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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
MARCELO TORRES DE PAULA
FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO
DA CIDADANIA
BELO HORIZONTE 2015
MARCELO TORRES DE PAULA
FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO
DA CIDADANIA
Dissertação de mestrado apresentada à Banca de Exame de Defesa, constituída pelo Colegiado do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA.
Área de Concentração: Inovações sociais e desenvolvimento local
Linha de Pesquisa: Educação e desenvolvimento local
Professora Orientadora: Profa. Drª. Maria Lúcia Miranda Afonso
BELO HORIZONTE 2015
MARCELO TORRES DE PAULA
FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO
DA CIDADANIA
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do título de mestre do
curso de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, área de
concentração Inovações sociais e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário
UNA.
Orientadora:
__________________________________________ Doutora Maria Lúcia Miranda Afonso Centro Universitário UNA Membro da Banca Examinadora ___________________________________________ Doutor Frederico de Carvalho Figueiredo Centro Universitário UNA Membro da Banca Examinadora ____________________________________________ Doutora Márcia Stengel PUC Minas
BELO HORIZONTE
2015
À minha esposa Renata e ao meu filho João Victor.
À juventude brasileira, presente de Deus para esta
nação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me permitir alcançar mais esta conquista.
À minha esposa Renata e meu filho João Victor pelo amor e apoio incondicionais.
Aos meus pais, Emanuel e Zilca, por terem me ensinado aquilo que não se aprende
na escola.
À minha orientadora Dra. Maria Lúcia Miranda Afonso pela paciência, serenidade e
pelos preciosos ensinamentos.
RESUMO
A necessidade de preparação da juventude para a participação política e o exercício
da cidadania possui forte amparo legislativo, seja no plano nacional ou internacional.
Todavia, para que haja uma participação de qualidade torna-se necessário um
conhecimento acerca dos direitos humanos/fundamentais, além de uma
compreensão básica sobre o funcionamento das instituições políticas do país.
Ademais, torna-se necessário considerar o jovem como um ser político, capaz de
discutir e contribuir com as discussões relevantes para a sociedade, e não como
alguém que precisa ser moldado para reproduzir as práticas existentes. Para
conseguir esse engajamento, deve-se ouvir o jovem sobre como ele encara as
formas de participação política tradicionais, bem como absorver as novas formas de
participação política que a juventude tem implementado no cotidiano. A rejeição dos
jovens pelos meios de participação política tradicionais deve ser considerada como
uma oportunidade de desenvolvimento de outras formas de participação, sem,
contudo, implicar em uma negação das instituições políticas já existentes. Diante
deste quadro, o presente trabalho propõe-se a pesquisar os conhecimentos que a
população jovem, escolarizada, tem sobre cidadania, direitos e garantias
fundamentais, organização do Estado e funcionamento do sistema político visando
ao desenvolvimento de ações de intervenção social, com caráter de inovação social
e capazes de fomentar o desenvolvimento local. A metodologia orientadora da
pesquisa incorporou a técnica quali-quantitativa, ficando o estudo focado na
população com faixa etária entre 16 e 18 anos inserida no sistema de ensino formal
público e privado. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da aplicação de
um questionário contendo perguntas abertas e fechadas a 82 alunos, divididos em
uma escola privada e uma escola pública, ambas localizadas no município de
Contagem/MG. O produto técnico consistiu na elaboração de um jogo pedagógico
denominado “Dominó da Política”, voltado para o público jovem, que pretende, de
forma lúdica, contribuir para a construção de um conhecimento sobre o
funcionamento do sistema político-constitucional brasileiro.
Palavras Chave: Educação, Direitos e garantias fundamentais, Cidadania, Jovens,
Desenvolvimento Local
ABSTRACT
The need for preparation of youth for political participation and the exercise of
citizenship has strong legislative support, whether at national or international level.
However, for there to be quality of participation it is necessary knowledge of the
human/ fundamental rights as well as a basic understanding of the functioning of the
country’s political institutions. Additionally, one must consider the young as a political
being able to discuss and contribute to the relevant discussions to society, not as
someone who needs to be molded to reproduce existing practices. For such
commitment, listening to the young people on how they faces the traditional forms of
political engagement, as well as hearing them on how they absorb the new forms of
political engagement implemented daily by this youth, becomes necessary. The
rejection of the youth by the traditional political engagement means should be
considered as an opportunity to develop other forms of participation, without,
however, involve a denial of existing political institutions. On this framework, this
paper sets out to search about the educated youth knowledge of citizenship,
fundamental rights and guarantees, the State organization and functioning of the
political system, aiming to develop social interventional actions, with the social nature
of innovation and capable of fostering local development. The guiding research
methodology incorporated the quali-quantitative technique by focusing on the
population with age range between 16 and 18 years within the formal educational
system both public and private. The field research was developed through the
application of a questionnaire with open and closed questions to 82 students, divided
into a private school and a public school, both located in the municipality of
Contagem - MG. The technical product consisted in the development of a
pedagogical game named "Dominó da Política", aimed at the younger crowd,
intended in a ludic manner to contribute to the construction of a knowledge about the
functioning of the Brazilian political and constitutional system.
Keywords: Education, Fundamental rights and guarantees, Citizenship, Youth, Local
Development
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 – Idade dos participantes ........................................................................... 54
Gráfico 2 – Cor (de acordo com a autoafirmação dos participantes) ........................ 55
Gráfico 3 – Religião de criação ................................................................................. 55
Gráfico 4 – Religião atual .......................................................................................... 56
Gráfico 5 – Você gosta de conversar sobre política? ................................................ 59
Gráfico 6 – Você acha importante conversar sobre política? .................................... 59
Gráfico 7 - Grau de conhecimento sobre a Constituição X Instituição de ensino ...... 64
Gráfico 8 – Opinião a respeito da Constituição Federal ............................................ 65
Gráfico 9 – Obtenção do registro civil de nascimento gratuito: base legal ................ 67
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Correspondência entre a Magna Charta Libertatum e a Constituição da República Federativa do Brasil ......................................................................... 22 Quadro 2 – Correspondência entre a Bill of Rights e a Constituição da República Federativa do Brasil .............................................................................. 22
Quadro 3 – Correspondência entre a Declaração de Direitos de Virgínia e a Constituição da República Federativa do Brasil .................................................. 22
Quadro 4 – Correspondência entre a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição da República Federativa do Brasil ............................. 22
Quadro 5 – Correspondência entre a Declaração dos Direitos Humanos (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil ............................................... 23
Quadro 6 – Correspondência entre a Carta da Terra (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil .............................................................................. 23
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Nível de escolaridade dos pais X Instituição de ensino................. 56 Tabela 2 – Renda familiar mensal X Instituição de ensino............................... 57 Tabela 3 – Concepção dos jovens sobre política ............................................. 60 Tabela 4 – Concepção dos jovens sobre Direitos Humanos ........................... 61 Tabela 5 – Principais fontes de obtenção de informações sobre política ...... 61 Tabela 6 – Participação em atividades de conotação política ......................... 62 Tabela 7 – Proibição da prisão civil por dívida ................................................. 66
Tabela 8 – Função de elaboração das leis......................................................... 68 Tabela 9 – Defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis ........................................................................................................ 68
Tabela 10 – Resolução de conflitos entre as pessoas, ou entre estas e o Estado ................................................................................................................... 69 Tabela 11 – Exercício da atividade administrativa e de governo .................... 69 Tabela 12 – Defesa judicial dos interesses de pessoas pobres ...................... 70
Tabela 13 – Função de fiscalização das ações do Poder Executivo nos Estados ................................................................................................................. 70
Tabela 14 – Função administrativa e de governo no âmbito nacional ............ 71 Tabela 15 – Função de representação dos Estados no âmbito do Congresso Nacional ................................................................................................................ 71 Tabela 16 – Função de administração e governo no âmbito dos Estados ..... 72 Tabela 17 – Função de elaboração de leis de interesse da população do município .............................................................................................................. 72 Tabela 18 – Função de administração e governo no âmbito do município .... 73
Tabela 19 – Função de representação da população dentro do Congresso Nacional ................................................................................................................ 73
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13
CAPÍTULO 1: FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA: UMA ABORDAGEM LEGISLATIVA E EMPÍRICA .. 16
RESUMO ................................................................................................................................. 16 1.1 Introdução ....................................................................................................................... 16
1.2 O nascimento do paradigma de Estado Democrático de Direito e sua relação com a concepção moderna de gestão social ............................................... 18
1.3 O ensino dos direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos como instrumento facilitador da compreensão dos direitos humanos ............... 19
1.3.1 A diferença formal e a semelhança ontológica entre os direitos humanos e os direitos e garantias fundamentais................................................................... 1.3.2 Os direitos e garantias fundamentais como manifestação dos direitos humanos no plano estatal interno .................................................................................. 21
1.3.3 A sistematização dos direitos e garantias fundamentais como elemento facilitador do ensino e compreensão dos direitos humanos .................................. 24
1.4 O ensino de noções básicas sobre o funcionamento do sistema político e da organização do Estado brasileiro como um elemento importante para o desenvolvimento local ....................................................................................................... 25
1.5 Reflexões sobre a juventude contemporânea e sua participação no cenário político .................................................................................................................................... 26 1.5.1 A superação da ideia de socialização política dos jovens ............................. 26
1.5.2 A rejeição dos mecanismos de participação política tradicionais pelos jovens: a crise como elemento gerador de oportunidades ..................................... 28
1.6 Da necessidade do desenvolvimento de estratégias pedagógicas diferenciadas para possibilitar o ensino dos direitos fundamentais e das instituições e cargos políticos para jovens ................................................................. 32
1.7 Fundamentos legais para o ensino dos direitos fundamentais e noções de política na juventude: o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto da Juventude e o Plano Decenal de Educação ................................................................. 35
1.8 Considerações Finais .................................................................................................. 38
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 40
CAPÍTULO 2: ABORDAGEM SOBRE ALGUNS IMPORTANTES ELEMENTOS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DA JUVENTUDE ............................................... 43
RESUMO.................................................................................................................................42
2.1 Introdução ....................................................................................................................... 43
2.2 Discussão teórica ......................................................................................................... 44
2.2.1 Formação do jovem para a participação política e o exercício da cidadania: fundamento jurídico-normativo nos planos nacional e internacional .................................................................................................................................................. 44
2.2.1.1 O Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos ................................................................... 45 2.2.1.2 A formação política de jovens na legislação infraconstitucional ....................... 46
2.3 Metodologia .................................................................................................................... 52
2.4 Dados da pesquisa ....................................................................................................... 54
2.5 Considerações finais ...................................................................................................72
CAPÍTULO 3: DOMINÓ DA POLÍTICA ............................................................................. 77
RESUMO.................................................................................................................................76
3.1 Introdução ....................................................................................................................... 77
3.2 Conversa com os educadores ................................................................................... 78
3.3 Regras do jogo .............................................................................................................. 80
3.4 Conteúdo das cartas .................................................................................................... 81
3.5 Considerações finais ................................................................................................... 86
CONSIDERAÇÕES FINAIS. ................................................................................................ 87
APÊNDICE A.......................................................................................................... ............... 88
APÊNDICE B.......................................................................................................... ............... 94
APÊNDICE C.......................................................................................................... ............... 96
APÊNDICE D.......................................................................................................... ............... 98
APÊNDICE E.......................................................................................................... ................ 99
APÊNDICE F........................................................................................................ ................ 100
13
INTRODUÇÃO
O paradigma de Estado Democrático de Direito ampliou as formas de
participação da sociedade na formação da vontade política do Estado. Tal afirmação
pode ser exemplificada pela possibilidade de inclusão dos jovens, a partir dos 16
anos de idade no processo político-eleitoral. Com a eficácia irradiante das normas
constitucionais, esta inovação veio acompanhada de intensa produção legislativa no
plano nacional. Paralelamente, verifica-se no plano internacional um esforço idêntico
no sentido de incluir a juventude na discussão de assuntos relevantes para a
sociedade.
Passados mais de 25 anos de promulgação da Constituição de 1988,
percebe-se que ainda existe muito a ser feito para que a participação política dos
jovens extrapole o plano meramente formal. Torna-se necessário fornecer subsídios
que possibilitem uma atuação política de qualidade por parte dos jovens,
considerando-se nesse processo as contribuições que os jovens têm para oferecer.
A preparação para a vida política não pode ser concebida como um processo
verticalizado, onde o jovem ocupa uma postura passiva de recepção e reprodução
dos mecanismos de participação existentes.
Neste contexto, é preciso estabelecer uma abertura de canais dialógicos com
a juventude para saber qual o nível de conhecimento que eles possuem sobre o
sistema político brasileiro, e sobre os direitos e garantias fundamentais. A partir daí,
torna-se importante despertar o interesse da juventude para uma compreensão
básica desses assuntos, através de estratégias pedagógicas diferenciadas. Tudo
isso sem negligenciar a contribuição que os jovens têm a oferecer no aprimoramento
das nossas instituições políticas.
O interesse pelo tema parte da compreensão de que a escola pode ser um
ambiente propício para essa troca de experiências e para a construção de novos
conhecimentos, visando a preparação da juventude para a participação política e
para o exercício da cidadania.
Objetiva-se com o presente trabalho analisar a formação política de jovens
brasileiros, sobretudo aqueles com faixa etária entre 16 e 18 anos, com ênfase em
seu conhecimento sobre organização do Estado, funcionamento do sistema político,
direitos e garantias fundamentais, tendo em vista o desenvolvimento de intervenção
14
na área de educação com características de inovação social e potencializadora do
desenvolvimento local.
Constituem objetivos específicos desta pesquisa:
investigar os elementos necessários para a formação política de jovens
e sua preparação para o exercício da cidadania, com ênfase na faixa
etária entre 16 e 18 anos de idade;
compreender como se efetiva a participação política juvenil na
atualidade, verificando as modalidades de participação que encontram
maior acolhida entre os jovens;
identificar, junto a jovens de 16 a 18 anos, em escolas públicas e
privadas, seus conhecimentos sobre a organização do Estado, o
sistema político, os direitos e garantias fundamentais;
organizar uma proposta de intervenção, no plano educacional, que
contribua na construção de um conhecimento pela juventude das
instituições e cargos políticos mais importantes do país, visando ao
desenvolvimento local.
A pesquisa possui relevância para a prática social de educação na medida em
que poderá contribuir para a ampliação do conhecimento sobre a juventude
brasileira no que diz respeito à sua formação para a cidadania, e buscará
desenvolver mecanismos e instrumentos pedagógicos para a formação política de
jovens sobre matérias tipicamente constitucionais.
Nesse particular, a proposta de pesquisa vem contribuir para a efetivação de
importantes políticas públicas já existentes, como o Estatuto da Juventude, o Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos dentro daquilo que é proposto pelas
Diretrizes Nacionais de Ensino dos Direitos Humanos para o ensino fundamental e
médio e, por fim, o recém publicado Plano Decenal de Educação.
A dissertação está estruturada em três capítulos: o primeiro apresenta um
referencial teórico que promove uma abordagem legislativa, doutrinária e empírica
sobre a formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania.
O segundo capítulo trata da pesquisa de campo, cujos dados foram levantados em
duas escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, através da aplicação de
questionários a 82 jovens com idade entre 16 e 18 anos. No terceiro capítulo, foi
desenvolvido um jogo pedagógico denominado “Dominó da Política”, o qual pretende
contribuir como uma ferramenta lúdica para despertar o interesse dos jovens pela
15
política, possibilitando também uma compreensão básica sobre algumas atribuições
das principais instituições e cargos políticos do país. O trabalho é encerrado em
seguida com as considerações finais.
16
CAPÍTULO 1: FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA: UMA ABORDAGEM LEGISLATIVA E EMPÍRICA
RESUMO
O presente artigo aponta para o surgimento do Estado Democrático de Direito como modelo de atuação estatal onde a participação da sociedade é preponderante na formulação das políticas públicas, o que apresenta uma convergência com o moderno conceito de gestão social. Delimitando o campo de investigação à participação da juventude, torna-se necessário promover uma formação dos jovens sobre o conteúdo e amplitude dos direitos humanos/fundamentais, bem como do sistema político brasileiro. Torna-se igualmente importante compreender como tem se efetivado a participação política da juventude na atualidade, de forma a compreender a visão dos jovens sobre o tema e ampliar o leque de possibilidades de participação, sem, contudo desconsiderar a importância dos mecanismos participativos tradicionais. Feito esse diagnóstico, deve-se buscar a implementação de estratégias pedagógicas diferenciadas na área educacional para estimular o interesse da juventude sobre a política e os direitos fundamentais considerando a vasta produção legislativa que fundamenta essa pretensão.
Palavras-chave: Juventude. Participação política. Gestão social
1.1 Introdução
Uma importante inovação trazida pela Constituição de 1988 consiste na
inclusão dos jovens com idade entre 16 e 18 anos no rol de legitimados a participar
do processo eleitoral.
Todavia, é preciso que essa inclusão não ocorra apenas num plano formal.
Percebe-se que a conjuntura política nos planos interno e internacional favorece a
construção de mecanismos de promoção de uma participação política esclarecida
por parte desses jovens eleitores, contemplando uma boa noção sobre o
funcionamento do sistema político e da organização básica do Estado brasileiro,
bem como um conhecimento sobre os direitos e garantias fundamentais previstos no
texto constitucional. Este artigo pretende fornecer um embasamento teórico que
mostre a importância da formação política de jovens brasileiros sobre esses
assuntos materialmente constitucionais.
17
A discussão será iniciada por uma breve apresentação histórica, abordando o
surgimento do paradigma de Estado Democrático de Direito, promovendo a ligação
desse novo contexto político com o moderno conceito de gestão social, de forma a
compreender a participação popular na gestão pública como um elemento
indissociável da própria democracia.
A partir daí, será feita uma análise das políticas públicas que, hoje, oferecem
uma base normativa para a educação sobre direitos e garantias fundamentais.
Abordaremos, inicialmente, a proposta do Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos para construir uma educação que valorize os direitos humanos e uma
cultura de paz. Nesse ponto, será estabelecida uma argumentação para demonstrar
que o ensino dos direitos e garantias fundamentais é um elemento nodal da
apreensão e compreensão dos direitos humanos.
Faremos também uma abordagem sobre o contexto atual de participação da
juventude no cenário político brasileiro, tratando da superação da teoria da
socialização política dos jovens. Nesse aspecto, trataremos ainda da análise de
dados acerca da amplitude a das formas de participação política da juventude
brasileira, apontando para a importância da busca de novos mecanismos de
participação, sem, contudo, desconsiderar as formas de participação tradicionais.
Logo após, falar-se-á sobre as políticas públicas de proteção e inclusão do
público alvo, quais sejam, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da
Juventude. Neste ponto, destacaremos a identidade que o Estatuto da Juventude
guarda com a temática que constitui o objeto deste capítulo.
Por fim, será feita a defesa da necessidade do ensino de noções básicas
sobre o funcionamento do sistema político e da organização do Estado brasileiro,
para que a almejada participação do público alvo no processo político-democrático
não ocorra apenas numa perspectiva formal.
A importância da educação para a cidadania é reconhecida como
fundamental para a construção de uma sociedade democrática e traz contribuições
para o desenvolvimento local. Este ponto é abordado de maneira transversal ao
longo deste capítulo.
18
1.2 O nascimento do paradigma de Estado Democrático de Direito e sua relação com a concepção moderna de gestão social
Dentro do contexto político que sucedeu a Segunda Guerra Mundial, o papel
do Estado passa a ser questionado, o que faz surgir na Europa um paradigma de
Estado Democrático de Direito, no qual a população passa a atuar de forma mais
efetiva da formação das políticas públicas e no controle das atividades
administrativas do Estado (BONAVIDES, 2009).
