenda incluir discussões que vão despertar a atenção das pessoas para uma visão crítica

daquilo que assiste, lê, acessa e busca na web, considerando especialmente os benefícios e

perigos da informática e das TICs em geral.

Relatos de uma Sociedade Normótica

Quando os maiores filósofos e pensadores da sociedade da informação expressaram

suas ideias e previsões futuristas a respeito das consequências benéficas ou não das TICs, não

estavam baseados em relatos científicos ou até mesmo experiências comprovadas. Por não se

tratar de um acontecimento isolado, o desenvolvimento acelerado das TICs trouxe, e ainda traz

consigo, um elevado nível de incertezas. Poucos autores tiveram (ou ainda têm) condições de

dirigir-se simultaneamente a um público de especialistas e de leigos para traduzir as questões

centrais do momento atual sem cair em visões estereotipadas ou tecnicistas (NEGROPONTE,

1995).

Mesmo em se tratando de reflexões propostas a uma, duas décadas ou até mesmo um

século atrás verifica-se que muitas delas hoje são bases de pesquisa e relatos comprovados no

meio acadêmico. Muitos apontam para o risco iminente de práticas e comportamentos que

podem levar o indivíduo às patologias e distúrbios. Alguns destes já se comprovam em

algumas pesquisas realizadas até o presente momento:

1) Tecnoestresse: Uma pesquisa divulgada em março de 2008 pela presidente do

International Stress Management Association (ISMA-BR) no Brasil constatou que 60% dos

profissionais sentem-se estressados com o uso excessivo de tecnologia. Os setores de TI e de

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194

finanças concentram um número 40% superior de pessoas estressadas do que as áreas de

saúde, educação, administração pública e serviços.

De acordo com a pesquisadora Ana Maria Rossi, após um levantamento feito com 1,2

mil pessoas entre 25 e 55 anos profissionalmente ativas, concluiu-se que estamos na era do

“Tecnoestresse”, em que a pessoas encontram-se cada vez mais dependentes da velocidade da

tecnologia diante de seus processos de trabalho. “Quando elas não podem contar com isso, o

nível de estresse é altíssimo”. Para os entrevistados, a perda de dados no computador é uma

situação mais estressante do que a troca de emprego, que é classicamente uma das situações de

maior ansiedade na conjuntura profissional.

Outra causa de estresse tecnológico ainda se dá por causa da sobrecarga de informações e

as mudanças tecnológicas constantes que aparecem. O mais interessante ainda é que o

notebook aparece em primeiro lugar em relação aos instrumentos tecnológicos que mais geram

estresse. Isso, devido ao uso excessivo ou problemas de conexões. O celular e o computador

tradicional vêm em segundo e terceiro lugar, respectivamente, pelos mesmos motivos.

Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/01/shtml.>

2) Autodiagnóstico pela Internet: Outra pesquisa britânica realizado pela empresa de

serviços financeiros Birmingham Midshires com mais de duas mil pessoas em 2007, mostrou

que 94% dos usuários de Internet no país usam a rede como fonte de conselhos que vão de

questões médicas e legais a dicas de relacionamento pessoal. Esse estudo foi realizado com

mais de duas mil pessoas, e concluiu ainda que em assuntos financeiros, os internautas

britânicos preferem recorrer ao computador que aos amigos, parentes e especialistas. O mais

surpreendente foi descobrir que, metade dos internautas ouvidos no estudo passa entre 30

minutos e duas horas em cada busca por conselhos específicos na Internet.

Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/2007/Internetconselho.html>

3) Dependência tecnológica: O estudo encomendado pela empresa de softwares

Nasstar à empresa de pesquisas de opinião ICM (2007), revelou que 50% dos britânicos com

idades entre 25 e 34 anos disseram que não poderiam viver sem acesso a e-mail.

Segundo os autores da pesquisa, este grupo está adotando a comunicação eletrônica

como forma de manter contato com o escritório e com os amigos. Contrariando expectativas,

as novas tecnologias não foram monopolizadas pelos mais jovens. Entre adolescentes, 41%

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disseram contar com o e-mail. Entretanto, no grupo de adultos com idades entre 35 e 44 anos,

44% disseram que o e-mail era vital. Variações entre os sexos surpreenderam por serem

pequenas: 41% das mulheres disseram que achariam difícil viver sem e-mail. Entre os homens,

38% admitiram que teriam dificuldades sem acesso ao correio eletrônico.

Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/06/pesquisa_mv.

shtml>

4) Desperdício de tempo: Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha pela instituição

YouGov em 2007, diz que 70% dos 34 milhões de internautas do país perde quase um terço

do seu tempo online em buscas que não têm objetivo definido. Outra pesquisa encomendada

pelo site “moneysupermarket.com” analisou os hábitos de 2.412 internautas britânicos adultos

e concluiu pela amostra que os trabalhadores britânicos desperdiçam em média dois dias de

trabalho por mês com buscas inúteis na Internet. Os homens seriam o grupo mais afetado pelo

problema, que analistas de hábitos na Internet batizaram com a sigla WILF, juntando as

primeiras letras da frase "o que eu estava buscando?" em inglês ("what was I looking for"). O

estudo também indica que quanto mais velho, mais propenso a buscas inúteis é o internauta.

Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007Internetbuscasebc.

shtml>

5) Autoestima e controle da vida: O estudo realizado por pesquisadores de

universidades da Escócia em 2008, classificou os usuários da Internet em três categorias:

relaxados, orientados e estressados.

