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Londrina 2018 CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde EVANDRO PIRES CARDIAS PERSONAL KIDS E TEEN NO CONTEXTO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

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Londrina 2018

CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde

EVANDRO PIRES CARDIAS

PERSONAL KIDS E TEEN NO CONTEXTO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Londrina 2018

CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde

EVANDRO PIRES CARDIAS

PERSONAL KIDS E TEEN NO CONTEXTO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde.

Orientador: Profª. Dra. Márcia Regina Aversani

Lourenço

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Pitágoras Unopar

Biblioteca CCBS/CCECA PIZA

Setor de Tratamento da Informação

Cardias, Evandro Pires

C267pPersonal kidseteenno contexto da promoção da saúde. / Evandro PiresCardias.

Londrina: [s.n], 2018.

85 f.

Relatório técnico (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde).

Universidade Pitágoras Unopar.

Orientadora: Profa.Dra.Márcia Regina Aversani Lourenço.

1- Exercício físico - Guia técnico- Relatório técnico de conclusão do mestrado - UNOPAR 2-

Promoção da saúde - Criança e adolescente 3- Força4- Flexibilidade5-

CardiorrespiratórioI-Lourenço, Márcia Regina Aversani;orient. II- Universidade

Pitágoras Unopar.

CDD 613.7 Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643

Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, conferido e aprovado pela Banca Examinadora:

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Profa. Drª. Márcia Regina Aversani Lourenço

Orientadora Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera

Componente da Banca Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Prof. Dr. Arli Ramos de Oliveira

Componente da Banca (Membro Externo)

____________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes

Coordenador do Curso

Londrina, 07 de fevereiro de 2018.

DEDICATORIA

Dedico este trabalho à minha família, em

especial minha esposa, meus pais e meus

filhos que estiveram presentes em todos

os momentos deste processo de formação

acadêmica.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família que é, sempre será meu porto seguro,

meu maior tesouro, me ajuda, orienta e me acompanha nos momentos alegres e

triste com força, garra e união.

Agradeço em especial a minha esposa e meu filhos que sempre

estiveram ao meu lado, me incentivando, acreditando e dando todo o suporte para a

busca de novas conquistas. Enfim, pela nossa união de sempre, ainda mais neste

momento onde fiquei ausente em vários momentos para concluir meu sonho.

Agradeço meus pais também que me ajudaram em todos os

momentos com muito respeito, carinho e muito amor. São meus espelhos na

profissão e na vida. Obrigado por tudo.

A minha orientadora Profa. Márcia R. Aversani Lourenço, pela

orientação e auxílio em todas as fases deste processo. Por todo carinho e dedicação

à mim dispendidos, por compartilhar de uma forma tão natural seus conhecimentos e

experiências contribuindo muito para a minha formação acadêmica, meu muito

obrigado.

Ao meu coorientador Prof. Cosme Franklim Buzzachera que permitiu

minha participação no seu grupo de estudo e contribuiu com minha formação com

todo carinho e dedicação, meu muito obrigado.

Aos professores do curso de Pós-graduação em Exercício Físico na

Promoção da Saúde que não mediram esforços para transmitir todos os seus

conhecimentos.

Agradeço a meu mestre de vida Ikeda Sensei por ser o meu alicerce

com suas orientações e ensinamentos.

E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma

contribuíram para a obtenção deste título em minha formação profissional.

CARDIAS, Evandro. Personal kids e Teen no contexto da Promoção da Saúde.

p. 86. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2018.

RESUMO

Atualmente, sabe-se que o exercício físico na infância promove o desenvolvimento de habilidades motoras básicas e a melhora na aptidão física, contribuindo ainda, de modo particular, na manutenção da saúde do jovem. Neste contexto insere-se o presente relatório, que preconiza elaborar um Guia Técnico para profissionais da Educação Física que atuam na prescrição, orientação, e monitoramento do exercício físico, e profissionais atuantes na área da saúde pediátrica. O presente Guia Técnico intitulado Personal Kids & Teen no Contexto da Promoção da Saúde propõe novos conceitos na elaboração de programas de exercício físico para a manutenção dos diversos componentes da aptidão física relacionados à saúde na criança, incluindo força muscular, resistência cardiorrespiratória, composição corporal, flexibilidade, entre outros. Basicamente, dividiu-se a elaboração do material em etapas distintas: revisão de literatura; elaboração escrita do manual; e o design gráfico do manual. A estrutura do material divide-se em: capítulo 1 - conceitos fundamentais na infância e na adolescência; capítulo 2 - conceitos fudamentais sobre prescrição de exercício físico; capítulo 3 - tipos de avaliação física em crianças e adolescentes; capítulo 4 - composição corporal na criança e no adolescente; capítulo 5 - programa de exercício resistido; capítulo 6 - programa de exercício cardiorrespiratório; capítulo 7 - programa de exercício de flexibilidade. A segunda seção corresponde à produção científica, intitulada: Psychophysiological responses to exercise in children: The role of perceived autonomy, com submissão do manuscrito ao periódico Perceptual & Motor Skills. Palavras-chave: Exercício físico, força, flexibilidade, cardiorrespiratório, criança e

adolescente.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2. REVISÃO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................... 15

2.1. Conceitos fundamentas na infância e na adolescência ...................................... 15

2.2. Conceitos fundamentais sobre prescrição de exercício físico ............................ 20

2.3. Avaliação física na criança e no adolescente ..................................................... 24

2.4. Composição Corporal ........................................................................................ 31

2.5. Programa de exercício Resistido ....................................................................... 34

2.6. Programa de exercício Cardiorrespiratório ........................................................ 42

2.7. Programa de exercício de Flexibilidade ............................................................. 46

3. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 48

3.1. Primeira Etapa .................................................................................................... 48

3.2. Segunda Etapa ................................................................................................... 48

3.3. Terceira Etapa .................................................................................................... 49

4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS..........................................................................................................53

APÊNDICE A – Trabalhos Apresentados em Eventos Científicos............................58

APÊNDICE B – Artigo Científico................................................................................64

ANEXO A – Termo de Consetimento Livre e esclarecido .........................................84

12

1. INTRODUÇÃO

O exercício físico na infância visando a promoção da saúde facilita o

desenvolvimento de habilidades básicas, melhora as capacidades físicas envolvidas,

além de contibuir na manutenção da saúde. A temática contextualizada envolve os

procedimentos para desenvolvimento e acompanhamento de exercício físico na

promoção da saúde para criança e adolescente organizado de forma sistemática

com conteúdos atualizados que relaciona criança e adolescente com o exercício

físico, além de delinear e descrever as recomendações de exercício físico para essa

população.

Com o título “Personal Kids e Teen no Contexto da Promoção da

Saúde” o manual tem como proposta apresentar os conceitos e definições

fundamentais da infância e da adolescência e organizar as evidências científicas

atuais e relevantes sobre prescrição de exercício físico para crianças e

adolescentes.

O manual está organizado em sete capítulos da seguinte forma:

1. Conceitos fundamentais na infância e adolescência;

2. Conceitos fundamentais na prescrição de exercício físico;

3. Avaliação física em crianças e adolescentes;

4. Composição corporal;

5. Programa de exercício resistido;

6. Programa de exercício cardiorrespiratório;

7. Programa de exercício de flexibilidade.

O número de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade

em nível mundial vem apresentando um significativo aumento. Dados apresentados

no relatório da comissão pelo fim da obesidade infantil da Organização Mundial da

Saúde (OMS) produzido em fevereiro de 2016, apontou uma tendência de

crescimento do sobrepeso e obesidade em cerca de 42 milhões de crianças

menores de 5 anos. Cabe ressaltar alguns importantes fatores que ajudam a

construir esse quadro tais como ambiente, globalização, urbanização, além de

hábitos alimentares e inatividade física. O Brasil acompanha a tendência mundial de

aumento de sobrepeso e obesidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) avaliou em 2015 três milhões de escolares, resultando em uma média de

23,7% na prevalência de sobrepeso em meninos e meninas, enquanto que a

13

obesidade acometeu 8,3% dos meninos e 7,3% das meninas. Por outro lado, manter

um estilo de vida ativo ajuda a diminuir essa condição e retarda o desenvolvimento

de doenças crônicas não transmissíveis. Sobretudo, aumentar o nível de atividade

física potencializa o crescimento e desenvolvimento do tecido muscular, aumenta a

densidade mineral óssea, gera melhorias no sistema cardiovascular e neural, e

ainda auxilia no controle da ansiedade e depressão, por conseguinte, aumentando a

autoestima e confiança5.

Para gerar tais benefícios, a recomendação da OMS (2011) para

crianças e adolescentes (5 a 17 anos) é realizar atividade física e exercício físico por

no mínimo 60 minutos diários variando a intensidade, de moderada à vigorosa. De

modo similar, o American College of Sports and Medicine (ACSM), recomenda 60

minutos diários de atividade física em intensidade moderada à vigorosa, que inclua

exercício resistido pelo menos três vezes por semana. As atividades podem ser

compostas de jogos, brincadeiras, esportes, recreação, educação física, devendo

ser a maior parte composta de exercício aeróbio e intensidade vigorosa.

Cabe ressaltar que os benefícios da atividade física são temporários,

e a sua prática rotineira deve ser incentivada na infância e adolescência, reforçando

ainda a importância deste comportamento na vida adulta13. Haja vista que, a

atividade física tem forte correlação com o estado nutricional na população jovem,

em que normopesos possuem níveis de atividade física maiores quando

comparados com jovens desnutridos e obesos13. Os benefícios do exercício físico

nessa idade são maiores que os riscos. Todavia, a prescrição deve respeitar a

individualidade biológica e ser elaborada especificamente para cada faixa etária.

Portanto, deve-se evitar exercícios repetidos ou de alto impacto, uma vez que estes

podem pressionar ou lesionar a placa de crescimento ósseo, além de poder

acarretar diversas lesões. Desse modo, um programa bem elaborado deve

contemplar exercícios que atuem efetivamente nos componentes da aptidão física

voltados à saúde, respeitando variações na intensidade, volume, séries, intervalo,

duração e tipo de exercício.

Portanto, o objetivo do presente relatório é apresentar uma produção

técnica em formato de manual, para profissionais da Educação Física que trabalham

com a prescrição, orientação e monitoramento do exercício físco, bem como os

demais profissionais da área da saúde envolvidos de forma multiprofissional neste

processo, fornecendo evidências científicas e novas metodologias para as práticas

14

do exercício físico direcionado a criança e o adolescente. Ainda, a elaboração desta

produção técnica, justifica-se pela importância nos âmbitos acadêmicos e sociais,

uma vez que irá colaborar diretamente com os profissionais que atuam com

exercício físico para crianças e adolescentes na promoção da saúde, contendo de

forma pedagógica informações para o desenvolvimento das capacidades físicas.

Cabe ressaltar que, os cuidados supracitados, auxiliarão o crescimento e

desenvolvimento saudável da criança, através da prática do exercício físico,

contribuindo para qualidade de vida dos indivíduos nesta faixa etária.

15

2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO

O referencial teórico estudado para a elaboração dos capítulos do

manual foi adquirido por meio de pesquisas bibliográficas que possibilitaram chegar

aos autores que fundamentam os conceitos relacionados à prática de exercício físico

de forma geral e aos estudos que discutem como esse exercício é praticado na

infância e na adolescência. Desse modo, organizou-se os textos em subitens, no

formato respectivamente dos sete capítulos que constarão no Manual “Personal Kids

& Teen na Promoção da Saúde”.

2.1. Conceitos Fundamentais na infância e na Adolescência (Capítulo 1)

Durante as primeiras décadas de vida, os seres humanos

basicamente crescem, amadurecem, e se desenvolvem, em um processo composto

por quatro momentos distintos entre si. A primeira fase é a lactância, que abrange o

primeiro ano de vida da criança. A infância, por sua vez, é o período entre o final da

lactância e o início da adolescência, sendo dividida em primeira infância, até próximo

dos 5 anos, e a segunda infância, a partir dos 5 anos até o começo da adolescência.

Por fim, a adolescência tem como característica a puberdade (pico de

desenvolvimento da maturação sexual e capacidade de reprodução sexual), com o

término dos processos de crescimento físico, na idade adulta4.

Em âmbito nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),

define criança como o indivíduo com idade cronológica inferior a 12 anos, enquanto

que o adolescente tem idade cronológica entre 12 a 18 anos, não levando em

consideração aspectos psicológicos e sociais1. Atualmente, estima-se que a

população mundial de crianças e adolescentes é de aproximadamente 1,9 bilhões2.

Particularmente no Brasil cerca de 61,4 milhões de seus habitantes possuem idade

cronológica entre zero e 18 anos, com distinções regionais como pode-se observar

na Figura 13.

16

Figura 1. Distribuição regional (%) de crianças e adolescentes com idade

cronológica entre 0 e 18 anos na população brasileira.

Fonte: Adaptado do IBGE (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios, ano base 2014).

Durante as primeiras décadas de vida, os seres humanos

basicamente crescem, amadurecem, e se desenvolvem, em um processo composto

por quatro momentos distintos entre si. A primeira fase é a lactância, que abrange o

primeiro ano de vida da criança. A infância, por sua vez, é o período entre o final da

lactância e o início da adolescência, sendo dividida em primeira infância, até próximo

dos 5 anos, e a segunda infância, a partir dos 5 anos até o começo da adolescência.

Por fim, a adolescência tem como característica a puberdade (pico de

desenvolvimento da maturação sexual e capacidade de reprodução sexual), com o

término dos processos de crescimento físico na idade adulta4.

2.1.1 Crescimento físico

Os termos crescimento e desenvolvimento são comumente, e de

modo errado, usados na literatura como sinônimos. De fato, crescimento físico é

definido como mudanças quantitativas nas dimensões corporais como um todo ou

em partes específicas do corpo, enquanto desenvolvimento, refere-se a

modificações funcionais e comportamentais do indivíduo ao longo da vida4.

Particularmente, em relação ao crescimento, sabe-se que esse processo evolutivo é

capaz de tornar as crianças mais altas e pesadas, com aumento tecidual de seus

órgãos vitais, através de uma série de transformações quantitativas e qualitativas,

17

por processos celulares como hiperplasia e hipertrofia ou pelo aumento da

capacidade das substâncias intercelulares em agregar células4,5,6.

O processo de crescimento, principalmente nos primeiros anos de

vida pós-uterino, é rápido, onde o indivíduo passa de um bebê pequeno e indefeso

para uma criança fisicamente ativa e com maior autonomia. Após esse período, o

crescimento não é tão rápido quanto nos primeiros anos de vida, contudo, mantém-

se uma regularidade no desenvolvimento da altura, peso corporal e massa muscular,

diminuindo gradualmente até o estirão do crescimento no período da adolescência.

A OMS aponta que os níveis de crescimento físico entre crianças e

adolescentes podem ser usados como indicadores de saúde e qualidade de vida

individual e comunitário. Obviamente, todo o processo de crescimento pode ser

monitorado através de informações internacionalmente aceitas, capaz de indicar a

condição de saúde de um indivíduo ou de uma população, identificando potenciais

deficiências nutricionais4. Por exemplo, a prática regular de exercício físico na

infância e adolescência associada com uma dieta nutricional adequada, influenciam

o crescimento e a densidade mineral óssea4,5,6,7. De fato, numerosos fatores

ambientais como surgimento de patologias, tratamentos medicamentosos, hábitos

alimentares, atividade física, aspectos psicológicos, entre outros, podem afetar

positivamente ou negativamente o processo de crescimento. Cabe ressaltar, todavia,

que o processo de crescimento depende não somente de fatores ambientais, mas,

sobretudo, de fatores hereditários8.

2.1.2 Maturação biológica

O processo de maturação biológica refere-se a especialização e a

diferenciação celular e pode ser determinado de duas formas distintas, pela idade

cronológica que está relacionada ao calendário civil, ou pela idade biológica que é

relacionada aos indicadores biológicos. Especificamente, em relação as

modificações biológicas, ressalta-se que elas ocorrem ordenadamente e

direcionadas para atingir o estado adulto, transitando por diversos estágios onde

numerosas mudanças de ordem tecidual, orgânica, e sistêmica parecem ocorrer.

Tais mudanças podem ser mensuradas por diversos métodos de

avaliação, incluindo a análise da maturação dental, óssea e morfológica. Cabe notar

que o processo de maturação biológica não ocorre simultaneamente com o tempo

18

cronológico, podendo existir, dentro de um grupo de crianças de mesma idade

cronológica, variações na maturação biológica. Em face de tais variações, cabe ao

profissional de Educação Física, não basear sua prescrição de exercício físico

meramente na idade cronológica da criança e do adolescente, mas também no seu

estágio maturacional.

2.1.3 Desenvolvimento humano

Desenvolvimento humano pode ser definido como um conjunto de

mudanças na capacidade funcional dos seres humanos ocorridos desde a

concepção até a morte. Particularmente, o desenvolvimento humano pode ser

categorizado em termos biológico e comportamental. O desenvolvimento biológico

corresponde ao processo de diferenciação e especialização celular embrionária, e o

desenvolvimento comportamental, por sua vez, refere-se às melhorias no âmbito das

competências e domínios no meio cultural.

Outro tipo de desenvolvimento humano é o desenvolvimento da

capacidade motora, definida como alterações motoras ocorridas para aquisição de

uma nova habilidade e padrões de movimento, além da estabilização e correção de

determinado movimento. Tal processo, ocorrido ao longo da vida, promove

refinamento das habilidades e padrões de movimentos, influenciados tanto por

fatores hereditários como ambientais3, sendo que sua competência motora durante a

infância está relacionada a fatores morfológicos e fisiológicos.

Experiências adquiridas no ambiente onde a criança foi criada

contribuem sinergicamente com fatores biológicos na determinação de seu repertório

motor5. Afim de mensuração, o desenvolvimento motor de uma criança em termos

individual e coletivo pode ser determinado por testes motores.

2.1.4 Atividade Física, Exercício Físico, e Aptidão Física: Sinônimos?

Tradicionalmente, os termos atividade física, exercício físico e

aptidão física foram erroneamente tratados como sinônimos. A literatura atual,

contudo, distingue os termos, auxiliando assim profissionais da área da saúde. Neste

contexto, atividade física é definida como um movimento corporal, produzido

19

voluntariamente pelos músculos esqueléticos, resultando em dispêndio energético

acima dos níveis de repouso.

A atividade física regular é um componente fundamental de um estilo

de vida saudável em crianças e adolescentes, e níveis baixos de atividade física

estão associados a maior predisposição de riscos para o surgimento de diversos

distúrbios crônicos, como hipertensão arterial, resistência insulínica, dislipidemia,

entre outros, além de mortalidade precoce na idade adulta13.Cabe ressaltar que, os

benefícios da atividade física são temporários, e a sua prática rotineira deve ser

incentivada na infância e adolescência, reforçando ainda mais a importância deste

comportamento na vida adulta13. A recomendação da atividade física para crianças e

adolescentes é de 60 minutos diários ou mais em uma intensidade moderada a

vigorosa14. A atividade física tem forte correlação com o estado nutricional na

população jovem, onde normopesos possuem níveis de atividade física maiores,

quando comparados com desnutridos e obesos13. Todavia, sabe-se que crianças e

adolescentes tem dificuldade para atender as recomendações de atividade física.

De fato, em um estudo recente, Coledam et al.13 analisaram a

prevalência de inatividade física na população jovem brasileira baseados em dois

critérios distintos (≤ 300 min semana vs ≤ 420 min semana). Basicamente, os

autores notaram que apenas ~12% dos avaliados realizavam ≥ 420 min de atividade

física semanal, enquanto ~1/3 da população investigada realizou ≥ 300 min de

atividade física semanal. Os autores reportaram ainda que a prevalência de

inatividade física pode ser mediada por fatores como sexo, escolaridade dos pais,

percepção da atividade física e comportamento sedentário. Cabe notar que, a

elevada prevalência de inatividade física na população jovem não parece ser

exclusiva de países em desenvolvimento, como o Brasil, atingindo também vários

países desenvolvidos ao redor do mundo.

