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COPLI/CGL/SPOA/SE, Bloco “T”, Anexo I, Térreo, sala 108, Esplanada dos Ministérios. E-mail: [email protected] Telefones: (061) 2025-3230 ou 2025-9509 Fax: (061) 2025-9155. Páginas: www.mj.gov.br/licitacao Processo nº: 08008.00733/2013-17 Interessado: CGMA/COSEG Assunto: PREGÃO ELETRÔNICO Nº 30/2014 - Registro de Preços para a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de eventos envolvendo as etapas de planejamento, coordenação, organização e execução, contemplando a locação do espaço físico, mobiliário adequado, equipamentos, acessórios, insumos e todos os demais materiais e serviços indispensáveis à plena execução, devendo ser observado, quando necessário, o fornecimento de projeto que envolva a montagem e desmontagem de estruturas, a manutenção de instalações elétricas e hidráulicas e outros serviços correlatos à área. RESPOSTA IMPUGNAÇÃO Nº 01 1. Trata-se de pedido de impugnação ao Edital do Pregão Eletrônico nº 30/2014, interposto pelo LS LOCAÇÕES, SERVIÇOS E EVENTOS LTDA - EPP, sociedade empresária, inscrita no CNPJ nº 09.031.612/0001-16. 2. Inicialmente, cabe apreciar o requisito de admissibilidade da referida impugnação. 3. O Edital dispõe no item 36.1: “Até 2 (dois) dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública, qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá impugnar o ato convocatório deste Pregão, mediante petição a ser enviada, exclusivamente, para o endereço eletrônico [email protected], conforme o art. 18 do Decreto nº 5.450/2005, no horário oficial de Brasília, nos dias úteis, das 08:00 às 18:00”. A sessão pública do certame será realizada dia 03 de novembro de 2014, às 10h. 4. A impugnante enviou mensagem eletrônica ao e-mail institucional - [email protected], no dia 27 de outubro de 2014. Portanto, a peça enviada pela empresa deve ser conhecida e apreciada, eis que é tempestiva, nos termos do artigo 18 e 19 do Decreto nº 5.450/2005. DAS ALEGAÇÕES DA IMPUGNANTE 5. Em linhas gerais, a impugnante alega que o item 12.4.3 Qualificação Econômica Financeira do Edital afronta os princípios e diretrizes legais contidas na Lei nº 8.666/93, pelos fatos que seguem: A presente licitação estabelece como critério de capacitação econômico- financeira, os termos que a seguir se destaca: 12.4.3 QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA 12.4.3.1 Balanço Patrimonial e demonstrações Contábeis do último exercício social, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;

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Page 1: CGMA/COSEG Assunto: PREGÃO ELETRÔNICO Nº 30/2014 ... · RESPOSTA IMPUGNAÇÃO Nº 01 ... com a iniciativa privada vigentes na data apresentação da proposta não é ... também

COPLI/CGL/SPOA/SE, Bloco “T”, Anexo I, Térreo, sala 108, Esplanada dos Ministérios.

E-mail: [email protected] Telefones: (061) 2025-3230 ou 2025-9509 Fax: (061) 2025-9155. Páginas: www.mj.gov.br/licitacao

Processo nº: 08008.00733/2013-17

Interessado: CGMA/COSEG

Assunto: PREGÃO ELETRÔNICO Nº 30/2014 - Registro de Preços para a contratação de

empresa especializada na prestação de serviços de eventos – envolvendo as etapas de

planejamento, coordenação, organização e execução, contemplando a locação do espaço físico,

mobiliário adequado, equipamentos, acessórios, insumos e todos os demais materiais e serviços

indispensáveis à plena execução, – devendo ser observado, quando necessário, o fornecimento de

projeto que envolva a montagem e desmontagem de estruturas, a manutenção de instalações

elétricas e hidráulicas e outros serviços correlatos à área.

RESPOSTA IMPUGNAÇÃO Nº 01

1. Trata-se de pedido de impugnação ao Edital do Pregão Eletrônico nº 30/2014, interposto

pelo LS – LOCAÇÕES, SERVIÇOS E EVENTOS LTDA - EPP, sociedade empresária,

inscrita no CNPJ nº 09.031.612/0001-16.

