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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA (UniFOA) Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente JAIR ANTONIO DE CARVALHO Alimentação Saudável: Uma reflexão andragógica sobre a nutrição do adulto Volta Redonda 2009

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA (UniFOA) Mestrado Profissional em Ensino em

Ciências da Saúde e do Meio Ambiente

JAIR ANTONIO DE CARVALHO

Alimentação Saudável:

Uma reflexão andragógica sobre a nutrição do adulto

Volta Redonda

2009

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA (UniFOA) Mestrado Profissional em Ensino em

Ciências da Saúde e do Meio Ambiente

JAIR ANTONIO DE CARVALHO

Alimentação Saudável:

Uma reflexão andragógica sobre a nutrição do adulto

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre

ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves

Volta Redonda

2009

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C331a Carvalho, Jair Antonio de. Alimentação saudável: uma reflexão andragógica sobre a nutrição do adulto / Jair Antonio de Carvalho. – Volta Redonda: UniFOA, 2009. vii, 26[54]f.: il. 85 f. Dissertação (Mestrado). – Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA. Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2009.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves.

1. Educação alimentar - andragogia. 2. Alimentação saudável. 3. Nutrição - ferramenta didática. I. Título.

CDD 613.28

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JAIR ANTONIO DE CARVALHO

Alimentação Saudável:

Uma reflexão andragógica sobre a nutrição do adulto

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre

Aprovado em 10 de Julho de 2009

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves

UniFOA

_____________________________________

Profa. Dra. Carmem Lúcia Paiva Silveira

UNIPLI

_____________________________________

Prof. Dr. Adilson Costa |Filho

UniFOA

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por permitir que o cosmo conspirasse a favor para que esta jornada se concretizasse.

Aos meus familiares que não mediram esforços em detrimento de meus ideais.

À Marlene, minha mulher, pelo companheirismo, cumplicidade e dedicação.

Ao meu orientador, professor Fábio Aguiar Alves pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores, coordenadores e demais autoridades do mestrado, sempre dispostos a sanar qualquer dificuldade.

Aos meus colegas de turma que em nenhum momento negaram

qualquer tipo de apoio ou ajuda.

À Ana, minha secretária, pela dedicação e apoio.

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RESUMO

O ensino de ciências, tanto em teoria como na prática, vem se desenvolvendo nos últimos anos, embasado nas informações da história, da filosofia e da sociologia. O trabalho educativo em ciências deve levar o aprendiz a interagir com os conhecimentos assimilados. A andragogia (do grego: andros = adulto e gogos = educar) significa ensino de adultos. No modelo andragógico a educação é de responsabilidade compartilhada entre professor e aluno. A andragogia fundamenta-se no “aprender fazendo”. Enquanto que na pedagogia, a aprendizagem é direcionada, na andragogia, é facilitada. A educação de adultos tem merecido especial atenção da UNESCO desde a sua criação, especialmente no que se refere à alfabetização e educação básica de adultos. O adulto não pode ser tratado como criança ou adolescente. Inquéritos nutricionais têm apontado com freqüência que a falta de conhecimentos, é o principal fator determinante da subnutrição. Educar em nutrição implica em criar novos significados e sentidos para o ato de comer. Este trabalho tem como objetivos, promover reflexão sobre a educação alimentar, à luz da andragogia e a elaboração de ferramentas didáticas informativas. Livro didático abordando aspectos alimentares do adulto e do idoso. Cartilha informativa sobre Alimentação saudável, esta ferramenta, com o aval do Comitê de Ética do UniFOA, foi submetida a uma pesquisa de validação, com um grupo de pais da Escola Municipal Mário Villani - Volta Redonda - RJ. Foram elaborados artigos científicos envolvendo aspectos educacionais e nutricionais. A falta de informação é um dos fatores, que comprometem consideravelmente a saúde de uma população, mais importante não são as informações em si, mas o ato de transformá-las em conhecimento. Intervenções específicas devem ser feitas, quando o grupo apresenta algum desvio nutricional a fim de corrigir e prevenir futuros problemas que possam comprometer a saúde das pessoas. Campanhas tanto de ordem pública, quanto privada devem ser desenvolvidas, no sentido de levar às populações, conhecimentos básicos sobre educação e saúde, através de medidas simples, focando as questões de: higiene pessoal e ambiental, alimentação saudável, saúde oral e questão postural, entre outras. Palavras chave: Ensino de Adultos; Andragogia; Educação Alimentar; Ferramenta Didática; Qualidade de vida.

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ABSTRACT The science learning, either in theory or practical, has been developing for the last years, based on history information, philosophy and sociology. The science education work should lead the student to interact with the assimilated knowledge. The andragogy (from Greek: andros = adult and gogos = learning) means adult learning. In the anadragogic model the education is shared by student and teacher. The andragogy is funded in the “learning doing”. While the pedagogy is a directed learning, the andragogy is a facilitated one. The adult education has a special attention from UNESCO, since its creation, especially in respect to alphabetization and basic education of adults. The adult cannot be seen as a teenager or child. Nutritional inquiries have pointed with frequency to the absence of knowledge as the main factor for malnutrition. Nutritional education implies on creation of new meaning and directions to the act of eating. This study has as an objective, to promote a reflexion about nutritional education under andragogy lights and elaboration of informative didactic tools. A book with nutritional aspects for adults and ancient. Informative folder about healthy nutrition, this tool, with the permition of UniFOA ethical committee, was submitted to a validation among parents from Escola Municipal Mário Villani - Volta Redonda - RJ. There were elaborated articles about nutritional aspects and education. The lack of information is one of the factors that considerably compromise the population’s health. The information itself is not the most important, but transformation in knowledge. Interventions should be made if a group presents a deviation on the nutrition to correct or prevent future health problems. Events, either from te government or from private initiative should be developed to bring this knowledge to the population, focusing questions as: hygiene, public health and environment, healthy nutrition, oral health, posture among others. Key words: Adult learning, andragogy, nutritional education, learning tool, life quality.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 OBJETIVOS ......................................................................................................... 13 MÉTODOLOGIA ................................................................................................. 14 RESULTADOS .................................................................................................... 17 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 19 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 21 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 23 ANEXOS ............................................................................................................ 25

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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL:

Uma reflexão andragógica sobre a nutrição do adulto.

INTRODUÇÃO

O ensino de ciências

O ensino de ciências desenvolveu-se muito nos últimos anos. Matthews (1995) relata

que tanto a teoria como a prática do ensino de ciências estão sendo enriquecidas pelas

informações colhidas da história e da filosofia da ciência, paulatinamente, reconhece que a

história, a filosofia e a sociologia da ciência contribuem para uma compreensão maior, mais

rica e mais abrangente da ciência. Esta iniciativa é oportuna, considerando-se a elevada

evasão de alunos e de professores das salas de aula (MATTHEWS (1988) apud Matthews

(1995).

A crise do ensino de ciências pode ser minimizada por meio de medidas simples e de

fácil aplicação como: a humanização das ciências, aproximando-as dos interesses da

comunidade; tornar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas, permitindo assim, o

desenvolvimento do pensamento crítico; facilitar o entendimento “mais” integral do conteúdo

científico (transposição didática), contribuindo para a superação da falta de significação;

melhorar a formação do professor, levando-o a uma maior compreensão da estrutura das

ciências.

A Ciência da Nutrição vem se estabelecendo, nacional e internacionalmente, como

instrumento básico e eficaz no alcance do bem viver. Através de numerosas pesquisas sobre

fatores biopsicossociais que interferem no estado nutricional, surgiram novas técnicas e

conhecimentos sobre a composição corporal, cuidados a serem observados na prescrição

dietética e planejamento alimentar, a fim de atender às necessidades nutricionais.

O trabalho educativo em ciências deve focar teoria e prática, levando o aprendiz a

interagir com os conhecimentos assimilados. A democratização do ensino é condição

fundamental para o desenvolvimento de uma nação. É de fundamental importância o

reconhecimento da escola como instrumento de formação da cidadania.

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A ciência como conhecimento é movimento que se constrói, define-se e redefine-se

vinculada ao contexto histórico que a origina e é necessário que reconheçamos que o

conhecimento, como ciência, não nasce e morre dentro de um tempo determinado, senão, que

se alimenta do que existe antes dele e fornece alimento ao que lhe sucede, sem nunca deixar

de existir como referëncia (GUSMÃO, 1997 p. 8-25).

Educação andragógica

O processo andragógico é ignorado pelos sistemas tradicionais de ensino, que na

maioria dos casos, tentam ensinar adultos com as mesmas técnicas didáticas usadas no ensino

de crianças. Apesar de Galileu Galilei (1564-1642) afirmar que: “não se pode ensinar coisa

alguma a alguém, pode-se apenas auxiliá-la a descobrir por si só”.

Segundo Oliveira (2007) no começo do século VII, foi iniciada na Europa escola para

o ensino de crianças, cujo objetivo era - preparar jovens rapazes para o serviço religioso -

eram as conhecidas Catedrais ou Escolas Monásticas. Os professores dessas escolas tinham

como missão a doutrinação dos jovens na crença, fé e rituais da igreja. Eles associaram uma

série de pressupostos sobre aprendizagem, ao que denominaram de "pedagogia"- a palavra,

literalmente, significa: "a arte e ciência de ensinar crianças" (A etimologia da palavra é grega:

"paido", que significa criança, e "gogos" que significa educar). Esse modelo de educação

monástico foi mantido através dos tempos até o século XX, por não haver estudos

aprofundados de sua inadequação para outras faixas etárias que não a infantil. Infelizmente

ele veio a ser a base organizacional de todo o nosso sistema educacional, incluindo o

empresarial. Entretanto, logo após a Primeira Guerra Mundial, começou a crescer nos Estados

Unidos e na Europa um corpo de concepções diferenciadas sobre as características do

aprendiz adulto.

Segundo Hamze (2008) a andragogia (do grego: andros = adulto e gogos = educar), é a

arte de ensinar aos adultos, que não são aprendizes sem experiência, pois o conhecimento vem

da realidade (escola da vida). Na andragogia, o aluno busca desafios e soluções de problemas,

que farão diferença em suas vidas. O aluno adulto aprende com seus próprios erros e acertos e

tem imediata consciência do que não sabe e o prejuízo que a falta de conhecimento traz.

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Para DeAquino (2007), a andragogia apresenta-se atualmente, como uma alternativa à

pedagogia e refere-se à educação centrada no aprendiz para pessoas de todas as idades.

Knowles (2005) relata que o conceito de autodireção talvez seja o mais debatido na

andragogia. Há duas dimensões relativamente independentes de autodireção: auto-ensino e

autonomia pessoal. O conceito de que todos os adultos tenham plena capacidade ou ambas as

dimensões geralmente não é aceita.

No modelo andragógico, a aprendizagem é de responsabilidade compartilhada entre

professor e aluno. A andragogia fundamenta-se no “aprender fazendo”. O adulto traz consigo

os saberes de suas vivências, embora dúvidas e medos o acompanhem, eles deixam à vista um

ser cheio de vida e experiência existencial.

Knowles (2005) afirma que, a andragogia permanece um dos modelos proeminentes

da aprendizagem adulta e é freqüentemente o primeiro a ser encontrado por iniciantes na

aprendizagem adulta. Apesar das limitações, há muitas oportunidades para a Andragogia na

pesquisa e na prática. Embora saudáveis debates sobre o processo e propósitos da

aprendizagem de adultos certamente continuem, substanciais avanços na pesquisa e na prática

também continuarão a ocorrer para formatar ambos: a arte e a ciência da andragogia.

Ainda segundo Perissé (2007) os conceitos andragógicos devem ser aplicados na

formação do professor, uma vez que o professor é adulto e necessita ver e tratar seus alunos

adultos como pessoas verdadeiramente livres e responsáveis. Esta é a motivação das

motivações - ser tratado como um ser inteligente, capaz de acertar na vida. Muito além das

notas, os alunos maduros anseiam ver como a realidade acadêmica concorrerá de fato para

que sua realidade pessoal seja dinâmica, produtiva. Os professores de alunos adultos,

pressionados por problemas que a pedagogia só em parte sabe solucionar, precisam estudar

Andragogia. O adulto aprendiz é quem melhor nos ensinará a lhe ensinar.

Hamze (2008) relata ainda, que na Andragogia a aprendizagem tem uma

particularidade mais centrada no aluno, na independência e na autogestão da aprendizagem,

para a aplicação prática na vida diária.

Segundo DeAquino (2007 p. 13).

Nossa grande preocupação é que, por um lado, a necessidade de se ter mais

conhecimentos, habilidades e atitudes é cada vez maior no mundo de hoje. Por outro,

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atingir e motivar as pessoas para que elas aprendam e se desenvolvam mais e melhor é

uma tarefa cada vez mais difícil. O distanciamento entre alunos e seus professores e

salas de aula é cada vez mais abismal. O medo de fracassar e a falta de alinhamento das

expectativas dos alunos com as de seus professores e universidades levam a um alto

grau de desistência ou de não comprometimento por parte daqueles que precisariam

aprender. A grande discussão hoje existente nos meios universitários e de educação

continuada é se a pedagogia é uma forma adequada para o ensino e aprendizagem de

adultos ou se a andragogia, uma abordagem que considera a postura crítica e a

necessidade da experimentação, seria capaz de trazer resultados melhores para esse

grupo particular de aprendizes.

Chotguis (2008) relata que apenas em 1950 alguns educadores começaram a organizar

idéias em torno da noção de que adultos aprendem melhor em ambientes informais,

confortáveis, flexíveis e não ameaçadores. Dez anos depois, já então nos anos 60, um

Iugoslavo, educador de adultos, participando de um seminário de verão na Boston University,

expôs o termo “andragogia”, como um conceito mais organizado a respeito da educação de

adultos.

A andragogia foi apresentada como a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender e

era ostensivamente a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e

ciência de ensinar crianças. O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto,

persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi a base da organização do

nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para

tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será

aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz

somente o papel submisso de seguir as instruções do professor.

Segundo DeAquino (2007) a andragogia, inicialmente definida como a arte de ajudar

os adultos a aprender, apresenta-se atualmente como uma alternativa à pedagogia e refere-se à

educação centrada no aprendiz para pessoas de todas as idades.

Segundo Knowles (2005) à medida que as pessoas amadurecem, sofrem

transformações como: passar de pessoas dependentes para indivíduos independentes

(autodirecionados); acumular experiências de vida que vão fundamentar o substrato de seu

aprendizado; seus interesses se direcionam para o desenvolvimento das habilidades que utiliza

no seu papel social; esperar uma imediata aplicação prática do que aprendem; preferir

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aprender para resolver problemas e desafios e passar a apresentar motivações internas mais

intensas do que motivações externas.

Cavalcanti (1999) faz um comparativo das características da aprendizagem, no foco da

pedagogia e da andragogia:

Quanto à relação professor e aluno - na pedagogia, o professor é centro das ações,

decide o que ensinar, como ensinar e avalia a aprendizagem; na andragogia, a aprendizagem

adquire uma característica mais centrada no aluno, na independência e na autogestão da

aprendizagem.

Quanto às razões da aprendizagem - na pedagogia, crianças devem aprender o que a

sociedade espera que saibam; na andragogia, as pessoas aprendem o que realmente precisam

saber (aprendizagem para aplicação prática na vida diária).

Quanto à experiência do aluno - na pedagogia, o professor é centro das ações, decide o

que ensinar, como ensinar e avalia a aprendizagem; na andragogia, a experiência é rica fonte

de aprendizagem, através da discussão e da solução de problemas em grupo.

Quanto à orientação da aprendizagem - na pedagogia, a aprendizagem acontece por

assunto ou por matéria; na andragogia, a aprendizagem é baseada em problemas exigindo

ampla gama de conhecimentos para se chegar à solução.

Knowles (2005) faz um comparativo das ações, no modelo pedagógico e no modelo

andragógico:

Quanto ao papel da experiência - no modelo pedagógico, a experiência daquele que

aprende é considerada de pouca utilidade, dando maior importância à experiência do

professor; no modelo andragógico, os adultos são portadores de uma experiência que os

distingue das crianças e dos jovens. Em numerosas situações de formação, são os próprios

adultos, com a sua experiência, que constituem o recurso mais rico para a sua própria

aprendizagem.

Quanto à vontade de aprender - no modelo pedagógico, a disposição para aprender

aquilo que o professor ensina tem como fundamento, critérios e objetivos internos à lógica

escolar, ou seja, a finalidade de obter êxito e progredir em termos escolares; no modelo

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andragógico, a disposição para aprender aquilo que o professor ensina tem como fundamento,

critérios e objetivos internos à lógica escolar, ou seja, a finalidade de obter êxito e progredir.

Quanto à orientação da aprendizagem - no modelo pedagógico, a aprendizagem é

encarada como um processo de conhecimento sobre um determinado tema, sendo dominante a

lógica centrada nos conteúdos, e não nos problemas; no modelo andragógico, a aprendizagem

é orientada para resolução de problemas e tarefas com que se confrontam na sua vida

cotidiana (o que desaconselha uma lógica centrada nos conteúdos).

Quanto à motivação - no modelo pedagógico, a motivação para a aprendizagem é

fundamentalmente resultado de estímulos externos ao sujeito, como é o caso das

classificações escolares e das apreciações do professor; no modelo andragógico, os adultos

são sensíveis a estímulos de natureza externa (notas, etc.), mas são os fatores de ordem interna

que motivam o adulto para a aprendizagem (satisfação, auto-estima, qualidade de vida, etc).

De acordo com a proposição de Kaufmann (2000), a andragogia é descrita hoje mais

como uma forma seqüencial do modo de aprender do que como uma teoria. Ela oferece

quando muito, as diretrizes de aprendizagem para pessoas que tenham tendência à autonomia

e à auto-instrução. Kaufmann propõe sete hipóteses sequenciais para a aprendizagem

andragogica, que são:

1. é necessário um ambiente de aprendizagem eficaz;

2. os estudantes devem se sentir calmos do ponto de vista psíquico;

3. eles devem se sentir seguros para se exprimir sem se expor ao julgamento ácido ou ao

ridículo;

4. os estudantes devem participar da elaboração do programa de estudos que deve ser

efetivo para o conteúdo e para o processo de aprendizagem;

5. devem ser estimulados a participar na determinação de suas necessidades educativas, o

que favorece à auto motivação, auto-avaliação e a reflexão;

6. os estudantes devem fixar suas necessidades de aprendizagem, ou seja, a

responsabilidade principal por seu aprendizado é deles próprios;

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7. deve-se incitá-los a identificar os recursos necessários para que atinjam os objetivos de

aprendizado.

Esse princípio estabelece a ligação entre as necessidades, os recursos e os objetivos

finais da aprendizagem; auxiliar os estudantes a por em prática seus projetos de

aprendizagem. Um dos elementos-chave da motivação é a expectativa de alcançar um bom

resultado. Quando muito cobrado, ele perde a motivação para estudar, caindo a taxa de

aprendizagem, aparecendo o mal resultado, sendo necessário que os estudantes estejam

implicados em seus próprios processos de avaliação. Essa é uma ferramenta fundamental ao

processo de aprendizado autodirigido e que necessita de um processo de reflexão crítica.

Knowles (2005) afirma que, o comportamento do aprendiz varia de acordo com a

aprendizagem. Situações da vida afetam também o estilo andragógico de aprendizagem.

Experiências atuais também ajudam a formatar a aprendizagem. Adultos aprendem mais no

contexto da vida real. Motiva-se mais em aprender para solucionar problemas. Durante anos

se refinou o modelo andragógico emergente. Alguns refinamentos podem ter enfraquecido o

modelo, porém outros o fortificaram. Aprender é um fenômeno complexo que desafia

qualquer modelo.

Chotguis (2007) relata que o modelo andragógico é baseado em vários pressupostos

que são diferentes daqueles do pedagógico, que são: a necessidade de saber, o auto conceito

do aprendiz, o papel das experiências dos aprendizes, a orientação para Aprendizagem e a

motivação.

Knowles (2005) afirma que, deve-se entender os vários conceitos chave incluindo-se a

definição de teoria, distinção entre aprendizagem e educação e as complexidades envolvidas

na definição de aprendizagem, daí, conclui-se que: teoria é um sistema de ideias coerentes e

internamente consistentes sobre um conjunto de fenômenos. Educação enfatiza o educador,

enquanto a aprendizagem, enfatiza a pessoa na qual ocorrerão mudanças. Embora esta

definição seja facilmente compreensível, desenvolver uma definição de trabalho de

aprendizagem é muito mais complexo. A teoria de aprendizagem, refere-se a métodos de

aprendizagem enquanto a de ensino, refere-se a métodos empregados para se influenciar a

aprendizagem, logo, entende-se a aprendizagem como processo de ganho de conhecimento e

ou experiência.

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Cavalcanti (1999) relata que a capacidade de autogestão do aprendizado, de auto-

avaliação, de motivação intrínseca pode ser usada, nas empresas, como base para um

programa, onde empregados assumam o comando de seu próprio desenvolvimento

profissional, com enormes vantagens. Uma gestão baseada em modelos andragógicos poderá

substituir o controle burocrático e hierárquico, aumentando o comprometimento, a auto-

estima, a responsabilidade e capacidade de grupos de funcionários resolverem seus problemas

no trabalho.

Bellan (2005) destaca que, quando se olha a aprendizagem de adultos através da

andragogia, vê-se que o papel do professor, como é tradicionalmente conhecido, deve ser

revisto. Porque os alunos adultos são conscientes de suas habilidades e experiências, e exigem

mais envolvimento no processo de aprendizagem. O professor deve transformar-se em

facilitador, um agente de transformação.

Knowles (2005) afirma que, a andragogia é o modelo certo numa dada situação de

aprendizagem adulta e disse ainda, em 1989 que, preferia pensar na andragogia como modelo

de conceitos que servem como base para uma teoria emergente.

A transição da pedagogia para a andragogia deve ser feita durante os estudos

universitários, tendo em vista que a maioria dos graduandos inicia os estudos como

adolescente e termina como adulto. Cavalcanti (1999) enfatiza a necessidade do método

andragógico nas universidades para maior eficiência educacional.

Educação do adulto

É fato incontestável a importância da educação no processo de desenvolvimento pleno

de uma sociedade, para que seus integrantes possam fazer uso de seus diretos sociais,

tornando-se assim cidadãos inseridos dentro de sua comunidade.

Leitão (2004) destaca, que apesar de todos os avanços em torno das concepções de

educação - apoiados, sobretudo, no desenvolvimento das ciências humanas, o que observamos

é que nem sempre essas referências trazem modificações substanciais às práticas, nem sempre

garantem uma relação efetiva, um melhor desempenho no aprendizado ou uma prática mais

democrática, se os professores não estiverem sensibilizados e sentirem necessidade de

participar dessa mudança.

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Segundo Tardif (2000), tanto em suas bases teóricas quanto em suas conseqüências

práticas, os conhecimentos profissionais são evolutivos e progressivos e necessitam, por

conseguinte, uma formação contínua. Os profissionais devem, assim, autoformar-se e reciclar-

se através de diferentes meios, após seus estudos universitários iniciais. Desse ponto de vista,

a formação profissional ocupa, em princípio, uma boa parte da carreira e os conhecimentos

profissionais partilham com os conhecimentos científicos e técnicos a propriedade de serem

revisáveis, criticáveis e passíveis de aperfeiçoamento.

Para Fazenda (2005), o conhecimento já produzido é ponto de partida no processo

ensino-aquisição de conhecimento, e sua apreensão é condição para que o sujeito possa

organizar, sistematizar sua concepção do mundo, chegando ao saber crítico, e também para

que novos conhecimentos sejam produzidos.

Freire (1980) relata que a educação crítica considera os homens como seres em

desenvolvimento, como seres inacabados, incompletos em uma realidade igualmente

inacabada e justamente com ela. Os homens têm consciência de que são incompletos, e assim,

nesse estar inacabados e na consciência que disso tem, encontram-se as raízes mesmas da

educação como fenômeno puramente humano. O caráter inacabado dos homens e o caráter

evolutivo da realidade exigem que a educação seja uma atividade contínua. A educação é,

deste modo, continuamente referida pela práxis. Para ser, deve chegar a ser.

