Direito das Direito das ObrigaçõesObrigações

Aula IIAula II

Dois grandes ramos do Dois grandes ramos do DireitoDireito

O Direito Civil pode ser dividido em O Direito Civil pode ser dividido em dois grandes ramos: dois grandes ramos:

O dos direitos O dos direitos não patrimoniaisnão patrimoniais (que (que tratam dos direitos tratam dos direitos da personalidadeda personalidade, , direito direito à vidaà vida, , à liberdadeà liberdade, , à honraà honra etc.)etc.)

E o dos direitos E o dos direitos patrimoniaispatrimoniais (que (que tratam dos direitos que envolvem tratam dos direitos que envolvem valores econômicosvalores econômicos).).

Direitos patrimoniaisDireitos patrimoniais

O Direito das O Direito das ObrigaçõesObrigações e e o Direito das o Direito das CoisasCoisas integram os integram os direitos direitos patrimoniaispatrimoniais. .

Mas sem confusãoMas sem confusão

Entretanto, apesar Entretanto, apesar de integrarem o de integrarem o mesmo ramo, mesmo ramo, não não podem ser podem ser confundidosconfundidos, , porque o primeiro porque o primeiro trata de trata de direitos direitos pessoaispessoais e o e o segundo trata dos segundo trata dos direitos reaisdireitos reais

Direito PessoalDireito Pessoal Direito Direito RealReal é o direito é o direito do do

credor contra o credor contra o devedordevedor, tendo por , tendo por objeto objeto uma uma determinada determinada prestaçãoprestação. .

Forma-se Forma-se uma uma relação de crédito relação de crédito e débito entre as e débito entre as pessoaspessoas

é o poder – direto e é o poder – direto e imediato – do titular imediato – do titular sobre a coisasobre a coisa, com , com exclusividade e contra exclusividade e contra todos.todos.

Cria um vínculo entre Cria um vínculo entre a pessoa e a coisa a pessoa e a coisa ((direito de direito de propriedadepropriedade), e esse ), e esse vínculo dá ao titular vínculo dá ao titular uma exclusividade em uma exclusividade em relação ao bem (relação ao bem (erga erga omnesomnes).).

Diferenças entre direitos Diferenças entre direitos pessoais e direitos reaispessoais e direitos reais

Quanto à formaçãoQuanto à formação Os direitos Os direitos reaisreais

têm origem na leitêm origem na lei, , não podem ser não podem ser criados em um criados em um contrato entre duas contrato entre duas pessoaspessoas, sendo, por , sendo, por esse motivo, esse motivo, limitados.limitados.

Seguem o Seguem o princípio do princípio do numerus claususnumerus clausus (número limitado).(número limitado).

Os direitos Os direitos pessoaispessoais não não resultam da leiresultam da lei, , nascem de nascem de contratos entre pessoascontratos entre pessoas..

Há 16 contratos Há 16 contratos nominados no CCB, nominados no CCB, entretanto, entretanto, é possível a é possível a criação de contratos criação de contratos inominadosinominados,, pois, para pois, para exsurgir um direito pessoal, exsurgir um direito pessoal, basta que as partes sejam basta que as partes sejam capazes e o objeto seja capazes e o objeto seja lícitolícito. .

Seguem o princípio do Seguem o princípio do numerus apertusnumerus apertus (número (número aberto.)aberto.)

CCBCCB

Art. 425Art. 425. É lícito às partes estipular . É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as contratos atípicos, observadas as

normas gerais fixadas neste Código.normas gerais fixadas neste Código.

Quanto ao objetoQuanto ao objeto

No direito No direito das das coisascoisas, o objeto é , o objeto é sempre sempre um bem um bem

corpóreocorpóreo..

No direito No direito pessoalpessoal, , o objeto é o objeto é a a prestaçãoprestação. .

Sempre que duas Sempre que duas pessoas pessoas celebram celebram um contratoum contrato uma uma delas torna-se delas torna-se devedora de uma devedora de uma obrigação em obrigação em relação à credora.relação à credora.

Quanto aos sujeitosQuanto aos sujeitos

No direito No direito pessoalpessoal, , os sujeitos são o os sujeitos são o credorcredor e o e o devedor devedor (sujeito ativo e (sujeito ativo e sujeito passivo).sujeito passivo).

Nos direitos Nos direitos reaisreais, , costuma-se dizer costuma-se dizer que o que o direito realdireito real somente possui o somente possui o sujeito ativosujeito ativo porque este é porque este é ligado à coisa (de ligado à coisa (de um lado o titular e um lado o titular e do outro lado a do outro lado a coisa).coisa).

