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1 O Cidadão 3 Maré sofre com a ausência de segurança 4 Aprovação automática é a saída? 16 Pré-natal livra de doenças e da morte RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº58 • OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2008 Retratos do Brasil Uma das maiores economias do mundo, sofre com sérios problemas habitacionais 20 Jiu-Jitsu para crianças

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1O Cidadão

3 Maré sofre com a ausência de segurança 4 Aprovação

automática é a saída? 16 Pré-natal livra

de doenças e da morte

RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº58 • OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2008

Retratos do BrasilUma das maiores economias

do mundo, sofre com sérios problemas habitacionais

20 Jiu-Jitsu para crianças

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2 O CidadãoEDITORIAL

A ausência de políticas públicas

Nesta edição, com muita dor e revol-ta, falaremos mais uma vez sobre a falta de políticas públicas de segu-

rança do Estado do Rio de Janeiro, desta vez relatando a morte de mais um inocente, Ma-theus Rodrigues, de 8 anos, que perdeu sua vida na porta de casa com um tiro na nuca dado por policiais militares, na Maré.

A matéria principal aborda o crescimen-to das ocupações na Maré, não deixando de citar a comunidade de Mandacaru, que há dois anos foi ameaçada de remoção pela Prefeitura. E onde moradores, assim como em muitas outras ocupações, sobrevivem em meio a lixos, insetos e esgoto, tudo isso devi-do à falta de políticas públicas habitacionais.

Moradores indignados com tamanho des-

caso reclamam da situação, culpam o Estado por não os atenderem, por não solucionarem os problemas enfrentados por cada um deles. Já que moradia, saúde, educação, trabalho, entre outras coisas básicas para a sobrevivên-cia de cada cidadão, é direito nosso.

Além disso, falaremos sobre as reuniões realizadas do grupo Alcoólicos Anônimos, sobre um projeto de jiu jitsu, feito especial-mente para atender crianças da própria co-munidade. Ou seja, o jornal está recheado de assuntos atraentes, polêmicos, voltado para você mareense, por isso, você não pode per-der. Leia, pense sobre cada assunto e discuta cada um deles!!

Por Gizele Martins

ELES LÊEM O CIDADÃO

Acima Mc Leonardo, morador da Rocinha, e autor do rap das armas, à esquerda, Deyvid Ferreira, de 18 anos, morador da Vila do Pinheiro

SILVANA SÁ

O CIDADÃO é uma publica-ção do CEASM - Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré • Endereço: Praça dos Caetés, 7 - Morro do Timbau • Telefone: 2561-4604 • Site: www.ceasm.org.br • Casa de Cultura da Maré: 3868-6748

Direção: Antonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro • Maristela Klem • Lourenço Cezar

Coordenadora de Comunicação: Carla BaienseEditora: Gizele Martins

Revisão: Audrey BarbalhoAdministração: Fabiana GomesReportagem: Cristiane Barbalho

Gizele Martins • Renata Souza • Julie Alves Silvana Sá • Douglas Baptista

Repórter Fotográfi co: Renato RosaJornalista Responsável e Coordenação:

Renata Souza (Mtb. 29150/RJ)Ilustrações: Jhenri

Contato Comercial: Elisiane AlcântaraProjeto Gráfi co: José Carlos Bezerra

Diagramação e Editoração Eletrônica: Fabiana Gomes e José Carlos Bezerra

Criação do Logotipo: Rosinaldo LourençoFoto de Capa: Renato Rosa

Distribuição: Alexandre Araújo • Ana Carla Almeida • Charles Alves • Elisiane AlcântaraJoelson Bandeira • José Diego dos SantosJosé Henrique Gomes • Raimunda Canuto

Impressão: EdiouroTiragem: 20 mil exemplaresTelefone: (21) 3868-4007

Correio eletrônico: [email protected]

RENATO ROSA

Rua Nova Jerusalém, 345Bonsucesso

Tel:3882-8200Fax:2280-2432

A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da

Apoio:

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ARTIGO

Maré em lutoMais uma criança é vítima do des-

caso da Política Pública de Segu-rança do Estado do Rio de Janei-

ro, do abandono, do medo e da injustiça. No dia 4 de dezembro, Matheus Rodrigues, de 8 anos, não teve aula no Ciep Samora Mar-chel e voltou para casa, na Baixa do Sapa-teiro, mais cedo. Ao chegar, seu tio Ulisses lhe pediu para comprar o pão. Deu-lhe um real em moeda. Ao abrir o portão, a criança foi executada com um tiro de fuzil na nuca, que saiu pelo rosto com parte de sua den-tição.

Infelizmente, essas duras histórias não param de se repetir em favelas do Rio de Ja-neiro. A Política Pública de (In)Segurança do Rio de Janeiro é uma política de exter-mínio do favelado que ceifa a vida de quem está pela frente, ou, no caso, de costas. Po-lítica que deveria, por princípio, resguardar a vida. Entretanto, o que se vê são policiais explicando e justifi cando o inexplicável e o injustifi cável. Trata-se de um sistema que não leva em consideração a cidadania e nem o direito humano à vida.

A moeda de um real no centro da pe-quena mão entreaberta de Matheus era um sinal de que o tiro que o atingiu o matou na hora. A polícia disse que no momento havia confronto entre facções rivais. Todas as tes-temunhas afi rmam que ouviram um único disparo. Que mãe permitiria que seu fi lho fosse comprar pão em meio a um tiroteio?

A família prestou depoimento na 21ª DP, em Benfi ca, mas o delegado adjunto, Jorge Maranhão, disse que só poderia apreender

as armas para averigua-ção, já que não havia tes-temunhas que pudessem reconhecer os policiais. Os moradores que viram a ação não querem depor por medo de retaliações. A organização de di-reitos humanos Projeto Legal se responsabilizou em assessorar a família juridicamente e psicolo-gicamente.

Mais casosNão por acaso, essa fatalidade remete

a outros casos de crianças que foram al-vejadas em condições muito semelhantes à morte de Matheus. Claro que estaremos cometendo injustiça em não citar outras vítimas, mas as que serão citadas a seguir foram assassinadas brutalmente em menos de 15 dias do ano de 2006. São elas: Renan da Costa Ribeiro, 3 anos, morto dia primei-ro de outubro de 2006, com um tiro de fuzil na barriga, na Nova Holanda, Complexo da Maré. Lohan de Souza Santos, 9 anos, mor-to por uma bala de fuzil na cabeça no dia 16 de setembro de 2006, no Morro do Borel. Guilherme Custódio Morais, 8 anos, morto dia 20 de setembro de 2006, por bala perdi-da na Favela do Guarabu, na Ilha do Gover-nador. Paulo Vinícius de Oliveira Chaves, 7 anos, morto atropelado por uma viatura da Polícia Militar, dia 20 de setembro de 2006,

em Vigário Geral. Moisés Alves Tinim, 16 anos, morto dia dois de outubro de 2006, com um tiro de fuzil, no Morro da Esperan-ça, Complexo do Alemão.

Maré de lutoObviamente os mareenses sentiram na

pele a dor da perda de mais uma de suas crias. Na última homenagem prestada a Matheus e Renan no Cemitério do Caju, cartazes com as inscrições: “Paz”; “Mais uma de nossas crianças foi assassinada”; “Até quando?”, acompanharam o cortejo. Nesse momento, importantes organizações da Maré se unem para gritar por justiça.

O CIDADÃO, como o jornal e a voz da Maré, sente-se na obrigação de convocar todos os mareenses a estarem juntos na luta contra a política pública de (in) segurança do

Estado, que extermina a classe trabalhadora, que criminaliza o po-bre, o negro, o favela-do. Não podemos dei-xar mais mães como Graciele Rodrigues (mãe do Matheus) e Roberta Costa (mãe do Renan) chorar em nosso colo. Apoiamos a luta dessas guerrei-ras e clamamos por JUSTIÇA.

