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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia de São Sebastião Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial ANDREZA DOS SANTOS COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: fatores que influenciam o comportamento dos clientes da empresa Joelma Variedades Ilhabela (SP). São Sebastião 2017

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

Faculdade de Tecnologia de São Sebastião

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial

ANDREZA DOS SANTOS

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: fatores que influenciam o comportamento dos clientes da empresa Joelma Variedades – Ilhabela (SP).

São Sebastião

2017

ANDREZA DOS SANTOS

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: fatores que influenciam o comportamento dos clientes da empresa Joelma Variedades – Ilhabela (SP).

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como exigência parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Empresarial. Orientador: Prof. Especialista Orlando José de Souza Celestino

São Sebastião

2017

ANDREZA DOS SANTOS

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: fatores que influenciam o comportamento dos clientes da empresa Joelma Variedades – Ilhabela (SP).

Apresentação de Trabalho de Graduação à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como condição parcial para a conclusão do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial. São Sebastião, (06 de julho de 2017)

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

PROFESSOR ESPECIALISTA ORLANDO JOSÉ DE SOUZA CELESTINO

_________________________________________________________

PROFESSOR MESTRE FRANCISCO ORLANDO OLIVEIRA RIBEIRO

_________________________________________________________

PROFESSOR ESPECIALISTA DOUGLAS MARTINS DE SOUZA

MÉDIA FINAL: ___________________

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela força e coragem durante toda esta

longa caminhada. Aos meus pais, Flávio e Juliana, pelo exemplo de vida, por toda

educação, incentivo, paciência, amor e carinho. Agradeço a toda a minha família,

aos meus professores e colegas que me ajudaram na conclusão desta monografia...

AGRADECIMENTOS

É com grande alegria e realização pelo trabalho finalizado, que agradeço

primeiramente a Deus por ter me dado forças de chegar até aqui.

Agradeço a instituição pela oportunidade de fazer o curso.

Ao meu orientador Orlando Celestino, por toda paciência, apoio e incentivo

durante a realização deste trabalho.

Às professoras Soraya Reis e Alciene Ribeiro.

A todos os meus queridos professores que se dedicaram e doaram um pouco

de si para que pudéssemos aprender sempre mais. Guardarei todos com muito

carinho dentro do meu coração!

Agradeço aos meus colegas/amigos que fizeram parte desta trajetória,

dividindo momentos de descontração, experiências e conquistas.

Ao meu falecido pai, que estaria muito orgulhoso de mim se estivesse aqui.

À minha mãe, minha base de tudo, por todo apoio, carinho, compreensão,

paciência nas horas mais difíceis e sobretudo pelo amor incondicional.

À empresa estudada, que gentilmente permitiu a realização da pesquisa.

Aos clientes da empresa pela disponibilidade.

Aqueles que, direta ou indiretamente, me ajudaram na realização deste

sonho.

Obrigada de coração!

O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é

no dicionário.

Albert Einstein

RESUMO

É cada vez mais notória a importância de se estudar e entender o comportamento

dos consumidores. Este trabalho tem como objetivo principal analisar o

comportamento dos consumidores da loja Joelma Variedades. O estudo

caracterizou-se como qualitativo, descritivo, realizado através de uma pesquisa de

campo por meio de um estudo de caso na loja Joelma Variedades, e por meio de um

levantamento bibliográfico sobre o tema em questão. O trabalho é relevante porque

permite que a empresa identifique o perfil e o comportamento de seus

consumidores, e no meio acadêmico o trabalho contribui para a ampliação do estudo

e consequentemente o conhecimento na área do comportamento do consumidor.

Após análise dos dados obtidos por meio de um formulário aplicado, notou-se que o

comportamento de compra das pessoas entrevistadas na empresa sofre influência

dos fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos, e isso mostra a importância de

se estudar o comportamento dos consumidores e entender a influência destes

fatores. Este trabalho também serviu para que a empresa pudesse identificar os

seus pontos positivos e negativos.

Palavras-chave: Comportamento. Consumidores. Fatores.

ABSTRACT

The importance of studying and understanding consumer behavior is becoming more

and more apparent. This work has as main objective to analyze the behavior of

consumers of the store Joelma Variedades. The study was characterized as

qualitative, descriptive, carried out through a field research through a case study in

the Joelma Variedades store, and through a bibliographical survey on the subject in

question. The work is relevant because it allows the company to identify the profile

and the behavior of its consumers, and in the academic environment the work

contributes to the expansion of the study and consequently knowledge in the area of

consumer behavior. After analyzing the data obtained through an applied form, it was

noticed that the buying behavior of the people interviewed in the company is

influenced by cultural, social, personal and psychological factors, and this shows the

importance of studying the behavior of consumers and understand the influence of

these factors. This work also helped the company to identify its strengths and

weaknesses.

Keywords: Behavior. Consumers. Factors.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

AIO Atividades, Interesses e Opiniões

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fatores que influenciam o comportamento ......................................... 19

Figura 2 - Influências na Cultura ............................................................................ 21

Figura 3 - Imigração para o Brasil segundo a nacionalidade .............................. 24

Figura 4 - Sistema de Segmentação VALS............................................................ 36

Figura 5 - Estrela dos tipos psicológicos, embasada no modelo de Jung ........ 39

Figura 6 - A Hierarquia das Necessidades de Maslow ......................................... 42

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Classificação por gênero ..................................................................... 54

Gráfico 2 - Faixa etária ............................................................................................ 55

Gráfico 3 - Estado civil ............................................................................................ 56

Gráfico 4 - Grau de instrução ................................................................................. 57

Gráfico 5 - Ocupação .............................................................................................. 58

Gráfico 6 - Renda média domiciliar ....................................................................... 61

Gráfico 7 - Residência ............................................................................................. 62

Gráfico 8 - Grupos de maior influência ................................................................. 62

Gráfico 9 - Grupos de menor influência ................................................................ 63

Gráfico 10 - Quantas vezes comprou na loja ........................................................ 65

Gráfico 11 - Frequência de compra ....................................................................... 66

Gráfico 12 - Fatores de decisão ............................................................................. 67

Gráfico 13 - Fatores de decisão considerados na opinião dos que compraram

pela 1ª vez ................................................................................................................ 68

Gráfico 14 - O que motivou a compra .................................................................... 68

Gráfico 15 - Pretende comprar mais vezes ........................................................... 69

Gráfico 16 - Planeja compra com antecedência ................................................... 71

Gráfico 17 - Compra por impulso ........................................................................... 71

Gráfico 18 - Aquisição de um produto sem de fato estar precisando ................ 72

Gráfico 19 - Produto comprado na loja ................................................................. 72

Gráfico 20 - Prefere produtos de marca ou não ................................................... 74

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Diferentes enfoques na comercialização ........................................... 18

Quadro 2 - Exemplos dos diferentes tipos de grupos ......................................... 28

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipos de subculturas ............................................................................. 23

Tabela 2 - Estimativa para renda média domiciliar para os estratos do Critério

Brasil ........................................................................................................................ 26

Tabela 3 - Principais dimensões usadas para mensurar os elementos AIOs .... 35

Tabela 4 - Escolaridade x Ocupação ..................................................................... 59

Tabela 5 - Escolaridade x Idade ............................................................................. 59

Tabela 6 - Relação entre estado civil e grupo de influência ................................ 64

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 17

2.1 FATORES CULTURAIS .................................................................................... 19

2.1.1 Cultura .................................................................................................. 19

2.1.2 Subcultura ............................................................................................ 23

2.1.3 Classe Social........................................................................................ 25

2.2 FATORES SOCIAIS ......................................................................................... 27

2.2.1 Grupos de Referência ......................................................................... 27

2.2.2 Família .................................................................................................. 29

2.2.3 Papéis e Posições Sociais .................................................................. 30

2.3 FATORES PESSOAIS ...................................................................................... 31

2.3.1 Idade e Estágio de Ciclo de Vida ........................................................ 31

2.3.2 Ocupação ............................................................................................. 33

2.3.3 Condições Econômicas ...................................................................... 33

2.3.4 Estilo de Vida ....................................................................................... 34

2.3.5 Personalidade e Autoconceito ........................................................... 38

2.4 FATORES PSICOLÓGICOS............................................................................. 41

2.4.1 Motivação ............................................................................................. 41

2.4.2 Percepção ............................................................................................ 43

2.4.3 Aprendizagem ...................................................................................... 44

2.4.4 Crenças e Atitudes .............................................................................. 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 47

3.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .................................................................... 52

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 76

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78

APÊNDICE A - Formulário ...................................................................................... 80

14

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o aumento da concorrência fez com que a disputa entre as

empresas na busca de um espaço na mente das pessoas, crescesse muito

rapidamente. Hoje, para que as empresas consigam viabilizar produtos ou serviços

que atendam às necessidades e os desejos dos seus clientes, antes de tudo, elas

precisam conhecer esses consumidores, as suas motivações, os seus hábitos,

costumes e formas com que realizam uma compra. O comportamento do

consumidor é o estudo dos processos envolvidos quando "pessoas, grupos e

organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, ideias ou

experiências para satisfazer suas necessidades e desejos” (KOTLER; KELLER,

2006, p.172).

O presente trabalho buscou compreender o comportamento de compra dos

clientes que frequentam a loja Joelma Variedades, de acordo com os fatores que

influenciam o comportamento dos consumidores.

1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA

O comportamento do consumidor é o estudo de quando, como e porque as

pessoas decidem comprar ou não um determinado produto. É um estudo que

fornece informações para que empresários e profissionais de marketing atuem de

forma a satisfazer as necessidades e desejos de seus consumidores. Segundo

Kotler e Keller (2006, p. 172) "entender o cliente a fundo ajuda a assegurar que os

produtos certos estão sendo comercializados para os clientes certos de maneira

certa". E é sabido, que em um mercado cada vez mais competitivo, como o que as

empresas enfrentam hoje, conhecer o comportamento dos consumidores é a chave

para o sucesso de qualquer negócio. Posto isto, para a empresa analisada neste

trabalho, está pesquisa justifica-se, pois servirá como base para identificar o perfil e

o comportamento de seus consumidores. Já no meio acadêmico o trabalho contribui

15

para a ampliação do estudo e consequentemente o conhecimento na área do

comportamento do consumidor.

1.2 PROBLEMA

Conforme Prodanov e Freitas (2013, p. 121), o problema “esclarece a

dificuldade específica com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver por

intermédio da pesquisa”. Para os autores, o problema consiste basicamente em um

enunciado escrito de maneira transparente, compreensível e viável, onde a melhor

maneira de solucioná-lo é através de uma pesquisa ou por meio de métodos

científicos.

Logo a dificuldade especifica nesta pesquisa traduz-se em como os fatores

culturais, sociais, pessoais e psicológicos influenciam no comportamento de

compra?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

A investigação desta pesquisa tem por finalidade analisar o comportamento

dos consumidores da loja Joelma Variedades.

1.3.2 Objetivos específicos

Neste trabalho, as etapas a serem realizadas são:

• Identificar o perfil dos clientes que frequentam a empresa.

16

• Entender os motivos que levam os consumidores a comprar na loja

pesquisada.

• Identificar o comportamento de compra.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este estudo é composto por cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta

uma breve introdução acerca do tema desenvolvido, justificativa, problema e os

objetivos gerais e específicos. O segundo capítulo trata a fundamentação teórica do

trabalho. O capítulo que se segue, aborda os procedimentos metodológicos

utilizados no desenvolvimento da pesquisa. No quarto capítulo, são apresentados os

resultados e discussões acerca dos dados coletados. E por fim, no quinto capítulo,

são apresentadas as conclusões da pesquisa.

17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para entender o que é o estudo do comportamento do consumidor é

necessário primeiro definir o conceito de marketing e a sua evolução histórica. De

acordo com Kotler e Keller (2006), o marketing abrange a identificação e a

satisfação das necessidades humanas e sociais de forma lucrativa. Segundo a

American Marketing Association, o termo marketing é definido como:

Uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado (KOTLER; KELLER, 2006, p. 4).

Conforme Las Casas (2006), o conceito de marketing evoluiu ao longo das

décadas, e é dividido em três fases: era da produção, era de vendas (1930) e era do

marketing (1950).

A era da produção pode ser dividida em duas fases: produção e produto. A

primeira, segundo Kotler e Keller (2006), parte do princípio de que as pessoas se

interessavam por produtos com preços acessíveis e fáceis de serem encontrados.

Para os autores as empresas orientadas para a produção preocupavam-se em

atingir altos níveis de eficiência de produção, com baixos custos e distribuídos em

larga escala.

A segunda fase, como explicam Kotler e Keller (2006), é aquela em que a

ênfase recai sobre os processos produtivos, e não mais sobre o produto. Como

apontam os autores, nesta fase as empresas preocupavam-se em fabricar produtos

de boa qualidade e aperfeiçoa-los ao longo do tempo, e os consumidores

procuravam por produtos que oferecessem qualidade e desempenho superiores.

Com o passar do tempo os fabricantes desenvolveram-se e produziram em

série, logo, a oferta passou a exceder a demanda, havendo assim um acúmulo da

produção em estoques (LAS CASAS, 2006). Conforme o autor, a partir daí as

empresas passaram a utilizar estratégias de vendas mais agressivas e a ênfase na

comercialização dessa época era totalmente voltada para às vendas.

Como uma evolução da era de vendas, a era do marketing, como explica Las

Casas (2006), surgiu a partir da década de 50, com a percepção de que a venda de

18

produtos a qualquer custo era um modo de comercialização fracassado, que não era

correto, já que as vendas não eram constantes. O autor comenta que a conquista e

a manutenção de negócios a longo prazo, fidelizando os clientes, era o mais

importante. Ainda referenciando o autor, nessa época o consumidor passou a ser

mais valorizado e os produtos passaram a ser vendidos a partir da constatação das

suas necessidades e desejos, a partir daí os clientes passaram a dominar o cenário

da comercialização, sendo considerados como 'rei'.

Conforme Las Casas (2006), essa mudança na forma de comercialização

pode ser observada no Quadro 1:

Quadro 1 - Diferentes enfoques na comercialização

Fonte: Las Casas (2006, p. 23)

O campo de estudo do comportamento do consumidor teve início em 1950

junto com a evolução do conceito de marketing (SCHIFFMAN; KANUK, 2009).

