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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL PAULO ROBERTO RIBEIRO MARINHO TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL EM INTERVENÇÕES DE GRUPO NA ESCOLA: UM FAZER POSSÍVEL DIANTE DA QUEIXA DE INDISCIPLINA São Paulo 2016

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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

PAULO ROBERTO RIBEIRO MARINHO

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL EM

INTERVENÇÕES DE GRUPO NA ESCOLA: UM FAZER

POSSÍVEL DIANTE DA QUEIXA DE INDISCIPLINA

São Paulo

2016

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PAULO ROBERTO RIBEIRO MARINHO

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL EM

INTERVENÇÕES DE GRUPO NA ESCOLA: UM FAZER

POSSÍVEL DIANTE DA QUEIXA DE INDISCIPLINA

Monografia de conclusão curso de pós-graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental apresentado à banca examinadora do CETCC – Centro de Estudos de Terapia Cognitivo- Comportamental de São Paulo, como pré-requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, sob a orientação da Professora Doutora Renata Trigueirinho Alarcon e Coorientação da Professora Mestre Eliana Melcher Martins.

São Paulo 2016

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Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada à fonte.

Marinho, Paulo Roberto R.

Terapia Cognitivo Comportamental em Intervenções de Grupo na Escola: um fazer possível diante da queixa de indisciplina. Paulo Roberto Ribeiro Marinho – São Paulo, 2016.

2Xf + CD-ROM.

Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientação: Profª. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon.

1. Terapia Cognitivo-Comportamental, 2. Intervenções de Grupo, I Marinho, Paulo Roberto R. II Alarcon, Renata Trigueirinho.

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PAULO ROBERTO RIBEIRO MARINHO

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL EM INTERVENÇÕES DE GRUPO

NA ESCOLA, UM FAZER POSSÍVEL DIANTE DA QUEIXA DE INDISCIPLINA

Monografia apresentada ao CETCC – Centro de Estudos de Terapia Cognitivo-Comportamental de São Paulo, como pré-requisito para obtenção do grau de Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.

BANCA EXAMINADORA:

Parecer:_

Professor(a) _________________________________________________________

Parecer:_

Professor(a) _________________________________________________________

São Paulo,_ de de 2016

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Dedicatória

Dedico o presente estudo a todos os professores e professoras que acreditam

que a educação pode transformar vidas, e não somente na esfera de mudança de

classe social, ao professor que mesmo diante de inúmeros problemas em seu

cotidiano não desiste de acreditar, aqueles professores que adoeceram e os que

estão adoecendo em sala de aula, essa pesquisa é pensada e objetivada em vocês.

Impossível não incluir nessa dedicatória os meus amigos da especialização

do CETCC, que me fizeram ter a sensação de estar em família, mesmo depois de

viagens cansativas e horas trabalhadas. Aos professores que não pouparam

esforços no ato de ensinar e refletir sobre nossa prática clínica e acima de tudo nos

“provocando” a pensar e aprofundar nas questões do sofrimento humano. A minha

família que mesmo de longe fisicamente e sempre tão presente cognitivamente que

me motivou e me serviu de modelo na busca de meus objetivos e contribuíram para

ser o psicólogo que sou.

A Eliana e Elcio que proporcionaram um ambiente significativo para o

aprendizado e ainda, uma abertura para nossas dúvidas e contribuições. A “tia” que

prepara os lanchinhos das pausas tudo com muito sabor e carinho, alimentando

nosso corpo na medida em que nutríamos nossa alma nas aulas.

Agradeço a minha orientadora Renata que me incentivou a manter minha

pesquisa em educação, campo esse que é tema de estudo da minha dissertação do

mestrado na UNESP, obrigado por me instigar e pelas excelentes contribuições.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por estar comigo em minhas escolhas,

por me acalentar em momentos difíceis e por compreender e perdoar minhas

falhas e limitações.

A minha primeira psicóloga da vida Maria de Lourdes, que foi um modelo de

afetividade, carinho, respeito, ética e amor, mãe se sou a pessoa e psicólogo que

sou, devo muito a sua pessoa, obrigado por me apoiar em minhas escolhas, por

estar presente em minha vida, por me aconselhar enfim, obrigado por existir em

minha vida e por ser a minha mãe.

Ao Paulo Marinho, pessoa que me deu a honra de carregar o seu nome e

quis o destino o filho mais parecido fisicamente, pai que tanto me ensina mesmo

diante do seu silêncio, sua paciência ainda é algo que estou perseguindo, sua

gentileza e comprometimento em tudo que faz é algo a ser seguido, agradeço o

modelo de homem, pai e ser humano.

Ao Clodo e Ander, que me proporcionaram a melhor infância do mundo,

quantas lembranças boas, algumas vezes sofri e foi tão importante para o meu

crescimento, aprendi a me defender, a desculpar e a me relacionar melhor.

A Mary, por entrar em nossa família, e por fazer de um jeito tão simples e

natural, que parece que você tinha que fazer parte da nossa família mesmo. Aos

meus dois corações que batem fora do peito, Leo e Duda, por me fazer crescer de

um modo tão singular não consigo descrever como é gostoso amar sobrinhos, de

todas as alegrias que seu pai me deu vocês são as melhores e a que eu mais

gostei, tio ama muito.

A Kátia, amiga, parceira e psicóloga, que compartilha comigo em Boituva dos

momentos positivos e dos não tão positivos assim, que me ouve, me orienta, é

continente em tantas situações, impossível descrever tudo o que você representa

para mim, gratidão é a palavra que penso no momento.

A Tassy amiga de mestrado e amiga da vida, a quem Deus me deu a honra

de conhecer e compartilhar alegrias e tristezas desculpe o egoísmo, mas não

conseguiria imaginar minha vida sem você, obrigado por existir.

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Eu gosto de gente, mas gosto

muito mais de gente bem

humorada e humana (Claudia

Oliveira).

Nenhum grupo pode atuar com

eficiência se lhe falta harmonia;

Nenhum grupo pode atuar em

harmonia se lhe falta confiança;

Nenhum grupo pode atuar com

confiança se não estiver unido por

opiniões, afetos comuns ou

interesses comuns. (Edmund

Buerke)

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RESUMO

O presente trabalho buscou investigar os estudos realizados em Terapia Cognitivo-

Comportamental em Grupos dentro do ambiente escolar. Optou-se por um estudo

exploratório de revisão sistemática por meio da produção cientifica indexada no

Scielo, Lilacs, Medline e Pubmed e Periódicos da Capes. A estratégia de busca

utilizou-se as seguintes palavras chaves: Terapia Cognitivo de Grupo, Terapia

Cognitivo Comportamental de Grupo, Terapia Cognitivo Comportamental Criança

e Adolescente e Terapia Cognitivo comportamental na escola. Diante da escassez

e com isso, impossibilidade de analisar os estudos nacionais a respeito da TCCG

no ambiente escolar e diante da possibilidade de trabalho nesse campo, foi

proposta a criação de um protocolo piloto de terapia cognitivo comportamental em

intervenções em grupo aplicado a queixa de indisciplina escolar. O objetivo do

protocolo piloto é possibilitar um direcionamento do trabalho com grupos nas

escolas diante da queixa de indisciplina, não pretendemos com o protocolo

transformar a instituição escolar em um espaço de saúde mental, mas

oportunizar que os alunos com comportamento indisciplinar possam ser

auxiliados em suas dificuldades. Tal intervenção grupal dentro da escola pode

contribuir com o processo ensino-aprendizagem, um menor desgaste mental do

professor, já que a indisciplina se torna um dos maiores desafios para os

docentes e por fim, uma menor evasão escolar.

Palavras-chave: Terapia cognitivo-comportamental em grupos; indisciplina; escola; protocolo piloto.

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ABSTRACT

This study investigated the studies in Cognitive-Behavioral Therapy in Groups within

the school environment. We chose an exploratory study of systematic review by

scientific production indexed in Scielo, Lilacs, Medline and Pubmed and Capes

Periodicals. The search strategy used the following key words: Group of Cognitive

Therapy, Cognitive Behavioral Therapy Group, Cognitive Behavioral Therapy Child

and Adolescent Therapy and Cognitive behavioral school. Given the scarcity and

thus, failure to analyze national studies on the CBGT at school and at the possibility

of working in this field, it was proposed to establish a pilot protocol cognitive

behavioral therapy group interventions applied to complaints of indiscipline school.

