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CENTRO UNIVERSITÁTIO UNAFACULDADE UNA DE CONTAGEM Curso Superior em Ciências Contábeis – 2º ciclo, módulo B Equipe Stakeholders: Alessandra Alves Amanda de França Melo Daniele Moreira Helvia Carla Eleto Faria Wandra Cristina da Silva Tavares GOVERNANÇA CORPORATIVA: Aplicabilidade do Conceito, dos Princípios e Indicadores à Gestão de Riscos na Empresa Natura Cosméticos S.A. Pesquisa científica interdisciplinar construída para a disciplina Tidir IV, do 2º ciclo, módulo B, do curso de Ciências Contábeis, da Faculdade Una de Contagem. Orientação: profª Mary Márcia Alves Coorientação: professores Adriana Bicalho, Elaine Benfica, Leonardo Francisco, Renata Lopes. Contagem

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CENTRO UNIVERSITÁTIO UNAFACULDADE UNA DE CONTAGEM

Curso Superior em Ciências Contábeis – 2º ciclo, módulo B

Equipe Stakeholders:

Alessandra Alves

Amanda de França Melo

Daniele Moreira

Helvia Carla Eleto Faria

Wandra Cristina da Silva Tavares

GOVERNANÇA CORPORATIVA:

Aplicabilidade do Conceito, dos Princípios e Indicadores à Gestão de Riscos na Empresa Natura Cosméticos S.A.

Pesquisa científica interdisciplinar construída para a disciplina Tidir IV, do 2º ciclo, módulo B, do curso de Ciências Contábeis, da Faculdade Una de Contagem. Orientação: profª Mary Márcia Alves

Coorientação: professores Adriana Bicalho, Elaine Benfica, Leonardo Francisco, Renata Lopes.

Contagem

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STAKEHOLDERS 2010

CENTRO UNIVERSITÁTIO UNA

FACULDADE UNA DE CONTAGEM

Curso Superior em Ciências Contábeis – 2º ciclo, módulo B

Equipe Stakeholders:

Alessandra Alves

Amanda de França Melo

Daniele Moreira

Helvia Carla Eleto Faria

Wandra Cristina da Silva Tavares

Orientação: profª Mary Márcia Alves

GOVERNANÇA CORPORATIVA:

Aplicabilidade do Conceito, dos Princípios e Indicadores à Gestão de Riscos na Empresa Natura Cosméticos S.A.

RESUMO

A partir da indagação: “Qual a importância em adotar as práticas de Governança Corporativa para a sustentabilidade econômica da empresa Natura Cosméticos S.A?”, este estudo de caso busca compreender a importância em se adotar as práticas de Governança Corporativa para a sustentabilidade econômica da referida empresa, verificando a real necessidade deste plano gerencial, tendo o profissional contábil como um de seus principais estruturadores, uma vez que o desenvolvimento de pesquisas como esta podem explicitar o manuseio de modelo de gestão descentralizadora, a condução das mudanças e oportunidades proporcionadas por ela, bem como o papel do contador neste contexto econômico geral. Por meio de pesquisa comparativa bibliográfica e eletrônica e análise comparativa de indicadores financeiros e de desempenho econômico na Bovespa e na CVM, Governança Corporativa: Aplicabilidade do Conceito, dos Princípios e Indicadores à Gestão de Riscos na Empresa Natura Cosméticos S.A., além de um trabalho científico nos moldes de monografia, publica-se em revista-e de Contabilidade criada

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pela equipe Stakeholders, de Tidir IV, do Bacharelado em Ciências Contábeis, da Faculdade UNA de Contagem. Palavras-chave: Governança Corporativa; Contador; Sustentabilidade. Lista de Quadros e Gráfico

Lista de Quadros e Gráfico

Quando 1:O Papel da Contabilidade para a Governança Corporativa.......................p.17

Quadro 2: Natura Compromisso com o Futuro...........................................................p.22

Gráfico1: Altas e Baixas da Natura na Bovespa ...................................................... p. 24

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..………………………………...........................……….………...p.04

BASES TEÓRICAS ……………………………………………………................. p.06

Teoria de Agência................................................................................................ p.06

Governança Corporativa: Conceitos e Objetivos..................................................p.07

Os Princípios da Governança Corporativa…………………………....................p.12

A Governança Corporativa no Mundo …………………………….................... p.13

A Governança Corporativa no Brasil………………………………................... p.13

Mercado de Capitais e os Níveis de Governança Corporativa ............................ p.14

O Profissional de Contabilidade e a Governanca Corporativa............................. p.16

Gestão de Risco…………………………………………………….................... p.18

Gestão de Pessoas e a Governança Corporativa................................................... p.19

COLETA DE DADOS, ANÁLISES DE DADOS COLETADOS…..…................. p.21

A Natura………………………………………..……………………................. p.22

A Governança Corporativa na Natura …………...…………………...................p.22

Mercado de Capitais e a Natura …....……………………………….................. p.23

Auditoria Interna..…………………..………………………………................. .p.25

Receita Liquida Consolidada ..……..……………………………….................. p.25

Custos e Despesa.…………………..………………………………................... p.26

Das Demonstrações Contábeis da Natura..…………………………................... p.27

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Visão Evolutiva do Modelo de Gestão de Riscos da Natura.......................................... p.27

Desafio………………………………………………............................................ p.29

Gestão de Pessoas da Natura.................................................................................. p.30

O Planejamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos (PDRH).................. p.30 CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………….………………………………........... p.33

REFERÊNCIAS …………………………………………………………................ p.38

EDITORIAL

A sua questão básica é a preocupação com a melhoria da gestão nas organizações, o que

envolve como formar um bom Conselho de Administração, como utilizar a Auditoria Externa, e

em cooperação com o principal executivo, no sentido de se obter uma gestão mais eficiente,

responsável e transparente.

A partir do tema “Desempenho econômico-financeiro de empresas que aderiram à

Governança Corporativa”, aqui se propõe uma análise da “Aplicabilidade do Conceito, dos

Princípios e Indicadores à Gestão de Riscos nas Empresas”, em que se traça o panorama do

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ambiente contábil que a circunda, possibilitando avaliar aspectos inerentes à realidade

investigada. Dessa forma, tomando-se como objeto de análise empresa que têm como gestão a

Governança Corporativa no caso a Natura Cosméticos, para uma compreensão mais ampla da

Governança Corporativa e a real necessidade deste plano gerencial para as empresas, mostrando a

relação das organizações inseridas no processo da sustentabilidade, tendo o profissional contábil

como um dos seus principais estruturadores.

Assim, a pesquisa em questão busca investigar a participação do Contador em todo o

processo da governança e sua contribuição em busca da sustentabilidade econômica empresarial.

Buscará também analisar o desempenho econômico-financeiro de empresas que aderiram à

Governança Corporativa, pesquisar as políticas de Recursos Humanos adotadas por empresas que

aderiram à Governança Corporativa, identificar dados sobre Governança Corporativa, junto à

Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e

levantar as normas e atribuições dos membros dos órgãos administrativos e fiscais das empresas

analisadas.

A importância desta proposta está no fato de discutir a minimização da assimetria de

informação existente entre a empresa e os diversos agentes envolvidos, a saber, os acionistas

credores, fornecedores e empregados, no intuito de atender a nova demanda do mercado em

relação às mudanças que se avizinham, principalmente com relação às normas que regem os

procedimentos contábeis.

