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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS Alessandra Soares Luizari ATENÇÃO FARMACÊUTICA: A NECESSIDADE DE UM MODELO ADAPTADO AO BRASIL São Paulo 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Alessandra Soares Luizari

ATENÇÃO FARMACÊUTICA: A NECESSIDADE DE UM MODELO ADAPTADO AO BRASIL

São Paulo

2007

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Alessandra Soares Luizari

ATENÇÃO FARMACÊUTICA: A NECESSIDADE DE UM MODELO ADAPTADO AO BRASIL

Trabalho apresentado à disciplina de Metodologia do Trabalho Científico do curso de Farmácia/FMU, sob orientação da Profa. MS. Patrícia Veríssimo Staine.

São Paulo

2007

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ALESSANDRA SOARES LUIZARI

ATENÇÃO FARMACÊUTICA: A NECESSIDADE DE UM MODELO ADAPTADO AO BRASIL

Trabalho apresentado à disciplina Metodologia do Trabalho Científico do curso de Farmácia/FMU, sob orientação da Profa. MS. Patrícia Veríssimo Staine. Deferido e aprovado em novembro de 2007 pela banca examinadora constituída pelos professores:

Profa. Patricia Veríssimo Staine UniFMU – Orientador

Prof. Osvaldo Cirilo da Silva UniFMU

Profa. Walkyria Sigler UniFMU

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AGRADECIMENTOS A Deus por me fortalecer a cada dia para trilhar com êxito o curso da minha vida profissional. À minha mãe que nunca me deixou desistir dos meus objetivos. À minha avó Jacy por me dizer sempre palavras tão sábias e me tratar com tanto amor. À Andréa por sempre me aconselhar tão sabiamente. À Raquel e ao Ricardo pelos jantares na madrugada.

À Gisele por orar comigo à noite e compreender minha constante correria.

Ao meu pai por estar sempre disposto a me ouvir.

Ao Eduardo por me compreender sempre, principalmente nos momentos de stress.

À Patrícia por me orientar e saber como me incentivar a continuar, sempre melhorar e amar minha profissão. À Sandra pelo seu amor de mãe. À Alba, à Marcela e à Jaqueline pelos estudos em grupo.

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“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine (...), se não tivesse amor, nada

seria.” (I Co 13:1)

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RESUMO Os medicamentos são considerados a principal ferramenta terapêutica para a

recuperação ou manutenção das condições de saúde da população. O farmacêutico

inserido no contexto do tratamento de um paciente específico irá garantir a eficácia e

segurança de sua terapêutica farmacológica. É através da atenção farmacêutica, que

esse paciente terá a garantia de que será o principal beneficiário das ações do

farmacêutico integrado em seu sistema de saúde. O presente trabalho tem por

objetivo apresentar um comparativo entre os modelos de atenção farmacêutica dos

Estados Unidos e da Espanha e confrontá-los com a realidade do sistema de saúde

brasileiro. E dele conclui-se que há, no Brasil, um campo fértil para o farmacêutico,

pois a população necessita de um profissional gabaritado para prestar a atenção

farmacêutica, possuindo como foco central de sua atuação o bem estar do paciente.

Para a implementação, no entanto, de programas de atenção farmacêutica é

necessária uma adaptação dos modelos teóricos existentes à realidade da Saúde

Pública do país, incentivo do governo e nova alteração da grade curricular de

graduação em Farmácia, visando formar farmacêuticos com uma visão mais clínica

de sua profissão, com habilidades e competências para o acompanhamento de

pacientes.

Palavras-chaves: Atenção Farmacêutica, exercício profissional, paciente, doente,

medicamento, PRM, farmacoterapia, Atención Farmacêutica, Pharmaceutical Care

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNE – Conselho Nacional de Educação

CPHC - Comprehensive Pharmaceutical Care

EUA – Estados Unidos da América

MEC – Ministério da Educação

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS – Organização PanAmericana de Saúde

PRM – Problemas relacionados à saúde

PS – Problema de Saúde

SFT – Seguimento Farmacoterapêutico

TOM - Therapeutics Outcomes Monitoring

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SUMÁRIO

1. Introdução................................................................................................................9

2. Conceituando Atenção Farmacêutica....................................................................11

3. Construindo uma filosofia.......................................................................................14

4. Os pilares do Pharmaceutical Care.......................................................................16

5. As etapas do processo...........................................................................................22

5.1 No Pharmaceutical Care......................................................................25

5.2. No método Dáder de SFT...................................................................29

6. A documentação para a prestação de Atenção Farmacêutica..............................32

7. Educação em Atenção Farmacêutica....................................................................36

8. Atenção Farmacêutica no Brasil............................................................................39

9. Conclusão..............................................................................................................44

10. Referências..........................................................................................................46

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história tem sido demonstrado que uma das melhores

maneiras de se combater enfermidades é o emprego de medicamentos através do

processo que, hoje, chamamos de farmacoterapia. (FAUS; ROMERO, 1999)

No entanto numerosos estudos relatam que a farmacoterapia nem

sempre consegue alcançar os objetivos propostos para o tratamento. Isso acontece

por dois motivos: a relação de medicamentos existentes no mercado cresce a cada

dia, os medicamentos de venda livre são largamente consumidos pela população

que os utiliza sem orientação profissional. Esses dois aspectos levam, muitas vezes,

a uma má administração dos medicamentos que pode acarretar desde uma piora na

saúde do paciente até o seu óbito. (FAUS; ROMERO, 1999)

Foi publicado um estudo, nos Estados Unidos da América (EUA), sobre

o custo associado à morbidade e mortalidade devido à má administração dos

medicamentos. O estudo relata que, em 1997, os gastos pelo emprego incorreto de

medicamentos nos país ultrapassavam setenta e cinco milhões de dólares e que

20% das internações hospitalares ocorreram pelo mesmo motivo. (JOHNSON;

BOOTMAN, 1997). No mesmo país o Dr. Stephen W. Shondelmeyer analisou o

impacto econômico desses índices verificando que o gasto total com PRMs, até

1998, era de setenta e seis milhões de dólares. Com isso conseguiu estabelecer, na

época, que a relação entre os custos e benefícios, devido à aplicação da Atenção

Farmacêutica, em pacientes maiores de sessenta e cinco anos era 1:10, ou seja,

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para cada dólar gasto com esse serviço obtinha-se um benefício de dez dólares.

(JÁCOME, 1998)

A solução encontrada para obter um melhor controle do emprego da

farmacoterapia racional foi capacitar um profissional específico para que tivesse

conhecimento profundo sobre medicamentos, o farmacêutico. Nesse pensamento

baseou-se a criação da Atenção Farmacêutica, onde esse profissional poderia

empregar seus conhecimentos farmacológicos na promoção de uma farmacoterapia

apropriada, segura e eficaz para cada paciente, diminuindo os índices de morbidade

e mortalidade por uso incorreto de medicamentos. (FAUS, 2000).