De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), o comportamento do

consumidor é definido como atividades ligadas diretamente ao processo de obter, de

consumir e de eliminar produtos e serviços. Ainda segundo os autores,

historicamente o comportamento do consumidor teve seu foco voltado para o

comportamento de compra, mais recentemente, com a evolução do estudo do

consumidor muitos pesquisadores têm focado na análise de consumo, por que e

como as pessoas consomem e não só em por que e como elas compram.

Para Kotler e Keller (2006, p. 172), “o campo do comportamento do

consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram,

usam e descartam artigos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas

19

necessidades e desejos”. Segundo os autores, o comportamento de compra dos

consumidores sofre influências culturais, sociais, pessoais e psicológicas, sendo o

fator cultural o mais importante influenciador entre eles, como mostra a Figura 1 a

seguir:

Figura 1 - Fatores que influenciam o comportamento

Fonte: Kotler (2008, p.163)

2.1 FATORES CULTURAIS

Para Kotler (2008), os fatores culturais são considerados muito importantes,

pois são os fatores que exercem um grande poder de influência nos hábitos de

consumo de um indivíduo e encontram-se subdivididos em três: cultura, subcultura e

classe social.

2.1.1 Cultura

Karsaklian (2011, p. 153) afirma que, "o que comemos, bebemos, vestimos,

acreditamos, a música que escutamos, tudo isso depende em grande parte de nossa

cultura". De acordo com a autora, a cultura é um poderoso fator de influência nos

20

hábitos de compra e consumo de um indivíduo e por isso ela está incorporada na

maioria dos estudos do comportamento do consumidor.

Karsaklian (2011) explica que com a globalização o mercado das empresas

atualmente já não se limita mais apenas ao âmbito local ou nacional. A autora

argumenta que inúmeros fracassos de empresas no lançamento de produtos

ocorreram justamente pelo fato de não considerarem o fator cultural, e um bom

exemplo disso, é a líder americana de bolas de golfe, que ao lançar-se no mercado

japonês vendeu o seu produto em caixas de quatro bolas, mas no Japão o número 4

é considerado maldito.

A cultura é definida por Blackwell, Miniard e Engel (2005), como um conjunto

de valores, ideias, artefatos e outros símbolos significativos que direcionam o

comportamento do indivíduo em uma sociedade.

Reforçando esta definição, Kotler e Keller (2006) definem a cultura como o

principal determinante dos desejos e do comportamento de uma pessoa. Ainda na

concepção dos autores, este comportamento é em grande parte adquirido, assim,

quando uma criança cresce em uma sociedade, ela adquire valores, percepções,

interesses e comportamentos de seus familiares e também de outras instituições

importantes.

Karsaklian (2011) afirma que a cultura não nasce com o indivíduo, ela é

composta de elementos que ele adquire e transmite de geração em geração

garantindo assim a continuidade e a sobrevivência da cultura no tempo.

Conforme Blackwell, Miniard e Engel (2005), a cultura reflete influências de

fatores como a etnia, raça, religião e identidade nacional ou regional, conforme a

Figura 2:

21

Figura 2 - Influências na Cultura

Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 326)

Como ilustrado na figura, os elementos abstratos, na visão de Blackwell,

Miniard e Engel (2005), incluem os valores, atitudes, ideias, tipos de personalidade e

constructos sumários como religião ou política, e em alguns casos, algumas culturas

podem envolver também mitos, superstições e símbolos. Como exemplos de

elementos materiais os autores citam os livros, computadores, ferramentas,

construções e produtos específicos, que em outras palavras, consistem em todo tipo

de material que influencia no modo de vida de um grupo ou sociedade, originando

um comportamento baseado na cultura material.

Blackwell, Miniard e Engel (2005) sugerem alguns dos comportamentos e

atitudes mais importantes influenciados pela cultura, são eles: sentido do eu e do

espaço; comunicação e linguagem; vestuário e aparência; alimentação e hábitos

alimentares; tempo e consciência de tempo; relacionamentos (família, organizações,

governos etc.); valores e normas; crenças e atitudes; processos mentais e

aprendizagem; e hábitos e práticas de trabalho.

Karsaklian (2011) menciona que a cultura é muitas vezes diferenciada em

termos de hábitos alimentares, pela forma de se vestir, de falar, morar e de se

expressar, e embora essas diferenças sejam importantes do ponto de vista

comercial, esses comportamentos mostram apenas um pedaço do iceberg que é o

consumidor. Segundo a autora, por trás desses comportamentos existe um conjunto

de normas estabelecidas que dirigem a vida em sociedade, que revelam, por sua

22

vez um, sistema de valores que determinam para que serve determinada cultura e

qual o seu modo de funcionamento desejado.

Para Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 329, grifo do autor), “as normas são

regras de comportamentos mantidas pela maioria ou pelo menos por consenso do

grupo sobre como os indivíduos devem se comportar". Já “[...] os valores

representam as crenças dos consumidores sobre a vida e os comportamentos

aceitáveis” (BLACKWELL; MINARD; ENGEL, 2005, p. 223).

Os autores revelam que esses valores podem ser pessoais ou sociais. "Os

valores sociais definem o comportamento 'normal' para uma sociedade ou grupo.

Os valores pessoas definem o comportamento 'normal' para o indivíduo"

(BLACKWELL; MINARD; ENGEL, 2005, p. 223, grifo do autor).

No entendimento de Blackwell, Miniard e Engel (2005), as pessoas aprendem

as normas através da imitação ou observação das recompensas e punições

recebidas por outras pessoas ao seguirem ou não um conjunto de normas. Já os

valores, as motivações e as atividades cotidianas, de acordo com os autores, o

indivíduo adquire pelo processo de socialização, isto é, pelo processo de absorção

de uma cultura.

Conforme Blackwell, Miniard e Engel (2005), os valores da sociedade são

transmitidos ao indivíduo através da família, das instituições religiosas e

educacionais. Ainda de acordo com os autores, a mídia também desempenha um

papel muito importante no processo de socialização.

Por exemplo, um filme pode retratar o consumo de drogas ou o dirigir bêbado (valores que a sociedade não aceita) como aceitável ou "legal", desse modo potencialmente influenciando os valores dos indivíduos. A mídia também pode ressaltar importantes valores culturais de uma sociedade e ajudar a transmiti-los para a geração seguinte ou mesmo reforça-los na sociedade (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p. 330).

Afirmam ainda os autores que:

Pelo processo de socialização [...] as pessoas adotam os valores que influenciam como elas vivem, como definem o que é certo ou errado, como compram, e o que é importante para elas - como prazer, honestidade, segurança financeira, ou mesmo a ambição [...] além disso, os valores adotados pelos indivíduos moldam os valores das sociedades futuras.

Blackwell, Miniard e Engel (2005) comentam que da mesma maneira que as

pessoas adotam determinados valores, elas também abandonam os valores que não

23

mais estão de acordo com as necessidades da sociedade em que vivem. Para os

autores, a cultura é adaptativa e os esforços de marketing baseados em valores da

sociedade também devem ser adaptáveis.

2.1.2 Subcultura

A subcultura é definida por Churchill e Peter (2000, p. 156) como “[...]

segmentos dentro de uma cultura que compartilham valores e padrões de

comportamentos distintos que diferem dos pertencentes à cultura geral”.

Segundo Kotler (2008), fazem parte das subculturas as nacionalidades,

religiões, grupos raciais e regiões geográficas. A Tabela 1, conforme Churchill e

Peter (2000), mostra algumas das maneiras de se dividir à população em

subculturas.

Tabela 1 - Tipos de subculturas

Características Exemplos de Subculturas

Idade Crianças, adolescentes, adultos jovens, meia-idade, idosos

Religião Católicos, judeus, protestantes, budistas, muçulmanos

Raça Negros, descendentes de europeus, orientais

Nível de renda Ricos, classe média, pobres, miseráveis

Nacionalidade Italianos, portugueses, espanhóis, alemães, japoneses

Sexo Mulher, homem

Tipo de família Mãe/pai solteiros, divorciado/sem filhos, pai/mãe/filhos

Ocupação Mecânico, contador, sacerdote, professor, escriturário

Região geográfica Nordeste, Sudeste, Sul

Comunidade Rural, cidade pequena, subúrbio, cidade grande

Fonte: Churchill e Peter (2000, p. 157)

Churchill e Peter (2000) consideram que as subculturas possuem o seu

próprio conjunto de valores e comportamentos, e que por este motivo os

profissionais de marketing conseguem melhor satisfazer as necessidades das

subculturas do que as necessidades da cultura total do país ou da região. Para os

autores, os profissionais de marketing podem desenvolver estratégias que sejam

direcionadas à determinadas subculturas, por exemplo, vender os seus produtos

num bairro japonês, afastado ou de classe alta ou utilizar meios de propagandas que

atinjam as subculturas de mulheres solteiras, jovens adultos e médicos.

24

Churchill e Peter (2000, p. 157), afirmam que:

As subculturas de um país podem representar vários grupos raciais e étnicos que são de particular interesse para os profissionais de marketing por causa de seu tamanho. Por exemplo, no Brasil, uma boa parcela da população é composta por negros. Reconhecendo esse aspecto como um dado que não pode ser desprezado, algumas empresas passaram a desenvolver produtos e direcionar estratégias para atingir esse importante nicho [...] A miscigenação é uma tendência irreversível; a proporção das minorias raciais e étnicas aumenta rapidamente e as organizações, cada vez mais globais, vendem seus produtos e serviços para os mais diferentes povos.

Os negros e os pardos, conforme Churchill e Peter (2000), representam a

mais importante subcultura de minoria racial ou étnica brasileira. Conforme dados

obtidos pelo Censo Democrático – IBGE (2010), os negros representam 7,6% e os

pardos 43,1% da população total do Brasil.

Schiffman e Kanuk (2009, p. 301, grifo do autor) afirmam que "para muitas

pessoas, a nacionalidade é uma importante referência subcultural que orienta o que

elas valorizam e o que compram".

Segundo Churchill e Peter (2000), no Brasil existe uma grande quantidade de

descendentes europeus, das mais diferentes nacionalidades, como mostra a Figura

3 a seguir:

Figura 3 - Imigração para o Brasil segundo a nacionalidade

Fonte: Churchill e Peter (2000, p. 158)

De acordo com Cobra (2009), além das nacionalidades e dos grupos raciais e

étnicos, a região geográfica em que uma pessoa vive também influencia diretamente

o seu comportamento. Essas influências geográficas, segundo Las Casas (2006),

podem ser percebidas desde os hábitos alimentares, até o modo de vestir-se de

uma pessoa. No Sul do Brasil, por exemplo, as pessoas gostam de tomar chimarrão,

25

já no Nordeste as pessoas gostam e consomem outros tipos de produtos (LAS

CASAS, 2006).

Nas subculturas religiosas, as pessoas são influenciadas "[...] em termos de

produtos que são simbólica e ritualisticamente associados com a celebração de

diversos feriados religiosos. Por exemplo, o Natal tornou-se a principal época de

compra de presentes do ano” (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 304).

De acordo com dados obtidos pelo Censo Demográfico - IBGE (2010), no

Brasil 64,6% da população é católica, 22,2% é evangélica, 2% é espírita, 2,7% tem

outras religiosidades e 8% da população não tem religião.

2.1.3 Classe Social

Kotler (2008) define classes sociais como divisões similares e duradouras de

uma sociedade, onde os membros compartilham valores, interesses e

comportamentos parecidos. O autor destaca que elas são determinadas por um

conjunto de fatores que compreendem não só a renda, mas a ocupação, o grau de

instrução e a área residencial do indivíduo.

De acordo com Kotler (2008), as classes sociais diferenciam-se entre si em

termos de vestuário, linguagem utilizada, atividades de lazer e em muitas outras

características.

As classes sociais, conforme Kotler (2008), apresentam as seguintes

características: tendência de comportamento semelhante entre pessoas que

pertencem a uma mesma classe social; as pessoas são vistas como ocupantes de

posições inferiores ou superiores de acordo com a sua classe social; a classe social

é indicada por variáveis como ocupação, renda, riquezas, grau de instrução,

orientação de valor, e não por uma única variável; e as pessoas podem passar de

uma classe social para outra, para cima ou para baixo.

Para Churchill e Peter (2000), o modo mais confiável para se classificar a

classe social de uma pessoa, é pela sua ocupação, assim, um cirurgião e um

gerente de vendas, por exemplo, provavelmente serão membros de classes

diferentes.

26

Schiffman e Kanuk (2009, p. 256) reforçam que "a ocupação é uma

mensuração amplamente aceita e provavelmente é a medida mais bem

documentada das classes sociais porque reflete o status ocupacional".

De acordo com Schiffman e Kanuk (2009), quanto maior for o grau de

instrução do indivíduo, maiores são as chances de que ele ocupe um excelente

cargo e tenha uma renda alta, por este motivo o grau de escolaridade também é

aceito para o posicionamento em uma classe social.

No Brasil, em 2015 um novo critério de classificação social foi adotado,

conhecido como Critério Brasil (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE

PESQUISA, 2016). Segundo informações do site, este critério de forma padronizada

estima qual a capacidade de consumo dos domicílios brasileiros por meio de 35

variáveis indicadoras de renda permanente (como educação, condições de moradia,

acesso a serviços públicos, etc.) para determinar o potencial de consumo dos

domicílios em relação a 20 categorias de produtos e serviços (alimentação dentro e

fora de casa, artigos de limpeza, vestuário, saúde e medicamentos).

Ainda conforme o site, este critério também utiliza dados das Pesquisas de

Orçamentos Familiares do IBGE, e para cada característica domiciliar é atribuído

uma pontuação e cada classe social é definida a partir da soma destes pontos,

assim, as classes sociais definidas pelo critério ABEP em 2016 são: A, B1, B2, C1,

C2 e D-E, conforme Tabela 2:

Tabela 2 - Estimativa para renda média domiciliar para os estratos do Critério Brasil

Estrato Sócio Econômico Renda Média Domiciliar (R$ mensal)

A 20.888

B1 9.254

B2 4.852

C1 2.705

C2 1.625

D-E 768

Total 3.130

Fonte: ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2016 *Valores baseados no PNAD 2014

27

2.2 FATORES SOCIAIS

Kotler (2008) afirma que o comportamento do consumidor também é

influenciado por fatores sociais como grupos de referência, famílias e papéis e

posições sociais.