EntretantoEntretanto

Essa explicação é meramente Essa explicação é meramente didática. didática. Nos direitos Nos direitos reaisreais, em princípio, o , em princípio, o

sujeito passivo é isujeito passivo é indeterminadondeterminado porque porque todas as pessoas do universo todas as pessoas do universo devem-se abster de molestar o titular devem-se abster de molestar o titular do direito realdo direito real (os direitos reais são (os direitos reais são direitos oponíveis direitos oponíveis erga omneserga omnes). ).

No instante em que alguém viola o No instante em que alguém viola o direito do titular, direito do titular, o sujeito passivo o sujeito passivo se se definedefine..

Quanto à duraçãoQuanto à duração Os Os direitos direitos

pessoaispessoais são são transitóriostransitórios, pois , pois nascem, duram nascem, duram certo tempo e se certo tempo e se extinguem (extinguem (pelo pelo cumprimento, pela cumprimento, pela compensação, pela compensação, pela prescrição, pela prescrição, pela novação etcnovação etc.)..).

Os Os direitos reaisdireitos reais são são perpétuosperpétuos, , não não se extinguindo pelo se extinguindo pelo não usonão uso, exceção , exceção feita às causas feita às causas expressas em lei expressas em lei ((Ex: desapropriação, Ex: desapropriação, usucapião em favor usucapião em favor de terceiros, de terceiros, perecimento da perecimento da coisa, renúncia coisa, renúncia etcetc.)..).

Relação jurídica e Relação jurídica e relação obrigacionalrelação obrigacional

Relação jurídicaRelação jurídica é o é o liame que nos une liame que nos une a nosso semelhante (pessoa física ou a nosso semelhante (pessoa física ou natural), a uma pessoa jurídica ou ao natural), a uma pessoa jurídica ou ao

Estado.Estado.

Obrigações humanas e Obrigações humanas e obrigação jurídicaobrigação jurídica

Os membros da sociedade Os membros da sociedade possuem obrigações de possuem obrigações de natureza natureza jurídica, moral,jurídica, moral, religiosareligiosa ou puramente social ou puramente social..

Obrigação jurídicaObrigação jurídica

Para ser Para ser jurídicajurídica, , a a obrigação obrigação deve contar deve contar com o com o suporte da leisuporte da lei, , ainda quando se ainda quando se trate de vínculo trate de vínculo contratualcontratual, uma vez , uma vez que é a lei que que é a lei que assegura o assegura o cumprimento dos cumprimento dos pactospactos ( (pacta sunt pacta sunt servandaservanda))

Obrigação é relação Obrigação é relação jurídicajurídica

A A obrigaçãoobrigação é uma é uma relação jurídica,relação jurídica, excluindo-se dela excluindo-se dela ““deveres alheios ao deveres alheios ao direito, como o de direito, como o de gratidão ou gratidão ou cortesia,cortesia, visto que o devedor visto que o devedor pode ser pode ser compelidocompelido a realizar a a realizar a prestação”prestação” (Maria (Maria Helena Diniz)Helena Diniz)

Conceitos de Conceitos de ObrigaçãoObrigação

O que diziam os romanos?O que diziam os romanos?

Obligatio est juris Obligatio est juris vinculum, quo vinculum, quo necessitate necessitate adstringimur alicujus adstringimur alicujus solvendae rei solvendae rei secundum nostrae secundum nostrae civitatis juracivitatis jura

Obrigação é o vínculo jurídico Obrigação é o vínculo jurídico que nos adstringe que nos adstringe necessariamente a alguém, necessariamente a alguém, para solver alguma coisa, em para solver alguma coisa, em consonância com o direito consonância com o direito civil (da nossa cidade)civil (da nossa cidade)

O que diz o VenosaO que diz o Venosa

A obrigação jurídica “A obrigação jurídica “é é aquela protegida pelo aquela protegida pelo Estado, que lhe dá Estado, que lhe dá garantia da coerção no garantia da coerção no cumprimento, que cumprimento, que depende de uma depende de uma norma, uma lei, ou um norma, uma lei, ou um contrato ou negócio contrato ou negócio jurídicojurídico”.”.

““Em toda obrigação Em toda obrigação existe submissão a existe submissão a uma regra de uma regra de conduta. A relação conduta. A relação obrigacional recebe obrigacional recebe desse modo a desse modo a proteção do proteção do DireitoDireito”.”.