O primeiro passo que tornou possível a concretização dessa prática

foram as reuniões realizadas em Tóquio, em 1993, que culminaram com o

reconhecimento da Atenção Farmacêutica como prática profissional totalmente

aplicável em todos os países. Na segunda reunião foi onde ficou definido que essa

prática é um conjunto de atitudes, comportamentos, compromissos, inquietudes,

valores éticos, funções, conhecimentos responsabilidades e habilidades do

farmacêutico, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos que garantam a

qualidade de vida do paciente. (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE SALUD;

OFICINA SANITARIA PANAMERICANA; OFICINA REGIONAL DE LA

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE SALUD, 1993)

A criação de metodologias específicas, como o “Pharmaceutical Care”

e o “Método Dáder de Seguimiento Farmacoterapéutico (SFT)”, das quais o

farmacêutico pode utilizar-se para realizar intervenções no uso dos medicamentos

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usados por um determinado paciente, após dez anos de sua implementação já

mostrou que pode reduzir 87% dos casos de Problemas Relacionados a

Medicamentos (PRM). (FAUS, 2000)

2. CONCEITUANDO ATENÇÃO FARMACÊUTICA

O primeiro conceito sobre Atenção farmacêutica surgiu nos Estados

Unidos da América (EUA), em 1975, e foi chamado de “Pharmaceutical Care”. Foi

definido, nessa data, por Mikeal e colaboradores como “o cuidado que um

determinado paciente necessita e recebe que assegura o uso seguro e racional de

medicamentos” (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 a. p.12).

Mais tarde Brodie et al. (1980) sugeriu que além das necessidades

medicamentosas durante o tratamento, o “Pharmaceutical Care” deveria abordar as

necessidades pré e pós-tratamento de maneira a facilitar o tratamento de

determinado paciente por todos os profissionais envolvidos e que viriam a envolver-

se em seu caso.

Contudo, a idéia do Pharmaceutical Care tendeu a se focar, dentro das

necessidades clínicas gerais do paciente, no controle da disponibilidade e

distribuição dos medicamentos para seu consumo. E em 1990 surgiu uma

conceituação um pouco mais ampla, citada por Hepler e Strand, que disseram ser o

cuidado farmacêutico um componente do exercício desse profissional que impõe

uma interação direta do mesmo com o paciente, com o propósito de cuidar das

necessidades deste em relação aos medicamentos. E ressaltaram duas principais

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atividades do farmacêutico: a determinação dos desejos, preferências e

necessidades do paciente quanto ao tratamento e o comprometimento do

profissional em concluir o tratamento se iniciado, inferindo que o Pharmaceutical

Care é a prestação responsável da terapêutica farmacológica a fim de se obter os

resultados esperados com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente.

(STRAND; HEPLER, 1990)

Segundo Faus e Martinez (1999) a Atención Farmacêutica é, desde então,

pela provisão responsável da farmacoterapia de um paciente, com o propósito de

alcançar objetivos concretos que melhorem sua qualidade de vida. Em cima desses

pensamentos foram definidos dois objetivos: (1) que o médico e o farmacêutico

envolvidos no tratamento do paciente comprometam-se com ele fazendo com que

os medicamentos utilizados desenvolvam o efeito desejado. (2) estar atento, o

farmacêutico, ao tratamento para que apareça o mínimo de reações adversas

quanto possível.

Para o desempenho desse exercício é necessário que haja

credibilidade do profissional farmacêutico pelo paciente que recebe seus serviços.

Nos EUA, isso foi possível através do projeto elaborado por Hepler e Strand e

intitulado “Minnesota Pharmaceutical Care Project” que redirecionou a profissão

farmacêutica no País para promover o cuidado da saúde de pacientes. Para tanto,

descreveu-se um novo modelo de profissional que não mais se volta para os antigos

modelos de simples dispensação de medicamentos, mas é dotado de preparação

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especial com novos conhecimentos, habilidades diferenciadas e valores centrados

totalmente no paciente. (PHARMACEUTICAL, 1997)

Esse novo contexto da profissão farmacêutica, entretanto, não veio

substituir as funções do médico ou de outros profissionais de saúde, mas somar ao

sistema de cuidados de saúde um conhecimento para organizar e otimizar o

tratamento do ponto de vista farmacoterapêutico. A inclusão desse conhecimento,

dado pelo farmacêutico, se faz necessária uma vez que um determinado paciente

recebe prescrições de vários profissionais diferentes e existem disponíveis no

mercado inúmeros medicamentos e informações farmacológicas para um mesmo

tratamento. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 a.)

A Atenção Farmacêutica deve ser considerada um exercício

profissional, como é em outras profissões que envolvem a área da saúde, como a

medicina, enfermagem, odontologia. Estas possuem seus conceitos, funções,

práticas e responsabilidades muito bem definidas contando com poucos ajustes,

quando necessário, devido aos numerosos estudos que já se realizou sobre as

mesmas desde sua instituição como profissão. Porém, quando se fala em Farmácia

surge uma série de dúvidas quanto a esses parâmetros. Isso resulta num

profissional mal orientado quanto aos seus direitos e deveres e explica o porquê de

alguns países, como o Brasil, não considerarem o farmacêutico como um

profissional de cuidados de saúde. (STRAND; HEPLER, 1990)

Essa falta de credibilidade deve-se por um lado ao isolamento do

farmacêutico do restante do sistema que compõe os cuidados de saúde pela criação

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de um vocabulário próprio, que é incompreendido pelos outros profissionais,

dificultando sua comunicação com eles- e por outro pela falta de uma função clara e

definida da Farmácia, em que possa se apoiar. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY,

2006 a.)

3. CONSTRUINDO UMA FILOSOFIA

Para dar início à prática do Pharmaceutical Care foi necessária, então, a

definição de uma filosofia que orientasse as decisões desse profissional frente a

problemas éticos, administrativos e conceituais. Ela foi descrita por Hepler e Strand

como um conjunto de regras, funções, responsabilidades e propósitos que

fundamentou o exercício farmacêutico em dois pilares. O primeiro - atender as

necessidades sociais considerando as particularidades de cada caso - determina

que o profissional seja responsável por amenizar a morbidade e mortalidade ligada

ao uso de medicamentos e garantir que o tratamento seja adequado, seguro e

eficaz. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2000 a.)

O segundo - centrar-se no paciente – permite que o paciente seja visto como

um parceiro no planejamento do tratamento, pois é uma pessoa com direitos,

conhecimentos e opiniões e não apenas como um receptor de fármacos ou conjunto

de órgãos que reagem a estímulos medicamentosos. Isso permite que sejam

consideradas, sobretudo, as necessidades e preferências do indivíduo tratado, pois

ele é o alvo do cuidado não o medicamento. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY,

2000a.)

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Essa filosofia foi baseada na idéia de que a relação entre o profissional

e o paciente deve se fundamentar em princípios como: respeito, honestidade,

autenticidade, empatia, sensibilidade, confidência e paciência. Por parte do

farmacêutico deve haver: competência, permissão da independência do paciente,

apoiar e defender o mesmo, e responsabilidade pelas intervenções. E por parte do

paciente: confiança, credibilidade e cooperação. (STRAND; HEPLER, 1990)

Dentro dessa visão é que foi proposto o objetivo do “Minnesota

Pharmaceutical Care Project”: encontrar uma ligação entre a teoria e a prática do

cuidado farmacêutico. Para tanto contou com a participação de membros do

“Minnesota Pharmacists Association” (Associação dos Farmacêuticos de

Minnesota); do “Minnesota State Board of Farmacy”, um tipo de Conselho Regional

de regulação da profissão farmacêutica; de organizações de administração de

cuidados de saúde; de indústrias farmacêuticas e de farmácias comunitárias.