O exercício físico, por sua vez, é definido como parte integrante da

atividade física. Contudo, possui características singulares como sua organização e

planejamento, estruturando-se com o escopo de conservar ou aprimorar um ou mais

componentes da aptidão física. Por definição, a aptidão física representa um

conjunto de atributos biológicos que as pessoas possuem ou adquirem em relação à

capacidade de realizar esforço físico12. Apesar da maioria das crianças e

adolescentes gostarem de brincar, correr, dançar, entre inúmeras outras atividades,

sabe-se que a prática regular de exercício físico, assim como a aptidão física desta

20

população decresceu com o passar dos anos17, tornando desse modo, um problema

de saúde pública a ser discutido nos próximos anos.

2.1.5 Comportamento sedentário em crianças e adolescentes

Um problema de saúde pública a ser debatido nos próximos anos

faz referência aos níveis elevados de hábitos sedentários em crianças e

adolescentes. De fato, em um estudo recente, verificou-se uma associação forte

entre tempo de tela em TV, celulares e tablets, e prevalência de distúrbios

nutricionais, como a obesidade, em jovens americanos entre 12 e 17 anos de idade.

Achados similares, infelizmente, foram reportados por Ribeiro et al.13

no ano de 2003 na população jovem brasileira. Assim, profissionais da área da

saúde devem além de encorajar crianças e adolescentes a acumularem cerca de 60

min diários de atividade física na forma de exercício físico, assegurar também a

minimização do comportamento sedentário, exceto quando estiverem dormindo10, 17.

Atualmente, sabe-se que a redução do comportamento sedentário

na população jovem é capaz de gerar vários benefícios à saúde17, incluindo a

manutenção do peso corporal e regulação da pressão arterial, diminuição do risco

para o surgimento de distúrbios crônicos como, diabetes mellitus do tipo 2 e alguns

tipos de câncer, maior controle nos níveis de colesterol sanguíneo, aumento na

densidade mineral óssea, além da possibilidade de sobrevida17. A identificação de

fatores associados com comportamentos sedentários, por conseguinte, tornou-se

fundamental no contexto na promoção da saúde em crianças e adolescentes.

2.2. Conceitos Fundamentais sobre Prescrição de Exercício Físico (Capítulo 2)

Como visto no capítulo anterior, o exercício físico regular traz

importantes benefícios para aptidão física relacionada à saúde. Evidências apontam

que a atividade física regular na infância causam alterações positivas nas

concentrações de hormônios e metabólitos que influenciam o crescimento,

desenvolvimento e a maturação durante a puberdade, promovendo o

desenvolvimento dos sistemas muscular e esquelético, melhora do sistema

cardiorrespiratório, além de reduzir o risco de obesidade. No entanto, a prática

insuficiente ou a inatividade física está diretamente relacionada à elevada incidência

21

de doenças como: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, hipercolesterolemia,

obesidade, osteoporose e alguns tipos de câncer, podendo diminuir a expectativa de

vida e a longevidade5, 9,11,25.

No intuito de aumentar os níveis de atividade física da criança e do

adolescente, uma estratégia eficaz é a orientação do exercício físico de modo

personalizado. De fato, a orientação individual, apresenta resultados positivos

relacionados à promoção da saúde da criança e adolescente. O acompanhamento

por um profissional preparado e qualificado para esta população, gera mais

confiança e eficácia, pois uma série de cuidados são necessários tanto no

planejamento, organização e orientação do exercício físico. Outro ponto fundamental

decorrente deste tipo de atendimento é a realização da avaliação física periódica,

auxiliando para maximizar os resultados26.

A prescrição do exercício físico deve envolver os componentes

relacionados à aptidão física relacionada à saúde, dentre os quais estão a

resistência cardiorrespiratória, resistência de força, flexibilidade e composição

corporal. Os exercícios para resistência cardiorrespiratória, também conhecidos

como exercícios aeróbios são caracterizados por atividades físicas de média a longa

duração com intensidade moderada a vigorosa, envolvendo grandes grupos

musculares de forma dinâmica e ritmada26. Temos como exemplo, caminhada,

corrida, natação, remo, ciclismo, entre outras atividades. Componente da aptidão

física na promoção da saúde, a resistência de força é um componente que na

infância está intimamente relacionado com a maturação sexual.

Contudo, obtendo níveis adequados de resistência de força o

participante consegue realizar suas atividades da vida diária com mais facilidade e

menor risco de lesões26,27. Vale salientar que o exercício resistido para a criança e o

adolescente demostra adaptações orgânicas e melhora da saúde. De fato, as

transformações advém do aumento da densidade mineral óssea, redução da

gordura corporal, melhora da sensibilidade à insulina em adolescentes que estão

com excesso de peso, e melhora a função cardíaca em crianças obesas, além

prevenir uma possível osteoporose na idade adulta27,28,29,30.

A flexibilidade também é um componente da aptidão física

relacionada à saúde, responsável pela manutenção da amplitude do movimento

adequado das articulações, facilitando os movimentos da criança e do adolescente.

Um bom nível de flexibilidade corrobora com o bom funcionamento articular e a

22

manutenção do grau de elasticidade do músculo31. De modo geral, o exercício físico

ajuda no controle do peso corporal aumentando o dispêndio energético e as

adaptações favoráveis no sistema neuroendócrino, responsável pelo acúmulo de

gordura corporal. Para tais benefícios, é necessário um treino com a participação de

grandes grupos musculares, de ritmo constante, intensidade baixa a moderada e de

média a longa duração32.

Na prescrição de exercício físico é importante controlar variáveis

como frequência, volume, intensidade, sequência e tipos de exercícios, além de

respeitar os princípios do treinamento: sobrecarga, progressão, individualidade e

reversibilidade. Com objetivo de facilitar o entendimento aos princípios do

treinamento, Virgilio (2015) apontou um acrônimo, SPORT – FITT, no qual SPORT

significa17:

eSpecificidade

Progressão

sObrecarga

Regularidade

Treino

Partindo destes acrônimos, vamos definir os itens

supramencionados. Começando pelo princípio da especificidade, durante o esforço

físico apenas os sistemas corporais ou músculos exigidos sofrerão adaptações, ou

seja, se realizar um trabalho como caminhada e/ou corrida, ocorrerá uma melhora

cardiorrespiratória e não de resistência de força muscular, desse modo, as

adaptações ao exercício físico são específicos de acordo com o tipo de atividade,

volume e intensidade do treino.

Sendo assim, o princípio da especificidade é programar o

treinamento de acordo com o objetivo e a necessidade da criança e do adolescente,

para que sejam obtidas as adaptações específicas desejadas7,17.

Outro princípio é o da progressão, que representa o aumento

gradual do volume ou das outras variáveis do exercício físico. Isso requer a

alteração de uma ou mais variáveis como aumento da frequência, intensidade,

tempo e tipo de exercício físico. Vale salientar que, a criança não tem a mesma

velocidade de adaptação e progressão do adulto, preservando dessa forma, o

princípio da individualidade7,17.

23

O princípio da sobrecarga, representa o aumento de qualquer

variável prescrita como aumento da frequência, intensidade, tempo e tipo de

exercício físico. Por exemplo, após um período de exercício resistido o músculo

precisa de uma carga adicional, ou seja, deve alterar uma ou mais das variáveis

citadas, para que continue gerando estímulo, e desse modo, melhorar a resistência

de força7,17.

Infelizmente, os níveis de aptidão física são perdidos se não houver

uma regularidade da atividade física, ou seja, a atividade física deve ser um

comportamento durante toda a vida, isto se traduz pelo princípio da regularidade17.

Alguns autores também apontam como princípio da reversibilidade. Este princípio

aponta que, quando qualquer pessoa como uma criança ou um adolescente

diminuem ou pararam de praticar exercício físico, qualquer ganho que tenha sido

alcançado, será perdido7.

Por fim, o princípio do treino ou manutenção é denotado pela

manutenção dos níveis satisfatórios de atividade física e aptidão física. Para isso, é

importante que o profissional incentive seu aluno à participar de diversas atividades

físicas, com variações de intensidade e movimentos corporais para mantê-lo

motivado e assíduo.

A prescrição do exercício físico envolve quatro princípios básicos,

abreviado da seguinte forma (FITT):

Frequência

Intensidade

Tempo

Tipo

Primeiramente, a frequência refere-se à quantidade de vezes

semanal que o aluno está em atividade.

As recomendações sugerem a prática de 60 minutos de duração em

atividade física diária, realizando atividades para grandes grupos musculares como

caminhar, correr, pedalar. Enquanto que, a recomendação para resistência muscular

e flexibilidade, são de duas a três vezes por semana em dias não consecutivos. A

intensidade parece ser o fator mais importante na prescrição do exercício físico,

denotada pelo grau de dificuldade do exercício físico, específico a cada aluno.

24

A frequência cardíaca e escalas de percepção subjetiva de esforço

são exemplos de indicadores de intensidade do esforço físico7,17. A variável tempo é

definida pelo tempo em que a criança e o adolescente se mantêm em atividade

física. A duração do tempo varia de acordo com a intensidade da atividade física

(baixa, moderada ou alta). Todavia a criança e o adolescente devem ser

encorajados a permanecerem em atividade física por pelo menos 60 minutos

diários7,17.

Em relação ao tipo, a prática do exercício físico para criança e

adolescente deve começar com movimentos simples e evoluir para movimentos

mais complexos7,17.

O exercício físico proposto com o objetivo de melhorar os

componentes da aptidão física relacionada à saúde, incluem corrida, caminhada,

pedalada, natação, remada, etc., e ainda, exercícios resistidos e alongamentos. É

importante salientar, que no planejamento da prescrição de exercício físico para

criança e adolescente, sejam selecionados exercícios físicos que o participantes

sintam prazer durante a realização.

A atividade física divertida e desafiante torna-se motivadora e

contribui para permanência do jovem na prática do exercício físico7,17.

2.3. Avaliação física em crianças e adolescente (Capítulo 3)

Antes de iniciar propriamente a prática do exercício físico, é

importante que o profissional de Educação física avalie todos componentes da

aptidão física da criança e adolescente, tendo em mente que o gerenciamento dos

níveis adequados dos indicadores de aptidão física voltada à saúde, estão

relacionados ao menor risco de desenvolver doenças hipocinéticas ou crônicas

degenerativas33.

Neste capítulo descreveremos os protocolos mais utilizados para a

criança e o adolescente. Decidir como e o que avaliar exige habilidades e

conhecimentos específicos,25 além de apresentar as possibilidades de

demonstração e interpretação dos dados avaliados, tal como a avaliação

referenciada por norma, em que os dados de um aluno, serão comparados com a

média de um grupo classificado como normativo.

25

A avaliação referenciada por norma tem como objetivo situar o

avaliado em relação a um grupo específico, ou seja, a comparação dos escores com

os apresentados por outros avaliados. Por outro lado, a avaliação referenciada por

critério tem como objetivo verificar a posição do avaliado em relação a níveis

específicos de proficiência, ou seja, comparação dos escores com características ou

comportamentos previamente definidos5.

Vale salientar que tanto a avaliação referenciada por critério ou por

norma, viabilizam uma análise de forma individualizada de acordo com sexo e faixa

etária36. No jovem também é necessário a avaliação física incluindo histórico

médico, exame físico completo e se possível exame laboratorial, e caso necessário

orientar o aluno a procurar um médico antes do início do exercício físico. O objetivo

da avaliação é conhecer melhor seu aluno e poder prescrever o exercício físico com

maior qualidade e efetividade, no entanto, é imprescindível que as medições sejam

feitas por profissionais treinados e qualificados38.

Definições importantes quando se trata de avaliação física: A

antropometria (anthropos = homem / metria = medida) é um conjunto de técnicas

sistematizadas que quantificam as dimensões corporais, tendo pontos do corpo de

referência e posicionamento específicos para cada medida, sendo peso e estatura

as medidas mais frequentemente utilizadas em diversas populações5. O peso

corporal é a massa corporal total do indivíduo, que para aferição é orientado a subir

na balança sem calçado e com o mínimo de roupa possível. Já a estatura, é uma

medida linear entre o chão e vértice do crânio, com o aluno em postura ereta e sem

calçado.

Os diâmetros corporais e a circunferência dos membros também são

de suma importância na avaliação física, principalmente para verificar simetria ou

assimetria no avaliado. O diâmetro é a distância da extremidade de um osso até a

sua outra extremidade, por exemplo, temos o diâmetro biacromial, ele mede a

distância acromial, do lado esquerdo até o lado direito da escápula e fornece

indicativo do diâmetro de ombro. O diâmetro bicristal mede a distância de uma lado

ao outro da crista ilíaca e fornece indicativo do diâmetro do quadril. Temos também

indicativo de outros diâmetros como fêmur biepicondilar e o úmero biepicondilar5.

Outra medida a se obter, são as dobras cutâneas, elas podem ser

medidas em várias partes do corpo, dependendo do protocolo a ser utilizado.

Através da medição da espessura da dobra, através de um compasso científico, será

26

atribuído um valor ao tecido adiposo subcutâneo. Em crianças e adolescentes, as

dobras mais utilizadas são: tricipital, subescapular, panturrilha medial, suprailíaca e

abdominal4.

A avaliação física tem como objetivo fornecer informações do

tamanho da criança ou do adolescente como um todo e suas partes e tecidos

específicos, ou seja, os diâmetros corporais descrevem a força total dos esqueletos,

a circunferência dos membros fornece informações sobre força muscular relativa,

enquanto que as dobras cutâneas fornecem informações sobre a estimativa de

gordura corporal5. Por fim, o teste ergométrico para avaliação cardiorrespiratória é

indispensável, além de ser um teste de baixo custo e baixo risco.

2.3.1 Anamnese

Anamnese é definida como a primeira fase de um processo, onde o

profissional vai coletar dados que permitam identificar eventuais problemas, para

planejar e elaborar sua prescrição de exercício físico38. Ela deve incluir quantidade

de informações suficientes que permitam o profissional elaborar uma prescrição de

exercício físico com segurança e eficácia. Desse modo, quanto mais completas e

precisas forem as informações, as chances de atingir o resultado proposto serão

maiores.

O ACSM (2014) reconhece e orienta uma avaliação específica para

indivíduos jovens que praticam ou iniciam um programa de exercício físico31. Por

conseguinte, o histórico de saúde e hábitos cotidianos podem ser breves, contudo

ao perceber alguma alteração, o jovem deve ser encaminhado ao médico.

2.3.2 Crescimento Físico

A antropometria é o recurso mais empregado na medida de

crescimento e deve ser realizada com instrumentos específicos e padronizados39.

Para escolhas das medidas, o avaliador depende do objetivo da avaliação, pois ele

pode medir o tamanho corporal como um todo ou parte específica do corpo.

Assim, obterá conhecimento sobre o tamanho corporal, ou de uma

medida específica de um osso, como o diâmetro ou até mesmo o perímetro. As

espessuras de dobras cutâneas são medidas antropométricas que tendem a

oferecer informações importantes sobre o crescimento físico do jovem, pois

27

apresenta indicação de gordura corporal localizada nas regiões subcutâneas, sendo

nesta população as medidas mais utilizadas a tricipital e subescapular5.

Contudo a principal medida com base na massa corporal é o peso

corporal, porém, devem ser adotados alguns critérios ao interpretar os valores, tendo

em vista que, ao contrário das medidas antropométricas, no peso corporal

constituem diversos segmentos corporais como ossos, resíduos, gordura e

músculos5.

Outra forma de estimar a gordura corporal é envolvendo o Índice de

Massa Corporal (IMC) onde o peso corporal mais elevado representa maior

proporção de gordura corporal onde a medida do peso corporal mediante controle da

estatura é um indicador preliminar da quantidade de gordura corporal5.

IMC =

Peso Corporal (kg)

Estatura (m2)

Porém, este método tem a limitação de um mesmo valor de peso

corporal indicar diferentes quantidades de gordura e massa magra. Contudo, a

possibilidade de erro é menor entre os avaliadores quando acompanhado da relação

Cintura/Estatura (RCE), pois minimiza a limitação.

RCE =

Circunferência de Cintura (cm)

Estatura (cm)

Onde RCE < 0,50 tem possibilidade de confundir os valores do IMC,

neste caso infere-se que o aluno tem alta quantidade de tecido muscular. RCE

0,50 permite o uso de IMC como indicador de gordura corporal5. As espessuras de

dobras cutâneas, como mencionado anteriormente, também são indicativo de

gordura corporal localizada na região subcutânea, e podem ser medidas em várias

pontos anatômicos específicos do corpo. Em crianças e adolescentes as dobras

mais utilizadas são: tricipital, subescapular, panturrilha medial, suprailíaca e

abdominal4,5. Segue abaixo o protocolo de Guedes e Guedes para essa população5.

28

Protocolo de Guedes Crianças e Adolescentes (7-18 anos)

2 Dobras cutâneas: Tríceps, subescapular

Rapazes Brancos: (S= somatória das D.C. Tríceps e Subescapular) Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 1,7 Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,4 Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,5 Rapazes Negros: Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,5 Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,2

Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 6,8

Moças de qualquer raça e nível de maturidade: G% = 1,33 (S) - 0,013 (S)² - 6,8 Obs: Quando o (S) for maior que 35 mm, será utilizada uma única equação para cada sexo, para qualquer raça e nível de maturidade: Rapazes: G% = 0,783 (S)² +1,6

Moças: G% = 0,546 (S)² +9,7

2.3.3 Escalas de Percepção Subjetiva de Esforço

Outra importante forma de avaliar e monitorar a intensidade do

exercício físico, é através da escala de percepção subjetiva de esforço (escala de

Borg e escala de OMNI), em função a dificuldade de monitorar a FC da criança. A

escala de Borg associa a percepção de esforço físico com valores referentes à

variação da frequência cardíaca (60 a 200 batimentos por minutos) em 15

descritores numéricos (6 a 20), e descritores verbais, sendo 6 equivalente a muito

fácil e 20 ao extremo, exaustivo54. Segue abaixo a tabela 1, referente a escala de

percepção de esforço de Borg.

TABELA 1. Escala de Percepção de Esforço – BORG (6 – 20)

6

7

8

Muito Fácil

9

10

Fácil

11

12

Relativamente Fácil

29

13

14

Relativamente Cansativo

15

16

Cansativo

17

18

Muito Cansativo

19

20

Exaustivo

Fonte: Adaptado Psychophysical bases of perceived exertion, ano base 1982.

Outra escala utilizada nesta população com a mesma perspectiva, é

a escala OMNI, que tem o objetivo de acompanhar o esforço percebido e seus

descritores numéricos vão de 0 a 10, em que 0 é representa o descritor verbal “fácil”

e 10 “muito difícil”55. A figura 2 apresenta a escala de percepção subjetiva de

esforço OMNI.

Figura 2. Escala de percepção de esforço OMNI.

Fonte: Adaptado Children’s OMNI scale of perceived exertion, ano base 2000).

As duas escalas de percepção de esforço, podem ser utilizadas com

crianças e adolescentes, ambas são organizadas com descritores verbais e

numéricos, para facilitar a compreensão da criança e permitir que ela tenha um

entendimento da própria percepção de esforço. A aplicação adequada desse

30

instrumento pode retratar informações confiáveis, e viabilizar a participação ativa

dessa população durante diferentes atividades54, 55.

2.3.4 Testes Motores

Uma tarefa motora conduzida com objetivo de verificar uma

capacidade motora específica é conhecida como teste motor, e sua aplicabilidade é

fácil, por não necessitar equipamento sofisticado e de alto custo 25. Os testes

motores são divididos em aptidão física relacionada à saúde ou relacionada ao

desempenho atlético. Segue abaixo a características de cada um:

Testes motores associados à aptidão física relacionada à saúde:

(Resistência cardiorrespiratória, resistência/força muscular e

flexibilidade).

