ciência&tecnologia · 3 e m 2013, a semana nacional de ciência e tecnologia (snct) completou...

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Entrevista com o reitor da UFU, Elmiro Santos Resende, sobre o Centro de Telemedicina/Telessaúde Ciência& Tecnologia PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL So�ware apoia educadores e portadores de necessidades especiais visuais Pesquisa aponta novas estratégias para melhorar o desempenho de atletas Museu Dica promove ações e projetos de divulgação cien�fica Revista de divulgação cien�fica do Museu Dica / UFU / SNCT Uberlândia/2013 - Ano V - Edição 2014 IMPRESSO - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA O exoesqueleto do cien�sta brasileiro Miguel Nicolelis, que permi�rá a um paraplégico dar o pontapé inicial na Copa do Mundo e, em destaque, o lendário Homem de Ferro, persona- gem dos quadrinhos que teve o corpo reconstruído robo�camente após um acidente. Andar de novo e outros legados inovadores da ciência e tecnologia na Copa do Mundo 2014

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Page 1: Ciência&Tecnologia · 3 E m 2013, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) completou 10 anos de existência. Segundo a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão

Entrevista com o reitor da UFU, Elmiro Santos Resende, sobre o Centro de Telemedicina/Telessaúde

Ciência&TecnologiaPARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

So�ware apoia educadores e portadores de necessidades especiais visuais

Pesquisaaponta novas estratégias para melhorar o desempenho de atletas

Museu Dica promove ações e projetosde divulgação cien�fica

Revista de divulgação cien�fica do Museu Dica / UFU / SNCT Uberlândia/2013 - Ano V - Edição 2014

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O exoesqueleto do cien�sta brasileiro Miguel Nicolelis, que permi�rá a um paraplégico dar o pontapé inicial na Copa do Mundo e, em destaque, o lendário Homem de Ferro, persona-gem dos quadrinhos que teve o corpo reconstruído robo�camente após um acidente.

Andar de novoe outros legados inovadores da ciência e tecnologia na Copa do Mundo 2014

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E m 2013, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) completou 10 anos de existência. Segundo a Secretaria de

Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ao longo dos anos, o evento vem se su-perando tanto em público quanto em número de a�vidades. Na sua primeira edição, em 2004, 252 municípios brasileiros se mobilizaram em prol da popularização da ciência, com a realização de 1.840 a�vidades. Em sua 10ª edição, de acor-do com dados parciais registrados pela Secis, até novembro de 2013, foram cadastradas mais de 30 mil a�vidades no site da Semana, envolvendo 1.003 parceiros em 672 municípios (convém des-tacar que o cadastro do evento é espontâneo). Dessa forma, es�ma-se que o número de ações e de par�cipantes seja bem maior que o registrado, considerando a não obrigatoriedade cadastral. Em suma, são avanços significa�vos; um balanço posi-�vo que expressa a consolidação da SNCT, carac-terizando-a como uma importante polí�ca pública de divulgação cien�fica no país.

Em nível local, o quadro não é diferente. Na SNCT em Uberlândia, a quan�dade de ações e de par�cipantes é expressiva e aumenta a cada ano. Em 2009, ano da primeira edição, foram realizadas cerca de 100 ações e, em 2013, aproximadamente 300 a�vidades. O evento ascendeu as ações de di-vulgação cien�fica no Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica), resultando na elaboração de diversas ferramentas de comunicação na área. Uma delas é a revista Ciência e Tecnologia para a Transformação Social, lançada em 2009, com o escopo de abordar as a�vidades desenvolvidas durante a SNCT em Uberlândia, além de divulgar projetos e pesquisas relacionadas ao tema central da Semana.

Em sua 5ª edição, a revista, com o tema cen-tral proposto em 2013 “Ciência, Saúde e Esporte” destaca na capa a reportagem sobre a relevância da Ciência e Tecnologia para a realização da Copa do Mundo 2014 e de seus legados para o Brasil, com a par�cipação do diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do MCTI, Douglas Falcão, e do conselheiro fede-

de Uberlândia (UFU), Dr. Elmiro Santos Resende, que conta tudo sobre o Centro de Telemedicina/Telessaúde, em que ele ressalta as conquistas, os impactos do projeto nas áreas de educação e pesquisa, bem como os reflexos de suas ações no Sistema Único de Saúde (SUS). Outro destaque é o estudo do Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) que resultou em um so�ware livre, in�tu-lado Sistema OCR, que apoia educadores e por-tadores de deficiência visual em estudos e leitura independentes. Outra reportagem discursa sobre o projeto desenvolvido em parceria entre a UFU e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que mapeia as alterações fisiológicas durante a prá�ca de exercício no calor, com a finalidade de melhorar o desempenho de atletas. A importân-cia dos museus e centros de ciências também é tema de destaque na revista, enfa�zando, especi-ficamente, a missão e os projetos do Museu Dica, criado em 2005 na UFU.

Sem ser diferente das edições anteriores, alguns eventos realizados durante a SNCT em Uberlândia também alimentam as páginas desta publicação, como o Brincando e Aprendendo que reuniu, du-rante dois dias, cerca de 1.400 pessoas no Campus Santa Mônica da UFU, com a promoção de a�vi-dades lúdicas e intera�vas relacionadas à ciência em geral; as a�vidades das escolas municipais; a tradicional Feira Ciência Viva e os outros aconteci-mentos que marcaram a Semana na cidade.

É per�nente salientar o esforço cole�vo da-queles que contribuíram para a conclusão desta edição: a valiosa par�cipação da jornalista Sirlene Rodrigues que, na década de 1990, atuou como assessora de imprensa no Hospital de Clinicas de Uberlândia (HCU/UFU) e que hoje exerce sua pro-fissão em Brasília (DF), coordenando a assessoria de imprensa da União dos Legisla�vos Estaduais; da jornalista Adriana Por�rio, responsável pelo primeiro projeto gráfico da revista e que retor-na criando uma nova roupagem a ela; e de toda a equipe: a jornalista Rosiane Magalhães, as es-tudantes de Jornalismo da UFU, Verônica Jellifes, Le�cia Daniela Medeiros, Kênia Leal, Michelle Júnia Soares, Priscila Diniz, Debora Bringsken, o fo-tógrafo Gilberto Pereira, o revisor Rafael Abrahão e a secretária-geral Daízi de Freitas.

Em nome da comissão da SNCT em Uberlândia, o meu muito obrigada a todos. Boa leitura!

A Revista Ciência & Tecnologia para a Transformação Social - UFU é uma publicação independente do Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica) do Ins�tuto de Física (INFIS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). É editada anualmente desde a SNCT 2009, para a divulgação de temas ligados à ciência e tecnologia e à documentação das a�vidades realizadas durante a SNCT na cidade de Uberlândia/MG.

Expediente: Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Ins�tuto de Física (INFIS), Museu Diversão com Ciência e Arte (DICA). Av. João Naves de Ávila, nº 2.121, Bloco 1A, sala 1A 217, Santa Mônica, Uberlândia/MG, CEP 38.408-100. Reitor: Elmiro Santos Resende. Coordenação do Museu Dica: Silvia Mar�ns. Edição e Redação: Dalira Lúcia C. M. Carneiro / Coordenação de Jornalismo Dica-UFU. Jornalismo: Sirlene Rodrigues (Brasília/DF) e Rosiane Magalhães (Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM, Campus Avançado Uberlândia). Colaboração: estudantes de jornalismo/UFU: Debora Bringsken, Kênia Leal, Le�cia Daniela Medeiros, Michelle Júnia Soares, Priscila Diniz, Verônica Jellifes. Secretária de Redação: Daízi Freitas. Fotografia: Gilberto Pereira. Revisão: Rafael Abrahão de Sousa. Projeto Gráfico e Diagramação: Adriana Por�rio. Contato: [email protected] - (34) 3230-9517. Impressão: Gráfica Brasil. Tiragem: 2 mil exemplares. Distribuição gratuita.

Ciência&TecnologiaPARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Dalira Lúcia Cunha Maradei CarneiroEditora/coordenadora da comissão de comunicação da SNCT em Uberlândia

EDITORIAL

A consolidação da SNCT

ral Georgios Stylianos Hatzidakis, do Conselho Federal de Educação Física. A entrevista deste número é com o reitor da Universidade Federal

Capa: O exoesqueleto, projeto de robó�ca do neurocien�sta brasileiro Miguel Nicolelis, que devolve os movimentos mecanicamente ao corpo, o Homem de Ferro, personagem da Marvel que teve seu corpo reconstruído com �tânio após um acidente. Com o exoesqueleto, o Governo Federal propõe que seja dado, por um paraplégico, o pontapé inicial na Copa do Mundo 2014 no Brasil. Crédito fotográfico: Exoesqueleto: Acervo M. Nicolelis - Imagens do Homem de Ferro: Courtesy Marvel Comics.

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Semana Nacional de Ciência e Tecnologia REVISTA SNCT UFU

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O legado do esporte em C&T

Elmiro Santos, em entrevista

ÍNDICE

O reitor da Universidade Federal de Uberlândia, professor doutor em Cardiologia Elmiro Santos Resende, fala sobre os obje�vos, as a�vidades e os resultados do Centro de Telemedicina/Telessaúde (CT) do Hospital de Clínicas da UFU e avalia seus reflexos, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS).

Brincando e AprendendoA edição 2013 do Brincando e Aprendendo aconteceu em dois dias da Semana, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), envolvendo cerca de 800 estudantes da cidade e região. Eles par�ciparam de a�vidades lúdicas e intera�vas relacionadas à ciência em geral, entre elas “Experimentos em Química: a Química no co�diano”, “Brincando e aprendendo com jogos ma-temá�cos”, “Brincando com a Física”, “Educação em saúde”, “Esporte e saúde”, “Saliva, estresse e exercício”, “Aprendendo com os sen�dos” e “Baile das fadas”.

12Até agora, o legado social da Copa do Mundo nos inves�mentos em pesquisa, ciên-cia e tecnologia e que beneficiam a população, excluindo a logís�ca de estádios e a rede hoteleira, são a internet móvel 4G e, simbolicamente na área de pesquisa, o exoesqueleto (foto). A afirma�va é do diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Douglas Falcão.

Estudantes par�cipam de feiras e premiações de ciência

Tecnologia a favor do rendimento do atleta

A�vidades �sicas auxiliamna cura de doenças

Museu Dica proporciona vivência cien�fica

Ciência no Parque reúne Feira de Ciência e Arte

Semana da Física é uma das a�vidades na SNCT

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Veja também as reportagens sobre as pesquisas, premiações e oportunidades de vivência cien�fica dos estudantes de Uberlândia, de várias idades e ins�tuições, a cada ano mais mo�vados pelas ações da SNCT. A par�r da página 28.

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Abertura da SNCT reuniu parceiros no Teatro Rondon PachecoPúblico foi pres�giado com apresentação do grupo EMCANTAR

A cerimônia de abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Uberlândia (SNCT Uberlândia) aconteceu no dia 21 de outubro, no Teatro Rondon Pacheco, com a par�cipação de representan-tes de todas as ins�tuições que re-alizam o evento, como também de estudantes de escolas públicas e convidados.

O professor Noélio Dantas, di-retor de Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que, na ocasião, representou o reitor da ins�tuição, professor Elmiro Santos Resende, destacou a importância dos apoiadores da Semana, assim como o financiamento do Ministério

de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPq). “O obje�vo geral de todos os realizadores é mostrar a importância da ciência e tecnologia em cada área para o desenvolvi-mento do Brasil. É possível ser pes-quisador e cien�sta neste país, mas precisamos de professores para a formação de vocês, estudantes, além

de ser necessário fortalecer nossas parcerias, inclusive para os eventos como a SNCT”, enfa�za Dantas.

“A ciência faz parte de nossa vida, integra tudo que vivemos, e preci-samos aproveitar tudo que ela nos oferece. Neste quinto ano de SNCT em Uberlândia, a programação ex-pandiu-se além da Semana e terá diversas oportunidades para toda a comunidade. Esse envolvimento é um fator essencial para a divulga-ção da ciência”, aponta a professora Silvia Mar�ns, coordenadora geral da SNCT 2013. Nesse contexto, o envol-vimento da comunidade foi realçado pelo prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado. “Precisamos sensibilizar a

sociedade para o trabalho da ciên-cia e despertar, principalmente nas crianças, o gosto pelo conhecimen-to”, diz.

Enquanto isso, o pró-reitor de Pesquisa e Inovação do Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), professor Carlos Alberto Alves de Oliveira, observou que o obje�vo fundamental da SNCT é a popula-rização da ciência para ins�gar jo-vens e adolescentes na prá�ca des-sa área. “No IFTM, temos diversos projetos de pesquisa em andamento que envolvem diretamente os estu-dantes, inclusive do Ensino Médio. Precisamos fortalecer esse interes-se; afinal, o Brasil é um produtor de ciência”, jus�fica Oliveira.