Assim, o diferencial desta pesquisa consiste em, nesse processo ainda embrionário da

Governança Corporativa, que visa a asseverar a longevidade das empresas na busca da perfeição

entre seus planos de ação, atendimento ao cliente e colaboração de seus empregados, no que se

refere ao seu objetivo, que são os lucros, ser uma contribuição teórico-prática, baseada em uma

empresa de capital aberto, que possibilite analisar soluções para resolver problemas de gestão, a

grande dificuldade encontrada nas empresas. A favor estão vasto material teórico e a liberdade

para a coleta de informações. Também, realizar a pesquisa de um modelo gestão que envolve as

áreas do âmbito econômico-empresarial implica em compreender seu conceito e relacioná-lo aos

conceitos aplicados pela Contabilidade de Custos, ao Mercado de Capitais, à Legislação

Trabalhista e à Gestão de Pessoas, em interdisciplinaridade.

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Esta pesquisa, portanto, trata-se de uma análise empresarial com o intuito de sondar novos

horizontes, modelos alternativos de gestão e de boas práticas de Governança Corporativa, sistema

que adota como linha mestra a transparência, a prestação de contas e a equidade. Essa é a tríade

da Governança, a partir da qual se propõe a seguinte pergunta: Qual a importância em se adotar

as práticas de Governança Corporativa para a sustentabilidade econômica da empresa Natura

Cosméticos S.A?

BASES TEÓRICAS

Teoria de Agência

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A evolução da sociedade acarreta transformações em todas as áreas, o surgimento das

grandes corporações, por exemplo, promoveu demandas que requereram alterações na estrutura

física, financeira, patrimonial e de gestão das organizações.

O crescimento das empresas separou o compartilhamento do poder organizacional, entre o

controle e propriedade, através da figura do agente (administrador) e do principal (dono do

capital), por isso foi importante criar mecanismos que pudessem gerir organizações tão

complexas.

A relação de agência é definida por Jensen e Meckling (1976), como sendo um contrato

em que uma pessoa, o principal emprega outra pessoa, o agente, para realizar algum serviço em

seu favor, envolvendo a delegação de alguma autoridade de decisão ao agende. Hendrksen e Van

Breda (1999) afirmam que a Teoria de Agência surge quando o agente se compromete a realizar

certas tarefas para o principal e este se compromete a remunerá-lo.

Silva et al (2006) considera que a separação entre a propriedade e a gestão é fonte de

virtualidade, principalmente para a sociedade, na medida em que tem permitido que se

concretizem investimentos, e consequentemente, se dinamize a atividade econômica.

É claro que os benefícios aconteceram, mas a separação do controle e propriedade

também acarretou problemas, derivado dos conflitos entre o agente e o principal, e

consequentemente custos de agência. Esses conflitos em resumo seria a divergência entre as

ações que por vezes o agente tomaria a seu favor, e que não fosse tão favoráveis a empresa,

contrariando assim os objetivos do principal.

A minimização dos problemas derivados da falta de alinhamento entre os objetivos do

agente e do principal requereu a formatação de um conjunto de regras, definidas por um sistema

de gestão denominado de Governança Corporativa.

Governança Corporativa: Conceitos e Objetivos

Conforme o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa divulgado pelo

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2004), instituição responsável pela

elaboração e a fiscalização do uso dessas práticas no Brasil, governança corporativa é o sistema

pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os

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relacionamentos entre proprietários, conselho de administração diretoria e órgãos de controle. As

boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas,

alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando

seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade.

Em resumo, a governança corporativa ou governo das sociedades ou das empresas é uma

forma de gestão que busca envolver acionistas, alta direção, conselho de administração,

colaboradores, fornecedores, clientes, bancos, outros credores e a comunidade em geral, tendo

como linhas mestras a transparência a prestação de contas a equidade e responsabilidade

corporativa, segundo a CVM e SILVA vale ressaltar que:

[...] governança corporativa é um conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital (CVM, 2002, p.01).

A expressão “Governo das Sociedades” designa, precisamente, o conjunto de estruturas de autoridades e de fiscalização do exercício dessa autoridade, interna e externas, tendo por objetivo assegurar que a sociedade estabeleça e concretize , eficaz e eficiente, atividades e relações contratuais com os fins privados para que foi criada e é mantida e as responsabilidades sociais que estão subjacentes à sua existência (SILVA et al, 2006, p.12).

Ora, o corporate governance consiste, precisamente, na criação de mecanismos tendentes

à minimização da assimetria de informação existente entre a gestão e os detentores da

propriedade ou de interesses relevantes (daí ter-se evoluído da consideração dos shareholders

para outros stakeholders), de forma a permitir uma monitorização tão próxima quanto possível da

associação dos objetivos da gestão àquela dos stakeholders: maximizar o valor da empresa. Dito

de outra forma, corporate governance é uma área “[…] que investiga a forma de garantir/motivar

a gestão eficiente das empresas, utilizando mecanismos de incentivo como sejam os contratos, os

padrões organizacionais e a legislação. O que frequentemente se limita à questão da melhoria do

desempenho financeiro, como, por exemplo, a forma como os proprietários das empresas podem

garantir/motivar os gestores das empresas a apresentarem uma taxa de retorno competitiva”,

definição defendida pelo Instituto Português do Corporate Governance (2006).

O termo governança corporativa foi criado no início da década de 80 nos países

desenvolvidos, mais especificamente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, para definir as

regras que regem o relacionamento dentro de uma companhia dos interesses de acionistas

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controladores, acionistas minoritários e administradores. Através da governança corporativa cria-

se a “democracia societária”, sistema de equilíbrio e separação de poderes.

Muito embora o conceito de Governança Corporativa possa ter nascido com o objetivo de

fornecer um maior nível de transparência em relação às empresas de capital aberto, com ações

negociadas em bolsas de valores, ele é hoje entendido como de fundamental importância para o

sucesso das organizações em geral.

Estrutura Governança Corporativa

De acordo com o IBGC (2009, p.3), a preocupação da Governança Corporativa é criar um

conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de

assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos

acionistas. A boa Governança proporciona aos propriétarios (acionistas ou cotistas) a gestão

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estratégica de sua empresa e a monitoração da direção executiva. As principais ferramentas que

asseguram o congtrole da propriedade sobre gestão são o conselho de administração, a auditoria

independete e o conselho fiscal. (IBGC, 2009, p.3)

Os Princípios da Governança Corporativa

Segundo o Instituto ATKWHH (<www.atkwhh.org.br>) o conceito de governança

corporativa foi-se desenvolvendo através de diferentes vias e um dos principias promotores do

tema foi a Organisation for Economic Co-Operation And Development - OCDE que construiu os

princípios, permitindo que se estabeleçam os seus pilares fundamentais:

� Os direitos dos accionistas.

� O tratamento equitativo dos accionistas.

� O papel dos terceiros fornecedores de recursos.

� Acesso e transparência da informação.

� A responsabilidade da directoria e do conselho de administração.

Os princípios da OCDE tomam-se como ponto de referência para que as empresas e

países desenvolvam os seus próprios princípios, obedecendo às suas particularidades e

necessidades.

O IBGC (2009) em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa cita os

princípios como sendo:

Transparência

Mais do que a obrigação de informar é o desejo de disponibilizar para as partes

interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por

disposições de leis ou regulamentos. A adequada transparência resulta em um clima de confiança,

tanto internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. Não deve restringir-se ao

desempnho economico-financeiro, contemplando tambem os demais fatores(inclusive

intangíveis) que norteiam a ção geerencial e que conduzem à criação de valor.

Equidade

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Caracteriza-se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais partes,

interessadas(stakeholders). Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são

totalmente inaceitáveis.

