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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL EFEITO DA LENTILHA D’ÁGUA NO TRATAMENTO COMPLEMENTAR DO EFLUENTE DE ESGOTO SANITÁRIO NIELTON ARAUJO SOUZA RECIFE 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

EFEITO DA LENTILHA D’ÁGUA NO TRATAMENTO

COMPLEMENTAR DO EFLUENTE DE ESGOTO SANITÁRIO

NIELTON ARAUJO SOUZA

RECIFE

2014

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NIELTON ARAUJO SOUZA

EFEITO DA LENTILHA D’ÁGUA NO TRATAMENTO

COMPLEMENTAR DO EFLUENTE DE ESGOTO SANITÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental, no Centro Universitário Maurício de Nassau, como requisito parcial obtenção do título de bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientadora: Professora Dra Maria Clara Pestana Calsa

RECIFE

2014

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628 S719e Souza, Nielton Araujo. Efeito da lentilha d'água no tratamento complementar do efluente de esgoto sanitário. Nielton Araujo Souza Orientadora: Profª. Drª Maria Clara Pestana Calsa. Recife: UNINASSAU, 2014. 45f. Trabalho de conclusão de curso - Engenharia Ambien- tal.

1. Esgoto. 2. macrófita aquática, 3. Fitorremediação. I. título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me guiar nesse longo caminho, depois

aos meus pais José de Souza Silva e Enilta Andrade de Araujo, meus irmãos

Naianne Araujo Souza e Neilton Araujo Souza e a todos meus familiares por me dar

essa oportunidade, força e apoio.

Agradeço a todos que acreditaram no meu trabalho e no tema proposto, bem

como aos que colaboraram e contribuíram de alguma forma para o meu

desenvolvimento.

Ao grupo, equipe ou irmãos do LGPP que me ajudaram no acréscimo do meu

conhecimento, a minha doutora particular Amanda Rocha que me ajudou em todas

as etapas desse trabalho, a Adauto Neto e Marciana Morais que sempre estiveram

presente quando precisei, a Celuza Castro que foi minha segunda mãe aqui em

Recife, a minha Pós-Doc Fabiana Cavalcante pelos ensinamentos, a Juliana Souza,

Elton Pedro, Luísa Lima, Paulo Martins, Romel Vilela, Renata Almeida, Taciana

Manso, Raul Felipe pelo companheirismo.

Ao Professor Dr. Tercilio Calsa Junior, pela oportunidade, orientação,

confiança e flexibilidade para realização deste trabalho.

Ao professor Msc Claudio Vasconcelos pelo auxilio do meu trabalho de

conclusão do curso.

À minha orientadora Maria Clara que tanto leu e releu meu trabalho e dividiu

sábias contribuições para o enriquecimento do trabalho.

Aos meus amigos do Centro Universitário Maurício de Nassau pela amizade e

companheirismo, principalmente a José Luis que foi um grande amigo, irmão e um

grande pai com seus ensinamentos.

Aos integrantes da banca examinadora que disponibilizaram seu tempo

precioso para compartilhar de um momento tão importante na vida de um

acadêmico.

À UFRPE e UFPE pela utilização dos laboratórios do LCTV, LGPP e

Laboratório do Grupo de Processos e Tecnologias Ambientais (DEQ – UFPE).

A todos a minha profunda gratidão.

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RESUMO A escassez e o mau uso da água representam uma crescente e séria ameaça ao

desenvolvimento sustentável e a proteção do ambiente. A poluição é um sério

problema que impacta nascentes e cursos d’água, havendo necessidade de

pesquisas de tratamento e de preservação. Uma das formas de tratamento de

esgoto é a utilização de filtros biológicos, com o uso de macrófitas aquáticas. Estas

plantas agem como filtros de poluentes, atuando na redução e remoção de

nutrientes, compostos tóxicos, metais pesados e organismos patógenos, ajudando a

devolver a água limpa aos mananciais. A macrófita aquática lentilha d’água

(Duckweed) é utilizada nas águas de esgoto, pela capacidade de se propagarem

rapidamente e de retirarem substâncias tóxicas da água. O presente trabalho

procurou encontrar respostas para este problema de contaminação ambiental,

recorrendo a técnicas de fitorremediação com o uso da lentilha d’água no tratamento

de efluentes. Para tal, foi realizado um experimento de fitorremedição utilizando dois

isolados (Isolado 4.2 e Isolado 1.1), para avaliar o potencial destas, na melhoria das

propriedades físicas e químicas da água proveniente do tratamento de esgoto

procedente de uma Estação de Tratamento de Esgoto. Foram analisados os

parâmetros: Demanda Química de Oxigênio (DQO), potencial hidrogeniônico (pH),

temperatura, condutividade, sólidos totais dissolvidos (STD) e Salinidade. Foram

verificada reduções significativas para o parâmetro DQO nos efluentes contendo os

dois isolados testados e observou-se aumentos significativos para os parâmetros

STD e pH. Com base no trabalho realizado, conclui-se que a técnica de

fitorremediação utilizando lentilhas d’água, apresentou uma alta eficiência na

remoção de carga orgânica.

Palavras-chave: esgoto, macrófita aquática, fitorremediação.