Os "estressados" se sentem pressionados a responder todos os e-mails na medida em

que eles chegam e não usam o correio eletrônico como um instrumento útil para a vida pessoal

e para o trabalho. Os "relaxados" olham o e-mail quando bem entendem e não se deixam

pressionar por pessoas que estão distantes. Já os "orientados" sentem alguma necessidade de

usar o e-mail, sempre respondem às mensagens imediatamente e esperam o mesmo das outras

pessoas.

O estudo ainda analisa a influência que a autoestima e o controle sobre a própria vida

tem nos hábitos de ler e-mails, usando escalas definidas pela psicologia tradicional. Indica que

muitas das pessoas que disseram ter pouco controle sobre a própria vida estão na categoria dos

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"estressados" com e-mail. Já a baixa autoestima é uma característica mais presente entre os

"orientados", aqueles que sentem alguma pressão ao olhar seus e-mails.

A pesquisa cita outro estudo feito em 2001, que mostra que, após pararem suas

atividades para ler um e-mail, as pessoas demoram, em média, 1 minuto e 4 segundos para

lembrar o que estavam fazendo. Enquanto essa contínua mudança pode parecer benéfica em

termos de se conseguir administrar atividades múltiplas, aumentando assim a produtividade, o

lado ruim disso é que o ritmo acelerado de trabalho pode ter efeitos negativos na saúde.

A pesquisa foi feita com questionários respondidos por 177 pessoas – a maioria em

profissões acadêmicas ou que envolvem comunicação e criatividade. Nestas atividades, que em

geral requerem bastante concentração, o e-mail tem potencial para ser uma grande fonte de

distração. Entre os entrevistados, 64% disseram checar seus e-mails pelo menos uma vez por

hora e 35% afirmaram que olham o correio eletrônico a cada 15 minutos. No entanto, os

cientistas acreditam que a frequência pode ser ainda maior, já que outras pesquisas mostram

que muitas pessoas nem percebem mais o ato.

Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/email_dg.shtml>

6) Ansiedade, distração e baixo rendimento escolar pelo uso intenso de

mensagens de texto (SMS): Um estudo dirigido pela pesquisadora e psicóloga Sherry Turkle

e publicado em 2008 mostra que apesar da ascensão do uso intenso de mensagens de texto ser

muito recente para produzir qualquer tipo de dados conclusivos sobre os efeitos na saúde,

alguns dados já apontam preocupação entre psicólogos e educadores. Turkle dirige um

departamento do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts) e concentra seus estudos na

relação entre tecnologia e psicologia. Coordenou um estudo que pesquisou as mensagens de

texto entre adolescentes em uma área de Boston por três anos e verificou que os jovens

americanos enviaram e receberam 2.272 mensagens de texto por mês durante o quarto

trimestre de 2008, de acordo com a empresa de estatísticas Nielsen. São quase 80 mensagens

por dia, mais do que o dobro das enviadas em 2007.

Sherry Turkle afirma que o uso excessivo de mensagens de texto acarreta em ansiedade,

distração na escola, queda nas notas escolares e estresse."Entre as tarefas do adolescente estão

a separação dos seus pais, e encontrar a paz e tranquilidade para se tornar a pessoa que você

decide querer ser. O fenômeno das mensagens de texto atinge ambas."

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Para a paz e tranquilidade, ela diz que se algumas coisas próximas a você estão

vibrando a cada dois minutos, isso torna muito difícil para tranquilizar a mente."Se você está

em comunicação constante, a pressão para as respostas acabam imediatamente com isso.

Então se você está no meio de uma reflexão, esquece isso.

Michael Hausauer (2008), psicoterapeuta de Oakland, na Califórnia, diz que

adolescentes têm um "interesse impressionante para saber o que está acontecendo nas vidas de

seus colegas, acompanhada de uma terrível ansiedade sobre a existência de um retorno. Por

essa razão, a rápida ascensão das mensagens de texto tem potencial para ser um grande

benefício - ou um grande dano.

Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u571886.shtml>

2-Normose Informacional na Educação

O papel da Pedagogia na visão de Crema (DD), enquanto ciência do ensino e da

formação do ser, deve ser repensada diante no novo cenário que se apresenta. Ele lembra que

há muito, as pessoas conscientes estão se perguntando: O que é uma pessoa educada? O que é

um país desenvolvido? Onde falhamos tão essencialmente?

Se no século XX presenciamos horrorizados a duas guerras internacionais e a outras

centenas de guerras menores; se iniciamos o século XXI com a face do terror e os seus

sinistros desdobramentos, é evidente que a educação convencional tem fracassado diante das

questões fundamentais da existência humana.

Citando Dellors (1997), num documento proposto pela Unesco, o autor aponta quatro

pilares de uma nova educação integral: educar para conhecer; educar para fazer; educar para

conviver e educar para ser. Alerta para a necessidade de conspirar por uma nova pedagogia,

que desenvolva um processo de alfabetização psíquica, facilitando o desenvolvimento da

inteligência emocional, simbólica e relacional. E, também, de uma alfabetização na qual os

valores fundamentais dos indivíduos sejam cultivados e o aprendiz possa fazer render os seus

talentos vocacionais.

Santo (2009), pesquisando há mais de três décadas alunos do curso de pedagogia da

PUC-SP, observou que a maioria dos alunos chega absolutamente “vazia” de conhecimentos

esperados para sua idade e frequentemente sem saber o porquê da eleição da área escolhida,

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resultando na mudança de curso ou até mesmo de Instituição após o primeiro ano. Ou, pior

ainda, o curso é feito tão somente no sentido de “obter um diploma”.

