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1 O Cidadão 3 projetos educacionais nas igrejas 6 Godoy: um ex- jogador a serviço do futebol na Maré 16 Banco Popular na Maré 19 Evento de combate à Dengue RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº53 • NOVEMBRO/DEZEMBRO 2007 www.jornalocidadao.net Avenida Avenida Abandonada Abandonada Transferência de empresas para outras áreas da cidade, causa o abandono de galpões na região ao longo da Avenida Brasil

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1O Cidadão

3 projetos educacionais nas igrejas 6 Godoy: um ex-

jogador a serviço do futebol na Maré16 Banco

Popular na Maré 19 Evento de

combate à Dengue

RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº53 • NOVEMBRO/DEZEMBRO 2007www.jornalocidadao.net

AvenidaAvenidaAbandonadaAbandonadaTransferência de empresas para outras áreas da cidade, causa o abandono de galpões na região ao longo da Avenida Brasil

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2 O Cidadão

EDITORIAL

As águas da Maré trazem um ano novo

ELES LÊEM O CIDADÃO

À esquerda, Luciana da Silva Abreu, educadora de informática do Luta Pela Paz, acima, Benedita da Silva, secretária de Assistência Social e Direi-tos Humanos do Estado do Rio de Janeiro

O Cidadão é uma publicação do CEASMCentro de Estudos e Ações Solidárias da Maré

Sede Timbau: Praça dos Caetés, 7 - Morro do TimbauTelefones: 2561-4604

Sede Nova Holanda:Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 - Nova HolandaTelefone: 2561-4965

DireçãoAntonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro

Edson Diniz • Eliana Souza SilvaMaristela Klem • Lourenço Cezar

Coordenadora Geral: Rosilene MatosEditora: Cristiane BarbalhoCoordenadores de Edição:

Flávia Oliveira • Aydano André MottaCoordenadora de Reportagem: Carla Baiense

Revisão: Viviane Couto, Iara Erminia Madeira, Luiz de Oliveira e Audrey Barbalho

Administrador: Hélio EuclidesReportagem: Cristiane Barbalho • Gizele Martins • Hélio Euclides • Renata Souza

Rosilene Matos • Silvana Sá Colaborou nesta edição:

Rede MemóriaJornalista Responsável:

Ellen de Matos (Reg. 27574 Mtb)Ilustrações: Jhenri

Publicidade: Elisiane AlcantaraProjeto Gráfico e Diagramação: José Carlos Bezerra

Diagramação: Fabiana GomesCriação do Logotipo: Rosinaldo Lourenço

Foto de Capa: Hélio Euclides Repórter Fotográfi co: Hélio Euclides

Distribuição: Maria Matilde (coordenadora)Ana Carla • Charles Alves

Givanildo Nascimento • Regiane de Matos José Diego • Rosilene Ferreira

Luiz Fernando Fotolitos / Impressão: Ediouro

Tiragem: 20 mil exemplaresCorreio eletrônico: [email protected]

[email protected]ágina virtual: www.ceasm.org.br

REPRODUÇÃO DE VÍDEO DA NIC

O novo ano traz desejos de tem-pos melhores, e as tão gracio-sas promessas, que teremos 366

dias para cumprir. E como o ano novo é bissexto, teremos um dia a mais para aproveitar. Contudo também será um ano para fi car de olho, pois acabou a CPMF, imposto cobrado em transação fi nanceira. E o governo diz que o prejuízo será sen-tido na saúde do brasileiro. O interessante é que o dinheiro da CPMF não era uti-lizado apenas para a saúde pública, mas, agora que acabou, só a saúde pública, que já está em fase terminal, sentirá os efeitos colaterais. Por isso, fi quemos es-pertos, 2008 é ano de eleição municipal. Não podemos repetir os erros que elege-ram candidatos que vivem de centros so-ciais, mas, em contra partida, faltam nas votações da câmara municipal e, quando votam alguma lei, votam contra você e a favor de interesses próprios.

Para um total sucesso em 2008, cada

um precisa fazer a sua parte. Faça feliz as pessoas que vivem perto de você. Viva em um clima total de comunidade, de co-mum unidade. Lembremos dos tempos das palafi tas, em que todos ajudavam a construir a casa dos seus vizinhos e out-ras coisas mais. A Maré já não tem mais palafi tas, mas tem muitas coisas para melhorar, e melhorar juntos. Lembremos de um fragmento da música do cantor Bhega: “A comunidade deseja transporte, saúde, educação e habitação”.

Nossa matéria principal, por exem-plo, aborda uma questão delicada para nós, mareenses, e para a sociedade em geral: moradia. Nós só abordamos a questão, mas todos nós moradores refl e-tir a partir dela e reivindicar melhorias, lutar coletivamente pelos nossos direi-tos. Que entremos em 2008 nesse ritmo, de luta pela causas, mas sempre levando o lema da Paz!

FELIZ 2008!!!

HÉLIO EUCLIDES

Rua Nova Jerusalém, 345 BonsucessoTel:3882-8200 / Fax:2280-2432

A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da

O Programa de Criança Petrobras atende a diversas escolas públicas da maré.Promove ofi cinas e atividades que se tornam extensão da sala de aula.

Uma conquista dos moradores da Maré

O CIDADÃO recebe o apoio do

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3O Cidadão

EDUCAÇÃO

Igrejas e suas obras sociaisInstituições religiosas oferecem cursos para adultos, jovens e crianças na Maré

Com o objetivo de levar oportu-nidades e alternativas de traba-lho para os moradores da Maré,

algumas igrejas têm oferecido cursos de educação, de música e também profi s-sionalizantes. Algumas delas são a Paró-quia Jesus de Nazaré, a Igreja Universal do Reino de Deus, a Paróquia Nossa Se-nhora dos Navegantes e a Igreja Batista Central de Bonsucesso.

A estudante de pedagogia Laura Teixeira, de 23 anos, junto com outros membros da Igreja Universal, teve a ini-ciativa de organizar o curso de alfabeti-zação. Hoje, com 10 alunos, o curso fun-ciona nas sextas e sábados, das 18h às 19h30min, em janeiro será de segunda a sábado. “Aqui na igreja têm muitos ido-sos que não sabem ler e escrever. Então, esta foi uma forma de ajuda-los. Para que eles possam ter a satisfação de assinar o próprio nome, de construir algum texto e dizer que foram eles que fi zeram”, conta Laura. O curso é gratuito e recebe aju-da da própria igreja, que cede o local, e do Jardim Creche Escola Esperança, que doa materiais como quadro e cadeiras. Para o próximo ano a igreja pretende oferecer curso de telemarketing, etique-ta, entre outros.

A Paróquia Jesus de Nazaré, além de oferecer curso de alfabetização para adultos e capoeira, também cede um espaço para a Escola Santa Mônica

disponibilizando formação básica. É importante ressaltar que todos esses cursos são gratuitos. A APAR Associa-ção Patrulha Jovem do Rio, localizada na Paróquia Nossa Senhora dos Nave-gantes oferece o curso de iniciação ao mercado de trabalho, voltado para ado-lescentes. “Ele tem duração de quatro meses e abre inscrições do dia 17 de janeiro até dia 31 do mesmo mês. Com a conclusão do curso, ocorrerão enca-minhamentos para empresas convenia-das ao programa”, diz o coordenador Carlos Sá, de 60 anos.

Hoje, com aproximadamente 300

alunos a Igreja Batista está oferecendo cursos de alfabetização, inglês, espa-nhol, reforço escolar, crochê, produção artesanal, entre outros. Segundo a co-ordenadora Denise Amaral, de 41 anos, alguns cursos já tem fi nanciamento, mas outros ainda não. “Estamos ainda tentando algumas parcerias, já temos com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com o curso de al-fabetização. Mas precisamos de outros porque queremos futuramente colocar outros cursos. Nosso objetivo também é o de tirar crianças da rua e ajudar os adultos”, relata.