2. Inicialmente, cabe apreciar o requisito de admissibilidade da referida impugnação.

3. O Edital dispõe no item 36.1: “Até 2 (dois) dias úteis antes da data fixada para abertura da

sessão pública, qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá impugnar o ato convocatório deste

Pregão, mediante petição a ser enviada, exclusivamente, para o endereço eletrônico

[email protected], conforme o art. 18 do Decreto nº 5.450/2005, no horário oficial de Brasília,

nos dias úteis, das 08:00 às 18:00”. A sessão pública do certame será realizada dia 03 de novembro

de 2014, às 10h.

4. A impugnante enviou mensagem eletrônica ao e-mail institucional - [email protected],

no dia 27 de outubro de 2014. Portanto, a peça enviada pela empresa deve ser conhecida e

apreciada, eis que é tempestiva, nos termos do artigo 18 e 19 do Decreto nº 5.450/2005.

DAS ALEGAÇÕES DA IMPUGNANTE

5. Em linhas gerais, a impugnante alega que o item 12.4.3 – Qualificação Econômica

Financeira do Edital afronta os princípios e diretrizes legais contidas na Lei nº 8.666/93,

pelos fatos que seguem:

A presente licitação estabelece como critério de capacitação econômico-

financeira, os termos que a seguir se destaca:

12.4.3 – QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

12.4.3.1 – Balanço Patrimonial e demonstrações Contábeis do último exercício

social, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a

substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados

por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de

apresentação da proposta;

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a) As empresas constituídas no exercício em curso deverão apresentar cópia

do balanço de abertura ou cópia do livro diário contendo o balanço de

abertura, inclusive os termos de abertura e encerramento.

b) A boa situação financeira a que se refere o inciso I deste subitem estará

comprovada na hipótese de o licitante dispor de Índices de Liquidez Geral (LG),

Solvência Geral (SG) e Liquidez Corrente (LC) superiores a 1 (um inteiro)

calculado de acordo com as fórmulas seguintes:

LG = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo

Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

SG = Ativo Total .

Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

LC = Ativo Circulante .

Passivo Circulante

c) Comprovação de patrimônio líquido de 10% (dez por cento) do valor

estimado da contratação, por meio da apresentação do balanço patrimonial e

demonstrações contábeis do Edital Pregão Eletrônico nº 30/2014 – Serviços de

Eventos último exercício social, apresentados na forma da lei, vedada a

substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados

por índices oficiais, quando encerrados há mais de 3 (três) meses da data da

apresentação da proposta;

d) Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro (Ativo Circulante - Passivo

Circulante) de, no mínimo, 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis

centésimos por cento) do valor estimado da contratação, tendo por base o

balanço patrimonial e as demonstrações contábeis do último exercício social;

e) Declaração do licitante, acompanhada da relação de compromissos

assumidos, conforme modelo constante do Anexo I-E do Termo de Referência,

de que um doze avos dos contratos firmados com a Administração Pública e/ou

com a iniciativa privada vigentes na data apresentação da proposta não é

superior ao patrimônio líquido do licitante que poderá ser atualizado na forma

descrita na alínea “c”, observados os seguintes requisitos:

1. A declaração deve ser acompanhada da Demonstração do Resultado do

Exercício – DRE, relativa ao último exercício social; e,

2. Caso a diferença entre a declaração e a receita bruta discriminada na

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE apresentada seja superior a

10% (dez por cento), para mais ou para menos, o licitante deverá apresentar

justificativas; e,

Depreende-se dos excertos, que o Instrumento Convocatório estabelece como

critério de qualificação econômico-financeira que as empresas licitantes

apresentem comprovação de Capital Circulante Líquido (CCL) ou Capital de

Giro de no mínimo 16,66% do valor estimado para a contratação, bem como

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patrimônio líquido de 1/12 (um doze avos) do valor total dos contratos firmados

com a Administração Pública e com a iniciativa privada.

Sobre as referidas exigências, entende a ora impugnante que devem ser revistas.

Isso porque ofendem frontalmente princípios e diretrizes legais trazidas pela Lei

8666/93.

Tal disciplina da Lei nº. 8.666/93 refere que toda licitação deverá resguardar o

interesse público, utilizando-se, para tanto, a garantia da participação total,

ampla e irrestrita das pessoas que se fizerem interessadas.

Isso quer dizer, ressalvado interesse na preservação do erário, a licitação deve

ser conduzida de modo a ampliar a participação do particular, oportunizando

de forma igualitária que aqueles detentores de capacitação elementar à

execução do objeto licitado, possam concorrer para a satisfação daquele

interesse público.