Tais ocorrências deixam claro o que Freire (1979) considerava fundamental no

processo educativo: “conscientizar antes de alfabetizar”. Tal conscientização implicaria num

processo de integração do aluno em seu “mundo-vida”. Ele não se limitou numa análise básica

da educação e da pedagogia, mas mostrou uma teoria de como elas devem ser compreendidas

teoricamente e como se devem agir através de uma educação denominada Libertadora. Para

ele, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a

significação da realidade e na práxis o poder da transformação.

Santo (2009) reflete que as escolas perderam o sentido fundamental de focar-se num

ser humano pleno e de preocupar-se com a iniciação do jovem em seu autoconhecimento.

Assim, considerando a Normose de uma forma geral na Educação, podemos dizer que

é o processo de massificação da maioria das escolas que induz os jovens a serem “iguais” à

maioria e tornar-se um universitário de forma mais relevante nas carreiras que “oferecerem

maiores possibilidades de ganho”.

Ramos (1997) suscitou em poucas palavras os objetivos fundamentais de uma educação

superior pautada na formação de jovens:

(...) formar pessoas preparadas para intervir de forma crítica e criativa

na sociedade em construção acelerada, pessoas disponíveis para a

mudança, com capacidade de aprender diariamente com os fatos

novos que vivenciam, com capacidade de se desenvolver,

concomitantemente, com a sociedade em que interagem, são

objetivos da educação (p. 02).

O pressuposto descrito pelo autor acima a respeito dos objetivos da educação abre a

discussão para uma formação voltada para a sociedade da informação de hoje. A forma de

educar e informar uma geração net, ainda se encontra numa incógnita e requer estudos mais

aprofundados sobre o tema.

É o que afirma Freire (2006), referindo-se a essa nova geração:

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199

Estamos prestes a receber a geração Net chegando às instituições de

Ensino Superior do Brasil (hoje, com mais duas mil instituições,

aproximadamente 25% públicas e 75% particulares), os nascidos nos

anos noventa do século passado chegando aos anos 20 do século

XXI. Educar a geração Internet será um privilégio e um desafio.

Hoje, e principalmente no futuro, o professor deverá estar preparado

para atender uma geração que tem a sensibilidade audiovisual

extremamente desenvolvida. Esta geração não consegue prestar

atenção, motivar-se e aprender em uma aula expositiva, mas prefere

aprender experimentando, explorando, trabalhando em equipe,

pesquisando na Internet (p. 01).

O sentido de aprendizado que se busca com a Internet está caracterizado no uso mais

amplo da palavra, de acordo com Rego (2004 p. 72), "(...)quando Vygostsky fala em

aprendizado ele se refere tanto ao processo de ensino quanto ao processo de aprendizagem,

pois ele não acha possível tratar destes dois aspectos de forma independente".

Conforme destaca Borges (2000), “(…) Internet é uma nova forma de realizar o

trabalho pedagógico e, portanto, estará cada vez mais influenciando o processo educacional

[…] e atribuindo novos usos e novas finalidades à Internet, o homem poderá estar redefinindo

sua própria identidade, capacitando-se para uma nova ordem global das relações humanas, e

assim, estará gerando uma nova transformação da realidade sócio-histórico-cultural”(p. 62).

O mesmo autor (2000) destaca ainda que, o uso da Internet deve ser feito como um

suporte na construção de conhecimentos, assim nos remete para ações mediadas e

compartilhadas das informações disponíveis consolidando um ambiente digital de produção ou

reconstrução de informações contidas na Internet. Destaca que, se não for usada pelo exposto,

apenas estaremos subutilizando este recurso inovador, e nada contribuindo para formar

sujeitos críticos e reflexivos, sem desenvolver habilidades e competências para se fazer uma

leitura ou releitura do mundo.

O estudo de Borges (2000, p.63-64) aponta para um referencial importante sobre o uso

da Internet como meio auxiliar na construção coletiva de conhecimentos no ensino superior:

a) A Internet é um ambiente virtual mediador entre as necessidades de aprendizagem,

funcionando como apoio instrumental e facilitador da interação social para que os educandos

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200

possam construir pontes de análise, tomada de consciência, compreensão e aumento de sua

competência científica;

b) A Internet caracteriza-se pela flexibilidade, possibilitando ao educando estabelecer

os caminhos pelos quais irá buscar as informações ou com quem dialogará sobre o tema

pesquisado, tendo a chance de encontrar e comparar várias versões que possibilitarão a

formação de sua própria opinião;

c) A Internet pode revelar uma nova relação entre educando e educador na medida em

que libera o educando do princípio ideológico de que o saber reside unicamente na experiência

do educador;

d) A Internet pode converter-se em um elemento cultural, presente na prática

pedagógica, conduzindo o processo para uma visão do educador que se adapta ao contexto de

aprendizagem do educando e permite a este dar curso ao plano pedagógico e dimensionar a

participação do educador em seu processo de aprendizagem. A Internet possibilita o

desenvolvimento da autonomia e a autoregulação do comportamento por parte do próprio

educando.

Neste ínterim, o uso da Internet no meio educacional reforça a concepção da mediação

pelo docente contribuindo para a melhoria da qualidade do aprendizado e consequentemente,

sua prática docente. Quanto ao uso das informações contidas na Internet, este deve ser

mediatizado pelo professor nos trabalhos com seus alunos a fim de oferecer um aprendizado

mais eficiente a partir de um ambiente interacionista na construção coletiva de conhecimentos

significativos. O professor para isto deve internalizar novas ferramentas no seu trabalho

(DELL'AGLIO, 2002).