No Brasil, em virtude de um longo período de instabilidade institucional, com a
instauração de um extenso período de exceção, o surgimento desse paradigma
ocorreu tardiamente com a Constituição de 1988, que incorporou em seu texto
diversos mecanismos de participação popular, como o voto direto, secreto, universal
e periódico, a ação popular, o plebiscito, o referendo, o direito de petição junto aos
órgãos públicos, a publicidade e a eficiência como princípios da atividade
administrativa, dentre outras conquistas (STRECK; ADAMS, 2006).
Nesse novo contexto, não deveria haver espaço para a elaboração de
políticas públicas destoantes dos anseios da população, nem para uma atuação
política enclausurada nos gabinetes por parte dos administradores públicos. A
democracia deve passar a ser considerada como valor a ser implementado no dia a
dia, com a construção compartilhada de uma sociedade livre, justa e solidária
(GOHN, 2004).
A gestão social pode ocorrer neste viés político participativo, onde a
comunidade passa a ser chamada a exercer papel fundamental na construção das
políticas públicas, que neste caso passariam a ser revestidas de uma maior
legitimidade democrática. Nesse sentido, destaca-se a oportuna lição de Danilo
Romeu Streck:
Democracia, como entendida aqui, é antes de tudo uma forma de vida da qual a escolha dos governantes é uma consequência. Por isso, o cumprimento da formalidade jurídica jamais eximirá o povo no seu conjunto e cada cidadão e cidadã em particular da responsabilidade para com o conjunto da sociedade, e os ocupantes dos cargos públicos de conceber o seu trabalho a serviço da coletividade (STRECK; ADAMS, 2006).
Todavia, para que as pessoas assumam a responsabilidade no
desenvolvimento da sociedade, faz-se necessária uma preparação para o exercício
19
da cidadania, com um conhecimento dos direitos e garantias fundamentais do
cidadão em face do Estado, bem como do sistema político nacional.
A necessidade de uma formação política da população, especialmente dos
jovens, poderá contribuir para o exercício de uma cidadania consciente e
participativa, com reflexos no aperfeiçoamento do nosso Estado Democrático de
Direito e no desenvolvimento local.
Nesse sentido, faz-se necessário esclarecer que um Estado Democrático de
Direito deve estabelecer, promover e assegurar direitos fundamentais coerentes com
a perspectiva dos direitos humanos.
Assim, nos próximos itens será feita uma explanação sobre aquilo que
entendemos ser importante na formação política dos jovens entre 16 e 18 anos,
passando pela relação de identidade entre os direitos humanos e os direitos
fundamentais, abordando os aspectos elementares da organização do Estado
brasileiro e o funcionamento dos poderes constitucionalmente estabelecidos.
1.3 O ensino dos direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos como instrumento facilitador da compreensão dos direitos humanos
Neste item far-se-á uma análise de utilização das políticas públicas que
podem oferecer bases para o ensino dos direitos fundamentais como instrumento
legitimador para o ensino dos direitos humanos, utilizando para tanto de argumentos
jurídicos e sociais.
1.3.1 A diferença formal e a semelhança ontológica entre os direitos humanos e os direitos e garantias fundamentais
Os direitos humanos são fruto de um lento processo de consolidação das
conquistas contra a tirania e o abuso no exercício do poder. Longe de ser um
processo natural, os movimentos sociais que possibilitaram a consagração dos
direitos humanos estão ligados invariavelmente a uma tensão política e social que,
em muitos casos, implicou no sacrifício de vidas humanas (CANDAU, 1995, p. 99 e
100).
Não existe um marco específico de surgimento dos direitos humanos, uma
vez que a luta contra as arbitrariedades daqueles que exercem o poder é tão antiga
20
quanto a própria humanidade. Todavia, a partir das Revoluções Liberais ocorridas
no final do século XVIII, notadamente com o surgimento da Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, é possível estabelecer um marco na sistematização
desses direitos.
Através da leitura do documento supracitado é possível identificar o caráter
universalista da declaração francesa, que tinha a intenção de declarar direitos
pertencentes a todos os homens, em todos os contextos históricos, sociais e
culturais (DALLARI, 2010).
Paralelamente à Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, vários
outros documentos surgiram com o mesmo propósito e versando sobre conteúdo
semelhante, todavia, sem o mesmo caráter universalista, uma vez que eram
direcionados a um povo específico, como ocorreu com a Declaração de Direitos de
Virgínia, de 1776, bem como com os demais textos constitucionais que lhe
sucederam.
Assim, percebe-se que, seja no caso da declaração francesa, de viés
universalista, seja nos documentos constitucionais que lhe são contemporâneos,
cuja abrangência é restrita a um Estado, existe uma preocupação comum de
proteger o povo dos ataques autoritários daqueles que exercem o poder em nome
do Estado. Eis o elo de ligação e o ponto de semelhança entre os direitos humanos
e o constitucionalismo.
A semelhança ontológica entre os direitos humanos e os direitos e garantias
fundamentais constitucionalmente estabelecidos leva alguns estudiosos a afirmar
que ambos constituem uma mesma realidade, com o que não concordamos. Em que
pese terem a mesma essência, identidade de propósitos e conteúdo semelhante, os
direitos e garantias constitucionais possuem aplicabilidade restrita no âmbito de um
Estado, enquanto os direitos humanos são mais amplos e abrangentes, posto que
almejam um reconhecimento e aceitação num plano internacional. Nesse sentido,
resgata-se precisa lição de Ingo Sarlet:
De acordo com o critério aqui adotado, o termo “direitos fundamentais” se aplica àqueles direitos (em geral atribuídos à pessoa humana) reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão “direitos humanos” guarda relação com os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos os povos e em todos os lugares,
21
de tal sorte que revelam um caráter supranacional (internacional) e universal (SARLET; MARINONI; MITIDIERO, 2013, p.261).
Feitas as diferenciações, podemos concluir que os direitos e garantias
fundamentais consagrados nos textos constitucionais são um elemento revelador
dos direitos humanos numa perspectiva jurídica interna a um Estado, considerando-
se as peculiaridades sociais, econômicas e culturais de um povo.
Com o passar dos anos e com a consolidação do constitucionalismo como
instrumento eficiente de controle do poder, os direitos humanos foram sendo
agregados, paulatinamente, aos textos constitucionais, proporcionando um aumento
constante e gradativo da proteção desses direitos no plano jurídico interno.
Com a evolução das sociedades, os mecanismos de opressão e de abuso do
poder ganharam contornos e feições diferentes, gerando imediatamente um
movimento de resistência e de luta pela consolidação de novos direitos humanos,
que passavam a ser novamente apropriados pelas constituições dos diversos
países.
Através dessa evolução histórica dispomos atualmente de um amplo quadro
de direitos fundamentais consolidados não apenas nos documentos sobre direitos
humanos, mas também nos textos constitucionais de diversos países (MORAES,
2013).
1.3.2 Os direitos e garantias fundamentais como manifestação dos direitos humanos no plano estatal interno
O atual sistema constitucional de direitos e garantias fundamentais é fruto de
um lento processo de solidificação das conquistas da humanidade contra as mais
variadas formas de abuso e opressão, ocorridas em diferentes épocas e contextos
sociais. Vale dizer que o texto constitucional condensa o avanço dos direitos
humanos, de forma a retratar o estágio atual de evolução desses direitos ao nível
mundial.
Para exemplificar essa afirmação, faremos a seguir um quadro de
correspondência entre importantes direitos consagrados em documentos
internacionais sobre os direitos humanos e o nosso texto constitucional:
22
Quadro 1 – Correspondência entre a Magna Charta Libertatum e a Constituição da República Federativa do Brasil
Magna Charta Libertatum – Inglaterra (Ano: 1215 d.C)
Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.
Art. 5º, LIV – “Ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal”.
Fonte: elaboração do autor
Quadro 2 – Correspondência entre a Bill of Rights e a Constituição da República Federativa do Brasil
Bill of Rights – Inglaterra (Ano: 1688) Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Artigo 4º - Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento.
Art. 150 – “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”
Fonte: elaboração do autor
Quadro 3 – Correspondência entre a Declaração de Direitos de Virgínia e a Constituição da República Federativa do Brasil
Declaração de Direitos de Virgínia – Estados Unidos (Ano: 1776)
Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Artigo 2° - “Toda a autoridade pertence ao povo e por consequência dela se emana; os magistrados são os seus mandatários, seus servidores, responsáveis perante ele em qualquer tempo.”
Art. 1º, parágrafo único – “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente nos termos dessa Constituição.”
Fonte: elaboração do autor
Quadro 4 – Correspondência entre a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição da República Federativa do Brasil
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão – França (Ano: 1789)
Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Art. 5.º A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 5º, II – “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das Art. 5º, IV - “É livre a manifestação do
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opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
pensamento, sendo vedado o anonimato.”
Fonte: elaboração do autor
Quadro 5 – Correspondência entre a Declaração dos Direitos Humanos (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil
Declaração Universal dos Direitos Humanos - Organização das Nações Unidas (ONU) – Estados Unidos – (Ano: 1948)
Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Art. 5º Ninguém será submetido a torturas, penalidades ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Art. 5º, III - Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante.
Fonte: elaboração do autor
Quadro 6 – Correspondência entre a Carta da Terra (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil
Carta da Terra – Reunião da ONU – Brasil (Ano:1992)
Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Art. 17 A avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possam gerar efeitos nocivos súbitos sobre o meio ambiente destes últimos. Todos os esforços devem ser empreendidos pela comunidade internacional para auxiliar os Estados afetados.
Art. 225 – [...] §1º - Para assegurar a efetividade desse direito [ao meio ambiente ecologicamente equilibrado], incumbe ao Poder Público: [...] IV – exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.
Fonte: elaboração do autor
Através dessa sucinta comparação é possível compreender que o texto
constitucional é um elemento aglutinador das conquistas historicamente auferidas no
que se refere aos direitos humanos. Percebe-se que importantes conquistas
retratadas em documentos internacionais receberam a devida atenção do legislador
constituinte, que em alguns casos, reproduziu, literalmente, o teor dos documentos
internacionais.
Na tarefa de estabelecer esse quadro comparativo, preocupamo-nos em
pinçar direitos consagrados em documentos diversos, elaborados em diferentes
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momentos históricos e contextos sociais, de forma a demonstrar que a nossa
Constituição abriga todos esses elementos em seu texto.
Visando dar completude à proteção dos direitos humanos pelo texto
constitucional, o legislador constituinte inseriu o §2º no artigo 5º, o qual prescreve
que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Nesse diapasão,
a proteção constitucional aos direitos humanos definidos nos documentos
internacionais mostra-se completa.
Através da comparação feita no quadro acima, fica claro que os direitos e
garantias constitucionais são uma síntese dos direitos humanos revestidos de
sistematização e de uma legitimidade no plano jurídico interno de um país.
Estabelecido este marco, passaremos agora a discorrer sobre alguns
aspectos que contribuem para visualizar a educação sobre direitos e garantias
constitucionalmente assegurados, como uma oportunidade de contribuir na
construção de uma educação sobre direitos humanos na sociedade como um todo.
1.3.3 A sistematização dos direitos e garantias fundamentais como elemento facilitador do ensino e compreensão dos direitos humanos
Um argumento que reforça a necessidade de dar primazia ao ensino do texto
constitucional elemento facilitador à compreensão dos direitos humanos é de viés
prático e pedagógico.
No item anterior, colacionamos trechos de seis diferentes documentos
internacionais dos mais relevantes que versam sobre direitos humanos. Além dos
documentos citados no quadro comparativo, temos uma infinidade de outros
documentos normativos editados em locais diferentes e em diferentes momentos,
que conduzem a uma dificuldade prática de localização, sistematização e
interpretação capaz de deixar confuso até mesmo um operador do Direito.
Por outro lado, os direitos e garantias constitucionalmente estabelecidos
estão aglutinados em um único documento, de forma sistematizada e que contempla
os pontos mais essenciais contidos nos tratados internacionais sobre direitos
humanos, o que facilitaria em muito a compreensão daqueles que não possuem uma
afinidade com o tema.
25
Com boa técnica legislativa, o legislador constituinte subdividiu o título que
trata dos direitos e garantias fundamentais em cinco capítulos, que tratam,
respectivamente, dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos direitos sociais,
dos direitos de nacionalidade, dos direitos políticos e dos partidos políticos.
Outro fator que favorece a disseminação dos direitos e garantias
fundamentais é a facilidade de acesso do texto constitucional pela população. É
comum a distribuição gratuita de exemplares da Constituição pelas casas
legislativas de vários Estados e Municípios. Também é possível baixar o texto
constitucional, gratuitamente, de diversos endereços eletrônicos de órgãos públicos.
No endereço eletrônico da Câmara dos Deputados, é possível baixar a Constituição
em áudio, facilitando o acesso a pessoas portadoras de deficiência visual.
Assim, a Constituição se apresenta como uma síntese dos direitos humanos
numa perspectiva interna, dotada de legitimidade jurídica e com força cogente, apta
a ser aplicada nas mais variadas situações do nosso cotidiano.
Entretanto, não se pode olvidar que uma formação completa para a cidadania
não se resume apenas na compreensão dos direitos humanos/fundamentais. É
necessário um entendimento acerca das instituições que compõem o sistema
político e da estrutura organizatória do Estado brasileiro.
1.4 O ensino de noções básicas sobre o funcionamento do sistema político, e da organização do Estado brasileiro como um elemento importante para o desenvolvimento local
Para que a cidadania seja exercida de forma plena, entendemos que apenas
o conhecimento do catálogo de direitos assegurados pela Constituição e
documentos internacionais sobre direitos humanos é insuficiente, se o seu
destinatário não conhece os mecanismos políticos de efetivação das suas
pretensões. Nesse sentido passaremos a discorrer sobre alguns conhecimentos que
entendemos serem essenciais para que haja realmente um empoderamento político
da população.
Em primeiro lugar, é necessária uma compreensão da organização da
República Federativa do Brasil. Para tanto, torna-se fundamental um conhecimento
básico dos diversos entes federativos que compõem a República, quais sejam, a
União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal, abordando aspectos de sua
26
competência legislativa e administrativa. Também é importante revelar a relação
política existente entre esses entes, ressaltando sempre a sua autonomia e
interdependência.
Esclarecidas essas questões básicas sobre a organização do Estado, torna-
se necessário abordar como o poder é exercido. Neste particular é de suma
importância a compreensão de que o titular do poder é o povo, nos termos do
parágrafo único do artigo 1º da Constituição. Estabelecido este ponto de partida,
torna-se necessária uma abordagem sobre o regime democrático, estabelecendo o
conceito de democracia representativa. Superada essa questão, é necessário
compreender a atuação dos poderes executivo, legislativo e judiciário, esclarecendo
quais são as suas competências constitucionais, quais as formas de acesso aos
seus quadros, quais as funções e responsabilidades dos agentes públicos que
integram essas esferas de poder e a forma como os poderes se relacionam entre si.
Ainda neste ponto, é necessário ainda compreender sobre a atuação de
alguns órgãos essenciais à administração da justiça, como a Defensoria Pública e o
Ministério Público, esclarecendo sobre a atuação institucional de ambos e sobre as
prerrogativas dos seus membros.
Acreditamos que uma boa noção dos temas tratados neste tópico, aliados a
uma boa compreensão dos direitos e garantias fundamentais, constituem um forte
substrato de empoderamento e emancipação popular, de forma a possibilitar ao
público-alvo o pleno exercício da cidadania.
1.5 Reflexões sobre a juventude contemporânea e sua participação no cenário político
1.5.1 A superação da ideia de socialização política dos jovens
Durante muitos anos a participação da juventude no processo político recebeu
atenção secundária por parte dos estudiosos. A discussão de temas como a
sexualidade, afetividade, violência e o uso de drogas ganharam proeminência nos
estudos acadêmicos (CARVALHO; SALLES; GUIMARÃES, 2002).
É possível que o plano secundário destinado à discussão acadêmica sobre a
participação política da juventude partisse da concepção de que o jovem não
possuiria capacidades cognitivas para exercer essa participação. Por ser uma
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pessoa ainda em formação, precisaria receber dos adultos os elementos
necessários para o desenvolvimento de sua participação política, de forma a dar
continuidade aos processos sociais existentes, com a manutenção dos mecanismos
de participação política tradicionais. Nesses termos, as gerações antecedentes
seriam responsáveis por transmitir um legado cultural e experiencial aos mais jovens
(CASTRO, 2009, p.481).
Nesse contexto não haveria espaço para trocas. As gerações antecedentes
seriam as detentoras do “estado da arte”, tendo a sua disposição todos os avanços
construídos na complexa engenharia social, devendo as gerações seguintes
absorver esse conhecimento através de instituições fora do âmbito estritamente
político, que seriam a escola, a família e as instituições religiosas. A participação
política ocorreria apenas em um momento ulterior, na fase adulta, quando todos os
valores sociais e políticos já estivessem devidamente “introjetados” na pessoa.
Esta é a ideia principal da socialização política. Ela se concentra na
manutenção do status quo social, preocupando-se em garantir a estabilidade social
através da proteção dos valores e formas de participação hegemônicas, os quais
deveriam ser absorvidos pelas gerações subsequentes (CASTRO, 2009, p. 482).
Todavia esse processo é mais complexo do que deixa entrever essa
perspectiva teórica. A relação entre gerações, por vezes, é recheada de tensões e
crises, provocadas pela tentativa das novas gerações em questionar os valores que
lhes são transmitidos nesse processo vertical. Se por um lado esse “conflito” de
gerações é capaz de gerar muitos desgastes,
Por outro lado, a crise geracional hoje aponta para a necessidade de se questionar se a transmissão tem que ter uma direção unívoca de cima para baixo, ou seja, do adulto, como iniciador, para o jovem, como destinatário, e nesse sentido, qual a legitimidade de se posicionar as novas gerações apenas como destinatárias da herança cultural. Resta saber se a trans-missão cultural não pode ser pensada como um processo que se realiza de forma mais horizontal, privilegiando a demanda de cada indivíduo, e portanto, que desnaturaliza posições fixas, seja de destinatário ou remetente. Cabe às gerações mais velhas também ‘aprender’ com as gerações mais novas, e aí reside a importância de incluí-las efetivamente no campo interlocutório, tornando efetivas suas formas de participação política. Para tal, seria necessário respeitar a importância de sua voz, não apenas retórica e paternalisticamente, mas de forma radical (CASTRO, 2009, p. 484).
Nesses termos, a superação da ideia de socialização política conduz para a
instauração de um canal dialógico mais aberto, de forma a possibilitar a inclusão da
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juventude como pessoas capazes de discutir sobre as grandes questões sociais e
de contribuir com novas formas de participação na vida política do país. Se é
verdade, como muitos afirmam, que os jovens hoje não querem aprender nada com
ninguém, e parecem tudo saber, parece ser também verdade que eles não estejam
na posição de nada saber (CASTRO, 2009, p. 485).
Esse sistema de reprodução social através das gerações dá sinais de
incompatibilidade com o paradigma de Estado Democrático de Direito, que é
caracterizado por uma construção coletiva e participativa onde todos, inclusive as
minorias, tenham condições de contribuir com a construção da sociedade que
queremos. A juventude, por óbvio, não pode ser alijada desse processo.
1.5.2 A rejeição dos mecanismos de participação política tradicionais pelos jovens: a crise como elemento gerador de oportunidades
Existem várias leituras possíveis acerca do suposto distanciamento do jovem
das questões políticas. As afirmações de que a juventude atual é alienada e
descompromissada com as questões políticas muitas vezes formam um senso
comum e criam uma cortina de fumaça que impede uma leitura mais apurada desse
cenário de crise.
Aquilo que é visto por muitos como sendo uma apatia da juventude atual,
pode também ser interpretado como uma opção deliberada, pois na visão
weberiana, uma não-ação é também considerada uma ação social, na medida em
que lhe é atribuído um sentido, uma razão para a sua ocorrência (FLORENTINO,
2008, p. 210).
