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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS Hipertireoidismo Felino: Revisão de Literatura Tatiane Pessica Pereira dos Santos São Paulo/SP 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS

Hipertireoidismo Felino:

Revisão de Literatura

Tatiane Pessica Pereira dos Santos

São Paulo/SP – 2016

Tatiane Pessica Pereira dos Santos

Hipertireoidismo Felino:

Revisão de Literatura

São Paulo/ SP

2016

Tatiane Pessica Pereira dos Santos

Hipertireoidismo Felino:

Revisão de Literatura

Monografia apresentada como requisito para

obtenção do Título de Especialização em Clínica

Médica de Felinos, do Centro de Estudos

Superiores de Maceió da Fundação Educacional

Jayme de Altavila, orientada pelo MSc. Pedro

Villela Pedroso Horta.

São Paulo/SP

2016

Que os vossos esforços desafiem as

impossibilidades, lembrai-vos de que as

grandes coisas do homem foram

conquistadas do que parecia impossível”.

Charles Chaplin

Resumo

O hipertireoidismo felino é uma das principais doenças endócrinas encontradas em gatos

atualmente, porém ainda é muito subdiagnosticada em muitos países, incluindo o Brasil. É uma

doença multissistêmica resultante da alta concentração de hormônios tireoidianos circulantes. Ainda

não apresenta uma etiopatogenia esclarecida, mas suspeita-se de que fatores nutricionais,

ambientais e genéticos estejam envolvidos. Apresenta como sinais clínicos mais marcantes a

polifagia, emagrecimento e hiperatividade, além de vômito, diarreia e hipertensão. O diagnóstico

precoce e a avaliação individual de cada animal contribuem para a escolha do tratamento mais

adequado e obtenção de um melhor prognóstico.

Palavras-chave: hipertireoidismo, felino.

Lista de Abreviaturas

ACVIM American College of Veterinary Internal Medicine

AMPc Adenosina de monofosfato cíclico

BPA Bisfenol A

ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

T3 Triiodotironina

T4 Tiroxina

TRH Tireotropina

TSH Thyroid-stimulating hormone

TSHc Thyroid-stimulating hormone canine

Sumário

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7

ETIOLOGIA ......................................................................................................................................... 8

DIAGNÓSTICO .................................................................................................................................... 9

T4 Total ......................................................................................................................................... 10

T4 livre .......................................................................................................................................... 11

T3 .................................................................................................................................................. 11

TSH ............................................................................................................................................... 11

Cintilografia .................................................................................................................................. 13

Testes Dinâmicos .......................................................................................................................... 14

Teste de Supressão do Homônio Tireóideo (Triiodotironina) .................................................. 14

Teste de estimulação do Hormônio Liberador da Tireotropina (TRH) .................................... 15

TRATAMENTO .................................................................................................................................. 16

Medicamentoso ............................................................................................................................. 16

Metimazol ................................................................................................................................. 17

Carbimazol ............................................................................................................................... 18

Cirúrgico ....................................................................................................................................... 19

Alimentação .................................................................................................................................. 20

Iodo Radioativo ............................................................................................................................. 21

CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 25

7

HIPERTIROIDISMO FELINO: REVISÃO DE LITERATURA

INTRODUÇÃO

O hipertireoidismo é uma doença de descoberta relativamente recente, sendo que

o primeiro caso foi diagnosticado em 1979 (PETERSON, 1979), antes disso o aumento da

glândula tireoide era encontrado em necropsias de alguns gatos e alguns nódulos eram

observados histopatologicamente, mas essas anormalidades eram raras e não eram associadas

a sinais clínicos relacionados ao hipertireoidismo (LUCKE, 1964; LEAV et. al., 1976).

O hipertireoidismo é uma doença multissistêmica resultante da concentração

excessiva de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) na circulação sanguínea (PETERSON et. al.,

1981; BARAL, 2012). Desenvolve-se em gatos de meia idade a idosos sem relação

comprovada com raça ou sexo do animal (SHERDING, 1989). Histopatologicamente, a

hiperplasia adenomatosa de um (30% dos casos) ou, mais comumente, dois lobos (70% dos

casos) da tireoide, é a causa mais comum das anormalidades associadas ao hipertireoidismo,

enquanto o carcinoma de tireoide é raro e é responsável por 2% dos casos (MOONEY, 2002),

embora seja a principal causa de hipertireoidismo em cães (PETERSON, 1986). A ação do

hormônio tireoidiano é geralmente estimulatório e o caráter da doença é multissistêmico e por

isso a maioria dos gatos apresentam sinais clínicos que refletem a disfunção de muitos

sistemas orgânicos e, em alguns, os sinais clínicos de um sistema orgânico predominam e

podem encobrir outras características do hipertireoidismo (PETERSON, 2004). Os principais

sintomas apresentados são a perda de peso, polifagia, aumento de volume fecal, vômitos,

pelame opaco, queda de pelos, alteração da personalidade (agressividade, hiperatividade),

diarreia, poliúria e polidipsia (PETERSON, 2004; SHERDING, 1989). As alterações

cardiovasculares comumente observadas são a taquicardia, murmúrio cardíaco, ritmo de

galope (PETERSON, 2004; PETERSON, 1982), hipertrofia ventricular e insuficiência

cardíaca congestiva (BOND, 1988).