The objective of the pilot protocol is allowing a direction of working with groups in

schools on indiscipline complaints, we do not intend to protocol transform the school

institution in a mental health space, but create opportunities that students with

indisciplinary behavior can be supported in their difficulties. This group intervention

within the school can contribute to the teaching-learning process, less mental strain

of the teacher, as indiscipline becomes one of the biggest challenges for the

teachers and finally, less truancy.

Keywords: Cognitive behavioral therapy in groups; indiscipline; school; pilot protocol.

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Tabela 1 - Estágios do Desenvolvimento Grupal 19

Tabela 2 - Protocolo Piloto 28

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................10

1.1 POSTURA TERÊUTICA NA TERAPIA COM GRUPOS...............................13

1.2 A RELAÇÃO INDISCIPLINA E ESCOLA.....................................................16

2 O B J E T I V OS....................................................................................................20

3 METODOLOGIA...............................................................................................21

4 R E S U L T AD O S E D I S C U S S ÃO..................................................................23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................29

REFERÊNCIAS...........................................................................................................31

APÊNDICE..................................................................................................................34

ANEXOS......................................................................................................................36

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1 I N T R O D U Ç ÃO

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma das abordagens que

mais cresceram nos últimos anos, seu desenvolvimento pode observado diante

da quantidade de estudos que são publicados dentro desse campo teórico. De

sua aplicabilidade individual surgiu à necessidade de aplicação em grupos,

sendo que esse é um campo vasto dentro da TCC, fato é que seguindo o

formato da terapia individual a chamada Terapia Cognitivo de Grupo (TCCG), é

cada vez mais solicitada dentro de diversos contextos e instituições com as

diferentes demandas.

Diversas são as formas de terapia cognitivo comportamental em grupo

que se apresentam nos dias de hoje. Algumas enfatizam o problema específico

(grupos de fóbicos sociais, de agorafóbicos, de obesos, de dependentes

químicos etc.), outras enfocam a técnica específica (treinamento em habilidades

sociais) e outras se propõem a trabalhar com grupos heterogêneos, utilizando

técnicas variadas para problemas variados (Flowers e Schwartz, 1985).

O grupo oportuniza uma experiência de aprendizado social corretivo para

padrões interpessoais desajustados que se desenvolvem a partir de

experiências prévias. Conforme Yalom (2006), o grupo representa um

microorganismo social no qual os membros interagem entre si da maneira como

interagem com as outras pessoas no mundo exterior e/ou sociedade assim, o

grupo oferta uma oportunidade para o aprendizado social.

Diante das possibilidades e desafios da TCCG, fomos motivados a pensar

sua aplicabilidade e efetividade dentro do contexto institucional, sendo que,

mais precisamente o escolar. Se para a psicanálise a educação era vista como

uma missão impossível de ocorrer, será que dentro da TCC esse dialogo poderá

ocorrer de forma benéfica, já que estamos em outro momento histórico cultural e

diante de outras gerações, que possuem as mais diferentes demandas, e

precisamos pensar formas mais afetiva de haver uma conversa entre saúde

mental e educação.

Com isso, o presente trabalho tem como objetivo levantar os principais

estudos Brasileiros realizados dentro da terapia cognitiva comportamental em

grupo (TCCG). Temos como intenção apontar tais pesquisas dentro da área e

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trazer à luz da sociedade as possibilidades de trabalho em (TCCG), tendo como

norte a terapia cognitiva comportamental de grupo como possibilidade de

trabalho em escolas, ainda que, se trate de um assunto pouco difundido e de

escasso conhecimento como trabalho terapêutico em grupos dentro da

abordagem cognitivo comportamental, tornando-se, assim, um assunto a ser

explorado. É também objetivo secundário desse trabalho o desenvolvimento de um

protocolo de TCCG aplicado aos alunos que apresentem a demanda de

indisciplina.

Seu início se deu como psicoterapia breve, na qual as sessões tinham o

formato estruturado e orientado ao presente, a Terapia Cognitivo-

Comportamental (TCC) foi desenvolvida por Aaron T. Beck no início de 1960, na

Universidade da Pensilvânia, para tratamento da depressão.

O fundamento essencial da TCC baseia-se no reconhecimento da

interdependência entre cognição, emoção e comportamento. A TCC trabalha

essencialmente a relação existente entre pensamentos, comportamentos e

emoções, considerando que a cognição atua como mediadora da relação do

sujeito com o mundo exterior, sendo fator determinante na expressão de

comportamentos e emoções (BECK, 2009).

Desde o seu surgimento, a TCC tem sido desenvolvida e aplicada em

muitos transtornos psiquiátricos, para as mais diversas populações, demandas e

contextos, tendo como fundamento a modificação de pensamentos e crenças

disfuncionais para a resolução de problemas (BECK, 1997 apud BECK,1964).

As muitas adaptações feitas mudaram o foco, a tecnologia e a duração do

tratamento, porém os pressupostos teóricos são os mesmos.

De forma sintetizada, pode-se pensar que o modelo cognitivo propõe que

o pensamento distorcido ou disfuncional, que influencia o humor e o

comportamento do paciente, seja comum a todos os distúrbios psicológicos. O

exame realista e a modificação nos pensamentos produzem uma significativa

melhora no humor e comportamento. A melhora douradora é resultado da

modificação das crenças disfuncionais básicas do paciente (BECK,1997).

Costumeiramente, a TCC é delineada e praticada no formato individual.

No entanto, Beck, Rush, Shaw e Emery (1979), no texto original sobre o

tratamento da depressão, já haviam descrito a sua utilização no formato grupal.

Os motivos que levaram a esta adaptação são válidos até hoje: tratar mais

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pacientes no mesmo intervalo de tempo em que se trataria apenas uma pessoa

e poupar recursos financeiros do sistema de saúde. Entretanto, a eficácia da

terapia cognitivo-comportamental em grupo tem evidenciado ir muito além da

relação custo-benefício, gerando possibilidades que em alguns casos se

limitariam na clínica clássica.

Para Bieling e colaboradores (2008), ainda que, a abordagem grupal

esteja cada vez mais difundida e efetivada, há uma deficiência na literatura

referente às suas especificidades e às possibilidades que proporciona e

oferece. A adaptação à terapia grupal de protocolos individuais existentes,

muitas vezes não leva em consideração a natureza dinâmica e interativa em

contínua evolução ocorrida em um grupo. Além disso, poucas abordagens

grupais de TCC consideram significativamente as formas como os membros do

grupo interagem entre si, como os terapeutas (quando é mais de um) interagem

entre si, como essa relação afeta o grupo como um todo e cada membro.

Por outro lado, na TCCG os participantes do grupo podem reconhecer

mais prontamente os erros cognitivos cometidos por outros membros que

compõem o grupo, do que seus próprios, e um grupo tende a oferecer um

número muito maior de conexões entre pensamentos e sentimentos do que uma

terapia individual (HOLLOW & SHAW, 1979; HEIMBERG et al., 1993 apud

BIELING et al., 2008).

As pesquisas citadas apoiam a ideia de que há certos distúrbios

psicológicos para os quais a TCCG seria ainda mais eficaz do que a individual.

Com isso, TCCG seria teoricamente mais indicada e, na prática, tem se

mostrado realmente efetiva, pois os pensamentos e as crenças disfuncionais

acerca da autoimagem e da maneira como o indivíduo é percebido pelas

pessoas são testados pronta e profundamente no grupo de terapia (HEIMBERG,

SALZMAN, HOLT & BLENDELL, 1993 apud BIELING et al., 2008).

No que tange e distingue o tratamento individual do grupal em TCC,

Bieling e colaboradores (2008) chamam a atenção para a diferença entre o

chamado processo grupal, inerente a toda e qualquer abordagem terapêutica de

grupo, e as técnicas específicas de cada abordagem terapêutica.

Para a TCC, seja no formato individual ou grupal, a estrutura da sessão, o

foco na tarefa e as estratégias cognitivas e comportamentais são essenciais e

fazem parte das técnicas. E em TCCG, além das técnicas, existe o processo

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grupal, compreendido como os fatores presentes nas interações interpessoais

entre os membros do grupo e entre os membros e terapeuta(s).