Segundo Cavalcanti (1999) as crianças são dependentes, necessitam dos cuidados de

terceiros, acostumam-se a esta dependência e a aceita como normal. Quando inicia o período

escolar, esperam a proteção por parte dos professores.

Na adolescência iniciam-se os questionamentos, aparecem as rebeldias e a autoridade

dos professores deixa de ser absoluta. Na idade adulta acumulam-se experiências, aprende-se

com erros, dando conta do que não se sabem e quanto estes desconhecimentos lhes fazem

falta. Avaliam cada informação que lhes chega e a incorporam ou não, em função de suas

necessidades.

Finger (2003) relata que, a educação de adultos tem merecido especial atenção da

UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), desde a

sua criação, podendo a sua contribuição para este campo ser considerada histórica,

especialmente no que se refere à alfabetização e educação básica de adultos.

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No Brasil, a preocupação com a educação de adultos não é somente dos últimos anos,

Querubiin (2005), relata que em 1908, no II Congresso Operário do Estado de São Paulo, foi

sugerido e aprovado o apoio ao “Desenvolvimento Intelectual do Operariado”, seguindo a

tradição do sindicalismo britânico e alemão. Porém, no contexto do Estado Novo (1930),

quando o sindicato passou a ser oficializado pelo estado, impediu a continuidade e a

multiplicação dos cursos de curta duração. No início dos anos 40, a intervenção sindical na

educação passou a ampliar-se, a partir dos cursos de alfabetização, do ensino regular de 1º

grau e da implementação de escolas técnico-profissionalizantes com o apoio da legislação

vigente da época.

Segundo Malglaive (1995), o que melhor caracteriza a formação continuada do adulto

é a sua vocação para satisfazer novas necessidades ligadas às múltiplas evoluções da

sociedade e aos itinerários pessoais que o indivíduo tem a enfrentar. É impossível satisfazer as

necessidades variadas, exclusivamente por meio de vias de ensino estáveis, ajustados os

níveis padrão de entrada e saída, e que se destinam a público considerado homogêneo. É

preciso reconhecer e ativar novos dispositivos, cursos adaptados a cada público, cada

situação, cada problema a resolver. Portanto, é preciso montar novas estruturas, adaptar um

modo diferenciado de funcionamento, transformar o modo de fazer, para além da educação

informal, que se realiza em todos os momentos da vida de um indivíduo em virtude de suas

situações sociais.

Pinto (2007), afirma ainda que o método é de fundamental importância no processo de

educação do adulto, por se tratar de pessoas já dotadas de uma consciência formada, com

hábitos de vida e situação de trabalho que não podem ser arbitrariamente modificados. As

características que devem fundamentar este método são as seguintes: despertar no adulto a

consciência da necessidade de instruir-se, despertando nele a noção clara da sua participação

na sociedade; deve partir dos elementos que compõem a realidade do educando, que se

destacam como expressão de sua relação direta e contínua com o mundo em que vive; o

método não deve ser imposto ao educando e sim criado por ele com base na realidade em que

convive, o professor instrutor deve auxiliar a busca do mesmo pelos próprios educandos;

também o conteúdo da instrução não deve ser imposto e sim proposto pelo instrutor e

justificado como saber de contribuição para melhorar as condições de vida do homem.

Danyluk (2001) relata que o adulto escolarizado é um sujeito culto, no sentido objetivo

da cultura porque consegue sobreviver na sociedade na qual convive. Aquilo que desconhece,

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talvez seja o que até então, não teve necessidade ou oportunidade de aprender. As pessoas que

não sabem ler nem escrever, já atuam em seus mundos como educados, ainda que não em

forma de educação escolarizada.

Perissé (2007) relata que o estudante adulto não pode ser tratado pelos professores

como se fosse um adolescente e estivesse apenas começando a entrar no labirinto da vida. Os

professores devem ser capazes de compreender que este aluno (com mais idade do que eles,

às vezes) quer desafios. Mais do que ficar ouvindo, passivamente, a exposição abstrata e

tediosa de um assunto, quer gerir seu aprendizado e seu desenvolvimento profissional.

O professor deve aprender que os adultos preferem que ele lhes ajude a compreender a

importância prática do assunto a ser estudado, preferem experimentar a sensação de que cada

conhecimento fará diferença em suas vidas, mudará efetivamente suas vidas.

Pinto (2007) relata que a educação formalizada é um dos processos pelos quais a

sociedade se configura, mas não o é, como retrata a pedagogia ingênua, o único que

configura. Todos os processos configuradores da sociedade estão em estreita relação recíproca

e se influenciam mutuamente. Logo, a educação só alcança os resultados que o conjunto dos

demais processos lhe permite obter.

Educação nutricional

Nos últimos anos, falar em alimentação saudável e qualidade de vida, tem sido uma

constante em todos os segmentos da sociedade. É um fato incontestável a importância da

alimentação saudável, completa, variada e agradável ao paladar para a promoção da saúde, a

prevenção e controle das doenças não transmissíveis, que tem aumentado consideravelmente

nos últimos anos (BOOG, 1999). A questão alimentar no Brasil é complexa e peculiar de cada

região, sendo formada por um aglomerado de superstições, tabus e hábitos alimentares de

diferentes origens.

Os hábitos alimentares e as necessidades nutricionais do homem moderno, começaram

a ser estabelecidos no passado, as práticas alimentares sofreram adaptações ao longo do

tempo, muitas vezes para hábitos pouco saudáveis, que podem levar sérios comprometimentos

para a saúde. A alimentação saudável deve preconizar um estado ótimo de saúde para o

indivíduo. Uma alimentação saudável deve conter todos os nutrientes necessários ao

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organismo, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. Assis (1999) relata que,

experiências precoces e interação contínua com o alimento, determinam as preferências

alimentares, hábitos e atitudes exibidas pelos adultos.

Segundo Ramalho (2000) embora a educação nutricional tenha como meta mudar

hábitos alimentares, padrões alimentares são determinados por fatores que incluem, além da

educação orientada para uma nutrição adequada, fatores socioeconômicos, ecológicos,

culturais e antropológicos.

Um projeto de educação alimentar é um processo complexo. Deve abordar conteúdos

que levem à tomada de posição, no tocante às questões alimentares, a fim de atingir um estado

ótimo de saúde, cabendo também aqui, a questão da segurança alimentar. Compete à

educação alimentar desenvolver estratégias de valorização da cultura alimentar, levando-se

em conta: os aspectos religiosos, culturais, regionais e socioeconômicos da população. Santos

(2004) alerta que a educação nutricional crítica, influenciou os conteúdos da disciplina

educação nutricional, nos currículos para a formação de nutricionistas.

Dados históricos mostram que a educação nutricional teve início por volta de 1940

com a criação das “visitadoras de alimentação”, profissinal da saúde, que deveria ir à casa das

pessoas para fazer a educação alimentar no local da preparação, ou seja, na cozinha, esta

medida foi considerada invasiva pela população, que reprovava a intromissão do profissional

nos lares (BOOG, 2004).

No Brasil, nas décadas de 70 e 80 a educação nutricional foi vista como prática

repressora, reprovada por muitos. No início da década de 90 com a divulgação dos resultados

da Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo Ministério da Saúde,

que apontou para o crescente aumento da obesidade. A partir daí, a ciência da nutrição ganha

grande impulso, com a abertura de cursos de graduação em nutrição em praticamente todos os

estados brasileiros, consequentemente a educação nutricional acompanha esse avanço, porém,

percebe-se ainda que a carência de infomação acontece, especialmente nas populações menos

favorecidas, apesar de estarmos na “era da comunicação” como dizem alguns autores. Por isso

faz-se necessária a produção de material didático com informações claras, objetivas e de fácil

entendimento, com o objetivo de levar os conhecimentos básicos sobre a alimentação

saudável, a todos os grupos sociais, independente de nível socioeconômico, nível de

escolaridade, raça, etnia e credo religioso.

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Segundo Ramalho (2000), inquéritos nutricionais têm apontado com frequência a

inadequação dos hábitos alimentares e do grau de conhecimento de nutrição de populações de

baixa renda dentre os fatores deteminantes da subnutrição.

Educar em nutrição é tarefa complexa, implica em criar novos significados e sentidos

para o ato de comer. O trabalho educativo deve contemplar teoria e prática, permitindo assim

que o aprendiz vivencie na prática, o conceito teórico. Por meio da incorporação de

conhecimentos sistematizados, o aprendiz pode interferir em sua realidade (Teixeira 2003).

Discutir as questões sobre a alimentação, especialmente com os jovens, é fator de

grande importância na prevenção da saúde na idade adulta. Sendo a escola importante

instrumento na formação da cidadania, é oportuno utilizá-la como meio, para fazer chegar a

todos os segmentos sociais os conceitos básicos para uma alimentação saudável, através de

ferramentas didáticas claras, objetivas e de fácil entendimento.

Este trabalho se justifica teórica e praticamente. Em teoria, pelo fato de chamar

atenção para um pensamento didático, adequado ao adulto, valorizando o aprendizando,

transformando-o de objeto a sujeito do processo. Praticamente, no sentido de levar aos

interessados os conhecimentos fundamentais, sobre uma alimentação saudável, que sem

dúvida contribuirão de forma eficaz, para o processo educacional, visando melhor qualidade

de vida de todos os segmentos da sociedade.

Objetivos

Geral: promover reflexão sobre a alimentação saudável, visando contribuir para a

melhoria da qualidade de vida da população.

Específicos: Confeccionar ferramentas didáticas informativas:

cartilha informativa (anexo III), a fim de despertar nos educadores,

livro sobre alimentação de adultos e idosos (anexo II) e

artigos envolvendo temas associados aos aspectos nutricionais.

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METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido através de levantamento bibliográfico por meio de

leitura, pesquisa, compilações de autores nacionais e internacionais, obtidos por meio de

livros e artigos que abordam os temas Ensino de Ciências, Educação Andragógica, Educação

de Adultos e Educação Nutricional.

Tendo em vista o pouco material existente sobre o tema em questão, faz-se necessário

o desenvolvimento de materiais didáticos destinados a subsidiar os profissionais que atuam

com adultos, permitindo um trabalho mais eficiente como:

Desenvolvimento de livro didático, Alimentação Saudável para Adultos e idosos,

baseado na pesquisa dos recursos didáticos existentes direcionados a docentes,

orientadores de adultos, multiplicadores de conhecimento no seu trabalho, bem

como qualquer pessoa que se interessa pelo assunto.

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Desenvolvimento de cartilha informativa, Alimentação Saudável, de baixo custo,

destinada a pais ou responsáveis por crianças e jovens de qualquer idade, destinada

a levar informações básicas e elementares sobre a alimentação, às populações com

baixo grau de entendimento e baixo poder aquisitivo.

O conteúdo da cartilha informativa tem como proposta, levar conhecimentos

básicos sobre os componentes alimentares, nutrientes, presentes nos alimentos; bem como o

fracionamento da ração alimentar.

É importante salientar a escassez de literatura no que se refere à educação nutricional,

especialmente no que se refere a conceitos básicos sobre a alimentação, ficando o pessoal de

nível técnico e leigo, que se interessa pelas questões nutricionais, sem uma opção de literatura

onde possa dirimir suas dúvidas. Foi feita uma pesquisa de validação da referida ferramenta, com o aval do Comitê de

Ética da UniFOA (Processo no 05/09, de 15/03/2009).

A pesquisa foi realizada no dia 16 de Março de 2009, nos turnos matutino e

vespertino, na Escola Municipal Mário Villani, escola que atende a primeira fase do ensino

fundamental, sita à Rua José Nicolau Sobrinho, no 180, Bairro Açude II, Volta Redonda - RJ,

com a presença de 104 pais de alunos, matriculados na referida escola. Os participantes da

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pesquisa, depois de exposto o conteúdo da cartilha, responderam um questionário, conforme a

seguinte ficha de avaliação. Validação de Cartilha Informativa Alimentação saudável

Responda ao questionário de avaliação com base na legenda abaixo: (F) Fraco (R) Regular (B) Bom (MB) Muito Bom (E) Excelente

AVALIAÇÃO DO PRODUTO Sobre o produto apresentado: F R B MB E Apresentação da cartilha Relevância (importância) do tema Clareza e objetividade do texto Adequação das informações para o público

AUTO-AVALIAÇÃO Conhecimento sobre os temas abordados: F R B MB E Antes da exposição Após a exposição

ESPAÇO RESERVADO PARA SUGESTÕES E OBSERVAÇÕES

Produção de artigos com ênfase nos aspectos educacionais (Anexo), a fim de

provocar reflexão sobre temas relevantes para a população envolvendo: aspectos

epidemiológicos sob o foco da obesidade em adultos e idosos; educação informal e

qualidade de vida.

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RESULTADOS

Quanto à validade da ferramenta didática elaborada, os dados obtidos na pesquisa

falam por si: 68,26% de excelência para o quesito adequação; 65,88% para o quesito

relevância; 51,92% para o quesito apresentação e 50,96% para o quesito clareza.

Mais detalhes podem ser vistos na tabela:

Conceitos Variáveis

F

R

%

B

%

MB

%

E

%

Apresentação 0 1 0,96 20 19,23 29 27,88 54 51,92 Relevância 0 1 0,96 5 4,80 30 28,84 68 65,88

Clareza 0 - - 25 24,03 26 25,00 53 50,96 Adequação 0 - - 11 10,37 22 21,15 71 68,26

Representado no seguinte gráfico:

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Par

ticip

ante

s

F R B MB E

Conceitos Relativos

ApresentaçãoRelevânciaClarezaAdequação

Gráfico I - Avaliação da cartilha após a apresentação

(Legenda: F = fraco, R = regular, B = bom, MB = muito bom e E = Excelente)

No mesmo questionário foi solicitada uma auto-avaliação em que foi perguntado como

eram os conhecimentos dos participantes antes e depois da exposição, obtendo-se: 75,96%

classificaram seus conhecimentos como excelentes (E), após a exposição da ferramenta

didática, enquanto que 24,03% classificaram com muito bom (MB) seus conhecimentos após

a apresentação. Mais detalhes deste item da pesquisa pode ser avaliado na tabela a seguir.

Conceitos Variáveis

F

%

R

%

B

%

MB

%

E

%

Antes da exposição 12 11,53 223 22,11 41 29,42 28 26,92 - - Depois da exposição - - - - - - 25 24,03 79 75,96

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Representado no seguinte gráfico:

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Par

ticip

ante

s

F R B MB E

Conceitos Relativos

Antes da ExposiçãoApós a Exposição

Gráfico II - Auto avaliação sobre o conteúdo da cartilha

(Legenda: F = fraco, R = regular, B = bom, MB = muito bom e E = Excelente)

Pelo que se observa na avaliação, permite pressentir que, o grupo pesquisado está

ávido de informações no que se refere aos aspectos nutricionais e de saúde e que há uma

carência em eventos informativos não-formais, tanto de iniciativa governamental como

privada, a fim de levar a estas comunidades informações que lhes garanta mais saúde e

consequentemente melhor qualidade de vida.

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DISCUSSÃO Durante o desenvolvimento do deste trabalho, permitiu-se observar que a evolução

ocorrida no ensino de ciências, tanto do ponto de vista da teoria quanto da prática, se deve à

história, à filosofia e a sociologia. O trabalho educativo em ciências deve sempre focar teoria

e prática, levando o aprendiz a interagir com os conhecimentos assimilados.

A andragogia apesar de pouco conhecida é uma ciência que vem provocando

discussão ao longo do tempo, Galileu Galilei (1564-1642) já dizia: “não se pode ensinar coisa

alguma a alguém, pode-se apenas auxiliar a descobrir por si só. Kaufmann (2000) afirma que

a andragogia oferece as diretrizes de aprendizagem para pessoas que tenham tendência à

autonomia e a auto-instrução. A palavra é desconhecida por muitos que usam o termo

“pedagogia do adulto” indevidamente. Há de se ressaltar aqui, que em muitos casos, embora a

palavra andragogia não apareça, grandes educadores usam implicitamente os princípios

andragógicos. Uma das formas de reverter este problema, seria ignorar o termo “pedagogia do

adulto” e passar a usar a palavra andragogia.

O modelo pedagógico aplicado também ao aprendiz adulto persistiu através dos

tempos, chegando até o século atual, sendo a base da organização do nosso atual sistema

educacional.

A andragogia é a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender, sendo ostensivamente a

antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a ciência de ensinar a criança. Os

adultos preferem que lhes ajudem a compreender a importância prática do assunto estudado,

preferem experimentar a sensação de que cada conhecimento lhe faz falta. Os adultos são

portadores de uma experiência, que os distingue das crianças e dos jovens.

A educação de adultos tem merecido especial atenção da UNESCO desde a sua

criação, especialmente no que se refere à alfabetização e a educação básica de adultos. No

Brasil a preocupação com a educação de adultos, não é somente dos últimos anos, Querubim

(2005) relata que em 1908, no II Congresso Operário do Estado de São Paulo, foi sugerido e

aprovado o apoio ao “Desenvolvimento Intelectual do Operariado”, seguindo a tradição do

sindicalismo britânico e alemão.

No Brasil, nas décadas de 70 e 80 a educação nutricional foi vista como prática

repressora, reprovada por muitos. Educar em nutrição é tarefa complexa, implica em criar

novos significados e sentidos para o ato de comer. O trabalho educativo deve contemplar

teoria e prática, permitindo assim que o aprendiz vivencie na prática, o conceito teórico.

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Discutir as questões sobre a alimentação, especialmente com os jovens, é fator de

grande importância na prevenção da saúde na idade adulta. Sendo a escola importante

instrumento na formação da cidadania, é oportuno utilizá-la como meio, para fazer chegar a

todos os segmentos sociais os conceitos básicos para uma alimentação saudável, através de

ferramentas didáticas claras, objetivas e de fácil entendimento.

Partindo daí foram elaborados trabalhos de disseminação de conhecimentos: Livro

didático com o título “Alimentação Saudável para Adultos e Idosos, Cartilha informativa com

o tema “Alimentação Saudável” e artigos científicos diversos.

Foi feita uma pesquisa de avaliação da cartilha informativa, com o aval do Comitê de

Ética do UniFOA (processo no 05/09, de 15/03/2009). A pesquisa foi desenvolvida na Escola

Municipal Mário Villani, escola que atende a primeira fase do ensino fundamental, sita à rRua

José Nicolau Sobrinho, no 180, Bairro Açude II, Volta Redonda - RJ, sob a direção da

Professora Ana Beatriz Rufino Nassif, com a presença de 104 participantes, pais de alunos da

referida escola, foi feita a apresentação e exposição do conteúdo da Cartilha, pelo autor do

trabalho. Em seguida os participantes preencheram um questionário de avaliação do trabalho

apresentado, sob a orientação da Nutricionista Aline Freire Duarte e da Técnica de

Enfermagem Marise Maria Gomes Freire, conforme ficha (anexo I).

Neste questionário foram avaliados os seguintes itens: apresentação, relevância,

clareza e adequação. Após a tabulação dos resultados verificou-se que: as variáveis adequação

e relevância obtiveram os melhores resultados, 68,26% e 65,88% respectivamente; para as

variáveis apresentação e clareza, os resultados foram 51,92% e 50,96% respectivamente. No

mesmo questionário foi solicitada uma auto-avaliação, onde foi perguntado como eram os

conhecimentos dos participantes antes e depois da exposição. Com relação este item da

pesquisa, verificou-se que 79 dos 104 participantes (75,96%), classificaram seus

conhecimentos como excelentes; enquanto que 25 dos participantes (24,03%) classificaram

seus conhecimentos como muito bons.

É importante observar que estiveram presentes 104 voluntários, pais de alunos, e que a

apresentação da cartilha e a pesquisa foram realizadas as 7 e 13 horas de uma segunda-feira

(16/03/2009), portanto uma presença considerável.

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CONCLUSÃO A partir dos dados observados no presente trabalho, conclui-se que:

O trabalho educativo em ciências deve focar teoria e prática, levando o aprendiz a

interagir com os conhecimentos assimilados. A democratização do ensino é condição

fundamental para o desenvolvimento de uma nação. É de fundamental importância o

reconhecimento da escola como instrumento de formação da cidadania.

A transição da pedagogia para a andragogia deve ser feita durante os estudos

universitários, tendo em vista que a maioria dos graduandos inicia os estudos como

adolescente e termina como adulto. Portanto, programar o ensino de adultos sob o foco da

andragogia tanto nas universidades, como em outras instituições de ensino, trará grandes

benefícios para o aprendiz, fazendo que se tenham profissionais mais conscientes e mais

capacitados. Este é o grande desafio da educação de adultos, pois a prática atual tem se

mostrado insuficiente para atingir os objetivos propostos, por isso buscar novos paradigmas se

faz necessário. Logo, é de fundamental importância enfatizar o modelo andragógico nas

universidades e instituições de ensino para maior eficiência educacional.

A educação é fator fundamental para o pleno uso de seus direitos como cidadão,

contribuindo também para a adoção de um estilo de vida saudável.

Uma alimentação inadequada, a médio e longo prazo, pode contribuir para o

aparecimento de vários problemas para a saúde, bem como favorecer para o aparecimento das

doenças crônico-degenerativas como as síndromes metabólicas e obesidade.

A falta de informação é um dos fatores, que comprometem consideravelmente a saúde

de uma população. Portanto, oferecer informações nutricionais à população, através de

palestras educativas (oficinas), produção de material de divulgação (folders) e

desenvolvimento de material didático, destinado a levar conhecimentos básicos sobre a

alimentação, é imprescindível para que se tenha uma população com mais qualidade de vida.

Conforme cita Abreu (2006), mais importante não são as informações em si, mas o ato

de transformá-las em conhecimento. As informações são os tijolos e o conhecimento o

edifício que construímos.

Intervenções específicas devem ser feitas, quando o grupo apresenta algum desvio

nutricional a fim de corrigir e prevenir futuros problemas que possam comprometer a saúde

das pessoas.

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As comunidades parecem estar ávidas de informações, especialmente quando elas são

despertas ao quanto essas informações lhes fazem falta.

Campanhas devem ser desenvolvidas, tanto por iniciativas públicas, quanto privadas,

no sentido de levar às populações, conhecimentos básicos sobre educação e saúde, através de

medidas simples, focando as questões de: higiene pessoal e ambiental, alimentação saudável,

saúde oral e questão postural, entre outras.

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Perfil Nutricional Associado ao Índice de Obesidade de Idosos do Centro de Saúde Sebastião Pinheiro Bastos, AAP-VR, Volta Redonda – RJ

Mestrando Jair Antonio de Carvalho (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA)

[email protected]

Especialista André Pedrote de Carvalho (Anestesiologia - SBA) [email protected]. br

Professor Doutor Fábio Aguiar Alves (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA)

[email protected]

Resumo

Trabalho autorizado pelo do Comitê de Ética do (UBM - 13/04/2006), tem como objetivo avaliar o estado nutricional e índice de obesidade de idosos voluntários do Centro de Saúde Sebastião Pinheiro Bastos, AAP-VR, Volta Redonda – RJ - 2006, através do levantamento do índice de massa corporal (IMC), (OMS-1995) e da circunferência de abdome (CA), (Han e cols-1995). Foram entrevistados 1952 idosos, de ambos os sexos, maiores de 60 anos. Obteve-se os seguintes resultados para a variável (CA), risco para as doenças cardiovasculares: nas mulheres, 526 (52,97%) apresentaram CA > 88 cm e 467 (47,02%) CA < 88 cm (sem risco para as doenças cardiovasculares); nos homens, 460 (76,79%) CA < 102cm (sem risco) e 139 (23,21%) > 102cm (com risco). Quanto ao IMC, foram identificados 949 idosos (59,62%) com IMC > 24,99Kg/m2 (sobrepeso), 611 (38,37%) com peso normal e 32 (2,01%) com baixo peso. Comparando os dados obtidos com os do PNSN, (Tavares e Anjos - 1989): o baixo peso 2,01% é inferior ao do PNSN 6,75%; o peso normal 38,37% é menor do que o nacional que é de 53,95%; o sobrepeso 59,61% é superior ao do PNSN que é de 40,30%. O sobrepeso é muito alto, contrastando com o baixo peso e peso normal, sinalizando possível vulnerabilidade para as doenças degenerativas e suas comorbidades.