O CIDADÃO

33O Cidadão

Moradores protestam durante o enterro de Matheus Rodrigues, cemitério do Caju

RATÃO DINIZ

Paz, justiça e direito à vida, foi o que moradores e familiares de Matheus pediram em caminhada pela comunidade da Maré no dia do enterro

ROSINALDO LOURENÇO

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4 O Cidadão

A aprovação automática foi um dos grandes temas discutidos em educa-ção nos últimos dois anos. A medi-

da foi implantada pela Secretaria Municipal de Educação (SME), através da Resolução 946. Depois de muitas divergências entre a Prefeitura e o Sindicato Estadual dos Profi s-sionais do Ensino Público (Sepe), o Prefei-to César Maia editou o Decreto nº 28.878, de 17 de dezembro de 2007, que de acordo com o Sepe signifi ca a reedição do conteú-do da Resolução 959. Esta resolução, que se-gundo a Prefeitura visa acabar com a repe-tência na rede de ensino, retira o conceito I (Insufi ciente) dos boletins, que reprovava os alunos e inclui o conceito RR (Registra Re-comendações). Com isso, o estudante que tiver o conceito RR terá que in-tensifi car a recuperação para-lela com novas e diferencia-das atividades.

A diretora do Sepe, Wí-ria Alcântara, caracteriza esta medida como um geno-cídio intelectual. “É necessá-rio deixar claro que o Sepe, as-sim como a maioria dos pro-fi ssionais de educação, não defende a pedagogia da re-provação, mas a aprovação automática, tal qual está im-plementada, torna-se um ge-nocídio intelectual. Uma vez que as escolas não têm profes-sores sufi cientes para adminis-

trar a recuperação paralela, que seria funda-mental para o aluno acompanhar o ritmo da turma. Infelizmente, a proposta de recupera-ção paralela é uma farsa, não se realiza nas escolas que ainda atendem seus alunos em turmas superlotadas e com falta de infra-es-trutura”, afi rma.

Segundo o professor do Ciep Samora Marchel, Jônatas Brasil, de 29 anos, essa me-dida só traz malefícios à educação. “A apro-vação automática não está de acordo com a realidade do nosso cotidiano. O único bene-fi ciário dessa medida é o governo, porque está lançando mão dessa estratégia para se eximir de sua responsabilidade em oferecer um ensino de qualidade à crescente deman-

da”, diz.

Progressão ou atraso?

A aprovação automática já fun-ciona desde 2000. No entanto, a me-dida foi adotada apenas no primeiro

Ciclo de Formação, que é um bloco de três anos de estudo formado pela antiga CA, 1ª e 2ª série. No início do ano letivo de 2007, a Prefeitura universalizou o sistema de ciclos

para todo o ensino fundamental e decretou o fi m da reprovação. “A prática atrelada aos re-sultados já obtidos nestes oito anos de testa-gem do primeiro ciclo mostrou que esse sis-tema não funciona em nossa realidade cario-ca e não contribuiu em nada para a melhoria

educacional. Ao contrário disso, formou tantos analfabetos fun-cionais, com as turmas de aceleração o u

EDUCAÇÃO

Aprovação automática Alunos da rede pública chegam a séries avançadas sem saber ler e escrever

“A maioria dos profi ssionais de educação, não defende a pedagogia da reprovação...”Wíria AlcântaraDiretora do Sepe

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5O Cidadão

p r o -gressão,

que hoje as escolas não sabem

onde enturmá-los”, afi r-ma Jônatas.O analfabetismo funcional,

de que fala Jônatas, é sentido na pele por Isa-bela Costa, de 14 anos, moradora do Parque Maré. Ela freqüenta a 5ª série, depois de ter fi -cado dois anos na turma de progressão e ainda hoje não consegue ler direito. “Ela tem muita difi culdade para aprender e os professores a passam de ano sem que tenha aprendido o ne-cessário. Como vão colocá-la na série seguinte

se não conseguiu absorver o ensino dos anos anteriores? Estamos fazendo exames para sa-ber se ela tem dislexia, uma doença que difi -culta o aprendizado, mas adiantá-la de série só a prejudica. Ela não consegue acompanhar e fi ca desestimulada a estudar”, afi rma a mãe de Isabela, Antônia Jerônimo da Costa, de 50 anos, moradora do Parque Maré.

Secretaria de EducaçãoJônatas não culpa o aluno e nem o

professor pela atual situação. Ele defen-de que todo o problema está nas políti-cas educacionais da Prefeitura. Segundo Jônatas, ao invés da Secretaria Municipal de Educação tentar cobrir um erro com outro de maior abrangência, deveria vol-tar sua atenção para o Primeiro Ciclo de Formação, pois se espera que nessa etapa seja concluido todo o processo de letra-mento. “A política educacional deve es-tar voltada para as bases. Precisa ofere-cer melhores condições de trabalho a esse profi ssional a fi m de que ele venha desen-volver o seu papel com motivação”, diz.

A assessoria de comunicação da Se-cretaria Municipal de Educação, em nota, afi rma que “a Resolução 946 respeita a Lei Federal 9394/96 – Leis de Diretrizes e Bases da Educação, inclusive no que se refere à questão da freqüência escolar. A avaliação no ciclo focará, essencialmen-te, o processo ensino/aprendizagem com o objetivo da formação humana do aluno. Ela aponta para uma avaliação formativa, o que demanda um compromisso com a aprendizagem”.

Por Renata Souza

“Os professores a passam de ano sem que tenha aprendido o necessário”Antônia da CostaParque Maré

é a solução?RENATO ROSA

Grande número de alunos da rede pública passam de série

sem ao menos saberem ler

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6 O Cidadão

Um dos problemas mais graves en-frentados por muitas famílias mare-enses é o alcoolismo. O mais difícil

é buscar ajuda. Ainda hoje, existe muito pre-conceito em considerar o alcoolismo como doença e o dependente se assumir como al-coólatra. Na Maré, os Alcoólicos Anônimos (A.A.) atuam em diversas comunidades com o objetivo de ajudar às pessoas e seus fami-liares a se libertarem do vício.

J., de 56 anos, é um desses casos. “A gente precisa de muito apoio da família para parar de beber. Eu ainda não me considero curado, mas fi co feliz quando chego na reu-nião e posso dizer que faz um ano que não bebo”, afi rma. Em todos os casos, a cautela e a força de vontade são essenciais no com-bate ao alcoolismo. Os encontros são basea-dos em histórias pessoais, onde os membros compartilham suas experiências com a bebi-da. Normalmente a maior parte das histórias é acompanhada de sofrimento, principal-

mente para os familiares.

M., de 15 anos, conta a vida difícil que levava quando o pai bebia. “A gen-te não tinha sos-sego em casa. Ele gastava o dinheiro todo no bar, ain-da fi cava deven-do. No dia se-guinte a gente não tinha com o quê comprar comida. O clima era muito ruim na família e ele não se considerava alcoóla-tra. As coisas melhoraram muito depois que meu pai parou de beber”, afi rma.

O A.A. é um grupo de auto-ajuda, que propõe a fi losofi a de “Por hoje não”. Atra-

vés dos chamados 12 passos do A.A., o participante toma consciência de que precisa de ajuda para largar o vício. Mui-tos são os testemu-nhos dos que con-seguiram. “Isso é o que dá força para as pessoas que estão entrando no grupo”, diz R., de 32 anos.