Os profissionais que se empenham à aplicação e ao desenvolvimento da

TCC em Grupo trabalham para a integração das técnicas de TCC e do processo

grupal para a construção e viabilização de um Modelo Cognitivo para a Terapia

em Grupo (BIELING et al, 2008; WHITE & FREEMAN, 2003). Para isso, é

inevitável a busca de referências na literatura da psicoterapia em grupo, que

nas palavras de Bieling e colaboradores (2008) “possui longa tradição própria

que precede a TCC”.

1.1 POSTURA TERÊUTICA NA TERAPIA COM GRUPOS

O trabalho com grupos, de acordo com Bechelli (2005), envolve uma

atuação do psicólogo que tem como característica a manutenção do foco na fala

do grupo, apoiar ou incentivar os participantes que se sentem envergonhados,

mediar conflitos e assegurar o cumprimento das regras pré-estabelecidas ao

grupo, faz parte ainda, da atuação do psicólogo que trabalha com grupos,

promover sentimentos positivos que venham a auxiliar em seus processos

interpsíquicos e interpessoais através de seus comportamentos e reações,

facilitando a tomada de decisão e certo controle sobre os medos, ansiedades e

distorções cognitivas que porventura possam surgir na dinâmica grupal. Desse

modo, o psicólogo enquanto facilitador do grupo deve ater-se a uma postura

criativa, coerente com o grupo, flexível, espontânea, de modo a facilitar a

interação de seus membros. Tal postura adquire-se através de um profundo

contato com o aporte teórico de terapias de grupo, e também através das

vivências grupais, as quais são ricas fontes de experiência e aprendizado.

Yalom (2006) identificou 11 experiências humanas que se relacionam de

forma complexa no processo da mudança terapêutica na terapia em grupo, e as

chamou de “fatores terapêuticos”. Esses fatores são: 1) instilação de esperança,

2) universalidade, 3) compartilhamento de informações, 4) altruísmo, 5)

recapitulação corretiva do grupo familiar, 6) desenvolvimento de técnicas de

socialização, 7) comportamento imitativo, 8) aprendizagem interpessoal (que se

diferencia em “de saída” e “de entrada”), 9) coesão grupal, 10) catarse e 11)

fatores existenciais.

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É possível observar que a literatura tem orientado de forma consistente,

queo ideal do processo em TCCG, possa ter um terapeuta e um co-terapeuta

(WHITE em FREEMAN, 2003). Essa indicação se justifica pelo papel específico

que cada um dos terapeutas ocupa na intervenção em grupo.

Para Bieling e colaboradores (2011), o terapeuta principal tem uma maior

responsabilidade na condução da discussão do grupo, é sobre ele que vão recair

as tomadas de decisões centrais durante a sessão e a apresentação do material

de trabalho, ele está em maior evidência no grupo. Já o coterapeuta tem uma

menor responsabilidade imediata na sessão, seu papel é atual como um segundo

conjunto de “olhos e ouvidos clínicos”, é de sua responsabilidade o registro

minucioso das sessões, mas sua função principal é de observador das ralações

e interações grupais e dos fatores processuais que ocorrem durante a sessão.

Os terapeutas precisam incorporar princípios da TCC, tais como

empirismo colaborativo, descoberta guiada e debate socrático, ao mesmo tempo,

precisam estar sensíveis aos fatores processuais, às relações entre os membros,

ao encorajamento dos participantes, à abertura para ouvir e ao feedback. Os

terapeutas precisam manter-se sensíveis ao estágio de desenvolvimento do

grupo, respeitando a evolução das dinâmicas grupais e permitindo que o grupo

tenha autonomia para alcançar as metas. O terapeuta principal é responsável por

manter o grupo focado para meta, no entanto, deve adotar um estilo cordial e

empático, além de diretivo (BECK, 1993).

Na tabela abaixo elabora por Corey (2000), é possível verificar a função do

terapeuta que se propõe a trabalhar com TCCG, função essa que vai depender

do estágio e do desenvolvimento do processo grupal.

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Tabela 01: Estágios do Desenvolvimento Grupal e Tarefas do Terapeuta

Em atendimento em grupo, é necessário que o terapeuta tenha um projeto

eficaz de ação focada no problema e questão, uma vez que a presença de várias

pessoas na sessão pode contribuir para que o foco se perca em meio à

discussão de pouca validade ou superficiais. As sessões organizadas dentro de

um programa estruturado permitem a replicação do mesmo em outros contextos

e com isso em outras demandas, o que contribui para a testagem e eficiência do

programa. Assim, podemos observar que os programas de intervenção em grupo

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já testados podem ser utilizados de forma eficiente por profissionais nas

diferentes práticas em saúde, beneficiando os usuários que fazem uso do

programa (NEUFELD, C.B., 2014).

1.2. A RELAÇÃO INDISCIPLINA E ESCOLA

O conceito do termo indisciplina apresenta uma grande complexidade que

precisa ser considerada previamente antes de qualquer discussão no referido

assunto. Um entendimento suficientemente amplo do conceito de indisciplina escolar

precisa integrar vários aspectos. É preciso, por exemplo, superar a noção arcaica de

indisciplina como algo restrito à dimensão comportamental. Ainda, é necessário

pensá-la em conformidade com o momento histórico da nossa sociedade.

Se retirarmos o conceito do Dicionário Aurélio teremos as seguintes

definições para indisciplina: “procedimento, ato ou dito contrário à indisciplina,

desobediência, desordem, rebelião”.

Diante da complexidade na definição conceitual da indisciplina, iremos pensar

a noção de indisciplina considerada a expressão do comportamento na escola.

Assim temos o contexto escolar, nas condutas dos alunos e nas diferentes

atividades pedagógicas, seja dentro ou fora da sala de aula. Em complemento, deve-

se considerar a indisciplina sob a dimensão dos processos de socialização e

relacionamentos que os alunos exercem na escola, na relação com seus pares e

com os profissionais da educação, como, professores e funcionários e também não

menos importante em suas atividades pedagógicas, patrimônio, ambiente, etc.

Finalmente, é preciso pensar a indisciplina no contexto do desenvolvimento cognitivo

dos estudantes. Sob essa perspectiva, podemos definir a indisciplina como a

incongruência entre os critérios e expectativas assumidos pela escola (que

supostamente refletem o pensamento do sujeito e da comunidade escolar) em

termos de comportamento, pensamento, atitudes, socialização, relacionamentos e

desenvolvimento cognitivo, e aquilo que demonstram os estudantes (GARCIA,

1999).

Em julho o governo federal divulgou um comercial no qual dizia que o

professor Brasileiro gasta em média 20% do seu tempo, com a indisciplina do aluno

em sala de aula, o conteúdo fazia também um paralelo com disciplina que os atletas

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necessitam para serem considerados de alta performance e uma divulgação dos

jogos olímpicos.

A indisciplina dentro da escola ou a chamada indisciplina escolar não é um

fenômeno que é estático, ou seja, que tem mantido as mesmas características ao

longo das últimas décadas. Ao contrário, está se modificando nas escolas. Sob

diversos aspectos, a indisciplina escolar, hoje, se diferencia daquela observada em

décadas anteriores. Isso fica mais claro quando conversamos com pessoas de

gerações anteriores que dependendo da idade, considera até abusivo o fato de

chamar o professor pelo nome e/ou se levantar na sala sem permissão do docente.

As expressões e o caráter da indisciplina, por exemplo, apresentam mudanças no

decorrer no espaço temporal (AQUINO, 1996). Não se trata apenas de uma

ampliação quanto à intensidade de manifestação, a indisciplina escolar apresenta,

atualmente, expressões diferentes, é mais complexa e “criativa”, e parece aos

professores mais difícil de equacionar e resolver de um modo efetivo e permanente.

Não basta pensar a indisciplina como se constituísse um fenômeno

atemporal; devemos responder adequadamente à pergunta: o que pode ser

considerado indisciplina hoje? E isso inclui compreender melhor suas causas. A

indisciplina escolar não apresenta uma causa única, ou mesmo principal. Eventos de

indisciplina, mesmo envolvendo um sujeito único, costumam ter origem em um

conjunto de causas diversas, e muito comumente reflete uma combinação complexa

de causas. Esta complexidade é parte do perfil da indisciplina e deve ser

considerada, se desejamos compreendê-la e estabelecer soluções efetivas.