Prestação de Contas

Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, atuação, assumindo

integralmente as consequêcias de seus atos e omissões

Níveis de Governanca Corporativa . Agentes de Governança refere-se a sócios,

administradores9conselheiros de administração e executivos/gestores), conselheiros fiscais e

auditores.

Responsabilidade Corporativa

Os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando à

sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos

negócios e operações.

A Governança Corporativa no Mundo

Segundo Fonte (LODI, 2000, p.25), o

movimento da Governança Corporativa

elaborou os Códigos das Melhores Práticas nos

países anglo-saxônicos onde se originou. O

poderoso Fundo Calpers de funcionários

públicos da Califórnia, um dos maiores do mundo, costumava intimidar as empresas que não se

enquadrassem nos Códigos das melhores Práticas publicando uma lista de inadimplentes. A

técnica era confrontar as empresas e usar o escândalo da publicidade.

Na medida em que os poderosos fundos investem mais fora dos estados Unidos

encontram-se hábitos mais resistentes aos Códigos das Melhores Práticas. Os europeus estão

caminhando mais rápido para o padrão de conduta inglês e americano. Os asiáticos e japoneses

estão apenas acordando para a necessidade da Governança Corporativa (LODI, 2000, p.25).

A Governança Corporativa no Brasil

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No Brasil, o conceito de governança corporativa foi inicialmente introduzido a partir da

década de 90 pelos investidores estrangeiros que possuíam altos investimentos no mercado de

capitais brasileiro. Está também associado às relações entre acionistas, gestores, credores,

funcionários, clientes, comunidade e governos, e representa a totalidade de mecanismos

corporativos utilizados para proporcionar o retorno dos investimentos aos acionistas e para

dirimir os conflitos existentes entre acionistas minoritários e majoritários, administradores e

stakeholders que, interativa ou isoladamente, determinam as importantes decisões que são

tomadas pela empresa e o modo como elas são tomadas. (IBGC, 2003).

Mercado de Capitais e os Níveis de Governança Corporativa

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Mercado é o “local” onde se encontram quem quer comprar e quem quer vender e que, através de

um processo de negociação, determinam o preço e a quantidade do bem a ser

transaccionado/trocado entre ambos. Em qualquer mercado uma das variáveis chave é o preço, o

qual mede o valor do bem em termos monetários.

De acordo com a Comissão de Valores Monetários – CVM, o mercado de mercado de

valores mobiliários é definido pela Lei nº 6.385/76, em seu artigo 2º, os valores mobiliários

sujeitos ao seu regime são: ações, partes beneficiárias e debêntures, os cupões desses títulos e os

bônus de subscrição; certificados de depósito de valores mobiliários e outros títulos criados ou

emitidos pelas sociedades anônimas, a critério do Conselho Monetário Nacional, excluindo-se,

entretanto, os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal e os títulos cambiais de

responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures.

Esse conceito, entretanto, foi ampliado pela Medida Provisória nº 1.637/98, republicada

em 25 de agosto de 1999, sob o número 1.844-21, ao determinar, em seu artigo 1º, que

constituem valores mobiliários, sujeitos ao regime da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976,

quando ofertados publicamente, os títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem

direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante da prestação de

serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. Embora tenham

sido mantidas as exclusões apresentadas anteriormente, este conceito é mais amplo que o

anterior, pois são enunciadas as características representativas dos valores mobiliários, ao invés

de sua enumeração. Com isso, a competência da CVM também foi ampliada.

Assim, todas as atividades referentes a valores mobiliários e todos aqueles que estão

envolvidos com estas atividades compreendem o mercado de valores mobiliários e submetem-se

à disciplina e fiscalização da CVM.

É comum encontrarmos a caracterização do mercado de valores mobiliários, também

denominados de mercado de capitais, como aquele no qual as operações são normalmente

efetuadas diretamente entre poupadores e empresas, ou por meio de intermediários financeiros

não-bancários, diferenciando-se, do mercado financeiro, no qual os bancos atuam como parte na

intermediação, interpondo-se entre aqueles que dispõem de recursos e aqueles que necessitam de

crédito.

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Segundo a Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – Bovespa, mercado de capitais é um

sistema de distribuição de valores mobiliários que proporciona liquidez aos títulos de emissão de

empresas e viabiliza o processo de capitalização. É constituído pelas bolsas de valores,

sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.

A adesão às práticas de governança corporativa é realizada através adesão voluntária, para

as quais a Bovespa definiu um segmento especial, composto por três níveis que se diferenciam

pelo grau de aderência da companhia a essas práticas.

Para integrar a lista do Novo Mercado, segundo a BOVESPA(2008), a empresa tem que

ser uma companhia aberta com as seguintes obrigações: realização de ofertas públicas de

colocação de ações por meio de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital; manutenção

em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital; extensão a todos

os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da

companhia – tag along; estabelecimento de um mandato unificado de um ano para todo o

Conselho de Administração; disponibilização de balanço anual, seguindo as normas

internacionais de contabilidade; introdução de melhorias nas informações prestadas

trimestralmente, entre as quais a exigência de consolidação e de revisão especial; obrigatoriedade

de realização de uma oferta de compra de todas as ações em circulação pelo valor econômico, nas

hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo

Mercado; e, cumprimento de regras de disclosure em negociações envolvendo ativos de emissão

da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores da empresa.

As companhias do Nível 1 se comprometem, principalmente, com melhorias na prestação

de informações ao mercado e com a dispersão acionária. Assim as regras estabelecidas pela

BOVESPA(2008) para o nível 1 são: manutenção em circulação de uma parcela mínima de

ações, representando 25% do capital; realização de ofertas públicas de colocação de ações por

meio de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital; melhoria nas informações prestadas

trimestralmente(ITRs), entre as quais a exigência de consolidação e de revisão especial;

cumprimento de regras de disclosure em operações envolvendo ativos de emissão da companhia

por parte de acionistas controladores ou administradores da empresa; divulgação de acordos de

acionistas e programas de stock options; e, disponibilização de um calendário anual de eventos

corporativos.

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As companhias do Nível 1 e seus administradores deverão, ainda pelo menos uma vez ao

ano, realizar reunião pública com analistas de mercado e com quaisquer outros interessados, para

divulgar informações quanto à sua respectiva situação econômico –financeira, aos seus projetos e

às suas perspectivas futuras.

Para classificação como companhia do Nível 2, além da aceitação das obrigações contidas

no Nível 1, a empresa e seus controladores adotam um conjunto bem mais amplo de práticas de

governança e de direitos adicionais para os acionistas minoritários. A BOVESPA (2008)

estabelece resumidamente que os critérios de listagem de companhias do Nível 2 são: mandato

unificado de uma ano para todo o Conselho de Administração; disponibilização de balanço anula,

seguindo as normas internacionais de contabilidade; extensão a todos os acionistas detentores de

ações ordinárias das mesmas condições obtidas pelos controladores quanto a venda do controle

da companhia e de, no mínimo, 70% desse valor para os detentores de ações preferenciais; direito

de voto às ações preferenciais em algumas matérias, como transformação, incorporação, cisão e

fusão da companhia e aprovação de contratos entre companhia e empresas do mesmo grupo;

obrigatoriedade da realização de uma oferta de compra de todas as ações em circulação pelo valor

econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação

nesse Nível; e , adesão à Câmara de Arbitragem para a resolução de conflitos societários.