A inicia�va de levar abertura da SNCT para o teatro foi aprovada por Lu de Lauren�z, diretor de Cultura da UFU. “A cultura também é uma forma de despertar o interesse das pessoas pelo conhecimento. Vale destacar que a transversalidade da cultura é um exemplo de como a�n-gir o público, inclusive com a�vida-des lúdicas”, argumenta Lauren�z.

Rosiane Magalhães

Após a cerimônia, o grupo EMCANTAR apresentou a peça “Os Sal�mbancos”, sobre a história de quatro animais e suas aven-turas. Inspirado no conto “Os Músicos de Bremen”, dos Irmãos Grimm, o musical traz canções que viraram clássicos e originaram o disco lançado em 1977, com a par�cipação de Nara Leão, MPB-4 e Chico Buarque. Na versão apresentada pelo EMCANTAR, sete ar�stas encenam, cantam, tocam e brincam a história do jumen-to, cachorro, da galinha, gata e de seus barões nessa aventura de ser um sal�mbanco.

Tal história despertou a atenção do aluno Gildásio Júnior Henrique Silva, da Escola Municipal Professor Mário Godoy. “Nunca �nha ido a um teatro. Gostei muito de poder par�cipar, e ainda ga-nhei um brinde do grupo, com livros e CDs”, comemora o garoto.

Para a estudante Tifany Glauce, a oportunidade de conhecer um teatro foi muito interessante. “É a primeira vez que venho ao teatro, e gostei muito da peça. As ar�stas são muito engraçadas”, conta a adolescente do Mário Godoy.

Os Sal�mbancosClássico encanta estudantes

SNCT 2013 - UBERLÂNDIA

REALIZADORES da SNCT em Uberlândia abriram a programação local do evento que aconteceu simultaneamente em todo o Brasil

EMCANTAR: No palco do Teatro Rondon Pacheco, o grupo EMCANTAR contou a história inspirada no conto dos Irmãos Grimm

FOTOS: GILBERTO PEREIRA

REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

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O conhecimento é o grande aliado da gestão em saúde

“Conseguimos reduzir em 70% os encaminhamentos

desnecessários em Cardiologia,

atendendo com um custo muito mais baixo e efetivo”

Por Dalira Lúcia CarneiroENTREVISTA

Como nasceu o CT do Hospital de Clínicas da UFU, e com qual ob-je�vo?

Nasceu a par�r de 2005, como resultado de esforços das uni-versidades públicas mineiras – a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a UFU e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Essas ins�-tuições par�ciparam de um pro-jeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que se denominou Minas Telecardio. Esse projeto de pesqui-sa permi�u a interligação inicial de 82 pequenos municípios de Minas Gerais e, com isso, foram possíveis o registro e a transmissão de eletro-cardiogramas gerados nas unidades de atenção primária à população.

Os exames reme�dos aos cen-tros especializados retornavam com as orientações diagnós�cas e, se necessário, era oferecido supor-te como uma segunda opinião mé-dica.

Quais os programas que o CT integra e, na prá�ca, como funcio-nam as parcerias?

Cons�tuiu-se uma Rede entre os hospitais universitários e, por meio dessa Rede, projetos conjuntos de pesquisa foram desenvolvidos em diversas áreas. Além disso, foi pos-sível par�cipar de esforços nacio-nais e de discussões, inclusive inter-nacionais, que interligassem vários

centros de pesquisa e projetos de interesse comum. A par�r daí, o HCU passou a integrar uma Rede e a gerar conteúdos que foram colocados à dis-posição dos usuários. Um dos pontos importantes foi a par�cipação no pro-jeto RUTE e, dentro dele, os hospitais de ensino do Brasil inteiro foram in-terligados, criando os SIGs, grupos de interesse especial. Um deles foi orga-nizado por nós, o SIG Cardiologia, que funciona normalmente, promovendo reuniões mensais nas quais são dis-cu�dos casos clínicos de interesse cole�vo com a par�cipação de estu-dantes, médicos e vários profissionais da área da saúde. Esse foi o formato inicial e que con�nua em projetos de expansão. Temos trabalhado mais recentemente na área de urgência e emergência com atendimento, por exemplo, às pessoas que sofreram in-farto e que precisam de atendimento rápido. Enfim, o trabalho não tem um término em si; ele é uma porta aber-ta para múl�plas formas de integra-ção e está disponível para todos que quiserem par�cipar.

Quais são as a�vidades e os pro-

jetos desenvolvidos no CT? Quem financia os recursos necessários para a sua execução?

Con�nuamos com a interligação dos diversos municípios de Minas; hoje estamos presentes em 636 mu-nicípios, em alguns deles com mais de um ponto, em que são con�nu-amente gerados os exames eletro-cardiográficos. Além disso, come-çamos a transmi�r outros �pos de exames como RX, MAPA e Holter. Os municípios estão, portanto, in-tegrados numa ampla Rede. O CT par�cipa em conjunto com os de-mais centros de Telessaúde criados nos outros hospitais de Minas que integram esse esforço como um dos maiores projetos realizados na área de Telessaúde no mundo. O finan-ciamento é compar�lhado; existe par�cipação do estado de Minas, via Secretaria de Estado de Saúde, e do Ministério da Saúde. Projetos es-peciais são financiados pelas agên-cias de fomento, como a Fapemig e outras; além do SIG Cardiologia, damos suporte a vários SIGs das di-ferentes especialidades médicas, e as pessoas interessadas se dirigem à sala previamente criada com essa finalidade para ali par�ciparem, de forma intera�va, das discussões. O Centro de Telessaúde dispõe de equipamentos necessários para transmissão das reuniões.

O CT envolve quais áreas do co-nhecimento?

O Centro de Telemedicina/Telessaúde exerce um papel mul-�profissional, mul�disciplinar e al-cança pra�camente todas as áreas do conhecimento. É claro que há um

Elmiro é também coordenador do Laboratório de Medicina Experimental e do Centro de

Pesquisas Clínicas do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU), desen-volvendo pesquisas em aterosclero-se e remodelação cardiovascular, com ênfase nos processos regenera-�vos e na terapia celular. Em dezem-bro de 2013, foi indicado membro efe�vo da Interna�onal Academy of Cardiovascular Sciences, que congre-ga grandes pesquisadores de todo o mundo na área da Cardiologia. Seu perfil de liderança, aliado ao reco-nhecimento de sua atuação, levou-o a ocupar o cargo de vice-reitor, de 2005 a 2008, tendo exercido tam-bém outras funções administra�vas na Universidade, como vice-dire-tor do ex�nto Centro de Ciências Biomédicas, diretor clínico do HCU e coordenador do curso de Medicina. Resende tem uma trajetória de vida marcada pelo sucesso não só profis-sional como também pessoal. É ca-sado e pai de dois filhos, sendo que um seguiu os seus passos, tornando-se médico, e o outro é formado em Engenharia Mecânica.

Com seu es�lo dinâmico e sua capacidade de sugerir, realizar e aco-lher novos projetos, Resende não mediu esforços para que a UFU inau-gurasse, em junho de 2006, o Centro de Telemedicina/Telessaúde (CT), um dos projetos mais ambiciosos desenvolvidos no HCU, interligando-o a ins�tuições de ensino e pesquisa em nível nacional e internacional. Com foco em a�vidades educacio-nais, assistenciais, Telecardiologia e pesquisas, o CT se apresenta como um novo paradigma na área da saú-de, colaborando com vários projetos

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como o Programa Telessaúde Brasil, do Ministério da Saúde, e a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE). Nesta entrevista, Resende conta como tudo começou: fala sobre a importân-

cia do CT, das parcerias na execução das ações, das conquistas e dos re-sultados do projeto, assim como de seus reflexos no Sistema Único de Saúde (SUS).

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Elmiro Santos Resende, médico, professor doutor em Cardiologia e atual reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

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Telecardiologia está voltada à aplica-ção dos conhecimentos gerados no registro e na transmissão dos sinais elétricos, à interação com os profissio-nais, à divulgação de conhecimento, à criação e à inovação de ferramen-tas especiais des�nadas à monitora-ção. O caminho pela frente nos faz crer que esses equipamentos serão aperfeiçoados cada vez mais, de tal maneira que podemos vislumbrar um dia em que a Telecardiologia poderá ser u�lizada no acionamento remoto de braços robó�cos que exercerão as funções, por exemplo, de cirurgião do outro lado do mundo, a par�r de um Centro colocado em qualquer ponto geográfico do planeta. Enfim, a cria-ção, a inovação e a incorporação de novas ferramentas ao arsenal médico estão apenas começando.

Quais são os impactos do CT na educação?

Os Centros e a Rede mineira foram criados em 2005 e iniciaram o funcio-namento efe�vo em junho de 2006,

esforço maior por parte daquelas que são objeto de suas ações dire-tas e que são ligadas às Ciências da Saúde. Mas os resultados ob�dos representam a soma dos esforços de todos.

Como são desenvolvidas as a�-vidades assistenciais e quais são as principais demandas?

Como eu disse, a vocação inicial, que persiste até hoje, é a área da Cardiologia, principalmente com o eletrocardiograma. No entanto, as demandas da atenção primária en-volvem todas as especialidades mé-dicas. Existem algumas áreas nas quais dificilmente se encontram es-pecialistas; nós temos esses espe-cialistas cadastrados na Rede e eles atendem emi�ndo uma segunda opinião. Nesse caso, o responsável pelo atendimento con�nua sendo o médico da cidade interligada; é ele quem atende, é o responsável imediato, mas há um compar�lha-mento com o especialista que emi-te uma segunda opinião que pode ou não ser seguida pelo médico que originou o atendimento. Com isso, preserva-se tanto a questão é�ca quanto a responsabilidade envolvi-da na condução dos casos clínicos.

O que é a Telecardiologia e como ela é aplicada pelo CT?

Telecardiologia tem um concei-to muito amplo. Se ficarmos aten-tos apenas à denominação, seria a Cardiologia à distância, mas ela não pode ser entendida assim. A Telecardiologia nasceu quando o eletrocardiograma foi inventado e o sinal elétrico foi transmi�do, pela primeira vez, via fios do telégrafo. Por volta do final do século XIX, esses sinais já eram transmi�dos. Iniciou-se aí a Telecardiologia; de-pois, com as viagens espaciais, de-vido à necessidade de monitorar as funções vitais à distância, passou-se a receber os sinais vitais dos astro-nautas e, desse modo, começamos a aprender muitas coisas. Hoje, a

com o obje�vo de proporcionar a melhoria das condições de aten-dimento médico. Para se ter uma ideia, só na área da Cardiologia, re-duziram-se, em média, 70% de en-caminhamentos desnecessários, os quais geram as filas nos nossos servi-ços, principalmente em atendimen-tos de urgência e emergência. Além dessa redução expressiva, a coloca-ção de um ponto de Telessaúde nos pequenos municípios gerou uma possibilidade de inclusão digital não apenas do pessoal da saúde, mas de áreas vitais da administração des-ses municípios e, mais do que isso, quando decorridos alguns meses, a própria escola pública e os estudan-tes passaram a ter acesso a conteú-dos que até aquele momento não �-nham, porque o projeto exigia que o município proporcionasse um pon-to de Internet. Essa foi uma situação curiosa e emocionante que viven-ciamos há quase 10 anos, quando começamos a implantar o sistema. O impacto na educação, portanto, ocorreu em todos os níveis e pros-segue com a possibilidade que ofe-recemos aos indivíduos de terem acesso à base de dados que, até aquele momento, era inacessível às pequenas cidades.

E na pesquisa?

A base de dados conta com mais de um milhão de eletrocardiogra-mas. Hoje, até pesquisadores de fora do país nos auxiliam e par�ci-pam em estudos epidemiológicos. Já foram elaborados ar�gos, capítu-los de livros, dissertações de mes-trado e teses de doutorado sobre o assunto. Esse trabalho conjunto está em fase inicial, sendo necessá-ria a construção de convênios que suportem esse �po de ação. Há, também, a necessidade de pesqui-sas na área da Informá�ca e cons-trução de equipamentos especial-mente des�nados às necessidades do projeto. Por exemplo, na área de Dermatologia, a par�r de dados clínicos e do envio de fotografias, foi possível reduzir, com alta capa-

cidade de resolução, mais de 80% dos casos que seriam encaminha-dos por meio de ferramentas sim-ples. Outras, no entanto, precisam ser desenvolvidas para permi�r a melhor caracterização das lesões. A aquisição das imagens, a transmis-são e sua recuperação devem per-mi�r uma interpretação adequada. A quan�dade de pesquisa que pode ser gerada dentro da base de dados e na periferia dela é enorme; por-tanto, temos ainda muito a fazer.