Esse distanciamento das formas de participação política tradicional, como
grêmios estudantis, sindicatos, conselhos comunitários e partidos políticos, pode ser
explicado pelo caráter excludente e determinista que esses ambientes têm
apresentado (DAYRELL; GOMES; LEÃO, 2010).
Quanto às agremiações estudantis e organizações sindicais, o que se
percebe na prática é uma dominação desses espaços por parte de partidos políticos
que arregimentam as novas lideranças e transformam esse espaço em um ambiente
de reprodução de uma ideologia partidária, servindo aos seus interesses.
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Os partidos políticos, por sua vez, possuem caráter eminentemente
oligárquico. Nesse aspecto, Renata Florentino, baseando-se no pensamento de
Robert Michels, tece as seguintes considerações:
Na visão de Michels, a participação na vida partidária adquire um aspecto de escala. A grande massa de eleitores constitui a base; sobre esta se sobrepõe a massa menor de militantes esporádicos de partidos, que representa talvez um décimo dos eleitores ou talvez até menos; em cima destes, por sua vez, vem o número muito menor dos membros que assistem regularmente às reuniões; depois vem o grupo de funcionários do partido; e, acima de tudo, o grupo de meia dúzia dos membros que constituem o comitê executivo, formado em parte pelas mesmas pessoas do grupo anterior. O poder efetivo aqui está na proporção inversa do número dos que acreditam que o exercem (FLORENTINO, 2008, p. 228).
Esse determinismo vicioso do sistema político-partidário é sentido na prática
pela população, que percebe a existência de uma barreira velada que dificulta a
ascensão nessas estruturas. Embora haja uma possibilidade de participação formal,
os novos ingressantes ficam à mercê das determinações e dos interesses dos
comitês executivos e “caciques” dos partidos.
Como discute Florentino (2008, p. 228), os Conselhos também vêm
mostrando um caráter determinista dos mecanismos de participação política
tradicional, considerando que os atores envolvidos possuem um poder limitado,
sendo que as deliberações são, em muitos casos, fruto de uma cooptação política
prévia por parte dos órgãos governamentais que pautam as discussões dentro de
um formato que lhes seja conveniente.
Diante desde quadro, é justificável pensar que o distanciamento da população
jovem dessas formas tradicionais de participação política constitui uma não-ação
deliberada, não podendo essa conduta ser confundida com apatia ou alienação.
Essa rejeição decorre do sentimento de que essas instituições políticas são
incapazes de atender aos anseios da juventude e de ecoar as suas pretensões.
Foi elaborada uma pesquisa buscando compreender a visão da juventude
sobre política, entre julho de 2004 e novembro de 2005, com o título “Juventude
brasileira e democracia: participação, esferas e políticas públicas”. Trata-se de uma
pesquisa ampla que contou com a participação de 8.000 jovens, distribuídos nas
regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de
Janeiro, Salvador, São Paulo e no Distrito Federal. Esta pesquisa envolveu a
30
utilização de métodos quantitativos e qualitativos em suas fases de execução
(IBASE, 2006, p. 5).
Quanto às possibilidades de participação política, os jovens foram indagados
sobre três possíveis caminhos para a participação política, mostrando suas
afinidades e críticas sobre cada um deles. As opções seguem discriminadas abaixo:
CAMINHO 1: Eu me engajo e tenho uma bandeira de luta - A participação política da juventude ocorre por meios que vão além do voto. Esse engajamento também se dá na atuação firme e direta em partidos políticos, organizações estudantis, conselhos, ONGs e movimentos sociais, ou seja, em instituições que organizam a sociedade e controlam a atuação dos governos. CAMINHO 2: Eu sou voluntário e faço a diferença - Jovens voluntários(as) ajudam a diminuir os problemas sociais. Realizam diferentes atividades, tais como manutenção de escolas, recreação com crianças pobres e hospitalizadas, campanhas de doação de alimentos e diversas outras ações desse tipo. CAMINHO 3: Eu e meu grupo: nós damos o recado - Os(as) jovens praticam e fortalecem o direito à livre organização. Eles(as) formam grupos culturais (esportivos, artísticos, musicais etc.), religiosos, de comunicação (jornal, página na internet, fanzine etc.), entre outros, compartilhando idéias com outros(as) jovens. (IBASE, 2006, p.5)
Dentre essas várias formas de participação, o Caminho 1 foi apontado pelos
jovens como sendo o da política tradicional. De acordo com o relatório final, o
Caminho 1 foi o que obteve o menor percentual de notas 7 (a pontuação máxima na
escala apresentada pela pesquisa). Os jovens reconheceram que esse caminho é
que leva diretamente ao governo e é nele que a juventude possui a maior força de
atuação. Todavia, a descrença na classe política, a corrupção e a dificuldade de
conciliação das atividades de participação dos ambientes políticos tradicionais com a
rotina de trabalho e estudo, foram apontados como elementos dificultadores dessa
modalidade de participação (IBASE, 2006, p. 49).
Já o Caminho 2 foi apontado como sendo aquele que gozava de mais
aceitação no meio da juventude, conforme se afere do trecho extraído do relatório
final da pesquisa, abaixo transcrito:
Na avaliação individual feita pelos(as) participantes dos GDs através das Fichas Pré e Pós, o Caminho 2 foi o que obteve melhor avaliação individual dos(as) participantes na agregação das oito regiões investigadas. Recebeu inicialmente 68% das notas 7 (totalmente a favor) e se manteve com as melhores notas no questionário Pós-Diálogo, no qual cerca de 62% dos(as)
31
participantes atribuíram nota 7, 19% nota 6 e 10% nota 5, que são notas de aprovação da idéia (IBASE, 2006, p. 55).
O apego da juventude pelo caminho do voluntariado, de acordo com a
pesquisa, decorre da percepção imediata do resultado do trabalho, com a
contribuição efetiva na solução dos problemas sociais, além de ser uma alternativa
que poderia conferir maior flexibilidade em termos de tempo de dedicação,
possibilitando a adequação desses compromissos à rotina de trabalho e estudo dos
jovens.
As ressalvas a essa modalidade de participação decorrem do reconhecimento
de que esta alternativa, por si só, não é capaz de resolver problemas, principalmente
os de natureza estrutural, caso não haja envolvimento governamental (IBASE, 2006,
p. 53).
Por fim, o Caminho 3 ocupou uma preferência intermediária entre os
participantes, conforme observa o relatório:
A partir da análise das Fichas Pré e Pós-Diálogo, que apontam o valor atribuído aos Caminhos por cada participante dos GDs, o Caminho 3 foi o segundo melhor pontuado com 62% de nota 7 na Ficha Pré e 60%, 19% e 11% de notas 7, 6 e 5, respectivamente, na Ficha Pós-Diálogo. E considerando a manutenção, o aumento e a diminuição das notas, o Caminho 3 foi o que se manteve, no agregado das oito regiões, em posição intermediária entre o Caminho 1 e 2 (56,4% mantiveram, 21,2% aumentaram e 22,4% diminuíram as notas do Caminho 3 nas Fichas Pós) (IBASE, 2006, p. 59).
Como pontos positivos dessa forma de participação, os jovens apontaram que
se tratava de uma oportunidade de expressar ideias democraticamente, permitindo
atuar com mais organização e força, além de possibilitar um maior impacto que o
trabalho voluntário individual, uma vez que neste cenário os jovens atuam
coletivamente. A falta de força política, a dificuldade de apoio financeiro e o
descrédito dado pelo governo a essas ações são apontados, dentre outros, como
pontos negativos dessa forma de participação (IBASE, 2006, p. 59).
Através da reflexão teórica inicial e pelos dados apresentados, a pesquisa
mostrou que o afastamento da juventude dos meios de participação política
tradicionais não poderia ser interpretado, a priori, como alienação ou apatia. Os
dados da pesquisa mostraram que esse afastamento deliberado possuía motivação
e abria caminho a outras formas de participação igualmente válidas.
32
Todavia, essas novas formas de participação política não podem implicar em
uma negação total dos meios tradicionais. Através das opiniões colhidas entre os
próprios jovens é inegável a importância que as formas de participação tradicional
possuem. Torna-se necessário, neste momento, buscar formas de remoção dos
obstáculos que embaraçam o exercício dessa modalidade participativa, de forma a
atrair novamente o interesse da população jovem.
Nesse sentido, defende-se que a melhor maneira de se corrigir as vicissitudes
de um sistema é conhecendo-o melhor. Através de uma compreensão básica das
instituições políticas do Estado, das principais funções que são desempenhadas no
seio dessas instituições e dos direitos e garantias fundamentais da população em
face do Estado, cria-se um ambiente de maior controle e fiscalização das ações
daqueles que exercem o poder em nome do povo. A capacidade questionadora e a
força transformadora que caracteriza a juventude podem ser importantes aliados
nessa tarefa.
Tal reflexão se coaduna perfeitamente com o cerne dessa pesquisa que
pretende, a partir desse momento, mostrar a importância do desenvolvimento de
estratégias pedagógicas que auxiliem na construção do conhecimento sobre os
elementos acima citados.
1.6. Da necessidade do desenvolvimento de estratégias pedagógicas diferenciadas para possibilitar o ensino dos direitos fundamentais e das instituições e cargos políticos para jovens
Apesar da conjugação de esforços no sentido de se construir um
empoderamento da sociedade através do conhecimento dos seus direitos, bem
como do funcionamento das instituições políticas do país o que se percebe é que a
construção de uma cultura de valorização dos direitos humanos ainda se apresenta
como um desafio a ser concretizado, o que demanda a discussão de alternativas
para implementar os objetivos traçados pelas políticas públicas existentes.
Em que pese a importância da construção desse conhecimento, existem
alguns entraves que podem embaraçar o seu alcance. O primeiro desafio consiste
em decodificar o denso linguajar jurídico, tipicamente utilizado na elaboração das
leis, para possibilitar a compreensão do seu conteúdo por pessoas leigas, que, em
alguns casos, ainda não completaram o ensino médio.
33
Visando discutir as estratégias corretas para a superação desse obstáculo,
faremos a seguir uma explanação sobre a efetivação dessa proposta no plano
educacional, considerando as especificidades que envolvem a temática. Para tanto,
invocaremos alguns autores que se destacam como referência na temática
educacional, bem como o marco legislativo sobre o assunto.
A educação consiste num processo muito mais complexo do que a mera
transmissão de conhecimentos dentro dos ambientes formais (BRANDÃO, 2007).
Essa ideia é endossada tanto do ponto de vista acadêmico, como do ponto de vista
legislativo. De forma elucidativa, o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9.394/96), prescreve:
a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizacionais da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 2006).
Percebe-se, portanto, que a educação é um processo que envolve múltiplos
ambientes, não se limitando às instituições de ensino públicas e particulares. Pelo
contrário, é um processo amplo, que envolve todas as situações e fases da vida
humana, englobando o ambiente de trabalho, familiar, afetivo, acadêmico, nas ruas,
enfim, enquanto houver uma vida consciente e ativa, o processo educacional estará
presente.
Ainda no plano legislativo, o artigo 205 da Constituição não fornece um
conceito de educação, limitando-se a prescrever a forma como será implementada,
bem como a sua finalidade:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
Em que pese a ausência de um conceito direto, o texto constitucional tem a
virtude de explicitar a finalidade da educação, qual seja, o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e para o trabalho. E o exercício
da cidadania implica na assunção de responsabilidades na construção do espaço
coletivo. Nesse diapasão, Eduardo Bittar, discorrendo sobre o pensamento de
Hannah Arendt, ensina:
34
Para Hannah Arendt liberdade não equivale a livre arbítrio, mas está identificada à esfera de ação equivalendo a soberania; os homens e mulheres tornam-se livres, ao exercitarem a ação e decidirem, em conjunto, seu futuro comum (BITTAR, 2005, p. 383).
Este embasamento teórico converge com o objeto desta pesquisa, uma vez
que a educação é o instrumento capaz de preparar as pessoas para o exercício da
cidadania, tornando-as conscientes dos seus direitos e aptas para exercê-los.
Neste diapasão, nosso saudoso Mateus Afonso Medeiros, também se
apoiando no pensamento de Arendt, discorre com propriedade impar sobre o real
significado do termo cidadania, asseverando que
Ser cidadão é pertencer a uma comunidade política. Cidadania se mede pelos direitos e deveres que a constituem e pelas instituições que lhe dão eficácia social e política. A cidadania não tem caráter monolítico. É um produto de histórias sociais protagonizadas por diferentes grupos sociais (MEDEIROS, 2006, p. 51).
Através da educação, é possível incentivar o público jovem a se conscientizar
da importância da construção de um conhecimento sobre os mecanismos de sua
atuação política, de forma a possibilitar uma postura crítica e reflexiva ante a
elaboração e execução das políticas públicas. A educação pode fomentar esse
senso de pertencimento à vida política de uma comunidade e proporcionar,
consequentemente, um maior engajamento do jovem nas questões sociais e,
portanto, uma maior participação no desenvolvimento social1, desde as suas
comunidades até a sociedade mais ampla.
Reconhecendo o papel da escola na formulação de estratégias para o ensino
dos direitos humanos na educação básica, o PNEDH prescreve:
A educação em direitos humanos vai além de uma aprendizagem cognitiva, incluindo o desenvolvimento social e emocional de quem se envolve no
1 A esse respeito, convém esclarecer que abordamos desenvolvimento social a partir de uma
visão de maior distribuiçao de riquezas, desenvolvimento da cidadania, promoção de direitos e fortalecimento da participação e da autonomia dos cidadãos (INOJOSA, 2001). Assim, a compreensão de desenvolvimento local está ligada ao desenvolvimento social, pois o “local” deve ser pensado sempre como “lócus” de um conjunto de relações socioculturais, um território onde interesses sociais diversos articulam ou desarticulam a organização da vida social. Nem o desenvolvimento social nem o desenvolvimento local pode ser pensado apenas no referencial do acúmulo de riquezas e recursos, mas precisa implicar em distribuição social desses recursos, implicando também no desenvolvimento da participação e da cidadania.
35
processo de ensino-aprendizagem (Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos – PMEDH/2005). A educação, nesse entendimento, deve ocorrer na comunidade escolar em interação com a comunidade local. Assim, a educação em direitos humanos deve abarcar questões concernentes aos campos da educação formal, à escola, aos procedimentos pedagógicos, às agendas e instrumentos que possibilitem uma ação pedagógica conscientizadora e libertadora, voltada para o respeito e valorização da diversidade, aos conceitos de sustentabilidade e de formação da cidadania ativa (PNEDH, 2006, p. 31).
Essa sinergia entre o ambiente educacional e a comunidade local é capaz de
produzir bons frutos para a coletividade. A participação esclarecida na vida
comunitária constitui um elemento catalisador do desenvolvimento local. Nesse
sentido, Lucília e Góes ensinam:
Para tanto, acredita-se que a articulação das estratégias educacionais desenvolvidas pela escola e pelos programas governamentais seja capaz de estimular a conversão dos conhecimentos produzidos pelas comunidades, inclusive escolar, em processos e produtos (bens e serviços), que representem inovações e impulsionem as dinâmicas de desenvolvimento local (MACHADO; GÓES, 2012, p.12).
Considerando a importância da escola na formação de uma consciência
cidadã, com reflexos no desenvolvimento local, a pesquisa buscará desenvolver
ferramentas lúdicas com o objetivo de despertar na população jovem o interesse
pela educação em direitos humanos e sobre o funcionamento do sistema político.
Para que essas ferramentas pedagógicas sejam eficientes, é necessário que
elas se apresentem com um linguajar acessível, com recursos visuais atrativos e
com uma abordagem compatível com a realidade social desses jovens.
Igualmente importante é estabelecer um recorte dos direitos e garantias
fundamentais cuja compreensão é indispensável para uma participação política
esclarecida. Assim, o foco da nossa pesquisa estará nos direitos descritos no artigo
5º da Constituição Federal.
1.7 Fundamentos legais para o ensino dos direitos fundamentais e noções de política na juventude: o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto da Juventude e o Plano Decenal de Educação
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 apresenta um viés
inclusivo e participativo. A forte preocupação com a inclusão e proteção de grupos
36
sociais historicamente vulneráveis acabou conferindo-lhe o apelido de “Constituição
Cidadã”.
Chama atenção o Título VIII que trata da Ordem Social, denotando a
necessidade de uma participação ativa do Estado no oferecimento de políticas
públicas de inclusão e de serviços públicos essenciais com tendência
universalizante, ou seja, acessíveis a todas as pessoas, principalmente aquelas
menos favorecidas.
Dentro do título citado, encontra-se o Capítulo VII, que em sua redação
original era intitulado “Da família, da criança do adolescente e do idoso”. Este
capítulo trazia a determinação da criação de políticas públicas de inclusão e
proteção dessas categorias jurídicas e sociais, seja pela importância do papel que
elas exercem na sociedade (no caso da família), seja pela vulnerabilidade que
caracteriza os integrantes desses grupos (no caso das crianças, adolescentes e
idosos).
Em obediência ao comando constitucional, menos de dois anos depois foi
publicada a Lei 8.069/90, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). Esta, norteada pelo princípio da proteção integral, dispõe sobre diversos
direitos a serem assegurados às pessoas com idade entre zero e dezoito anos de
idade, sendo que para os efeitos da lei, considera-se criança a pessoa com até doze
anos de idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos.
Dentre as inúmeras disposições da lei, destaca-se o Título II, que trata dos
direitos fundamentais. Dentro desse título encontram-se vários capítulos que tratam
do direito à vida e à saúde; do direito à liberdade, respeito e dignidade; do direito à
convivência familiar e comunitária; do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao
lazer e do direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Em que pesem as
inúmeras virtudes do Estatuto, seu conteúdo nada dispõe sobre uma preparação
para o exercício dos direitos políticos, que começam a ser exercidos de forma
facultativa a partir dos 16 anos e de forma obrigatória a partir dos 18 anos de idade,
nos termos do artigo 14, §1º da Constituição.
Passados mais de vinte anos de vigência do referido estatuto, ficaram
evidentes os avanços conquistados na garantia de direitos a esta parcela da
população, todavia, os mecanismos de proteção estabelecidos pela lei não
contemplavam um tratamento diferenciado para aqueles que, embora já tendo
alcançado a idade de 18 anos, permaneciam ainda em condição de vulnerabilidade,
37
com dificuldades de inserção no mercado de trabalho e com uma preparação
insuficiente para exercer a participação no processo político-eleitoral.
Diante dessa realidade e após intenso debate no Congresso Nacional, foi
promulgada a Emenda Constitucional nº 65 no ano de 2010, que alterou a
denominação do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal e modificou o
artigo 227, para cuidar dos interesses da juventude, demonstrando a necessidade
de se estabelecerem políticas públicas de inclusão do jovem nos diversos cenários
sociais.
Foi este o espírito que norteou a elaboração da Lei 12.852, publicada em 5 de
agosto de 2013, conhecida como Estatuto da Juventude. Para os efeitos dessa lei,
consideram-se jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos, todavia o §2º do
artigo 1º dispõe que “aos adolescentes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito)
anos aplica-se a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto, quando não conflitar com as
normas de proteção integral do adolescente”. (Destaque nosso)
Diferentemente do ECA, que possui um viés eminentemente protetivo, o
Estatuto da Juventude possui um viés mais inclusivo e de promoção da participação
do jovem no contexto político e social. Essa característica já fica evidenciada no
artigo 2º da lei, que trata dos princípios regentes das políticas públicas de juventude.
Dentre os inúmeros princípios elencados, destacamos aquele que trata da
“promoção da autonomia e emancipação dos jovens” sendo que o termo
“emancipação” refere-se à trajetória de inclusão, liberdade e participação do jovem
na vida em sociedade, e aquele que trata da “valorização e promoção da
participação social e política, de forma direta e por meio de suas representações”.