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ABSTRACT

Scarcity and misuse of water represent a growing and serious threat to sustainable

development and environmental protection. Pollution is a serious problem that

impacts springs and waterways, requiring treatment research and preservation. One

form of sewage treatment is the use of biological filters, using macrophytes. These

plants act as filters for pollutants, acting on the reduction and removal of nutrients,

toxic compounds, heavy metals and pathogens in organisms, helping to return the

clean water to the fountains. The aquatic macrophyte duckweed (duckweed) is used

in sewage treatment, the ability to propagate quickly and withdraw toxic substances

from water. This study sought to find answers to this problem of environmental

contamination, using phytoremediation techniques with the use of duckweed in

wastewater treatment. For such an experiment using fitorremedição two isolates (4.2

Isolated and Isolated 1.1) to evaluate the potential of these in improving the physical

and chemical properties of water from the sewage treatment station founded a

Sewage Treatment was performed. Chemical Oxygen Demand (COD), hydrogen

potential (pH), temperature, conductivity, total dissolved solids (TDS) and Salinity:

The following parameters were analyzed. Significant reductions for COD parameter

were observed in the effluent containing the two isolates tested and observed

significant for STD and pH parameters increases. Based on the work performed, it is

concluded that the technique of phytoremediation using duckweed, showed high

removal efficiency of organic load.

Keywords: wastewater, aquatic macrophyte, phytoremediation.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Peso inicial, final e ganho da biomassa do material vegetal. 36

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Número de pessoas sem acesso à rede coletora de esgoto, segundo as Grandes Regiões – 2008 (Fonte: IBGE, 2008).

15

Figura 2 - Número de internações hospitalares por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado no Brasil para cada 100 mil habitantes (IBGE, 2012).

16

Figura 3 - Esquema das etapas do tratamento de efluentes.

20

Figura 4 - Fotos do cultivo em baldes da lentilha d’água. 23

Figura 5 - Os 5 gêneros da lentilha d’água (duckweed). (Fonte: http://www.ruduckweed.org/).

24

Figura 6 - Sala de crescimento das lentilhas d’água em meio de cultura MS½ líquido, temperatura de 25 ± 2 ºC, fotoperíodo de 16h e sistema de iluminação: lâmpadas fluorescentes brancas (3000 lux).

25

Figura 7 - Disposição dos recipientes contendo os tratamentos. I: Efluente +Isolado 4.2; II: Efluente + Isolado 1.1; e III: Controle.

26

Figura 8. Esquema ilustrativo das análises físico‑químicas no efluente e de

Crescimento na Lentilha d’água.

27

Figura 9. Equipamentos utilizados para as análises Físico-Químicas no efluente. A: WTW CR 2200; B: LF1 Schott-Gerate; C: espectrofotômetro Genesys 10UV; D: pHmetro Quimis.

28

Figura 10 - Esquema dos frascos contendo 200 frondes dos isolados. 29

Figura 11 - Pesagem do material vegetal em uma balança analítica. 29

Figura 12 - Valores de DQO nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

30

Figura 13 - Valores de pH nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

31

Figura 14 - Valores de Salinidade nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

32

Figura 15 - Valores de STD nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

33

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9

Figura 16 - Valores de Condutividade nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

35

Figura 17 - Valores do numero de frondes nos diferentes tratamentos: Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

36

Figura 18 - Valores da taxa de crescimento relativo nos diferentes tratamentos: Efluente + Isolado 4.2 e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DEQ - Departamento de Engenharia Química

DQO - Demanda química de Oxigênio

DRSAI - Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado

ETE - Estação de Tratamento de Esgoto

GPTA - Grupo de Processos e Tecnologias Ambientais

IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LCTV - Laboratório de Culturas e Tecidos de Vegetais

LGPP - Laboratório de Genômica e Proteômica de Plantas

pH - Potencial Hidrogeniônico

SINS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

STD - Sólidos Totais Dissolvidos

UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco

WHO - World Health Organization

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 12

2. OBJETIVOS 13

2.1 Objetivo geral 13

2.2 Objetivos específicos 13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14

3.1 Saneamento Básico no Brasil 14

3.2 Legislações ambientais 17

3.3 Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) 19

3.3.1 Tratamento Preliminar ou Primário 20

3.3.2 Tratamento Secundário 20

3.3.3 Tratamento Terciário 21

3.4 Plantas aquáticas 21

3.5 Fitorremediação 22

3.6 Lentilhad’água 23

4. MATERIAL E MÉTODOS 25

4.1 Obtenção do material vegetal 25

4.2 Desenho experimental 26

4.3 Análises físico-químicas do efluente 26

4.4 Análise de crescimentoda lentilha d’água 27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 30

5.1 Demanda Química de Oxigênio (DQO) 30

5.4 Sólidos Totais Dissolvidos (STD) 32

5.5 Condutividade 34

5.6 Análise de crescimento da lentilha d’água 35

6. CONCLUSÕES 38

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, tem sido crescente a preocupação com a qualidade da água,

dos lagos, rios e mares, por se encontram em processo de degradação, com altos

índices de poluição que são prejudiciais a saúde humana e o equilíbrio ecológico. A

poluição pode ser causada entre outras formas pelo despejo de esgotos domésticos,

pois constitui-se de água que foi utilizada para fins higiênicos. A baixa quantidade de

redes coletoras de esgoto e de estações de tratamento no Brasil implica no

lançamento forma irregular deste efluente diretamente nos cursos d’água mais

próximos.

Neste contexto, é necessário ter um aumento significativo no número de estações de

tratamento de efluente (ETE), para que no final do processo o efluente retorne aos

cursos d’água, rios ou mares, constituindo-se numa preocupação com a preservação

dos recursos hídricos disponíveis. Esta água residuária possui uma grande carga

poluidora, constituída por compostos tóxicos, metais pesados que não podem ser

descartada diretamente em cursos d’água sem tratamento prévio, pois as

substâncias contidas podem causar danos ao meio ambiente e a saúde dos seres

humanos, comprometendo todo ecossistema aquático.

