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CETCC CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL CRISTIANE ELIA SALGE VIABILIDADE DA TÉCNICA DE MINDFULNESS NA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL São Paulo 2018

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CETCC – CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

CRISTIANE ELIA SALGE

VIABILIDADE DA TÉCNICA DE MINDFULNESS NA

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

São Paulo

2018

CRISTIANE ELIA SALGE

VIABILIDADE DA TÉCNICA DE MINDFULNESS NA

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

Trabalho de Conclusão de curso Latu Senso

Área de Concentração: Terapia Cognitivo Comportamental

Orientador: Prof. Dr. Luiz Ricardo Vieira Gonzaga

São Paulo

2018

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a

fonte.

SALGE, CRISTIANE ELIA Viabilidade da prática de Mindfulness na Terapia Cognitiva Comportamental Cristiane Elia Salge, Luiz Ricardo Vieira Gonzaga, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2018 43 f. + CD-ROM Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Centro de Estudos em Terapia Cognitivo – Comportamental (CETCC). Orientador: Profº Luiz Ricardo Vieira Gonzaga 1 Mindfulness 2. Terapia Cognitivo-Comportamental 3. Aceitação. I Salge, Cristiane Elia. II Gonzaga,Luiz Ricardo Vieira. III Martins, Eliana Melcher.

CRISTIANE ELIA SALGE

VIABILIDADE DA TÉCNICA DE MINDFULNESS NA TERAPIA COGNITIVA

COMPORTAMENTAL

Monografia apresentada ao Centro de

Estudos em Terapia Cognitivo-

Comportamental como parte das

exigências para obtenção do título de

Especialista em Terapia Cognitivo-

Comportamental.

BANCA EXAMINADORA

Parecer:________________________________________________________

Prof.___________________________________________________________

Parecer:________________________________________________________

Prof.___________________________________________________________

São Paulo, ____ de ____________ de _________

DEDICATÓRIA

Ao meu marido, parceiro, de todos os momentos;

As minhas queridas filhas pelo apoio e compreensão;

Aos meus pais queridos que sempre estiveram ao meu

lado na minha vida pessoal e profissional.

AGRADECIMENTOS

Aos mestres do Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo Comportamental

(CETCC) que contribuíram para o meu

conhecimento.

RESUMO

O mindfulness é uma forma de meditação da cultura oriental que foi incorporado à

terapia cognitiva comportamental a partir do século XXI. Mindfulness envolve

atenção plena, focar no presente, nas relações que o indivíduo estabelece com suas

experiências e vivências emocionais. Este artigo tem como objetivo verificar a

viabilidade da prática de mindfulness na terapia cognitivo comportamental. Utilizou-

se o método da pesquisa bibliográfica exploratória. Para a realização da pesquisa,

utilizaram-se as bases de dados Scientific Electronic Library Online – SciELO e

Google acadêmico. De acordo com os critérios de inclusão foram selecionados 10

artigos. Os resultados apontaram que a prática do mindfullness reduziram sintomas

ansiosos e depressivos integrado às técnicas da terapia cognitivo – comportamental.

Conclui-se que esta técnica favorece muito os terapeutas cognitivos

comportamentais em sua prática clínica principalmente em momentos de

psicoeducação, consciência e aceitação de seus pensamentos, emoções e

sensações.

Palavras-Chave: Mindfulness. Terapia Cognitivo-Comportamental. Aceitação.

ABSTRACT

Mindfulness is a form of meditation from Eastern culture that has been incorporated

into cognitive behavioral therapy from the 21st century. Mindfulness as a therapy

practice involves mindfulness, focusing on the present, on the relationships that the

individual establishes with their general and emotional experiences. This article aims

to verify the feasibility of the practice of mindfulness in cognitive behavioral therapy.

The method of exploratory bibliographic research was used. For the accomplishment

of the research, we used the databases Scientific Electronic Library Online - SciELO

and Google academic. According to the inclusion criteria, 10 articles were selected.

The results pointed out that the practice of mindfullness reduced anxiety and

depressive symptoms integrated to cognitive - behavioral therapy techniques. It is

concluded that this technique brings many advantages to the behavioral cognitive

therapists in their clinical practice mainly in moments of psycho education,

awareness and acceptance of their thoughts, emotions and sensations.

Keywords: Mindfulness. Cognitive behavioral therapy. Acceptance.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 11

2.1 Movimento da Terapia Cognitivo – Comportamental (TCC) ............................ 11

2.2 Mindfulness ..................................................................................................... 19

3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 27

3.1 Objetivo geral .................................................................................................. 27

3.2 Objetivo específico .......................................................................................... 27

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 28

5 RESULTADOS ...................................................................................................... 29

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 38

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41

ANEXOS ................................................................................................................... 43

8

1 INTRODUÇÃO

A partir dos programas de redução de estresse de Kabat-Zinn, o mindfulness

começou a ser utilizado na medicina comportamental. O termo se origina da

tradução de "sati”, proveniente do dialeto indiano Pali, significando “lembrança de

lembrar”, o que remete as traduções utilizadas na língua portuguesa como “atenção

plena”. A aplicação da atenção plena à saúde psicológica em contextos de saúde no

Ocidente é um fenômeno recente, iniciada na década de 1970 (VANDENBERGHE;

SOUSA, 2006).

Vandenbergue e Sousa (2006) citam que para Kabat- Zinn, mindfulness não é

uma crença, uma ideologia, nem uma filosofia. É um momento de concentração e

atenção plena, sem julgar o que se pensa ou sente. Essa prática proporciona a

atenção plena para o momento atual.

A prática do mindfulness favorece o indivíduo a perceber o surgimento de

estados corporais e psicológicos que as experiências do dia-a-dia condicionam, ou

seja, o sujeito passa a desenvolver a capacidade de identificar tais estados e

escolher a melhor forma de responder a estas experiências do cotidiano de uma

forma mais equilibrada e menos impulsiva (ROEMER; ORSILLO, 2010).

Germer, Siegel e Fulton (2016) complementam que mindfulness é uma

habilidade que nos proporciona ser menos reativo ao que está acontecendo no

momento e é uma maneira de relacionar-se com toda a experiência, seja ela positiva

ou negativa, afim de que o sofrimento global diminua e a sensação de bem estar

aumente. A prática de mindfulness permite ao individuo ter consciência de seus

pensamentos, emoções e sensações o que possibilita a pessoa sair do piloto

automático numa sociedade em que a rotina é estressante.

No século XXI os conceitos da cultura oriental começaram a ser inseridas na

abordagem cognitiva comportamental pela prática de mindfulness (ROEMER;

ORSILLO, 2010). Dados empíricos apontam que a prática de mindfulness torna a

depressão menos propensa a ocorrer. Apontam também que pessoas com

pontuações altas em mindfulness são menos propensas a permitir que cognições

negativas se desenvolvam em afeto depressivo e que seu treinamento pode

aumentar a capacidade de indivíduos deprimidos de vivenciar emoções positivas e

apreciar atividades agradáveis na vida diária.

9

Embora as pesquisas sobre o efeito de terapias baseadas em mindfulness

nos transtornos ansiosos ainda estão em estágios iniciais, os resultados tem sido

promissores. Observa-se uma redução dos sintomas ansiosos (GERMER; SIEGEL;

FULTON, 2016).

Para Vandenbergue e Sousa (2006), a similaridade no nível prático entre

mindfulness e a terapia cognitivo comportamental por ambos promoverem

mudanças amplas na relação que o indivíduo mantém com seus pensamentos,

possivelmente contribuiu para a técnica de mindfulness ser absorvida na terapia

cognitiva que foi criada por Aaron Beck na década de 60 Ambos compartilham da

ideia de que o individuo não é o que ele pensa sobre si, ou seja, seus pensamentos,

emoções e sensações são apenas parte de si e não o centro de sua existência. O

mindfulness é aplicado na terapia cognitiva como um instrumento auxiliar que pode

ajudar o individuo a não funcionar automaticamente numa realidade estressora e

desgastante, conectando-se consigo mesmo. O mindfulness também complementa

o arsenal de técnicas que são utilizadas pelos terapeutas cognitivos (ROEMER;

ORSILLO, 2010).

Roemer e Orsillo (2010) ressaltam que o mindfulness, embora focado no

presente como a terapia cognitivo comportamental, apresenta como princípio básico

não julgar os pensamentos, as emoções e as sensações, ou seja, o foco não está na

mudança no conteúdo do pensamento distorcido e sim na relação que o paciente

estabelece com suas vivências e experiências internas no momento presente.

No entendimento de Monteiro et al. (2015) mindfulness, enquanto técnica, se

faz útil em virtude da rotina estressante da sociedade pós-contemporânea,

sobretudo nos atendimentos psicoterápicos breves, como no caso da terapia

cognitiva. O indivíduo tendo consciência plena de si e do mundo, é empoderado, o

que pode trazer grandes contribuições para sua saúde psíquica.