O que diz o Paulo Nader?O que diz o Paulo Nader?

Paulo NaderPaulo Nader

Sob o aspecto Sob o aspecto subjetivo, é subjetivo, é a a relação de relação de natureza natureza econômica econômica existente entre existente entre credor e credor e devedordevedor

O que diz o Carlos Roberto O que diz o Carlos Roberto Gonçalves?Gonçalves?

Carlos Roberto GonçalvesCarlos Roberto Gonçalves

Obrigação é o Obrigação é o vínculo jurídico vínculo jurídico que confere ao que confere ao credor (sujeito credor (sujeito ativo) direito de ativo) direito de exigir do devedor exigir do devedor (sujeito passivo) (sujeito passivo) o cumprimento o cumprimento de determinada de determinada prestaçãoprestação

O que diz o Antunes Varela?O que diz o Antunes Varela? Obrigação consiste Obrigação consiste

na relação jurídica na relação jurídica por virtude da qual por virtude da qual uma pessoa pode uma pessoa pode exigir, no seu exigir, no seu interesse, interesse, determinada determinada prestação de uma prestação de uma outra, ficando esta outra, ficando esta vinculada ao vinculada ao correspondente correspondente dever de prestardever de prestar

A melhor definição de A melhor definição de ObrigaçãoObrigação

WashingtonWashington de Barros Monteirode Barros Monteiro

““Obrigação é a relação Obrigação é a relação jurídica, de caráter jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre transitório, estabelecida entre devedor e credor, cujo objeto devedor e credor, cujo objeto constitui uma prestação constitui uma prestação pessoal econômica, positiva pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, primeiro ao segundo, garantindo-lhe adimplemento garantindo-lhe adimplemento (cumprimento) por meio de (cumprimento) por meio de seu patrimônioseu patrimônio”. ”.

Maria Helena Diniz explica e Maria Helena Diniz explica e comentacomenta

““A obrigaçãoA obrigação possui possui caráter transitório caráter transitório porqueporque não hánão há obrigações obrigações perpétuasperpétuas; satisfeita ; satisfeita a prestação a prestação prometida, amigável prometida, amigável ou judicialmente, ou judicialmente, exaure-se a obrigaçãoexaure-se a obrigação. .

““O objeto da O objeto da obrigação obrigação consiste numa consiste numa obrigação obrigação pessoal;pessoal; só a só a pessoa pessoa vinculadavinculada está está adstrita ao adstrita ao cumprimento da cumprimento da prestação. prestação.

““Trata-se de relação Trata-se de relação jurídica de natureza jurídica de natureza pessoal, pois se pessoal, pois se estabelece entre duas estabelece entre duas pessoas (credor e pessoas (credor e devedor) , e devedor) , e econômica,econômica, por ser necessário que a por ser necessário que a prestação positiva ou prestação positiva ou negativa (negativa (dar, fazer ou dar, fazer ou não fazernão fazer) ) tenha um tenha um valor pecuniáriovalor pecuniário, isto é, , isto é, seja seja suscetível de suscetível de aferição monetária.aferição monetária.

““Tem o credor à sua Tem o credor à sua disposição, como disposição, como garantia do garantia do adimplemento, o adimplemento, o patrimônio do patrimônio do devedordevedor (CC, Art. (CC, Art. 391);391); assim embora a assim embora a obrigação objetive obrigação objetive uma prestação uma prestação pessoal pessoal do devedor, do devedor, na execução por na execução por inadimplemento inadimplemento desce-se a seus desce-se a seus bensbens”.”.

CCBCCB

Art. 391Art. 391. Pelo inadimplemento das . Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens obrigações respondem todos os bens

do devedor.do devedor.

Obrigação jurídica sem Obrigação jurídica sem conteúdo patrimonialconteúdo patrimonial

O dever de fidelidade entre os cônjuges e O dever de fidelidade entre os cônjuges e outros do direito de família são obrigações outros do direito de família são obrigações

sem conteúdo patrimonialsem conteúdo patrimonial e não se e não se incluem no âmbito de nosso estudoincluem no âmbito de nosso estudo

Fontes das ObrigaçõesFontes das Obrigações

Constituição FederalConstituição Federal::

Art. 5ºArt. 5º Todos são iguais perante a lei, Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:propriedade, nos termos seguintes:

.............................................. II -II - ninguém será obrigado a fazer ou ninguém será obrigado a fazer ou

deixar de fazer alguma coisa senão deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;em virtude de lei;