É necessário que este efluente sanitário seja primeiramente tratado para o descarte

ou sua reutilização adequada, como no uso de irrigação de culturas agrícolas,

atendendo às normas do órgão responsável pelo meio ambiente CONAMA

(Conselho Nacional do Meio Ambiente). Para tentar reduzir ao máximo a poluição

deste efluente sanitário, plantas aquáticas vêm sendo uma alternativa complementar

no tratamento de efluentes utilizando a técnica de fitorremediação. A lentilha d’água

(Duckweed) é uma das macrófitas aquáticas que vem sendo testada nesta técnica

de fitorremediação devido a sua capacidade filtradora, por ser um método alternativo

que pode se tornar viável visto o seu baixo custo aos produtores, e não é tóxica ao

ser humano e aos animais.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a relação entre a qualidade da água com e sem o cultivo da lentilha d’água

no tratamento de efluente de esgoto sanitário.

2.2 Objetivos específicos

- Analisar a eficiência da lentilha d’água no tratamento complementar de efluente de

esgoto sanitário;

- Identificar qual dos isolados testados foi mais eficiente no tratamento de efluente;

- Apontar dentre os isolados estudados qual apresentou um maior ganho de

biomassa fresca e uma maior taxa de crescimento relativo, associado ao tratamento

de efluente de esgoto sanitário.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Saneamento Básico no Brasil

Segundo a World Health Organization - WHO (2004), saneamento é o controle de

todos os fatores do meio físico, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos

sobre o seu bem estar físico, mental e social.

De acordo com GUIMARÃES et al (2007), a oferta de saneamento básico associa

sistemas constituídos por uma infra-estrutura física (obras e equipamentos) e

estrutura educacional, legal e institucional que abrange os seguintes serviços:

I. Abastecimento de água às populações, com qualidade compatível com a

proteção de sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de

condições básicas de conforto;

II. Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e

sanitariamente segura de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos

líquidos industriais e agrícola;

III. Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resíduos

sólidos (incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica,

comercial e de serviços, industrial e pública); e

IV. Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações;

A qualidade da água e do ar, o destino do lixo, o tratamento dos esgotos, contudo

tem de ser pensado e controlado para evitar que os fatores que afetam o ambiente

físico tragam danos à saúde e prejudiquem o desenvolvimento das populações. A

falta de tratamento de esgoto causa um grande impacto na saúde dos brasileiros

(RODRIGUES E VENDRAMINI, 2010). Segundo dados do Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento (SINS) (2009), a cada R$ 1 investido em

saneamento geram economia de R$ 4 na área de saúde.

A cada dia percebe-se o crescimento da população de forma desordenada. Mais

favelas surgindo em lugares precários e áreas de risco onde pessoas vivem em

condições sub-humanas sem saneamento básico adequado, embora existam leis

que estabelecem as condições mínimas para a edificações de uma casa, entre ela o

“código sanitário do estado de São Paulo, Decreto nº 12342, de setembro de 1978

(atualizado pelo Decreto nº 41913, de 2 de julho de 1997)”.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008), tem

aumentado o esgotamento sanitário feito por rede coletora. Apesar do crescimento,

a situação revela-se ainda preocupante, pois verifica-se a falta de rede coletora em

2.495 municípios, distribuídos pelas Unidades da Federação, com exceção do

Estado de São Paulo, onde apenas uma cidade não apresentava o serviço de

esgotamento através de rede coletora.

O contingente populacional sem a cobertura desse serviço, segundo IBGE (2008),

considerando-se apenas os municípios sem rede coletora, era de aproximadamente

34,8 milhões de pessoas, ou seja, em 2008, cerca de 18% da população brasileira

estava exposta ao risco de contrair doenças em decorrência da inexistência de rede

coletora de esgoto. O Nordeste é a região onde a falta de rede coletora de

esgotamento sanitário é mais grave, atingindo 15,3 milhões de habitantes, com a

escassez do serviço. A maior escassez são nos Estados da Bahia, Maranhão e

Piauí. Em segundo lugar, a Região Norte do País, com cerca de 8,8 milhões de

pessoas sem rede de coleta de esgoto, das quais 60% concentradas no Estado do

Pará. Na região Sul, com 6,3 milhões de pessoas, ocupou a terceira posição, sendo

o serviço ofertado em menor escala nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do

Sul. Na Região Centro-Oeste, foram observados 3,2 milhões de habitantes sem

acesso ao serviço. No Sudeste não contavam com rede coletora de esgoto cerca de

1,2 milhão de pessoas, mais da metade delas residentes no Estado de Minas Gerais

(Figura 1).

Figura 1 - Número de pessoas sem acesso à rede coletora de esgoto, segundo as Grandes Regiões

- 2008 (Fonte: IBGE, 2008).

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Por falta do saneamento básico e falta de tratamento de esgoto adequado pessoas

apresentam doenças causadas por agentes patogênicos que pode levar à morte. As

principais doenças relacionadas à falta de saneamento básico são: amebíase

(Ameba), ancilostomíase (Ancilóstomo), ascaridíase (Ascaris lumbricoides),

cisticercose (Taeniasolium e Taeniasaginata), cólera (Vibrião colérico), dengue,

diarréia, desinterias, elefantíase, esquistossomose, febre amarela, febre paratifóide,

febre tifóide, giardíase, hepatite, leptospirose, malária, poliomielite, teníase e

tricuríase (SANEPAR, 2013).

No Brasil doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI) são

aquelas que podem estar associadas ao abastecimento de água deficiente, ao

esgotamento sanitário inadequado, a contaminação por resíduos sólidos ou as

condições precárias de moradia. Segundo dados do IBGE (2012), mesmo

apresentando tendência de declínio a partir de 1993 (732,8 por 100 mil habitantes),

o número de internações por doenças relacionadas ao saneamento inadequado

(DRSAI) ainda é elevado. Em 2010, ocorreram 320,6 casos por 100 mil habitantes,

uma redução de aproximadamente 50%, o que se explica pela melhoria nos serviços

de saneamento e ampliação do acesso, além das melhorias nos registros de

internação (Figura 2).

Figura 2 - Número de internações hospitalares por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental

Inadequado no Brasil para cada 100 mil habitantes (Fonte: IBGE, 2012).