Quais são os reflexos das ações do CT no SUS?

Conseguimos reduzir em 70% os encaminhamentos desnecessários na área de Cardiologia, atenden-do com um custo muito mais baixo e efe�vo. O recurso que gastamos para atender um paciente u�lizan-do o sistema tradicional de enca-minhamento permite atender de oito a 10 pacientes. Esse impacto no SUS é muito grande e repercute na redução de filas. Ainda não se percebe isso na região do Triângulo Mineiro porque não temos instala-do na região um número maior de polos. Por que isso? Porque demos prioridade a regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);

elas foram as primeiras a ser benefi-ciadas. O norte e o noroeste de Minas, regiões extremamente carentes, estão com cobertura de pra�camente 100%, ao passo que, em nossa região, ainda precisamos de muitos inves�mentos.

Como o senhor avalia o CT e quais são as expecta�vas para o futuro?

Nosso grande sonho é que possa-mos integrar toda a atenção primária do estado num bloco de Telessaúde, visto que Minas tem 853 municípios e o nos-so desafio é ampliar a Rede. É preciso estender cada vez mais a aplicação do CT a todas as especialidades e entender que o processo não se esgota na aten-ção à saúde, mas que depende de uma série de ações que estão em torno disso e que deverão ter reflexos na educação; afinal, sem educação não há saúde de qualidade. A Rede já tem contribuído com o desenvolvimento de ferramentas u�lizadas no atendimento, mas é preci-so avançar mais.

São necessárias ações preven�vas e, para isso, precisamos da par�cipação de profissionais das Engenharias e de ou-tras áreas como a Física e a Geografia. É preciso iden�ficar quais as doenças mais prevalentes em determinadas regi-ões de Minas e interagir na elaboração das polí�cas imprescindíveis à saúde.

Precisamos também da internacio-nalização; somos hoje uma referência mundial, com resultados publicados em revistas e jornais de circulação in-ternacional. Enfim, a Rede e o CT cons-�tuem uma das maiores experiências desenvolvidas na área de Telessaúde que precisa, cada vez mais, ser revi-talizada. É necessário enfa�zar a par-�cipação de todos que fazem da Rede uma realidade, as universidades par-ceiras e todos os colaboradores téc-nicos que atuam em diversos centros e que permitem a con�nuidade desse esforço.

“O recurso que gastamos para atender um paciente utilizando o sistema tradicional de encaminhamento

permite atender de oito a 10 pacientes. Esse

impacto no SUS é muito grande e repercute na

redução de filas”

“... hoje estamos presentes em 636

municípios, em alguns deles com mais de um ponto, em que são continuamente gerados os exames

eletrocardiográficos”

“O Centro de Telemedicina/Telessaúde do HCU exerce um papel multiprofissional, multi-disciplinar e alcança pra-ticamente todas as áreas

do conhecimento”

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Sirlene Rodrigues, de Brasília

O principal desafio do Brasil na perspec�va de desenvolvi-mento de ciência e tecnologia

com a Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas é o legado a ser dei-xado para a sociedade. Esses são os maiores e mais dispendiosos eventos espor�vos do mundo. Até agora, os legados que beneficiam a população, excluindo a logís�ca de estádios e a rede hoteleira, são a internet móvel 4G e, simbolicamente na área de pes-quisa, o exoesqueleto, aparelho in-ventado por um pesquisador do Rio Grande do Norte que permite a um paraplégico dar o pontapé inicial na Copa do Mundo em nosso país.

Esse fascinante mundo da ciência e tecnologia melhora cada dia mais a vida humana. No esporte, são os melhores e mais confortáveis unifor-mes; o espectador virtual por meio de capacetes, chuteiras e bola com chips; o monitoramento instantâneo de gasto energé�co, ba�mento cardí-aco e pressão arterial dos atletas; os programas de análise tridimensional dos jogos em equipe, entre outros exemplos.

No entanto, tais recursos chegam a uma pequena fa�a da sociedade, os espor�stas. Quem chama a atenção para essa herança social é o diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Douglas Falcão. Concordam com ele o conselheiro federal Georgios Stylianos Hatzidakis (página 17), do Conselho Federal de Educação Física e, porque não dizer, o universo cien�fico e tecnológico.

Um desafio maior que a Copa do Mundo

CAPA - CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO TECNOLOGIA PÕE FIM À POLÊMICA DO GOL

O diretor Falcão destaca o uso do chip campeão, que avisa o juiz quando a bola entra no gol. Um minitransmis-sor instalado num chip manda dois mil sinais por segundo para avisar onde a bola está a cada instante. Em volta do estádio, antenas recebem o sinal da bola; são 10 transmissores lá dentro, caso algum quebre. Elas ficam em várias posições para captar a lo-calização da bola em todos os cantos do gramado com a mesma precisão – é possível até saber a velocidade da bola ao vivo.

Essa tecnologia evitará lances como o que aconteceu quando a Inglaterra se sagrou campeã mundial em 1966, derrotando a Alemanha por 4 a 2. Na prorrogação, com o jogo em-patado em 2 a 2, Hurst protagonizou um lance que entrou para a história como uma das grandes polêmicas

das Copas, colocando os ingleses em vantagem: ao chutar a bola no gol ad-versário, ela não havia ultrapassado a linha, mas o juiz validara o tento.

Em outra polêmica envolven-do coincidentemente os mesmos atores, o gol de Lampard marcado para a seleção da Inglaterra contra a Alemanha, nas oitavas de final da Copa do Mundo realizada na África do Sul, a bola também entrou, mas houve um desfecho diferente de 1966: a arbitragem deixou o jogo se-guir. O lance gerou muita revolta dos ingleses, que perderam por 4 a 1 e fo-ram eliminados do Mundial na África. “Com essa tecnologia, espero que na Copa do Mundo no Brasil tais fatos não se repitam”, afirma. Essa tecnolo-gia do chip não é do nosso país, mas tem a par�cipação de brasileiros.

Outro legado é o regime ju-rídico diferenciado u�lizado na (re)construção dos estádios que sediarão os jogos. Com processos licitatórios rápidos e desburocra�-zados, as construções e reformas es-tão sendo feitas tempes�vamente. Logo, a Lei n. 8.666 tem sido consi-derada ultrapassada.

“Uma lei regulamenta o desen-volvimento das pesquisas; outra, a criação e edificação de laborató-rios de pesquisas. É algo complexo, demorado, burocrá�co, mas, para a Copa do Mundo, houve uma fle-xibilização da lei. Por que não se adota também um mecanismo faci-litador para a pesquisa?”, ques�ona Douglas Falcão.

Ele cita como exemplo os fogue-tes lançadores no Brasil que já �ve-ram problemas graves em relação à legislação. Para lançar um foguete, são criados sistemas de redundância

NOVA LEGISLAÇÃO FACILITA A REALIZAÇÃO DE PROJETOS

– são três para o mesmo lançamento, ou seja, usa-se mais de um equipa-mento para executar a mesma função: se o primeiro falhar, há o segundo, e se este falhar, existe ainda o terceiro. O procedimento é necessário e pa-drão em todo o mundo. “Para fazer os estádios, empecilhos parecidos com esse foram re�rados para facilitar e acelerar o processo de construção e reforma. Por que para fazer ciência e gerar tecnologia não há leis apropria-das?”, pergunta.

O aumento de câmeras de monito-ramento para dar mais segurança ao cidadão é outro legado. Não é novida-de, mas o acréscimo no número des-ses equipamentos propicia bene�cios à população. “Espero que o transpor-te e a mobilidade urbana também deixem seu legado para a sociedade, porque os maiores inves�mentos até agora foram feitos na logís�ca para os jogos”, finaliza Falcão.

Com a Copa do Mundo, che-gou também ao Brasil a era da internet móvel de quarta ge-ração, ou seja, a 4G. A rede 4G é bem mais rápida que os sistemas usados atualmente, operando em uma frequência dis�nta da 3G e, por isso, são necessárias antenas diferentes e que possam operar de manei-ra adequada.

As antenas 4G são mais bai-xas do que as 3G e possuem um sinal bem mais denso. Se uma torre 3G pode compar�lhar o si-nal com cerca de 100 telefones, a 4G aumenta bastante esse nú-mero: uma torre da nova rede pode servir até 400 pessoas, su-portando muito mais usuários simultâneos.

Mas as antenas 4G fornecem uma cobertura menor, exigindo que mais antenas sejam instala-das para que o sinal se mante-nha consistente. Sendo assim, o número de antenas deve dupli-car para o bom funcionamento da nova rede.

4G: NOVAS ANTENAS E TORRES

O diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Douglas Falcão.

FOTO: JESSEN PEIXOTO

REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

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Exoesqueleto, desenvolvido pelo neurocien�sta brasileiro Miguel Nicolelis, permite que um paraplégico dê o pontapé inicial da Copa do Mundo 2014

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Douglas Falcão destaca que o que ele considera um dos maiores legados da Copa

para o Brasil é o exoesqueleto, apa-relho desenvolvido pelo neurocien-�sta brasileiro Miguel Nicolelis que permite a um paraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014. Os testes em animais (ma-cacos Rhesus, o modelo experimen-tal mais próximo do homem) já co-meçarão e, em breve, os humanos irão testar o equipamento. Nicolelis é pesquisador e professor da Duke University (EUA), além de ser coor-denador do Ins�tuto Internacional de Neurociências de Natal, no Brasil.

O projeto chamado “Andar de Novo”, liderado por Nicolelis, está cada vez mais próximo de a�ngir um obje�vo maior que o chute na inauguração da Copa do Mundo no Brasil: permi�r que um paraplégico possa se movimentar usando o exo-esqueleto robó�co (prótese que en-volve os órgãos paralisados) conec-tado ao seu cérebro.

A equipe do neurocien�sta bra-sileiro publicou os resultados da pesquisa na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e em outros respeitados veículos de divulgação cien�fica. O

estudo demonstra que os neurônios das áreas do cérebro ligadas ao tato e ao controle de movimentos po-dem responder a es�mulos visuais.

Nesse contexto, o pesquisador explica que o exoesqueleto é um aparelho que envolve os membros paralisados – no caso de um para-plégico, as pernas – e que pode ser conectado diretamente ao cérebro do paciente, que então controlaria o equipamento como se fosse parte de seu próprio corpo. Dessa forma, seria perfeitamente possível que um paraplégico chutasse uma bola, como sonha Nicolelis.

Falcão alerta que alguns países conseguiram �rar proveito desses eventos, pensando no legado a ser deixado para a sociedade. “O even-to espor�vo é efêmero; por mais empolgante e maravilhoso que seja, é um período curto”, alerta. Em C&T, os legados, além dos já cita-dos, ressalta-se a nova metodologia cien�fica para saber se os atletas usaram drogas, com vistas a melho-rar o desempenho. “Coletada a uri-na do atleta, a análise se concentra nas mudanças metabólicas que as drogas proporcionam no perfil bio-lógico do usuário. A metodologia cien�fica já foi usada na Copa das Confederações e apresentou ó�mos resultados”, enfa�za.

“Isso sim é legado! Ciência e Tecnologia a serviço da sociedade e para melhorar a vida das pessoas,

não apenas em um evento efêmero, mas para sempre! É pesquisa de ponta, desenvolvida por um brasileiro que trará benefícios para o mundo

inteiro; tem, portanto, impacto imediato e concreto na vida das pessoas”, comemora Falcão.

Um sonho possívelAndar de novo:

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Georgios Stylianos Hatzidakis, do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), aborda a importância de investimentos em C&T para o esporte e para o Brasil

Qual a importância da C&T para o esporte?

O esporte não vive mais sem a C&T em todos seus aspectos – treinamen-to, gestão, desenvolvimento técnico e tá�co de equipes, biomecânica, nutrição, psicologia, equipamentos e instalações espor�vas –, enfim, todos relacionados com a a�vidade �sica e o esporte, tanto para o dia a dia, quanto para o esporte de alto nível. É neces-sário inves�mento para desenvolver pesquisas aplicadas ao esporte, den-tro da realidade nacional. Somente com inves�mentos em C&T será pos-sível tornar o Brasil, com seu tamanho con�nental, em potência olímpica não só nos esportes, mas também em educação e saúde.

Qual a importância da C&T para a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil?

Na realidade, é o contrário. A re-alização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos provoca um grande desenvolvimento da C&T nacional, a exemplo das novas pesquisas na área e do interesse de outros segmentos, além do esporte e da Educação Física. Há preocupação de desenvolvimento e norma�zação para equipamentos e procedimentos na área de esporte; novas tecnologias em equipamentos espor�vos; sustentabilidade das are-nas; implantação de centros de trei-namento com tecnologias avançadas para o acompanhamento de atletas nos aspectos gené�cos, fisiológicos, nutricionais e psicológicos, entre ou-tros fatores.