Recentemente a prevalência de anormalidades tireoidianas patológicas tem

aumentado drasticamente e o hipertireoidismo é aceito como a doença endócrina mais comum

e como importante causa de morbidade em gatos de meia idade nos Estados Unidos, Canadá,

8

Reino Unido, Europa Continental, Austrália, Nova Zelândia e Japão (BARAL, 2012). No

Brasil ainda é uma doença pouco diagnosticada, pois a palpação da tireoide no exame físico

não é prática de todos os veterinários, os sinais clínicos e alterações sistêmicas podem sugerir

outras enfermidades e o clínico acaba não suspeitando da doença (TARANTI, 2008).

O presente trabalho tem como objetivo revisar o que há de mais atual nos aspectos

clínicos, diagnóstico e terapêutico do hipertireoidismo em felinos e alertar aos médicos

veterinários sobre o potencial desta doença em se tornar cada vez mais frequente na rotina

clínica.

1. ETIOLOGIA

A etiologia do hipertireoidismo felino não é completamente entendida e pode ser

multifatorial, no entanto, nenhum estudo isolou um fator principal que possa ser responsável

pelo desenvolvimento do hipertireoidismo (PETERSON, 2007). Algumas teorias incluem

fatores imunológicos, nutricionais e ambientais que podem, tanto sozinhos como associados,

levar a alterações moleculares que podem contribuir com a doença (HAMMER, 2000; KASS,

1999). Alguns estudos relacionam o uso de alimentação enlatada, pois possui como

revestimento o bisfenol A (BPA), que é utilizado para prevenir a corrosão da lata. A

toxicidade do BPA tem sido associada à sua semelhança estrutural aos hormônios

tireoideanos (EDINBORO, 2004). É eliminado via glicuronidação hepática, uma via

sabidamente deficiente nos felinos quando comparados a outras espécies (NEBBIA, 2007),

podendo assim ficar mais concentrado na circulação dos gatos do que o esperado,

contribuindo para o desenvolvimento do hipertireoidismo. Os valores de referência da

quantidade de iodo mínima e máxima necessárias no alimento enlatado variaram muito ao

longo dos anos, e também é difícil definir a quantidade de iodo presente no alimento enlatado

devido à variação da concentração de iodo entre os produtos usados como matéria prima do

alimento (EDINBORO, 2010), tanto a falta, quanto o excesso de iodo podem contribuir para o

desenvolvimento do hipertireoidismo em felinos (PAUL, 1988).

Outros estudos relacionam fatores imunológicos ao desenvolvimento da doença,

referindo que auto anticorpos não são incomuns e podem estar envolvidos na doença

(KENNEDY & THODAY, 1988), no entanto não há confirmação da influência desses auto

anticorpos no desenvolvimento do hipertireoidismo felino (EDINBORO, 2004). Também há

9

estudos relacionando fatores ambientais ao desenvolvimento do hipertireoidismo, por

exemplo, o tipo de areia utilizada, como a de sílica, que tem sido acusada de predispor ao

hipertireoidismo em gatos (PETERSON, 2007), porém não foi estabelecida uma relação de

causa e efeito direta.

Com relação aos aspectos moleculares, uma alteração na proteína G foi

encontrada em gatos hipertireoideos. Nesses gatos, a expressão da proteína G inibitória é

significantemente reduzida, levando à diminuição da inibição da cascata de AMPc, induzindo

uma hipersecreção de tiroxina (HAMMER, 2000).

Todos esses fatores, combinados com um excesso ou deficiência de iodo na

alimentação podem contribuir para o desenvolvimento da doença em felinos, no entanto ainda

faltam estudos para definir a exata etiologia da doença.

2. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do hipertireoidismo é primariamente baseado em sinais clínicos

típicos da doença, histórico e exame físico (tireoide palpável) (MOONEY, 2012). Como

muitas outras enfermidades podem mimetizar os sinais do hipertireoidismo em gatos, é muito

importante a realização de exames complementares (hemograma completo, bioquímico e

urinálise), após isso deve-se partir para exames que avaliam a função da tireoide para

confirmar o diagnóstico de hipertireoidismo (PETERSON, 2013).

Primariamente deve-se sempre realizar a palpação da tireoide no exame físico de

todos os felinos, principalmente aqueles no principal grupo de risco, acima dos 10 anos

(PETERSON, 2013). O ideal é combinar duas técnicas de palpação, a clássica (MOONEY,

2012) e a técnica de Norsworthy (NORSWORTHY, 2002), a primeira consiste em deslizar os

dedos polegar e indicador através dos sulcos das jugulares com o animal com a cabeça

estendida e inclinada para trás (PETERSON, 2013), e a segunda o clínico deve se posicionar

atrás do gato e elevar a cabeça e virar 45 graus para o lado oposto a ser palpado e com o dedo

médio palpar seguindo a traqueia (NORSWORTHY, 2002). Com as duas técnicas

combinadas fica mais fácil detectar o aumento dos lobos da tireoide (PETERSON, 2013).

Infelizmente somente o aumento dos lobos da tireoide não é suficiente para diagnosticar o

hipertireoidismo, o bócio é frequentemente encontrado em felinos eutireoideus sem sinais

clínicos e laboratoriais da doença (NORSWORTHY, 2002). Porém, encontrar uma tireoide

10

aumentada é um passo crucial no diagnóstico do hipertireoidismo, mesmo um animal com

pequeno aumento e eutireoideu pode vir a apresentar sinais do hipertireoidismo conforme a

tireoide continua a crescer (PETERSON, 2013).

Quanto aos testes séricos de função da tireoide, nenhum é 100% eficiente no

diagnóstico do hipertireoidismo e todos podem produzir falsos negativos e falsos positivos

(PETERSON, 2013).