O mais recente segmento criado pela BOVESPA (2008), é o BOVESPA MAIS,

idealizado para tornar o mercado acionário brasileiro acessível a um número maior de empresas,

principalmente àquelas que sejam particularmente atrativas aos investidores que buscam

investimentos de médio e longo prazo e cuja preocupação com o retorno potencial sobrepõe-se à

necessidade de liquidez imediata. Esse segmento segue o mesmo principio do Novo Mercado,

que exige elevados padrões de governança corporativa e transparência. É indicado para empresas

que desejam ingressar no mercado de capitais de forma gradativa, destacando-se as empresas de

pequeno e médio porte que buscam crescer utilizando o mercado acionário como uma importante

fonte de recursos.

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O Profissional de Contabilidade e a Governança Corporativa

Sabe-se que no mundo corporativo a

informação é um dos itens mais valiosos. O

poder da informação é algo inquestionável.

Numa primeira estância toda organização utiliza

a combinação de várias informações para definir,

por exemplo, área de atuação, características de

produto, quantidade a ser produzida, metas a

serem atingidas e público-alvo. As informações a

respeito do segmento de negócio da organização

são ferramentas indispensáveis para um real

posicionamento no mercado, além de

diagnosticar como andam as vendas, como se

encontra o caixa, qual é a carga tributária, quais

os custos fixos e variáveis, quais os gastos que

podem ser reduzidos ou até eliminados, e a partir

destes dados tomar as decisões necessárias para a

contínua melhoria dos processos.

Neste momento a informação contábil

aparece como a mais confiável das fontes de

informação organizacional. O sistema contábil

abrange o processo de registro dos eventos

econômicos com a principal finalidade de

organizar, resumir informações que possam ser

consultadas a qualquer tempo e que forneçam o

perfil econômico em um determinado período ao longo do ciclo de vida do negócio (SALAZAR,

2004).

Hendriksen e Breda (1999) ao expor o enfoque mercadológico para a contabilidade,

defendem que haveria a necessidade de informação para permitir uma alocação ótima de recursos

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e também possibilitar que os investidores mantivessem suas carteiras de títulos alinhadas às

referencias de risco e retorno. Nessa linha, os autores reforçam o pensamento inicial em “a

informação (contábil) é uma das maneiras de reduzir a incerteza, dados aos contadores papel

importante na divisão de riscos entre administradores e proprietários” (HENDRIKSEN; BREDA,

1999, p.139).

O objetivo em se estudar a governança corporativa, sobre perspectiva contábil, é fornecer

evidências que a informação contida nos relatórios contábeis minimiza o conflito de agência

através de conteúdo básico para tomada de decisão tanto pelos executivos quanto pelos

fornecedores de capital (B&S 2001).

Criando uma transição rumo a contabilidade gerencial Hendriksen e Breda (1999)

afirmam que:

A contabilidade surge dentro desta visão teórica [teoria da agência] para contribuir com os mecanismos de governança, reduzindo o impacto dos conflitos de agência. Só mecanismo de controle gerencial, por exemplo, contribuem para que a empresa formada por pessoas com interesses diversos possa obter sucesso através da coordenação desses diversos interesses (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 181).

Finalmente, vale a pena adaptar uma visão sintética que explicita a contribuição essencial

das contabilidades para a governança corporativa.

Quadro 1: O Papel da Contabilidade para a Governança Corporativa

Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial

- mensurar as contribuições dos agentes;

- mensurar os direitos sobre o resultado;

- informar a adimplência contratual;

- distribuir informação para gerar liquidez; e

- informar para diminuir custos de negociação

dos contratos.

-responder ao comprometimento dos acionistas;

- salvaguardar o interesse residual do acionista;

- regular a transferência de direitos para títulos

em mercados financeiros; e

- suportar a escolha de administradores e

auditores.

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Gestão de Risco

Em seu artigo no livro Gestão de Risco no Brasil (2003), Antônio Marcos Duarte Jr,

aborda o tema gerenciamento de riscos corporativos. Segundo ele risco é uma medida de

incerteza associada aos retornos esperados de investimentos e está presente na rotina de

qualquer investimento, financeiro ou não.

Risco é um conceito com várias dimensões que abrange grupos como: risco de

mercado, risco operacional, risco de crédito e risco legal. Apesar de Duarte Jr. acreditar

que o gerenciamento de risco deva sempre ser tratado de forma conjunta, em seu artigo ele

apresenta as quatro dimensões de risco separadamente, para facilitar a compreensão.

- Risco de mercado: medida de incerteza relacionada aos retornos esperados de um

investimento em decorrência de variações em fatores de mercado como taxas de juros, taxas

de câmbio, preços de commodities e ações.

- Risco operacional: medida das possíveis perdas em uma instituição caso seus

sistemas, práticas e medidas de controle não sejam capazes de resistir a falhas humanas ou

a situações adversas de mercado.

- Risco de crédito: medida das possíveis perdas em uma instituição caso uma das

contrapartes em um contrato, ou um emissor de dívida, tenha alterada sua capacidade de

honrar suas obrigações.

- Risco legal: medida das possíveis perdas em uma instituição caso seus contratos

não possam ser legalmente amparados por falta de representatividade e;ou autoridade por

parte de um negociador, por documentação insuficiente, insolvência, ou ilegalidade.

O autor frisa que nem sempre é fácil diferenciar qual tipo de risco ocorre em

determinada situação e destaca ainda que ele possa variar de acordo com a ótica sob a qual

o problema é analisado.

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STAKEHOLDERS 2010

Conceito de Risco

Conforme Gambôa, Caputo e Bresciani (2004), o risco pode ser entendido como o perigo,

probabilidade ou possibilidade de um infortúnio, insucesso ou resultado indesejado. Já a gestão

de risco, segundo definição do PMI (PMBOK,2000), pode ser entendida como um processo

sistemático de identificar, analisar e responder aos riscos nas empresas, procurando obter

vantagem das oportunidades de melhoria sempre que possível.

De acordo com duas importantes referencias sobre gerenciamento de projetos, a norma

NBR ISSO 10006:2000 e o PMBOK(PMI, 2000), a gestão de riscos as empresas envolve alguns

processos:

• Identificação de riscos: consiste na determinação de quais riscos, internos e

externos, são mais prováveis de afetara a empresa e quais são os limites aceitáveis para

cada um deles;

• Avaliação de riscos: analise da probabilidade de ocorrência e impacto dos riscos

identificados, de maneira quantitativa e qualitativa;

• Desenvolvimento de reação ao risco: devem ser criados planos de contingência

para os riscos identificados e avaliados, com a finalidade eliminar ou minimizar os

impactos causados. É necessário avaliar sempre os efeitos positivos e negativos da

implementação dos planos de contingência;

• Controle de riscos: estabelecer um processo formal de identificação, avaliação de

desenvolvimento de resposta aos riscos do projeto, para que a situação dos riscos

associados seja constantemente monitorada e os planos de contingência estejam sempre

atualizados e prontos par a serem implementados.

A NBR ISSO 10006:2000 cita ainda que todo processo de gestão de risco deve ser

formalmente documentado e fazer parte das avaliações de processos na empresa.

Gestão de Pessoas e a Governança Corporativa

Conforme Albuquerque (2007), dentre outras coisas Gestão de Pessoas está ligada ao

desenvolvimento de pessoas e equipes, despertando talentos e desenvolvendo a liderança para a

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STAKEHOLDERS 2010

obtenção de melhores resultados para a organização. Segundo Fisher e Fleury (1998), gestão de

pessoas é o “conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização para orientar o

comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente trabalho” .

Para Hegel Botinha(2010), é

fundamental para todo negócio e para toda

empresa, ter uma gestão estratégica de

recursos humanos. Para ficar claro, Gestão

de Pessoas é conjunto de ações que vai

desde o recrutamento até o desenvolvimento

da pessoa alinhada aos objetivos

organizacionais, relacionados à visão,

missão, valores e planejamento estratégico.