Nesse sentido Monteiro et al. (2015) aponta que o uso das práticas de

mindfulness tem uma relevância social na sociedade pós-contemporânea pela sua

rotina estressante, pois pode proporcionar um novo olhar para a forma como as

pessoas têm vivido seus dias, assim como uma oportunidade para começar a

enfrentar conscientemente sentimentos negativos, que, vezes, terminam

desestabilizando o indivíduo e as suas relações.

10

Verifica-se também uma relevância acadêmica, pois é possível perceber uma

escassez de trabalhos acerca da aplicabilidade de mindfulness terapeuticamente em

países como o Brasil (MONTEIRO et al., 2015).

O presente estudo pretende analisar como o mindfulness pode ser integrado

a terapia cognitivo comportamental tendo em vista aspectos divergentes

apresentados pelos autores acima citados. Será apresentado no conteúdo deste

trabalho uma breve fundamentação teórica o qual será abordado uma visão geral do

desenvolvimento da Terapia Cognitivo Comportamental com o surgimento da 1º, 2º

e 3º ondas e o conceito, a prática e o objetivo do Mindfullness. Optou-se neste

trabalho pelo método da revisão bibliográfica. Os resultados e a discussão serão

apresentados neste trabalho apontando os artigos elencados e analisados através

dos critérios de inclusão, sendo, por fim, finalizado com a conclusão.

11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Movimento da Terapia Cognitivo – Comportamental (TCC)

Germer, Siegel e Fulton (2016) apontam que a TCC é a forma de tratamento

que tem sido mais extensivamente investigada de forma empírica e que o

movimento da terapia cognitivo comportamental evoluiu ao longo do processo. Hoje

esses autores afirmam que estamos na “terceira onda“ da TCC. Por “onda”, Roemer

e Orsillo (2010) entendem as evoluções do conhecimento que agregam informações

por meio empírico, ou seja, introduz novas experiências clínicas em modelos já

estabelecidos. Em outras palavras, são parte da evolução da TCC e não algo que

existe fora dela. A primeira onda refere-se à terapia comportamental respaldada nos

clássicos do condicionamento pavloviano e reforço das contingências.

Segundo Moreira e Medeiros (2007) o condicionamento pavloviano é uma

forma de aprendizagem em que um estímulo previamente neutro passa, após o

emparelhamento com um estímulo incondicionado, a eliciar uma resposta reflexa.

Estes autores apontam que B.F. Skinner introduziu o comportamento operante, isto

é, o comportamento que produz consequências no ambiente e é afetado por ele.

Este tipo de comportamento é fundamental para compreender como aprender as

habilidades e os conhecimentos, como falar, escrever, raciocinar, etc e a ser quem

somos.

Todorov e Hanna (2010) citam como premissas de Skinner: o homem age

sobre o mundo, modificam-no e são modificados pelas consequências de suas

ações; a psicologia é o estudo da interação entre organismo e ambiente e pela

análise, chega-se aos conceitos de estímulo e resposta. A terapia comportamental

(primeira onda) trabalha com a análise das circunstâncias e com a previsão dos

comportamentos. O estudo científico do comportamento aperfeiçoa e completa essa

experiência comum quando demonstra as relações entre circunstâncias e

comportamentos.

Para o terapeuta comportamental, pensamentos e sentimentos são

considerados comportamentos e seu principal instrumento é a análise funcional, ou

o levantamento criterioso das variáveis (eventos, acontecimentos) que estejam

funcionalmente relacionados aos comportamentos desejáveis e indesejáveis do

cliente. “Combate-se” os comportamentos-problema, ao mesmo tempo em que se

12

busca instalar e aumentar a frequência de comportamentos adequados ao contexto,

desejáveis, funcionais e geradores de satisfação e felicidade (TODOROV; HANNA

2010).

A segunda foi à teoria cognitiva visando modificar padrões de pensamentos

disfuncionais. Aaron T. Beck, professor assistente de psiquiatria na University of

Pennsylvania e representante da segunda onda da TCC, no começo da década de

60, desenvolveu uma forma de terapia baseada nas crenças e pensamentos, o qual

denominou “terapia cognitiva”. Hoje este termo é sinônimo de terapia cognitiva –

comportamental (BECK, 2013).

Na TCC há determinados princípios que estão presentes e são aplicáveis a

todos os pacientes, embora as intervenções possam variar de paciente para

paciente. Beck (2013) aponta 10 (dez) princípios:

O princípio número um refere-se que a terapia cognitivo comportamental está

baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas e uma

conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos. A autora considera

as dificuldades do paciente a partir de três estruturas: identificação dos

pensamentos que geram emoções desagradáveis e dos comportamentos

problemáticos, identificação dos fatores precipitantes que influenciam as percepções

do paciente e o levantamento de hipóteses a respeito dos eventos-chave do

desenvolvimento como também os padrões constantes de interpretação dos eventos

(BECK, 2013).

Formar uma aliança terapêutica forte é o segundo princípio apontado por

Beck (2013). Elementos como afeto, empatia, atenção, interesse genuíno e

competência são ingredientes fundamentais para estabelecer uma forte aliança

terapêutica.

Beck (2013) sinaliza como terceiro princípio a colaboração e participação

ativa, ou seja, a terapia é entendida como um trabalho em equipe onde terapeuta e

paciente colaboram para o processo terapêutico. No início do processo terapêutico a

participação do terapeuta é mais ativa e propõe uma direção para as sessões e

resume o que foi discutido. Com o decorrer do tempo, o paciente é encorajado a

decidir o que trabalhar durante uma sessão, identificar as distorções no seu

pensamento e resumir pontos importantes que foram trabalhados durante as

sessões.

13

O quarto princípio apontado por Beck (2013) é que a TCC é orientada para os

objetivos e é focada nos problemas. O terapeuta sugere que o paciente faça uma

relação de suas dificuldades e objetivos para nortear as sessões.

Segundo Beck (2013) enfatizar inicialmente o presente é o quinto princípio da

TCC. O terapeuta foca nos problemas atuais e nas situações que são angustiantes

para o paciente. A atenção se volta para o passado quando o paciente expressa

uma forte preferência e o não se o terapeuta não fizer poderá afetar a aliança

terapêutica.

Para Beck (2013) o sexto princípio da TCC consiste na psicoeducação, isto é,

ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e educando-o para prevenção de

recaídas. O terapeuta realiza a psicoeducação sobre o modelo cognitivo, o

diagnóstico do paciente, ajuda a definir objetivos, identificar e avaliar pensamentos e

crenças e a planejar a mudança comportamental como também ensina o paciente

como fazer esta mudança.

Beck (2013) aponta que a TCC é limitada no tempo (sétimo princípio). Os

objetivos do terapeuta são promover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão do

transtorno, ajudar o paciente a resolver seus problemas mais urgentes e a ensinar

habilidades para evitar a recaída. A autora salienta que alguns pacientes necessitam

de mais de 14 sessões em função de suas crenças disfuncionais serem muito

rígidas. Neste caso o tratamento pode durar de um a dois anos ou possivelmente

mais tempo.

O oitavo princípio refere-se que as sessões de TCC são estruturadas, o que

maximiza a eficiência da terapia. Os elementos da estrutura da sessão são:

verificação de humor, exame rápido da semana, definição colaborativa da agenda

(parte introdutória). A parte intermediária inclui examinar o exercício de casa, discutir

os problemas da pauta, definir um novo exercício de casa, fazer resumo da sessão.

A parte final é solicitar o feedback para o paciente (BECK, 2013).

Ensinar os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos

e crenças disfuncionais é o nono princípio sinalizado por Beck (2013). O terapeuta

ajuda o paciente a identificar as principais cognições que estão afetando seu humor

e comportamento e a adotar perspectivas mais realistas e adaptativas, o que leva o

paciente a se sentir melhor emocionalmente, se comportar com mais funcionalidade

e/ou diminuir sua excitação psicológica. O terapeuta propõe experimentos

comportamentais para que o paciente teste diretamente seus pensamentos.

14

Conforme Beck (2013) o décimo e último princípio é a utilização de diversas

técnicas para mudar o pensamento, humor e o comportamento. A TCC conta com

técnicas cognitivas, como a descoberta guiada e o questionamento socrático,

técnicas comportamentais e de solução de problemas, como também técnicas de

outras orientações. Os tipos de técnicas são influenciadas pela conceituação do

paciente, pelo seu problema e seus objetivos para a sessão.

O modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional, ou seja,

pensamentos inadequados ou inúteis influenciam o humor e o comportamento do

paciente. O comportamento gera novos pensamentos que desencadeiam outras

emoções e comportamentos. Forma-se uma cadeia de retroalimentação. O

terapeuta volta a sua atenção para as relações entre pensamentos, emoções e

comportamentos para orientar as intervenções de tratamento (BECK, 2013).

Wright, Basco, Thase (2008, p. 19) acrescentam que “o nível mais alto da

cognição é a consciência, um estado de atenção no qual decisões podem ser

tomadas racionalmente”. Estes autores propõem dois níveis de processamento de

informações: pensamentos automáticos e esquemas.