2.1. T4 Total

É o principal teste utilizado quando há suspeita de hipertireoidismo, 90% dos

animais apresentando sinais clínicos da doença terão T4 total claramente aumentado

(PETERSON, 2001). Como a mensuração do T4 total é relativamente barata e prontamente

disponível, tornou-se o teste de triagem de escolha para o diagnóstico do hipertireoidismo em

felinos. Deve-se ficar atento às técnicas de mensuração utilizadas pelos laboratórios, pois

todas podem apresentar falsos positivos e falsos negativos (PETERSON, 2013). O teste ouro

é o radioimunoensaio, seguido pelo enzimaimunoensaio quimioluminescente,

enzimaimunoensaio (PETERSON, 2013) e ELISA (que aparenta ser o menos preciso)

(LURYE, 2002).

Até 10% de todos os gatos hipertireoideos e aproximadamente 30% dos gatos com

hipertireoidismo leve têm concentrações de T4 que permanecem dentro do intervalo de

refrência (PETERSON, 2013; PETERSON, 2001). Doenças não tireoideanas concomitantes

também podem reduzir um alto T4 sérico para dentro do intervalo de referência (PETERSON,

2001) e também flutuações nos valores séricos de T4 total, que podem acontecer em todo gato

hipertireoideo (PETERSON, 1987). Portanto se um animal tem suspeita da doença, mas

apresenta um valor de T4 total dentro da referência, nunca se deve hesitar em repetir o exame

dentro de 2 semanas, para excluir a possibilidade de flutuações (PETERSON, 1987), repetir

após tratar a doença concomitante (MOONEY, 2012) ou utilizar outra técnica

(Radioimunoensaio por exemplo). Alguns gatos em início de hipertireoidismo podem

demorar meses até apresentarem sintomas ou alterações séricas da doença (MOONEY, 2012).

11

2.2. T4 livre

A concentração de T4 livre sérico é alta em aproximadamente 95% dos gatos com

hipertireoidismo e pode contribuir no diagnóstico (PETERSON, 2013; PETERSON, 2001).

Entretanto, a especificidade do T4 livre é relativamente baixa, com mais de 20% dos animais

eutireoideos doentes (e clinicamente normais) com concentração sérica de T4 livre aumentada

(MOONEY, 1996). O uso de T4 livre para avaliação da função tireoidiana deve ser sempre

concomitante com a mensuração do T4 total, juntamente com uma avaliação clínica sugestiva

e uma tireoide palpável para fazer um diagnóstico correto (PETERSON, 2013).

Complicando a situação do T4 livre para o diagnóstico, é possível que o ensaio

para avaliação do T4 livre utilizado em estudos mais antigos (T4 livre por diálise)

(PETERSON, 2001; MOONEY, 1996) pode não ser o mesmo ensaio que existe nos

laboratórios atualmente, e o ensaio atual, segundo estudo mais recente pode ter uma

incidência de falso positivo de mais de 33 % (PETERSON, 2011).

No geral, não é clara a utilidade do uso do T4 livre como substituto do T4 total,

tendo possibilidade de 30% de falso positivo, o uso de T4 livre pode levar a mais confusão no

diagnóstico do hipertireoidismo do que clareza, levando ao diagnóstico errôneo de

hipertireoidismo em gatos possivelmente eutireoideos (PETERSON, 2013).

2.3. T3

Mensurar o T3 sérico é de menor utilidade no diagnóstico pelo fato de que um

terço dos gatos hipertireoideos apresentam T3 sérico normal, apesar de apresentarem T4 total

e T4 livre claramente aumentados (PETERSON, 2013; BROUSSARD, 1995).

2.4. TSH

Em humanos a análise sérica de TSH é o principal teste de triagem para

diagnóstico do hipertireoidismo. Estudos recentes indicam que o teste TSH canino (TSHc)

12

pode ser usado para mensurar o TSH felino. O resultado pode ajudar no diagnóstico ou

exclusão do hipertireoidismo (PETERSON et. al., 2015).

Fisiologicamente, mesmo um leve aumento no T4 e T3 circulante irá suprimir a

secreção pituitária de TSH através de um feed-back negativo no hipotálamo, levando à níveis

séricos de TSH baixos ou indetectáveis (LARSEN, 1982). Infelizmente o teste de TSH

específico para felinos não está disponível comercialmente, porém, testes comerciais que

mensuram o TSH canino (TSHc) existem e há relatos de que alguns desses podem detectar o

TSH felino, podendo potencialmente ajudar no diagnóstico de hipertireoidismo em gatos.

(PUILLE, 2000; WAKELING et. al., 2008)

O teste de TSHc não consegue distinguir precisamente entre a baixa concentração

normal de TSH e a baixa concentração anormal de TSH em felinos, entretanto todos os gatos

hipertireoideos relatados até agora tiveram concentração sérica de TSH indetectável com

esses testes, enquanto que a maioria dos gatos saudáveis e eutireoideos doentes tiveram

concentração sérica de TSH mensurável. (WAKELING et. al., 2007; WAKELING et. al.,

2008), porém, alguns estudos relataram concentração sérica de TSH mensuráveis em gatos

hipertireoideos em alguns casos, especialmente em gatos eutireoideos doentes. (WAKELING,

2010; WAKELING, 2011)

Em estudo recente foi indicado que a mensuração da concentração de TSH sérica

é um teste muito sensível, mas inespecífico no diagnóstico do hipertireoidismo fellino, com

aproximadamente 98% dos gatos hipertireoideos com concentração sérica de TSH suprimidas

abaixo do valor de referência (<0,03 ng/mL). Entretanto, aproximadamente 30% dos gatos

eutireoideos idosos testados também tiveram concentração sérica de TSH indetectável.