No artigo 3º, a lei trata das diretrizes que deverão nortear a elaboração e
execução das políticas públicas relativas à juventude. Nesse particular, o inciso III
aponta como diretriz a ampliação das alternativas de inserção social do jovem,
promovendo programas que priorizem o seu desenvolvimento integral e participação
ativa nos espaços decisórios.
Já no Capítulo II, o estatuto traz os direitos dos jovens, que se encontram
sistematizados em onze seções tratando do direito à cidadania, à participação social
e política e à representação juvenil; do direito à educação; do direito à
profissionalização, ao trabalho e à renda; do direito à diversidade e à igualdade; do
direito à saúde; do direito à cultura; direito à comunicação e à liberdade de
38
expressão; direito ao desporto e ao lazer; direito ao território e à mobilidade; direito à
sustentabilidade e ao meio ambiente e, por fim, o direito à segurança pública e ao
acesso à justiça.
Percebemos pelo conteúdo do novel diploma legal que a par da preocupação
de garantir direitos a um grupo social vulnerável, existe uma grande preocupação na
preparação e inserção do jovem na atuação política. Esta característica promove
grande aproximação entre o Estatuto da Juventude e o objeto de discussão deste
projeto de pesquisa.
Portanto, considerando que o Estatuto da Juventude é aplicável ao público
alvo deste projeto e considerando também que as disposições dessa lei revelam
uma maior identidade com o objeto da pesquisa, utilizaremos suas diretrizes como
referencial legislativo e de política pública para embasar nossas discussões. Pelas
mesmas razões acima explicitadas, chamaremos o nosso público alvo de jovens e
não de adolescentes, como sugere a terminologia do ECA.
De forma uníssona, a Lei nº 13.005/14 que aprovou o Plano Nacional de
Educação com validade de 10 anos, aponta como uma de suas diretrizes básicas a
“formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e
éticos em que se fundamenta a sociedade”.
Diante dos inúmeros diplomas normativos, conclui-se que a formação cidadã
dos jovens é uma prioridade das políticas públicas no plano nacional, o que acaba
por refletir na atuação de governo e na produção legislativa a nível estadual e
municipal.
1.8 Considerações Finais
Através deste artigo, buscou-se discorrer sobre a educação sobre direitos e
garantias fundamentais como elemento essencial para a apreensão e compreensão
dos direitos humanos.
Para tanto, procura-se resgatar importantes documentos internacionais que
envolvem a temática, mormente os Planos Mundial e Nacional sobre Educação em
Direitos Humanos, onde percebe-se uma especial preocupação com a
implementação desses valores no ambiente educacional, com público alvo na
população jovem.
39
Paralelamente, verificamos que o incremento das possibilidades de
participação da juventude nas decisões políticas, sobretudo pós Constituição de
1988, criou um ambiente propício à consecução dos objetivos pretendidos pelos
planos já citados, havendo uma convergência entre as bases normativas.
A partir daí, passa-se a desenvolver uma argumentação no sentido de afirmar
que a educação sobre direitos fundamentais constitui um elemento essencial na
implementação de uma cultura valorizadora dos direitos humanos. Para tanto,
destaca-se a semelhança ontológica existente entre os direitos humanos e os
direitos fundamentais, fazendo um cotejo entre documentos internacionais sobre
direitos humanos e a sua influência na elaboração do texto constitucional, de forma
a demonstrar que os direitos e garantias fundamentais consistem numa projeção dos
direitos humanos no plano jurídico interno dos diversos países.
Afirma-se também que a organização sistemática dos direitos fundamentais
dentro da Constituição e facilidade de acesso ao texto constitucional pela população
são fatores que contribuem para disseminar seu conteúdo pela sociedade.
Paralelamente, torna-se igualmente importante uma compreensão básica do
sistema político nacional, de forma a conhecer as instituições políticas e as funções
desempenhadas no âmbito dos Poderes da República.
A discussão sobre a participação política da população jovem na
contemporaneidade abordou a superação do conceito de socialização política, onde
os jovens são considerados seres apolíticos que dependem da transmissão do
conhecimento das gerações anteriores, para que possam reproduzir os mecanismos
de atuação política já existentes.
A crise de participação política da juventude na modernidade pode não estar
vinculada a apatia ou alienação, como se observa em comentários do senso comum.
Antes, revela uma rejeição da juventude aos métodos de participação política
tradicionais, como a atuação político-partidária, as agremiações estudantis, os
sindicatos, dentre outros. Observa-se neste caso uma oportunidade para o
desenvolvimento de novas formas de participação, dentre as quais se destacam o
voluntariado e o envolvimento em atividades culturais, esportivas e religiosas. Essas
conclusões podem ser tomadas a partir da análise de pesquisas realizadas sobre o
tema.
Em que pese a rejeição dos métodos de participação tradicionais pela
juventude, estes não podem ser totalmente desconsiderados, uma vez que a
40
juventude reconhece serem estes o caminho que exerce a maior capacidade de
influência sobre a vida das pessoas. Diante desse quadro, a construção de um
conhecimento das instituições políticas e dos agentes que nelas atuam torna-se
fundamental para se falar em uma cidadania ativa por parte dos jovens.
Por fim, verifica-se que a densidade jurídica e a linguagem técnica utilizada na
elaboração das leis constituem um elemento dificultador para a compreensão dos
direitos fundamentais, bem como do funcionamento do sistema político. Daí,
defendemos a utilização de recursos pedagógicos diferenciados para consecução
dessas finalidades, a fim de possibilitar não somente uma apreensão do conteúdo
dos direitos, mas sobretudo a sua efetivação, através de um empoderamento que
possibilitará aos jovens o exercício de uma cidadania ativa.
REFERÊNCIAS
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41
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42
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43
CAPÍTULO 2: ABORDAGEM SOBRE ALGUNS IMPORTANTES ELEMENTOS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DA JUVENTUDE
RESUMO
Este artigo apresenta uma investigação quali-quantitativa de caráter exploratório, que se efetivou através de uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo realizadas em duas escolas localizadas no município de Contagem/MG, sendo uma da rede pública e a outra da rede privada. O objetivo da pesquisa é perscrutar o nível de conhecimento dos jovens entre 16 e 18 anos de idade sobre o sistema político brasileiro e sobre os direitos e garantias fundamentais constitucionalmente previstos, dentro de uma perspectiva democrática. A metodologia adotada consistiu na aplicação de questionários contendo perguntas abertas e fechadas, cujos resultados foram analisados através do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e também através da análise de conteúdo. O trabalho concluiu que existe uma rejeição das formas de participação política tradicionais pela juventude, notabilizada pelo baixíssimo nível de engajamento em atividades de conotação política. Esta rejeição pode estar relacionada a associação da política a elementos negativos, como a corrupção. Nota-se, também, um grande desconhecimento dos participantes sobre as principais instituições políticas do país, bem como das atribuições dos cargos políticos mais relevantes, o que revela a falta de condições de fiscalização e controle das atividades dessas instituições e agentes públicos. Por fim, salienta-se a importância do desenvolvimento de estratégias e recursos pedagógicos diferenciados para despertar o interesse da juventude sobre a política, bem como possibilitar a apreensão de um conhecimento básico para uma participação política de qualidade.
Palavras-chave: Participação política. Juventude. Democracia
2.1 Introdução
O paradigma de Estado Democrático de Direito consagrado pela Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988 trouxe um viés participativo, onde os
cidadãos devem exercer um papel central na formação da vontade política do
Estado. Todavia, a falta de noções básicas acerca do funcionamento do sistema
político, bem como a insuficiência de um conhecimento sobre os direitos e garantias
constitucionalmente estabelecidos, prejudica o desenvolvimento da democracia
participativa, na medida em que pode colocar no imaginário popular a ideia de que
os direitos fundamentais são um ideal utópico.
44
No tocante a participação política de jovens, intensa produção legislativa se
firmou com o advento da Constituição de 1988. A começar da Carta Magna que
introduziu no processo político eleitoral os jovens a partir dos 16 anos de idade, as
legislações infraconstitucionais se desenvolveram com a preocupação de inserir o
jovem na cena política do país.
Entretanto o cenário atual aponta para uma baixa participação política da
juventude, sobretudo nos meios tradicionais, o que acarreta no prestígio de canais
de engajamento alternativos.
Nesse contexto, insta salientar que a busca por novas formas de participação
não pode conduzir a uma desconsideração das formas de participação tradicionais.
Pelo contrário, devemos contribuir com os elementos necessários para a formação
de uma juventude com conhecimento suficiente para realizar uma fiscalização e
controle efetivo sobre toda e qualquer atuação política. Essa tarefa será facilitada
com uma formação da juventude sobre as instituições públicas que influenciam no
campo político e os cargos políticos que lhes dão vida.
2.2 Discussão teórica
2.2.1 Formação do jovem para a participação política e o exercício da cidadania: fundamento jurídico-normativo nos planos nacional e internacional
No início do Século XX, notadamente a partir das revoluções de cunho
socialista o Estado é chamado a intervir de forma mais ostensiva na sociedade,
através da provisão de bens e garantia de direitos, com vistas e diminuir a gritante
desigualdade desencadeada pelo liberalismo e pelo capitalismo desenfreado. Essa
visão do “Estado provedor” passa a ser questionada ao final da Segunda Guerra
Mundial, a partir da crítica de que essa atuação paternalista acabava por gerar
intervenções destoantes com os anseios da sociedade. Nesse contexto surge na
Europa um paradigma de Estado Democrático de Direito, no qual a população passa
a atuar de forma mais efetiva da formação das políticas públicas e no controle das
atividades administrativas do Estado (BONAVIDES, 2009).
Essa nova forma de pensar a atuação estatal tem um reflexo mais imediato
na Europa, notadamente com a Lei Fundamental de Bonn (Constituição alemã), de
1949 e com a Constituição da Itália, de 1947. Posteriormente, as Constituições de
45
Portugal (1976) e Espanha (1978), passaram a incorporar em seus textos essa nova
maneira de pensar a atuação do Estado. No Brasil, essa concepção de Estado
Democrático de Direito veio a ser incorporada na nossa lei maior apenas com o
processo de redemocratização, materializando-se nas disposições da Constituição
de 1988, conhecida como Constituição Cidadã (BARROSO, 2005).
2.2.1.1 O Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
No ano de 2003 foi elaborado o Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos (PNEDH), através de uma ação articulada por uma comissão
interinstitucional, da qual participaram várias secretarias vinculadas ao Ministério da
Educação. Este plano antecipou uma tendência mundial, uma vez que no ano
seguinte a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas editou a
Resolução nº 59/113 que instituiu, no dia 10 de dezembro de 2004, o Programa
Mundial para a Educação em Direitos Humanos (PMEDH).
A primeira versão do PNEDH foi objeto de intensos debates que contaram
com a participação da sociedade civil, num esforço coletivo de divulgação e
aprimoramento das suas disposições. Como fruto desses debates, o plano original
foi aprimorado e adequado ao Plano Mundial, resultando daí a segunda e atual
versão do PNEDH, publicado em dezembro de 2006.
Este plano tem como objetivo fomentar a conscientização política e cidadã na
educação básica, superior e não formal, visando a implantação de uma cultura de
valorização dos direitos humanos e, consequentemente, dos direitos e garantias
fundamentais no seio da sociedade, o que fomentaria inclusão social de uma parcela
substancial da população. Este escopo é reconhecido no parecer CNE/CP Nº 8/2012
que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, do qual
se transcreve:
As profundas contradições que marcam a sociedade brasileira indicam a existência de graves violações destes direitos em consequência da exclusão social, econômica, política e cultural que promovem a pobreza, as desigualdades, as discriminações, os autoritarismos, enfim, as múltiplas formas de violências contra a pessoa humana. Estas contradições também se fazem presentes no ambiente educacional (escolas, instituições de educação superior e outros espaços educativos). Cabe aos sistemas de ensino, gestores/as, professores/as e demais profissionais da educação, em todos os níveis e modalidades, envidar esforços para reverter essa situação
46
construída historicamente. Em suma, estas contradições precisam ser reconhecidas, exigindo o compromisso dos vários agentes públicos e da sociedade com a realização dos Direitos Humanos (BRASIL, 2012).
No mesmo período histórico, a ampliação das possibilidades de participação
política da população introduzida pela Constituição de 1988, criou um ambiente
político propício à efetivação dos objetivos pretendidos pelo PNEDH.
Nesse particular, uma importante inovação trazida pela Constituição de 1988
consiste na inclusão dos jovens com idade entre 16 e 18 anos no rol de legitimados
a participar do processo eleitoral.
Todavia, é preciso que essa inclusão não ocorra apenas num plano formal.
Toda essa conjuntura política no plano interno e internacional favorece a construção
de mecanismos de promoção de uma participação política esclarecida por parte
desses jovens eleitores, contemplando uma boa noção sobre o funcionamento do
sistema político e da organização básica do Estado brasileiro, bem como um
conhecimento sobre os direitos e garantias fundamentais previstos no texto
constitucional.
A partir deste momento faremos uma abordagem dessas leis originadas pós
Constituição de 1988, abordando a contribuição que trouxeram com a formação de
jovens para a participação política e o exercício da cidadania.
2.2.1.2 A formação política de jovens na legislação infraconstitucional
O Capítulo VII do Título VIII da Constituição originalmente confere um
tratamento especial à família, à criança, ao adolescente e ao idoso (BRASIL, 1988).
Em obediência ao comando constitucional, várias leis foram criadas para
estabelecer um viés protetivo e inclusivo a esses grupos. Apenas para exemplificar,
podemos citar o advento da Lei 8.009/90, que traz uma proteção ao bem de família,
a Lei 8069/90, que institui o ECA e a Lei 10.741/03, que institui o Estatuto do Idoso.
Neste ponto faremos um recorte para tratar da produção legislativa
infraconstitucional referente ao público-alvo do presente trabalho, ou seja, jovens
entre 16 e 18 anos de idade, principalmente naquilo que diz respeito à sua formação
para a participação política e para o exercício da cidadania.
O primeiro marco legislativo a se destacar é o Estatuto da Criança e do
Adolescente. Norteado pelo princípio da proteção integral, ele dispõe sobre diversos
47
direitos a serem assegurados às pessoas com idade entre zero e dezoito anos de
idade, sendo que, para os efeitos da lei, considera-se criança a pessoa com até
doze anos de idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos
(BRASIL, 1990).
Em que pesem as inúmeras virtudes do Estatuto, seu conteúdo nada dispõe
sobre uma preparação para o exercício dos direitos políticos, que começam a ser
exercidos de forma facultativa a partir dos 16 anos e de forma obrigatória a partir dos
18 anos de idade, nos termos do artigo 14, §1º da Constituição.
Passados mais de vinte anos de vigência do referido estatuto, ficaram
evidentes os avanços conquistados na garantia de direitos a esta parcela da
população. Por outro lado, os mecanismos de proteção estabelecidos pela lei não
contemplavam um tratamento diferenciado para aqueles que, embora já tendo
alcançado a idade de 18 anos, permaneciam ainda em condição de vulnerabilidade,
com dificuldades de inserção no mercado de trabalho e com uma preparação
insuficiente para exercer a participação no processo político-eleitoral.
Diante dessa realidade e após intenso debate no Congresso Nacional, foi
promulgada a Emenda Constitucional nº 65 no ano de 2010, que alterou a
denominação do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal e modificou o
artigo 227, para cuidar dos interesses da juventude, demonstrando a necessidade
de se estabelecerem políticas públicas de inclusão do jovem nos diversos cenários
sociais (BRASIL, 1988).
A modificação do texto constitucional abriu caminho para a elaboração da Lei
12.852, publicada em 5 de agosto de 2013, conhecida como Estatuto da Juventude.
Para os efeitos dessa lei, consideram-se jovens as pessoas com idade entre 15 e 29
anos, todavia o §2º do artigo 1º dispõe que “aos adolescentes com idade entre 15
(quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 -
Estatuto da Criança e do Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto,
quando não conflitar com as normas de proteção integral do adolescente”.
(sem destaque no original)
Diferentemente do ECA, que possui um caráter eminentemente protetivo, o
Estatuto da Juventude possui um viés mais inclusivo e de promoção da participação
do jovem no contexto político e social. Essa característica já fica evidenciada no
artigo 2º da lei, que trata dos princípios regentes das políticas públicas de juventude.
Dentre os inúmeros princípios elencados, destacamos aquele que trata da
48
“promoção da autonomia e emancipação dos jovens” sendo que o termo
“emancipação” refere-se à trajetória de inclusão, liberdade e participação do jovem
na vida em sociedade. Também é possível identificar o princípio que trata da
“valorização e promoção da participação social e política, de forma direta e por meio
de suas representações” (BRASIL, 2013).
No artigo 3º, a lei trata das diretrizes que deverão nortear a elaboração e
execução das políticas públicas relativas à juventude. Nesse particular, o inciso III
aponta como diretriz a ampliação das alternativas de inserção social do jovem,
promovendo programas que priorizem o seu desenvolvimento integral e participação
ativa nos espaços decisórios (BRASIL, 2013).
Já no Capítulo II, o estatuto traz os direitos dos jovens, que se encontram
sistematizados em onze seções tratando do direito à cidadania, à participação social
e política e à representação juvenil; do direito à educação; do direito à
profissionalização, ao trabalho e à renda; do direito à diversidade e à igualdade; do
direito à saúde; do direito à cultura; direito à comunicação e à liberdade de
expressão; direito ao desporto e ao lazer; direito ao território e à mobilidade; direito à
sustentabilidade e ao meio ambiente e, por fim, o direito à segurança pública e ao
acesso à justiça (BRASIL, 2013).
Percebemos pelo conteúdo do novel diploma legal que a par da preocupação
de garantir direitos a um grupo social vulnerável, existe uma grande preocupação na
preparação e inserção do jovem na atuação política. Esta característica promove
grande aproximação entre o Estatuto da Juventude e o objeto de discussão deste
projeto de pesquisa.
Portanto, considerando que o Estatuto da Juventude é aplicável ao público
alvo deste projeto e considerando também que as disposições dessa lei revelam
uma maior identidade com o objeto da pesquisa, utilizaremos suas diretrizes como
referencial legislativo e de política pública para embasar nossas discussões. Pelas
mesmas razões acima explicitadas, chamaremos o nosso público alvo de jovens e
não de adolescentes, como sugere a terminologia do ECA.
Semelhantemente, a Lei nº 13.005/14 que aprovou o Plano Nacional de
Educação com validade de 10 anos, aponta como uma de suas diretrizes básicas a
“formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e
éticos em que se fundamenta a sociedade” (BRASIL, 2014).
49
Diante dos inúmeros diplomas normativos, conclui-se que a formação cidadã
dos jovens é uma prioridade no plano nacional, o que acaba por refletir na criação e
implementação das políticas públicas de governo e na produção legislativa a nível
estadual, distrital e municipal.
Sendo a possibilidade da participação política juvenil uma realidade no plano
normativo, resta promover algumas indagações: que caminhos participativos têm
sido colocados à disposição dos jovens na atualidade? Essas formas de participação
têm sido utilizadas pela juventude? Elas atendem aos seus anseios? É possível
estabelecer novas possibilidades de participação juvenil? O estabelecimento dessas
novas formas de participação implica, necessariamente, em uma negação das
formas de participação tradicionais?
Sem ter a pretensão de trazer uma resposta definitiva a todos esses
questionamentos, este trabalho avança em torno dessas inquietações, buscando
ouvir o sentimento dos jovens em relação à participação política e identificar os
elementos essenciais a uma participação de qualidade. Para tanto, trouxemos o
embasamento de pesquisas anteriores sobre o assunto e procuramos, na parte de
apresentação dos dados, trazer novas contribuições ao debate, através da
identificação do nível de conhecimento da juventude atual.
2.2.3 Uma abordagem sobre participação política dos jovens brasileiros na atualidade
Em que pese a abertura legal para a criação de mecanismos viabilizadores da
participação política de jovens, é preciso ter em mente que a produção legislativa
não possui o condão de, por si só, modificar a natureza das coisas.