Os pensamentos automáticos são cognições que invadem o indivíduo, o

paciente não tem controle sobre eles e não estão sujeitos a uma análise racional

cuidadosa. A presença de emoções fortes indica o indicio de pensamentos

automáticos. As pessoas que apresentam transtornos psiquiátricos como ansiedade,

depressão estão sujeitas a uma avalanche de pensamentos automáticos que são

desadaptativos ou distorcidos e geram reações emocionais dolorosas e

comportamentos disfuncionais (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Os esquemas são crenças nucleares ou centrais que são formadas desde a

infância do indivíduo e são influenciadas pela educação, dinâmica familiar, genética

e experiências ao longo da vida, traumas ou sucessos (WRIGHT; BASCO; THASE,

2008).

Para que haja uma melhora duradora no humor do paciente e no seu

comportamento, é necessário que o terapeuta cognitivo atinja um nível mais

profundo de cognição: as crenças sobre si mesmo, seu mundo e sobre o outro. Este

conjunto de crenças constitui a tríade cognitiva. Os pensamentos automáticos são

oriundos da crença central (BECK, 2013).

As pessoas com crenças negativas sobre si mesmo podem ser

conceitualizadas de forma geral dentro de três categorias: desamparo, desamor e

15

desvalor. O paciente pode ter uma crença central disfuncional mais importante ou

mais crenças centrais. As crenças centrais são rígidas, globais, generalizantes e

mais complexas de serem acessadas (BECK, 2007).

Segundo Beck (2007) a categoria de desamparo tem como tema principal a

incompetência. Os pacientes expressam esta crença de maneiras diferentes: “Sou

fraco, descontrolado; eu não consigo mudar; não tenho atitude, objetivo, sou uma

vítima” ou “Sou inadequado, ineficiente, incompetente; eu não consigo me proteger”

(BECK, 2007, p. 34).

Pessoas que não acreditam que são merecedoras de amor podem ou não

estar preocupados em ser competentes e acreditam, ou tem medo, de que jamais

tenham a intimidade e a atenção que desejam. Beck (2007, p. 35) cita como

exemplos: “Sou diferente, indesejável, feio, monótono; não tenho nada a oferecer”

ou “Não sou amado, querido, sou negligenciado”.

As crenças centrais de não ter valor geralmente tem um valor moral que a

diferencia das crenças de desamor e desamparo. É importante verificar se a

paciente expressa o significado mais negativo da sua natureza ou se as demais

crenças estão subjacentes à crença de não ter valor. As crenças como “Não tenho

valor, sou inaceitável, mau, louco, derrotado, nada, um lixo” ou “Não mereço viver”

são exemplos de crenças de desvalor (BECK, 2007, p. 35).

Quando a crença central sobre o outro é negativa o paciente considera o

outro como desprezível, não confiável, ameaçador ou manipulador. São percepções

rígidas, supergeneralizadas e dicotômicas. Quando a visão sobre o outro é positiva,

mas pode ser irreal. As pessoas são percebidas como se fossem superiores, muito

eficientes, amáveis e úteis. Esta visão é incoerente com a visão que eles têm de si

próprio (BECK, 2007).

O paciente que costuma ter crença disfuncional sobre sua vida pode

responsabilizar o mundo por seus fracassos. Geralmente são crenças globais e

supergeneralizadas, como: “O mundo é injusto, hostil, imprevisível, incontrolável,

perigoso”. Pacientes que apresentam várias crenças centrais ativadas

simultaneamente, sobre si mesmos, os outros e o mundo, se sentem inseguros para

viver (BECK, 2007).

As crenças intermediárias ou subjacentes confirmam a crença central e

correspondem a atitudes, regras e suposições que determinam a maneira como o

indivíduo age, influenciando em seu comportamento que poderá ser disfuncional.

16

Este tipo de crença se encontra entre pensamentos automáticos mais superficiais e

as crenças centrais mais profundas (BECK, 2007).

Regras como “Tenho que ser perfeito” e “Eu sempre devo dar o melhor de

mim”. Suposições como “Se eu ficar hipervigilante a maus tratos e hostilizar as

pessoas, posso me proteger, do contrário elas me prejudicarão” são exemplos de

crenças intermediárias citadas por Beck (2007) e Wright, Basco e Thase (2008).

O objetivo do terapeuta cognitivo comportamental é tornar as crenças

disfuncionais que causam sofrimento e prejuízo na qualidade de vida do paciente em

crenças mais adaptativas e realistas. O terapeuta pode psicoeducar o paciente

informando que as crenças são ideias, não necessariamente verdades, que elas

podem ser aprendidas e desaprendidas, avaliadas e modificadas e/ou ajudá-lo a

avaliar as vantagens e desvantagens de continuar apegado à crença (BECK, 2013).

A terapia cognitiva comportamental conta com muitas técnicas para promover

a mudança da crença central. Beck (2013) cita técnicas que podem mudar tanto as

crenças centrais como os pensamentos automáticos: descoberta guiada,

questionamento socrático, experimentos comportamentais, continuum cognitivo,

role–play, usar “outros” como ponto de referencia, agir “como se” e autoexposição.

O psicólogo terapeuta cognitivo comportamental conta com o método da

conceitualização de caso para expor ao paciente a interelação entre crenças,

pensamentos, emoções e comportamentos.

Kuyken, Padesky e Dudley (2010, p. 21) definem a conceitualização como:

Processo em que terapeuta e cliente trabalham em colaboração para primeiro descrever e depois explicar os problemas que o cliente apresenta na terapia. A sua função primária é guiar o terapeuta de modo a avaliar o sofrimento do cliente e a desenvolver sua resiliência.

A conceitualização de caso têm funções específicas: sintetiza a experiência

do cliente, a teoria e a pesquisa em TCC; normaliza os problemas apresentados e é

validante; promove o engajamento do cliente; torna inúmeros problemas complexos

mais manejáveis, orienta a escolha, o foco e a sequencia das intervenções; identifica

os pontos fortes do cliente e sugere formas de desenvolver a resiliência, sugere

intervenções mais simples e com maior custo-benefício, antecipa e aborda os

problemas na terapia; ajuda a entender a não resposta em terapia e sugere rotas

17

alternativas para a mudança e possibilita uma supervisão de alta qualidade

(KUYKEN; PADESKY; DUDLEY, 2010).

A terapia cognitiva comportamental da terceira onda difere da segunda onda

por enfatizar a modificação do relacionamento que o cliente mantém com a sua

experiência interna e a evitação dessa experiência. Enquanto a terapia de segunda

onda prioriza a modificação dos pensamentos disfuncionais em pensamentos mais

realistas, as terapias da terceira onda priorizam a aceitação de pensamentos,

emoções e sensações tanto positivas como negativas como realmente são

(MONTEIRO et al., 2015).

Vandenbergue e Valadão (2013) apontam que o principio fundamental da

terapia cognitiva é que a forma como as pessoas percebem e processam a realidade

influenciará a maneira como sentem e se comportam. A TCC de segunda onda é

direcionada para a solução de problemas atuais e a alteração de pensamentos,

crenças e comportamentos disfuncionais. A TCC pressupõe a existência de uma

interação recíproca entre pensamentos, emoções e comportamentos.

Conforme Monteiro et al. (2015), a terceira onda das TCCs é fundada em uma

abordagem empírica, focada em princípios e é particularmente sensível ao contexto

e a funções do fenômeno psicológico e não apenas as suas formas. A corrente

filosófica que as embasam são contextualistas e seus métodos mais vivenciais. O

termo contextualista refere-se a uma abordagem que analisa os eventos de uma

maneira que seus elementos não são estudados isoladamente, são inseridos em um

contexto histórico situacionalmente definido.

Entre as terapias da terceira ordem, Roemer e Orsillo (2010) destacam a

terapia cognitiva comportamental baseada na aceitação e mindfuness, terapia de

aceitação e compromisso, terapia comportamental dialética, terapia comportamental

integrativa de casal.

A terapia de aceitação e compromisso (ACT) integra o grupo das terapias

cognitivo-comportamentais (TCCs) e apresenta como conceito principal a

flexibilidade psicológica, descrita como a capacidade de entrar em contato com o

momento presente e as experiências internas e, de acordo com o contexto, persistir

ou alterar a busca de objetivos e valores pessoais (MONTEIRO et al. 2015).

A ênfase desta terapia é no processo de interagir com o mundo, com as

experiências internas (pensamentos e emoções) ao invés de preocupar-se com o

conteúdo do que está sendo pensado. Esta é uma particularidade que diferencia a

18

Terapia Cognitiva Comportamental de segunda onda para as terapias de terceira

onda (MONTEIRO et al., 2015).

Conforme Monteiro et al. (2015) as abordagens relacionadas à terceira onda

enfatizam elementos como aceitação, compaixão, compromisso, valor, atenção,

resultantes de termos básicos de princípios do comportamento denominados

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT).