(PETERSON et. al., 2015)

Infelizmente o teste comercial atual de TSH canino não pode mensurar

precisamente as baixas concentrações do hormônio para ser possível distinguir entre a baixa

concentração normal de TSH, encontrada em alguns gatos eutireoideos, daquelas

concentrações realmente baixas, com supressão total, encontradas na maioria dos gatos

hipertireoideos. (WAKELING et. al., 2007; WAKELING, 2011)

Testar em paralelo, combinando concentração sérica de TSH com a concentração

de T4 total ou T4 livre aumenta a habilidade de diferenciar corretamente gatos hipertireoideos

com doença leve ou oculta daqueles gatos eutireoideos com suspeita de terem

hipertireoidismo, especialmente quando as concentrações séricas de T4 total, T3 ou T4 livre

13

estão dentro do limite superior do intervalo de referência ou levemente aumentados

(PETERSON et. al., 2015). Portanto, encontrar concentração sérica de TSH indetectável com

concentração de T4 total ou T4 livre altos aumenta de maneira importante a precisão do

diagnóstico do hipertireoidismo felino. Contrapondo, encontrar uma concentração de TSH

mensurável mesmo com concentração marginalmente alta de T4 total ou T4 livre, torna o

hipertireoidismo bastante improvável (PETERSON et. al., 2015).

Alguns gatos hipertireoideos com doença leve e menos crônica podem não

apresentar supressão total do TSH sérico no momento do diagnóstico. Mensurar T4 livre e

TSH em gatos com concentração sérica de T4 total normal pode ajudar a diferenciar gatos

com hipertireoidismo leve de gatos eutireoideos suspeitos (PETERSON et. al., 2015). O teste

de TSH também pode ser útil em gatos com suspeita de hipertireoidismo, mas que também

sofrem de doença não tireoideana, uma situação conhecida por proporcionar uma prevalência

relativamente alta de falso positivo na mensuração de T4 livre (PETERSON et. al., 2015).

Claramente, é necessário um teste melhor de TSH para ajudar no diagnóstico de

gatos com hipertireoidismo leve, especificamente um que consiga mensurar precisamente uma

concentração sérica baixa o suficiente para distinguirmos com segurança uma concentração

baixa normal em gatos eutireoideos de uma concentração realmente baixa em gatos

hipertireoideos. Baseando-se em experiências com pacientes humanos, o desenvolvimento de

um teste de TSH altamente sensível, específico para felinos, eliminaria muitos dos problemas

associados com o uso do TSHc em gatos e melhoraria muito a utilidade diagnóstica desse

teste (PETERSON et. al., 2015).

2.5. Cintilografia

A cintilografia da tireoide é um procedimento de medicina nuclear que demonstra

visualmente o tecido tireoidiano funcional, baseado na captação seletiva de radionuclídeos

pelo tecido tireoidiano (MOONEY, 2012; PETERSON, 2012).

Em gatos normais as glândulas tireoidianas aparecem como duas áreas focais,

ovoides e bem definidas de radionuclídeos acumulados na região cervical, cranial, média. Os

dois lobos tireoidianos são simétricos no tamanho e formato e se localizam lado a lado. As

glândulas tireoidianas e salivares devem se apresentar igualmente cintilantes. Adicionalmente

à inspeção visual, a porcentagem de captação do indicador radioativo pela tireoide e/ou a

14

relação tireoide/glândula salivar pode ser calculada. Ambos são fortemente relacionados com

a concentração de hormônios tireoidianos circulantes e promovem um meio extremamente

sensível de diagnóstico do hipertireoidismo (DANIEL et. al., 2002). Por isso, a imagem da

tireoide pela cintilografia pode diagnosticar o hipertireoidismo antes mesmo de os testes

laboratoriais estarem anormais, também pode detectar tecidos tireoidianos atópicos. A

cintilografia da tireoide pode também excluir o diagnóstico de hipertireoidismo em gatos

eutireoideus que apresentam elevações de T4 total ou T4 livre falso-positivas (PETERSON,

2013).

Infelizmente, por causa do custo e pela necessidade de licença especial para

realizar uma imagem nuclear, poucos veterinários têm acesso ao equipamento necessário para

se obter imagens da tireoide. O serviço não existe no Brasil.

Entretanto, se a cintilografia tireoidiana é disponível, é definitivamente

considerada como padrão ouro no diagnóstico de hipertireoidismo leve ou oculto

(PETERSON, 2013).

2.6. Testes Dinâmicos

Existem também os testes dinâmicos da função tireoidiana (Teste de supressão

por T3 e o teste de estimulação do hormônio liberador da tireotropina-TRH) que foram

bastante recomendados no passado como auxiliares na confirmação do diagnóstico do

hipertireoidismo (LEAV, 1976). Nos dias atuais o uso destes testes apenas é considerado

quando, mesmo repetindo o teste, a concentração do T4 total permanece dentro do intervalo

de referência, quando a mensuração do T4 livre é equívoca, quando não há nódulo palpável na

tireoide e quando não há cintilografia disponível (PETERSON, 2007).

