cibertransparência informação pública em rede e a concretização dos direitos sociais - a...

Upload: anonymous-lvc1hgphp3

Post on 13-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    1/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2651

    CIBE R T R ANSPAR NCIA. INF OR M AO PBLICA E M R E D E E A

    CONCR E T IZAO D OS D IR E IT OS SOCIAIS: A E X PE R I NCIA D OS M UNICPIOS

    GACHOS

    1

    T m i s Li m ber g er

    2

    Resumo

    As novas tecnologias permitem que a informao seja transmitida a uma velocidade historicamente semprecedentes e de baixo custo. A Internet tambm tem sido utilizada para promover a transparncia no governo doBrasil, algumas possibilidades so: a divulgao das despesas de campanha eleitoral, o gerenciamento de dados depublicidade e de legislao fiscal em matria de acesso informao pblica, incorporando a experincia anglo-sax accountability. Neste contexto, que se pergunta: a disponibilidade da rede de informao pblica pode serutilizada para fazer a Administrao mais transparente e permitir o melhor uso dos recursos do Estado, paracolocar em prtica os direitos humanos de carter social? Portanto, este estudo tem como objetivo determinar se aLei de Acesso Informao Pblica est sendo eficaz em 243 municpios do Rio Grande do Sul, de maneiraregional. Para tanto, a anlise de portais de transparncia de cada municpio, relativo qualidade dos dadosdisponveis e a facilidade entendimento. O objetivo verificar, tambm, se os portais de transparncia propiciammaior efetividade dos direitos sociais, especialmente educao e sade.

    Palavras-chave: Informao Pblica; Transparncia Administrativa; Direitos Sociais; Novas Tecnologias.

    INT R OD UO

    A transparncia administrativa um elemento essencial na estratgia de restabelecer a confiana no

    sistema democrtico e de salvaguardar o Estado de Direito em uma realidade sempre mais complexa, no

    entendimento de Karl Peter Sommermann (2010, p. 25). Vive-se, hoje, num mundo globalizado aonde existeuma tendncia do fortalecimento regional, devido ao fim do Estado-Nao e a diminuio da importncia das

    fronteiras.

    1 Projeto que conta com o auxlio da FAPERGS Edital Pesquisador Gacho PqG 001/2013, que se encontra emdesenvolvimento, por conseguinte os resultados apresentados so parciais. A pesquisa teve de maro a junho de 2015, acolaborao dos bolsistas de iniciao cientfica Ceclia Rosa, Tales Cristian Horn e Yuki Miike, bem como da mestranda BrunizeFinger.2 Ps-doutora em Direito pela Universidade de Sevilha. Professora do Programa de Ps-graduao em Direito da UNISINOS.

    Procuradora de Justia do Ministrio Pblico do RS. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Eletrnico - IBDE, da FederacinIberoamericana de Asociaciones de Derecho e Informtica FIADI, Instituto Brasileiro de Direito do Consumidor- Brasilcon e daRede Brasileira de Pesquisadores em Direito Internacional. Pesquisadora FAPERGS. E-mail: [email protected]

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    2/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2652

    O direito informao, o princpio da publicidade e a transparncia so requisitos bsicos na relao

    entre Administrao Pblica e cidadania. Diante destes pressupostos, desenvolve-se a relao entre a

    disponibilidade da informao pblica em rede e a administrao municipal mais transparente. A partir da

    divulgao das despesas e melhor gesto dos recursos possvel a melhor aplicao dos recursos estatais e a

    implementao dos direitos sociais (especialmente a educao e a sade), conforme se demonstrar no item 5

    deste trabalho, que trata do desenvolvimento da investigao.

    A pesquisa tem como objetivo principal analisar se a Lei de Acesso Informao Pblica (BRASIL,

    2011) efetiva, total ou parcialmente, tomando-se em considerao o perodo de abril de 2014 a abril de 2016,

    em 243 dos municpios gachos, de maneira regionalizada. Pretende-se, ainda, verificar se os portais de

    transparncia resultaram em maior prestao dos direitos sociais, especificamente os de educao e de sade.

    A metodologia da pesquisa combinar fontes bibliogrficas e pesquisa de campo, valendo-se do mtodo

    hipottico-dedutivo, investigando a (in)efetividade das promessas constitucionais e os seus reflexos na sociedade.

    Nesse contexto, com o advento das novas tecnologias e recentes formas de comunicao, o Estado assume um

    perfil, em que se evidencia o rompimento dos seus elementos tradicionais, constantes desde o Estado-Nao:

    povo, territrio e poder (soberano). Para tanto, seguir-se-o os seguintes passos:

    1. analisar as informaes disponibilizadas nos portais dos municpios de pequeno, mdio e grande porte,

    com populao acima de 10.000 habitantes, espalhados pelas 07 (sete) regies do Estado do Rio Grande

    do Sul3, acerca dos gastos de cada um dos entes pblicos, referentes aos seguintes itens: vencimentos dos

    servidores, licitaes e investimentos em educao e sade;

    2. Avaliar, em cada uma destas regies:

    a. a acessibilidade da informao - clareza do portal;

    b. nmero de cliques necessrios at obter a informao desejada;

    c. se houve resposta no tempo de at 20 dias, previstos em lei (BRASIL, 2011);

    3. acompanhar mensalmente as informaes disponibilizadas pelos entes pblicos e avaliar, ao final de cada

    semestre, se os itens de transparncia colhidos exemplificativamente ocasionam melhores condies de

    efetividade dos direitos sociais (sade e educao), por meio dos seguintes indicadores:

    a. recursos disponibilizados nos oramentos dos municpios para educao e sade - sero

    considerados os 5 (cinco) anos anteriores para verificar se houve aumento de percentual

    investido. Sero utilizados os dados colhidos pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio

    Grande do Sul, pelo Portal de Transparncia do Governo Federal e da FAMURS (Federao

    3 As regies sero aglutinadas da seguinte forma: Regio Metropolitana de Porto Alegre, Nordeste Rio-grandense, Noroeste Rio-grandense, Centro-oriental Rio-grandense, Centro-ocidental Rio-grandense, Sudoeste Rio-grandense e Sudeste Rio-grandense.