De acordo com Rêgo (apud, AQUINO, 1996) costuma-se compreender a

indisciplina, manifesta por indivíduo ou um grupo, com o um comportamento

inadequado, um sinal de rebeldia, intransigência, desacato, traduzida na falta de

educação ou de respeito pelas autoridades. Como uma espécie de incapacidade dos

alunos (ou de um grupo) em se ajustar às normas e padrões de comportamento

esperados pela sociedade e/ou cultura. A autora ainda afirma que a visão disciplinar

na perspectiva de submissão é muito comum nas escolas onde a mesma requer dos

alunos um comportamento de passividade, docilidade e silêncio. Nessa perspectiva,

a questão da indisciplina de um lado é vista com as práticas arbitrárias e, de outro,

estímulo de tirania, ou seja, o projeto pedagógico fica submetido à vontade da

criança. Para ela a vida em sociedade pressupõe a criação é o cumprimento de

regras e preceitos capazes de nortear as relações, possibilitar o diálogo, a

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cooperação e a troca entrem membros desse grupo. A escola, por sua vez, também

precisa regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência entre

os diferentes elementos que nela atuam. Nesse sentido, as normas deixam de ser

vistas como castradoras e passam a serem compreendidas como condição

necessária ao convívio social.

Para Tiba (2002), as crianças apresentam um contato social muito precoce.

Ainda sem completar a educação familiar, a criança já está na escola. O ambiente

social invade o familiar não só pela escola, mas também pela televisão, Internet; não

se obedece mais a ordem: primeiro o indivíduo, depois a família, e por último a

sociedade. Se ela prejudica ou não as novas gerações, ainda é cedo para avaliar e

tirar conclusões, mas fica em evidência que as crianças têm dificuldades de

estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente, quando os

próprios pais delegam à escola a educação dos seus filhos, fator esse que acaba

sendo conhecido como uma “terceirização” no ato de educar. A escola sozinha não é

responsável pela formação da personalidade, mas tem o papel de complementar a

da família, por mais que a escola propicie um clima familiar à criança ainda assim é

apenas uma escola. A escola oferece condições de educação muito diferentes na

família e seu objetivo é voltado para fins educação formal e não abarca condições

subjetivantes que poderia se ser ofertada pela família desses alunos. A criança

passa a pertencer a uma coletividade, que é sua turma, sua classe, sua escola. É

um crescimento em relação ao “eu” de casa, pois ali ela praticamente é o centro.

Rego (1996), ao considerar Vygostsk, afirma que no plano educativo, um

aluno indisciplinado não é entendido como aquele que questiona, pergunta, se

inquieta na sala, mas sim como aquele que não tem limites, que não respeita a

opinião e os sentidos alheios. A autora considera ainda que, outro aspecto capaz de

influenciar significativamente o processo educativo na instituição escolar são os

diferentes elementos da comunidade escolar (professores, técnicos, pais e alunos).

Diz que é comum ver a indisciplina na sala de aula com o reflexo da pobreza e da

violência presente de um modo geral na sociedade e fomentada, de modo particular,

nos meios de comunicação, especialmente na televisão. Relata também que muitos

atribuem a culpa pelo comportamento indisciplinado do aluno à educação recebida

na família, outros parecem compreender que a manifestação de maior ou menor

indisciplina no cotidiano escolar está relacionada aos traços da personalidade de

cada aluno. Estes traços, portanto, para este tipo de afirmação, não poderão ser

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modificados, pois já estão definidos desde o nascimento e fazem parte da natureza

de cada indivíduo. Consequentemente, a experiência escolar não tem nenhum poder

de influência e interferência no comportamento individual.

Nessa perspectiva, Aquino (1996) considera que a indisciplina atual pode

estar indicando o impacto do ingresso de um outro sujeito histórico, com outras

demandas e valores num contexto escolar arcaico e despreparado para esse aluno.

Nesse sentido, conforme ele, a gênese da indisciplina não residiria na figura do

aluno, mas na rejeição operada por esta escola incapaz de administrar as novas

formas de existência social, concretamente personificadas nas transformações do

perfil de sua clientela. Indisciplina seria então conforme o autor, sintoma de injunção

da escola idealizada e gerida por um determinado tipo de sujeito sendo ocupada por

outro. Nesse sentido, este autor considera que do ponto de vista sócio-histórico, a

indisciplina passaria, então, a ser força legítima da resistência e produção de novos

significados e funções, ainda insuspeitos à instituição escolar.

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20

2 O B J E T I V OS

Objetivo geral: investigar, por meio de revisão da literatura, as formas como

a terapia cognitivo-comportamental em grupo é aplicada, bem como, as principais

pesquisas dentro do ambiente, tendo como recorte temporal os últimos dez anos e

viabilizando os estudos nacionais.

Objetivo específico: averiguar através de pesquisas bibliográficas os

estudos de (TCCG) que são aplicadas dentro do ambiente escolar, tendo como

ator os próprios alunos das unidades escolares, analisando as principais

demandas atendidas em grupo, números de sujeitos, número de sessões e quais

os principais instrumentos utilizados.

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3 M E T O D O L O G I A

O presente estudo foi desenvolvido através da pesquisa bibliográfica a

revisão da literatura sobre as principais teorias e estudos que norteiam a temática

do trabalho em questão. Essa revisão é o que conhecemos por levantamento

bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, periódicos,

artigo de jornais, sites da Internet entre outras fontes.

Conforme esclarece Boccato (2006, p. 266),

a pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação.

Segundo Volpato (2010), a estratégia de busca é formada por um conjunto de

palavras ou expressões, ligadas por operadores booleanos ─ palavras que

informam ao sistema de busca como combinar os termos da pesquisa ─, que

permitem ampliar ou diminuir o escopo dos resultados. Também é possível utilizar

sinais que representem recursos disponíveis em diferentes bases de dados para

melhorar os resultados da busca ou facilitar a operação.

O estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica da literatura. Os

artigos foram identificados nas seguintes bases de dados: Scielo, Lilacs, Medline e

Pubmed e Periódicos da Capes. E a estratégia de busca utilizou-se as seguintes

palavras chaves: Terapia Cognitivo de Grupo, Terapia Cognitivo Comportamental de

Grupo, Terapia Cognitivo Comportamental Criança e Adolescente e Terapia

Cognitivo comportamental na escola.

Segundo Volpato (2010), a estratégia de busca é formada por um conjunto de

palavras ou expressões, ligadas por operadores booleanos ─ palavras que

informam ao sistema de busca como combinar os termos da pesquisa ─ que

permitem ampliar ou diminuir o escopo dos resultados. Também é possível utilizar

sinais que representem recursos disponíveis em diferentes bases de dados para

melhorar os resultados da busca ou facilitar a operação.

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Os critérios de inclusão dos artigos foram idioma português, estudos piloto e

estudos de caso especificamente sobre aplicabilidade da TCCG no contexto

escolar, tendo como norte pesquisas dentro do território Brasileiro e no período de

publicação entre 2005 e 2015.

Os critérios de exclusão foram: estudos abrangendo outros transtornos,

aplicado de forma individual ou em outro país, de abordagem medicamentosa, ou

ainda que não tivesse relação com a TCCG. ‘

Dos 188 trabalhos listados na base de dados foi selecionado, apenas 1

estudo que contemplava parcialmente os requisitos para inclusão nos estudos, a

única pesquisa selecionada tratava da terapia de grupo com a família e crianças

com defasagem acadêmica. O que nos levou a pensar em outra possibilidade diante

da pesquisa já que tornaria vago a analise de um único artigo e suas categorias.

Diante das poucas publicações nacionais em TCCG dentro da escola, fomos

motivados a produzir um protocolo de trabalho de grupos no qual pudesse

relacionar os problemas de indisciplina dos alunos e como modo de atender essa

demanda utilizando a TCCG.

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4 R E S U L T AD O S E D I S C U S S ÃO

Dos cento e oitenta e oito (188) estudos localizados em um primeiro

momento, foi possível coletar dados apenas de um (01), estudo que contemplava

os dados para inclusão.

A possibilidade de aplicação do serviço de saúde mental em escolas pode

ser considerado uma área promissora, esses programas acabam por ficar livres

de barreiras que, acabam tendo em outros contextos de cuidados com a saúde,

como o alto custos dos serviços, lista de espera e necessidade de transporte

(HERZIG- ANDERSON, K. ET AL., 2012).