Nessa perspectiva, cumpre indagar qual é o conhecimento atual dos jovens
sobre o funcionamento do sistema político brasileiro, bem como dos direitos e
garantias fundamentais. Tais questionamentos são de suma importância pois o
conhecimento desses assuntos impactaria positivamente sobre qualquer forma de
participação política. É com o objetivo de obter essas informações que se
desenvolveu essa pesquisa, todavia antes de apresentarmos os resultados, faremos
uma pequena reflexão sobre o quadro da participação política da juventude
brasileira na atualidade.
50
Em primeiro lugar, entende-se superada a ideia de socialização política da
juventude. Esse conceito partia da premissa de que os jovens seriam incapazes de
agir politicamente, por não possuir capacidades cognitivas para tanto. Assim,
caberia aos jovens receber o legado cognitivo e experiencial das gerações
anteriores, a fim de reproduzir os mecanismos políticos tradicionais (CASTRO,
2009).
Entende-se atualmente que o jovem pode atuar como protagonista nas
discussões e nas decisões políticas. Resta saber quais as formas de participação
têm chamado a atenção dos jovens.
As afirmações no sentido de que a juventude atual é apática, alienada e
pouco participativa, na verdade pode camuflar uma rejeição deliberada dos métodos
de participação política tradicionais, como a atuação político-partidária, a atuação
em grêmios estudantis, sindicatos, entre outros (FLORENTINO, 2008).
Esta hipótese é confirmada pela pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas (IBASE), em parceria com o Instituto de Estudos,
Formação e Assessoria em Políticas Sociais (POLIS). Esta pesquisa foi realizada
entre os anos de 2004 e 2005 e teve por finalidade subsidiar políticas públicas
voltadas para jovens, buscando captar suas percepções sobre a política e suas
formas de participação (IBASE, 2006).
O levantamento contou com a participação de 8.000 jovens, distribuídos em
oito regiões metropolitanas do país e seus resultados corroboram com a hipótese
levantada.
Quanto às possibilidades de participação política, os jovens foram indagados
sobre três possíveis caminhos para a participação, mostrando suas afinidades e
expondo suas críticas sobre cada um deles. As opções seguem discriminadas
abaixo:
CAMINHO 1: Eu me engajo e tenho uma bandeira de luta - A participação política da juventude ocorre por meios que vão além do voto. Esse engajamento também se dá na atuação firme e direta em partidos políticos, organizações estudantis, conselhos, ONGs e movimentos sociais, ou seja, em instituições que organizam a sociedade e controlam a atuação dos governos. CAMINHO 2: Eu sou voluntário e faço a diferença - Jovens voluntários(as) ajudam a diminuir os problemas sociais. Realizam diferentes atividades, tais como manutenção de escolas, recreação com crianças pobres e hospitalizadas, campanhas de doação de alimentos e diversas outras ações desse tipo.
51
CAMINHO 3: Eu e meu grupo: nós damos o recado - Os(as) jovens praticam e fortalecem o direito à livre organização. Eles(as) formam grupos culturais (esportivos, artísticos, musicais etc.), religiosos, de comunicação (jornal, página na internet, fanzine etc.), entre outros, compartilhando idéias com outros(as) jovens. (IBASE, 2006, p.5)
Dentre essas várias formas de participação, o Caminho 1 foi apontado pelos
jovens como sendo o da política tradicional, sendo reconhecido como aquele que
possui maior capacidade de operar transformações estruturais. Todavia a corrupção,
o clientelismo e o nepotismo são apontados, dentre outros fatores como elementos
que causam óbice a uma maior interação da juventude com este caminho, razão
pela qual foi a modalidade de participação que teve a menor adesão entre os
participantes (IBASE, 2006).
Já o Caminho 2 foi apontado como sendo aquele que goza de mais aceitação
no meio da juventude. O apego da juventude pelo caminho do voluntariado, de
acordo com a pesquisa, decorre da percepção imediata do resultado do trabalho,
com a contribuição efetiva na solução dos problemas sociais, além de ser uma
alternativa que confere uma maior flexibilidade em termos do tempo de dedicação,
possibilitando a adequação desses compromissos à rotina de trabalho e estudo dos
jovens (IBASE, 2006).
As ressalvas a essa modalidade de participação decorrem do reconhecimento
de que esta alternativa, por si só, não é capaz de resolver problemas, principalmente
os de natureza estrutural, caso não haja envolvimento governamental (IBASE, 2006,
p. 53).
Por fim, o Caminho 3 ocupou uma preferência intermediária entre os
participantes. Como pontos positivos dessa forma de participação, os jovens
apontaram que se trata de uma oportunidade de expressar ideias
democraticamente, permitindo atuar com mais organização e força, além de
possibilitar um maior impacto que o trabalho voluntário individual, uma vez que neste
cenário os jovens atuam coletivamente. A falta de força política, a dificuldade de
apoio financeiro e o descrédito dado pelo governo a essas ações são apontados,
dentre outros, como pontos negativos dessa forma de participação (IBASE, 2006).
Através desses dados, percebe-se que a desvinculação da juventude das
formas de participação política tradicional não pode ser confundida com descaso ou
apatia, mas sim com uma opção por novas formas de participação, onde o
52
voluntariado e o envolvimento em atividades culturais, artísticas e esportivas que
sirvam como canal de disseminação de ideias ganham cada vez mais espaço.
Todavia, essa busca por novos caminhos não pode ser extremada ao ponto
de desconsiderar totalmente as instituições políticas que comandam a nação. Para
romper com os vícios das práticas políticas tradicionais, a força questionadora da
juventude pode ser um elemento catalisador das mudanças necessárias. Mas para
que isso aconteça, é necessário que os jovens possuam um conhecimento básico
sobre como funcionam as estruturas do poder, as funções dos entes federativos, e
dos cargos públicos que determinam os rumos da nação.
Em que pese a amplitude da pesquisa mencionada, ela abriu espaços para
outros questionamentos. Qual o conhecimento da juventude sobre os direitos e
garantias fundamentais estabelecidos no texto constitucional? Os jovens conhecem
as funções exercidas pelos ocupantes dos cargos políticos mais importantes do
país? Há um entendimento da juventude sobre as atribuições das principais
instituições políticas da nação?
A resposta a esses questionamentos é fundamental para compreender a
participação juvenil no processo político-eleitoral, obrigatória a partir dos 18 anos de
idade e para a fiscalização e controle daqueles que são nossos mandatários.
Foi com a intenção de compreender melhor qual o nível de conhecimento da
juventude sobre esses temas que se desenvolveu esta pesquisa, cujos resultados
serão demonstrados a seguir.
2.3 Metodologia
Quanto à abordagem, a metodologia orientadora da pesquisa incorporou a
técnica quali-quantitativa, ficando o estudo focado na população com faixa etária
entre 16 e 18 anos inserida no sistema de ensino formal público e privado.
A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da aplicação de um
questionário contendo perguntas abertas e fechadas aos alunos presentes em três
salas de aula, sendo duas no Colégio Santa Maria e uma na Escola Estadual Mario
Elias de Carvalho, ambas localizadas no município de Contagem/MG, contando com
uma participação total de 82 alunos, de ambos os sexos e advindos de diferentes
níveis socioeconômicos.
53
A Escola Estadual Mario Elias de Carvalho possui uma estrutura de
funcionamento típica das escolas da rede pública de ensino, funcionando nos
períodos da manhã, tarde e noite. Percebe-se um funcionamento regular das
estruturas escolares, com profissionais atuantes no corpo docente, administrativo e
a direção se mostrou interessada em contribuir com a realização da pesquisa.
A pesquisa se desenvolveu em uma turma do segundo ano do ensino médio,
sendo que os participantes foram cordiais e demonstraram interesse em contribuir
com a pesquisa, mesmo após serem comunicados de que a participação era
facultativa.
Já o Colégio Santa Maria é uma instituição privada que atua no ensino
fundamental e médio. A unidade de Contagem, onde foi realizada a pesquisa,
funciona nos períodos da manhã e da tarde. A instituição de ensino possui como
mantenedora a Sociedade Mineira de Cultura, criada em 1948 pela Arquidiocese de
Belo Horizonte e possui como característica ser uma entidade confessional e
católica.
Assim como ocorreu na escola pública, o pesquisador se sentiu acolhido e
recebeu todo o suporte da direção, do corpo docente e dos funcionários
administrativos para a realização dos trabalhos. Semelhantemente, os alunos foram
cordiais e se mostraram interessados em participar da pesquisa. Mesmo após serem
comunicados que a participação era facultativa, não foi identificada nenhuma
abstenção. A pesquisa foi realizada em duas turmas do segundo ano do ensino
médio.
Visando evitar constrangimentos entre os alunos, foi permitido a todos os
estudantes preencherem os questionários, todavia alguns não foram considerados
por terem sido preenchidos por alunos com 15, 19 e 20 anos de idade, portanto, fora
do recorte estabelecido para a pesquisa. Assim, o número de questionários válidos
que foram considerados nesta pesquisa foi de 82.
Os questionários foram aplicados pelo próprio mestrando, o que possibilitou
um contato direto com a realidade pesquisada e o pronto esclarecimento de
eventuais dúvidas dos participantes. Visando preservar o anonimato destes, os
questionários foram identificados apenas por números.
Os dados levantados nos questionários foram analisados de acordo com
análise estatística, envolvendo frequência e cruzamentos, por meio do programa
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), sendo a interpretação
54
desenvolvida à luz da nossa discussão teórica. As perguntas abertas foram
analisadas de acordo com a análise de conteúdo do tipo análise temática, tal como
apresentado em Bardin (2011). Nesse caso, as perguntas abertas do questionário já
se apresentam como os temas que foram analisados.
2.4 Dados da pesquisa
2.4.1. Informações socioeconômicas dos participantes
Participaram da pesquisa 82 jovens, sendo 32 do sexo masculino e 50 do
sexo feminino. Do total de participantes, 65 são alunos do Colégio Santa Maria e 17
são alunos da Escola Estadual Mario Elias de Carvalho, ambas localizadas no
município de Contagem.
Num primeiro momento, procuramos coletar algumas informações pessoais
dos participantes, como idade, cor, religião, nível de escolaridade dos pais e renda
familiar. Quanto à idade, 72% dos participantes têm 16 anos, 19,5% possuem 17
anos e apenas 8,5% têm a idade de 18 anos.
Gráfico 1 – Idade dos participantes
Fonte: Elaboração do autor
Já em relação à cor, 47,6% dos participantes afirmaram ser da cor
branca, 43,9% afirmaram ser pardos e 8,5% se autoafirmaram negros.
55
Gráfico 2 – Cor (de acordo com a autoafirmação dos participantes)
Fonte: Elaboração do autor
Em relação à religião dos participantes, procuramos estabelecer um paralelo
entre a religião em que os mesmos foram criados e a religião que eles professam
atualmente, de forma a possibilitar a comparação das informações, ficando os
resultados representados nos gráficos abaixo.
Gráfico 3 – Religião de criação
56
Gráfico 4 – Religião atual
Fonte: Elaboração do autor
Analisando-se os gráficos, percebe-se a maior variedade de combinações de
práticas religiosas no primeiro gráfico, referente à religião de criação, mostrando
uma multiplicidade de influências religiosas. Na variável religião atual, observa-se a
tendência da prática de apenas uma religião.
A religião católica teve uma diminuição dos seus praticantes, uma vez que
58,5% dos participantes afirmaram terem sido criados nesta religião, todavia apenas
53,7% dos jovens afirmaram professar essa religião atualmente. Embora
significativa, esta mudança não mudou o panorama geral, uma vez que a religião
católica continua sendo aquela com o maior número de seguidores. Percebe-se
também um grande aumento daqueles que declaram não praticar qualquer religião.
Este percentual subiu de 2,4% para 12,2%. Também é possível perceber um
aumento no número de praticantes do protestantismo (de 15,9% para 18,3%) e do
espiritismo (de 6,1% para 7,3%).
Em relação ao nível de escolaridade dos pais dos participantes, percebe-se
uma diferença significativa do grau de escolaridade conforme a instituição de ensino
frequentada, havendo um maior grau de escolarização dos pais dos participantes
que estudam na instituição privada, o que é demonstrado na tabela que se segue:
57
Tabela 1 – Nível de escolaridade dos pais X Instituição de ensino
Escolaridade da mãe Escolaridade do pai
Instituição de ensino Instituição de ensino
Privada Pública Privada Pública
Não sabe informar 3,1% 17,6% 4,6% 23,5%
Ensino fundamental incompleto 1,5% 17,6% 10,8% 17,6%
Ensino fundamental completo 3,1% 0,0% 6,2% 17,6%
Ensino médio incompleto 6,2% 11,8% 4,6% 11,8%
Ensino médio completo 26,2% 47,1% 23,1% 29,4%
Ensino superior incompleto 7,7% 0,0% 6,2% 0,0%
Ensino superior completo 32,3% 5,9% 33,8% 0,0%
Pós-graduação ou mais 20,0% 0,0% 10,8% 0,0%
Analisando a escolaridade das mães dos participantes da escola pública,
94,1% estudou, no máximo, até o ensino médio e apenas 5,9% concluiu o ensino
superior. Quanto a escolaridade das mães dos participantes da escola privada,
40,1% estudou, no máximo, até o ensino médio. Já o restante (59,9%) possui
escolarização que vai do ensino superior incompleto até pós-graduação ou mais.
Já em relação aos pais dos participantes da escola pública, ficou constatado
que nenhum deles chegou a frequentar o ensino superior. Por outro lado, 50,8% dos
pais de alunos que frequentam a instituição de ensino particular possuem grau de
escolarização que vão do ensino superior incompleto até pós-graduação ou mais.
Quando é analisada a renda familiar dos participantes, nota-se grande
diferença entre a renda familiar dos participantes pertencentes à escola pública e
daqueles que frequentam a escola privada. Senão vejamos:
58
Tabela 2 – Renda familiar mensal X Instituição de ensino
RENDA FAMILIAR MENSAL Instituição de ensino
Privada Pública
Atualmente, juntando tudo o
que você e seus pais ganham,
qual é, aproximadamente, a
renda mensal da sua família?
Não sei 12,3% 11,8%
Menos do que um salário mínimo 5,9%
Mais de um até dois salários mínimos 7,7% 41,2%
Mais de dois até três salários mínimos 6,2% 29,4%
Mais de três até cinco salários mínimos 16,9% 11,8%
Mais de cinco até dez salários mínimos 44,6%
Mais de dez salários mínimos 12,3%
Excluídos aqueles que não souberam informar a renda familiar, verifica-se
que 88,3% das famílias dos estudantes da escola pública possuem renda de, no
máximo, 5 salários mínimos. Já nas famílias de alunos da escola privada esse
número cai para 30,8%, ao mesmo tempo em que as famílias com mais de 5 salários
mínimos alcança o percentual de 56,9%.
2.4.2 Relação dos participantes com o tema da pesquisa
Obtidas as informações socioeconômicas, este trabalho procurou identificar a
profundidade da relação dos participantes com o tema da pesquisa, buscando
entender qual a compreensão inicial que estes possuem sobre política e direitos
humanos, qual o nível de interesse quanto ao aprendizado desses assuntos e, por
fim, qual o grau de participação desses jovens em entidades de conotação política.
Ao serem questionados se gostavam de conversar sobre política, 53,66% dos
participantes demonstraram uma boa abertura à proposição, afirmando que
“gostavam mais ou menos”. Quando questionados se achavam importante conversar
sobre política, a grande maioria (96,34%) afirmou que achava muito importante
conversar sobre política, sendo possível extrair tais conclusões dos gráficos abaixo:
59
Gráfico 5 – Você gosta de conversar sobre política?
Fonte: Elaboração do autor
Gráfico 6 – Você acha importante conversar sobre política?
Fonte: Elaboração do autor
A análise dos gráficos em conjunto revela algumas contradições que precisam
ser melhor exploradas: a importância do tema, reconhecida pelos jovens não é
acompanhada de um entusiasmo pelo mesmo. Uma hipótese possível é a de que os
jovens associam a participação política apenas em suas formas tradicionais, como a
60
atuação político partidária. O desalento quanto aos vícios impregnados nessa forma
de participação justificariam a perda do entusiasmo com o assunto, embora haja o
reconhecimento da sua importância. A análise de outros elementos da pesquisa, a
seguir, confirmam essa hipótese. Novamente, quanto a esses temas não
observamos uma diferença significativa entre os participantes da escola privada e
pública, razão pela qual optamos por fazer uma abordagem geral do assunto.
Indagamos os participantes, através de duas questões abertas, sobre a noção
preliminar que tinham sobre política e direitos humanos. Em que pese a
multiplicidade de respostas, agrupamos aquelas com conteúdo similar, a fim de
facilitar a apresentação dos resultados.
Tabela 3 – Concepção dos jovens sobre política
Qual a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente
quando você ouve falar a palavra “política”?
Frequência Percentual
V
a
l
i
d
Corrupção 36 43,9
Outros termos ou expressões pejorativas (Ex: bagunça, roubalheira) 15 18,3
Governo 5 6,1
Cidadania 3 3,7
Democracia 4 4,9
Outros termos ou expressões positivas (Ex: igualdade, justiça) 10 12,2
Outros termos ou expressões neutras (Ex: nomes de parlamentares
ou partidos políticos) 9 11,0
Total 82 100,0
Percebe-se que 62,2% dos participantes possuem uma visão negativa da
política, associando-a a corrupção ou outros termos ou expressões pejorativas.
Acreditamos que essa visão pode ter a influência dos numerosos escândalos de
corrupção envolvendo todas as esferas de governo.
61
Tabela 4 – Concepção dos jovens sobre Direitos Humanos
Qual a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente quando
você ouve falar o termo "direitos humanos"?
Frequência Percentual
Liberdade 11 13,4
Igualdade 17 20,7
Respeito 12 14,6
Cidadania 6 7,3
Necessário 4 4,9
Violação / Desrespeito 6 7,3
Outros termos ou expressões positivas (Ex: conquista,
essencial) 8 9,8
Direitos de bandidos 1 1,2
Outros termos ou expressões pejorativas (Ex: frágil,
incompreensível, conivência) 6 7,3
Termos ou expressões neutras (Ex: nomes de políticos) 10 12,2
Total 81 98,8
Não respondeu 1 1,2
Total 82 100,0
Já em relação aos direitos humanos, percebe-se uma tendência oposta,
sendo que 70,7% dos participantes possuem uma visão positiva desses direitos,
associando-os a valores como igualdade, respeito e cidadania. Mais uma vez, os
resultados foram trabalhados sem distinção da instituição de ensino, uma vez que os
resultados verificados na escola pública e privada foram muito próximos.
Quando questionados sobre os meios de comunicação preferidos para buscar
informações sobre política, os jovens deram respostas que podem ser vistas na
tabela abaixo.
Tabela 5 – Principais fontes de obtenção de informações sobre política
Fonte
Nunca (%) Raramente (%)
Muitas vezes (%)
Sempre (%)
Televisão 2,4 23,2 45,1 29,3
Pessoas da sua Escola 4,9 31,7 35,4 28
Pessoas da sua Família 7,3 29,3 35,4 28
Redes sociais 12,2 30,5 36,6 20,7
Sites da Internet 9,8 36,6 31,7 22
Rádio 31,7 42,7 20,7 4,9
Revistas 52,4 40,2 7,3 0,0
Jornais 24,4 51,2 19,5 4,9
Pessoas da sua Igreja 70,7 22 2,4 2,4
62
Na avaliação das fontes de informação sobre política, apontaremos a
preferência dos jovens seguindo critério de somar os valores encontrados nas
colunas “muitas vezes” e “sempre”.