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Toda residência deveria atender as necessidades fundamentais de ordem fisiológica

e segurança. O governo federal estabeleceu leis que procuram garantir, mais não

proporcionam meios e recursos aos moradores para que tenha as mínimas

condições de moradia (RODRIGUES e VENDRAMINI, 2010).

3.2 Legislações Ambientais

A lei de número 11.445,5 de Janeiro de 2007, no artigo 1 do capitulo I, dos princípios

fundamentais, estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a

política federal de saneamento básico.

No Artigo 2, descreve os serviços públicos de saneamento básico que serão

prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:

I - Universalização do acesso;

II - Integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e

componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando

à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a

eficácia das ações e resultados;

III - Abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos

resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do

meio ambiente;

IV - Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de

manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do

patrimônio público e privado;

V - Adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades

locais e regionais;

VI - Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de

habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de

promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria

da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante;

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VII - Eficiência e sustentabilidade econômica;

VIII - Utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de

pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas;

IX - Transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos

decisórios institucionalizados;

X - Controle social;

XI - Segurança, qualidade e regularidade;

XII - Integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos

hídricos.

Artigo 3 Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - Saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações

operacionais de:

a) Abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e

instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a

captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) Esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações

operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos

esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio

ambiente;

c) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-

estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e

destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de

logradouros e vias públicas;

d) Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-

estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de

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transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias,

tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das atribuições que lhe

confere o art. 7º, inciso lX, do Decreto 88.351, de 1º de junho de 1983, e o que

estabelece a resolução CONAMA Nº 003, de 5 de junho de 1984, cita: Considerando

ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de seus

níveis de qualidade, avaliados por parâmetros e indicadores específicos, de modo a

assegurar seus usos preponderantes, considerando que os custos do controle de

poluição podem ser melhor adequados quando os níveis de qualidade exigidos, para

um determinado corpo d'água ou seus diferentes trechos.

A legislação ambiental, deliberação normativa da COPAM nº 10 de 1986, estabelece

que para o lançamento de efluente em corpos hídricos, a Demanda Bioquímica de

Oxigênio (DBO), que é uma medida da quantidade de material orgânico presente no

efluente, seja de no máximo 60 mg/L. A Demanda Química de Oxigênio (DQO), é a

quantidade de oxigênio consumido na oxidação química da matéria orgânica

existente na água. É um parâmetro que define a quantidade de matéria

orgânica capaz de ser oxidada por meios químicos e é utilizado como indicador do

grau de poluição, devendo estar no valor máximo de 120 mg/L.

3.3 Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)

Com a utilização da água para o abastecimento da sociedade, vem como

consequência a geração de esgotos. Se a destinação deste esgoto não for

adequada, acabam contaminando as águas superficiais e subterrâneas (SPERLING,

2005).

Sistema de esgotos sanitários são um conjunto de obras e instalações que

propiciam a coleta, o transportedo efluente de maneira adequada e a disposição final

das águas de esgotos gerados por uma comunidade, de uma forma adequada do

ponto de vista sanitário (SPERLING, 2005). A parte mais importante do sistema de

esgoto sanitário é o tratamento de esgotos que pode ser dividido em três etapas de

acordo com o grau de remoção de poluentes ao qual se deseja atingir, são eles:

tratamento preliminar ou primário, tratamento secundário e o tratamento terciário

(Figura 3).

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Figura 3 - Esquema das etapas do tratamento de efluentes.

3.3.1 Tratamento Preliminar ou Primário

Este tratamento destina-se a remoção de sólidos grosseiros em suspensão

(materiais de maiores dimensões). São utilizados apenas mecanismos físicos

(gradeamento e sedimentação) como método de tratamento. Esta etapa tem a

finalidade de proteger as unidades de tratamento subsequentes e dispositivos de

transporte como, por exemplo, bombas e tubulações, além de proteção dos corpos

receptores quanto aos aspectos estéticos. O tratamento primário além da remoção

dos materiais de maiores dimensões remove também uma pequena parte da matéria

orgânica, utilizando-se de mecanismos físicos como método de tratamento (MOTA,

2000).

3.3.2 Tratamento Secundário

O tratamento secundário, geralmente constituído por reator biológico, remove

grande parte da matéria orgânica, podendo remover uma parcela dos nutrientes

como nitrogênio e fósforo. Os reatores biológicos empregados para essa etapa do

tratamento reproduzem os fenômenos naturais da estabilização da matéria orgânica

que ocorreriam no corpo receptor (SPERLING, 2005).

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Segundo TORTORA et al (2005), nesse processo, o esgoto passa por uma etapa de

aeração para aumentar o crescimento de bactérias aeróbicas e outros

microrganismos que oxidam a matéria orgânica dissolvida.

3.3.3 Tratamento Terciário

O tratamento terciário, nem sempre presente por causa do seu custo, geralmente

constituído de unidade de tratamento físico-químico, tem como finalidade a remoção

complementar da matéria orgânica, dos nutrientes que restaram dos tratamentos

primário e secundário, de poluentes específicos e a desinfecção dos esgotos

tratados. De acordo com TORTORA et al (2005), esse tratamento fornece água para

consumo, porém, o processo é extremamente caro, onde no tratamento secundário

os efluentes já podem ser reutilizados nas irrigações.Em países desenvolvidos, este

tipo de tratamento vem sendo substituído por uma técnica denominada de

fitorremediação (MOHEDANO, 2004). Esta técnica utiliza plantas aquáticas que

retiram o excesso de substâncias tóxicas e eutrofizantes das águas com baixo custo

e alta eficiência.