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    3/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2653

    dos Municpios do Rio Grande do Sul) na apreciao da Gesto Administrativa determinada

    pela Lei de Responsabilidade Social;

    b. alm dos dados colhidos junto a outras organizaes anteriormente citadas, os pesquisadores

    colhero e identificaro os prprios dados levantados durante o perodo de realizao da

    pesquisa.

    Para identificar, inicialmente, os dados referentes aplicao dos recursos pelos municpios do Estado do

    Rio Grande do Sul, que sero apreciados pela pesquisa, utilizar-se-o as informaes disponibilizadas pelo

    Tribunal de Contas Estadual e pelo Portal de Transparncia da FAMURS nas reas de educao e de sade.

    Verificar-se-, tambm, a posio dos municpios pesquisados no sentido de verificar se os eventuais

    investimentos na rea da educao e da sade, a partir das informaes acerca dos investimentos efetuados,

    resultaram na melhora de suas posies, a partir da identificao de eventuais diretrizes ou polticas pblicas de

    modo comparativo, obtidas, a partir da anlise de fontes diretas e indiretas de pesquisa.

    O mtodo crtico-comparativo permitir, acessoriamente, que os resultados parciais sejam discutidos

    reflexivamente, mas tendo em vista o objetivo final que se busca alcanar, em condies tanto terico quanto

    prticas, a efetivao de experincias de disponibilizao de informao pblica, que visa prevenir ou diminuir a

    corrupo, fomentando a participao cidad e o controle social por meio da democracia eletrnica.

    Como referencial terico principal, utilizar-se- a obra Ciberciudadana de Prez Luo. Cumpre

    ressaltar, tambm, a utilizao de pesquisa emprica na abordagem metodolgica, a qual, combinada com as fontes

    tradicionais doutrinrias, permitiro um carter de reflexo e proposio crticas. Isto certamente conferir maior

    robustez aos achados da pesquisa, proporcionando diagnsticos mais confiveis acerca da realidade investigada.

    D IR E IT O INF OR M AO E AD M INIST R AO PBLICA T R ANSPAR E NT E

    Em uma sociedade em que a corrupo uma patologia histrica, em que para alm das classes sociais,

    um estamento tradicionalmente dominou (e domina) as principais decises em um governo de interesses

    pessoais prevalecendo sobre os interesses pblicos, regendo os recursos pblicos como se privados fossem

    (FAORO, 2001), necessria uma fiscalizao plural dessa Administrao, mediante a participao de diversos

    atores: sociedade, Ministrio Pblico, terceiro setor, etc.

    A democracia participativa decorre do Estado Democrtico de Direito, que a partir do art. 1 da

    Constituio Federal permite uma participao mais direta dos cidados nas estruturas de poder (MOREIRA

    NETO, 1992). Os municpios se constituem em entes federativos, a partir da CF/88, mas isto lhes conferiu maior

    autonomia poltica e financeira? O cidado vive no municpio. Da a importncia de estudar esta instncia de

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    4/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2654

    poder local prximo cidadania. Merecem, portanto, ser apontados novos mecanismos de controle, em especial o

    controle social.

    O Estado transformou-se (GRACA-PELAYO, 2009), como consequncia modificou-se o

    posicionamento do cidado em relao ao Ente Pblico. Muito alm da mera escolha dos governantes e do

    desapossamento da coisa pblica, o novo perfil de cidadania tende a ser o de uma cidadania ativa, com efetiva

    influncia dos cidados nas escolhas coletivas. Nas redes sociais cibernticas, hodiernamente, cada vez mais

    frequente a formao de movimentos de discusso e proposio acerca de temas polticos relevantes, muitas vezes

    interferindo nas decises e fomentando construes mais democrticas.

    Neste diapaso, imprescindvel que se concretize o princpio da transparncia na Administrao

    Pblica, coibindo o desperdcio de recursos pblicos e, consequentemente, permitindo mais amplos

    investimentos em prol dos direitos sociais. Por isso, pergunta-se: a experincia municipal de transparncia com

    relao ao acesso informao pblica efetiva? Existem diferenas dos municpios por regio do Estado do Rio

    Grande do Sul com relao ao cumprimento da Lei Federal n 12.527/2011?

    Embora a transparncia no seja expressa dentre os princpios que regem a Administrao Pblica, a

    partir dos j enunciados, pode-se afirmar que possvel se extrair de maneira implcita (LIMBERGER, 2007).

    Desta forma, a transparncia demonstra ser uma integrao do princpio da publicidade conjugado com o direito

    informao (art. 5, XXXIII, CF/88) e o princpio democrtico. A publicidade visa, por meio da divulgao do

    fato, assegurar que o ato foi praticado de acordo com a legalidade, moralidade e os demais preceitos que regem a

    Administrao.

    Contextualizando a problemtica, uma das caractersticas da sociedade da informao a tecnologia, que

    propicia a transmisso do conhecimento para muitos lugares e de uma maneira muito clere. As administraes

    pblicas so detentoras de um grande nmero de dados (GUICHOT, 2005), necessrio, portanto, que dentro de

    critrios legais, esta informao seja acessvel populao. Por isso, com muita propriedade Prez Luo (2004, p.

    11) afirma que as relaes de cidadania e dos entes pblicos sofreram uma profunda transformao devido s

    novas tecnologias da informao e comunicao, por isso o conceito de cidadania reclama uma redefinio.

    A recente Lei de Acesso Informao impe, neste sentido, publicizar para moralizar, mediante a

    disponibilizao de informaes que contemplem, dentre outros, dados pertinentes administrao do

    patrimnio pblico, utilizao de recursos pblicos, licitao, contratos administrativos; implementao,

    acompanhamento e resultados dos programas, projetos e aes dos rgos e entidades pblicas, bem como metas

    e indicadores propostos. Dispe o artigo 8 e seu 2 que os rgos e entidades pblicas devero utilizar todos os

    meios e instrumentos legtimos de que dispuserem, sendo obrigatria a divulgao em stios oficiais da rede

    mundial de computadores (internet). Alm disso, o artigo 10 assevera que qualquer interessado poder apresentar

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    5/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2655

    pedido de acesso a informaes aos rgos e entidades referidos no art. 1 da Lei, por qualquer meio legtimo,

    tendo sido estabelecido prazo de resposta para o atendimento da solicitao do cidado. Neste vrtice,

    fundamental acompanhar, portanto, as formas de sua implementao: a informao, por si, insuficiente,

    necessrio que seja compreensvel, disponibilizada em tempo real e que reflita a realidade.

    Um dos grandes objetivos das democracias atuais possibilitar uma rede de comunicao direta entre a

    Administrao e os administrados que redunde em um aprofundamento democrtico e em uma maior

    transparncia e eficincia na atividade pblica. o que Prez Luo (2004, p. 99) denomina de ciberciudana@ ou

    ciudadana.com, que ser utilizado como referencial terico na presente pesquisa. A sociedade democrtica

    reivindica o pluralismo informativo, o livre acesso e a circulao de informaes.

    Ainda na temtica da transparncia na Administrao Pblica, insta salientar que em recente pesquisa

    internacionalmente produzida no ano de 2014, pela organizao no governamental Transparency International,

    que fez uma anlise em 159 pases do nvel de transparncia da Administrao Pblica, com classificao de 0 a 10

    (assim, quanto menor a nota, maior o ndice de corrupo), aonde exemplificativamente, obtiveram-se os

    seguintes indicadores: a Dinamarca e a Nova Zelndia figuraram em primeiro e segundo lugar, respectivamente,

    com uma pontuao de 9,2 e 9,1, o Brasil, com a nota 4,3 (quatro inteiros e trs dcimos) ocupou apenas o

    nefasto 69 lugar (TRANSPARENCY INTERNATIONAL, 2014). Comparando-se o Brasil com outros pases

    da Amrica Latina, o Chile e o Uruguai encontram-se no 21 lugar (7,3) no nvel de transparncia.

    Considerando que o Brasil um pas emergente economicamente 7 posio na economia mundial, o

    ndice de Desenvolvimento Humano da 79 posio (BORGES; CALGARO, 2014), sendo a educao um dos

    critrios que faz o pas baixar de posio. Tal denota que o crescimento econmico maior do que a

    implementao dos direitos humanos e do nvel de transparncia, inclusive tendo em conta os pases vizinhos

    (Chile 41 e Uruguai 50) (BRASIL, 2014).

    O Rio Grande do Sul est entre os 5 (cinco) primeiros Estados no ranking nacional do ndice de

    Desenvolvimento Humano - IDH, divulgado em 2008 pelo PNUD, ocasio em que foi realizada a ltima

    disponibilizao desses dados (FRANCISCO, 2014). Os municpios que se destacam esto localizados nas

    regies metropolitana e da serra.

    Para se chegar a um nvel adequado de transparncia, a informao disponibilizada em rede um

    importante passo, mas so necessrias muitas outras medidas, em termos de polticas pblicas orientadas tanto ao

    setor pblico, quanto ao privado.

    A transparncia uma via de mo dupla, de um lado a Administrao tem o dever de dar publicidade aos

    seus atos e, por outro, o cidado tem o direito a ser informado dos assuntos pblicos (VILLAVERDE

    MENNDEZ, 1994).

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    6/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2656

    Por intermdio da informao disponvel por meio eletrnico, desenvolve-se um controle preventivo,

    estimula-se a participao popular, torna-se o exerccio do poder mais transparente e, portanto, mais democrtico.

    Evita-se que o cidado desinformado dos assuntos pblicos, constitua-se num idites(conforme a nomenclatura

    dos gregos). Com a diminuio dos desvios de dinheiro gerados pela corrupo possvel viabilizar a melhoria

    das prestaes sociais, que podem ser oferecidas populao, ou seja, concretizam-se direitos. Nesse sentido, a

    cibercultura estimula a transparncia, a publicidade, as inteligncias coletivas, o aprendizado cooperativo, novas

    formas de organizao social e maior responsabilidade pblica. Trata-se de estimular, como refere Pierre Levy

    (2009), o pluralismo e a diversidade, traos marcantes do Sculo XXI.

    Deste modo, sob o fio da incluso social e da participao democrtica, o presente projeto de pesquisa

    visa investigar e discutir em que medida as novas tecnologias de informao constituem-se em instrumentos

    eficientes de controle social das polticas pblicas e do oramento, assim como verificar quais os elementos

    mnimos para que esta nova cultura se solidifique na sociedade brasileira, em especial no Rio Grande do Sul.

    preciso avanar. preciso desenvolver pioneiros estudos acadmicos, o que ora se prope, inter-relacionando

    Estado, Administrao Pblica e Novas Tecnologias. Busca-se, assim, que o Brasil, um pas de modernidade tardia

    e de jovem democracia (STRECK, 2003, p. 122), no qual se insere o Estado do Rio Grande do Sul, possa, por

    intermdio destas novas ferramentas, coibir a corrupo e se emancipar de uma postura popular tradicionalmente

    passiva, comodista, que v a coisa pblica - o patrimnio pblico, como algo que lhe seja estranho, que seja do

    outro, passando a um estgio de pertencimento, de corresponsabilidade pelo avano da cidadania.

    Evoca-se o pensamento de Alexis de Tocqueville em sua anlise democracia nos Estados Unidos,

    aonde discorre a respeito da tutela a que esto submetidos os cidados, mantendo-os como seres humanos em

    um estado de infantilidade (TOCQUEVILLE , 2000). Assim, a emancipao da cidadania contribui construo

    do Estado Democrtico de Direito.

    O CONCE IT O D E CID AD ANIA NO E ST AD O CONT E M POR NE O

    Estudando a origem etimolgica do conceito de cidadania, at chegar nos dias atuais, Prez Luo (2004,

    p. 24), assevera que historicamente advm do vocbulo latino cives, que designa a posio na civitas. A ideia

    romana de cidadania fazia referncia a um ncleo inseparvel de direitos e deveres que definiam a posio das

    pessoas livres na Repblica.

    A poca em que a cidadania adquire um novo significado com o Iluminismo, no qual se assiste a uma

    nova concepo vinculada noo de liberdade poltica. A definio moderna de cidadania coincide

    temporalmente com o conceito de direitos humanos e Estado de Direito. A Revoluo Francesa exaltar a

    qualidade de cidados, no contexto dentro do qual exalar liberdades, que sero exercidas em um contexto de

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    7/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2657

    Estado de Direito (PREZ LUO, 2004, p. 35). Assim, os conceitos de cidadania, direitos fundamentais e Estado

    de Direito estaro imbricados em um determinado momento poltico, constituindo-se em uma marca da

    modernidade.

    A origem do conceito de cidadania se encontra relacionada questo de nacionalidade, ser cidado

    equivalia, no Estado Liberal a ser nacional de um Estado. Nas sociedades plurais do nosso tempo, os Estados

    englobam realidades complexas e termos de multiculturalidade e de multinacionalidade, deste modo a relao

    cidado e nacional, restou perdida. O cidado com a conexo em rede e o exerccio dos direitos humanos, torna-se

    artfice deste processo democrtico.

    Uma cidadania multinvel o que prope David Held (2005, p. 152-154). Uma nova concepo de

    cidadania, no estar baseada no pertencimento exclusivo a uma comunidade territorial, seno em normas e

    princpios gerais que possam consolidar-se e serem utilizados em diversos mbitos. Esta concepo se apoia na

    disponibilidade e claridade dos princpios de democracia e direitos humanos.

    Hoje, para que as pessoas sejam livres deve haver uma pluralidade de foros, que vo desde o mbito

    urbano s associaes globais, nas quais se podem pedir contas a quem toma decises. Para que muitas das formas

    de poder atuais se faam responsveis e muitos dos complexos problemas que nos afetam a todos: nos mbitos

    local, nacional e regional e global, regulem-se democraticamente, as pessoas devem ter acesso a diversas

    comunidades polticas e pertencer a elas. Os contornos da esfera estatal e global j se fazem visveis. So

    importantes identidades abertas a solidariedades diversas e configuradas pelo respeito a normas e princpios

    gerais, podero adaptar-se devidamente aos desafios de uma nova era global.

    A cidadania estatal e a mundial, aproximam-se visivelmente, no dizer de Habermas (2003, p. 304).

    Somente uma cidadania democrtica, que no se fecha num sentido particularista, podepreparar o caminho para um status de cidado do mundo, que j comea a assumircontornos em comunicaes polticas em nvel mundial.

    O conceito de cidadania que era vinculado ao Estado-Nao, modificou-se com o mundo globalizado e precisa

    ser revisto, para universalizar os direitos humanos. Os acontecimentos transcendem as fronteiras dos pases e os

    fenmenos no ocorrem mais isoladamente, mas globalmente. As crises polticas e econmicas no atingemsomente a um pas, mas repercutem mundialmente.

    A virtualidade modifica o conceito de cidade fsica, mas continua necessitando do carter de educao

    para que este contato em rede, sirva civilizao. O desafio consiste, assim, em que o espao virtual no seja uma

    mera reproduo das mazelas existentes na vida real, mas seja possvel uma qualificao do debate e no apenas

    uma manipulao da opinio pblica.

    O isolamento dos domiclios no pode se constituir em um bice para a troca de ideias e

    desenvolvimento da criatividade. A interao em rede, deve servir para o compartilhamento desta informao efomento da participao poltica de forma consistente. H uma tendncia de que no espao virtual se reproduzam

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    8/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2658

    as desigualdades existentes na vida real. Desta forma, a disparidade econmica pode ser reproduzida na falta de

    acesso a internet, no que se denomina excluso digital. Assim, pases que tem uma economia mais slida possuem

    mais pontos de internet. Veja-se comparativo dos Estados Unidos da Amrica e de pases africanos (PREZ

    LUO, 2004, p. 91). Por outro lado, a questo da incluso digital no se limita ao acesso a internet. Tal requisito,

    por si s, no supre uma educao precria e deficiente. Este acesso, precisa vir acompanhado de uma educao

    escolar bsica, a fim de que a quantidade de informao seja selecionada e compreendida de uma maneira

    qualificada, visando formao de uma cidadania comprometida com os valores que expressam a defesa dos

    direitos humanos.

    O ciberespao se constitui ou pode constituir-se em um local para o exerccio dos direitos humanos, um

    espao para democracia participativa e o controle social, a partir da informao disponibilizada em rede e do

    acesso e compartilhamento que feito desta, fortalecendo a ciberciudadana.

    CIBE R T R ANSPAR NCIA :A INF OR M AO PBLICA E M R E D E E A

    AD M NIST R AO D IGIT AL

    O termo cibertransparncia serve para designar as novas relaes que se travam em rede, denominadas

    ciber, aglutinadas ideia de transparncia. O fenmeno tecnolgico pode servir para potencializar a informao

    pblica. Nos trabalhos de Cass Sustein Repblica.com e de Prez Luo - Ciberciudadania o ciudadania.com.,

    encontra-se a noo de espao virtual decorrente das novas tecnologias, da o objetivo de cunhar uma expresso

    que traduza esta nova forma de a administrao disponibilizar a informao em rede para com os administrados,

    que no somente a utilizao da ferramenta tecnolgica, mas uma nova forma de gerenciamento pblico e das

    relaes democrticas com a sociedade, que da advenham.

    A transparncia a possibilidade de o cidado ter acesso informao pblica, quando a informao lhe

    aparece, enquanto a publicidade seria o movimento que a administrao d a conhecer os seus atos. Deste modo,

    a publicidade e a transparncia so dois movimentos distintos, porm na mesma rota. A publicidade parte do

    conhecimento dos atos da administrao para a coletividade, enquanto a transparncia permite ao cidado o

    acesso informao pblica. A transparncia uma composio decorrente do princpio da publicidade, do

    direito informao, relacionada ao princpio democrtico. a administrao agindo em conformidade com o

    seu dever de publicizar seus atos, o cidado se informando dos atos praticados pela administrao, tudo isto

    fortalece a cultura democrtica.