Estudos feitos por West et al. (2014), demonstram que as técnicas em

módulos fundamentadas na TCC para crianças e adolescentes com dificuldades

de internalização e externalização demonstram resultados promissores. Os

programas modulares nas escolas incluem sessões mais breves, devido aos

horários de aulas, o manejo do tratamento próximo às férias escolares e a

coordenação dos funcionários da unidade escolar.

Para Neufeld e colaboradores (2015), os clínicos e terapeutas que

pretendem conduzir grupos de TCC em escolas precisam considerar o tempo de

duração da sessão, e ainda, quando o grupo é agendado, as sessões de duração

mais curta serão mas bem aceitas pelo pessoal da escola do que as sessões

mais longas. É preciso que o profissional colabore com o pessoal da escola no

agendamento das atividades, sendo que, o grupo deve ser agendado em algum

dia que não interfira nas atividades e conteúdo de sala de aula, é preciso

respeitar o plano pedagógico da escola e do professor.

É possível observar que a literatura referente a TCCG e unidades

escolares, são escassas, os estudos acima mostram um pouco do que foi

encontrado em nossa revisão da literatura na língua portuguesa, sendo que, a

maioria dos estudos estão centrados fora do país.

Diante da escassez e com isso, impossibilidade de analisar os estudos

nacionais a respeito da TCCG no ambiente escolar e diante da possibilidade de

trabalho nesse campo, foi proposta a criação de um protocolo de terapia cognitivo

comportamental em intervenções em grupo aplicado a queixa de indisciplina

escolar.

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Abaixo protocolo elaborado pelo autor, que pode ser utilizado como um

programa de terapia cognitivo comportamental em intervenções grupal diante da

demanda de indisciplina dos alunos. Recomenda-se um terapeuta para a condução

do grupo e outro co-terapeuta que contribuirá com observação dos integrantes do

grupo e retomada de pontos que possam passar despercebidos em algum momento

da realização do grupo, orienta-se que o grupo possa ter de 10 a 15 alunos, com

faixa etária variável de 2 anos, duração do grupo de 1,5 (uma hora e meia), com

frequência semanal.

Para Neufeld e colaboradores (2015), os clínicos e terapeutas que

pretendem conduzir grupos de TCC em escolas precisam considerar. O tempo de

duração da sessão, e ainda, quando o grupo é agendado, as sessões de duração

mais curta serão mas bem aceitas pelo pessoal da escola do que as sessões

mais longas. É preciso que o profissional colabore com o pessoal da escola no

agendamento das atividades, sendo que, o grupo deve ser agendado em algum

dia que não interfira nas atividades e conteúdo de sala de aula, é preciso

respeitar o plano pedagógico da escola e do professor.

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Protocolo Piloto do Programa: Terapia Cognitiva Comportamental em Intervenções de Grupo na Escola em com alunos com queixa de indisciplina

Sequência dos

atendimentos Objetivo das Sessões.

.................................................................................

1ª Atendimento

exclusiva para os

pais ou

responsável

● Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido;

● Contrato terapêutico (regras e faltas);

● Entrega do material educativo sobre indisciplina. Leão; Moura;

Santos (2011). ( Anexo );

● Psicoeducacação sobre indisciplina;

● Conscientização sobre a importância da contribuição dos pais na

terapia;

● Estabelecimento de expectativas realistas sobre o tratamento e

os prognósticos.

2ª atendimento

com os alunos

● Formação de parceria, vínculo e familiarização com a estrutura

das sessões;

● Construção das regras da sessão;

● Discussão e orientação sobre o conceito de indisciplina;

● Elaboração e adequação da lista de dificuldades, individual e

coletivamente;

● Dinâmica de apresentação: telefone sem fio ( Anexo ).

3ª atendimento

com os alunos

● Psicoeducação sobre indisciplina;

● Modelo cognitivo e registro das emoções.

Greenberg (2002b) (Anexo);

● O que o participante (aluno) entende por indisciplina;

● Autoavaliação e avaliação do terapeuta;

● Tarefa de casa: Monitoração do Humor.

4ª atendimento

com os alunos

● Treinamento e uso de técnicas para aprimorar a capacidade e

planejamento e autoinstrução (tempo e organização);

● Técnica de respiração diagragmática quando considerar que

estiver perdendo o controle;

● Psicoeducação indisciplina e aprendizagem no contexto escolar;

● Tarefa de casa: rever a lista de indisciplina e enumerar as mais

fáceis para as mais difíceis.

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5ª atendimento

com os alunos

● Treinamento e uso de técnica de resolução de problemas para

comportamento alvo, Neufeld et al.,(2014);

● Técnica de habilidades sociais, ouvir e ser ouvido, Del Prette e

Del Prette (2005);

● Avaliar os resultados das modificações de comportamento;

● Tarefa de casa: Completar as duas primeiras colunas do registro

de pensamento disfuncionais (RPD) Greenberger e Padesky (2008).

6ª atendimento

com os alunos

● Treino de registro de pensamento: descrição de situações e

identificação das emoções;

● Conexão entre a situação, emoção e pensamento;

● Treino de habilidades sociais: melhorando a convivência,

Del Prette e Del Prette (2005); ;

● Tarefa de casa: Completar as três primeira partes do RPD e

identificar os pensamentos.

7ª atendimento

com os alunos

● Role Playing- dramatização de uma situação problema de

indisciplina, Ladousse (2011);;

● Conexão entre pensamento e sentimento diante da dramatização

e comportamento adequado;

● Revisar o registro dos pensamentos, situação, emoção e

pensamento;

● Técnica de busca da evidência, Leahy (2008);

● Tarefa de casa: Completar as quatro colunas do RPD,

identificação de pensamentos e levantamento de evidências a favor

e contra.

8ª atendimento

com os alunos

● Distorções de pensamentos;

● Exemplos de distorções de pensamentos nos comportamentos

de indisciplina;

● Tarefa de Casa: Completar as cinco colunas do RPD, e identificar

as distorções cognitivas.

9ª atendimento

com os alunos

● Pensamentos alternativos para os erros (distorções) de

pensamentos;

● Role Playing- dramatização da alternativa da situação problema

de indisciplina;

● Tarefa de casa: completar as cinco colunas do RPD, identificar

as distorções cognitivas e elencar evidências contra e à favor do

pensamento disfuncional e buscar pensamentos alternativos.

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10ª atendimento

com os alunos

● Revisar registros de pensamentos que identifiquem problemas

que precisam ser resolvidos;

● Resolução de problemas de indisciplina:

● A disciplina como mola propulsora para alta performance e

alcance dos objetivos;

● Tarefa de Casa: Exercício de resolução de problema de

indisciplina.

11ª atendimento

com os alunos

● Técnica da seta descendente, Leahy (2008);

● Técnica de desafiar o pensamento;

● Habilidades Sociais em sala de aula

Del Prette e Del Prette (2005);

● Tarefa de casa: Completar o exercício da seta descendente.

12ª atendimento

com os alunos

● Revisar a lista de comportamentos de indisciplina, individual e

coletivamente;

● Role Playing de comportamentos funcionais e disfuncionais em

grupo e a criação do modelo desfecho;

● Avaliação do grupo;

● Prevenção e recaída do comportamento de indisciplina;

● Confraternização com o grupo.

Fonte: O autor, 2016

A possibilidade de aplicação do serviço de saúde mental em escolas pode

ser considerada uma área promissora, esses programas acabam por ficar livres

de barreiras que, acabam tendo em outros contextos de cuidados com a saúde,

como o alto custos dos serviços, lista de espera e necessidade de transporte

(HERZIG- ANDERSON, K. ET AL., 2012).

Estudos feitos por West et al. (2014), demonstram que as técnicas em

módulos fundamentadas na TCC para crianças e adolescentes com dificuldades

de internalização e externalização demonstram resultados promissores. Os

programas modulares nas escolas incluem sessões mais breves, devido aos

horários de aulas, o manejo do tratamento próximo às férias escolares e a

coordenação dos funcionários da unidade escolar.

O objetivo do protocolo piloto é possibilitar um direcionamento do trabalho

com grupos nas escolas diante da queixa de indisciplina, não pretendemos

transformar a instituição escolar em um espaço de saúde mental, mas

oportunizar que os alunos com comportamento indisciplinar possam ser

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auxiliados, essa intervenção grupal dentro da escola pode contribuir com o

processo ensino-aprendizagem, um menor desgaste mental do professor, já que

a indisciplina se torna um dos maiores desafios para os docentes e por fim, uma

menor evasão escolar. Pretende-se que o protocolo seja eficaz em alterar as

cognições disfuncionais, o estilo destrutivo de comunicação, a maneira

inadequada de resolver problemas, além das dificuldades específicas dos

parceiros em conflito (BECK, 1995; DATTILIo, 2004).