Pastoral da Sobriedade Criada em 1998, a Pastoral da Sobriedade

é uma iniciativa da Igreja Católica no sentido de ajudar, psicológica e espiritualmente, na prevenção e no combate a todo o tipo de dro-gas. Semelhante ao Alcoólicos Anônimos, a Pastoral também segue 12 passos para o que chamam de “uma vida nova”.

A Paróquia São José Operário, na Vila do Pinheiro, oferece este serviço. É impor-tante salientar que o grupo não é fechado, apenas, para pessoas que sofram de alco-olismo, mas também, para todas as que sofrem com a dependência química por qualquer tipo de droga, ou de depressão. Anderson Nunes, morador do Conjunto Esperança, é coordenador da Pastoral da Sobriedade da São José Operário. Segundo ele, a função da pastoral é fazer com que as pessoas consigam se reinserir na socieda-de, na vida em comunidade e na igreja.

Por Silvana Sá

GERAL

Vidas recuperadasAlcoólicos Anônimos é opção para moradores que desejam parar de beber

“...fi co feliz quando chego na reunião e posso dizer que faz um ano que não bebo”J., de 56 anos

Serviço O A.A. surgiu em 1935, nos Estados Unidos. São mais de 95 mil

grupos no mundo com cerca de 2 milhões de participantes. No

Brasil são 120 mil membros, em 5 mil grupos. Na Maré os econ-

tros acontecem nos seguintes locais. Parque União: Igreja Nossa Senhora da Paz – Rua da Paz, 07. Reuniões aos domingos, às 17h.

Nova Holanda: Igreja Sagrada Família – Rua Tancredo Neves, s/n. Reuniões de segunda à sábado às 19h e domingo às 17h.

Parque Maré: Igreja Jesus de Nazaré. Rua Ivanildo Alves, s/n. Reuniões às quartas-feiras, às 19h.

Baixa do Sapateiro: Igreja Nossa Senhora dos Navegantes – Rua Luis Ferreira, 217. Reuniões todos os dias às19h.

Vila do Pinheiro: Igreja São José Operário - Via A-1, 150. Pastoral da Sobriedade – reuniões às sextas-feiras, às 19h30min.

Marcílio Dias: Av. Nossa Senhora da Penha, nº 99, por trás da Kelson. Reu-niões quarta e sexta de 19h às 21h.

Praia de Ramos: Rua Nossa Senho-ra Aparecida, nº 166, Praia de Ramos – próximo ao posto médico.

Vila do João: Rua 14 nº234. Reuni-ões segunda à sexta às 19h e domingo às 14h.

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7O CidadãoANÚNCIOS

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8 O CidadãoANÚNCIOS

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O Cidadão 9

Participantes do grupo se reúnem para discutir

temas sobre juventude

Bairros do Mundo é uma rede de pes-quisa presente em oito países, um deles o Brasil. Localizado na Maré,

no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM). O trabalho começou com jovens que moram em bairros populares e favelas. Hoje ele atende também grupos de mulheres que se reúnem para discutir o dia-a-dia.

Todos os anos são desenvolvidos temas ligados a realidade de cada local, tratados primeiro entre o grupo e depois debatidos em um encontro maior com os países parti-cipantes. Isís Ferraz, de 30 anos, facilitadora da Rede, explica como funciona. “Fazemos contato com outros países através de sites da instituição internacional, a que iniciou o Bairros do Mundo”, diz.

Segundo Wallace Gonçalves, de 21 anos, falar de quantas pessoas tem no projeto é difícil. “Nós somos uma rede. As pessoas podem circular nela de diversas formas. Ela pode estar no projeto e não vir ao espaço fí-sico, mas existe um núcleo de pesquisa que é

mais concentrado para reuniões”, comenta.Para Jaqueline Souza, de 22 anos, pes-

quisadora da rede, a idéia é conscientizar. “Esse ano estamos desenvolvendo um tema chamado, Como a participação política dos jovens pode infl uenciar na violência. Ele é abrangente, pois, os jovens vivem essa rea-lidade, e tem a oportunidade de transformar

a sociedade”. Segundo o articulador Adilson de Paulo Junior, de 21 anos, existem etapas para desenvolver o tema. “Somos nós mes-mos que produzimos as pesquisas. Vamos atrás de jovens que tem haver com o tema, e depois são feitos vídeos para serem levados ao encontro com os países”, diz.

Dentro do Bairros do Mundo, funciona “Mulheres do Mundo”. Soraya Brito, de 30 anos, uma das coordenadoras da rede das mulheres, conta como é o projeto. “As-sim como o grupo de jovem, Mulheres do Mundo é um projeto de pesquisa e ação, que discute assuntos abordados por todas as par-ticipantes. Ele iniciou no ano passado, e por isso está na fase de diagnóstico” comenta. Também coordenadora, Eliane Silva, de 28 anos, fala sobre o objetivo do grupo. “Que-remos conseguir uma boa participação das mulheres no mundo, e com isso mudar a so-ciedade e não deixar de atingir as políticas públicas”, conclui.

Para entrar em contado com a Rede é só acessar www.quartiersdumonde.org. Tam-bém através do orkut, na comunidade “Bair-ros do Mundo”, e profi le “Jovem, Câmera, Ação! 2008”. O e-mail [email protected], blog http://www.barriosdelmun-do.blogspot.com, e o telefone 2564-4604.

Por Douglas Baptista

BAIRROS DO MUNDONAS REDES DO CEASM

“Nós somos uma rede. As pessoas podem circular nela...”Wallace GonçalvesIntegrante do grupo

COMO VOVÓ JÁ DIZIA

Um dente de alho no óleo das fri-turas absorve o cheiro e o excesso de gordura.

Para saber quando o óleo está no ponto para fritar, ponha um fósfo-ro no mesmo. Quando ele acen-

der, está no ponto. Para que não respingue gordura

na fritura dos bifes, ponha um pou-co de óleo na carne na hora de tem-perá-la. Depois coloque-a numa panela e não use mais o óleo.

•Ao empanar carne, croquetes ou

rissoles, não bata demais o ovo. A fritura fi cará mais sequinha.

Fonte: www.irenes.com.br/da_ cozinha/frituras.htm

Dicas de cozinha

Bairros do MundoO projeto que inclui jovens e mulheres tem o objetivo de mudar a sociedade

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10 O CidadãoACONTECEU NA MARÉ

Ciência para jovens da MaréA Semana Nacional de Ciência e de Tecnologia não fi cou restrita aos grandes centros acadêmicos, como a UFRJ. O Ceasm também organizou atividades para comemorar a semana da ciência, nos dias 24 e 25 de outubro. Com o tema Evolução e a diversidade, foi desenvolvidas atividades para os alunos do curso preparatório da Instituição. O fi lme Ilha das fl ores, ofi cinas sobre ótica, de garrafa pet e um campeonato de damas, com prêmio, completaram a programação do evento.

Dia das crianças no CeasmPara comemorar o dia das crianças, o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), realizou no dia 17 de outubro, uma festa que reuniu aproximadamente 100 crianças. O evento contou com diversas ofi ci-nas, como contos de história, sucata, ciências, serigrafi a, cinema, origame, pintura no rosto, e várias brincadeiras. Meninos e meninas tiveram o direito de se expressar através de cartazes, respondendo algumas perguntas: O que não é legal na Maré? O evento também foi marcado por várias frases feitas a partir de impressões infantis

do arquivo Ceasm de 2007. “Ser criança na Maré é brincar com os amigos, se divertir. É correr, pular, jogar bola e fazer um monte de coisas com um monte de amigos”.

VÂNIA BENTO

Por uma Comunicação mais justaNa luta pela democratização da comunicação social, aproxi-madamente trinta movimentos sociais realizaram no dia 17 de Outubro, por volta das 10h uma audiência pública na Alerj, e à tarde, às 17h, um ato na Praça XV. O objetivo destes encontros é o de pressionar as autoridades para a realização da Conferên-cia Nacional de Comunicação. Até agora, mais de 900 pessoas já assinaram o abaixo assinado.