Conforme Fernandes e Celme(2009),

os avanços observados nas últimas décadas

tem levado as organizações a buscarem

novas formas de gestão com o intuito de

melhorar, alcançar resultados e atingir a

missão institucional para o pleno

atendimento das necessidades dos clientes.

Nota-se também que o sucesso das

organizações modernas, depende muito do

investimento nas pessoas, com a

identificação, aproveitamento e

desenvolvimento do capital intelectual.

No 31º Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas - CONARH 2005 – discutiu-se o

tema: A agenda de RH nos modelos de governança, o consultor Renato Bernhoeft, um dos

integrantes dessa palestra, alerta que os profissionais de RH têm de estar sempre atento para que

haja uma coerência entre a orientação, a política e a filosofia dos grupos controladores e aquilo

que é adotado dentro da empresa. “RH precisa olhar para o acionista também como um de seus

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STAKEHOLDERS 2010

públicos; tem o papel de se aproximar do grupo de controladores e influenciá-lo no que se refere

às políticas de gestão de pessoas”.

A governança corporativa se aplica a todos os tipos de empresas, mas é necessário que

RH a olhe sob a perspectiva da origem de cada uma – estatal; multinacional ou de perfil

acionário; e familiar, salienta Bernhoeft, que o RH precisa ter a compreensão dos interesses dos

acionistas. “No discurso de RH, a preocupação com o bem-estar dos funcionários existe

historicamente”. As questões que se voltam à responsabilidade social mais ampla são novidade,

“mas é preciso também compreender as expectativas do acionista”. Entidades filantrópicas ou

ONG’s não são empresas; empresas “são organizações lucrativas, que têm de manter o alto grau

de capitalização e produtividade”. Segundo Bernhoeft (2005), “não estamos falando de um

modelo de capitalismo selvagem, mas sabemos que o socialismo, da forma como foi

estabelecido, também não trouxe resultados”.

Uma pequena loja e um laboratório inaugurados em 1969, em São Paulo, deram origem a

um complexo industrial e a uma força de vendas formada. Com quatro décadas de existência, a

Natura cuja razão social Natura Cosméticos S.A, inscrita sob o Desenvolver a Sigla Aqui (CNPJ)

nº.: 71.673.690/0001-07. É hoje um dos maiores fabricantes brasileiros de cosméticos, produtos

ANÁLISE DE DADOS COLETADOS DA NATURA

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STAKEHOLDERS 2010

de higiene e de perfumaria e, principalmente, reconhecida pelo seu comprometimento com a

qualidade dos produtos e serviços que desenvolve, produz e comercializa e com a qualidade das

relações que mantém com seus diferentes. Ao final de 2008, por 850 mil revendedoras autônomas

(as Consultoras Natura), tanto no Brasil como no exterior. Empresa de capital aberto, e suas

ações encontram-se disponíveis na BOVESPA no seguimento do Novo Mercado sua

denominação no pregão é NATU3.

Toda essa trajetória reflete uma constante expansão, em 2008, por uma receita bruta de R$

4,9 bilhões. Atualmente, as operações da Natura estão concentradas no Espaço Natura, no

município de Cajamar, região próxima a São Paulo. Inaugurado em 2001, o local é um centro

integrado de pesquisa, produção e logística e um dos maiores e mais modernos do gênero na

América Latina.

Quadro 2: Natura Compromisso com o Futuro

Natura Cosméticos S.A. CNPJ: 71.673.690/0001-07

Nomenclatura PREGÃO NATURA

Seguimento BOVESPA NOVO MERCADO

CARACTERIZAÇÃO Sim Não

1. A empresa apresenta aumento significativo com base anual, após aderirem a Governança Corporativa?

X

2. Possui auditor independente? X

3. A auditoria Interna é feita trimestralmente? X

4. A auditoria Interna é feita semestralmente? X

5. A auditoria Interna é feita anualmente? X

5. A empresa realiza auditoria Externa? X

6. A empresa apresenta sustentabilidade econômica? X

7. O auditor adota as normas internacionais de contabilidade? X

8. A empresa demonstra melhorias na gestão financeira? X

9. A transparência nos dados resultou em impactos positivos? X

10. Aumentou a credibilidade no mercado de capitais? X

11. O número de novos investidores aumentou? X

12. Teve melhoria na gestão de riscos? X

A Governança Corporativa na Natura

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STAKEHOLDERS 2010

A governança corporativa da Natura passou por uma significativa evolução, nos últimos

anos, especialmente a partir da abertura de capital, em 2004, e da adesão ao Novo Mercado da

Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA). Mais alta instância administrativa da Natura,

o Conselho de Administração é composto por três sócio-fundadores e por quatro conselheiros

externos independentes, que não ocupam nenhum cargo executivo internamente. A escolha dos

conselheiros levou em consideração qualificações, conhecimento em relação à sustentabilidade,

complementaridade de vivências executivas e ausência de conflitos de interesse (NATURA,

2004).

Os avanços na governança renderam à Natura o prêmio do Instituto Brasileiro de

Governança Corporativa (IBGC), em 2009, na categoria Evolução. O modelo também está sendo

reconhecido internacionalmente. Há três anos, a empresa integra o Company Circle of Latin

American Corporate Governance, uma associação formada por um grupo de corporações latino-

americanas, escolhidas pelo International Financial Corporation (IFC), do Banco Mundial, diante

da qualidade das práticas de governança. Em 2009, esse grupo lançou um guia com experiências

de sucesso desenvolvidas pelas empresas participantes (NATURA, 2009).

Mercado de Capitais e a Natura

Em 2009, foi realizada

uma oferta pública secundária de

ações, que ampliou de 26,2% para

39,5% a parcela do capital total da

Natura disponível para negociação

no mercado, ao preço R$ 26,50

por ação, o que resultou em

aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

Como conseqüência, novos

acionistas puderam se incorporar à

nossa base acionária.

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STAKEHOLDERS 2010

Em linha com as melhores práticas de governança, que recomendam a redução das

restrições para a compra de ações, a Natura decidiu abrandar as cláusulas dos chamados poison

pills, adotadas em 2004, na ocasião da abertura de capital. Essas cláusulas são regras que

protegem a companhia contra ofertas hostis para a tomada de controle acionário. Na época, a

decisão era bastante justificável (NATURA, 2009).

Atualmente, porém, a Natura já alcançou dimensão e maturidade suficientes no

relacionamento com o mercado de capitais que permitem abrandar tais restrições.

A regra anterior da Natura determinava que, um acionista ou grupo que alcançasse 15%

das ações, deveria obrigatoriamente lançar oferta para comprar os papéis de todos os demais

investidores, com um preço de aquisição acrescido de um prêmio de 50%. Após a alteração, o

percentual passou de 15% para 25%, e também foi retirada a exigência do prêmio. Ficou definido

que mesmo com a continuidade da cláusula, qualquer oferta só poderá ser formalizada a partir de

decisão dos acionistas, em Assembléia Geral (NATURA, 2009).

A governança foi responsável pelo fluxo dos processos, inicialmente dentro do Comitê de

Auditoria e depois no Conselho de Administração, que convocou uma Assembléia

Extraordinária, realizada.