No protocolo piloto proposto, as técnicas são condizentes com os

diferentes momentos do aluno, ou seja, compatíveis com a fase moral em que os

alunos estão vivenciando. Desse modo, o protocolo de atendimento pode ser,

didaticamente, dividido em três grandes blocos, sendo cada um deles equivalente

a quatro sessões terapêuticas, ou um mês de acompanhamento, ressaltamos que

o primeiro atendimento é realizado com os pais, e os demais atendimentos

exclusivamente com os alunos.

Os itens do protocolo seguem as prescrições da literatura cognitivo-

comportamental especializada na de Terapia Cognitivo Comportamental em

Grupos e da terapia cognitiva em geral. Encontram-se no anexo da monografia

parte material didático que é fornecido pelo terapeuta aos alunos e pais.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos pensar que as palavras considerações finais não são os termos

mais indicado para descrever a parte final dessa monografia. Na verdade, essa

pesquisa é apenas o ponto inicial de uma investigação maior que objetiva

futuramente a validação do presente protocolo e contribuir com as pesquisas da

TCCG em outros espaços.

Considerando o ambiente escolar e com toda a chamada crise da

educação que se alastra por longos anos, temos um ambiente de grandes

lacunas e desprovidos de profissionais da área da saúde, assim repensar

modelos efetivos que possam ser atendidos em grupo e que ao mesmo tempo

atenda as reais necessidades da escola passa a ser um desafio em nossa

atualidade. A proposta de trazer para o ambiente escolar um protocolo de

intervenção de grupos que tenha como foco a indisciplina é algo emergente e de

suma importância.

Grande parte dos docentes se queixam da indisciplina dos alunos, tanto

para com eles como com os próprios colegas, efeito esse que dificulta o

aprendizagem e gera consequências como a evasão escolar, em outros casos

mais sérios como bullyng e a partir daí uma situações de ocorrência mais grave

como suicídios ou homicídios.

Temos na escola um local privilegiado e propicio para o desenvolvimento

da saúde mental e melhora das habilidades sociais, assim, o foco das

intervenções grupais estaria voltado para promoção e prevenção ao longo do

desenvolvimento dos alunos, mas ressaltamos que esse espaço não pode

assumir a responsabilidade do tratamento psicológico ou psicoterápico, uma vez

que sua função primordial é a aprendizagem, esse foco não pode ser deixado de

lado ou corre-se o risco de adotarmos uma postura de especialista médica.

Vale ressaltar que apesar do grande avanço no número de pesquisas em

terapia cognitivo comportamental e em terapia cognitivo comportamental em

grupo na América do Norte, parece existir uma grande lacuna desse tipo de

pesquisa aqui em nosso país, visto que o objetivo inicial era buscar estudos

nacionais, e o que acabou não acontecendo devido a escassez de pesquisas

Durante a etapa de construção dessa monografia, não foi encontrado nenhum

artigo científico publicado – na abordagem cognitiva – em periódico nacional ou

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internacional que validasse um protocolo de tratamento cognitivo-comportamental

com crianças/adolescentes em período escolar e com queixa de indisciplina para

a realidade brasileira. O que há em de pesquisas e publicação são alguns

capítulos de livro de autores brasileiros que procuram nortear a prática clínica da

TCCG, vale citar o Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-

Comportamental, coordenado pela Drª Carmem Beatriz Neufeld que é também

orientadora do programa de Pós Graduação em Psicologia da Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Conclui-se ser de extrema importância que um protocolo de intervenção

grupal com alunos de queixa escolar no ambiente escolar dentro dessa

abordagem seja objeto de uma investigação científica com a população brasileira.

Por fim, acreditamos ser possível validar o presente protocolo e possibilitar no

contexto educativo uma prática real de trabalhar em grupos dentro da abordagem

cognitivo comportamental.

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APÊNDICE

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Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Paulo Roberto Ribeiro Marinho, afirmo que o presente trabalho e suas

devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “Terapia Cognitivo Comportamental em Intervenções de Grupo na escola:

Um fazer possível diante da indisciplina”, isentando, mediante o presente termo, o

Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu

orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de 2016.

________________________________

Assinatura do (a) Aluno (a)

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ANEXOS

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FAMÍLIA & ESCOLA: QUESTÃO DA FALTA DE LIMITES NA EDUCAÇÃO FAMILIAR GERA INDISCIPLINA ESCOLAR

Ana Paula Moura

Kátia Maria de Oliveira Santos

Nailma de Lima Leão O tema indisciplina e a falta de limites são assuntos recorrentes na

atualidade sendo uma temática bastante discutida entre pais responsáveis e

educadores. Tal problemática ultrapassa o âmbito familiar e escolar, sendo

explorados de forma sensacionalista pela mídia; os questionamentos são vários:

será a falta de limites, indisciplina, hiperatividade ou apenas uma fase?.

Seja qual for o foco em questão ele nos remetem a refletir sobre o papel da

família e da escola na formação da personalidade das crianças. Construir e resgatar

princípios são desafios para pais, responsáveis, e a escola. Na busca de soluções,

pais recorrem à escola que por sua vez, repassa à responsabilidade a família. Afinal

de quem é o compromisso de impor limites a criança?.

Sobre esse aspecto (TAILLE, 2003) relata que para vivermos em grupo as

restrições, limites, fronteiras, as normas são fundamentais para a boa convivência, o

bem-estar social e o progresso da humanidade. Na sociedade existem limites

normativos, que todo individuo deve seguir, são os que nos levam à dimensão do

proibido. Já os físicos estão relacionados à dimensão do impossível, pois eles nos

permitem ouvir música alta de madrugada, porém a lei dos homens proíbe. Neste

caso a liberdade fica limitada em nome dos valores, pois as leis físicas permitem

fazer; mas os normativos não. O que torna mais difíceis de serem cumpridos, porque

são colocadas pela sociedade em prol de uma boa convivência. (TAILLE, 1996).

Tanto os limites normativos quantos os limites físicos estão inseridos nos

limites restritivos, que colocam a dimensão do que não é possível de ser realizado.

São os NÃO, tão conhecidos que devem ser respeitados e não devem ser

desobedecidos, quando estes são fundamentais se ditos para educar e direcionar o

indivíduo a fazer algo pensando no bem-estar do próprio e dos membros que fazem

parte da sociedade que está inserido. Em outras palavras, se nos deparamos com

uma criança em situação de perigo frente a uma tomada, ou querendo pular de uma

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altura que oferece risco nosso impulso imediato será de impedi-lo: “Não faça”, “Não

pode”.

Faz parte da educação de uma criança, do processo civilizador do ser uma

vez que ele convive com outras pessoas, dentro de um grupo social, a aplicação de

limites. Atualmente vemos a ausência de limites nas crianças e adolescentes. É clara

a falta de respeito ao próximo, no conviver em sociedade, e transgressão a todo tipo

de regras, inclusive as mais simples. Desde ceder um lugar para um idoso, respeitar

a ordem de chegada em uma fila entre outras. (TAILLE, 2003).

De acordo com o dicionário Aurélio vejamos alguns conceitos de limites: linha

de demarcação; raia; linha real ou imaginária que separa dois terrenos, divisa,

fronteira, momento, data, ponto que não se deve ou não se pode ultrapassar. Já na

área de educação, o conceito de limites está interligado às situações sociais,

políticas e econômicas do país, podendo sofrer alterações já que esses fatores

sociais se encontram em constantes mudanças. Taille (1996, p.7) entende que:

“Limite” é uma palavra que tem voltado à tona ultimamente. É empregada com frequência de forma queixosa: “Essas crianças não tem limites!”, ou então, com um quê de autoritarismo “É preciso impor limites!” ou ainda como critica a família do vizinho ou dos alunos; “Esses pais não colocam limites!”. A obediência, o respeito, a disciplina, a retidão moral, a cidadania, enfim, tudo parece estar associado a essa metáfora.

Toda criança precisa desde cedo de pais coerentes e conscientes no que diz

respeito a educar. A criança deve aprender logo cedo a ouvir o não e receber limites.