2.2.1 Grupos de Referência

De acordo com Karsaklian (2011), quando se deseja estudar o

comportamento do consumidor é preciso levar em conta que em um ambiente social

existem interações sociais. Segundo a autora, entende-se por interação social o

contato entre duas ou mais pessoas, onde as ações de um indivíduo são ao mesmo

tempo um resultado e uma causa das ações de outro indivíduo.

Conforme Karsaklian (2011, p. 100), na linguagem popular diz-se que um

grupo é qualquer aglomerado de pessoas, mas para os psicossociólogos esse

aglomerado de pessoas torna-se um grupo apenas quando os seus membros

compartilham objetivos em comum. Por exemplo, "o conjunto de passageiros de um

voo não constitui em si próprio um grupo. Ele torna-se um grupo quando algum

acontecimento (sequestro, acidente ou atraso) se produz e desencadeia uma

tomada de consciência coletiva".

Neste sentido, Olmsted (1970) citado por Karsaklian (2011, p. 100), define

grupo como "uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os

outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo

significativamente importante em comum”.

Posto isto, "entende-se por grupo de referência toda a agregação de interação

pessoal que influencia as atitudes e os comportamentos de um indivíduo"

(KARSAKLIAN, 2011, p. 101).

Kotler (2008) afirma que os grupos de referência consistem em todos os

grupos que exercem influência direta ou indireta sobre as atitudes e

comportamentos dos consumidores. Para o autor, existem grupos de afinidade

denominados primários e secundários.

28

Os grupos primários, segundo Kotler (2008), são aqueles em que os

indivíduos interagem de forma contínua e informal, formados por familiares, amigos,

vizinhos e colegas de trabalho. Já os grupos secundários, no entendimento do autor,

são formados por religiosos, profissionais e sindicatos, e com estes, o indivíduo

interage de forma formal e menos contínua, conforme o Quadro 2:

Quadro 2 - Exemplos dos diferentes tipos de grupos

Informais Formais

Primários Escola Amigos

Escola Trabalho

Secundários Esportivos

Lazer Associações de trabalho Organizações diversas

Fonte: Karsaklian (2011, p. 101)

Kotler (2008) afirma que os grupos de referência podem influenciar as

pessoas de três maneiras diferentes: eles fazem com que as pessoas sejam

submetidas a novos comportamentos e estilos de vida; influenciam as suas atitudes

e autoconceito; e criam pressões de aceitação que podem afetar as suas escolhas

por produtos e marcas.

Kotler (2008) destaca ainda que as pessoas também são influenciadas por

grupos aos quais não pertencem, mas que desejam ou tentam pertencer,

conhecidos como grupos de aspiração e há ainda os grupos chamados de

dissociação, aqueles que o indivíduo rejeita.

De acordo com Dubois (1994) citado por Karsaklian (2011, p. 101), a

diferenciação entre grupos primários e secundários é muito importante para os

profissionais de marketing. Segundo a autora, a comunicação direcionada aos

grupos primários é mais fácil, pois existe um contato e uma comunicação direta entre

as pessoas, assim quando a informação atinge um dos membros, todos os outros

são atingidos.

Nos grupos secundários, de acordo com Karsaklian (2011), o problema é o

inverso, é mais fácil identifica-los por serem menores, mas por outro lado se os bons

condutores de mensagens não forem identificados a informação circulará de forma

insatisfatória.

Os profissionais de marketing tentam identificar os grupos de referência dos

seus consumidores-alvo para assim alcançar os seus líderes de opinião (KOTLER,

2008).

29

Um líder de opinião é uma pessoa que realiza uma divulgação informal, oferecendo conselhos ou informações sobre um produto ou categoria de produtos específicos, dizendo por exemplo quais, dentre as muitas marcas disponíveis, são as melhores ou como um determinado produto deve ser usado (KOTLER; KELLER, 2006, p.177, grifo do autor).

2.2.2 Família

De acordo com Kotler (2008), a família é o grupo primário de referência de

maior influência, podendo ser dividida entre duas na vida de um consumidor: família

de orientação e família de procriação. A primeira segundo o autor, é formada pelos

pais, e deles o indivíduo obtém determinas orientações com relação a religião,

política e economia e também ambição pessoal, autovalorização e amor. A segunda,

ainda para o autor, é aquela formada após o casamento (marido, esposa e filhos).

Kotler (2008) comenta que mesmo que o comprador não interaja mais com

tanta frequência com seus pais (família de orientação), a influência deles no seu

comportamento continua sendo importante. Por exemplo, "mesmo quando as

pessoas moram sozinhas, elas podem preferir o mesmo (ou talvez o oposto) estilo

de mobiliário ou marca de manteiga de amendoim consumida na família que as

criou” (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p. 376).

A família de procriação, por sua vez, exerce uma influencia mais direta sobre

o comportamento de compra dos consumidores (KOTLER, 2008). No ponto de vista

do autor, os profissionais de marketing estão interessados nos papéis e na relativa

influencia do marido, da esposa e dos filhos na compra de diversos produtos e

serviços.

Kotler (2008) explica que as empresas tentam identificar qual o membro da

família que possui uma influencia maior na escolha por produtos, e geralmente trata-

se do membro que tem maior poder ou experiência. Na visão do autor, existem três

tipos de padrões típicos de produtos: domínio do marido (seguro de vida,

automóveis e televisão); domínio da esposa (máquinas de lavar, carpetes, móveis e

utensílios de cozinha); e domínio igual (férias, moradia e entretenimento externo).

No entanto, Kotler (2008) esclarece que esses padrões estão pouco a pouco

se modificando devido a evolução da mulher no mercado de trabalho.

A respeito deste assunto, Giglio (2005, p. 103) afirma que:

30

Adquirindo participação na produção e no orçamento doméstico, a mulher se viu na condição de poder modificar o processo de decisão de compra familiar. Artigos que ela não comprava, tais como carros e cursos técnicos, agora são decididos e consumidos normalmente.

Kotler (2008) comenta que as mudanças dos valores sociais em relação às

tarefas domésticas também têm quebrado paradigmas como a ideia de que são

apenas as mulheres que compram os bens de uma casa. Conforme Churchill e

Peter (2000), homens e mulheres estão envolvidos na compra de diversos produtos

e serviços.

Outra mudança nos padrões de compra está na crescente participação das

crianças e adolescentes na aquisição de produtos (KOTLER, 2008).

Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), a importância da família no estudo do

consumidor surge por dois motivos: primeiro porque muitos produtos são comprados

por uma unidade familiar e segundo porque as decisões de compras individuais são

influenciadas por outros membros da família. De acordo com os autores, um único

membro da família pode comprar produtos que sejam para o seu próprio uso, como

cosméticos e cremes de barbear, ou ele pode comprar produtos, como xampus e

comida que serão consumidos por todos os outros membros da família.

Independentemente de quantos familiares estejam presentes quando os itens estão sendo comprados, os outros membros da família desempenham um importante papel na compra. Somente porque Ling, esposa e mãe de duas crianças pequenas, é responsável pela compra de comida para a família e age como um indivíduo no mercado, não significa que as decisões dela não sejam influenciadas pelas preferências e poder de outros membros da família (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p. 376).

2.2.3 Papéis e Posições Sociais

De acordo com Kotler (2008, p. 168), no decorrer da vida as pessoas

participam de diversos grupos, e a sua posição em cada grupo é definida em termos

de papéis e posições sociais. Para o autor, “um papel consiste em atividades que se

espera que uma pessoa desempenhe. Junto a seus pais, Linda exerce o papel de

filha; em sua família é esposa e mãe; na empresa em que trabalha, é gerente de

vendas”.

31

Segundo Kotler (2008, p. 168), cada um desses papéis influência diretamente

no comportamento de consumo das pessoas, além de significar uma posição social,

por exemplo, “um juiz do Supremo Tribunal tem mais status do que um gerente de

vendas e este tem mais status do que um funcionário de escritório”.

Kotler (2008) argumenta que as pessoas costumam escolher produtos que

expressem o seu papel e status na sociedade.

2.3 FATORES PESSOAIS

Kotler (2008) expressa que existem aspectos pessoais que influenciam

diretamente nas decisões de compra de um consumidor. Esses aspectos, para o

autor, incluem a idade e estágio de ciclo de vida, ocupação, situação econômica,

estilo de vida, personalidade e autoestima.

2.3.1 Idade e Estágio de Ciclo de Vida

Kotler (2008) afirma que durante a vida as pessoas mudam o seu

comportamento de compra conforme mudam as suas necessidades. No

entendimento do autor, essas mudanças estão relacionadas com a idade do

indivíduo (bebês, crianças, jovens, adultos e idosos) e com a influência dos estágios

de ciclo de vida da família nos seus padrões de consumo. Ainda conforme o autor, o

gosto por roupas, móveis e recreação de uma pessoa também possui relação com a

sua idade.

O ciclo de vida familiar, segundo Schiffman e Kanuk (2009), leva em

consideração uma combinação de fatores que incluem o estado civil, o tamanho da

família, a idade (dos filhos) e a situação de emprego do chefe da família. Os autores

relatam que o ciclo de vida familiar tradicional pode ser dividido em cinco estágios:

solteirice, lua de mel, parentalidade, pós-parentalidade e dissolução.

O estágio da solteirice, conforme Schiffman e Kanuk (2009), é formado por

jovens solteiros morando sozinhos, e neste estágio as pessoas possuem uma boa

situação financeira que permite a satisfação dos seus desejos. De acordo com os

32

autores, a fase da solteirice envolve gastos com aluguel, móveis indispensáveis para

a casa, carros, viagens e lazer, moda e acessórios.

Segundo Schiffman e Kanuk (2009), o estágio da lua de mel começa logo

após o casamento e dura até a chegada do primeiro filho. Na fase da lua de mel,

como explicam os autores, existe uma melhora da condição financeira do casal, uma

vez que existem duas fontes de renda disponíveis, e observa-se que no início desse

estagio existe uma elevação na quantidade de compras de bens duráveis para a

casa nova: móveis para o quarto e sala, utensílios de cozinha, eletrodomésticos, etc.

Com a chegada do primeiro filho encerra-se o estágio da lua de mel e inicia-

se o estágio da parentalidade, que segundo Schiffman e Kanuk (2009), costuma

durar mais de 20 anos, sendo então dividido em períodos menores: pré-escola,

ensino fundamental, ensino médio e faculdade.

No decorrer dessas fases de parentalidade, os inter-relacionamentos dos membros da família e a estrutura da família gradualmente se modificam. Além disso, os recursos financeiros da família se alteram significativamente, à medida que um dos pais (ou ambos) progride na carreira e os cuidados com os filhos e as responsabilidades educacionais gradualmente aumentam e finalmente decrescem quando os filhos se tornam auto-suficientes (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 242).

A pós-parentalidade, conforme afirmam Schiffman e Kanuk (2009), inicia-se

quando todos os filhos saem da casa dos pais, o casal possui uma situação

financeira elevada e menos despesas (hipoteca e faculdade dos filhos). Para os

autores, as pessoas neste estágio investem em viagens, lazer, compra de mobília

nova para a casa ou até mesmo investem na compra de outra casa, e são

considerados um importante mercado consumidor de bens de luxo.

A dissolução ocorre quando um dos membros do casal morre e geralmente o

membro sobrevivente tende a adotar um estio de vida mais econômico

(SCHIFFMAN; KANUK, 2009).

Kotler (2008) relata que frequentemente as empresas escolhem os seus

mercados-alvos com base nos ciclos de vida, assim elas conseguem desenvolver

produtos que estejam de acordo com os interesses de cada estágio. No entanto,

como esclarece o autor, nem todos os lares são baseados em família, existem

pessoas que moram sozinhas, existem casas em que o casal é homossexual e

existem casas onde moram diversas pessoas que não possuem grau de parentesco.

Além disso, ainda de acordo com o autor, as empresas também estão atentas às

33

circunstancias de vida das pessoas como, por exemplo, divórcio, novo casamento

etc., que também influenciam o seu comportamento de compra.

2.3.2 Ocupação

De acordo com Kotler (2008), a profissão exercida pelo indivíduo também

influência nos seus padrões de consumo, por exemplo, trabalhadores braçais

tendem a comprar roupas de trabalho mais simples e marmitas, enquanto um

executivo compra ternos caros e passagens aéreas. O autor destaca que as

empresas procuram identificar os grupos de ocupação que possuem interesses mais

acentuados em seus produtos e serviços.

2.3.3 Condições Econômicas

Kotler (2008) descreve que os padrões de consumo de um indivíduo são

afetados pelas suas condições econômicas, que compreendem a renda disponível,

poupança e patrimônio, dívidas, condições de crédito e atitude em relação as

despesas versus poupança. Ainda segundo o autor, empresas que trabalham com

bens sensíveis à renda, buscam atender as tendências de renda pessoal, poupança

e taxas de jutos, assim, à medida que os indicadores econômicos sinalizam uma

recessão elas podem reformular, reposicionar e reestruturar os preços dos seus

produtos de modo que não deixem de oferecer valor aos seus clientes.

Conforme Las Casas (2006), indivíduos com um poder aquisitivo mais alto

compram determinados tipos de produtos, que outras pessoas por terem uma renda

menor tendem a desconsiderar.

34

2.3.4 Estilo de Vida

Kotler (2008) revela que embora as pessoas façam parte do mesmo tipo de

subcultura, ocupem as mesmas classes sociais e até mesmo tenham ocupações

parecidas, elas podem ter estilos de vida muito diferentes umas das outras.

Na definição proposta por Kotler (2008, p. 172), “o estilo de vida de uma

pessoa representa seu padrão de vida expresso em termos de atividades, interesses

e opiniões".

Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 228), de maneira semelhante definem

estilo de vida como "padrões nos quais as pessoas vivem e gastam tempo e

dinheiro, refletindo as atividades, interesses e opiniões (AIOs) das pessoas, assim

como as variáveis demográficas".

Um estilo de vida é, de maneira simples, a forma como cada um vive seu dia-a-dia (sua rotina) e como aproveita seu tempo livre (quebras de rotina). Expressões populares como patricinha, playboy, socialite, dona-de-casa insatisfeita, pai preocupado, naturalista, politicamente correto referem-se a maneiras de levar a vida (GIGLIO, 2005, p. 86).

Segundo Kotler (2008), é possível identificar os estilos de vida dos

consumidores por meio da mensuração das variáveis psicográficas. De acordo com

o autor, as duas classificações mais conhecidas de estilos de vida baseadas em

mensurações psicográficas são: modelo AIO e modelo VALS 2.

No primeiro modelo, Kotler (2008) explica que os estilos de vida são

mensurados a partir das atividades, interesses e opiniões do indivíduo, além da sua

situação demográfica, como mostra a Tabela 3. Neste modelo, de acordo com o

autor, o consumidor recebe um questionário com afirmações baseadas nas AIOs

que ele deve concordar ou discordar, por exemplo: gostaria de tornar-me um ator;

gosto de ir a concertos; geralmente, visto-me conforme a moda, não por conforto.

35

Tabela 3 - Principais dimensões usadas para mensurar os elementos AIOs

Atividades Opiniões Interesses Situações

Demográficas

Trabalho Família Próprias Idade

Hobbies Casa Eventos Sociais Educação

Eventos Sociais Trabalho Política Renda

Férias Comunidade Negócios Ocupação

Entretenimento Recreação Economia Tamanho da Família

Clubes Moda Educação Moradia

Comunidade Alimento Produtos Localização

Compras Mídia Futuro Tamanho da Cidade

Esportes Realizações Cultura Estágio do Ciclo de

Vida

Fonte: Kotler (2008, p. 170)

Para Kotler (2008), após a coleta e análise dos dados é possível identificar os

vários grupos de estilos de vida.

Conforme Schiffman e Kanuk (2009), o modelo VALS conhecido como

sistema de valores e estilo de vida, surgiu no final dos anos 70, com base na

hierarquia das necessidades de Maslow e das teorias de caráter social, e foi criado

para explicar a dinâmica das mudanças sociais, baseado em valores sociais. Ainda

referenciando os autores, em 1989 o sistema VALS foi revisado para focar mais

claramente o comportamento de compra dos consumidores.

Kotler (2008) descreve que diferentemente do primeiro sistema que solicitava

às pessoas, por exemplo, quais as suas atitudes em relação a legalização da

maconha ou direito ao aborto, o novo sistema (VALS 2) identifica os estilos de vida

dos consumidores por meio de questionários com afirmações que o indivíduo deve

concordar ou discordar, por exemplo: gosto que minha vida continue a mesma com

o passar das semanas; frequentemente, desejo emoções fortes; gostaria de fazer

algo que não fosse comprar.

No entendimento de Blackwell, Miniard e Engel (2005), o VALS 2 leva em

consideração duas dimensões para determinar os estilos de vida dos consumidores:

auto-orientações e recursos. Segundo os autores, existem três tipos de auto-

orientação: orientação por princípios, onde o indivíduo toma sua decisão de compra

baseado nas suas crenças e princípios, e não se deixa influenciar pela opinião dos

outros; orientação pelo status, onde a pessoa é influenciada pelas crenças, opiniões

36

e pontos de vista de ouras pessoas; e orientação pela ação, onde o consumidor

toma decisões de compra que afetem o seu ambiente, buscam atividades,

variedades e correm riscos.

As auto-orientações, descritas logo acima, são apresentadas por Schiffman e

Kanuk (2009), na forma de motivações primárias: motivação por ideais, motivação

por desempenho e motivação pela auto expressão. Embora a nomenclatura utilizada

por Blackwell, Miniard e Engel (2005) tenha sido diferente, a contextualização entre

os dois autores é a mesma.

Já a dimensão recurso, como apontam Blackwell, Miniard e Engel (2005),

refere-se aos recursos físicos, psicológicos, materiais e demográficos que os

consumidores possuem para seguir a sua auto-orientação.

Tendo em vista essas duas dimensões (auto-orientação e recursos), o VALS

2 divide os consumidores em oito grupos de estilo de vida, como mostra a Figura 4 a

seguir (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p. 232).

Figura 4 - Sistema de Segmentação VALS

Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 233)

37

Os realizadores, como revelam Blackwell, Miniard e Engel (2005), são

pessoas bem-sucedidas, sofisticadas, que possuem recursos em abundância,

autoestima elevada, e prezam a sua imagem. Os satisfeitos, segundo os autores,

são pessoas maduras, satisfeitas, que gostam de conforto, são reflexivas, práticas,

buscam funcionalidade, durabilidade e valor agregado nos produtos que adquirem.

De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), os crentes são orientados

por princípios, e são conservadores com as crenças baseadas nos códigos

estabelecidos pela igreja, família, pela nação e comunidade, além de escolherem

produtos de marcas estabelecidas.

Blackwell, Miniard e Engel (2005) afirmam que os controladores são pessoas

orientadas para a carreira profissional e gostam de ter controle de suas vidas,

assumindo poucos riscos e descobertas. Para os autores, a vida social de pessoas

controladoras envolve família, igreja e carreira, e eles costumam adquirir marcas de

prestígio que possam demonstrar seu sucesso.

Os esforçados, são aquelas pessoas que buscam aceitação das pessoas ao

seu redor, a auto definição, segurança e imagem de sucesso, embora não possuam

recursos suficientes para alcançar esses objetivos (BLACKWELL; MINIARD;

ENGEL, 2005).

Experimentadores, na visão de Blackwell, Miniard e Engel (2005), são

consumidores jovens, entusiasmados e impulsivos que gostam de assumir riscos,

variedades e excitação, produtos e atividades novas ainda não aceitas. Segundo os

autores, os experimentadores por serem muito jovens ainda não possuem formados

os seus valores de vida, comportamentos ou afiliações políticas.

O grupo dos fazedores, de acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005),

focalizam a autossuficiência e vivem dentro do contexto familiar e do trabalho.

Conforme os autores, são consumidores que valorizam bens que sejam funcionais

como, por exemplo, ferramentas e veículos utilitários e podem ser encontrados

consertando automóveis.

E por fim os lutadores, que para Blackwell, Miniard e Engel (2005), são

aqueles indivíduos de recursos limitados, com pouco estudo, sem laços sociais, e

preocupados com as necessidades momentâneas como, alimentação e saúde, são

cautelosas e buscam a segurança.

38

Blackwell, Miniard e Engel (2005) salientam que os estilos de vida não são

duradouros e as empresas geralmente buscam ligar seus produtos às tendências de

estilo de vida como forma de atingir um público alvo específico.

2.3.5 Personalidade e Autoconceito

Kotler e Keller (2006) consideram que todo indivíduo possui uma

personalidade única que influencia no seu comportamento de compra. Segundo os

autores, a personalidade é definida como traços psicológicos diferentes que levam

os indivíduos a reações coerentes e contínuas no ambiente. Ela é normalmente

descrita em termos de características como autoconfiança, domínio, autonomia,

submissão, sociabilidade, postura defensiva e adaptabilidade as situações

(KOTLER; KELLER, 2006).

Kotler e Keller (2006) relatam que a personalidade é uma variável importante

para analisar as escolhas de marcas dos consumidores, pois as pessoas costumam

comprar produtos e serviços com os quais de identificam. Os autores acreditam na

ideia de que as marcas também possuem personalidade e que as pessoas compram

produtos com personalidade parecidas às suas.

De acordo com Schiffman e Kanuk (2009), a teoria dos traços parte do

princípio de que a personalidade do indivíduo pode ser mensurada através de

características psicológicas específicas. "Um traço é definido como qualquer meio

distintivo, relativamente duradouro, pelo qual um indivíduo difere do outro"

(SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 86).

Guilford citado por Karsaklian (2011), por exemplo, sugere 10 traços da

personalidade: 1) sociável/tímido; 2) dominante/submisso; 3) orientado para a

ação/orientado para a reflexão; 4) amigável/hostil; 5) estável/nervoso; 6)

endurecido/sensível; 7) sério/frívolo; 8) rápido/lento; 9) tolerante/desconfiado; 10)

masculino/feminino.

Segundo Giglio (2005), a teoria dos tipos opostos de Jung também pode ser

usada para explicar o modo de compra e de consumo de determinados produtos e

serviços, como ilustra a Figura 5 a seguir.

39

Figura 5 - Estrela dos tipos psicológicos, embasada no modelo de Jung

Fonte: Giglio (2005, p. 85)

Conforme Giglio (2005), cada eixo liga personalidades opostas, de modo que

as pessoas são caracterizadas conforme a sua posição no quadro de opostos, por

exemplo, uma mulher consumidora típica de academias talvez seja do tipo

extrovertida, sentimento, sensorial e percepção, enquanto que uma mulher

consumidora típica de cursos de mecânica seja introvertida, pensativa, funcional e

julgadora.

O eixo Extroversão X Introversão, para Giglio (2005), refere-se ao traço da

personalidade em que as pessoas canalizam as suas energias para o mundo

externo, para outras pessoas e objetos. Ainda referenciando o autor, pessoas

extrovertidas gostam de estar em lugares novos e agitados, com outras pessoas, e

para eles o sentido da vida está lá fora. Já os introvertidos, na visão do autor, são

pessoas que direcionam as suas energias para o seu próprio desenvolvimento,

explorando-se, arriscando-se e testando seus limites, para eles o sentido da vida

está no seu interior.

O eixo Pensamento X Sentimento, de acordo com Giglio (2005), refere-se a

forma como as pessoas tomam suas decisões, se através do raciocínio lógico ou

emocional, por exemplo, uma loja que vende sapato para homens provavelmente

possui mais consumidores do tipo Pensamento, que decidem suas compras com

40

base em aspectos lógicos como preço, rapidez no atendimento etc., enquanto que

uma loja que vende sapatos para mulheres provavelmente possui mais

consumidores do tipo Sentimento, que selecionam pelo prazer proporcionado pela

compra e pelo uso antecipado do produto.

Conforme Giglio (2005), o eixo Sensação X Intuição também chamado de

Sensorial X Funcional revela se as pessoas estão mais orientadas para aspectos

sensoriais como cor, brilho, tamanho e sonoridade dos objetos, ou para os aspectos

funcionais como conforto, dificuldade de uso, reparos e trocas.

Por fim, o eixo Julgamento X Percepção, como afirma Giglio (2005, p. 84), é o

traço da personalidade em que as pessoas possuem um conjunto definido do que é

certo e errado (julgamentos) ou aberturas que abarca opostos (percepção), por

exemplo, "homens que compram perucas provavelmente são mais Percepção que

Julgamento. Os que são dominados pelo Julgamento podem até desejar a peruca,

mas não acham certo comprá-la, usá-la e mostrá-la".

Em um exemplo dado por Kotler (2008, p. 172) "uma empresa de

computadores pode descobrir que muitos consumidores potenciais são muito

autoconfiantes, possuem domínio e autonomia. Isso sugere o uso destes apelos na

propaganda de computadores".

Kotler (2008, p. 172) aborda a ideia de que o autoconceito ou autoimagem

relaciona-se com a personalidade do indivíduo. Por exemplo, "Linda Brown pode

ver-se como plenamente realizada e merecedora do melhor. Ela escolherá um

computador que projete melhor sua auto-imagem".

Segundo o autor existem três tipos de autoconceito: o autoconceito real define

a forma com que as pessoas se veem; o autoconceito ideal refere-se a forma pela

qual as pessoas gostariam de ser vistas; e o autoconceito dos outros corresponde a

forma que elas pensam que as pessoas às veem.

"Em vez de tentar relacionar uma pessoa com um parâmetro inferido pelo

pesquisador, estuda-se o vínculo existente entre o produto comprado e a percepção

que o indivíduo tem (ou gostaria de ter) de si mesmo" (KARSAKLIAN, 2011, p. 46).

41

2.4 FATORES PSICOLÓGICOS

Os fatores psicológicos como a motivação, percepção, aprendizagem e

crenças e atitudes são muitos importantes para a compreensão dos hábitos de

compra de uma pessoa (KOTLER, 2008).

2.4.1 Motivação

Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 242, grifo do autor) revelam que “a

motivação do consumidor representa a tentativa de satisfazer as necessidades

fisiológicas e psicológicas por meio da compra e consumo de um produto”.

Para Schiffman e Kanuk (2009), a motivação é uma força interna que impele

os indivíduos à ação, a qual é produzida por um estado de tensão, quando há uma

necessidade não satisfeita.

Las Casas (2006) explica que uma pessoa com fome sentirá a necessidade

de se alimentar e esta necessidade fará com ela seja motivada a entrar em algum

lugar para comer e saciar sua fome. O autor afirma ainda que após se alimentar esta

mesma pessoa não se sentirá mais motivada a comer, pois a sua necessidade foi

satisfeita e a medida que as necessidades antigas vão sendo atendidas, novas vão

aparecendo.

Kotler (2008) aponta que na teoria desenvolvida por Abraham Maslow, as

necessidades humanas são dispostas em uma hierarquia, partindo da mais urgente

para a menos urgente. O autor comenta, que em uma ordem de importância as

necessidades são classificadas em: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e

auto realização, de acordo com Figura 6.

Ainda em Kotler (2008), as pessoas tentam satisfazer as necessidades mais

importantes primeiro, e quando essa necessidade é satisfeita elas partem para a

satisfação da próxima necessidade importante e assim sucessivamente.

42

Figura 6 - A Hierarquia das Necessidades de Maslow Níveis de Necessidades Superiores

Níveis de Necessidades Inferiores

Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 256)

Karsaklian (2011) relata que as necessidades fisiológicas são básicas para a

sobrevivência, como fome, sede, sono etc. Para a autora, somente após a satisfação

dessas necessidades é que é possível perceber os estímulos das próximas

necessidades.