Monteiro et al. (2015) complementam que para atingir a flexibilização

psicológica, se faz uso de seis processos psicológicos de mudança: aceitação,

desfusão cognitiva, estar presente, eu como contexto, valores e ações

comprometidas. As definições de cada elemento descritas pelos autores do artigo

acima citado são respaldadas em: Hayes et al., 2006; Twohig, 2012; Wilson et al.,

2010; Silveira, Monteiro, Nery, Ferreira, Noto & Ronzani, 2014.

A "aceitação" é definida como ação de abraçar efetivamente as experiências

internas enquanto elas estão ocorrendo. É vista como escolha e envolve uma

postura acolhedora para com a experiência que está sendo vivenciada, diminuindo o

esforço feito para controlá-la (MONTEIRO et al., 2015).

A "desfusão cognitiva" é pensada como a redução do significado literal de

experiências internas de modo que os pensamentos são experimentados apenas

como pensamentos, os sentimentos apenas como sentimentos, e as sensações

corporais como sensações corporais. Trata-se do oposto de fusão cognitiva, quando

as experiências internas são tomadas literalmente e têm amplo poder sobre as

ações do indivíduo. Ambas, a desfusão e a fusão cognitivas, são úteis, apenas

precisam ser aplicadas de forma flexível a situações diferentes (MONTEIRO et al.,

2015).

"Estar presente" em geral é definido como atenção flexível, fluida e voluntária

para questões internas e externas que são vivenciadas sem apego à avaliação ou

julgamento. Estar presente no ambiente interno e externo ajuda a experimentar o

mundo como ele realmente está ocorrendo e diminui o impacto de um mundo

cognitivamente construído (MONTEIRO et al., 2015).

Segundo Monteiro et al. (2015), estar presente implica habilidades como

capacidade de regular a atenção para o agora, experimentar aberta e totalmente o

que está ocorrendo e rotular e descrever tais questões de forma imparcial. O oposto

de tal processo é estar ligado a uma representação cognitiva do passado ou do

futuro. O foco, em ACT, é ser capaz de perceber quando não se está presente e de

19

forma flexível, deslocar a atenção para o presente se for esse o melhor interesse do

cliente.

"Eu como contexto", de forma geral, é o que se acredita ser. O "eu" é o lugar

de perspectiva que permite que eventos internos e externos sejam experimentados a

partir do processo "eu/aqui/agora", sem se autodefinir por estas questões

psicológicas (MONTEIRO et al., 2015).

Os "valores" são elementos da vida sobre os quais nos preocupamos e que

nos motivam ao engajamento em certas atividades. Embora existam alguns valores

comuns que a maioria das pessoas compartilha, os valores são escolhidos

individualmente. Ajudar a esclarecer quais são os valores de um cliente tem o

propósito de tornar mais provável que ele se aproxime de estímulos que

originalmente seriam seguidos por evitação (MONTEIRO et al., 2015).

"Ação comprometida" é o redirecionamento contínuo do comportamento, de

modo a construir padrões cada vez maiores de comportamentos flexíveis e eficazes

ligados a valores. Envolve a definição de objetivos pessoais e a ação sobre essas

metas, enquanto se praticam as outras estratégias de ACT, construindo padrões de

ações orientados por valores (MONTEIRO et al., 2015).

2.2 Mindfulness

O conceito de mindfulness tornou-se importante para a clínica

contemporânea. A sua origem vem de duas distintas tradições de pensamento. A

primeira emergiu de pesquisas de Ellen Langer em Psicologia experimental e a

segunda teve início com o trabalho de Jon Kabat-Zinn, líder pioneiro em utilizar

mindfulness na assistência à saúde, que introduziu a meditação budista na prática

clínica (GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

Segundo Roemer e Orsillo (2010), o termo mindfulness vem de tradições

orientais espirituais e religiosas, como o zen budismo. A psicologia reconheceu que,

retirada do contexto espiritual e religioso, o mindfulness pode ser usado para

aumentar o bem estar físico e emocional.

Este termo significa atenção plena no momento presente, ou seja, atenção

para o que está acontecendo dentro de nós e ao nosso redor sem julgamento. Essa

técnica propõe não pensar no futuro e nem ruminar pensamentos sobre o passado,

20

deixando que as coisas que não podemos controlar sejam como são e prestando

atenção no que estamos fazendo (ROEMER; ORSILLO, 2010).

Germer, Siegel e Fulton (2016) complementam que a atenção plena focaliza a

atenção na tarefa do momento, evitando que a atenção esteja enredada no passado

ou no futuro. Estar presente de uma maneira incondicional gera energia, clareza

mental e alegria.

O mindfulness diz respeito a lembrar, mas não viver de memórias. Recordar é

necessário para reorientar a atenção e estar alerta para a experiência do momento

de uma maneira receptiva, incondicional. Essa reorientação tem o objetivo de

desembaraçar a atenção dos devaneios e vivenciar plenamente o momento

presente (GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

De acordo com Danny e Mark (2015) estar consciente (mindful) é acordar e

enxergar o que se está vivenciando no momento atual, com uma reação generosa e

de agilidade que aceita ser menos reativo de forma a vivenciar as provas.

Conforme Germer, Siegel e Fulton (2016), a qualidade de estar alerta é

importante em contextos clínicos, sendo caracterizado por ausência de julgamento,

aceitação, amor-bondade e compaixão. Estes autores citam que Kabat-Zinn definiu

mindfulness como “estar alerta de coração aberto, momento a momento, sem

julgamento”.

É necessária uma resposta de compaixão à própria dor quando está lidando

com emoções intensas e constantes. Se o terapeuta ou o paciente afasta-se de uma

experiência desagradável com ansiedade ou repulsa, a capacidade de trabalhar com

a experiência diminui muito (GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

Danny e Mark (2015) afirmam que as pessoas estão sempre em alerta e que

agem automaticamente, sem refletir sobre o que está acontecendo. Os indivíduos

são invadidos por pensamentos e sentimentos que não são coerentes com o

momento presente. O objetivo do mindfulness é que o indivíduo retome esse

controle, a partir da atenção plena permitindo que o praticante não se deixe levar

pela sua reatividade evasiva, o que é comum na vida corrida dos dias de hoje, e

substituí-la por respostas mais conscientes.

Vandenbergue e Sousa (2006) citam que o autor Kabat-Zinn concorda com a

mesma ideia de que as pessoas vivem no piloto automático e acrescenta que a

prática de mindfulness é intencional, pois a pessoa escolhe estar plenamente atento

e se esforça para alcançar está meta. Estes autores também expressam as ideias

21

de Haley. e Linehan de que viver no piloto automático não permite às pessoas lidar

de maneira flexível com os eventos do momento que são dolorosos e promove

modos rígidos e altamente limitados de reagir ao ambiente.

Segundo Hayes et al. (2002 apud VANDENBERGUE; SOUSA, 2006, p. 2) as

pessoas evitam pensamentos, sentimentos e situações que as deixam tristes e

acham que não vão aguentá-las. Esta esquiva experiencial ou da vivência emocional

resulta da tentativa de não ter determinados pensamentos, sentimentos, memórias e

estados físicos, por estes serem avaliados negativamente.

Roemer e Orsillo (2010) complementam que se trata de uma estratégia

adaptativa na qual a pessoa procura excluir sensações e sentimentos negativos,

enquanto que estes não são danosos em si, mas são sinais de condições de vida

que deveriam ser enfrentados. Outra desvantagem desta estratégia é que quanto

mais a pessoas relutam em não vivenciar sensações e sentimentos mais estes se

tornam insistentes ocorrendo à ruminação mental e o aumento involuntário da

atenção seletiva para tais conteúdos.

No entendimento de Roemer e Orsillo (2010), a prática de mindfulness é

intencional pelo fato do sujeito escolher e se esforçar para estar atento plenamente e

propõe aceitar emoções, pensamentos e sensações sem julgamento. Além da

aceitação a técnica de mindfulness está voltada para a relação que o indivíduo

estabelece com suas vivências e experiências internas no momento presente. Esta

técnica não é voltada para o conteúdo e análise dos pensamentos como ocorre na

terapia cognitivo-comportamental e sim para a consciência plena de como a pessoa

lida com suas experiências internas e situações que ocorrem no dia - a - dia.

Roemer e Orsillo (2010) referem-se ao mindfulness como um processo, ou

seja, não atingimos um estado final e total de mindfulness. “É uma maneira de estar

em um momento presente que vem e vai”. “É perder o foco 100 vezes e voltar a ele

101 vezes”. Adotar a prática do mindfulness significa ficar entre dois extremos:

prestar atenção ao que está acontecendo dentro de nós e ao nosso redor,

reconhecer os eventos e experiências como realmente são e deixar que as coisas

que não podem ser controladas sejam como são. Ao mesmo tempo é fundamental

concentrar a atenção para o que estiver fazendo.