3.4 Plantas aquáticas

O Brasil possui uma grande diversidade de plantas aquáticas. As espécies mais

comuns nos rios e lagos do Brasil são a Eichhornia crassipes (aguapé, baronesa,

rainha dos lagos), a Pistia stratiotes (alface d'água) (RUBIO et al, 2004).

As macrófitas aquáticas são conhecidas como plantas aquáticas. Esse termo é

utilizado para descrever plantas adaptadas ao ambiente aquático. São plantas que

habitam lagos e rios. As macrófitas aquáticas são, na maioria, plantas terrestres que

ao passar do seu processo de evolução, se adaptaram muito bem ao meio aquático,

por isso apresentam algumas características de plantas terrestres e uma grande

capacidade de adaptação a vários tipos de ambientes, o que torna sua adaptação

muito ampla (UFSCAR, 2010).

As plantas aquáticas atuam como filtradoras, retendo sedimentos em suspensão de

nutrientes. Por necessitarem de altas concentrações de nutrientes para seu

desenvolvimento, as plantas aquáticas são utilizadas com sucesso na recuperação

de rios e lagos poluídos, suas raízes podem absorver grandes quantidades de

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substâncias tóxicas, além de formarem uma densa rede capaz de reter pequenas

partículas em suspensão (BIOLOGIA INTERATIVA, 2010).

A capacidade das plantas aquáticas de reterem nutrientes tem atraído cada vez

mais o interesse de pesquisadores, resulta na proliferação das macrófitas, que

encontram em reservatórios condições propícias para crescimento (MORAES e

RODRIGUES, 2002).

Outra macrófita aquática, conhecida pelo nome de lentilha d’água, é muito usada no

de tratamento de efluente, pela sua capacidade de se propagarem rapidamente e de

retirarem substâncias tóxicas da água, utilizando a técnica da fitorremediação

(FREEMAK e BOUTIN, 1994).

3.5 Fitorremediação

A fitorremediação é o processo de remoção de elementos contaminantes por meio

de plantas, para retirar poluentes não somente dos solos, mas também das águas,

por um processo natural, que utiliza plantas para tratamento da poluição na água e

no solo (MELO, 2007).

A técnica de fitorremediação apresenta características, tais como, degradação da

matéria orgânica, redução de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda

Química de Oxigênio (DQO), solventes, produtos clorados, amônia e metais

pesados. O sistema é dimensionado de acordo com as condições encontradas,

como por exemplos grau de contaminação e fonte de poluição (ACCIOLY e

SIQUEIRA, 2000).

Nas últimas décadas tem sido crescente o interesse na sustentabilidade que

promove soluções para o desenvolvimento sem agredir o meio ambiente. Um

exemplo é a fitorremediação, que vem sendo usada na remoção de substâncias

tóxicas e eutrofizantes das águas. É um processo que o corpo d’água adquire altos

níveis de nutrientes, principalmente o nitrato e fosfato, provocando o acúmulo de

matéria orgânica, a técnica da fitorremediação é utilizada para reduzir esse acúmulo.

(TEIXEIRA et al, 2010).

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23

As vantagens na utilização da fitorremediação são os baixos custos associados a

possibilidade de aplicação in situ em áreas extensas e para diferentes tipos de

poluentes assim como a fácil monitorização das plantas (SHAN et al., 2009).

Muitas espécies de macrófitas são usadas na investigação de novos tratamentos de

águas residuais por fitorremediação. Estas plantas podem ser aplicadas na

superfície de lagoas e contribuem na remoção de nutrientes, assim como de sólidos

suspensos e matéria orgânica (CAICEDO et al., 2000).

Uma das plantas aquáticas vulgarmente usadas em fitorremediação é a lentilha

d’água, também conhecida como Duckeewd. São pequenas plantas vasculares

flutuantes que crescem rapidamente em condições favoráveis (UYSAL e TANER,

2010).

3.6 Lentilha d’água

A lentilha d’água (Figura 4), é uma espécie pertencente a subfamília Lemnoideae

(Araceae), ou anteriormente Lamnaceae. As Lemnáceas são monocotiledênias

aquáticas classificadas em cinco gêneros: Lemna, Spirodela, Wolffia, Landoltia e

Wolffiella (Figura 5) (SOUZA e LORENZI, 2005). Esta planta forma extensos tapetes

verdes e é confundida com lodo ou algas nocivas em corpos d’água, mas apresenta

estruturas de uma planta completa como raiz, caule, folha, folha, flor e fruto. Embora

tenha estrutura floral, a reprodução normalmente ocorre por brotação, ou seja, a

planta dá origem a clones (CALSA JÚNIOR, 2012).

Figura 4 - Cultivo de lentilha d’água em baldes.

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Estas plantas apresentam excelente taxa de duplicação de biomassa e, juntamente

com sua capacidade natural de se adaptar e colonizar em água de esgoto tem

grande potencial de aplicações para reduzir a carga orgânica resolvendo aspectos

de tratamentos de esgotos na estação de tratamento de efluentes (JOUNEY et al ,

1993).

Estas plantas sempre estiveram presentes nas relações humanas há séculos,

devido a sua importância na alimentação de aves, peixes e possui grande

quantidade de proteínas e gorduras. É encontrada na África, Ásia, América do Norte

e Europa, em Portugal ocorre em praticamente todo território. As lentilhas d’água

são utilizadas como fonte de alimento para ração devido ao seu teor inerente de

proteínas, cerca de 30 a 35% da massa seca além de seu alto teor de amido

(IQBAL, 1999).

Neste contexto, estão sendo desenvolvidos estudos, testando sistemas de cultivo de

lentilha d’água usando águas residuais de esgoto e efluentes. Essas plantas

aquáticas já se mostraram capazes de reduzir cerca de 15% a 20% da carga

orgânica de esgoto (CELIS et al, 2005).