RENATA SOUZA

Crianças do Colégio Santa Mônica posam com artistas após peça de fi nal de ano nas dependência da Igreja

ARQUIVO PESSOAL

Mulheres exibem trabalho feito na ofi cina de artesanato da Igreja Batista Central de Bonsucesso, no Timbau

Endereço das Igrejas:Paróquia Jesus de Nazaré:Rua Ivanildo Alves, 83, Parque Maré

Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes:Rua Luis Ferreira, 217, Baixa do Sapa-teiro

Igreja Universal do Reino de Deus: Rua Guilherme Frota, 343, Baixa do Sapateiro

Igreja Batista Central em Bonsucesso:Rua Capivari, 39, Morro do Timbau

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4 O Cidadão

HÉLIO EUCLIDES

Iate Clube de Ramos: visão panorâmica onde mostra os barcos ancorados ao longo do litoral mareense

Tudo começou em 15 de novem-bro de 1941. Ao lado do antigo posto de gasolina, na Rua Ger-

son Ferreira, 27. Assim se iniciava a his-tória do Iate Clube de Ramos, que depois de 13 anos, teve a mudança de endereço para a atual sede, na Rua do Iate. De lá para cá, foram muitos campeonatos de pesca e regatas, que serviram de cenário, na década de 1970, para uma matéria no Jornal Nacional.

O clube nasceu, na verdade, num bar-raco construído por um grupo de amigos, para guarda a roupa nos domingos de sol na Praia de Ramos. Depois foram cria-dos vários galpões, vieram as reformas e o crescimento. Hoje são 38 mil metros quadrados, com sauna, churrascaria, sa-lão de sinuca e piscina. O sócio que tiver barco ainda pode usufruir de duas ram-pas, uma marina e dois guinchos. “Aqui temos um dos melhores lugares para se comer. Qualquer pessoa pode vir almoçar no nosso restaurante, é um prestígio para o clube”, orhulha-se o comodoro, Walde-miro Gonçalves, de 67 anos.

O clube possui sede própria, com excelentes instalações e suporte aos as-sociados e amigos. Atua em quase todos os desportos náuticos, destacando-se a pesca adulta e infantil, e o mergulho. É, também,fi liado à Federação de Pesca e Desportos Subaquáticos do Estado do Rio de Janeiro e a respectiva Confede-ração. “Tenho box há 20 anos no Iate. Gosto muito daqui, o bar tem ambiente familiar”, conta J. Ney, de 56 anos. O ICR conta com 220 sócios, que pagam

pelo título R$ 1.000

em dez vezes, mais R$ 63,53 por mês de mensalidade. O sócio não precisa ter barco, para usufruir do clube, que ainda oferece salão de festa, com capacidade para 200 pessoas.

A vida do clube se mistura a Praia de Ramos

O bairro da Maré se formou em volta do ICR. E por esse motivo se criou uma relação de atividades sociais entre clube e morador. “Há uma parceria com a co-munidade. Liberamos o campo para pe-ladinhas e apoiamos a asso-ciação”, afi rma o comodoro. Um exemplo dessa ligação é o músico Wellington Fer-nandes, de 27 anos. Ele passou na prova escrita para a Marinha, mas

precisa de treinamento para os testes fí-sicos. “Treino aqui duas horas por dia, gratuitamente. A piscina é perfeita”, diz Wellington, conhecido como Biliu.

O ICR já teve sócios ilustres, como o humorista Mussum. “São muitas his-tórias do passado. Uma foi de um Co-modoro, que pediu ao funcionário que descesse no mar para segurar uma es-taca. Ele não obedeceu, então o próprio comodoro com roupa social caiu na água e fez o serviço. Foi um verdadeiro ato de amor ao Iate”, conta o mecânico náutico do Clube, Carlos Alberto, o po-pular Bebeto, de 48 anos.

GERAL

Um clube na praiaA história da Maré contada pela presença de um Iate em Ramos, dando lazer aos moradores

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5O Cidadão

GERAL

Consciência NegraDia 20 de novembro comemorado na Maré

Preservar a memória é uma das formas de construir a história. Em nome da história, nos últimos

37 anos se comemora no dia 20 de no-vembro, o Dia Nacional da Consciência Negra. Nessa data, em 1695, foi assassi-nado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se tornou

um grande ícone da resistência negra e da luta pela liberdade. A escolha desse dia foi muito mais do que uma simples opo-sição ao 13 de maio, (dia da abolição da escravatura) até porque os movimentos sociais sugeriram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por dife-renças e discriminações raciais. Isso não é pouca coisa, pois o racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil, como se não existisse.

Aqui na Maré, todos os anos, vá-rios movimentos comemoram o Dia da Consciência Negra, cultivando a cultura afro e mostrando o quanto ela é impor-tante para a sociedade. Um desses gru-

pos fi ca localizado no Centro Cultu-ral Capoeira Angola de Pastinha, que procurou o Centro, e juntos organizaram esse dia tão especial. O pro-fessor de capoeira Lucas dos Santos Brito, de 23 anos, estava animado. “O Dia da Consciência Negra é muito importante para refl etirmos sobre o que nossos antepassados pas-saram”, relata. O Centro Cul-tural contou com a presença de mais de cinqüenta pessoas, que puderam assistir a capoeira de Angola, grafi te, maku-lelê (dança africana de antigos guerreiros) e samba de roda.

Em um de seus poemas, o gaúcho Oliveira Silveira defi -ne o 13 de maio, como um dia de “traição, liberdade sem asas e fome sem pão. Por isso muitas pessoas repudiam essa data, quan-

d o milhares

de negros fo-ram ”soltos” nas ruas,

sem nenhuma condição de sobrevivência. O negro per-deu força em nossa socieda-de, que atribuiu a abolição à atitude exclusiva da princesa Isabel, aparentemente pater-

nalista e generosa. Em 1971 o 20 de Novembro foi celebrado

pela primeira vez. A idéia se espalhou

por outros movi-mentos sociais de luta contra a

discriminação racial, e no fi nal dos

anos 70, já aparecia

como pro-posta na-cional do Movimen-

to Negro Unifi cado.

COMO VOVÓ JÁ DIZIA

Água e digestão: Líquido durante as refei-ções, principalmente, bebidas gasosas dificulta a digestão e distende o estômago. Mas, um ou dois copos de água em jejum facilita a digestão.

Alimentos e emoções: Os alimentos es-tão diretamente ligados ao estado emocional das pessoas. Para controlar a concentração e a preocupação, coma verduras, frutas e gra-nulados. Para dispersão e falta de concentra-

ção, prefi ra raízes ou tubérculos em purê: batata, cenoura, beterraba, mandioca. Para o nervosismo, agressividade, irritabilidade, agitação, responda com hortaliças, frutas e ervas. Já para a preguiça e sonolência, coma proteínas animais e vegetais e carboidratos.

Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus - Editora Vozes

“O dia da consciência negra é muito importante para refl etirmos sobre o que nossos antepassados passaram”Lucas dos SantosProfessor de capoeira

Saúde pela alimentação

A verdadeira históriaO dia 20 de novembro lembra o assas-

sinato de Zumbi em 1695 , o mais impor-tante líder do Quilombo dos Palmares, que representou a maior e mais importante co-munidade de escravos fugidos nas Amé-ricas, com uma população estimada em mais de 30 mil negros. Em várias socieda-des escravistas nas Américas houve fugas de escravos e formação de comunidades

como os quilombos. Palmares durou cer-ca de 140 anos: as primeiras evidências são de 1585 e há informações de escravos fugidos na Serra da Barriga até 1740, ou seja, bem depois do assassinato de Zum-bi. Embora tenham existido tentativas de tratados de paz os acordos fracassaram, prevalecendo o furor destruidor do poder colonial contra Palmares.

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6 O Cidadão

Com apenas 14 anos de idade, Nival-do da Silva mais conhecido como Godoy, começou sua carreira como

jogador profi ssional no time da Portuguesa, da Ilha do Governador. Seu primeiro contato com a bola ocorreu por volta dos seus oito anos, no time mirim do Potiguar. Hoje, com 44 anos, relembra sua trajetória no futebol. “Passei pela Portuguesa, Olaria, Mesquita, Madureira, Rubro e Rio Branco, do Espírito Santo”,diz.