A reflexão que Lévy (1999, p.158) fez sobre o devem dos sistemas de educação e

formação na cibercultura apoia-se numa análise prévia da mutação contemporânea da relação

com o saber. A esse respeito, o autor realiza algumas constatações:

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201

1) Envolve a velocidade do surgimento e da renovação dos saberes e do know-how;

Ele afirma que pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das

competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão

obsoletas no fim de sua carreira.

2) Concerne à nova natureza do trabalho, na qual a parte de transação de

conhecimentos não para de crescer;

Trabalhar equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir

conhecimentos.

3) Flexibilidade intelectual no ciberespaço;

O ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram

muitas funções cognitivas humanas: a memória (bancos de dados, hipertextos, fichários digitais

[numéricos] de todas as ordens), a imaginação (simulações), a percepção (sensores digitais,

telepresença, realidades virtuais), os raciocínios (inteligência artificial, modelização de

fenômenos complexos).

Para o mesmo autor (1999), o professor deve atuar incentivando uma aprendizagem

coletiva, centrando sua atividade no acompanhamento e na gestão das aprendizagens.

Cabe aos professores participar, instigar a discussão, acompanhar e analisar a

construção do conhecimento por meio da participação individualizada e de grupo de cada

sujeito nos espaços de interação disponibilizados no ambiente (SCHLEMMER, 2000).

Assim, ao criar novas formas de atuar no ensino superior, o docente busca mudar a sua

prática, desafiando o aluno a pensar e ao mesmo tempo compartilhar suas ideias e experiências

adquiridas em direção a formulação de conceitos formais (SCHLEMMER, 2000).

O autor Law (1995, p.07), elabora um referencial para identificar um ambiente

denominado construtivista no que diz respeito ao uso da Internet:

- ocorrer a aprendizagem ativa e contextualizada, pautada na cooperação, colaboração e

autoregulação;

- destinar ao professor responsável andaimes que facilitam a prática de acordo com a

ZDP de cada aluno e promovam a construção do conhecimento realizado na colaboração

entre os alunos (significado socialmente negociado);

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- sugerir atividades que não controlem a aprendizagem, ao contrário que deem suporte

e a nutram, incentivando a construção do conhecimento pelo aluno;

- oferecer condições para que o aluno se engaje em seu processo intencional de

aprendizagem, especialmente ao encorajar as estratégias de exploração dos erros uma vez que

os "erros são estímulos positivos que criam perturbações, gerando desequilíbrio necessário

para a autoreflexão e reestruturação conceitual".

Vários autores fazem ponderações relacionadas às mudanças geradas pelas TICs nas

atividades de ensino e pesquisa científica. A literatura tem ressaltado os avanços das TICs

como ferramentas poderosas nas atividades científicas, transformando-as em estruturas

dinâmicas e competitivas.

De acordo com Young (1996), em “Histórico das pesquisas sobre vício e

comportamento patológico na Internet”, 68 % dos 312 estudantes pesquisados reportaram um

declínio nos hábitos de estudo, devido ao uso excessivo da Internet. Os sujeitos argumentaram

que isto se deve ao fato de que a informação na Internet é muito desorganizada e não

relacionada ao currículo escolar. Apesar dos méritos da Internet quanto a ser uma ferramenta

ideal de pesquisa, os estudantes navegam por sites irrelevantes, engajam-se em Chats de fofoca,

e jogam jogos interativos acarretando custos à atividade produtiva.

Segundo Abels, Liebscher, Denman (1996), embora exista uma expectativa muito

grande quanto ao uso das redes eletrônicas e de que não restam dúvidas quanto às influências

destas nas necessidades e usos da informação, os autores alegam que três fatores são

determinantes na adoção ou não das TICs, que são eles:

1) Fatores relacionados ao sistema – estão relacionados ao sistema são atribuídos as

questões de acessibilidade (proximidade, primeira experiência, facilidade de uso e

disponibilidade de equipamentos);

2) Fatores pessoais e profissionais - são atribuídos as questões de comportamento

de busca da informação, em que estão incluídas as diferenças entre áreas do conhecimento,

tarefas desenvolvidas e utilidades percebidas.

3) Fatores institucionais - estão relacionados à infraestrutura, no que se refere aos

investimentos e à manutenção em equipamentos, redes e à realização de treinamentos.

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203

Ferreira (1996), da mesma forma, diagnosticou barreiras e dificuldades para a busca e

uso da informação em redes eletrônicas, classificando-as de forma sintética nos seis (6) blocos

descritos a seguir:

• problemas pessoais: relacionados ao desconhecimento e/ou dificuldades dos usuários

no uso das tecnologias;

• problemas físicos: relacionados aos fatores ambientais, à localização física, às barreiras

legais e políticas, à disponibilidade de equipamentos;

• problemas tecnológicos: relacionados à velocidade de desenvolvimento de novos

produtos e aplicativos, aos equipamentos, às plataformas utilizadas, às conexões, à ausência de

padronização;

• problemas linguísticos: relacionados aos usos particulares de cada língua, à

compreensão de idiomas nacionais e estrangeiros, à complexidade da informação;

• problemas econômicos: relacionados ao custo de equipamentos e hardwares e

softwares, às instalações;

• problemas informacionais: relacionados às dificuldades para identificar, selecionar,

acessar, utilizar e recuperar informações relevantes dentro de uma gama enorme de

informações disponibilizadas num ambiente como a Internet.

Com essa preocupação, o autor argumenta que o problema que pais e educadores têm

que enfrentar consiste em ajudar os aprendizes a aprender a buscar o equilíbrio na dieta

mental. Na imensidão da Internet, além da face construída com seriedade, os navegantes

encontram regiões “obscuras”.