Figura 5 – Os 5 gêneros da lentilha d’água (duckweed). (Fonte: http://www.ruduckweed.org/).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Obtenção do material vegetal

Foram realizadas coletas de lentilhas d’água em locais distintos: a primeira coleta foi

realizada em um lago (Riacho do Cavouco), e a segunda foi realizada em uma ETE,

sendo as duas localizadas na Região Metropolitana do Recife-PE. Para a clonagem e

multiplicação dos materiais vegetais, os mesmos foram enviados para o Laboratório

de Cultura de Tecidos Vegetais (LCTV) da Universidade Federal Rural de

Pernambuco (UFRPE). Inicialmente o material vegetal obtido foi lavado em água

corrente por 5 minutos e foram levadas para câmara de fluxo laminar, onde foram

tratadas assepticamente com hipoclorito de sódio 1,0% durante 1 minuto e três

lavagens consecutivas com água deionizada esterelizada (ADE). Em seguida, as

plantas foram inoculadas em meio de cultura MS½ líquido (MURASHIGE; SKOOG,

1962), suplementado com 10 g L-1 de sacarose e mantidas em sala de crescimento

sob temperatura de 25 ± 2ºC, fotoperíodo de 16h e sistema de iluminação: lâmpadas

fluorescentes brancas (3000 lux) conforme apresentado na Figura 6. Após a

clonagem dos materiais coletados, os mesmos receberam a denominação de Isolado

1.1 (material coletado no lago) e Isolado 4.2 (material coletado na ETE).

Figura 6 - Sala de crescimento das lentilhas d’água em meio de cultura MS½ líquido, temperatura de

25 ± 2 ºC, fotoperíodo de 16h e sistema de iluminação: lâmpadas fluorescentes brancas (3000 lux).

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4.2 Desenho experimental

O período experimental foi de 15 dias, sendo iniciado em 16 de abril de 2014 e

encerrado no dia 01 de maio de 2014. O delineamento experimental foi o

inteiramente casualizado. Os tratamentos empregados foram: Tratamento I: Efluente

+ Isolado 4.2; Tratamento II: Efluente + Isolado 1.1; e Tratamento III: Controle

(apenas o efluente), com seis repetições dos tratamentos I e II e três repetições do

Controle, totalizando 15 unidades experimentais. O peso médio inicial foi de 0,1 g de

lentilha d’água em cada parcela experimental. O experimento foi realizado na parte

externa do Laboratório de Genômica e Proteômica de Plantas (LGPP), localizado na

UFPE. É importante salientar que os recipientes estavam protegidos da chuva, mas o

ensaio foi submetido às condições climáticas naturais estando exposto às diversas

alterações de luminosidade e temperatura. Os isolados 1.1 e 4.2 foram cultivados em

seis recipientes translúcidos, foi adicionado efluente de esgoto pós-tratamento nos

recipientes com área de 0,04m2 coletado em uma ETE (Figura 7).

Figura 7 - Disposição dos recipientes contendo os tratamentos. I: Efluente +Isolado

4.2; II: Efluente + Isolado 1.1; e III: Controle (apenas o efluente).

4.3 Análises físico-químicas do efluente

Foram realizadas duas coletas do efluente ao longo experimento. A primeira foi

realizada no início do experimento, com a chegada do efluente, antes da introdução

das plantas. A segunda coleta foi realizada 15 dias após o tratamento, com o

encerramento do experimento. As coletas do efluente foram armazenadas em

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garrafas plásticas (tipo PET) de 2 Litros. Foram analisados os parâmetros: DQO

(Demanda Química de Oxigênio), potencial hidrogeniônico (pH), temperatura,

condutividade, sólidos totais dissolvidos (STD) e Salinidade, sendo todas as análises

efetuadas no laboratório do Grupo de Processos e Tecnologias Ambientais (DEQ –

UFPE). As análises físico‑químicas para caracterização seguiram os procedimentos

descritos em APHA (2005), conforme ilustrado na Figura 8.

Figura 8. Esquema ilustrativo das análises físico‑químicas no efluente e de Crescimento na Lentilha

d’água.

Os equipamentos utilizados nas análises foram os seguintes: pHmetro da

marca Quimis para o pH e temperatura; WTW CR 2200 e espectrofotômetro Genesys

10UV para digestão e leitura de DQO, respectivamente; e Handylab LF1 Schott-

Gerate para análises de condutividade, salinidade e sólidos totais dissolvidos (Figura

9). Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste Tukey a 5% de

probabilidade, utilizando o programa estatístico ASSISTAT 7.7.

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Figura 9. Equipamentos utilizados para as análises Físico-Químicas no efluente. A: WTW CR 2200;

B: LF1 Schott-Gerate; C: espectrofotômetro Genesys 10UV; D: pHmetro Quimis.

4.4 Análise de crescimento da lentilha d’água

O acompanhamento do crescimento lentilha foi controlado por dois métodos: a

contagem do número de frondes e a determinação da produção de biomassa em

peso fresco. Foi determinada a taxa de crescimento relativo (K(d-1)) das plantas,

calculado com base no modelo de GUILLARD (1979) que segue a seguinte

expressão matemática:

K (d)-1= (Log2 nf – Log2 ni) / t

Onde:

K = Taxa de crescimento diário;

Log2 nf = Logaritmo na base dois do número de frondes ao final do experimento;

Log2 ni = Logaritmo na base dois do número de frondes no início do experimento;

t = tempo de incubação (dias).

No início do ensaio, foram escolhidas aleatoriamente do pool inicial de exemplares

dos dois isolados de lentilhas d’água, seis conjuntos de 200 folhas (frondes) para

cada réplica dos isolados (Figura 10), e em seguida, realizada a pesagem de 0,1g

para cada réplica dos isolados utilizando uma balança de precisão (Figura 11).

A B C D

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Figura 10 - Esquema dos frascos contendo 200 frondes dos isolados de cada tratamento.