Você acredita que o Brasil investe o bastante em C&T para o esporte, tanto em relação aos atletas quanto aos centros de treinamento?

Não. O inves�mento em pesquisa no esporte é ínfimo no que diz respei-to à necessidade. Poucas pesquisas realizadas são aplicadas. Não temos

um grande banco de dados para acom-panhar o desenvolvimento de atletas e de eventuais talentos, e todas as me-todologias são importadas. Existem pesquisas isoladas, desde a área gené-�ca voltada para o esporte até o trei-namento espor�vo, mas longe do que seria necessário (inves�mento para o desenvolvimento da C&T no esporte). Ainda temos poucos pesquisadores na área com trabalho aplicado, e nossos centros de treinamento são muito ru-dimentares.

Há algum projeto ou ideia do Conselho Federal de Educação Física (Confef) para os dois eventos citados?

O Confef tem lutado para que haja legados socioeducacionais após os jo-gos. Um deles seria o desenvolvimen-to da C&T no Brasil aplicada não só ao esporte de alto nível, mas também à a�vidade �sica, visando beneficiar a população em geral. Só o de infraestru-tura é insuficiente, tendo um aprovei-tamento pontual (somente das sedes).

Educação olímpica, novas tecnologias, banco de dados são alguns dos lega-dos que todo o Brasil pode aproveitar, e a melhora da qualidade de vida do brasileiro, pra�cando a�vidade �sica orientada, é o principal bene�cio à nossa população.

Alguma sugestão relacionada à C&T para o esporte nacional?

Uma grande questão é o Brasil fazer um Censo do Esporte e da A�vidade Física, para poder aplicar os recursos adequadamente, sendo voltados ao desenvolvimento humano e da ciência e tecnologia. Há a necessidade de um banco de dados nacional com todo o desenvolvimento dos atletas, desde o início de sua carreira espor�va, con-tendo os treinamentos e a evolução de seus resultados. Outra demanda se refere ao acompanhamento constan-te de profissionais de Educação Física, evitando a aposentadoria precoce, e à qualidade de vida após a aposentado-ria dos atletas.

Mais C&T para o esporte

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A lenda do Homem de Ferro

IMAGEM: COURTESY MARVEL COMICS

O aparelho criado por Nicolelis e sua equipe está passando por testes clínicos em al-

guns lugares, como na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Dez pacientes com lesões medulares de diversos graus vão usar o exoesqueleto e treinar para dar o pontapé inicial na Copa do Mundo. Desse grupo, quatro devem chegar até a etapa final do teste clí-nico e um será escolhido para a de-monstração na abertura do evento espor�vo.

As fotos publicadas no perfil do pesquisador brasileiro no Facebook são de um manequim usando o exoesqueleto. Um vídeo de poucos segundos mostra a perna do mane-quim fazendo um leve movimento para a frente.

No filme Homem de Ferro, o bilio-

QUADRINHOSPor Sirlene Rodrigues, de Brasília

nário Tony Stark - in-terpretado pelo ator Robert Downey Jr. - é um cien�sta, um pesquisador apaixo-nado por ciência e tecnologia que cus-teia do próprio bol-so suas invenções.

Depois de um acidente que coloca sua vida em risco, cria, juntamente com seu professor, uma poderosa ar-madura, ou seja, um exoesqueleto de �tânio, adaptado aos seus movimen-tos corporais, à prova de balas e resis-tente ao fogo. Depois dessa invenção, o Homem de Ferro conquistou bilhões de pessoas e dólares mundo afora.

O “Homem de Ferro” na Copa do Mundo no Brasil é criação do pesqui-sador Miguel Nicolelis e representa os cidadãos incapazes de se movimentar que irão brilhar usando, em um futuro não muito distante, o exoesqueleto.

ENTREVISTA

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Debora Bringsken

A tecnologia sempre esteve pre-sente em diversos segmentos do nosso co�diano, e o seu

desenvolvimento vem gerando gran-des bene�cios para os seres huma-nos. Nas inicia�vas espor�vas, sua influência tem aumentado conside-ravelmente com o passar do tempo. Mesmo em técnicas já pra�cadas há anos, a atual tecnologia é capaz de influenciar bastante na maneira do público enxergar o esporte e a prá�ca dele pelos atletas. Vale ressaltar que, quando as organizações evoluem, o atleta tem um meio mais ideal à prá�ca, aperfeiçoando os resultados como um todo.

Tecnologia espor�vaHistoricamente, sempre dominou

no meio espor�vo uma cultura res-paldada em experiências bem-suce-didas. Na maioria das vezes, gestores e até treinadores eram ex-atletas que propagavam as prá�cas em suas épo-cas de espor�stas profissionais. Nas úl�mas três décadas, houve um avan-ço considerável na tecnologia espor-�va, assis�da pelo evidente progres-so na performance dos pra�cantes. O professor Cris�ano Lino Monteiro de Barros, da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia (Faefi/UFU) e coordenador do projeto de termor-regulação para atletas de esportes de alto rendimento, dá o exemplo clássico do futebol. “Na Copa do Mundo de 1970, as a�vidades eram baseadas em corridas longas – qua-tro, cinco, seis quilômetros – ao redor do campo, exercícios abdominais, fle-xões e polichinelos, além dos treina-

mentos técnicos e tá�cos. Hoje, os treinadores da Seleção Brasileira de Futebol são capazes de elaborar ses-sões de treinamento individualizadas a par�r da distância percorrida pelos atletas, individualmente, durante um jogo, e analisam seus comportamen-tos durante a par�da por meio de um sistema de GPS. Após os jogos, exames simples de coleta de sangue permitem avaliar qual jogador está mais desgastado e necessita de mais tempo de recuperação. Além disso, com a termografia, é possível inferir possíveis locais de lesão muscular”, afirma o professor.

De acordo com Barros, deve-se destacar a descoberta das grandes empresas no que diz respeito ao po-der da divulgação de seus produtos, quando relacionados a um ídolo es-por�vo ou a uma equipe de sucesso. Dessa maneira, é impossível se pen-sar em prá�ca espor�va independen-te de mecanismos tecnológicos, pois são eles que, acompanhados de pro-fissionais habilitados para compreen-der suas informações, têm contribuí-do consideravelmente com o avanço do esporte.

Alto rendimento e calorBarros tem trabalhado, juntamen-

te com uma equipe de professores, em projetos relacionados à u�lização de recursos tecnológicos em espor-tes de alto rendimento em ambien-tes quentes. O mais recente deles é a construção de uma câmara ambien-tal, dentro da qual é possível simular espaços quentes, semelhantes aos que os atletas são subme�dos em tor-neios. Tal projeto é fruto da parceria entre os Laboratórios de Fisiologia do Exercício da UFU e da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG).Com um espaço de 9 m² no interior

da câmara, é possível criar situações de compe�ção u�lizando aparelhos para isso, como bicicletas ergométri-cas e esteiras. “Durante a realização do exercício, podemos mapear várias alterações fisiológicas que ocorrem durante a prá�ca do exercício no ca-lor, como a temperatura corporal, a respiração, os ba�mentos cardíacos e a sudorese, bem como alguns parâ-metros sanguíneos”, explica Barros.

A intensão do projeto é trazer a prá�ca espor�va dos atletas à reali-dade climá�ca do local onde treinam ou competem.

Tecnologia a favor d o atle�smoProjeto desenvolve estratégias para adaptar a temperatura corporal de atletas durante as a�vidades, aumentando o rendimento

Despor�sta durante teste de salto ver�cal em plataforma de força, no Laboratório de Fisiologia do Exercício da UFMG

FOTOS: DIVULGAÇÃO DO PROJETO UFU/UFMG

“Pensando no clima quente da região, somado aos efeitos evidentes do aquecimento global, preparar os atletas para suportarem melhor

essas condições adversas será de grande utilidade, tanto aos treinadores como aos próprios esportistas”

Atleta faz teste de sprint de 30 metros para avaliar seu desempenho �sico

REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

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Le�cia Daniela Medeiros

Uma área ainda em fase de con-solidação no Brasil mostra que o exercício �sico também é

Medicina. Usada para tratar de pro-blemas de saúde, a aplicação do des-porto ganhou visibilidade há cerca de dois anos no país. Pesquisas mostram que a prá�ca espor�va é recomendada como parte principal no tratamento de sete entre dez doenças apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como as que mais matam no mundo.

An�gamente, falava-se em exercício como prevenção de doenças. Agora, a a�vidade �sica está diretamente re-lacionada ao tratamento. Setenta por cento dos males que mais causam mor-te podem ser tratados com o esporte, como infarto, diabetes e AIDS. No caso da diabetes, o exercício atua re�rando a glicose do sangue, assim como certa dosagem do medicamento é receitada para a mesma finalidade.

De acordo com o professor Guilherme Gularte de Agos�ni, dire-tor da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal de

Uberlândia (Faefi/UFU), o exercício �si-co tem efeito hipotensor, diminuindo a pressão arterial e ajudando a tratar do-enças. “O exercício tem o poder agudo, ou seja, imediatamente após a sua rea-lização, durante várias horas, ele permi-te diminuir a pressão arterial”, afirma.

Por outro lado, a massificação da a�vidade �sica trouxe consigo o exercí-cio pra�cado de maneira descontrola-da. Segundo Agos�ni, o equilíbrio está ligado à eficiência. “Para o exercício ter um papel de medicina, ele deverá ter certo controle”, explica, salientando que como todo remédio tem uma fre-quência diária, o exercício funciona da mesma maneira.

Oficializada recentemente, a Medicina Despor�va é uma residência médica. Para o diretor, a área preocu-pava-se com o exercício �sico enquanto

ele �nha função secundária na vida das pessoas. “Agora que o exercício começa a ter um papel primário na qualidade e quan�dade de vida, a prescrição dessa a�vidade será mais valorizada pela Medicina, uma vez que hoje é de competência da Educação Física”, aponta.

Instrumentos e tecnologiaPara analisar o desempenho do

corpo de cada indivíduo, são neces-sários centros de avaliação eficientes, uma vez que dependem deles o con-trole da prescrição dos treinos indivi-duais. O diretor Guilherme Gularte de Agos�ni, que também é educador �si-co, afirma que para montar um treino de musculação, por exemplo, é preci-so saber o peso ideal para fortalecer cada parte do corpo.

Os instrumentos usados nos trei-nos estão avançados, permi�ndo a prá�ca segura e eficiente. “Algumas academias de Uberlândia já têm ergô-metros de escada, que simulam ficar subindo nesta e que são muito bons, além da aula de bicicleta dentro de academia, algo que não �nha no pas-sado”, observa Agos�ni.

SedentarismoO sedentarismo é caracterizado

pela ausência ou diminuição da prá�ca de exercícios �sicos. Aquele que efetua a�vidades que estão abaixo das expec-ta�vas para seu peso e idade, principal-mente, é propenso a esse mal. Junto a esse indivíduo, há pessoas no chamado “grupo de risco”, que são os fumantes e portadores de doenças crônicas.

Nesse contexto, o diretor da Faefi/UFU explica que um jovem de 20 anos, por exemplo, possui a necessidade de exercícios que exijam uma quan�dade suficiente para que o corpo se condi-cione de maneira adequada. “Numa caminhada, você pode gastar caloria, e isso serviria para emagrecer e para manter o peso. Entretanto, como es�-mulo cardiorrespiratório, você precisa se cansar um pouco mais”, esclarece.

A�vidades �sicas curam doenças

A Faefi/UFU oferece projetos que atendem a comunidade externa. As três principais a�vidades oferecidas são a natação, a hidroginás�ca e a musculação. Para as crianças, há a es-colinha de futebol.

O projeto de A�vidades Físicas e Recrea�vas para a Terceira Idade (AFRID) atende mais de 600 idosos. Nele, pessoas acima de 50 anos pra�-cam exercícios aquá�cos, como hidro-ginás�ca e natação, além de a�vidades ar�s�cas e recrea�vas. A finalidade é

PROJETOS DA FAEFI

De acordo com pesquisa realiza-da pelo Ministério da Saúde, 64% da população brasileira está com exces-so de peso. Aliado a esse fato, 13% das mortes no país são decorrentes do sedentarismo. Para lidar com o problema, é preciso passar por uma avaliação; nesse caso, a esteira ergo-métrica mede a frequência cardíaca, definindo a ap�dão �sica do indiví-duo. Posteriormente, um programa de a�vidades pode ser montado de

“Numa caminhada, você pode gastar caloria, e isso serviria para emagrecer e para manter o

peso. Entretanto, como estímulo cardiorrespira-tório, você precisa se cansar um pouco mais”

“Agora que o exercício começa a ter um papel

primário na qualidade e quantidade de vida”

acordo com o resultado dos testes. Para Agos�ni, é importante elaborar

um programa de exercícios ao qual a pessoa se adapte. Ele alerta para o fato de que se a intenção é gastar calorias, é essencial um exercício em que o descan-so é menor. Se a ideia é ganhar múscu-los, o treino é mais pesado e exige maior esforço, com mais tempo de descanso para reiniciar a a�vidade. “A grande pre-ocupação da Educação Física é com a aderência ao programa”, conta.