Vivemos no interior de uma cultura que prima pela preservação de modelos, cultivando

olhares desconfiados ao diferente e ao desviante. Nossa ética é a da normalidade, ou seja, “se

todos fazem é legítimo!” Esse senso de orientação sufoca a responsabilidade pessoal,

favorecendo relações de dependência.

Baseado num levantamento de artigos de outros autores como DeSieno (1995),

Schwimmer (1996) e Harrison e Steohen (1996), elaborou-se uma relação das dificuldades de

incorporação das redes, em especial à Internet nas atividades do mundo acadêmico:

• Dificuldades de infraestrutura: referindo-se aos investimentos, à manutenção, aos

treinamentos e outros;

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204

• Subutilização dos equipamentos: referindo-se ao uso dos equipamentos limitados à

mera função de uma máquina de datilografia;

• Resistência ao novo por parte dos integrantes da academia: referindo-se à percepção

de que a tecnologia requer esforço e tempo para que os benefícios possam ser obtidos;

• Temores e fobias associados ao uso dos computadores e redes: desencadeados pelas

mudanças sociais que acarretam o uso das novas tecnologias;

• Percepção de que as tecnologias são desenvolvidas para o mercado e não para as

atividades de ensino e pesquisa;

• Dificuldades de compartilhamento de informações entre colegas e outras instituições

e o público em geral;

• A estrutura etária dos corpos docentes de várias disciplinas científicas em que os

departamentos e faculdades estão regidos;

• Percepção de que a adoção de novas tecnologias possa significar desemprego e

redução de pessoal.

Meadows (2001, p.8-9) em seu artigo sobre a transição do periódico do meio impresso

para o eletrônico discorre sobre alguns problemas a serem considerados ao analisar o uso dos

periódicos eletrônicos, levantando os seguintes aspectos:

• Acesso: A tecnologia de informação não é tão amigável para os usuários; os usuários

reclamam da demora para baixar e imprimir um documento, e em certos horários o acesso à

rede e bem difícil em alguns países. Tais “dificuldades aparentemente triviais podem ser

altamente desmotivadoras para os usuários”.

• Natureza do sistema de periódicos científicos: Periódicos são baseados em dados,

agregam pacotes de informação fornecidos pelos autores em fascículos convenientes para

distribuição e não atendem às particularidades dos usuários. “O que os usuários querem é uma

versão personalizada que leve em conta tanto o usuário em particular quanto a tarefa em

particular. A personalização será mais fácil na versão on-line mas a existência de formato

impresso e eletrônico dificulta a operacionalização de versões personalizadas.

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• Indicadores de uso: Ao se analisar o uso de recursos on-line algumas ideias podem ser

obtidas em estudo de usos de recursos impressos. O autor aponta que vale ressaltar dois

resultados destes estudos. O primeiro é a diferença entre pesquisa dirigida (direct serch) e a

consulta aos documentos (browsing). A maioria dos pesquisadores usa ambas as abordagens

para acesso à literatura, dependendo de seus objetivos imediatos. O problema no momento é

que a maioria dos recursos de ajuda aos usuários está relacionada com a pesquisa dirigida. Na

busca eletrônica há necessidade de mais assistência, pois apesar de todos recursos de ajuda

(help), o usuário ainda prefere uma abordagem de busca mais simples quando procuram

informação, baseando-se em respostas para guiá-los como proceder. A apresentação eletrônica

com documentos ou telas de ajuda fica distante das expectativas dos mesmos.

• Mudança na visão do usuário: Os usuários estão começando a perceber e a entender

algumas diferenças entre comunicação eletrônica e impressa. Para eles o mundo on-line

é visto como um espaço contínuo de informação, enquanto o impresso é fragmentado. E isto

poderá levá-los a rever seus modelos de busca de informações, como, por exemplo, deixarem

de consultar fontes secundárias (tais como bases de dados de resumos), desde que a literatura

primária esteja prontamente disponível on-line e seja de fácil utilização. “A extensão e o tipo

de publicações eletrônicas que os leitores examinam podem exceder o que eles normalmente

manuseiam no mundo impresso e a distinção tradicionalmente feita entre comunicação formal

e informal pode começar a desaparecer”.

• Cópia: Os usuários têm o hábito de fotocopiar material impresso e isto poderá não ser

possível com total facilidade em alguns destes periódicos eletrônicos, o que pode provocar

uma reação adversa por parte dos usuários.

Meadows (2001, p.10) revela que as reações anteriormente discutidas podem ser

classificadas em dois níveis: problemas de baixo e alto nível. Segundo esse autor, “o primeiro

se refere a questões de barreiras e dificuldades em manusear informações on-line, enquanto

que o segundo se dá em um nível mais conceitual do desejo de um indivíduo ou grupo de usar

formas eletrônicas de publicação”.

Para o mesmo autor , apesar dos problemas de primeiro tipo parecerem comuns, eles

poderão interferir no uso de recursos informacionais on-line. Já quanto ao “desejo de ler

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206

periódicos eletrônicos” este depende, em parte, da motivação. E a motivação pode não ser

somente um ato individual, pois poderá ser influenciada pelas atitudes de um grupo, como

acontece em algumas áreas do conhecimento. Na Física, os pesquisadores parecem ser mais

receptivos, pois desenvolveram um sistema de troca de pré-impressos em um ambiente

impresso e, consequentemente, são pioneiros no uso de pré-impressos eletrônicos.

Pesquisadores de áreas de pesquisa, sem a tradição de troca de pré-impressos em ambiente

impresso, parecem estar, segundo Meadows (2001), menos interessados no desenvolvimento

de pré-impressos eletrônicos.

Meadows (2001) também ressalta que publicações impressas e eletrônicas estarão

convivendo paralelamente por muito tempo, e que agora os usuários têm duas opções de uso,

e o que eles escolherem dependerá de preferências pessoais e das características do grupo de

pares.

Souza (2003), revisando estudos com relação ao uso da informação eletrônica

envolvendo professores, pesquisadores e profissionais, apontou algumas conclusões gerais:

• Existem diferenças entre as áreas temáticas na forma como cada grupo tem se

adaptado ou apreciado o acesso on-line aos documentos de seu interesse;

• Podem-se observar diferenças entre acadêmicos e outros profissionais;

• Existem diferenças muito substanciais entre diferentes indivíduos;

• Existe consenso quanto ao grau de frustração e de tempo perdido por causa da

inadequação de sistemas de busca, da ineficiência da interface com o usuário, e do volume de

material inútil;

• O papel é o suporte preferido por alguns usuários para alguns propósitos.

Alguns dados recentes corroboram aquilo que os autores já vêm há algumas décadas

alertando. Um estudo realizado pela University College of London (2008) e disponível no site

da “www.bbc.co.uk” sob o título do artigo “Alfabetização digital e alfabetização informativa

não caminham de mãos dadas”, apontam os seguintes resultados com relação aos jovens

adolescentes de hoje, definidos como “geração google”:

1) Os jovens da geração google não são necessariamente eficientes em fazer pesquisas

pela Internet - Entre as crenças que os pesquisadores chamam de "mitos", está a de que as

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novas gerações são mais eficientes que as anteriores em obter informações na Internet. "Este é

um mito perigoso. Alfabetização digital e alfabetização informativa não caminham de mãos

dadas", diz o estudo, segundo o qual muitos jovens não são capazes de filtrar o imenso arsenal

de dados da rede.

2) Ineficiência na busca por informações - A preferência por textos resumidos e buscas por

palavra é "uma norma para todos". "A sociedade (como um todo) está se emburrecendo". A

"geração Google" é afeita à prática de "copiar e colar" informações para suas pesquisas, e

prefere plataformas interativas de informação que o consumo passivo delas.

3) Dificuldade em desenvolver habilidades seqüenciais - A questão mais ampla é saber se

habilidades seqüenciais, necessárias para a leitura, também estão sendo desenvolvidas.

De acordo com Silva et al., (2003) “estamos no meio de uma revolução tecnológica”,

apesar de todas as vantagens oferecidas e disponibilizadas pelas TICs, apesar de todo o avanço

tecnológico na busca de alternativas de uma divulgação mais flexível, ágil, abrangente, a custo

menor, que permitiria uma interação maior entre emissor e receptor, ainda registram-se uma

série de entraves e elementos inibidores nesse processo.

Afirmam ainda que no modelo tradicional, os esforços são canalizados para uma ou

poucas fontes particulares de informação e a aprendizagem é motivada consumindo as

exigências do curso, sendo especificado o conteúdo a aprender. A riqueza da Web em termos

de recursos de informação sugere que os esforços para a aprendizagem sejam bastante

explorados e que a aprendizagem seja intencional, motivada por um interesse pessoal do

estudante. Se o relativo caos da rede parece, a princípio, gerar problemas, como “se perder”

nos retalhos inumeráveis de informação sem uma organização lógica, a produção de

conhecimento em resposta a desafios que surgem é garantia de que os estudantes vão além de

comunicação simples de conhecimento.

Com um acesso mais amplo a recursos de aprendizagem e informação dispensados pela

rede, e com um enfoque na produção de conhecimento em lugar da sua simples assimilação, a

direção mais prometedora é a do aprendizado cooperativo, particularmente se as ferramentas

estão disponíveis para apoiar o trabalho colaborador.

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Diante da discussão apresentada, surgem perguntas e a tomada de consciência de que

os desafios continuam. Tedesco (2001) diz que as tecnologias “nos dão informações e

permitem a comunicação, condições necessárias do conhecimento e da comunidade”. Ele

alerta, contudo, que “a construção do conhecimento e da comunidade é tarefa das pessoas, não

dos aparatos”. A contribuição da tecnologia é permitir que o tempo “que agora é utilizado para

transmitir ou comunicar, seja dedicado à construção de conhecimentos e vínculos, sociais e

pessoais, mais profundos”.

Determinar a distribuição natural não somente de informação na rede, mas também do

esclarecimento ou da investigação das pessoas, torna possível forjar vínculos com recursos

pessoais externos na perseguição de metas educacionais. Isto leva a sala de aula

verdadeiramente para fora dos limites da instituição e aprofunda a diversidade de perspectivas

que podem ser usadas, agarrando algum domínio de conhecimento. Estudantes universitários,

nessa perspectiva, assumem o papel de estudiosos juniores que exploram amplamente e

interagem com coestudiosos ocupados em perseguições semelhantes.