(PHARMACEUTICAL, 1997)

Para que fosse possível inovar e pôr em prática o novo conceito do

exercício farmacêutico os autores do projeto perceberam que era necessário alguns

pré-requisitos. São eles: descrevê-lo de forma clara para ser aprendido, praticado e

divulgado entre as demais profissões; desenvolver um novo sistema de

administração informatizada que possibilite a organização de toda documentação

que envolve o cuidado farmacêutico (formulários, registros de evolução do paciente

e etc.); determinar o custo dos serviços prestados e sua forma de remuneração.

(PHARMACEUTICAL, 1997)

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4. OS PILARES DO PHARMACEUTICAL CARE

Após três anos de pesquisa e avaliação dos resultados do “Minnesota

Pharmaceltical Care Project” chegou-se a um consenso do que deveria ser o

exercício da profissão. À medida que se volta para o paciente, equilibra-se entre seu

sistema de administração, sua filosofia e seu processo de cuidado ao paciente,

conforme ilustra a figura 1. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 a.)

Figura 1: O Exercício do Pharmaceutical Care (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006. a.)

O primeiro ponto de equilíbrio, a administração, deve ser desempenhado por

um profissional capacitado para a função que não precisa ser essencialmente da

área da farmácia, mas que não deve interferir nas decisões do farmacêutico

responsável pelo cuidado. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 e.). O

administrador é responsável por estabelecer um planejamento de gestão para um

exercício a longo prazo, desenvolver políticas e padronizar métodos que facilitem o

processo do cuidado ao paciente e providenciar os recursos necessários para que

esse serviço seja eficaz. (HEPLER; STRAND, 1990)

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O segundo implica que se façam algumas diferenciações entre a farmácia de

dispensação e o cuidado farmacêutico: a farmácia de dispensação tem seu foco no

produto (medicamento) e seu propósito é levá-lo ao paciente e tem seu espaço

arquitetado em função da venda desses produtos e são eles que trazem o lucro para

a empresa. O sucesso do negócio é medido pelo número de prescrições médicas

atendidas. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 e.).

A Atenção Farmacêutica tem seu foco no paciente e seu propósito é levar o

farmacêutico até ele e seu espaço é construído de maneira a atender as

necessidades desse paciente, o que acaba por trazer lucro para a empresa. Assim,

seu sucesso, ser medido através dos resultados obtidos com o paciente.

(PHARMACEUTICAL, 1997)

Esse sucesso depende, sobretudo, da qualidade da administração. Existe um

item importante do processo que pode auxiliar essa administração: a documentação.

Faz parte do processo porque é feita pelo farmacêutico e não pelo administrador, as

auxilia esse último porque dá bases para mudanças e/ou melhorias na forma de

administração. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 b.)

O terceiro ponto do equilíbrio não é apenas uma lista de atividades que o

farmacêutico deve executar, mas um conjunto de ações que estão intimamente

ligadas (coleta de dados, geração de informações, avaliação clínica, decisões,

documentação de resultados) e contribuem para o sucesso do tratamento. O

processo não impede, mas respeita a “liberdade da arte” permitindo que cada

profissional possa executar o cuidado farmacêutico de modo particular, mas

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mantendo um único método de cuidado ao paciente. Essa liberdade não impede,

portanto, que se mantenha uniforme o processo do cuidado ao paciente mesmo que

vários profissionais estejam envolvidos. A uniformidade dos processos executados é

importante, pois permite que haja compreensão do exercício desenvolvido e tem seu

início na faculdade, ou seja, a padronização do ensino sobre cuidado farmacêutico é

que vai garantir que seja executado por todos os estudantes de Farmácia e

profissionais da mesma maneira. Essa uniformização também permite que todas as

etapas (ambulatória, hospitalar, domiciliar) do tratamento do paciente ocorram de

modo contínuo e eficaz. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 b.)

Em 2001 foi realizado em Granada, Espanha, um fórum para se

discutir os avanços no campo da Atenção Farmacêutica e constatou-se que o

número de pacientes que recebiam a atenção de farmacêuticos até esse ano era

ainda muito escasso. (FACULDAD DE FARMACIA DE GRANADA; ESCUELA

ANDALUZA DE SALUD PÚBLICA, 2001). A discussão levou a uma reflexão sobre

as razões que levariam ao não desempenho, por parte dos farmacêuticos

assistenciais, de um papel tão importante no âmbito da saúde pública. (HEPLER;

STRAND, 1990). E dessa reflexão surgiu o “Programa Dáder de Implementación del

Seguimento del Tratamiento Farmacológico” que teve sua apresentação em outubro

de 2000, no Primeiro Congresso Nacional de Atención Farmacéutica. O programa

tinha por objetivo alcançar que os farmacêuticos assistenciais aprendessem a fazer

Atenção Farmacêutica a seus pacientes pela prática do Método Dáder de SFT. Ele

foi um incentivo a esses profissionais para que iniciassem a implementação do

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serviço em suas farmácias de maneira gradual, para que pudesse ir adquirindo a

experiência necessária com o tempo. (FAUS, 2000)

O modo básico de processo sugerido por Hepler e Strand possui três

aspectos: é guiado pelas necessidades de medicamentos do paciente; descreve as

atividades do farmacêutico no processo de maneira padrão e sistemática; permite

ao farmacêutico avaliar as necessidades do paciente, aplicar todos os recursos

disponíveis para atendê-las e determinar os resultados reais de cada paciente. Esse

modelo deve ser executado de tal forma que possibilite ser reconhecido como

componente do cuidado farmacêutico de um profissional para outro, de um paciente

para outro e de um dia para outro. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 b.)

Esses pilares nortearam a criação, na Espanha, de uma metodologia

que se enquadrasse nas particularidades da Atención Farmacêutica, que levou o

nome da autora, Maria José Faus Dáder, e ficou conhecida como “Método Dáder de

Seguimento Farmacoterapêutico (SFT)”. O método foi desenhado pelo “Grupo de

Investigación Farmacêutica der la Universidad de Granada” e utiliza-se da História

Farmacoterapêutica do doente, isto é, problemas de saúde que apresenta e

medicamentos que utiliza, para identificar e resolver seus Problemas Relacionados

a Medicamentos (PRM). (MACHUCA; LLIMÓS; FAUS, 2003)

Em dezembro de 1998, quando da reunião de um grupo de

profissionais farmacêuticos no Primeiro Consenso de Granada, o termo “Problemas

Relacionados a Medicamentos” (PRM) foi acordado e teve sua definição enunciada

como um problema de saúde, vinculado à farmacoterapia, que interfere ou pode

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interferir nos resultados esperados da saúde do paciente. (COMITÊ DE

CONSENSO, 2002)

No entanto o assunto já era discutido há muito tempo. Em 1990 Hepler

e Strand já se preocupavam em conceituar, descrever e classificar (em oito

categorias) os problemas que os medicamentos podem acarretar à saúde (HEPLER;

STRAND, 1990). Uma das novidades que o primeiro consenso trouxe foi a

classificação dos PRMs em seis categorias. Uma redefinição desse conceito foi

proposta somente em 2002, no segundo consenso de Granada: problemas de

saúde entendidos como resultados clínicos negativos provocados por diversas

causas que, devidos à farmacoterapêutica, impossibilitam o alcance do objetivo

terapêutico proposto ou provocam o aparecimento de efeitos não desejados.

(COMITÊ DE CONSENSO, 2002)

De acordo com o consenso de 1998 a classificação dos PRM foram,

então, classificados segundo sua natureza: por necessidade, por falta de

efetividade, por falta de segurança (ver tabela 1). O primeiro envolve os PRM

relacionados à utilização de medicamentos: o doente não utiliza a medicação que

necessita (PRM1) ou utiliza uma medicação que não necessita (PRM2). O segundo

está relacionado aos problemas de saúde (PS), ou seja, qualquer anormalidade na

saúde que possa afetar ou já afetou uma capacidade funcional do paciente que, por

esse motivo, encontra-se doente: o doente tem um PS devido a uma não efetividade

quantitativa (PRM4) ou não quantitativa (PRM3) da medicação. O último está ligado

á segurança que o paciente sente em relação ao medicamento: quantitativa (PRM6)

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ou não quantitativa (PRM4). (COMITÊ DE CONSENSO, 2002; MACHUCA;

LLIMÓS;FAUS, 2003)

TABELA 1: Classificação dos PRMs

CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

PRM 1 O doente tem um problema de saúde por não utilizar a medicação que necessita.

PRM 2

Necessidade O doente tem um problema de saúde por utilizar um medicamento que não necessita.

PRM 3 O doente tem um problema de saúde por uma não efetividade quantitativa da medicação.

PRM 4

Efetividade O doente tem um problema de saúde por uma não efetividade quantitativa da medicação.

PRM 5 O doente tem um problema de saúde por uma insegurança não quantitativa de um medicamento

PRM 6

Segurança O doente tem um problema de saúde por uma insegurança quantitativa de um medicamento.

(MACHUCA; LLIMÓS;FAUS, 2003)

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5. AS ETAPAS DO PROCESSO

No Pharmaceutical Care o processo do cuidado é definido como a

aplicação da filosofia do exercício - o que realmente fica visível para o paciente, pois

ocorre diretamente entre ele e o profissional que o atende – e envolve três etapas:

(1) análise da situação do paciente em relação ás suas necessidades

farmacológicas e identificação de PRMs. (2) o farmacêutico e o paciente elaboram

juntos um planejamento do processo descrevendo seus objetivos e ações para

resolução/prevenção dos problemas relacionados na primeira etapa. (3) avaliação

do processo pelo profissional para determinar os resultados obtidos. (CIPOLLE;

STRAND; MORLEY, 2006 b.)

Em cada etapa são analisados os propósitos da mesma e em termos

gerais descritas as atividades nela realizadas (JÁCOME, 1998). As três etapas se

produzem de modo contínuo e linear para um mesmo paciente e na ordem descrita,

porém cabe ao farmacêutico decidir a necessidade em avançar ou retroceder entre

a primeira e a segunda. Isso ocorre, pois nesse modelo de Cuidado Farmacêutico

norte-americano um mesmo paciente raramente se consulta duas vezes com um

mesmo profissional, sendo que a cada nova consulta são acrescentadas novas

informações e a avaliação é reiniciada. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 b.)

O Método Dáder é estruturado de maneira semelhante embora

fragmente o processo em nove etapas: (1) a oferta de serviço, (2) a primeira

entrevista, (3) o estado da situação, (4) uma fase de estudo, (5) a fase de avaliação,

(6) a fase de intervenção, (7) os resultados da intervenção, (8) um novo estado de

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situação, (9) a organização das visitas sucessivas. Um diferencial apresentado em

relação á metodologia do Pharmaceutical Care é a importância dada á apresentação

do serviço ao cliente. O Método Dáder de SFT enfatiza que ela deve ser feita em

momento oportuno, quando o farmacêutico suspeita que o cliente possa ter algum

PRM. O farmacêutico deve oferecê-lo a qualquer doente, mesmo que não tenha

certeza da existência de um PRM, pois essa será confirmada ou não durante a

avaliação do Estado da Situação. (FAUS; ROMERO; LLIMÓS, 1999)

Apesar do modelo pré-estabelecido do Pharmaceutical Care Hepler e

Strand propõem duas vertentes para o acompanhamento de pacientes que utilizam

medicamentos. O “Comprehensive Pharmaceutical Care” (CPHC), que pode ser

traduzido como Atenção Global, foi encabeçado por Strand e refere-se ao

seguimento que o farmacêutico faz com qualquer tipo de paciente, sem passar por

triagem, que esteja disposto a adquirir esse serviço. Hepler propõe o “Therapeutics

Outcomes Monitoring” (TOM), que pode ser traduzido como Monitoramento de

Resultados Terapêuticos, é uma atenção farmacêutica voltada para pacientes

específicos, pertencentes a uma determinada classe de risco, ou seja, que possuem

uma enfermidade crônica, que se encontram em uma situação especial, precisam

utilizar determinado medicamento por um longo período. (FAUS; MARTINEZ, 1999

a.). Essa seleção de pacientes por grupos de risco é importante pois pessoas que

apresentam dois ou mais diagnósticos podem ter um alto risco de desenvolver

PRMs por fazerem uso de mais de um medicamento. E aqueles que possuem

enfermidades devido a debilidade de algum órgão específico (insuficiência cardíaca

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ou renal, doença pulmonar, disfunção hepática) possuem grande possibilidade de

sofrerem alterações no seu metabolismo pelo uso de medicamentos. (FERREIRA,

2002)

Há vários pontos a serem considerados no TOM. Antes da oferta de

serviço aos clientes da farmácia deve-se definir o tipo de pacientes com que se

pretende trabalhar (hipertensos, diabéticos, psiquiátricos, entre outros) detendo-se a

esse grupo especificamente. Dessa maneira fica mais fácil aprofundar os

conhecimentos sobre as enfermidades dos pacientes em seguimento bem como em

suas respectivas farmacoterapias. A TOM, mais do que promover o uso correto dos

medicamentos, pretende aumentar a qualidade de vida dos pacientes educando-os

sobre sua condição de saúde e em relação aos hábitos que deve possuir para que

seja realmente efetiva. (FAUS; MARTINEZ, 1999 a.)

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5.1. NO PHARMACEUTICAL CARE

Na análise da situação, primeira etapa, independente da maneira como

o paciente chega ao farmacêutico (espontaneamente ou por encaminhamento

médico) o profissional inicia seu tratamento farmacológico pelas necessidades de

medicamento do paciente naquele momento que são avaliadas pela maneira como

o paciente vê a situação: de acordo com o conhecimento do paciente sobre o

medicamento a ele administrado e sua doença, suas expectativas quanto ao

tratamento e suas preocupações quanto a sua saúde. Essa análise possui três

propósitos: (1) determinar que toda a terapêutica farmacológica seja correta, efetiva,

segura e eficaz para o paciente. (2) identificar os possíveis problemas com

medicamentos que podem interferir nos propósitos do tratamento. (3) identificar os

problemas com medicamentos potenciais que podem ser prevenido no futuro.

(CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 b.)

No “Comprehensive Pharmaceutical Care”, de Strand, a análise da

situação do paciente envolve identificar a origem do uso de cada medicamento que

o paciente está usando no momento e, assim, poder avaliar a eficácia da

farmacoterapêutica empregada. Podem ser três essas origens: prescrição médica,

indicação farmacêutica ou automedicação. No caso de prescrição médica faz-se

necessário verificar se a mesma não contém erros de dose, de duração do

tratamento, se o paciente não tem sensibilidade a nenhum dos ativos ou, ainda, se o

medicamento prescrito não interfere na ação de outros que estão sendo utilizados

concomitantemente. Quanto à indicação por parte do farmacêutico considera-se que

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deve ser feita sempre de acordo com protocolos clínicos dados pelo médico ou pela

equipe de saúde envolvida no tratamento desse paciente. (FAUS; MARTINEZ,

1999a.)

O planejamento do cuidado, segunda etapa, é um projeto de igual

responsabilidade por parte do profissional e do paciente. Para que os objetivos e

propósitos reciprocamente acordados sejam alcançados ambos devem trabalhar

juntos apesar de diferirem em conhecimento, preocupações e valores. O

planejamento é a etapa que vai orientar as ações do paciente e do farmacêutico

para alcançar os objetivos terapêuticos estabelecidos na etapa da análise.

(CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006. b.).

Identificar esses objetivos é o primeiro e mais importante passo do

planejamento do cuidado sendo que para cada objetivo deve-se determinar o tempo

de execução, as ações e intervenções a serem feitas para se obter as condições

clínicas desejadas e prevenir o aparecimento de novos problemas. (CIPOLLE;

STRAND; MORLEY, 2006. b.). Lembrando que as intervenções são fundadas nas

preferências do paciente, selecionadas de acordo com suas necessidades e

limitadas de acordo com sua tolerância e conhecimento farmacológico do

profissional. (HEPLER, 2000)

A avaliação do seguimento, última etapa, tem extrema importância no

exercício do cuidado farmacêutico e pode ser realizada sempre que o farmacêutico

julgar necessário, quando já se pode detectar que um dos objetivos propostos foi

alcançado, a cada novo problema de saúde do paciente ou em tempos pré-

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estabelecidos. Essa etapa avalia os resultados reais obtidos com o tratamento

farmacológico aplicado e permite saber se, de fato, ele é seguro além de ajudar o

farmacêutico a fazer alterações no mesmo quando necessário. É importante

ressaltar que essa avaliação considera, sobretudo, a satisfação do paciente, que é

decorrente do sucesso do tratamento e não ao sucesso em si. Em suma, essa etapa

inclui a avaliação clínica do farmacêutico e verifica a eficácia do planejamento do

cuidado e dos tratamentos farmacológicos associados. (HEPLER; STRAND, 1990).

A partir das informações obtidas, que são documentadas num formulário pré-

determinado, o farmacêutico analisa se houve ou não progresso no tratamento e se

os objetivos, inicialmente traçados, foram alcançados. Em distúrbios agudos essa

análise pode ser feita com os resultados reais obtidos e nas doenças crônicas pela

análise da situação atual do paciente e se foram alcançados os objetivos propostos

para o período. O primeiro passo para a avaliação é definir o estado atual do

paciente. Para facilitar essa tarefa foi criado um vocabulário especial que pudesse,

além de definir o estado do paciente, indicar as necessidades de manutenção ou

alteração do tratamento. Para avaliar a situação do paciente temos oito situações

teóricas (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 b.):

o Resolução: todos os objetivos determinados na etapa de

planejamento foram alcançados com sucesso e o tratamento deve ser finalizado. A

resolução é geralmente conseguida em casos de doenças agudas.

o Estabilidade: até o momento da avaliação foram alcançados os

objetivos esperados e o mesmo tratamento deve ser mantido. Este é o caso de um

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paciente portador de doença crônica, o objetivo do tratamento para esse paciente é

sempre que a doença esteja controlada (estabilidade) e se essa estabilidade é

alcançada o objetivo foi atingido indicando que o tratamento tem sido eficaz, e deve

ser mantido.

o Melhoria: há uma evolução do paciente indicando que não há

necessidade de alterações no tratamento.

o Melhoria parcial: existe uma evolução do paciente, porém menor

do que o esperado indicando que devem ser feitos pequenos reajustes no

tratamento.

o Ausência de melhoria: a avaliação indica pouca ou nenhuma

melhoria, mas a evolução do paciente ainda é esperada e, portanto, não devem ser

feitas alterações no tratamento.

o Piora: ocorre uma piora na saúde do paciente indicando a

necessidade de mudanças no tratamento.

o Fracasso: a avaliação indica que o planejamento foi elaborado

me maneira equivocada não ajudando na melhora da saúde do paciente. O

tratamento deve ser interrompido e um novo iniciado.

o Óbito: o paciente veio a óbito durante o tratamento

farmacológico.

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5.2. NO MÉTODO DÁDER DE STF

Na oferta do serviço é exposto ao doente que o objetivo do STF é

conseguir a máxima efetividade dos medicamentos que ele utiliza não devendo

focar os aspectos negativos que esses podem trazer. Deve-se explicar que o

farmacêutico não irá, em momento nenhum, substituir a função de outros

profissionais de saúde que trabalham concomitantemente na tentativa de

proporcionar os melhores resultados possíveis para o tratamento do paciente. E que

também não irá suspender ou alterar posologias prescritas pelo médico envolvido

sem o consentimento do mesmo. Por fim deve-se ressaltar a importância da co-

participação profissional/paciente na elaboração do Seguimento e nas tomadas de

decisões. (FAUS; ROMERO; LLIMÓS, 1999).

Essa primeira etapa é determinante no sucesso do SFT. Contudo é

preciso ressaltar que não se deve efetuar a oferta de serviço antes de se determinar

se a Atenção farmacêutica é realmente necessária e, para isso, é preciso obter e

analisar informações que identificam se o paciente tem algum problema de saúde

real que envolva o uso de medicamentos. (OSHIRO; CASTRO, 2006). Diante da

aceitação do cliente o mesmo torna-se paciente e, então, é marcada a Primeira

Entrevista, que é o primeiro passo prático na tentativa de detectar os possíveis

PRMs do doente e subdivide-se em três partes (FAUS; ROMERO; LLIMÓS, 1999):

o Parte 1: (Fase de Preocupações e problemas com a saúde do

doente) o papel do farmacêutico consiste em anotar toda

informação dada pelo paciente a respeito da saúde deste e

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depois transcrevê-las para um documento próprio, o Histórico

Farmacoterapêutico do Paciente.

o Parte 2: (Medicamentos que o doente utiliza) permite saber o

grau de conhecimento que o doente tem sobre os

medicamentos que utiliza. Para isso ele leva, no dia, todos os

medicamentos que tem em casa, o que é conhecido como

“sacola de medicamentos”, bem como todos os documentos que

possui referentes à sua saúde como relatórios médicos e

análises clínicas.

o Parte 3: (Fase de Revisão) é apenas uma verificação das

informações para assegurar que todas foram anotadas

corretamente.

A Avaliação do Estado avalia a situação inicial do paciente de acordo

com os dados obtidos na Primeira Entrevista. Nele são avaliados os Problemas de

Saúde (parte 1) – avalia quando cada um teve início e o grau de controle sobre

esses problemas; Medicamentos (parte 2) – avalia a data de início do uso de cada

medicamento, se a posologia está correta e o cumprimento de cada tratamento

prescrito por médicos, envolvendo medicamentos; feita uma Avaliação ((parte 3) –

para identificar os PRMs; e por fim é feita a Intervenção Farmacêutica (parte 4) –

anotando-se as datas de cada intervenção.

As fases de Estudo e Avaliação se complementam a medida que

correlacionando os PS encontrados com os medicamentos que o doente utiliza

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consegue-se esclarecer as causas e consequências dos possíveis PRMs. (COMITÊ

DE CONSENSO, 2002). Isso ajuda o farmacêutico na orientação de seu paciente

quanto à prevenção de novas doenças e na educação deste. A avaliação permite,

ainda, identificar se há algum PS que não esteja sendo tratado. Essa avaliação é

uma maneira de monitorar o paciente para saber como ele está respondendo ao

tratamento. (MACHUCA; LLIMÓS; FAUS, 2003).

Segundo Ferreira (2002) o monitoramento de um tratamento

medicamentoso é um processo que engloba todas as funções necessárias para

assegurar que o mesmo seja adequado, seguro, eficaz e econômico para o paciente

a que é destinado. Esse monitoramento permite avaliar se todos os medicamentos

que o paciente utiliza são realmente necessários, se estão produzindo as respostas

terapêuticas esperadas e se ele está usando cada um de maneira correta.

A Fase de Intervenção é a etapa em que se elabora um plano de ação

para a resolução dos PRMs considerando as prioridades estabelecidas pelo

paciente. Se o PRM for devido à má administração por parte do paciente ela pode

ser feita sem comunicar o médico responsável pela prescrição, porém, se o erro

constar na prescrição o médico deve ser comunicado e concordar com a

intervenção do farmacêutico. De qualquer maneira todas as intervenções feitas

devem ser anotadas e datadas. As conseqüências do plano de ação serão avaliadas

na etapa que trata dos Resultados das Intervenções e ela trará um Novo Estado de

Situação o qual determinará a necessidade de Visitas Sucessivas do paciente.

(MACHUCA; LLIMÓS; FAUS, 2003)

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6. A DOCUMENTAÇÃO PARA A PRESTAÇÃO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA

Para o exercício profissional é essencial que se tenha uma

documentação organizada de tudo o que é feito com o paciente desde o

planejamento até a obtenção dos últimos resultados das mudanças que ocorreram

ao longo do tratamento. Esses registros são importantes, pois servem como fonte de

informação para o paciente, para o farmacêutico e para o administrador do programa

de atenção, além de comprovar a veracidade do serviço prestado. (CIPOLLE;

STRAND; MORLEY, 2006 c.)

De acordo com a metodologia do Pharmaceutical Care são três os

registros que devem organizar o cuidado com o paciente: Registro de cuidado

farmacêutico do paciente, Planejamento do cuidado farmacêutico personalizado pelo

paciente, Relatórios da administração do exercício profissional. (HEPLER; STRAND,

1990)

O primeiro – Registro de cuidado farmacêutico do paciente - é para uso

do profissional e deve ser individualizado para cada paciente. Deve conter dados que

descrevam o paciente e sua doença bem como conter informações sobre os

medicamentos utilizados, via de administração, dose, duração o tratamento, entre

outros de maneira a formar uma base de dados de consulta do profissional sobre

tudo o que envolve esse paciente, para o planejamento do cuidado personalizado e

para os relatórios de administração. Todas as informações devem ser detalhadas e

anotadas concomitantes à sua observação ou decisão pela mesma. Esse registro é

importante para a preservação do profissional frente á uma futura ação judicial feita

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por um paciente contra ele, pois com os registros é possível saber todas as medidas

que foram adotadas na terapêutica farmacológica desse paciente e se a denúncia

tem fundamento ou não. Mas a maior importância do registro é a garantia de

qualidade no serviço prestado ao paciente, pois o volume de informações

necessárias para se prestar o cuidado farmacêutico é muito grande e seria

impossível que o profissional as retivesse na memória. Dessa maneira a

documentação das informações possibilita que todos os detalhes sejam lembrados

no momento da avaliação do tratamento. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 c.)

Outro ponto importante é a auto-avaliação do profissional que só

consegue detectar seus erros e acertos quando avalia sua conduta ao longo do

tempo. O registro ainda constitui a base para a remuneração do profissional por esse

serviço. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 c.)

No Método Dáder o documento que abriga essas informações é

denominado História Farmacoterapêutica do paciente o qual é preenchido ao fim da

Primeira Entrevista. Além dos dados pessoais do paciente existem campos

específicos para a anotação das informações sobre a “bolsa con medicamentos”, de

medicações anteriores ao acompanhamento farmacoterapêutico e das doenças

diagnosticadas que ele possui. (MACHUCA; LLIMÓS; FAUS, 2003)

O segundo documento, na metodologia do Pharmaceutical Care -

Planejamento do cuidado farmacêutico personalizado pelo paciente - é para uso do

paciente devendo ser levado consigo para que sirva de fonte de consulta sempre que

o mesmo tiver dúvidas a respeito de seu tratamento (horários, vias de administração,

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alimentação). Esse registro foi criado para integrar o paciente na sua terapêutica

farmacológica e mostrar que ele é capaz de participar ativamente no seu próprio

cuidado desde que haja informações e recursos adequados. O registro resume em

forma de “lista” e com vocabulário não técnico todas as informações que o paciente

precisa saber sobre os medicamentos que está tomando, o que é importante para

que possa discutir suas dúvidas com qualquer um dos profissionais envolvidos em

seu tratamento (médico, dentista, fisioterapeuta, farmacêutico, entre outros). A lista

contém ainda informações como preferências do paciente, indicação ou condição

médica a ser tratada, instruções para usos concomitantes e o nome do farmacêutico

que recomendou o medicamento e a data da última consulta com ele, além de conter

um campo para o paciente anotar suas dúvidas e comentários, sendo que deve ser

atualizada constantemente. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 c.)

Um documento semelhante a esse, no Método Dáder, é denominado

Estado de Situação e tem por objetivo trazer um retrato escrito do paciente para que,

de modo prático, se consiga visualizar o estado de saúde do mesmo. Permite fácil

visualização de todos os medicamentos que o paciente está fazendo uso no

momento bem como os PS associados à posologia de cada um e algumas

informações adicionais como: alergias, intolerâncias. É um documento bastante

completo sobre o estado de saúde e a farmacoterapia empregada ao paciente.

(MACHUCA; LLIMÓS; FAUS, 2003)

O último documento, na metodologia do Pharmaceutical Care -

Relatórios da administração do exercício profissional – não tem o propósito de cuidar

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de um paciente específico, mas de prestar um melhor cuidado a todos os pacientes.

A análise dos registros descritos anteriormente ajudará a responder questões como:

quantos pacientes são atendidos por dia e qual a duração média de uma consulta,

quais os problemas mais comuns no exercício, quais os recursos mais utilizados no

cuidado com o paciente. Esses informes certamente influenciarão em posteriores

tomadas de decisões por parte da gerencia, pois vão auxiliar a determinar os tipos de

serviços prestados que são mais úteis e devem ser continuados e quais, por não

serem tão úteis, podem ser descartados, já que os dados compilados descrevem os

recursos necessários para satisfazer as necessidades dos pacientes. É importante

ressaltar a importância da utilização de softwares específicos para a compilação dos

dados. Quanto mais específico for o programa utilizado melhor será sua resposta. Os

relatórios têm várias importâncias: ajudam o profissional a conhecer melhor sua

profissão, melhorar seu rendimento e qualidade e compreender melhor a natureza da

terapêutica farmacológica. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 c.)

No Método Dáder esse documento não é tão completo embora traga

todas as informações sobre as intervenções farmacêuticas feitas durante todo o

tratamento farmacoterapêutico. É intitulado “Intervenção Farmacêutica” e tem por

objetivo prestar um melhor cuidado não a todos os pacientes, mas a um específico.

(MACHUCA; LLIMÓS; FAUS, 2003)

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7. EDUCAÇÃO EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA

Faus e Martinez (1999) destacam como objetivos da profissão

farmacêutica o respeito ao paciente, ao médico e ao medicamento. E para atingí-los

se faz necessário que a educação em Atenção Farmacêutica tenha seu foco em

aprender a trabalhar com pacientes que têm problemas de saúde (PS), com os

médicos envolvidos no tratamento desses PS e com os medicamentos, que servirão

como ferramentas para o êxito do tratamento.

No entanto, foi quando da consolidação do Pharmaceutical Care que se

observou a necessidade de mudanças estruturais na formação acadêmica do

farmacêutico no sentido de prepará-lo para a prestação desse serviço, lidando com

pacientes, médicos e medicamentos. Pensando nisso foi criado, nos EUA, um

programa de certificação para o modelo Pharmaceutical Care pela equipe do “Peters

Institute of Pharmaceutical Care”, da Faculdade de Farmácia da Universidade de

Minesotta. O programa funcionava como uma especialização totalizando 120 horas

e, além da parte teórica, foi composto por uma parte prática e um exame de

avaliação da capacidade profissional nele desenvolvida. E baseou-se em seis

unidades de aprendizagem: motivar o profissional a dedicar tempo e energia para

satisfazer as necessidades farmacológicas do paciente; aprender o exercício do

Pharmaceutical Care; engajar-se na experiência inicial desse exercício; conhecer as

enfermidades de maior incidência, suas terapêuticas farmacológicas e os pacientes

normalmente a elas associados. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006 f.)

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Esse programa de certificação foi o primeiro impulso no âmbito da

educação em Atenção Farmacêutica e foi essencial para se definir o conteúdo desse

tipo de curso. E essa visão estendeu-se à Espanha onde foram criados cursos tipo

“Master” que também são equivalentes a especializações. (ACOSTA, 1999). Eles

são desenvolvidos para que o profissional adquira habilidades como auto-

aprendizagem; bom manejo nas técnicas de comunicação ao tratar com o médico,

paciente ou equipe de saúde; trabalhar em equipe, monitorar pacientes, planejar as

terapias, motivar seu pessoal, delegar funções, resolver problemas e tomar decisões.

O profissional também adquire conhecimentos a respeito das fontes de informação

sobre medicamentos as quais terá que consultar e sobre a documentação que

utilizará e aprende a lidar com alguns outros conhecimentos já adquiridos na sua

formação acadêmica como: fisiologia, fisiopatologia, farmacologia, farmacoterapia,

terapias não-medicamentosas e análises clínicas. (JÁCOME, 1998)

Considerando que a inclusão da Atenção Farmacêutica na área

profissional farmacêutica representa uma mudança do paradigma desse profissional

essas mudanças no âmbito acadêmico tornam-se fundamentais, para que desde a

formação acadêmica haja capacitação do farmacêutico nesse novo modelo da

profissão. (OSHIRO; CASTRO, 2006). Por esse motivo é que Cipolle afirmava a

importância do aprendizado em Atenção Farmacêutica logo nas primeiras etapas da

formação acadêmica do profissional farmacêutico, para que dessa maneira os alunos

possam ir adaptando-se com essa prática ao longo do curso. (JÁCOME; GARCIA,

1999)

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Com um pensamento semelhante, durante a Pré II-Conferência

Nacional de Educação Farmacêutica, que ocorreu no Brasil em 2001, a presidente

da Comissão de Ensino do Conselho Federal de Farmácia brasileiro, Magali

Bermond, declarou que apenas uma mudança do ensino iria corroborar para a

formação de profissionais capacitados em atender melhor a população. Pois

somente com a apropriação do conhecimento é possível aplicá-lo criticamente. (SÃO

PAULO, 2001)

No mesmo ano foi, então, homologado o parecer do Ministério da

Educação (MEC) e do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre as novas

diretrizes curriculares do curso de Farmácia no país. O documento dita as atuais

competências e habilidades que os estudantes de Farmácia devem adquirir durante

a graduação. As competências gerais atribuídas aos farmacêuticos são:

“... estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e

reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada

profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma

integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde. Os

profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões da

ética/bioética, tendo em contas que a responsabilidade da atenção à saúde

não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema

de saúde, tanto a nível individual como coletivo.” (BRASIL, 2001, p.25)

Dentre as qualificações específicas da área estão também: orientar o

público no uso de medicamentos de venda livre; promover o uso racional de

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medicamento; avaliar prescrições médicas, exames laboratoriais clínicos e tóxicos, a

toxicologia dos medicamentos e as interações que podem causar com outros

medicamentos e com alimento. (BRASIL, 2001)

Com essas qualificações o profissional farmacêutico sai da faculdade

perfeitamente capacitado para prestar Atenção Farmacêutica seja em ambiente

hospitalar ou em farmácias comunitárias, pois deixa de ser um profissional apenas

tecnicista e para voltar-se ao lado humanístico da profissão. E é na compreensão do

processo de Atenção Farmacêutica que o professor adquire um papel fundamental a

fim de que os alunos possam interpretar e exercer soluções responsáveis

relacionados aos problemas com medicamentos de seus pacientes. (PERETTA;

CICCIA, 2000 a.)

8. ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL

Foi no ano de 1997 que, no Brasil, se iniciou uma nova visão da

profissão farmacêutica de que esse profissional poderia atuar juntamente aos

pacientes, desempenhando uma função mais humanística e menos técnica. Nessa

época surgiram vários eventos como cursos, congressos, fóruns, trabalhos científicos

com enfoque na terapêutica medicamentosa do paciente, que trouxeram à discussão

da importância do farmacêutico nesse contexto. Foi então que se começou a falar

em Atenção Farmacêutica no Brasil. (OSHIRO; CASTRO, 2006)

Em 1998 foi aprovada a primeira Política Nacional de Medicamentos

(PNM), que se tornou um importante referencial de incentivo à Assistência

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Farmacêutica no Brasil. Ela tem por objetivo garantir a necessária segurança,

eficácia e qualidade dos medicamentos; promover seu uso racional e o acesso da

população àqueles considerados essenciais para viabilizar uma reorientação da

assistência farmacêutica no país (BRASIL, 1998). Outro ponto importante

preconizado pela primeira PNM é o desenvolvimento de recursos humanos para a

reorientação da Assistência Farmacêutica e a capacitação de profissionais em

Atenção Farmacêutica atende exatamente a essa necessidade. (OSHIRO; CASTRO,

2006)

A Organização Pan-Americana de Saúde (2002) elaborou um relatório

dos trabalhos realizados no Brasil, entre 2001 e 2002, no âmbito da Atenção

Farmacêutica, ao qual foi dado o nome de “Trilhando Caminhos” com o objetivo de

formar um consenso para a promoção da Atenção Farmacêutica no país. O conceito

dela proposto foi:

“É um modelo de prática farmacêutica desenvolvida no contexto da

Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos,

comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na

prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma

integral à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o

usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados

definitivos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida.”

(IVAMA, 2002, p.19)

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Propôs, para tanto, “macro-estratégias” para a concretização e

acreditação dessa prática. São algumas das propostas no âmbito político: buscar

articulações que possibilitem o envolvimento dos diferentes atores com a

implementação da Atenção Farmacêutica; atuar juntamente aos órgãos

governamentais e ao congresso nacional; elaborar uma política de formação e

desenvolvimento de recursos humanos que viabiliza essa prática; firmar mecanismos

para a normatização, regulamentação e estruturação dos serviços farmacêuticos. No

âmbito organizacional: realizar seminários nacionais referentes a esse exercício e

estimular a formação de grupos de estudo e experiência. No âmbito da divulgação:

publicar, em português, textos considerados fundamentais para o aprimoramento do

conhecimento em Atenção Farmacêutica; ampliar a divulgação das experiências

feitas nesse ramo em congressos, encontros e seminários relacionados à área da

saúde; divulgar a importância de se notificar reações adversas a medicamentos

(RAM). No âmbito da educação: promover a educação à distância e continuada;

incentivar a prática da Atenção Farmacêutica nas farmácias-escolas; adequar as

diretrizes curriculares a essa nova realidade da profissão. No âmbito econômico:

buscar financiamentos junto do Ministério da Saúde para a estruturação de projetos

nessa área. (IVAMA, 2002)

Ainda em 1997 foi posto em prática, em Minas Gerais, um projeto de

acompanhamento farmacoterapêutico para hipertensos e diabéticos em farmácia

comunitária, provando que sua prática é totalmente viável no país. (OSHIRO;

CASTRO, 2006). Mas foi em 2001, com a I Conferência Nacional de Educação

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Farmacêutica que profissionais e entidades brasileiras começaram a, de fato,

preocupar-se com a implantação desse “novo” sistema de atenção á saúde. A

Conferência discutiu ações para aproximar o ensino farmacêutico brasileiro às

recomendações feitas, há muito, pela Organização Pan-Americana de

Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS). A OMS considera a Atenção

Farmacêutica uma ferramenta imprescindível no processo de recuperação da saúde

e que, sem esse serviço, o paciente sofre transtornos de saúde desnecessários e o

sistema de saúde fica como um todo prejudicado. (SÃO PAULO, 2001)

Em 2002 foi elaborada uma proposta de consenso sobre Atenção

Farmacêutica para o Brasil, divulgada no relatório “Trilhando Caminhos”, que contou

com a participação de vários farmacêuticos de treze estados totalizando dezoito

cidades participantes. Dentre as experiências realizadas estão: implementação de

um programa de Atenção Farmacêutica na farmácia USIMED (Paraná), prestação de

Atenção Farmacêutica para hipertensos (Paraná, Minas Gerais e Goiás), para

diabéticos (Minas Gerais), para pacientes em uso de anticoncepcionais (Goiás).

(IVAMA, 2002)

Após a publicação do relatório outros trabalhos e pesquisas

continuaram a ser feitos, o que levou Oshiro e Castro (2006) inferirem que o atual

estágio da pesquisa em Atenção Farmacêutica na Brasil é reflexo da já existente

massa crítica capaz de implantar e implementar a prática da Atenção Farmacêutica

em nosso país. E complementam que é evidente os resultados terem sucesso como

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ocorreu nos Estados Unidos, na Espanha, entre outros que, hoje, já têm a prática

desse exercício muito bem consolidada.

A dificuldade, no entanto, de implantação da atenção ao paciente no

Brasil encontra-se na resistência oferecida pelos proprietários das farmácias

comunitárias em realizar as mudanças que a mesma exige. (OLIVEIRA, A. B. et al,

2005). A atenção ao paciente exige, em geral, uma reorientação das funções e

responsabilidades dos funcionários das farmácias comunitárias e a elaboração de

guias para as necessidades dos pacientes (PERETTA; CICCIA, 2000 b.). Exige

adequar o número de funcionários (e de farmacêuticos) da farmácia, pois a atenção

ao paciente toma muito mais tempo do farmacêutico do que a assistência que é feita

ao paciente quando esse chega ao balcão com uma receita médica. Outra exigência

seria obter um local privativo, dentro da farmácia onde se possam realizar as

consultas de modo que não haja interferentes que atrapalhem esse processo, entre

outros fatores como a própria educação em Farmácia. (PERETTA; CICCIA, 2000 c.)

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9. CONCLUSÃO

Frente aos danos que o uso inadequado das terapias medicamentosas

podem causar à população, faz-se necessário que o farmacêutico busque dentro de

sua formação uma maneira de fazer com que este quadro seja revertido. (OLIVEIRA,

A. B. et al, 2005).

O uso racional de medicamentos, bem como os problemas

relacionados aos medicamentos, trouxe o conceito da Atenção Farmacêutica, que se

tornou uma disciplina dentro da Farmácia capaz de unir as partes técnica, teórica e

social da profissão e veio possibilitar o reconhecimento do farmacêutico como

profissional de saúde capaz de promover esse uso racional. (PERETTA; CICCIA,

2000 b.)

A Atenção Farmacêutica constitui uma prática centrada no paciente que

tem por objetivo enquadrar o farmacêutico como profissional responsável pela

terapia medicamentosa do mesmo a fim de eliminar ou diminuir os problemas

relacionados a medicamentos. (OLIVEIRA, A. B. et al, 2005). Contudo, a implantação

dessa nova função farmacêutica exige uma ampla mobilização de profissionais e

acadêmicos. Ela já é uma realidade em países como os EUA e a Espanha e no

Brasil o primeiro passo para alcançar esse objetivo deu-se coma Pré-II Conferência

Nacional de Educação Farmacêutica. (SÃO PAULO, 2001). A conferência gerou

mudanças nas diretrizes curriculares da graduação em Farmácia que passaram a

enfocar a atuação do farmacêutico como profissional de saúde exigindo do mesmo

um aperfeiçoamento interdisciplinar condizente com suas novas responsabilidades.

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As discussões da conferência não só tornaram possível prestar atenção ao paciente

com qualidade, como foram e tem sido um incentivo aos profissionais da área

seguirem essa linha de trabalho. (OLIVEIRA, A. B. et al, 2005)

O Brasil apresenta um campo bastante fértil e promissor para a

implantação da atenção farmacêutica, já que há um amparo legal do ponto de vista

político, que permite ao farmacêutico prestar esse serviço, que inserido no contexto

da Assistência Farmacêutica, tem como enfoque não só a melhoria da qualidade de

vida do paciente, mas também a diminuição dos gastos da rede pública com

medicamentos e internações provenientes do uso inadequado dos mesmos. Do

ponto de vista educacional a grade curricular das faculdades já foram adequadas,

dando aos alunos do curso de farmácia a capacitação necessária para a prestação

da atenção farmacêutica: fisiologia, farmacologia, farmacoterapia, análises clínicas e

a própria disciplina de atenção, trazem ao aluno um contato direto com as atitudes

que deverão ser tomadas, para promover a melhoria da saúde e bem estar da

população. (PERETTA; CICCIA, 2000 b.)

Para que haja a implementação da atenção farmacêutica, basta que o

profissional da área tenha coragem e determinação para começar, de forma tímida,

mas eficiente, atuar em sua profissão como um agente promotor de saúde, aquele

que será novamente reconhecido pela população como a parte final e mais

importante do processo da cura, uma vez que ele é a pessoa mais próxima e

acessível ao paciente. (BRASIL, 1996; SÃO PAULO, 2001)

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