2.6.1. Teste de Supressão do Homônio Tireóideo (Triiodotironina)

A inibição da secreção do TSH hipofisário pelas concentrações circulatórias

elevadas o hormônio tireoideo é característica da regulação normal hipófise-tireoide

(UTIGER, 1986). Normalmente, a administração do hormônio tireoideo reduz a secreção do

TSH. Quando o T3 exógeno é administrado aos gatos normais, pode ser detectado pela

15

redução nas concentrações séricas da T4. Ao contrário, quando a função tireoidea é autônoma,

a administração do hormônio tireoideo possui pouco ou nenhum efeito sobre a função

tireoidea, pois a secreção do TSH já foi suprimida de forma crônica. Isto é invariavelmente

verdadeiro no hipertireoidismo felino (PETERSON, 2004). As desvantagens do teste são que

o teste é relativamente longo (três dias), os proprietários são solicitados a administrar doses

múltiplas da liotironina e os gatos precisam engolir os comprimidos (PETERSON, 1990). Se

a liotironina não for administrada adequadamente, as concentrações de T3 circulante não se

elevam para reduzir a secreção do TSH hipofisário, e o valor do T4 sérico não fica suprimido,

mesmo se o eixo hipófise-tireóide estiver normal. A não ingestão da liotironina pelo gato

pode resultar no diagnóstico falso – positivo de hipertireoidismo no gato normal ou naquele

com doença não tireoidiana. (PETERSON, 2004).

2.6.2. Teste de estimulação do Hormônio Liberador da Tireotropina (TRH)

O teste de estimulação do TRH mede a resposta do T4 sérico à administração do

TRH. Nos gatos clinicamente normais a administração do TRH provoca aumento da secreção

de TSH e das concentrações séricas de T4, enquanto nos gatos com hipertireoidismo a

resposta do T4 sérico e do TSH ao TRH é obscurecida ou totalmente ausente (PETERSON,

1994). A falta de resposta é causada pela supressão crônica do TSH nos gatos com

hipertireoidismo. As vantagens do teste de TRH sobre o teste de supressão de T3 incluem o

tempo mais curto necessário para realizar o teste (4 horas contra 3 dias) e o fato de que o teste

de estimulação de TRH não depende da capacidade do proprietário administrar a medicação

oral. As principais desvantagens do teste de estimulação do TRH nos gatos são os efeitos

colaterais (p.ex.: salivação, vômito, taquipnéia e defecação) que quase invariavelmente

ocorrem de modo imediato após a administração do TRH por ativação de mecanismos

colinérgicos e catecolaminérgicos centrais, bem como por um efeito neurotransmissor direto

do próprio TRH sobre locais específicos de ligação central do TRH (PETERSON, 2004).

Portanto, o teste de T4 total, com sua relativamente alta sensibilidade e

especificidade, permanece como a principal escolha para diagnóstico inicial de

hipertireoidismo em gatos (PETERSON, 2007). A mensuração de T3 sérico é menos útil para

o diagnóstico pelo fato de que um terço dos gatos hipertireoideos apresentam T3 sérico

normais apesar de apresentarem T4 livre claramente aumentados (PETERSON, 2007). O teste

16

de T4 livre tem alta sensibilidade, mas baixa especificidade (aproximadamente 15% de falso

positivo em estudo) (PETERSON et. al., 2015) e o teste de TSHc por não conseguir mensurar

níveis baixos o suficiente para um diagnóstico preciso é melhor quando avaliado em conjunto

com outros testes (PETERSON et. al., 2015).

3. TRATAMENTO

O hipertireoidismo pode ser tratado de três formas nos gatos: tireoidectomia

cirúrgica, iodo radioativo (I¹³¹) ou administração crônica de fármaco antitireóideo. Também

há estudos sobre o tratamento baseado na alimentação com restrição de iodo. É necessário

considerar as vantagens e desvantagens de cada forma de tratamento a ser instituído. O

tratamento de escolha varia para cada gato individualmente e depende de fatores como idade

do animal, presença de doenças cardiovasculares associadas, nefropatia, disponibilidade de

cirurgião experiente ou de departamento de medicina nuclear e da contribuição do

proprietário (PETERSON, 2004).

Apenas a intervenção cirúrgica e a terapia com iodo radioativo são curativas, pois,

removem e destroem o tecido tireoideo adenomatoso, respectivamente. O uso de fármaco

antitireóideo bloqueia a síntese do hormônio tireoideo, mas como não destroem o tecido

anormal da tireoide a recidiva do hipertireoidismo ocorre dentro de 24 a 72 horas após a

interrupção do medicamento (PETERSON, 1988). O tratamento com dieta restrita em iodo

pode normalizar a concentração de T4 total circulante em alguns animais e é útil

principalmente quando o proprietário tem dificuldades em administrar medicamentos ao

animal (VAN DER KOOIJ et. al., 2014).

4.1. Medicamentoso

As drogas antitireoidianas mais comumente prescritas são o Metimazol e o

Carbimazol, a depender da disponibilidade de cada droga no país que for necessário instituir o

tratamento (RETSIOS, 2001), no Brasil o tratamento de escolha é o Metimazol.

As vantagens do tratamento em longo prazo com drogas antitireoidianas sobre

outros tratamentos disponíveis (cirúrgico e iodo radioativo) incluem a ausência de certas

complicações como o hipotireoidismo permanente e o hiperparatireoidismo pós-cirúrgico

17

(PETERSON, 1986), além disso, diferentemente do tratamento cirúrgico ou com iodo

radioativo, o uso de drogas antitireoidianas não necessita de habilidade avançada, licença

especial ou internação e os custos são consideravelmente menores. Portanto é uma escolha de

tratamento prática para a maioria dos clínicos (PETERSON, 1986).

Doenças concomitantes são comuns em gatos hipertireoideos, a doença renal

crônica pode ser mascarada devido ao aumento da filtração glomerular associado ao

hipertireoidismo e a azotemia pode apenas se tornar evidente quando o gato se torna

eutireoideo (BOAG et. al., 2007). Dessa forma o tratamento medicamentoso pode ser feito de

forma a equilibrar o tratamento do hipertireoidismo sem gerar danos muito intensos

decorrentes do agravamento da doença concomitante (PETERSON, 2004).