A próxima necessidade da pirâmide é a de segurança, e conforme Karsaklian

(2011), ela pode ser física (por exemplo, necessidades de abrigo) ou pode ser

psíquica como, por exemplo, o medo da instabilidade no emprego e o medo do

desconhecido.

Já as necessidades sociais aparecem quando as necessidades anteriores

estão satisfeitas e, segundo Las Casas (2006), elas dizem respeito ao desejo que

um indivíduo tem de sentir-se amado, reconhecido e aceito pelas pessoas.

Após satisfeitas as necessidades sociais, as necessidades de estima

aparecem e, como mencionam Schiffman e Kanuk (2009), elas podem ser

orientadas para dentro, para fora, ou ambas. As necessidades de estima orientadas

para dentro, na visão os autores, refletem as necessidades individuais como a auto

aceitação, autoestima, sucesso, independência e satisfação pessoal, e as orientadas

para fora incluem necessidade de prestígio, status, reputação e reconhecimento dos

outros. Las Casas (2006), completa ainda que neste estágio as pessoas costumam

comprar produtos que simbolizem o seu status e prestígio.

43

Por fim, no topo da pirâmide, encontram-se as necessidades de auto

realização. De acordo com Las Casas (2006), neste estágio as pessoas sentem

necessidade de crescimento, então elas procuram estudar, fazer cursos, adquirir

novos conhecimentos, procuram atingir o seu máximo potencial.

2.4.2 Percepção

No entendimento de Kotler (2008, p. 174), "uma pessoa motivada está pronta

para agir. Como ela realmente age é influenciado por sua percepção da situação".

Como afirma o autor, percepção é o processo por meio do qual uma pessoa

seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas.

Kotler (2008) explica que embora as pessoas estejam expostas aos mesmos

tipos de situações, elas têm percepções diferentes do mesmo objeto devido a três

processos: atenção seletiva, distorção seletiva e retenção seletiva.

Segundo Kotler (2008), na atenção seletiva as pessoas acabam percebendo

os estímulos que estão mais relacionados com a sua necessidade momentânea. O

autor revela ainda que as pessoas também vão prestar mais atenção a estímulos

que ela já espera receber, por exemplo, um indivíduo provavelmente prestará mais

atenção a anúncios de computadores do que anúncios de rádio em uma loja de

computadores.

Ainda em Kotler (2008), as pessoas também vão prestar mais atenção a

estímulos que ofereçam mais do que se espera normalmente, por exemplo, um

indivíduo prestará mais atenção a um anúncio que ofereça um desconto maior sobre

o preço de um computador do que um que ofereça um desconto menor.

A atenção seletiva, de acordo com Kotler (2008), quer dizer que os

profissionais de marketing devem se esforçar muito para atrair a atenção dos

consumidores.

Já a distorção seletiva, no entendimento de Kotler (2008), é a tendência que

uma pessoa tem de interpretar as informações de acordo com sua avaliação pessoal

sobre alguma coisa, assim, nem sempre o que o consumidor entende é o que foi

transmitido.

44

Kotler (2008) relata que na retenção seletiva o indivíduo guarda apenas

aquelas informações que reforçam as suas crenças e atitudes, assim, as pessoas

são mais inclinadas a lembrarem dos pontos positivos mencionados sobre um

produto de que gostem e esquecer das vantagens mencionadas de um produto

concorrente. É por este motivo que, segundo o autor, as empresas repetem e

dramatizam as mensagens de propagada enviadas ao público-alvo, assegurando

que elas não sejam esquecidas.

2.4.3 Aprendizagem

Kotler (2008) define a aprendizagem como mudanças no comportamento de

uma pessoa surgidas a partir da experiência.

Schiffman e Kanuk (2009, p. 142) apresentam uma definição do ponto de

vista do marketing onde a aprendizagem é entendida como "o processo pelo qual os

indivíduos adquirem o conhecimento e a experiência das compras e do consumo

que aplicam ao comportamento futuro relacionado a isso".

Conforme Schiffman e Kanuk (2009), para que a aprendizagem ocorra é

preciso que quatro elementos estejam presentes, sendo eles: motivação, sugestão,

resposta e reforço.

De acordo com os autores, a motivação baseia-se em necessidades e

objetivos e atua como um impulso para a aprendizagem, por exemplo, um indivíduo

que quer andar de bicicleta para manter-se em forma ou apenas por lazer, será

motivado a aprender tudo o que puder sobre andar de bicicleta, preços, qualidades,

características das bicicletas, etc.

A sugestão, para Schiffman e Kanuk (2009), são os estímulos que dão

orientações aos motivos, por exemplo, o anúncio de uma viagem que inclui passeios

de bicicleta pode servir como uma sugestão para os ciclistas que necessitam tirar

férias, isto é, o anúncio apresenta uma maneira específica de satisfação de um

motivo. Segundo os autores, as sugestões também direcionam os impulsos dos

consumidores quando são compatíveis com suas expectativas, por exemplo:

Os consumidores esperam que as roupas de estilistas sejam caras e sejam vendidas em lojas de varejo de alto nível. Assim, um estilista de alta moda

45

deve vender suas roupas somente em lojas exclusivas e anunciar em revistas de modas de alto nível (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 143).

A resposta, no entendimento de Schiffman e Kanuk (2009), é o

comportamento resultante dos impulsos e sugestões, e depende fortemente da

aprendizagem anterior. Já o reforço, como descrevem os autores, é o aumento da

probabilidade de uma resposta se repetir futuramente a partir de determinadas

sugestões e estímulos, por exemplo, se os produtos comprados por uma pessoa

para o alívio da acne atender as suas expectativas, é provável que ela continue

comprando e usando esses produtos, pois teve um reforço positivo, por outro lado,

se o produto não atender a expectativa, as chances de que o indivíduo continue

comprando o produto são mínimas, devido à falta de reforço.

O princípio da generalização, na concepção de Las Casas (2009), também é

uma teoria muito importante para os profissionais de marketing. Na generalização,

de acordo com o autor, as pessoas tendem a responder a uma nova situação da

mesma maneira que responderiam a uma situação semelhante do passado, por

exemplo, um indivíduo que teve uma experiência positiva na compra de um doce,

passará a generalizar, ou seja, acreditará que todos os doces vendidos pela mesma

confeitaria serão bons e voltará lá sempre que possível.

Uma tendência oposta a generalização, na concepção de Kotler (2008), é a

discriminação que significa que a pessoa aprendeu a reconhecer as diferenças em

uma série de estímulos semelhantes e é capaz de ajustar suas respostas de acordo

com essas diferenças.

2.4.4 Crenças e Atitudes

Conforme Kotler (2008), por meio da ação e do aprendizado as pessoas

adquirem crenças e atitudes que influenciam o seu comportamento enquanto

consumidor. Para o autor, as crenças são pensamentos descritivos que as pessoas

têm sobre alguma coisa, baseado no seu conhecimento, na sua opinião ou fé e

podem ou não conter uma carga emocional.

Kotler (2008) revela que as crenças estabelecem as imagens das marcas e

dos produtos e que os consumidores costumam agir de acordo com as suas

46

imagens. Segundo o autor, quando uma compra é impedida por uma crença

equivocada, os fabricantes lançam campanhas de correção dessas crenças com

intuito de despertar novamente o desejo de compra nos consumidores.

Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 302) afirmam que "as crenças sobre o

atributos e características dos produtos são importantes porque determinam quão

favoráveis são as atitudes em relação ao produto".

As atitudes são definidas por Kotler (2008), como avaliações, sentimentos e

tendências de ações duradouras, favoráveis ou não, a algum objeto ou ideia.

Schiffman e Kanuk (2009) comentam que segundo o modelo tricomponente

de atitudes, as atitudes são compostas por três elementos: um componente

cognitivo, um afetivo e um impulsivo.

O componente cognitivo da atitude, como esclarecem Schiffman e Kanuk

(2009), consiste no conhecimento e nas percepções que o indivíduo adquire através

da experiência direta com o objeto da atitude. Os conhecimentos e as percepções,

de acordo com os autores, frequentemente tomam a forma de crenças, isto é, os

consumidores acreditam que o objeto da atitude possui várias qualidades e que um

determinado comportamento levará a determinados resultados.

Já o componente afetivo da atitude, no entendimento de Schiffman e Kanuk

(2009), refere-se as emoções e aos sentimentos dos consumidores quanto a

produtos e marcas. Conforme os autores, avaliativo por natureza o componente

afetivo determina as avaliações dos indivíduos em relação ao objeto da atitude,

classificando-os em favoráveis ou desfavoráveis, bom ou ruim.

Finalmente, o componente impulsivo da atitude, na concepção de Schiffman

e Kanuk (2009), relaciona-se com as probabilidades ou tendências de ação ou

comportamentos que o indivíduo tem diante do objeto da atitude. Os autores

comentam que nas pesquisas de marketing, este componente é geralmente tratado

como intenção de compra do consumidor.

47

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Gil (2002, p. 17) define pesquisa como "o procedimento racional e sistemático

que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos".

Segundo o autor, a pesquisa é estruturada por meio da escolha dos vários

conhecimentos disponíveis, utilização adequada de métodos, técnicas e outros

procedimentos científicos.

De acordo com Rampazzo (2002, p. 49), "a pesquisa é um procedimento

reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou

dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento". Para o autor, a

pesquisa busca a solução de problemas através dos processos do método científico.

Este estudo possui uma pesquisa de abordagem qualitativa. Conforme

Rampazzo (2002), a abordagem qualitativa busca o entendimento particular daquilo

que está sendo estudado, com o enfoque da sua atenção centralizado no específico,

no único e no individual, buscando sempre a compreensão e não a explicação dos

fenômenos estudados.

Na visão de Martins Junior (2015), a pesquisa qualitativa é a descrição de

dados obtidos por meio de instrumentos de coletas de dados como, por exemplo, as

entrevistas. Segundo o autor, este tipo de pesquisa busca o entendimento particular

daquilo que se investiga.

Quanto aos objetivos da pesquisa, este é um estudo descritivo. Na concepção

de Gil (2002), as pesquisas descritivas têm por finalidade a descrição das

características de determinada população, podendo também identificar relações

entre determinadas variáveis.

Andrade (2009, p. 114) afirma que na pesquisa descritiva "os fatos são

observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o

pesquisador interfira neles".

Nesta mesma linha de pensamento Martins Junior (2015) explica que as

pesquisas descritivas procuram descrever, classificar, interpretar e avaliar os

fenômenos existentes, as situações presentes e os eventos, com o objetivo de torná-

los compreensíveis para a idealização de planos e decisões futuras. Anda de acordo

com o autor, este tipo de pesquisa busca descrever fatos e características de

populações ou áreas de interesse.

48

Quanto aos procedimentos técnicos, neste estudo foi utilizado a pesquisa de

campo. Andrade (2009) explica que a pesquisa de campo é assim denominada pois

a coleta de dados é feita em campo, onde os fenômenos ocorrem espontaneamente

sem a interferência do pesquisador.

No entendimento de Marconi e Lakatos (2003, p. 186):

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

Marconi e Lakatos (2003), explicam que o objetivo da pesquisa de campo

está direcionado para a análise de pessoas, grupos, comunidades e organizações,

com o intuito de compreender diversos aspectos da sociedade.

Para Andrade (2009), na realização da pesquisa de campo, utiliza-se técnicas

específicas como observação direta e entrevistas, para se obter e registrar,

ordenadamente os dados sobre o assunto estudado.

De forma semelhante Gil (2002) coloca que a pesquisa de campo procura o

aprofundamento de uma realidade específica e é basicamente realizada por meio da

observação direta das atividades do grupo estudado.

Marconi e Lakatos (2003, p. 186) relatam que "as fases da pesquisa de

campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica

sobre o tema em questão".

Com isso, neste estudo foi realizado uma pesquisa bibliográfica, do qual

utilizou-se do conhecimento de diversos autores para uma melhor compreensão do

tema proposto. De acordo com Gil (2002) "a pesquisa bibliográfica é desenvolvida

com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos

científicos".

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 183):

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc. [...] sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...].

.

Além da pesquisa bibliográfica, os dados também foram coletados através de

um estudo de caso na empresa Joelma Variedades. Gil (2002) define estudo de

49

caso como um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira

que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível,

por meio de outros delineamentos existentes.

Para Rampazzo (2002, p. 55), o estudo de caso é considerado uma pesquisa

descritiva. Assim, o autor define estudo de caso como "pesquisa sobre um

determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para examinar aspectos

variados de sua vida".

Nesta mesma linha de pensamento, de acordo com Martins Junior (2015, p.

86), o estudo de caso "pesquisa um determinado grupo, família ou comunidade para

indagar em profundidade, para examinar algum aspecto particular".

Para a realização deste estudo de caso, a compreensão do que vem a ser

universo ou população e amostra mostrou-se necessária.

Segundo Bruni (2007, p. 168), "a população representa o agrupamento total

de dados que descreve um determinado fenômeno de interesse individual". Ainda

para o autor, em estatística, o termo população deve ser considerado como um

conjunto total de observações e não como um conjunto total de pessoas.

Na visão de Bruni (2007) existem dois tipos de população: finitas e infinitas.

Conforme o autor, as populações finitas podem ser limitadas em seu tamanho

permitindo assim que seus elementos sejam contados, já as populações infinitas

possuem tamanhos ilimitados não permitindo assim que seus elementos sejam

contados.

De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 163), devido a escassez de

recursos e a falta de tempo, muitas vezes acaba sendo inviável pesquisar todos os

indivíduos do grupo ou comunidade que se deseja estudar. Nestas circunstâncias,

segundo os autores, é utilizado o método da amostragem, "que consiste em obter

um juízo sobre o total (universo), mediante a compilação e exame de apenas uma

parte, a amostra, selecionada por procedimentos científicos".

A amostra, conforme Marconi e Lakatos (2003), corresponde a uma pequena

parcela devidamente selecionada da população (universo), sendo então definida

como um subconjunto do universo a ser pesquisado.

Gil (2002, p. 121) explica que "quando essa amostra é rigorosamente

selecionada, os resultados obtidos no levantamento tendem a aproximar-se bastante

dos que seriam obtidos caso fosse possível pesquisar todos os elementos do

universo".