Segundo Roemer e Orsillo, a prática do mindfulness é um hábito. Assim como

se aprende a viver no piloto automático há a possibilidade de aprender mindfulness

pela prática e pelo treino. As atividades de mindfulness têm muitas formas

22

diferentes, como meditação, ioga e tai chi, mas essas práticas podem levar horas e

dias. Os exercícios formais incluem a varredura mental do corpo e a meditação em

posição sentada com concentração na respiração, práticas de alongamento visando

explorar as sensações corporais como tensão, dor e técnicas meditativas adotadas

do yoga.

Para Roemer e Orsillo as pessoas podem ter mindfulness por um momento,

como prestar atenção à sua respiração, no ato de comer, ouvir música, abraçar

alguém, caminhar, tomar banho. Essas práticas podem ser realizadas em qualquer

momento do dia são denominadas de práticas informais.

Germer, Siegel e Fulton (2016) descrevem que a prática do mindfulness

durante as refeições é comer lentamente e em silêncio, observando a visão do

alimento no prato, as sensações provocadas pelo alimento na boca, os movimentos

musculares da mastigação, os sabores dos alimentos e o processo de deglutição. A

prática de mindfulness pode usar um dos sentidos: visão, escuta, olfato e tato.

Estes exercícios informais permitem vivenciar situações do cotidiano de

maneira plenamente consciente, com a atenção focada no que está acontecendo,

sem julgar ou racionalizar. Os exercícios propiciam vivenciar plenamente e sem

preconceito tanto experiências negativas como positivas (ROEMER; ORSILLO,

2010).

Vandenbergue e Sousa (2006) acrescentam que o alvo das práticas formais e

informais de mindfulness é vivenciar a respiração, os pensamentos e outros

conteúdos sem querer mudá-los ou controlá-los, ou seja, permitir-se

conscientemente observar o que está acontecendo no presente. E ao estar

intencionalmente atento no aqui e agora, permite-se lidar de maneira criativa com

situações cotidianas.

Outro aspecto abordado por Vandenbergue e Sousa (2006) é que o

mindfulness favorece a aproximação da pessoa para a sua vida aumentando a sua

satisfação global e o bem estar. Aplicando a técnica do mindfulness, ao interagir

com uma pessoa a atenção plena é voltada para o momento presente ao invés de

ficar imaginando o que a pessoa está pensando sobre o outro ou preocupar-se com

o que virá a seguir.

O mindfulness pode ser definido como uma habilidade onde a consciência

atenta é experiencial e não verbal e como qualquer outra habilidade, torna- se mais

consistente com a prática. Em outras palavras é a diferença entre sentir, por

23

exemplo, um som ao invés de descrever o que está ouvindo (GERMER; SIEGEL;

FULTON, 2016).

Três tipos de meditação são normalmente ensinados no Ocidente com o

nome de meditação mindfulness: atenção focada (concentração), monitoramento

aberto, amor-bondade-compaixão (GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

A atenção focada consiste em fixar a mente em um único objeto para desviá-

la das preocupações reais ou imaginárias que invadem a mente. Muitas vezes é

preciso primeiramente treinar a concentração, para então observar os conteúdos

mentais sem julgamento. Os conteúdos que emergem na mente não devem ser

confrontados, e sim observados, de uma forma que a prática acabe se tornando um

aprendizado de como não se deixar influenciar e ser controlado pelos pensamentos,

emoções e sensações (GIRARD; FEIX, 2016).

O primeiro objetivo da prática da atenção é tornar a mente calma, para fazer

isso, é necessário treinar a mente para ficar centrada em um ponto único, em um

único estímulo, constantemente, num modo contínuo. O estímulo selecionado

normalmente chamado de "objeto" usado por excelência é própria respiração. A

meditação da concentração ajuda a cultivar uma mente calma, a atenção torna-se

fixa e relaxada quando a mente é atraída para um único objeto, repetidamente, e

desviada das perturbações (VANDENBERGUE; SOUSA, 2006).

Segundo Germer, Siegel e Fulton (2016), amor-bondade aquece a

experiência da meditação, trazendo as qualidades de ternura, calma, conforto, alívio,

cuidado e conexão. Essas qualidades são importantes quando se lida com emoções

difíceis que ativam as defesas da pessoa.

Segundo Germer, Siegel e Fulton (2016) sugerem a repetição lenta de frases

como “Que eu esteja seguro”, “Que eu seja feliz e livre do sofrimento”. O propósito

da meditação de amor-bondade é brotar pensamentos, emoções e pensamentos

positivos. A compaixão ocorre quando o amor-bondade encontra o sofrimento e

ambas são emoções positivas que melhoram a saúde e o bem estar.

Roemer e Orsillo (2010) ressaltam que na prática de mindfulness cultivar a

autocompaixão é um aspecto importante no processo terapêutico. O paciente é

orientado a cultivar uma postura bondosa, gentil em relações às suas experiências,

ao invés de olhar para pensamentos, sentimentos e sensações como sinais de

fraqueza.

24

Cultivar uma postura bondosa, gentil corresponde aos princípios da terapia

cognitiva comportamental baseada na aceitação e compromisso, pois quando na

psicoterapia o paciente é orientado a não dar ênfase e nem se livrar dos

sentimentos, sensações e pensamentos desconfortáveis está promovendo a

aceitação e diminuindo a evitação dos mesmos (ROEMER; ORSILLO, 2010).

Amor-bondade e compaixão mudam a consciência da atenção preocupada

para a atenção amorosa e abrem o campo de percepção, ajudando a se tornar mais

consciente (GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

A meditação de monitoramento aberto pode ser comparada a um holofote que

ilumina uma variedade de objetos à medida que surgem na consciência, um de cada

vez. O monitoramento aberto pode ser usado para perceber as intenções,

sensações, pensamentos e comportamentos (GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

O objetivo do mindfulness é treinar a mente para que esteja sempre

consciente do que se está realizando. Ao ser treinada a mente passa a reconhecer

seus conteúdos de uma forma mais clara, assim, aprendendo a conviver melhor com

as emoções, não necessitando do uso de defesas ou distrações. Aos praticantes de

mindfulness é ensinado a praticar a aceitação de todos os sentimentos que ocorram

durante a prática, tais como; inquietude, impaciência, ansiedade, desconforto físico

bem como emoções agradáveis. O importante é sempre manter o foco da atenção

ao momento, não se deixando perder por nenhum pensamento ou sentimento que

venha a distrair (GIRARD; FEIX, 2016).

Promover “a aceitação não implica em resignação ou atitude derrotista, com

inspiração na tradição budista, aceitação significa compreender a verdade, aceitar

os fatos, através da prática de mindfulness” (ROEMER; ORSILLO, 2010).

Germer, Siegel e Fulton (2016) acrescentam que aceitação não se trata de

validar maus comportamentos, pelo contrário, aceitar o momento presente é um pré-

requisito para a mudança. A mudança é a irmã da aceitação, mas é a irmã mais

nova. A autoaceitação é central para o processo terapêutico de quem pratica

mindfulness.

Através da prática de mindfulness busca-se desenvolver uma consciência

menos condicionada e por consequência uma percepção mais clara a respeito da

natureza das experiências. Esses estados de consciência facilitariam, por exemplo,

a observação de quais são os gatilhos e o que mantém os eventos mentais

25

adaptativos e mal adaptativos, possibilitando que os praticantes aumentem os

adaptativos e reduzam o mal adaptativo (GIRARD; FEIX, 2010).

Os eventos mal adaptativos são estruturas cognitivas que ajudam os

indivíduos a explicar sua própria realidade e suas experiências de vida, porém de

forma autoderrotista e desadaptativa. São formas de pensar distorcidas da

realidade, no qual, são reforçadas pelos eventos ao longo da vida (GIRARD; FEIX,

2010).

Germer, Siegel e Fulton (2016) apontam que a prática de mindfulness ajuda a

perceber as emoções e a esclarecer o que está sentindo. Ansiedade e preocupação

ocorrem quando outras emoções primárias (tristeza, raiva e medo) estão presentes,

mas estão sendo evitadas ou ignoradas. As emoções podem comunicar informações

distorcidas ou incorretas e podem ser duradouras ou parecerem mais intensa que a

situação. Estas emoções são chamadas de turvas. As emoções claras ocorrem em

resposta direta à situação em questão, como sentir-se triste pela perda de um ente

querido.

Segundo Vandenbergue e Valadão (2013), a noção de mindfulness na ACT

pode ser aproximada pela distinção entre o Eu-como-conteúdo (o que pensamos ou

sentimos a respeito de nós) e o Eu-como-Perspectiva (nos distanciamos para

observar o pensar e o sentir).

O primeiro refere-se às elaborações racionais e avaliativas que fazemos a

nosso respeito. Ter um conceito claro de quem somos é importante, mas o conceito

sobre nós é apenas um pensamento.Permanecer preso com o que se sente e pensa

gera atitudes defensivas e rígidas. O objetivo é o cliente a tomar recuo de seus

pensamentos e sentimentos a respeito de si, podendo observá-los e entender seu

significado, mas sem acreditar neles (VANDENBERGUE; VALADÃO, 2013).