3.1.1. Metimazol

A administração diária de metimazol é a forma medicamentosa escolhida como

tratamento de longo prazo do hipertireoidismo felino e pode ser administrado por várias

semanas antes de um tratamento curativo (radioiodoterapia ou cirúrgico) a fim de revelar

doença renal subclínica ou minimizar os riscos cirúrgicos e anestésicos associados com a

tireotoxicose (FELDMAN, 1996).

Apesar de não ser inteiramente livre de efeitos colaterais, o metimazol é uma

droga antitireoidiana relativamente segura para o uso em gatos (PETERSON, 1984).

Muitos fatores podem influenciar a dosagem diária inicial e duração do tratamento

com metimazol para restaurar o estado eutireoideo em gatos com hipertireoidismo. Após a

absorção, o metimazol é ativamente concentrado pela glândula tireoide, onde atua para inibir

a síntese de hormônios tireoideanos. A droga não bloqueia a liberação para a circulação do

hormônio já estocado (COOPER, 1984), também a severidade do hipertireoidismo e o volume

do tecido adenomatoso da tireoide são fatores que influenciam a dosagem inicial de

metimazol e o tempo necessário para reduzir a concentração de hormônio tireoidiano

circulante para a referência normal (COOPER, 1984).

O tratamento do hipertireoidismo pode evidenciar uma nefropatia pré–existente.

Ao contrário dos tratamentos “curativos” a normalização dos hormônios tireoidianos com o

metimazol é reversível, permitindo ao clínico equilibrar o tratamento do hipertireoidismo

concomitantemente com a nefropatia crônica para maximizar o benefício para o paciente

(PETERSON, 2004).

18

A dosagem inicial é de 5 a 15mg/dia por duas a três semanas, se houver pouca ou

nenhuma queda nas concentrações de T4 sérico, a dosagem do metimazol deve ser aumentada

em incrementos de 2,5 a 5mg, isso se for excluída a possibilidade de erro na administração

pelo proprietário. Raramente um gato irá necessitar de mais que 25mg/dia para controle da

doença (PETERSON, 1988). A administração do medicamento pode ser feita na forma de

comprimidos orais ou de gel transdérmico (HOFFMANN et. al., 2003). Os efeitos colaterais

da administração do metimazol (anorexia, vômito, letargia, alterações hematológicas

adversas, hepatopatia, escoriação facial), ocorrem nos primeiros três meses de tratamento e,

portanto devem ser monitorados a cada duas ou três semanas para controle das reações

adversas (hemograma completo, perfil bioquímico sérico e a concentração sérica de T4)

(PETERSON, 2004). Se forem encontradas concentrações séricas de T4 abaixo do normal em

gatos em tratamento, a dose diária deve ser reduzida de 2,5 a 5mg e as reavaliações de T4

sérico devem ser feitas no intervalo de duas a quatro semanas até que se encontre a dose mais

baixa e eficaz do medicamento (PETERSON, 2004).

A meia vida do metimazol é de menos de três horas (TREPANIER et. al., 1991),

mas como o metimazol permanece concentrado na tireoide, o tempo de residência

intratireóideo é consideravelmente mais longo que a meia vida sérica e sendo assim a

administração uma vez ao dia é eficaz na maioria dos casos (PETERSON, 2004).

O tratamento com metimazol não impede que os nódulos da tireoide continuem a

aumentar, pois o metimazol bloqueia a secreção do hormônio tireoidiano, mas não faz nada

com o crescimento tumoral. Sendo assim, não é raro que seja necessário aumentar a dose

diária progressivamente no decorrer da doença. Alguns gatos podem deixar de responder

adequadamente ao tratamento com metimazol e exigir outra forma de tratamento (p. ex.:

tireoidectomia) (PETERSON, 2004).

3.1.2. Carbimazol

O carbimazol parece ser tão eficaz quanto o metimazol para o tratamento clínico a

longo prazo do hipertireoidismo. A dosagem utilizada na maioria dos gatos é a de 5mg a cada

12 horas (MOONEY et. al., 1992).

Há reações adversas que são relatadas como menos comuns na administração do

carbimazol em relação ao metimazol. A maior parte dos efeitos colaterais é observada durante

19

as primeiras semanas de tratamento, em geral são moderados e transitórios e raramente

exigem a interrupção do tratamento.

Também é necessário monitoramento das reações adversas a cada duas semanas

durante os primeiros três meses do tratamento com bioquímica sérica, hemograma completo e

contagem total de plaquetas. Daí em diante, esses parâmetros laboratoriais devem ser

monitorados caso se suspeite de reações adversas.

4.2. Cirúrgico

É necessário muito cuidado na avaliação pré-cirúrgica de gatos afetados pelo

hipertireoidimo para detectar doenças concomitantes, como doenças renais ou cardiomiopatia

(FLANDERS, 1999).

Uma vez que o hipertireoidismo é tratado, a doença renal pode se tornar

clinicamente aparente. É necessário o tratamento de gatos hipertireoideos azotêmicos com

medicamento antitireóideo para determinar a extensão da doença renal previamente à

tireoidectomia. Se há evidência de doença renal severa quando o gato se torna eutireoideo,

então a tireoidectomia é contraindicada. Pode ser necessário induzir uma redução parcial da

concentração de T4 e manter a taxa de filtração glomerular modestamente elevada usando

doses subterapêuticas de medicações antitireoidianas (FLANDERS, 1999).

O coração dos gatos hipertireoideos deve ser auscultado cuidadosamente para

detectar taquicardia de repouso ou arritmias. Qualquer anormalidade cardíaca deve ser

avaliada com um eletrocardiograma, radiografia torácica e, se possível, um ecocardiograma.