Testes motores associados a aptidão física relacionado ao

desempenho atlético: (Velocidade, potência, agilidade e coordenação

motora).

Estes testes tem aplicabilidade prática quando o avaliado é

comparado com ele mesmo, e aplicado pelo personal trainer motivando o aluno,

para que seu desempenho seja satisfatório. Na atualidade, são utilizadas várias

baterias de testes motores associados às capacidades físicas ligadas a aptidão

física relacionada à saúde.

Os testes indicados por Guedes & Guedes (1997). Crescimento,

composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes5. Physical

Best estabelecida pela American Alliance for Health, Physical Education, Recreation

and Dance – AAHPERD (1988)40. Fitnessgram, proposto pelo Cooper Institute for

Aerobics Research (2007)41, são aparentemente os testes mais utilizados.

Os valores estabelecidos na bateria de testes do Fitnessgram, são

divididos de acordo com a faixa etária, variando entre cinco anos até maiores de 17

anos, e separado por tipo de teste, assim o avaliador pode elaborar a avaliação de

acordo conforme a necessidade do aluno.

31

A bateria de testes motores de Guedes & Guedes (1997), apesar de

alguns testes serem próximos do Fitnessgram, apresentam algumas

particularidades, como por exemplo no teste de sentar e alcançar, que é executado

com as duas pernas estendida no banco de Wells, enquanto que no Fitnessgram as

pernas são intercaladas.

Por fim, a avaliação é uma importante ferramenta para elaboração e

prescrição de exercício físico, e deve ser realizada antes de iniciar o programa de

exercício físico, e posteriormente ser realizada a cada ciclo de acordo com a

demanda e prescrição elaborada.

A indicação para reavaliação, pode ser feita a cada 30, 60 ou 90

dias, não mais que isso, para assim poder monitorar, se necessário renovar o

programa, e conseguir maximizar os resultados do participante.

2.4. Composição Corporal (Capítulo 4)

Composição corporal é o fracionamento do peso corporal em seus

diferentes componentes como tecido muscular, ósseo, gordura, água, entre outros.

Observamos no primeiro capítulo que a variável crescimento pode identificar

deficiências nutricionais, já a variável composição corporal pode ser um indicador de

excesso de gordura corporal, herdados do desequilíbrio entre o consumo e a

ingestão de alimentos9,42.

Partindo dessa premissa, existe a possibilidade por meio de técnicas

de medida de composição corporal identificar se uma criança ou adolescente está

com excesso de peso, entretanto, não necessariamente relativo ao excesso de

gordura, mas, ela pode apresentar um maior desenvolvimento muscular associado à

sólida constituição óssea.

Vale ressaltar que o inverso também pode ocorrer, aparentemente a

criança apresenta peso corporal desejado, porém apresenta excesso de gordura

corporal se sobrepondo ao tecido muscular e ósseo5.

A composição corporal também é um componente da aptidão física

fundamental para indicar o estado de saúde. Como o excesso de gordura corporal

caracteriza a obesidade, desse modo, a adiposidade relaciona-se a doenças com

elevado níveis de colesterol ruim no sangue, hipertensão, osteoartrite, diabetes

32

mellitus tipo II, acidente vascular cerebral, doenças coronarianas, câncer e

problemas psicológicos43.

Com base nesses apontamentos, existem indicações que a atividade

física pode melhorar a capacidade funcional, além de colaborar na manutenção ou

diminuição do peso corporal, sendo que uma maior aptidão física aeróbia apresenta

relação inversa com a adiposidade corporal43.

Vale ressaltar que, a inatividade física é um dos principais fatores

que contribui para a obesidade infantil, tendo em vista que crianças contemporâneas

se alimentam de forma muito semelhante à crianças de 25 anos atrás4. De modo

contrário, atualmente uma criança chega a permanecer sentada por mais de 7,5

horas/dia, em frente a algum tipo de tela (Tv, tablet, computador, celular), e isso

acontece cada vez mais cedo, corroborando para um comportamento negativo,

quando relacionado à saúde17.

A criança e adolescente com sobrepeso ou obesidade podem até

parecer saudáveis na infância, entretanto, podem enfrentar complicações médicas

na idade adulta. Desse modo, uma criança aparentemente sadia com excesso de

peso pode, na idade adulta, apresentar um maior risco de desenvolver doenças

coronariana, comprometimento respiratório, diabetes mellitus tipo II, problemas

ortopédicos, doenças da vesícula biliar e até mesmo alguns tipos de câncer17.

Além disso, a obesidade na infância tende a aumentar o número de

células adiposas, gerando uma predisposição para um subsequente excesso de

massa gorda5. Em contrapartida a atividade física pode apresentar importantes

modificações na composição corporal, tanto na gordura corporal como na massa

magra, variável importante para manutenção e regulação do peso corporal5.

Quando o esforço físico é programado e sistematizado tende a

aumentar a massa magra e diminuir a gordura corporal, contudo esta magnitude

deverá se alterar de acordo com a intensidade e a duração do exercício físico5.

Na detecção da composição corporal, a função é quantificar o peso

corporal através de vários métodos que estimam fracionadamente a composição

corporal5. Existem métodos, indiretos, procedimentos laboratoriais e procedimentos

clínicos39. Abaixo segue a tabela 2 com alguns métodos utilizados nas avaliações

físicas do Profissional de Educação Física. Os mais usualmente realizados são

antropometria e impedância bioelétrica.

33

TABELA 2: Métodos para estimar a composição corporal.

Antropometria Estima a gordura subcutânea.

Radiografia Estima gordura, músculo e osso.

Impedância bioelétrica Estimativa da massa livre de gordura pela

qual os tecidos magros conduzem

eletricidade melhor que a gordura.

Absortometria radiológica de

dupla energia – DEXA

Estimativa de mineral óssea e dos tecidos

magro e gordo.

Pesagem subaquática Estimativa do volume e da densidade do

corpo.

Outra forma de estimar a gordura corporal é envolvendo o Índice de

Massa Corporal (IMC), onde o peso corporal mais elevado representa maior

proporção de gordura corporal onde a medida do peso corporal mediante controle da

estatura é um indicador preliminar da quantidade de gordura corporal5.

IMC =

Peso Corporal (kg)

Estatuta (m2)

Porém este método tem a limitação do mesmo peso corporal indicar

diferentes quantidades de gordura e massa magra, contudo a possibilidade de erro é

menor entre os avaliadores e quando acompanhado da Relação Cintura/Estatura

(RCE) minimiza a limitação.

RCE = Circunferência de Cintura (cm)

Estatuta (cm)

34

Onde RCE < 0,50 possibilidade de confundimento dos valores de

peso corporal em razão da maior massa muscular. RCE 0,50 permite o uso de IMC

como indicador de gordura corporal.

Contudo, a maioria desses métodos foi baseada em adultos e em

jovens adultos, e sua aplicabilidade na criança e adolescente fornece uma estimativa

tanto de massa livre de gordura como de massa gorda, que pode subestimar ou

superestimar os resultados.

Vale salientar, que a avaliação da composição corporal realizada

mais precocemente possível na criança e no adolescente, tende a produzir

informações relevantes que possam auxiliar na identificação de comportamentos

maléficos, e os modificarem para hábitos saudáveis, tornando-os ativos5.

Além disso, o programa de exercício físico na promoção da saúde,

deve ser bem planejado e estruturado, na busca de níveis adequados de gordura

corporal, e por consequência, minimizar a chance de desenvolver doenças

hipocinéticas5,43.

2.5. Programa de Exercício Resistido (Capítulo 5)

Antes de tratar sobre a capacidade física força muscular, vale

salientar as três estruturas anatômicas do sistema músculo esquelético: os ossos, as

articulações e o músculo. A funcionalidade dos ossos, articulações e dos músculos

proporciona a amplitude do movimento da articulação, e esse movimento é realizado

por meio da força muscular produzida27,44.

Os receios de que o exercício resistido pode lesionar a cartilagem de

crescimento da criança e do adolescente não têm suporte em evidências

científicas29.

Por volta das décadas de 1960 e 1970, médicos pediatras,

estudiosos em exercício físico em jovens, acreditavam que crianças pré púberes não

podiam fazer exercício de força muscular, pois essa população não possuía os

níveis de hormônios circulatórios pré requisitados, além de acreditar que o estresse

gerado pelo exercício poderia interromper o crescimento físico. Desde então, essa

ideia vem sendo substituída por estudos científicos que apontam que a infância é o

momento oportuno para o processo de modelamento e remodelamento do sistema

ósseo, aumentando a massa óssea e melhorarando sua estrutura 28,29,37.

35

Na verdade, estudos recentes parecem ter chegado a um consenso

sobre os benefícios do exercício resistido na criança e no adolescente. Além dos

benefícios para o crescimento saudável dos músculos e ossos, ocorrem melhoras

também em crianças com vários tipos de doenças.

Estas evidências subsidiam a participação regular de exercício

resistido na criança e no adolescente e mostra adaptações positivas e melhora na

saúde como aumento da densidade mineral óssea, redução no risco de lesões,

redução da gordura corporal, melhora da sensibilidade à insulina em adolescentes

que estão excesso de peso e melhora da função cardíaca em criança eutrófica, com

sobrepeso e obesa além prevenir uma possível osteoporose na idade adulta 27,28,29,30

com a ressalva de está acompanhado por um Profissional de Educação Física

qualificado, preparado e coerente com os objetivos, habilidades e necessidades dos

jovens.

Desse modo, o exercício resistido na infância colabora para a

proteção de lesões, estimula a construção óssea, melhora a coordenação motora,

proporciona o aumento da ativação das unidades motoras, e como parte de um

programa de exercício físico, pode oferecer benefícios para a saúde da criança e do

adolescente a curto, médio e longo prazo15,29,37.

A massa muscular e o peso corporal da criança aumentam

continuamente desde o nascimento até a adolescência, com o pico na puberdade.

Nos meninos, há também o aumento da produção de testosterona em quase dez

vezes, enquanto que nas meninas essa aceleração no crescimento muscular na

puberdade não acontece tão rápida .

O aumento da massa muscular com o passar dos anos parece

acontecer principalmente pela hipertrofia muscular e pouco por hiperplasia27,30. Os

possíveis determinantes para o ganho de força muscular na infância, é na melhora

da coordenação motora e no aumento da ativação da unidade motora. A força

muscular é um componente essencial para o desempenho de habilidades motoras.

Seu desenvolvimento na infância é linear entre os meninos e as meninas até o início

da puberdade quando os meninos têm maior aumento devido à fatores

hormonais27,30.

O exercício resistido parece melhorar a força muscular através dos

componentes coordenativos e de ativação neuromuscular, ajudando na proteção do

aparelho locomotor45. Com isso, gera benefícios como, a correção e prevenção da

36

postura corporal, além de um padrão de movimento eficiente e seguro. Todavia,

como a criança ainda não se encontra em sua formação óssea completa, deve-se ter

muito cuidado na elaboração do programa de exercício resistido, haja vista que,

excesso de sobrecarga pode apresentar microtraumatismos na junção das unidades

músculo-tendinosas ao osso e prejudicar seu crescimento45. Contudo, se o exercício

resistido for bem planejado, estruturado e conduzido, os riscos são praticamente

nulos45.

Os achados demonstram resultados parecidos com os adultos, pois

a eficácia do exercício de força muscular parece depender de variáveis como

intensidade, volume, duração, apresentando melhoras como 37,46,47,48:

Melhora na força e resistência muscular

Melhora a densidade mineral óssea

Melhoras nas habilidades motora

Previne lesões associadas ao esporte

Melhora aspectos psicológicos

Desenvolvem padrões de movimento seguro e adequado

Ajuda na manutenção do peso corporal

Reabilita doenças como osteopenia e fibrose cística, tanto na

criança como no adulto.

O exercício resistido, progressivo e supervisionado pode oferecer

um método seguro e eficiente para reverter esta situação indesejável como por

exemplo a obesidade; Além disso o exercício resistido tem demostrado um aliado

nesse processo, melhorando a composição corporal em crianças obesas, sobretudo,

nas alterações musculares que possibilita uma vida mais ativa e com maior consumo

de energia28,29.

Estudos científicos verificaram redução na massa corporal e

diminuição das circunferências em jovens obesos, sem comprometimento no

crescimento e maturação. Contudo, diferente do adulto, o aumento de força

muscular na criança e no adolescente parece não ser através da hipertrofia muscular

e sim pela melhora no recrutamento da unidade motora e ativação muscular.

37

Quando relacionado com o sexo, o aumento da força muscular só é

evidente na adolescência, quando os meninos superam as meninas no crescimento

muscular, principalmente pelo aumento das concentrações hormonais, incluindo

testosterona e hormônios do crescimento29.

É evidente que a criança é diferente do adolescente, que por sua

vez é diferente do adulto, pelo seu tamanho, fase maturacional, pelo seu

desenvolvimento, sua anatomia, estrutura muscular e fisiológica.

O profissional deve elaborar um programa de treinamento

compatível com essas diferenças, pois a ativação motora, padrões de ativação e

função se diferem. Por exemplo, na criança o metabolismo oxidativo e as taxas de

recuperação do exercício de alta intensidade são menores quando comparados com

o adulto49.

Enquanto que no jovem, a escolha do exercício pelo profissional,

dependerá da capacidade técnica do jovem, sempre iniciando do modo mais simples

para o mais complexo.

Um estudo em formato de revisão sistemática realizada em 2017,

apontou que o exercício resistido foi metabolicamente benéfico para criança e o

adolescente quando comparado com o grupo controle, mostrando benefícios na

composição corporal50. No entanto, quando executado de maneira equivocada pode

ocasionar lesões.

O consenso internacional2 verificou que 77% das lesões relacionada

com o exercício resistido foram acidentais, e ocorreram quando o jovem estava

realizando sozinho ou acompanhando por indivíduos sem formação ou com

formação inapropriada. A maior preocupação do exercício resistido no jovem é a

lesão na placa epifisária, que se localiza nas extremidades dos ossos e controla o

crescimento.

Esse risco é bem diminuído quando a prescrição é realizada de

forma correta, a progressão deve ser gradual e com exercícios e variáveis

controladas para cada faixa etária. É de suma importância a técnica do movimento e

o alinhamento postural em todas as fases de execução do exercício para evitar

lesões49.

A prescrição de exercício resistido para criança mostra grande

variabilidade. Porém, a tendência é seguir geralmente a prescrição do adulto, com

menor carga e mais repetições. A técnica e o padrão de movimento devem ser muito

38

mais assegurado na criança e no adolescente pelo profissional de Educação

Física50. A tabela 3 apresenta tipos de prescrição de exercício para crianças, com o

objetivo de melhorar a força e resistência muscular, desde o iniciante até o

desempenho atlético50.

TABELA 3. Tipos de prescrição de exercício para crianças com o objetivo de

melhorar a força e resistência muscular.

Prescrição exercício resistido para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e

Progressão Considerações

Inic

ian

te

Use o peso corporal, exercício para grande grupos musculares - Abdominais - Flexões -Faixas elásticas

Leve ou muito leve <40 % do esforço máximo

2 ou 3 vezes por semana

1 ou 2 series 6 a 12 repetições

Nessa fase a sobrecarga e a progressão não é tão essencial depende muito do interesse da criança.

Objetivo principal é introduzir a execução correta dos movimentos.

Inte

rmed

iári

o

Resistência muscular em aparelhos de academias como leg press, flexora, voador e etc.

Leve a moderado. 50% do esforço máximo.

3 a 4 vezes por semana. Alternando os segmentos

1 a 3 series 6 a 15 repetições

Nessa fase pode introduzir 1 a 2 componentes de sobrecarga. 1 a 2 vezes por semana

A criança tem que conseguir fazer todo o movimento proposto com eficiência no padrão de movimento

Des

emp

enh

o

Atl

éti

co

Exercício avançado de 1 ou mais articulações, específico para o esporte desejado.

Varia dependendo do esporte, mas < 70% do esforço máximo

4 a 5 vezes por semana.

3 a 5 series 5 a 20 repetições

Nessa fase pode introduzir 1 a 3 componentes de sobrecarga. 2 a 3 vezes por semana variando a intensidade e a duração

A criança tem que conseguir fazer todo o movimento proposto com eficiência no padrão de movimento

Fonte: Clinical Exercise Physiology, 2013.

Um posicionamento da sociedade canadense de fisiologia51, orienta

que o exercício resistido seja realizado duas a três vezes por semana, em dias não

consecutivos, uma a duas séries e progredindo para quatro series, de oito a 15

repetições, e progredir para oito a 12 exercícios. Pode-se incluir também, exercício

como levantamento olímpico, exercícios pliométricos. Porém, sempre

acompanhando de um profissional51. Kenney e colaboradores orientam para o

exercício resistido em criança e adolescente46 conforme a tabela 4.

39

TABELA 4. Prescrição de exercício para crianças com o objetivo de melhorar a força

e resistência muscular por faixa etária.

Menores de 7 anos:

Exercício físico com pouco peso ou sem peso, priorizando o

padrão de movimento, exercício calistênico individual e em

duplas com baixo volume e intensidade.

8 a 10 anos:

Aumenta o número de exercícios, exercício físicos um pouco

mais complexos, iniciasse carga progressiva aos exercícios,

aumente gradativamente o volume do treino.

11 a 13 anos

Deve dominar as técnicas dos exercícios proposto, pode

introduzir exercícios físico mais avançado se necessário,

acrescente exercícios específico de esporte quando necessário.

14 e 15 anos

Aumente o volume de treino, seu programa de força pode ser

mais avançado, desde tenha experiências anteriores com

exercício de força.

Maiores de 16 anos

Pode ser introduzidos a programa de exercício resistido de

adulto inicial, desde que tenha uma vivência motora e uma

bagagem básica de movimento.

40

Para Ruas (2014), o programa de exercício resistido na criança

e no adolescente, devem começar com um aquecimento de cinco a 10 minutos com

o objetivo de preparar a função neuromuscular, podendo ser uma atividade lúdica ou

movimentações básicas, de forma dinâmica com deslocamento28.

A parte principal pode incluir exercício calistênico, e

equipamentos como por exemplo: halteres, barras, fita elástica, banco pliométricos,

além de medicini balls. A indicação é sempre iniciar de exercícios básicos para

complexos, exercitando os principais grupos musculares durante cada sessão, e

também composta de múltiplos exercícios. Iniciantes devem realizar uma a duas

séries, com intensidade baixa a moderada, de uma a três repetições e com feedback

a cada repetição para garantir movimento correto e seguro, e progredir com as

sessões para seis a doze repetições.

Esse processo auxilia o jovem no desenvolvimento do controle

motor, e com o passar do tempo o professor pode diminuir o intervalo e aumentar a

carga externa, desde que seja mantido a qualidade de movimento. O intervalo de

descanso pode variar de acordo com o volume e intensidade do esforço. Porém,

como a criança e o adolescente são rapidamente induzidos a fadiga, sofre menos

danos musculares, devido a isso, um minuto de intervalo é suficiente, podendo

variar ainda para dois a três minutos. Sua frequência deve ser de duas a três vezes

semanais.

Os dias devem ser intercalados, e pode ser aumentada à medida

que se aproxima da idade adulta28,29. A sessão finaliza com um período de cinco a

10 minutos, com a retorno da frequência cardíaca de repouso e diminuição da

temperatura corporal. Um alongamento estático é interessante, acompanhando de

feedback do objetivo da aula28. Essas informações, corroboram os achados de

Malina, ele apresenta que exercício resistido, realizado duas a três vezes por

semana, aumenta a força na criança e no adolescente, com maior evidência em

meninos mais velhos48.

Oliveira (2003) orienta a progressão dos exercícios resistidos para

criança conforme descrição da tabela 545.