A obrigação resulta A obrigação resulta

1) da 1) da vontade do Estadovontade do Estado, por , por intermédio da intermédio da leilei

ExemplosExemplos

obrigação de obrigação de prestar prestar alimentosalimentos

obrigação obrigação do patrão do patrão responder responder pelo ato do pelo ato do empregado empregado

obrigação obrigação do pai do pai responder responder pelo ato do pelo ato do filho filho

A obrigação também resultaA obrigação também resulta

2) 2) da da vontade vontade humanahumana, por meio , por meio dos contratos dos contratos ((obrigação de dar, obrigação de dar, fazer fazer ouou não fazer não fazer), ), das das declarações declarações unilaterais da unilaterais da vontadevontade ( (promessa promessa de recompensa e de recompensa e título ao portadortítulo ao portador))

E ainda resultaE ainda resulta

3) dos atos ilícitos (3) dos atos ilícitos (obrigação de obrigação de reparar o prejuízo causado a terceiro reparar o prejuízo causado a terceiro

– ato ilícito civil, previsto na Parte – ato ilícito civil, previsto na Parte Geral do Código Civil).Geral do Código Civil).

Alguns autores entendem que Alguns autores entendem que a única fonte a única fonte de obrigação é a leide obrigação é a lei, porque é ela quem , porque é ela quem

obriga as pessoas a obriga as pessoas a cumprirem os contratos cumprirem os contratos que celebramque celebram ou as ou as declarações de vontade declarações de vontade que expressamque expressam ou, ainda, a ou, ainda, a repararem os repararem os

danos que causam.danos que causam.

Vamos dizer, então, Vamos dizer, então, que algumas vezes que algumas vezes a lei é a a lei é a fonte fonte imediataimediata ( (diretadireta) ) da obrigação da obrigação ((exemplo: a exemplo: a obrigação obrigação alimentaralimentar), outras ), outras vezes, porém, ela é vezes, porém, ela é a a fonte mediatafonte mediata ((indiretaindireta) da ) da obrigação.obrigação.

Elementos Elementos constitutivos da constitutivos da

obrigaçãoobrigação

1. Elemento subjetivo1. Elemento subjetivo

Diz respeito aos Diz respeito aos sujeitossujeitos da da obrigação. obrigação.

Os sujeitos da Os sujeitos da obrigação são obrigação são chamados de chamados de credor credor ((sujeito sujeito ativoativo) e ) e devedordevedor ((sujeito sujeito passivopassivo). ).

Sujeito ativoSujeito ativo

É o É o credorcredor, , aquele a quem é aquele a quem é devida a devida a prestação. prestação.

Tem o direito de Tem o direito de exigir seu exigir seu cumprimentocumprimento

Sujeito passivoSujeito passivo

É o É o devedordevedor, , aquele que tem aquele que tem o dever jurídico o dever jurídico de cumprir a de cumprir a prestação, sob prestação, sob pena de pena de responder com responder com seu patrimônioseu patrimônio

Multiplicidade de agentes nos Multiplicidade de agentes nos polospolos

Os polos – Os polos – passivo e ativopassivo e ativo - - da relação da relação obrigacional obrigacional podem ser podem ser ocupados por ocupados por uma ou mais uma ou mais pessoas físicas pessoas físicas ou jurídicasou jurídicas

ExemploExemplo

Proprietária dá imóvel em locação a Proprietária dá imóvel em locação a várias pessoasvárias pessoas

Determinação subjetivaDeterminação subjetiva

Os sujeitos Os sujeitos podem ser podem ser pessoaspessoas naturais ou naturais ou jurídicas,jurídicas, devendo ser devendo ser determinadosdeterminados ou, ao menos, ou, ao menos, determináveis.determináveis.

Indeterminação total é Indeterminação total é impossívelimpossível

Não se Não se considera, como considera, como capaz de gerar capaz de gerar uma obrigaçãouma obrigação, , um contrato em um contrato em que os sujeitos que os sujeitos sejam sejam indeterminadoindeterminados.s.

Pode haver Pode haver contrato em contrato em que, que, a a princípioprincípio, , um um dos sujeitos dos sujeitos seja seja indeterminadoindeterminado, , mas no qual mas no qual existam existam elementos que elementos que permitam permitam determinar o determinar o sujeito sujeito

ExemploExemplo

Em nosso exemplo portuguêsEm nosso exemplo português

Alguém coloca um anúncio prometendo Alguém coloca um anúncio prometendo recompensa para quem encontrar o recompensa para quem encontrar o cachorro (cachorro (““rafeirorafeiro” = vira-lata)” = vira-lata)

De imediato De imediato não se sabe quem é o não se sabe quem é o credor da obrigaçãocredor da obrigação, mas a declaração , mas a declaração traz elementos que traz elementos que podem determinar podem determinar o sujeito ativo:o sujeito ativo: quem encontrar o quem encontrar o cachorro (= sujeito cachorro (= sujeito determináveldeterminável))..

2. Elemento objetivo2. Elemento objetivo

Toda obrigação tem Toda obrigação tem o seu objeto.o seu objeto.

O objeto da O objeto da obrigação é sempre obrigação é sempre uma conduta uma conduta humanahumana que se que se chama chama prestaçãoprestação ((dar, fazer ou não dar, fazer ou não fazerfazer). ).

Objeto da Objeto da prestaçãoprestação

A prestação A prestação também tem o também tem o seu objetoseu objeto, que se , que se descobre com a descobre com a pergunta: pergunta: o quê?o quê?

Alguém se obriga Alguém se obriga a a fazerfazer – – fazer O fazer O QUÊ?QUÊ?

Ius creditorisIus creditoris

Essa Essa prestação prestação debitória, debitória, que é o que é o objeto da relação objeto da relação obrigacional, é obrigacional, é ação ação ou ou omissãoomissão a que a que ficará adstrito o ficará adstrito o devedordevedor e que o e que o credorcredor terá direito de terá direito de exigir.exigir.

Objeto mediato e imediatoObjeto mediato e imediato

O objeto O objeto imediatoimediato da da obrigação é a obrigação é a prestaçãoprestação, e o objeto , e o objeto mediatomediato da da obrigação é obrigação é aquele aquele que se descobre com que se descobre com a perguntaa pergunta o quê?o quê?

ExemploExemplo

Obrigação de dar Obrigação de dar 200 sacas de café200 sacas de café

(É obrigação de dar (É obrigação de dar coisa certa)coisa certa)

Objeto Objeto imediatoimediato da da obrigação: obrigação:

a obrigação de dara obrigação de dar Objeto Objeto mediatomediato da da

obrigação:obrigação: as 200 casa de caféas 200 casa de café

Requisitos de validade da Requisitos de validade da prestaçãoprestação

O objeto imediato da obrigação - O objeto imediato da obrigação - a a prestaçãoprestação – deve ser – deve ser

lícito, possível , determinado lícito, possível , determinado ouou determináveldeterminável,,

e não difere daquilo que se exige do e não difere daquilo que se exige do objeto da relação jurídica em geral, objeto da relação jurídica em geral, como estatui o como estatui o Art. 104 do CCB.Art. 104 do CCB.

CCBCCB

Art. 104Art. 104. A validade do negócio . A validade do negócio jurídico requer:jurídico requer:

I - agente capaz;I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, II - objeto lícito, possível,

determinado ou determinável;determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em III - forma prescrita ou não defesa em

lei.lei.

O objeto O objeto lícitolícito

Objeto Objeto ilícitoilícito seria aquele seria aquele que atenta que atenta contra a lei, a contra a lei, a moral ou os moral ou os bons bons costumescostumes

A voz dos TribunaisA voz dos Tribunais

Sendo Sendo imoralimoral o objeto o objeto jurídico da obrigação, jurídico da obrigação, os Tribunais aplicam o os Tribunais aplicam o princípio princípio nemo nemo auditur propriam auditur propriam turpitudinem turpitudinem allegansallegans (a ninguém (a ninguém é dado beneficiar-se é dado beneficiar-se da própria torpeza)da própria torpeza)

Ou ...Ou ... ... a parêmia ... a parêmia in pari causa in pari causa

turpitudinis cessat repetitio turpitudinis cessat repetitio (se (se ambas as partes no contrato agiram ambas as partes no contrato agiram com torpeza, não pode uma delas com torpeza, não pode uma delas

pedir devolução da importância que pedir devolução da importância que pagou).pagou).

Quem é que se lembra?Quem é que se lembra?

CCBCCB

Art. 150.Art. 150. Se ambas as partes Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.ou reclamar indenização.

E tem ainda ...E tem ainda ...

CCBCCB Art. 883.Art. 883. Não terá direito à repetição Não terá direito à repetição

aquele que deu alguma coisa para aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.por lei.

Parágrafo único.Parágrafo único. No caso deste No caso deste artigo, o que se deu reverterá em artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.beneficência, a critério do juiz.

O objeto O objeto possívelpossível A impossibilidade A impossibilidade

do objeto poderá do objeto poderá ser ser física física ou ou jurídica.jurídica.

Impossibilidade Impossibilidade físicafísica é a da é a da prestação prestação que que ultrapassa as ultrapassa as forças humanas, forças humanas, real e absoluta, real e absoluta, alcançando a todos alcançando a todos indistintamente.indistintamente.

A impossibilidade A impossibilidade relativarelativa

É aquela que É aquela que atinge o devedor da atinge o devedor da prestação prestação mas não outras pessoas.mas não outras pessoas. Essa Essa não constitui obstáculo ao não constitui obstáculo ao

negócio jurídiconegócio jurídico

CCBCCB

Art. 106.Art. 106. A impossibilidade inicial do A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele realizada a condição a que ele estiver subordinado.estiver subordinado.

Impossibilidade Impossibilidade jurídicajurídica

O ordenamento jurídico proíbe O ordenamento jurídico proíbe expressamente negócios a respeito de expressamente negócios a respeito de determinado bem, como, por exemplo:determinado bem, como, por exemplo:

a a herança de pessoa vivaherança de pessoa viva (Art. 426 (Art. 426 CCB)CCB)

o o bem público bem público (Art. 100 CCB)(Art. 100 CCB) os bens os bens gravados com cláusula de gravados com cláusula de

inalienabilidadeinalienabilidade

Qualquer que seja a Qualquer que seja a obrigação assumida pelo obrigação assumida pelo

devedor, ela se subsumirá devedor, ela se subsumirá sempre a uma sempre a uma prestaçãoprestação

A prestação será:A prestação será:

de darde dar – – coisa certacoisa certa (Arts 233 e s (Arts 233 e s CCB), ouCCB), ou incertaincerta (indeterminada quanto (indeterminada quanto à qualidade: Art. 243 CCB),à qualidade: Art. 243 CCB), ou ou restituirrestituir

de fazerde fazer – – que pode ser que pode ser fungível fungível ou ou infungível infungível (Arts. 247 e 249) e de emitir (Arts. 247 e 249) e de emitir declaração de vontade (CPC, Art. 466-declaração de vontade (CPC, Art. 466-B)B)

de não fazerde não fazer – – Arts. 250 e s CCBArts. 250 e s CCB

Exemplo de dar coisa certaExemplo de dar coisa certa

Na compra e venda, o vendedor se Na compra e venda, o vendedor se obriga a entregar a coisa alienada obriga a entregar a coisa alienada

(objeto da prestação) ao adquirente e (objeto da prestação) ao adquirente e este o preçoeste o preço

Exemplo de restituiçãoExemplo de restituição

Ao final do comodato, o comodatário Ao final do comodato, o comodatário tem a obrigação de restituir a coisa tem a obrigação de restituir a coisa

infungível ao comodanteinfungível ao comodante

3. Vínculo jurídico3. Vínculo jurídico É É imaterial, abstratoimaterial, abstrato É o liame legal que É o liame legal que

sujeita o devedor a sujeita o devedor a determinada prestação determinada prestação em favor do credorem favor do credor

Abrange o Abrange o deverdever da da pessoa obrigada pessoa obrigada (debitum) (debitum) e sua e sua responsabilidade responsabilidade em em caso de não-caso de não-cumprimentocumprimento(obligatio(obligatio))..

Obrigação e Obrigação e ResponsabilidadeResponsabilidade

A obrigação A obrigação difere da difere da responsabilidaresponsabilidade. de.

A obrigação, A obrigação, quando quando cumprida, cumprida, extingue-se. extingue-se.

Nascimento da Nascimento da responsabilidaderesponsabilidade

A A obligatio obligatio não cumprida não cumprida gera a gera a responsabilidade por perdas e danosresponsabilidade por perdas e danos

(Art. 389 CCB).(Art. 389 CCB).

A responsabilidade somente nasce A responsabilidade somente nasce quando não for cumprida a obrigação.quando não for cumprida a obrigação.

Há, entretanto, dois casos de Há, entretanto, dois casos de obrigação não cumprida e que obrigação não cumprida e que não não

geram responsabilidadegeram responsabilidade: : dívidas dívidas prescritasprescritas e e dívidas de jogodívidas de jogo (não (não

podem ser cobradas)podem ser cobradas)