VÂNIA BENTO

O Cidadão em altaO Jornal O Cidadão participou da mesa de debate junto ao Jornal Extra, Meia Hora e Plantão de Notícias, na segunda Semana de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), campus da Praia Vermelha. O evento, que ocorreu entre os dias 29 de setembro a dois de outubro, foi organizado pelos próprios alunos. Neste período, estudantes de outras universidades estive-ram presentes, participando de diversos debates e ofi cinas de textos.

Exposição é realizada na Escola BahiaDurante os dias 8, 9 e 10 de Outubro, de 8 às 17 horas, a Escola Municipal Bahia realizou uma exposição com o tema “Mulheres Reais”, apresentada pelas turmas 1801 e 1901. O objetivo foi o de mostrar como era as modas daquele tempo. O evento contou com a presença de aproximadamente 1200 expectadores. E para demonstrar as Mulheres Reais, foram feitos desenhos, in-terpretação sobre o assunto e bonecas representativas tais como: Dna. Maria I, conhecida como rainha louca, Dna. Carlota Joa-quina, esposa de D. João XI, Damas da Corte, Negras, Imperatriz Leopoldina e Biocas.

Ato pela vida e contra o extermínio na MaréCom aproximadamente 150 pessoas, “Maré de Rock” iniciou por volta das 19h, dia 18 de Outubro, em frente a passarela 7 da Av. Brasil, na E.M. Bahia. O objeto do evento foi o de expressar a luta pela vida contra o extermínio. O evento contou com a presença de bandas como Raça Humana, Algoz, Passarela 10, Veneto, Aforma, Plenitude Modulada, Oeoxis, Rudá, Levante, D’ Loks. Segundo Jefferson de Souza, de 19 anos, organizador do show, mais

conhecido como “Sem sangue”, a intenção é con-scientizar. “Não queremos mostrar nossa opinião somente, mas trazer para a população, como as leis e as medidas do governo, que, não temos acesso, nos afetam”, diz.

Viração ganha prêmioA Revista Viração, parceira do Jornal O Cidadão, ganhou o prêmio “Visibilidade das Políticas Sociais e do Serviço Social”, do Conselho Regional de Serviço Social, no dia 31 de Outubro. A revista premiada foi sobre direitos humanos.

A comunicação e a busca por políticas públicasO Jornal O Cidadão participou do curso promovido pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), a proposta é capacitar jovens de várias favelas do Rio de Janeiro, com duração de 10 aulas. O objetivo é fazer com que estes comunicadores e futuros comunicadores busquem através de jornais, revistas, rádios e etc, seus direitos.

RENATO ROSA

VÂNIA BENTO

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O Cidadão 11

O poeta mareense Roberto Alves, de 40 anos, conhecido também como Carlitos, não deixa nada a

desejar ao imortalizado personagem cria-do por Charlie Chaplin, o vagabundo Car-litos, que ao utilizar apenas expressões corporais denunciava as desigualdades e injustiças sociais. A coincidência não se restringe ao apelido, Roberto se destaca pela maneira crítica que posiciona os pro-blemas sociais em seus poemas: “Nossos corpos cansados de apanhar com o chi-cote da desigualdade. Açoite os nossos sentimentos, destrua esperança da huma-nidade”. Seu sonho é lançar a coletânea de poemas no livro intitulado “O lado poético da coisa”.

Morador da Vila do Pinheiro, Carlitos começou a escrever aos 10 anos de ida-de quando foi morar em Vargem Pequena com a avó. O lugar, cercado de verde e bonitas paisagens, serviu de inspiração para o menino. “Eu tinha o meu ami-go imaginário. Com ele brincava e lia os meus poemas”, disse. O cenário bu-cólico fez surgir poesias e poe-mas liga-dos à na-

tureza, mas quando o poeta amadureceu sua poesia seguiu outros passos. “Quando a idade foi chegando, passei a escrever sobre desigualdade social, é um tema que me incomoda muito”. Os assuntos rela-cionados ao seu dia-a-dia, especialmente à violência de qualquer tipo, também são fontes de inspiração.

“O lado poético da coisa”Amor, paixão, desilusão são temas

explorados por Carlitos, mas a religiosi-dade também encontra espaço nas com-posições do poeta. “Eu adoro escrever músicas. Escrevo pagode e especialmente

louvores”, disse. A leitura predileta

de Carlitos, que estudou até o ensi-no funda-mental, é o dicionário. “Na minha

casa tem di-cionário para

todo lado. Eu o utilizo para escrever minhas poesias. É uma forma de fazer com que as pesso-as possam ir até o dicionário e ver qual o signifi cado daquela palavra que pode ter várias interpretações”, diz.

Parte de toda essa produção, cerca de cem poemas, se encontra inédita porque Carlitos não tem recursos para lançar seu livro “O lado poético da coisa”. O CIDA-DÃO costuma publicar seus poemas na Página de Rascunho do jornal. “Quando os meus poemas saem no jornal, meus familiares e vizinhos fazem festa. Tem gente até que coleciona. Isso me deixa re-alizado porque o meu trabalho está sendo visto e reconhecido. Mas meu sonho é le-var a minha poesia pelo Brasil afora”, dis-se Carlitos. Para conhecer melhor o traba-lho de Carlitos mareense, basta entrar em contato através dos telefones 3882-2074 e 3976-8250.

Por Renata Souza

PERFIL

Carlitos mareensePoeta que discute problemas sociais quer lançar o livro “O lado poético da coisa”

Além de poemas relacionados ao dia-a-dia,Roberto também compõe músicas

“Quando a idade foi chegando passei a escrever sobre desigualdade social”

REN

ATA

SOU

ZA

(Veja na Página de Rascunho um dos poemas de Roberto)

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O Cidadão12 O CidadãoCAPA

O aumento da população e a falta de políticas públicas ha-bitacionais fazem com que o

número de pessoas que precisam mo-rar em lugares impróprios à dignida-de humana não pare de crescer. Só no Brasil, de acordo com o doutorando do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional (IPPUR/UFRJ), Gui-lherme Marques, existe cerca de dez milhões de famílias sem condições de moradia, o que representa, aproxima-damente, 40 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo em que há cerca de seis milhões de imóveis abandonados. Essa situação se reflete na Maré com o au-mento do número de ocupações.

De acordo com o administrador da 30ª Região Administrativa da Maré, Delon Alves, de 49 anos, o grande número de ocupações na comunidade é conseqüência da falta de emprego. “Até quatro anos atrás tínhamos pelo menos 180 mil moradores aqui na co-munidade. Por isso, ocorreu esse cres-cimento acelerado de ocupações. As

pessoas não têm dinheiro para pagar aluguel. Eu acredito que os governos estadual e federal deveriam investir mais aqui no Complexo da Maré, prin-cipalmente, em saneamento básico e na oferta de emprego. Isto resolveria muitos problemas. E o Plano de Ace-leração do Crescimento (PAC) poderia ser uma das soluções”, diz.

O pesquisador Guilherme Marques também acredita que o problema ha-bitacional está ligado ao desemprego. “Hoje a questão da moradia não pode ser desvinculado ao problema de tra-balho. Se for observar, na maioria das ocupações, o que se vê são pessoas que estão desempregadas ou que têm empregos precários: são empregos em que as pessoas não trabalham oito ho-ras por dia, não têm salário fixo, nem carteira assinada, e depende de um bico para sobreviver”, atesta. Isto dificulta o acesso à moradia, já que se trata de um bem caro. “A moradia não é algo que você produz e vende, ela é um bem que demora muito para ser fabricado,

é diferente de uma lata de sardinha que você vai ao supermercado e com-pra. Para a habitação, você precisa de um solo para construir, o que depende muitas das vezes do financiamento de um banco. É algo muito caro e a grande parcela da população não tem acesso, a não ser por financiamento, e quem tem emprego precário não tem acesso a estes financiamentos, logo não tem empréstimos”, conclui Marques.