TABELA 5. Prescrição de exercício resistido para crianças e adolescentes por faixa etária.

Menores de 5 a 7 anos:

41

Exercícios básicos com pouco ou nenhum peso;

Desenvolver conceito de sessão de exercício resistido;

Ensinar padrão de movimento;

Progredir de exercícios calistênicos com o peso do corpo,

exercícios com parceiros e exercícios com cargas leves;

Manter volume baixo.

8 a 10 anos:

Aumenta gradualmente o número de exercícios;

Praticar técnicas de exercícios resistidos;

Incrementar gradualmente a carga dos exercícios;

Manter exercícios simples.

11 a 13 anos

Ensinar todas as técnicas básicas dos exercícios;

Aumentar progressivo o peso de cada exercício resistido;

Enfatizar o padrão do movimento;

Introduzir exercícios resistidos mais avançados com pouca carga

ou nenhuma carga.

14 e 15 anos

Progredir para programas de exercícios de força mais avançados;

Incluir componentes específicos do esporte caso necessário;

Aumentar o volume;

Enfatizar o padrão de movimento.

Maiores de 16 anos

Após uma vivência corporal e padrões de movimentos, pode iniciar

o programa de exercício resistido como o do adulto.

42

Por fim, o mito que o exercício resistido oferece risco de lesões e

pode comprometer o crescimento de crianças e adolescentes não é evidente na

literatura.

De modo contrário, com o monitoramento responsável e constante,

os riscos do exercício resistido na criança e no adolescente são quase inexistentes.

Porém, quando mal elaborado e/ou supervisionado, pode trazer riscos como

qualquer outra atividade ou esporte. Independentemente da idade cronológica, a

criança deve sempre iniciar o exercício resistido do modo mais simples para o mais

complexo.

Outros pontos importantes a serem considerados são, a execução

da técnica correta, o nível de treinamento, a habilidade motora e o nível de força do

participante. No que concerne a programação do professor, o exercício resistido

deverá ser periodizado, ter controle, sobretudo, nos princípios da sobrecarga,

especificidade e progressão. Seu implemento pode variar do peso corporal para

aparelhos de musculação, halteres, bolas, barras, kettlebell entre outros.

Em suma, conforme discutido no decorrer no capítulo, os benefícios

do exercício resistido são, aumento da força muscular, melhora da coordenação

motora, prevenção de lesões, redução fatores de risco cardiovascular. Ademais,

pode possibilitar o hábito e a manutenção do exercício físico por toda a vida.

Contudo, todos esses benefícios, serão viabilizados se somados a uma alimentação

equilibrada e saudável, e hidratação e sono adequados.

2.6. Programa de Exercício Cardiorrespiratório (Capítulo 6)

O exercício cardiorrespiratório na infância, tem alguns pontos

importantes a serem destacados. Primeiro, a criança e o adolescente não devem ser

considerados um mini adulto, eles são fisiologicamente diferentes do adulto.

Por isso, é preciso entender de que forma as crianças e os

adolescentes respondem ao exercício físico e compreender os aspectos fisiológicos

envolvidos em cada situação, pois à medida que eles crescem e se desenvolvem,

existem alterações na funções cardiovascular e pulmonar8,21.

Na função pulmonar, as dimensões dos pulmões, função, volume e a

taxas de fluxo máximo aumentam significativamente com o crescimento e esse

processo ocorre até o final da maturação biológica8, 21.

43

Na função cardiovascular, também ocorrem mudanças significativas

à medida que a criança cresce e se desenvolve, contribuindo para um aumento

substancial na potência aeróbia durante o crescimento.

A criança tem o coração e o volume sanguíneo total, menor, tanto

em repouso como durante o exercício, resultando num menor volume sistólico. Para

compensar parcialmente essa diferença, a resposta da frequência cardíaca (FC) no

exercício em que a necessidade de oxigênio é a mesma é maior na criança para o

mesmo trabalho submáximo quando comparado com o adulto. Todavia, com o

aumento do tamanho corporal, também aumenta o tamanho do coração e o volume

sanguíneo e consequentemente a diminuição da frequência cardíaca até valores do

adulto8.

O ACSM (2014) recomenda que seja realizado 60 minutos de

exercício cardiorrespiratório, diariamente e com intensidade moderada a vigorosa,

podendo ser representada por um aumento considerável na frequência cardíaca e

na respiração. Os exercícios físicos devem ser adequados para cada faixa etária e

que sejam agradáveis, para, desse modo, as crianças terem aderência e

continuidade no exercício físico31,44.

No exercício cardiorrespiratório, devem ser preferencialmente

através de exercícios físicos que envolvam grandes grupos musculares, prescrito

com intensidade de 60 a 90% FC reserva ou 50 a 85% do VO2max, duração de 15 a

60 minutos de maneira continua, para aptidão cardiorrespiratória. Para o controle do

peso corporal, são recomendados 40 a 60% da FC reserva, e 30 a 60 minutos

contínuos.

A frequência deve ser de 3 a 5 vezes por semana em dias

alternados quando possível31,44. Corroborando com as recomendações do ACSM

(2014), Ehrman e colaboradores (2013) apresentam na tabela 5 as recomendações

de prescrição de exercício cardiorrespiratório para crianças e adolescentes

relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético, abordando diferentes

habilidades, interesses e objetivos da criança e do adolescente37.

Contudo, boa parte das crianças e adolescentes, não atingem as

recomendações, ou até atingem, entretanto, permanecem o restante do tempo em

comportamento sedentário. Ademais, a inatividade física e a má condição

cardiorrespiratória estão associadas a fatores de risco para doenças

cardiovasculares.

44

TABELA 6. Prescrição de exercício cardiorrespiratório para crianças e adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético.

Prescrição exercício aeróbio para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e

Progressão Considerações

Inic

ian

te

Andar; Correr; Nadar; Pedalar; Jogos;

50 a 60% frequência máxima Moderada Escala de Borg 4 a 5 e OMMI 2 a 5.

3 vezes por semana

30 minutos

Estimular as crianças a se movimentarem, sem necessariamente colocar carga

Criar um estivo de vida ativo e com atividades que envolvam os participantes

Inte

rmed

iári

o

Jogos; Corrida; Ciclismo

Esporte;

60 a 75% frequência máxima Vigorosa Escala de Borg 6 a 9 e OMMI 6 a 9.

3 a 5 por semana

40 a 60 minutos

Iniciar com pequenas cargas ou sem carga

e progredir aumento o tempo ou diminuindo o período de descanso

Está atento aos excessos de exercício

Des

emp

enh

o

Atl

étic

o

Programa similar ao adulto

65 a 90% frequência máxima Vigorosa Escala de Borg 6 a 9 e OMMI 6 a 9.

5 a 6 por semana

60 a 120 minutos

Estruturar o programa de exercício variando a intensidade e a duração

Está atento aos excessos de exercício

No entanto, devem ser considerados alguns pontos importantes37.

A criança e o adolescente devem ser incentivados a estarem

fisicamente ativo diariamente ou na maioria dos dias, com atividade

física, jogos, brincadeiras, esportes, recreação, exercício físico

planejado, no contexto familiar, escolar e sobe a orientação de um

profissional de Educação Física na prescrição do exercício físico.

Independentemente da idade, a intensidade do exercício e o

grau de dificuldade deve começar leve, fácil e progredir gradualmente.

45

O tipo, intensidade e duração do exercício, deve ser baseado no

estado maturacional da criança e na experiência previa dela no

exercício proposto, sempre buscando eficiência no padrão de

movimento.

Escala de percepção de esforço é mais utilizada em criança

(escala Borg e Omni), devido a dificuldade de monitorar a FC da

criança, no capítulo avaliação são apresentadas as escalas de

percepção de esforço.

A intensidade ou duração da atividade física é provavelmente

menos importante nessa fase do que estabelecer o hábito de atividade

física diária.

Além disso, a criança e o adolescente devem se envolver no mínimo

três vezes por semana em atividade aeróbia com duração de vinte minutos ou mais

com intensidade moderada a vigorada de exercício físico, além de outras atividades

para completar os 60 minutos ou mais de atividade física diária31,37. Para melhorar o

condicionamento cardiorrespiratório, uma frequência cardíaca de 60% da FCReserva,

no exercício físico moderado a vigoroso com atividades que envolvam grande

grupos musculares2,3,5.

Por fim, é importante que a criança tenha uma vida ativa, não fique

mais de 60 minutos sentado ou deitado continuamente, exceto quando estiver

dormindo, e o exercício físico deve ser realizado com planejamento, e acompanhado

de um profissional capacitado e qualificado.

2.7. Programa de Exercício Flexibilidade (Capítulo 7)

Flexibilidade é definida como a máxima amplitude do movimento

total, e está relacionada a uma série de variáveis como, distensibilidade da cápsula

articular, viscosidade muscular e aquecimento adequado37. Crianças menores

possuem músculos, ligamentos e tendões flexíveis, com isso, a flexibilidade não se

torna prioridade.

Todavia, crianças devem ser estimuladas a fazerem alongamento

diariamente31,37. Tendo em vista que, o exercício de flexibilidade é recomendado

46

para todas as idades. Evidências científicas apontam um declínio na flexibilidade

com o passar dos anos, iniciando nos meninos a partir dos 10 anos e nas meninas a

partir dos 12 anos37.

Como a flexibilidade consiste na habilidade de mover as articulações

na máxima amplitude de movimento17. Durante os exercícios de alongamento,

observa-se um aumento no fluxo sanguíneo nos músculos ativos, aumento na

temperatura muscular, aumentando a velocidade e a força da contração

muscular37,44.

Os exercícios de flexibilidade, interferem também na fáscia, tecido

conjuntivo que envolve o músculo, sustentando e estabilizando os músculos, órgãos

e tecidos corporais44.

Virgílio17 aponta que o momento ideal para melhorar os níveis de

flexibilidade, é depois de uma atividade de aquecimento contínua com duração de

pelo menos de 15 minutos17. É importante destacar que o nível da flexibilidade é

específica a cada articulação, ou seja, uma criança pode apresentar flexibilidade na

região dos músculos posteriores da coxa e não apresentar o mesmo grau de

flexibilidade na região do ombro.

Desse modo, na elaboração da prescrição, deve compor de

exercícios para diversas articulações17, por conseguinte, numerosos benefícios

podem ser percebidos17:

Aumento da amplitude do movimento;

Prevenção de lesões musculares;

Diminuição da sensação dolorida nos músculos;

Manutenção da postura correta;

Redução do estresse sobre as articulações;

Melhora do desempenho na movimentação.

Até o momento, não existe nenhum teste de flexibilidade que avalie

a flexibilidade corporal total, apenas alguns aparelhos como o goniômetro,

eletrogoniômetro, flexômetro de Leighton, inclinômetros e medidas realizadas com

fitas, são medidas que inferem a flexibilidade das articulações31.

47

Cabe ressaltar que, o teste de sentar e alcançar (vide capítulo

anterior) é utilizado para avaliar a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa e

da lombar, relacionado a saúde.

A flexibilidade dos posteriores de coxa está relacionada a facilidade

nas atividades cotidianas e no desempenho esportivo31.

Segundo Virgilio17, as duas técnicas mais utilizadas para melhorar a flexibilidade são

os exercícios de alongamento balístico e estático. Ele orienta que antes do início dos

exercícios de alongamento é necessário que ocorra o aquecimento dos músculos,

através de alguma atividade ou exercício físico que envolvam grandes grupos

musculares, por exemplo, uma atividade lúdica como pega-pega, caminhada ou

corrida leve.

Alongamento estático é a execução do movimento de um

determinado grupo muscular de forma lenta e estável até atingir uma rigidez e a

permanência nesta posição por um período de 10 a 30 segundos17.

O alongamento estático é mais seguro, por outro lado, o

alongamento balístico incorpora movimentos de elasticidade e contração para

alongar os músculos, esses exercícios são mais utilizados antes de atividade

esportivas, como movimentos lentos e controlados em torno da articulação17.

Ehrman e colaboradores37 apresentam na tabela 6 as

recomendações de prescrição de exercício de flexibilidade para crianças e

adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético,

abordando diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do

adolescente37.

TABELA 7. Prescrição de exercício de flexibilidade para crianças e adolescentes relacionado à

saúde, aptidão física e ao desempenho atlético.

Prescrição exercício de flexibilidade para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e

Progressão Considerações

Inic

ian

te

Exercícios estáticos para os principais grupos musculares

Intensidade leve com leve desconforto muscular

Antes ou depois de cada atividade ou sessão de exercício físico ou três vezes por semana

10 a 15 segundos, 2 vezes cada exercício

Não é necessário a sobrecarga. Comece fácil em alongamento com a mínima resistência aplicada.

O objetivo é fazer com que as crianças tenham o hábito de se alongar. Aquecer a criança antes de começar os exercícios

48

específicos. In

term

ediá

rio

Exercício estático e introdução de exercício dinâmico

Intensidade leve com leve desconforto muscular

Antes ou depois de cada atividade ou sessão de exercício físico ou três vezes por semana

10 a 15 segundos, 3 vezes cada exercício

Não é necessário a sobrecarga. Iniciar com movimentos dinâmicos multiarticular e progredir para movimentos específicos.

Introduzir os exercícios de alogamento dinâmico Alongue os principais músculos primeiro e depois os menores.

Des

emp

enh

o

Atl

étic

o

Pode utilizar estático, dinâmico e o balístico e exercícios específicos

Intensidade leve com leve desconforto muscular

Antes ou depois de cada atividade ou sessão de treinamento ou três vezes por semana

O treinador qualificado pode escolher os exercicios estáticos, dinâmicos ou balísticos.

Não é necessário sobrecarga. Iniciar com movimentos dinâmicos multiarticular e progredir para movimentos específicos do esporte desejado.

A progressão pode incluir alongamento moderado e proprioceptivo de facilitação neuromuscular.

Por fim, vale salientar que a flexibilidade é reduzida com a

inatividade física e com a idade. Destarte, é importante que o programa de exercício

físico para a criança e o adolescente incorpore estes exercícios, pois o hábito de

realizar os exercícios de flexibilidade durante os treinos, aumentam a possibilidade

da manutenção na idade adulta37.

3. DESENVOLVIMENTO

No processo de elaboração do produto técnico, seguimos

procedimentos metodológicos, divididos em três etapas, com o intuito de dar

embasamento teórico ao conteúdo. Para um melhor entendimento, apresentamos a

seguir as etapas deste processo.

3.1 PRIMEIRA ETAPA

Em um primeiro momento foi realizado um levantamento

bibliográfico em artigos científicos, livros e materiais bibliográficos sobre a proposta

49

apresentada, para que se tivesse conhecimento e assim se tornasse possível a

elaboração de um aporte teórico com os aspectos necessários para a construção do

produto técnico final.

3.2 SEGUNDA ETAPA

Com o intuito de conhecer e identificar na literatura as evidências

sobre a prescrição de exercício físico na criança e adolescente, e os métodos de

desenvolvimento e instrumentos de avaliação, organizou-se os conteúdos

encontrados na revisão bibliográfica. Para tal tarefa, foi realizado um levantamento

nas bases de dados Medline, Scientific Electroic Library Online (SciELO), Lilacs,

EMBASE, SPORT Discus, EBSCO envolvendo artigos científicos, dissertações,

teses e livros, em três idiomas (português, inglês e espanhol) a partir dos

descritores: “exercício físico”, “aptidão física”, “exercício resistido”, “flexibilidade”,

“cardiorrespiratório”, “crianças” e “adolescentes”, que deu suporte à construção do

manual de operação técnica.

3.3 TERCEIRA ETAPA

Elaboração da produção técnica

O manual foi dividido da seguinte forma:

Capítulo 1 - Conceitos fundamentais na infância e na adolescência

Este capítulo contém os conteúdos relacionado à criança e o

adolescente, destacando os principais conceitos que envolvem esta população e os

associando à atividade física.

Capítulo 2 - Conceitos fundamentais sobre Prescrição de Exercício Físico

Neste capítulo estão os conteúdos relacionados à prescrição de

exercício físico, abordando a importância de envolver os componentes relacionados

à aptidão física relacionada à saúde, como: resistência cardiorrespiratória,

50

resistência de força, flexibilidade e composição corporal. Ademais, aponta a

importância de controlar as variáveis que envolvem o exercício físico, como

frequência, volume, intensidade, sequência de exercícios e tipo, além de respeitar os

princípios da: sobrecarga, progressão, individualidade e reversibilidade.

Capítulo 3 – Avaliação Física em crianças e adolescentes

Este capítulo descreve os protocolos mais utilizados na avaliação

física na criança e no adolescente, tendo como objetivo conhecer melhor o aluno,

podendo assim, prescrever o exercício físico com maior qualidade e efetividade.

Capítulo 4 – Composição Corporal

Este capítulo define o que é composição corporal, os tipos de testes

para analisar a composição corporal, e as técnicas de medida para avaliar a

composição corporal da criança e do adolescente, além de fazer uma associação

entre atividade física e a composição corporal.

Capítulo 5 – Programa de Exercício Resistido

Apresenta a importância do exercício resistido para a criança e o

adolescente, como um crescimento saudável dos músculos e ossos, melhora das

habilidades motoras e do desempenho esportivo. Além disso, neste capítulo é

apresentado com base em evidências científicas, que o exercício resistido é

importante na infância, desde que, seja acompanhado por um profissional de

Educação Física capacitado.

Capítulo 6 – Programa de Exercício Cardiorrespiratório

Apresenta as recomendações da prática de exercício

cardiorrespiratório para a criança e o adolescente relacionada a saúde, abordando

as diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do adolescente.

51

Capítulo 7 - Programa de Exercício de Flexibilidade

Último capítulo do manual, apresenta a importância do exercício de

flexibilidade na infância, e indica sua manutenção por toda a vida. Além disso,

apresenta a recomendação e benefícios dos exercícios de flexibilidade para

qualidade de vida dos participantes. Aponta também, os testes que avaliam

flexibilidade, para criança e do adolescente.

4. CONCLUSÃO

A criança e o adolescente devem ser encorajados a se manterem

ativos, de forma diária e por pelo menos 60 minutos, envolvendo exercícios de

resistência muscular, exercícios cardiorrespiratórios e exercícios para flexibilidade,

além de diminuir a permamência em comportamento sedentario.

A atividade física regular traz alterações positivas nas concentrações

de hormônios e metabólitos que influenciam o crescimento, desenvolvimento e a

maturação durante a puberdade. Por conseguinte, promove o desenvolvimento dos

sistemas muscular e esquelético, e melhora do sistema cardiorrespiratório e

sensibilidade a insulina, além de reduzir a probabilidade de obesidade. Vale salientar

que, a crença que o exercício resistido oferece risco de lesões e pode comprometer

o crescimento de crianças e adolescentes não é evidente na literatura.

De modo oposto, com o monitoramento responsável, constante e

atento, os riscos do exercício resistido são quase inexistentes, e parece melhorar a

força muscular através dos componentes coordenativos e da ativação

neuromuscular, ajuda na proteção do aparelho locomotor, correção e prevenção da

postura corporal e confere padrão de movimento eficiente e seguro. Porém, quando

mal elaborado e ou supervisionado pode trazer riscos como qualquer outra atividade

ou esporte.

Além disso, o exercício físico planejado e estruturado diminui o risco

de lesões, melhora a força muscular, reduz o risco de doenças cardiovasculares,

melhora o sistema cardiorrespiratório e a coordenação motora. Vale salientar que a

atividade física tem um papel importante para a manutenção do peso corporal, por

toda a vida, evitando a obesidade e a doenças associadas.

52

Desse modo, é importante na elaboração do programa de exercício

físico da criança e do adolescente, que as atividades sejam adaptadas as

necessidades de cada aluno, para ele manter a prática, e não seja desestimulado e

pare. Uma estratégia interessante é elaborar junto com o aluno metas pessoais de

aptidão física relacionada a saúde durante a avaliação, após o término do período

programado, reavaliar e elaborar uma nova meta.