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RESUMO DOS AUTORES: ALESSANDRO AOKI Mestre em Geografia, Pesquisador em Fenômenos Migratórios, Cultura e Meio Ambiente. Professor do curso de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira – FVR/UNISEPE. ANTÔNIO HENRIQUE PINTO Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo. Docente e pesquisador nas áreas de Formação de Professores de Matemática, Currículo e Práticas Pedagógicas no Ensino de Matemática, História da Educação e Educação Profissional. Doutorado em Educação (FE-Unicamp), Mestrado em Educação (CE-UFES), Graduado em Licenciatura de Matemática. Docente do Programa de Mestrado Profissional Educação em Ciências e Matemática (IFES). Coordenador de Grupo de Pesquisa História, Currículo e Formação de Professores. Coordenador do Curso de Licenciatura em Matemática do IFES/Vitória-ES (2007 a 2012). Coordenador da Área de Matemática do PIBID-Iniciação à Docência. Trabalhos publicados sobre formação de professores, currículo e história da educação. CARLOS EDUARDO PINTO Graduação em Administração pela Universidade Federal do Paraná (1988) e Mestrado em Administração pela Universidade de Extremadura (2003) reconhecido pela Universidade Federal de Santa Catarina. É Avaliador do Basis INEP-MEC nos instrumentos de avaliação de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de Cursos Bacharelado e Tecnologia. Atualmente é sócio proprietário da Ampla RH Consultoria, professor e coordenador de Curso das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira - FIVR, responsável pelo Núcleo de Responsabilidade Social das FIVR, atuando principalmente nas seguintes áreas 1. Administração 2. Gestão Empresarial. 3. Marketing 4.Recursos Humanos. CARLOS HENRIQUE MEDEIROS DE SOUZA Doutorado em Comunicação e Mídia (UFRJ). Mestrado em Educação, pós-graduação em gerência de informática e pós-graduação em produção de software (UFJF). Licenciado em Pedagogia (UNISA). Bacharel em Direito, Bacharel em Informática (CES/JF). Professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Coordenador da Pós-Graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Cognição e Linguagem (PGCL/ UENF). Diretor da ANINTER (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Sociais e Humanidades (mandato 2012-2014). Avaliador de cursos do Conselho Estadual de Educação (CEE/RJ). Avaliador de cursos e institucional do INEP/MEC, desde 2004. Diretor Financeiro da ANINTER-SH (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação Interdisciplinar em Sociais). Associado ao CRA/MG, CEAD, ABED e a SBC. Atuou como Diretor Acadêmico na Universidade Salgado de Oliveira. Tem experiência nas áreas da Educação, da Ciência Jurídica, Administração (SiG/ Gestão de Processos/ Gestão da Informação, Logística, Marketing e Gestão Empresarial), Inteligência Coletiva, entre outras. Autor de vários livros e artigos científicos nas áreas de TICs, Educação e Ciberespaço. CARMEM LÚCIA COSTA AMARAL Graduação em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1984), mestrado em Química Orgânica pela Universidade de São Paulo (1988) e doutorado em Química Orgânica pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é avaliador do Ministério da

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Educação e professor titular III da Universidade Cruzeiro do Sul. Tem experiência na área de química e de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino-aprendizagem de química, relação CTS no ensino de química, temas transversais, ambiente virtual e jogos pedagógicos no ensino de química. DESIRRE MARQUES BRANDÃO Graduada em Letras (Português/Literatura) pelo Centro Universitário São Camilo-Espírito Santo desde 2003, realizei a Especialização Lato-Sensu em 2005 das Faculdades Integradas de Jacarepaguá em Letras/Literatura. No ano de 2007 ingressei em mais uma formação superior, Fisioterapia, também no Centro Universitário São Camilo, concluindo no ano de 2010 o bacharelado. Professora da Rede Pública Municipal de Atílio Vivacqua desde o ano de 2005 atuo com turmas da Educação Básica (séries finais), utilizando ferramentas tecnológicas para um ensino mais atraente e que valorize o conhecimento que os nativos digitais já possuem. Também atuo como Fisioterapeuta, principalmente atendendo as áreas de Fisioterapia Dermato-Funcional, Traumato-Ortopédica e Domiciliar. Tenho interesse em estudos focados nas áreas de Saúde Pública, Relacionamento Interpessoal, Análise do Discurso e Educação. Atualmente, sou aluna regular do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF e do curso de especialização em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES. ENZO BERTAZINI Graduação em Engenharia Elétrica Ênfase em Eletrônica pelo Centro Universitário da FEI (1982) e Mestrado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2006). Atualmente é professor titular da Universidade Santa Cecilia e Professor do Ensino Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia São Paulo. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Controle de Processos Eletrônicos, Retroalimentação. FERNANDA CASTRO MANHÃES Pós-doutoranda em Cognição e Linguagem na Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF, Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade Autônoma de Assunção - UAA, Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF, Licenciada em Pedagogia, Licenciada em Educação Física, Pós-graduada em Natação e Hidroginástica, Pós-graduada em Educação Física Escolar. Atualmente é Diretora Acadêmica e Coordenadora do curso de Educação Física da Faculdade Metropolitana São Carlos - FAMESC. Docente da rede Estadual de Ensino /RJ e Professora das disciplinas pedagógicas (Bolsista FAPERJ Apoio Acadêmico) na UENF. Tem experiência nas áreas de Educação Básica, Ensino Superior, Práticas Educativas, Gestão Educacional e Acadêmica, Educação, Pesquisa Educacional e Novas Tecnologias. HÉLIO ROSETTI JÚNIOR Graduação em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo- UFES (1979), especialização em Modelagem Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava (1991) - atual Unicentro-PR, especialização em Administração Pública pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (1991), especialização em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (1991), especialização em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1992), Mestrado em Administração com