Gráfico1: Altas e Baixas da Natura na Bovespa

Fonte: <http://natura.infoinvest.com.br/?language=ptb#grafico>

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STAKEHOLDERS 2010

Auditoria Interna

A Auditoria Interna da Natura é formada por um grupo independente de 20 colaboradores,

que se reportam exclusivamente ao Comitê de Auditoria, Gestão de Riscos e Finanças. Dessa

maneira, procuramos garantir a isenção do trabalho, uma vez que esse grupo não se reporta a

qualquer outra área da empresa. As auditorias internas envolvem uma série de testes e

procedimentos nos diversos processos da empresa para avaliar o ambiente de controle interno,

considerando, inclusive, as possibilidades de fraude. Em 2009, auditamos praticamente o dobro

do número de processos em comparação com o ano anterior – 13 auditorias, ante as 7 realizadas

em 2008 (NATURA, 2009).

Em 2009, a Auditoria Interna recebeu 24 denúncias, envolvendo todas as operações,

comunicadas por diferentes canais, com destaque para a Ouvidoria. Foram comprovados 12 casos

de irregularidades – os que configuraram desvio de conduta resultaram em seis desligamentos de

colaboradores e uma advertência. O levantamento não inclui denúncias envolvendo terceiros.

Todos os casos contribuíram para que aprimorássemos nossos mecanismos de controle

(NATURA, 2009).

Receita Líquida Consolidada

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STAKEHOLDERS 2010

A receita líquida consolidada foi de R$ 1.145,8 milhões no 4T08, com crescimento de

22,0% em relação à receita do 4T07. No Brasil, a receita líquida cresceu 20,1%, e no mercado

externo o aumento foi de 63,6% em reais (43,5% em moeda local ponderada).

A receita líquida consolidada em 2008 foi de R$ 3.618,0 milhões, uma evolução de 17,7% em

relação a 2007. No mercado interno, a receita líquida cresceu 16,3% e no mercado externo

aumentou 45,9% em reais (45,9% em moeda local ponderada). A participação da receita

proveniente do mercado externo na receita total passou de 4,7%, em 2007, para 5,9%, em 2008

(NATURA, 2008).

Custos e Despesas

No ano, o Custo dos Produtos Vendidos (CPV) apresentou redução, passando de 32,3%,

em 2007, para 31,9%, em 2008, em função, principalmente, de uma melhor gestão dos custos de

manufatura, menor incidência de perdas de produtos e promoções e menor alíquota média de

imposto na operação brasileira.

As despesas com vendas, como percentual da receita líquida, mantiveram-se estáveis em

33,8% no 4T08 e no 4T07. Houve aumento de despesas por conta da expansão do canal de

vendas nas operações internacionais e do processo de regionalização da área comercial na

operação brasileira. Estes gastos foram compensados por ganhos de produtividade na prestação

de serviços aos clientes no Brasil e pela redução do custo unitário da revista, nosso catálogo de

vendas.

No ano, as despesas com vendas, como percentual da receita líquida, passaram de 31,5%

em 2007 para 32,5% em 2008, devido ao aumento nas despesas de marketing no Brasil, conforme

planejado e divulgado em nosso plano de ação, além do forte crescimento do canal de vendas nas

operações internacionais.

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STAKEHOLDERS 2010

As despesas administrativas, como percentual da receita líquida, apresentaram redução de

210 pontos-base, passando de 13,1% no 4T07 para 11,0% no 4T08. Esta diminuição, influenciada

principalmente por eventos na operação brasileira, foi parcialmente compensada por maiores

gastos com as operações internacionais, reflexos das despesas na estrutura montada para apoiar

os estudos e o planejamento nos Estados Unidos e de uma maior provisão para participação nos

lucros relativa a 2008.

No ano, as despesas administrativas, como percentual da receita líquida, passaram de

12,7%, em 2007, para 11,6%, em 2008, basicamente pelos mesmos fatores citados acima.

Das Demonstrações Contábeis da Natura

As demonstrações contábeis foram elaboradas e estão sendo apresentadas de acordo com

as praticas contábeis adotadas no Brasil e as normas estabelecidas pela Comissão de Valores

Mobiliários - CVM, em consonância com a Lei das Sociedades por ações, incluindo as alterações

promovidas pela Lei nº 11.638/07 e pela Medida Provisória nº 449/08(NATURA, 2009).

Na elaboração das demonstrações contábeis, é necessário que a Administração faça uso de

estimativas e adote premissas para a contabilização de certos ativos, passivos e outras transações,

entre elas a constituição de provisões necessárias para riscos tributários, cíveis e trabalhistas, e

perdas relacionadas a contas a receber e estoques, e a elaboração de projeções para realização de

imposto de renda e contribuição social diferidos, as quais, apesar de refletirem o julgamento da

melhor estimativa possível por parte da Administração da Sociedade e de suas controladas,

relacionadas à probabilidade de eventos futuros, podem eventualmente apresentar variações em

relação aos dados e valores reais (NATURA, 2008).

Visão Evolutiva do Modelo de Gestão de Riscos da Natura

De acordo com o IBCG (2008), em 2006 o Conselho de Administração da Natura

requisitou o inicio de um Projeto de Gestão de Riscos ao Comitê de Auditoria e de Gestão de

Riscos de Finanças, que havia sido criado em 1999. O Conselho pediu ao Comitê que estudasse a

possibilidade de consolidar a gestão de riscos, que já era feita de forma descentralizada, criando

uma metodologia única para tal.

A Área de Auditoria Interna da Natura, que reporta ao Comitê, teve seu escopo de

atualização aumentando para a solicitação do Conselho e se tornou responsável por executar o

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STAKEHOLDERS 2010

projeto. Naquele momento, não havia ainda uma área de Gestão de Riscos (GR) especifica na

Natura.

No mesmo ano, foi criado um modelo de governança para gestão de riscos dom fóruns de

decisão, regras de delegação e composição bem definidos.

Natura – Gestão de Riscos

O IBCG divulgou em 2008 o funcionamento do Comitê de Auditoria e de Gestão de

Riscos e de Finanças da Natura, e que segue uma freqüência, dinâmica e regras de rotatividade

descritas abaixo:

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

• Deliberativo

• Decide sobre as recomendações feitas pelo Comitê de GR

COMITÊ DE AUDIOTORIA E DE GESTÃO DE RISCOS E DE FINANÇAS

• Não deliberativo

• Prioriza as recomendações da área de GR e transmite para o Conselho de Administração

• Três membros (conselheiro membro da administração, consultor externo)

ÁREA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

• Padroniza o envio de informações das áreas

• Consolida resultados das diversas áreas e transmite para o comitê de GR

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STAKEHOLDERS 2010

• As reuniões com o conselho são bimestrais;

• As reuniões com a área de Auditoria são mensais;

• O comitê convida gestores que tenham matéria em pauta na reunião a participar do

encontro;

• As decisões de comitê são tomadas por maioria, mas sempre se busca o consenso;

• Os membros do Comitê têm mandato de um ano renovável pelo mesmo período. Não

há limite para o número de vezes que o mandato pode ser renovado.

Segundo o IBCG em 2005, a Natura contratou uma consultoria externa pra auxiliá-la no

desenvolvimento do modelo de gestão de riscos. Foi criado então um piloto com base na

metodologia do COSO.

Este piloto partiu da seleção de um processo especifico. Os riscos desse processo foram

identificados, priorizados e quantificados. O Comitê levou esses resultados para avaliação do

conselho. Que pode decidir como gerir os ricos estratégicos. Com isso o Conselho assumiu a

responsabilidade da gestão de riscos que afetam significativamente a empresa quando não

mensuráveis, os que provocam danos á imagem da empresa independente da gravidade de sua

repercussão.

Desafios

Com base nas apresentações feitas pela Natura, o Comitê de Gestão de Riscos identificou

as principais lições aprendidas nos seguintes itens: Abordagem, Organização, Processos e

Desafios.