Os benefícios da prática do exercício físico na infância são

inúmeros. Talvez o mais importante seja o fato que criança e adolescente ativo

tendem a ser ativos na vida adulta.

53

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59

APÊNDICE A – Trabalho Apresentado em Evento Científico

Trabalho 1:

Cardias PC, Cortz RV, Lourenço MRA. Perfil Antropometrico de Atletas de ginástica Rítmica da Universidade Norte do Paraná. VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício. Londrina. 2016. PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ATLETAS DE GINÁSTICA RÍTMICA DA UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ. Autores: Evandro P. Cardias1, Roberta V. Cortz2, Márcia A. Lourenço3. e-mail:

[email protected] Instituições:1Universidade do Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil; 2Universidade do Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil;3Universidade do Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil. Introdução: Sabe-se que as atletas de Ginástica Rítmica (GR) iniciam o esporte com pouca idade, adotam dieta com restrições calóricas mesmo em ritmo intenso de treinamento, possuem baixo peso corporal, quadril estreito e figura longilínea. Dentre essas características, o baixo peso corporal deve ser acompanhado por ser um facilitador no esporte, embora o código de pontuação da Federação Internacional de Ginástica não deixar explícito, a estética é um fator intrinsicamente avaliado, deste modo, o bom desempenho é dependente da manutenção do baixo peso corporal. O IMC é um método indireto considerado simples, de fácil obtenção, de baixo custo e boa precisão, ele parece ser apropriado em razão em sua elevada associação estatística com os valores de gordura corporal. Objetivo: Avaliar o perfil

antropométrico de atletas de GR da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) através do índice de massa corporal (IMC), em diferentes categorias. Metodologia:

Foram avaliadas 24 atletas de GR da UNOPAR (Londrina) por único avaliador que realizou as medidas do peso e estatura no local de treinamento das mesmas, os dados foram tabulados em planilha de excel e calculado a média e desvio padrão dos valores de IMC de todas as atletas e em seguida pela sua categoria. Resultados: Análise do estado nutricional das ginastas de 10 a 19 anos, segundo IMC, apresentou média entre todas as avaliadas de 17,85% com baixo peso. Em relação às categorias observou-se que a categoria infantil (11 a 12 anos) está com IMC classificado como abaixo do normal pela OMS/2007, já as categorias juvenil (13 a 15 anos) e adulta (a partir dos 16 anos) apresentam IMC normal. Conclusão: Portanto, as atletas de GR da UNOPAR foram observadas como eutróficas, não havendo diferenças entres as categorias, porém considera-se pertinente a realização de outros estudos sobre a avaliação do estado nutricional e de hábitos alimentares de ginastas desta modalidade.

60

61

Trabalho 2 :

Cardias EP, Lourenço MRA, Gabardo JM, Timoteo EA, Altimari LR, Buzzachera CF. Respostas psicofisiológicas durante exercício físico em crianças: Influência da autinomia percebida. Simpósio Internacional de Ciência do Esporte (CELAFISCS). São Paulo, 2017.

RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO FÍSICO EM

CRIANÇAS: INFLUÊNCIA DA AUTONOMIA PERCEBIDA

Evandro Pires Cardias1, Marcia Regina Aversani Lourenço1, Juliano Moro Gabardo1, Eduardo Assueiro Timoteo1, Leandro Ricardo Altimari2, Cosme Franklim

Buzzachera1

Universidade do Norte do Paraná, UNOPAR1, Universidade Estadual de Londrina,

UEL2 - [email protected]

Introdução Evidências sugerem que protocolos de exercício físico com cargas autosselecionadas são associados com respostas afetivas e perceptuais positivas, as quais combinadas, parecem ter papel importante na participação futura em programas de exercício físico. De fato, participantes de um programa de exercício físico atuam como agentes ativos, e permitir a escolha da intensidade de seu esforço aumenta a sua percepção de autonomia na atividade, promovendo, por conseguinte, experiências subjetivas mais prazerosas e menos extenuantes. Cabe notar, todavia, que a relação entre autonomia percebida e respostas psicofisiológicas durante exercício físico autosselecionado foi apenas examinada na população adulta, negligenciando assim possíveis diferenças existentes na população infantil. Objetivo Examinar a influência da autonomia percebida nas respostas

psicofisiológicas durante exercício físico em crianças. Métodos Participaram deste estudo 20 meninos (idade média 11,2 ± 0,9 anos; V̇O2pico 42,0 ± 5,6 mL.kg-¹.min-¹). Cada participante visitou o laboratório em quatro ocasiões. Na sessão 1, um screening médico, coleta de dados antropométricos, e familiarização foi realizado. Na sessão 2, um teste com cargas incrementais, tipo rampa, até a exaustão volitiva, foi realizado em ciclo ergômetro. Na sessão 3, um teste de exercício físico com duração de 15 min foi conduzido em ciclo ergômetro em uma intensidade autosselecionada. Por fim, na sessão 4, outro teste de exercício físico com duração de 15 min foi conduzido em ciclo ergômetro, todavia, em uma intensidade prescrita e equivalente à intensidade autosselecionada pelo participante na sessão 3. Em cada teste, respostas fisiológicas de consumo de oxigênio (V̇O2; Fitmate Cosmed®), além de respostas perceptuais (OMNI RPE scale, 0-10) e afetivas (Feeling Scale, -5 até +5), foram mensuradas a cada intervalo de 5 min. Ao final de cada teste, autonomia percebida foi reportada pelos participantes. Testes de ANOVA one way com medidas repetidas com post hoc de Bonferroni foram usados para examinar diferenças entre as condições autosselecionada vs prescrita nas respostas fisiológicas (%V̇O2pico), afetivas e perceptuais (P<0,05). Resultados Os participantes autosselecionaram cargas entre 48 ± 13 W (min 5) até 51 ± 15 W (min 15), correspondendo a uma carga máxima equivalente a 32 ± 2% (min 5) e 34 ± 2% (min 15). As respostas fisiológicas (%V̇O2pico), portanto, foram similares entre as condições autosselecionada (min 5, 48,6 ± 1,0 até min 15, 48,5 ± 1,8)

62

e prescrita (min 5, 49,5 ± 1,9 até min 15, 46,4 ± 1,3; F1,114=0,88, P>0,05). As respostas perceptuais, por sua vez, foram menores na condição prescrita (min 5, 2,20 ± 0,3 até min 15, 3,40 ± 0,4) em comparação com a condição autosselecionada (min 5, 3,25 ± 0,4 até min 15, 4,10 ± 0,3; F1,114=191,3, P<0,05). As respostas afetivas, opostamente, foram mais positivas na condição prescrita(min 5, 3,05 ± 0,3 até min 15, 2,30 ± 0,4) em relação a condição autosselecionada (min 5, 2,40 ± 0,3 até min 15, 2,45 ± 0,4; F1,114=7,37, P<0.05). A autonomia percebida, todavia, foi menor na condição prescrita (27,0 ± 3,7 vs 18,6 ± 6,6; P<0,05). Conclusão Os resultados do

presente estudo sugerem que respostas afetivas e perceptuais durante exercício físico são afetadas pela autonomia percebida em crianças. O exercício físico prescrito parece ser menos extenuante e mais prazeroso nesta população, independentemente da maior autonomia percebida durante exercício físico autosselecionado. As razões para tais achados são incertas e devem ser investigadas no futuro.

63

64

APÊNDICE B – Artigo Científico

PSYCHOPHYSIOLOGICAL RESPONSES TO EXERCISE IN CHILDREN: THE

ROLE OF PERCEIVED AUTONOMY

(Submissão do manuscrito para o periódico Perceptual & Motor Skills)

(Webqualis A2)

65

Introduction

Though it is well known that regular exercise promotes health and fitness

benefits in young people (Biddle, Atkin, Cavill, et al. 2011), unfortunately, most

children and adolescents do not meet the minimum recommended levels of exercise

participation. Epidemiological data indicates that more than 50 per cent of the

worldwide youth population does not engage in physical activity for ≥ 60 min at least

five times a week (Sallis, Bull, Guthold, et al., 2011). Dropout is considered one of the

major contributing factors to the low rates of exercise participation among children

and adolescents. Evidence shows that approximately 50 per cent of individuals who

initiate an exercise program drop out within the few months of participation (Craike,

Symons, & Zimmermann, 2009). Thus, many people withdraw from exercise

programs before physiological gains occur. The identification of factors that

contribute to non-adherence among children and adolescents has been one of the

greatest challenges in exercise research over the last few years.

The amount of pleasure one experiences during exercise might play a crucial

role in later physical activity (Ekkekakis, 2003; Williams, Dunsiger, Ciccolo, et al.,

2008; Guidetti, Buzzachera, Emerenziani, et al., 2014). A positive affective response

experienced during exercise may lead to a greater enjoyment of the activity, create a

positive memory of the exercise experience and hopefully lead to an increased

motivation for future physical activity behaviour (Ekkekakis, 2003; Kiviniemi, Voss-

Humke, & Seifert, 2007). This hypothesis has been presented using the hedonic

theory of motivation (Kahneman, Fredrickson, & Schreiber, 1993), which argues that

if people derive pleasure from exercise participation, then they would presumably

66

seek to repeat this activity. Conversely, if people derive displeasure from exercise

participation, the chances of them repeating this activity would be reduced. In fact, a

recent study with adults conducted by Williams, Dunsiger, Ciccolo, et al. (2008) found

that affective responses to a moderately intense stimulus were predictive of exercise

participation up to 6 and 12 months later. However, the relationship between affective

responses and later exercise participation becomes nonsignificant when controlling

for perceived exertion, thus suggesting a crucial role for both affective and exertional

responses in the adherence to exercise programs.

Speculation exists that self-selected intensity protocols might facilitate the

experience of positive affective and exertional responses during exercise in untrained

and moderately trained adults (Ekkekakis, Backhouse, Gray, et al., 2008; DaSilva,

Guidetti, Buzzachera, et al., 2010) and adolescents (Hamlyn-Williams, Freeman, &

Parfitt, 2014). Theoretically, allowing use of cognitive factors, such as goals,

perceived efficacy, and expectations, to choose an exercise intensity results in a

greater sense of control over the activity (Parfitt, Rose, & Burgess, 2006) and

enhanced perceptions of competence and autonomy (Vazou-Ekkekakis & Ekkekakis,

2009), which in turn might positively influence the affective and exertional responses

experienced during exercise. A study by Lind, Ekkekakis, Vazou-Ekkekakis, et al.

(2009) supported this notion and found that even a minor increase in exercise

intensity beyond the level that a person would have self-selected (~10 per cent

higher than those self-selected walking speed) can bring about a decrease in

pleasure. Similarly, using volunteers who performed both exercise at a self-selected

intensity and exercise at an intensity imposed by the experimenter but identical to

those self-selected, Vazou Ekkekakis & Ekkekakis (2009) found a reduced

perception of autonomy as well as attenuated increases in levels of interest and

67

enjoyment after the controlled condition. These findings are in agreement with

previous studies (Parfitt, et al., 2006; Ekkekakis, et al., 2008; Ekkekakis, Lind, Vazou-

Ekkekakis, et al., 2010) and theories (Deci & Ryan, 1987; Ekkekakis, Hall, &

Petruzzello, 2005) and reinforce that the loss of perceived autonomy in setting one’s

level of exercise intensity can negatively impact affective experiences.

Although many studies have been made to examine the role of perceived

autonomy on affective and exertional responses to exercise in adults (Parfitt, et al.,

2006; Ekkekakis, et al., 2008; DaSilva, et al., 2010), much remain to be investigated

using prescribed and self-selected exercise intensities in children and adolescents.

This void in literature is of concern because loss of perceived autonomy in setting

one’s level of exercise intensity might negatively impact the affective and exertional

experiences in children and adolescents, with possible implications for adherence

(Sheppard & Parfitt, et al., 2008; Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014). To

understand better the relationship between affective and exertional responses to

exercise and sense of control over the activity in young people, we examined

whether manipulating effort intensity perception of autonomy, by allowing or

disallowing the exerciser to set the exercise pace, can have an impact on affect and

perceived exertion.

Methods

Experimental Approach

To examine our hypothesis, a group of moderately trained boys completed six

trials, scheduled on different days, with at least 48 h between trials. The present

68

sample comprised young boys, who were physically active, of normal age-relative

body mass index, and engaged in regular training participation. On Day 1,

participants underwent a screening, anthropometric measurements, and

familiarization with the experimental procedures. On Day 2, they were required to

complete a maximal graded exercise test performed on a cycle ergometer. On Day 3,

participants in the autonomous condition were instructed to select an exercise

intensity that they prefer use in their exercise session. On Days 4-6, participants in

the imposed conditions were instructed to perform 20-min bouts of cycle ergometer

during which exercise intensities were imposed by the experimenter but were

identical, 10 per cent higher, or 10 per cent lower the one that was self-selected by

each participant at the corresponding time point on Day 3. The last three trials were

completed in a random and counterbalanced order. This study design enables for the

comparison of the effects of perceived autonomy (independent variable) on

physiological and psychological responses to exercise (dependent variables: oxygen

uptake reserve, affective valence, and perceived exertion).

Participants

Twenty moderately trained boys (mean age: 11.2 ± 0.9 yr) volunteered to

participate in this study, which was performed in accordance with the Helsinki

Declaration of 1975 and approved by the Institutional Ethics Committee. Parents or

legal guardians gave their informed consent after the purpose, procedures, possible

risks, and benefits of the study were explained to them. Based on a power analysis

considering the correlation among measures (D’Amico, Neilands, & Zambrano,

2001), a priori sample size was calculated using a software package GPower (Faul,

Erdfelder, & Buchner, 2007). This power analysis was conducted as follows: 4 (self-

69

selected and imposed exercise intensity trials) × 4 (time), within subject factorial

design with repeated measures, with effect size estimates derived from previous

work (Sheppard & Parfitt, 2008). For this study design, 10 participants were required

for each of the cells to result in a statistical power of 0.99, with a large effect size, f2

= 1.00 (Cohen, 1988), a moderate correlation (r = 0.50), and an overall level of

significance of P = 0.05. In sum, the sample size of 20 participants was large enough

to detect the expected differences between self-selected and imposed exercise

intensity trials.

Participants were recruited from a local soccer club. To be eligible for

participation, individuals were required to have engaged in > 30 min of regular

training participation per day on three days of the week for the previous six months.

All participants were in good health; were not taking medications known to affect

cardiovascular, respiratory, muscular, metabolic or cognitive functions; had a stable

body mass (<2.5-kg net change over the previous three mo.). The participants’

descriptive data are shown in Table 1.

Procedures

Maximal Graded Exercise Test

In the second visit to the laboratory, participants completed a maximal graded

exercise test on a cycle ergometer to assess maximal oxygen uptake (V̇O2max). They

were encouraged to continue to exercise until the point of volitional exhaustion. The

criteria for achieving a V̇O2max required participants to meet two of the following: a

plateau in V̇O2 (change of 150 mL.min-1 in the last three consecutive 20 s averages),

70

and/or heart rate within 10 beats.min-1 of the maximal level predicted by age.

Therefore, V̇O2max was defined as the highest V̇O2 value attained after reaching the

criteria. V̇O2 and pulmonary ventilation (V̇E) were measured on a breath-by-breath

basis by a gas analysis system (Fitmate, Cosmed, Italy). The system was calibrated

before each test. In addition, the turbine flow meter was calibrated with a 3-L syringe

before each test. Each maximal graded exercise test was preceded by 5 min of quiet,

seated rest. The average values of V̇O2 recorded during the last 2 min of seated rest

were defined as the resting values (V̇O2rest), which were lastly used to determine

oxygen uptake reserve in percentage terms (%V̇O2reserva, Swain, Leutholtz, King, et

al., 1998).

Experimental Trials

All participants completed four experimental trials, which were scheduled on

different days and with at least 48h between trials. However, a set of instructions

regarding pace selection were read to the subjects immediately before each trial. The

first experimental trial consisted of a 20-min exercise bout at a self-selected intensity

on a cycle ergometer (Lode Excalibur Sport, Groningen, Holland). The self-paced

exercise trial began at a standard workload of 20 W for 5 min. Then, participants

were allowed to increase, decrease, or maintain the standard workload. They were

permitted to manipulate the workout by pressing the control panel ad libitum. Of note,

after the first 5 min, subjects were allowed to adjust the workload only every 5 min of

the 20-min trial (i.e., min 5:00, 10:00, and 15:00). The control panel was covered

throughout the trial so that participants were blinded to the actual workload (DaSilva,

et al, 2010).

71

Participants also completed three remaining experimental trials during which

workload was supposedly imposed by the experimenter but was identical, 10 per cent

higher, or 10 per cent lower the one that was selected by them at at the

corresponding time point during the first experimental session. The order in which the

last three experimental trials were performed was randomly assigned and presented

in a counterbalanced fashion. All participants were instructed to refrain from exercise,

avoid alcoholic and caffeinated products in the 24 h before the trials, and present

themselves at the laboratory in a 2-h post-absorptive state. All experimental trials

were conducted in the morning (between 08:00 am and 12:00 pm) under similar

environmental conditions.

The respiratory metabolic measures were recorded throughout the

experimental trials using the same instruments and procedures as in the graded

exercise test. These physiological responses were then averaged across the final two

30 s intervals of each 5-min period of the 20-min trials to derive four data points (min

5:00, 10:00, 15:00, and 20:00) for V̇O2 as a dependent variable (Swain, Leutholtz,

King, et al., 1998).

Measures

Perceived Exertion and Affective Valence

The 0-10 OMNI Ratings of Perceived Exertion scale was used as a measure

of whole-body perceived exertion during exercise. This scale is a 11-point single-item

measure, ranging from 0 to 10, with verbal anchors ranging from “no tired at all” (0) to

72

“very, very tired” (10). Participants were previously anchored to the scale during the

familiarization session using memory-anchoring procedures (Robertson, Goss, Boer,

et al., 2000). The ratings of perceived exertion were estimated every 5 min of the

experimental trials.

Affective valence was measured using the Feeling Scale (FS; Hardy &

Rejeski, 1989). The FS is a single-item indicator of affective valence scored on an

11-point scale ranging from -5 “very bad” to +5 “very good”. The core or basic

affective valence measured by the FS is a component of the circumplex model,

presented by Russell, et al. (1980), which incorporates affective valence and

activation as orthogonal and bipolar dimensions of the affective space. In a

counterbalanced manner, both 0-10 OMNI and FS scales were randomly

administered every 5 min of the experimental trials. Additionally, FS was

administered immediately before each trial. Participants rated how and what they felt

at these moments. Standard definitions of perceived exertion and affective valence,

along with separate instructional sets for the 0-10 OMNI and FS scales, were read to

the participants before the experimental trials (Ekkekakis, 2003; Noble & Robertson,

1996; Hardy & Rejeski, 1989). During each experimental trial, both 0-10 OMNI and

FS scales were in full view of the participants at all times of the test.

Perceived Autonomy

The participants’ perception of autonomy was assessed after each exercise

intensity trial using a 6-item measure consisting of items selected from Van Den

Broeck, Vansteenkiste, De Witte, et al. (2010), following slight modification of the

73

wording to refer specifically to exercise and the experimental conditions employed in

this investigation. Each item was accompanied by a 5-point response scale, ranging

from 1 (totally disagree) to 5 (totally agree). An overall score of perceptions of

autonomy for each experimental trial was also calculated.