Figura 11 - Pesagem do material vegetal em uma balança analítica.

Após 15 dias de tratamento foi realizada a contagem do número total de frondes em

cada recipiente e a pesagem da biomassa fresca final dos dois isolados.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Demanda Química de Oxigênio (DQO)

Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste Tukey a 5% de

probabilidade, utilizando o programa estatístico ASSISTAT 7.7 onde as médias

seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Os resultados

foram transferidos para o programa Microsoft Office Excel onde foram feitos os

gráficos.

Analisando a Figura 12 verificou-se que os isolados, nesse estudo, apresentaram

uma remoção significativa dos níveis de matéria orgânica. O isolado 1.1 obteve uma

redução de 19,23% (267,86 mg/L), enquanto que, o isolado 4.2 obteve uma redução

de 41,44% (194,24 mg/L) quando comparados ao controle, em 15 dias de

tratamento. Com esse resultado podemos deduzir que essa planta tem uma redução

de DQO aceitável, corroborando com MOHEDANO (2004), que avaliando o

tratamento de efluente de piscicultura utilizando duckweed, relata uma redução de

91% de DQO (de 421 para 38 mg/L) em 26 dias. Estudos realizados por ALAERTS

et al. (1996) obtiveram valores superiores na remoção de DQO (89 a 90%) em 20

dias.

Figura 12 - Valores de DQO nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente +

Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

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5.2 Potencial hidrogeniônico (pH) e Temperatura

A medida de pH é a concentração hidrogênica da água. É um parâmetro importante

no controle operacional das estações de tratamento. Segundo PESSOA e JORDÃO

(2009), o pH do esgoto, em geral, varia entre 6,5 e 7,5. Esgotos velhos ou sépticos

têm pH inferior a 6,0 e a vida aquática requer uma faixa de pH de 6 a 9.

Neste estudo, o pH do efluente inicial, sem adição de lentilhas d’água, apresentou

uma média de pH 7,9. Após 15 dias, os efluentes apresentaram um aumento no pH,

em todos os tratamentos, apresentando um valor máximo de pH 9.6. A média do pH

foi de 8,9 para o controle; pH 9,53 para o efluente contendo o isolado 1.1; e pH 9,56

para o efluente contendo o isolado 4.2 (Figura 13). CAICEDO (2000), afirma que o

aumento do pH podem resultar de processos de assimilação de matéria orgânica

através da lentilha d’água. RAMÍREZ e SIERRA (2010) trabalhando com macrófita

aquática no tratamento de efluente observaram um aumento do pH de 7,35 para 8,6

durante 15 dias de experimento.

Segundo CAYUELA et al (2007), a lentilha d’água desenvolve-se em um amplo

intervalo de pH (3,5-10,5), o que facilita a sua aplicação em condições ambientais

diversificadas. Durante os 15 dias de experimento, todos os tratamentos

apresentaram temperatura variando entre 21 a 24ºC. ARROYAVE (2004), afirma que

a faixa de temperatura que assegura o crescimento da lentilha d’água é entre 5 e

30ºC.

Figura 13 - Valores de pH nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente +

Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

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5.3 Salinidade

Neste estudo, não foi observada diferença significativa (p<0,05) no teor de

salinidade entre os tratamentos utilizados. A média do teor de salinidade foi de

0,38% (Figura 14), o que se enquadra na classificação de águas doces (águas com

salinidade igual ou inferior a 0,50%) para águas de irrigação de acordo com o artigo

2º (São classificadas, segundo seus usos preponderantes, em nove classes, as

águas doces, salobras e salinas do Território Nacional) da resolução CONAMA Nº

20, de 18 de junho de 1986.

Figura 14 - Valores de Salinidade nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e

Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

5.4 Sólidos Totais Dissolvidos (STD)

Os resultados obtidos para sólidos totais dissolvidos estão apresentados na figura

15. Os sólidos totais são compostos por substâncias dissolvidas e em suspensão,de

composição orgânica e/ou inorgânica (NORIEGA e ESPANÃ, 2005). Os isolados 1.1

e 4.2 não apresentaram diferença significativa (Tukey, P <0,05). Neste estudo, os

isolados de lentilha d’água não se mostraram eficientes na redução de sólidos totais

dissolvidos no efluente, em 15 dias de tratamento. As médias obtidas para o

parâmetro de STD para as amostras de controle e isolados 1.1 e 4.2 foi de 1350,67

mg/L, 1718,667 mg/L e 1846,67 mg/L, respectivamente. Corroborando com o

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trabalho de DALU e NDAMBA (2003) que investigaram o uso de lentilhas d'água no

tratamento de águas residuais domésticas (esgoto doméstico) e, de acordo com

esses autores, é provável que o aumento do teor de sólidos solúveis totais no

efluente pode ser devido a produtos da biodegradação de algas acumuladas durante

o período experimental, após a introdução das lentilhas d'água. Desta maneira,

acredita-se ser possível que o aumento de sólidos totais dissolvidos observados

nesse experimento tenha ocorrido também pela biodegradação das algas que

acumularam-se nos efluentes dos tratamentos durantes os 15 dias de experimento.

Visando classificar, proteger os corpos d’água e prevenir problemas relacionados a

saúde da população, o CONAMA em suas Resoluções nº 357 de 2005 e nº 396 de

2008, estabeleceu como padrão de qualidade, valores máximos permitidos para

sólidos dissolvidos totais (STD): para águas doces, 500 mg/L; e para águas

subterrâneas, 1000 mg/L. A Portaria nº 518 de 2004 do Ministério da Saúde,

estabelece valor máximo permitido de 1000 mg/L de sólidos dissolvidos totais para

águas para consumo humano.Para águas de irrigação o valor máximo também é de

500 mg/L, uma vez que o excesso de sólidos dissolvidos pode levar a graves

problemas de salinização do solo. A presença de sólidos dissolvidos relaciona-se

também com a condutividade elétrica da água.