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio

constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a

administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será

processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da

legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da

probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do

julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº

12.349, de 2010)

§ 1º É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou

condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo,

inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou

distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de

qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico

objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art.

3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Redação dada pela Lei nº

12.349, de 2010)

Com a devida vênia, a ora impugnante entende que a inserção de tais critérios

dentre as exigências do certame restringem e frustram o caráter competitivo da

licitação.

DO CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO / CAPITAL DE GIRO DE NO MÍNIMO

16,66%

Observa-se que as exigências impugnadas não guardam relação com o objeto

licitado. Ademais, frisa-se, não se questiona exigência de capacitação técnica,

ou mesmo, índices de saúde financeira, também exigidos. Busca-se sim,

equalizar o edital a realidade de mercado, onde empresas poderão se utilizar de

informações reais e privilegiadas de toda vida Comercial da licitante.

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Defende o memorável doutrinador Celso Antonio Bandeira de Mello:

Descabimento de rigorismos inúteis na habilitação

119. Na fase de habilitação a promotora do certame deve se abster de

exigências ou rigorismos inúteis. Isto bem se entende à vista das considerações

enunciadas em acórdão que, no dizer do eminente Adílson Dallari, já se tornou

clássico: “Visa a concorrência pública fazer com que o maior número de

licitantes se habilitem para o objetivo de facilitar aos órgãos públicos a

obtenção das coisas e serviços mais convenientes a seus interesses. Em razão

deste escopo, exigências demasiadas e rigorismos inconsentâneos com a boa

exegese da lei deve ser arredados. Não devehaver nos trabalhos nenhum

rigorismo e na primeira fase da habilitação deve ser de absoluta singeleza o

processo licitatório.1

A exigência de qualificação econômico-financeira, de acordo com a previsão

estatuída pelo edital é prevista pelo art. 31, §§2º e 3º. Neste, há indicação de

que tanto a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo estará

restrita a até 10% do valor licitado. No caso presente, houve exigência de valor

superior.

Contudo, a referida Lei não traz em seu corpo previsão de exigência de

qualificação econômico-financeira a comprovação de Capital Circulante

Líquido (CCL) ou Capital de Giro, nos moldes do estatuído no presente edital,

ferindo desta forma o disposto no instrumento legal de regramento das

licitações e contratos administrativos.

Ora, há que se considerar que a previsão legal já se mostra suficientemente

severa ao passo que não se vislumbra necessidade desta administração majorar

as exigências de demonstração de capacidade econômico-financeira das

empresas licitantes, pois uma vez que as mesmas já são obrigadas a comprovar

os índices nos patamares exigidos bem como o Patrimônio Liquido no montante

especificado.

É evidente, a exigência de apresentação de comprovação de Capital Circulante

Líquido (CCL) ou Capital de Giro equivalendo a 16,66%, contraria os termos

legais, mais precisamente o que dispõe o artigo 31 da Lei 8.666/93:

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-

se-á a:

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já

exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação

financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços

provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há

mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;

1 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 595.

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II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da

sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da

pessoa física;

III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e § 1º do

art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da

contratação.

§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade

financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso

lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de

faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. (Redação dada

pela Lei nº 8.883, de 1994)

§ 2º A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras

e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a

exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as

garantias previstas no § 1º do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de

comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito

de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.

§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o

parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado

da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da

apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta

data através de índices oficiais.

§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo

licitante

que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de

disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido

atualizado e sua capacidade de rotação.

Nota-se que o procedimento de exigir comprovação de limite mínimo de 10%

(dez por cento) do patrimônio líquido concomitante a exigência de índices

superiores a 1,0 (um inteiro) é legal, entretanto, ultrapassar os limites dados

pela Lei, estabelecendo exigências que fogem os requisitos pré-determinados

pela norma legal que norteia o processo licitatório em referência fere totalmente

o princípio da razoabilidade.

Ensina Marçal Justen Filho:

Com a alteração trazida pela Lei n. 8.883, ficou clara a inviabilidade de adoção

de índices vinculados a finalidades distintas da mera comprovação da

disponibilidade de recursos para satisfatória execução do objeto contratado. A

lei não determina nem especifica os índices a serem adotados, remetendo aos

fornecidos pela ciência da contabilidade e pelas regras usuais no campo de

auditoria. Em qualquer caso, porém, o índice deverá ser apto a avaliar apenas a

capacitação financeira do interessa para a execução do contrato. Não se

admitem exigências referidas à rentabilidade ou à lucratividade nem ao

faturamento do sujeito.

(Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 8ª ed. São Paulo:

Dialética, 2001 p. 352).

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Assim, a discricionariedade da Administração fica limitada a razoabilidade e

ao atendimento do interesse maior da Administração Pública, qual seja, o de

contratar o menor preço, dentro de padrões e condições que satisfaçam critérios

amparados pela Lei.

Neste mesmo sentido o posicionamento da jurisprudência, nos termos do julgado

que segue:

1. Revela-se, de fato, atentatório aos postulados da razoabilidade, isonomia e

competitividade inerentes aos certames licitatórios, a exigência de habilitação

consistente em "certidão de adimplemento de obrigações setoriais", quando

incontroverso nos autos a negativa de emissão do aludido certificado pelas

autoridades impetradas em face de suposto débito da impetrante com a empresa

Tractebel ainda submetido à análise na esfera judicial (Proc. nº

2004.001.056627-9).

2. Ademais, segundo o inciso II do artigo 31 da Lei nº 8.666/93, a certidão

negativa de falência ou concordata ou de execução patrimonial são os únicos

documentos exigidos para a qualificação econômico-financeira da empresa

interessada em participar da licitação pública, de modo que - com exceção

destes casos expressamente previstos - nenhuma outra documentação poderá ser

exigida quando a sua inviabilização implicar em prejuízo de algum interessado .

3. Precedentes desta Corte e do STJ.

Verifica-se a desconsideração do princípio da razoabilidade, da legalidade e da

isonomia, uma vez que não há fundamento explícito que justifique a adoção de

relação do Patrimônio Líquido da forma solicitada no Item 35.4 do processo em

tela. Ademais, o objeto licitado não guarda complexidade que justifique tal

exigência.

Nota-se que o TCU já decidiu, em processo semelhante, entendendo a

desnecessidade de exigências mais complexas, quando preenchidos outros

requisitos previstos pelo edital, no caso, índices de saúde financeira.

Cita-se, para tanto, o julgado em referência:

São a Liquidez Geral (LG) e a Liquidez Corrente (LC) os índices utilizados pelo

subitem 6.3 do edital (fl.22) para comprovação da boa situação financeira da

proponente.

Quanto maiores esses índices, melhor. Um índice de LG menor do que 1

demonstra que a empresa não tem recursos suficientes para pagar as suas

dívidas, devendo gera-los.

Já um índice de LC menor do que 1 demonstra que a empresa não possui folga

financeira a curto prazo. Se os dois índices forem maiores que 1, a empresa

estará financeiramente saudável [...].

Nesse sentido, qualquer empresa de pequeno ou grande porte poderia participar

da concorrência, independentemente de capital ou de patrimônio líquido

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mínimo, desde que tivesse os seus índices contábeis nos valores normalmente

adotados para comprovar sua boa situação financeira.

(Acórdão nº 247/2003, Plenário, Rel. Min. Marcos Vilaça)

Depreende-se, portanto, dispensável a exigência de Capital Circulante Líquido

(CCL) ou Capital de Giro para a licitação em comento, eis que o edital da

licitação já contempla exigência de índices que demonstram a saúde financeira

das empresas licitantes.

27. Neste mesmo sentido, aliás, Marçal Justen Filho:

Com a alteração trazida pela Lei n. 8.883, ficou clara a inviabilidade de adoção

de índices vinculados a finalidades distintas da mera comprovação da

disponibilidade de recursos para satisfatória execução do objeto contratado. A

lei não determina nem especifica os índices a serem adotados, remetendo aos

fornecidos pela ciência da contabilidade e pelas regras usuais no campo de

auditoria. Em qualquer caso, porém, o índice deverá ser apto a avaliar apenas a

capacitação financeira do interessa para a execução do contrato. Não se

admitem exigências referidas à rentabilidade ou à lucratividade nem ao

faturamento do sujeito.

(Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 8ª ed. São Paulo:

Dialética, 2001 p. 352).