Statistical Analysis

Data are shown as means ± standard deviations or standard errors. A series

of two-factor [exercise intensity (self-selected, imposed, imposed more 10 per cent,

and imposed minus 10 per cent) × time (min 0, min 5, min 10, min 15, and min 20)]

repeated measures analysis of variance (ANOVA) was conducted on oxygen uptake

reserve, affective valence, and perceived exertion. Whenever the sphericity

assumption was violated in the ANOVA models, degrees of freedom were adjusted

using the Greenhouse-Geisser or Huynh Feldt epsilon corrections. Partial eta

squared (η2p) was used to estimate the sizes of the effects (Cohen, 1988). For each

ANOVA model with a significant exercise intensity trial × time interaction, the simple

effects of time were further analyzed within each exercise intensity trial. Significant

simple effects of time were followed by planned contrasts, in which min 5, min 10,

min 15 and min 20 values were compared with their min 0 (i.e., end of warm up).

Because these comparisons increase the risk for type I error (i.e., to reject the null

hypothesis when it should not be rejected), the P value for post hoc analyses was

adjusted according to the Bonferroni correction to 0.05/4 = 0.0125. Additionally, a

one-way ANOVA was conducted on perceived autonomy for each exercise intensity

trial. All data were analyzed using SPSS version 20.0 for Windows (SPSS, Inc.,

Chicago, USA).

74

Results

Descriptive data of the participants are presented in Table 1. Moderately

trained boys in the current study chosen loads, on average, between 48 ± 13 W (min

5) and 51 ± 15 W (min 15), that corresponded to, on average, 32 ± 2% (min 5) and

34 ± 2% (min 15). The analysis of variance of workload resulted in significant main

effects for intensity (P < 0.05) and time (P < 0.05), but not for intensity × set

interaction effect. As previously expected, the workload values were similar in both

self-selected and imposed trials, but were greater than those at imposed minus 10

per cent (P < 0.05) or at imposed more 10 per cent (P < 0.05) (Figure 1).

Descriptive statistics for exertional responses during the self-paced and

imposed trials are shown in Figure 2. The repeated measures analysis of variance of

perceived exertion values indicate significant main effects for intensity (P < 0.05) and

time (p < 0.05), but not for intensity × time interaction. The perceived exertion values

in both self-paced and imposed more 10 per cent trials were significantly higher in

comparison with those found in imposed and imposed minus 10 per cent conditions

75

(P < 0.05). Perceived exertion values, however, increased across the time in all

exercise intensity trials (P < 0.05).

Descriptive statistics for affective valence during the self-paced and imposed

trials are shown in Figure 3. The repeated measures analysis of variance of affective

responses values indicated significant main effects for intensity (P < 0.05) and time

(p < 0.05), but not for intensity × time interaction. The affective responses values

decreased across the time in all exercise intensity trials (P < 0.05). However,

affective valence was less positive in both self-selected and imposed more 10 per

cent trials than in imposed and imposed minus 10 per cent conditions (P < 0.05).

76

Descriptive statistics for perceived autonomy during the self-paced and

imposed trials are shown in Figure 4. Perceived autonomy was significantly higher in

self-paced trial in comparison with all three imposed trials (P < 0.05).

Discussion

Recognition of the importance of intensity preferences during aerobic exercise

in adults (Ekkekakis, Backhouse, Gray, et al., 2008; DaSilva, Guidetti, Buzzachera, et

al., 2010) and adolescents (Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014) has

77

increased in recent years. However, this is the first investigation to examine the

effects of perceived autonomy on psychophysiological responses during self-selected

and imposed bouts of aerobic exercise in children. The present results demonstrated

that, relative to imposed-exercise bout of similar or lower intensity, but not higher

intensity, moderately trained boys reported more strenuous exertion and less

pleasant experiences during a bout of self-selected intensity exercise. These data are

surprising and not in line with findings of previous research in adults (Parfitt, et al.,

2006; Ekkekakis, et al., 2008; DaSilva, et al., 2010) and adolescents (Sheppard &

Parfitt, et al., 2008; Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014). As expected,

workload and perceived exertion increased across the time, whereas affective

responses decreased across the time. Importantly, moderately trained boys are

predisposed to choose loads that correspond, on average, ~33% per cent of maximal

workload, which is probably not within the exercise intensity range proposed by the

American College of Sports Medicine (2013) to promote benefits for health and

fitness in children.

These results of the present study support the notion that bouts of self-paced

and imposed-intensity exercise are not comparable in terms of affective valence in

adults (Ekkekakis, Backhouse, Gray, et al., 2008; Parfitt, Rose, & Burgess, 2006) as

well as adolescents (Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014) and demonstrate

that the influence of exercise intensity on affective responses is related to perceived

autonomy of the participants. Such findings are partly consistent with the

assumptions of the dual mode model proposed by Ekkekakis (2003), which suggest

an interplay of cognitive appraisal processes and interoceptive cues in the generation

of affective responses during exercise. According to this model, cognitive appraisal

78

processes are the primary determinants of affective responses as the exercise

intensity is light to moderate. At these exercise intensities, most people report

affective responses as pleasant. Once the exercise intensity is vigorous,

interoceptive cues gain salience and become the primary determinant of affective

responses. At vigorous exercise intensities, affective responses tend to be

homogeneously negative. The reduction in affective valence began at the first 5-min

and continued until completion of the exercise in all experimental trials (Figure 2).

This repeated assessment of “core” affect is a strength of this investigation, as few

studies have utilized this methodological approach. Additionally, the approach

underscores the importance of both assessing and comparing affective responses

during exercise. However, these findings may have implications for prescription in

resistance training programs that differ in intensity among children. As previously

highlighted, the prescription of self-selected intensity bouts of exercise is correlated

with more favorable affective responses during exercise. However, the results of this

study may suggest that are not comfortable by making decisions about their exercise

intensity, possibly because they need of professional attention to support their

choices or improve their motivation during the activity. These hypotheses remain to

be further examined in future studies.

The amount of pleasure one experiences might play a key role in later

exercise participation (Ekkekakis, 2003; Kiviniemi, et al., 2007, Williams, et al., 2008).

In fact, a more positive affective response experienced during exercise might lead to

a greater enjoyment of the activity, creating a positive memory of the exercise

experience that may increase the motivation to later physical activity participation.

Although affective responses experienced during exercise play a role in predicting

79

adherence to exercise programs, the exertional responses also have consequences

for future physical activity behaviors (Williams, et al., 2008). In the present study,

both affective ("how" a person feels) and exertional ("what" a person feels) responses

were assessed to provide a more complete picture of the subjective exercise

experience. This combination is useful, as the basic affect and perceived exertion are

not isomorphic constructs (Hardy & Rejeski, 1989). Surprisingly, the results from the

current study indicate that the imposed-intensity trial produced less strenuous

exertional responses in comparison with the self-selected trial. This finding

demonstrates that the effects of workloads on perceived exertion are related to

perceptions of autonomy of the participants. Although all trials resulted in increases in

perceived exertion, the imposed more 10 per cent trial resulted in a greater increase

in effort perception (Figure 3). The reasons for this finding are unclear, but it is

possible that some moderately trained boys perceived the lack of autonomy not as

effortful as previously thought.

Conclusions

In summary, this study has provided evidence that affective and exertional

responses to exercise among children are perceived autonomy-dependent.

Specifically, relative to imposed-intensity trial, moderately trained boys reported more

strenuous perceived exertion responses and less positive affective valence during a

bout of self-selected intensity trial, possibly because the needs of professional

attention to support their choices or improve their motivation during the activity.

80

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84

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa:

Respostas fisiológicas, afetivas, e perceptuais durante exercício

físico prescrito e autosselecionado em crianças

Universidade Norte do Paraná

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Laboratório de Fisiologia do Exercício

(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título da Pesquisa Respostas fisiológicas, afetivas, e perceptuais durante exercício físico prescrito e autosselecionado em crianças

Prezado responsável, Por favor, leia com atenção as informações abaixo antes de dar o seu consentimento para participar desta pesquisa. O objetivo desta pesquisa é verificar como a percepção de autonomia afeta as respostas fisiológicas de frequência cardíaca e consumo de oxigênio, a percepção de esforço, e o prazer durante exercício físico com cargas prescrita e autosselecionada. Tal conhecimento poderá contribuir para um maior entendimento sobre a influência da autonomia percebida no contexto do exercício físico praticado por jovens. Toda a pesquisa será conduzida no Centro de Pesquisa em Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), localizada na Av. Paris, 625, Jardim Piza, Londrina (PR). Cada voluntário deverá participar das seguintes etapas:

1) Entrevista pessoal, com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido; avaliação da composição corporal; teste com cargas incrementais, máximo; familiarização com os procedimentos usados no teste de exercício físico com carga constante.

2) 03 testes de exercício físico com cargas constantes, realizados em dias separados e conduzidos por uma equipe previamente treinada.

Os problemas que poderão ocorrer durante a realização destes testes incluem: falta de ar, tontura, sensação de desmaio, dores musculares, articulares, entre outros. Se qualquer um desses problemas for sentido, o avaliador responsável deverá ser imediatamente comunicado. Essa avaliação é contraindicada para indivíduos portadores de qualquer doença mental, cardiovascular, respiratória, metabólica, ou musculoesquelética, que impossibilite a realização do teste de modo adequado. A participação é voluntária e não está ligada a nenhum custo. A identificação do menor e seus dados coletados são confidenciais, sendo entregues individualmente após o término do estudo. Todas as medidas serão tomadas para evitar risco para a integridade física, mental ou moral de cada voluntário da pesquisa. A pesquisa apresenta como responsáveis Dra. Marcia Aversani e Dr. Cosme Franklim Buzzachera, professores da Universidade Norte do Paraná. Qualquer dúvida sobre a pesquisa poderá ser esclarecida pelo mestrando Evandro Cardias pelo telefone 9 8421 4390. Diante do exposto acima, concedo a minha participação voluntária na pesquisa e declaro estar ciente dos seus objetivos e procedimentos, sabendo ainda que poderei retirar meu consentimento a qualquer instante da pesquisa, sem a ocorrência de qualquer tipo de prejuízo aos meus cuidados.

Londrina, _____ de _________________ 2017

85

Responsável ___________________________ _____________________________________

Assinatura _____________________________ Prof. Dra. Márcia Aversani

RG _____________________________

Menor

avaliado

_____________________________ __________________________________________

RG ______________________________ Prof. Msdo. Evandro Pires

86

MANUAL

Personal Kids e Teen no contexto da Promoção da Saúde

Evandro P.Cardias MárciaR. A. Lourenço

87

Dedico este trabalho à minha

família, em especial minha esposa,

meus pais e meus filhos que

estiveram presentes em todos os

momentos deste processo de

formação acadêmica.

88

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família que é, sempre será meu porto seguro, meu

maior tesouro, me ajuda, orienta e me acompanha nos momentos alegres e

triste com força, garra e união.

Agradeço em especial a minha esposa e meu filhos que sempre

estiveram ao meu lado, me incentivando, acreditando e dando todo o suporte

para a busca de novas conquistas. Enfim, pela nossa união de sempre, ainda

mais neste momento onde fique ausente em vários momentos para concluir

meu sonho.

Agradeço meus pais também que me ajudaram em todos os

momentos com muito respeito, carinho e muito amor. São meus espelhos na

profissão e na vida. Obrigado por tudo.

A minha orientadora Profa. Márcia R. Aversani Lourenço, pela

orientação e auxílio em todas as fases deste processo. Por todo carinho e

dedicação à mim dispendidos, por compartilhar de uma forma tão natural seus

conhecimentos e experiências contribuindo muito para a minha formação

acadêmica, meu muito obrigado.

Ao meu coorientador Prof.Cosme Franklim Buzzachera que permitiu

minha participação no seu grupo de estudo e contribuiu com minha formação

com todo carinho e dedicação, meu muito obrigado.

Aos professores do curso de Pós-graduação em Exercício Físico na

Promoção da Saúde que não mediram esforços para transmitir todos os seus

conhecimentos.

Agradeço a meu mestre de vida Ikeda Sensei por ser o meu alicerce

com suas orientações e ensinamentos.

E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma

contribuíram para a obtenção deste título em minha formação profissional.

89

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05

Capítulos do Manual .............................................................................................. 09

1. Conceitos fundamentas na infância e na adolescência ......................................... 09

2. Conceitos fundamentais sobre prescrição de exercício físico ............................... 13

3. Avaliação física na criança e no adolescente ........................................................ 17

4. Composição Corporal ........................................................................................... 23

5. Programa de exercício Resistido .......................................................................... 26

6. Programa de exercício Cardiorrespiratório ........................................................... 32

7. Programa de exercício de Flexibilidade................................................................. 36

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

90

05

INTRODUÇÃO

O exercício físico na infância visando a promoção da saúde

facilita o desenvolvimento de habilidades básicas além de contibuir na

manutenção do peso corporal.

O objetivo do presente relatório é apresentar uma produção

técnica em formato de manual, para Profissionais da Educação Física que

trabalham com a prescrição, orientação e monitoramento do exercício físco,

bem como os demais profissionais da área da saúde envolvidos de forma

multiporfissional neste processo, fornecendo evidências científicas e novas

metodologias para as práticas do exercício físico direcionado a criança e o

adolescente.

A temática contextualizada envolve os procedimentos para

desenvolvimento e acompanhamento de exercício físico na promoção da

saúde para criança e adolescente organizado de forma sistemática com

conteúdos atualizados que relaciona criança e adolescente com o exercício

físico, além de delinear e descrever as recomendações de exercício físico

para essa população.

Com o título “Personal Kids e Teen no Contexto da Promoção

da Saúde” o manual tem como proposta apresentar os conceitos e definições

fundamentais da infância e da adolescência e organizar as evidências

científicas atuais e relevantes sobre prescrição de exercício físico para

crianças e adolescentes.

O manual está organizado em sete capítulo da seguinte

forma:

1. Conceitos fundamentais: infância eadolescência;

91

2. Conceitos fundamentais:prescrição de exercício físico;

3. Avaliação Física em crianças e adolescentes;

4. Composição Corporal;

5. Programa de Exercício Resistido;

6. Programa de Exercício Cardiorrespiratório;

7. Programa de Exercício de Flexibilidade.

Haja visto que o número de crianças e adolescentes com

sobrepeso e obesidade em nível mundial vem apresentando um significativo

aumento. Como apresentado no relatório da comissão pelo fim da obesidade

infantil da Organização Mundial da Saúde (OMS) produzido em fevereiro de

2016 que apontou uma tendência de crescimento do sbrepeso e obesidade

em cerca de 42 milhões de crianças menores de 5 anos. Cabe ressaltar

alguns importantes fatores que ajudam a construir esse quadro como,

ambiente, globalização, urbanização, mais hábitos alimentares e inatividade

física.

O Brasil acompanha a tendência mundial. O Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avaliou em 2015 três milhões de

escolares, resultando em uma média de 23,7% na prevalência de sobrepeso

em meninos e meninas, já a obesidade acometeu 8,3% dos meninos e 7,3%

das meninas respectivamente. Por outro lado, manter um estilo de vida ativo

ajuda a diminuir essa condição e retarda o desenvolvimento de doenças

crônicas não transmissíveis. Sobretudo, aumentar o nível de atividade física

potencializa o crescimento e desenvolvimento do tecido muscular, aumenta a

densidade mineral óssea, gera melhorias no sistema cardiovascular e neural,

92

e ainda auxilia no controle da ansiedade e depressão, por conseguinte

aumentando a autoestima e confiança.

Para gerar tais benefícios, a recomendação da OMS (2011)

para crianças e adolescentes (5 a 17 anos) é realizar atividade física e

exercício físico por no mínimo 60 minutos diários variando a intensidade de

moderada à vigorosa. De modo similar, o American College of Sports and

Medicine (ACSM), recomenda 60 minutos diários de atividade física em

intensidade de moderada à vigorosa que inclua exercício resistido pelo menos

três vezes por semana. As atividades podem ser compostas de jogos,

brincadeiras, esportes, recreação, educação física, devendo ser a maior parte

de exercício aeróbio de intensidade vigorosa.

A criança ou adolescente deve começar em pequenas

quantidades e o incremento no volume deve ser gradual, para evitar

desestímulo precoce e de forma adequada fazer com que alcancem as

supracitadas recomendações.

Os benefícios do exercício físico nessa idade são maiores

que os riscos. Todavia, a prescrição deve respeitar a individualidade biológica

e ser elaborada especificamente para cada faixa etária. Portanto, deve-se

evitar exercícios repetidos ou de alto impacto, uma vez que estes podem

pressionar ou lesionar a placa de crescimento ósseo além de poder acarretar

diversas lesões. Desse modo, um programa bem elaborado deve contemplar

exercícios que atuem efetivamente nos componentes da aptidão física voltado

à saúde, respeitando variações na intensidade, volume, séries, intervalo,

duração e tipo de exercício.

93

Assim, justifica-se a importância desta produção técnica nos

âmbitos escolar, social e de academias, uma vez que irá colaborar

diretamente com os profissionais que atuam com exercício físico em crianças

e adolescente na promocação da saúde, ofertando informações para o

desenvolvimentos das capacidades físicas de forma pedagógicas. Estes

cuidados desde os primeiros anos no exercício físico auxiliarão em seu

crescimento e desenvolvimento saudável, contribuindo para uma melhor

qualidade de vida dos indivíduos durante esta faixa etária.

94

Capítulo 01

Conceitos Fundamentais na infância e na Adolescência

De acordo com o Estatuto da Criança e do

Adolescente, criança é definida como o indivíduo

com idade cronológica inferior a 12 anos,

enquanto adolescente deve possuir idade

cronológica entre 12 a 18 anos1.

Atualmente, estima-se que a população

mundial de crianças e adolescentes é de

aproximadamente 1,9

bilhões2.Particularmente no Brasil cerca de

61,4 milhões de seus habitantes possuem

idade cronológica entre zero e 18 anos, com

óbvias distinções regionais como pode-se

observar no mapa3.

Durante as primeiras décadas de vida, os seres humanos

basicamente crescem, amadurecem, e se desenvolvem, durante esse período

conceitos como crescimento físico, maturação biológica, desenvolvimento e

desenvolvimento motor são fundamentais para a elaboração do exercício

físico4.

95

A atividade física regular é muito importante para o crescimento,

maturação e desenvolvimento, sendo um componente fundamental de um

estilo de vida saudável em criança e adolescentes, e níveis baixos de

atividade física estão associados a maior predisposição de riscos para o

surgimento de diversos distúrbios crônicos13.

Crescimento físico

é definido como mudanças quantitativas nas dimensões

corporais como um todo ou em partes específicas do

corpo5.

Maturação Biológica

Alterações biológicas que ocorrem de forma ordenada

direcionadas a atingir o estado adulto5.

Desenvolvimento

Conjunto de mudanças na capacidade funcional dos

seres humanos ocorridos desde a concepção até a

morte5.

oncepção até a morte.

Maturação Biológica

Alterações biológicas que ocorrem de forma ordenada direcionadas a atingir o estado adulto.

Desenvolvimento Motor

Definido como alterações motoras ocorridas para a

aquisição de uma nova habilidade e padrões de

movimento5.

96

Atividade física, exercício físico e aptidão física são sinônimos?

Atividade física é definida como um

movimento corporal, produzido

voluntariamente pelos músculos

esqueléticos, resultando em um dispêndio

energético acima dos níveis de repouso12.

Exercício físico é definido como parte

integrante da atividade física, contudo,

possui como características singulares a

sua organização e planejamento,

estruturando-se com o escopo de

conservar ou aprimorar um ou mais

componentes da aptidão física12.

Aptidão física representa um conjunto de

atributos biológicos que as pessoas

possuem ou adquirem em relação à

capacidade de realizar esforço físico12.

NÃO

A recomendação da atividade física para crianças e adolescentes é de

60 minutos diários ou mais em uma intensidade moderada a vigorosa14.