50

Quando se deseja generalizar os dados de uma amostra para o universo, deve-se observar uma condição básica e fundamental: a amostra deve ser representativa do universo. Ou seja, a probabilidade de encontrar indivíduos com determinadas características na amostra deve ser a mesma de achar indivíduos com a mesma característica na população [...] na amostragem probabilística é permitido determinar o número da variabilidade da amostra numa dada amostragem aleatória. Com a variabilidade estimada e modelada, é possível calcular o erro inferencial (BRUNI, 2007, p. 171).

Na opinião de Bruni (2007, p. 171), existem vários critérios para seleção de

amostras probabilísticas, sendo utilizada nesta pesquisa o método da amostragem

aleatória simples que:

Consiste em uma das principais maneiras de extrair uma amostra de qualquer população. Sendo representativa, deve objetivar o cumprimento da exigência básica de que cada elemento da população tenha as mesmas chances de ser escolhido para fazer parte da amostra. Sua aplicação é bastante simples: os elementos que comporão a amostra serão sorteados do universo de forma aleatória, como o seu próprio nome revela.

De acordo com Bruni (2007), para determinar o tamanho de amostras de

estudos com variáveis qualitativas e população infinita, a estimativa do tamanho da

amostra a ser analisada dependerá das proporções estudadas e do nível de

confiança do estudo. Segundo o autor, quando infinita o tamanho da amostra deve

ser calculado através da seguinte equação:

Onde:

n = tamanho da amostra

Z = Nível de confiança desejado

e = Erro amostral

p e q = Proporções da amostra

Ainda de acordo com o mesmo autor, quando não for possível determinar os

valores de p e q, os valores de ambos devem ser assumidos como iguais a 50% ou

0,5.

51

Conforme Bruni (2007, p. 183) "as margens de erro estabelecem e deixam

claro o fato de a amostra não ser um reflexo pontual absolutamente fiel da

população."

Inicialmente no caso estudado optou-se por utilizar uma margem de confiança

de 90% e um erro amostral de 10%, demandando um total de 69 formulários

aplicados. Entretanto, devido ao baixo movimento na loja decidiu-se, mudar o erro

amostral de 10% para 12%, demandando um total de 48 formulários aplicados.

Como técnica de coleta de dados, utilizou-se neste trabalho o formulário e a

entrevista.

Marconi e Lakatos (2003) consideram que a entrevista é um método de

investigação social, que tem como finalidade a coleta de dados e é realizado entre

duas pessoas, a fim de se obter informações a respeito de um determinado assunto.

Optou-se nesta pesquisa pela entrevista padronizada ou estruturada, que

como mencionam Marconi e Lakatos (2003), é aquela em que o entrevistador segue

um roteiro preestabelecido, com perguntas predeterminadas, por meio de um

formulário elaborado.

De acordo com Lodi (1974, p. 16) citado por Marconi e Lakatos (2003, p. 197):

O motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo 'que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as diferenças devem refletir diferenças entre os respondentes e não diferenças nas perguntas'.

Para Selltiz (1965, p. 172) citado por Marconi e Lakatos (2003, p. 212)

"formulário 'é o nome geral usado para designar uma coleção de questões que são

perguntadas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com outra

pessoa'.".

As entrevistas, junto aos clientes da empresa, foram realizadas no mês de

abril, entre os dias 05/04/2017 à 20/04/2017, época de início da baixa temporada na

cidade de Ilhabela. Como explicou a proprietária da loja, na alta temporada o

movimento costuma ser grande, e com a baixa temporada esse movimento tende a

cair muito.

Foi utilizado um formulário composto por 19 questões fechadas e de múltipla

escolha, e a ferramenta utilizada para tratamento dos dados coletados foi o Excel,

que consiste em uma planilha eletrônica do pacote Office da Microsoft.

52

Por meio do Excel foi possível transformar os dados brutos em informações

significativas e realizar cruzamento de dados através das tabelas dinâmicas, afim de

fazer uma análise mais aprofundada de alguns pontos. As tabelas e gráficos

contidos no trabalho, foram feitas no Excel a partir do tratamento dos dados.

Algumas pessoas não aceitaram fazer a entrevista, e entre as que aceitaram,

a maioria delas questionava antes se a entrevista ia demorar muito ou se tinha

muitas questões, e algumas demonstraram uma certa impaciência com a quantidade

de perguntas durante a realização da entrevista. Algumas pessoas tiveram um

pouco de dificuldade de entender o que estava sendo perguntado, e muitas pessoas

ficavam temerosas em responder sobre a sua renda familiar. Isso mostra a

importância de se elaborar formulários com questões claras e objetivas e não muito

extenso, ou seja, com muitas questões.

3.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

Localizada no município de Ilhabela, e em funcionamento há quase dez anos

a empresa possui como razão social o título de "Joelma Juliana da Silva Prado",

sendo utilizado como nome fantasia o título de "Joelma Variedades".

Sem nenhum curso ou tipo formação na área, apenas com conhecimento

adquirido em alguns livros de administração, a decisão de montar a loja partiu da

proprietária junto com seu marido. A primeira loja da família foi aberta no Colinas,

um bairro localizado no alto da barra, em Ilhabela. Posteriormente foi aberta uma

segunda loja, localizada no Perequê. Após um tempo, foi decidido fechar a primeira

loja e permanecer apenas com a segunda, devido a sua melhor localização.

A empresa atua no ramo varejista caracterizado pela compra de produtos em

grandes quantidades de fornecedores para depois realizar vendas aos

consumidores finais.

A Joelma Variedades é voltada para o público em geral, comercializando

produtos de moda praia feminina e masculina (biquínis, maios, sungas, saída de

praia, etc.), moda básica feminina, masculina e infantil (bermudas, vestidos, etc.),

calçados (chinelos e sapatilhas), e também artigos de pesca.

53

Localizada em um dos três grandes centros comerciais de Ilhabela, a loja

conta com cerca de 17 m² distribuídos em um provador, balcão de venda e

atendimento, mostruário de roupas e artigos de pesca e o estoque, além da entrada

da loja, onde ficam expostas algumas araras de roupas.

Por ser uma empresa pequena e familiar, ela é composta pela proprietária e

seu marido, e suas duas filhas.

54

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As sete primeiras questões visaram proporcionar um conhecimento inicial do

perfil dos clientes entrevistados na empresa, sendo estas questões relativas ao

gênero, idade, estado civil, grau de instrução, ocupação, renda e residência.

Gráfico 1 - Classificação por gênero

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Conforme disposto no gráfico 1, identificou-se que 52% dos entrevistados é

do sexo masculino e 48% é do sexo feminino. Observa-se que a empresa consegue

atingir os dois públicos, possivelmente em razão de oferecer produtos que atendem

as necessidades de ambos os sexos.

Gênero Qtd. %

Feminino 23 47,92%

Masculino 25 52,08%

Total geral 48 100,00%

55

Gráfico 2 - Faixa etária

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Conforme apresentado no gráfico 2, identificou-se que 14% dos entrevistados

tem até 20 anos, 21% tem de 21 a 30 anos, os que tem de 31 a 40 anos

representam 23%, os que tem de 41 a 50 anos representam 17%, 19% dos

entrevistados tem de 51 a 60 anos e os que tem acima de 60 anos representam

apenas 6%. Neste gráfico, é possível perceber que pessoas de todas as idades

compram na loja Joelma Variedades, porém nota-se que a maioria dos clientes da

empresa está inserida na faixa etária que vai de 21 a 40 anos, somando um total de

44%, quase a metade dos entrevistados.

Conhecer a idade dos clientes é muito importante para a empresa, pois como

afirma Kotler (2008) o comportamento de compra das pessoas muda, conforme

mudam as suas necessidades. Essas mudanças, segundo o autor, estão

relacionadas com a idade (jovem, adulto, idoso, etc.) e com os estágios de ciclo de

vida do indivíduo (solteiro, casado com filhos ou sem filhos, etc.), além disso, o gosto

das pessoas também é influenciado pela idade. Assim, de acordo com a idade e os

ciclos de vida, cada pessoa tem comportamentos e hábitos de consumo diferentes.

Levando em consideração que a idade é um fator que interfere no gosto das

pessoas, e o fato da empresa comercializar roupas (moda praia e básica), saber a

idade dos clientes é fundamental para a empresa, para que ela acompanhe as

Faixa etária Qtd. %

Até 20 anos 7 14,58%

21 a 30 10 20,83%

31 a 40 11 22,92%

41 a 50 8 16,67%

51 a 60 9 18,75%

Acima de 60 3 6,25%

Total geral 48 100,00%

56

tendências de moda, modelo, a cor, o tipo de estampa, etc., que as pessoas gostam

de usar de acordo com os gostos da idade.

Gráfico 3 - Estado civil

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

De acordo com o que mostra o gráfico 3, 40% dos clientes entrevistados são

solteiros, 44% são casados/vivendo com parceiro, 8% revelaram ser divorciados e

os viúvos representam 8%.

Estado civil Qtd. %

Solteiro (a) 19 39,58% Casado (a)/ Vivendo com parceiro (a) 21 43,75%

Divorciado (a) 4 8,33%

Viúvo (a) 4 8,33%

Total geral 48 100,00%

57

Gráfico 4 - Grau de instrução

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

De acordo com o gráfico 4, dos entrevistados, 23% tem o ensino fundamental

incompleto e 4% completo, 15% tem o ensino médio incompleto e 35% completo, os

que tem ensino superior incompleto representam 13% e os que tem ensino superior

completo representam 8%, 2% são pós-graduados e os com mestrado ou doutorado

nenhum.

Através dos dados obtidos é possível observar que os consumidores da loja

possuem um baixo grau de escolaridade, onde apenas 10% possui o ensino superior

completo e quase a metade dos entrevistados, 42%, possuem entre ensino

fundamental incompleto e ensino médio incompleto.

Segundo Schiffman e Kanuk (2009), quanto maior for o nível de formação de

uma pessoa, maiores são as chances de ela ocupar um excelente cargo e receber

um salário alto, por isso, além do grau de instrução, as pessoas também foram

questionadas sobre a sua ocupação.

Grau de instrução Qtd. %

Ensino fundamental incompleto 11 22,92%

Ensino fundamental completo 2 4,17%

Ensino médio incompleto 7 14,58%

Ensino médio completo 17 35,42%

Ensino superior incompleto 6 12,50%

Ensino superior completo 4 8,33%

Pós-graduação (especialização) 1 2,08%

Mestrado ou Doutorado

0,00%

Total geral 48 100,00%

58

Gráfico 5 - Ocupação

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Observa-se através do gráfico 5, que 19% dos clientes são autônomos, 9%

são servidores públicos, os aposentados/pensionistas e os que só estudam

representam 4% respectivamente e os que trabalham e estudam representam 6%.

Dos demais entrevistados, 42% possuem algum outro tipo de ocupação, e as

empregadas domésticas e os que estão fora do mercado de trabalho representam

8% respectivamente. Relacionando os dados obtidos no gráfico 4 que diz respeito

ao grau de instrução com o gráfico 5 referente a ocupação, podemos observar por

meio das tabelas 4 e 5 que:

Ocupação Qtd. %

Servidor público 4 8,33%

Autônomo 9 18,75%

Empresário

0,00%

Aposentado/Pensionista 2 4,17%

Empregada doméstica 4 8,33%

Estudante 2 4,17%

Trabalha e estuda 3 6,25%

Fora do mercado de trabalho 4 8,33%

Outros 20 41,67%

Total geral 48 100,00%

59

Tabela 4 - Escolaridade x Ocupação

Grau de ins. Ensino fun. inc.

Ensino fun. com.

Ensino médio

inc.

Ensino médio com.

Ensino superior

inc.

Ensino superior

com.

Pós-graduação

Total geral

Servidor público

2 (4,17%)

1 (2,08%)

1 (2,08%) 4 (9%)

Autônomo 1 (2,08%)

1 (2,08%) 4 (8,33%)

3 (6,25%)

9 (19%)

Aposentado 1 (2,08%) 1 (2,08%)

2 (4%)

Empregada dom.

2 (4,17%)

1 (2,08%) 1 (2,08%)

4 (8%)

Estudante 2 (4,17%)

2 (4%)

Trabalha e estuda

1 (2,08%)

2 (4,17%)

3 (6%)

Não Trabalha 1 (2,08%) 1 (2,08%) 2 (4,17%)

4 (8%)

Outros 6 (12,50%)

3 (6,25%) 9 (18,75%) 1 (2,08%) 1 (2,08%)

20 (42%)

Total geral 11 (23%) 2 (4%) 7 (15%) 17 (35%) 6 (13%) 4 (8%) 1 (2%) 48 (100%)

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Tabela 5 - Escolaridade x Idade

Faixa Etária Ensino Superior Incompleto

21 a 30 4

Até 20 anos 2

Total geral 6

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

• Os entrevistados que possuem o ensino superior incompleto, 13% no

total, são jovens de 20 a 30 anos que provavelmente devido à pouca

idade ainda estejam cursando o ensino superior, o que explicaria o fato

delas terem respondido possuir o ensino superior incompleto. Como

pode ser observado, 4,17% dessas pessoas só estudam, 4,17%

responderam que trabalham e estudam (provavelmente estagiando),

2,08% respondeu ser empregada doméstica, e 2,08% tem algum outro

tipo de ocupação. Somando os percentuais dos que estudam e estão

trabalhando, temos 8,33% no total (4 pessoas de um total de 6), com

alguma renda. É possível inferir através destes dados, que estes 13%

é composto de pessoas com uma renda individual consideravelmente

baixa em razão do momento em que elas estão vivendo.

• Os que responderam "Outros" na ocupação, são pessoas em sua

maioria com o ensino fundamental incompleto (12,50%) e ensino médio

incompleto (6,25%) e completo (18,75%). Nas entrevistas, as pessoas

disseram que trabalham de caseiro, de motorista, outras não tem um

60

emprego fixo, fazem "bico", etc. Levando em consideração essas

informações, pode-se concluir que devido à baixa escolaridade essas

pessoas têm ocupações com baixo salário. Dos 42% (20 pessoas) que

responderam "outros", 39,58% (19 pessoas) tem baixa escolaridade.