Godoy, morador da Praia de Ramos fala que o sonho de ser jogador veio de berço, seus irmãos já jogavam, sendo grandes refe-rências para ele. “Foi através do exemplo dos meus irmãos que comecei a pegar gosto pelo futebol”, relata. Estimulado também por um amigo, fez seu primeiro treinamento. “Um amigo que viu meu talento e me levou para treinar na Portuguesa, e daí comecei a carrei-ra”, conclui.

Ele diz que parou de jogar um pouco

cedo, aos 24 anos. Mas, até hoje trabalha em locais ligados ao futebol, um exemplo disso, é a escolinha de futebol - projeto social do Governo do Estado, no campo do piscinão de Ramos - voltada para meninos e meninas, de 10 a 17 anos, que estejam estudando. “Ape-sar de eu não ter tido escolinha, sonho em ver alguns garotos desses se destacando em clu-bes, treinando e jogando em algum time um dia”, diz. Além disso, Godoy trabalha como auxiliar técnico da equipe do Angra e no seu comércio, próximo ao piscinão.

Pai de dois fi lhos, Godoy fala da impor-tância dos estudos e do incentivo dos pais em qualquer carreira que o fi lho queira se-guir. “Eu não incentivo o meu fi lho a ser um jogador. Sempre falo que os estudos vêm em primeiro lugar. Se o meu fi lho quiser seguir a carreira de jogador, digo que o futebol será uma conseqüência. E sempre o incentivo a participar das escolinhas, mas não o obrigo, porque isso pode atrapalhá-lo. É ele quem deve decidir. Não faço cobranças”, conta.

Para aqueles que sonham com o fute-bol, o ex-jogador deixa um recado: “Tem que ser bom de bola, ter talento. Mas não é muito fácil a carreira de jogador profi s-sional. A primeira coisa é ter uma estru-tura psicológica muito boa, porque muitos jogadores vão fazer teste e não passam na primeira vez, e alguns fi cam meio revolta-dos e desistem, sendo que é preciso tentar sempre”, completa.

Ele aconselha ao futuro jogador, que não pare de estudar nunca, porque a car-reira de um profi ssional de futebol é cur-ta, nem todos chegam ao ponto de ser um Ronaldinho ou um Kaká. Muitos que estão

começando, jogam em times com contra-tos muito curtos e outros nem ganham, jo-gam por amor ao futebol.

Godoy guarda com orgulho uma co-leção de jornais em que aparece jogando por alguns times e recorda um grande momento em sua vida. “Em 1984, dispu-tamos o campeonato carioca da primeira divisão. Eu era capitão do Olaria. Lembro que foi um campeonato muito bem dispu-tado, eram grandes e pequenos clubes com grandes craques”, diz.

PERFIL

Uma vida a serviço do futebolApaixonado pela carreira, o ex-jogador Godoy continua trabalhando na área esportiva

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

Godoy mostra com orgulho, no campo da Praia de Ramos, um de seus troféus e a sua ferramenta de trabalho

“Eu não incentivo o meu fi lho a ser um jogador. Sempre falo que os estudos vêm em primeiro lugar”GodoyEx-jogador de futebol

Reprodução de jornal com matéria sobre Godoy

“Foi através do exemplo dos meus irmãos que comecei a pegargosto pelo futebol”GodoyEx-jogador de futebol

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7O Cidadão

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LADO DA LINHA AMARELA

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8 O Cidadão

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9O Cidadão

CIDADANIA

Nova Biblioteca na MaréMoradores de Marcílio Dias ganham sua primeira biblioteca.

“O livro já está na minha vida desde que me co-nheci como gente.” As-

sim Geraldo de Oliveira, de 59 anos, demonstra seu amor pelos livros. Ele é morador da comunidade Marcílio Dias e está fundando uma biblioteca comuni-tária. Geraldo justifi ca sua atitude não só pelo amor a leitura, mas também por causa da violência que o faz não deixar seu fi lho, de 11 anos, ir fazer pesquisas no centro da cidade. “Nós estamos vi-vendo na era da informática, mas nem todos têm acesso a internet, então é im-portante ter um núcleo de conhecimen-to nas comunidades.” Diz.

Elisângela Oliveira da Costa, de 31

anos, acredita que a biblioteca só trará be-nefícios pra comunidade, possibilitando às crianças usufruírem de um espaço para pesquisa e leitura em geral. “Quanto mais a gente lê, mais a gente aprende” fala.

A biblioteca se chamará Nélida Pion. Uma homenagem a escritora e primeira mulher a presidir a Academia Brasileira

de Letras. Contando com um acervo de 3 a 4 mil livros, a biblioteca precisa de doações de cadeiras e mesas para as lei-turas e pesquisas. Quem estiver interes-sado em conhecer, a biblioteca fi ca loca-lizada na travessa José Sarney, ao lado da Igreja Assembléia de Deus da Penha, e o telefone é 2584-0523.

CURSOS

O Cidadão dá dicas de cursos

FilosofiaO curso desenvolve a capacidade crítica

e a refl exão nos diversos campos de aplica-ção do pensamento fi losófi co, formando uma visão universalizante do homem, do mundo e de seus fundamentos. Este profi ssional pode prestar serviços de orientação e assessoria em instituições educacionais, artísticas e culturais,

em projetos de pesquisa, empresas de comu-nicação, editoras científi cas e em orgãos de planejamento social, entre outras.

Duração: 8 semestres

Curso: Pode ser encontrado na UERJ e UFRJ

Seu Geraldo e um morador da comunidade, carregando os primeiros livros doados para nova biblioteca

ARQUIVO PESSOAL

Seu Geraldo arrumando os livros nas pratileiras da primeira biblioteca da comunidade de Marcílio Dias

“Nós estamos vivendo na era da informática, mas nem todos têm acesso a internet, então é importante ter um núcleo de conhecimento nas comunidades.” Geraldo de OliveiraMorador da comunidade Marcílio Dias

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10 O Cidadão

Exposição de desenhoA Lona Cultural Herbert Vianna é a

única a oferecer curso de desenho gratuito. E para comemorar o sucesso das aulas foi organizada no dia 27 de outubro a primei-ra exposição de desenhos. O objetivo é mostrar o trabalho de alguns alunos, como os de Tarcizio Felix, de 14 anos, e Lidi-ane dos Santos, de 18 anos, ambos par-ticipantes da ofi cina. O curso acontece nas segundas e quartas de 09:30h às 10:45h. Para maiores informações ir à secretaria da Lona na rua Evanildo Alves s/n.

Festa CulturalPara homenagear as crianças, a tarde

do dia 20 de outubro na Biblioteca Lima Barreto, na Nova Holanda, foi repleta de alegria. Com o lema “Ler é a maior di-versão”, foram organizadas brincadeiras, leitura de histórias, ginásticas, recital de poesia e ao fi nal um lanche. “Há uma fre-qüência enorme de crianças. Nossa equi-pe tem se esforçado para construir uma metodologia para trabalhar esta demanda, visando a contribuir para a democratiza-ção do acesso ao livro e formação de no-vos leitores”, diz o professor Ernani Alci-des, de 50 anos. O ponto alto foi quando crianças, após criar livrinhos, recitaram poesias para os coleguinhas.

HÉLIO EUCLIDES

Guardiões limpam valão da Vila do Pinheiro

Reinauguração do CRMM na Vila do João

O Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher foi festejado 24 horas depois, no dia 26 de novembro com a rei-nauguração do Centro de Referência de Mulheres da Maré, que ganhou o nome de Carminha Rosa, uma pedagoga, que foi exemplo de luta pelos direitos huma-nos. Ela faleceu no início do ano, deixan-do um trabalho fundamental na criação e consolidação do CRMM. “A luta não foi em vão, faltava recurso, mas ela sempre correu atrás”, comentou sua fi lha, Karina Rosa, de 28 anos. O evento contou com a participação de diversas autoridades, entre elas a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire e o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira.

Lançamento de revistaA revista Global lançou o seu nono

número no dia 1° de dezembro na Casa de Cultura da Maré. O local foi escolhido pelo fato de uma das matérias da revista, escrita pela psicanalista Glaucia Danley, abordar trabalho com a memória da comunidade que o Museu da Maré desenvolve. Um dos objetivos da revista é ampliar a discussão política sobre o Brasil e o mundo.