Os desafios enfrentados pela Natura na evolução da gestão de riscos apresentam alguns

pontos em comum. Dentre os quais se destacam:

• Processo - existência de processos ineficientes dificulta a gestão de riscos;

• Comunicação - Criar nos gestores a consciência de que são eles os responsáveis pela

gestão de riscos da sua área;

• Mudança de comportamento - Absorção e customização dos conceitos;

• Implementação - Tornar a gestão de riscos integrada à gestão rotineira do processo.

Gestão de Pessoas da Natura

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STAKEHOLDERS 2010

O Planejamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos (PDRH)

O PDRH é um processo institucionalizado pela Natura para identificar, adquirir e

desenvolver competências necessárias aos seus recursos humanos. Também está inserido no

planejamento estratégico e é ferramenta para o desenvolvimento de sucessores dentro da

empresa.

Ele é composto por:

� Desenvolvimento organizacional, onde a Natura anualmente analisa e define o

melhor desenho organizacional, identifica suas competências atuais e futuras, define e verifica

seus processos, políticas e sistemas de gestão, com a intenção de buscar o processo mais

adequado na busca de seus objetivos estratégicos.

� PGD - Processo de Gerenciamento de Desempenho que é uma abordagem

dinâmica e contínua voltada ao planejamento, desenvolvimento e acompanhamento do

desempenho do colaborador e do seu crescimento pessoal e profissional. Ele se baseia em mapear

os recursos humanos da empresa, para identificar performances diferenciadas e estimular uma

cultura de alto desempenho na empresa.

� Treinamento e Desenvolvimento, acreditando que a evolução contínua dos

indivíduos é fundamental para o crescimento e, por isso, investem em treinamento e

desenvolvimento profissional e pessoal dos colaboradores com programas e ferramentas

específicos a cada realidade.

� Recrutamento e Seleção, os gestores de pessoal da Natura consideram que é

primordial a formação de um quadro de pessoal competente, motivado e alinhado com as

diretrizes e valores proposto pela empresa. Os processos de Recrutamento e Seleção valorizam a

diversidade como forma de estimular as contribuições dadas por pessoas de diferentes culturas,

raças, religiões, sexo e experiências anteriores, sejam elas pessoais ou profissionais. Priorizam o

recrutamento interno como forma de valorizar, motivar, desenvolver e oferecer oportunidades de

crescimento aos colaboradores.

Acreditamos que um bom clima organizacional é fator fundamental para o sucesso da nossa organização, pois é através dele que podemos vivenciar a nossa razão de ser "Bem estar Bem" e criar condições para o alinhamento e comprometimento de todos os colaboradores em torno de nossos desafios. (NATURA, 0000, p.00 – grifo do autor).

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STAKEHOLDERS 2010

Segundo Maria Odete (2008), existe algumas vantagens na Seleção por Competências:

• Seleção feita com mais foco, mais objetividade e por um processo sistemático.

• Maior facilidade para prever o desempenho futuro.

• Maior garantia de uma contratação de sucesso.

• “Boa adequação do profissional à empresa e à atividade a ser desempenhada»

Turnover mais baixo e melhora na produtividade

• Evita prejuízos com reabertura de processos seletivos e com funcionários

ineficientes.

• Diminui a influência de opiniões, sentimentos ou preconceitos dos selecionadores.

• O candidato tende a não mentir, pois deve citar um fato que realmente ocorreu.

• Fornece dados concretos sobre desempenho do candidato, facilitando o feedback

para o candidato.

• Fortalece a parceria entre área requisitante e área de Seleção

• A área de Seleção ganha maior credibilidade junto aos seus clientes requisitantes.

• A área de Seleção faz um marketing positivo da empresa junto aos candidatos,

passando uma imagem de profissionalismo, ética e respeito pelo ser humano.

De acordo com Dom de Luca (2010), criar um contrato de competências é o que parece

ser feito na Natura, uma das maiores companhias de cosméticos do país, onde a avaliação é

denominada Processo de Gestão de Desempenho (PGD). Andrea Vernacci, gerente de RH da

empresa, explica que:

A companhia “contrata” as metas e os comportamentos, que chamam de competências, que cada colaborador precisa demonstrar durante o ano. No meio do ano, realizamos a revisão dessas metas e competências, damos feedback aos colaboradores e, depois, no início do ano seguinte, é feita a avaliação e a contratação das próximas (MELHOR, 2010).

Todas as metas são baseadas no Planejamento Estratégico Natura (PEN). Andrea conta

que cada área realiza seu planejamento estratégico e seu plano operacional, que direcionam os

objetivos que cada funcionário precisa atingir. E o contrato de desempenho é o plano que o

trabalhador tem a cumprir durante o ano. Se a avaliação ficar abaixo do esperado, isso é discutido

e trabalhado internamente em cada área.

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STAKEHOLDERS 2010

Ficar aquém do que se esperava pode significar, na Natura, ficar de

fora do programa Bolsa de Oportunidade Global, que gera oportunidades na

carreira de um profissional nos vários países em que a empresa atua.

"Esse projeto aciona determinadas áreas da empresa como o RH e, nesse

plano, também sou avaliada. A metodologia de avaliação, de forma geral, tem

indicadores claros de resultados como o Índice de Não Atendimento. Existe

uma série de projetos para diminuir as falhas do atendimento às

consultoras, como a reciclagem e a revisão de metas", conta Andrea (

MELHOR, 2010).

De acordo com o gerente de RH Flávio Pesiguelo (MELHOR, 2010),

o processo de gestão de desempenho na Natura ocorre há alguns anos e não

encontra resistências por parte dos funcionários. Pelo contrário, as pessoas querem saber quais os

objetivos delas e pelo que serão avaliadas e retidas. Ela ressalta que, como as metas são claras e

objetivas, a mensuração não tem segredo e completa que em “casos nos quais há uma avaliação

mais subjetiva, usamos uma metodologia de avaliação de projetos com comitês - formados por

gerentes e diretores - que avaliam de acordo com a validade, o cumprimento de prazo e a

qualidade”.

Andrea, da Natura: Contratação de Metas e Comportamentos.

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STAKEHOLDERS 2010

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Governança Corporativa é

o sistema pelo qual se tenta alinhar

interesses das organizações na

figura de seus proprietários,

conselho de administração,

diretoria e órgãos de controle com

a finalidade de preservar e

aperfeiçoar o valor da

organização, facilitando seu acesso

ao capital e contribuindo para a sua

longevidade. Sua questão básica é

a preocupação de melhoria da

gestão, o que envolve como formar

um bom Conselho ou como utilizar

a Auditoria Externa, a fim de se

obter uma gestão mais eficiente,

responsável e transparente.

A partir do tema

“Desempenho econômico-

financeiro de empresas que

aderiram à Governança

Corporativa”, aqui se realizou uma

análise da “Aplicabilidade do

Conceito, dos Princípios e

Indicadores à Gestão de Riscos nas

Empresas”, em que se busca traçar

o panorama do ambiente contábil

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STAKEHOLDERS 2010

que a circunda, possibilitando avaliar aspectos inerentes à realidade investigada. Dessa forma,

tomou-se como objeto de análise, para uma compreensão mais ampla da Governança Corporativa

e a real necessidade deste plano gerencial para a empresa Natura Cosméticos S.A., mostrando a

relação das organizações inseridas no processo da sustentabilidade, tendo o profissional contábil

como um dos seus principais estruturadores.