Nesse particular, constata-se que o meio preferido para a busca de
informações sobre política é a televisão (74,4%). A família e a escola vêm
empatadas logo a seguir, (63,4%). As redes sociais ocupam a quarta posição na
preferência dos jovens (57,3%), seguidas pelos sites da internet (53,7%). Depois
temos o rádio (25,6%). Por fim, aparecem os jornais (24,4%), as revistas (7,3%) e a
igreja (4,8%). Essas informações são preciosas, pois os próprios jovens dão sinais
sobre os melhores canais dialógicos para tratar com eles sobre política.
Curiosamente, com todo o apego da juventude com os ambientes virtuais,
verifica-se que algumas instituições tradicionais, como a família e a escola são
apontadas como grandes fontes de informação sobre política. Essa confiança que os
jovens depositam na escola não pode ser negligenciada. Assim, a proposta de se
estabelecer estratégias pedagógicas diferenciadas para o ensino da política na
escola (como será proposto no capítulo 3 deste trabalho), constitui uma alternativa
viável.
A última questão da parte que trata da afinidade dos participantes com o
tema, teve como objeto de questionamento o grau de participação dos jovens em
entidades, instituições e movimentos de conotação política. Os resultados estão
dispostos na planilha que se segue:
Tabela 6 – Participação em atividades de conotação política
Tipo de participação
Nunca (%) Raramente (%)
Muitas vezes (%)
Sempre (%)
Manifestações populares 62,2 24,4 13,4 0 Associação de bairro ou comunitária 75,6 14,6 9,8 0 Grupos religiosos que têm uma atuação na comunidade
52,4 32,9 7,3 7,3
Partidos políticos Grêmio ou associação estudantil
96,3 84,1
2,4 14,6
1,2 1,2
0 0
Sindicatos 97,6 2,4 0 0 Conselhos municipais 0 0 0 0
Chama atenção o baixíssimo grau de envolvimento dos participantes com
movimentos e instituições de cunho político. É grande a quantidade de jovens que
63
não possuem qualquer tipo de participação em partidos políticos ou sindicatos, que
poderiam ser tidos como canais mais tradicionais da participação política. A nosso
ver, esse fato pode ser explicado pela associação da política com valores negativos,
como corrupção, roubalheira, bagunça e outros termos igualmente pejorativos. Seria
difícil existir participação da juventude em uma atividade na qual ela não acredita e
não confia.
Dentre as formas de participação que mostraram algum engajamento dos
jovens, o envolvimento em grupos religiosos alcançou 7,3% das respostas. Outra
forma de participação que merece destaque são as manifestações populares. Dentre
os participantes, 13,4% afirmaram que participam desses movimentos “muitas
vezes”.
Fica clara a rejeição dos meios de participação política tradicionais.
Considerando apenas aqueles que disseram participar “muitas vezes” das entidades
ou movimentos, as associações de bairro ou comunitárias contaram com a
participação de 9,8% dos jovens. Já os grupos religiosos com atuação na
comunidade, tiveram o engajamento de 7,3% dos participantes. A seguir vêm os
grêmios ou associações estudantis e os partidos políticos (1,2% cada). Por fim, os
sindicatos em conselhos municipais não registraram uma participação relevante
entre os jovens pesquisados.
Mais uma vez, percebe-se que os jovens têm buscado formas de participação
política diferentes dos meios políticos tradicionais, como os partidos políticos e os
sindicatos.
2.4.3 Conhecimentos sobre direitos e garantias fundamentais
A terceira parte do questionário buscou perquirir o grau de conhecimento dos
jovens sobre direitos e garantias fundamentais previstos no texto constitucional e
nos tratados internacionais sobre direitos humanos, além de algumas leis
infraconstitucionais de grande relevância para a juventude.
O primeiro questionamento versou sobre o conhecimento dos participantes
acerca da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 (CRFB), Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), Declaração universal dos Direitos Humanos
(DUDH), Estatuto da Igualdade Racial (EIR) e Estatuto da Juventude (EJ). Além de
serem questionados sobre o conhecimento desses diplomas legais, os participantes
64
também foram indagados sobre o grau de importância dessas leis, de acordo com a
sua visão.
Chama atenção o fato de que 84,1% dos participantes nunca ouviram falar,
ou, apesar de saber que existe, nunca leram qualquer parte do Estatuto da
Juventude. Em relação ao Estatuto da Igualdade Racial esse número sobe para
90,2% dos participantes. Tal desconhecimento pode ter relação com o fato de que
as referidas leis entraram em vigor nos últimos 3 anos, sendo relativamente
recentes. Reforça essa tese, o fato de que, quando questionados sobre leis mais
antigas, como o Estatuto de Criança e do Adolescente (1990) e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948), o número de jovens que nunca ouviram
falar, ou que nunca leram pelo menos uma parte delas, apesar de estarem
informados sobre a sua existência, cai para 30,5% e 14,6%, respectivamente.
De qualquer forma, os números desse desconhecimento são significativos e
impressionam pela importância que os referidos documentos possuem na sociedade
brasileira, especialmente para o público pesquisado.
Resolvemos dedicar um tópico a parte para falarmos da Constituição de 1988.
Por ser a lei mais importante do nosso país, promoveremos uma análise mais
detalhada. As conclusões podem ser melhor explicitadas com a análise do gráfico
abaixo:
Gráfico 7 - Grau de conhecimento sobre a Constituição X Instituição de ensino
Fonte: Elaboração do autor
65
É de se notar o fato de que em ambos os grupos de participantes há um
considerável número de jovens que, embora estejam aptos a participar do processo
político-eleitoral, jamais tiveram contato com a lei que estabelece a organização
básica da estrutura política do país. A soma daqueles que nunca ouviram falar na
Constituição e daqueles que sabem que ela existe, mas nunca leram nenhuma
parte, chega a 27,7% na escola privada e 58,9% na escola pública.
Quando indagados sobre a importância da Constituição, percebe-se que a
maior parte dos participantes não conhece a real importância desta lei. Senão
vejamos:
Gráfico 8 – Opinião a respeito da Constituição Federal
Fonte: Elaboração do autor
Veremos que essa constatação gera um reflexo quando da análise do
conhecimento dos participantes sobre as atribuições das instituições e cargos
políticos e quando os participantes são questionados sobre alguns direitos e
garantias fundamentais constitucionalmente previstos, como será visto a seguir.
Foram colocadas algumas proposições aos participantes envolvendo a
aplicação prática de direitos fundamentais. A partir daí, questionou-se aos
participantes se aquela proposição possuía respaldo legal e qual a sua opinião a
respeito. De forma geral, percebe-se que os jovens pesquisados têm uma
66
compreensão básica dos direitos e garantias fundamentais, mas em alguns casos
verificou-se um grande desconhecimento acerca da existência de alguns direitos,
como demonstraremos a seguir:
PROPOSIÇÃO 1: “Uma pessoa deveria poder ser presa por não pagar suas dívidas
no comércio”
TABELA 7 – Proibição da prisão civil por dívida
As pessoas deveriam ser presas por não pagarem suas dívidas
no comércio
Frequência Percentual
Isso tem base na lei e na minha opinião isso é certo 13 15,9
Isso tem base na lei e na minha opinião isto é errado 2 2,4
Isso não tem base na lei e na minha opinião isto é
certo 7 8,5
Isso não tem base na lei e na minha opinião isto é
errado 16 19,5
Isso não tem base na lei e não tenho opinião se isto é
certo ou errado 3 3,7
Não sei se isso tem base na lei e na minha opinião
isso é certo 11 13,4
Não sei se isto tem base na lei e na minha opinião
isto é errado 14 17,1
Não sei se isto tem base na lei e não tenho opinião
se isto é certo ou errado 14 17,1
Total 80 97,6
Não respondeu 2 2,4
Total 82 100,0
Diante dessa proposição, 37,8% dos participantes acham que isso é certo, e
20,8% não tem opinião se isso é certo ou errado. Somando-se esses números,
concluímos que 58,6% dos participantes não possuem uma visão clara do comando
constitucional que proíbe a prisão civil por dívidas.
Ressalta-se ainda que 65,9% dos participantes acham que a afirmativa possui
base na lei ou, então, não sabem se a proposição possui ou não base legal,
revelando que a maior parte dos jovens não conhece esse direito fundamental.
PROPOSIÇÃO 2: “As pessoas pobres deveriam ter o direito de obter o registro de
nascimento gratuito”
67
Gráfico 9 – Obtenção do registro civil de nascimento gratuito: base legal
19,50%
11%68,30%
As pessoas pobres deveriam ter o direito de obter o registro de nascimento gratuito
Isso tem base na lei
Isso não tem base nalei
não sei se isso tembase na lei
Percebe-se que a maioria dos participantes (68,3%) não conhecem o direito
previsto no artigo 5º, LXXVI da CRFB, que garante aos reconhecidamente pobres a
gratuidade do registro civil de nascimento. Outros 11% afirmam equivocadamente
que a afirmativa não possui base legal.
Dadas as limitações do questionário, e a grande variação de possibilidades de
perguntas sobre os direitos fundamentais, a presente pesquisa selecionou as
perguntas acima como bastante significativas para indicar o baixo conhecimento dos
jovens sobre os direitos fundamentais, especialmente quando aplicados a situações
de vida, exigindo uma compreensão mais apurada do exercício desses direitos.
2.4.4 Conhecimentos sobre as atribuições das instituições públicas
Finalizando a pesquisa, procuramos compreender qual a noção dos
participantes sobre algumas das mais importantes instituições da República, além
das atribuições dos cargos políticos de maior relevância. Os resultados podem ser
melhor visualizados nas tabelas abaixo:
68
Tabela 8 – Função de elaboração das leis
Sua função principal é a elaboração das leis. Total
Poder
Legislativo
Poder
Executivo
Poder
Judiciário
Ministério
Público
Instituição de ensino Privada 90,8% 4,6% 4,6% 100,0%
Pública 88,2% 5,9% 5,9% 100,0%
Percebe-se que os jovens, tanto da escola privada quanto da escola pública
possuem uma boa noção da função desempenhada pelo Poder Legislativo, qual
seja, a elaboração das leis. Verifica-se que, embora pequena a diferença, os alunos
da escola privada tiveram um resultado ligeiramente melhor.
Tabela 9 – Defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis
Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos
interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis.
Total
Poder
Legislativo
Poder
Executivo
Poder
Judiciário
Ministério
Público
Defensoria
Pública
Instituição de ensino Privada 1,5% 3,1% 61,5% 20,0% 13,8% 100,0%
Pública 11,8% 5,9% 58,8% 11,8% 11,8% 100,0%
Em relação às atribuições institucionais do Ministério Público verifica-se um
grande desconhecimento por parte dos jovens, sendo que apenas 20% dos alunos
da escola privada e 11,8% dos alunos da escola pública associaram corretamente
esta instituição à defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais
indisponíveis.
Embora os participantes das duas instituições tenham demonstrado pouco
conhecimento sobre as atribuições do Ministério Público, houve um considerável
desnível entre os alunos da escola pública e da escola privada, com os primeiros
demonstrando ter uma melhor compreensão sobre as atribuições dessa importante
instituição.
69
Tabela 10 – Resolução de conflitos entre as pessoas, ou entre estas e o Estado
Sua função principal é a resolução de conflitos entre os
particulares, ou entre estes e o Estado.
Total
Poder
Legislativo
Poder
Executivo
Poder
Judiciário
Ministério
Público
Defensoria
Pública
Instituição de
ensino
Privada 3,1% 15,4% 32,3% 43,1% 6,2% 100,0%
Pública 17,6% 23,5% 47,1% 11,8% 100,0%
Relativamente ao Poder Judiciário, mais uma vez os participantes mostraram
um equívoco acerca das suas atribuições. Apenas 32% dos participantes da escola
privada e 23,5% dos alunos da escola pública afirmaram ser atribuição deste poder
a resolução de conflitos entre as pessoas (físicas ou jurídicas) e entre estas e o
Estado. Verifica-se ainda uma tendência de associação errônea dessa função ao
Ministério Público. Novamente os alunos da escola privada revelam um melhor
conhecimento sobre as funções deste poder.
Tabela 11 – Exercício da atividade administrativa e de governo
Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de
governo.
Total
Poder
Legislativo
Poder
Executivo
Poder
Judiciário
Ministério
Público
Defensoria
Pública
Instituição de
ensino
Privada 4,6% 76,9% 18,5% 100,0%
Pública 70,6% 5,9% 17,6% 5,9% 100,0%
Total 3,7% 75,6% 1,2% 18,3% 1,2% 100,0%
O exercício da atividade administrativa e de governo foi ligado corretamente
ao Poder Executivo por 76,9% dos participantes oriundos da instituição de ensino
privada e por 70,6% dos integrantes da instituição de ensino público. Em que pese a
maior parte dos respondentes terem feito a correlação pertinente, observa-se um
número significativo de jovens que não foram capazes de promover essa
associação. Novamente os alunos da instituição de ensino particular se saíram
melhor nesse aspecto.
70
Tabela 12 – Defesa judicial dos interesses de pessoas pobres
Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos
interesses de pessoas pobres.
Total
Poder Judiciário Ministério Público Defensoria
Pública
Instituição de ensino Privada 1,5% 18,5% 80,0% 100,0%
Pública 11,8% 17,6% 70,6% 100,0%
Finalizando, a defesa judicial dos interesses das pessoas pobres foi ligada
corretamente à Defensoria Pública por 80% dos alunos da escola privada e por
70,6% dos alunos da escola pública. Em que pese o grande número de participantes
que fizeram a associação correta, chama atenção novamente o melhor
aproveitamento por parte dos alunos da escola privada e a associação equivocada
dessas funções ao Ministério Público por um número significativo de participantes,
ou seja, 18,5% na escola privada e 17,6% na escola pública.
2.4.5 Conhecimentos sobre as funções exercidas pelos ocupantes dos cargos políticos
Já em relação às atribuições dos cargos políticos foi encontrada a maior
quantidade de equívocos, conforme demonstram as tabelas abaixo:
Na tabela acima, verifica-se que os participantes da instituição de ensino
pública estão melhor informados do que os alunos da escola particular no que diz
Tabela 13 – Função de fiscalização das ações do Poder Executivo nos Estados
Possui atribuição de fiscalizar as ações do Poder Executivo no âmbito dos
Estados.
Total
Governador Presidente
da
República
Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 12,3% 3,1% 10,8% 1,5% 36,9% 27,7% 7,7% 100,0%
Pública 5,9% 29,4% 17,6% 41,2% 5,9% 100,0%
71
respeito às funções desempenhadas pelos Deputados Estaduais. De acordo com os
resultados, 41,2% dos alunos da escola pública afirmaram ser função do Deputado
Estadual a fiscalização das ações do Poder Executivo no âmbito dos Estados. Já na
escola privada, este índice foi de apenas 27,7%. Todavia, em ambas as instituições,
a maior parte dos respondentes não fez a correta associação do cargo público com
as suas atribuições.
Tabela 14 – Função administrativa e de governo no âmbito nacional
Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito nacional Total
Governador Presidente
da República
Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 6,2% 73,8% 12,3% 1,5% 3,1% 3,1% 100,0%
Pública 5,9% 52,9% 11,8% 5,9% 5,9% 11,8% 5,9% 100,0%
O cargo de Presidente da República foi relacionado à função de
administração e governo no âmbito federal por 73,8% dos alunos da instituição de
ensino privada e por 52,9% dos alunos da escola pública, revelando novamente um
grande descompasso entre as duas instituições. Ainda assim, vemos que um
número significativo de participantes (26,2% na escola privada e 47,1% na escola
pública) não conseguiram correlacionar o cargo de Presidente da República com a
função de governo do país.
Tabela 15 – Função de representação dos Estados no âmbito do Congresso Nacional
Cumpre o papel de representar os Estados no âmbito do Congresso Nacional Total
Governador Presidente
da República
Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 12,3% 4,6% 15,4%
24,6% 38,5% 4,6% 100,0%
Pública 5,9% 11,8% 23,5% 11,8% 35,3% 11,8% 100,0%
Quanto a função de representação dos Estados no Congresso Nacional,
24,6% dos participantes atribuíram corretamente o encargo à figura do Senador,
enquanto na escola pública esse número subiu para 35,3%, mostrando novamente
72
um grande descompasso entre as duas instituições, todavia agora com um melhor
resultado sendo alcançado pelos alunos da escola pública. De qualquer forma,
chama atenção o reduzido número de participantes que estabeleceu a correlação
correta entre a função e o cargo correspondente.
Em relação à atividade administrativa e de governo dos Estados, 52,3% dos
alunos da escola privada responderam corretamente que esta é uma função do
Governador, ficando este número reduzido a 35,3% na escola pública. Observa-se
que uma boa parte dos participantes oriundos da escola pública (29,4%) associou
equivocadamente esta função ao cargo de Deputado Estadual. Já na instituição
privada, um número também significativo (18,5%) afirmou erroneamente tratar-se de
função inerente ao cargo de Deputado Federal.
Tabela 17 – Função de elaboração de leis de interesse da população do município
Possui atribuição de criar leis de interesse da população do município Total
Governador Presidente da
República
Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 3,1% 4,6% 9,2% 10,8% 4,6% 67,7% 100,0%
Pública 5,9% 5,9% 11,8% 23,5% 52,9% 100,0%
Analisando a função de criar as leis no âmbito dos municípios, 67,7% dos
alunos da instituição particular afirmaram corretamente tratar-se de atribuição dos
vereadores. Já na escola pública esse número cai para 52,9% dos alunos. Mais uma
vez observa-se um melhor desempenho nos estudantes da escola privada. É de se
destacar que um número considerável de jovens da escola privada (10,8%) e da
Tabela 16 – Função de administração e governo no âmbito dos Estados
Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de governo
no âmbito dos Estados
Total
Governador Presidente da
República
Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 52,3% 3,1% 18,5% 4,6% 6,2% 9,2% 6,2% 100,0%
Pública 35,3% 5,9% 5,9% 5,9% 11,8% 29,4% 5,9% 100,0%
73
escola pública (23,5%) associaram essa função equivocadamente ao cargo de
Senador.
O melhor resultado entre os alunos da escola particular foi obtido na
correlação entre a função administrativa e de governo ao cargo de prefeito, onde
80% dos respondentes promoveram essa associação. Todavia na escola pública
esse percentual caiu para 47,1%, representando o maior disparate entre todos
pontos que foram objeto da pesquisa.
Um dos piores resultados da pesquisa diz respeito ao conhecimento sobre as
funções do Deputado Federal. Apenas 33,8% dos participantes da escola privada e
17,6% dos alunos da escola pública associaram corretamente este cargo à função
de representação da população no Congresso Nacional. Destaca-se que na escola
pública, 23,5% dos participantes ligaram esta função ao cargo de Senador e outros
23,5% ao cargo de Presidente da República.
Tabela 18 – Função de administração e governo no âmbito do município
Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito de um
município.
Total
Governador Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 3,1% 4,6% 80,0% 1,5% 4,6% 6,2% 100,0%
Pública 29,4% 5,9% 47,1% 5,9% 11,8% 100,0%
Tabela 19 – Função de representação da população dentro do Congresso Nacional
Possui atribuição de representar a população dentro do Congresso Nacional Total
Governador Presidente da
República
Deputado
Federal
Prefeito Senador Deputado
Estadual
Vereador
Instituição
de ensino
Privada 10,8% 15,4% 33,8% 3,1% 16,9% 12,3% 7,7% 100,0%
Pública 17,6% 23,5% 17,6% 23,5% 17,6% 100,0%
74
2.5 Considerações finais
Iniciou-se este relato de pesquisa em sua fundamentação teórica resgatando
o ideal participativo trazido pelo paradigma de Estado Democrático de Direito, de
forma a compreender o impacto dessa nova forma de pensar a atuação do Estado
no texto constitucional e, consequentemente, sobre as demais leis.
Verificamos que a Constituição de 1988 ampliou as possibilidades de
participação da juventude no processo político, através da inclusão das pessoas no
processo político-eleitoral, de forma facultativa, a partir dos 16 anos. A partir daí
outras leis como o Estatuto da Juventude e o Plano Decenal de Educação seguiram
na mesma toada, estabelecendo o dever de implementação de políticas públicas de
inclusão da juventude nas questões políticas.
