chega de fiu fiu: resultado da pesquisa · pela cintura 57% outros 4% ... um homem passou a mão em...
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(http://thinkolga.com/)
Chega de Fiu Fiu: resultado da pesquisaPor Olga (http://thinkolga.com/author/olgathink/), 9 de setembro de 2013
Ninguém dev eria ter medo de caminhar pelas ruas simplesmente porque nasceu
mulher. Mas infelizmente isso é algo que acontece todos os dias. E é um problema
inv isív el. Pouco se discute e quase nada se sabe sobre o tamanho e a natureza do
problema. Para tentar entender melhor o assédio sexual em locais públicos, a Olga
colocou no ar, em agosto, uma pesquisa elaborada pela jornalista Karin Hueck
(http://3liv rossobre.com.br/), como parte da campanha Chega de Fiu Fiu
(http://thinkolga.com/chega-de-fiu-fiu/). Contamos com 7 7 62 participantes e 99,6%
delas afirmaram que já foram assediadas - um número tão alto que já dá a ideia da
grav idade do problema. Veja abaixo o resultado:
Onde você já recebeu cantadas? (era possível selecionar mais de uma opção)
Na rua 98%
No transporte público 64%
No trabalho 33%
Na balada 7 7 %
Em lugares públicos: parques, shoppings, cinemas 80%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-onde-ja-recebeu-cantada.png)
Você acha que ouvir cantada é algo legal?
Sim 1 7 %
Não 83%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-acha-que-ouv ir-cantada-
c3a9-algo-legal.png)
Você já deixou de fazer alguma coisa (ir a algum lugar, passar na frente de
uma obra, sair a pé) com medo do assédio?
Sim 81 %
Não 1 9%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-deixou-de-fazer-algo-com-
medo-de-assedio.png)
Você já trocou de roupa pensando no lugar que você ia por medo de assédio?
Sim 90%
Não 1 0%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-ja-trocou-de-roupa-por-medo-
de-assedio.png)
Você responde aos assédios que ouve na rua?
Sim 27 %
Não 7 3%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-responde-ao-assedio.png)
Se sim, como?
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/sesim.jpg)
Se não, por quê?
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/senao-1 .jpg)
Quais cantadas você já ouviu em espaços públicos? (era possível selecionar
mais de uma opção)
Linda 84%
Gostosa 83%
Delícia 7 8%
Fiu fiu 7 3%
Princesa 7 1 %
Nossa senhora 64%
Ô lá em casa 62%
Boneca 47 %
Vem cá, v em 44%
Te pegav a toda 36%
Te chupav a toda 36%
Outros 4%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-ja-ouv iu-alguma-dessas-
cantadas.png)
Se você já recebeu cantadas indiscretas no trabalho, de quem foi? (era possível
selecionar mais de uma opção)
De um superior 1 3%
De um colega 21 %
De um cliente 1 4%
De um funcionário 9%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-cantada-no-trabalho.png)
Que tipo de cantada você já ouviu no ambiente de trabalho?
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/trabalho.jpg)
Você já foi assediada na balada?
Sim 86%
Não 1 4%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-ja-foi-assediada-na-
balada.png)
Já tentaram te agarrar na balada?
Sim 82%
Não 1 8%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-ja-tentaram-te-agarrar-na-
balada.png)
Se sim, como? (era possível selecionar mais de uma opção)
Pelo braço 68%
Pelo cabelo 22%
Pela cintura 57 %
Outros 4%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-corpo-agarrar-na-balada.png)
Já passaram a mão em você?
Sim 85%
Não 1 5%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-ja-passaram-a-mao-em-v oce.png)
Se sim, onde? (era possível selecionar mais de uma opção)
Peitos 1 7 %
Bunda 7 3%
Cintura 46%
No meio das pernas 1 4%
Outros 4%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-ja-passaram-a-mao-onde.png)
Você já foi xingada porque disse não às cantadas de alguém?
Sim 68%
Não 32%
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-v oce-ja-foi-xingada-porque-disse-
nao-as-cantadas.png)
Se sim, do quê? (era possível selecionar mais de uma opção)
Metida 45%
Baranga 1 6%
Gorda 1 3%
Feia 23%
Mal-comida 25%
Outros 1 7 %
(http://thinkolga.files.wordpress.com/201 3/09/olga-xingamentos.png)
Por favor, conte um episódio de cantada que ficou marcado na sua lembrança
(alguns exemplos):
Um dia saí de casa para buscar fotos que eu hav ia mandado rev elar. Era um dia frio e
eu estav a bastante agasalhada, nada estav a amostra. E mesmo assim, por onde eu
passav a homens me observ av am com olhares maliciosos, comentários baixos de
desmerecimento e um deles até chegou a dizer “Ai, se essa buceta estiv esse na minha
cama”.