Mandacaru: retrato do descaso do Estado

Na Maré, uma das comunidades que mais sofre com moradias precárias é Mandacaru. Ocupada há 15 anos, cerca de cem famílias dividem o espa-ço com insetos, lixos e esgoto a céu aberto. A Prefeitura, há dois anos, pro-curou resolver o problema com a ame-aça de remoção. O prefeito César Maia ofereceu o valor máximo de R$1.500 por barraco. O fato causou desespero aos moradores, já que diziam que com

O Cidadão12 O CidadãoCAPA

Moradia: direito dePara burlar a falta de habitação, pessoabandonados para sobreviver e reivi

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O Cidadão 13

: um de poucos

essoas ocupam espaços eivindicar o direito a um teto

13O Cidadão

Foto maior: entrada da comunidade de Mandacaru, localizada na Maré que sofre com sérios problemas

de saneamento básico; foto acima: a quanti-dade de lixo encontrada pelas ruas é um desses

exemplos; à direita: alguns barracos que há poucos meses pegaram fogo e muitas famílias perderam o pouco que tinham; abaixo, esgoto à céu aberto

provoca muitas doenças nas redondezas

esta quantia a única solução era a de ir para “debaixo da ponte”. Na ocasião, a comunidade se organizou e impediu a remoção. Mas os problemas persistem, já que o Estado continua ignorando a precária situação de Mandacaru.

Em época de chuvas, a comunidade sofre com o lamaçal, esgoto na porta de casa e com as doenças. “Eu tenho uma neta toda mordida de rato, ela já fez quatro cirurgias plásticas no rosto, ficou toda mordida. Meu outro neto também foi mordido por rato. Estamos à mercê das ratazanas. Uma vizinha acabou de morrer com dengue hemor-rágica. Isso é muito complicado, não temos nem médicos no posto de saúde, temos que ir para os hospitais e con-tamos com a sorte para ser atendido”, afirma Dalva Martins, 53 anos, mora-dora de Mandacaru.

Para Dalva o Estado abandonou a comunidade. “O que sei é que temos direito a moradia, mas não temos casa. Nós estamos aqui abandonados pelo governo, pela prefeitura, não temos

nada, não temos nem água. Carrego água todos os dias para a minha casa. Anos atrás quiseram tirar a gente do nosso barraco e colocar na rua. Mas isso é porque eles não estão na rua, nós é que estamos”.

Segundo Elenita Fernandes, repre-sentante da Associação de Moradores de Marcílio Dias que também atende à comunidade de Mandacaru, a ausência do Estado vai além da falta de habitação. “O correio não chega a lugar nenhum de Mandacaru, todas as cartas são dei-xadas aqui na associação. A iluminação é precária, não tem postes de luz; em Mandacaru é tudo escuro à noite. E, há quatro meses, pelo menos oito barracos pegaram fogo. As famílias que moravam neles perderam tudo, agora estão na casa de parentes e vizinhos. O bombeiro de-morou muito para chegar”, diz Elenita.

Outras ocupações na Maré passam pelo mesmo problema que Mandacaru. Na ocupação Mclaren, localizada entre

(Continua na próxima página)

FOTOS: RENATO ROSA

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O Cidadão14 O Cidadão

Vila do Pinheiro e Baixa do Sapateiro, moradores também relatam a situação desumana em que vivem. “Morar aqui é horrível, tem rato, lacraia, baratas, vários bichos. Aqui é um lugar péssimo de se morar, só moro aqui porque preciso. Vivo aqui há dois anos, tenho três fi lhos. Quan-do chove, as casas fi cam cheias, o esgoto é aberto, as crianças fi cam doentes, pegam frieiras, coceiras. Na casa da minha irmã, que é o segundo barraco, sempre enche, o esgoto e a chuva invadem a casa dela”, diz A. Oliveira, de 26 anos.

Lucileide Paez, de 37 anos, moradora do galpão ocupado na rua Capitão Car-los, no Morro do Timbau, fala sobre a realidade de uma ocupação. “Moro aqui há sete meses. Auxílios, não têm nenhum. Algumas coisas precisam ser melhoradas, como a energia e a água. Se for para tirar a gente daqui e colocar em um lugar pior, eu prefi ro fi car aqui mesmo”, diz.

“Ocupar, resistir e lutar para não sair”

As ocupações no Brasil confi guram-se como uma estratégia política de pressão dos movimentos sociais em busca de Refor-m a s

Urbana e Agrária. Os movimentos ao entoarem “Ocupar, resistir e lutar para não sair”, estão resguardos pelo direito à moradia, previsto como direito funda-mental na Constituição Federal. De acor-do com Marques, as ocupações podem resolver defi nitivamente a difi culdade de habitação. “E se as ocupações são fei-tas de forma organizada, politizada, elas podem resolver os problemas da falta de moradia, de trabalho e renda, de seguran-ça, de educação e de saúde, entre outras coisas”, afi rma.

Para o pesquisador, a solução para o défi cit habitacional está nas políti-cas públicas voltadas para os setores de baixa renda. “É preciso políticas habitacionais, mas com subsídio,

com auxílios, e também, criar uma pers-pectiva mais ampla de reforma urbana. Porque para resolver a questão habita-

cional, que é misturada com o de tra-balho, tem que se resolver o problema

de transporte, de política de segurança, entre outros. As ocupações são soluções que o movimento consegue criar, mas não resolve tudo, é preciso que o Esta-do, que os governantes façam políticas com subsídios para acabar com estes problemas”, diz.

Direito a um lar Moradia não significa apenas ter um

lugar, uma casa para morar, mas sim,

(Continuação da página anterior)CAPA

O Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem Terra (MST), uma das iniciativas mais organizada e reconhecida do País, pro-move ocupações para reivindicar a Reforma Agrária. Criado na década de 80, o MST pretende se articular com todos os setores sociais para construir um projeto popular que enfrente o neoliberalismo e o imperi-alismo, apontados como causadores dos problemas estruturais que afetam o povo. O movimento luta contra a privatização do patrimônio público, e também reivindica o fi m do trabalho escravo e a punição dos responsáveis por ele. O MST é contra toda forma de violência no campo e na cidade, bem como a criminalização dos movimen-tos sociais. O movimento exige o direito a terra no Brasil. Um dos países com a maior concentração de terra do mundo.

O índio, etnia também expropriada de seu lar, procura na cidade o reconhecimento de sua cultura, lutando pela demarcação das terras indígenas. Há dois anos, o Instituto Tamoio dos Povos Originários ocupou o

prédio que abrigava o Museu do Índio, no Maracanã. Segundo Marize Tamikuan, o preconceito com os povos indígenas é muito grande, mas a busca pelos seus direitos vai continuar. “O Instituto Tamoio, projeto ini-cial da ocupação, reivindica a promoção e difusão da cultura indígena. Também que-remos ter aqui uma universidade indígena. Queremos fazer uma parceria com as uni-versidades públicas para a construção dos cursos e reconstruir esse prédio que está caindo aos pedaços”, relata Marize.