97

A redução do comportamento sedentário na população jovem é capaz

de causar vários benefícios à saúde17, incluindo melhorias na manutenção do

peso corporal e regulação da pressão arterial, diminuição no risco para o

surgimento de distúrbios crônicos como diabetes do tipo 2 e alguns tipos de

câncer, maior controle nos níveis de colesterol sanguíneo e densidade

mineral óssea, além da possibilidade de uma maior sobrevivência futura17. A

identificação de fatores associados com comportamentos sedentários, por

conseguinte, tornou-se fundamental no contexto na promoção da saúde em

crianças e adolescentes10.

O profissional deve não somente

encorajar a prática de atividade

física diária, mas também

assegurar a minimização do

comportamento sedentário10,17.

98

Capítulo 02

Conceitos Fundamentais sobre Prescrição de Exercício Físico

Prescrição exercício físico em criança e

adolescente, é seguro?

Apresenta resultados positivos relacionados à

promoção da saúde5,17.

Deve ser sempre acompanhado por um

profissional preparado e qualificado para esta

população17.

Deve envolver os componentes relacionados

à aptidão física relacionada à saúde como:

Resistência cardiorrespiratória, resistência de

força, flexibilidade e composição corporal5.

Componentes relacionados à aptidão física relacionado à saúde

Exercícios Cardiorrespiratório

SIM

Atividade média a longa

duração;

Intensidade moderada a

vigorosa;

Envolve grandes grupos

musculares;

Forma dinâmica e ritmada.

Exemplos: Caminhada, corrida, natação, remado, ciclismo.

99

Flexibilidade

Resistência de Força

Para prescrição exercício físico eficaz é importante controlar variáveis

como frequência, volume, intensidade, sequência de exercícios e tipo,

além de respeitar os princípios de: sobrecarga, progressão, individualidade

e reversibilidade.

Virgilio (2015) para facilitar o entendimento apontou um acrônimo

SPORT – FITTonde SPORT significa:

Responsável pela

manutenção daamplitude do

movimento adequado das

articulações, facilitando os

movimentos.

Melhora o fluxo sanguíneo

nos músculos ativos;

Previne lesões musculares;

Reduz o estresse sobre as

articulações.

Aumenta a densidade

mineral óssea;

Reduz o risco de lesões em

esporte;

Reduz gordura corporal;

Previne possíveis

osteoporose na idade adulta.

Previne possíveis

osteoporose na idade adulta

100

eSpecificidade

Progressão

sObrecarga

Regularidade

Treino

Especificidade que apenas os sistemas corporais ou músculos

exigidos durante o esforço físico sofrerá adaptações, ou seja, se fizer um

trabalho relacionado à caminhada e/ou corrida, ocorrerá uma melhora no

sistema cardiorrespiratório e não na resistência de força e flexibilidade.

Progressão é o aumento gradual do volume do exercício físico para

melhorar ou manter os componentes da aptidão física relacionado à saúde,

isso requer o aumento de uma ou mais variáveis como aumento da

frequência, intensidade, tempo e o tipo.

Sobrecarga é o aumento de qualquer variável prescrita como

aumento da frequência, a intensidade, o tempo e o tipo de exercício físico.

Por exemplo, após um período de exercício resistido o músculo precisa de

uma nova sobrecarga, ou seja, deve alterar uma ou mais das várias citadas

acima para que continue o estímulo e melhorar o ganho de resistência de

força.

Infelizmente os níveis de aptidão física são perdidos se não houver

uma regularidade da atividade física, ou seja, a atividade física deve ser um

comportamento por toda a vida, este é o princípio da Regularidade . Alguns

autores também apontam como princípio da reversibilidade.

Treino e manutenção é quando o indivíduo já conseguiu níveis

satisfatórios de atividade física e aptidão física e o objetivo é a manutenção

dessas variáveis, é importante que o profissional incentive seu aluno à

participar de diversas atividades físicas com variações de intensidade e

movimentos corporais para manter o aluno motivado e com continuidade.

101

A prescrição do exercício físico envolve quatro princípios básicos,

abreviado da seguinte forma (FITT) para facilitar a compreensão:

Frequência

Intensidade

Tempo

Tipo

Frequência se refere à quantidade de vezes que o aluno está

fisicamente ativo. As recomendações sugerem a prática de 60 minutos de

atividade física diariamente, realizando atividades para grandes grupos

musculares como caminhada, corrida, pedalar e resistência muscular e

flexibilidade de 2 a 3 vezes por semanas em dias não consecutivos.

Inicialmente a prática do exercício físico para criança e o adolescente deve

começar com movimentos simples e evoluir para movimentos mais

complexos.

Intensidade parece ser o fator mais importante na prescrição do

exercício físico, é o grau de dificuldade do exercício físico para aquele aluno.

A frequência cardíaca e escalas de percepção de esforço são indicativos de

intensidade ou esforço físico.

Tempo é definida pelo tempo que a criança e o adolescente se

mantêm em atividade física. A duração do tempo varia de acordo com a

intensidade da atividade física (baixa, moderada ou alta), todavia a criança e

o adolescente devem ser encorajados a permanecerem em atividade física

pelo menos 60 minutos diários.

Tipo, é o exercício físico proposto com o objetivo de melhorar os

componentes da aptidão física relacionada à saúde, como cardiorrespiratório

(correr, caminhar, pedalar, nadar, remar), resistência de força e flexibilidade.

102

Capítulo 03

Avaliação Física em crianças e adolescente

Antes de começar o exercício físico é importante que o personal

trainer avalie os componentes da aptidão física, tendo em vista que a

manutenção dos índices cardiorrespiratórios, de força/resistência muscular,

flexibilidade e níveis adequados de gordura corporal estão relacionados ao

menor risco de desenvolver doenças hipocinéticas ou crônicas

degenerativas33.Por outro lado, um estilo de vida ativo e maior aptidão física

estão associados a menores riscos à saúde34,35.

Definições importantes quando se fala de avaliação física:

Anamnese é definida como a primeira fase de um processo onde o

profissional vai coletar dados que permita identificar eventuais problemas,

planejar e elaborar sua prescrição de exercício físico38.

A antropometria (anthropos = homem / metria = medida) é um

conjunto de técnica sistematizada que quantifica as dimensões corporais,

tendo pontos do corpo de referência e posicionamento específicos para cada

medida, sendo o peso e a estatura são medidas mais frequentemente

utilizadas em diversas populações5.

O peso corporalé a massa corporal total do indivíduo que é orientado

a subir na balança sem calçado e com o mínimo de roupa possível, já a

estatura é uma medida linear entre o chão e a crânio com o aluno em postura

ereta e sem calçado5.

Os diâmetros corporais e a circunferência dos membros também são

de suma importância na avaliação física principalmente para verificar simetria

O objetivo da avaliação é conhecer melhor seu aluno e poder

prescrever o exercício físico com maior qualidade e efetividade, no entanto,

é imprescindível que as medições sejam feitas por profissionais treinados e

qualificados38.

103

ou assimetria no avaliado, o diâmetro é a distância da extremidade de um

osso até a sua outra extremidade4.

As dobras cutâneaspodem ser medidas em várias partes do corpo

dependendo do protocolo que será utilizado, através da medição da

espessura da dobra com compasso científico será indicado o tecido adiposo

subcutâneo, ou seja, aquela gordura que está logo abaixo da pele e não

aquela gordura intramuscular. Em criança e adolescentes as dobras mais

utilizadas são: a tricipital, a subescapular, panturrilha medial, suprailíaca e a

abdominal4,5.

Outra forma de estimar a gordura corporal é envolvendo o Índice de

Massa Corporal (IMC) onde o peso corporal mais elevado representa maior

proporção de gordura corporal onde a medida do peso corporal mediante

controle da estatura é um indicador preliminar da quantidade de gordura

corporal5.

Protocolo de Guedes

Crianças e Adolescentes (7-18 anos)

2 Dobras cutâneas: Tríceps, subescapular

Rapazes Brancos= (S= somatória das D.C. Tríceps e Subescapular)

Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 1,7

Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,4

Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,5

Rapazes Negros= Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,5

Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,2

Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 6,8

Moças de qualquer raça e nível de maturidade = G% = 1,33 (S) - 0,013 (S)² - 6,8

Obs: Quando o (S) for maior que 35 mm, será utilizada uma única equação para

cada sexo, para qualquer raça e nível de maturidade:

Rapazes=G% = 0,783 (S)² +1,6

Moças =G% = 0,546 (S)² +9,7

104

Porém este método tem a limitação do mesmo peso corporal indicar

diferentes quantidades de gordura e massa magra, contudo a possibilidade de

erro é menor entre os avaliadores e quando acompanhado da Relação

Cintura/Estatura (RCE) minimiza a limitação5.

Onde RCE < 0,50 possibilidade de confundimento dos valores de

peso corporal em razão da maior massa muscular. RCE≥ 0,50 permite o uso

de IMC como indicador de gordura corporal5.

Testes Motores

Uma tarefa motora conduzida com objetivo de verificar uma

capacidade motora específica é conhecida como teste motor e sua

aplicabilidade é fácil por não exigir equipamento sofisticado e de alto custo25.

Os testes motores são divididos em aptidão física relacionada à saúde ou

relacionado ao desempenho atlético.

IMC =Peso Corporal (kg)

Estatura (m2)

RCE =

RCE = Circunferência de Cintura (cm)

Estatura (cm)

IMC =Peso Corporal (kg)

Estatura (m2)

Testes motores associados à aptidão física relacionada à saúde (Resistência

cardiorrespiratória, resistência muscular/força e flexibilidade.

Testes motores associados a aptidão física relacionado ao desempenho atlético

( Velocidade, potência, agilidade e coordenação).

105

Estes testes tem uma aplicabilidade prática quando o avaliado é

comparado com ele mesmo em diferentes momentos e utilizado pelo personal

trainer de uma maneira motivadora para o andamento do programa de

exercício físico.

Fitnessgram, proposta por Cooper Institute for AerobicsResearch (2007)é uma

das baterias de testes mais utilizadas.

SENTAR E ALÇANCAR ALTERNADO

- Iniciar com as duas mãos à frente;

- Alternadamente com uma e outra perna

flexionada, deixando a outra perna estendida;

- Manter o alongamento máximo durante pelo

menos um segundo.;

- Alcançando ou ultrapassando a maior distância

(pode realizar até 4 tentativas).

ABDOMINAL ADAPTADO

- Maior número de repetições até 75;

- Partir da posição de deitado dorsal, membros

superiores junto ao corpo e os membros

inferiores flexionados 140o com os pés totalmente apoiados no chão;

- Atingir ou ultrapassar o nível de pré-

estabelecido.

ELEVAÇÃO DE TRONCO

- Deitado em decúbito ventral;

- Pés em extensão e as mãos debaixo das coxas;

- Elevar a parte superior do corpo 30 centímetors do chão e manter essa posição até

efetuar a medição;

- Duas tentativas;

- Manter o olhar no ponto onde inicialmente

estava o nariz no colchão.

106

FLEXÃO DE COTOVELO

-Maior número de extensões/flexões rápidas e

completa de braços (90o);

- Ritmo de uma flexão a cada três segundos;

- Início na posição decúbito ventral.

CORRIDA VAI E VEM

- Distância de 20M;

- Aumentar o ritmo da passada em cada minuto;

- Atingir ou ultrapassar o número de percursos

de referência.

107

QUADRO 2

108

Fonte: Adaptado de Cooper Institute for AerobicsResearch (2007).

Os valores estabelecidos na bateria de testes do fitnessgram são

divididos de acordo com a faixa etária, que varia entre oscinco anos até

maiores de 17 anos e separado por teste, assim o avaliador pode elaborar

sua avaliação de acordo com a necessidade do seu aluno.

QUADRO 2

109

Capítulo 04

Composição Corporal

A composição corporal é um componente da aptidão física

fundamental para indicar o estado de saúde, haja vista que o excesso de

gordura corporal caracteriza a obesidade, e está relacionada a doenças como

hipertensão, osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças

coronarianas, câncer e problemas psicológicos43.

Com base nesses dados, existem indicações de que a atividade física

pode melhorar a capacidade funcional além de corroborar na manutenção ou

diminuição do peso corporal e uma maior aptidão física aeróbia apresenta

relação inversa com a adiposidade corporal43.

Vale ressaltar que a inatividade física é um dos principais fatores

que contribui para a obesidade infantil, tendo em vista que as crianças se

alimentam de forma muito semelhante com as crianças que se alimentavam a

25 anos atrás4, no entanto, na atualidade uma criança chega a permanecer

sentada em frente a algum tipo de tela por mais de 7,5 horas/dia (Tv, tablet,

celular) e isso acontecendo cada vez mais cedo, corroborando para um

comportamento negativo quando relacionado com a saúde 17.

A criança e o adolescente com sobrepeso ou obesidade podem

parecer relativamente com saúde na infância, entretanto, pode enfrentar

Composição corporal é o

fracionamento do peso corporal

em seus diferentes segmentos,

como músculos, ossos,

gorduras, água entre outros5.

110

complicações médicas na idade adulta, ou seja, uma criança aparentemente

sadia com excesso de peso pode na idade adulta apresentar um maior risco

de desenvolver doenças coronariana, comprometimento respiratório,

diabetes, problemas ortopédicos, doenças da vesícula biliar e até mesmo

alguns tipos de câncer17.Além disso a obesidade na infância tende a

aumentar o número de células adiposas, gerando uma predisposição para um

subsequente excesso de massa gorda5.

Em contra partida a atividade física pode apresentar importantes

modificações na composição corporal, tanto na gordura como na massa

magra, sendo uma variável importante para manutenção e regulação do peso

corporal5.

Quando o esforço físico é programado e sistematizado tende a induzir

um aumento da massa magra e diminuir a gordura corporal, contudo esta

magnitude deverá alterar de acordo com a intensidade e a duração do

exercício físico5.

A área da composição corporal tem a função de quantificar o peso

corporal através de vários métodos que estimam a composição corporal5,

existem métodos direto, procedimentos laboratoriais e procedimentos

clínicos39.Abaixo segue a tabela 1 com alguns métodos utilizados, nas

avaliações físicas do Profissional de Educação Física o método de

antropometria e a impedância bioelétrica são os mais utilizados.

TABELA 1: Métodos para estimar a composição corporal.

Antropometria Estima a gordura subcutânea.

Radiografia Estima gordura, músculo e osso.

Impedância bioelétrica Estimativa da massa livre de gordura pela qual os tecidos

magros conduzem eletricidade melhor que a gordura.

Absortometria radiológica de dupla

energia – DEXA

Estimativa de mineral ósseo e dos tecidos magro e gordo.

Pesagem subaquática Estimativa do volume e densidade do corpo.

Contudo a maioria desses métodos foi baseada em adultos e em

jovens adultos e sua aplicabilidade em criança e adolescente fornece uma

111

estimativa de massa livre de gordura ou massa gorda que pode subestimar ou

superestimar seus resultados.

Vale salientar que o estudo da composição corporal realizado na

criança e no adolescente tende a produzir informações que possam auxiliar

na identificação o mais precocemente possível, e possibilitar a oportunidade

de modificar o comportamento de hábitos saudáveis e ativos5.

Além disso, o programa de exercício físico na promoção da saúde

além de ser bem planejado e estruturado, deve direcionar informações sobre

a necessidade de hábitos saudáveis para melhorar índices

cardiorrespiratórios, de resistência muscular, flexibilidade e níveis adequados

de gordura corporal para assim minimizar a chance de desenvolver doenças

hipocinéticas5,43.

Capítulo 05

Programa de Exercício Resistido

Os receios de que o exercício resistido pode

lesionar a cartilagem de crescimento da criança e do adolescente não têm

suporte em evidências científicas, na verdade, estudos recentes parecem ter

chegado a um consenso sobre os benefícios do exercício resistido na criança

e no adolescente, além dos benefícios para o crescimento saudável dos

músculos e ossos, apresenta também melhoras em crianças com vários tipos

de doenças, melhora de habilidades motoras e no desempenho esportivo, ou

seja, o exercício resistido na infância corrobora na proteção de lesões,

estimula a construção óssea, melhora a coordenação motora, proporciona o

aumento da ativação das unidades motoras e como parte de um programa

sistematizado de exercício físico pode oferecer benefícios para a saúde da

criança e do adolescente a curto, médio e longo prazo15.

112

Por volta das décadas de 1960 e 1970, médicos pediátricos, estudiosos em exercício

físico em jovens, acreditavam que crianças pré púberes não podia fazer exercício de

força pois essa população não possuía os hormônios circulatórios pré requisitados,

além de acreditar que o estresse gerado pelo exercício poderia interromper o

crescimento. Desde então, essa ideia vem sendo substituída por estudos científicos que

apontam que a infância é o momento oportuno para o processo de modelamento e

remodelamento dos ossos para aumentar a massa óssea e melhorar sua

estrutura28,29,37.

Estas evidências subsidiam a participação regular de exercício resistido na

criança e no adolescente e mostra adaptações positivas e melhoria na saúde

como aumento da densidade mineral óssea, redução risco de lesões em

esporte, redução gordura corporal, melhora da sensibilidade à insulina em

adolescentes que estão excesso de peso e melhora da função cardíaca em

crianças obesas além prevenir uma possível osteoporose na idade adulta

27,28,29,30 com a ressalva de está acompanhado por um Profissional de Educação

Física qualificado, preparado e coerente com os objetivos, habilidades e

necessidades dos jovens.

O exercício resistido parece melhorar a força através dos

componentes coordenativos e de ativação neuromuscular, ajudando na

proteção do aparelho locomotor45. Com isso apresentando benefícios como

correção e prevenção da postura corporal, padrão de movimento eficaz e

seguro.

Os achados demonstram resultados parecido com os adultos, para

eficácia do exercício de força parece depender de variáveis como intensidade,

volume, duração e apresentam melhoras como37,46,47,48:

113

- Melhora na força muscular e resistência;

- Melhora densidade mineral óssea;

- Melhoras habilidades motora;

- Melhora aspectos psicológicos;

- Desenvolvem padrões de movimento seguro e adequado;

- Ajuda na manutenção do peso corporal;

- Reabilita doenças como osteopenia e fibrose cística, tanto na

criança como no adulto.

O exercício resistido progressivo supervisionado pode oferecer um

método seguro e eficaz para reverter esta situação indesejável, tendo em

vista que diferentemente de outras atividades física que tem predominância

aeróbia e tarefas motoras mais complexas que causa desconforto em

consequência desestimula sua prática para crianças obesas o exercício

resistido tem demostrado um aliado nesse processo melhorando a

composição corporal principalmente nas alterações musculares que possibilita

uma vida mais ativa e com maior consumo de energia28,29.

Os estudos científicos acima citados verificaram redução

massa corporal, diminuição das circunferências em jovens

obesos sem comprometimento no seu crescimento e

maturação.Contudo diferente do adulto o aumento de força na

criança e no adolescente parece não ser por hipertrofia

muscular e sim por melhoria na unidade de recrutamento

motor e ativação muscular, ou seja, pelo desenvolvimento da

aprendizagem neural e quando relacionado com o sexo só é

evidente na adolescência quando os meninos superam as

meninas no crescimento muscular, principalmente pelo

aumento das concentrações hormonais incluindo testosterona

e hormônios de crescimento29.

114

A escolha do exercício pelo profissional dependerá da capacidade

técnica do jovem e da disponibilidade do equipamento, sempre iniciando do

modo mais simples para o mais complexo.

A maior preocupação do exercício resistido no jovem é a lesão na

placa epifisária que se localiza nas extremidades dos ossos e controla o

crescimento e esse risco é bem diminuído quando a prescrição é realizada de

forma correta, sua progressão gradual e com exercícios e suas variáveis

controladas para cada faixa etária49.

A prescrição de exercício resistido para criança mostra grande

variabilidade, porém tende a seguir geralmente a prescrição do adulto, com

menor carga e mais repetições. A técnica e o padrão de movimento devem

ser muito mais assegurado nesta população pelo persona50.

A tabela abaixo apresenta tipos de prescrição de exercício para

crianças com o objetivo de melhorar a força e resistência muscular50.