Em um bota fora da faculdade um menino tentou me agarrar fazendo uma chav e de
pescoço, enquanto dizia que eu era linda.
Em uma balada um menino passou a mão em minha bunda, por baixo da saia.
Eu tinha uns 1 1 anos. Era carnav al, as ruas cheias. Eu era uma criança. Lembro que
estav a de shorts não muito curto e uma camiseta. Um homem passou a mão em mim e
acariciou meu cabelo dizendo: “Fooooofa” mostrando a língua depois.
Já estav a perto de dobrar a esquina (da rua onde moro), à noite. Um cara v inha na
direção contrária a minha. Quando chegou perto de mim, falou baixo: “Quer chupar
meu pau?”. Pensei logo q seria estuprada, pq a esquina da minha rua é bem deserta e tal.
Eu estav a v oltando para casa, a pé. A rua estav a praticamente v azia no ponto onde me
encontrav a e ao meu lado, uma motocicleta reduziu a v elocidade. O motoqueiro ficou
dizendo frases como “sobe aqui e eu te mostro como se trepa”, “meto em v ocê todinha,
delícia”. Fiquei constrangida e assustada, decidi ignorar o motoqueiro e ele foi embora
sem que eu o olhasse. Tiv e medo de ser estuprada.
Eu tinha dez anos, estav a andando de bicicleta e um cara, que v eio andando de
bicicleta, passou do meu lado e apalpou a minha bunda. Fui para casa chorando, corri
falar com os meus pais chorando muito. Eu tinha me sentido inv adida, mas não tinha
entendido direito o que hav ia acontecido.
Andando na rua as 1 9 da noite em frente ao shopping Patio Sav assi, eu, com 1 6 anos,
ignorei um grupo de homens que me assediaram com palav ras e lev ei um tapa com
muita força na bunda. Chorei de dor e humilhação.
Ouv i um cara começar a me chamar de gostosa na rua e ignorei. De repente, o cara
v eio se chegando pro meu lado no ponto de ônibus, com o pau pra fora, batendo uma
punheta pra mim, me chamando de gostosa. Entrei no primeiro ônibus que encostou,
nem v i para onde ia, só pra fugir do safado. Quando cheguei em casa chorando, minha
mãe perguntou o que tinha acontecido. Depois que contei, ela perguntou: “E o que v ocê
fez pra prov ocar o homem, ele não colocou o pau pra fora à toa”. Depois disso, nunca mais
contei nenhum episódio de assédio, abuso ou qualquer outra coisa pessoal que aconteceu
comigo.
Um cara de bicicleta inv adiu a calçada na qual eu caminhav a tranquilamente, à
noite, e passou a mão nos meus seios.
Estav a num show de rock e alguém enfiou o dedo na minha bunda. Eu tinha 1 5 anos.
Parece até engraçado falar assim, mas foi traumático e doentio.
Andav a a pé até a academia quando tinha 1 5 anos. Como, com o tempo, comecei a ficar
muito incomodada com as cantadas, olhares, motoqueiros buzinando, acabei decidindo
que ia colocar uma calça moletom e camiseta por cima da roupa de academia. Com isso,
as cantadas imediatamente pararam, mas eu passav a muito calor com 2 roupas,
andando na rua em dias de sol.
Uma v ez um sujeito masturbou-se ao meu lado no ônibus. Fiquei tão em choque que só
tiv e a reação de sair do local desesperada. Não consegui gritar, nem fazer um escândalo.
Era nov a, mais ou menos 1 6 anos, estav a passando por uma rua sozinha e me deparei
com um grupo de homens torcedores de algum time que não me lembro (estav a num
bairro próximo a um estágio em Belo Horizonte, num dia de jogo). Eles começaram a me
“cantar”, de repente estão passando a mão em mim, pelo menos uns quatro homens me
empurrando. E eu desesperada saí andando rápido, tentando me soltar. Foi
desesperador… Senti um medo real de me estuprarem coletiv amente.
Estav a andando despreocupada, com fones de ouv ido. Eram 1 7 horas e a rua estav a
bem mov imentada, inclusiv e com v ário pedestres fazendo caminhada. Um homem de
moto diminui a v elocidade ao passar por mim e enfiou a mão no meio das minhas pernas,
de uma forma totalmente brutal. Fiquei assustada e o xinguei. Demorei uma semana
para esquecer a sensação daquela mão no meio das minhas pernas.
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