Pelo exposto, imperioso que o Edital seja emendado, para tanto requer:

O recebimento da presente impugnação, eis que tempestiva, sendo autuada,

processada e considerada na forma da lei;

sejam analisados e ponderados os fatos e fundamentos indicados,

procedendo-se na alteração do edital da licitação e sua consequente adequação

às exigências legais e fundamentos de razoabilidade vislumbrados pela

aplicação das normativas vigentes;

seja a ora Impugnante devidamente informada sobre a decisão desta

Administração, conforme determina a legislação vigente, no termo legal;

DA APRECIAÇÃO DO PEDIDO

6. Antes de adentrar na análise do pedido de impugnação propriamente dito, convém

evidenciar determinados apontamentos essenciais ao caso em comento.

7. O Ministério da Justiça, executor das apropriadas e modernas práticas disseminadas no

âmbito das licitações do setor público, sempre adotou e vem adotando na confecção de suas

disposições editalícias além das legislações afetas à matéria, os entendimentos dos órgãos de

controle, visando obter êxito nas contratações pretendidas. Nesse contexto, são levadas a cabo às

recomendações emitidas pela Consultoria Jurídica desta Pasta, pela Controladoria Geral da União

e pelo Tribunal de Contas da União, dentre outros.

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8. Especialmente em relação à aplicação da jurisprudência da Corte de Contas, fiscalizadora e

controladora dos gastos públicos da União, transcrevemos o teor da Súmula 222:

“As decisões do Tribunal de Contas da União, relativas à aplicação de normas

gerais de licitação, sobre as quais cabe privativamente a União legislar, devem ser

acatadas pelos administradores dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios.” (grifo nosso).

9. Seguindo essa linha e, na busca pela contratação mais vantajosa e pela melhora substancial

na qualidade da prestação de serviços para a Administração, este Ministério, quando da elaboração

da minuta de edital para a contratação em tela, agregou ao seu conteúdo as recomendações e

orientações contidas no Acordão nº 1214/2013 – TCU - Plenário, orientações essas, também

seguidas pela Douta Consultoria Jurídica da Casa e consubstanciadas na Instrução Normativa

SLTI/MPOG nº 02/2008, alterada pela Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 06/2013.

10. Adotando o mesmo posicionamento, segue trecho do Parecer nº

73/2013/DECOR/CGU/AGU proferido no bojo do Processo Administrativo nº

00405.002695/2013-34 pelo Departamento de Coordenação e Orientação de Órgãos Jurídicos da

CGU/AGU:

“À conta de todo o exposto, arremato sintetizando logo abaixo as principais

conclusões atingidas neste opinativo:

(...)

e) buscando elidir a condenação da União, suas autarquias e fundações públicas, as

unidades consultivas da AGU deverão:

e.1) orientar seus assessores de forma clara e expressa a observar rigorosamente a

IN SLTI/MP nº 2/2008 e as determinações oriundas do eg. TCU constantes do

Acórdão nº 1214/2013 – TCU – Plenário (...)”.

11. Feitos esses breves comentários, passaremos a análise das alegações impetradas pela

recorrente.

12. A impugnante afirma que a exigência inscrita no item 12.4.3 do Edital é ilegal. Ocorre que

a qualificação econômica financeira deriva diretamente de permissivo legal, conforme artigo 31 da

Lei nº 8.666/1993:

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-

á a:

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já

exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação

financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços

provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há

mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;

II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da

sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da

pessoa física;

III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e § 1o do

art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da

contratação.

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§ 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade

financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso

lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de

faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.

§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e

serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a

exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as

garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de

comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito

de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.

§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o

parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado

da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da

apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data

através de índices oficiais.

§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo

licitante que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de

disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido

atualizado e sua capacidade de rotação.

§ 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma

objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e

devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado

início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não

usualmente adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao

cumprimento das obrigações decorrentes da licitação.

13. A possibilidade de exigir capital circulante líquido ou capital de giro no percentual de

no mínimo 16,66% (dezesseis vírgula sessenta e seis por cento) do valor estimado para a

contratação é prevista expressamente no artigo 19, XXIV, b, da Instrução Normativa SLTI

nº 2/2008 que rege e vincula a administração pública federal nas contratações de prestações

de serviços:

Art. 19. Os instrumentos convocatórios devem o conter o disposto no art. 40 da

Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, indicando ainda, quando couber:

(...)