Hipertireoidismo pode causar cardiomiopatia que é associada com arritmia ventricular

(PETERSON, 1982). Quando há alterações no ritmo cardíaco a terapia medicamentosa deve

ser instituída para reduzir a frequência cardíaca pois a redução da frequência cardíaca permite

uma melhor perfusão. A frequência cardíaca pode ser reduzida com o tratamento prévio com

metimazol, no entanto esse tratamento requer pelo menos duas semanas para tornar o gato

eutireoideo. É possível, alternativamente, usar o propanolol para o tratamento da taquicardia e

arritmias (FELDMAN, 1996) ou atenolol, que é mais utilizado atualmente.

Como mais de 80% dos gatos hipertireoideos apresentam alterações em ambos os

lóbulos da tireoide, a tireoidectomia, quando realizada, deve ser bilateral. Várias técnicas

diferentes de tireoidectomia foram desenvolvidas na tentativa de minimizar potenciais

20

complicações pós – operatórias associadas à tireoidectomia bilateral como a hipocalcemia ou

recorrência do hipertireoidismo (FLANDERS, 1999). Danificar ou remover acidentalmente

todas as quatro glândulas paratireoides durante a tireoidectomia bilateral causa hipocalcemia,

a complicação pós-operatória mais comum. A recorrência do hipertireoidismo pode ocorrer

até meses após a tireoidectomia se houver tecido tireoidiano adenomatoso residual

(FLANDERS, 1999).

A técnica cirúrgica mais eficiente da tireoidectomia bilateral envolve a

preservação de pelo menos uma glândula paratireoide na superfície da cápsula da tireoide.

Adicionalmente a maior parte da cápsula da tireoide deve ser removida para garantir que todo

tecido neoplásico da tireoide tenha sido removido. A técnica de tireoidectomia mais

recentemente descrita envolve uma remoção sequencial de ambas as glândulas tireoidianas

envolvidas. A remoção sequencial dos lobos da tireoide afetados permite que haja tempo para

que o tecido da paratireoide ipsolateral tenha revascularização antes de a segunda glândula

tireoide ser removida. O tratamento cirúrgico em gatos hipertireoideos oferece cura

permanente sem necessidade de tratamento medicamentoso crônico (FLANDERS, 1999).

Com relação às técnicas cirúrgicas utilizadas, não há como avaliar claramente

qual é superior à outra. Como em várias outras técnicas cirúrgicas, à incidência de

complicações reduzem de forma importante com a experiência do cirurgião (FLANDERS,

1999).

4.3 Alimentação

Recentemente uma nova forma de manejo reversível do hipertireoidismo felino

foi apresentada, ela consiste na alimentação com restrição de iodo. O iodo é um elemento

nutricional essencial requerido em quantidades muito pequenas no organismo, é um

importante componente dos hormônios tireoidianos e a grande maioria está localizada na

forma ligada com proteínas nas glândulas tireoides (NRC, 2006).

Uma alimentação restrita em iodo pode ser uma modalidade alternativa de

tratamento e no manejo de gatos com hipertireoidismo (VAN DER KOOIJ et. al., 2014).

Em um estudo apresentado no fórum da American College of Veterinary Internal

Medicine (ACVIM) foi relatado o efeito de dieta restrita em iodo no manejo de gatos com

hipertireoidismo alimentando-os com diferentes concentrações de iodo, foi concluído que a

21

dieta restrita em iodo é um método efetivo de reduzir a concentração de T4 total circulante em

gatos hipertireoideos (MELENDEZ et. al., 2011).

A dieta restrita em iodo atualmente disponível é a Hill’s Prescription Diet y/d

Feline, ela, infelizmente, não está disponível no Brasil.

Essa dieta deve ser administrada como única fonte de alimento e água a vontade,

também, gatos que já estão em tratamento com medicação antitireoidiana devem suspender o

tratamento gradualmente para iniciar o tratamento com a dieta para evitar o desenvolvimento

de hipotireoidismo, portanto não é interessante combinar duas formas de tratamento (VAN

DER KOOIJ et. al., 2014).

As vantagens do uso da dieta em relação ao uso de medicação antitireoidiana são

que a dieta é um tratamento livre do estresse da administração diária de medicamento, não

apresenta efeitos colaterais vistos no tratamento medicamentoso, a função renal não é afetada

e também não apresenta nenhum risco anestésico ou necessidade de hospitalização (VAN

DER KOOIJ et. al., 2014).

É possível que a dieta em questão pode não restaurar o completo eutireoidismo

em todos os gatos, porém, como se trata de uma forma de manejo reversível, se não for

eficiente ainda há a possibilidade de se testar um outro método, como o medicamentoso

(VAN DER KOOIJ et. al., 2014).

A dieta restrita em iodo pode ser uma opção válida de manejo para normalizar a

concentração de T4 total circulante e melhorar os sinais clínicos do hipertireoidismo em até

quatro semanas (VAN DER KOOIJ et. al., 2014), quando disponível, pode ser uma opção

para proprietários que apresentam dificuldades na administração de medicamentos para o

animal e quando o tratamento cirúrgico e de iodo radioativo não estão disponíveis. Porém é

necessário fazer o acompanhamento clínico e acompanhar as concentrações séricas dos

hormônios tireoidianos para verificar a eficiência do tratamento, podendo, assim, avaliar a

necessidade de alternar para outra forma terapêutica.