“Mídia criminaliza movimentos sociais”

De acordo com o pesquisador Guil-herme Marques, a mídia promove uma grande ação para a criminalizar esses movi-mentos sociais. Isso ocorre tanto nas ocupa-ções das grandes cidades como no campo. “Se o MST ocupa uma terra, reivindicando a reforma agrária, a grande mídia chama o movimento de invasor, violento, vândalo. A mídia considera qualquer coisa que seja contra a propriedade privada, o latifúndio, que também é de interesse dela, como vio-lência. Afi nal, no Brasil a comunicação so-

Ocupações indígenas e

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15O Cidadão

garantir outros direitos básicos para a sobrevivência cidadã. “A nossa luta é por moradia, mas não só por isso, por-que depois que a gente ocupou o pré-dio, a gente descobriu que existem ou-tras necessidades: trabalho, educação, a luta nunca é por uma coisa apenas”, diz Gláucia Marinho, de 23 anos, mo-radora da Ocupação Chiquinha Gonza-

ga, que fica no Centro do Rio. Marques, assim como Gláucia,

afirma que as ocupações trazem ou-tros benefícios. “Com as ocupações, as pessoas não resolvem só o problema do seu teto, mas passam a ter acesso a bens culturais. Além dos debates e fil-mes que são passados e discutidos nas ocupações organizadas, se aprende a

viver em coletivo, resolvendo sempre os problemas em grupo, até porque, a maioria dessas pessoas tem problemas parecidos, tornando as soluções mais possíveis”, diz.

Por Gizele Martins (Colaboração: Renata Souza)

cial, também, está concentrada nas mãos de poucos”, diz.

Diante dessa situação, o fi lósofo Clau-demiro Godoy faz o seguinte questionamen-to em artigo publicado na Agência de Notí-cias Adital: A quem interessa realmente que o MST se torne um movimento sem credibi-lidade para a sociedade? É evidente que os grupos dominantes, as elites, os fazendeiros, os mesmos que conseguiram derrubar o relatório popular da Terra e apresentar um substitutivo aprovado que diz ser todo ato de ocupação e ações do MST e outros movi-mentos sociais do campo caracterizados como crimes hediondos. São os mesmos que se utilizam da Mídia para inculcar na con-

e ruraissciência do povo brasileiro um con-ceito ou pré-con-ceito em relação às ações do MST. Esqueceram-se so-mente de dizer que a grilagem e a morte de trabalhadores rurais também é crime hediondo e que mais hediondo ainda é o próprio latifúndio.”

Acima, mística do Movimento dos Tabalhadores Rurais Sem Terra, na Escola Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo; ao lado, ocupação indígena, no antigo prédio do Museu do Índio, em frente ao portão 13 do Maracanã

FRANCISCO VALDEAN

DOUGLAS BAPTISTA

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16 O Cidadão

Nesta edição falaremos sobre a importância do pré-natal. Muitos riscos de contaminação, doenças e

até mesmo a morte do bebê ou da mãe, po-dem ser evitados quando a grávida passa a ser acompanhada por um obstetra. Além de poder tirar dúvidas e aprender mais sobre assuntos relacionados à gravidez e o parto.

A enfermeira Vera Freire, de 65 anos, do Posto Ciep Vicente Mariano, fala sobre o pré-natal. “O acompanhamento médico durante a gravidez é muito importante, pois muitas vezes, previne a criança de doenças, além de fazer as mães tratarem-se também. Um exemplo disso é a sífi lis, doença se-xualmente transmissível, que pode levar o bebê à cegueira, à surdez, entre outros tipos de doenças”. Segundo a enfermeira, quando há esses tipos de casos, elas são conduzidas a hospitais especializados. “Dependendo de algumas doenças as mães são encaminha-das para o Hospital do Fundão, pois lá ela terá um acompanhamento melhor que nos postos, tratando-se da ultra-sonografi a, por exemplo, que é de graça, não precisando procurar nem um lugar para pagar”, diz.

A enfermeira Taís Conceição, do posto Ciep Elis Regina, reafi rma a importância

do pré-natal “É muito impor-tante o acom-

panhamento médico, pois é nele que se pode prevenir algumas doenças que muitas vezes são até simples. Muitas doenças po-dem ser tratadas ambulatoriamente e nem precisam ser orientadas para um hospital. É importante que elas estejam bem informa-das, na hora do parto, sobre a própria saúde e não só a do bebê”, diz.

Segundo a enfermeira Vera, o município diz que a mulher deve ter pelo menos 6

consultas pré-natais. Mas no pos-to em que trabalha, as mulheres

são consultadas em média de 12 a 13 vezes. “Desde 1998 inscrevemos todas as mulheres que pas-sam pelo pré-natal, e constatamos desde aquela época, que o número de atendi-mentos é de 7, 8 ou mais”, conclui.

Vera Freire, ex-plica que o profi ssio-

nal ligado à área de enfermagem pode tratar

e até fazer partos, depen-dendo do hosp i t a l ou clínica

que esteja

trabalhando. “O município permite que o atendimento seja feito por enfermeiras e médicos também. Para isso fazemos espe-cialização em obstetrícia”. A enfermeira Vera, por exemplo, acompanha as futuras mamães até os sete meses, depois elas são

acompanhadas pela médica. Outro assunto abordado por Vera é a im-

portância das grávidas fazerem preventivo. “Existe um tabu de que a gestante não pode fazer preventivo, mas aqui no posto, elas fa-zem. Afi nal, doenças como o câncer podem ser descobertos, e a partir daí, ela já pode iniciar o tratamento”, diz a enfermeira.

Por Gizele Martins

JEINNY SOLIS S./SXC

Com o acompanhamento pré-natal, muitos riscos e doenças podem ser evitados durante a gravidez

SÉRIE: SAÚDE NA GRAVIDEZ

A importância do pré-natalO acompanhamento médico oferece às mães mais confi ança e cuidados durante a gestação

“É muito importante o acompanhamento médico, pois é nele que se pode prevenir algumas doenças” Taís ConceiçãoEnfermeira

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17O CidadãoANÚNCIOS

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18 O CidadãoANÚNCIOS

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O Cidadão 19

Em agosto, completaram-se 63 anos do bombardeio atômico que os Estados Unidos realizaram so-

bre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Estima-se que mais de 200 mil pessoas morreram. Mais de 90% eram ci-vis. Em 6 de agosto de 1945 foi lançada a primeira bomba atômica sobre Hiroshi-ma. E três dias depois, em Nagasaki. Com isso, cerca de 100 mil pessoas morreram depois, por causa do envenenamento pela radiação nuclear, espalhada pelas bom-

bas. A maioria delas

desenvolveu diversos tipos de câncer, por conta da radiação.

A justifi cativa dos Estados Unidos para os atentados era acabar com a II Guerra Mundial. De fato, dias depois, o Japão de-clarou o cessar fogo. Como diria a música de Zizi Posse, “que contradição, só a guerra faz a paz”. Até hoje há norte-americanos que defendem o bombardeio ao Japão como “um mal necessário”. De acordo com o ponto de vista “estadunidense”, eles foram os respon-

sáveis por terminar a guerra meses mais cedo, poupando milhares de vida. Contraditoriamente, para isso, mata-

ram mais do que em toda a história. O Japão e o mundo considera o bom-

bardeio um crime sem precedentes na histó-ria. Um ato totalmente desnecessário, uma vez que o Japão já preparava sua rendição. Foi mais uma forma de demonstrar força, de dizer “Nós somos os Estados Unidos e

quem se colocar no nosso caminho terá o mesmo fi m”. É dessa forma que o mundo vê este atentado.

A importância das cidades para o Japão

Hiroshima, considerada uma das mais importantes cidades japonesas durante a 2ª Guerra, tinha o poder de reunir importan-tes indústrias e o poderio militar. A cidade era um centro de comunicações, um ponto de armazenamento, e uma zona de reunião para tropas japonesas. A cidade de Naga-saki tinha sido um dos maiores e mais im-portantes portos de mar do sul do Japão, sendo, por isso, de grande importância em tempo de guerra. Também produzia canhões e munições, navios, equipamento militar, e outros materiais de guerra.