A pessoa em contato com o Eu-como-Perspectiva percebe a si como o lugar

aonde seus pensamentos e sentimentos vão embora, inclusive os conceitos e as

percepções sobre si. Na terapia, o cliente se descobre em um contexto em que

percepções, pensamentos, lembranças, desejos e emoções ocorrem, pois entende

que ele não é o que pensa ou sente sobre si, aspecto convergente com a terapia

cognitivo comportamental (VANDENBERGUE; VALADÃO, 2013).

De acordo com Vandenbergue e Sousa (2013 apud HAYES et al., 2012)

Nesta perspectiva não se procura reestruturar o que a pessoa pensa sobre si, mas

ajudá-la a se reconhecer como espectadora de seus conteúdos e conflitos. O recuo

26

psicológico propiciado pela observação do próprio ato de observar seus conteúdos

psicológicos permite enxergar o lugar deles na paisagem mais ampla. A pessoa

torna-se, portanto, mais capaz de agir de acordo com suas escolhas e seus valores,

e não sob o controle de suas angústias e conflitos.

Germer, Siegel e Fulton (2016) esclarecem que a prática de mindfulness não

é um exercício de relaxamento e que às vezes seu efeito é totalmente oposto

quando se depara com pensamentos e emoções desagradáveis. Também não é um

teste de concentração, nem uma forma de evitar dificuldades na vida. Pelo contrário

o mindfulness permite se aproximar das dificuldades. É um processo lento e suave

de enfrentar e entender quem somos à medida que organiza a experiência atual de

uma forma relaxada, alerta e aberta..

27

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Verificar a aplicabilidade do mindfulness na terapia cognitivo comportamental.

3.2 Objetivo específico

Identificar os princípios da terapia cognitiva comportamental e da técnica

mindfulness.

28

4 METODOLOGIA

Este estudo constituiu-se de uma revisão bibliográfica do ano de 2006 a 2017.

A pesquisa de artigos científicos foi realizada na plataforma de dados Google

acadêmico e SCIelo com os descritores Terapia Cognitivo Comportamental,

Mindfulness e Aceitação. Foram utilizados também livros técnicos de autores

referentes ao tema pesquisado e tese de mestrado.

Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção de artigos científicos

foram: artigos na língua portuguesa, ser artigo original e ter disponibilidade de texto

completo nas bases eletrônicas e artigos relacionados aos descritores determinados.

Os critérios de exclusão foram artigos publicados antes do período

estabelecido, artigos na língua estrangeira, resenhas e artigos relacionados a outras

abordagens teóricas.

29

5 RESULTADOS

Foi examinado, através de pesquisa eletrônica, um total de aproximadamente

516 artigos e após contemplados os critérios de inclusão acima descritos foram

selecionados 10 artigos demonstrados na tabela a seguir.

Tabela 1 – Distribuição das Bases de Dados e artigos selecionados

Bases de Dados Total de artigos

Encontrados

Total de artigos

selecionados

Autor/Ano

Google Acadêmico

400 04 Mariana S. P.

Martins, Patricia T.

Seixas, Daniele R.

Meneses et al.

(2017).

Luc Vanderbergue,

Ana Carolina A.

Sousa (2006).

Taniza Viviane G.

Girard, Leandro da

F. Feix (2016).

João Claudio

Todorov, Elenice

Hanna (2010).

Scielo 96 04 Marina Cunha, Ana

Galhardo, José Pinto

Gouveia (2013).

Marcio Sussumu

Hirayma, Daniela

Milani, Roberta

Cunha Rodrigues

(2014).

Karen Vogel (2014).

Marcio B. Moreira,

Carlos Augusto

Moreira (2007).

Pepsic 20 02 Luc Vanderbergue,

Valquiria C. Valadão

(2013).

Monteiro, Érika

Pizziolo et al. (2015).

Fonte: Elaborado pela autora.

30

Os 10 artigos elegíveis segundo os critérios de inclusão estabelecidos para

esse estudo tiveram seus resultados apresentados e analisados a seguir.

No artigo “Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais” de

Vandenbergue e Sousa (2006) é sinalizado como o mindfulness está implicitamente

presente na teoria cognitivo comportamental de primeira, segunda onda e que seus

princípios são mais compatíveis com a terapia de terceira onda.

Segundo Vandenbergue e Sousa (2006), o modelo clássico pautado na teoria

pavloviana (primeira onda) utiliza técnicas de exposição ao vivo indicados para

transtornos de ansiedade, através de exercícios em que o cliente entra em contato

com os pensamentos e sentimentos que mais provocam ansiedade sem tentar

esquivar ou fugir e aceitando a ansiedade sem avalia-la negativamente ou tentar

suprimi-la. Esta abordagem exige um envolvimento intencional do cliente, ou seja,

depende da sua escolha.

A técnica de exposição ao vivo possibilita o indivíduo expor-se no dia- a- dia

às situações ansiogênicas com a intenção de ajudá-lo a aprender e a tolerar estas

situações, os pensamentos e as emoções que elas provocam de forma consciente

sem elaborá-los em sentidos catastróficos. Desta forma durante o trabalho de

exposição o cliente intencionalmente encara o que antes era insuportável para ele e

passa a tolerar os sentimentos negativos (VANDENBERGUE; SOUSA, 2006).

Vandenbergue e Sousa (2006) em seu artigo apontam como resultado que a

prática tradicional da exposição ao vivo mostra um componente fundamental do

mindfulness que consiste em vivenciar as emoções e aceitar os pensamentos sem

julgá-los, mas que a terapia comportamental clássica procura a mudança das

respostas emocionais enquanto que o mindfulness promove a aceitação de

pensamentos e emoções.

No entendimento de Vandenbergue e Sousa (2006), à primeira vista as

terapias pertencentes à segunda onda (terapia cognitiva comportamental tradicional)

parecem ser menos compatíveis com mindfulness por serem pautadas na

modificação do conteúdo dos pensamentos distorcidos enquanto que o mindfulness

promove uma mudança na maneira como o indivíduo lida com os eventos privados.

Vandenbergue e Sousa (2006), baseados em Segal, Teasdale e Williams,

apontam que implicitamente um aspecto do mindfulness já estava presente na

terapia cognitiva comportamental de segunda onda. Partindo da reestruturação

cognitiva, o cliente aprende que o que pensa sobre si mesmo não é a representação

31

correta da realidade. Aprende também que mudanças de atitudes influenciam suas

reações emocionais, que pode pensar diferentemente e que os conteúdos dos seus

pensamentos são produções subjetivas dele próprio. Portanto, não necessariamente

são informações objetivas e confiáveis.

Segundo Vandenbergue e Sousa (2006), a terapia cognitiva comportamental

implicitamente promove mudanças amplas na relação que o indivíduo mantém com

seus pensamentos, ou seja, ao invés de vê-los como atributos de si mesmo ou

representações de fatos, acaba vendo-os como eventos internos que não possuem

valor literal. Os autores apontam que possivelmente esta similaridade no nível

prático tenha facilitado à rápida absorção de mindfulness na tradicional terapia

cognitivo-comportamental.

Vandenbergue e Sousa (2006) apontam que o mindfulness é importante na

prevenção de recaída da depressão em pessoas que passaram com sucesso pela

terapia cognitiva. Os autores apontam que o programa padrão de Segal, William e

Teasdale do ano de 2002, como o de Kabat – Zinn do ano de 1990 trabalha com oito

sessões com intervalos semanais e até doze participantes que não estão deprimidos

na época do treino. O primeiro aspecto a ser discutido no treino é o fenômeno do

piloto automático e depois as habilidades de mindfulness são treinadas. Por último,

ensina-se como usar estas habilidades para lidar com pensamentos automáticos e

como cortar o espiral depressivo no seu início.

Vandenbergue e Sousa (2006) apontam as pesquisas de Segal e Ingram de

1994, Segal, Williams, Teasdale e Gemar do ano de 1996, Williams, Teasdale, Segal

e Soulsby de 2000 e Teasdale et al. de 2002 que mostram que as pessoas com

maior probabilidade de recaída são aquelas que reagem à re-ocorrência de sintomas

depressivos com tentativas de supressão do pensamento ou algum tipo de rejeição

de sentimentos, produzindo assim, cascatas de pensamentos automáticos.

Segundo estas pesquisas, o alvo do treino é ex-pacientes, a fim de trabalhar

reatividade cognitiva e mudanças de humor. A terapia cognitiva baseada em

mindfulness promove a recuperação de um maior leque de modos de reagir, como

alternativos à ruminação depressiva. As técnicas de mindfulness possibilitam o

cliente a detectar o momento em que o humor está abaixando e a impedir a

passagem que o piloto automático faz do humor negativo para o pensamento

negativo. O paciente desenvolve a capacidade de aceitar o humor triste como parte

do cenário e não como o aspecto central de sua existência, como também, estar no

32

momento presente, sem precisar acessar ideias a respeito do passado ou do futuro

que estão de acordo com o modelo, contidos em esquemas depressogênicos

(VANDENBERGUE; SOUSA, 2006).