Cien�stas estudam efeitos dos exercícios �sicos e suas indicações em tratam entos de saúde, observando sempre as condições do indivíduo

es�mular a par�cipação da comunida-de e diminuir o es�gma que cerca a ter-ceira idade.

Enquanto isso, o Programa de Atendimento à Pessoa com Deficiência (PAPD) desenvolve a�vidades espor�-vas, recrea�vas e de lazer que contri-buem no processo de reabilitação, inte-ração social e melhoria de qualidade de vida dos par�cipantes. São atendidas gratuitamente mais de 180 pessoas na faixa etária entre seis meses e 75 anos de idade.

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Rosiane Magalhães

Dados coletados pelo Ins�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca (IBGE), no censo

demográfico de 2010, apontam a de-ficiência visual com maior prevalên-cia, em todos os grupos de idade e entre todos os �pos de necessidades especiais. Para auxiliar esse grupo, o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, propõe o uso da tecnologia assis�va. Essa é uma área do conhecimento, de carac-terís�ca interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, es-tratégias, prá�cas e serviços voltados à promoção da funcionalidade, rela-cionada à a�vidade e à par�cipação de pessoas com deficiência, incapaci-dades ou mobilidade reduzida, visan-do sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.

Nessa linha de pesquisa, um es-tudante e uma professora do curso de Sistemas para Internet, do IFTM Campus Uberlândia – Centro, desen-volveram o so�ware livre Sistema OCR, para apoiar educadores e por-tadores de deficiência visual em es-tudos e leitura independentes. O trabalho foi realizado durante o se-gundo semestre de 2012, na discipli-na Engenharia de So�ware, que pre-vê aspectos relacionados à qualidade de so�ware, com enfoque em testes para verificação e validação de siste-mas.

“Esse projeto pretende apresen-tar um sistema de auxílio didá�co no acesso às informações para formação

educacional e sociocultural. Tópicos já presentes no sistema possibilitam ao usuário estudar conteúdos sinte�-zados em voz, nas diversas áreas do conhecimento”, conta a professora Lilian Ribeiro Mendes Paiva.

“O Sistema OCR contém ferra-mentas para auxiliar o instrutor, sin-te�zando automa�camente imagens em voz, o que viabiliza a gravação de informações e o acesso a elas quan-do necessário. A�vidades como ler placas e cartazes podem ser reali-zadas a par�r da conversão dessas imagens, trazendo aos usuários pro-

priedade e autonomia, contribuindo para seu desenvolvimento”, explica Adilmar Coelho Dantas, tecnólogo em Sistemas para Internet.

Dantas revela que, para o desen-volvimento do sistema, foi usada a linguagem de programação Pascal, no ambiente Delphi. “U�lizamos para implementação as redes neurais e ar�ficiais, em que o sistema de reco-nhecimento de caracteres interpreta as informações em imagens e as con-verte em voz. Assim, o usuário pode estudar sozinho ou com o apoio de instrutores. Vale ressaltar que o apli-

So�ware auxilia portadores de necessidades especiais visuais

FOTOS: ROSIANE MAGALHÃES

Estudante apresenta o Sistema OCR durante o III Seminário de Iniciação Cien�fica do IFTM

“Esse projeto pretende apresentar um sistema de auxílio didático no acesso às informações

para formação educacio-nal e sociocultural”

O aplica�vo visa a independência nos estudos e oferece apoio didá�co também aos educadores

ca�vo é capaz de funcionar inclusive em computadores de baixo desempe-nho”, define.

ResultadosPor meio dos testes feitos em la-

boratório, o so�ware apresentou re-sultados sa�sfatórios no auxílio aos portadores de necessidades especiais e educadores diretamente ligados a eles. Enquadra-se como ferramen-ta colabora�va, possibilitando que pessoas com necessidades espe-ciais usufruam da mul�plicidade de oportunidades que as Tecnologias

O Sistema OCR pode ser baixado gratuitamente pelo site h�p://aparu.atspace.cc/ocr

Para testar o projeto, fo-ram usados os conteúdos sinte�zados em voz disponí-veis pelo site do Ministério da Educação (MEC). O material é de uso livre e contempla di-versas áreas de estudo, como Filosofia, História, Física, Matemá�ca, Português, en-tre outras.

Gratuito, pela internet

Adilmar Coelho Dantas e Lilian Ribeiro Mendes Paiva desenvolveram o projeto durante as aulas

da Informação e Comunicação (TICs) oferecem atualmente. “Educadores e docentes precisam estar prepara-dos para receber um público especial. Para isso, a tecnologia metodológica pode auxiliar nessa abordagem em sala de aula”, defende Paiva.

Em 2013, o projeto foi apresenta-do ao público durante o III Seminário de Iniciação Cien�fica do IFTM e no III Congresso Internacional Educação Inclusiva e Equidade, realizado pelo Ins�tuto Piaget, em Almada, Portugal.

A expecta�va da professora é dar con�nuidade ao projeto. “Acredito que podemos aprimorar o Sistema OCR, inclusive com a versão do aplica-�vo para sistemas móveis”, finaliza.

Tela de apresentação do Sistema OCR

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Museus e espaços públicos proporcionam o acesso gratuito ao conhecimento

Popularizando a ciência

O presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), Carlos

Wagner Costa Araújo, par�cipou da VI Semana da Física, que ocorreu na UFU, em outubro de 2013, duran-te a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Na oportunidade, ele conheceu os trabalhos que o Museu Dica vem desenvolvendo e falou so-bre a importância dos espaços de po-pularização cien�fica no país.

Atualmente, o Brasil conta com quantos espaços de popularização de ciência?

Dados de 2009, da ABCMC, revela-ram mais de 200 espaços dedicados a popularizar a ciência. No entanto, em 2014 será publicada uma nova versão do catálogo, com mais espaços que têm surgido a cada instante. O núme-ro ainda é pequeno, se comparado com os 5.564 municípios brasileiros e os 200 milhões de habitantes que vivem neles.

Em sua opinião, qual é o papel dos museus de ciências?

Gosto muito de uma palavra “co-nhecer”, dita por Paulo Freire. Então, o papel pode ser o de apresentar, aos mais diversos públicos, o que é co-nhecer e explorar a natureza. Mas a discussão nos espaços no mundo e no Brasil é diversificada e compreen-de as funções de educar, perguntar, provocar, brincar, interagir e tocar. Os espaços não devem subs�tuir a esco-la, que tem o seu papel definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); mas eles podem cutucar e colaborar com a cultura e a educação cien�fica dos jovens, jogan-do-os num abismo maravilhoso que é o mundo da ciência que, às vezes, é apresentada de forma chata.

Os museus têm cumprido com seus obje�vos?

Dados de uma pesquisa elaborada pelo MCTI sobre a percepção pública da ciência revelam que o público vem aumentando, mas os níveis de exclu-são são muito intensos. No semiárido brasileiro, região onde vivem 22 mi-lhões de pessoas, que representam

11,8% da população brasileira e têm poucos espaços cien�ficos e culturais, encontramos a caa�nga, único bioma exclusivamente brasileiro rico em espé-cies endêmicas, ou seja, que não exis-tem em nenhum outro lugar do mun-do. No entanto, tal região é sempre apresentada aos brasileiros como um local de seca, miséria e exclusão; tal-vez, espaços e ambientes para atender visitantes possam mudar essa visão (o pré-conceito surge em função do des-conhecimento do ambiente, da história e da cultura de um povo). Os espaços cien�ficos e culturais precisam ser luga-res de inclusão, pois o nosso Brasil ain-da é marcado pelas desigualdades re-gionais. As contradições estão no dia a dia da população que há pouco tempo começou a ter acesso a bens culturais considerados insuficientes. Visitar mu-seus de ciência tem de ser algo simples e deve fazer parte da cultura do brasi-leiro, assim como o carnaval e o futebol. No carnaval reina a alegria, no futebol, a emoção. E na ciência? Será que com a ciência tem de ser diferente?

Como o senhor avalia as polí�cas públicas atuais voltadas aos centros e museus de ciência e quais são as pers-pec�vas futuras?

O inves�mento vem aumentando,

mas é insuficiente. A maioria dos cen-tros e museus de ciência é vinculada às universidades. No futuro, os es-paços podem também colaborar na formação con�nuada de professores, na tenta�va de melhorar a educação cien�fica. Nesse sen�do, polí�cas pú-blicas voltadas à implementação de mais espaços de qualidade para ten-tar mudar esse quadro são essenciais.

Fale de suas impressões sobre o Museu Dica e das possíveis parce-rias.

O Museu Dica é a vanguarda na popularização da ciência na UFU e re-gião. Tem um papel fundamental para provocar e despertar nas pessoas o desejo de gostar, de forma simples, da ciência. O lema Diversão com Ciência e Arte já comunica diretamente com o público. Entretanto, é necessário am-pliar esse diálogo e as parcerias com o município, que pode apoiar com transporte e bolsas para estudantes da graduação. O público escolar con�nua sendo a maioria dos frequentadores dos espaços cien�ficos e culturais. De fato, o ambiente �sico do Dica pode ser ampliado, uma vez que todos os municípios têm sempre um prédio va-zio e ocioso. É preciso ocupá-los com as ações que já existem.

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Museu Dica: diversão e conhecimento

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Adultos e crianças experimentam o Girotec, um dos equipamentos do Museu Dica, instalado no Campus Santa Mônica da UFU

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Espaço promove ações educa�vas e de divulgação cien�fica

Por Dalira Lúcia CarneiroENTREVISTA

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Dalira Lúcia Carneiro

Uma pesquisa nacional, realiza-da em 2010 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCTI), in�tulada “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil – 2010: o que o brasileiro pensa da C&T?”, revelou que 65% da população se interessam sobre temas de ciência, empatando com o interesse por es-porte. Enquanto isso, 83% dos entre-vistados ressaltaram a curiosidade por temá�cas relacionadas ao meio am-biente, e 81%, por assuntos referen-tes à Medicina. Entretanto, a enquete mostrou que a maioria das pessoas entrevistadas não frequenta espaços cien�ficos e culturais, como museus e centros de ciências. As jus�fica�vas apontadas por elas são a falta desses espaços na região onde moram e de

tempo para visitação.De acordo com a professora Silvia

Mar�ns, coordenadora do Museu Diversão com Ciência e Arte, do Ins�tuto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (Dica/Infis/UFU), ao longo dos anos, o país tem desenvolvido algumas ações como a adoção de polí�cas públicas de divul-gação cien�fica e o acréscimo de no-vos espaços dessa natureza. Mas ainda há uma carência de centros e museus de ciências que são fundamentais para a inclusão cien�fica e, consequente-mente, para a formação da cidadania. Aliada a essa carência, o Brasil assinala uma diminuição na busca pela carrei-ra cien�fica. “Temos assis�do a uma baixa procura por cursos de formação nas áreas de tecnologia e de ciências, como Física, Matemá�ca e Química”, observa.

Mar�ns salienta que esse cenário

tem despertado a preocupação de es-pecialistas em educação e de gestores de órgãos públicos sobre a necessida-de de incen�var e es�mular a popu-lação, principalmente as crianças e os jovens, para as ciências em geral, de maneira intera�va, lúdica e diver�da. “Essa é justamente a missão do Museu Dica que vem, desde 2005, promoven-do ações de popularização da ciência, com o intuito de contribuir com a me-lhoria do ensino de ciências e o es�mu-lo à cria�vidade, à curiosidade e à bus-ca pelo conhecimento”, diz Mar�ns. A ideia, segundo a professora, é de que a visita ao Museu crie uma expecta�va envolvente como um parque de diver-sões, proporcionando emoção, conhe-cimento e informação.

O Dica promove mostras, exposi-ções com visitas monitoradas e cursos de formação de professores do Ensino Fundamental e Médio, além de orga-

nizar grandes eventos como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Uberlândia, o Brincando e Aprendendo e a Feira Ciência Viva. Todas essas ações, segundo Mar�ns, contam com o apoio financeiro de projetos aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPq) e pela própria UFU, assim como o trabalho voluntário de estudantes dos cursos de Física e Jornalismo da UFU e de outros profissionais de ins�tuições parceiras na organização dos eventos. “Por outro lado, o Museu convive com dificuldades diárias, a exemplo da falta de espaços, de funcionários, de bolsas para monitores e, até mesmo, de infra-estrutura básica”, desabafa a docente, destacando a necessidade de o Museu ter um orçamento próprio.