Mas para isso é necessário que os pais estejam de acordo, que um não desautorize

o limite cobrado pelo outro. Para Asha Phillips (1999) “pais que se recusam a dizer

não nos momentos apropriados estão roubando de seus filhos à capacidade de

exercitar suas emoções”. Por mais difícil que seja quem ama educa frase que é titulo

de um dos livros de Tiba, o autor defende que essa geração é de “príncipes” e

“princesas”, “com muito mais direitos do que deveres, mais liberdade que

responsabilidade, mais receber que dar ou retribuir. Tais comportamentos refletem

nos meios sociais, acostumados a serem tratados desta forma em suas casas; as

crianças e adolescentes, também querem se tornar “príncipes sociais” extrapolando

assim, o âmbito familiar, tornando os demais meios sociais tumultuados, agitados e

desorganizados com sua indisciplina. Nós educadores não podemos nos omitir com

a perda de limites, a bagunça se estabelece na sala de aula e desse modo o

desequilíbrio se instala, deixando o professor desconcertado. As regras devem ser

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sempre claras e justas, respeitando as características próprias de cada um, estando

explícitas naturalmente, sendo reconhecidas tanto por quem têm a função de

estabelecer como pelos que devem cumpri-las. Porém os pais também devem

concordar e aceitar as regras exigidas pela escola: A educação ativa formal é dada

pela escola. Porém, a educação global é feita a oito mãos: pela escola, pais e pelo

próprio adolescente. Se a escola exige o cumprimento de regras, mas o aluno

indisciplinado tem o apoio dos pais, acaba funcionando como um casal que não

chega a um acordo quanto à educação da criança. O filho vai tirar o lucro da

discordância pais/escola da mesma forma que se aproveita das divergências entre o

pai e a mãe. (TIBA, 1996, p. 140)

O limite e a organização da rotina são essenciais na formação da criança.

Segundo Lobo (1997, p. 524) “os limites são de importância fundamental na

educação, porque eles influem diretamente no desenvolvimento da personalidade,

estabelecendo o comportamento das crianças e facilitando sua socialização”.

Cabe aos pais darem inicio ao processo de socialização ensinado a

criança a falar, a andar, a respeitar o outro entre outras coisas, mas, nada disso terá

sentido se a socialização não se der de forma coletiva mesmo no âmbito familiar,

pois a criança precisa aprender a respeitar seus familiares, utilizar a fala na relação

com o outro e moldar seu comportamento diante das expectativas e também devem

ser respeitada. Comumente presenciamos cenas em que a criança bate, chuta, grita

e empurrar os pais, entre outras atitudes para conseguir ou contestar algo, porém

tais procedimentos não devem ser permitidos, pois sabemos que as experiências

vividas com seus familiares servirão de modelo quando a mesma for conviver em

outros ambientes sociais. Entretanto também há no núcleo familiar desrespeitos a

individualidade e direitos da criança, por isso a socialização deve ser coletiva

gerando um ambiente harmonioso e civilizador em que haja respeito recíproco.

Retornando as situações que foram observadas e citadas no inicio do trabalho

sobre a fala de pais em relação aos comportamentos inadequados de seus filhos

como: “Eu não sei mais o que fazer”, críticas a postura do educador: “Tenha mais

pulso, pode colocar de castigo” e ameaças físicas ou verbais percebem-se em tais

procedimentos demonstrações de autoritarismo como forma de estabelecer sua

autoridade.

Tiba (1996, p 13) explica:

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Autoridade é algo natural que deve existir sem descargas de adrenalina, seja para se impor ou se submeter, pois é reconhecida espontaneamente por ambas as partes. Assim, o relacionamento se desenvolve sem atropelos. O autoritarismo, ao contrário, é uma imposição que não respeita as características alheias, provocando submissão e mal-estar, tanto na adrenalina do que impõe, quanto na depressão do que se submete

Em nosso cotidiano presenciamos atitudes e até agimos de forma autoritária

para conseguirmos que as crianças se comportem e sejam disciplinadas, chegando

ao ponto de nos exceder, usando palavras e gestos grosseiros, até violentos; uma

maneira equivocada de exercer a nossa autoridade, como Tiba (1996) afirma, o

autoritarismo é o contrário da autoridade, pois, ela deve dar-se de forma espontânea

como um entendimento de ambas as partes, demonstrando respeito daquele que

impõem e do que é submetido. Assim as relações interpessoais devem ter como

base, além do respeito, à confiança e o amor, considerando as diferenças e as

características pessoais de cada um, valorizando a auto-estima do outro. Ele

continua (1996, p. 13): “filhos precisam de pais para serem educados; alunos, de

professores para serem ensinados. Estes até podem ser amigos, porém não mais

amigos do que pais; não mais amigos do que professores”.

Partindo dos pressupostos já abordados, analisaremos os conceitos de

disciplina e indisciplina. Vejamos as definições do Dicionário Aurélio sobre Disciplina:

Regime de ordem imposta ou livremente consentida; Ordem que convém ao

funcionamento regular duma organização (militar, escolar, etc.); Relações de

subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; Observância de preceitos ou

normas; Submissão a um regulamento. Já indisciplina é um procedimento, ato ou

dito contrário à disciplina; desobediência; desordem; rebelião.

A disciplina é fundamental à educação e deve dar-se de forma tranqüila e

saudável, pois quem educar não pode se negar a corrigir comportamentos

inadequados, devendo apontar os limites essenciais para levar as crianças e os

jovens a se desenvolverem bem, conduzindo-os assim a situa-se no mundo de forma

equilibrada. Içami Tiba (1996, p. 145) define disciplina como: “o conjunto de regras

éticas para se atingir um objetivo. A ética é entendida, aqui, como o critério

qualitativo do comportamento humano envolvendo e preservando o respeito ao bem

estar biopsicossocial”. O autor aponta como causas da indisciplina na escola as

características pessoais do aluno (distúrbios psiquiátricos, neurológicos, deficiência

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mental, distúrbios de personalidade, neuróticos), características relacionais

(distúrbios entre os próprios colegas, distorções de auto-estima) e os desmandos de

professores. Para o autor (1996, p. 99), “a disciplina escolar é um conjunto de regras

que devem ser obedecidas para o êxito do aprendizado escolar”. Sendo assim é

vista como uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os

alunos em uma sala de aula, portanto, na escola.

Da parte do aluno, o autor coloca que este é a peça chave para a disciplina e

o sucesso de aprendizado, pois a maior dificuldade que ele encontra, está situada na

falta de motivação que o leve a estudar. O autor diz ainda que o sistema de primeiro

e segundo grau é um sistema aprovativo, onde o aluno somente deseja "passar de

ano", cabendo ao professor procurar maneiras para despertar sua curiosidade e a

vontade de aprender.

Agora partindo dos preceitos citados entorno das características pessoais dos

alunos e relacionais, voltaremos nossos olhares para o comportamento daqueles

alunos mencionados no inicio que se demonstram apáticos ou agitados, não

conseguindo se concentrar para realizar as atividades.

Paulo Freire (1985. p. 19), coloca que a disciplina implica em uma relação

entre o professor e o aluno, em que a autoridade esta situada na liberdade sadia de

ambos. Entretanto a disciplina é uma tensão permanente, pois a autoridade e a

liberdade que existem em seu interior são o que determinam o equilíbrio que a

mesma possui, portanto, o autor destaca que, a disciplina é uma "relação

radicalmente democrática na qual, porém, jamais o educador será igual ao

educando, uma vez que eles possuem diferenças".

Somente somos levados a concluir que a falta de limites e a disciplina são

atos complementares, isto é, estão amarradas a como se dar as características das

relações humanas entre pais e filhos, professor e aluno e escola e família. Assim

vimos então à vastidão de opiniões e fatores do qual o tema está envolvido.

A família desempenha um papel de suma importância na formação da

personalidade da criança, pois é nela que a criança assimila valores que

permanecem por toda a sua vida sendo a base para uma boa educação.

Conseqüentemente, os pais são os modelos básicos para as crianças e dão

segurança a elas, ou seja, as crianças sabem que podem contar com eles. Isso pode

diminuir o risco de serem crianças indisciplinadas nos ambientes sociais, ficando

claro para nós que em todos os grupos sociais haverá problemas de indisciplinas,

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contudo, esta questão pode ser amenizada caso sejam reavaliadas as formas de

como melhorar as relações afetivas e de autoridade entre as crianças. Pais,

professores e os demais grupos sociais, encarando apenas essas questões não só

como sendo de ordem comportamental, mas também um problema de estrutura

social que afeta as relações.

É através do melhoramento da estrutura familiar, da forma de educar os

filhos, além do contexto social, da qualificação do professor e dos funcionários da

escola, que se poderão encontrar estratégias para ajuda as crianças e adolescentes

a superarem suas reações de agressividade e defensivas frente às varias situações

do dia a dia.

Alguns educadores e escolas também terminam contribuindo quando passam

a ver o aluno como cliente, e deixam de agir de forma mais enérgica por medo de

desagradar pais e alunos, o que favorece que os mesmos tenham mais domínio em

sala do que seus educadores.

O especialista em psicologia do Desenvolvimento Moral Yves De La Taille, diz

que nenhum comportamento é obtido aleatoriamente: “As crianças e os jovens são

reflexo da sociedade em que vivem e não uma tribo de alienígenas misteriosamente

desembarcadas em nosso mundo, com costumes bárbaros adquiridos não se sabe

de onde”. Segundo ele nossa sociedade precisa de limites, regras e ordem para as

condutas de nossos jovens e crianças. Mas onde a nossa sociedade, pais e

professores se perderam nesse processo?

Tiba (1999, p. 12) nos esclarece que a nossa geração viveu as questões

ligadas à disciplina de forma oprimida e sofrida. A geração de nossos pais educou

numa autoridade vertical, de maneira patriarcal, onde os filhos eram obrigados a

cumprir tudo que eles ditavam sem direito a questionarem mesmo sem aceitar. Com

isso a nossa geração decidiu modificar tal maneira de impor limites aos filhos, que

contribuiu para desvalorização dos valores da primeira passando a ser tolerante aos

atos de indisciplina e não aceitação das regras de forma passiva frente aos

comportamentos inadequados de seus filhos, por exagero de ter medo de causar

traumas, caso se colocasse mais enérgicos em sua educação.

Algumas correntes difundidas pela psicologia também conduziram a nossa

geração a adotar tal postura, divulgando esclarecimentos sobre como a educação

muito repressiva pode frustrar as crianças e causar tais traumas. “Frases como: “Não

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reprima seu filho”, “sejam mais amigos de seus filhos” ou “Dê mais liberdade a seus

filhos”, desencadeando assim, a postura de um modelo horizontal de educar, em que

os pais e filhos têm os mesmos direitos.

Nessa perspectiva podemos afirmar que, as rápidas mudanças da sociedade

geraram desníveis comportamentais nessa geração e nas seguintes, com um custo

na educação que ainda não podemos definir. Ao confundir a autoridade com

autoritarismo foi criada, como define Tiba, uma geração de “Príncipes” e “Princesas”.

Entretanto outra condição a ser pensada é a carência afetiva de algumas

crianças, seja por falta da presença dos pais em suas vidas ou por conta do corre-

corre dos dias atuais. Em virtude da cobrança do compromisso profissional, pais

terminam deixando em segundo plano a educação de seus filhos, colocando sobre

cuidados de babás, creches, e escolas particulares ou públicas, responsabilizando-

as a educá-las, permitindo dessa forma que a individualidade também chegasse ao

núcleo familiar, superando os interesses coletivos. Como já falamos, criamos um

sentimento de culpa para compensar tal falta de tempo, passando a sermos

permissíveis em demasia. Em provérbio diz: ensina seu filho o caminho em que deve

andar e ele nunca desviará dele.

Em suma podemos ressaltar que a família é o ponto preponderante em

relação às primeiras transmissões de regras que servirão de alicerce na vida da

criança, assim ela precisa ser educada com amor e respeito, mas, as regras e

normas de convivência devem ser cobradas desde cedo de forma clara e justa por

quem as educa no núcleo familiar sem autoritarismo. Ao passar a conviver em outros

meios sociais, essas cobranças devem dar-se da mesma forma, no caso da escola é

necessário também obter informações preliminares sobre sua vida, como forma de

identificar problemas pré-existentes e como medida de prevenção.

O educador como parte integrante da escola deve trabalhar zelando pelo

respeito e autonomia do estudante evitando qualquer visão preconceituosa por parte

de qualquer membro da instituição. E estabelecendo sua autoridade de forma

afetiva, buscando despertar no aluno interesse pelo saber, através de aulas bem

elaboradas e criativas, em que o sócio-cultural do aluno esteja inserido procurando

resgatar valores perdidos.

Família, escola e sociedade devem andar em parceria a favor de uma

educação de qualidade e inclusiva, em que todos devem exercer sua cidadania.

Aliado a isso, criar e educar uma criança é uma arte, o que nos faz refletir sobre

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como conduzi-la da melhor maneira para que ela consiga se integrar nos meios

sociais de forma bem sucedida.

Entretanto, a nossa intenção não é de encerrar o assunto, mas de mostrar

que existem desafios que podem ser superados, e que paulatinamente, os

problemas encontrados no caminho da educação são solucionáveis com muito

trabalho e dedicação, pois o tema abordado no ponto de vista conceitual necessita

ser mais explorado, e na prática, necessita que os educadores, pais e a sociedade

de um modo geral, unam-se em uma só força, para poder decifrar o enigma da

complexidade que envolve “A família e a escola: questão da falta de limites na

educação familiar gera indisciplina escolar”.

Portanto, as exigências impostas pelas mudanças sociais são crescentes e

desafiadoras, no entanto, precisa aliar a capacidade técnica a uma permanente

renovação, e a um alto padrão de criatividade como elementos-chaves para poder

enfrentar os desafios e ter êxito em seus ofícios. Por isso, a contribuição deste

estudo é de reflexão, questionamentos e ampliação da discussão acerca do

contexto, colocando em questão pontos que ainda não foram abordados e as

experiências vividas através dos nossos estágios que foram de muita relevância para

nossa formação acadêmica e sem dúvida irão complementar o nosso percurso

profissional, pois tudo que assimilamos em nosso curso de pedagogia, servirão para

serem aplicados em nossa prática pedagógica, a fim de contribuir na formação

sociocultural e cognitiva de nossos educandos, tornando-os formadores de opiniões.

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R E F E R Ê N C I AS

CAETANO, Maria Luciana. A difícil arte de educar. Psique Ciência & Vida Especial,

São Paulo, n.2, Ano I, p. 52-57.

MUNHOZ, Maria Luiza Puglisi. Sem Limites. Psique Ciência & Vida Especial, São

Paulo, n.2, Ano I, p. 34-37.

DE LA TAILLE, Yves. A Indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino, Julio

Groppa (org). Indisciplina na escola: Alternativas teóricas e práticas. São Paulo:

Summus, 1996.

DE LA TAILLE, Yves. Limites: três dimensões educacionais. 3. Ed. São Paulo:

Ática, 2002.

TIBA, I. Disciplina – Limite na medida certa. São Paulo: Editora Gente, 1996. 8ª

edição.

TIBA, Içami. Conversas com Içami Tiba: Volume 2. São Paulo: Editora Integrare,

.

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Dinâmica: Telefone sem Fio

Objetivo: Facilitar a comunicação e o relacionamento com respeito e

responsabilidade.

Duração: 20 minutos.

Material: Local agradável.

Desenvolvimento:

1. Telefone sem fio (20 minutos).

2. Manter o grupo em círculo.

3. Um dos treinandos inicia com uma frase, falando baixinho ao colega da

direita, que por sua vez vai repetir o que ouviu ao seu colega da direita.

4. Último a receber a mensagem deve repetí-la alto.

5. Repetir o telefone sem fio 5 a 6 vezes, permitindo maior participação do

grupo.

Sugestões para o debate:

1. O que aconteceu com a mensagem do início ao fim da atividade?

2. O que acontece com as mensagens no nosso cotidiano?

3. Como esta comunicação interfere nos relacionamentos?

4. Como a comunicação pode ser utilizada para valorizar o homem e a mulher

(na sua comunidade)?

5. Os argumentos que normalmente se usa para valorizar o homem e a mulher

são parecidos ou diferentes? Por que isto ocorre?

6. Como você acha que deveria ocorrer a comunicação?

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Formulário 8.1 Diário das Emoções

De Greenberg (2002b). Copyright 2002 da American Psychological Association. Reproduzido

mediante permissão.