Roemer e Orsillo (2010), autores do livro “A prática da terapia cognitivo

comportamental baseada em mindfulness e aceitação” acrescentam que dentro da

Terapia Cognitiva Comportamental, percebe-se a adequação da aplicação do

mindfulness, como um instrumento que pode auxiliar o indivíduo a sair do “modo

automático”, da sua realidade estressora e desgastante, conectando-se consigo

mesmo. Desta forma, a prática de mindfulness complementa o arsenal de técnicas

que podem ser utilizadas pelos terapeutas cognitivos.

Segundo Roemer e Orsillo (2010) apesar de ambos focarem no presente, o

principio fundamental do mindfulness é não controlar os pensamentos e não entrar

no mérito do julgamento dos seus conteúdos. O indivíduo passa a observá-los, sem

necessariamente tomá-los pessoalmente e aceitar generosamente tanto o

pensamento como as emoções sem julgamentos. Diferentemente da terapia

cognitiva comportamental que visa avaliar o conteúdo dos pensamentos distorcidos

e transformá-los em pensamentos mais adaptativos.

Para Roemer e Orsillo (2010), na ACT estar presente implica em habilidades

como capacidade de regular a atenção para o agora, experimentar aberta e

totalmente o que está ocorrendo e rotular e descrever tais questões de forma

imparcial. O oposto de tal processo é estar ligado a uma representação cognitiva do

passado ou do futuro. O foco, em ACT, é ser capaz de perceber quando não se está

presente e de forma flexível, deslocar a atenção para o presente se for esse o

melhor interesse do cliente. Segundo estes autores, elementos da ACT são

frequentemente cultivados por várias formas de prática de mindfulness.

A confirmação empírica da terapia cognitivo – comportamental baseada em

mindfulness e aceitação ainda está sendo avaliada e estudada através de

experimentos randomizados controlados. Estes estudos podem ajudar a determinar

quais problemas podem ser tratados de modo mais eficiente com essa abordagem e

se há algumas representações clínicas para as quais as abordagens em mindfulness

e aceitação são contra indicadas (ROEMER; ORSILLO, 2010).

Girard e Feix (2016), autores do artigo, “Mindfulness: concepções teóricas e

aplicações clínicas” apontam como resultado que apesar da diferença entre a TCC

(mudança no conteúdo dos pensamentos distorcidos) e mindfulness (mudança na

33

relação com as vivências internas e externas) não impede que nas terapias

cognitivas o mindfulness seja colocado como uma técnica sistematizada, que pode

ser ensinada e treinada. Esta técnica é utilizada para aumentar a conscientização e

dar uma resposta mais habilmente aos processos mentais que influenciam no

desenvolvimento de certas patologias, problemas emocionais ou comportamentais.

Para Girard e Feix (2016), os problemas clínicos geralmente estão ligados ao

processamento do passado ou futuro (depressão e ansiedade). O mindfulness ajuda

a sair dessa dicotomia. Tem o seu foco na percepção consciente das experiências

internas, observando o surgimento de pensamentos e sentimentos, sem fixarem-se

nos pensamentos muito valorizados e sem tentar desfazer-se dos negativos.

Quando se está com uma confusão de sentimentos, o que normalmente ocorre é

uma reação e não uma consciência da experiência.

Quando se desenvolve o estado ou a habilidade de mindfulness, a tendência

do indivíduo é ser menos reativo, conseguindo agir de forma efetiva e consciente,

frente às experiências. Esses estados de consciência facilitam a observação de

quais gatilhos mantém os eventos mentais mal adaptativos, facilitando a

possibilidade de que os praticantes aumentem os adaptativos e reduzam os mal

adaptativos (GIRARD; FEIX, 2016).

No entendimento de Girard e Feix (2016) o mindfulness contribui com a

terapia cognitiva comportamental à medida que auxilia o indivíduo a sair da

dicotomia entre o passado e futuro, permitindo uma percepção mais consciente de

suas experiências e tornando o indivíduo menos reativo, ou seja, menos sujeito às

emoções que causam sofrimento psicológico e à ruminação de pensamentos.

As práticas de minfulness podem ser utilizadas para acessar estados de

consciência que possibilitam reconhecer a origem de pensamentos e emoções,

permitindo ao indivíduo a aprender a lidar com eles. O foco na atenção das emoções

proporcionam estratégias para geri-las e segundo Girard e Feix (2016), este talvez,

seja o link maior com a TCC, pois, as práticas meditativas podem colaborar com a

identificação de pensamentos disfuncionais que levam a diversas formas de

sofrimento. Confirmar se essa citação é desses autores.

Girard e Feix (2016) citam que KabatZinn encontrou nas TCCs um ambiente

favorável e aberto para as práticas de mindfulness, devido a sua nova tendência em

ensinar que as emoções negativas não devem ser enfrentadas, mas aceitas. A

atenção e a participação ativa do paciente ao momento presente que são princípios

34

do mindfulness são consistentes com a forma que se utiliza na Terapia Cognitivo-

Comportamental.

Germer, Siegel e Fulton (2016) autores do livro “Mindfulness e psicoterapia”

complementam que pessoas que são deprimidas sentem frequentemente remorso,

tristeza ou culpa em relação ao passado e pessoas ansiosas temem o futuro. Alguns

pacientes sentem-se como estivessem presos dentro de um cinema, assistindo ao

mesmo filme perturbador várias vezes, incapazes de sair. Estes autores afirmam que

o mindfulness pode ajudar a sair desse condicionamento e “ver” as coisas

novamente como realmente são.

Germer, Siegel e Fulton (2016) acrescentam que do ponto de vista do

mindfulness, não se busca uma vida livre de dor e sim uma libertação emocional

mais significativa por meio de uma relação plena, receptiva, compassiva com as

dificuldades inevitáveis.

Martins, Seixas e Menezes (2017) no artigo “Mindfulness: um estudo sobre a

percepção dos terapeutas cognitivos no público soteropolitano” aponta para os

benefícios da prática do mindfulness.

O objetivo geral da pesquisa foi identificar a aplicabilidade e os efeitos do

mindfulness em pessoas que se encontram em tratamento psicoterapêutico, a partir

da concepção dos terapeutas cognitivos que utilizam a técnica no contexto

soteropolitano. Foi feita uma análise de conteúdo, onde se verificou que a técnica

promove uma maior efetividade dos tratamentos de diversos transtornos mentais e

emocionais e que não há um momento específico da sessão para aplicação do

mindfulness, variando de acordo com a demanda (MARTINS; SEIXAS; MENEZES,

2017).

O mindfulness ao trazer o paciente para o aqui e agora, sem julgamento,

permite uma consciência corporal e uma redução da autocrítica, o que diminui o

grau de ansiedade e facilita o processo terapêutico por trazer uma sensação de

estabilidade nas tensões emocionais. Esta pesquisa revela que uma mudança “mais

rápida” só poderá acontecer em pacientes que aderirem à técnica e a aplicarem

frequentemente (MARTINS; SEIXAS; MENEZES, 2017).

Os autores, Germer, Siegel e Fulton (2016), concordam que a prática de

mindfulness deve ser praticada permanentemente porque embora o indivíduo possa

aprender e a fortalecer novos hábitos de enfrentar, ao invés de evitar, os velhos

35

hábitos adquiridos permanecem gravados nos circuitos neurais e padrões de

respostas antigos podem surgir durante momentos de estresse ou de transição.

A pesquisa de Martins; Seixas e Menezes (2017) aponta que o mindfulness

também traz benefícios para o terapeuta à medida que pode ser realizado pelo

próprio terapeuta, no intervalo entre os atendimentos, visando a sua relação com o

paciente. Isso faz com que o terapeuta se conecte melhor durante a sessão, se

mostrando mais disponível e atento ao conteúdo trazido no setting.

Com relação à evolução do paciente a partir do uso do mindfulness, a

pesquisa aponta que as respondentes perceberam não apenas uma melhora "mais

rápida", mas também um empoderamento dos usuários da técnica, uma vez que

conseguiam controlar, minimamente, a irritabilidade, ansiedade, trazendo qualidade

ao seu sono, através do foco no aqui e no agora. Dessa forma, houve uma

ampliação da percepção de si mesmos, podendo lidar com os pensamentos que os

angustiam e que afetam diretamente em suas emoções e comportamento

(MARTINS; SEIXAS; MENEZES, 2017).

Martins, Seixas e Menezes (2017) concluíram que a atenção plena requer

engajamento, pois exerce uma influência poderosa sobre a saúde e o bem estar

como atestam as evidências científicas. Porém, por ser uma prática, seu cultivo é um

processo que se desenvolve e se aprofunda com o tempo e com compromisso, o

que exige persistência e disciplina.