Ciência e Arte no Parque da Gávea

Como fruto de parceria entre a UFU e a Prefeitura Municipal de Uberlândia (PMU), o Dica lan-çou, em junho de 2013, o proje-to Sistema Solar, financiado pela Fapemig. Como resultado, o Parque da Gávea, em Uberlândia, ganhou esculturas do Sol e dos planetas do Sistema Solar, que estão distribuí-das ao longo da pista de caminha-da. Os tamanhos dos planetas e a distância entre eles são proporcio-nais àquelas que se encontram no céu, permi�ndo a percepção das relações entre as escalas co�dianas e as astronômicas. “Unimos ciência e arte com o obje�vo de populari-zar a Astronomia”, diz Mar�ns.

As ações no Gávea não param por aí. Silvia conta que, no final de 2013, foi aprovado pelo CNPq, em edital específico para museus de ciências, o projeto Ciência e Arte no Parque, que promete ampliar as parcerias com a PMU. Com ele, pretende-se planejar e implemen-tar no Gávea um parque de ciên-cias intera�vo, transformando-o num espaço de divulgação cien-�fica. O projeto busca consolidar as a�vidades de Astronomia, com a implementação de um observa-

tório astronômico e de outras a�-vidades ligadas à trilha do Sistema Solar. Além disso, serão criadas tri-lhas temá�cas abordando átomos, moléculas, nanociência e nano-tecnologia na pista de caminhada. Silvia alega que a ideia é integrar as ações de educação ambiental às trilhas temá�cas. “Com esse projeto, o Museu Dica ampliará o alcance de suas ações. E para isso, contamos com o apoio da UFU e da PMU para resolver os proble-mas estruturais existentes e os que irão demandar. Assim, poderemos consolidar a existência do Museu Dica”, conclui.

Estudantes da rede municipal de ensino visitam instalações do Dica no Parque da Gávea. Nas fotos, as esculturas que representam o Sol, em forma de arco (acima), e o planeta Júpiter (à esquerda)

FOTOS: GILBERTO PEREIRA

“A trilha do Sistema Solar permite ao públi-co compreender as re-lações entre as escalas cotidianas e astronômi-cas. Nas novas trilhas, será possível perceber as escalas manométri-

cas”, explica Silvia.

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Priscila Diniz

Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Uberlândia, aconteceu o “Ciência

no Parque”, com o obje�vo de divul-gar os resultados da 18ª Feira Ciência Viva. O evento foi realizado no Parque Municipal da Gávea e contou com a presença de cerca de 400 pessoas, en-tre elas alunos, pais e professores dos Ensinos Fundamental, Médio e Técnico. Várias a�vidades fizeram parte da pro-gramação, como a exposição fotográfi-ca da SNCT – Uberlândia, a mostra do Museu Dica e a apresentação cultural do grupo Balaio de Chita.

Eduardo Kojy Takahashi, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordenador da Feira Ciência Viva, divulgou as classificações dos trabalhos desenvolvidos, premiando as equipes e os professores com me-dalhas e troféus. Além das premiações por grupos, foram entregues gra�fica-ções individuais para jovens cien�stas, orientadores dos projetos e escolas que se destacaram.

Segundo Neide Correia Neves, mãe da aluna Larissa Correia Leal, tais pro-jetos são essenciais. “Eles es�mulam a aprendizagem e o ensino. Com isso, pais, alunos e professores aprendem juntos, aprendem com si mesmos, aprendem brincando”, ressalta.

Ciência no ParquePremiação da Feira Ciência Viva, exposição do Museu Diversão com Ciência e Arte e a�vidades culturais fizeram parte do evento

REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

A Feira Ciência Viva 2013 apre-sentou, como tema central, “Água, molécula da vida”. A exposição dos trabalhos aconteceu nos dias 18 e 19 de outubro na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e contou com a par�cipação de escolas dos Ensinos Fundamental, Médio e Técnico.

Além da exposição, foi proposto um desafio aos estudantes. Assim sendo, as inscrições foram separa-das em quatro categorias: A, B, C e Desafio. A primeira foi des�nada aos alunos do Ensino Fundamental I (1º ao 6º ano); a categoria B, para os edu-candos do Ensino Fundamental II (7º ao 9º ano); e a C, para os discentes do Ensino Médio. Na categoria Desafio, os alunos �veram de apresentar um planejamento que reduzisse os im-pactos causados pela indústria su-croalcooleira nas imediações de um lago, considerando a ocupação crite-riosa do solo e o emprego de técnicas de conservação ambientais. No total, foram aprovados 41 trabalhos, sendo 33 para exposição dos projetos e oito que corresponderam ao desafio pro-posto.

Diante disso, o coordenador da Feira afirma que o foco da Ciência Viva está mudando a cada ano, com o intuito de promover maior intera-ção entre a universidade e a escola,

Feira Ciência Vivafazendo com que o professor não se posicione apenas como orientador dos alunos, mas que também tenha um ganho de conhecimentos ao de-senvolver o projeto. “Neste ano, os trabalhos estão com uma qualidade superior aos do ano passado, já que o evento foi divulgado nas escolas desde o início do ano e proporcionou mais tempo para a preparação das equipes”, observa.

As premiações dos trabalhos fo-ram distribuídas por categorias, nos quesitos Escola Destaque, Projeto, Pesquisa, Apresentação de Trabalho, Cien�sta Revelação Júnior, Jovem Cien�sta, Professor Orientador, Trabalho em Equipe, Stand e Solução Inovadora. Veja os ganhadores no quadro da página seguinte.

Na foto maior, apresentação ar�s�ca durante o Ciência no Parque. Nas fotos menores, momentos da 18ª Feira Ciência Viva, com os estandes dos alunos e seus trabalhos. À direita, o popular mascote da SNCT em Uberlândia (Zezinho), que teve o nome escolhido por votação pública.

FOTOS: GILBERTO PEREIRAFOTOS: GILBERTO PEREIRAFOTOS: GILBERTO PEREIRAFOTOS: GILBERTO PEREIRA

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O projeto “Água, a responsabi-lidade é de todos”, elaborado pela equipe do Colégio Ba�sta

Mineiro, conquistou o primeiro lugar na categoria Desafio, no quesito projeto da Feira Ciência Viva.

O professor de Química e orienta-dor do trabalho, Paulo Vitor Teodoro de Souza, destaca que a pesquisa teve iní-cio ao final do primeiro semestre le�vo, com a turma do 9º ano. Ele conta que o lago existente no colégio apresentava problemas no que diz respeito à oxige-nação da água, ao lixo nas redondezas, ao assoreamento, à matéria orgânica em excesso e ao alto índice de mortali-dade de peixes.

Para a execução do projeto, os alu-nos plantaram árvores para recompor a mata ciliar, cul�varam fru�feras, cons-truíram bancos de lazer, fizeram deco-rações ar�s�cas, limparam as redonde-zas e, na água, colocaram mais peixes. Como resultado, o lago foi revitalizado e, para isso, foram trabalhados não só os conhecimentos adquiridos nas aulas de Química, como também nas áreas de Biologia, Física, Matemá�ca, Artes e Geografia.

De acordo com o orientador do tra-balho, o projeto interdisciplinar, com aulas ao ar livre, proporcionou maior interesse e empenho dos alunos. Para a aluna Taynara Ba�sta Ferreira dos Santos, estudar Química fora da sala, cuidando da natureza, foi uma expe-riência relevante. “Aprendi coisas que

dentro da sala de aula seriam bem complexas de serem aprendidas. O que era di�cil ficou bem mais fácil na prá�-ca”, diz.

Para o professor Paulo Vitor, fo-ram abordados conceitos diversos. “Trabalharam-se indicadores ácido-base, substâncias inorgânicas (que são os ácidos, bases, sais e óxidos), oxige-nação da água, demanda química e bioquímica de oxigênio, matéria orgâ-nica no solo e na água, pH e �tulação”, pontua.

O projeto englobou, ainda, os as-pectos biológicos da natureza, a neces-sidade de se terem árvores fru�feras e animais no ambiente, e a importância da água. Em Geografia, os conceitos aplicados foram mata ciliar, assorea-mento, erosão e ciclo hidrológico.

A harmonização do ambiente foi desenvolvida nas aulas de Artes com a criação de quadros decora�vos, pintu-ras e bancos de lazer. Como foi preciso recompor a mata ciliar ao redor do lago, a turma u�lizou conceitos matemá�cos, demarcando alguns pontos principais para calcular a área do espaço.

Para Matheus Lopes de Sousa, a aprendizagem nas aulas de Física im-pulsionou a elaboração do projeto de uma roda d’água para ser instalada no lago. Nesse caso, foi preciso calcular a rotação da roda e a vazão da água ne-cessária para o funcionamento.

Além de todos esses conceitos estu-dados e aplicados em aulas prá�cas, os

alunos se atentaram à conscien�zação do meio ambiente, já que os cuidados com a natureza estavam presentes nas tarefas aplicadas nas aulas a todo momento. “A água é um bem de to-dos, e isso consta em ar�go de nossa Cons�tuição Federal. Precisamos res-peitá-la como patrimônio público e preservá-la como um bem social e es-sencial para a vida”, considera Augusto Gonçalves Ferreira, que recebeu a pre-miação Jovem Cien�sta.

Colégio Ba�sta Mineiro vence o desafio no quesito projeto

Na avaliação do professor Paulo Vitor, com o esforço de toda a turma do 9º ano, o lago do Colégio Ba�sta Mineiro ganhou vida e novos ares, sen-do apelidado pelos estudantes como “laguinho”. Além da revitalização do lago, a equipe apresentou fotos das au-

las de Química e trabalhos interdiscipli-nares que envolveram o projeto.

O aluno Daniel de Moraes salienta que o trabalho realizado foi uma nova forma de garan�r conhecimento, tor-nando as aulas de Química eficazes, principalmente quando se tratam de

questões técnicas e nomenclaturas cien�ficas. “Fomos vencedores na mo-dalidade Desafio porque vivenciamos o que foi proposto no problema da Lagoa Rodrigo de Freitas, e isso garan�u um aprendizado muito bom”, acrescenta.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

CATEGORIA “DESAFIO”

ESCOLA DESTAQUE

PROJETO

PESQUISA

SOLUÇÃO INOVADORA

APRESENTAÇÃO

Escola Municipal do Sobradinho

1º - Água: responsabilidade de todos

2º - Destrofiz

1º - Renê Desafio 2

2º - Fire Power

1º - Construindo Soluções

2º - Colaboradores do Futuro

Bazinga

CATEGORIA A - ENSINO FUNDAMENTAL I

ESCOLA DESTAQUE

PROJETO

PESQUISA

APRESENTAÇÃO

CIENTISTA

REVELAÇÃO MIRIM

Escola Municipal do Moreno

1º - Lobo Guará

1º - Tamamduá-Bandeira

1º - Tucano

Thiago Alves Borges Pereira

Isabella Mariana Fernandes Sousa

Stella Ferreira Pereira de Melo

Edna Teresinha dos Santos

CATEGORIA B - ENSINO FUNDAMENTAL II

ESCOLA DESTAQUE

PROJETO

PESQUISA

APRESENTAÇÃO

TRABALHO EM EQUIPE

Escola Municipal do Moreno

1º - Aquífero Guarani

2º - Planeta Azul

3º - GBW

1º - Tecnoágua

2º - Ciclo Vital

3º - Protetores da Água

1º - Os Chapéus de Palha

2º - Bioindicadores

1º - De Olho na Água

TRABALHO EM EQUIPE

ESTANDE

CIENTISTAS REVELAÇÃO

JÚNIOR

PROF./ORIENTADOR

2º - Equilíbrio

1º - Cerradão

2º - O seu Lixo é nosso Luxo

Thalita Santos Medeiros

Raíssa Cardoso da Silva

Ana Paula Dias Silva

Paulo Henrique de Sousa Mar�ns

Augusto Gonçalves Ferreira

Isabela Leles Marques

Silvana Aparecida Gonçalves da Mota

Augusto Gonçalves Ferreira

Flávio Antonio Mar�ns Souza

JOVEM CIENTISTA

PROF./ORIENTADOR

Vencedores do “Ciência Viva”

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REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

A 6ª edição da Semana da Física aconteceu de 29 a 31 de outubro. O evento, promovido pelo Ins�tuto de Física da UFU (Infis/UFU), tem o intuito de divulgar a Física, popularizando os conhecimentos cien�ficos produzidos nos centros de pesquisa. A programa-ção contou com palestras, minicursos e apresentações de trabalhos de estu-dantes de graduação e pós-graduação, além da presença de pesquisadores das áreas de Física, Física Médica e Ensino de Física de diversas ins�tuições do Brasil, a exemplo da pesquisadora Maria do Socorro Nogueira, do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), que tratou sobre a “Avaliação da Qualidade e Requisitos de Proteção Radiológica em Mamografia”; da professora Cibelle Celes�no Silva, da Universidade de São Paulo (USP) – Campus São Carlos, que abordou o tema “Por que Inovar o Ensino de Física é tão Di�cil?”; do professor Gastão Inácio Krein, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), que falou sobre a cromodi-nâmica quân�ca (QCD); e do professor Amir Ordacgi Caldeira, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), que ressaltou questões básicas relaciona-das aos efeitos quân�cos macroscópi-cos, mostrando onde encontrá-los e o mo�vo de estudá-los.