Palavras chave: Perfil nutricional; Índice de obesidade; Idosos; AAP-VR Introdução

A presente pesquisa foi desenvolvida com autorização do Comitê de Ética do Centro

Universitário de Barra Mansa (UBM - 13/04/2006). Sabe-se que o baixo-peso e o sobrepeso são fatores determinantes que comprometem a

qualidade de vida de um indivíduo. Quando se trata de idosos, esses fatores têm relevância ainda maior, tendo em vista favorecer o aparecimento precoce das doenças crônico-degenerativas, o que compromete consideravelmente a vida do idoso, tanto do ponto de vista fisiológico, como do ponto de vista de autonomia e independência.

O conhecimento do perfil antropométrico de uma população pode funcionar como fator de alerta para a tomada de decisões das autoridades de saúde, órgãos públicos, bem como para as instituições assistenciais cujo foco seja o idoso, no sentido de criar programas e ações preventivas que possam minimizar, a médio e longo prazo, as intempéries próprias da idade.

Os métodos de avaliação devem ser bem conhecidos, e incluem: história nutricional, avaliação de sinais clínicos de desnutrição, peso e sua variação temporal, medidas antropométricas e determinações séricas e urinárias apropriadas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2025 existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, logo, o envelhecimento da população é um fenômeno de

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amplitude mundial. No Brasil, a situação não é diferente dos demais países latino-americanos, o país está passando por um processo de envelhecimento rápido e intenso.

Como o mundo está envelhecendo, o nosso Brasil também ficará com um número muito grande de idosos a partir do ano 2020, é de grande valia descobrir-se alguma luz que possa acompanhar este processo degenerativo que é o envelhecimento.

A população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início da década de 60 e de acordo com projeções estatísticas da (OMS), no ano de 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. A nutrição é um aspecto importante neste contexto pela modulação das mudanças fisiológicas relacionadas com a idade e no desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, osteoporose e alguns tipos de câncer.

A orientação nutricional é especialmente importante para os idosos devido às mudanças fisiológicas e o aparecimento de doenças relacionadas ao envelhecimento. A obesidade hoje é considerada uma doença crônica que atinge milhares de pessoas em todo mundo.

Em idosos, pequenas alterações nas atividades diárias e nos hábitos alimentares podem retardar o aparecimento de muitos problemas no metabolismo e até mesmo algumas patologias, bem como, sintomas associados ao processo de envelhecimento, além de prolongar a saúde e o bem estar nos anos seguintes. Assim, um programa regular de atividade física associado a uma alimentação adequada, em termos quantitativos e qualitativos, são intervenções que melhoram ou retardam o curso de muitas doenças crônicas, oferecendo aos idosos maiores perspectivas de uma velhice feliz.

É importante uma compreensão do papel da nutrição, tanto precoce como tardia, no retardamento ou modulação do processo de envelhecimento e na promoção do estado nutricional adequado para o idoso.

Adotar uma dieta adequada é alimentar-se para uma vida saudável, retardando o envelhecimento. Ingerir alimentos ricos em nutrientes com poucas calorias faz com que o corpo fique mais saudável, com mais energia e juventude.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar o estado nutricional e índice de obesidade de um grupo de idosos voluntários freqüentadores do Centro de Saúde Sebastião Pinheiro Bastos, da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda AAP-VR, Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2006, mediante o levantamento do Índice de Massa Corpórea (IMC) e Circunferência de Abdome (CA), identificar a incidência de baixo peso, peso normal e sobrepeso na população pesquisada.

Orientar sobre medidas que devem ser tomadas a fim de retardar a ocorrência das doenças crônico-degenerativas e minimizar o aparecimento das inabilidades funcionais, garantindo assim ao idoso maior autonomia e independência e subsidiar os profissionais da saúde e os dirigentes de instituições que cuidam de idosos, na elaboração de programas e ações que visem melhorar a qualidade de vida da população em questão, propondo medidas adequadas para que sejam adotados novos estilos de vida, com hábitos alimentares saudáveis, a fim de se obter uma melhor qualidade de vida.

Este trabalho se justifica teórica e praticamente. Em teoria, pelo fato de chamar atenção para as alterações do peso e praticamente, com o direcionamento para novos estilos de vida com hábitos alimentares saudáveis, podendo com isso chegar a uma velhice com maior qualidade de vida.

Desenvolvimento

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O envelhecimento é um processo gradual que tem lugar ao longo de muitas décadas. A maioria das teorias do envelhecimento relaciona-se com a replicação prejudicada do Ácido desoxirribonucléico (DNA) e perda da viabilidade da célula e portanto, dos órgãos do corpo.

Os idosos são uma população mais diversificada do que qualquer outro grupo etário; os indivíduos têm capacidades e níveis de funcionamento amplamente variados. No seu todo, as pessoas idosas tendem mais que os adultos mais jovens a estar em saúde nutricional marginal e assim estão mais sujeitas ao risco de deficiência nutricional franca em situações estresse ou problemas de assistência à saúde (SHILS et al, 2003). O envelhecimento populacional crescente nos últimos anos, pode trazer implicações para os sistemas de saúde e para a sociedade, considerando as demandas médico-sociais, programas específicos e até mesmo recursos humanos adequados à qualidade de vida do idoso. Verifica-se atualmente que a tendência é ter um número crescente de idosos capazes de viver 20 anos mais, entretanto podem estar funcionalmente incapacitados e com saúde precária. Nessas circunstâncias, o Brasil tem um grande desafio, pois convive com a presença crescente de doenças crônico-degenerativas (MACHADO et al, 2004).

O envelhecimento é um processo multifatorial que envolve uma seqüência de alterações fisiológicas com perda celular e declínio dos órgãos: decréscimo da taxa de filtração glomerular (TGF) e do índice de creatinine-height (CHI), constipação, redução da tolerância à glicose e diminuição da imunidade celular podem ocorrer. A necessidade de calorias relacionadas ao metabolismo basal pode-se reduzir em até 10% na faixa de idade de 50-70 anos e em torno de 20-25% daí em diante. Após os 70 anos de idade o peso corporal declina, a atividade física pode prevenir perdas desnecessárias na massa corporal magra. (ESCOTT-STUMP, 1999 p.29).

Um declínio na função dos órgãos normalmente acompanha o processo de envelhecimento, especialmente nos mais idosos, ou seja, aqueles com mais de oitenta anos de idade. Pode-se razoavelmente esperar que muitas dessas alterações na função normal influenciem as necessidades nutricionais do indivíduo (SHILS et al, 2003).

O conhecimento das necessidades de energia por todo o ciclo da vida, durante várias condições fisiológicas, como gravidez e lactação, e em vários estados de doença, é essencial para a promoção de uma saúde ótima. (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2002 p.24).

A ciência da Nutrição vem se estabelecendo, nacional e internacionalmente, como instrumento básico e eficaz no alcance do bem viver através de numerosas pesquisas sobre fatores biopsicossociais que interferem no estado nutricional, do surgimento de novas técnicas e conhecimentos sobre a composição corporal e envelhecimento e dos cuidados a serem observados na prescrição dietética e no planejamento alimentar atendendo às necessidades nutricionais e melhorando os hábitos alimentares da pessoa idosa.

O estado nutricional é, segundo a Associação Americana de Saúde Pública, “a condição de saúde de um indivíduo influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”. Portanto, a conclusão sobre o estado nutricional pode ser obtida a partir desses estudos e correlacionam parâmetros diretos ou indiretos da situação nutricional. (AUGUSTO et al., 1993).

O estado nutricional pode afetar positivamente a expectativa de vida; o consumo nutricional e o controle das doenças aumentaram claramente o numero de pessoas na população em geral que atingem uma idade que se aproxima do ciclo de vida máximo registrado. Mais recentemente, a média etária e adulta é marcada pelo aumento da longevidade (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2002 p.277).

A importância da nutrição em clínica médica está sendo progressivamente reconhecida, isto em parte, é devido ao reconhecimento de que a desnutrição ocorre freqüentemente em estados prolongados da doença e pode acompanhar a lesão aguda e

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complicações de procedimentos médicos e cirúrgicos. Muitos distúrbios genéticos metabólicos requerem dietas especiais para seu manejo. Ocorre também um aumento na compreensão do papel de fatores nutricionais em distúrbios degenerativos. (BERKOW & FLETCHER. 1995).

A avaliação do estado nutricional é fundamental para a identificação dos pacientes sob risco nutricional. Inicialmente, deve-se buscar na história clínica informações acerca do diagnóstico e intercorrências clínicas, que podem afetar o estado nutricional do paciente ou ser conseqüências dele. Em seguida, buscam-se evidências objetivas desse estado nutricional (antropometria, avaliação clínica e dados bioquímicos), além das intervenções terapêuticas com interações nutricionais e finalmente a descrição do padrão alimentar ou o tipo de dieta que o paciente está ingerindo no momento da avaliação. (CUPPARI, 2002 p.141).

O interesse na avaliação do estado nutricional do idoso tem aumentado com a constatação de grande incidência de desnutrição neste grupo. A maioria dos casos mostra a desnutrição protéico-calórica, o que influi diretamente no sistema imunológico do idoso, tornando-o mais susceptível às doenças.

Uma das grandes preocupações da Nutrição é estabelecer, precocemente, e com maior precisão o diagnóstico das alterações do estado nutricional. Sabe-se, entretanto, que a maior parte dos casos de alteração do estado nutricional apresenta-se sob a forma subclínica, exigindo da equipe a utilização de todos os recursos disponíveis para o exame do paciente. Em circunstâncias adversas, o estado nutricional pode ser afetado por alterações na ingestão, absorção, transporte, utilização, excreção e reserva dos nutrientes, resultando em desequilíbrio nutricional. Este, dependendo de sua intensidade e/ou duração pode comprometer o estado nutricional do organismo. Freqüentemente, verificam-se distúrbios em mais de um destes fatores e assim alterações que, de acordo com sua intensidade e duração, provocarão maiores ou menores sintomas e sinais clínicos (VANNUCCHI, 1996).

Vários estudos demonstram que níveis aumentados de atividade física estão associados com a redução da taxa de mortalidade e com o aumento da expectativa de vida (FRANK, 2004, p.244).

O sedentarismo, que tende a acompanhar o envelhecimento e vem sofrendo importante pressão do avanço tecnológico ocorrido nas últimas décadas, é um importante fator de risco para as doenças não transmissíveis, especialmente as afecções cardiovasculares, principal causa de morte nos idosos. A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde como nas capacidades funcionais (Alves, Mota & Costa, 2004, p.3). O sedentarismo reduz a massa corpórea muscular, o que possibilita maior probabilidade para as quedas e fraturas em pessoas idosas. A regularidade de exercícios físicos também auxilia a fixação e manutenção do cálcio no tecido, sem contar os demais benefícios trazidos ao envelhecer com qualidade de vida (FRANK, 2004, p.148).

A obesidade e o sobrepeso são disfunções orgânicas em situações prevalentes nos dias de hoje e várias desordens na saúde tem sido correlacionadas com o ganho de peso em excesso. No idoso, a obesidade está associada com a hipertensão arterial, diabetes, aumento da resistência à insulina, dislipidemias, osteoartrose e muitas outras patologias, além do declínio funcional. A obesidade na população de idosos pode ser explicada pelo sedentarismo, características gerais da alimentação como excesso de lipídios e excesso de alimentos hiper-calóricos. A maior gravidade do excesso de peso no sexo feminino pode ser decorrente do maior aumento da massa adiposa e das alterações hormonais específicas do sexo. (SANTOS et al., 2004, p.2).

Os “fast-foods”, o sedentarismo e as disfunções orgânicas colaboram para o crescimento do número de obesos, com toda série de fatores que facilitam o aumento das células gordurosas (adipócitos) (LEIJOTO, 2000, p.247).

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A obesidade, portanto, se traduz em importante condição clínica que requer uma abordagem efetiva, especialmente no que se refere à prevenção primária e secundária da coronariopatia, onde a abordagem dos fatores de risco relaciona-se com o desenho de intervenções educacionais, que possibilite ao sujeito a adoção de comportamentos positivos em saúde. No entanto, a efetividade das intervenções voltadas para o controle desses fatores pressupõe, num primeiro momento, o conhecimento de como eles se distribuem na população a qual se destinam tais intervenções (Colombo et al, 2003). Recentes estudos sugerem que os genes fornecem susceptibilidade para a obesidade, mas não são a sua causa efetiva. Isso significa que embora os genes pareçam aumentar a vulnerabilidade à obesidade, outros determinantes devem estar presentes para a ocorrência da obesidade. O maior fator é o ambiental (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2002 p.478).

Antropometria é a medida das dimensões corpóreas. As medidas antropométricas mais empregadas na avaliação do estado nutricional são: peso, altura, circunferências (braço e cintura) comprimento do braço e pregas cutâneas (tríceps, bíceps, subescapular, supra-ilíaca). Através da combinação destas medidas, pode-se calcular as relações peso/altura2 e a circunferência muscular do braço e o índice de gordura do braço (Vannucchi, 1996). Na avaliação antopométrica, como em qualquer processo de avaliação nutricional individual ou coletivo, torna-se necessário que o avaliador tenha a consciência de que não está lidando com um objeto, e sim com um indivíduo, com toda a sua sensibilidade, história de vida e fragilidade, respeitando a individualidade de cada um (FRANK, 2004, p.27).

O indicador antropométrico é essencial na avaliação nutricional geriátrica, entretanto algumas alterações que ocorrem com o envelhecimento podem comprometer a determinação de um diagnóstico antropométrico acurado e preciso, caso cuidados específicos não sejam tomados no sentido de neutralizar ou amenizar o efeito dessas alterações sobre a avaliação (SAMPAIO, 2004).

A antropometria tem se mostrado importante indicador do estado nutricional. Além de fornecer informações das medidas físicas e de composição corporal, é método não invasivo e de fácil e rápida execução (MENEZES, 2005).

Os estudos antropométricos e dietéticos, atualmente alcançam definitiva importância por tratarem de aspectos intimamente relacionados com a qualidade de vida pretendida para esta parcela da sociedade em todo mundo. Não há dúvida de que os indicadores antropométricos contribuem na avaliação do estado nutricional, em diferentes momentos fisiológicos e fisiopatológicos, de diversos grupos etários. (FRANK, 2004, p.173).

As medidas antropométricas representadas pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) e Circunferência de abdome (CA) representam uma maneira racional e eficiente de se presumir o volume e as distorções de gordura, devendo assim ser utilizada na prática clínica cotidiana.

Nas últimas décadas, em função de uma maior preocupação com a obesidade endêmica no mundo, IMC tem sido retomado na avaliação do estado nutricional. (TEIXEIRA NETO, 2003 p.142).

O IMC é determinado a partir das variáveis peso e estatura, que consiste na medida do peso corporal (Kg), dividido pela estatura (m) elevada ao quadrado, logo, P/E2. O padrão de referência utilizado, baseia-se nos dados do Comitê de Experts da OMS, em 1995, sendo: IMC menor que 18,50 kg/m2 para subnutrição ou baixo peso, IMC entre 18,50 kg/m2 e 24,99 kg/m2 para normalidade e IMC maior que 24,99 kg/m2 para sobrepeso ou obesidade (TEIXEIRA NETO, 2003 p.142).

Medições do peso corporal e da altura são feitas com facilidade e são de grande utilidade na avaliação do crescimento e do estado nutricional (SHILS et al, 2003).

A aferição do peso, embora seja simples, de fácil aplicação e seja ampla a disponibilidade de equipamentos, é negligenciada com freqüência na admissão do paciente. O peso, que representa o somatório de todos os compartimentos corporais, é de limitado valor,

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por si só, na avaliação nutricional do adulto, contudo, quando comparado à altura, peso habitual ou peso ideal, fornece índices importantes, na avaliação nutricional, que podem auxiliar na identificação tanto da desnutrição quanto da obesidade. (TEIXEIRA NETO, 2003 p.141).

Na meia idade (50 a 65 anos), o maior problema nutricional é o sobrepeso. Valores elevados de IMC estão associados a várias doenças crônicas. Acima de 80 anos, magreza e perda de massa magra são os maiores problemas. Baixos valores de IMC estão associados a tuberculose, distúrbios pulmonares obstrutivos, câncer de pulmão e estômago. Os estudos longitudinais têm demonstrado que tanto sobrepeso quanto magreza consistem em risco de morte, mas no idoso a magreza consiste em risco maior. O comportamento do IMC através do avanço da idade é semelhante ao que acontece com o peso, havendo declínio por volta dos 70 a 75 anos (FRANK, 2004, p.18).

A altura é uma medida antropométrica linear de simples aplicação e pouco utilizada na prática clínica, apesar da disponibilidade de equipamentos para sua aferição. Embora seja fundamental na avaliação nutricional da criança, a altura é de pouca valia na avaliação nutricional de adultos, no entanto, é utilizada em importantes índices de avaliação nutricional, como IMC, e o índice de creatinina por altura e em equações estimativas do gasto energético (TEIXEIRA NETO, 2003 p.142).

A doença Arterial Coronariana (DAC) é responsável pela maior taxa de morbidade e mortalidade no mundo ocidental. Isto corre devido a uma série de fatores, dentre eles a maior longevidade dos indivíduos, o que, por conseguinte, daria maior tempo para a doença se manifestar (FRANK, 2004, p.82). A Circunferência de Abdome é medida em centímetros, no meio da distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior. Por ser o índice antropométrico mais representativo da gordura intra-abdominal e de aferição mais simples, é a medida recomendada (BRANDÃO, 2005). Os valores de Circunferência de Abdome que correspondem ao aumento de risco variam de acordo com a idade e o sexo. Segundo Han e cols., a partir de 102 cm em homens e 88 cm nas mulheres, há um risco substancialmente aumentado de complicações metabólicas associadas à obesidade (CABRERA, 2001).

Em idosos, no entanto, torna-se mais complexa a análise do estado nutricional em virtude da maior heterogeneidade entre os indivíduos e pelo fato de seu valor preditivo estar atrelado a um conjunto de fatores não apenas relacionados às mudanças biológicas da idade, doenças e mudanças seculares, como também às práticas ao longo da vida (fumo, dieta, atividade física) e aos fatores sócio-econômicos (TAVARES & ANJOS, 1999, p.2). Métodologia

Pesquisa transversal desenvolvida no Centro de Saúde Sebastião Pinheiro Bastos da

Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda, RJ (AAP-VR). Onde foram entrevistados 1592 idosos voluntários, no ano de 2006, de ambos os sexos, maiores de 60 anos, freqüentadores da Instituição. Os voluntários foram medidos e pesados, bem como aferida a circunferência de abdome, na sala de espera do referido centro de saúde, pelo nutricionista responsável por esta pesquisa. A pesagem e a altura dos voluntários foi aferida em balança com travessão e pesos móveis e estadiômetro, de marca “welmy”, onde foi solicitado aos voluntários que tirassem os calçados. A aferição da circunferência de abdome foi feita com fita métrica convencional.

A Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda é uma entidade de utilidade pública e filantrópica, que tem como objetivo prestar assistência aos seus associados, defendendo seus direitos e interesses. Surgiu da união e da organização da classe dos aposentados e pensionistas e hoje é a maior Associação de Aposentados da América Latina, prestando assistência médica, odontológica, social e funerária aos associados e aos seus

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dependentes. Criada em 1973, inicialmente atuando com muita dificuldade, hoje a AAP-VR é grandiosa porque nasceu com um objetivo grandioso: o de lutar pela dignidade daqueles que tanto deram de si para construir o presente e o futuro do país. Inicialmente ocupava sedes provisórias e hoje possui um sólido patrimônio, com sede próprias, modernas e acessíveis, que oferecem conforto e segurança aos seus funcionários e associados. Conta hoje com mais de 45 mil associados.

A amostra representa 17,68% da população atendida no referido Centro, estimada em 9.000 participantes, no período de desenvolvimento da coleta de dados.

Os dados foram coletados de 16 de Janeiro a 16 de Março de 2006, nos períodos matutino e vespertino em semanas alternadas, conforme formulário a seguir apresentado.

Peso Corporal: a pesagem dos idosos foi realizada em balança de travessão com pesos móveis de marca WELMY. Para aferir o peso corporal, o indivíduo ficou na plataforma da balança, com o peso do corpo igualmente distribuído entre os pés, conforme o método descrito por (HEYWARD & STOLARCZYK, 2000).

Estatura: foi utilizado estadiômetro com uma haste móvel para medir a altura em pé. O idoso descalço, foi posicionado em uma superfície plana, em ângulo reto com a haste vertical ou prancha de estadiômetro. Os pés estavam juntos, formando um ângulo de 60°, com a cabeça, escápula e glúteos tocando a prancha vertical, cabeça ereta e olhos fixos na frente. Conforme o método descrito por (HEYWARD & STOLARCZYK, 2000).

Índice de Massa Corporal (IMC): Para calcular o IMC, o peso foi aferido em quilogramas (kg) e a altura em metros (m). Os limites de corte para sobrepeso e emagrecimento foram propostos pelo Comitê de Experts da OMS, em 1995. Sendo: IMC menor que 18,50 kg/m2, emagrecimento; de 18,50 kg/m2 a 24,99 kg/m2, variação normal e maior que 24,99 kg/m2 sobrepeso (TEIXEIRA NETO, 2003 p.142).

Circunferência de Abdome: Foi aferida com fita métrica, em centímetros conforme estabelecido na I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica.

Resultados

A amostra de 1592 entrevistados, estes foram “distribuídos” segundo as variáveis: Sexo: Dos entrevistados, 62,37% eram do sexo feminino e 37,62% do sexo masculino.

Gráfico 1 - Distribuição por Sexo, 2006.

FICHA DE AVALIAÇÃO DE IDOSOS

Código: ___________________________________ Data: ______________________________

Idade:___ Peso:____ Altura:____ Circunferência de Abdome:____ Atividade Física: S ( ) N ( )

Sexo:M ( ) F ( ) Fumante:S ( ) N ( )Álcool:S ( ) N ( ) Tem animal de companhia:S ( ) N ( )

Doenças: _____________________________________________________________________

Zoonoses: ____________________________________________________________________

62,37

37,82Feminino = 993Masculino = 599

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Idade: A idade média de 65 anos, destes 57% era com idade entre 60 e 69 anos, 33% com idade entre 70 e 79 anos e 10% maiores de 79 anos.

Gráfico 2 - Distribuição por Idade, 2006.

Circunferência de Abdome: Para esta variável obteve-se os seguintes valores para o sexo feminino:

Gráfico 3 - Risco Cardiovascular - Feminino, 2006.

O índice obtido no presente trabalho para a variável CA em mulheres (52,97%), com risco para doenças cardiovasculares, é um percentual alto, especialmente quando comparado com os dados de 38,55% que Dias-da-Costa, 2006 obteve em pesquisa feita na cidade de Pelotas, RS, entre os anos de 1999 e 2000. Em trabalho desenvolvido por Colombo et al, com pacientes idosos enfartados, atendidos nun serviço de prevenção secundária, registrou uma prevalência de 64% dos casos com risco para doenças cardiovasculares, ou seja, com índices maiores que os desejados.

Para o sexo masculino, obteve-se os seguintes valores:

Gráfico 4 - Risco Cardiovascular - Masculino, 2006.

O índice obtido no presente trabalho para a variável CA em homens (23,20%), com risco para doenças cardiovasculares, é um índice satisfatório, quando comparado aos dados de Dias-da-Costa, 2006 em pesquisa feita na cidade de Pelotas - RS, entre os anos de 1999 e 2000, que é de 18,49%.

23,21

76,79

Com Risco = 139Sem Risco = 460

10,36

32,91 57,72

Até 69 anos e 11meses = 903De 70 a 79 anos e11 meses = 524A partir de 80 anos= 165

47,02

52,97

Com Risco = 526Sem Risco = 467

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Comparando os resultados obtidos para CA, nos dois trabalhos, observa-se que as idosas apresentam maior percentual de risco para as doenças cardiovasculares, quando comparados aos do sexo masculino.

IMC: Para o cálculo do IMC foi tomada como referência a classificação recomendada pela OMS (WHO, 1995), que preconiza para baixo peso IMC menor que 18,5 kg/m2, peso normal IMC > de 18,49 kg/m2e menor de 24,99 kg/m2 e sobrepeso IMC > de 24,99 kg/m2. (TEIXEIRA NETO, 2003 p.142).

Segundo o IMC obteve-se: 32 idosos (2,01%) com IMC menor de 18,50 kg/m2; 611 (38,37%) com IMC maior de 18,50 kg/m2 e menor de 25,00 kg/m2 e 949 (59,61%) com IMC maior que 25,00 kg/m2.

Gráfico 5 - Classificação por IMC, 2006.

Discussão

A maioria dos idosos classifica-se na faixa de sobrepeso, IMC maior que 25,00 kg/m2

(59,62%), é importante observar que é um índice muito alto para sobrepeso. Entre os idosos que apresentam sobrepeso, foi registrado 586 casos (61,74%),

classificados como sobrepeso grau I (IMC maior que 24,99 kg/m2 e menor que 30,00 kg/m2); 344 casos (36,24%), classificados como sobrepeso grau II (IMC maior que 29,99 kg/m2 e menor que 39,99 kg/m2) e 19 casos (2,00%), classificados como sobrepeso grau III (IMC maior que 39,99 kg/m2).

O índice para baixo peso (2,01%), caracteriza-se como um bom resultado, porém é importante observar.

Entre os idosos que apresentam baixo peso, foi registrado 20 casos (62,50%), classificados como baixo peso leve (IMC maior que 16,99 kg/m2 e menor que 18,50 kg/m2); 7 casos (21,87%), classificados como baixo peso moderado (IMC maior que 15,99 kg/m2 e menor que 17,00 kg/m2) e 5 casos (15,62%), classificados como baixo peso grave (IMC menor que 16,00 kg/m2).

Tavares e Anjos (1999), em Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição (PNSN), desenvolvida entre Junho e Setembro de 1989, com o objetivo de aferir o estado nutricional da população brasileira, obteve os seguintes resultados: 6,75% para baixo peso, 52,95% para peso normal e 40,30% para sobrepeso.

O índice para peso normal (38,37%) apresenta-se muito baixo, uma vez que o índice nacional (PNSN) é de 52,95%. Entre os idosos que apresentam peso normal, foi registrado 611 casos (38,37%), com IMC maior que 18,49 kg/m2 e menor que 25,00 kg/m2.

É interessante observar que para o fator sobrepeso os valores são bem diferentes (59,61% e 40,30%), enquanto que para baixo peso, há uma diferença considerável (2,01% e 8,75%). Para o fator normalidade, há também uma diferença considerável (38,37% e 52,95%), desfavorável para a população da amostra em questão.

2,01

38,37

59,62

Baixo Peso = 32Peso Normal = 611Sobrepeso = 949

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Conclusão No Brasil vários trabalhos foram realizados, envolvendo população idosa,

institucionalizada ou não. No entanto, ainda são necessários mais estudos antropométricos com esse segmento da sociedade.

Após avaliar mil quinhentos e noventa e dois (1592) idosos voluntários, entre estes, sendo novecentos e noventa e três (993) do sexo feminino e quinhentos e noventa e nove (599) do sexo masculino, foi obtido um resultado, apresentando alta incidência de sobrepeso, fator este que predispõe à ocorrência das doenças degenerativas, que acomete a população com idade de quarenta (40) anos ou mais.

Além da alta incidência de sobrepeso, foi registrada para a variável Circunferência de Abdome (CA) uma ocorrência muito elevada de valores superiores ao desejado, para os idosos do sexo feminino, logo, com risco para as Doenças Cardiovasculares.

Avaliando os dados obtidos na pesquisa, conclui-se que o índice de sobrepeso apresenta-se muito alto, contrastando-se com o nível de baixo peso. O percentual para eutróficos apresenta-se muito baixo. Tais resultados permitem detectar a grande vulnerabilidade da população em questão, para as doenças degenerativas e suas co-morbidades.

Portanto, medidas preventivas devem ser tomadas a fim de evitar que o quadro atual do perfil antropométrico da população se torne ainda mais comprometedor.

Medidas terapêuticas, dietéticas e educacionais devem ser aplicadas, a fim de minimizar, se não erradicar o problema do sobrepeso, garantindo assim uma melhor qualidade de vida, com mais saúde, agregando mais anos de vida, e o que é mais importante, uma longevidade mais feliz. Referências ALVES, R.V.; MOTA, J.; COSTA, M.C. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica. Rev. Brasileira Medicina e Esporte. Vol.10, n.1, p.3, Rio de Janeiro: jan./fev. 2004. AUGUSTO, A.L.P.; ALVES, D.C.; MANNARINO, I.C.; GERUDE, M. Terapia Nutricional. São Paulo: Atheneu, 1993. BERKOW, R., FLETCHER, A.J. Manual Merck de medicina: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Roca, 1995. BRANDÃO, A.P.I. Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Rev. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 84, n.7, São Paulo: 2005. CABRERA, M.A.S.; JACOB, W. Obesidade em idosos: Prevalência, Distribuição e Associação com Hábitos e Co-Morbidades. Rev. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabolismo. São Paulo: Vol. 45 n.5, 2001. COLOMBO, R.C.R., et al. Caracterização da Obesidade em Pacientes com Infarto do Miocárdio. Rev. Latino-Am Enfermagem. Vol. 11, n.4, Ribeirão Preto: July/Aug. 2003. CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. São Paulo: Manole, 2002. DIAS-DA-COSTA, J.S., et al. Níveis de Intervenção para obesidade Abdominal: Prevalência e Fatores Associados. Cad. Saúde Pública. V.22, n.6 Rio de Janeiro: jun. 2006. ESCOTT-STUMP, S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. São Paulo: Manole, 1999. FRANK, A.A.; SOARES, E.A. Nutrição no Envelhecer. São Paulo: Atheneu, 2004.

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Doenças Emergentes: uma Análise Sobre a Relação do Homem com o seu Ambiente

Mestrando Jair Antonio de Carvalho (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA)

[email protected]

Mestranda Sandra Regina Farias Teixeira (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA) [email protected]

Especializando Márcio Pedrote de Carvalho (Vigilância em Saúde - FMT)

[email protected]

Professor Doutor Fábio Aguiar Alves (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA) [email protected]

Resumo Trabalho com o objetivo oportunizar discussão sobre as doenças emergentes e reemergentes e suas relações com as questões ambientais. Justificando-se pela necessidade de trazer à tona, discussões sobre as doenças emergentes e os fatores que as oportunizaram, o mesmo raciocínio se aplica às doenças reemergentes. Doenças emergentes são doenças que vêm surgindo nos últimos anos ou que já existiam e que vem aumentando sua incidência ultimamente. O Brasil possui uma grande variedade de ecossistemas, envolvendo tanto da fauna quanto da flora, estando este, sujeito à degradação em função de “grileiros” na busca de riqueza fácil e rápida. Ao tratar de doenças infecciosas emergentes e reemergentes, verificam-se dois focos de atenção: o surgimento ou identificação de novos problemas de saúde e novos agentes infecciosos. A rapidez dos meios de transporte leva estes agentes espalharem-se de um continente para outro. Medidas preventivas devem ser tomadas a fim de evitar o aparecimento de novas doenças e o reaparecimento das tidas como erradicadas. Medidas educacionais devem ser aplicadas, a fim de minimizar, se não erradicar o problema das doenças emergentes e reemergentes, garantindo assim uma melhor qualidade de vida. Palavras chave: Doenças Emergentes e Reemergentes; Ecossistemas; Preservação Ambiental; Medidas Preventivas e Educativas; Relação Homem e Ambiente NTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem-se observado a ocorrência de novas doenças, bem como o

reaparecimento de doenças tidas como erradicadas. Essas ocorrências, as chamadas doenças emergentes e reemergentes, vêm sendo frequentemente citadas através dos meios de comunicação, informando e alertando a população para os riscos que tais enfermidades podem ocasionar.

Essas infecções em sua grande maioria são de origem viral. A AIDS é um bom exemplo de uma doença emergente, assim como o Dengue, se aplica como doença reemergente.

Na medida em que as doenças transmissíveis, sujeitas à vigilância vão reduzindo sua incidência, a importância política dos órgãos de controle também vão diminuindo, podendo chegar até mesmo ao esquecimento por parte do comando das estruturas governamentais.

No Brasil evidencia-se uma variedade considerável de ecossistemas, com gigantesca diversidade tanto no tocante a fauna quanto à flora apresentada. Estes ecossistemas encontram-se cada vez mais sujeitos à degradação, em função da ação constante dos “grileiros” em busca riqueza fácil e rápida, sem medir as conseqüências que pode levar à

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natureza. O avanço da agricultura e da pecuária nas áreas naturais vem proporcionando contato entre as populações humanas e seus animais domésticos com as populações de animais silvestres no seu habitat. Este contato facilitou a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos hospedeiros e ambientes. Como conseqüências dessas interações podem ocorrer diversas zoonoses.

O presente trabalho tem como objetivo oportunizar discussão sobre as doenças emergentes e reemergentes e suas relações com as questões ambientais, despertando nas pessoas, a necessidade de manter uma relação harmoniosa com o ambiente em que vive, alertando para os perigos da convivência do homem e seus animais domésticos com os animais silvestres, tendo em vista problemas sanitários e econômicos causados pela disseminação de agentes patogênicos e enfatizar sobre as medidas preventivas que devem ser tomadas, a fim de se minimizar a ocorrência das doenças emergentes e reemergentes.

Este trabalho se justifica, pela necessidade de trazer à tona, novas discussões sobre as doenças emergentes, os fatores que oportunizaram o seu aparecimento e que medidas de controle devem ser efetivamente tomadas a fim de minimizar, se não erradicar sua proliferação. O mesmo raciocínio se aplica às doenças reemergentes, no sentido de que as mesmas não voltem a incidir sobre a população. DESENVOLVIMENTO

Doenças emergentes são doenças que vêm surgindo nos últimos anos ou que já

existiam e que vem aumentando sua incidência ultimamente. Quando se trata de doenças infecciosas emergentes e reemergentes, verificam-se dois

principais focos de atenção: o surgimento ou identificação de novos problemas de saúde e novos agentes infecciosos; e a mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, incluindo a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis.

Luna (2002), relata que um número grande de fatores estariam envolvidos na determinação da emergência e reemergência de doenças infecciosas. No sentido de facilitar a discussão estes fatores podem ser agrupados em sete grandes grupos:

fatores demográficos; fatores sociais e políticos; fatores econômicos; fatores ambientais; fatores relacionados ao desempenho do setor de saúde; fatores relacionados às mudanças e adaptação dos microorganismos e manipulação de microorganismos com vistas ao desenvolvimento de armas biológicas.

A rapidez dos meios de transporte leva portadores a várias áreas do mundo e, devido às condições encontradas nestes ambientes, há a possibilidade destes agentes espalharem-se rapidamente. Vetores (freqüentemente insetos) e portadores não humanos de doenças também foram introduzidos em áreas onde nem existiam previamente (PIGNATTI, 2004).

A possibilidade de alcançar qualquer ponto da terra por transporte aéreo em poucas horas, tem proporcionado o deslocamento de vetores de um continente para outro, bem como o contato direto do homem com áreas remotas, onde existe a possibilidade de haver agente até então desconhecido. Igualmente, a importação de animais pode trazer novos agentes de doença ao contato humano (SCHATZMAYR 2001).

A consolidação de uma nova ordem mundial, na qual a integração das economias de diferentes países tem sido acompanhada pelo rápido aumento da circulação de pessoas e mercadorias, resultou na desagregação de modos de vida tradicionais e na degradação

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ambiental. Dentro deste contexto aparecem propostas para uma epidemiologia das doenças emergentes e um sistema global de vigilância sanitária e de doenças (SABROZA 2001).

Segundo Greco (2008), a definição de doença emergente proposta pelos centros de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos da América, engloba tanto as doenças infecciosas de descoberta recente quanto aquelas cuja incidência tende a aumentar no futuro: “doenças causadas por micróbios que já se sabia serem patogênicas, mas com padrão diferente de doença (aumento de incidência, processo patogênico inusitado) ou que foram reconhecidos como patógenos novos para o ser humano”.

Ramos Silva (2008), relata que a própria definição de zoonoses como “doenças ou infecções que se transmitem naturalmente, entre os animais vertebrados e o homem, ou vice-versa”, já denota a possível participação dos animais silvestres na manutenção destas doenças na natureza.

A conceitualização de doença emergente, apesar de muito debatida, não é tarefa muito fácil, por ser necessário considerar o aspecto amplo e dinâmico que a envolve. A exemplo da hantavirose, sua abordagem epidemiológica é bem explorada na área médica, onde o objetivo central é desvendar os aspectos clínicos e terapêuticos da doença. Ênfase deve ser dada à produção científica sobre a referida zoonose, que também tem a contribuição de outras áreas como a Medicina Veterinária e a Biologia. (SCHMIDT, 2007).

Além das doenças cujos agentes etiológicos são desconhecidos, as doenças emergentes incluem velhas doenças que apresentam novos comportamentos epidemiológicos. Uma doença relativamente conhecida que vem merecendo atenção é a infecção pelo vírus da hepatite ”B”. A presença das doenças emergentes e reemergentes colocam uma série de desafios para a saúde pública em geral e para a epidemiologia, em particular. O primeiro deles diz respeito à biossegurança (BARATA, 1997). Doenças Emergentes mais Comuns e seus Históricos

Analisaremos de forma pontual algumas dessas doenças, relatando seu aparecimento

histórico, assim como, os malefícios para a população. A Zoonose ocupa um lugar cada vez mais importante entre os problemas de Saúde

Pública no Brasil, tanto nas zonas rurais quanto nas urbanas. O vírus do Nilo Ocidental (VNO) utiliza aves como reservatórios naturais e mosquitos

ornitofílicos como vetores obrigatórios. Este gênero de mosquito tem distribuição cosmopolita, inclui muitas espécies antropofílicas e adaptados ao convívio humano. A transmissão entre humanos só foi registrado através de transfusão sanguínea e transplante de órgãos.

O vírus da influenza aviária (VIA), que em formas brandas ou hiperpatógenas, se apresenta como zoonoses entre aves selvagens e domésticas, reservatórios virais que atualmente têm sido uma das grandes preocupações das autoridades sanitárias mundiais, dada a grande capacidade de disseminação (PETRY, 2006).

A malária reapareceu em regiões nas quais havia sido supostamente eliminada e está se espalhando para áreas não afetadas anteriormente. Embora tenham sido utilizados, nos anos 40, inseticidas de ação residual e drogas eficazes para o tratamento da malária, observou-se um aumento do número de casos no Brasil a partir de 1970, com cerca de mais de meio milhão de casos notificados anualmente pelos serviços de saúde. Atribui-se este aumento à maneira pela qual foi ocupada a região da floresta amazônica por projetos agropecuários, pela mineração e construção de grandes usinas hidrelétricas, além da abertura de rodovias, que facilitaram o acesso à região (PIGNATTI, 2004).

Porto (1994), relata que a malária, também chamada impaludismo é uma doença infecciosa causada por um protozoário do gênero Plasmodium e transmitida por um mosquito

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do gênero Anopheles. O homem é o único reservatório do P. falciparum, que entre todos é o causador de maior morbidade.

O cólera, depois de cerca de um século, está reaparecendo na América Latina. Acredita-se que sua reintrodução na América do Sul nos anos de 1990 foi resultado de uma descarga, por um cargueiro, de água de lastro da China nas águas costeiras do Peru. A água carregou o vibrião da cólera, o qual cresceu nas águas enriquecidas com nitrogênio e fósforo provenientes do esgoto e fertilizantes (PIGNATTI, 2004).

Segundo Otto Bier (1994), no Brasil, o coléra foi registrado em 1885, no Amazonas, Pará, Bahia e Rio de Janeiro. Sendo que no estado de São Paulo, tanto na capital quanto no interior foi registrado em 1893.

A febre amarela urbana e seu principal vetor, o mosquito Aedes aegypti, provavelmente espalhou-se da África para a América via comercialização escrava, mas a rapidez com que as mercadorias e as pessoas agora se movem ao redor do globo tem aumentado ainda mais a probabilidade do tráfico dos "agentes patógenos".

A febre amarela essencialmente doença de primatas, porém com capacidade de alcançar o homem que penetre em áreas endêmicas sem proteção vacinal (SCHATZMAYR, 2001).

O número de casos de febre amarela silvestre apresenta-se em contínuo aumento na África. Estima-se a ocorrência de 200.000 casos em 1995. Embora o Brasil possua a maior área enzoótica de febre amarela silvestre do mundo, compreendendo as zonas da mata das regiões Amazônicas e Centro Oeste, tem-se observado uma diminuição da ocorrência da doença nos últimos anos (PIGNATTI, 2004).

A dengue, uma infecção viral também transmitida pelo Aedes aegypti, espalha-se pelo mundo a uma velocidade impressionante. Os casos mais graves da doença, a febre hemorrágica de dengue e a síndrome de choque, estão explodindo.

Segundo Pignatti (2004), entre 1982 a 1998, foram notificados no Brasil 1.672.883 casos de dengue clássico. Em relação ao dengue hemorrágico, no período de 1990 a 1999, ocorreram 888 casos, sendo que destes 39 foram a óbito. As condições de permanência e circulação dos vírus estão fortemente associadas com a densidade e dispersão dos vetores.

A forma de organização do espaço dos centros urbanos, o modo de vida de suas populações e os seus reflexos no ambiente cria as condições para a proliferação dos vetores (principalmente no espaço doméstico). Neste sentido, tanto as populações com más condições sociais ou econômicas, como as de melhores condições, estão sujeitas a adquirir a infecção (PIGNATTI, 2004).

Veronesi (1996), relata que no Brasil e na Colômbia a ocorrência de dengue predominou em pacientes com idade superior a 15 anos. O nosso país ocupa o 5º lugar na lista de notificações, a maioria dos casos ocorreu durante as epidemias que afetaram os estados do Rio de Janeiro entre 1990 e 1991 e no Ceará em 1994.

A doença de Lyme, que ocorre principalmente nos Estados Unidos, há suspeita de casos no Brasil, está relacionada às várias atividades humanas que alteram dramaticamente a ecologia da região. A derrubada das florestas durante séculos anteriores, para dar lugar à agricultura, eliminou os veados e seus predadores da área. As florestas retornaram ao longo do tempo, assim como os veados, mas não seus predadores. Os carrapatos, portadores do agente etiológico da doença de Lyme, a disseminaram para toda a população de veados. Ao mesmo tempo, casas foram construídas nas proximidades das florestas, levando um maior número de pessoas a serem picadas pelos carrapatos infectados, espalhando-se por diversos estados (PIGNATTI, 2004).

Veronesi (1996), relata que os casos da doença de Lyme no Brasil, foram registrados em áreas próximas a vegetações, onde provavelmente habita animais silvestres. Várias pessoas contraíram a doença em derrubadas de matas, outros em visitas a sítios ou fazendas,

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outros praticando cavalgada ou lidando com cães infectados por carrapatos ou ainda deitando na grama.

A febre maculosa Foi identificada nos estados de São Paulo e Minas Gerais na primeira metade deste século. Os principais vetores são os carrapatos Amblyomma cajennense e o A. Striatum ambos encontrados infectados no homem e no cão, sendo que a espécie cajennense é o que mais ataca o homem no Brasil (OTTO BIER, 1994).

3 - CONCLUSÃO Toda modificação do espaço físico ou da paisagem, determina alterações ecológicas na

patobiocenose, alterando a circulação do agente infeccioso (SILVA, 1997). A alteração dos habitats provocados pelas atividades humanas leva a uma modificação

nas formas de adaptação dos patógenos. A disseminação de um patógeno humano requer a vulnerabilidade da população. A vulnerabilidade de uma comunidade para um patógeno depende além da virulência e da velocidade de transmissão, da imunidade da população. Portanto a vulnerabilidade de uma população humana às doenças está sujeita ao estado geral de saúde que é determinado por fatores sócio-econômicos, nutricionais, herança genética e espaço geográfico, acrescido por de outros fatores como: uso de álcool e fumo. Fatores que ditam a imunidade ou exposição à contaminação dessa população.

A degradação ambiental vem contribuindo consideravelmente para o aparecimento ou surgimento de novas doenças. Se o terreno não é favorável, as colonizações não sobrevivem. Se o ambiente é receptivo o patógeno intromissor se prolifera em adaptações de oportunidades para novas espécies.

As modificações ambientais em todos os níveis afetam consideravelmente a distribuição das doenças. Numa escala maior ou menor as modificações ambientais afetam a disseminação de doenças infecciosas. As intervenções humanas no ambiente contribuem para o deslocamento de vetores ou de agentes etiológicos atingindo populações assentadas em áreas próximas, atingindo em seguida, áreas periféricas e urbanas como o caso da febre amarela urbana. A ausência de políticas públicas que promovam integração de medidas que visem à promoção da saúde humana incluindo condições ambientais apontam para uma perspectiva ameaçadora para esse início de milênio.

Avaliando os dados obtidos na pesquisa, conclui-se que o cuidar do ambiente como favor de preservação é de extrema importância a fim de que não haja o aparecimento de novas doenças como conseqüência da interação entre humanos e o ambiente de forma indevida, oportunizando o contato do homem com patógenos comuns ao ambiente silvestre. E que as doenças tidas como erradicadas (reemergentes) não voltem a serem problemas de saúde pública.

Portanto, medidas preventivas devem ser tomadas a fim de evitar o aparecimento de novas doenças e o reaparecimento das tidas como erradicadas. Medidas educacionais devem ser aplicadas, a fim de minimizar, se não erradicar o problema das doenças emergentes e reemergentes, garantindo assim uma melhor qualidade de vida, com mais saúde, agregando mais anos de vida, e o que é mais importante, uma vida mais feliz.

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Submetidos

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Avaliação Nutricional de Adultos Presentes na II Ação Social de Saúde, Centro Gerontológico José Maria Taylor da AAP-VR, Volta redonda - RJ, 2006: Relato

de Dados com Direcionamento para Produção de Material Informativo Disseminável para a População Alvo

Jair Antonio de Carvalho

Mestrando pela UniFOA - Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente

Luciana Sant’Ana de Souza Especialista em ESF (Estratégias de Saúde da Família) pela UFTO e Odontóloga pela FAA - Valença, RJ.

Fábio Aguiar Alves

Prof. Dr. (Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente – UniFOA – Volta Redonda – RJ) Resumo Este trabalho tem como objetivo, avaliar o estado nutricional da população de adultos do Centro Gerontológico, mediante o cálculo do IMC e CA. Estudo transversal, com 144 adultos com idade entre 24 e 86 anos, de ambos os sexos, presentes na II Ação Social em Saúde em 07/04/2006, a amostra representa 27,16% da população estimada em 530 pessoas. A participação foi espontânea. Os dados coletados por entrevista individual, a ficha de avaliação foi preenchida pelo entrevistador, o participante assinou autorizando a utilização dos seus dados. Obtendo-se daí: 84% foram do sexo feminino e 16% do sexo masculino. Idade média de 63 anos, destes 7% com idade inferior a 40 anos, 36% com idade entre 40 e 59 anos e 57% maiores de 60 anos. O índice CA em mulheres (39,27%), com risco para doenças cardiovasculares e em homens (1,38%). 3,47% com IMC menor que 18,50kg/m2 (desnutrição); com IMC maior que 18,49kg/m2 e menor que 25,00kg/m2 (eutrófico), 30,55%; com IMC maior que 24,99kg/m2 (sobrepeso), 65,97% dos participantes. Perguntou-se sobre a ocorrência de: hipertensão, diabetes e dislipidemias, Obtendo-se: 48,09% não possuem nenhuma das patologias; 35,11% apresentavam hipertensão, 7,63% diabetes e 9,16% dislipidemias. Ressalta-se que entre as 81 pessoas acometidas por patologia, 13 delas (16,04%) apresentam duas ou mais. Tal resultado permite detectar, a vulnerabilidade, para as doenças degenerativas e suas co-morbidades. Para a variável CA, deve-se considerar a diferença expressiva do sexo feminino (39,27%) e o masculino (1,38%). O perfil de patologias obtido, 48,09% sem doenças, 35,11% de hipertensos, 9,16% de dislipidêmicos e 7,63% de diabéticos, é bom, de acordo com os dados nacionais. Oferecer informações nutricionais, intervenção específica para os que apresentam algum desvio nutricional a fim de corrigí-los e prevenindo futuros problemas, são ações que devem ser tomadas a curto e médio prazo. Palavras chave: Avaliação Nutricional; Adultos; Qualidade de vida. Abstract This work has as purpose evaluating the nutritional state of adult population from Gerontological Center, through the calculation of IMC and CA. Transversal study with 144 adults between 24 and 86 years old, male and female, present in the Second Social Action in Health on April 7th 2006, the sample represents 27,16% of the population estimated in 530 people. The participation was spontaneous. The data collected by individual interview, the evaluation card was filled out by the interviewer, and the participant signed authorizing the

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utilization of his data. It was obtained the following data: 84% were female and 16% male. Average age of 63 years old, from which 7% aging less than 40 years old, 36% aging from 40 to 59 years old and 57% aging more than 60 years old. CA index in female (39,27%) with risk for cardiovascular diseases and male (1,38%). 3,47% with IMC lower than 18,50 kg/m² (undernourishment); with IMC higher than 18,49/m² and less than 25,00kg/m² (eutrofic), 30,55%; with IMC higher than 24,99 kg/m² (overweight), 65,97% of the participants. It was asked about the occurrence of hypertension, diabetes and dislipidemias obtaining the following result: 48,09% don’t have any of the pathologies; 35,11% presented hypertension, 7,63% diabetes and 9,16% dislipidemias. It’s showed that among the 81 peoples with the pathology, 13 from them (16,04%) presented two or more. This result allows to detect the vulnerability for the degenerative diseases and their co-morbidity. To the array CA, one should consider the significant difference from female (39,27%) to male (1,38%). The profile of pathologies obtained: 48,09% without diseases; 35,11% of hypertenses; 9,16% of dislipidemias and 7,63% of diabetics. It’s good according to national data. Offering nutritional information, specific intervention for the ones who present any nutritional deviation so that they can be corrected and preventing future problems, are actions that must be taken in short and medium term. Key words: Buccal Health; Educational Campaigns; Life Quality. Introdução

Sabe-se que o baixo peso e o sobrepeso são fatores determinantes na qualidade de vida

de um indivíduo. O conhecimento do perfil antropométrico de uma população pode funcionar como alerta para as autoridades de saúde, órgãos públicos, bem como para as instituições assistenciais, cujo foco seja a saúde da população. Nesse sentido, o objetivo principal deste artigo é despertar para a criação de programas e ações preventivas que possam minimizar, a médio e longo prazo, os problemas advindos do baixo peso e sobrepeso e, conseqüentemente, atingir uma melhor qualidade de vida.

A nutrição é um aspecto importante nesse contexto pela modulação das mudanças fisiológicas relacionadas com a idade e com o desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, osteoporose e alguns tipos de câncer.

A presente pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar o estado nutricional da população de adultos freqüentadores do Centro Gerontológico da AAP-VR tendo em vista que este fator é um importante marcador da qualidade de vida, mediante o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) e Circunferência de Abdome (CA). Na intenção de identificar a incidência de baixo peso, peso normal e sobrepeso na população pesquisada e subsidiar os profissionais da Saúde, Órgãos Públicos e Diretores de Instituições Assistenciais, na elaboração de programas (dietas, exercícios físicos, etc.) e ações que visem melhorar a qualidade de vida da população.

Este estudo se justifica teórica e praticamente. Teoricamente, pelo fato de chamar atenção para as alterações no peso, tanto para mais (sobrepeso), quanto para menos (baixo peso), que podem funcionar como marcadores de indícios de irregularidades no funcionamento do organismo, que podem ser decorrentes de uma alimentação inadequada. Praticamente, por mostrar que uma vez detectada as alterações no peso, estes dados servirão como alerta aos órgãos e profissionais da saúde, para a necessidade de ações preventivas, no

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sentido de minimizar, se não erradicar, as condutas alimentares que estejam favorecendo o aparecimento destas irregularidades.

Fundamentação Teórica

A Nutrição é um fator importante na manutenção da saúde ao longo da vida. Quando

um indivíduo tem hábitos alimentares saudáveis na infância, juventude e idade adulta, garante uma melhor qualidade de vida na velhice.

Conhecer o perfil nutricional de uma população é de grande importância, tendo em vista que a partir daí, torna-se possível desenvolver campanhas que visem, se não erradicar os problemas advindos dos erros na alimentação, minimizá-los para que uma melhor qualidade de vida seja atingida.

O interesse na avaliação do estado nutricional tem aumentado com a constatação de grande incidência de desnutrição. A maioria dos casos mostra a desnutrição protéico-calórica, o que influi diretamente no sistema imunológico do indivíduo, tornando-o mais susceptível às doenças (TAVARES E ANJOS, 1989).

Uma das grandes preocupações da Nutrição é estabelecer, precocemente, e com maior precisão, o diagnóstico das alterações do estado nutricional. Sabe-se, entretanto, que a maior parte desses casos, apresenta-se sob a forma sub-clínica, exigindo da equipe a utilização de todos os recursos disponíveis para o exame do paciente. O estado nutricional pode ser afetado por alterações na ingestão, na absorção, transporte, utilização, excreção e reserva dos nutrientes, resultando em desequilíbrio nutricional. Este, dependendo de sua intensidade e/ou duração pode comprometer o estado geral do organismo. Freqüentemente verificam-se distúrbios, em mais de um desses fatores e assim alterações que, de acordo com sua intensidade e duração, provocarão maiores ou menores sintomas e sinais clínicos (VANNUCCHI; UNAMUNO; MARCHINI, 1996).

Os estudos antropométricos e dietéticos, atualmente, alcançam definitiva importância, por tratarem de aspectos intimamente relacionados com a qualidade de vida pretendida pela sociedade em todo mundo. Não há dúvida de que, os indicadores antropométricos contribuem na avaliação do estado nutricional, em diferentes momentos fisiológicos e fisiopatológicos, de diversos grupos etários. (FRANK; SOARES, 2004).

As medidas antropométricas representadas pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) e Circunferência Abdominal (CA), constituem uma maneira racional e eficiente de se presumir o volume e as distorções de gordura, devendo, assim, serem utilizadas na prática clínica cotidiana.

O IMC é determinado a partir das variáveis peso e estatura, que consiste na medida do peso corporal (kg), dividido pela estatura (m) elevada ao quadrado, logo, P/E2. A classificação segundo as recomendações da OMS compreende: IMC até 18,49 para baixo-peso, IMC de 18,5 a 24,9, para normalidade e IMC maior que 24,99 para sobrepeso (TEIXEIRA NETO, 2003, p.142).

A CA é medida em centímetros e definida como menor circunferência no nível da cicatriz umbilical, no final do movimento respiratório. Segundo Han e cols. 1995, a partir de 102cm em homens e 88cm em mulheres, há um risco substancialmente aumentado de complicações metabólicas associadas à obesidade.

Sendo a CA um importante dado para avaliar os riscos das doenças cardiovasculares, e o IMC um marcador para a saúde do indivíduo, relacionar a CA com o IMC torna-se de grande importância quando se quer fazer um diagnóstico da saúde de uma população. Metodologia

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Amostragem Estudo transversal, em que foram entrevistados 144 adultos com idade entre 24 e 86

anos, de ambos os sexos, presentes na II Ação Social em Saúde da AAP-VR, realizada em 07/04/2006, nas dependências do Centro Gerontológico, em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro.

A amostra representa 27,16% da população presente no evento que foi estimada em 530 pessoas.

Coleta de dados A participação do público presente no evento foi espontânea. Os dados foram

coletados por meio de entrevista individual, em que a ficha de avaliação foi preenchida pelo entrevistador com as informações prestadas pelo entrevistado, em seguida o entrevistado assinou documento autorizando a utilização dos seus dados para efeito de pesquisa, conforme modelo a seguir.

É importante ressaltar que nem todos os dados coletados foram utilizados no presente estudo, estando à disposição para outros trabalhos.

Coleta de dados antropométricos As variáveis que têm consonância com o presente trabalho, são: Peso Corporal: a pesagem foi realizada em uma balança de travessão com pesos

móveis. Para medir o peso corporal, o indivíduo ficou na plataforma da balança, com o peso do corpo igualmente distribuído entre os pés, conforme o método descrito por Heyward & Stolarczyk (2000).

Estatura: um estadiômetro com uma haste móvel foi utilizado para medir a altura em pé. O indivíduo descalço foi posicionado em uma superfície plana que está em ângulo reto com a haste vertical ou prancha de estadiômetro. Os pés estavam juntos formando um ângulo de 60°. A cabeça, escápula e glúteos estavam também tocando a prancha vertical, cabeça ereta e olhos fixos na frente, conforme o método descrito por Heyward & Stolarczyk (2000).

Índice de Massa Corporal (IMC): é a proporção do peso para a altura ao quadrado. Para calcular o IMC, o peso foi aferido em quilogramas (kg) e a altura em metros (m). Os indivíduos foram classificados segundo dados da OMS/1995 (TEIXEIRA NETO, 2003, p.142).

Circunferência de Abdome: foi medida em centímetros, com fita métrica convencional e definida como menor circunferência no nível da cicatriz umbilical, no final do movimento respiratório.

Resultados e discussão

A amostra consta de 144 adultos entrevistados, os quais foram “distribuídos” segundo as seguintes variáveis:

FICHA DE AVALIAÇÃO DE ADULTOS Código________________________________ Data: _________________________________

Idade:___ Peso:____ Altura:____ Circunferência de Cintura:____ Atividade Física: S ( ) N ( )

Sexo:M ( ) F ( ) Fumante:S ( ) N ( )Álcool:S ( ) N ( ) Tem animal de companhia: S ( ) N ( )

Doenças: ________________________________________________________________

Zoonoses: ________________________________________________________________

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Sexo: Dos entrevistados, 84% foram do sexo feminino e 16% do sexo masculino

Gráfico 1 - Distribuição dos adultos segundo o sexo, 2006.

Idade: A idade média foi de 63 anos, destes 7% foram com idade inferior a 40 anos, 36% com idade entre 40 e 59 anos e 57% maiores de 60 anos.

Gráfico 2 - Distribuição dos adultos por idade, 2006. Circunferência de Abdome: Para esta variável obteve-se os seguintes valores

para o sexo feminino:

Gráfico 3 - Risco para Doenças Cardiovasculares - Feminino, 2006. O índice obtido no presente trabalho para a variável CA em mulheres (39,27%), com risco para doenças cardiovasculares, embora alto, apresenta semelhança com os dados (38,55%) de Dias-da-Costa et al. (2006), em pesquisa realizada na cidade de Pelotas, RS, entre os anos de 1999 e 2000.

Para os do sexo masculino, obteve-se os seguintes valores:

Distribuição Percentual por Idade

48,61

36,11

15,27 Até 39 anos e 11meses = 70de 40 a 59 anos e11 meses = 52a partir de 60 anos= 22

Percentual de Risco para Doenças Cardiovasculares - Feminino

39,27

60,73

Com risco = 55Sem risco = 66

Distribuição por Sexo

84,02

15,98

Fem = 121Mas = 023

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Gráfico 4 - Risco para Doenças Cardiovasculares - Masculino, 2006.

O índice obtido no presente trabalho para a variável CA em homens (1,38%), com risco para doenças cardiovasculares, é um índice muito bom, quando comparado aos dados de Dias-da-Costa et al.(18,49%), (2006), em pesquisa feita na cidade de Pelotas, RS, entre os anos de 1999 e 2000. Estes valores podem estar relacionados ao baixo número de voluntários do sexo masculino, neste trabalho.

Comparando os resultados obtidos para CA, nos dois trabalhos, observa-se que as mulheres apresentaram maior percentual de risco para as doenças cardiovasculares, quando comparados aos dos homens.

IMC: Obteve-se, 3,47% dos indivíduos testados com IMC menor que 18,50kg/m2 (desnutrição); com IMC maior que 18,49kg/m2 e menor que 25,00kg/m2 (eutrófico), obteve-se 30,55% dos indivíduos testados e, com IMC maior que 24,99kg/m2 (sobrepeso) obteve-se 65,97% dos indivíduos testados.

Gráfico 5 - Classificação do Peso por IMC, 2006.

A maioria dos adultos classifica-se na faixa de sobrepeso, IMC maior que 24,99kg/m2 (65,97%), o índice para peso normal (30,55%), é considerado baixo. O índice para baixo peso (3,47%), caracteriza-se como um bom resultado.

Martins et al. (2003), ao avaliarem o perfil antropométrico de uma população de profissionais de saúde de um hospital particular na cidade do Rio de Janeiro, obtiveram os seguintes resultados: 1% de desnutrição, 46% de eutróficos e 53% de sobrepeso.

Taniguchi et al. 2004, em trabalho objetivando estimar as prevalências de excesso de peso e, descrever algumas variáveis antropométricas relativas à distribuição da gordura corporal de uma população migrante de origem japonesa residente no Brasil, obtiveram resultado de 40% para a variável sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2).

Teixeira Neto (2003), nos mostra que em pesquisa realizada nas décadas de 80 e 90, nos países latinos (Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México, Peru, Uruguai e EUA), foram evidenciados os maiores índices de obesidade no Uruguai e EUA, ambos apresentando uma média (homens e mulheres) de 50% de obesos adultos.

Classificação do Peso por IMC

3,4730,55

65,97

Baixo peso = 05

Peso normal = 44Sobrepeso = 95

Percentual de Risco para Doenças Cardiovasculares - Masculino

1,38

98,62

Com risco = 02Sem risco = 21

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Comparando os resultados, evidencia-se o sobrepeso predominante nas três pesquisas, porém, de forma mais acentuada na população do Centro Gerontológico da cidade de Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro. Os índices para eutrofia apresentam-se baixos, embora o estudo de Martins et al. (2003), apresente um nível melhor tanto para os eutróficos, como para o item desnutrição, quando comparados com os índices obtidos no presente trabalho.

Patologias: Perguntou-se aos entrevistados, se tinham problemas de hipertensão, diabetes e dislipidemia (colesterol e triglicerídeo). Foram obtidos desse questionamento os seguintes resultados: 48,09% informaram não possuir nenhuma das doenças; 35,11% apresentavam hipertensão, 7,63% diabetes e 9,16% dislipidemia.

É importante observar, que entre as 81 pessoas acometidas por alguma patologia, 13 delas (16,04%) apresentam duas ou mais patologias associadas.

Gráfico 6 - Distribuição da Ocorrência de Patologias, 2006.

Comparando os dados obtidos com os de outros autores em estudos realizados em

diferentes locais, para as diversas variáveis, temos: Hipertensão: no presente estudo foi constatada uma prevalência de 56,79%, que apesar

de um índice alto, aproxima-se do dado obtido por Taddei et al, (1997), cujo percentual foi de 53%, em trabalho desenvolvido em 36 serviços de Cardiologia e Geriatria do Brasil.

Dislipidemia: Pires et al. (2004), em estudo realizado na cidade de São Paulo, onde obteve freqüência de 15,60%, dado este, semelhante ao obtido na presente pesquisa que foi de 14,81%.

Diabetes: nesse estudo foi registrada uma freqüência de 12,34% de diabéticos, dado relativamente baixo, quando comparado com os de Pires et al. (2004) em estudo realizado na cidade de São Paulo, onde obteve freqüência de 19,90%.

Teixeira Neto (2003), faz referência ao índice de diabéticos (7,60%) da população brasileira com idade entre 30 e 69 anos, um valor relativamente baixo, quando comparado ao detectado nesse trabalho que foi 12,34%, numa população com idade entre 24 e 86 anos.

Comparando os 3 trabalhos, constatamos que o índice encontrado para a população do Centro Gerontológico (12,34%), situa-se próximo da média entre os dois trabalhos.

CONCLUSÃO

De acordo com a presente pesquisa, o grupo em estudo, predominantemente do sexo feminino (84,02%), com idade média de 63 anos, sendo a maior incidência o grupo com idade até 39 anos e 11 meses (48,61%), registra um alto índice de sobrepeso (65,97%), contrastando-se com o nível de baixo peso e peso normal.

É importante observar que foram registrados apenas cinco casos de baixo peso, classificados como desnutrição leve (IMC 18,28Kgm2), representando 3,47% da amostra. Os

Ocorrência de Patologias

48%

8%

35%

9%

Sp

Db

Hp

Di

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casos de sobrepeso, 65,97% da amostra, classificados como sobrepeso grau I (54,25%) e grau II (45,74%). Não foi registrado nenhum caso de sobrepeso grau III ou mórbido.

Tal resultado sinaliza para a possível vulnerabilidade da população, para as doenças degenerativas e suas co-morbidades.

Nos percentuais obtidos para a variável CA, embora satisfatórios, deve ser considerada a diferença expressiva apresentada entre os níveis para o sexo feminino (39,27%) e o masculino (1,38%).

Convém notar a relação existente entre o sobrepeso apresentado (65,97%) e a incidência de risco para as doenças cardiovasculares (CA), que é relativamente alta para as mulheres (39,27%).

O perfil de patologias obtido no grupo amostral, 48,09% sem doenças, 35,11% de hipertensos, 9,16% de dislipidêmicos (colesterol e triglicerídios) e 7,63% de diabéticos, é relativamente bom, de acordo com os dados nacionais. Porém, requer atenção para o número de hipertensos.

É importante oferecer informações nutricionais à população e aos profissionais que trabalham com estes grupos, através de palestras educativas (oficinas), produção de material de divulgação (folder) e desenvolvimento de material didático destinado a levar conhecimentos básicos sobre a alimentação do adulto e do idoso, bem como uma intervenção específica para o grupo que apresenta algum desvio nutricional a fim de corrigí-los e prevenir futuros problemas que possam comprometer a qualidade de vida das pessoas.

Destaca-se que, aprofundar as informações nutricionais sobre este grupo, por meio de estudos populacionais controlados, é de fundamental importância para estabelecer práticas de monitoramento e direcionar intervenções mais adequadas às suas especificidades. BIBLIOGRAFIA

DIAS-DA-COSTA, J.S. et al., Níveis de Intervenção para Obesidade Abdominal: Prevalência e Fatores Associados. Cad. Saúde Pública. v.22 n. 6 Rio de Janeiro jun. 2006. FRANK, A.A.; SOARES, E.A., Nutrição no Envelhecer. São Paulo: Atheneu., 2004, cap I0, p.173.

HAN, T.S. et al., Obesidade em Idosos: Prevalência, Distribuição e Associação com Hábitos e Co-Morbidades. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. Disponível em <www.scielo.br/scielo>. Acessado em: 15/03/06. HEYWARD, H.V., STOLARCZYK M.L.; Avaliação da Composição Corporal Aplicada. Tradutor: CARVALHO, H.F.S. São Paulo: Manole, 2000, cap.V, p.86-87. MARTINS, R.M.S. et al., Perfil Antropométrico de Profissionais de Saúde em um Hospital Particular na Cidade do Rio de Janeiro. Rev. Nutrição em Pauta n 63: p. 46. 2003. PIRES, L. S. et al., Estudo das Freqüências dos Principais Fatores para Acidente Vascular Cerebral Isquêmico em Idosos. Arq. Neuro-Psiquiatr. v. 62 n. 3b São Paulo Sept. 2004. TADDEI, C.F.G. et al., Estudo Multicêntrico de Idosos Atendidos em Ambulatórios de Cardiologia e Geriatria de Instituições Brasileiras. Arq. Bras. Cardiol. v.69 n. 5 São Paulo 1997. TANIGUCHI, C. et al., Características Antropométricas de Nipo-brasileiros. Rev. Bras. Epidemiol. v.7 n. 4 São Paulo dez. 2004. TEIXEIRA NETO, F., Nutrição Clínica. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2003, cap. 13 p.142; cap. 16 p.186 e cap. 38 p.408. VANNUCCHI, H., UNAMUNO, M.R.D.L.; MARCHINI, J.S.; Avaliação do Estado Nutricional. Rev. Medicina Ribeirão Preto, v. 29, p. 5-18, jan/mar. 1996.

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL: Uma Abordagem Reflexiva em Prol da Qualidade de Vida

Ms Jair Antonio de Carvalho - Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA

[email protected]

Graduada Renata da Silva de Araújo Pedrote – (Odontóloga - FAA) [email protected]

Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA

[email protected]

RESUMO O presente trabalho visa desenvolver uma reflexão crítica, sobre as ações que determinam um bom nível de saúde bucal e a necessidade de medidas educativas para melhor qualidade de vida. A promoção da saúde em qualquer etapa da vida é um processo que pode afetar positivamente a qualidade de vida de uma população. Apesar de todo o desenvolvimento da odontologia em tecnologia, ela ainda não atende em níveis satisfatórios a demanda da população, por vários motivos, entre os quais os investimentos em saúde pública. Os problemas dentários apresentam uma baixa prioridade frente às doenças consideradas de relevância social. Quando se trata de saúde bucal, a questão epidemiológica do Brasil ainda é grave em função da questão sócio econômica da população, os investimentos públicos deficitários e a falta de informações sobre os cuidados básicos de saúde. A prevenção das doenças bucais deve ser desenvolvida, em três níveis: primários, secundários e terciários. O auto-diagnóstico dos problemas bucais é de extrema importância, uma vez que quanto mais cedo for detectado qualquer tipo de problema, e acionados os serviços de prevenção primária, maiores são as possibilidades de um tratamento mais rápido, mais econômico e cm maiores possibilidades de sucesso. Entre os problemas de saúde bucal, a cárie dentária é considerada como um dano a merecer maior prioridade por sua prevalência combinada com o conhecimento que as pessoas têm a seu respeito e que as levam a procurar atendimento. O câncer bucal ganhou o segundo grau de prioridade, devido a sua extrema gravidade vindo a seguir as doenças periodontais; importante observar que esta escala pode variar de acordo com a comunidade ou grupo de indivíduos envolvidos. A educação em saúde bucal tem sido cada vez mais requisitada, levando-se em conta o baixo custo e as possibilidades de impacto odontológico para a saúde coletiva. Portanto, acredita-se que o papel de educar não deve ser atribuição exclusiva do profissional convencionalmente denominado professor, mas de qualquer cidadão, pois a todo o momento estamos educando e sendo educados através dos nossos contatos com outros seres humanos e com o meio ambiente. Palavras chave: Saúde bucal; Campanhas educativas; Qualidade de vida. ABSTRACT The present study aims to develop a critical reflexion about actions that determine a good level of oral health and the need for education measures to improve the human being life quality. The health promotion in any life stage is a process that can positively affect the population’s life quality. Despite all development on the dentistry technology, it does not correspond to the population needs, for several reasons, including investments in public health. Dental problems seem to represent a low social relevance, compared to other diseases. However, when the subject is oral health, the epidemiological situation in Brazil is still a big concern regarding the social and economical situation. The public investments and general

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information on basic healthcare are low. The preventive measures for oral diseases should be developed in three different levels: primary, secondary and tertiary. The auto-diagnosis of oral problems is still a concern, once the earliest the disease is detected the better for the treatment and economically. Among other problems, the dental cavity should have priority because of its prevalence. The oral cancer gained a second level of priority regarding its extreme morbidity followed by periodontal diseases. The education campaign in public health has been increasingly recruited because of its low cost and possibility of impact to public health. Hitherto, the importance in education should not be given exclusively to the conventional education professional, but to any citizen in contact to human beings and environment. Key words: oral health, education campaign, life quality. INTRODUÇÃO

A promoção da saúde em qualquer etapa da vida é um processo que pode afetar positivamente a qualidade de vida de uma população. Um trabalho comunitário integrado, de políticas públicas de saúde, com atividades de todas as áreas, exerce papel importante no estabelecimento do padrão socio-econômico da comunidade. Segundo Chaves (1986), saúde são a plenitude e harmonia das funções físicas, o equilíbrio dos processos mentais e o desempenho eficiente das atividades sociais. O mesmo autor relata ainda, que os dois primeiros aspectos (físicos e mentais), estão reconhecidamente sob a égide da medicina, enquanto que o bem estar social envolve também outras áreas, como educação, recreação, seguridade social entre outros.

A saúde bucal é um componente essencial para o estado de saúde do indivíduo, essa conduta tem sido relegada ao esquecimento por muitas pessoas, levadas por questões das mais diversas, desde a questão da falta de informação, passando pelo fator econômico e pelo descaso com a saúde bucal, no caso do brasileiro, quando se discutem as condições de saúde da população. Apesar de todo o desenvolvimento da odontologia em tecnologia, ela ainda não atende em níveis satisfatórios à demanda da população, por vários motivos, entre os quais os investimentos em saúde pública. O SUS (Sistema Único de Saúde) encontra, ainda hoje, múltiplos obstáculos para sua efetividade. Encontramos “nós” na macropolítica em saúde que vão desde a falta de recursos financeiros passando pela deficiente intersetorialidade, até a carência de profissionais aptos a trabalhar com a concepção de saúde ampliada. Estas dificuldades implicam em baixa virtude de produzir efeitos nas ações e serviços públicos de saúde (PESSANHA 2009).

Nas últimas décadas a saúde bucal não tem sido muito valorizada pelas pessoas em geral. A prevenção em odontologia no Brasil só passou a despertar interesse a partir do final da década de 70.

Nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil, não há ainda uma prática definida de saúde bucal, portanto há significativas parcelas da população sem acesso a cuidados clínicos e preventivos de maneira regular.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem por Domicílios, (PNAD), de 1998, realizada pelo IBGE, revelam que a saúde bucal no Brasil tem recebido uma parcela escassa de recursos em relação ao total de investimentos do SUS. Do ponto de vista do acesso aos serviços odontológicos, o SUS é um agente de grande importância, porém com um papel proporcionalmente pequeno: Em 1998, revela a pesquisa, apenas 5,24% dos investimentos em saúde se destinavam aos procedimentos odontológicos (PAULETO et al. 2004).

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Rosa (1992) relata que os problemas de saúde bucal na maioria da população são relegados ao descaso no Brasil, transformando-se em fator de aceleração dos problemas naturais da velhice, tornando-a mais incômoda do que deveria ser.

É de extrema importância a implantação de serviços de odontologia nos locais de trabalho, especialmente nas empresas em que concentram grande número de trabalhadores, haja visto que, segundo Pinto (2000), 60% do tempo de vida das pessoas economicamente ativas, é despendido no emprego em local de trabalho.

Em se tratando de saúde bucal, a questão epidemiológica do Brasil, ainda é grave em função da questão sócio econômica da população, os investimentos deficitários dos órgãos públicos e a falta de informação sobre os cuidados básicos de saúde.

O sucesso de um programa destinado a elevar o nível de saúde bucal, por melhor que seja o seu planejamento, por mais eficientes que sejam os métodos propostos, por mais favorável que seja o ambiente e por mais clara que seja a definição de seus objetivos, depende fundamentalmente de recursos humanos adequadamente preparados.

Quando falamos em preparação adequada, devemos ter em mente não apenas a utilização do profissional de saúde bucal para a solução de problemas imediatos, mas também a sua capacitação para sentir e gradualmente ajustar o seu comportamento às modificações de natureza tecnológica, sócio-econômica e cultural, cuja interação obriga a uma constante revisão do papel a ser desempenhado pela odontologia como instituição social.

McDonald (2001) relata que a integração de atividades de saúde bucal na comunidade, exerce um papel importante no estabelecimento de coalizões, que podem ser úteis quando a odontologia necessita de aliados para sustentar as políticas públicas de saúde ou para a criação de fundos de investimentos para as iniciativas de saúde bucal.

A educação em saúde bucal tem sido cada vez mais requisitada, levando-se em conta o baixo custo e as possibilidades de impacto odontológico para a saúde coletiva (PAULETO et al. 2003).

Neste contexto, a ênfase na incorporação das ciências da educação ao processo de formação de recursos humanos é um dos aspectos a ser considerado, não só do ponto de vista do dentista de saúde pública, mas principalmente do ponto de vista da classe odontológica como um todo, visto ser a odontologia uma profissão de caráter eminentemente social.

Acreditamos que o papel de educar não deve ser atribuição exclusiva do profissional convencionalmente denominado professor, mas de qualquer cidadão, pois a todo o momento estamos educando e sendo educados através dos nossos contactos com outros seres humanos e com o meio ambiente. O cirurgião-dentista não foge a esta regra, razão pela qual consideramos útil o conteúdo deste trabalho.

A educação deve visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana e ao fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais (CHAVES 1986).

O auto-diagnóstico dos problemas bucais é de extrema importância, uma vez que quanto mais cedo for detectado qualquer tipo de problema, uma vez acionados os serviços de prevenção primária, maiores são as possibilidades de um tratamento, mais rápido, mais econômico e com maiores possibilidades de sucesso.

Segundo Kiyak (apud Pinto 2000), aqueles que acostumaram ter mais cuidado com a aparência pessoal são os que têm maiores possibilidades de valorizar sua saúde bucal. Há necessidade de intensificar ações educativas de saúde visando instrumentalizar a população com os conhecimentos e técnicas de auto-exame; possibilitando assim que se tenha uma população com mais saúde e mais qualidade de vida.

Abegg (1997) afirma que, as práticas de higiene bucal desempenham importante papel na prevenção das doenças bucais, especialmente a doença periodontal.

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Tem como objetivo oportunizar uma reflexão sobre as ações que determinam um bom nível de saúde bucal e conseqüentemente uma melhor qualidade de vida para a população, visando desenvolver uma reflexão crítica sobre o tema; despertar para a importância da informação como meio de atingir uma boa saúde bucal; difundir medidas práticas preventivas simples que possam ser aplicadas por comunidades de baixa renda, a fim de garantir a preservação dos dentes e contribuir para a elaboração de novos programas educativos na área da odontologia.

Este trabalho se justifica, devido à importância das práticas preventivas e educativas em saúde bucal e a sua relação direta com a qualidade de vida das pessoas. Portanto faz-se necessário discutir a realidade odontológica das populações a fim de despertar para os cuidados com a saúde bucal desde tenra idade.

DESENVOLVIMENTO

Uma profissão deve ser avaliada pelo alcance efetivo dos objetivos para os quais foi

criada, e não pelo status na sociedade e êxito financeiro de seus profissionais ou, ainda, pela beleza e imponência das sedes das entidades de representação classista.

O objetivo primordial do trabalho de um cirurgião-dentista consiste em proporcionar uma boa saúde bucal aos seus pacientes. Para a odontologia como um todo, isso corresponde ao alcance de níveis ou padrões adequados de saúde bucal para o conjunto da população de um país, de uma região ou de uma localidade. O sucesso pessoal no exercício da odontologia não é e não deve ser incompatível com o alcance desses ideais (PINTO 2000).

A promoção da saúde no seu sentido mais amplo, talvez o mais apropriado, seja uma ação global, objetivando a melhoria na qualidade de vida das pessoas. A saúde bucal é apenas uma pequena parte do todo. A promoção da saúde envolve uma mudança de paradigmas, na qual se sugere que, para uma pessoa ser saudável, a ausência de doença não é suficiente e nem tão pouco necessária. Na verdade um estado saudável não é assegurado pela ausência de doenças, podendo até mesmo ser compatível com certo número de doenças. Saúde e doença são determinadas por fatores sociais, econômicos e psicológicos.

Tanto no Brasil como nos países mais desenvolvidos, os progressos tecnológicos e os avanços dos estudos no campo da saúde levam a um aumento na expectativa de vida do homem. Segundo Colussi (2002), o decréscimo das taxas de mortalidade, associado à melhoria nas condições de saneamento básico, também são fatores que resultam numa participação cada vez mais significativa das populações. A prática odontológica, fundamentada em um modelo, que com freqüência termina por concentrar sua oferta de serviços a grupos de média e alta renda, daí resultando no estreitamento do alcance dos avanços tecnológicos que terminam por beneficiar apenas os setores economicamente mais favorecidos da população.

As crises econômicas, os desajustes sociais e uma inadequação do sistema de atenção clínica e preventiva à população figuram entre as mais notórias razões que explicam os contrastes observados na realidade brasileira, além do limitado acesso da população aos serviços que atuam nessa área.

Para Pinto (2000) os problemas dentários apresentam uma baixa prioridade, frente às doenças consideradas de relevância social. Entre os problemas de saúde bucal (sem comparação com os danos à saúde em geral), a cárie dentária é considerada como dano a merecer maior prioridade por sua prevalência combinada com o conhecimento que as pessoas têm a seu respeito e que as levam a procurar atendimento. O câncer bucal ganhou o segundo grau de prioridade, devido a sua extrema gravidade. É importante lembrar que a escala pode variar de acordo com a comunidade ou agrupamento de indivíduos, devendo ser traçada de acordo com cada grupo social. Adultos, em especial os de meia idade e idosos, enfrentam o

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ataque preponderantemente das doenças periodontais. A ordem de apresentação dos danos bucais neste trabalho, foi aleatória, não seguindo nenhuma escala de prioridades.

A prevenção das doenças bucais deve ser desenvolvida em três níveis: Primário - quando a doença se apresenta em fase inicial. Secundário - quando se trata de impedir a propagação da doença e sua recorrência. Terciário - quando se trabalha no sentido de evitar a perda da função.

A educação e a informação sobre a saúde bucal vêem sendo ressaltadas por vários

pesquisadores como fatores que tem ação direta sobre a saúde de uma população, embora nos últimos anos através dos serviços do ESF (Estratégias saúde da Família) desenvolvam programas educacionais sobre a saúde bucal, sabe-se também que estes programas não chegam a todas as camadas da população.

O uso do fio dental é uma prática de higiene bucal mais recente do que a escovação acredita-se que uma grande parte da população faz uso diário deste instrumento. Segundo Abegg (1997), as mulheres usam o fio dental e praticam a escovação com maior freqüência do que os homens, na população adulta de Porto Alegre.

Cárie

Processo em virtude do qual se desenvolvem, nas superfícies dentárias, bactérias, que ao atuarem sobre o hidrato de carbono produzem ácidos capazes de destruir gradualmente o esmalte e a dentina. Disto pode resultar infecção local e destruição definitiva do dente atacado.

Os fatores biológicos são essenciais para o aparecimento de várias doenças na população, muitas delas com comportamento endêmico, constata-se que existem outros fatores capazes de favorecer o aparecimento e influir no ritimo de sua expansão.

Para conservar os dentes sãos devem ser adotadas medidas preventivas e corretivas. A prevenção da cárie começa com a dieta. Uma dieta balanceada, que inclua carne, leite, ovos, frutas e verduras, é essencial para uma boca sadia. Deve-se limitar o uso de doces, amidos e carboidratos, como caramelos, pão e batatas que favorecem a formação de ácidos.

É importante a limpeza regular dos dentes com escova de pasta dentifrícia. O dentista poderá indicar o melhor meio de realizar esta limpeza, que será mais eficaz após as refeições. A adição experimental de flúor à água, das estações fornecedoras, levou à diminuição significativa das cáries. Outro avanço foi a descoberta da relação existente entre a cárie dentária e a deficiência de vitamina C.

A cárie dentária, o câncer bucal e a doença periodontal são os males que mais acometem a cavidade bucal, sendo a cárie o mais comum em crianças. Segundo Pinto (2000) nos paises ocidentais o consumo de açúcar, favoreceu o aumento dos casos de cárie dental, especialmente em crianças e adolescentes, até atingir padrões nunca vistos.

A cárie dentária continua a ser o principal problema da odontologia e deve receber muita atenção na prática diária, não só em relação aos procedimentos restauradores, como também em termos de técnicas preventivas, adotadas para a redução do problema.

Pauleto (2004) relata que no Brasil, a prevalência da cárie dentária, por volta dos 12 anos de idade, está diminuindo desde a década de 1970, apesar de já ter sido um dos maiores problemas para a odontologia. Relata ainda que em levantamento epidemiológico realizado em 1986 em 16 cidades da área urbana, a pior situação ocorreu entre pessoas de menor renda, para o grupo na faixa etária de 6 aos 9 anos.

Estudos epidemiológicos periódicos quando realizados de forma criteriosa em qualquer nível (local, regional ou nacional) em condições homogêneas, permitem identificar a prevalência e a distribuição das doenças. Segundo Baldani et al. (2002) os levantamentos básicos devem produzir dados confiáveis, possibilitando o desenvolvimento de programas de saúde bucal e de pessoal para sua execução.

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Para Schou 1993, (apud Pinto, 2000): Numerosas justificativas podem ser arroladas em favor da implantação de serviços

odontológicos para a população economicamente ativa urbana e de modo especial para o segmento dos trabalhadores:

prevalência muito alta de problemas relacionados à cárie dental e ao periodonto; possibilidade de detecção precoce de lesões relacionadas ao câncer bucal e a manifestações

orais de AIDS e outras doenças de relevância vital; cerca de 60% do tempo de vida ativa é despendido no emprego ou local de trabalho; aumento das chances de desenvolver um programa participativo; redução potencial do absenteísmo, do número de horas perdidas na produção e dos gastos

empresariais e pessoais por questões de saúde; aumento da produtividade e da satisfação da força de trabalho; posição favorável das representações sindicais e dos trabalhadores em geral, que

consideram ser o ambiente de trabalho adequado para o desenvolvimento de ações de promoção da saúde.

No tratamento da cárie a prevenção primária é entendida como sendo principalmente a fluoretação; prevenção secundária; o diagnóstico precoce e a intervenção nas lesões e na prevenção terciária, as próteses.

Embora poucas pessoas saibam que o uso do flúor seja uma medida para o controle da cárie, a utilização do flúor é reconhecidamente o método mais recomendados, quando se refere à prevenção da cárie dentária, e recomendado pelos profissionais da odontologia UNFER (2000).

No cuidado com a boca, deve tornar-se hábito a visita regular ao dentista para exame (inclusive por raios-X) limpeza e tratamento. As crianças devem ser levadas cedo ao dentista para um primeiro exame e depois a cada seis meses. O melhor meio de deter a cárie em uma cavidade e evitar a formação de outras consiste em obturações, que se podem fazer à base de cimentos e amálgamas especiais e incrustações ou forrações a ouro.

O processo da cárie é dominado eliminando-se a parte cariada do dente e tratando-o para receber a obturação. O paciente deve, naturalmente, seguir todo o tratamento recomendado pelo dentista.

Medidas práticas de controle da cárie vêm sendo utilizadas pelos profissionais da área com diferentes graus de sucesso, porém somente uma medida não será inteiramente satisfatória, todas as medidas técnicas possíveis, devem ser consideradas na esperança de combater, com sucesso, a cárie dentária apontada com freqüência como a doença humana mais disseminada (McDONALD 2001).

Câncer bucal

O câncer bucal é um problema de Saúde Pública prioritário, apesar da não disponibilidade de meios adequados para sua prevenção; devido a sua letalidade. O câncer bucal inclui qualquer alteração maligna, com localização no lábio, língua, glândulas salivares, gengiva, assoalho da boca, mucosa da bochecha, vestíbulo da boca e úvula (PINTO 2000).

Segundo Carvalho (2001), o carcinoma epidermóide da cavidade oral, como outros tumores das vias aéreo digestivas superiores, é reconhecidamente uma neoplasia que atinge preferencialmente os pacientes do sexo masculino.

O câncer bucal é uma das doenças bucais que ocorrem com mais freqüência, depois da cárie dentária. Leite (apud Matos -2003) refere-se ao perfil predominante do portador de Câncer Bucal da seguinte forma: homens com idade entre 45 e 55 anos, etilistas e tabagistas. Uma das possíveis explicações para esse perfil deve-se ao fato de que as mulheres são mais cuidadosas do que os homens com as questões relativas aos cuidados com a saúde sobre todos os aspectos.

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O câncer bucal é uma doença das mais importantes deste órgão, devido sua gravidade, reconhecida urgência de diagnóstico e susceptibilidade ao tratamento, quando tratada precocemente.

Kiyak (apud Pinto – 2000) sugere uma campanha educativa sistemática com conteúdos ligados à saúde bucal, especialmente envolvendo ensino de técnicas de auto-exame para detecção precoce de sinais e sintomas ligados ao câncer bucal e outros problemas.

Pesquisas têm demonstrado que raramente o câncer bucal é diagnosticado no seu estágio inicial da doença, a grande maioria dos casos é diagnosticada nos estágios mais avançados, o que reduz a chance de sobrevida do portador. Esta doença é uma das poucas doenças deste órgão em que o dentista tem uma participação secundária, na grande maioria das vezes.

Segundo dados do (INCA) Instituto Nacional do Câncer (apud Pinto 2000), mostram que 60% dos pacientes admitidos, chegam com câncer de boca em estágio avançado e sem chance de tratamento curativo eficaz. Pinto (2000), afirma ainda que nos últimos 10 anos o quadro não sofreu alterações, evidenciando a falta de acesso aos serviços de saúde por parte das pessoas e o despreparo de alguns profissionais dentistas em detectar o câncer de boca em estágios iniciais.

Segundo Matos (2003) apesar da grande maioria dos cirurgiões dentistas considerar-se em condições de diagnosticar as lesões cancerígenas, na realidade somente a metade costuma fazê-lo.

Segundo Pinto (2000), os fatores externos mais associados ao desenvolvimento do câncer de boca são: o fumo, o álcool e a exposição à radiação solar. Entre os pacientes de diversos países, portadores de câncer bucal, 1/3 deles são fumantes. Acredita-se que 60% das substâncias contidas no tabaco e na sua fumaça apresentam ação carcinogênica.

Os tumores do assoalho bucal e língua são os que estão mais relacionados à ingestão de álcool. O consumo do álcool etílico, especialmente a cachaça e o vinho de má qualidade, é maléfico à saúde bucal, tendo ação nociva especialmente no que se refere ao câncer de língua.

Pessoas que se expõem continuamente ao sol, correm o risco de apresentar o câncer de lábio inferior, especialmente as pessoas de pele clara, com pouca pigmentação melânica.

Uma higiene bucal não adequada representa risco adicional quanto ao aparecimento do câncer de boca.

Próteses dentárias mal-ajustadas, câmaras de sucção destinadas à maior fixação da dentadura, dentes fraturados e restos de dentes não removidos; constituem, a longo prazo, causas de lesões devidas à irritação constante e prolongada da mucosa bucal.

As lesões da cavidade bucal ocorrem em maior incidência na língua e no assoalho, entretanto as mulheres têm uma incidência menor dessas lesões quando comparadas aos homens CARVALHO, et al, (2001).

Apresentam risco para desenvolver o câncer bucal, as pessoas que se enquadram nos seguintes casos:

Sexo masculino (predominante), Idade superior a 40 anos, Tabagistas crônicos, Etilistas crônicos, Com má higiene bucal, Desnutridos. Imuodeprimidos, Portadores de próteses mal-ajustadas, Portadores de irritação crônicas na mucosa bucal e Expostos continuamente ao sol.

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CONCLUSÃO Nos meios de comunicação, muito se fala em de que estamos na “era da comunicação”, sem dúvida a comunicação teve nos últimos anos uma evolução considerável nos últimos anos, haja vista, recentemente as transmissões em alta definição (HD). Dois aspectos são de suma importância considerar: a mídia está focada em interesses financeiros, não interessando para ela os projetos que não vão “engordar” as contas bancárias de seus acionistas e a mídia não chega em todos os pontos deste imenso país, talvez esteja aí a população mais necessitada, que provavelmente não conhece o processo mais rudimentar de higiene oral.

Os programas de educação em odontologia devem considerar os aspectos relativos ao conhecimento e as práticas em saúde bucal, a fim de viabilizar o processo de capacitação da população e promover a responsabilização coletiva e a promoção da saúde em todos os níveis da sociedade. Existe a necessidade de criar grupos de ensino informal sobre os cuidados básicos com a higiene bucal, onde se contemple a presença do dentista, do técnico em saúde bucal, bem como de auxiliares em serviços odontológicos, a fim de levar nas escolas, postos de saúde, associação de moradores e em outras instituições que congreguem grupos de pessoas, em especial nas empresas, preferencialmente durante a jornada de trabalho, nos intervalos destinados ao descanso, garantindo assim a participação efetiva dos empregados.

Acreditamos que o papel de educar não deve ser atribuição exclusiva do profissional convencionalmente denominado professor, mas de qualquer cidadão, pois a todo o momento estamos educando e sendo educados através dos nossos contactos com outros seres humanos e com o meio ambiente. O cirurgião-dentista não foge a esta regra, razão pela qual consideramos útil o conteúdo deste trabalho.

Não podemos desmerecer o brilhaste trabalho desenvolvido pelas equipes de Estratégias em Saúde da Família (ESF), mas não podemos esquecer que este serviço não cobre a totalidade da população brasileira. Portanto medidas educativas sobre a saúde bucal precisam ser tomadas, levando a toda a população, em especial a menos favorecida, através de palestras e medidas práticas (ensino informal) os conhecimentos básicos para uma higiene bucal, contribuindo assim para a saúde e consequentemente a qualidade de vida. BIBLIOGRAFIA ABEGG, C., Hábitos de Higiene Bucal de Adultos Porto-alegrenses. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 31, n. 6. p 586-593, dez. 1997. ABREU, A. S., A arte de argumentar - Gerenciando razão e emoção. Cotia, Ateliê Editorial, 2006. BALDANI, M.H. et al., Cárie dentária e Condições sócio-econômicas no Estado do Paraná, 1996. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18 (3):755-763, set - out, 2002. CARVALHO, M.B. et al., Características Clínico-Epidemiológicas do Carcinoma Epidemóide da Cavidade Oralno Sexo Feminino. Rev. da Associação Médica Brasileira, São Paulo, vol.47, no. 3, p.208-214, July/Sept. 2001. CHAVES, M.M., Odontologia Social. 3 ed. São Paulo: Artes Médicas, 1986. COLUSSI, C.F., FREITAS, S.F.T., Aspectos Epidemiológicos da Saúde Bucal do Idoso no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18 (5):1313-1320, set - out, 2002. MATOS, I.B., ARAÚJO, L.A., Práticas Acadëmicas, Cirurgiões-dentistas, População e Câncer Bucal. Rev. ABENO, Brasília, 3 (1):76-81, 2003.

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McDONALD, R.E., AVERY, D.R., Odontopediatria. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2000. PAULETO, A.R.C., PEREIRA, M.L.T., CYRINO, E.G., Saúde Bucal: Uma revisão Crítica sobre Programações Educativas para Escolares. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, vol. 9, no 1, p.121-130, 2004. PESSANHA, R.V., CUNHA, F.T.S., A Aprendizagem - Trabalho e as Tecnologias de Saúde na Estratégia Saúde da Família. Texto contexto - Enferm. [online] 2009, vol. 18, no 2, p. 233-240. ISSN 0104-0707, Doi: 10.1590/S0104-07072009000200005. PINTO, V.G., Saúde Bucal Coletiva. 4 ed. São Paulo: Santos, 2000. ROSA, A. G. F. et al., Condições de saúde bucal em pessoas de 60 anos ou mais no Município de São Paulo (Brasil). Rev. Saúde Pública, São Paulo, 26: 155-60, 1992. UNFER, B., SALIBA, O., Avaliação do Conhecimento Popular e Práticas em Saúde Bucal. Rev. Saúde Pública, São Paulo, vol. 34, no. 2, Apr. 2000. VAZ, A. C. R. Programas ações educativas complementares. Anais do VIII Encontro de Extensão da UFMG. Belo Horizonte, 2005.

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Em Andamento

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O Ensino Não-formal como um dos Fatores Determinantes da Qualidade de Vida

Mestrando Jair Antonio de Carvalho (Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA)

[email protected]

Marlene Pedrote de Carvalho (Especialista em RH - UBM) [email protected]

Professor Doutor Fábio Aguiar Alves (Universidade Federal Fluminense - UFF)

[email protected]

RESUMO A educação é fator essencial no reconhecimento dos direitos do cidadão. Hoje a necessidade de educação permanente tornou-se parte integrante da vida. Quandoo continuada, pode contribuir significativamente para a promoção da saúde e para a prevenção de doenças, no que diz respeito a facilitação do discernimento do indivíduo num contexto geral da vida. O ensino de adultos democratiza a oportunidade de acesso à saúde. Nos últimos anos a aprendizagem de adultos vem sendo enfatizada em todos os países. Na Conferência Municipal de Segurança Alimentar, realizada em Volta Redonda (RJ) em 2007, chegou-se à conclusão de que a falta de informação é um dos fatores, que comprometem consideravelmente a saúde de uma população. Em trabalhos desenvolvidos no Município de Volta Redonda (RJ), com adultos e idosos (Carvalho 2009), constataram-se altos índices de sobrepeso na população pesquisada, sugerindo-se que, a carência de informações contribuiu para estes resultados. Este trabalho tem como objetivo, promover reflexão sobre o ensino informal, despertando nos educadores, instrutores e multiplicadores de conhecimentos, a importância de melhorar a qualidade de vida das populações. Portanto, faz-se necessário, medidas educativas como a realização de palestras, oficinas, divulgação através de folders e elaboração de material didático, destinado a levar conhecimentos básicos sobre a alimentação, a fim de facilitar o trabalho dos educadores, bem como o entendimento da população envolvida. Foi elaborada uma cartilha informativa com o tema “Alimentação saudável” a fim de levar às comunidades, especialmente as de classe social menos privilegiadas, conhecimentos básicos sobre a questão alimentar. Este material foi submetido a um processo de validação, com aval do Comitê de Ética do UniFOA, onde resultados consideráveis foram obtidos, após a exposição e distribuição da ferramenta elaborada. Palavras chave: Ensino informal; Informação; Alimentação saudável; Qualidade de vida; INTRODUÇÃO

Trabalhar com a diversidade é elemento fundamental para o crescimento, tanto do aprendiz quanto do orientador da aparendizagem, portanto, a troca é a base desta relação educacional. O que significa considerar as diferenças como algo que seja motivo de trocas, propício para o crescimento dos indivíduos envolvidos. (VAZ et al 2005).

Como o mundo está envelhecendo, torna-se indispensável cuidar da criança, do jovem e do adulto para que o mesmo se torne um idoso mais capaz, retardando o máximo possível o aparecimento das disfunções próprias da idade.

Nos últimos anos, em todos os países, vêm sendo difundidas ações de ensino para adultos, envolvendo todos os setores da sociedade, desde os não alfabetizados até os profissionais que ostentam os mais altos níveis de titulação acadêmica. Tais ações envolvem propósitos de crescimento pessoal como cidadãos, melhor desempenho profissional e em

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outros casos até mesmo por uma questão de status. A estas diversas formas, áreas e propósitos do ensino, convencionaram-se chamar de formação continuada. Embora se utilize este termo, em alguns casos, estas ações representam o primeiro passo na busca de uma aprendizagem metódica (MALGLAIVE, 2003).

Segundo Bellan 2005, o adulto é aquela pessoa madura o suficiente para assumir as responsabilidades por seus atos diante da sociedade, que tem consciência de suas ações e toma decisões responsáveis.

Segundo Pinto (2007), a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses.

A relação educacional, entre aprendiz e facilitador é essencialmente recíproca, é uma troca de experiências, um diálogo. A sociedade na qual um indivíduo se instrui em grau mais elevado, já não é mais a mesma. Se o educador facilitador, dá ao aprendiz a certeza de que deve partir dele mesmo, como sujeito, a aquisição do saber, a concepção do mundo que o educando produz será necessariamente crítica (PINTO, 2007).

Freire (2001), relata que a educação crítica considera os homens como seres em desenvolvimento, como seres inacabados, incompletos em uma realidade igualmente inacabada. Os homens têm consciência de que são incompletos, e assim, nesse estar inacabados e na consciência que disso tem, encontram-se as raízes da educação como fenômeno puramente humano. O caráter inacabado dos homens e o caráter evolutivo da realidade exigem que a educação seja uma atividade contínua.

Abreu (2006) relata que, nós nunca estamos diante de pessoas prontas e também não somos pessoas prontas. Ao contrário, é no relacionamento com o outro que vamos nos construindo como pessoas humanas e ganhando condições de sermos felizes.

O aprendizado do adulto é direcionado para seus interesses. A maturidade do adulto lhe proporciona condições de tomar decisões a partir de suas experiências vivenciadas (positivas ou negativas). O adulto prefere aprender para resolver problemas e desafios, a simplesmente aprender um assunto (BELLAN, 2005).

O conceito de facilitação está diretamente relacionado com a chamada aprendizagem autodirigida. Cabe ao facilitador, fomentar o crescimento, o desenvolvimento e a aprendizagem. O aprendiz sente a necessidade de crescer e o facilitador clarifica as suas necessidades, motivações e objetivos. O facilitador ajuda o aprendiz a controlar este processo, criando um clima e ambiente favoráveis. Finalmente, ao combinar as experiências do aprendiz com situações concretas, o facilitador também contribui para resolver problemas (FINGER, 2003).

Segundo Knowles (2005), o facilitador ideal é aquele que: vê o aprendiz como um ser humano capaz de auto direcionar-se, capaz de cuidar do seu próprio crescimento; concebe a aprendizagem do adulto como um processo de auto direcionamento; considera que a aprendizagem é mais significativa, se decorrer de motivação intrínseca; cria um clima de aprendizagem facilitador, caracterizado pela cordialidade, confiança mútua e respeito, interesse e atenção a outros e informalidade, isto é, não diretividade. considera que o papel do facilitador é o da pessoa-recurso para o aprendiz autodirigido. envolve o aprendiz na definição dos objetivos, sempre com o propósito de que estes sejam para ele significativos; desenvolve experiências seqüenciais de aprendizagem, que leve em conta semelhanças de grupos e diferenças individuais, como princípios organizadores dos processos de aprendizagem e seleciona técnicas e materiais que envolvam ativamente o aprendiz no seu processo de autoquestionamento.

Segundo Bellan, (2005 p. 56). O papel do facilitador é apresentar as informações através de técnicas de ensino e criar

um ambiente propício para a aprendizagem, A pessoa que trabalha no ensino de adultos com

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eficiência precisa se colocar no mesmo plano de aprendizagem dos alunos, permitindo que haja troca de informações e experiências e assim desenvolver-se com eles.

Utilizar as técnicas adequadas ao ensino de adultos, traçar um bom planejamento, organizar seu curso e avaliar principalmente sua atuação neste processo são aspectos fundamentais para o sucesso da tarefa de facilitador.

Toda atividade humana é regida pela eficácia, mas a ação não leva necessariamente ao

sucesso, pode também conduzir ao insucesso. Na maioria dos casos, os resultados pretendidos só são atingidos, na medida em que os erros podem ser corrigidos e evitados no decorrer da ação. Assim toda ação produz duas espécies de efeitos sobre o que se procura: os efeitos desejados e os não desejados. São os encadeamentos de operações e as regras e condições a respeitar, que levarão aos efeitos pretendidos (MALGLAIVE, 2003).

Do ponto de vista do indivíduo, as probabilidades de conceber a aprendizagem diferenciada, depende de sua posição no contexto social, na natureza do seu trabalho e do valor atribuído a estes pelos interesses de sua consciência social (PINTO, 2007).

Falar de atividades de aprendizagem é também falar dos objetivos a que se pretende atingir. Estes objetivos são os conteúdos, os saberes de qualquer natureza de que o aprendiz deve se apropriar. Acredita-se que os conteúdos de formação devem ser construídos e reconstruídos sem cessar, em função da diversidade de horizontes, que devem ser atingidos e da heterogeneidade das situações, a partir das quais os aprendizes deverão atingi-las (MALGLAIVE, 2003).

Esta questão se refere ao adulto em condições primárias de cultura, especialmente o adulto não alfabetizado ou semi-alfabetizado. Todavia o que é realmente significativo é que ignora as causas de sua condição de desconhecimento cultural e de pobreza (PINTO, 2007).

Segundo Abreu (2006), mais importante não são as informações em si, mas o ato de transformá-las em conhecimento. As informações são os tijolos e o conhecimento o edifício que construímos.

DeAquino (2007) p. 102, alerta que: De maneira geral, a não ser que isso seja especificamente relevante, deve-se evitar

confiar somente na mídia para obter inofrmações, existem muitas opiniões que são tomadas como fato.

A mesma cautela deve ser aplicada à informação obtida na internet. Qualquer pessoa pode publicar informações na internet, o que significa que existe muita orientação equivocada e informação imprecisa junto com informação boa e confiável.

Na verdade o real é sempre mais complexo do que o conhecimento que a teoria

fornece dele, mesmo sendo ela científica (MALGLAIVE, 2003). É necessário aprender os elementos básicos do saber, ler e escrever; mas estes saberes

ainda que fundamentais e indispensáveis, só valem por seu significado instrumental, por aquilo que possibilita ao aprendiz chegar a saber (PINTO, 2007).

Os saberes não são rígidos nem definitivamente ligados a uma intenção única. O processo de inclusão consiste numa decomposição e recomposição virtual do ato modular. O repertório dos saberes de um ser humano é pois, constituído não somente por atos disponíveis, uma vez que foram experimentados e bem sucedidos em determinadas situações, mas ainda por atos potenciais que permitem fazer face à novas situações (MALGLAIVE, 2003).

O método é de capital importância na aprendizagem de adultos, uma vez que já possuem uma consciência formada. Deve-se despertar no adulto a necessidade de instruir-se a fim de viver com melhor qualidade de vida. Deve partir de elementos que compõem a realidade autêntica do aprendiz, seu mundo de trabalho, suas relações sociais, suas crenças, valores, hábitos, gostos artísticos, etc. (PINTO, 2007).

O adulto tem modo diferente de aprender de uma criança. Para que o aprendizado seja efetivo, é necessário aplicar teorias e técnicas adequadas. Tudo o que é feito com

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planejamento, traz resultados mais efetivos. Quando temos algo planejado, sempre sabemos o que fazer (BELLAN, 2005).

Em pesquisa recente realizada nos Estados Unidos, chegou-se à conclusão de que entre as competências necessárias para o país continuar líder mundial neste século, está o gerenciamento da informação por meio da comunicação oral e escrita, ou seja capacidade de ler, falar e escrever bem (ABREU 2006).

Os saberes teóricos e processuais devem ser maciçamente adquiridos fora da prática, devem ser transmitidos a partir do imenso repertório de saberes acumulados pela história da humanidade (MALGLAIVE, 2003).

A sociedade empreende a aprendizagem de adultos, para integrá-los num nível de produção. Isto não se trata de dever moral ou obra de caridade e sim uma exigência social. O que leva a sociedade a empreender a aprendizagem de adultos e aumentar o rendimento de sua produção. A aprendizagem de adultos é uma necessidade generalizada, alcançando homens e mulheres em todas as idades (PINTO, 2007).

Em estudos realizados na Associação dos aposentados e pensionistas de Volta Redonda (AAP-VR), sendo: um no Centro Gerontológico José Maria Taylor e outro no Centro de Saúde Sebastião Pinheiro Bastos (Carvalho et al, 2009), envolvendo adultos e idosos respectivamente, no município de Volta Redonda no ano de 2006, evidenciou-se uma grande incidência de sobrepeso nas populações estudadas. Estes dados foram obtidos através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e da Circunferência Abdominal (CA).

Muitos autores sugerem que estamos na era da comunicação. Sabemos que a mídia tem evoluído frequentemente e que a cada dia um número maior de brasileiros, passa a ter contatos via internet. Não se pode ignorar o valor deste recurso, porém este meio de comunicação ainda é privilégio de apenas uma parcela da população.

A comunicação é um problema considerável no nosso país, especialmente nas comunidades de menor poder aquisitivo. Com vistas a esta realidade, faz-se necessário um trabalho contínuo de educação informal, levando informações de todas as áreas e a toda a população, especialmente, as que levam às pessoas, um melhor estado de saúde e consequentemente uma melhor qualidade de vida.

Considerando que a alimentação é um dos fatores primordiais à saúde, torna-se necessário uma maior divulgação de informações básicas que possam contribuir para formação de hábitos alimentares saudáveis, bem como, para a correção de possíveis erros que vem sendo cometidos.

Pequenas alterações nas atividades diárias e nos hábitos alimentares, podem retardar muitos problemas e sintomas associados ao processo de envelhecimento, além de prolongar a saúde e o bem estar nos anos seguintes.

Assim, um programa regular de atividade física, associado a uma alimentação adequada em termos quantitativos e qualitativos, são instervenções que melhoram ou retardam o curso de muitas doenças crônicas, oferecendo aos idosos maiores perspectivas de uma velhice feliz (CARVALHO et al, 2009).

Mais importante não são as informações em si, mas o ato de transformá-las em conhecimento. As informações são os tijolos e o conhecimento, o edifício que construímos.

Este trabalho se justifica teórica e praticamente. Em teoria, pelo fato de chamar atenção para a melhor qualidade de vida das pessoas, transformando-as de objeto a sujeito do processo. Praticamente, no sentido de levar aos interessados os conhecimentos fundamentais, a fim de garantir uma vida com mais saúde, consequentemente mais feliz. Os objetivos deste trabalho sãos: promover reflexão sobre o ensino não formal contínuo, visando contribuir para a melhoria dos hábitos das comunidades, propondo medidas que possam contribuir para uma melhor qualidade de vida; confeccionar ferramentas didáticas informativas como: folders, cartilhas e livros didáticos sobre alimentação/nutrição e despertar

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nos educadores, instrutores e multiplicadores de conhecimentos, a importância de melhorar a qualidade de vida através do processo educativo dos adultos. METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido através de levantamento bibliográfico por meio de

leitura, pesquisa, compilações e colagens de autores nacionais e internacionais, obtidos em livros e artigos que abordam os temas Educação de Adultos e Educação Nutricional.

É importante salientar a escassez de literatura no que se refere à educação nutricional, especialmente no que se trata de conceitos básicos sobre a alimentação, ficando o pessoal de nível técnico e leigo, que se interessa pelas questões nutricionais, sem uma opção de literatura onde possa esclarecer suas dúvidas.

Tendo em vista o pouco material existente sobre o tema em questão, faz-se necessário o desenvolvimento de materiais didáticos destinados a subsidiar os profissionais que atuam com adultos, permitindo um trabalho mais eficiente.

Uma cartilha informativa foi elaborada, com o título “Alimentação saudável”, destinada a levar os conhecimentos básicos sobre os componentes alimentares, nutrientes, presentes nos alimentos, bem como o fracionamento de uma ração alimentar. Foi feita uma pesquisa de validação da referida ferramenta, com o aval do Comitê de Ética da UniFOA (Processo no 05/09, de 15/03/2009). A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Mário Villani.

Com a presença de 104 participantes, pais de alunos da referida escola, foi feita a apresentação e exposição do conteúdo da Cartilha, pelo autor do trabalho.

Em seguida os participantes preencheram um questionário de avaliação do trabalho apresentado, sob a orientação da Nutricionista Aline Freire Duarte e da Técnica de Enfermagem Marise Maria Gomes Freire, onde foram avaliados os seguintes intens: apresentação, relevância, clareza e adequação.

No mesmo questionário foi solicitada uma auto-avaliação em que foi perguntado como eram os conhecimentos dos participantes antes e depois da exposição. RESULTADOS

Quanto a validade da ferramenta elaborada, os dados obtidos na pesquisa são: 68,26% de excelência para a variável adequação; 65,88% para relevância; 51,92% para apresentação e 50,96 para clareza. Representadas no seguinte gráfico:

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20

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PARTICIPANTES

F R B MB E

CONCEITOS RELATIVOS

AVALIAÇÃO DA CARTILHA APÓS APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO

RELEVÂNCIA

CLAREZA

ADEQUAÇÃO

Gráfico I Avaliação da cartilha após a apresentação

(Legenda: F = fraco, R = regular, B = bom, MB = muito bom e E = Excelente)

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No mesmo questionário foi solicitada uma auto-avaliação em que foi perguntado como eram os conhecimentos dos participantes antes e depois da exposição, obtendo-se: 75,96% classificaram seus conhecimentos como excelentes (E), após a exposição da ferramenta didática, enquanto que 24,03% classificaram com muito bom (MB) seus conhecimentos após a apresentação. Mais detalhes deste item da pesquisa pode ser avaliado na tabela a seguir. Representado no seguinte gráfico:

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PARTICIPANTES

F R B MB E

CONCEITOS ATRIBUÍDOS

AUTO AVALIAÇÃO SOBRE CONTEÚDO NUTRICIONAL

ANTES

DEPOIS

Gráfico II Auto avaliação sobre o conteúdpo da cartilha

(Legenda: F = fraco, R = regular, B = bom, MB = muito bom e E = Excelente)

DISCUSSÃO

Durante o desenvolvimento deste trabalho, permitiu-se observar que o

desenvolvimento ocorrido no ensino de ciências, tanto do ponto de vista da teoria quanto da prática, se deve à história, à filosofia e a sociologia. O trabalho educativo em ciências deve sempre focar teoria e prática, levando o aprendiz a interagir com os conhecimentos assimilados.

A educação de adultos tem merecido especial atenção da UNESCO desde a sua criação, especialmente no que se refere à alfabetização e a educação básica de adultos. No Brasil a preocupação com a educação de adultos, não é somente dos últimos anos, Querubim (2005) relata que em 1908, no II Congresso Operário do Estado de São Paulo, foi sugerido e aprovado o apoio ao “Desenvolvimento Intelectual do Operariado”, seguindo a tradição do sindicalismo britânico e alemão.

No Brasil, nas décadas de 70 e 80 a educação nutricional foi vista como prática repressora, reprovada por muitos. Educar em nutrição é tarefa complexa, implica em criar novos significados e sentidos para o ato de comer. O trabalho educativo deve contemplar teoria e prática, permitindo assim que o aprendiz vivencie na prática, o conceito teórico.

Discutir as questões sobre a alimentação, especialmente com os jovens, é fator de grande importância na prevenção da saúde na idade adulta. Sendo a escola importante instrumento na formação da cidadania, é oportuno utilizá-la como meio, para fazer chegar a todos os segmentos sociais os conceitos básicos para uma alimentação saudável, através de ferramentas didáticas claras, objetivas e de fácil entendimento.

Partindo daí foi elaborado um material didático de disseminação de conhecimentos, uma Cartilha informativa com o tema “Alimentação Saudável”.

Foi feita uma pesquisa de avaliação da cartilha informativa, com o aval do Comitê de Ética do UniFOA (processo no 05/09, de 15/03/2009). A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Mário Villani, escola que atende a primeira fase do ensino fundamental, sita à rua

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José Nicolau Sobrinho, no 180, Bairro Açude II, Volta Redonda - RJ, com a presença de 104 participantes, pais de alunos da referida escola, foi feita a apresentação e exposição do conteúdo da Cartilha, pelo autor do trabalho. Em seguida os participantes preencheram um questionário de avaliação do trabalho apresentado, sob a orientação da Nutricionista Aline Freire Duarte e da Técnica de Enfermagem Marise Maria Gomes Freire, conforme ficha (anexo I).

Neste questionário foram avaliados os seguintes itens: apresentação, relevância, clareza e adequação. Após a tabulação dos resultados verificou-se que: as variáveis adequação e relevância, obtiveram os melhores resultados, 68,26% e 65,88% respectivamente; para as variáveis apresentação e clareza, os resultados foram, 51,92% e 50,96% respectivamente. No mesmo questionário foi solicitada uma auto-avaliação, onde foi perguntado como eram os conhecimentos dos participantes antes e depois da exposição. Com relação este item da pesquisa, verificou-se que 79 dos 104 participantes (75,96%), classificaram seus conhecimentos como excelentes; enquanto que 25 dos participantes (24,03%) classificaram seus conhecimentos como muito bons.

Portanto observa-se com avaliação que o grupo pesquisado está ávido de informações no que se refere aos aspectos nutricionais e que há uma carência em eventos educacionais não-formais a fim de levar informações a estas comunidades. CONCLUSÃO

A partir dos dados observados no presente trabalho, conclui-se que: O trabalho educativo em ciências deve focar teoria e prática, levando o aprendiz a

interagir com os conhecimentos assimilados. A democratização do ensino é condição fundamental para o desenvolvimento de uma nação. É de fundamental importância o reconhecimento da escola como instrumento de formação da cidadania.

A educação é fator fundamental para o pleno uso de seus direitos como cidadão, contribuindo também para a adoção de um estilo de vida saudável.

Uma alimentação inadequada, a médio e longo prazo, pode contribuir para o aparecimento de vários problemas para a saúde, bem como favorecer para o aparecimento das doenças crônico-degenerativas como as síndromes metabólicas e obesidade.

A falta de informação é um dos fatores, que comprometem consideravelmente a saúde de uma população. Portanto, oferecer informações nutricionais à população, através de palestras educativas (oficinas), produção de material de divulgação (folders) e desenvolvimento de material didático, destinado a levar conhecimentos básicos sobre a alimentação, é imprescindível para que se tenha uma população com mais qualidade de vida.

Conforme cita Abreu (2006), mais importante não são as informações em si, mas o ato de transformá-las em conhecimento. As informações são os tijolos e o conhecimento o edifício que construímos.

Intervenções específicas devem ser feitas, quando o grupo apresenta algum desvio nutricional a fim de corrigir e prevenir futuros problemas que possam comprometer a saúde das pessoas.

As comunidades são ávidas de informações, especialmente quando elas são despertas o quanto essas informações lhes fazem falta.

Campanhas devem ser desenvolvidas no sentido de levar às populações, conhecimentos básicos de saúde, através de medidas simples, focando as questões de: higiene pessoal e ambiental, alimentação saudável, saúde oral e questão postural, entre outras. REFERÊNCIAS ABREU, A. S., A arte de argumentar - Gerenciando razão e emoção. Cotia, Ateliê Editorial, 2006.

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BELLAN, Z. S., A andragogia em ação: como ensinar adultos sem se tornar maçante. Santa Bárbara d’Oeste, SOCEP Editora, 2005. CARVALHO J.A. et al, Perfil Nutricional Associado ao Índice de Obesidade de Idosos do Centro de Saúde Sebastião Pinheiro Bastos, AAP-VR, Volta Redonda, RJ. Rev. Práxis, ano 1, n.1, Volta Redonda, 2009. DEAQUINO, T. C. E., Como aprender andragogia: andragogia e as haabilidades de aprendizagem. São Paulo, PearsonPrentice Hall, 2007. FINGER, M., ASÚN, J. M., A educação de adultos numa encruzilhada: aprender a nossa saída. Porto – Portugal, Porto Editora LDA, 2003. FREIRE, P., Conscientização. Teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3 ed. São Paulo, Centauro. 2001. KNOWLES, M. S., The Adult Learner: The Definitive Classic in Adult Education and Human Resource Development. 6th ed. San Diego, California, USA, Elsevier, 2005 MALGLAIVE, G. Ensinar adultus. Porto - Portugal, Porto Editora LDA, 1995. PINTO, A. V., Sete lições sobre educação de adultos. 15 ed. São Paulo, Cortez Editora., 2001. VAZ, A. C. R. Programas ações educativas complementares. Anais do VIII Encontro de Extensão da UFMG. Belo Horizonte, 2005.

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ANDRAGOGIA: Considerações sobre a Aprendizagem do Adulto

Jair Antonio de Carvalho - (mestrando em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - UniFOA)

Marlene Pedrote de Carvalho - (Especialista em RH - UBM)

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto (Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente- UniFOA)

Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves - (Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente- UniFOA) Resumo

No começo do século VII, tiveram início na Europa, as escolas para o ensino de

crianças, dando origem à pedagogia, dos quais, pressupostos são utilizados até hoje para fundamentar a educação independente da idade. As crianças são dependentes, necessitam de cuidados de terceiros; na adolescência iniciam-se os questionamentos, na idade adulta acumulam-se as experiências, aprendem com os próprios erros, tendo-se a consciência do que ainda é preciso aprender. A andragogia significa ensino de adultos. No modelo andragógico a educação é de responsabilidade compartilhada entre professor e aluno. O professor deve aprender que os adultos preferem que ele lhes ajude a compreender a importância prática do assunto a ser estudado, preferem experimentar a sensação de que cada conhecimento fará diferença em suas vidas, mudará efetivamente suas vidas. É de fundamental importância enfatizar o modelo andragógico nas universidades e instituições de ensino para maior eficiência educacional.

Palavras-chave: Educação; Andragogia; Aprendizagem de adultos; Aprender-fazendo.

Abstract

During the beginning of Century VII, there were initiated in Europe, children’s

schools to teach, with the off spring to pedagogy, from where ideas have been used until nowadays, regardless of age. Children are dependants, need third part special care; during the teenager ship, they start their questioning. The adults accumulate experiences and learn with mistakes, learning how to do something by themselves, showing the consciousness of what is still to learn. The andragogy means, adult learning. However, in the andragogic model, the responsibility of education is shared between teacher and student. The teacher should know that adults prefer the practical relevance of the subject studied. They prefer to try the sensation of each knowledge will make an effective change in their lives. Hitherto, it is very relevant to emphasize the andragogic within universities and learning institutions in order to improve the education efficiency among different groups.

Key words: Education; Andragogy: Adult learning; do it and learn.

INTRODUÇÃO

Segundo Tardif (2000), tanto em suas bases teóricas quanto em suas conseqüências

práticas, os conhecimentos profissionais são evolutivos e progressivos e necessitam, por conseguinte, uma formação contínua. Os profissionais devem, assim, autoformar-se e reciclar-se através de diferentes meios, após seus estudos universitários iniciais. Desse ponto de vista, a formação profissional ocupa, em princípio, uma boa parte da carreira e os conhecimentos profissionais partilham com os conhecimentos científicos e técnicos a propriedade de serem revisáveis, criticáveis e passíveis de aperfeiçoamento.

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Da mesma forma, Freire (1980) relata que a educação crítica considera os homens como seres em desenvolvimento, como seres inacabados, incompletos em uma realidade igualmente inacabada. Os homens têm consciência de que são incompletos, e assim, nesse estar inacabados e na consciência que disso têm, encontram-se as raízes da educação como fenômeno puramente humano. O caráter inacabado dos homens e o caráter evolutivo da realidade exigem que a educação seja uma atividade contínua. A educação é, deste modo, referida pela práxis. Dessa forma, concordamos com Busato (2005) quando afirma que encontrar alternativas ou até mesmo ressignificá-las e construí-las com base no contexto concreto de vivência da prática pedagógica, demanda apropriação, elaboração de saberes, de fundamentos teórico-práticos.

Sendo o homem um ser social, é interessante a observação de Chassot (2006) quando comenta que as informações são importantes para a prática da cidadania, mas que devem ser transmitidas numa linguagem mais acessível, criando condições de entendê-las, sendo assim um instrumento de leitura da realidade e facilitadora da aquisição de uma visão crítica, o que guarda similaridade ao exposto por Moreira (2005), quando diz que, para que haja o aprendizado, é necessário que as informações estejam conforme a necessidade da pessoa, sua vivência e seu cotidiano.

Rodrigues (2001), diz que educar é acionar os meios intelectuais do educando para que seja capaz de assumir o pleno uso de suas potencialidades físicas, intelectuais e morais. Esta é uma das condições para que ele se construa como sujeito livre e independente daqueles que o estão gerando como ser humano.

Na mesma linha de pensamento, o alerta de Leitão (2004) é muito importante para nossas considerações, quando destaca, que apesar de todos os avanços em torno das concepções de educação - apoiados, sobretudo, no desenvolvimento das ciências humanas, o que observamos é que nem sempre essas referências trazem modificações substanciais às práticas, não garantem uma relação efetiva, um melhor desempenho no aprendizado ou uma prática mais democrática, se os professores não estiverem sensibilizados e sentirem necessidade de participar dessa mudança.

Assim, este trabalho tem como objetivo, oportunizar reflexão sobre a andragogia, visando contribuir para a melhoria do ensino para adultos, a fim de valorizar o aprendizando, transformando o aprendiz de objeto a sujeito da educação, justificando-se pela necessidade de trazer à tona, novas discussões sobre a educação, dentro dos princípios andragógicos.

DESENVOLVIMENTO

Os diversos estudos sobre a infância e a experiência com crianças denotam que as

mesmas são seres dependentes, necessitam dos cuidados de terceiros, acostumam-se a esta dependência que é aceita, por todos, como normal. Nessa fase, quando se inicia o período escolar, é esperada proteção por parte dos professores. Já na adolescência iniciam-se os questionamentos, aparecem as rebeldias e a autoridade dos professores deixa de ser absoluta. Na idade adulta acumulam-se experiências, aprende-se com erros, tendo consciência do que não se sabe e quanto estes desconhecimentos fazem falta. Os adultos avaliam cada informação que lhes chega e a incorporam ou não, em função de suas necessidades.

Num breve levantamento histórico do ensino, pode-se constatar que no começo do século VII, foram iniciadas na Europa escolas para o ensino de crianças, cujo objetivo era preparar jovens rapazes para o serviço religioso (OLIVEIRA, 2007). Eram as conhecidas Catedrais ou Escolas Monásticas. Os professores dessas escolas tinham como missão a doutrinação dos jovens na crença, fé e rituais da igreja. Eles reuniram uma série de pressupostos sobre aprendizagem, ao que denominaram de "pedagogia. A palavra, literalmente, significa "a arte e ciência de ensinar crianças" - a etimologia da palavra é grega:

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"paido", que significa criança, e "gogos" que significa educar. Esse modelo de educação monástico foi mantido, através dos tempos, até o século XX, por não haver estudos aprofundados de sua inadequação para outras faixas etárias, que não a infantil. Veio, assim, a ser a base organizacional de todo o nosso sistema educacional, incluindo o empresarial. Entretanto, logo após a Primeira Guerra Mundial, começou a crescer nos Estados Unidos e na Europa um corpo de concepções diferenciadas sobre as características do aprendiz adulto que, infelizmente, ainda não é considerado por completo na educação de quem não é mais criança.

Este processo é, ainda hoje, ignorado pelos sistemas tradicionais de ensino e na maioria dos casos, tenta-se ensinar adultos com as mesmas técnicas didáticas usadas no ensino fundamental e médio. Segundo Cavalcanti (1999), apenas em 1926, Linderman, na tentativa de buscar melhores formas de educar adultos, percebeu a falta de adequação dos métodos utilizados e escreveu: “nós aprendemos aquilo que nós fazemos. A experiência é o livro-texto vivo do adulto aprendiz”. Knowles, em 1970, trouxe à tona as idéias de Linderman e introduziu em 1973 o termo andragogia como “a arte e a ciência de ajudar adultos a aprender”. Bellan (2005) destaca que andragogia é a ciência que estuda como os adultos aprendem, e quem primeiro usou esta nomenclatura foi o educador alemão Alexander Kapp, em 1833 para descrever elementos da teoria de Educação de Platão.

Seguindo esta linha de pensamento, Perissé (2008) relata que o estudante adulto não pode ser tratado pelos professores como se fosse um adolescente e estivesse apenas começando a entrar no labirinto da vida. Os professores devem ser capazes de compreender que este aluno (com mais idade do que eles, às vezes) requer desafios. Mais do que ficar ouvindo, passivamente, a exposição muitas vezes abstrata e tediosa de um assunto, precisa gerir seu aprendizado e seu desenvolvimento profissional. O professor deve aprender que os adultos precisam que ele lhes ajude a compreender a importância prática do assunto a ser estudado, experimentar a sensação de que cada conhecimento fará diferença e mudará efetivamente suas vidas.

Pinto (2007) relata que a educação formalizada é um dos processos pelos quais a sociedade se configura, mas não o é, como retrata a pedagogia ingênua. Todos os processos configuradores da sociedade estão em estreita relação recíproca e se influenciam mutuamente. Logo, a educação só alcança os resultados que o conjunto dos demais processos lhes permite obter.

Segundo Hamze (2008) a andragogia (do grego: andros = adulto e gogos = educar), é um caminho educacional que busca compreender o adulto. Andragogia significa, “ensino para adultos”.

No modelo andragógico, a aprendizagem é de responsabilidade compartilhada entre professor e aluno. A andragogia fundamenta-se no “aprender fazendo”.

Segundo Finger (2003), a educação de adultos tem merecido especial atenção da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), desde a sua criação, podendo a sua contribuição para este campo ser considerada histórica, especialmente no que se refere à alfabetização e educação básica de adultos.

Em continuidade a essa atenção, Pinto (2007), afirma ainda que o método é de fundamental importância no processo de educação do adulto, por se tratar de pessoa já dotada de uma consciência formada, com hábitos de vida e situações de trabalho que não podem ser arbitrariamente modificados. As características que devem fundamentar este método são as seguintes:

Despertar no adulto a consciência da necessidade de instruir-se e a noção clara da sua participação na sociedade;

Partir dos elementos que compõem a realidade do educando, que se destacam como expressão de sua relação direta e contínua com o mundo em que vive;

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Não impor o método ao educando e, sim, criá-lo com ele, com base na realidade em que vive. O professor instrutor deve auxiliar a sua busca pelos próprios educandos;

Propor o conteúdo da instrução, o que deve ser justificado como uma contribuição para melhorar as condições de vida do homem.

Danyluk (2001) relata que o adulto escolarizado é um sujeito culto, no sentido objetivo

da cultura, porque consegue sobreviver na sociedade na qual está inserido. Aquilo que desconhece, talvez seja o que até então, não teve necessidade ou oportunidade de aprender. As pessoas que não sabem ler nem escrever, já atuam em seus mundos como educados, ainda que não de forma escolarizada. O adulto traz consigo os saberes de suas vivências, embora dúvidas e medos o acompanhem, e deixam à vista um ser cheio de vida e experiência existencial.

Para DeAquino (2007), a andragogia apresenta-se atualmente, como uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação centrada no aprendiz para pessoas de todas as idades.

Knowles (2005), afirma que, a andragogia permanece um dos modelos proeminentes da aprendizagem adulta e é freqüentemente o primeiro a ser encontrado por iniciantes na aprendizagem adulta. Apesar das limitações, há muitas oportunidades para a Andragogia na pesquisa e na prática. Embora saudáveis debates sobre o processo e propósitos da aprendizagem de adultos certamente continuem, substanciais avanços na pesquisa e na prática também continuarão a ocorrer para formatar ambos: a arte e a ciência da andragogia.

Ainda segundo Perissé (2008), os conceitos andragógicos devem ser aplicados na formação do professor, uma vez que é adulto e necessita ver e tratar seus alunos adultos como pessoas verdadeiramente livres e responsáveis. Esta é a motivação das motivações - ser tratado como um ser inteligente, capaz de acertar na vida. Muito além das notas, os alunos maduros anseiam ver como a realidade acadêmica concorrerá de fato para que sua realidade pessoal seja dinâmica, produtiva. Os professores de alunos adultos, pressionados por problemas que a pedagogia só em parte pode solucionar, precisam estudar Andragogia. O adulto aprendiz é quem melhor ensinará como ensinar.

Hamze (2008), relata ainda que na Andragogia a aprendizagem tem uma particularidade mais centrada no aluno, na independência e na auto-gestão da aprendizagem, para a aplicação prática na vida diária.

Sobre a discussão acerca da pedagogia e da andragogia na educação de jovens e adultos, podemos considerar o que aponta DeAquino (2007 p. 13).

A grande discussão hoje existente nos meios universitários e de educação continuada é se a pedagogia é uma forma adequada para o ensino e aprendizagem de adultos ou se a andragogia, uma abordagem que considera a postura crítica e a necessidade da experimentação, seria capaz de trazer resultados melhores para esse grupo particular de aprendizes.

Nosso entendimento é de que existe um contínuo, no qual a pedagogia, também conhecida com aprendizagem direcionada, posiciona-se em uma extremidade, enquanto a andragogia (aprendizagem facilitada) encontra-se em outra. De modo a se ter eficácia e eficiência no processo de aprendizagem, é necessário que professores e organizações educacionais sejam capazes de se mover ao longo desse intervalo e encontrar a combinação correta entre as duas abordagens.

Concordamos com as colocações acima e completamos com o que Chotguis (2007) relata, acerca do desenvolvimento das teorias de educação. Apenas em 1950, alguns educadores começaram a organizar idéias em torno da noção de que adultos aprendem melhor em ambientes informais, confortáveis, flexíveis e não ameaçadores e o termo somente foi usado nos anos 60.

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A andragogia foi apresentada como a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender e era ostensivamente a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar crianças. O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi a base da organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de seguir as instruções do professor.

Segundo DeAquino (2007), a andragogia, inicialmente definida como a arte de ajudar os adultos a aprender, apresenta-se atualmente como uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação centrada no aprendiz para pessoas de todas as idades.

Sabemos que à medida que as pessoas amadurecem, sofrem transformações como: passar de dependentes para indivíduos independentes (autodirecionados); acumular experiências de vida que vão fundamentar o substrato de seu aprendizado; direcionar seus interesses para o desenvolvimento das habilidades que utiliza em seu papel social; esperar uma imediata aplicação prática do que aprendem; preferir aprender para resolver problemas e desafios e passar a apresentar motivações internas mais intensas do que motivações externas (Knowles, 2005).

Dessa forma, a andragogia é descrita mais como uma forma seqüencial do modo de aprender do que como uma teoria (KAUFMANN, 2000),. Ela oferece, quando muito, as diretrizes de aprendizagem para pessoas que tenham tendência à autonomia e à auto-instrução. São sete as hipóteses por ele levantadas:

1. É necessário um ambiente de aprendizagem eficaz. Os estudantes devem se sentir calmos do ponto de vista psíquico. Eles devem se sentir seguros para se exprimir sem se expor ao julgamento ácido ou ao ridículo.

2. Os estudantes devem participar da elaboração do programa de estudos que deve ser efetivo para o conteúdo e para o processo de aprendizagem.

3. Devem ser estimulados a participar na determinação de suas necessidades educativas o que favorece a auto-motivação, auto-avaliação e a reflexão.

4. Os estudantes devem fixar suas necessidades de aprendizagem, ou seja, a responsabilidade principal por seu aprendizado é deles próprios.

5. Deve-se incitá-los a identificar os recursos necessários para que atinjam os objetivos de aprendizado. Esse princípio estabelece a ligação entre as necessidades, os recursos e os objetivos finais da aprendizagem.

6. Auxiliar os estudantes a colocar em prática seus projetos de aprendizagem. Um dos elementos-chave da motivação é a expectativa de alcançar um bom resultado. Quando muito cobrado, ele perde a motivação para estudar, aparecendo o mal resultado.

7. É necessário que os estudantes estejam implicados em seus próprios processos de avaliação. Essa é uma ferramenta fundamental ao processo de aprendizado autodirigido e que necessita de reflexão crítica.

Knowles (2005), afirma, ainda, que o comportamento do aprendiz varia de acordo com a aprendizagem e que situações da vida afetam também o estilo andragógico de aprendizagem. Experiências passadas e atuais também ajudam a formatar a aprendizagem, sendo que adultos aprendem mais no contexto da vida real, sendo motivados em aprender para solucionar problemas. Durante anos se refinou o modelo andragógico emergente, o que, em nossa opinião, fortificaram-no. Aprender é um fenômeno complexo que desafia qualquer modelo.

Em contraposição ao modelo pedagógico, Chotguis (2007) relata que o modelo andragógico é baseado em vários outros pressupostos, dentre os quais destacamos:

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1. A Necessidade de Saber. Os adultos investem energia investigando o que ganharão em aprender algo, assim, necessitam saber PORQUÊ aprender.

2. Autoconceito do Aprendiz. Os adultos respondem ao autoconceito de serem responsáveis pela própria vida e pelo que acontece com ela, inclusive pelo que aprende.

3. O Papel das Experiências dos Aprendizes. Os adultos acumulam mais experiências e de diferentes tipos, do que na juventude.

4. Prontos para Aprender. Adultos estão prontos para aprender o que vai fazer diferença em sua vida cotidiana, em situações reais.

5. Motivação. As pressões internas, como desejo de satisfação no trabalho e auto-estima são motivadores mais potentes para os adultos do que as externas, como melhor emprego, salário etc.

Knowles (2005), afirma que, ao se considerar uma teoria, deve-se entender as complexidades envolvidas na definição de educação e aprendizagem Educação enfatiza o educador enquanto a aprendizagem enfatiza a pessoa na qual ocorrerão mudanças. Embora esta definição seja facilmente compreensível, desenvolver uma definição de trabalho de aprendizagem é muito mais complexa. A teoria de aprendizagem refere-se a métodos de aprendizagem enquanto a de ensino refere-se a métodos empregados para se influenciar a aprendizagem, logo, entende-se a aprendizagem como processo de ganho de conhecimento e ou experiência.

Segundo Freire (1992) as relações do homem com o mundo, independem do fato de ser alfabetizado ou não, basta ser homem para realizá-las, para ser capaz de captar os dados da realidade, de saber, ainda que seja este saber meramente opinativo. Daí que não haja ignorância nem sabedoria absoluta. A compreensão resultante da captação será tão mais crítica, quanto seja feita a apreensão da causalidade autêntica. E será tão mais mágica, na medida em que se faça com um mínimo de apreensão dessa causalidade. Enquanto para a consciência crítica, a própria causalidade autêntica está sempre submetida a sua análise – o que é autêntico hoje pode não ser amanhã - para a consciência ingênua, o que lhe parece casualidade autêntica já não é, uma vez que lhe atribui caráter estático de algo já feito e estabelecido.

A consciência crítica é a representação das coisas e dos fatos como se dão na existência empírica. A consciência ingênua, pelo contrário, se crê superior aos fatos, dominando-os de fora e, por isso, se julga livre para entendê-los conforme melhor lhe agradar. A consciência mágica, não chega a acreditar-se superior aos fatos, dominando-os de fora, nem se julga livre para entendê-los como melhor lhe agradar. Por isso é próprio da consciência crítica a sua integração com a realidade, enquanto que da ingênua o próprio é sua superposição à realidade. Devemos buscar, na educação de adultos, o desenvolvimento da consciência crítica.

Bellan (2005) destaca que quando se olha a aprendizagem de adultos através da andragogia, vê-se que o papel do professor como é tradicionalmente conhecido, deve ser revisto. Porque os alunos adultos são conscientes de suas habilidades e experiências, e exigem mais envolvimento no processo de aprendizagem. O professor deve transformar-se em facilitador, um agente de transformação. Sobre o conceito de facilitação, Finger (2003) destaca que está diretamente relacionada com o conceito de crescimento, chamada aprendizagem autodirigida.

Knowles (2005), afirma que a andragogia é o modelo certo numa dada situação de aprendizagem adulta e disse ainda, em 1989, que, preferia pensar na andragogia como modelo de conceitos que servem como base para uma teoria emergente.

A transição da pedagogia para a andragogia deve ser feita durante os estudos universitários, tendo em vista que a maioria dos graduandos inicia os estudos como

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adolescente e termina como adulto. Enfatizar a aplicação dos princípios andragógicos nas universidades é de fundamental importância, a fim de atingir maior eficiência educacional.

CONCLUSÃO

A andragogia, apesar de pouco conhecida, é uma ciência que vem provocando

discussões ao longo do tempo: Galileu Galilei (1564-1642) já dizia. “não se pode ensinar coisa alguma a alguém, pode-se apenas auxiliá-lo a descobrir por si só”. Kaufmann (2000), afirma que a andragogia oferece as diretrizes de aprendizagem para pessoas que tenham tendência à autonomia e a auto-instrução.

Com a utilização da palavra andragogia, ocorre uma situação semelhante ao que acontece com o termo “célula”, que foi designado indevidamente por Robert Hoock em 1564, como unidade fundamental da matéria viva, uma vez que, sabe-se que célula vem de “cela”, que quer dizer espaço vazio. No caso da andragogia, a palavra é desconhecida por muitos que usam o termo “pedagogia do adulto”, indevidamente. Há de se ressaltar aqui, que em muitos casos, embora a palavra andragogia não apareça, grandes educadores usam implicitamente os princípios andragógicos.

Uma das formas de reverter este problema seria ignorar o termo “pedagogia do adulto” e passar a utilizar o termo andragogia, promovendo reflexão sobre o tema, através da produção de artigos, com o intuito de levar especialmente a comunidade científica a pensar sobre o caso, impedindo que aconteça com a andragogia como aconteceu com a palavra célula, que há quase 500 anos nada foi feito.

O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até os dias atuais, sendo a base da organização do nosso sistema educacional.

A andragogia é a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender, sendo ostensivamente a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar crianças. Os adultos preferem que lhes ajudem a compreender a importância prática do assunto estudado, preferem experimentar a sensação de que cada conhecimento lhes fará falta. Os adultos são portadores de uma experiência que os distingue das crianças e dos jovens. Em numerosas situações de formação, são os próprios adultos, com a sua experiência, que constituem o recurso mais rico para as suas próprias aprendizagens, que são baseadas em problemas, exigindo ampla gama de conhecimentos para se chegar à solução.

O estudo desenvolvido permite concluir que o ensino realizado sob o foco da andragogia será capaz de desenvolver nos adultos toda sua capacidade, permitindo assim que suas habilidades sejam devidamente afloradas.

Nos adultos a aprendizagem é orientada para a resolução de problemas e tarefas com que se confrontam na sua vida cotidiana, o que desaconselha uma lógica centrada nos conteúdos, uma vez que estão dispostos a iniciar um processo de aprendizagem desde que compreendam a sua utilidade.

Os adultos são sensíveis a estímulos de natureza externa, como por exemplo a atribuição de notas nos trabalhos desenvolvidos, mas são os fatores de ordem interna que os motivam para a aprendizagem: satisfação, auto-estima, qualidade de vida, entre outros.

No contexto da andragogia, a aprendizagem adquire uma característica mais centrada no aluno, na independência e na auto-gestão da aprendizagem. Pessoas aprendem o que realmente precisam saber (aprendizagem para aplicação prática na vida diária), sendo a experiência uma rica fonte de aprendizagem, através da discussão e da solução de problemas em grupo.

O conteúdo da instrução deve ser proposto e não imposto e o projeto de aprendizagem voltado para as necessidades do aprendiz. O método deve despertar a necessidade de instruir-

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se, a fim de deixar clara a usa participação, como um cidadão integrado na sua sociedade partindo de elementos que compõem a realidade do aprendiz.

Quando se olha a aprendizagem de adultos através da andragogia, vê-se que o papel do professor como é tradicionalmente conhecido, deve ser revisto. Os alunos adultos são conscientes de suas habilidades e experiências, e exigem seu maior envolvimento no processo de aprendizagem. O professor deve transformar-se em facilitador, em agente de transformação.

A transição da pedagogia para a andragogia deve ser feita durante os estudos universitários, em função da faixa etária em que se encontram os jovens ingressantes na graduação, portanto, programar o ensino de adultos sob o foco da andragogia tanto nas universidades, como em outras instituições de ensino, trará grandes benefícios para o aprendiz, fazendo que se transformem em profissionais mais conscientes e capacitados. Este é o grande desafio da educação de adultos, pois a prática atual tem se mostrado insuficiente para atingir os objetivos propostos.

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