Vogel (2014) em sua dissertação de mestrado “Terapia de aceitação e

compromisso no tratamento de fobia de espaços fechados: ensaio clínico

randomizado” complementa que o conceito de mindfulness contribui para uma maior

flexibilidade psicológica à medida que o paciente aumenta sua capacidade de entrar

em contato com o momento presente, evitando a ruminação de pensamentos e

promovendo uma maior tolerância aos eventos, pensamentos e sentimentos

desagradáveis.

No artigo “Aceitação, validação e mindfulness na psicoterapia cognitivo -

comportamental contemporânea” (2013), os autores Vandenbergue e Valadão

apontam que o mindfulness é usado como um instrumento para promover a

aceitação e a reposicionar-se frente à vivência interna.

Segundo Vandenbergue e Valadão (2013) a noção de mindfulness na ACT

pode ser aproximada pela distinção entre o Eu-como-conteúdo (o que pensamos ou

sentimos a respeito de nós) e o Eu-como-Perspectiva (nos distanciamos para

36

observar o pensar e o sentir). O primeiro refere-se às elaborações racionais e

avaliativas que fazemos a nosso respeito. Ter um conceito claro de quem se é

importante, mas este conceito é apenas um pensamento. Permanecer preso com o

que se sente e pensa gera atitudes defensivas e rígidas. O objetivo é o cliente tomar

recuo de seus pensamentos e sentimentos a respeito de si, podendo observá-los e

entender seu significado, mas sem acreditar neles (VANDENBERGUE; VALADÃO,

2013).

A pessoa em contato com o Eu-como-Perspectiva percebe a si como o lugar

onde seus pensamentos e sentimentos passam, inclusive os conceitos e as

percepções sobre si. Na terapia, o cliente se descobre em um contexto em que

percepções, pensamentos, lembranças, desejos e emoções ocorrem, pois entende

que ele não é o que pensa ou sente sobre si, aspecto convergente com a terapia

cognitivo comportamental. Nesta perspectiva não se procura reestruturar o que a

pessoa pensa sobre si, mas ajudá-la a se reconhecer como espectadora de seus

conteúdos e conflitos. O recuo psicológico propiciado pela observação do próprio ato

de observar seus conteúdos psicológicos permite enxergar o lugar deles na

paisagem mais ampla. A pessoa torna-se, portanto, mais capaz de agir de acordo

com suas escolhas e seus valores, e não sob o controle de suas angústias e

conflitos (VANDENBERGUE; VALADÃO, 2013 apud HAYES et al., 2012).

No entendimento de Vandenbergue e Valadão (2013) os princípios de

mindfulness não devem ser postos em segundo plano no tratamento ou ser

considerado uma técnica auxiliar no processo psicoterapêutico. Pelo contrário, é

uma atitude terapêutica que pode ser aplicada na terapia cognitivo comportamental,

mesmo a de segunda onda, que tradicionalmente privilegiam técnicas de

questionamento e modificação de crenças do cliente.

Vandenbergue e Valadão (2013) apontam que é necessária mais pesquisa e

reflexão para compreender qual é, na realidade clínica, a contribuição do

mindfulness e aceitação para deixar o trabalho do terapeuta cognitivo

comportamental mais eficiente, comparado com as técnicas de reestruturação e

mudança cognitiva e comportamental.

Inerente a este crescimento da evidência empírica das intervenções baseadas

no mindfulness nota-se o desenvolvimento de instrumentos de medida que avaliam

competências/processos específicos a este tipo de abordagens (CUNHA;

GALHARDO; PINTO, 2013).

37

Hirayama, Milani e Matheus et al. (2014) em seu artigo “A percepção de

comportamentos relacionados à atenção plena e a versão brasileira do Freiburg

Mindfulness Inventory” inferem que dada a expansão da prática de mindfulness na

psicoterapia muitos questionários tem sido criados para a sua avaliação. Na

literatura internacional a Escala Filadélfia de Mindfulness (EFM) foi encontrada

publicada e adaptada para os brasileiros. Mais dois questionários também foram

adaptados para o português e estão em processo de publicação: o Mindfulness

Attention Awareness Scale e o Five Facets Mindfulness Questionnaire.

Apesar destes avanços, Hirayama, Milani e Matheus et al. (2014) apontam

que são necessários futuros estudos para analisar as propriedades psicométricas do

FMI na cultura brasileira e que o FMI-Br poderá ser um instrumento relevante a ser

aplicado na avaliação da população em geral e na avaliação do efeito e de

mecanismos das intervenções baseadas em mindfulness em implantação e

expansão nos serviços de saúde, educação, gestão e outros setores da sociedade

brasileira.

Em relação à população infantil Cunha; Galhardo e Pinto (2013) apontam em

seu artigo “Child and adolescent mindfulness measure: estudo das características

psicométricas da versão portuguesa” que a CAMM é uma medida válida e fidedigna

para avaliação de competências de mindfulness em crianças e adolescentes.

Inerente a este crescimento da evidência empírica das intervenções baseadas

no mindfulness está o desenvolvimento de instrumentos de medida que avaliam

competências/processos específicos a este tipo de abordagens.

38

6 DISCUSSÃO

Os artigos analisados revelam que a prática de mindfulness pode ser usada

na terapia cognitiva comportamental por ambas focarem no aqui e agora,

propiciando ao indivíduo voltar a sua atenção para o momento presente, não

compartilharem da esquiva experiencial ou vivência emocional e não pensar no

futuro nem ruminar pensamentos.

A revisão bibliográfica apontou que o mindfulness pode ser usado como uma

técnica na psicoterapia à medida que colabora para redução do estresse e colabora

para o individuo deixar de funcionar automaticamente sem ter consciência do que

está fazendo e de suas experiências internas. O individuo por não se dar conta de

seus pensamentos, emoções e sensações pode desencadear sintomas aversivos

que causam sofrimento psíquico.

Apesar da aplicabilidade de mindfulness na terapia cognitiva comportamental,

os autores apontam que há uma diferença nos princípios de ambas.

O principio fundamental do mindfulness é não controlar os pensamentos e

não entrar no mérito do julgamento dos seus conteúdos. O indivíduo passa a

observá-los sem necessariamente tomá-los pessoalmente e aceitar generosamente

tanto o pensamento como as emoções agradáveis ou desagradáveis sem

autocríticas. Mindfulness propõe a flexibilização psicológica e foca em como o

indivíduo se relaciona com seus pensamentos, emoções e sensações. Permite que

o indivíduo tenha uma relação compassiva com suas vivências emocionais para

tranquilizar sua mente inquieta devido as racionalizações e ruminações.

Diferentemente da terapia cognitiva comportamental que visa avaliar o

conteúdo dos pensamentos distorcidos e crenças, transformando em pensamentos e

crenças mais adaptativos e propiciando a reestruturação cognitiva.

Apesar destas diferenças o mindfulness configura-se como uma técnica

pertinente para ser aplicado na terapia cognitivo comportamental à medida que

colabora para o indivíduo ter uma maior consciência de que seus pensamentos são

criados por ele e não representam quem de fato ele é. O mindfulness também se

mostrou eficiente na prevenção de recaídas para pacientes com depressão.

A prática de mindfulness vem ganhando mais espaço nas terapias cognitivas

comportamentais, especialmente nas terapias de terceira onda, que possuem vários

39

aspectos convergentes com esta prática: aceitação, compaixão, atenção plena,

bondade, amor, aceitação, abertura e valores orientadores da ação.

O mindfulness pode promover mais qualidade vida, pois a pessoa aprende a

ter maior controle emocional para lidar com eventos estressores, bem como

pensamentos e emoções negativas pelo seu caráter transitório.

Os artigos apontam questionários que foram adaptados para o português e

que colaboram para avaliar os efeitos e os mecanismos de intervenção baseados

em mindfulness. Nota-se que há mais artigos sobre mindfulness na literatura

estrangeira e que há necessidade de se desenvolver mais estudos controlados

randomizados que demonstram a eficácia do mindfulness nos transtornos

emocionais.

40

7 CONCLUSÃO

A aplicação do mindfulness na terapia cognitivo comportamental visa reduzir o

estresse, a ansiedade e a carga emocional, muitas vezes proveniente de uma vida

acelerada que leva as pessoas a viverem no piloto automático, preocupadas

excessivamente com o futuro ou com o passado, ao invés de viver no aqui e agora.

Esta técnica favorece muito os terapeutas cognitivos comportamentais em

sua prática clínica principalmente em momentos de psicoeducação, consciência e

aceitação de seus pensamentos, emoções e sensações.

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ANEXOS

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu, Cristiane Elia Salge, afirmo que o presente trabalho e suas devidas partes são

de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral sobre

seu conteúdo. Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “Mindfulness e Aceitação na Terapia Cognitivo Comportamental”

isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-

Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus

consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas,

assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações

realizadas para a confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno