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i CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC DIVISÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR Estudo de Caso: Processo de Exportação de Cachaça para a França e Processo de Importação de Lentes de Contato da China Ana Carolina Rizzo Celeghin David Pascal Eric Bavon Julio Medeiros Rafael Rodrigues Ventrella Raphael Naves dos Santos São Paulo, SP 2.010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC DIVISÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR

Estudo de Caso: Processo de Exportação de Cachaça para a França e

Processo de Importação de Lentes de Contato da China

Ana Carolina Rizzo Celeghin David Pascal Eric Bavon

Julio Medeiros Rafael Rodrigues Ventrella

Raphael Naves dos Santos

São Paulo, SP 2.010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC DIVISÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR

Estudo de Caso: Processo de Exportação de Cachaça para a França e

Processo de Importação de Lentes de Contato da China Alunos: Ana Carolina Rizzo Celeghin

David Pascal Eric Bavon Julio Medeiros Rafael Rodrigues Ventrella Raphael Naves dos Santos

Orientadores: Prof. Me. Hideo Hori

Profa. Marina Galvão

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) como parte dos requisitos para conclusão do curso aperfeiçoamento em Comércio Exterior – Práticas, Rotinas e Procedimentos.

São Paulo, SP 2.010

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Dedicatória

Dedicamos o presente trabalho a todas as pessoas, quer sejam

familiares, professores ou amigos, que de alguma forma contribuíram

para a elaboração deste estudo.

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Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus por ter iluminado o nosso caminho durante toda

nossa vida.

Gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a

elaboração deste trabalho, principalmente ao representante comercial Gustavo Daud da Feat

Transportes Internacionais e ao agente comercial Michel Campillo por todo o carinho e

colaboração que nos dedicaram. Em especial gostaríamos de agradecer nossos orientadores

Prof.ª Marina Galvão e Prof. Me. Hideo Hori.

Agradecemos também ao Centro Universitário SENAC pela qualidade do ensino que

nos foi oferecido, aos professores que nos ajudaram ao longo de mais esta fase de nossa vida

acadêmica e a todos os nossos amigos pelo companheirismo e incentivo que nos deram forças

para cumprir mais esta importante etapa da vida.

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“Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem

não quer fazer nada, encontra uma desculpa.”

Roberto Shinyashiki

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Sumário

1. Introdução ......................................................................................................................... 01

2. Objetivo ............................................................................................................................ 02

3. Revisão de Literatura ........................................................................................................ 03

4. Materiais e Métodos ......................................................................................................... 21

5. Resultados e Discussão .................................................................................................... 30

6. Conclusão ......................................................................................................................... 35

7. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 36

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Índice

1. Introdução ......................................................................................................................... 01

2. Objetivo ............................................................................................................................ 02

3. Revisão de Literatura ........................................................................................................ 03

3.1. Comércio Exterior .................................................................................................... 03

3.1.1. Exportação ...................................................................................................... 03

3.1.2. Importação ...................................................................................................... 03

3.2. Relações Comerciais Internacionais do Brasil .......................................................... 04

3.2.1. O Regulamento Aduaneiro ............................................................................. 04

3.2.2. O Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) ................................. 05

3.3. Barreiras ao Comércio Internacional ........................................................................ 05

3.4. Negociação Internacional .......................................................................................... 08

3.4.1. Culturas Organizacionais ................................................................................ 08

3.4.2. Classificação de Mercadorias ......................................................................... 08

3.4.3. Termos Internacionais de Comércio ............................................................... 09

3.4.4. Logística Internacional ................................................................................... 11

3.4.5. Seguro Internacional ....................................................................................... 12

3.4.6. Processo de Exportação .................................................................................. 13

3.4.6.1. Documentos Necessários para Exportação ...................................... 13

3.4.6.2. Regimes Aduaneiros Especiais na Exportação ................................ 15

3.4.7. Processo de Importação .................................................................................. 16

3.4.7.1. Documentos Necessários para Importação ...................................... 16

3.4.7.2. Regimes Aduaneiros Especiais na Importação ................................ 17

3.4.8. Despacho e Desembaraço Aduaneiro ............................................................. 18

3.4.9. Operações de Câmbio ..................................................................................... 19

4. Materiais e Métodos ......................................................................................................... 21

4.1. Descrição da Área de Estudo .................................................................................... 21

4.1.1. Exportação ...................................................................................................... 21

4.1.1.1. País: França ...................................................................................... 21

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4.1.1.1.1. Relações Comerciais França – Brasil ............................. 22

4.1.1.1.2. Formas de Negociação com os Franceses ....................... 22

4.1.1.2. Produto: Cachaça ............................................................................. 23

4.1.1.2.1. Condições do Mercado ................................................... 24

4.1.1.2.2. Dados para Exportação ................................................... 24

4.1.2. Importação ...................................................................................................... 25

4.1.2.1. País: China ....................................................................................... 25

4.1.2.1.1. Relações Comerciais China – Brasil ............................... 26

4.1.2.1.2. Formas de Negociação com os Chineses ........................ 27

4.1.2.2. Produto: Lentes de Contato .............................................................. 27

4.1.2.2.1. Condições do Mercado ................................................... 28

4.1.2.2.2. Dados para Importação ................................................... 29

5. Resultados e Discussão .................................................................................................... 30

5.1. Processo de Exportação. ........................................................................................... 30

5.2. Processo de Importação. ........................................................................................... 32

6. Conclusão ......................................................................................................................... 35

7. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 36

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Lista de Figuras

Figura 1. Localização geográfica da França. ....................................................................... 21

Figura 2. Localização geográfica da China. ........................................................................ 25

Figura 3. Simulação tributária da importação de Lentes de Contato. ................................. 29

Figura 4. Fluxograma de um Processo de Exportação. ....................................................... 30

Figura 5. Fluxograma de um Processo de Importação. ....................................................... 32

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Lista de Quadros

Quadro 1. Exemplos de barreiras às exportações brasileiras. ......................................... 06 e 07

Quadro 2. Formação do preço de exportação da cachaça para a França. ........................ 31

Quadro 3. Impostos e taxas incidentes na importação de lentes de contato da China. .... 33

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Resumo

O presente estudo envolve o levantamento das relações comercias internacionais

brasileiras com a França e a China, por meio da simulação de um processo de exportação e de

importação. A principal motivação para esta proposta de trabalho foi o atual crescimento do

país no cenário internacional e a importância que o comércio exterior exerce na economia

nacional. Os objetivos específicos do estudo envolvem a realização de uma simulação de um

processo de exportação para a França e de um processo de importação da China. Espera-se

que os resultados deste estudo possam ser utilizados para facilitar as análises das relações

comerciais dos países envolvidos e promover melhorias no sistema de exportação e

importação do Brasil.

Palavras-chave: Processo de Exportação, Processo de Importação.

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1. Introdução

O comércio internacional esteve presente através de grande parte da história da

humanidade, mas a sua importância econômica, social e política tornou-se crescente apenas

nos últimos séculos. O avanço industrial e dos meios transportes, o surgimento das

corporações multinacionais e a globalização tiveram grande impacto no incremento deste

comércio.

O comércio internacional originou-se dos contatos surgidos na busca de atendimento

as necessidades das nações e é definido como o conjunto de troca, compra e venda de bens e

serviços que possibilitam a migração de capitais entre países.

No Brasil o crescimento das exportações e importações reveste-se de importância

estratégica, tanto para as empresas quanto para o governo. Para as empresas,

exportar/importar significa melhorar a rentabilidade das operações, crescimento da

produtividade, diminuição da carga tributária, redução da dependência das vendas internas,

experiência pela atuação em outros mercados, estímulo para aumentar a eficiência e a

competitividade, aperfeiçoamento de recursos humanos e dos processos industriais, além da

redução de riscos. Para o governo, o aumento nas exportações/importações contribui para a

obtenção de superávit na balança comercial, aquecimento da economia e aumento na criação

de empregos formais.

Como forma de analisar as operações de comércio exterior no Brasil, foi realizado um

estudo através das simulações de um processo de exportação de cachaça para a França e de

um processo de importação de lentes de contato da China, que pretende facilitar as análises

das relações comerciais dos países envolvidos e promover melhorias no sistema de exportação

e importação do país.

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2. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo principal avaliar as condições das relações comercias

internacionais brasileiras com a França e a China, examinando o atual crescimento do país no

cenário internacional e a importância que o comércio exterior exerce na economia nacional,

com o objetivo de facilitar as análises das relações comerciais dos países envolvidos e

promover melhorias no sistema de exportação e importação do Brasil.

Os objetivos específicos do estudo envolvem a realização de uma simulação de um

processo de exportação de cachaça para a França e de um processo de importação de lentes de

contato da China.

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3. Revisão de Literatura

3.1. Comércio Exterior

O comércio exterior é uma atividade econômica regulada, no plano interno, pelos

estados-nacionais, e no plano internacional, por um sem-número de acordos comerciais,

tarifários, de transporte, entre outros (WIKIPEDIA, 2010).

3.1.1. Exportação

Exportação é a venda de bens para uma empresa em outro país. É a saída regulamentar

de mercadorias para além da fronteira territorial de um país.

As exportações poderão ser com cobertura cambial ou sem cobertura cambial. Diz-se

que uma exportação é com cobertura cambial quando implica um pagamento a ser efetuado

pelo importador estrangeiro. A exportação é sem cobertura cambial quando não acarretar um

pagamento da parte do importador estrangeiro. É o caso de amostras, donativos, bagagem de

passageiros, mercadorias em retorno, exportação temporária ou mercadorias destinadas a

feiras e exposições (caso não sejam vendidas). Uma exportação sem cobertura cambial poderá

ocorrer, também, no caso de uma remessa de bens para o exterior a título de investimento no

país estrangeiro (GRANATYR, 2010).

A exportação é a principal forma de entrada de divisas, imprescindíveis às

importações de mercadorias para suprir as necessidades básicas de um país, bem como para

pagamento de seus compromissos externos. A exportação agrega parcela significativa na

formação do Produto Interno Bruto (PIB) de país com tendência exportadora, contribuindo de

forma decisiva para o seu desenvolvimento socioeconômico (GRANATYR, 2010).

3.1.2. Importação

Denomina-se importação a entrada de mercadorias em um país, provenientes do

exterior.

A importação poderá, também, ser com cobertura cambial ou sem cobertura cambial,

conforme implique ou não um pagamento a ser efetuado pelo importador nacional

(GRANATYR, 2010).

Mesmo não gerando emprego dentro do país, a importação é conveniente porque

permite ao país comprador adquirir uma mercadoria de alta tecnologia, obtida por meio de

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caríssima pesquisa e de muitos anos de experiência. Como no caso de produtos farmacêuticos,

onde o país comprador poderá, com o correr dos anos, produzir esse produto, mas nesse

espaço de tempo comprará de quem já dispõe da mercadoria pronta (GRANATYR, 2010).

O processo de compra no exterior propicia um intercâmbio entre os países,

denominado mercado mundial. Tal procedimento favorece a aquisição de novas tecnologias, a

modernização do parque fabril e facilita o encontro de fornecedores alternativos, que poderão

oferecer produtos e serviços a preços competitivos e de melhor qualidade (GRANATYR,

2010).

3.2. Relações Comerciais Internacionais do Brasil

As exportações brasileiras e mundiais veem crescendo desde o fim da Segunda Guerra

Mundial, porém foi a partir da década de 90, com a abertura brasileira para o comércio

internacional (iniciada no governo Fernando Collor de Mello e intensificada pelos governos

Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva), que o Brasil passou a acentuar seu

processo de internacionalização, aumentando significativamente, suas exportações e

importações (RIZZO, 2010).

A globalização e a abertura de mercado tiveram grande impacto nos negócios

nacionais e no ambiente competitivo das empresas, obrigando o governo a ser mais atuante na

quebra das barreiras alfandegárias e na busca de novos mercados.

3.2.1. O Regulamento Aduaneiro

A gestão de negócios das empresas com o comércio exterior dever sempre seguir as

normas legais, respeitando o Regulamento Aduaneiro, para que suas exportações/importações

transcorram sem problemas, evitando penalidades e multas.

O novo Regulamento Aduaneiro baixado com o Decreto nº 6.759, de 05/02/09 deve

ser consultado sempre que necessário, pois é ele que dirige e orienta os operadores em suas

relações internacionais (CIESP, 2010).

Segundo o auditor-fiscal da Receita Federal da Alfândega de Viracopos em Campinas,

Rossano Wagner Torres de Andrade, uma infração pode ser caracterizada não apenas por uma

ação errada, mas também pela omissão de uma ação, voluntária ou involuntariamente, isso

significa que mesmo sem intenção, o exportador/importador pode ser penalizado caso esteja

envolvido em uma infração pela qual tenha sido beneficiado (CIESP, 2010).

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3.2.2. O Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex)

A década de 90 foi muito importante para o comércio exterior brasileiro, com a

implementação de várias mudanças estruturais na tentativa de diminuir a burocracia, e o ponto

mais importante nesta nova arquitetura foi a criação de uma ferramenta eletrônica de

gerenciamento das exportações e importações brasileiras: o Sistema Integrado de Comércio

Exterior (Siscomex).

Este sistema tem o objetivo de integrar as atividades de registro, acompanhamento e

controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo único e computadorizado de

informações. Trata-se de um sistema sem precedente no mundo, que engloba 100% das

operações de exportação e importação no Brasil (COMEXBLOG, 2010).

Outra vantagem deste sistema é o recolhimento de taxas e impostos, pois o importador

que promover o registro de Declaração de Importação irá recolher via débito automático em

conta corrente à taxa de utilização do Siscomex. Essa taxa, que não se aplica à exportação, é

paga juntamente com os impostos devidos na importação e varia conforme a quantidade de

itens declarados na importação (SENAC, 2010).

Segundo o Secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, desde a implantação do

Siscomex, empresas de grande porte confirmam a redução dos custos administrativos das

operações de comércio exterior, com reflexo nos preços finais, pois o sistema funciona como

um balcão único, onde todos os órgãos públicos brasileiros que monitoram o comércio

exterior estão integrados. Um exemplo é a Licença de Importação, cujo sistema direciona para

o órgão que tenha a competência legal para aprovar ou não a importação do produto, sendo

que no máximo em dois dias o importador pode consultar se a licença foi deferida e se o

embarque da mercadoria autorizado (SERPRO, 2010).

3.3. Barreiras ao Comércio Internacional

Considerando-se o cenário atual do comércio internacional é fundamental aumentar a

participação das exportações brasileiras no mercado mundial e para atingir esse objetivo é

necessária a identificação das barreiras existentes às nossas exportações, que servirão como

subsídios às negociações internacionais visando à eliminação dos obstáculos comerciais.

Segundo SENAC (2010), as principais barreiras nas relações comerciais internacionais

são:

• Barreiras tarifárias: firmado pelo aumento de impostos.

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• Barreiras não tarifárias: imposto através de procedimentos burocráticos, como as Licenças

de Exportação e Importação.

• Barreiras técnicas: exigência de elaboração de laudos e certificações.

• Barreiras impostas pela Organização Mundial de Comércio (OMC): que visam evitar

práticas como formação de cartel, trust, dumping e monopólio.

Existem barreiras prejudiciais e barreiras necessárias ao comércio entre os países, pois

embora de pregue com ardor o livre comércio, as nações preocupam-se muito em proteger sua

produção nacional. Afinal, a invasão de produtos vindos do exterior, acaba tomando o lugar

daqueles que são produzidos domesticamente e prejudicando a geração de empregos

(VAZQUEZ, 2006).

Conforme SENAC (2010), os principais esquemas protecionistas são:

• Subsídios,

• Barreiras Alfandegárias e Não-Alfandegárias,

• Licenças de Exportação e Importação,

• Quotas de Importação,

• Barreiras Técnicas.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os

principais exemplos de barreiras às exportações brasileiras nos Estados Unidos da América

(EUA) estão listados no Quadro 1:

Quadro 1. Exemplos de barreiras às exportações brasileiras.

Produto Barreira Observação

Suco de Laranja Tarifa

Tarifa específica de US$ 0,0785/litro (equivalente ad

valorem: 56%). Sem as restrições tarifárias, calcula-se que

o Brasil ocuparia todo o mercado americano.

Álcool Etílico Subsídios

As importações são taxadas em 2,5% pelo imposto de

importação e em US$0,54 por galão pelo imposto especial -

excise duty. O produtor interno não paga o excise duty,

como incentivo ao uso de combustíveis oxigenados.

Açúcar Quotas tarifárias

Exportações sujeitam-se a uma tarifa específica intraquota

de US$14,60/ton (equivalente ad valorem: 10,1%). Países

da América Central e Andinos estão isentos de tarifas. Com

o sistema de quotas as exportações de açúcar brasileiro para

os EUA recuaram 60%.

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Quadro 1. Exemplos de barreiras às exportações brasileiras (continuação).

Produto Barreira Observação

Fumo Apoio aos produtores

internos

Há determinação de que 75% do fumo utilizado na

fabricação do cigarro norte-americano deve ser produzido

localmente. Tarifa intraquota de US$ 0,386 a US$ 0,421

por kg (equivalente ad valorem: 108,2%).

Carne de Frango Subsídio

O preço médio das exportações americanas é muito inferior

aos preços internacionais médios. O comércio de aves com

os EUA é prejudicado pela falta de acordo sanitário entre as

partes, que também se justifica pelo receio do Ministério da

Agricultura de que o mercado brasileiro seja invadido pelas

carnes de frango norte-americanas.

Carne Suína Medidas sanitárias

A barreira é imposta devido ao registro, no passado, de

contaminação por aftosa e peste suína africana do rebanho

suíno brasileiro, porém não existem iniciativas concretas

para entendimentos sanitários.

Carne Bovina Falta de acordo sanitário

Não há equivalência de processos de verificação sanitária e

não existe reconhecimento de áreas livres ou de baixa

intensidade de enfermidades.

Frutas e Vegetais

Morosidade na

aplicação de medidas

sanitárias e

fitossanitárias

O órgão oficial americano (USDA) opera de maneira

vagarosa e burocrática na realização de exames e provas

para efetivo controle de doenças e pragas, bem como as

análises de risco.

Siderurgia e

Ferro-Ligas

Medidas antidumping e

direitos compensatórios

O Brasil é um dos países mais atingidos pelas medidas de

defesa comercial aplicadas pelos Estados Unidos, com

sobretaxas que vão de 6% a 142%.

Fonte: Modificado de MDCI, 2010.

Os Estados Unidos possuem várias barreiras para proteger seu setor agrícola, como

subsídios e quotas de importação, porém o Brasil apresenta barreiras sanitárias para a

importação de carne de frango dos EUA, impedindo que o mercado brasileiro seja invadido

por cortes de aves não consumidos no mercado norte-americano.

Com este exemplo, é possível ver a importância de tais barreiras. É necessário que elas

sejam quebradas para facilitar a abertura da economia para novos mercados, porém é

imprescindível estudar o impacto de cada uma delas no cenário socioeconômico do país.

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3.4. Negociação Internacional

Os países buscam, cada vez mais, alianças e parcerias comerciais, buscando participar

mais ativamente do cenário internacional e se destacar como um atrativo a investimentos

estrangeiros (SENAC, 2010).

As empresas, por sua vez, sofrem fortes influências externas como a economia,

política, estrutura operacional, carga tributária, mercado de câmbio, entre tantas outras, mas é

preciso considerar também que as empresas precisam fazer sua “lição de casa”: a gestão

empresarial, as estratégias, os bons acordos, fornecedores e desenvolvimento garantem a

permanência no mercado (SENAC, 2010).

3.4.1. Culturas Organizacionais

O mundo globalizado gera a necessidade das empresas se lançarem no mercado

internacional. Por outro lado, na acirrada competitividade desse mercado, sairá em vantagem

sobre as demais aquelas que melhor estiverem preparadas (PAZ, 2006).

Nesta preparação exigida das empresas antes de se projetarem num novo ambiente

internacional, está a necessidade de identificação das culturas organizacionais. Isso porque

cada empresa terá uma espécie de identidade que irá reger toda sua vida corporativa,

influenciando até mesmo na tomada de decisões (PAZ, 2006).

Em época de globalização, em que os países estão cada vez em maior contato uns com

os outros, as transações internacionais são cada vez mais frequentes, o estudo da cultura

organizacional tornou-se uma ferramenta estratégica para aqueles que desejam se sobressair

diante de tanta concorrência. Isso se dá não apenas pela necessidade das empresas em

possuírem uma identidade cultural própria, mas também para entenderem e estarem mais bem

preparadas quando o objetivo maior é obter sucesso com organizações detentoras de outras

culturas.

3.4.2. Classificação de Mercadorias

Segundo UNESP (2010), o método internacional de classificação de mercadorias,

baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições é chamado Sistema

Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias ou simplesmente Sistema

Harmonizado (SH).

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A composição dos códigos do SH, formado por seis dígitos, permite que sejam

atendidas as especificações dos produtos, tais como: origem, matéria constitutiva e aplicação,

em um ordenamento numérico lógico, crescente, e de acordo com o nível de sofisticação das

mercadorias (UNESP, 2010).

Os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) adotam a Nomenclatura Comum do

Mercosul (NCM), que tem por base o Sistema Harmonizado. Assim, dos oito dígitos que

compõe a NCM, os seis primeiros são formados pelo SH, enquanto o sétimo e o oitavo dígitos

correspondem a desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do Mercosul (UNESP,

2010).

O Sistema Harmonizado foi concebido para promover o desenvolvimento do comércio

internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas,

particularmente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita as negociações comerciais

internacionais, a elaboração de tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios

de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes

no comércio internacional (UNESP, 2010).

É por meio da classificação de mercadorias que se define o percentual dos impostos

(II, IPI, PIS, COFINS e ICMS) a ser pago, e qual o órgão competente para autorizar a

importação do produto (UNESP, 2010).

Para cada produto classificado em determinada NCM/SH será necessária a emissão de

Licença de Importação específica. Então se em uma mesma fatura constar produtos com

classificações diferentes será necessária a emissão de uma licença para cada produto (UNESP,

2010).

3.4.3. Termos Internacionais de Comércio

Os International Commercial Terms (INCOTERMS) surgiram em 1936, quando foram

consolidadas as várias formas contratuais utilizadas no comércio internacional, sendo que sua

função é estabelecer as responsabilidades, os direitos e obrigações do exportador e do

importador.

Segundo SENAC (2010), são 13 os INCOTERMS:

1. EXW – Ex-Work: O exportador coloca as mercadorias à disposição do importador

em seu próprio estabelecimento de origem. Nesse caso, as despesas referentes ao frete interno,

seguros, frete internacional, procedimentos administrativos, desembaraço da mercadoria,

entre outras, ficam por conta do importador.

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2. FCA – Free Carrier: O exportador entrega a mercadoria desembaraçada para o

transportador no ponto de embarque. O importador se responsabiliza pelo pagamento do frete

internacional, seguros e outros encargos. Essa condição de venda poderá ser utilizada em

qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal.

3. FAS – Free Alongside Ship: Essa condição de venda é utilizada somente no

transporte marítimo, fluvial, lacustre ou de cabotagem. O exportador cumpre suas obrigações

quando providencia a colocação da mercadoria a ser transportada ao longo do costado do

navio, ficando ainda por sua conta, o desembaraço aduaneiro de exportação. A partir disto, a

responsabilidade é passada para o importador da mercadoria.

4. FOB – Free On Board: As obrigações do exportador terminam a partir do momento

em que a mercadoria cruza a murada do navio, no porto de embarque. A partir de então, as

responsabilidades e despesas correm por conta do importador. Quando não for possível

precisar o momento exato da transferência da responsabilidade, nos casos de transportes em

navios roll-on/roll-off e de contêineres, o termo mais apropriado é o FCA.

5. CFR – Cost and Freight: O exportador coloca as mercadorias à disposição do

importador em seu próprio estabelecimento de origem, sendo que ele assume todas as

despesas referentes ao transporte da mercadoria até o seu destino final. O seguro do transporte

internacional e os custos adicionais ficam por conta do importador, após a mercadoria ter

cruzado a murada do navio no porto de embarque. Esse termo só poderá ser utilizado nos

transportes marítimos, fluvial, lacustre e de cabotagem. Também é conhecido como C&F.

6. CPT – Carriage Paid To: Essa condição de venda é semelhante ao CFR, com as

mesmas obrigações, podendo ser utilizado em qualquer meio de transporte, inclusive o

multimodal.

7. CIF – Cost, Insurance and Freight: O exportador, além de se responsabilizar pelas

despesas referentes ao transporte internacional da mercadoria, também se responsabiliza pela

contratação do seguro do transporte internacional. Só pode ser utilizado nos transportes

marítimos, fluvial, lacustre e de cabotagem. Nos casos em que não é possível precisar o

momento da transferência de responsabilidade, o termo mais apropriado é o CIP.

8. CIP – Carriage and Insurance Paid To: Além das condições do CPT, o exportador

se responsabiliza pela contratação do seguro do transporte internacional. Essa condição

poderá ser utilizada em qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal.

9. DAF – Delivered At Frontier: O exportador se responsabiliza por entregar a

mercadoria desembaraçada para exportação na fronteira terrestre, do lado de seu país.

Geralmente, é utilizada nos transportes terrestres e ferroviários, mas pode ser utilizada em

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qualquer tipo de transporte. Entende-se ainda, que o custo do transporte, seguros do local de

origem da mercadoria até o local combinado na fronteira é por conta do exportador. A partir

daí a responsabilidade passa a ser do importador.

10. DES – Delivered Ex Ship: O exportador se responsabiliza pela entrega da mercadoria

a bordo do navio no porto de destino, sem estar desembaraçada. É por conta do exportador,

ainda, o transporte internacional e seu seguro, assim como todos os custos e riscos incidentes

até a chegada do navio no porto de destino. O DES é somente utilizado nos casos de

transportes marítimo, fluvial, lacustre e de cabotagem.

11. DEQ – Delivered Ex Quay: Nesta condição de venda, ficam por conta do exportador

todas as despesas e riscos até a colocação da mercadoria à disposição do importador no cais

do porto de destino, porém, sem estar desembaraçada. Condição somente utilizada nos

transportes marítimo, fluvial, lacustre e de cabotagem.

12. DDU – Delivered Duty Unpaid: Fica por conta do exportador a entrega da

mercadoria ao importador, no local de destino, com todas as despesas pagas, inclusive o

desembaraço aduaneiro, exceto os impostos, taxas e demais encargos incidentes sobre a

importação. Pode ser utilizada em qualquer modalidade de transporte.

13. DDP – Delivered Duty Paid: O exportador coloca as mercadorias à disposição do

importador em seu próprio estabelecimento de origem. O exportador entrega a mercadoria ao

importador, responsabilizando-se por todos os riscos e encargos incidentes até o local de

destino, inclusive os impostos e taxas incidentes sobre a importação. Essa condição de venda

pode ser utilizada em qualquer tipo de transporte.

Os INCOTERMS apresentam um caráter uniformizador, que constituem toda a base

dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia.

Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e

comprador, quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é

elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes internos,

licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte e seguro

internacionais, entre outros (APRENDENDO A EXPORTAR, 2010).

3.4.4. Logística Internacional

Entende-se por logística o conjunto de todas as atividades de movimentação e

armazenagem necessárias, de modo a facilitar o fluxo de produtos do ponto de aquisição da

matéria-prima até o ponto de consumo final, como também dos fluxos de informação que

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colocam os produtos em movimento, obtendo níveis de serviço adequados aos clientes, a um

custo razoável (DIETER, 2010).

À medida que a economia mundial vai se tornando cada vez mais globalizada, e o

Brasil vai incrementando gradativamente o seu comércio exterior, a logística passa a ter um

papel acentuadamente mais importante, pois comércio e indústria consideram o mercado

mundial como os seus fornecedores e clientes (DIETER, 2010).

Os transportes de cargas possuem cinco tipos de modais, cada um com custos e

características operacionais próprias, que os tornam mais adequados para certos tipos de

operações e produtos (FIESP, 2010).

• Aéreo: É o transporte adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos

volumes ou com urgência na entrega. Suas principais vantagens é o transporte mais rápido e o

fato de não exigir embalagens muito reforçadas.

• Marítimo: O transporte marítimo é o modal mais utilizado no comércio internacional,

devido às vantagens de apresentar menor custo de transporte e por carregar qualquer tipo de

carga.

• Hidroviário: no Brasil, a Hidrovia Tietê-Paraná tem papel importante na logística das

matérias primas produzidas no Estado, particularmente no caso da movimentação de graneis e

seus insumos. Com a interligação entre os rios Tietê e o Paraná, concluída 1999, a Hidrovia

ampliou seu raio de ação possibilitando, a baixo custo, o transporte de mercadorias entre os

países do bloco do Mercosul.

• Rodoviário: O transporte rodoviário caracteriza-se pela simplicidade de funcionamento,

no Brasil algumas rodovias ainda apresentam estado de conservação ruim, o que aumenta os

custos com manutenção dos veículos e os riscos de roubo de cargas.

• Ferroviário: A malha ferroviária brasileira possui aproximadamente 29.000 km e no

Estado de São Paulo cerca de 5.400 km. O processo de privatização do sistema iniciou-se em

1996, e as empresas que adquiriram as concessões de operação desta malha, assumiram com

grandes problemas estruturais. A transferência da operação das ferrovias para o setor privado

foi fundamental para que esse setor voltasse a operar.

3.4.5. Seguro Internacional

Os seguros de transporte têm por finalidade garantir os bens transportados, contra os

riscos que estão sujeitos durante a viagem segurada. Podendo, ainda, a cobertura ser estendida

durante a permanência das mercadorias em armazéns (UNESP, 2010).

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Segundo UNESP (2010), os seguros de transporte internacional são subdivididos em

várias modalidades, considerando-se a natureza do risco e o meio de transporte utilizado,

sendo que a apólice de seguro de transporte internacional pode ser feita de duas formas:

• Apólice específica ou avulsa: É emitida para cobrir um único embarque, sendo

recomendado para instituições que realizam operações de transporte esporadicamente.

• Apólice aberta ou a averbar: É emitida para cobrir uma série de embarques (futuros),

nesta apólice a cada embarque é dado conhecimento a seguradora, por meio de um documento

denominado "averbação", que pode ser diário, quinzenal, ou mensal, e o prêmio de seguro

devido é cobrado mensalmente por meio de fatura. As averbações deverão ser efetuadas antes

do início do risco, entretanto, como o segurado não possui todas as informações necessárias,

ele emite uma "averbação provisória", que é ratificada posteriormente em caráter definitivo.

A cobertura do seguro de transporte internacional inicia-se a partir do momento em

que as mercadorias são efetivamente embarcadas no veículo de transporte, no local de início

da viagem e termina com a sua entrega no armazém do consignatário ou outro lugar de

estocagem no destino. Estando também coberta pelo seguro a permanência das mercadorias

nos armazéns portuários ou aeroportuários, nas localidades de destino (UNESP, 2010).

3.4.6. Processo de Exportação

A exportação caracteriza-se pela remessa, para fora de um país, de bens nele

produzidos (SENAC, 2010).

Exportar pode ser um excelente negócio para uma empresa e para um país, desde que

os dirigentes se conscientizem da importância de planejamento e de uma política que leve em

conta o conhecimento e domínio das regras e usos do comércio internacional. Caso contrário,

as vendas para o exterior podem resultar em prejuízos e em uma péssima experiência para a

empresa, implicando efeitos negativos para o país. Com a exportação, uma empresa ganha

competitividade e estímulo para ser mais eficiente e produtiva e tem a chance de participar

não só no mercado interno, mas também no mercado externo (SENAC, 2010).

3.4.6.1. Documentos Necessários para Exportação

No comércio internacional, os documentos desempenham importante função. Uma

negociação internacional formaliza-se por meio de um contrato, que não precisa ter uma

forma preestabelecida, podendo ser uma carta ou um fax onde se definam as condições da

operação. Para facilitar o intercâmbio comercial, alguns documentos são padronizados,

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embora haja diferenciações de modelos conforme o país importador, mas o importante é que

haja clareza nas condições da negociação (APRENDENDO A EXPORTAR, 2010).

• Fatura Proforma: Documento que dá início ao negócio, formalizando e confirmando a

compra. Logo após os primeiros contatos e manifestada a intenção de realização de uma

operação comercial, o exportador emite para o importador uma fatura Proforma para que este

providencie os documentos necessários. É similar à fatura definitiva, porém com

características de um orçamento, pois não gera obrigação de pagamento por parte do

comprador.

• Nota Fiscal: A Nota Fiscal deve acompanhar a mercadoria desde a saída do

estabelecimento até a efetiva liberação junto à Secretaria da Receita Federal.

• Contrato de Câmbio: Documento informatizado para coleta de informações, emitido pelo

banco negociador de câmbio e que formaliza a troca de divisa estrangeira por moeda nacional.

No âmbito externo, equivale à Nota Fiscal, e tem validade a partir da data de saída da

mercadoria do território nacional. Este documento é imprescindível para o importador liberar

a mercadoria no país de destino.

• Packing List (ou Romaneio): Documento emitido pelo exportador para o embarque de

mercadorias que se encontram acondicionadas em mais de um volume ou em um único

volume que contenha variados tipos de produtos. É necessário para o desembaraço da

mercadoria e para a orientação do importador quando da chegada dos produtos no país de

destino. O Romaneio nada mais é do que uma simples lista relacionando uma descrição

detalhada dos produtos a serem embarcados (volumes e conteúdos).

• Conhecimento de Embarque: Documento emitido pela companhia transportadora que

atesta o recebimento da carga, as condições de transporte e a obrigação de entrega das

mercadorias ao destinatário legal, no ponto de destino pré-estabelecido, conferindo a posse

das mercadorias. É, ao mesmo tempo, um recibo de mercadorias, um contrato de entrega e um

documento de propriedade, constituindo assim um título de crédito.

• Certificado de Origem: É o documento providenciado pelo exportador e utilizado pelo

importador para comprovação da origem da mercadoria e habilitação à isenção ou redução do

imposto de importação, em decorrência de disposição previstas em Acordos Comerciais, ou

do cumprimento de exigências impostas pela legislação do país de destino.

• Registro de Exportação (RE): Documento eletrônico emitido e preenchido no Siscomex,

diretamente pelo próprio exportador ou pelo seu representante legal. Tem a finalidade de

registrar a operação para fins dos controles governamentais nas áreas comercial, fiscal,

cambial e aduaneira.

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• Declaração Simplificada de Exportação (DSE): Utilizado quando a empresa exporta por

processo, ou seja, por embarque de até USD 50 mil. A DSE representa o pedido de liberação

alfandegária e autorização para embarque da mercadoria com destino ao exterior e simplifica

o procedimento operacional de alfândega.

• Registro de Crédito (RC): Emitido para exportações negociadas com prazo de pagamento

seja superior a 180 dias, ou seja, quando um exportador fecha uma venda com prazo de

pagamento acima de 180 dias, o exportador deverá, antes de registrar o RE no Siscomex,

fazer o registro do prazo de pagamento pelo RC, funciona como um controle extra devido ao

longo prazo concedido para pagamento.

• Registro de Venda (RV): Utilizado nos casos de mercadorias negociadas em bolsa de

mercadorias (commodities). Na lista de produtos sujeitos à emissão do RV, estão o açúcar, o

café, a soja e demais mercadorias negociadas em bolsa.

• Comprovante de Exportação (CE): É o documento oficial emitido pelo Siscomex que

comprova o efetivo embarque da mercadoria. O CE consubstancia a operação de exportação e

tem força legal para fins administrativos, cambiais e fiscais.

• Apólice de Seguro: Contrato de seguro de transporte internacional.

3.4.6.2. Regimes Aduaneiros Especiais na Exportação

Com o intuito de auxiliar e ampliar as exportações e importações brasileiras, devido à

dinâmica do comércio exterior e para atender a algumas peculiaridades, o governo criou

mecanismos que permitem a entrada ou a saída de mercadorias do território aduaneiro com

suspensão ou isenção de tributos, esses mecanismos são denominados Regimes Aduaneiros

Especiais (LOPES, 2006).

A operação de Drawback compreende a importação de mercadorias destinadas à

industrialização de produto a ser exportado, com isenção ou suspensão do Imposto de

Importação (II), do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto sobre

Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transportes

Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), além da despesa do recolhimento

de outras taxas, nos termos da legislação em vigor. Trata-se de poderoso instrumento de

exportação, capaz de alavancar as vendas ao exterior (POSSETTI, 2005).

O Regime Aduaneiro Especial de Exportação Temporária permite a saída, do País,

com suspensão de imposto de exportação, de mercadoria nacional ou nacionalizada,

condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo estado em que foi exportada.

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O regime facilita a saída dos bens que vão ao exterior para exposições, feiras, competições,

testes, promoções, reparos, consertos, restaurações, ou em auxílio ou apoio a pessoa que viaja

ao exterior deles necessitando para o exercício de suas atividades profissionais ou de lazer,

beneficiando o exportador/importador pela não ocorrência do fato gerador do imposto de

importação e do imposto sobre produtos industrializados, quando do reingresso das

mercadorias no País. A Exportação Temporária deve operar-se com o objetivo definido e por

prazo determinado, assegurada a suspensão do imposto de exportação, quando devido,

mediante assinatura de Termo de Responsabilidade, dispensados depósito, caução ou fiança

(MVM, 2010).

3.4.7. Processo de Importação

Importação é o processo comercial e fiscal que consiste em trazer um produto ou um

serviço, do exterior para o país de referência. O procedimento deve ser efetuado via

nacionalização do produto ou serviço, que ocorre a partir de procedimentos burocráticos

ligados à Receita Federal do país de destino, bem como da alfândega, durante o

descarregamento e entrega (SENAC, 2010).

3.4.7.1. Documentos Necessários para Importação

Segundo UNESP (2010), os documentos envolvidos na importação e exportação

variam conforme o tipo de produto, de operação e a utilização de acordo comercial, porém,

geralmente as operações utilizam os seguintes documentos:

• Fatura: É o documento emitido pelo exportador, que orienta o preenchimento dos

documentos de importação, no qual se descreve todas as características das mercadorias, tais

como: quantidade; preço unitário e total; peso líquido e bruto; nome e endereço do exportador

e do fabricante; dados bancários; forma de pagamento; termos de garantia; entre outras. A

Proforma funciona como uma cotação formalizada. A Fatura Comercial ou Invoice formaliza

a compra e corresponde a uma “Nota Fiscal Internacional”.

• Packing List (ou Romaneio): É emitido pelo exportador para instruir o embarque e o

desembaraço da mercadoria, auxiliando o importador na chegada do produto. O Packing List

relaciona as mercadorias embarcadas dentro de suas respectivas embalagens (containers,

pallets, caixas, etc.), contendo também outras informações importantes como destinatário,

quantidade de volumes, marcas, entre outras.

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• Certificado de Origem: Dependendo do tipo de mercadoria ou importação, outros

documentos poderão ser exigidos pelo exportador/importador, para apresentação na

alfândega, tais como: Certificado de Origem, Certificado Fitossanitário, Fatura Consular,

entre outros.

• Conhecimento de Embarque: O conhecimento de embarque, emitido pela empresa

transportadora, ou por seu agente, é o documento para transporte objeto de especificações

convencionadas em protocolos internacionais, cuja função é identificar os principais dados

característicos de uma remessa transportada. O conhecimento de embarque serve para

transferir a propriedade da carga, além de constituir prova de embarque, tem função de

contrato de transporte e quando aplicável, de bilhete de seguro. Pode ser contratado tanto pelo

exportador quanto pelo importador dependendo da modalidade da importação. Nele são

apresentados os dados básicos de uma remessa, onde se incluem os dados do remetente e do

destinatário, quantidade, tipo, peso, dimensões ou volume cúbico das embalagens, taxas de

câmbio aplicadas, tarifas, rotas, destino, entre outras.

• Licença de Importação (LI): É o documento eletrônico que deve ser preenchido on-line

pelo importador ou por seu despachante aduaneiro, através do Siscomex, sendo obrigatório

nas importações com isenção de impostos. A LI tem aplicação no fechamento de câmbio e no

desembaraço alfandegário.

• Declaração de Importação (DI): É o documento base do despacho de importação,

formalizado pelo importador ou por seu despachante aduaneiro no Siscomex no momento do

desembaraço da mercadoria. A DI é exigida em todas as importações e compreende o

conjunto de informações comerciais, cambiais e fiscais necessárias à análise da operação. Ela

permite o início do processo de desembaraço alfandegário, com a consequente liberação da

mercadoria importada.

• Comprovante de Importação (CI): É o documento que promove definitivamente a

nacionalização da mercadoria. É um documento eletrônico, emitido pela Secretaria da Receita

Federal, e que comprova a efetiva nacionalização da mercadoria importada, por meio do

pagamento de impostos, quando exigíveis.

3.4.7.2. Regimes Aduaneiros Especiais na Importação

Os principais Regimes Aduaneiros Especiais na Importação são: a Admissão

Temporária e Entreposto Aduaneiro.

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O Regime de Admissão Temporária permite a importação de bens que devem

permanecer no país durante prazo determinado, com a suspensão do pagamento dos impostos

incidentes na importação ou o pagamento proporcional ao tempo de permanência no país.

Este regime pode viabilizar a importação de um bem e colaborar com a manutenção dos

negócios de uma empresa no mercado externo e interno, desde que o importador fique atento

ao prazo para devolução e à multa em caso de não retorno da mercadoria ao exterior (SENAC,

2010).

O Regime de Entreposto Aduaneiro permite a importação de produtos com suspensão

de impostos, bem como seu armazenamento por um período de até um ano. A grande

vantagem desse regime está na possibilidade de liberação parcial de mercadoria, isto significa

que, do total de produtos armazenados, a empresa poderá fazer a liberação conforme sua

necessidade de momento, postergando o pagamento de impostos já que eles incidirão apenas

sobre o valor retirado. Este regime traz também vantagens estratégicas e econômicas pela

redução de custos com armazenagem e estoque (SENAC, 2010).

3.4.8. Despacho e Desembaraço Aduaneiro

O despacho aduaneiro de mercadorias é o procedimento mediante o qual é verificada a

exatidão dos dados declarados pelo exportador/importador em relação às mercadorias, aos

documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro

(RECEITA FEDERAL, 2010).

Toda mercadoria exportada ou importada, a título definitivo ou não, sujeita ou não ao

pagamento de impostos, deve ser submetida ao despacho aduaneiro, que é realizado com base

em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria

(RECEITA FEDERAL, 2010).

O despacho aduaneiro é processado por meio do Registro de Exportação ou da

Declaração de Importação, registrada no Siscomex.

Segundo a RECEITA FEDERAL (2010), o despacho aduaneiro é dividido,

basicamente, em duas categorias:

• Despacho para consumo: Mercadorias destinadas ao consumo próprio ou a revenda.

• Despacho para admissão em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas

especiais: Mercadorias que deverão permanecer no país por um certo prazo conforme sua

finalidade, sem sofrer a incidência de impostos.

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Uma vez registrada a RE ou a DI e iniciado o procedimento de despacho aduaneiro,

onde o documento é submetido à análise fiscal e selecionado para um dos canais de

conferência. Este procedimento de seleção recebe o nome de parametrização. Os canais de

conferência são quatro (RECEITA FEDERAL, 2010):

• Canal Verde: A exportação/importação é desembaraçada automaticamente sem qualquer

verificação.

• Canal Amarelo: Significa conferência dos documentos de instrução da RE/DI e das

informações constantes na declaração. Para as operações de exportação é conhecido como

Canal Laranja.

• Canal Vermelho: Além da conferência documental, ocorre a conferência física da

mercadoria.

• Canal Cinza: É realizado o exame documental, a verificação física da mercadoria e a

aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificação de elementos

indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria. O Canal

Cinza não existe para as operações de exportação por incentivo do governo, dando mais

liberdade ao exportador para praticar preços de venda mais competitivos.

O desembaraço aduaneiro é o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência

aduaneira. É com o desembaraço aduaneiro que é autorizada a efetiva entrega da mercadoria

ao exportador/importador e é ele o último ato do procedimento de despacho aduaneiro

(RECEITA FEDERAL, 2010).

3.4.9. Operações de Câmbio

Câmbio é toda operação em que há troca de moeda nacional por moeda estrangeira ou

vice-versa, sendo que no Brasil apenas os bancos e algumas instituições são autorizados pelo

Banco Central do Brasil (Bacen) a efetuar este tipo de operação (UNESP, 2010).

O Bacen desempenha as funções de banco do governo, mediante o controle das

operações de comércio exterior, o recebimento dos depósitos compulsórios e voluntários dos

bancos comerciais e a execução de operações de câmbio em nome de empresas públicas e do

Tesouro Nacional (BCB, 2010). No Brasil, a cotação do dólar, por exemplo, varia como o

preço de qualquer produto comercializado, seguindo a lei da oferta e da procura. Ou seja,

quando há muito dólar em circulação, seu valor diminui, porém quando há poucos dólares no

mercado, a moeda fica mais concorrida para quem compra e vende, e sua cotação sobe. Os

economistas do governo tentam mudar a cotação do dólar (e de outras moedas) através do

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Bacen, que compra dólares quando ele está baixo, tirando a moeda de circulação para

valorizá-la, caso contrário o vende para saturar o mercado e desvalorizar a moeda norte-

americana.

Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações

(centavos) da moeda nacional. No seu conceito mais simples, a taxa de câmbio divide-se em

taxa de venda e taxa de compra, sendo que a taxa de venda é o preço que o banco cobra para

vender a moeda estrangeira (a um importador por exemplo) e a taxa de compra é o preço que

o banco aceita pagar pela moeda estrangeira ofertada (por um exportador por exemplo).

Toda operação de câmbio deve ser efetuada por meio de contrato de câmbio,

documento que formaliza a operação, ou seja, é o comprovante a ser apresentado à

fiscalização (UNESP, 2010).

Segundo SENAC (2010), os principais tipos de contrato de câmbio são:

• Pagamento Antecipado: Caracteriza-se pela realização do pagamento, por parte do

comprador/importador, antes do embarque da mercadoria ou da prestação de serviço.

• Remessa Direta de Documentos (exportação) ou Remessa sem Saque (importação):

Caracteriza-se pelo envio dos documentos diretamente ao importador na confiança de que ele

fará o pagamento dentro do prazo negociado.

• Cobrança Documentária: Nessa modalidade, exportador e importador utilizam-se de

bancos para a entrega e recepção dos documentos, durante a liberação do pagamento é

realizada a entrega da mercadoria.

• Carta de Crédito ou Crédito Documentário: O importador contrata uma Carta de

Crédito (LC, do inglês Letter of Credit) através de uma entidade financeira e a remete ao

exportador, que por sua vez libera a documentação e envia a mercadoria, após o recebimento

da encomenda o importador libera do pagamento da LC ao exportador. Essa é a modalidade

mais segura na exportação e que garante ao exportador receber o valor da venda caso o

importador não efetue o pagamento, uma vez que a LC pode ser confirmada em um banco que

assume o compromisso de honrar seu pagamento.

• Financiamento às Exportações: São dois os mecanismos disponíveis dessa modalidade, o

Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), onde o banco antecipa o valor da exportação

antes do envio da mercadoria; e o Adiantamento de Cambiais Entregues (ACE), onde o banco

antecipa o valor da exportação enviada e formalizada, através da contratação de câmbio.

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4. Materiais e Métodos

4.1. Descrição da Área de Estudo

4.1.1. Exportação

4.1.1.1. País: França

A França está localizada na Europa Ocidental e limita-se ao norte com o Mar da

Mancha; a nordeste com a Bélgica, Luxemburgo e Alemanha; a leste com a Suíça; a sudeste

com a Itália; ao sul com o Mar Mediterrâneo e Espanha; e a oeste com o Oceano Atlântico. É

o país mais extenso da Europa ocidental com 643,427 km² (GLOBAL 21, 2010).

Figura 1. Localização geográfica da França.

Fonte: GUIAGEO (2010)

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A capital Paris é a cidade mais importante do país, cujo idioma oficial é o francês e a

moeda em circulação o Euro.

4.1.1.1.1. Relações Comerciais França – Brasil

O comércio exterior francês é direcionado em mais de 60% para os países-membros da

zona do Euro. A França é um importante exportador mundial de máquinas e equipamentos,

além de grande exportador de cereais e produtos da agroindústria. O país atrai cerca de 8% do

total dos investimentos diretos mundiais, graças à qualidade da mão-de-obra, ao alto nível de

pesquisa, ao domínio de tecnologias avançadas e à estabilidade da moeda (GLOBAL 21,

2010).

As relações comerciais entre a França e Brasil têm aumentado sensivelmente nos

últimos anos, sendo que o Brasil é o maior parceiro comercial da França na América Latina.

A partir de 1995, as exportações brasileiras para a França quase dobraram, o mesmo

ocorrendo com as importações. O fluxo comercial aumentou de U$ 1,7 bilhões em 1994 para

mais de U$ 4 bilhões em 2004. Hoje, a França é o oitavo fornecedor do Brasil, com 2,7% de

market share, contra 6,9% na Alemanha e 14,8% para os Estados Unidos (AMBASSADE,

2010).

A França tradicionalmente importa do Brasil bens intermediários (43,8% do total),

incluindo minério de ferro (18,7%) e alimentos (39,8%), como óleo bruto e farelo de soja

(22,4%). As exportações para o Brasil são de bens de capital (46% do total), incluindo

aeronaves (27%), automóveis (9,3%) e produtos farmacêuticos (4,8%), entre outros

(AMBASSADE, 2010).

4.1.1.1.2. Formas de Negociação com os Franceses

Embora sejam muito comunicativos e apesar de se expressarem muito através de

gestos e de expressões faciais, os franceses apresentam um perfil formal de negociação e um

tratamento relativamente distante e elitista. Em contatos de negócios é usual e proveitoso

estabelecer previamente o “fio condutor” da reunião uma vez que o francês não é,

habitualmente, muito pragmático nem objetivo para ir direto ao assunto. Frequentemente

entra em detalhes, portanto, o exportador deve levar o maior número de informações acerca

de seu produto e de sua empresa, preferencialmente em francês, pois informações em inglês

perdem pontos (GLOBAL 21, 2010).

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Ao entrar em uma reunião de negócio, o exportador deve cumprimentar a todos com

um firme aperto de mão, iniciando pelas mulheres, eliminando o habitual tapinha nas costas e

o ato de ficar balançando a mão durante o cumprimento. Os cartões de apresentação (em

francês) devem ser distribuídos quando todos estiverem sentados (GLOBAL 21, 2010).

Os interlocutores devem ser tratador por senhor e senhora e jamais usando o primeiro

nome, pois os franceses apreciam o distanciamento. Os franceses são ainda conservadores

quanto à forma de negociar, preferindo a tradicional carta pelo correio ou fax, em vez de um

e-mail (GLOBAL 21, 2010).

Boa educação, boa conduta e boa apresentação são aspectos valorizados pelos

franceses. Por seu papel histórico e por sua inserção internacional, os franceses valorizam a

cultura (principalmente a francesa) e a política. Sendo assim, o exportador deve estar munido

de algumas referências mínimas acerca da França e da conjuntura político-econômica

mundial, pois, caso não aconteça durante a reunião, é quase inevitável que o tema virá à tona

durante o almoço (GLOBAL 21, 2010).

Com relação ao almoço, cabe lembrar que na França as refeições são verdadeiros

rituais, para ganhar pontos com o interlocutor, o negociante deve convidá-lo para uma boa

refeição, regada a um bom vinho e elogiar a culinária francesa, um dos grandes patrimônios

franceses e referência de qualidade internacional (GLOBAL 21, 2010).

Os franceses se orgulham de sua nacionalidade, história, costumes e produtos, sendo

que tem bons motivos para tanto, portanto o exportador deve concordar com isso (GLOBAL

21, 2010).

4.1.1.2. Produto: Cachaça

A origem da cachaça remonta ao período da colonização brasileira e surgiu como

subproduto nos engenhos de açúcar. Inicialmente, não passava de garapa azeda que

embebedava os escravos, tornando mais suportável a dureza da escravidão. Percebendo esta

propriedade, os senhores de engenho passaram a fornecer esse produto no desjejum dos

escravos. Em pouco tempo a bebida foi aperfeiçoada e passou à mesa dos senhores e outros

consumidores de posses, vindo a tomar mercado da bagaceira procedente de Portugal, fato

que provocou a emissão de legislação restritiva à montagem de engenhos em meados do

século XVIII (CASCUDO1, 2006 apud RODRIGUES, 2010)

1 CASCUDO, L.C. Prelúdio da cachaça. Rio de Janeiro: Global, 2006.

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24

4.1.1.2.1. Condições do Mercado

A cachaça, um destilado tipicamente brasileiro, vem conquistando novos mercados e

expandindo-se além das fronteiras do país (RODRIGUES, 2010).

A produção brasileira de cachaça, segundo dados do Programa de Desenvolvimento da

Aguardente de Cana, Caninha e Cachaça (PBDAC), têm representado cerca de 1,3 bilhão de

litros/ano. A produção nacional gera um faturamento de U$ 600 milhões, empregando mais

de 400 mil pessoas diretamente e propiciando uma arrecadação de aproximadamente R$ 76,5

mi em impostos a cada ano (OLIVEIRA2, 2006 apud RODRIGUES, 2010)

Na Europa Ocidental, os países que apresentaram maior consumo de bebidas

destiladas são a Alemanha, França, Reino Unido e Espanha (APEX BRASIL, 2010).

Em 2007, os principais fornecedores de bebidas destiladas para a França foram Reino

Unido, Itália, Estados Unidos e Irlanda. Esses quatro países participaram com 81% do total

importado pelo mercado francês. As exportações brasileiras cresceram 47% no último ano e

23% no período, classificando o Brasil como 17º maior fornecedor desses produtos para o

país (APEX BRASIL, 2010).

Em 2007, as importações mundiais francesas do produto “cachaça e caninha”

cresceram 28%, com relação ao ano anterior. Nesse mesmo ano, as exportações brasileiras

desse produto cresceram 56%. Comparado com o total exportado em 2007 e 2002, o

crescimento é ainda maior, 498%, o que demonstra uma maior penetração do produto no

mercado francês. Em 2007, a participação brasileira foi 4% do total importado desses

produtos pela França (APEX BRASIL, 2010).

4.1.1.2.2. Dados para Exportação

O código NCM para cachaça e caninha (rum e tafiá) é 2208.40.00.

O INCOTERMS utilizado é o Cost, Insurance and Freight (CIF).

O modal da exportação é Marítimo.

O valor unitário da mercadoria é de €$ 10,30, sendo que a primeira exportação para

uma empresa de Paris será de 20.000 unidades.

2 OLIVEIRA, A.F. et al. Sistema agroindustrial da cachaça e potencialidades de expansão das exportações. Fearp. Disponível em: http://www.fearp.usp.br/egna/resumos/Oliveira.pdf. Acesso em: 24 jul. 2006.

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25

Para o fechamento do câmbio é utilizada a modalidade de pagamento Cobrança

Documentária.

A tarifação sofrida pelo Brasil é a mesma aplicada aos seus principais concorrentes

(9,09%). Já para outras bebidas alcoólicas, apenas a Índia (5,17%) sofre tarifação inferior aos

demais concorrentes, incluindo o Brasil (7,38%).

4.1.2. Importação

4.1.2.1. País: China

Localizada no norte do hemisfério oriental, a China está situada na parte oriental do

continente asiático e na costa oeste do Oceano Pacífico. Possui o terceiro maior território do

mundo (ALEMACHINA, 2010).

Figura 2. Localização geográfica da China.

Fonte: GUIAGEO (2010)

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De norte a sul, o território da China estende-se por cerca de 5.500 km desde a linha

central do canal principal de navegação do Rio Heilong, a norte da vila de Mohe, na província

de Heilongjiang, até ao recife de Zengmu das Ilhas Nansha no Mar do Sul da China. De oeste

a leste, a China estende-se por 5.200 km, do Pamir a oeste do distrito de Wuqia na Região

Autônoma Uygur de Xinjiang até ao ponto onde os canais principais de navegação dos rios

Heilong e Wusuli se juntam, no distrito de Fuyuan, na província de Heilongjiang. A diferença

horária entre os extremos oeste e leste do país é ligeiramente superior a quatro horas

(ALEMACHINA, 2010).

Pequim (Beijing) é a capital do país, que falam os idiomas chinês ou mandarin é cuja

moeda oficial é Yuan / Renminbi.

4.1.2.1.1. Relações Comerciais China – Brasil

Observando o Brasil e a China, ou outras sociedades orientais, parece ser difícil fazer

uma comparação entre esses países com o Brasil. Pode-se imaginar que se tratam de países

completamente diferentes, possuindo poucas semelhanças entre si. Fatores como a distância

geográfica e das diferenças histórico-culturais são os responsáveis por tal visão. De fato, esses

dois fatores são verdadeiros e servem para diferenciar os povos. No entanto, o Brasil e a

China são mais parecidos do que diferentes (VILLELA, 2004).

O Brasil e a China estão entre as principais economias em desenvolvimento. Estes

países, em termos populacionais e de dimensões territoriais, encontram-se na lista dos cinco

maiores do mundo. Além disso, apresentam problemas semelhantes, como os elevados índices

de desigualdades socioeconômicas (VILLELA, 2004).

A cooperação econômica bilateral e os investimentos mútuos têm aumentado ano a

ano. Desde a década de 80, o início da reforma e abertura da China, mais de 50 empresas

chinesas instalaram órgãos comerciais em São Paulo e Rio de Janeiro, o Bank of China

(Banco da China) e a Empresa de Transporte de Oceano da China (COSCO) têm

representações e filiações no Brasil, que serviu para promover fortemente o desenvolvimento

do comércio bilateral. Com o desenvolvimento sustentável da economia da China, as

empresas poderosas em áreas de processamento de madeira, eletrodoméstica, exploração de

minerais e telecomunicações têm investido com recurso e tecnologia no Brasil, contribuindo

para o desenvolvimento econômico, o avanço da tecnologia e o aumento de empregos em

nosso país (CHINA, 2010).

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As empresas mais famosas do Brasil como a Vale do Rio Doce, Marcopolo, Embraco

e Embraer mantêm uma relação cooperativa muito boa com a China. O desenvolvimento das

relações de cooperação amistosa entre a China e o Brasil e o aprofundamento do

conhecimento entre as empresas dos dois países, as relações de cooperação econômica e

comercial bilaterais terão um futuro ainda mais próspero (CHINA, 2010).

4.1.2.1.2. Formas de Negociação com os Chineses

Apesar das eventuais dificuldades de entendimento, resultantes de culturas bastante

diversas, o mercado chinês tem potencialidades para merecer a continuada atenção de

empresários brasileiros (GLOBAL 21, 2010).

O empresário que pretende fazer negócios com a China deve compreender que as

diferenças de civilização determinam, igualmente, formas diversas daquelas vigentes no

Ocidente na estruturação das empresas, nas negociações e na implementação de contratos

(GLOBAL 21, 2010).

Naquele país, disputas e conflitos são, preferencialmente, resolvidos por meio de grupos

de discussão informais, e não por intermédio de leis e regras impessoais. Tais princípios

continuam, igualmente, a reger as relações entre empresas, mediante o “guanxi”, série de

acordos mais informais, que normalmente substitui os contratos rigidamente estruturados do

Ocidente (GLOBAL 21, 2010).

Os empresários brasileiros devem levar em conta que seus interlocutores chineses têm

consciência da herança de sua civilização, e adotar atitude séria e respeitosa pelas tradições e

costumes do país sempre será uma atitude bem vinda. Assim, é importante ter conhecimento

de certos ritos ou códigos que facilitam os contatos e propiciam ambiente adequado para a

conclusão de negócios. (GLOBAL 21, 2010).

4.1.2.2. Produto: Lentes de Contato

Embora usadas principalmente por quem não deseja usar óculos, pode ser uma indicação

médica quando existe diferença de grau importante entre os olhos ou uma córnea com

irregularidades (ABC DA SAÚDE, 2010).

As lentes podem ser gelatinosas ou rígidas. As gelatinosas podem ser de uso contínuo ou

descartáveis. Tanto as gelatinosas como as rígidas são feitas com diferentes composições e

diferentes métodos de fabricação de modo a lhes imprimir diferentes características (ABC DA

SAÚDE, 2010).

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Assim temos lentes gelatinosas com maior ou menor conteúdo de água, lentes que devem

ser descartadas com mais ou menos dias de uso e lentes para uso mais ou menos prolongado.

As endurecidas, conforme o material, apresentam graus diferentes de permeabilidade ao

oxigênio e os critérios de adaptação das mesmas (diâmetro e curvatura) dependem das

características da lente a ser adaptada (ABC DA SAÚDE, 2010).

O grau das lentes de contato, especialmente das lentes rígidas, não são os mesmos dos que

são receitados para os óculos. Isto se deve aos seguintes fatos: proximidade da lente ao olho

(efeito corretor maior para as miopias e menor para as hipermetropias), variação conforme a

curvatura da lente adaptada e com as características do material da lente (ABC DA SAÚDE,

2010).

As lentes de contato se constituem em um corpo estranho dentro do olho, podendo causar

danos importantes para a visão de modo que a segurança de seu uso depende da supervisão do

oftalmologista. São complicações do mau uso de lentes de contato: edema, úlcera, infecção,

neovascularização e deformidades na córnea. A chamada conjuntivite por lente de contato

(conjuntivite papilar), bastante frequente, especialmente com as lentes gelatinosas, pode ter

sua evolução controlada pelo exame periódico do usuário de lentes (ABC DA SAÚDE, 2010).

4.1.2.2.1. Condições do Mercado

Após várias pesquisas no mercado óptico, observou-se a carência no setor de lentes de

contato de empresas com propostas diferenciadas e de novas opções de produtos.

Em um mercado onde se tem um potencial de crescimento de 700% somente com novos

usuários, a principal área a ser trabalhada são os pontos de vendas que atenderão esses

possíveis compradores. Porém esses pontos de vendas estão cada vez mais descontentes com

esse tipo de produto, pois não conseguem atingir uma lucratividade necessária e o

investimento em um estoque amplo, necessário para um pronto atendimento, deixam os caixas

vazios. Por isso é necessário ter, não somente clientes, mas sim parceiros de vendas, com todo

o apoio para a venda e adaptação para um sistema simples que permite o pagamento somente

dos produtos vendidos de um estoque em consignação.

Para atingir a maior parte dos consumidores brasileiros que estão classificados na classe

econômica B e C, os produtos devem ter preços mais acessíveis e embalagens com

quantidades menores do que os praticados atualmente.

No inicio, deverá ser implementado um pré-projeto na região da grande São Paulo para

análise das estratégias com pontos de vendas selecionados. Após aprovação e ajustes

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necessários, será realizada a ampliação dos pontos de vendas dessa região e implementado em

mais três regiões, interior de São Paulo, grande Curitiba e Rio de Janeiro.

A escolha de um fornecedor chinês tem como objetivo trabalhar o produto com uma

média de 20% a 30% de preço abaixo dos principais concorrentes, mantendo a mesma

qualidade e até superior do que alguns deles.

4.1.2.2.2. Dados para Importação

O código NCM para lentes de contato é 9001.30.00.

O INCOTERMS utilizado é o Free Carrier (FCA).

O modal da importação é Aéreo.

O valor unitário da mercadoria é de US$ 0,60, sendo que a primeira importação de

uma empresa de Shangai será de 20.000 unidades.

Para o fechamento do câmbio é utilizada a modalidade de pagamento Cobrança

Documentária.

A Figura 3 simula o tratamento tributário e administrativo da importação do produto.

Figura 3. Simulação tributária da importação de Lentes de Contato.

Fonte: SIMULADOR (2010)

Não há incidência de Antidumping, Cide ou de Medidas Compensatórias. Porém a

mercadoria sujeita à anuência do Fundo Nacional de Saúde.

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5. Resultados e Discussão

5.1. Processo de Exportação

O processo de exportação de cachaça para a França foi elaborado conforme

fluxograma da Figura 4.

Figura 4. Fluxograma de um Processo de Exportação.

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É importante considerar que o segmento de distribuição de bebidas alcoólicas, tanto no

Brasil como na Europa, utiliza o marketing de forma intensiva, sendo assim, a demanda dos

distribuidores de destilados ("spirits") por verbas de propaganda e promoção é bem maior do

que aquelas geralmente notadas na indústria em geral. Esse fato se agrava quando o produto é

quase desconhecido nos mercados-alvo, como é o caso da cachaça, sempre a associada ao

consumo da caipirinha e outros drinques tropicais. Portanto deve-se salientar que todos estes

fatores influenciam na elaboração do preço de exportação.

Para a simulação da exportação de 20.000 garrafas de cachaça para a França foi

utilizado o INCOTERMS Cost, Insurance and Freight (CIF) e o modal Marítimo, sendo assim

a formação do preço de exportação foi calculada conforme o Quadro 2:

Quadro 2. Formação do preço de exportação da cachaça para a França.

Impostos e Taxas Valor Unitário Valor Total

Valor no mercado interno, sem IPI €$ 11,36 €$ 227.272,72

(-) ICMS – 18% €$ 2,05 €$ 40.909,09

(-) PIS – 0,65% €$ 0,07 €$ 1.477,27

(-) COFINS – 3% €$ 0,34 €$ 6.818,18

(-) Embalagem no mercado interno €$ 0,08 €$ 1.666,65

(-) Comissão de vendas no mercado interno – 3% €$ 0,34 €$ 6.818,18

(-) Despesas de propaganda no mercado interno – 1% €$ 0,11 €$ 2.272,73

(-) Distribuição no mercado interno – 0,5% €$ 0,06 €$ 1.136,36

(+) Embalagem para exportação €$ 0,13 €$ 2.500,00

(+) Margem de Lucro de 20% €$ 1,69 €$ 33.734,85

(+) Frete rodoviário Minas Gerais – Santos €$ 1.590,90

(+) Estufagem do container 20´GP €$ 272,72

(+) Desembaraço aduaneiro €$ 368,18

(+) Frete marítimo Santos – França (all in) €$ 1.113,63

(+) Capatazia €$ 225,00

(+) B/L Fee €$ 104,54

(+) ISPS €$ 15,22

(+) Handling €$ 36,36

Preço CIF €$ 10,30 €$ 206.135,65

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Os documentos utilizados para esta simulação de exportação de cachaça para a França

são: Fatura Proforma, Nota fiscal, Packing List, Conhecimento de Embarque (B/L), Registro

de Exportação (registrado no SISCOMEX), Apólice de Seguro e Comprovante de Exportação

(emitido pelo SISCOMEX).

5.2. Processo de Importação

O processo de importação de lentes de contato da China foi elaborado conforme

fluxograma da Figura 5.

Figura 5. Fluxograma de um Processo de Importação.

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Por tratar-se de um suprimento médico o procedimento de importação de lentes de

contato exige a liberação da Licença de Importação pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), conforme a Lei n.º 6.360 de 23 de setembro de 1976. Este controle

sanitário visa prevenir os riscos à saúde pública, fiscalizando os produtos nacionais ou

importados para que os mesmos sejam produzidos, importados, distribuídos, conservados,

transportados e manipulados em atendimento às exigências constantes na legislação

pertinente.

Para esta simulação de importação de 20.000 lentes de contato da China foi utilizado o

INCOTERMS Free Carrier (FCA) e o modal Aéreo, sendo assim os impostos e as taxas foram

calculados conforme o Quadro 3:

Quadro 3. Impostos e taxas incidentes na importação de lentes de contato da China.

Impostos e Taxas Valor Unitário

Valor Total

Valor do produto U$ 0,60 U$ 12.000,00

(+) II – 18% U$ 0,11 U$ 2.160,00

(+) IPI (valor CIF + II) U$ 0,76 U$ 15.118,05

(+) ICMS – 18% U$ 0,11 U$ 2.160,00

(+) PIS – 1,65% U$ 0,01 U$ 198,00

(+) COFINS – 7,60% U$ 0,05 U$ 912,00

(+) Frete (9 cartons com cubagem total de 106 Kg) U$ 958,05

(+) Seguro – 0,25% U$ 32,40

(+) Despachante Aduaneiro – 1,5% U$ 194,37

(+) Sindicato dos Despachantes Aduaneiros – 2,2% U$ 285,08

(+) Desembaraço aduaneiro – 2% U$ 259,16

(+) Taxas da Infraero – 1% U$ 129,58

(+) Armazenagem e capatazia – 2% U$ 259,16

(+) Taxa de utilização do SISCOMEX (taxa + 1 adição) U$ 40,00

(+) Despesas Bancárias – 2% U$ 259,16

Preço FCA U$ 1,75 U$ 34.965,01

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Os documentos utilizados para esta simulação de importação de lentes de contato da

China são: Fatura, Packing List, Conhecimento de Embarque (AWB), Licença de Importação

(liberada pela ANVISA), Declaração de Importação (registrado no SISCOMEX) e

Comprovante de Importação (emitido pelo SISCOMEX).

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6. Conclusão

De modo geral, as operações de exportação e importação comprovaram a eficácia do

sistema utilizado pelo governo brasileiro para consolidar os negócios internacionais, pois

como todos os documentos necessários para realizar a exportação/importação são

centralizados e emitidos pelo SISCOMEX facilita muito o trabalho do profissional de

comércio exterior.

A clareza da do Regulamento Aduaneiro e a eficácia do SISCOMEX comprovam que

o profissional de comércio exterior é capaz de realizar as operações de exportação e

importação evitando multas e problemas burocráticos, se estiver munido das informações

corretas e atento aos detalhes de cada processo.

Durante a simulação do processo de exportação de cachaça para a França, ficou

evidente que a internacionalização de um novo produto exige um estudo detalhado do

mercado em questão, pois é necessário um grande investimento em qualidade e marketing,

numa clara tentativa de mudar os hábitos de consumo da população. Sendo importante

salientar, que estes investimentos influenciam diretamente na formação do preço do produto

exportado.

Durante o processo de importação de lentes de contato da China verificou-se a

necessidade da elaboração de uma Licença de Importação, liberada pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), esta barreira alfandegária é um esquema protecionista do

governo brasileiro na tentativa de evitar o dumping e uma medida de proteção sanitária por

tratar-se de produto médico. Sendo assim, apesar de causar transtornos devido a demora na

liberação pelo órgão responsável, a exigência de documentos como a Licença de Importação

para casos como este mostra-se correta e necessária.

O presente estudo pode comprovar também que o comércio internacional representa

uma grande oportunidade para uma empresa mudar seus hábitos, seu ambiente de trabalho,

seu mercado de atuação, sua gestão empresarial e seu posicionamento perante a concorrência,

tanto no Brasil quanto no exterior.

Espera-se que os resultados deste estudo possam ser utilizados para facilitar futuras

análises das relações comerciais dos países envolvidos e promover sugestões de melhorias no

sistema de exportação e importação do Brasil.

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7. Referências Bibliográficas

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