Estudantes do IFTM Campus Avançado Uberlândia – Centro par�ci-param da 1ª Feira de Novos Produtos e Processos, no dia 17 de outubro. A exposição foi organizada nos períodos da manhã e da noite com apoio da JúniorTec, empresa júnior do Campus. Foram apresentados 10 trabalhos, distribuídos em duas categorias: es-tudantes dos cursos de licenciatura em Computação e de Sistemas para Internet.

A premiação dos melhores traba-lhos foi oferecida pela Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação do IFTM. O pri-meiro colocado na categoria Produto foi o aplica�vo para disposi�vos mó-veis IF Mobile, desenvolvido por José Coelho Silva Neto, do curso de Sistemas para Internet. Na categoria Processo, as estudantes de licenciatura em Computação, Ana Paula Silveira Silva, Graziele de Oliveira e Íris Aparecida de Oliveira Silva, conquistaram o primeiro lugar com o projeto de livro infan�l, para aprendizagem em inglês, in�tula-do Crianças felizes.

A Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia (Facip/UFU) promoveu, nos dias 29 e 30 de outubro de 2013, a 3ª Mostra de Ciência e Tecnologia de Ituiutaba (3ª MOCTI). O evento, coordenado pelo professor Adevailton Bernardo dos

III Mostra de Ciência e Tecnologia de Ituiutaba

Santos, obje�va criar um espaço pe-dagógico para promover a Iniciação Cien�fica aos estudantes das escolas básicas, incen�vando a cria�vidade e a reflexão nas diferentes áreas das ciências.

Dentre as a�vidades, houve ex-posição e divulgação de trabalhos e projetos de pesquisa e de desen-volvimento tecnológico, elaborados por estudantes de escolas públicas e par�culares de Ituiutaba e região. A foto registra a premiação dos es-tudantes do Ensino Fundamental, da Escola Estadual Coronel Tonico Franco, que se destacaram na área de Ciências Biológicas, com a apresentação dos trabalhos “Bioindicadores de poluição no en-torno da escola” e “Conservação de órgãos de animais para fins didá�-cos”. Os cer�ficados de premiação foram entregues pelo diretor da Facip, Armindo Quilicci Ne�o, e pela pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudan�s (Proex), Dalva Maria de Oliveira Silva.

Semana do Livro e da Biblioteca no IFTM Campus Avançado Uberlândia

De 22 a 25 de outubro aconteceu a 1ª Semana do Livro e da Biblioteca, no IFTM Campus Avançado Uberlândia, com o tema “Leitura, arte e conheci-mento como prá�ca para o desenvol-vimento de uma consciência reflexiva e sensível do mundo e de si mesmo”.

Organizada pela bibliotecária Heliese Fabrícia Pereira, a Semana obje�vou o desenvolvimento de a�vidades que propiciaram a integração do usuário à

Livro, Leitura e Bibliotecabiblioteca, bem como a promoção de momentos de reflexão. Outra proposta foi disseminar a informação por meio de a�vidades alusivas às comemora-ções dos Dias do Livro, da Leitura, da Literatura e da Biblioteca. Esse foi um convite para os alunos pensarem sobre como as a�vidades culturais e educa�-vas podem influenciar o olhar reflexivo e crí�co, favorecendo o processo de en-sino e aprendizagem.

Novos Produtos e Processos

A Feira de Novos Produtos e Processos aconteceu no IFTM - Campus Avançado Uberlândia

VI Semana da Física mobiliza estudantes

Estudantes premiados pelo trabalho cien�fico em Ciências Biológicas

Semana da Física reuniu mostras, palestras, minicursos e apresentações de trabalhos estudan�s

PANORAMA DA SNCT

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A edição 2013 do Brincando e Aprendendo aconteceu em dois dias da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), envolvendo cerca de 800 estudantes da cidade e região. Eles par�ciparam de a�-vidades lúdicas e intera�vas rela-cionadas à ciência em geral, entre elas “Experimentos em Química: a Química no co�diano”, “Brincando e aprendendo com jogos matemá-�cos”, “Brincando com a Física”, “Educação em saúde”, “Esporte e saúde”, “Saliva, estresse e exercí-cio”, “Aprendendo com os sen�dos” e “Baile das fadas”.

Es�mulando os sen�dos

A�vidades do Curso de Ciências Biológicas despertaram a curiosidade dos jovens

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Michelle Júnia Soares

O projeto “Aprendendo com os sen�dos”, desenvolvido pelo Curso de Ciências Biológicas

da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi uma das atrações durante o Brincando e Aprendendo. O projeto, que visa ampliar a formação profissio-nal dos futuros biólogos, despertou a curiosidade e es�mulou os sen�dos de crianças e jovens presentes no evento.

Uma das brincadeiras apresentadas foi a “Mesa de sensações”, em que os estudantes foram convidados a tocar peles de diferentes animais. Segundo a orientadora do projeto, professora Renata Carmo de Oliveira, a a�vidade combina o conhecimento teórico e prá�co. “Essa mesa traz texturas como reves�mentos de aves, mamíferos e répteis para que as pessoas possam associar o que estão percebendo (ou vendo) com aquilo que já conhecem ou têm na memória”, diz. Além disso, eles

�veram a oportunidade de conhecer o ciclo de vida de crustáceos, observar diversos �pos de frutos e experimen-tar técnicas de preparação de materiais para microscopia.

Outra a�vidade aplicada foi o exer-cício “Não veja e toque”. Nele, as crian-ças vendaram os olhos e, por meio de cubos mul�facetados com aberturas laterais, �veram acesso a objetos co�-dianos, como frutos secos, buchas ve-getais e sinté�cas, conchas e peles de animais. Segundo Oliveira, a ideia foi causar a sensação de surpresa. “Você deve vendar os olhos e colocar a mão dentro de uma caixa que você não sabe o que tem dentro. Ins�gam-se, então, o medo e a curiosidade em um público muito eclé�co”, observa Oliveira, enfa-�zando a importância de se resgatar a curiosidade inerente ao ser humano.

A ideia de estudar recursos didá�-cos que es�mulam os sen�dos surgiu há dois anos e meio, quando os alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas se interessaram em traba-

lhar com pessoas de baixa visão ou cegueira completa. De acordo com Oliveira, o projeto obteve um resulta-do melhor que o esperado, pois con-tou com o envolvimento de crianças, jovens e professores com o sen�do da visão prejudicado, tornando possível agregar qualidade e ampliar o potencial dos exercícios. “Preparamos o mate-rial para uma pessoa de baixa visão ou cega. Com isso, passamos a es�mular todas as pessoas”, comenta.

Para quem elabora, planeja e execu-ta as a�vidades, essa é uma forma de ampliação na formação profissional, já que o aluno procura conteúdo que está além da sala de aula. “Ele será um

“Preparamos o material para uma pessoa de baixa visão ou cega. Com isso, passamos a estimular todas

as pessoas” – Profa. Renata Carmo de Oliveira

professor que tem outro olhar sobre o aprendizado; ele extrapola, sai daquilo que estamos ensinando em sala e pro-

põe, fazendo com que seja um profes-sor, pesquisador e biólogo diferencia-do”, defende Oliveira.

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REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

SNCT tem espaço garan�do na Escola Municipal Professor Ladário Teixeira

“Foi um grande aprendizado, porque cada um apresentou um tópico diferente.

Então, aprendemos com o trabalho dos outros e

com o nosso, sem contar que foi uma experiência a mais para nós” – Mateus Pereira, aluno da Escola

Municipal Professor Ladário Teixeira

“O aluno aprende muito mais tendo contato

com o que está sendo aprendido, do que só ouvindo” – Bernadete

da Penha Silva, coordenadora do projeto

Saúde, a�vidade �sica, esporte e educação são temas de exposição

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Kênia Leal

Os alunos da Escola Municipal Boa Vista reali-zaram, durante a Semana

Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Uberlândia, a primeira exposição de Educação Física in�-tulada “Próxima Jogada: Futuro”. Resultado dos trabalhos desen-volvidos nas aulas de Educação Física durante o ano le�vo, o evento envolveu os alunos do 2° ao 5° ano e abordou temas como saúde, a�vidade �sica, esporte e educação.

De acordo com a professora de Educação Física Ana Paula Aguiar de Mello, cada turma abordou um determinado tema e dentro dele foram sendo desenvolvidas diversas a�vidades, a exemplo da confecção de cartazes e painéis, das apresentações e das ginca-nas. Os professores registraram e fotografaram os trabalhos para serem expostos à comunidade e aos pais durante a SNCT.

A exposição teve como princi-pal obje�vo promover a interação dos conhecimentos abordados em sala de aula. Ana Paula acre-dita que um dos pontos relevan-tes no trabalho desenvolvido foi a quebra do estereó�po de que a aula de Educação Física é somen-te exercício �sico. “Foi importan-te para mostrar aos pais que essa disciplina também é produção de conhecimento”, ressalta.

Para o estudante Vinícius Ferreira Alves, do 5º ano, o aspecto mais interessante da exposição foi a aprendizagem sobre saúde, en-quanto se diver�a com as a�vida-des da gincana espor�va. Debora Bringsken

Os estudantes da Escola Municipal Professor Ladário Teixeira par�ciparam de a�vi-

dades durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Uberlândia, as quais abordaram os temas “Os órgãos dos sen�dos”, “Dengue” e “A boa u�li-zação da água”, e, ainda, aspectos so-ciais, como “Psicologia da imagem” e “Gravidez na adolescência”. Além dos trabalhos apresentados, os alunos brin-caram em dinâmicas e jogos, a exem-plo do Tabuleiro Humano e do Jogo da Cadeira, que aconteceram sob a inspe-ção dos professores do colégio e de mo-nitores que fazem parte do Programa Ins�tucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).

O evento ocorreu na manhã do dia 1º de novembro e foi coordenado pela professora Bernadete da Penha Silva, que se mostrou sa�sfeita com o resul-tado, tanto para os educandos quanto para a escola. “A correspondência dos alunos está sendo excelente. Esse pro-jeto é tão bom que deveria acontecer mais vezes”, afirma Silva.

Os alunos Mateus Pereira, San�ago Soares e Pedro Antônio Magalhães, que conquistaram o primeiro lugar na Feira Ciência Viva com a apresentação do trabalho “Captação da água da chu-va e reu�lização da água”, contam que adquiriram bastante conhecimento ao pesquisar sobre o assunto. “Foi um grande aprendizado, porque cada um apresentou um tópico diferente. Então,

aprendemos com o trabalho dos ou-tros e com o nosso, sem contar que foi uma experiência a mais para nós”, diz Mateus. O outro integrante do grupo, Pedro Antônio, acrescenta que o con-tato com o tema específico lhes trouxe conhecimento sobre muitos aspectos que ainda não sabiam. “Por exemplo, podemos reu�lizar a água, sendo que existem vários métodos para que isso seja feito”, comenta Pedro.

De acordo com a professora Bernadete, o projeto tem grande im-portância para os estudantes, pois é uma maneira de diferenciar o méto-do de ensino e aprendizagem, fazen-do com que eles saiam da sala de aula e adquiram novas informações com a prá�ca. “Acredito muito no método de aulas em espaços não formais. O aluno aprende muito mais tendo contato com o que está sendo aprendido, do que só ouvindo”, garante. A docente destaca que nessa metodologia também existe cobrança de conteúdo. “Não deixamos a coisa solta. Sempre pedimos um rela-tório, uma discussão sobre o assunto ou uma roda de conversa para verificarmos o que eles aprenderam em relação à a�-vidade que foi desenvolvida”, conclui.

