china pode gerar 3ª onda da crise econômica pós

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China pode gerar 3ª onda da crise econômica pós-2008; entenda A questão é que, quando uma grande economia ineste nesse ritmo para criar empre gos e rique!a, possie"mente não o#ter$ retorno de grande parte dos inestimentos Pessoas passam em frente à sede do banco central da China, em Pequim Foto: Jason Lee / Reuters %%C%rasi"&com O editor de economia da BBC, Robert Peston, inesti!ou como a desacelera"#o econ$mica da China pode lear a uma %terceira onda% da crise econ$mica que abalou o mundo em &''() *l+m do arti!o abaio, o resultado desse trabalho + a reporta!em especial %-o. China Fooled the o rld% 0%Como a China en!anou o mundo%, em tradu"#o lire1, transmitido no Reino 2nido pelo canal de 34 BBC & nesta semana ) Poucas pessoas 56 ouiram falar da cidade chinesa de uhan) 7as ela, mais do que qualquer outra cidade do pa8s, eidencia como as tr9s etraordin6rias d+cadas de modernia"#o e enriquecimento da China, bem como seu mila!re econ$mico, parecem estar  perto do fim ; e por qu e isso tra um s+rio risc o para os mercados mu ndiais)

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Page 1: China Pode Gerar 3ª Onda Da Crise Econômica Pós

8/16/2019 China Pode Gerar 3ª Onda Da Crise Econômica Pós

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China pode gerar 3ª onda da crise econômica pós-2008;

entenda

A questão é que, quando uma grande economia inestenesse ritmo para criar empregos e rique!a,

possie"mente não o#ter$ retorno de grande parte dos

inestimentos

Pessoas passam emfrente à sede do banco central da China, em Pequim Foto: Jason Lee / Reuters

• %%C%rasi"&com 

O editor de economia da BBC, Robert Peston, inesti!ou como a desacelera"#o econ$micada China pode lear a uma %terceira onda% da crise econ$mica que abalou o mundo em

&''() *l+m do arti!o abaio, o resultado desse trabalho + a reporta!em especial %-o.

China Fooled the orld% 0%Como a China en!anou o mundo%, em tradu"#o lire1,

transmitido no Reino 2nido pelo canal de 34 BBC & nesta semana )

Poucas pessoas 56 ouiram falar da cidade chinesa de uhan) 7as ela, mais do que

qualquer outra cidade do pa8s, eidencia como as tr9s etraordin6rias d+cadas de

modernia"#o e enriquecimento da China, bem como seu mila!re econ$mico, parecem estar  perto do fim ; e por que isso tra um s+rio risco para os mercados mundiais)

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O prefeito de uhan, 3an! Lian!hi, est6 !astando o equialente a quase R< ('' bilh=es

em um plano de desenolimento de cinco anos que tem como ob5etio transformar a

cidade ; que 56 tem >' milh=es de habitantes ; em uma me!ametr?pole mundial capa de

disputar com @an!ai o posto de se!unda maior cidade do pa8s)

O ritmo dos !astos em uhan + impressionante: est#o em constru"#o centenas de edif8cios

residenciais, an+is i6rios, pontes, ferroias, um sistema de metr$ e um aeroporto

internacional) O centro da cidade est6 sendo demolido para dar lu!ar a um centro comercial,

incluindo um arranha;c+u de mais de A'' metros de altura que custar6 R< >>, bilh=es)

PB 7undial: ranDin! das maiores economias do mundo em &'>EampGltGa data;cDe;saed;

hrefHampGquotGhttp://economia)terra)com)br/pib;mundial/ampGquotG

hrefHampGquotGhttp://economia)terra)com)br/pib;mundial/ampGquotGampG!tGe5a oinfo!rampGaacuteGficoampGltG/aampG!tG

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* reforma de uhan sere para contar uma hist?ria mais ampla) Ios ltimos anos, a China

construiu um noo arranha;c+u a cada cinco dias, mais de E' aeroportos, sistemas de metr$

em &K cidades, as tr9s pontes mais etensas do mundo e mais de ,A mil quil$metros de

rodoias de alta elocidade, al+m de empreendimentos imobili6rios comerciais e

residenciais em lar!a escala)

-6 duas formas de ener!ar esse moimento: trata;se, + claro, de uma modernia"#o

necess6ria em um pa8s que se urbania rapidamente) 7as + tamb+m um sintoma de uma

economia desequilibrada, cu5as recentes fontes de crescimento n#o s#o sustent6eis)

*ssociada às recentes tens=es nos mercados financeiros, a desacelera"#o econ$mica chinesa

 pode ser ista como uma terceira onda da crise iniciada em &'' e &''( 0a primeira foi a

crise em all Mtreet e na CitN de LondresG a se!unda, a da ona do euro1)

'st(mu"o

m &''(, ap?s o colapso do banco Lehman Brothers, o mundo presenciou um encolhimento

dram6tico do com+rcio mundial) sso foi catastr?fico para a China, que tinha um

crescimento muito dependente das eporta"=es ao Ocidente) uando as economias

ocidentais pararam, diersas f6bricas chinesas foram paralisadas) Ia ocasi#o, a BBC

testemunhou hordas de mi!rantes chineses pobres sendo for"ados a oltar para suas aldeias)

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* situa"#o alarmou o !oerno e amea"ou o acordo impl8cito entre o Partido Comunista e a

 popula"#o chinesa, que abriu m#o de direitos democr6ticos em troca de prosperidade

econ$mica)