Assim, a pesquisa em questão buscou investigar a participação do Contador em todo o

processo da governança e sua contribuição em busca da sustentabilidade econômica empresarial,

chegando à conclusão de que o apoio do profissional contábil é de vital importância, fornecendo

dados financeiros e não financeiros de forma clara e precisa, auxiliando na tomada de decisões.

Para fornecer dados a todos os interessados, ele lança mão principalmente, das demonstrações

contábeis. Onde serão alocadas todas as informações necessárias a fim de viabilizar as tomadas

de decisões. Neste contexto as notas explicativas das demonstrações contábeis terão uma

importância fundamental no momento de se demonstrar os aspectos sustentáveis da empresa,

como provisões para futuros investimentos, registrando não somente os dados passados e

presentes, mas também os futuros.

Buscou também analisar o desempenho econômico-financeiro da empresa Natura

Cosméticos S.A que aderiu à Governança Corporativa, pesquisar as políticas de Recursos

Humanos adotadas pela empresa, identificando os dados sobre Governança Corporativa, junto à

Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e

levantando as normas e atribuições dos membros dos órgãos administrativos e fiscais da empresa

analisada. Feito isso, verificou-se que os resultados pró-forma dos blocos Brasil, operações em

fase de consolidação e operações em fase de implantação. A margem de lucro auferida nas

exportações do Brasil para as operações internacionais foi subtraída do CPV das respectivas

operações, demonstrando o real impacto dessas subsidiárias no resultado consolidado da empresa.

Desta forma, a Demonstração de Resultados pró-forma Brasil apresenta apenas o total das vendas

realizadas no mercado interno.

Quando se discutiu a minimização da assimetria de informação existente entre a empresa

e os diversos agentes envolvidos, a saber, os acionistas, credores, fornecedores e empregados, no

intuito de atender a nova demanda do mercado em relação às mudanças que se avizinhavam,

principalmente com relação às normas que regem os procedimentos contábeis, verificou-se que a

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empresa Natura representa o que de fato deveria ser o comportamento comum a toda

organização. Ser ético em seus processos, prestar contas de forma clara e segura a todos que dela

dependem, assim como tratar todos com igualdade desde os funcionários até os clientes.

O vasto material teórico encontrado e a liberdade para a coleta de informações implicaram

em melhor compreender o conceito de Governança Corporativa e relacioná-lo aos conceitos

aplicados pela Contabilidade de Custos, ao Mercado de Capitais, à Legislação Trabalhista e à

Gestão de Pessoas, em interdisciplinaridade, já que a globalização traz ao Brasil grandes

expectativas de crescimento empresarial e a Natura está totalmente envolvida, dando-nos

oportunidade de consultar seus dados que ficam expostos, atendendo ao requisito da

transparência. Para tanto, esta pesquisa de caráter qualitativo desenvolveu-se por coleta

bibliográfica e eletrônica, por meio de jornais, revistas e sites da referida empresa e elegeu a

análise comparativa de indicadores financeiros e de desempenho econômico na Bolsa de Valores

de São Paulo (BOVESPA) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para tratamento de seus

dados.

Assim, para compreender a importância em se adotar as práticas de Governança

Corporativa para a sustentabilidade econômica de uma empresa, verificando a real necessidade

deste plano gerencial, tendo o profissional contábil como um de seus principais estruturadores na

empresa Natura Cosméticos S.A., a seguinte pergunta foi proposta: Qual a importância em se

adotar as práticas de Governança Corporativa para a sustentabilidade econômica da empresa

Natura Cosméticos S.A?

Os dados sobre Governança Corporativa, junto à Bolsa de Valores de São Paulo

(BOVESPA) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) demonstraram que governança

corporativa da Natura passou por uma significativa evolução, nos últimos anos, especialmente a

partir da abertura de capital, em 2004, e da adesão ao Novo Mercado da Bolsa de Valores de São

Paulo (BM&FBOVESPA).

Sobre o processo de Gestão de Riscos na empresa verificou-se que segundo o IBCG em

2005, a Natura contratou uma consultoria externa pra auxiliá-la no desenvolvimento do modelo

de gestão de riscos. Foi criado então um piloto com base na metodologia do COSO.

Este piloto partiu da seleção de um processo especifico. Os riscos desse processo foram

identificados, priorizados e quantificados. O Comitê levou esses resultados para avaliação do

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conselho. Que pode decidir como gerir os ricos estratégicos. Com isso o Conselho assumiu a

responsabilidade da gestão de riscos que afetam significativamente a empresa quando não

mensuráveis os que provocam danos á imagem da empresa independente da gravidade de sua

repercussão.

E a respeito das políticas de Recursos Humanos adotadas por empresas que aderiram à

Governança Corporativa, encontra-se que o Planejamento e Desenvolvimento de Recursos

Humanos (PDRH) é um processo institucionalizado pela Natura para identificar, adquirir e

desenvolver competências necessárias aos seus recursos humanos. Também está inserido no

planejamento estratégico e é ferramenta para o desenvolvimento de sucessores dentro da empresa

Foi possível concluir que à aplicação dos princípios da governança corporativa que é um

modelo de gestão das empresas colaboram no alcance da sustentabilidade empresarial, assunto

este que ainda gera dúvidas, sendo muitas vezes confundido.

O estudo mostrou que a sustentabilidade é mais, vai além da preservação financeira que,

claro não pode ser deixada de lado, mas devem ser levados em conta outros aspectos que

identificam uma empresa sustentável, como respeito aos colaboradores diretos e indiretos,

promoção do bem estar social através de incentivos a cultura e outras tantas atitudes que seria

inviável relacionar nesse trabalho por serem inúmeras.

Concluímos que as diretrizes não podem ser medidas por ações únicas, e sim por

processos contínuos que demandam investimentos com retornos acontecendo a, médio e longo

prazo, e que para tanto dependem de planejamento que irão gerar decisões de níveis estratégicos

amparados por informações corretas. Os investimentos em projetos que garantam viabilidade a

partir destas informações fornecidas pelo profissional contábil, sendo possíveis à elaboração de

novos projetos e a manutenção dos já existentes. Nas Demonstrações contábeis é que estará

evidenciado o nível de governança e sustentabilidade da organização. A partir do momento em

que a contabilidade passa a ter a responsabilidade de informar com transparência todos os dados

que estão sobre o seu controle e a contribuir com a geração de recursos que serão aplicados aos

projetos sociais e culturais.

Governança é um modelo de gestão que mostra que todos podem usufruir dos resultados

alcançados direta ou indiretamente, pois o lucro a qualquer preço já está sendo questionado, e

iniciativas de projetos sociais e ambientais são muito bem vistas pelo mercado. A empresa tem

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como responsabilidades gerar empregos, qualificar seus profissionais, investir na sociedade em

seu entorno e outras tantas mais, sendo o fio condutor do progresso. Progresso este que não pode

e não deve colocar em risco as gerações futuras. A governança pode ser considerada a porta de

entrada para a sustentabilidade econômica e, um dos profissionais responsáveis por abrir e manter

esta porta aberta é o contador. Então podemos concluir que os objetivos propostos inicialmente

por este estudo foram satisfeitos em sua totalidade.

Por se tratar de um tema de tamanha abrangência não foi possível esgotar todos os

estudos a respeito. Temos como sugestão de estudos futuros, o aprofundamento do tema pelo

ponto de vista da contabilidade. Principalmente após a conclusão dos processos de mudanças que

se avizinham em relação às normas brasileiras em atendimento às normas internacionais – IFRS.

Investigando qual nível de afetação gerado à governança aplicada no Brasil por estas

mudanças.Após o término da análise de todos os dados coletados, acabamos por atingir aos

objetivos propostos neste estudo, sendo possível responder a todos os questionamentos.

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