77% das lesões relacionada com o

exercício resistido foram acidentais e

ocorreram quando o jovem realizou

sozinho ou acompanhado por

indivíduos sem formação ou com

formação inapropriada.

115

Prescrição exercício resistido para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e

Progressão

Considerações In

icia

nte

Use o peso

corporal, exercício para

grande grupos musculares

- Abdominais

- Flexões

-Faixas elásticas

Leve ou

muito leve <40 % do

esforço máximo

2 ou 3

vezes por semana

1 ou 2

series

6 a 12 repetições

Nessa fase a

sobrecarga e a progressão não

é tão essencial depende muito

do interesse da

criança.

Objetivo principal

é introduzir a execução correta

dos movimentos.

Inte

rmed

iári

o

Resistência

muscular em aparelhos de

academias como

legpress, flexora, voador e

etc.

Leve a

moderado. 50% do

esforço

máximo.

3 a 4 vezes

por semana.

Alternando

os segmentos

1 a 3

series 6 a 15

repetições

Nessa fase

pode introduzir 1 a 2

componentes

de sobrecarga. 1 a 2 vezes por

semana

A criança tem

que conseguir fazer todo o

movimento

proposto com eficiência no

padrão de movimento

Dese

mpe

nho

Atlé

tico

Exercício

avançado de 1 ou

mais

articulações,

específico para

o esporte

desejado.

Varia

dependendo

do esporte,

mas < 70%

do esforço

máximo

4 a 5 vezes

por

semana.

3 a 5

series

5 a 20

repetições

Nessa fase

pode introduzir

1 a 3

componentes

de sobrecarga.

2 a 3 vezes por

semana

variando a intensidade e a

duração

A criança tem

que conseguir

fazer todo o

movimento

proposto com

eficiência no

padrão de

movimento

Fonte: ClinicalExercisePhysiology, 2013.

Para Ruas (2014)o programa de exercício resistido na criança e no

adolescente devem começar com um aquecimento de cinco a 10

minutoscom o objetivo de preparar a função neuromuscular e pode ser uma

atividade lúdica ou movimentações básicas de forma dinâmica com

deslocamento28.

A parte principal pode incluir exercício calistênico, aparelhos de

musculação, halteres, barras, fita elástica, banco pliométricos além das

mediciniballs, sempre iniciando de exercício básico para complexos,

exercitando os principais grupos musculares durante cada sessão com

múltiplos exercícios. Iniciantes deve realizar uma a duas séries com

intensidade baixa a moderada de uma a três repetições com feed back a cada

116

repetição para garantir movimento correto e seguro e progredir com as

sessões seis a 12 repetições esse processo auxilia o jovem no

desenvolvimento do controle motor e com o passar do tempo o professor

pode diminuir o intervalo e aumentar a carga externa desde que seja mantido

a qualidade de movimento.

Seu intervalode descando pode variar de acordo com o volume e

intensidade do esforço, porém como a criança e o adolescente são

rapidamente induzido a fadiga no exercício resistido e com isso sofre menos

danosmusculares devido a maior flexibilidade um minuto de intervalo é

suficiente mais pode variar dois a três minutos.

Sua frequência deve ser de duas a três vezes semanais em dias

intercalados e pode ser aumentando à medida que se aproxima da idade

adulta28,29. A sessão finaliza com um período de cinco a 10 minutos com a

retorno da frequência cardíaca de repouso e diminuição da temperatura

corporal, um alongamento estático é interessante acompanhando de um

feedback do objetivo da aula28.Essas informação corrobora com os achados

de malina onde ele apresenta que exercício resistido duas a três vezes por

semana aumenta a força na criança e no adolescente, com maior evidência

em meninos mais velho48.

Por fim, o mito que o exercício resistido oferece risco de lesões e

pode comprometer o crescimento de crianças e adolescentes não é evidente

na literatura, pelo contrário com o monitoramento responsável, constante e

atento, os riscos do exercício resistido na criança e no adolescente são quase

inexistentes, porém quando mal elaborado e ou supervisionado, pode trazer

riscos como qualquer outra atividade ou esporte.

Independente da idade cronológica a criança deve sempre iniciar o

exercício resistido do simples para o complexo, priorizando a técnica correta,

além de ser considerado o nível de treinamento, habilidade motora e nível de

força do participante.

O exercício deve ser periodizado, controlando os princípios de

sobrecarga, especificidade e progressão. Seu implemento pode variar do

peso corporal, aparelho de musculação, halteres, bolas, barras, kettlebell

entre outros, porém sempre com bom senso.

117

Os benefícios conforme apontado acima é o aumento da força,

melhora da coordenação motora, prevenção de lesões em esportes, redução

fatores de risco cardiovascular além possibilitar o hábito e a manutenção do

exercício por toda a vida. Para usufruir desse benefício além do exercício e da

recuperação é importante também uma boa alimentação, hidratação e boa

noite de sono.

Capítulo 06

Programa de Exercício Cardiorrespiratório

A maioria das crianças e dos adolescentes não atingem a

recomendação de atividade física diária, todavia, devem ser incentivados a

participar de atividade física e exercício físico pelo menos 60 minutos diários

para garantir os benefícios do condicionamento físico relacionado à

saúde31,44.

O Colégio Americano (ACSM) recomenda que seja realizado 60

minuto de exercício cardiorrespiratório diariamente com intensidade em sua

maior parte moderada a vigorosa, ou seja, um aumento considerável na

frequência cardíaca e na respiração. Os exercícios físicos de preferência

devem ser agradáveis para o participante e adequado para sua faixa etária,

para assim ter uma aderência e continuidade do exercício físico31,44.

Ainda assim, a inatividade física e a má condição cardiorrespiratória

estão associados a fatores de risco para doenças cardiovasculares e quando

falamos em exercício cardiorrespiratório na infância, precisamos considerar

alguns pontos importantes, primeiro que a criança e o adolescente não são e

não devem ser considerados um mini adulto, eles são fisiologicamente

diferente do adulto, por isso, é preciso entender de que forma as crianças e

os adolescentes respondem ao exercício físico e compreender os aspectos

fisiológicos envolvidos em cada situação, pois à medida que eles crescem e

se desenvolvem existem alterações na função cardiovascular e na função

pulmonar8,21.

A criança exibe um coração menor e um volume sanguíneo total

menor, tanto em repouso como no exercício, resultando num menor volume

sistólico, para compensar parcialmente essa diferença, a resposta da

118

frequência cardíaca (FC) em exercício em que a necessidade de oxigênio é a

mesma é maior na criança para o mesmo trabalho submáximo quando

comparado com o adulto. Todavia, com o aumento do tamanho corporal

também aumenta o tamanho do coração e o volume sanguíneo e

consequentemente a diminuição da frequência cardíaca até valores de adulto,

vale salientar que a FC submáxima elevada na infância não consegue

compensar totalmente o volume sistólico mais baixo8.

A frequência cardíaca máxima (FCmax) é maior na criança e no adolescente e

diminui linearmente com a idade, sendo próximo dos 210 bpm na idade de 10 anos e

por volta de 195 bpm por volta dos 20 anos, após essa idade estudos aponta uma

diminuição na FCmax de 0.5 a 1 bpm por ano8.

O colégio americano (ACSM) recomenda a prática de exercício

cardiorrespiratório preferencialmente caminhada, corrida, ciclismo, natação,

ou seja, exercícios físicos que envolvem grandes grupos musculares com

intensidade de 60 a 90% FC reserva ou 50 a 85% do VO2maxpara aptidão

cardiorrespiratória e de 40 a 60% da FC reserva para o controle de peso

corporal31, 44.

A duração de 15 a 60 minutos de maneira continua para aptidão

cardiorrespiratória e de 30 a 60 minutos continuo para o controle do

peso corporal31,44.

A frequência de 3 a 5 vezes por semana em dias alternados

quando possível31,44.

Ehrman e colaboradores (2013) apresentam na tabela abaixo as

recomendações de prescrição de exercício cardiorrespiratório para crianças e

adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético,

abordando diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do

adolescente37.

119

Prescrição exercício aeróbio para criança

Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e

Progressão

Considerações

Inic

iant

e

Andar;

Correr; Nadar;

Pedalar; Jogos;

50 a 60%

frequência máxima

Moderada

Escala de Borg 4 a 5 e

OMMI2 a 5.

3 vezes

por semana

30

minutos

Estimular as

crianças a se movimentarem, sem

necessariamente colocar carga

Criar um estivo de

vida ativo e com atividades que

envolvam os participantes

Inte

rmed

iári

o

Jogos;

Corrida;

Ciclismo

Esporte;

60 a 75%

frequência

máxima

Vigorosa

Escala de Borg 6 a 9 e

OMMI6 a 9.

3 a 5 por

semana

40 a 60

minutos

Iniciar com pequenas

cargas ou sem carga

e progredir

aumento o tempo ou

diminuindo o período

de descanso

Está atento aos

excessos de

exercício

Dese

mpe

nho

Atlé

tico

Programa

similar ao

adulto

65 a 90%

frequência

máxima

Vigorosa

Escala de

Borg 6 a 9 e OMMI6 a 9.

5 a 6 por

semana

60 a 120

minutos

Estruturar o

programa de

exercício variando a

intensidade e a

duração

Está atento aos

excessos de

exercício

O autor ainda sugere que ao elaborar um programa de exercício físico

para jovens o profissional deve levar em consideração alguns pontos

importantes37.

A criança e o adolescente devem ser incentivados a estarem fisicamente ativo

diariamente ou na maioria dos dias, com atividades físicas, jogos, brincadeiras,

esportes, recreação, exercício físico planejado, no contexto familiar, escolar e

sobre a orientação de um Profissional de Educação Física na prescrição do

exercício físico.

120

Para melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, uma frequência

cardíaca de 60% da Fcmax ou um pouco a mais, em um exercício físico

moderado a vigoroso com atividade que envolvam grande grupos musculares

é suficientes2,3,5.

A maioria dos métodos para verificar zona de exercício físico aeróbio

ideal para criança e adolescente requer uma estimativa da Fcmax, alguns

autores utilizam formula para adultos, ex: 220-idade para estimar Fcmax na

criança, porém Rowland (2008) afirma que a Fcmaxpermanece constante ao

longo dos anos na criança, portanto as formulas utilizadas pelo adulto pode

não ser o ideal para a idade jovem, pois ela depende da idade.

Corroborando com essa população Machado e Denadei (2011)

sugeriram a fórmula para verificar a Fcmax menos dependente da idade,

FCmax= 208 - (7 x idade) em anos ao invés da equação 220 – idade pois essa

superestimou na média os valores da FCmáx, no entanto a equação 208 - (7

x idade) apresentou resultados bastante próximos da FCmáx independente da

Independentemente da idade, a intensidade do exercício e o grau de dificuldade

deve começar leve, fácil e progredir gradualmente.

O tipo, intensidade e duração do exercício, deve ser baseado no estado

maturacional da criança e na experiência previa dela no exercício proposto,

sempre buscando eficiência no padrão de movimento.

Escala de percepção de esforço é mais utilizada em criança (escala Borg e Omni),

devido a dificuldade de monitorar a FC. da criança, no capítulo avaliação são

apresentado as escalas de percepção de esforço.

121

idade. Contudo essa formula também foi desenvolvida a partir de adultos e

necessita de mais estudos em crianças52.

Por fim, é importante que a criança tenha uma vida ativa com

atividade física de pelo menos 60 minutos diário, não fique mais de 60

minutos sentado ou deitado continuamente, exceto quando estiver dormindo

além do exercício físico planejado, estruturado e acompanhando por um

profissional capacitado e qualificado.

Capítulo 07

Programa de Exercício Flexibilidade

A flexibilidade é definida como a máxima amplitude de um movimento

total e esta relacionada a uma série de variáveis como distensibilidadeda

cápsula articular, viscosidade muscular e aquecimento adequado37.

As crianças menores possuem músculos, ligamentos e tendões

flexíveis com isso, a capacidade física flexibilidade acaba não sendo

prioridade, todavia deve ser estimulado a fazer alongamento diariamente. A

exceção são os praticantes de ginástica e dança, onde a flexibilidade é

necessária nestas modalidades31,37.

Porém, o exercício de flexibilidade é recomendado para todas as

idades, pois evidencias cientificas aponta um declínio na flexibilidade com o

passar dos anos, iniciandonos meninos a partir dos 10 anos e nas meninas a

partir dos 12 anos37.

A flexibilidade consiste na habilidade de mover as articulações de

modo irrestrito e em toda a amplitude de movimento17. Com exercícios de

flexibilidade observa-se um aumento no fluxo sanguíneo nos músculos ativos,

aumento na temperatura do músculo, consequentemente aumentando a

produção de hemoglobina e oxigênio no músculo ativo, além de aumentar a

interação dos filamentos de actina e de miosina do músculo, aumentando a

velocidade e a força da contração muscular37,44.

Os exercícios de flexibilidade alongam também a fáscia, (Tecido

conjuntivo que envolve o músculo), sustentando e estabilizando os músculos,

órgãos e tecidos corporais44.

122

O melhor momento para melhorar os níveis de flexibilidade é depois

de uma atividade de aquecimento contínua com duração de pelo menos de 15

minutos, pois assim os músculos estão aquecidos17.

É importante destacar que o nível da flexibilidade é especifica de cada

articulação, ou seja, uma criança pode apresentar flexibilidade na região dos

isquiotibiais (posterior de coxa) e não apresentar o mesmo grau de

flexibilidade na região do ombro, por isso na elaboração da prescrição do

exercício de flexibilidade deve conter exercícios que contemple as

articulações17, haja vista que exercícios de flexibilidade promovem diversos

benefícios, tais como17:

Aumento da amplitude do movimento;

Prevenção de lesões musculares;

Diminuição da sensação dolorida nos

músculos;

Manutenção da postura correta;

Redução do estresse sobre as articulações;

Melhora do desempenho na movimentação.

Os benefícios apresentados justificam a necessidade de incorporar no

programa de exercício físico na promoção da saúde da criança e do

adolescente, os exercícios de flexibilidade.

Ainda não existe nenhum teste de flexibilidade que avalie a

flexibilidade corporal total, alguns aparelhoscomo o goniômetro,

eletrogoniômetro, flexômetro de Leighton, inclinômetros e medidas com fitas

são teste que avaliam a flexibilidade da maioria das articulações31.

Segundo Virgilio (2015) as duas técnicas mais utilizadas para

melhorar a flexibilidade são os exercícios de alongamento balístico e os

exercícios de alongamento estáticos. O autor orienta que antes do início dos

exercícios de alongamento é necessário que ocorra o aquecimento dos

músculos realizando alguma atividade ou exercício físico que envolva grandes

123

grupos musculares como, por exemplo. Uma atividade lúdica como o pega

pega, caminhada ou corrida leve.

O alongamento estático é quando a

criança executa o movimento de um

determinado grupo muscular de forma

lenta e estável até atingir uma rigideze

permanece nesta posição por um

período de 10 a 30 segundos17.

Diferente do alongamento estático que é

mais seguro, o alongamento balístico

incorpora movimentos de elasticidade e

contração para alongar os músculos,

esses exercícios são mais utilizados

antes de atividade esportivas como

movimentos lentos e controlados em

torno da articulação17.

Ehrman e colaboradores (2013), apresentam na tabela abaixo as

recomendações de prescrição de exercício de flexibilidade para crianças e

adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético,

abordando diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do

adolescente37.

Prescrição exercício de flexibilidade para criança

Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e

Progressão

Considerações

Inic

iant

e

Exercícios

estático

para os

principais

grupos musculares

Intensidade

leve com

leve

desconforto

muscular

Antes ou

depois de

cada

atividade ou

sessão de exercício

físico ou

três vezes

por semana

10 a 15

segundos,

2 vezes

cada

exercício

Não é

necessário a

sobrecarga.

Comece fácil em

alongamento

com a mínima

resistência aplicada.

O objetivo é fazer

com que as crianças

tenham o hábito de

se alongar.

Aquecer a criança

antes de começar

os exercícios

específicos.

Alongamento estático

Alongamento balístico

124

Inte

rmed

iári

o

Exercício estático e

introdução

de exercício dinâmico

Intensidade leve com

leve

desconforto muscular

Antes ou depois de

cada

atividade ou sessão de exercício

físico ou

três vezes por semana

10 a 15 segundos,

3 vezes

cada exercício

Não é necessário a

sobrecarga.

Iniciar com movimentos

dinâmicos multiarticular e

progredir para movimentos

específicos.

Introduzir os exercícios de

alogamentodinâmico

Alongue os principais músculos

primeiro e depois os

menores.

Dese

mpe

nho

Atlé

tico

Pode

utilizar

estático,

dinâmico e o balístico

e

exercícios

específicos

do esporte

praticado.

Intensidade

leve com

leve

desconforto muscular,

ideal para

participação

no esporte

desejado.

Antes ou

depois de

cada

atividade ou sessão de

treinamento

ou três

vezes por

semana

O

treinador

qualificado

pode escolher

os

exercicios

estáticos,

dinâmicos

ou

balísticos.

Não é

necessário

sobrecarga.

Iniciar com

movimentos

dinâmicos multiarticular e

progredir para movimentos

específicos do

esporte

desejado.

A progressão pode

incluir alongamento

moderado e

proprioceptivo de facilitação

neuromuscular.

Por fim vale salientar que a flexibilidade é reduzida com a inatividade

física e com a idade, por isso é importante que o programa de exercício físico

da criança e do adolescente incorpore estes exercícios, pois se a criança tiver

o hábito de realizar os exercícios de flexibilidade nos seus treinos a

possibilidade da manutenção da mesma na idade adulta é maior certamente.

CONCLUSÃO

A criança e o adolescente devem se encorajados a se manterem

ativos diariamente com pelo menos 60 minutos de atividade física, evolvendo

em suas atividades os exercícios de resistência muscular, exercício

cardiorrespiratório e exercício de flexibilidade.

Haja vista, que a atividade física regular traz alterações positivas nas

concentrações de hormônios e metabolitos que influenciam o crescimento,

desenvolvimento e a maturação durante a puberdade, promovendo o

desenvolvimento dos sistemas musculares, esqueléticos e melhora do

125

sistema cardiorrespiratório, além de reduzir a probabilidade de obesidade e

sensibilidade a insulina.

Além disso, o mito que o exercício resistido oferece risco de lesões e

pode comprometer o crescimento de crianças e adolescentes nãoé evidente

na literatura, pelo contrário com o monitoramento responsável, constante e

atento, os riscos do exercício resistido são quase inexistentes, porém quando

mal elaborado e ou supervisionado pode trazer riscos como qualquer outra

atividade ou esporte.

Pelo contrário o exercício resistido parece melhorar a força através

dos componentes coordenativos e da ativação neuromuscular, ajudando na

proteção do aparelho locomotor, apresentando benefícios como correção e

prevenção da postura corporal e padrão de movimento eficaz e seguro.

Os benefícios da prática do exercício físico na infância são inúmeros,

talvez o mais importante seja o fato que criança e adolescente ativo tende a

ser um adulto ativo, além disso, o exercício físico planejado e estruturado

diminui o risco de lesões em esporte, melhora a força, reduz o risco de

doenças cardiovasculares, melhora o sistema cardiorrespiratório emelhora a

coordenação motora.

Vale salientar que a atividade física tem um papel importante para a

manutenção do peso corporal por toda a vida, evitando a obesidade e a

doenças relacionadas, por isso é importante na elaboração dos exercícios

físicos da criança e do adolescente que as atividades sejam adaptadas as

necessidades de cada aluno para que assim ele consiga manter a prática e

não seja desestimulado e parar.

Uma estratégia interessante é elaborar junto com o aluno metas

pessoais de aptidão física relacionada a saúde durante um período e após o

término do período reavaliar e elaborar uma nova meta.

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