4.4. Iodo Radioativo

A terapia com iodo radioativo é considerada como padrão ouro no tratamento do

hipertireoidismo felino. É simples, eficaz e segura, evita o inconveniente da administração

diária de medicamento antitireoidiano oral e também evita os efeitos colaterais comumente

22

associados à administração desses fármacos. O uso do radioiodo também evita os risco e as

complicações relacionados a uma intervenção cirúrgica (PETERSON, 2004). Além disso, os

animais tratados através do iodo radioativo apresentam uma maior expectativa de vida quando

comparados àqueles tratados com medicamentos antitireoidianos (MILNER et. al., 2006). As

desvantagens do tratamento com radioiodo estão relacionados à baixa disponibilidade de

centros com autorização para realizar esse tipo de tratamento e a necessidade de internação

hospitalar após o tratamento (PETERSON, 1995).

O tratamento com iodo radioativo se baseia no princípio de que as células da

tireoide não distinguem entre o iodo estável e o radioativo, sendo assim, o radioiodo é

concentrado pela tireoide (SOLOMON, 1986). Em gatos com hipertireoidismo o iodo

radiotivo se concentra principalmente nas células hiperplásicas ou neoplásicas, irradiando e

destruindo o tecido anormal enquanto o tecido normal tende a ficar protegido, pois está

atrofiado e recebe apenas uma pequena quantidade de radiação (PETERSON, 2004).

O radioisótopo utilizado para tratar o hipertireoidismo é o I¹³¹. Geralmente é

necessário a administração de uma única dose de radioiodo por via subcutânea para restaurar

o eutireoidismo sem causar hipotireoidismo. Existem três maneiras de se determinar a dose

adequada de I¹³¹ a ser administrada, a primeira calcula a quantidade necessária utilizando

estudos cinéticos do marcador para estimar a quantidade percentual de iodo captado e a taxa

de desaparecimento da glândula, juntamente com a formação da imagem da glândula para

estimar seu peso (TURREL, 1984). É uma técnica que exige muito tempo e despesas e não

tem resultados muito superiores que as demais técnicas, então raramente é usada

(PETERSON, 2004). Uma segunda maneira é administração de uma dose fixa e relativamente

alta do radioiodo para todos os gatos, uma forma mais simples, porém com mais risco de

subtratamento em alguns e supertratamento em outros (PETERSON, 2004). A terceira

maneira consiste na determinação da dose com base em um sistema de escore que leva em

consideração a gravidade dos sinais clínicos, o tamanho da tireoide e a concentração sérica de

T4 (PETERSON, 1995), as principais vantagens desse método são que o equipamento de

medicina nuclear necessário para avaliar a cinética tireoidea não é requerido e também não é

exigida a sedação do animal (PETERSON, 2004).

A maioria dos animais tratados com I¹³¹ se tornam eutireoideos com apenas uma

aplicação, as concentrações séricas de hormônio tireoidiano atingem a normalidade dentro de

duas semanas após o tratamento em 85% dos gatos e após três meses em 95% deles

(PETERSON, 1995). Entretanto, 5% pode continuar hipertireoideo, isso ocorre em sua

23

maioria em gatos com grandes tumores tireoideos, hipertireoidismo grave e concentrações

séricas de T4 extremamente altas (PETERSON, 1995). Nos gatos que continuam

hipertireoideos após três meses do tratamento inicial, uma segunda aplicação é geralmente

necessária (PETERSON, 2004).

Alguns poucos gatos (menos de 5%) que recebem o tratamento com radioiodo

podem desenvolver hipotireoidsmo permanente, os sinais clínicos podem aparecer de dois a

quatro meses após o tratamento. Em casos como esses é necessária a suplementação com

hormônio tireoidiano durante toda a vida do animal (PETERSON, 2004).

Nos raros casos de carcinoma tireoideo o tratamento com I¹³¹ é a melhor opção,

pois se concentra nas células hiperativas, bem como nos locais metastáticos (PETERSON,

2004).

Após o tratamento, os animais devem permanecer internados até a redução da taxa

de eliminação de radiação para um nível seguro, isso ocorre dentro de 7 a 10 dias. Mesmo

após a liberação, esses gatos ainda estarão eliminando pequena quantidade de radiação através

de fezes e urina durante, aproximadamente, as quatro semanas seguintes. Por esse motivo, é

recomendado que os animais permaneçam restritos à casa do proprietário, que se evite contato

próximo e prolongado com o animal pelas primeiras duas semanas após a alta e também a que

se elimine de forma cuidadosa os dejetos do animal (PETERSON, 2004).

O tratamento com iodo radioativo já está disponível no Brasil em uma clínica

especializada em felinos situada na cidade de São Paulo.

CONCLUSÃO

O hipertireoidismo é uma doença ainda pouco diagnosticada no Brasil. Fora do

país já faz parte da rotina clínica e a palpação da tireoide e exames de rotina que incluem a

avaliação da tireoide já fazem parte do dia a dia do clínico. Ainda são necessários estudos

sobre o hipertireoidismo, como sua etiologia e formas mais precisas de diagnóstico. Também,

na questão do tratamento, muitas alternativas eficientes não estão disponíveis ou são de difícil

acesso em muitos lugares do mundo e principalmente no Brasil. No Brasil isso se da,

principalmente, pela baixa demanda, já que não é diagnosticado com tanta frequência.

Felizmente já está disponível no Brasil a possibilidade de realizar o tratamento através de iodo

24

radioativo, uma opção que até alguns anos atrás não possuíamos, porém ainda falta muito para

atingirmos um patamar aceitável no que se refere ao conhecimento da doença. Uma

enfermidade que depende principalmente da atenção e do senso de observação do clínico para

se levantar a suspeita do diagnóstico.

25

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