Por Silvana Sá

ABRINDO O LIVRO

Hiroshima e Nagazaki

“Pensem nas feridasComo rosas cálidasMas, oh, não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválida”Vinicius de MoraesPoema Rosa de Hiroshima

Considerados os únicos ataques nucleares da história, deixou mais de 200 mil pessoas mortas

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20 O Cidadão

O projeto Pequeno Campeão funciona desde 2005 e oferece aos meninos e meninas da Maré uma nova forma

de encarar a vida através do esporte. Idealiza-do pelo lutador de Jiu-jitsu Anderson Carva-lho, mais conhecido como Dinho, de 32 anos, o projeto inicia a garotada na vida de lutador de jiu-jitsu com o diferencial apelo para a ci-dadania. O resultado de tanto empenho pode ser notado através da coleção de medalhas e títulos conquistados a duras penas. “No nos-so time já tem até tri-campeão carioca de jiu-jitsu”, afi rma Dinho ao apresentar às comuni-dades da Baixa do Sapateiro e da Rubens Vaz as novas promessas do esporte.

“Só entra para o time se estiver estudan-do”, essa é a primeira frase que Dinho uti-liza ao receber um novo aspirante lutador de jiu-jitsu. Para ele, o esporte deve estar dire-tamente ligado à educa-ção, pois o objetivos do projeto é formar cidadãos. “Isso tem surtido efeito. A ga-lera que estava mal na escola, já apresen-ta uma melho-

ria nas notas e no comportamento também, já que trabalhamos bastante a dis-

ciplina defi nindo a hora de estudar, brincar e treinar”, afi rma Dinho. Os alunos também fazem atividades externas, como ir ao Cine-

ma Brasil, em Bonsucesso.

VitóriasAtualmente, o Pequeno Campeão

atende cerca de 50 meninos e meni-nas a partir de 5 anos. Dentre estes, 12 alunos são federados a Federação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro. Os des-taques das últimas competições fo-ram Ewerton Lucas, o Chorão, de 9 anos, tricampeão carioca; Vitor Oliveira, 8 anos, bicampeão cario-ca e Wellington Froes, o Teco, de 8 anos, também bicampeão carioca. Outros 10 alunos já possuem o títu-lo de campeão carioca. Mas as pro-messas do Pequeno Campeão iden-tifi cadas por Dinho são Guilherme, de 5 anos, morador da Nova Holanda

e Gracie Kelly, 15 anos, moradora da Baixa do Sapateiro. “Esses dois têm um

grande diferencial que é a capacidade de superação. O Gui, era super-ativo e hoje é o

mais disciplinado e me ajuda a treinar os no-

vos alunos. A Gracie, que luta muito, levou um tiro de bala perdida na perna no início do ano e hoje já está com a bola toda para seguir em frente”, afi rma Dinho. Mas, nem tudo são fl ores da vida do Pequeno Campeão. O projeto não tem fi nanciamento, apenas o

apoio da Nut. A empresa fornece 200 refres-cos que são vendidos e o valor arrecadado ajuda as inscrições nas competições. Os qui-monos são comprados em brechó. “A gente não consegue patrocínio e os comerciantes locais não oferecem o apoio necessário para ajudar as crianças”, afi rma Dinho.

O projeto funciona todos os dias na Rua Principal, n° 2, Sb, e busca voluntá-rios, como psicólogos e pessoas que saibam trabalhar com os primeiros socorros. Tam-bém solicitam doações de quimonos e tata-me. Para ajudar é só ligar para 3868-0932 ou 9231-6983.

Por Renata Souza

ESPORTE

Pequeno campeão em busca de grandes vitóriasProjeto de jiu-jitsu apresentaum mundo de possibilidades para mareenses

RENATA SOUZA

Alunos e professores do Projeto Pequeno Campeão exibem medalhas e troféu após campeonato

“Só entra para o time se estiver estudando”Dinho, de 32 anosCoordenador do projeto

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O Cidadão 21

Com um estilo diferente do que se costuma ouvir no Brasil, a Banda Algoz conseguiu um resultado sig-

nifi cativo no Primeiro Festival de Bandas de Rock da Maré, promovido pela Lona Cultu-ral Herbert Vianna, localizada na comunida-de Nova Maré. Ficou entres as três melhores bandas, a premiação foi uma turnê pelas Lo-nas Culturais do Rio de Janeiro.

Em julho de 2007, o grupo foi convida-do a participar do festival Favela Festa que acontece a cada dois anos no Circo Voador, uma das casas de shows mais tradicionais da cidade. Lá eles apresentaram uma de suas músicas mais conhecidas “O Som da

Dor” conquistando cada vez mais o seu es-paço no cenário rock do Rio.

Segundo Elza Carvalho, as gravadoras não investem muito nesse estilo de música. “Faltam espaços destinados para shows”, revela. Diogo Nascimento, fala sobre as difi culdades da banda “Tem que ter grana para divulgar o trabalho. Tentamos fazer com que as pessoas conheçam o nosso som, mas temos que cantar músicas de outros grupos conhecidos também”, afi rma. Para André Soares, as pessoas buscam modi-nha, não adianta a propaganda boca a boca. “Precisamos da mídia, ela que faz a música se tornar conhecida”, conclui.

Além disso, o grupo afi rma que falta es-paço para o rock na comunidade. “Muitos não vêem o estilo como algo lucrativo, por isso não dão créditos aos nossos shows. Falta lu-gar para mostrar o nosso som”, disse Elza. No momento, o único espaço para o movimento do rock, fi ca no Largo IV Centenário, Morro do Timbau. “Temos que tocar por amor. Em nossas letras temos mensagens de indignação para passar”, afi rma Márcio João.

Para entrar em contato com a banda os te-lefones são 97541950, 98442177 e 22306817 e o e-mail [email protected].

Por Julie Alves

MUSICAL DIVULGAÇÃO

Rock para mudar Banda Algoz encontra difi culdades na hora de encontrar patrocínio, mas não desiste da luta

SABOR DA MARÉ

Modo de Preparo:1° a laranja é cortada em quatro com casca, sem sementes, e colo-cada no liquidifi cador junto com os três primeiros ingredientes;2° depois disso misture a farinha e o fermento com os ingredien-tes que foram batidos no liquidifi cador, até fi car bem misturado. 3° Passe manteiga e farinha na fôrma de bolo.Forno: 180° na base de 35 à 45 minutos

Sugestão: Se achar que vai fi car muito ácido pode tirar a casca da laranja ou pôr apenas a metade da casca.

••

Ingredientes:1 copo de óleo (250 ml)5 ovos2 copos de açúcar1 laranja 4 copos de farinha1 colher de chá de fermento

•••••

WAGNER LIMA

A receita do bolo de laranja foi enviada pelo leitor Vagner Lima

Bolo de Laranja

Esse som alegre e pesado que

contagia muitos moradores da

Maré, principal-mente os jovens, surgiu em 2003.

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22 O Cidadão

As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o CEASM - Jornal O CIDADÃO (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050) ou pelo e-mail: [email protected]

CARTASPÁGINA DE RASCUNHO

Errata: Na edição 57, página 05, o tamanho

do terreno da Igreja Nossa Senhora da Paz é 3.184.

Na matéria sobre Doenças Renais, página 16, Roque Pereira, de 47 anos, é transplantado.

Na matéria de educação, página 03, Francisco Valdean é estudante universi-tário, da Uerj.

Na página 21, matéria Musicultura, o horário de funcionamento do grupo é de 9h às 21h.