No plano internacional, verificamos que o Programa Mundial para Educação
em Direitos Humanos também trabalha no sentido de firmar canais de participação
da juventude focando na necessidade de uma preparação para o exercício da
cidadania, o que é corroborado pelo Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos.
Estabelecido esse embasamento normativo, estabeleceu-se uma reflexão
sobre a participação política da juventude atual, apoiando-se em pesquisas já
realizadas sobre o tema e que trouxeram um quadro de rejeição das formas de
participação política tradicionais, abrindo caminho para outras formas de
participação. Todavia deve-se ter o cuidado de incentivar novas formas de
participação, contudo sem desconsiderar as formas tradicionais.
Quanto aos dados apresentados pela pesquisa, procuramos conhecer um
pouco melhor o contexto socioeconômico dos participantes, e pudemos observar
uma diferença considerável de escolaridade e renda familiar quando confrontamos
os dados dos alunos pertencentes à instituição privada, em detrimento dos alunos
provenientes da instituição pública.
Em relação à afinidade dos participantes com o tema da pesquisa,
descobrimos que estes possuem uma visão clara da importância da política para as
suas vidas, embora os constantes escândalos de corrupção que eclodem a cada dia,
promova nos jovens uma aversão à participação em instituições e atividades
políticas.
75
Isso acaba gerando um distanciamento em relação à busca de uma formação
política por parte dos jovens. O reflexo pode ser sentido na ignorância acerca de
direitos básicos, o que fomenta a violação e a falta de implementação destes pelo
Estado.
Por outro lado, o desconhecimento do sistema político, e das atribuições dos
cargos mais importantes da república, conduz a um baixo poder de fiscalização do
exercício dessas funções. Como fiscalizar e cobrar um bom desempenho de
pessoas que exercem funções desconhecidas? Nesse sentido, torna-se importante
atuar no sentido de buscar alternativas pedagógicas que auxiliem na construção de
um conhecimento básico do sistema político e de direitos fundamentais, a fim de
oferecer sustentação à participação política e ao exercício da cidadania dos jovens.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2011. BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito (o triunfo tardio do direito constitucional no Brasil). Revista de Direito Administrativo, vol. 240, 2005. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil. Acesso em 15/05/2014. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/90. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm Acesso em 27/11/2014. BRASIL. Estatuto do Jovem – Lei 12.852/13. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm Acesso em 27/11/2014. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.434/96. Disponível em http://planalto.gov.br/ccivil_lei9434.htm Acesso em 15/05/2014. BRASIL. Plano Nacional de Educação – Lei 13.005/14. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm Acesso em 09/12/2014. BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007.
76
BRASIL. Parecer CNE/CP Nº: 8/2012 que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. CASTRO, Lucia Rabello de. Juventude e socialização política: atualizando o debate. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 25, n. 4, p. 479-487, Dec. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722009000400003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 15 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722009000400003. FLORENTINO, Renata. Democracia Liberal: uma novidade já desbotada entre jovens. Opin. Publica, Campinas , v. 14, n. 1, p. 205-235, June 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762008000100008&lng=en&nrm=iso>. acesso em 15 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-62762008000100008. STRECK, D. R.; ADAMS T. Lugares da participação e formação da cidadania. Civitas – Revista de Ciências Sociais, v. 6, n. 1, jan.-jun. 2006. UNESCO. Plano de ação: programa mundial para a educação em direitos humanos; primeira fase. 2006.
77
CAPÍTULO 3: DOMINÓ DA POLÍTICA
RESUMO
O presente artigo apresenta um produto técnico consubstanciado em um jogo, de caráter pedagógico, denominado “Dominó da Política”. Este jogo pretende contribuir na construção de um conhecimento sobre as atribuições dos principais cargos políticos da República Federativa do Brasil, promovendo a correta associação aos poderes aos quais esses cargos estão vinculados. O jogo procura também incentivar uma postura reflexiva por parte dos jovens, na medida em que estimula o questionamento sobre as práticas que os titulares desses cargos podem desenvolver para melhorar a vida das pessoas. Além de trazer as regras do jogo e o conteúdo das cartas, o capítulo apresenta um conteúdo destinado aos educadores que funcionarão como mediadores neste processo, promovendo reflexões anteriores e posteriores à atividade lúdica.
3.1 Introdução
O presente artigo busca trazer uma alternativa para a construção de um
conhecimento sobre as principais instituições e cargos políticos da República
Federativa do Brasil.
Conforme dados levantados no capítulo anterior, percebe-se que os jovens
possuem um conhecimento muito limitado sobre as funções que devem ser
desempenhadas pelos titulares desses cargos, o que pode gerar uma dificuldade na
fiscalização e controle da atuação desses agentes.
Tais conhecimentos poderiam ser obtidos através de uma leitura apurada do
texto constitucional, todavia, como a pesquisa trata do público entre 16 e 18 anos de
idade, entende-se que o denso linguajar jurídico utilizado na elaboração das leis
poderia gerar dificuldades dessa compreensão, culminando no desinteresse sobre o
assunto.
Diante desse quadro, este produto técnico consiste em um jogo de caráter
pedagógico, onde os jovens podem, de forma lúdica e descontraída, conhecer um
pouco mais sobre as funções atribuídas aos cargos políticos, saber a qual poder
esses cargos estão vinculados e despertar uma consciência crítica e reflexiva sobre
como esses agentes poderiam atuar para melhorar a vida das pessoas dentro do
contexto social em que o jovem está inserido.
78
A concepção do jogo se assemelha a um jogo muito conhecido entre os
jovens, que é o dominó, razão pela qual atribuiu-se ao mesmo o nome “Dominó da
Política”.
Espera-se que através desse jogo, os jovens despertem o seu interesse pela
política, passando a concebê-la não como um instrumento de opressão e corrupção,
mas como um campo de discussão e debate de ideias, onde o jovem tem vez e voz,
podendo atuar de forma efetiva para o rompimento das práticas políticas viciadas e
contribuir com as reformas que a nossa sociedade precisa.
3.2 Conversa com os educadores
Este jogo busca estimular a construção de um conhecimento básico, por parte
da população jovem, sobre as atribuições dos cargos políticos de maior relevância
na República Federativa do Brasil.
Através do conhecimento das atribuições dos detentores desses cargos, será
possível uma melhor avaliação das propostas divulgadas pelos candidatos aos
mandatos eletivos, bem como das competências pessoais daqueles que almejam
ocupar esses cargos. Pretende-se, ainda, estimular uma participação da juventude
no momento posterior ao processo político eleitoral, através da fiscalização das
atividades desenvolvidas pelos ocupantes desses cargos.
Os cargos políticos a serem abordados pelo jogo são os seguintes:
1. Prefeito
2. Vereador
3. Juiz de Direito
4. Governador
5. Deputado Estadual
6. Deputado Federal
7. Senador da República
8. Presidente da República
Cada um desses cargos está ligado a um dos poderes da República
(Legislativo, Executivo e Judiciário). A atividade permitirá uma compreensão básica
da atribuição de cada um desses cargos, bem como uma ligação ao poder a que
estão vinculados.
79
Embora não seja um cargo eletivo, a função do Juiz de Direito foi inserida no
jogo por ser uma carreira pertencente a um dos Poderes da República, contribuindo
ativamente na tomada de importantes decisões que direcionam os rumos da nação.
Um maior detalhamento sobre as atividades desenvolvidas por esses agentes
pode ser obtido no endereço eletrônico da Presidência da República
(http://www2.planalto.gov.br/), do Senado Federal
(http://www12.senado.leg.br/hpsenado), da Câmara dos Deputados
(http://www2.camara.leg.br/), além dos diversos governos dos Estados (Ex:
https://www.mg.gov.br – site do Governo do Estado de Minas Gerais), das
Assembleias Legislativas das unidades da federação (Ex:
http://www.almg.gov.br/home/index.html - Assembleia Legislativa do Estado de
Minas Gerais), dos Tribunais de Justiça dos Estados (Ex:
http://www.tjmg.jus.br/portal/ - site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais), das
prefeituras dos municípios (Ex: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ - Prefeitura de Belo
Horizonte) e das Câmaras Municipais (Ex: http://www.cmbh.mg.gov.br/ - site da
Câmara de Vereadores de Belo Horizonte).
O jogo colocará os participantes diante de perguntas reflexivas que os farão
pensar sobre como os ocupantes desses cargos poderiam atuar para resolver os
problemas do dia a dia da população, de forma a contextualizar a política com a
realidade econômica e social na qual o participante está inserido.
Após a atividade, o educador poderá fazer um ou mais encontros temáticos
falando especificamente sobre cada uma dessas funções, comentando notícias
colhidas nos endereços eletrônicos fornecidos de maneira a inteirar os alunos sobre
a atuação dos titulares desses cargos.
Também poderá ser feita a divisão da sala em grupos que ficarão
responsáveis por realizar uma pesquisa nesses endereços eletrônicos sobre alguma
notícia atual envolvendo as atividades desses cargos, que será objeto de discussão
em sala de aula.
Será possível, ainda, organizar visitas aos prédios onde os titulares desses
cargos exercem suas funções (Prefeitura, Câmara de Vereadores, fórum, etc.),
possibilitando aos alunos ver de perto a atuação desses agentes públicos.
Além dessas sugestões, os educadores poderão promover várias outras
atividades, como concursos de redações, painéis, rodas de conversa, dentre outras
80
estratégias pedagógicas diferenciadas para desenvolver nos alunos o gosto pela
política.
3.3 Regras do jogo
1) A turma é dividida em grupos de 2 a 6 participantes e cada grupo recebe um
baralho com as 33 cartas;
2) Em cada grupo, os participantes separam a carta com a qual o jogo deve começar
(CARTA INICIAL) e a colocam, com a face impressa para cima, sobre a mesa. Em
seguida, embaralham o restante das cartas e as dividem, igualmente, entre si.
Passam a jogar no sentido horário;
3) Ao exemplo de um dominó, em sua vez de jogar, cada participante examina se
possui uma carta com pelo menos uma das metades que combina com uma das
metades da carta que está sobre a mesa. Em caso positivo, coloca-a junto à carta
da mesa e passa a vez ao próximo jogador. Em caso negativo, passa a sua vez sem
jogar e o próximo participante continua. Como no dominó, o participante pode utilizar
qualquer uma das extremidades da sequência de cartas colocadas na mesa. Isso
facilita a dinâmica do jogo;
4) O emparelhamento das cartas no jogo é feito em sequências que incluem: o nome
do cargo político; o Poder ao qual esse cargo está vinculado; uma breve descrição
das funções desempenhadas pelo ocupante desse cargo; uma pergunta reflexiva
envolvendo a função exercida pelo titular da função. Ao final de cada sequência
outra é iniciada, enfocando-se em outro cargo político. Entretanto, a ordem de
discussão da importância dos cargos depende da jogada de cada participante,
trazendo uma variação que reforça o caráter lúdico do jogo. A inserção da opinião de
cada pessoa promove a atenção ao conteúdo das funções referentes aos diversos
cargos;
5) Ganha o jogo o participante que primeiro acabar com as suas cartas. O grupo
pode jogar quantas vezes desejar. De cada vez, haverá uma sequência diferente,
estimulando a aprendizagem e a reflexão. Ao educador, cabe o importante papel de
estimular a reflexão através das informações, do diálogo e das atividades
complementares.
81
3.4 Conteúdo das cartas
CARTA COR CONTEÚDO
CARTA 1:
CARTA INICIAL Branca
Será dividida em três partes: na parte central haverá a
inscrição “Carta Inicial”. Logo abaixo haverá a transcrição
do artigo 2º da Constituição da República Federativa do
Brasil (CRFB): “São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo o Executivo e o
Judiciário”.
Nas duas extremidades haverá o seguinte comando:
“Coloque aqui uma carta com o nome de um cargo
político.”
CARTA 2:
PREFEITO Amarela
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da
palavra “PREFEITO”. No lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui a carta contendo o Poder ao
qual o Prefeito está vinculado.”
CARTA 3:
PODER Amarela
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Prefeito do Município está
vinculado ao Poder Executivo”. No lado direito haverá o
seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as
principais funções desempenhadas pelo Prefeito.”
CARTA 4:
FUNÇÕES DO
PREFEITO
Amarela
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O Prefeito exerce as funções de
administração e governo no âmbito do Município.” No
lado direito haverá o seguinte comando: “Em sua
opinião, o que o Prefeito da sua cidade poderia fazer
para melhorar a vida da população?”
CARTA 5:
MINHA OPINIÃO
É...
Amarela
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:
“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um
cargo político”.
CARTA 6:
VEREADOR
Verde
Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da
palavra “VEREADOR. No lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui a carta contendo o Poder ao
qual o Vereador está vinculado.”
82
CARTA 7:
PODER
Verde
Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Vereador do Município está
vinculado ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o
seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as
principais funções desempenhadas pelo Vereador.”
CARTA 8:
FUNÇÕES DO
VEREADOR
Verde
Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “Os Vereadores possuem a função de elaborar
as leis no âmbito do Município, além de fiscalizar a
atuação do Prefeito.” No lado direito haverá o seguinte
comando: “Em sua opinião, o que os Vereadores da sua
cidade poderiam fazer para melhorar a vida da
população?”
CARTA 9:
MINHA OPINIÃO
É...
Verde
Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:
“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um
cargo político”.
CARTA 10: JUIZ
DE DIREITO Vermelha
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da
palavra “JUIZ DE DIREITO. No lado direito haverá o
seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo o
Poder ao qual o Juiz de Direito está vinculado.”
CARTA 11:
PODER Vermelha
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Juiz de Direito está vinculado ao
Poder Judiciário”. No lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui a carta contendo as principais
funções desempenhadas pelo Juiz de Direito.”
CARTA 12:
FUNÇÕES DO
JUIZ DE
DIREITO
Vermelha
Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem
ilustrativa acompanhada da seguinte inscrição: “Os
Juízes de Direito possuem a função de promover a
pacificação social, através da resolução de conflitos
entre as pessoas, ou entre estas e o Estado.” No lado
direito haverá o seguinte comando: “Em sua opinião, o
que os Juízes de Direito da poderiam fazer para
melhorar a vida da população?”
CARTA 13:
MINHA OPINIÃO
É...
Vermelha
Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem
ilustrativa acompanhada da inscrição: “Minha opinião
é...”. Do lado direito haverá o seguinte comando:
83
“Coloque aqui uma carta com o nome de um cargo
político”.
CARTA 14:
GOVERNADOR Azul Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da
palavra “GOVERNADOR. No lado direito haverá o
seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo o
Poder ao qual o Governador está vinculado.”
CARTA 15:
PODER Azul Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem
ilustrativa acompanhada da seguinte inscrição: “O cargo
de Governador está vinculado ao Poder Executivo”. No
lado direito haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a
carta contendo as principais funções desempenhadas
pelo Governador.”
CARTA 16:
FUNÇÕES DO
GOVERNADOR
Azul Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O Governador possui a função de administrar
e governar o Estado.” No lado direito haverá o seguinte
comando: “Em sua opinião, o que o Governador do seu
Estado poderia fazer para melhorar a vida da
população?”
CARTA 17:
MINHA OPINIÃO
É...
Azul Claro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:
“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um
cargo político”.
CARTA 18:
DEPUTADO
ESTADUAL
Rosa
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das
palavras “DEPUTADO ESTADUAL. No lado direito
haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a carta
contendo o Poder ao qual o Deputado Estadual está
vinculado.”
CARTA 19:
PODER Rosa
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Deputado Estadual está vinculado
ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui a carta contendo as principais
funções desempenhadas pelo Deputado Estadual.”
CARTA 20:
FUNÇÕES DO
DEPUTADO
ESTADUAL
Rosa
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “Os Deputados Estaduais possuem a função
de elaborar as leis no âmbito dos Estados, além de
fiscalizar a atuação do Governador.” No lado direito
84
haverá o seguinte comando: “Em sua opinião, o que os
Deputados Estaduais poderiam fazer para melhorar a
vida da população?”
CARTA 21:
MINHA OPINIÃO
É...
Rosa
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:
“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um
cargo político”.
CARTA 22:
DEPUTADO
FEDERAL
Verde
Escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das
palavras “DEPUTADO FEDERAL”. No lado direito haverá
o seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo o
Poder ao qual o Deputado Federal está vinculado.”
CARTA 23:
PODER
Verde
Escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Deputado Federal está vinculado
ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui a carta contendo as principais
funções desempenhadas pelo Deputado Federal.”
CARTA 24:
FUNÇÕES DO
DEPUTADO
FEDERAL
Verde
Escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “Os Deputados Federais são representantes
do povo no Congresso Nacional e possuem a função de
elaborar as leis no âmbito da União, além de fiscalizar a
atuação do Presidente da República.” No lado direito
haverá o seguinte comando: “Em sua opinião, o que os
Deputados Federais poderiam fazer para melhorar a vida
da população?”
CARTA 25:
MINHA OPINIÃO
É...
Verde
Escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:
“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um
cargo político”.
CARTA 26:
SENADOR DA
REPÚBLICA
Azul
escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das
palavras “SENADOR DA REPÚBLICA”. No lado direito
haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a carta
contendo o Poder ao qual o Senador está vinculado.”
CARTA 27:
PODER
Azul
escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Senador da República está
vinculado ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o
seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as
85
principais funções desempenhadas pelo Senador.”
CARTA 28:
FUNÇÕES DO
SENADOR DA
REPÚBLICA
Azul
escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “Os Senadores da República são
representantes dos Estados no Congresso Nacional e
possuem a função de elaborar as leis no âmbito da
União, além de fiscalizar a atuação do Presidente da
República.” No lado direito haverá o seguinte comando:
“Em sua opinião, o que os Senadores poderiam fazer
para melhorar a vida da população?”
CARTA 29:
MINHA OPINIÃO
É...
Azul
escuro
Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem
ilustrativa acompanhada da inscrição: “Minha opinião
é...”. Do lado direito haverá o seguinte comando:
“Coloque aqui uma carta com o nome de um cargo
político”.
CARTA 30:
PRESIDENTE
DA REPÚBLICA
Roxo
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das
palavras “PRESIDENTE DA REPÚBLICA”. No lado
direito haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a carta
contendo o Poder ao qual o Presidente está vinculado.”
CARTA 31:
PODER Roxo
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O cargo de Presidente da República está
vinculado ao Poder Executivo”. No lado direito haverá o
seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as
principais funções desempenhadas pelo Presidente.”
CARTA 32:
FUNÇÕES DO
PRESIDENTE
DA REPÚBLICA
Roxo
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte
inscrição: “O Presidente da República possui a função de
administrar e governar o país.” No lado direito haverá o
seguinte comando: “Em sua opinião, o que o Presidente
da República poderia fazer para melhorar a vida da
população?”
CARTA 33:
MINHA OPINIÃO
É...
Roxo
Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:
“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte
comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um
cargo político”.
86
3.5 Considerações finais
O presente artigo trouxe um jogo de caráter pedagógico denominado “Dominó
da Política”. Trata-se de uma ferramenta que pode contribuir para despertar o
interesse dos jovens sobre política, além de possibilitar uma compreensão básica
das funções desempenhadas pelos titulares dos principais cargos políticos do país.
Durante o jogo o jovem é estimulado a refletir sobre a atuação desses
agentes públicos, pensando em boas práticas que poderiam ser adotadas pelos
titulares dos cargos políticos a fim de beneficiar a vida da população no contexto
social e econômico em que os jovens estão incluídos. Neste particular, espera-se
que o jogo fomente também o desenvolvimento local.
A atividade lúdica deverá ser desenvolvida no ambiente escolar, com a
supervisão do educador que poderá ampliar as discussões originadas durante o
jogo, através de atividades complementares a serem executadas antes ou depois da
atividade lúdica, como visitas, pesquisas, rodas de conversa, dentre outras
metodologias.