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foco em Gestão Financeira pela Universidade de Brasília - UnB (2001). Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL (2010). Atualmente é Professor efetivo do Instituto Federal do Estado do Espírito Santo (IFES) atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de Ciências, Matemática, Educação Matemática, Cálculo, Equações Diferenciais, Cálculo Numérico, Tecnologia, Mercado, Trabalho, Mundo do Trabalho, Risco, Gestão Financeira, Estratégia, Estatística e Estatística Aplicada. Professor orientador do curso de Especialização PROEJA-IFES. Professor Orientador de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática - EDUCIMAT/IFES. Membro do Comitê de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do IFES. JOSÉ ADILSON DOS SANTOS GUERRA Graduação em Licenciatura Plena em Química pelo Centro Universitário Amparense (2006), mestrado em Ensino de Ciências pela Universidade Cruzeiro do Sul (2011) e pós-graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Nove de Julho (2013). Atualmente é professor - Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, responsável técnico - Rovi Plaza Hotel, professor - Colégio Atuante e professor - Colégio Reino de Educação Básica. , atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, saúde e higiene, ensino de ciências, ensino experimental, educação ambiental e conhecimento científico. JOSÉ MARIA VIEIRA DA FONSECA Graduação em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1983) e mestrado em Zoologia de Vertebrados pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2003). Doutorando em Educação pela UNICSUL - SP. Tem experiência na formação fundamental e superior, nas disciplinas biologia, zoologia de invertebrados e vertebrados, anatomia humana, embriologia e genética. Professor efetivo do CEFET-MG. Delegado regional na III Conferência Nacional do Meio Ambiente/2008. JULIANO SCHIMIGUEL Doutorado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2006), Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2002) e Graduação de Bacharelado em Informática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1999). Atualmente é Professor Permanente do Programa de Doutorado/Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP) e Professor do Centro Universitário Anchieta - UNIANCHIETA (Jundiaí, SP). Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Interação Humano-Computador (IHC) e Engenharia de Software, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento web, design e avaliação de interfaces, sistemas de informação geográfica, geoprocessamento, análise de sistemas, UML, UP, ensino-aprendizagem de tecnologias e matemática, conteúdos digitais interativos, objetos de aprendizagem, ambientes virtuais e colaborativos, jogos para o ensino, etc. KEIJI NAKAMURA Mestrado em Mestrado Profissional em ensino de Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Atualmente é efetivo - Faculdades Integradas do Vale do Ribeira. Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Prática de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: computador, aluno, transformação, discussões, atividades, classificação e qualidade.

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LARISSA CRISTINA CRUZ BRUM Graduação em Letras (Português e Inglês) pela Universidade Salgado de Oliveira (2006), Pós-Graduação em Docência Superior, Planejamento Educacional e Língua Inglesa. Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2009). Atualmente é professor da Faculdade Metropolitana São Carlos e professora da Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no quadro permanente do Instituto Federal Fluminense. MARCOS DE SOUZA Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF - Universidade Estadual Norte Fluminense. Possui graduação em Sistemas de informação pelo Centro Universitário São Camilo Espírito Santo, Especialista em Desenvolvimento de sistemas WEB pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, pós-graduado em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário São Camilo Espírito Santo e pós-graduado em Informática na Educação pelo Instituto Federal do Espírito Santo. OCTAVIO CAVALARI JÚNIOR Doutor em Ensino de Ciências e Matemática, com concentração em Tecnologias pela Universidade Cruzeiro do Sul, mestre em Ciências Contábeis com área de pesquisa em Administração Estratégica pela FUCAPE (2007), especialista em Metodologias e Práticas do Ensino Superior pela FASE (2010), graduado em Administração Geral pela Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (2004). Atualmente é professor de Gestão Empresarial do IF-ES em regime de professor visitante de pós-graduação da FUCAPE, Funcab e Unesc. Tem experiência na área de Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: marketing, Gestão de Pessoas, Gestão do Conhecimento Organizacional e Liderança. RENATO DE SÁ LIMA Mestre em Ensino de Ciências e Matemática, Pós-graduado em Psicopedagogia, Graduado em Processamento de Dados, Professor da Faculdade Peruíbe, Faculdades Integradas do Vale do Ribeira, Instituto tecnológico do Vale do Ribeira (ITEC), Analista de Sistemas e de Telecomunicações, Empresário da área de Telecomunicações. RITA DE CÁSSIA FRENEDOZO Graduação em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é professora titular de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP). Professora do curso de Ciências Biológicas - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Campus São Paulo). Ministra disciplinas da área da Ecologia Geral, Avaliação de Impacto Ambiental e de Ecologia de Ecossistemas. Orienta nos Programas de Mestrado/Doutorado Acadêmicos em Ensino de Ciências e no Mestrado em Química Ambiental e orienta trabalhos no Mestrado Profissionalizante de Ensino de Ciências e Matemática. Tem experiência profissional em Recuperação de Áreas Alteradas e Avaliação de Impactos Ambientais. Na pesquisa, atua na área de Ecologia Aplicada e Manejo de Ecossistemas, com interesses principais: ecologia de fragmentos, áreas degradadas por minerações, fenologia de plantas e educação ambiental.

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VALDIRENE F. NEVES DOS SANTOS Graduação em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP-2002) , mestrado (2007) e doutorado (2012) em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN (2010) e em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE-2008).Possui 09 anos de experiência atuando em Nutrição clínica e parte de sua carreira atuou como Coordenadora de equipe. Possui 7 anos de experiência em administração de restaurante institucional. Atualmente é professora da Faculdades Integradas do Vale do Ribeira (UNISEPE) e da Universidade Paulista (UNIP). Sua contribuição científica inclui trabalhos em periódicos científicos nacionais e estrangeiro, artigo para revista de divulgação além de palestras e minicursos de nutrição em entidades filantrópicas. A pesquisadora é consultora da Associação Brasileira de Nutrição- ASBRAN. Possui experiência na área de Nutrição, atuando principalmente nos seguintes temas: nutrição enteral, avaliação nutricional, saúde coletiva e nutrição domiciliar.

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