Na página 24, matéria São 11 anos de luta, ousadia e esperança, o texto com-pleto é: (...) Mas é um desafi o para gente também. Essa Casa de Cultura é uma re-ferência para a Maré”, analisou.

3868-4007Ligue e Anuncie!

Benefícios que nada custam- Um rosto alegre na monotonia do trabalho cotidiano.- Um silêncio cuidadoso sobre os er-ros dos outros.- Uma palavra de reconhecimento e de incentivo para as qualidades do próxi-mo.- Um pequeno serviço prestado a um subalterno.- Um sorriso alegre e uma palavra amiga para as crianças.- Um aperto de mão calorosa e amiga para os tristes.- Uma conversa paciente e interes-sante com os aborrecidos ou desagra-dável.- Um olhar afetuoso compreensivo para os que sofrem interiormente.- Uma saudação alegre e camarada para os problemáticos.- Uma confi ssão da própria fraqueza aos desanimados.- Um reconhecimento legal do erro cometido.

Rosário F. Frazão

Yuri, morador da comunidade, representa seu time de coração, enquanto Yago Otavio, também morador, sua escola

EscravidãoSENTIRÁ o dono de tudo,Seus castelos serão erguidosSeus irmão escravizados,Suas vidas correndo perigo.NOSSOS corpos cansados de apanhar,Com o chicote da desigualdade,Açoite os nossos sentimentos,Destrua esperança da humanidade.AINDA que eu morra,As palavras continuarão sendo ditadas,Essas forças não vai nos tirar,É o prazer de continuar lutando,

E sempre poder a verdade falar.NÃO vamos a violência nos unir,Nem tão pouco nos acorvadar,Deixe que eles se destruam,Querendo apenas enricar.SANGUE_SUGAS, seus ratos imundos,Olhe a morte de seus irmão,Estigue-os com tão pouco,Mais não os tira da escravidão.

Roberto N. AlvesCarlitos Mareense

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23O Cidadão

PiadasPiadasConfusão de sexoAdvogado : Poderia descrever o suspeito?Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.Advogado : E era um homem ou uma mulher?

Fim do casamentoAdvogado : Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casa-mento?Testemunha: Por morte do côn-juge.Advogado : E por morte de que cônjuge ele acabou?

ConcepçãoAdvogado : Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto?Testemunha: Sim, foi.Advogado : E o que você estava fazendo nesse dia?

Idade do fi lhoAdvogado : Que idade tem seu fi lho?Testemunha: 38 ou 35, não me lembro.Advogado : Há quanto tempo ele mora com você?Testemunha: Há 45 anos.

FONTE: Estas piadas foram retiradas do livro ‘Desordem no tribunal’. São coisas que as pessoas disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos que tiveram que permanecer calmos enquan-to estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.

© Revistas COQUETEL 2008

8

Solução

CAÇA-PALAVRAS

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.www.coquetel.com.br

Por que amamentar?

Porque o leite MATERNO......melhora a SAÚDE física do

bebê....AUXILIA no desenvolvi-

mento INTELECTUAL....PERMITE que crianças

AMAMENTADAS no peitocombatam a ANSIEDADE commaior facilidade.

...é um IMPORTANTE aliadono COMBATE a alergias,OBESIDADE e intolerância aoGLÚTEN.

...é bom para o desenvolvi-mento DENTOFACIAL, favorecendo, entre outras coisas,a adequada MASTIGAÇÃO nofuturo.

...PROPICIA um bom desen-volvimento dos MAXILARES, oque REDUZ a necessidade dechupar dedo ou CHUPETA.

I W A U E L E A H E

D L I G R G C D E M

M A C E T A B M O C

I A I Q J N R W P Y

E M P P N E B T K T

B A O O W T X B Q W

E M R Ã X U L Z I F

D E P Ç K L A U N C

A N Z A V G I D T O

D T W G P M C E E B

E A I I S A A R L E

I D G T J X F S E S

S A A S J I O J C I

N S T A K L T B T D

A E E M A A N Z U A

S X P N U R E F A D

Q B U B Q E D W L E

T U H O M S C C T M

W N C G X I U M J H

E T N A T R O P M I

S Q R W T A U W B F

G Y E T I M R E P P

E D U A S Z Q N M U

S B A I L I X U A C

M N A N Y Q Q E A S

W A B M A T E R N O

AICETABMOC

AINMPEAOOT

EMRÃULZIDEPÇLAUNANAGIDTODTGMCEEBEAIAARLEIDTXFESSAASIOCINSTALTTDAEMANUA

PREADUEDLEHSC

ETNATROPMI

ETIMREPEDUAS

AILIXUA

MATERNO

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Inesquecíveis festas, como as juninas, que reuniam não somente os alunos e seus parentes, mas toda a comuni-

dade, fi caram na história da Escola Mu-nicipal IV Centenário, localizada na Baixa do Sapateiro. O correio interno, que fun-cionava na escola permitia a comunica-ção entre os alunos da instituição, marcou a vida de muitas crianças, hoje adultos. Os 50 anos de existência, comemorados em 2008, trouxe as lembranças de volta aos muitos alunos da escola.

As curiosidades também fazem parte da Escola Municipal IV Centenário e uma delas envolve o nome. No ano de 1965, a cidade do Rio de Janeiro comemorava 400 anos de fundação, e muitas homenagens aconteciam no então Estado da Guanabara, uma delas foi a mudança do nome da esco-la, antes chamada de SERFHA 3 (Serviço Especial de Recuperação de Favelas e Ha-bitações Anti-higiênicas), criado na gestão do prefeito Francisco Negrão de Lima, que permaneceu no cargo de 1953 à 1958.

Mas o que existia no local antes da Es-cola Municipal IV Centenário? O terreno já foi campo de futebol do extinto Minas Ge-rais Futebol Clube, de 1928 até a construção do prédio do colégio. “Ali tinha uma barrei-ra e um campo que vinha daqui da rua da Associação de Moradores (rua Canaã) até a rua do Serviço”, contou Dona Iara, mora-dora da comunidade, à Rede Memória.

Novo prédioO ano de 2008 não marca somente os 50

anos da Escola Municipal IV Centenário, mas uma mudança radical em sua estrutura. Em novembro o antigo prédio foi demoli-do para a construção de um mais moderno, fato que não agradou a alguns ex-alunos e moradores. “Fiquei triste porque foi cons-truído pelos moradores. Com as obras eles levam muitas lembranças e histórias”, co-mentou Terezinha Lanzellotti, de 42 anos, moradora da Baixa do Sapateiro.

No local será erguido um prédio de três andares, que além das salas de aulas, terá

biblioteca e qua-dra de esportes. Para Rita de Cássia Magni-no, diretora do IV Centenário, a escola não ti-nha estrutura. “Nunca hou-ve reformas e quando as telhas quebram temos que mudá-las rápido, senão as goteiras enchem as salas”, co-mentou.

Segundo ela, a mudan-ça não prejudicará os alunos que foram remanejados para a Escola Municipal Bahia. Os estudantes fi carão alojados no segundo andar do prédio por aproximadamente um ano. “Há dois meses fi z uma reu-nião como os responsáveis, alunos e toda a coordenação, e a mudança foi explicada detalhadamente. Para ter uma escola que atenda toda comu-nidade é necessário esse sa-crifício. Tudo será um grande presente para nós, e no próximo ano iremos comemorar com uma grande festa”, com-pletou Rita.

Por Cristiane Bar-balho e Julie Alves

No sentido horário, terreno da escola da Prefeitura após

a demolição; Alunos do IV Centenário comemorando os 43 anos da escola; Casatitus Esporte, time que jogava no

antigo campo do Minas Gerais, atual terreno do IV Centenário

RENATO ROSA

Um marco na vida da comunidadeEscola IV Centenário comemora 50 anos com muitas histórias

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