XXIV - disposição prevendo condições de habilitação econômico-financeira nos

seguintes termos: (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de

dezembro de 2013) a) balanço patrimonial e demonstrações contábeis referentes ao último exercício

social, comprovando índices de Liquidez Geral – LG, Liquidez Corrente – LC, e

Solvência Geral – SG superiores a 1 (um); (Incluído pela Instrução Normativa

nº 6, de 23 de dezembro de 2013) b) Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro (Ativo Circulante - Passivo

Circulante) de, no mínimo, 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis

centésimos por cento) do valor estimado da contratação, tendo por base o

balanço patrimonial e as demonstrações contábeis do último exercício social;

(Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013 e

retificada conforme redação publicada na página 840 da Seção 1 do DOU nº

252, de 30 de dezembro de 2013)

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10

c) comprovação de patrimônio líquido de 10% (dez por cento) do valor estimado

da contratação, por meio da apresentação do balanço patrimonial e

demonstrações contábeis do último exercício social, apresentados na forma da

lei, vedada a substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser

atualizados por índices oficiais, quando encerrados há mais de 3 (três) meses da

data da apresentação da proposta; (Redação dada pela Instrução Normativa nº

6, de 23 de dezembro de 2013 e retificada conforme redação publicada na

página 840 da Seção 1 do DOU nº 252, de 30 de dezembro de 2013) d) declaração do licitante, acompanhada da relação de compromissos assumidos,

conforme modelo constante do Anexo VIII, de que um doze avos dos contratos

firmados com a Administração Pública e/ou com a iniciativa privada vigentes na

data apresentação da proposta não é superior ao patrimônio líquido do licitante

que poderá ser atualizado na forma descrita na alínea “c”, observados os

seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de

dezembro de 2013) 1. a declaração deve ser acompanhada da Demonstração do Resultado do

Exercício – DRE, relativa ao último exercício social; e (Incluído pela Instrução

Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) 2. caso a diferença entre a declaração e a receita bruta discriminada na

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE apresentada seja superior a

10% (dez por cento), para mais ou para menos, o licitante deverá apresentar

justificativas; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro

de 2013) e) certidão negativa de feitos sobre falência, recuperação judicial ou recuperação

extrajudicial, expedida pelo distribuidor da sede do licitante; (Incluído pela

Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013).

14. Ressalte-se que a Administração tem o poder de regular seus atos e emitir normativos que

orientam os órgãos no cumprimento da lei. Em tempo a IN SLTI nº 2/2008 está em plena

consonância com as previsões da Lei nº 8.666/1993.

15. Nesse sentido, a Consultoria Jurídica desta Pasta ao analisar os autos deste procedimento

licitatório proferiu o Parecer nº 600/2014/COLIC/CGLEG/CONJUR/MJ-CGU/AGU, no qual se

sugere, conforme disposto no item 18, letra “b”: subitem 12.4.3 – compatibilizar com art. 19,

XXIV, da In nº 2/2008.

16. É de se observar que a disposição contra qual se insurge o impugnante deriva de amplo

estudo relativo às terceirizações e às contratações de serviços na Administração Pública, procedido

pelo Tribunal de Contas da União o qual culminou na edição do Acórdão 1.214/2013 – Plenário. É

pertinente colacionarmos as considerações empreendidas pelo Grupo de Estudos que atuou na

produção do referido acórdão:

84. De acordo com o art. 27, inciso III, da Lei nº 8.666/93, para a habilitação nas

licitações deverá ser exigida das licitantes a qualificação econômico-financeira,

que será composta por um conjunto de dados e informações condizentes com a

natureza e as características/especificidades do objeto, capazes de aferir a

capacidade financeira da licitante com referência aos compromissos que terá de

assumir caso lhe seja adjudicado o contrato.

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85. No intuito de conhecer a abrangência das exigências de qualificação

econômico-financeira nos processos licitatórios para contratação de serviços

terceirizados foram, consultados editais de vários órgãos federais e percebeu-se

que, embora a legislação permita exigência maior, somente tem-se exigido a

comprovação de patrimônio líquido mínimo de 10% (dez por cento) do valor

estimado da contratação quando quaisquer dos índices de Liquidez Geral,

Liquidez Corrente e Solvência Geral são iguais ou inferiores a 1 (um).

86. Ocorre que, via de regra, as empresas não apresentam índices inferiores a 1

(um), por consequência, também não se tem exigido a comprovação do

patrimônio líquido mínimo, índice que poderia melhor aferir a capacidade

econômica das licitantes.

87. Por certo, este aparente detalhe, tem sido o motivo de tantos problemas com

as empresas de terceirização contratadas que, no curto, médio e longo prazos,

não conseguem honrar os compromissos assumidos com os contratantes.

88. O problema está no fato de que o cálculo de índices contábeis pelo método

dos quocientes, tal como disponibilizado no SICAF, por si só, não tem

demonstrado adequadamente a capacidade econômico-financeira das licitantes,

eis que não a evidenciam em termos de valor. Assim, tem-se permitido que

empresas em situação financeira inadequada sejam contratadas.

89. Com o propósito de salvaguardar a administração de futuras complicações,

entendeu-se que há de se complementar as avaliações econômico-financeiras dos

licitantes por meio de critérios ou índices que expressem valores como

percentuais de outro valor, dentro do limite legalmente autorizado. Por exemplo,

patrimônio líquido mínimo de 10% do valor estimado para a nova contratação

((ativo total - passivo)/10 > valor estimado da contratação), ou pelo método da

subtração, como no caso do cálculo do capital de giro ou capital circulante

líquido (ativo circulante - passivo circulante).

90. A título de exemplificação, em tese, na avaliação da liquidez corrente, uma

empresa com R$ 1,50 (um real e cinquenta centavos) no ativo circulante e R$

1,00 (um real) no passivo circulante terá o mesmo índice de liquidez de outra

empresa com R$ 1.500.000.000,00 (um bilhão e quinhentos mil reais) no ativo

circulante e R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão) no passivo circulante, qual seja,

liquidez corrente igual a 1,5.

91. Observa-se que, embora tenham o mesmo índice, são empresas com

capacidades econômico-financeiras totalmente distintas. Todavia, se não

fosse conhecido o ativo e o passivo circulante em termos de valor monetário,

seriam elas, equivocadamente, consideradas como equivalentes do ponto de

vista econômico-financeiro. Daí a utilidade do capital circulante líquido -

CCL.

92. Em contratos de fornecimento de bens permanentes e de consumo a

diferença entre os capitais circulantes líquidos - CCL´s das duas empresas

hipotéticas citadas acima não seria tão relevante, pois o licitante tem espaço para

negociar preços e prazos de pagamento com seu fornecedor e não carece, por

exemplo, de liquidez ou patrimônio, eis que figura como espécie de

intermediário e sua situação financeira não é determinante para o contratante,

mas sim a efetiva entrega do bem. Além disso, não há encargos previdenciários

e/ou trabalhistas vinculados diretamente ao objeto.

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93. Ao contrário das empresas de fornecimento de bens, as de terceirização de

serviços são altamente demandantes de recursos financeiros de curto prazo e de

alta liquidez, como moeda corrente, pois se faz necessário que disponham de

recursos suficientes no ativo circulante para suportar despesa com a folha de

pagamento e outros encargos a cada mês, independentemente do recebimento do

pagamento do órgão para o qual presta os serviços.

94. Cabe consignar que, no âmbito da administração pública, salvo pequenas

exceções, não há a figura do pagamento antecipado e nem seria razoável, pois a

administração funcionaria como financiadora a custo zero de empresas de

terceirização e não como contratante propriamente dita. Além disso, se assim o

fosse, as empresas trabalhariam com risco zero, situação incompatível com as

atividades da iniciativa privada, que pressupõem sempre a existência do risco do

negócio.

95. O pagamento somente pode ocorrer após o ateste do serviço realizado,

normalmente no decorrer do mês posterior à prestação dos serviços. Assim, faz

sentido exigir das licitantes que tenham recursos financeiros suficientes para

honrar no mínimo 2 (dois) meses de contratação sem depender do pagamento por

parte do contratante. Uma empresa que não tenha esta capacidade quando da

realização do processo licitatório, certamente terá dificuldades de cumprir todas

as obrigações até o fim do contrato.

96. Além da avaliação da capacidade econômico-financeira da licitante por

meio do patrimônio líquido e do capital circulante líquido, há que se

verificar ainda se a mesma tem patrimônio suficiente para suportar

compromissos já assumidos com outros contratos sem comprometer a nova

contratação. Essa condição pode ser aferida por meio da avaliação da

relação de compromissos assumidos, contendo os valores mensais e anuais

(contratos em vigor celebrados com a administração pública em geral e

iniciativa privada) que importem na diminuição da capacidade operativa ou

na absorção de disponibilidade financeira em face dos pagamentos

regulares e/ou mensais a serem efetuados.

97. Considerando que a relação será apresentada pela contratada, é importante

que a administração assegure-se que as informações prestadas estejam corretas.

Desse modo, também deverá ser exigido o demonstrativo de resultado do

exercício - DRE (receita e despesa) pela licitante vencedora.

98. Como, em tese, grande parte das receitas das empresas de terceirização é

proveniente de contratos, é possível inferir a veracidade das informações

apresentadas na relação de compromisso quando comparada com a receita bruta

discriminada na DRE. Assim, a contratada deverá apresentar as devidas

justificativas quando houver diferença maior que 10% entre a receita bruta

discriminada na DRE e o total dos compromissos assumidos.

99. Por fim, comprovada a correlação entre o valor total dos contratos elencados

na relação de compromissos e o montante da receita bruta discriminada na DRE,

o valor do patrimônio líquido da contratada não poderá ser inferior a 1/12 do

valor total constante da relação de compromissos.

17. Conforme dito acima, a qualificação econômico-financeira está apoiada no artigo 31 da Lei

nº 8.666/1993, nesse sentido, completa o grupo de estudos do Acórdão nº 1214/2013 TCU –

Plenário:

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100. Nos termos do artigo 31, parágrafos 1º e 5º, da Lei nº 8.666/93, no que diz

respeito aos índices, somente é vedada a exigência de valores mínimos de

faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade, bem como

índices e valores não usualmente adotados para a correta avaliação de situação

financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação.

"Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-

se-á a:

....

§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira

do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja

adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento

anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.

...

§ 5º A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma

objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e

devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado

início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não

usualmente adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao

cumprimento das obrigações decorrentes da licitação." grifos nossos.

101. No mesmo sentido, a fixação do limite mínimo de 10% (dez por cento) do

patrimônio líquido em relação ao valor da contratação está literalmente

autorizada no art. 31, § 3º, da Lei nº 8.666/93, sem quaisquer exigências de

justificativas ou outras restrições; bem assim a relação de compromissos, a qual

deve ser calculada em função do patrimônio líquido atualizado, conforme dispõe

o art. 31, § 4º, da Lei nº 8.666/93.

"Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-

se-á a:

...

§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o

parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado

da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da

apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data

através de índices oficiais.

...

§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo

licitante que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de

disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido

atualizado e sua capacidade de rotação."

102. Assim, com base nesses pressupostos, propõe-se as seguintes condições de

habilitação econômico-financeira para comporem os editais destinados à

contratação de serviços terceirizados:

As licitantes deverão apresentar a seguinte documentação complementar:

Capital Circulante Líquido - CCL:

1.1. Balanço patrimonial e demonstrações contábeis do exercício social anterior

ao da realização do processo licitatório, comprovando índices de Liquidez Geral

(LG), Liquidez Corrente (LC) e Solvência Geral (SG) superiores a 1 (um), bem

como Capital Circulante Líquido (CCL) ou Capital de Giro (Ativo Circulante -

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Passivo Circulante) de, no mínimo, 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis

centésimos por cento) do valor estimado para a contratação;

(...)

18. Destacando as considerações do Grupo de Estudos, o relator do Acórdão 1214/2013 TCU –

Plenário, aponta as seguintes observações, relativas à exigência de Capital Circulante Líquido de

no mínimo 16,66%:

45. (...) O grupo ressalta que empresas de prestação de serviço são altamente

demandantes de recursos financeiros de curto prazo para honrar seus

compromissos, sendo necessário que elas tenham recursos suficientes para

honrar no mínimo dois meses de contratação sem depender do pagamento por

parte do contratante. Assim, propõe que se exija dos licitantes que eles tenham

capital circulante líquido de no mínimo 16,66% (equivalente a 2/12) do valor

estimado para a contratação (período de um ano).

19. Verifique-se que a previsão editalícia atacada não apenas origina-se de previsão normativa

como tal previsão já teve sua legalidade reconhecida por órgão de controle externo, considerando

que esse mesmo órgão foi o autor da recomendação que gerou a referida previsão normativa.

20. É a resposta ao pedido de impugnação apresentado.

DA CONCLUSÃO

21. Diante do exposto, conheço da impugnação apresentada e, no mérito, com lastro nos

posicionamentos levantados, opino pela sua IMPROCEDÊNCIA.

Brasília-DF, 27 de outubro de 2014.

ALEXANDRA LACERDA FERREIRA RIOS

Pregoeira