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Chuva intensa atinge parte do Sudeste do Brasil entre os dias 23 e 25 de janeiro Desde o dia 23 de janeiro de 2020 começou a se observar chuvas em parte do leste da Região Sudeste do Brasil, principalmente entre o leste de MG, ES e norte do RJ. A chuva se intensificou no decorrer das horas e ficou mais intensa no dia 24 de janeiro. Os volumes de chuva foram expressivos e trouxeram muitos prejuízos a diversas cidades destes setores citados. Além de deslizamentos de terra, alagamentos e enxurradas, muitas pessoas foram a óbito. A Defesa Civil de Minas Gerais atualizou para cinquenta e nove o número de vítimas causadas pelas chuvas, moradores de 16 cidades diferentes ficaram desabrigados ou desalojados, somando um total de 45.059 desalojados e 8.097 desabrigados (Fonte: em.com.br e CENAD). No Espírito Santo o número de vítimas pelos temporais chegou a dez, de acordo com a Defesa Civil Nacional. Ainda de acordo com o CENAD 8.603 pessoas estão desalojadas (Fonte: noticias.uol.com.br). No norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro a chuva forte deixou oito cidades inundadas nos dias 24 e 25 após transbordamento de três rios na região. Segundo a Defesa Civil o número de óbitos foi de três pessoas e o número de desalojados ou desabrigados chega a quase 800. Chuva forte em MG. Chuva intensa no ES.Fonte:uol.com.br

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Page 1: Chuva intensa atinge parte do Sudeste do Brasil …...Chuva intensa atinge parte do Sudeste do Brasil entre os dias 23 e 25 de janeiro Desde o dia 23 de janeiro de 2020 começou a

Chuva intensa atinge parte do Sudeste do Brasil entre os dias 23 e 25 de janeiro

Desde o dia 23 de janeiro de 2020 começou a se observar chuvas em parte do leste da

Região Sudeste do Brasil, principalmente entre o leste de MG, ES e norte do RJ. A chuva

se intensificou no decorrer das horas e ficou mais intensa no dia 24 de janeiro. Os volumes

de chuva foram expressivos e trouxeram muitos prejuízos a diversas cidades destes

setores citados. Além de deslizamentos de terra, alagamentos e enxurradas, muitas

pessoas foram a óbito.

A Defesa Civil de Minas Gerais atualizou para cinquenta e nove o número de vítimas

causadas pelas chuvas, moradores de 16 cidades diferentes já

ficaram desabrigados ou desalojados, somando um total de 45.059 desalojados e 8.097

desabrigados (Fonte: em.com.br e CENAD).

No Espírito Santo o número de vítimas pelos temporais chegou a dez, de acordo com a

Defesa Civil Nacional. Ainda de acordo com o CENAD 8.603 pessoas estão desalojadas

(Fonte: noticias.uol.com.br).

No norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro a chuva forte deixou oito cidades inundadas nos

dias 24 e 25 após transbordamento de três rios na região. Segundo a Defesa Civil o número de

óbitos foi de três pessoas e o número de desalojados ou desabrigados chega a quase 800.

Chuva forte em MG. Chuva intensa no ES.Fonte:uol.com.br

Page 2: Chuva intensa atinge parte do Sudeste do Brasil …...Chuva intensa atinge parte do Sudeste do Brasil entre os dias 23 e 25 de janeiro Desde o dia 23 de janeiro de 2020 começou a

Chuva forte no RJ. Fonte:g1.globo.com

A figura abaixo mostra os volumes de chuva registrados pelo Institudo Nacional de

Meteorologia (INMET) entre os dias 23 e 25 de janeiro de 2020. Notam-se volumes

expressivos desde o leste de GO, DF, boa parte de MG, sul do ES e norte do RJ. Os

maiores volumes registrados foram em MG, onde ultrapassou os 250 mm. Na região

metropolitana o volume chegou a 305 mm (área marcada no mapa).

Fonte:INMET.

Imagens de satélite:

Nas imagens de satélite a seguir entre os dias 23 e 25, pode-se notar uma banda de

nebulosidade orientada no sentido noroeste-sudeste, desde a região Amazônica até parte

da Região Sudeste do Brasil e oceano Atlântico adjacente. Núcleos convectivos intensos

são observados embebidos nesta banda de nebulosidade desde o leste de MT, TO, GO,

DF, MG, sul do ES e norte do RJ. No dia 24 nota-se que as nuvens sobre o setor

impactado se intensificaram ainda mais, quando os volumes de chuva foram mais

significativos. No dia 25 persiste a banda de nebulosidade ainda com núcleos intensos

entre o leste de MT, TO, GO, MG, sul do ES e norte do RJ.

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Dia 23 às 18Z e 23Z

Dia 24 às 18Z e 23Z

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Dia 25 às 18Z e 23Z

Análise Sinótica:

A análise sinótica a seguir mostra o avanço de um amplo cavado em níveis médios da

atmosfera com ar relativamente mais frio neste nível a partir do dia 23, com reflexo em

superfície na forma de um cavado inicialmente. Este cavado em 500 hPa favorece o

alinhamento das áreas de levantamento do ar em sua vanguarda, o que na presença de

termodinâmica favorável, produz áreas de instabilidade. Nos horários subsequentes, a

atuação deste cavado favoreceu a formação de um centro de baixa pressão inicialmente

com características subtropicais, que ao ultrapassar os 65 Km/h foi designado como

Tempestade Subtropical Kurumi. Nos horários posteriores o centro de baixa pressão se

deslocou para sul e adquiriu características extratropicais, com um ramo frontal.

Geopotencial, linhas de corrente, vento e temperatura em 500 hPa

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A circulação em altitude é típica da estação chuvosa de parte do Brasil, com a atuação da

Alta da Bolívia (AB) e o cavado do Nordeste (posicionado sobre o Atlântico a leste do

Nordeste). A partir destes sistemas, AB e o cavado do Nordeste, tem-se difluência no

escoamento, o que gera divergência de massa neste nível e induz a convergência em

baixos níveis e na presença de termodinâmica favorável, produz áreas de instabilidade.

Nos dias subsequentes nota-se o avanço do cavado também em 250 hPa, que também

favorece o alinhamento das áreas de instabilidade.

Linhas de corrente, geopotencial e ventos em 250 hPa

Em baixos níveis nota-se a confluência do escoamento entre o AM, AC e o Sudeste do

Brasil, favorecida pelo padrão observado em altitude e em níveis médios. Além destes

sistemas descritos nos níveis de 500 e 250 hPa, o centro de baixa pressão no oceano

adjacente ao Sudeste do Brasil, visto em 850 hPa e em superfície, alinha a convergência

de umidade em direção ao continente e juntos configuram um evento de Zona de

Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) em superfície. Este padrão é modelo conceitual e

típico da época do ano para chuvas intensas em parte do Brasil. A ZCAS persistiu desde o

dia 23 até o dia 25 e a tendência é que este sistema ainda se mantenha pelo menos até o

dia 26 ou dia 27, persistindo com abanda de nebulosidade e chuva desde a região

Amazônica até parte do Sudeste. Com isto, ainda se esperam chuvas nas áreas afetadas,

apesar da diminuição dos volumes.

Desta forma, conclui-se que o principal sistema meteorológico responsável pelas chuvas

intensas em parte da Região Sudeste foi a configuração deste episódio de ZCAS descrito

acima.

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Linhas de corrente, vento, temperatura e geopotencial em 850 hPa

Pressão ao nível médio do mar, espessura entre 500 hPa e superfície

GPT-CPTEC-INPE.