)ai#a *ais 

• ntenda: crescimento do PB da China + o menor em >Q anos

• 7ercado automotio na China dee crescer de ( a >' em &'>Q

• 4ale acredita que me!a naios ter#o acesso à China com o tempo

• Lula: Brasil n#o copiar6 modelo de baios sal6rios da China

Como resposta, o !oerno chin9s lan"ou um pacote de est8mulo de dimens=es !i!antescas ;o equialente a R< >,K trilh#o de !astos estatais diretos ; e instruiu que bancos %abrissem a

carteira% e emprestassem dinheiro como se n#o houesse amanh#) * estrat+!ia funcionou, a

seu modo) nquanto muitas das economias ocidentais e o Jap#o esta!naram, a China ieu

anos de !rande epans#o, retomando o crescimento na casa dos >' anuais) 7as as fontes

de crescimento eram limitadas e, desde ent#o, mudaram)

'+cessos e crédito

7esmo antes do pacote de est8mulo, a China inestia a taas maiores do que quase todos osdemais pa8ses na hist?ria) *ntes da crise de &''(, o inestimento estaa em torno de Q'

do PB, tr9s ees mais do que a maioria dos pa8ses desenolidos) *p?s a crise, !ra"as aos

est8mulos e às obras de infraestrutura, os inestimentos subiram para K' do PB, um n8el

sem precedentes, e ali continuaram)

* quest#o + que, quando uma !rande economia ineste nesse ritmo para criar empre!os e

riquea, possielmente n#o obter6 retorno de !rande parte dos inestimentos ; que s#o

muito maiores do que qualquer decis#o racional dos empres6rios) S por isso que a Chinatem astos empreendimentos imobili6rios ; ou mesmo cidades inteiras ; com lues que

nunca foram acesas e com estradas que mal foram percorridas por e8culos) O que torna

t?ica uma !rande parte desse inestimento + seu financiamento: uma eplos#o nos

empr+stimos) * propor"#o das d8idas chinesas em rela"#o ao PB tem crescido

rapidamente)

* analista Charlene Chu, que era da a!9ncia Fitch, eplica a fartura de cr+dito: %* maioria

das pessoas sabem que houe uma !rande epans#o de cr+dito na China, mas n#o conhecem

sua dimens#o) Io come"o de &''(, o setor banc6rio chin9s tinha um tamanho em torno de

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2M< >' trilh=es) *!ora, tem entre 2M< &Q e &K trilh=es) sse aumento + equialente ao total

do setor banc6rio comercial americano, que leou mais de um s+culo para ser constitu8do%)

Clique no linD parainiciar o 8deo China bloqueia sites que denunciam corrup"#o

O Ocidente aprendeu a duras penas os peri!os de um sistema financeiro que cria muito

cr+dito rapidamente) *l+m disso, no caso da China, boa parte dos endiidamentos est6

oculta, financiada por institui"=es chamadas de %shado. banDs% 0bancos sob a sombra, em

tradu"#o literal1, à mar!em do sistema financeiro tradicional) I#o h6 ece"=es na hist?ria

das finan"as: conceder empr+stimos nessa escala fa com que os deedores n#o consi!am

quitar suas d8idas e implica em !randes perdas aos credores) * quest#o n#o + se isso ai

acontecer, mas quando e qual a dimens#o dos seus efeitos) S por isso que imos al!unsepis?dios recentes de estresse nos mercados financeiros chineses, o que pode prenunciar

 problemas mais !raes)

erigos

uando o crescimento + !erado por um !rande per8odo de inestimento lastreado em

d8ida, h6 dois desdobramentos poss8eis: se essa !rande epans#o + encerrada cedo o

 bastante e de modo controlado e a economia + retomada de maneira sustent6el, ocorre uma

retra"#o econ$mica, mas desta forma eita;se um desastre) Io entanto, se a concess#o decr+dito passa dos limites, uma crise se torna ineit6el) nt#o, qual ser6 o desfecho do

mila!re econ$mico chin9sT

O !oerno anunciou reformas que, em tese, podem reequilibrar a economia nos pr?imos

anos ao trocar o inestimento baseado em cr+dito por outro baseado no consumo) 7as as

reformas est#o em est6!io inicial, e a concess#o de cr+dito continua) mais: a atual

eplos#o de inestimentos nos setores imobili6rio e de infraestrutura tem !erado tantos

lucros a milhares de autoridades do Partido Comunista que h6 didas quanto à habilidadedo !oerno central em implementar mudan"as)

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*l+m disso, eistem as consequ9ncias sociais: um crescimento econ$mico mais lento pode

n#o ser suficiente para satisfaer a Unsia dos chineses por mais empre!os e um padr#o de

ida melhor, al!o que pode desencadear protestos populares) 7as e se a bonan"a de cr+dito

n#o for contidaT Poder8amos estar diante de uma crise que chacoalharia n#o apenas a China,

mas o mundo inteiro)

O recente crescimento chin9s deu forma ao mundo como o conhecemos ho5e: propiciou aos

ocidentais a compra de produtos baratos e, para pa8ses eportadores 0como o Brasil1, a

enda de commodities) O outro lado + que os pre"os mundiais dos alimentos e da ener!ia

subiram e a influ9ncia chinesa no resto do mundo mudou o equil8brio de poder !lobal) Mer6

que uma China enfraquecida traria benef8cios ao OcidenteT 3ale n#o fosse al!o

totalmente ruim) 7as uma China repentinamente incapa de proer o crescente padr#o de

ida esperado por seu poo seria um pa8s mais inst6el ; e tamb+m mais peri!oso)