Espera-se que o jogo sirva como um elemento de reflexão entre os jovens
sobre as atribuições
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atual contexto político nacional e internacional é favorável à inclusão da
juventude nos ambientes de discussão dos temas mais relevantes para a sociedade.
O modelo de Estado Democrático de Direito, em harmonia com o moderno conceito
de gestão social, sugerem um engajamento de toda a sociedade para uma
construção coletiva do país que queremos. A juventude, por óbvio, não pode ficar
alheia a esta realidade.
Todavia a participação política e o exercício da cidadania pela juventude
carecem de uma preparação, que deve incluir um conhecimento básico do sistema
político brasileiro e do catálogo de direitos e garantias fundamentais colocados à
disposição da população no texto constitucional.
Neste trabalho procurou-se desenvolver um embasamento teórico que
demonstrou a importância desses conhecimentos para a participação política, com a
devida fundamentação no pano legislativo.
A pesquisa deixa claro que os jovens possuem plena consciência da
importância da política para toda a sociedade, mas algumas vicissitudes das práticas
políticas tradicionais têm levado ao distanciamento e desinteresse da juventude por
essas formas de participação.
Consequentemente, notou-se um baixo nível de conhecimento sobre as
principais instituições e cargos políticos da nação, o que repercute no baixo poder de
fiscalização e controle da atuação desses agentes e dessas instituições.
Considerando a importância da escola nos processos de formação humana e
social dos jovens, sugere-se a busca por metodologias pedagógicas diferenciadas
que busquem despertar o interesse da juventude sobre a política, contribuindo para
a apreensão de conceitos básicos sobre política, de forma a possibilitar uma
participação consciente e de qualidade.
Por fim, apresentou-se um produto técnico constituído por um jogo
pedagógico que pretende transmitir, de forma lúdica e descontraída, alguns
conhecimentos básicos sobre as funções desempenhadas pelos integrantes dos
cargos políticos mais importantes do país.
88
APÊNDICE A – Questionário aplicado aos participantes
INTRODUÇÃO
Estamos realizando a pesquisa “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania”. Nossa intenção é conhecer o que os jovens, na faixa etária de 16 a 18 anos, conhecem sobre os direitos e garantias fundamentais, a organização do Estado, o funcionamento do sistema político no Brasil. Para isto, estamos pedindo aos jovens que respondam a um questionário que contém perguntas sobre esses assuntos. Se você concordou em participar, nós lhe entregaremos um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que você assine e entregue ao aplicador do questionário. Como você verá, o TCLE é um documento que protege os seus direitos, junto ao Comitê de Ética, como participante da nossa pesquisa. Você terá uma cópia desse TCLE para você. Se você tiver qualquer pergunta, pode fazê-la diretamente à nossa equipe de pesquisa, durante a aplicação do questionário e/ou enviar um e-mail para [email protected] 1ª PARTE – DADOS DO PARTICIPANTE Para cada pergunta numerada, escreva sua resposta ou assinale com um X a alternativa que você escolher. Se achar que a pergunta tem mais de uma resposta, assinale todas as alternativas que desejar.
1) Quantos anos você tem? ____________ anos.
2) Qual o seu sexo?
(1) Masculino (2) Feminino (3) Outros (Especificar) ___________________
3) Quanto à sua cor, em que opção abaixo você melhor se enquadra?
(1)Branco (2)Negro (3)Pardo (4) Índio (5) Oriental (6) Outra.
Qual?_______
4) No quadro abaixo, marque a(s) religião(ões) dentro da(s) qual(is) você foi criado. Marque todas as alternativas que se aplicam ao seu caso
Nenhuma (0)
Catolicismo (1)
Protestantismo (Evangélica) (2)
Espiritismo (3)
Religiões afro-brasileiras (4)
Religiões indígenas brasileiras (5)
Judaísmo (6)
Budismo (7)
Islamismo (8)
Outras (especificar):_________________________________ (9)
89
5) No quadro abaixo, marque a(s) religião(ões) que, atualmente, você pratica. Marque todas as alternativas que se aplicam ao seu caso
Nenhuma (0)
Catolicismo (1)
Protestantismo (Evangélica) (2)
Espiritismo (3)
Religiões afro-brasileiras (4)
Religiões indígenas brasileiras (5)
Judaísmo (6)
Budismo (7)
Islamismo (8)
Outras (especificar):_________________________________ (9)
6) Qual a profissão atual do seu pai? (se seu pai é falecido, qual era a profissão dele?)
(0) Não sabe informar Profissão: _______________________________
7) Até que nível de escolaridade o seu pai estudou?
(0) Não sabe informar (1) Não frequentou a escola e é (era) analfabeto (2) Não frequentou a escola, mas é (era) alfabetizado (3) Ensino fundamental incompleto (4) Ensino fundamental completo (5) Ensino médio incompleto (6) Ensino médio completo (7) Ensino superior incompleto (8) Ensino superior completo (9) Pós-graduação ou mais
8) Qual a profissão atual da sua mãe? (se sua mãe é falecida, qual era a profissão dela?)
(1) Não sabe informar Profissão: ___________________________
9) Até que nível de escolaridade a sua mãe estudou?
(0) Não sabe informar (1) Não frequentou a escola e é (era) analfabeta (2) Não frequentou a escola, mas é (era) alfabetizada (3) Ensino fundamental incompleto (4) Ensino fundamental completo (5) Ensino médio incompleto (6) Ensino médio completo (7) Ensino superior incompleto (8) Ensino superior completo (9) Pós-graduação ou mais
10) Atualmente, juntando tudo o que você e seus pais ganham, qual é, aproximadamente, a renda mensal da sua família?
(0) Não sei (1) Menos do que um salário mínimo (equivale a menos de 724,00 reais) (2) Um salário mínimo (equivale a 724,00 reais) (3) Mais de um até dois salários mínimos (mais de 724,00 até 1448,00 reais) (4) Mais de dois até três salários mínimos (mais de 1448,00 até 2172,00 reais)
90
(5) Mais de 3 até 5 salários mínimos (mais de 2172,00 até 3620,00 reais) (6) Mais de 5 até 10 salários mínimos (mais de 3620,00 até 7240,00 reais) (7) Mais de 10 salários mínimos (mais de 7240,00 reais)
2ª PARTE: RELAÇÃO DO PARTICIPANTE COM O TEMA DA PESQUISA
11) Você gosta de conversar sobre política? 1) Não gosto 2) Gosto só um pouco 3) Gosto mais ou menos 4) Gosto muito
12) Você acha importante conversar sobre política? 1) Não acho importante 2) Acho que é só um pouco importante 3) Acho que é mais ou menos importante 4) Acho que é muito importante
13) Por favor, escreva abaixo, sem qualquer censura, a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente quando você ouve falar a palavra “política”: _________________________________________________________
14) Por favor, escreva abaixo, sem qualquer censura, a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente quando você ouve falar o termo “direitos humanos”: _________________________________________________________
15) No quadro abaixo, marque com um X para indicar com que frequência você busca se informar sobre política através de cada uma das fontes listadas.
Fonte
Nunca Raramente Muitas vezes Sempre
Jornais
Revistas
Rádio
Televisão
Sites da Internet
Redes sociais
Pessoas da sua Escola
Pessoas da sua Família
Pessoas da sua Igreja
Outros. Escreva qual:
16) Assinale, no quadro abaixo, com que frequência você participa de:
Tipo de participação
Nunca Raramente Muitas vezes Sempre
Grêmio ou associação estudantil
Associação de bairro ou comunitária
Manifestações populares
Partidos políticos
91
Sindicatos
Conselhos municipais
Grupos religiosos que têm uma atuação na comunidade
Outros. Escreva qual:
3ª PARTE: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 17) Abaixo, estão listados alguns documentos legislativos. Para cada um, assinale com um X conforme as opções dadas. Por favor, responda com muita sinceridade.
Lei ou documento Nunca ouvi falar
Sei que existe, mas nunca li nem uma parte.
Já li uma parte ou todo
Estatuto da Criança e do Adolescente
Constituição Brasileira de 1988
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Estatuto da Igualdade Racial
Estatuto da Juventude
18) Caso você tenha conhecimento sobre algum dos documentos citados acima, onde você adquiriu esse conhecimento?
Entidade / Meio de comunicação
SIM NÃO
Jornais
Livros
Rádio
Televisão
Sites da Internet
Redes Sociais (Ex: Facebook, Instagram, Orkut, Etc.)
Família
Trabalho
Igreja
Escola
Outros (Especificar):
19) No quadro abaixo, assinale a importância que você acha que cada um desses documentos tem na sociedade brasileira
Lei ou documento Não sei dizer
Pouco importante
Mais ou menos importante
Muito importante
Estatuto da Criança e do Adolescente
Constituição Brasileira de 1988
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Estatuto da Igualdade Racial
Estatuto da Juventude
20) Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que melhor expressa a sua opinião a respeito da Constituição Federal?
1) Não tenho opinião a respeito; 2) Ela é menos importante do que as outras leis; 3) Ela é tão importante quanto as outras leis; 4) Ela é a lei mais importante do que todas as outras leis.
92
21) No quadro abaixo, marque com um X de acordo com as opções dadas:
Leia as frases abaixo e marque ao lado conforme está sendo pedido
Marque abaixo se essa frase está de acordo com a lei
Agora, marque a sua opinião a respeito do que diz a frase
Isto tem base na lei
Isto não tem base na lei
Não sei se isto tem base na lei
Na minha opinião, isto é CERTO
Na minha opinião, isto é ERRADO
Não tenho opinião a respeito
Todas as pessoas deveriam poder manifestar o seu pensamento em público, de maneira pacífica, independentemente de sua ideologia
As pessoas deveriam ter o direito de escolher e praticar a sua religião, qualquer que seja
A prática de algumas religiões deveria ser proibida no Brasil
Os meios de comunicação deveriam poder usar a fotografia de qualquer pessoa, independentemente de sua autorização
Para formar associações ou grupos políticos, as pessoas deveriam ter que ser alfabetizadas
As pessoas analfabetas não deveriam poder se candidatar a cargos políticos
A polícia deveria poder torturar um criminoso para obter informações sobre o crime
Uma pessoa deveria poder ser presa por não pagar as suas dívidas no comércio
As pessoas pobres deveriam ter o direito de obter o registro de nascimento gratuito
A polícia deveria poder entrar na casa de uma pessoa sem autorização judicial, se suspeitar que ela cometeu um crime
Uma pessoa deveria ser presa se não pagasse pensão alimentícia dos filhos
As presidiárias deveriam poder ficar com os seus filhos durante o período da amamentação
A prisão de uma pessoa só deveria acontecer sob flagrante delito ou com ordem judicial
Os pais deveriam ter o direito de abrir a correspondência de seus filhos adultos
A tortura deveria ser proibida em qualquer circunstância
A polícia só deveria entrar na casa de alguém com ordem judicial, ou em caso de flagrante delito ou para prestar socorro
Todas pessoas, independentemente de sua ideologia, deveriam ter o direito de criar movimentos sociais pacíficos
A idade de responsabilidade penal deveria ser abaixo de 18 anos
A idade para começar a ter direito a votar deveria ser abaixo de 18 anos
A idade para ter direito a começar a dirigir deveria ser abaixo de 18 anos
93
4ª PARTE – ATRIBUIÇÕES DAS INSTITUIÇÕES E CARGOS POLÍTICOS
22) Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira, de forma a associar as instituições políticas com suas respectivas funções:
(1) – Poder Legislativo
(2) – Poder Executivo
(3) – Poder Judiciário
(4) – Ministério Público
(5) – Defensoria Pública
( ) Sua função principal é a elaboração das leis.
( ) Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis.
( ) Sua função principal é a resolução de conflitos entre os particulares, ou entre estes e o Estado.
( ) Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos interesses de pessoas pobres.
( ) Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de governo.
23) Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira, de forma a associar os cargos políticos com suas respectivas funções:
(1) – Governador (2) – Presidente da República (3) – Deputado Federal (4) – Prefeito (5) – Senador (6) – Deputado Estadual (7) – Vereador
( ) Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito de um município.
( ) Possui atribuição de fiscalizar as ações do Poder Executivo no âmbito dos Estados.
( ) Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito nacional.
( ) Cumpre o papel de representar os Estados no âmbito do Congresso Nacional.
( ) Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de governo no âmbito dos Estados.
( ) Possui atribuição de criar leis de interesse da população do município.
( ) Possui atribuição de representar a população dentro do Congresso Nacional
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (para os adolescentes)
Título da pesquisa: “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania”
Nós, Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso, aluno e professora do Centro Universitário UNA, convidamos você para participar de um trabalho que estamos realizando e que tem como objetivo analisar a formação política de jovens entre 16 e 18 anos de idade sobre direitos, garantias fundamentais e exercício da cidadania. Ao participar deste estudo você nos ajudará a desenvolvermos mecanismos que possibilitem a construção de um conhecimento sobre a organização do Estado brasileiro, o funcionamento do seu sistema político e do rol dos direitos e garantias fundamentais estabelecidos em nossa Constituição.
Pedimos para que você responda um questionário que nos possibilitará conhecermos um pouco mais sobre a sua formação política. Seu nome não vai aparecer em momento algum. A participação neste trabalho não lhe traz problemas legais e se você sentir desconforto ou não quiser continuar respondendo às perguntas, poderá interromper a resolução do questionário ou cancelar a participação neste trabalho.
Você tem liberdade de desistir de participar e ainda deixar de continuar participando em qualquer momento do trabalho, sem qualquer prejuízo. Sempre que quiser, você poderá pedir mais informações sobre este trabalho pelo telefone do aluno e da professora e, se necessário por meio do e-mail do Comitê de Ética em Pesquisa da UNA.
Os passos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº. 466 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade.
Você não terá qualquer tipo de despesa ao participar deste trabalho, bem como nada será pago por sua participação.
95
Após estas informações, pedimos o seu consentimento de forma livre para participar deste estudo. Portanto, complete, por favor, os itens que se seguem.
Obs: não assine este termo se ainda tiver dúvida a respeito.
Consentimento Livre e Esclarecido
Tendo em vista os itens aqui apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, deixo claro que aceito participar deste trabalho. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a minha participação no encontro e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.
Nome do (a) adolescente ___________________________________________
Assinatura do (a) adolescente:
Assinatura do aluno:
Assinatura da professora:
Aluno: Marcelo (31) 8840-6749
Professora: Drª. Maria Lúcia (31) 9613-8057
Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4o andar – Belo Horizonte/MG Contato: e-mail: [email protected]
96
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (pais autorizando os filhos adolescentes)
Título da pesquisa: “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania”
Nós, Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso, aluno e professora do Centro Universitário UNA, pedimos ao(à) Sr.(a) permissão para que seu(sua) filho(a) possa participar de um trabalho que estamos realizando e que tem como finalidade analisar a formação política de jovens entre 16 e 18 anos de idade sobre direitos, garantias fundamentais e exercício da cidadania. Ao participar deste estudo você nos ajudará a desenvolvermos mecanismos que possibilitem a construção de um conhecimento sobre a organização do Estado brasileiro, o funcionamento do seu sistema político e do rol dos direitos e garantias fundamentais estabelecidos em nossa Constituição.
Seu(sua) filho(a) tem liberdade para desistir de participar e ainda deixar de continuar participando em qualquer momento do trabalho, sem qualquer prejuízo para ele(ela). Sempre que quiser, o(a) sr.(a) poderá pedir mais informações sobre este trabalho pelo telefone do aluno e da professora e, se necessário, por meio do e-mail do Comitê de Ética em Pesquisa da UNA.
Pedimos permissão ao(à) sr.(a) para que seu(sua) filho(a) responda um questionário que nos possibilitará conhecermos um pouco mais sobre a sua formação política. O nome de seu(sua) filho(a) não vai aparecer em momento algum. A participação neste trabalho não traz problemas legais para seu(sua) filho(a) e se ele(ela) sentir desconforto ou não quiser continuar respondendo às perguntas, poderá interromper a resolução do questionário ou cancelar a participação neste trabalho.
Os passos adotados neste trabalho obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº. 466 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à dignidade do(a) seu(sua) filho(a).
Os nomes dos adolescentes não aparecerão na divulgação dos dados obtidos com a pesquisa e somente a aluna e a professora terão conhecimento dos dados.
O(a) sr.(a) não terá qualquer tipo de despesa ao deixar seu(sua) filho(a) participar deste trabalho, bem como nada será pago por sua participação.
Após estas informações, pedimos o seu consentimento de forma livre para seu(sua) filho(a) participar deste trabalho. Portanto, complete, por favor, os itens que se seguem.
97
Obs: não assine este termo se ainda tiver dúvida a respeito.
Consentimento Livre e Esclarecido
Tendo em vista os itens aqui apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, deixo claro que aceito que meu(minha) filho(a) participe deste trabalho. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a participação do(a) meu(minha) filho(a) no encontro e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.
Nome completo do pai, mãe ou responsável: ________________________________________
Assinatura do pai, mãe ou responsável:
Assinatura do aluno:
Assinatura da professora:
Aluno: Marcelo (31) 8840-6749
Professora: Drª. Maria Lúcia (31) 9613-8057
Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4o andar – Belo Horizonte/MG Contato: e-mail: [email protected]
98
APÊNDICE D – Termo de autorização para coleta de dados (Escola Estadual Mário Elias de Carvalho)
AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS
Eu, _________________________________, ocupante do cargo de diretor(a) da Escola Estadual Mário Elias de Carvalho, AUTORIZO a coleta de dados do projeto “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania” dos pesquisadores (Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso) nas instalações físicas situada na Rua D’ouro, nº 108, Bairro Novo Riacho, Contagem/MG, CEP 32.280-450 após a aprovação do referido projeto pelo CEP do Centro Universitário UNA.
Contagem, ___ de ______________ de 20__.
ASSINATURA:____________________________________________
CARIMBO:
99
APÊNDICE E – Termo de autorização para coleta de dados (Colégio Santa Maria – Contagem)
AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS
Eu, _________________________________, ocupante do cargo de diretor do Colégio Santa Maria - Contagem, AUTORIZO a coleta de dados do projeto “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania” dos pesquisadores (Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso) nas instalações físicas situada na Rua Rio Comprido 4.580, bairro CINCO, Contagem/MG CEP 32.285-040 após a aprovação do referido projeto pelo CEP do Centro Universitário UNA.
Contagem, ___ de ______________ de 20__.
ASSINATURA:____________________________________________
CARIMBO:
100
APÊNDICE F - Termo de compromisso de cumprimento da resolução 466/2012
Nós, Marcelo Torres de Paula, RG MG-5.895.506 e Maria Lúcia Miranda Afonso,
RG MG886935, responsáveis pela pesquisa intitulada “FORMAÇÃO DE
JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO DA
CIDADANIA”, declaramos que:
Assumimos o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das
informações que serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa;
Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão
utilizados para se atingir o(s) objetivo(s) previsto(s) na pesquisa;
O material e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob a
nossa responsabilidade;
Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em periódicos científicos
e/ou em encontros, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a
privacidade e os direitos individuais dos sujeitos da pesquisa, não havendo
qualquer acordo restritivo à divulgação;
Assumimos o compromisso de suspender a pesquisa imediatamente ao
perceber algum risco ou dano, consequente à mesma, a qualquer um dos
sujeitos participantes, que não tenha sido previsto no termo de consentimento.
O CEP do Centro Universitário UNA será comunicado da suspensão ou do
encerramento da pesquisa, por meio de relatório apresentado anualmente ou na
ocasião da interrupção da pesquisa;
As normas da Resolução 466/2012 serão obedecidas em todas as fases da
pesquisa.
Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2014.
____________________________________
Marcelo Torres de Paula - CPF 034.919.396-74
___________________________________
Maria Lúcia Miranda Afonso - CPF 392.889.196-00