Figura 15 -Valores de STD nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e Efluente +

Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

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5.5 Condutividade

A condutividade é uma expressão numérica da capacidade de uma água conduzir a

corrente elétrica. Depende das concentrações iônicas e da temperatura e indica a

quantidade de sais existentes na coluna d’água, e, portanto, representa uma medida

indireta da concentração de poluentes. Em geral, níveis superiores a 100 mS/cm

indicam ambientes impactados. A condutividade também fornece uma boa indicação

das modificações na composição de uma água, especialmente na sua concentração

mineral, mas não fornece nenhuma indicação das quantidades relativas dos vários

componentes. Altos valores podem indicar características corrosivas da água

(ANGÉLICA, 2005).

Estão apresentados na Figura 16, os valores da condutividade elétrica (CE) de

amostras de efluente de esgoto sanitário coletadas após 15 dias de tratamento com e

sem a presença de isolados de lentilhas d’água. Nota-se que não houve diferença

significativa (p<0,05) entre os tratamentos utilizados neste estudo. As médias de

condutividade elétrica nos diferentes tratamentos foram de 1,1467 mS/cm no

Controle; 1,4337 mS/cm no efluente + Isolado 4.2; e 1,4333 mS/cm no efluente +

Isolado 1.1. Este resultado corroborou com o trabalho de GONZAGA e FERNANDO

(2008) que estudaram diferentes macrófitas aquáticas no tratamento de efluente e

observaram que não houve diferença nesta variável nos diferentes tratamentos

utilizados. As médias de condutividade elétrica nos tratamentos foram: apenas

Eichhornia crassipes (0,061 mS/cm); apenas Pistia stratiotes (0,063 mS/cm); E +

P:Eichhornia crassipesna metade inicial dos tanques e Pistia stratiotes na metade

final dos tanques (0,061 mS/cm);P + E: Pistia stratiotesna metade inicial dos tanques

e Eichhornia crassipesna metade final dos tanques (0,062 mS/cm); e controle: sem

plantas (0,063 mS/cm).

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Figura 16 - Valores de Condutividade nos diferentes tratamentos: Controle; Efluente + Isolado 4.2 e

Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

5.6 Análise de crescimento da lentilha d’água

A análise de crescimento de lentilha d’água está apresentado no Figura 17. Ao

analisar o comportamento da lentilha-d'água nos dois isolados foi possível

estabelecer que o isolado 4.2 obteve o maior número de frondes comparado ao

isolado 1.1, após 15 dias de tratamento do efluente, nas mesmas condições

ambientais. RAMÍREZ e SIERRA (2010), trabalhando com lentilha d’água no

tratamento de efluente de esgoto sanitário, observou que com dez dias houve um

ligeiro crescimento do número de frondes, chegando a triplicar o valor inicial. Aos 20

dias de tratamento notou um aumento do número de frondes em mais de 20 vezes,

demonstrando uma alta taxa de crescimento desta planta.

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Tabela 1 - Peso inicial, final e ganho da biomassa do material vegetal.

Figura 17 - Valores do número de frondes nos diferentes tratamentos: Efluente + Isolado 4.2 e

Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

A biomassa fresca média de lentilha d’água acumulada durante 15 dias de

tratamento totalizou 3,2 g e 0,95 g, para o Isolado 4.2 e Isolado 1.1, respectivamente

(Tabela 1).

Para a variável Taxa de crescimento relativo, foi constatada diferença significativa

(p<0,05), entre os tratamentos. Nota-se que o Isolado 4.2 obteve uma maior taxa de

crescimento relativo das plantas, chegando a uma taxa de 21% d-1 (5,3 d-1/ m2),

enquanto que, o Isolado 1.1 obteve uma taxa de 14% d-1 (3,5 d-1/ m2) (Figura 18).

As biomassas de lentilhas d’água obtidas no final do período experimental e seus

aumentos confirmam a elevada produtividade atribuída a estes organismos

independentemente do isolado. As taxas de crescimento da lentilha-de-água variam,

no entanto, de espécie para espécie tendo as condições ambientais, tais como o

Tratamentos Biomassa fresca inicial (g) Biomassa fresca final (g) Ganho de biomassa fresca (g)

Isolado 4.2 0,1 3,2 3,1

Isolado 1.1 0,1 0,95 0,85

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fotoperíodo, temperatura e disponibilidade de nutrientes, um papel essencial nesta

variação (BRANCO, 2011).

Desta maneira, acredita-se ser possível que a maior taxa de crescimento relativo e o

maior número de frondes obtidas no Isolado 4.2 seja devido à mesma ter uma maior

adaptação às condições ambientais de esgoto sanitário, uma vez que, a mesma foi

coletada em uma Estação de Tratamento de Esgoto, diferente do Isolado 1.1 que foi

coletada em um lago.

Figura 18 - Valores da taxa de crescimento relativo nos diferentes tratamentos: Efluente + Isolado 4.2

e Efluente + Isolado 1.1. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

a

b

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38

6. CONCLUSÕES

Com base no trabalho realizado, conclui-se que a técnica de fitorremediação

utilizando lentilhas d’água, apresentou uma alta eficiência na remoção de carga

orgânica.

O isolado 4.2, proveniente de uma ETE, foi mais eficiente na remoção de DQO do

que o isolado 1.1, proveniente de um lago.

Os isolados utilizados mostraram uma elevada produtividade de biomassa fresca e

uma alta taxa de crescimento nos 15 dias de experimento, destacando-se o isolado

4.2 para esses dois parâmetros.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACCIOLY, A. M. A.; SIQUEIRA, J. O. Contaminação química e biorremediação do

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uma lentilha coberto lagoa em grande escala Res. água, pp 843-852, 1996.

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