• Dos que possuem ensino superior, 10% no total, 6,25% (3 pessoas)

são autônomas, 2,08% (1 pessoa) é servidor público e 2,08% (1

pessoa) outros.

Com estes dados, pode-se inferir que devido a baixa escolaridade quase o

total dos entrevistados tem profissões com uma renda individual baixa. Conforme

Kotler (2008) os fatores ocupação e condições econômicas são um dos que mais

influenciam o comportamento dos consumidores. Para o autor, dependendo da

profissão, o indivíduo costuma comprar determinados tipos de produtos, por

exemplo, um executivo compra ternos caros e passagens aéreas, trabalhadores

braçais tendem a comprar roupas de trabalho mais simples e marmitas.

Do ponto de vista de Las Casas (2006), indivíduos com um poder aquisitivo

mais alto compram determinados tipos de produtos, que outras pessoas por terem

uma renda menor tendem a desconsiderar.

Com base nos autores conclui-se que ocupação e condições econômicas

estão intimamente relacionadas. Devido ao fato dos clientes da empresa possuírem

ocupações com renda baixa, provavelmente elas têm o seu poder de compra

afetado.

61

Gráfico 6 - Renda média domiciliar

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Desde de 2015 um novo critério de classificação social foi adotado no Brasil.

O Critério Brasil estima a capacidade de consumo dos domicílios brasileiros por

meio de algumas variáveis. Para saber em quais classes sociais os entrevistados

estão inseridos, eles foram questionados sobre sua renda média domiciliar, como

mostra o gráfico 6. Conforme as estimativas para renda média domiciliar para os

estratos sociais do Critério Brasil, 4% dos entrevistados pertencem a classe A, 17 %

estão inseridos na classe B1, 25% pertencem a classe B2, 15% a C1, 29% a classe

C2 e 10% a classe D-E. Nota-se que a maioria dos entrevistados pertencem a

classe média e baixa. No entanto, como explicam os criadores do Critério Brasil,

nenhum critério estatístico tem validade sob uma análise individual. Uma pessoa

pode ser classe D mas pelo critério ser classe B.

Para Kotler (2008) a classe social é indicada por variáveis como ocupação,

renda, riquezas, grau de instrução e orientação de valor, e não por apenas uma

única variável. Já Churchill e Peter (2000), acreditam que a melhor forma de se

classificar a classe social de uma pessoa é pela sua ocupação.

Renda média domiciliar (Mês) Qtd. %

Até R$768,00 5 10,42%

de R$768,00 a R$1.625,00 14 29,17%

de R$1.625,00 a R$2.705,00 7 14,58%

de R$2.705,00 a R$4.852,00 12 25,00%

de R$4.852,00 a R$9.254,00 8 16,67%

de R$9.254,00 a R$20.888,00 1 2,08%

Mais de R$20.888,00 1 2,08%

Total geral 48 100,00%

62

Saber em qual classe social o consumidor está inserido é importante, pois

como afirma Kotler (2008), pessoas que pertencem a mesma classe social possuem

valores, interesses e comportamentos parecidos.

Gráfico 7 - Residência

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Como apresentado no gráfico 7, a maioria dos entrevistados são moradores

da cidade com 87%, e apenas 13% são turistas.

Gráfico 8 - Grupos de maior influência

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Grupos de maior influência Qtd. %

Não me considero influenciado (a) 12 25,00%

Família (pais e irmãos) 11 22,92%

Família (esposa (o) e filhos) 18 37,50%

Amigos 4 8,33%

Colegas de trabalho 3 6,25%

Profissão, Religião e Vizinhos

0,00%

Total geral 48 100,00%

Residência Qtd. %

Morador (a) 42 87,50%

Turista 6 12,50%

Total geral 48 100,00%

63

Os clientes foram questionados sobre qual grupo costuma influenciar as suas

decisões de compra. Como observado no gráfico 8, identificou-se que dos

entrevistados, 38% costuma levar em consideração a opinião da família (esposa (o)

e filhos) antes de realizar uma compra. 25% não se considera influenciado (a), 23%

costuma levar em consideração a opinião da família (pais e irmãos), 8% leva em

consideração a opinião dos amigos e 6% a de colegas de trabalho. Vizinhos,

profissão e religião não obtiveram resposta.

Gráfico 9 - Grupos de menor influência

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

O gráfico anterior mostrou qual o grupo de maior influência na opinião dos

entrevistados, já o gráfico 9 mostra qual o grupo de menor influência. Metade dos

clientes da empresa não costuma levar em consideração a opinião dos seus

vizinhos, 25% não se considera influenciado (a), 9% não leva em consideração a

opinião da religião, 6% a de amigos e 4% não leva em consideração a opinião de

colegas de trabalho. Família (esposa (o) e filhos), profissão e família (pais e irmãos)

aparecem com 2% cada.

Grupos de menor influência Qtd. %

Não me considero influenciado (a) 12 25,00%

Família (pais e irmãos) 1 2,08%

Família (esposa (o) e filhos) 1 2,08%

Amigos 3 6,25%

Colegas de trabalho 2 4,17%

Profissão 1 2,08%

Religião 4 8,33%

Vizinhos 24 50,00%

Total geral 48 100,00%

64

No entendimento de Kotler (2008), os grupos de referência influenciam direta

ou indiretamente as atitudes e comportamentos dos indivíduos. Os grupos de

influência direta são também chamados pelo autor de grupos de afinidade primários,

que compreendem a família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, que interagem

de forma contínua e informal com o indivíduo. Já os grupos de influência indireta ou

secundários, são formados por religiosos, profissionais e sindicatos, que interagem

de maneira formal e menos contínua com o indivíduo.

Baseado nos gráficos 8 e 9 é possível concluir que o grupo de maior

influência é a família e o de menor influência são os vizinhos, grupos de afinidade

primários. Para Kotler (2008) a família é o grupo que mais influência as decisões e

os comportamentos das pessoas, e ela é dividida em duas: família de orientação e

família de procriação. A primeira é formada pelos pais, e a segunda é aquela

formada após o casamento.

Tabela 6 - Relação entre estado civil e grupo de influência

Grupos de

Influência

Solteiro Casado/Vivendo

com parceiro

Divorciado Viúvo Total

Geral

Não me considero

influenciado

6 (12,50%) 2 (4,17%) 2 (4,17%) 2 (4,17%) 12 (25%)

Família procriação 15 (31,25%) 1 (2,08%) 2 (4,17%) 18 (38%)

Família orientação 9 (18,75%) 2 (4,17%) 11 (23%)

Amigos 2 (4,17%) 1 (2,08%) 1 (2,08%) 4 (8%)

Colegas de

trabalho

2 (4,17%) 1 (2,08%) 3 (6%)

Total Geral 19 (40%) 21 (44%) 4 (8%) 4 (8%) 48 (100%)

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Por meio da tabela 6 acima, percebe-se que entre os solteiros são poucos os

que costumam ser influenciados por pessoas que não são da família, e o mesmo

acontece entre aqueles que são casados, que provavelmente antes de casarem

eram influenciados pela sua família (pais e irmãos) e agora são influenciados pela

sua família (esposa e filhos).

Kotler (2008) explica que mesmo quando as pessoas não interagem mais

com tanta frequência com sua família de orientação, elas podem ainda estar sendo

influenciadas de alguma maneira por ela, por exemplo, "mesmo quando as pessoas

65

moram sozinhas, elas podem preferir o mesmo (ou talvez o oposto) estilo de

mobiliário ou marca de manteiga de amendoim consumida na família que as criou"

(BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p. 376). Isso explica porque algumas

pessoas casadas responderam ser influenciadas pela sua família de orientação e

não pela de procriação.

Gráfico 10 - Quantas vezes comprou na loja

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Através do gráfico 10, verifica-se que metade dos entrevistados comprou na

loja Joelma Variedades 5 ou mais vezes, 21% comprou pela 1ª vez, 17% comprou

de 1 a 2 vezes, e 12% comprou de 3 a 4 vezes.

Vezes que comprou na loja Qtd. %

1 a 2 vezes 8 16,67%

3 a 4 vezes 6 12,50%

5 ou mais vezes 24 50,00%

Esta é a 1ª vez 10 20,83%

Total geral 48 100,00%

66

Gráfico 11 - Frequência de compra

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

O gráfico 11 revela que 38% dos clientes costumam comprar sempre na loja,

17% compram as vezes, 21% não possuem frequência de compra (compraram pela

1ª vez), 10% compram a cada 2 meses, 10% a cada 6 meses e 4% a cada ano.

Considerando os dados dos gráficos 10 e 11, observa-se que a maioria dos

entrevistados efetua compras na empresa já há algum tempo e fazem isso sempre

ou as vezes. Durante o período de entrevistas, notou-se que muitos dos clientes

pesquisados voltavam para comprar na loja quase todos os dias (todos eles para

comprar artigos de pesca). Esses dados mostram que a empresa possui clientes

fidelizados. Como afirma Las Casas (2006), o mais importante é a conquista e

manutenção de negócios a longo prazo, conservando relacionamentos duradouros

com os clientes.

Frequência Qtd. %

Sempre 18 37,50%

As vezes 8 16,67%

A cada 2 meses 5 10,42%

A cada 6 meses 5 10,42%

A cada ano 2 4,17%

Nenhuma 10 20,83%

A cada 3 e a cada 4 meses

0,00%

Total geral 48 100,00%

67

Gráfico 12 - Fatores de decisão

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Quando questionados sobre os fatores que os levaram a comprar na loja

estudada e não em outra, observa-se através do gráfico 12 que, 79,2% dos clientes

disseram comprar pelo atendimento, o preço favoreceu a decisão de 62,5%, para

39,6% a localização da loja foi o mais importante, 29,2% responderam a qualidade

dos produtos, 27,1% a forma de pagamento, 20,8% a variedade dos produtos,

18,8% as experiências passadas, 16,7% a promoção, e por fim, a marca dos

produtos e indicação de terceiros aparecem com 12,5% cada. Portanto, o

atendimento, o preço e a localização são os fatores que mais fazem com que as

pessoas comprem na loja estudada e não em outra.

O atendimento foi um fator muito elogiado pelas pessoas durante as

entrevistas, e a localização da empresa é um diferencial, uma vez que ela está

localizada em um centro comercial e por isso possui visibilidade, qualquer um que

passe na rua enxerga a loja. Com relação ao preço, muitos dos entrevistados

disseram gostar dos preços praticados pela empresa por "caberem no seu

orçamento". Essa informação reforça o que foi explanado anteriormente por meio da

tabela 4, sobre o poder aquisitivo das pessoas.

Levando em consideração o gráfico 10, 21% dos entrevistados (10 pessoas),

compraram na loja pela 1ª vez. Afim de fazer uma análise mais aprofundada,

buscou-se saber qual ou quais fatores de decisão fizeram com que elas

comprassem na loja.

68

Gráfico 13 - Fatores de decisão considerados na opinião dos que compraram pela 1ª vez

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

O gráfico 13 revela que os fatores de decisão considerados na opinião dos

que compraram pela 1ª vez, foi a localização com 50%, seguido do preço também

com 50%. O atendimento aparece logo em seguida com 40%, e por fim indicação de

terceiros com 10%. Isso mostra que a localização, o preço e o atendimento são

realmente os pontos fortes da empresa. São fatores que chamam a atenção tanto

dos que já são clientes da empresa quanto dos novos.

Gráfico 14 - O que motivou a compra

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), a motivação representa a

tentativa de um indivíduo de satisfazer suas necessidades por meio da compra e

consumo de um produto ou serviço. Para Schiffman e Kanuk (2009), a motivação é

Motivo Qtd. %

Necessidade 36 75,00%

Desejo 8 16,67%

Necessidade e impulso 4 8,33%

Impulso

0,00%

Total geral 48 100,00%

69

uma força interna que impele os indivíduos a ação, e esta força interna é produzida

por uma necessidade não satisfeita.

O gráfico 14 mostra que dos participantes da pesquisa, na ocasião 75%

comprou por necessidade, 17% comprou por desejo, 8% comprou por necessidade

e impulso (a pessoa entrou na intenção de comprar um produto do qual tinha

necessidade e acabou levando mais do que o necessário), e nenhuma por impulso.

Percebe-se que a maioria dos entrevistados comprou na loja por necessidade, ou

seja, elas de fato precisavam do produto comprado.

Gráfico 15 - Pretende comprar mais vezes

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

O gráfico 15 revela que 96% dos pesquisados pretendem comprar novamente

na loja Joelma Variedades, enquanto apenas 4% responderam que talvez

comprariam. Por meio destes dados é possível afirmar que quase a totalidade dos

clientes entrevistados se sentem satisfeitos com a empresa. Entende-se, que

quando um cliente retorna para efetuar compras em uma empresa, este sinaliza

para a fidelidade, que representa um dos maiores objetivos das organizações

atualmente.

A empresa estudada não investe muito em divulgação, propagandas,

anúncios, etc. Ela possui uma página no Facebook, mas esta página não é

atualizada com muita frequência, isso mostra que a divulgação da empresa é

defasada

Pretende comprar mais vezes Qtd. %

Sim 46 95,83%

Não

0,00%

Talvez 2 4,17%

Total geral 48 100,00%

70

Kotler (2008) relata que a percepção das pessoas sobre o que está a sua

volta, está relacionado a motivação. Uma pessoa motivada agirá de acordo com a

sua percepção da situação. Segundo o autor, as pessoas percebem os estímulos,

como anúncios e propagandas, por exemplo, que estão mais relacionados com a

sua necessidade.

Como exposto no gráfico 14, a maioria das pessoas comprou por

necessidade, e isso foi o que provavelmente fez com que as elas percebessem os

estímulos dados pela empresa e realizassem assim a compra.

Segundo Kotler (2008) as empresas devem se esforçar muito para atrair a

atenção dos consumidores. A localização da empresa ajuda muito nessa questão do

estar motivado e perceber um estímulo, no entanto, a empresa deveria investir mais

em divulgação afim de não só atrair a atenção dos que estão passando em frente a

loja ou dos que já são clientes fiéis, mas também daqueles que ainda não são

clientes, e daqueles que estão longe, que as vezes, estão nas suas casas e

percebem que tem uma necessidade e lembram-se do anúncio, de uma propaganda

que elas viram em algum lugar, etc.

A aprendizagem para Kotler (2008), são as mudanças no comportamento das

pessoas surgidas a partir da experiência. Assim como a percepção está relacionada

com a motivação, de acordo com Schiffman e Kanuk (2009), a aprendizagem

também depende do estado motivacional do indivíduo, uma vez que ela atua como

um impulso para a aprendizagem. Por meio do aprendizado as pessoas criam

atitudes, que são pré-disposições para agir de forma favorável ou desfavorável a um

determinado objeto.

Com isso conclui-se que, os clientes entrevistados, tendem a ter uma atitude

favorável com relação a empresa, uma vez que, 96% deles responderam que

voltariam a comprar na loja, como mostra o gráfico 15. Essa atitude favorável se dá

em razão da aprendizagem, se os produtos não fossem bons, não atendessem as

expectativas e o atendimento fosse péssimo, provavelmente essas pessoas teriam

uma aprendizagem negativa (uma falta de reforço) ocasionando assim atitudes

desfavoráveis com relação a empresa.

71

Gráfico 16 - Planeja compra com antecedência

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Com base no gráfico 16, verifica-se que 65% dos clientes costuma planejar as

suas compras com antecedência, 25% não planeja e 10% planeja as vezes.

Identificou-se 35% das pessoas entrevistadas são propensas a comprar por impuslo,

como prova o próximo gráfico.

Gráfico 17 - Compra por impulso

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Como mostra o gráfico 17, 64% das pessoas não compra por impulso, 21%

costumam comprar por impulso e 15 % as vezes, somando um total de 36% de

pessoas que compram por impulso.

Compra por impulso Qtd. %

Sim 10 20,83%

Não 31 64,58%

As vezes 7 14,58%

Total geral 48 100,00%

Planeja compra com antecedência Qtd %

Sim 31 64,58%

Não 12 25,00%

As vezes 5 10,42%

Total geral 48 100,00%

72

Como é possivel perceber pelos gráficos 16 e 17 a maior parte dos clientes

planeja as suas compras com atecedência, o que pode ser justificado pelas suas

condições economicas.

Gráfico 18 - Aquisição de um produto sem de fato estar precisando

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Entretanto, como mostra o gráfico 18, 73% das pessoas disseram que em

algum momento já compraram um produto de que não precisavam, mas compraram

porque o produto estava barato, porque tinham um dinheiro extra ou porque o

estabelecimento facilitava o pagamento. Isso mostra que embora as pessoas

planejem as suas compras com antecedência em algum momento elas acabam

comprando por impulso.

Gráfico 19 - Produto comprado na loja

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Aquisição de produto sem estar precisando Qtd. %

Sim 35 72,92%

Não 13 27,08%

Total geral 48 100,00%

73

Como ilustra o gráfico 19, artigos de pesca foi o produto mais comprado entre

os entrevistados com 50%. O segundo produto mais comprado foram os calçados

com 33,3%, seguido de moda básica com 25% e moda praia com 16,7%.

De acordo com Karsaklian (2011) o que as pessoas comem, bebem, a forma

como se vestem e as músicas que escutam depende em grande parte da cultura.

Para a autora, a cultura é um poderoso fator de influência nos hábitos de compra e

consumo dos consumidores. Blackwell, Miniard e Engel (2005) definem a cultura

como um conjunto de valores, ideias, artefatos e outros símbolos que direcionam o

comportamento das pessoas em uma sociedade.

Ilhabela trata-se de uma cidade turística muito famosa por suas praias e por

sua beleza exuberante. Durante a temporada de verão, que vai de dezembro a

fevereiro, a cidade recebe muitos turistas, e esse movimento costuma diminuir nos

meses seguintes com a baixa temporada.

O verão é a estação do ano em que as pessoas mais procuram por produtos

de moda praia, talvez este fator cultural explique a baixa porcentagem de pessoas

que compraram produtos de moda praia na loja, uma vez que a pesquisa foi

realizada no mês de abril, quando o movimento na cidade é menor e o clima já não é

tão mais quente.

Conforme Karsaklian (2011) inúmeros fracassos de empresas ocorrem

porque elas não levam em consideração o fator cultural. Kotler (2008) afirma que o

fator cultural é o mais importante influenciador do comportamento das pessoas.

Desta forma, se uma empresa não estiver adequada aos fatores culturais de um

determinado lugar, ela não vai conseguir vender os seus produtos ou serviços.

74

Gráfico 20 - Prefere produtos de marca ou não

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Segundo apresentado no gráfico 20, 79% das pessoas disseram não se

importar com a marca dos produtos comprados, e 21% respondeu que gosta de

comprar produtos de marca.

Na visão de Kotler (2008) e Blackwell, Miniard e Engel (2005), os estilos de

vida são padrões nos quais as pessoas vivem e gastam tempo e dinheiro. Um estilo

de vida compreende as atividades, interesses e opiniões de uma pessoa.

O modelo de estilo de vida VALS 2, possui oito categorias de estilos de vida,

que são determinados com base em afirmações que as pessoas concordam ou

discordam (KOTLER, 2008). Esse modelo de acordo com Blackwell, Miniard Engel

(2005) leva em consideração as auto-orientações e os recursos dos indivíduos.

Como exposto anteriormente, os clientes da empresa possuem um baixo

poder econômico, assim, conforme as categorias de estilo de vida VALS 2 e com

base no gráfico 20, nota-se que 21% dessas pessoas são esforçadas, ou seja, são

pessoas que mesmo possuindo recursos limitados buscam a aceitação das pessoas

ao seu redor, uma imagem de sucesso, etc. Pode-se inferir que os outros 79%

fazem parte do grupo dos lutadores, que são pessoas também com poucos recursos

e pouco estudo, são consumidores cautelosos e que buscam a segurança.

É importante levar em consideração, além do estilo de vida, a personalidade e

o autoconceito das pessoas no estudo do comportamento, pois como afirma Kotler e

Keller (2006) as pessoas costumam comprar produtos e serviços com os quais se

identificam.

Preferência de produto Qtd. %

Gosto de comprar coisas de marca/grife 10 20,83%

Não me importo com grife, compro qualquer marca 38 79,17%

Total geral 48 100,00%

75

Levando em consideração a teoria dos tipos opostos de Jung, as pessoas que

responderam gostar de comprar produtos de marca, são provavelmente do tipo:

extrovertidas; sentimento (compram pelo prazer proporcionado pela compra e pelo

uso antecipado do produto); sensoriais (orientada para aspectos como cor, brilho,

tamanho e sonoridade dos objetos); e percepção. Já as que responderam não

comprar produtos de marca, talvez sejam do tipo: introvertidas; pensamento

(compram com base em aspectos lógicos como preço e rapidez no atendimento);

funcional (são orientadas para aspectos como conforto, dificuldade de uso, reparos e

trocas dos produtos) e julgamento.

Em um exemplo dado por Kotler (2008, p. 172) "uma empresa de

computadores pode descobrir que muitos consumidores potenciais são muito

autoconfiantes, possuem domínio e autonomia. Isso sugere o uso destes apelos na

propaganda de computadores".

Kotler (2008) revela que o conceito ou imagem que o indivíduo tem de si

mesmo relaciona-se com a sua personalidade. As pessoas podem ter um

autoconceito real (forma como elas realmente se veem), um autoconceito ideal

(forma como gostariam de ser vistas), e autoconceito dos outros (forma que elas

pensam que as pessoas as veem).

Desta maneira, os 21% dos pesquisados que preferem comprar produtos de

marca, talvez se vejam como merecedoras deste tipo de produto ou gostem de ser

vistas usando coisas de marca, etc.

76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo principal analisar o comportamento dos

consumidores da empresa. Para isso, buscou-se analisar o perfil dos clientes que

frequentam a empresa, entender os motivos que levam esses clientes a consumir na

loja estudada e identificar o comportamento de compra.

A partir da análise dos dados, notou-se que o perfil dos clientes que

frequentam a empresa são homens e mulheres com idade entre 21 a 40 anos,

solteiras e casadas, com grau de escolaridade baixo e profissões com renda

individual baixa, portanto, com um poder aquisitivo baixo.

Como mostrou a pesquisa, o atendimento, a localização e os preços

praticados pela empresa, são os fatores que fazem com que os clientes, tanto os

fidelizados quanto os novos, comprem no estabelecimento estudado e não em outro.

Como a empresa não investe em divulgação, possivelmente durante a alta

temporada, o que contribui para o movimento é a localização da loja. As pessoas

entram ao acaso ou por necessidade, gostam do atendimento e dos preços dos

produtos, e acabam comprando. Já durante a baixa temporada, é possível inferir,

que o que mantém a loja são os clientes fidelizados, como foi possível observar pela

pesquisa, onde a maior parte dos entrevistados já são clientes há algum tempo e

compram frequentemente na loja estudada.

No entanto, embora a empresa possua clientes fiéis, o movimento é baixo.

Ter clientes fidelizados é muito importante, mas a empresa em questão, deve buscar

maneiras de atrair novos clientes, principalmente na baixa temporada. A divulgação

é essencial para qualquer negócio, é importante para que o consumidor conheça os

produtos e os serviços que a empresa oferece.

A loja possui uma forma interessante de atuação, ela trabalha com uma

grande variedade de produtos e com isso consegue atingir os dois públicos,

masculino e feminino. Entretanto, por meio da pesquisa percebeu-se que devido a

mudança de estação, a procura por produtos de moda praia, por exemplo, caiu

bastante. A moda representa os hábitos e os costumes de um lugar ou de uma

determinada época, por tanto ela é uma expressão da cultura da sociedade. O que a

empresa poderia fazer para não perder clientes e não ficar com produtos parados na

loja, é acompanhar as mudanças de estação.

77

A partir dos resultados evidenciados neste estudo, conclui-se que os objetivos

propostos foram alcançados. Notou-se que o comportamento de compra das

pessoas entrevistadas na empresa sofre influência dos fatores culturais, sociais,

pessoais e psicológicos, e isso mostra a importância de se estudar o comportamento

dos consumidores e entender a influência destes fatores. As empresas devem estar

sempre preocupadas em analisar esses aspectos, porque a comunicação que será

feita para o consumidor deverá ser feita com base nestes fatores.

Este trabalho também serviu para que a empresa pudesse identificar os seus

pontos positivos e negativos.

78

REFERÊNCIAS

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79

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Freevale, 2013. RAMPAZZO, L. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Loyota, 2002. SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. Comportamento do consumidor. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

80

APÊNDICES

Apêndice A - Formulário para entrevistas

Meu nome é Andreza dos Santos, portadora do RA 189.064.13.13.041,

regularmente matriculada no 6ª semestre do Curso Superior de Tecnologia em

Gestão Empresarial da Faculdade de Tecnologia de São Sebastião (FATEC). A

presente pesquisa tem o intuito meramente acadêmico, com o objetivo de estudar o

perfil e o comportamento de compra dos clientes da empresa, baseado nas

respostas obtidas neste formulário. É de suma importância que o respondente

expresse sua opinião de maneira sincera.

OBS: Não é necessário identificar-se.

Muito obrigada pela sua colaboração!

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1. Gênero:

Feminino Masculino 2. Faixa etária:

Até 20 anos 31 a 40 51 a 60

21 a 30 41 a 50 Acima de 60

3. Estado civil:

Solteiro (a) Casado (a) / Vivendo com parceiro (a)

Divorciado (a) Viúvo (a)

4. Grau de instrução:

Ensino Fundamental Incompleto Ensino Fundamental Completo

Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo

Ensino Superior Incompleto Ensino Superior Completo

Pós-graduação (especialização) Mestrado ou Doutorado

5. Ocupação:

Servidor Público Autônomo Empresário

Estudante Trabalha e estuda Empregada Doméstica

Aposentado/Pensionista Fora do mercado de trabalho Outros

81

6. Renda Média Domiciliar Mensal:

Até R$768,00

de R$768,00 a R$1.625,00

de R$1.625,00 a R$2.705,00

de R$2.705,00 a R$4.852,00

de R$4.852,00 a R$9.254,00

de R$9.254,00 a R$20.888,00

acima de R$20.888,00

7. Você é morador da cidade ou turista?

Morador (a) Turista 8. Quais destes grupos costuma influenciar as suas decisões de compra, isto é,

qual opinião pesa mais na sua decisão?

Não me considero influenciado (a) Religião Amigos

Vizinhos Colegas de Trabalho Família (esposa (o), e filhos)

Profissão Família (pais e irmãos) 9. E qual opinião pesa menos na sua decisão?

Não me considero influenciado (a) Religião Amigos

Vizinhos Colegas de Trabalho Família (esposa (o), e filhos)

Profissão Família (pais e irmãos)

10. Quantas vezes você já comprou na Loja?

1 a 2 vezes 3 a 4 vezes 5 ou mais vezes Esta é a 1ª vez

11. Com que frequência você compra na loja?

A cada 2 meses A cada 3 meses A cada 4 meses

A cada 6 meses A cada ano Nenhuma

Sempre As vezes

12. O que o levou a comprar nesta loja e não em outra? (assinale quantas opções

desejar)

Atendimento Localização Preço Promoção

Marca dos produtos Qualidade dos produtos Variedade dos produtos

Formas de Pagamento Experiências passadas Indicação de terceiros

82

13. Você comprou por?

Necessidade Desejo Por impulso Necessidade e impulso

14. Você pretende comprar mais vezes nesta loja?

Sim Não Talvez

15. Você planeja as suas compras com antecedência?

Sim Não As vezes

16. Você costuma comprar por impulso?

Sim Não As vezes

17. Você já adquiriu um determinado produto ou serviço, sem de fato estar

precisando, simplesmente porque tinha "um dinheiro extra" ou "porque estava

barato", ou "porque o estabelecimento parcelava em muitas vezes"?

Sim Não

18. O que você comprou na loja? (marque mais de uma opção se necessário)

Artigos de pesca Moda praia

Calçados Moda básica

19. Assinale umas das afirmações a seguir:

Não me importo com grife, compro qualquer marca

Gosto de comprar coisas de marca/grife