Nasce a Casa LaranjaNa Rua Projetada F, nº 187, no Salsa e

Merengue foi inaugurado o espaço do Mo-vimento Humanista. A casa vai reunir o Fó-rum da Maré, biblioteca, bazar, produtora de vídeo e a redação do jornal “Guia de Comér-cio”. Na sede, serão divulgadas idéias sobre transformação e liberdade. “Uma ideologia de descentralização do poder. Somos mais laranja do que César Maia, pois estamos no mundo inteiro desde a década de 60”, critica o voluntário Vinícius Pereira, de 22 anos. In-formações: www.casa.laranja.zip.net

Guardiões do RioNo mês de novembro, o projeto que busca

a vigilância diária, conservação e proteção dos rios esteve presente na limpeza de parte do va-lão da Vila do Pinheiro. Para o guardião da Se-cretaria Municipal do Meio Ambiente Abílio da Silva, de 62 anos, faltava draga. “Para a comu-nidade está ótimo. Para nós é pesado, pois usa-mos as mãos”, relata o popular Seu Duzentos. A encarregada do Conjunto Esperança, Edna Gomes, de 33 anos, explicou a ausência. “Não há máquinas disponíveis, e por isso unimos duas equipes em mutirão”diz. O encarregado da Baixa do Sapateiro, Antonio de Pádua, de 44 anos, informou que o próximo passo é um projeto paralelo para conscientizar a população e que o trabalho deles é a limpeza dos rios.

Pessoas observam os desenhos expostos na Lona

ARQUIVO PESSOAL

E POR FALAR EM ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAISREPRODUÇÃO

Projeto Uerê

Endereço: Rua Tancredo Neves, s/nº, quadra 3, bloco 255-A, casa 1 – Nova Maré – Maré – CEP: 21043-230Telefone: 3881-6219Site: www.projetouere.org.brNatureza da instituição: Org. Não-GovernamentalFundação: 1995Principais atividades:a - Reforço escolarb - Curso informáticac - Computação gráfi cad - Incentivo à leitura (biblioteca p/ uso

do público atendido)e - Coralf - Dança modernag - Capoeira e maculelêAbrangência do atendimento: jovens de 3 a 18 anos e seus familiares

UEVOM – União Esportiva Vila Olímpica da MaréEndereço: Rua Tancredo Neves, s/nºNova Maré – Maré – CEP: 21032-970Tels.: 3868-7452 / 3868-7552 / 3977-5788Natureza da instituição: Org. Não-Go-vernamentalFundação: 1999

Principais atividades:a - Atividades esportivas e culturais: natação, hidroginástica, ginástica olímpica, dança folclórica, balé, coral, street dance, etc (num total de 28 ati-vidades).Abrangência do atendimento: crian-ças a partir de 3 anos, adolescentes, jo-vens, adultos e idosos.

Entidades não-governamentais no Catálogo de Instituições da Maré

ACONTECEU NA MARÉ

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11O Cidadão

Pré-vestibular humanista

Inscrições abertas, com ape-nas 130 vagas. Aulas aos sába-dos. Local: Centro de Ciências da Saúde (CCS) – Bloco B – sala 32 – Ilha do Fundão. Inscri-ção: R$ 50,00 de seis em seis meses (sem mensalidades).

Informações: Alice 9218-0575 ([email protected]); Jacqueline 9415-6061 ([email protected]); Mônica 8808-8685 ([email protected]).

A Rede Intersetorial de Pro-teção à Criança e ao Adolescente com Histórico de Desenvolvimento (Ripcahd) pede aos responsáveis, que não deixem de matricular seus fi lhos na escola. A educação é um direito fundamental garantido por lei. Faça a sua parte!

As inscrições acontecem do dia

09 até o dia 18 de janeiro. Os pólos de matrícula na Maré são na Escola Municipal Paulo Freire e Tenente Napion. Nos pólos haverá vagas para educação infantil, pré-escola, ensino fundamental, alunos com necessidades especiais e Peja.

Mais informações: 2462-3996 e 3393-5167

SABOR DA MARÉ

Suco refrescante de verãoHÉLIO EUCLIDES

Mimiu e seu suco refrescante da nova estação

Matrícula de ensino

Ingredientes:

1/2 melão grande

1 limão grande ou 3 pequenos

350 ml de água fi ltrada ou mineral

(gelada)

4 cubos de gelo

Açúcar ou adoçante a gosto

Preparo:

Descascar o melão. Cortá-lo em peda-ços pequenos. Pegue o limão, esprema e coe o suco. Misture o melão, limão, água, gelo e adoce. Bata no liquidifi cador até fi car cremoso. Depois é só coar e servir. Beba na hora. Rendimento um litro. Um sabor leve, típico do verão.

Ampliado espaço infantil

O ambiente conhecido como casa das irmãs, estava pequeno para aten-der o Programa da Infância Cabrinia-na (PIC). E na tarde de 14 de dezem-bro, o novo espaço foi inaugurado. A obra teve o apoio da Obra Social Santa Cabrini, das Missionárias do Sagra-do Coração de Jesus. O trabalho tem como lema “Educando o coração para o amor”, e funciona na rua 17, número 217, na Vila do João.

Universidade AbertaCom o objetivo de estudos, debates,

refl exões e capacitação para ação política, foi inaugurada na tarde de 13 de dezem-bro, a Tele-Sala Che Guevara. O Projeto é vinculado a Universidade Aberta Leonel Brizola, onde trabalha módulos de educa-ção via satélite. As aulas acontecem aos sábados, ao lado da Associação de Mo-radores da Vila do João. “A fi nalidade é clarear as mentes, para poder reivindicar uma cidadania plena”, comenta o líder comunitário, Tadeu Ribeiro, de 54 anos.

Comemoração por novas acomodações do PIC

HÉLIO EUCLIDES

Festa pelo início das atividades da Tele-Sala

HÉLIO EUCLIDES

Curso PreparatórioDia 25 de janeiro às 13h, acontecerá no Ceasm Timbau a inaugura-

ção ofi cial do curso preparatório para concurso público (Academia do Concurso Maré).

Cursos do ProjovemNo mês de novembro o Projovem,

Programa Nacional de Inclusão de Jovens, formou cerca de 200 alunos na Lona Cultural Herbert Vianna na Maré. Os alunos aprendem durante um ano uma das seguintes profissões: esporte e lazer, arte cultura, constru-ção civil e turismo. O programa fun-ciona em algumas escolas como na Escola Municipal Carlos Chagas em Ramos e na Escola Municipal Odilon em Olaria e trabalham com grande parte das comunidades da Maré. Ao final do curso os alunos recebem um certificado de conclusão do ensino médio e um outro de especialização profissional. Quem estiver interessa-do em participar do Projovem deve estar matriculado ou se matricular nas escolas de 5ª a 8ª série que te-nha o projeto ou fazê-la pelo telefone 0800-722-7777.

ACONTECEU NA MARÉ

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CRISTIANE BARBALHO

Casas construídas dentro do espaço onde era o antigo prédio da Quartzolit localizado na Baixa do Sapateiro

CAPA

Avenida BrasilDo sonho industrial nos governos de Vargas e JK à decadência nos últimos anos

A Avenida Brasil é uma das mais importantes vias da cidade do Rio de Janeiro. Ela foi criada em 1946,

durante o Governo de Getúlio Vargas, com o objetivo de descongestionar os eixos da Rodovia Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo, além de incorporar a cidade terrenos para a construção de fábricas e galpões. Somen-te em 1950, com a instalação da indústria automobilística, no governo de Juscelino Kubitschek, a economia começou a de-monstrar alguns avanços. Contudo, com a mudança da capital em 1960 para Brasília, a economia da região começou a enfrentar grandes problemas. O Rio de Janeiro dei-xou de ser capital, transformando-se em Es-tado da Guanabara e depois em município. Essas mudanças foram crucias para a eco-nomia da cidade, permitindo a estagnação da região ao longo da Avenida Brasil.

Hoje, as muitas indústrias que ocupa-vam a via expressa foram transferidas para outras áreas da cidade. E alguns galpões acabaram sendo ocupados e dentro deles foram construídos moradias. Esse é o caso do antigo prédio da Quartzolit, localizada na Rua Capitão Carlos, na Baixa do Sapatei-ro. Um dos responsáveis pela ocupação do terreno da Quartzolit foi Jorge Luiz Men-des Bezerra, mais conhecido como Jorginho, vice-

presidente da ONG Centro Social e Cultu-ral Sarah Hanani. A idéia partiu depois que algumas pessoas na Praia de Ramos fi caram sem lugar para morar. “Eu me sensibilizei

com isso e no decorrer dos dias soube que tinha uma

pessoa vendendo terre-no no prédio da Quart-zolit. Então chamei algumas pessoas que

são líderes na comunidade e perguntei se aquilo era legal e se eles estavam sabendo de alguma coisa que estava errado, pois ali tinha um dono e não estava tão abandona-do. Além disso, a prefeitura tem o alvará de

tudo aquilo, toda a documenta-ção. Procurei sa-

ber de tudo pelos

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Jorge Luiz Mendes Bezerra é um dos responsáveis pela organização da ocupação da antiga área da Quartzolit

CRISTIANE BARBALHOmeios legais e, então, fui à associação de moradores da Baixa do Sapateiro e peguei um papel com o presidente da associação. Não queríamos que no local fossem cons-truídos barracos de lona, madeira. O obje-tivo era que as casas fossem de tijolo com pelo menos a telha, por isso, foram esco-lhidas pessoas que teriam como construir casas naquele momento”, diz.

Mas não foram somente os morado-res da Praia de Ramos os benefi ciados. Segundo Jorginho, muitas pessoas que pagavam aluguel começaram a procurá-lo perguntando se poderiam construir no local. “Espalhei cartazes por vários locais aqui na comunidade, dizendo o seguinte ‘Você que mora de aluguel e pretende sair, nos procure. No dia tal, na Quartzolit, ha-verá uma reunião sobre moradia’. Apare-ceu muita gente. Perguntei quem morava de aluguel, e deixei bem claro que iríamos

abrir o espaço e que não seriamos dema-gogos ou hipócrita e que nós iriamos saber quem tem ou que não tem casa própria. Eu deixei aberto o que iria acontecer se eles mentissem e se alguém, futuramente, sou-besse que eles tinham casa. Eu falei que eu não seria o juiz dele e sim a consciência de cada um, porque se já estivesse construindo e nós descobríssemos que já tinha casa, ela seria dada para a pessoa mais pobrezinha. Então fi zemos senso de todas as pessoas para confi rmamos se elas moravam mesmo de aluguel”, completa.

A ocupação do local teve início há um ano e alguns de seus moradores são de ou-tros locais da Maré. Ivonete do Rosário, de 32 anos, que morava em outra comunidade da Maré, mudou-se para o novo endere-ço há seis meses. “Vim porque eu pagava aluguel. Soube através do meu fi lho, que faz curso na Vila Olímpica, que tinha um pedaço de terra para quem pagava aluguel. Eu pagava R$150 por mês de aluguel. Aqui está bem melhor já que meu marido está desempregado há alguns meses”, diz.

Mas não é somente de outras comuni-dades da Maré que são os moradores da nova ocupação. O sonho de conquistar um bom emprego no sudeste ainda atrai muitas

pessoas de outros estados para a cidade do Rio de janeiro, principalmente do Nordes-te. Como no caso de Sandra Cardoso, de 25 anos, que veio do Rio Grande do Nor-te com o marido e há quatro meses mora no antigo prédio da Quartzolit. “Quando a gente chegou aqui tinha um rapaz que que-ria passar esse terreno. Meu marido, então, só comprou o material para a construção da casa. Não acho o lugar aqui muito agra-dável, porque a minha outra casa era bem melhor e maior, já que sou de Natal. Vimos

de lá para o meu marido trabalhar com o irmão dele que está aqui há dez anos”, completa.

Embora a Prefeitura tenha cedido o espaço, os moradores da área ainda não têm a documentação do terreno, o que ain-da causa insegurança entre os moradores. O CIDADÃO também entrou em contato com a Secretária de Assistência Social para saber a exata situação dos galpões ocupa-dos, mas nenhuma resposta foi obtida até o fechamento dessa edição.

“Eu pagava R$150 por mês de aluguel”Ivonete do RosárioMoradora da Quartzolit

Lei Vargas

Cartaz do projeto de construção da Avenida Brasil

REPRODUÇÃO DA INTERNET

Na década de 1930, durante o go-verno de Getúlio Vargas, a área da Leopoldina, com o decreto 6000/37, é transformada em zona industrial, mu-dando a confi guração da região. De acordo com matéria publicada no site G1, no dia 15 de janeiro de 2007 a pre-feitura assinou decreto modifi cando as normas de ocupação da Avenida Brasil, que vai do Centro da Cidade à Zona Oeste. Para confi rmar a informação, O CIDADÃO procurou o Instituto Muni-cipal de Urbanismo Pereira Passos que confi rmou a sanção da lei. O objetivo dela é permitir a construção ao longo da via de edifícios residenciais, de co-mércio, ou os dois, dependendo agora do interesse da iniciativa privada, sen-do essa a forma encontrada pela prefei-tura de recuperar uma área degradada. Segundo o Instituto Pereira Passos, a medida evitaria a sua “favelização”. O CIDADÃO também entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do

gabinete do prefeito, contudo nenhuma resposta foi obtida até o fechamento dessa edição.

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CAPA

Crescimento urbano econseqüênciasA cientista social Jaqueline Luzia da Silva fala sobre a desigualdade social

O CIDADÃO entrevistou a cientis-ta social e Mestre em Educação pela Ufrj, Jaqueline Luzia da

Silva, de 29 anos, e doutoranda em Edu-cação pela Puc-Rio, sobre as ocupações dos galpões ao longo da Avenida Brasil.

O CIDADÃO - Como você percebe a vinda de pessoas de outros es-tados para o município do Rio de Janeiro?

Jaqueline Luzia - A migração no Brasil se acirrou com o êxodo rural na década de 1930, motivado pelas expec-tativas da população em melhorar suas condições de vida, na maioria dos casos vinda da região nordeste. O Rio de Ja-neiro se tornou um dos destinos desta população por ser capital do país até o ano de 1960. Portanto, vir morar no Rio signifi cava estar perto do centro comercial e político e, assim, conseguir emprego e formas de sustentabilidade. Até hoje esta situação está contida no

imaginário da população. O Rio de Janeiro, além de apresen-tar desenvolvimento eco-nômico diante de outras metrópoles, é reduto de turistas e foco

da mídia, em todas as suas expressões.

O CIDADÃO - Há grande infl uência da televisão nesse processo de migração para o Rio de Janeiro? Quais são essas infl uências? E como você percebe esse proces-so?

Jaqueline Luzia - A mídia de uma maneira geral exerce forte infl uência so-bre a imagem da cidade. Percebemos isto nas novelas, cuja maioria se passa no Rio, além de fi lmes etc. A cidade “vende” uma imagem que é a da beleza, saúde, paisa-gens, praias, mar, juventu-de, representa-ções

sociais agregadas a um estilo de vida bus-cado pela sociedade atual. Por um lado, esse processo tem saldo positivo para a cidade, pois além de atrair turistas, gera emprego e renda.

O CIDADÃO - Como você vê as ocupações dos antigos galpões ao longo da Avenida Brasil? Que ati-tudes o governo deveria tomar? E o que leva essas pessoas a ocupa-rem esses espaços?

Jaqueline Luzia - A desigualdade social é a principal causa para ocupa-

O Rio de Janeiro, além de apresentar desenvolvimento econômico diante de outras metrópoles, é reduto de turistas e foco da mídia, em todas as suas expressõesJaqueline LuziaCientista social

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e suas

ções desordenadas do espaço urbano. Numa sociedade estratifi cada como a nossa, onde poucos são muito ricos e uma grande massa da população vive em estado de miséria, não é difícil que se crie estratégias de sobrevivência

como esta. Acredito que o plane-jamento urbano, atrelado a um oferecimento de melhores con-dições de vida (salário digno, saúde e educação de qualida-de, oportunidades de lazer, sa-neamento básico etc.) seria a medida necessária para que as ocupações não acontecessem.

O CIDADÃO - Como você defi ne o tipo de pessoa

ou grupo que ocupa essas áreas? E como você percebe a situação dessas pessoas? Você acha que a Constituição está sendo respei-tada?

Jaqueline Luzia - É difícil classifi -car pessoas sem homogeneizá-las. E isso signifi ca tomar uma atitude preconceituosa diante destas pessoas. Os motivos que as levam a ocupar essas áreas são variáveis e precisam ser investigados individualmente. São pessoas que necessitam de condições básicas de sobrevivência, além de estabi-lidade física, psicológica e social. Não dá para estigmatizá-las sem uma compreensão

global das condições em que se encontram. Pois assim, além de estarmos ferindo a Constituição Brasileira (Art. 1º A Repúbli-ca Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como funda-mentos: I - a soberania; II -a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia-tiva; V - o pluralismo político)., estaremos infringindo os princípios básicos da De-claração Universal dos Direitos Humanos (Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos).

A desigualdade social é a principal causa para ocupações desordenadas do espaço urbano.Jaqueline LuziaCientista social

WALDELAMIR GOMES

A cientista social e doutoranda Jaqueline Luzia comenta sobre as ocupações ao longo da Avenida Brasil

Segundo o historiador Ale-xandre Dias, a ocupação dos galpões ao longo da Avenida Brasil está ligada ao fato dos mesmos estarem abandonados há muito tempo. “Acho que o povo deveria realmente ocu-par esses prédios, principal-

mente se for para gerar emprego e renda, transformando-os em áreas de produção cooperada de algum produ-to artesanal, centros comercias como

feiras livres, galerias comunitárias de serviços, ou mesmo em centros de arte e cultura. No entanto, se for para fazer desses prédios, moradias, deve-se cobrar do governo a infra-estrutura básica e to-mar muito cuidado com a manutenção

da construção”, completa. Contudo, as ocupações na Maré costumam aconte-cer com pouca ou nenhuma intervenção do poder público. A comunidade Tekno Parque, que fi ca no Parque União, por exemplo, pouco lembra os seus tempos de galpão. Contudo, a reestruturação do espaço foi feita sem a intervenção do poder público. A organização fi cou sob responsabilidade da associação de moradores que organizou a ocupação e a construção de casas.

Mas esses antigos galpões não fun-cionam apenas para a construção de mo-radias. Outros tipos de ocupações acon-tecem nesses locais, sendo esse o caso de um velho galpão, na comunidade de Marcílio Dias, transformado em posto

de saúde com a ajuda dos Médicos Sem Fronteira. Esse grupo tem como objeti-vo organizar as atividades em locais que o estado não está atuando e depois re-passar a responsabilidade para ele.

Iniciativas como essas estão acon-tecem em vários lugares da Maré. O Ceasm Nova Holanda também é fruto de uma ocupação social. O local foi o antigo prédio do Centro Municipal de Assistência Social Integrada (Cemasi) (Confere a informação) que fazia a tria-gem das pessoas que chegavam da Fave-la do Pinto, no Leblon. A Casa de Cultu-ra da Maré, na Av. Guilherme Maxwell, próxima ao Sesi, é um outro exemplo de ocupação social. O local era uma antiga fábrica de barcos.

Ocupações de galpões na Maré

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O Banco Popular do Brasil funciona desde 2004, e é subsidiário do Ban-co do Brasil. O projeto não utiliza

agências convencionais, mas permite acesso a produtos e serviços bancários. O atendi-mento aos clientes é feito por meio de corre-spondentes (empresa terceirizada), que aqui na Maré, há dois anos é o Supermercado Vianense. Em um quiosque dentro da loja, o cliente pode ter uma conta corrente, solicitar empréstimo e pagar contas, como água, luz,

telefone, boleto e fatura de cartão, no valor máximo de R$1.000, e sem ter ultrapassado o vencimento, que precisa acrescentar juros.

Apesar da comodidade, o espaço ainda é pouco conhecido. “Vira e mexe fi ca fora do ar. Aí o pessoal fi ca chateado, por isso tenho medo de divulgar. Mas é um quebra-galho para o morador que só tem a loteria, ou precisa ir a Bonsucesso”, diz o gerente de loja Ivair Borges, de 50 anos. Essa facilida-de é elogiada pelo usuário Cláudio Ramos,

de 37 anos. “Rápido e fá-cil, deveria ter

mais agências e opções de pagamento”, co-menta. Apesar da loja ter que ceder funcio-nários, há um maior fl uxo de clientes para o comércio. A fi scal Flávia Galdino, de 30 anos, informa que o funcionário que está no quiosque tem que estar capacitado para um bom atendimento ao público. A operadora Claudinéia Martins, de 30 anos, admite que recebe até elogios pelo serviço prestado. Só fi ca triste quando o usuário desiste do pa-gamento. “Quando as pessoas tentam pagar conta e o sistema está fora do ar, que vol-

tem mais tarde ou no outro dia”, envia o recado Claudinéia. Sua colega de Banco Popular, Verô-nica de Lima, de 30 anos, con-

fessa que pre-fere o trabalho no terminal. “Gosto, pois aqui tem um intervalo, ao contrário do caixa da loja”, conclui.

O Banco Popular da Maré funciona de 2ª a 6ª, nos dias úteis, das 07:30 às 15hs, com intervalo das 11hs às 12:45. E fi ca na Avenida Brasil, 6.288, próximo a Teixeira Ribeiro. Informações: 0800-7292929 ou www.bancopopulardobrasil.com.br.

SERVIÇO

Um banco popular na MaréProjeto auxilia nos pagamentos, abertura de contas-correntes e concessão de empréstimos

HÉLIO EUCLIDES

Funcionárias do Supermercado Vianense que exercem a função de atendente no quiosque do Banco Popular

O passado do banco na Maré

O bairro já possuiu dois Bancos Populares, ambos na Nova Holanda. Um funcionava na farmácia City Farma, situada na Teixeira Ribeiro. O sócio proprietário, Jovini Corrêa, de 41 anos, deslocava um funcionário do balcão para realizar o serviço bancário, só gan-hando R$0,10 por documento autenti-cado. “Tinha que falir, só dava dor de cabeça e prejuízo. Um dos problemas era o limite de caixa de R$ 3.000,00, o que muitas vezes deixava o sistema fora do ar metade do dia”, fi naliza.

O outro ponto era na loja da Light, na Rua Principal. A Light Maré infor-mou que os funcionários da época não fazem mais parte da empresa. Mas que o fi m do serviço foi simplesmente por término de contrato.

A área de comunicação do Banco Popular do Brasil foi procurada via telefone e correio eletrônico, mas não se pronunciou sobre o assunto.

“Mas é um quebra galho para o morador que só tem a loteria...” Ivair BorgesGerente do Supermercado

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17O Cidadão

ANÚNCIOS

Ligue e Anuncie!

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18 O Cidadão

ANÚNCIOS

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Como já diziam Lulu Santos e Nel-son Motta, nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, já

que na década de 1980, um famoso mos-quito começaria a mudar totalmente nossas vidas: o Aedes aegypti. Hoje conhecido mundialmente como o mosquito transmissor da dengue, ele deposita seus ovos em água limpa e parada. Segundo o entomologista da Fundação Oswaldo Cruz Ricardo Lourenço, as pessoas ainda não estão muito conscientes do risco da dengue, mesmo com a ocorrência de muitas mortes. “Para ter impacto maior no controle da doença, deveriam ser feitas cam-panhas intermediárias no inverno no auge da seca, quando o mosquito está recolhido, e não apenas no verão”, afi rma.

A dengue se instalou no Brasil em 1986, quando atingiu estágio de epidemia, e com o tempo foram realizadas campanhas de com-bate a essa doença. Em novembro aconteceu na Vila Olímpica da Maré mais uma mobiliza-ção para o combate ao mosquito transmissor da dengue. A iniciativa foi da Secretária de Saúde do Rio de Janeiro em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Social de Assis-tência a Saúde (IDASE), a Vila Olímpica da Maré, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Centro de Preparação de Ofi ciais da Reserva (CPOR) e a rádio comunitária da Maré. Todos mobilizados com o objetivo de combater o mosquito transmissor da dengue e conscienti-zar o morador. No local foram espalhadas ten-das que falavam sobre a dengue, as doenças sexualmente transmissíveis e os moradores ainda tiveram atendimento odontológico e pu-deram verifi car a pressão arterial e a glicose.

SAÚDE

Combate a dengue na comunidadeEvento na Vila Olímpica da Maré conscientiza moradores sobre as causas da doença

HÉLIO EUCLIDES

Mesmo com mobilizações as pessoas ainda deixam água limpa acumulada permitindo, a proliferação dos ovos

Ralos Abertos: jogar CLORO puro, Sal ou Creolina três vezes por semana e ta-par com tela.Trilhos de Box de Banheiros: escovar, pelo menos três vezes por semana.Vaso Sanitário sem uso ou tampa: tam-par e jogar CLORO puro.Copos ou recipientes com água: tampar ou esvaziá-los.Vasos e jarros de plantas, xaxim: elimi-nar vasos com água. Colocar areia nos pratos das plantas.Calhas entupidas: desentupir e escovar com água e sabão.Caixa d’água e tambor sem tampa: lim-

par a cada seis meses e tampá-los.Vasilhas de água para os animais: esco-var todos os dias e trocar a água.Garrafas, frascos, latas, potes vazios: deixar virados de boca para baixo. Aquário sem tampa ou tela: tampar ou colocar tela de proteção.Pneus e outros entulhos velhos: guardar os pneus, limpos e secos em lugar co-berto.Bromélias: não jogar água em cima delas. Furar as folhas que acumulam água.

Fonte: http://www.cefetsp.br/edu/jornal/2003maioDengue.html

Medidas básicas de Prevenção

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20 O Cidadão

ESPORTES

Campos da MaréSeleção de fotos de alguns dos maiores palcos de futebol do bairro

Campo Kalada Bar: também conhecido como Esperança

II, é onde joga o time que leva o nome da arena

soçaite e se encontra a pelada do São José

Nas últimas duas edições foram mostrados quatro campos da co-munidade: Marcílio Dias, Praia

de Ramos, Paty e Mania de Bola. E agora vamos encerrar essa série, com um álbum de fotos, com os campos localizados no Rubens Vaz, Nova Holanda, Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Vila do Pinheiro, Vila do João e Conjunto Esperança.

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

Campo da Rubens Vaz: uma arena sintética, localizada ao

lado do CIEP Hélio Smidt

Campo Carecão da Nova Holanda: fi ca ao lado do gi-násio da Vila Olímpica, e lá é disputado o III Campeona-to Amador de Futebol 2007

Campo Romarinho: Localiza-do dentro da Vila Olímpica é o único espaço de grama natural da Maré

Campo da Praça do 18: bem em frente a 30ª RA, e o local escolhido para treinamento do Real MaréCampo Pinheirão: estar

no fi nal da Via B/3 e é onde treina as crianças do

Projeto Escolinha 2002

Campo Toca da Raposa: Entre a Vila do Pinheiro e o Conjunto Pinheiro, o espaço leva o mesmo nome do centro de treinamento do Cruzeiro, em Belo Horizonte

Campo da Vila do João: soçaite sintético, se destaca

por reunir um dos maiores campeonatos de veteranos

do bairro

Campo Esperança I: encontra-se ao lado da Escola Municipal Teotônio Vilela, onde é o Centro Esportivo Social Comunitário Educacional Alex dos Santos Fortino

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21O Cidadão

Se eu perguntar onde fi ca a Rua União, na Baixa do Sapateiro você saberia responder? Talvez os mais

antigos moradores da Maré saibam, mas esse era o antigo nome do Largo IV Cen-tenário. Na década de 60 o governador Carlos Lacerda recebeu solicitações dos moradores do morro para a construção de um colégio em um terreno que fi cava entre as ruas União e Nova Jerusalém. Ali existia um campo de futebol, onde os moradores jogavam aos fi nais de semana, mas a escola para eles seria bem melhor.

Firmando uma parceria onde os moradores entrariam com a mão de obra e o governo com o recurso fi nanceiro, a escola foi construída e inaugurada em 1965, com o nome de E.M. IV Centenário. Uma homenagem aos 400 anos da Cidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma re-ferência de ensino da região da maré.

Conversando com os moradores do lar-

go, conhecemos Dil, um dos moradores mais antigos que está por ali desde 1962. Ele diz que por ali há muita tranqüilidade, mas mui-tas coisas fi caram esquecidas. Ainda existem postes de madeira, não tem bueiros para a escoação da água e não se pode lavar nada na rua. Se chove, fi cam várias poças, pois a água não tem destino.

O presidente da Associação de Moradores, Charles Guimarães, disse que vem cobrando

uma solução à Cedae e que ainda não obteve nenhuma resposta. Quanto aos postes, vários ofícios foram enviados para a Light informan-do o risco que os moradores correm com o mal estado das madeiras, mas nada até agora.

Fora esses problemas, os moradores dizem que a diversão é garantida aos fi nais de semana. Amigos se reúnem no famoso cantinho do xodó para assistirem jogos, fa-zer churrascos e até shows de rock.

RUA

Largo IV CentenárioUm pouco da história do bairro Maré

HÉLIO EUCLIDES

Apesar dos problemas, em dia de sol, o largo IV Centenário ainda é um lugar tranqüilo para os moradores

Jeremias de Jesus Santos, de 26 anos é um músico nato. Com três anos já dava os primeiros passos

na música. Sendo incentivado por todos, que em seus aniversários sempre o pre-senteavam com discos. Dessa forma em junho de 2007 nasce ‘O Triunfo’ título do seu Cd gospel, que acompanha dez canções, sendo quatro compostas por ele. E ainda como brinde cinco playbacks (músicas para karaokê).

Jeremias teve uma trajetória de início de vida difícil. No segundo ano de vida passou pela perda de sua mãe, e logo em seguida o do seu pai. Foi morar com a irmã, que es-tava grávida, e não tinha como dar tanta atenção. Encaminhado para uma residência de uma irmã da igreja, foi adotado num lar cristão. E dessa forma tinha que viver con-forme o signifi cado de seu nome: O elevado por Deus, que se somou a um sobrenome artístico de evidência, Di Caetés. No fi nal de 2004 começou a produzir o seu sonho. “Não

foi fácil, não recebi patrocínio de nenhuma empresa. Então criei meu selo independente, o Caetés Produções Musicais, e mostrei que cantar é exprimir sentimentos”, diz.

Como se trata de um cantor jovem, se espera muitas vezes músicas agitadas. Con-tudo o seu repertório traz canções tranqüi-las. “O que atrai pessoas é o diferente, eu quis trazer um louvor que liberta e restaura, e também um presente para minha igreja”, comenta. Jeremias já divulga o seu trabalho em diversas rádios, recebendo muitos elo-gios. Mas o seu lado compositor também se destaca em seu ministério, como gosta de ser chamada a sua carreira. “Na canção Minha Oferta, eu quis mostrar Deus em primeiro lugar, é triunfar sobre as diversidades da carne, do pensamento e das atitudes. O tri-unfo é Deus em evidência”, fi naliza.

O Cd pode ser adquirido nas Lojas CPAD, algumas Americanas, na Assembléia de Deus de Caetés, ou pelos telefones 8602-1480 ou 3105-3742. Pelo preço de R$ 15,00.

MUSICAL

Jeremias Di Caetés lança seu primeiro CdCantor procura profetizar através de mensagens musicadas

Jeremias: supera as difi culdades e vira cantor

ARQUIVO PESSOAL

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As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - Jornal O Cidadão (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050)

CARTASPÁGINA DE RASCUNHO

O jornal da Maré quer saber como ele é utilizado por você. Se você o aproveita, nos diga como.

Telefone: 3868-4007E-mail: [email protected] www.ediouro.com.brNas livrarias.

Ela está nas suas mãos.Só é preciso saber usá-la.

Que parte da vida de cada um cabe ao destino? E aos outros? E a si mesmo? Em A Chave do Segredo você conhecerá os princípios e processos para realizar uma comunicação efi ciente com o seu mundo interior. Descubra esse poder, que todos têm e não sabem utilizar, e controle cada acontecimento de sua vida.

ErrataNa última edição O CIDADÃO

foi a Paróquia Jesus de Nazaré e a Paróquia Sagrada Família, mas os padres não foram encontrados para comentar a pesquisa que coloca os católicos a favor do aborto, o que ocasionou a reclamação de alguns sacerdotes da comunidade.

Campo Minado

DESTRUIU nossa esperança,Calou a nossa voz,Encurtou a nossa distância,Nesse dia tão feroz

O culpado está livre,O meio em nosso olhar,Usuário de terno e gravata,Tentando nos enganar

HOJE as pessoas querem gritar,Jogar pedras ao vento,Bater no seu próprio corpo,Nesse dia violento

MÃES com lágrimas de sangue,Pais com vingança nas mãos,O mundo se encontra na desigualdadeA existência se une a destruição

DIGA as pessoas que vai resolver,Que está tudo controlado,Nos engana com suas promessas,Mais vivemos em campo minado

Roberto N. Alves

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PiadasPiadasFábrica do papai- Comporte-se, porque Deus, que está em todo lugar, está vendo seu compor-tamento.- Deus está em todo lugar? Até na fábrica do pai?- Até na fábrica do pai!- Mentira, “fessora”, meu pai não tem fábrica.

O esperto da esmolaNo pátio da igreja, o vigário deu uma bronca em um espertalhão que pedia esmola:- Você não tem vergonha?! Mês pas-sado você se fazia de cego. Hoje faz papel de paralítico!- Não é para fi car com raiva, reverendo! O senhor deveria se alegrar! É que recuperei a vista... Mas a emoção de ser curado tirou-me os movimentos da perna!

Mãozinha amigaHélio se dirige ao seu supervisor no escritório:- Chefe, amanhã vamos fazer uma faxina pesada em casa e minha mulher precisa de mim para arrumar e carregar as coisas no sótão e na garagem.-Estamos com falta de pessoal, Hélio – respondeu o chefe. – Não posso lhe dar folga amanhã.- Obrigado, chefe – diz Hélio. – Sabia que podia contar com o senhor!

Perdido no interior- Ô meu chapa! Qual é o caminho para Itu?- Sei não!- E a estrada para São Roque, qual é?- Sei não, moço!- E esta estrada, onde é que ela vai dar?- Tô sabendo não, meu sinhô!- É rapaz! Você não sabe nada mesmo, hein?- É, seu moço, mas eu não to perdido, não!

© Revistas COQUETEL 2007

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Este espaço representa a história dos moradores da Maré. Envie sua história, perguntas e suges-tões para a Rede Memória na Casa de Cultura da Maré. Endereço: Av. Guilherme Maxwell, 26, em frente ao SESI. Tel.: 3868-6748 ou para o e-mail: [email protected] matéria referente a esta página é de exclusi-va responsabilidade do projeto Rede Memória.

O barraco é uma das muitas obras expostas no Museu da Maré que está aberto a visitação dos moradores

FOTOS DE REDE MEMÓRIA DA MARÉ

A Maré foi ocupada por um grande número de imigrantes, em sua maioria, nordestinos que deixaram

famílias, amigos, casas, esperançosos em encontrar oportunidades de uma vida melhor no Rio de Janeiro. Após o sucesso na ocu-pação do Morro do Timbau, na década de 40 do século passado, as moradias em terra fi rme se espalharam pela Baixa do Sapateiro até o momento em que a terra faltou e a ne-cessidade de moradia motivou a construção de barracos sobre as águas da Baía de Gua-nabara, as palafi tas.

No início da década de 50, as palafi tas já se tornariam marca registrada na Maré, principalmente nas comunidades da Baixa do Sapateiro e Parque Maré. Marca que re-presentava a luta das pessoas que aqui che-gavam e vivenciavam o descaso do governo, que não implementava na Cidade do Rio de Janeiro, planos habitacionais que possibili-tassem a todos o direito a moradia digna.

As construções das palafi tas foram verda-deiros exercícios de trabalho coletivo, onde a solidariedade tinha que falar mais alto. A foto em preto e branco retrata um pouco do processo da construção de uma palafi ta. Dois homens e duas crianças parecem descansar sobre as primeiras tábuas utilizadas para fa-zer o piso do barraco. Essa foto, exposta no Museu da Maré, espaço que você, amigo(a) leitor(a), não pode deixar de visitar, nos re-mete a um dos moradores que construíram

várias palafi tas, o Sr Luiz Gonzaga, morador da Vila do Pinheiro, que faleceu em agosto de 2007. Ao Sr. Luiz, nessa oportunidade, re-gistramos o reconhecimento por sua luta e a de tantos outros que não pouparam esforços em garantir moradias para os seus familia-res e aos que aqui chegaram sem ter onde morar. A narrativa do Sr. Luiz Gonzaga em uma entrevista para o Programa de História Oral da Rede Memória da Maré no ano de 2004 refl ete aquela realidade: “[...] A gente fazia mutirão. [...] é isso que eu acabei de fa-lar. ‘Vamos fazer ali, vizinho ao meu barraco que aí eu te dou uma força. Eu te ajudo. Já acabei o meu barraco. Tem umas tábuas já que vão servir’ [...] Então ali a gente se dava bem e ajudava a partir daquele momento... a gente ajuda o outro. É como se fosse uma comunidade unida[...]”

O relato explicita uma das inúmeras situa-ções de solidariedade na história de ocupação da Maré. A professora da UFRJ Lilian Fessler Vaz, que realizou várias pesquisas sobre as comunidades mais antigas da Maré, declarou sua admiração pelo que aconteceu em nosso bairro: “O chão que é dado, aqui ele teve que ser construído. Fazer a casa sem ter o chão é algo absolutamente incrível. O processo de ocupação da Maré tem um caráter histórico.”

O movimento da maré, a vegetação, onde predominavam os manguezais contribuíram para difi cultar a construção das palafi tas. Ou-tro problema eram os afundamentos das bases, sobre as quais eram construídos os barracos, exigindo um reforço constante para que supor-tassem o sobe e desce da maré. Para dar maior sustentação às bases, primeira etapa da constru-ção, muitos moradores subiam nos ombros de outros a fi m de obter uma altura satisfatória no momento de fi ncar as madeiras no mangue.

Todo esse esforço por vezes era ignorado pelas autoridades. A Guarda Municipal, por exemplo, realizou várias demolições. Pas-savam cabos de aço, presos em tratores, em torno de alguns barracos para derrubá-los. Os moradores então criaram estratégias para evitar as ações da Guarda Municipal. Cons-truíam as palafi tas em mutirão durante toda a noite e em seguida mulheres e crianças ocu-pavam as casas, com a certeza de que assim poderiam evitar as demolições. As constru-ções continuaram e os moradores se familia-rizando com os movimentos da maré e todas as adversidades, facilitando o surgimento de novas moradias.

As palafi tas da Maré, acabaram se tor-nando um símbolo da miséria nacional, fo-ram erradicadas no início dos anos 80, atra-vés do Projeto Rio, que consistia em aterrar uma grande área do espelho da Baía de Gua-nabara para a construção de conjuntos habi-tacionais. Assim surgiram as comunidades Vila do João, Conjunto Esperança, Vila do Pinheiro e Conjunto Pinheiro.

Doe ou empreste fotos antigas. Traga algum objeto que, para você, represente a História da Maré, ou simplesmente venha com a sua família visitar o Museu da Maré. Participe! O Museu é nosso!

End: Av. Guilherme Maxwell, 26 – Maré. (em frente ao SESI) 2ª à 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sábado das 10h às 14h.

As primeiras casas da Maré eram feitas de palafi tas

O surgimento da Maré