    O processo de comunicao essencial democracia. O ordenamento jurdico no Estado democrtico

    se assenta no princpio geral da publicidade, devendo o sigilo ser excepcional e justificado. Esse preceito extrado

    com base no princpio da publicidade e do direito a ser informado do cidado.

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    9/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2659

    Norberto Bobbio (2000, p. 103) ao tratar das relaes da democracia com o poder invisvel, estatui que a

    publicidade entendida como uma categoria tipicamente iluminista, na medida em que representa um dos

    aspectos da batalha de quem se considera chamado a derrotar o reino das trevas. Utiliza-se, por isso, a metfora da

    luz, do clareamento para contrastar o poder visvel do invisvel. A visibilidade vai fornecer a acessibilidade e a

    possibilidade de controle dos atos pblicos. Da se origina a polmica do iluminismo contra o Estado Absoluto, a

    exigncia da publicidade com relao aos atos do monarca fundados no poder divino. O triunfo dos iluministas

    tem como resultado o artigo 15 da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado (RIALS, 1995, p. 05) que

    prev o direito da sociedade de pedir contas a todo o agente pblico incumbido da administrao. Este direito

    evolui e vem consolidado mais de dois sculos depois, na Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia,

    que no artigo 41, prev o direito a uma boa administrao. O Princpio referente boa administrao se constitui

    em um feixe de direitos, no exame da tomada de deciso administrativa deve ser avaliada mais do que a legalidade,

    foroso avaliar a eficincia, a economicidade, a probidade e a eficcia da gesto pblica (FREITAS, 2009, p. 460-

    461).

    A democracia permite que o cidado e todos os mecanismos de controle ajam de forma sincronizada

    para permitir o desocultamento. A democracia colabora para tornar o poder visvel.

    Para Lvy (2009, p. 111), o ciberespao um sistema de caos, pois se constri em sistema de sistemas.

    Quanto mais o ciberespao se amplia, mais ele se torna universal, e menos o mundo informacional se torna

    totalizvel. O universal da cibercultura no possui centro ou linha diretriz. Aceita a todos que queiram se

    comunicar. Encarnao mxima da transparncia acaba por acolher a opacidade. Desenha e redesenha vrias

    vezes a figura de um labirinto mvel, em constante expanso, do qual Ddalo no teria sonhado. Essa

    universalidade desprovida de significado central, esse sistema da desordem, essa transparncia labirntica,

    denomina Lvy (2009, p. 111) de universal sem totalidade, o paradoxo da cibercultura.

    Em se tratando de cibertransparncia, isto matizado. Trata-se de informao pblica disponvel em

    rede, que acessada por distintas pessoas. Ainda que uma multiplicidade de atores esteja a acessar a rede, todos

    partilham o mesmo contedo, porm permite leituras e interpretaes distintas. Em que pese a cadeia labirntica

    h um compartilhamento de objetivo comum. Desde que a informao pblica esteja clara e no ocultada, pode-

    se designar transparncia e no opacidade.

    A cibercultura d forma a um novo tipo de universal: o universal sem totalidade, segundo Lvy (2009, p.

    119). Trata-se de universalidade conectado ao sentido iluminista de humanidade. universal, pois atinge ao

    conjunto de seres humanos. A cibercultura, ensina que existe uma outra forma de instaurar a presena virtual da

    humanidade em si mesma (o universal) que no seja por meio da identidade do sentido (a totalidade) (LVY,

    2009, p. 121).

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    10/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2660

    A informao pblica disponvel em rede parte do Estado, por isso no desfaz a centralidade do poder

    estatal; desta forma, no se pode dizer, que a totalidade foi abolida. Assim, quando se menciona a

    cibertransparncia, como sendo a disponibilizao da informao pblica em rede, a fim de potencializar a sua

    divulgao, no se elidiu o eixo do Estado. A mesma informao disponibilizada encontra multiplicidade de

    destinatrios universalidade, porm haver uma unidade e a se encontra a ideia de totalidade.

    Diferentemente, quando a informao propagada espontaneamente sem o chamamento de partidos

    polticos, sindicatos ou outras organizaes como ocorreu no movimento dos indignados ocorrido na Espanha,

    conhecido como 15-M, em maio de 2011, sob influncia das ideias pacifistas de Stphane Hessel (2011), com

    repercusso em outros pases, incluindo o Brasil (CASTELLS, 2013, p. 176-182), aonde no se tem a centralidade

    estatal.

    As novas tecnologias significam muito mais do que a simples utilizao da ferramenta eletrnica pela

    administrao, mas podem servir para tornar o relacionamento mais democrtico, a aproximao, a participao e

    a fiscalizao do cidado com relao aos atos praticados pelos gestores pblicos.

    Deste modo, a revoluo tecnolgica visa propiciar uma administrao mais eficiente e eficaz, mais

    prxima ao cidado, mais moderna, mais rpida, que permita oferecer ao cidado um servio muito melhor. Exige-

    se uma administrao mais transparente, democrtica, mais controlada, mais acessvel, mais respeitosa com a

    privacidade, ao qual se poderia acrescentar: os direitos humanos, de uma maneira ampla (PIAR MAAS,

    2011, p. 30).

    Da agilidade da administrao na construo de respostas aos administrados, na acessibilidade da

    informao pblica, da fiscalizao dos atos administrativos, que propicia o controle social, desta possibilidade de

    pedir, receber e construir informao, advm uma reaproximao do cidado com relao aos atos do Estado.

    As ferramentas tecnolgicas tm servido para auxiliar os mecanismos de gesto fiscal, no Brasil. Assim, o

    prego eletrnico Lei n 10.520/2002 e Decretos n 5.450/2005 e 5.504/2005 tem tornado a administrao

    mais gil nas licitaes, conseguindo diminuir o tempo de procedimento licitatrio e alcanado melhor preo nas

    obras, nos servios e nas compras buscados pela administrao.

    Da mesma forma, a Lei Complementar n 101/2000, que disciplina a Lei de Responsabilidade Fiscal-

    LRF, com as alteraes da Lei Complementar n 131/2009 institui a publicao dos gastos da administrao em

    rede, de forma padronizada. Os artigos 48 e 49 foram inspirados na noo de accontability, do direito anglo-saxo

    (PEDERIVA, 1998, p. 18). Tal aponta para uma melhor transparncia, caso os dados sejam disponibilizados de

    forma uniforme e com as informaes relevantes colocadas em rede. A uniformidade combinada com as

    diferenas do ente administrado, importante, uma vez que existe grande nmero de municpios no Brasil.

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    11/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2661

    A Lei n 12.527/2011, que busca difundir a Informao Pblica, tambm um espectro importante.

    Impe o dever dos entes da administrao publicizarem dados, que se forem colocados efetivamente em rede e

    tiverem uma correta utilizao, podem contribuir para o debate democrtico e o controle social.

    Assim, se estas informaes forem disponibilizadas em rede, acessadas e compreendidas, sero uma

    ferramenta democrtica importante. Caso contrrio, teremos a mera reproduo dos aspectos consumistas da

    sociedade, na rede. Estudos de Cass Sustein (2003) do conta que preponderavam os stios .gov.e .edu. , quando

    foi criada a internet. Hoje, os stios .com prosperam, denotando que a internet deslocou seu eixo da informao

    pblica e da formao cultural para as operaes de consumo. As comunidades virtuais tm de se articular em

    torno de um programa e de um objetivo comum, sob pena de se tornarem vazias (LVY, 2009, p. 133).

    O individualismo exagerado um dos males da modernidade, segundo Jacques Chevallier (2009, p. 16).

    Assiste-se a uma absolutizao do eu, desenvolvendo-se uma cultura de que estimam nada dever sociedade,

    mas tudo exigem dela. Este hiperindividualismo leva a uma nova relao com o coletivo. A pessoa quando est

    diante deste espao virtual no considera as relaes que pode travar desde o ponto de vista social, mas apenas

    individual, esconde-se atrs de uma tela, por vezes. E, assim, repete a nota acentuada de individualismo e

    consumismo presentes na sociedade.

    Deste modo, o desafio consiste em utilizar os instrumentos informticos em prol do aperfeioamento

    democrtico e no como a reproduo do modelo de consumo, que favorece o padro existente na sociedade.

    Neste aspecto, a educao desempenha um papel fundamental.

    D O D E SE NV OLV IM E NT O D A PE SQUISA

    Tomaram-se como base as seguintes regies do Estado do Rio Grande do Sul, que podem ser

    visualizadas da seguinte forma:

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    12/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2662

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    13/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2663

    Foram analisados dois aspectos, tendo-se em conta a atualizao e clareza dos portais de informao (art.

    8 e 2) e do prazo de informaes (art. 10) da Lei n 12.527/2011. Dos resultados parciais, tendo em conta o

    artigo 8 da Lei e as coletas mensais procedidas, verificou-se que as cidades que se destacaram na anlise mensal

    com o Portal de Transparncia so: Pelotas, Caxias do Sul, e Santa Maria. Por conseguinte, Cachoeirinha, Santo

    ngelo, Santa Cruz do Sul e Agudo no apresentaram um nvel suficiente em relao ao Portal de Transparncia.

    Relativo s principais dificuldades encontradas na divulgao das informaes verificou-se a falta de padronizao

    dos Portais, dados muitas vezes desatualizados, falta de clareza nas informaes apresentadas, bem como a falta de

    individualizao dos dados apresentados. No que concerne ao prazo de resposta, tendo em vista o disposto no

    artigo 10 da legislao em questo, Pelotas, So Leopoldo, Santa Maria, Caxias do Sul e Agudo foram os

    Municpios que responderam ou justificaram as solicitaes formuladas dentro do prazo estabelecido na Lei.

    Salienta-se que foram, ainda, cotejados os dados relativos aos Indicadores Sociais (BRASIL, 2013), tais como o

    ndice de Desenvolvimento Humano IDH e os respectivos investimentos em sade e educao, cujos quadros

    seguem abaixo:

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    14/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2664

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    15/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2665

    Foi possvel constatar que alguns dos portais com maiores ndices de transparncia so os que

    respondem s perguntas nos prazos estipulados pela Lei de Acesso Informao Pblica (Pelotas, Caxias do Sul e

    Santa Maria) que so municpios estruturados e plos de desenvolvimento nas suas respectivas regies Sudeste,

    Nordeste e Centro-Ocidental.

    Vale referir, que estes municpios no so destaques nos investimentos de educao e sade. H que se

    considerar que estes dados IDHM so referentes ao ano de 2013 (BRASIL, 2013) diferentes, temporalmente dos

    dados coletados na pesquisa FAPERGS (2015), uma vez que aqueles ainda no esto divulgados e somente sero

    disponibilizados, posteriormente. Desta forma, por ora, da interpretao dos nmeros coletados no se pode

    relacionar diretamente os municpios com maior ndice de transparncia e a respectiva aplicao oramentria

    com o objetivo da efetivao dos direitos sociais com as verbas constitucionalmente previstas.

    CONCLUSES PARCIAIS

    A ttulo exemplificativo, observem-se os dados coletados no ms de novembro de 2014, considerando

    que no existem grandes discrepncias entre os meses, esses apontaram que:

    1. 100% dos municpios pesquisados possuem portais de transparncia;

    2. 37,5% dos municpios apresentaram um portal de transparncia considerado com um padro de clareza

    suficiente;

    3. 25% dos municpios apresentaram um portal de transparncia considerado com um padro de clareza

    insuficiente;

    4. 41,66% dos municpios disponibilizam de forma atualizada os vencimentos dos servidores;

    5. 29,17% dos municpios no disponibilizam de forma atualizada os vencimentos dos servidores (atraso de

    1 a 2 meses);

    6. 29,17% dos municpios no disponibilizam de forma atualizada os vencimentos dos servidores ou no

    disponibilizam (desatualizado por mais de 2 meses);

    7. 75% dos municpios disponibilizam de forma atualizada as licitaes e investimento em sade;

    8. 4,17% dos municpios no disponibilizam de forma atualizada as licitaes e investimento em sade

    (atraso de 1 a 2 meses);

    9. 20,83% dos municpios no disponibilizam de forma atualizada as licitaes

    e investimento em sade ou no disponibilizam (desatualizado por mais de 2 meses);

    10. 70,83% dos municpios disponibilizam de forma atualizada as licitaes e investimento em educao;

    11. 4,17% dos municpios no disponibilizam de forma atualizada as licitaes e investimento em educao

    (atraso de 1 a 2 meses);

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    16/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2666

    12. 25% dos municpios no disponibilizam de forma atualizada as licitaes e investimento em educao ou

    no disponibilizam (desatualizado por mais de 2 meses);

    13. 70,83% dos municpios apresentam a informao de forma acessvel (em at 5 cliques)

    14. 25 % dos municpios apresentam a informao de forma razoavelmente acessvel (entre 6 e 8 cliques)

    15. 0% dos municpios apresentam a informao de forma pouco acessvel (mais de 9 cliques)

    Considere-se que foram remetidos aos municpios selecionados, 48 pedidos de informao, no total

    (duas perguntas para cada um dos 24 Municpios).

    Foram obtidas 20 respostas, o que equivale a 41,6% das perguntas, embora apenas sete cidades

    responderam s duas solicitaes. Seis Municpios responderam a apenas uma pergunta, e os demais (11) no se

    manifestaram. A maioria das respostas (75%) foi obtida dentro do prazo. Duas foram respondidas dentro do

    prazo de prorrogao, embora sem cientificar o requerente, e trs ficaram fora do prazo.

    Em relao ao ndice de Desenvolvimento Humano Municipal, verificou-se que 87,5% dos municpios

    pesquisados possuem IDHM considerado alto. Entre os restantes, um municpio teve ndice muito alto, enquanto

    que dois obtiverem ndice considerado mdio.

    No perodo apurado, entre 2009 e 2013, o percentual mdio de investimento em sade foi de 19,68%,

    sendo que o municpio de maior percentual investiu 33,93% e o de menor, 15,54%. Em relao educao, o

    percentual mdio de investimento foi de 27,53%, sendo 35,18% o maior investimento e 25,71% o menor.

    Observou-se, ainda, que, como regra, aqueles que mais investem em uma rea diferem daqueles que mais tm

    investimentos na outra, o que sugere que os municpios no tm capacidade financeira para investir em duas reas

    prioritrias.

    Verifica-se que os Municpios que mais investiram em sade (Bag, Cachoeirinha e Santa Cruz do Sul)

    no possuem destaque na educao (liderados por Bento Gonalves e Passo Fundo). Observa-se que os

    Municpios de Bag e Cachoeirinha tiveram aporte significativo nos dois setores, sendo que a regra majoritria

    aponta em sentido inverso, pois os municpios no possuem capacidade financeira para custear de forma

    satisfatria os dois setores. E, ainda, os investimentos em educao e sade so semelhantes na maioria dos

    Municpios pesquisados, atendo aos percentuais estabelecidos constitucionalmente.

    No decorrer do estudo, foram feitos, ao total, 48 pedidos de informao (duas perguntas para cada um

    dos 24 Municpios). Obtiveram-se 20 respostas, o que equivale a 41,6% das perguntas, embora apenas sete

    cidades responderam s duas solicitaes (Caxias do Sul, Santa Maria, Erechim, Venncio Aires, Pelotas, So

    Leopoldo e Tramanda, todas com resposta no prazo, exceto uma das respostas de So Leopoldo).

    Outrossim, seis Municpios responderam a apenas uma pergunta, e os demais (11) simplesmente no se

    manifestaram. Ressalta-se que a maioria das respostas foi obtida dentro do prazo (15), o que equivale a 75% do

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    17/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2667

    total de respostas. Duas foram respondidas dentro do prazo de prorrogao, embora sem cientificar o requerente,

    e trs ficaram fora do prazo. Mais da metade dos Municpios possua campo especfico no site para

    encaminhamento de solicitao de informao referente lei de transparncia (13 dos 24). O ndice de respostas

    obtidas foi maior entre esses Municpios do que aquele referente aos Municpios para os quais a informao foi

    solicitada por outros meios, como e-mail e ouvidoria.

    Com relao s regies, no h destaque de uma em relao s demais. Observa-se, apenas, que a regio

    Sudoeste foi a nica que no respondeu a nenhuma das solicitaes, sendo que os Municpios sequer possuam

    campo especfico para o pedido de informao nos seus sites. Os estudos, por ora realizados, apontam que os

    Municpios mais atentos ao cumprimento da lei de transparncia e acesso informao preocuparam-se em

    disponibilizar campo especfico em seu site para envio de perguntas dos cidados, bem como responder a todas as

    solicitaes dentro do prazo estabelecido pela legislao.

    Os pesquisadores no se limitaram a perguntar se o ente pblico tinha um portal de transparncia com as

    informaes e se respondia as perguntas solicitadas ou, ainda, a ver se existia um link para informao de

    vencimentos ou licitaes. Na realizao da investigao a preocupao no se limitou ao aspecto formal, buscou

    ir alm verificando a qualidade das informaes prestadas. Percebeu-se que muitas vezes existe o campo de

    informaes, mas estas no apresentam consistncia.

    Nesse sentido, vale referir que quando o poder estatal faz uso das novas tecnologias para tornar

    disponvel a informao pblica na internet, permite a participao do cidado nos assuntos pblicos, propicia o

    controle social e, consequentemente, a fiscalizao do gasto estatal, a isto se denomina cibertransparncia.

    As novas tecnologias devem estar servio da cidadania. Por isso, importante que a Administrao

    Digital no seja apenas a incorporao da ferramenta tecnolgica, mas a realizao concreta e diria de todos os

    princpios que regem a administrao pblica, e, especialmente, o respeito pauta dos direitos humanos na

    relao entre administrao e cidados. Para finalizar, evoca-se o pensamento de Habermas (2014, p. 419):

    preciso promover a refuncionalizao do princpio da publicidade! .

    CIBE R T R ANSPAR E NCY. PUBLIC INF OR M AT ION NE T WOR K ING AND T HE

    ACHIE V E M E NT OF SOCIAL R IGH T S: T HE E X PE R IE NCE OF T HE R IO GR AND E D O

    S U L C I T I E S

    Abstract

    The new technologies allow information to be transmitted at a rate historically unprecedented and inexpensive.The Internet has also been used to promote transparency in the government of Brazil, some possibilities are:disclosure of campaign expenses, management of advertising data and fiscal legislation of access to publicinformation, incorporating the anglo-saxon experience - accountability. In this context, that are asked: the

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    18/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2668

    availability of public information network can be used to make more transparent the public administration andenable to do the best use of state resources, to put into practice the human rights of social character? Therefore,this study aims to determine if the Law of Access to Public Information is being effective in 243 municipalities ofRio Grande do Sul, by regional way. Therefore, the analysis of transparency portals of each municipality on thequality of available data and easy understanding. The aim is to check, also, if the transparency portals providegreater effectiveness of social rights, especially education and health.

    Keywords: Public information; Administrative transparency; Social rights; New technologies.

    R E F E R NCIAS BIBLIOGR F ICAS

    BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. 7. ed., So Paulo: Paz e Terra, 2000.

    BORGES, Bruna; CALGARO, Fernanda. IDH do Brasil melhora e supera mdia da AL; pas o 79 em rankingmundial. 2014. Disponvel em: . Acesso em: 10 jul. 2015.

    BRASIL. 2013. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2013. Orgs. Programa das Naes Unidas para oDesenvolvimento; Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada; Fundao Joo Pinheiro. Disponvel em, Acesso em: 10 jun. 2015. Dados disponveis at dezembro de 2014._____2011. Lei n. 12.527,de 18 de novembro de 2011._____2014. Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento - PNUD. Ranking IDH Global 2013.Relatrio de desenvolvimento Humano 2014 com dados de 2013. Disponvel em:. Acesso em: 16 abr. 2015

    CASTELLS, Manuel. Redes de indignao e esperana: movimentos sociais na era da internet (inclui posfcio doautor sobre o Brasil).Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

    CHEVALLIER, Jacques. 2009. O Estado ps-moderno Trad. Maral Justen Filho, Belo Horizonte: Frum, 2009.

    FAORO, Raymundo. Os donos do poder:formao do patronato poltico brasileiro. Globo, 2001.

    FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. IDH no Brasil. Brasil Escola. 2014. Disponvel em:

    . Acesso em: 29 mai. 2015.

    FREITAS, Juarez. Controle dos atos administrativos e os princpios fundamentais. 4. ed., So Paulo: Malheiros,2009.

    GARCA-PELAYO, Manuel. As Transformaes do Estado Contemporneo.Rio de Janeiro: Forense, 2009.

    GUICHOT, Emilio. Datos personales y Administracin Pblica.Navarra: Editorial Aranzadi, 2005.

    HABERMAS, Jrgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. v. II, 2. ed., Rio de Janeiro: TempoBrasileiro, 2003.

    _____Mudana estrutural da esfera pblica, investigaes sobre uma categoria da sociedade burguesa . SoPaulo: Unesp, 2014.

  • 7/25/2019 Cibertransparncia Informao Pblica Em Rede e a Concretizao Dos Direitos Sociais - A Experincia Dos Munic

    19/19

    Quaestio Iuris vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669DOI: 10.12957/rqi.2015.20942

    _____________________________vol. 08, n. 04, Nmero Especial. Rio de Janeiro, 2015. pp. 2651-2669 2669

    HELD, David. Un pacto global:la alternativa socialdemocrata al consenso de Washington. Madrid: Taurus, 2005.

    HESSEL, Stphane. Indignaos Um alegato contra la indiferencia y a favor de la insurreccin pacfica. Barcelona:Ediciones Destino, 2011.

    LVY, Pierre. Cibercultura.2 ed., 5 reimpresso. So Paulo: Editora 34, 2009.

    LIMBERGER, Tmis. Transparncia Administrativa e Novas Tecnologias: o dever de publicidade, o direito deser informado e o princpio democrtico. Revista de Direito Administrativo n 244, p. 248-264, So Paulo: FGV,2007.

    MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Direito da participao poltica legislativa, administrativa, judicial(fundamentos e tcnicas constitucionais da legitimidade).Rio de Janeiro: Renovar, 1992.

    PEDERIVA, Joo Henrique. Accountability, Constituio e Contabilidade. Braslia: Revista de InformaoLegislativa. n. 140, 1998.

    PREZ LUO, Antonio Enrique. Ciberciudana@ o ciudadana.com? Barcelona: Gedisa, 2004.

    PIAR MAAS, Jos Luis. Administracin Electrnica y Ciudadanos.Pamplona: Thomson Reuters Civitas,Aranzadi Ed, 2011.RIALS, Stphane. Que sais-je? Textes constitutionnels franais. 11e dition. Paris: Presses Universitaires deFrance, 1995.

    SOMMERMANN, Karl-Peter. La exigencia de una administracin transparente em la perspectiva de losprincipios de democracia y del Estado de Derecho. Derecho administrativo de la informacin y administracintransparente. Ricardo Garca Macho (ed). Madrid: Marcial Pons, 2010.

    STRECK, Lenio Luiz. Jurisdio Constitucional e Hermenutica Uma Nova Critica do Direito.2. ed. Rio deJaneiro: Forense, 2003.

    SUNSTEIN, Cass R. 2003. Repblica.com. Internet, democracia y libertad Barcelona: Ediciones Paids Ibrica,2003.

    TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na Amrica:de uma profuso de sentimentos e opinies que o estado

    social democrtico fez nascer entre os americanos. Trad. Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes, 2000.

    TRANSPARENCY INTERNATIONAL. Corruption Perceptions Index 2014. Transparency andAccountability are critical to restoring trust and turning back the tide of corruption, 2014. Disponvel em:. Acesso em: 10 jul. 2015.

    VILLAVERDE MENNDEZ, Ignacio. Estado Democrtico e informacin. Oviedo: Junta General delPrincipado de Astrias, 1994.

    Trabalho enviado em 17 de julho de 2015.Aceito em 23 de dezembro de 2015.