“Foi muito bom participar desse

projeto, pois percebemos que a Educação Física é

mais do que praticar esporte”, conta Vinícius Alves

Enquanto isso, o aluno Luidy da Costa Gomes, do 4º ano, diz que pôde entrar em contato com coisas diferentes. “Gostei de par�cipar porque aprendi a desenhar com a técnica dégradé e, depois, os meus desenhos foram expostos para todo mundo, o que foi muito legal”, com-pleta.

A professora conta que, como as crianças sabiam que o trabalho iria ser divulgado para outras pessoas, elas se sen�ram mais mo�vadas para par�cipar de outras a�vida-des. “É muito gra�ficante perceber que, quando viram o resultado da exposição, eles ficaram sa�sfeitos. Agora, os alunos querem produzir ainda mais”, destaca.

Alunos do Ensino Fundamental par�cipam de diferentes oportunidades de aprendizado cien�fico durante a SNCT

Com conteúdo bastante diversificado, a SNCT na escola contou com trabalhos e apresentações de alunos dos diferentes períodos e dos professores

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Química no co�dianoVerônica Jellifes

O Ins�tuto de Química (IQ) da UFU promoveu, durante o Brincando e Aprendendo, o evento

“Experimentos em Química: a Química no co�diano”. O obje�vo foi mostrar aos alunos de que forma a Química está presente em diversas situações do dia a dia e expandir o conhecimento nessa área para além do que é ensinado nas escolas. “Na verdade, a Química por vezes ensinada na Educação Básica não consegue relacionar pequenas ações, a�vidades e a�tudes presentes em casa e na sociedade”, avalia o profes-sor Deivid Marques, do IQ/UFU. O do-cente ressalta, ainda, que as a�vidades exerceram outro papel importante para os alunos: a mo�vação. “Ainda que de forma simples, o evento foi capaz de mo�var os estudantes a gostarem de Química e a compreenderem alguns fe-nômenos presentes em seu dia a dia”, diz.

Na programação, foram desenvol-vidas três a�vidades, além de uma re-

produção de pinturas renascen�stas. A primeira delas, “Diferenciando os plás-�cos”, propôs analisar o comportamen-to de três diferentes materiais de plás�-co em água pura e água com diferentes quan�dades de cloreto de sódio (sal de cozinha), mostrando a maneira certa de separar esses materiais. “Pretendeu-se mostrar a existência de diversos �pos de plás�co, por meio das diferenças de densidade, assim como separá-los de modo correto para reciclagem”, conta Marques.

A segunda a�vidade, chamada “O ex�ntor de incêndio”, destacou o fun-cionamento desse instrumento. Por meio de aparatos laboratoriais, foi de-monstrada a liberação de gás carbônico na reação entre vinagre (ácido acé�co) e bicarbonato de sódio. Elaborou-se, também, um banner explica�vo sobre o uso e a finalidade dos diferentes �pos de ex�ntores existentes.

O tema “Tratamento da água” foi outro destaque do evento. A ideia foi explicar uma das etapas da Estação de Tratamento de Água (ETE) que u�liza produtos químicos para a purificação

da água, mostrando como as sementes trituradas de moringa, que foram em-pregadas na a�vidade, desempenham função semelhante. Para essa demons-tração, foram usadas três garrafas con-tendo água com terra, água com hidró-xido de alumínio (u�lizado em estações de tratamento) e água com sementes trituradas de moringa, respec�vamen-te. Já a mostra de pinturas renascen-�stas discu�u algumas proposições da alquimia que influenciaram, inclusive, a arte.

“Ainda que de forma simples, o evento

foi capaz de motivar os estudantes a

gostarem de Química e a compreenderem alguns fenômenos

presentes em seu dia a dia” – Deivid Marques, professor do IQ/UFU

A�vidades do Curso de Ciências Biológicas despertaram a curiosidade dos jovens

Exercício �sico, saúde e nutrição

Evento conscien�zou sobre a importância da alimentação correta e da prá�ca de a�vidades �sicas

Michelle Júnia Soares

Durante o Brincando e Aprendendo, os alunos do Laboratório de Bioquímica e

Biologia Molecular da Universidade Federal de Uberlândia (LBBM/UFU) realizaram diversas a�vidades, mostrando algumas pesquisas desenvolvidas dentro do laboratório, com a finalidade de es�mular o interesse pela Bioquímica e conscien�zar crianças e jovens sobre a importância da alimentação correta e da prá�ca de a�vidades �sicas. A programação contou com a avaliação �sica do estado nutricional por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), circunferência abdominal e espessura da gordura entre a pele; a coleta de saliva antes e após um teste de exercício �sico; e o Jornal Nutricional.

A saliva do público par�cipante foi coletada de duas maneiras: centrifugada e filtrada. O mesmo processo foi realizado antes e após o teste �sico, que consis�a em completar um circuito com obstáculos na pista, em ritmo crescente. Após a aplicação de um reagente sobre a saliva colhida, foi possível perceber a mudança de

cor devido ao aumento de proteínas depois do exercício. Por meio dessa análise, é possível verificar o nível de cansaço do atleta. “Fizemos um teste de submáximo por serem crianças. O que geralmente analisamos no LBBM é a saliva de atletas que fizeram um teste de esforço máximo, até a exaustão, na bike ou na piscina”, explica a doutoranda em Gené�ca e Bioquímica, Olga Lucia Bocanegra.

Segundo a estudante de Ciências Biológicas, Camila Manzan, o fato de os visitantes terem par�cipado das análises e presenciado a mudança de cor do experimento fez com que eles se interessassem bastante pela área. “Explicamos toda a teoria, como funciona, e levamos a minicentrífuga para centrifugar na hora. Foi bem interessante”, conta. Ela enfa�za ainda sobre a necessidade de uma linguagem acessível ao público leigo. “Houve uma adaptação da linguagem, pois �nhamos que falar de um jeito mais simples, sem deixar de explicar o que precisava”, comenta Manzan.

Outra a�vidade desenvolvida pelo Laboratório foi a apresentação do Jornal Nutricional, elaborado por Zulmária Freitas mestranda em Gené�ca e Bioquímica. Trata-se de

um telejornal informa�vo com dicas de nutrição de forma diver�da, com piadas inteligentes que buscam contextualizar o cenário atual, até mesmo polí�co, segundo o doutorando em Gené�ca e Bioquímica, Marcelo Costa Júnior. “Tentamos abordar a questão da obesidade, que tem crescido dras�camente entre crianças e jovens e que desencadeia outras doenças crônicas degenera�vas. Dentro do jornal, demos dicas para as pessoas aplicarem na prá�ca, terem uma alimentação melhor, mais balanceada, sempre tentando empregar o vocabulário delas, como ‘o prato tem que ser mais colorido’ [referindo-se à quan�dade de alimentos diversificados que devem estar presentes na alimentação]”, complementa.

Nicolly Carneiro, estudante do segundo ano do Ensino Médio, diz que gostou muito da Semana, das palestras e da universidade como um todo. Afirma também ter aprendido bastante sobre alimentação saudável com o Jornal Nutricional. “O conteúdo foi muito bem passado e me ajudou a entender a importância de comer bem e ter uma dieta balanceada”, avalia.

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REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

Michelle Júnia Soares

O Projeto Talentos Matemá�cos (PTM), que tem o intuito de desmi�ficar a dificuldade das

áreas do conhecimento relaciona-das às Ciências Exatas e atrair alunos para os cursos ligados à Tecnologia da Informação (TI), promoveu dinâ-micas que despertaram o interesse dos jovens durante o Brincando e Aprendendo. Dentre as a�vidades, foi realizada uma gincana com três pro-vas que trabalharam raciocínio lógico e conceitos básicos da Computação, de forma descontraída.

Tal Projeto faz parte do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação (i9Nagi), que foi criado por um comitê estra-tégico composto por empresários e pesquisadores da área de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) de Uberlândia, denominado Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CE-TIC). Com o obje�vo de encontrar

os professores têm em mãos e que pode ser u�lizada em todas as disci-plinas na escola. “Essa geração gosta de computador e celular; é nossa re-alidade. Se conseguirmos unir as duas coisas, há uma maneira de fazê-los es-tudar sem que eles percebam”, obser-va. A estudante Sarah Borges, aluna do segundo ano do Ensino Médio, diz ter adorado brincar com os números. “A a�vidade fez todo mundo raciocinar, pois �nha que pensar muito rápido para tentar ganhar do outro grupo. Achei interessante porque eu não sa-bia nada sobre o sistema do computa-dor; é algo que a gente não aprende na escola”, explica.

De acordo com Lopes, é importante que os alunos se vejam como capazes de produzir algo que às vezes parece distante. “Eles veem que também po-dem fazer alguma coisa, programar, mandar no computador. Isso dá para eles um senso de capacidade e melho-ra a autoes�ma”, defende.

O projeto i9Nagi, financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), teve início em 2013, com o apoio da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPq). Lopes salienta que a ideia do projeto surgiu durante reuniões entre empresas do setor de TI que buscavam meios de

Buscando talentos para a tecnologia

“Eles veem que também podem fazer alguma

coisa, programar, man-dar no computador”

– Ewellyne Suely de Lima Lopes, consultora do

projeto i9Nagi e uma das responsáveis pelo PTM

O Projeto Talentos Matemá�cos realizou gincana com três provas

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estratégias conjuntas para o desenvol-vimento sustentável da área, a equipe tem trabalhado com estudantes de es-colas públicas de Uberlândia.

Com a proposta, crianças e jovens, u�lizando a linguagem de programa-ção Scratch, desenvolvem, de forma diver�da, diversos jogos, animações, clipes, entre outros. “A linguagem

Scratch é lúdica, intui�va, parece um jogo de Lego. Você consegue progra-mar sem ter que fazer um monte de códigos di�ceis”, explica a psicóloga Ewellyne Suely de Lima Lopes, consul-tora do projeto i9Nagi e uma das res-ponsáveis pelo PTM.

Diante disso, Lopes ressalta que o Scratch é uma ferramenta prá�ca que

O evento também contribuiu para mostrar aos jovens a realidade da faculdade

fomentar a inovação e o empreende-dorismo, momento em que empre-sários e professores discu�am sobre a crescente falta de mão de obra no mercado de TI em Uberlândia. “Como resolver? Na base. Precisamos pensar não só em quem sai da universidade, mas em quem entra. Tem havido uma procura menor pelos cursos das áreas de tecnologia”, comenta Lopes, escla-recendo que diante dessa necessidade surgiu a ideia de buscar, nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, alunos que possam se interessar por esse campo do conhecimento.

Lopes expõe que a intenção é atrair os jovens para a faculdade, aproximan-do-os dessa realidade. “Principalmente para algumas escolas da periferia, a universidade ainda é algo distante. Queremos mostrar para eles que pode ser um caminho legal, mesmo que ainda não tenham pensado nisso. A universidade está lá, ela existe, e eles podem chegar lá”, afirma Lopes.

Kelly Mar�ns, aluna do segundo ano do Ensino Médio, conta que se in-teressou bastante pelas a�vidades da Semana e pela universidade em si, e apesar de não ter afinidade pelas tec-nologias, gostou muito do exercício de computação. “A gente se diver�u, pen-sou muito e aprendeu como o compu-tador funciona. Foi muito interessante”, conta.

Foram u�lizadas tecnologias apreciadas pelos jovens, como celular e computador

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SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - SNCTAno: 2013 - Uberlândia/MG

Comissão organizadora

Coordenação geralSilvia Mar�ns

Silvia Mar�ns | Ins�tuto de Física / Museu DicaEduardo Kojy Takahashi | Ins�tuto de Física / Museu DicaWellington de Oliveira Cruz | Ins�tuto de Química / Museu DicaFabio Augusto do Amaral | Ins�tuto de QuímicaSheila Cris�na Canobre | Ins�tuto de QuímicaDeivid Marcio Marques | Ins�tuto de Química / Museu DicaDalira Lúcia C. Maradei Carneiro | Ins�tuto de Física / Museu DicaLiliane Ribeiro da Silva | Secretaria Municipal de Educação / CemepeMarlei José de Souza Dias | Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - Campus Avançado UberlândiaHeliese Fabricia Pereira | Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - Campus Avançado UberlândiaPedro Alves Mar�ns | Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - Campus Avançado UberlândiaFernando Caixeta Lisboa | Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - Campus Avançado UberlândiaRosiane Magalhães | Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - Campus Avançado Uberlândia

Equipe de apoio

Daízi de Freitas | Secretária geralIvair Ribeiro Gonzaga | Auxiliar de projetosAdilmar Coelho | Analista de sistemasRafael Abrahão de Sousa | Analista de conteúdo web e revisorGilberto Pereira - UFU | Fotógrafo e assessor técnicoNatália Oliveira | DiagramadoraMaísa Tardivo | Programadora visual

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Coordenação nacional:

Realização do evento em Uberlândia (2013):

Apoio:

Parceria: