Londrina 2018
CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde
EVANDRO PIRES CARDIAS
PERSONAL KIDS E TEEN NO CONTEXTO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE
Londrina 2018
CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde
EVANDRO PIRES CARDIAS
PERSONAL KIDS E TEEN NO CONTEXTO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE
Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde.
Orientador: Profª. Dra. Márcia Regina Aversani
Lourenço
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Pitágoras Unopar
Biblioteca CCBS/CCECA PIZA
Setor de Tratamento da Informação
Cardias, Evandro Pires
C267pPersonal kidseteenno contexto da promoção da saúde. / Evandro PiresCardias.
Londrina: [s.n], 2018.
85 f.
Relatório técnico (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde).
Universidade Pitágoras Unopar.
Orientadora: Profa.Dra.Márcia Regina Aversani Lourenço.
1- Exercício físico - Guia técnico- Relatório técnico de conclusão do mestrado - UNOPAR 2-
Promoção da saúde - Criança e adolescente 3- Força4- Flexibilidade5-
CardiorrespiratórioI-Lourenço, Márcia Regina Aversani;orient. II- Universidade
Pitágoras Unopar.
CDD 613.7 Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643
Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, conferido e aprovado pela Banca Examinadora:
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Profa. Drª. Márcia Regina Aversani Lourenço
Orientadora Universidade Norte do Paraná
____________________________________ Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera
Componente da Banca Universidade Norte do Paraná
____________________________________ Prof. Dr. Arli Ramos de Oliveira
Componente da Banca (Membro Externo)
____________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Coordenador do Curso
Londrina, 07 de fevereiro de 2018.
DEDICATORIA
Dedico este trabalho à minha família, em
especial minha esposa, meus pais e meus
filhos que estiveram presentes em todos
os momentos deste processo de formação
acadêmica.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família que é, sempre será meu porto seguro,
meu maior tesouro, me ajuda, orienta e me acompanha nos momentos alegres e
triste com força, garra e união.
Agradeço em especial a minha esposa e meu filhos que sempre
estiveram ao meu lado, me incentivando, acreditando e dando todo o suporte para a
busca de novas conquistas. Enfim, pela nossa união de sempre, ainda mais neste
momento onde fiquei ausente em vários momentos para concluir meu sonho.
Agradeço meus pais também que me ajudaram em todos os
momentos com muito respeito, carinho e muito amor. São meus espelhos na
profissão e na vida. Obrigado por tudo.
A minha orientadora Profa. Márcia R. Aversani Lourenço, pela
orientação e auxílio em todas as fases deste processo. Por todo carinho e dedicação
à mim dispendidos, por compartilhar de uma forma tão natural seus conhecimentos e
experiências contribuindo muito para a minha formação acadêmica, meu muito
obrigado.
Ao meu coorientador Prof. Cosme Franklim Buzzachera que permitiu
minha participação no seu grupo de estudo e contribuiu com minha formação com
todo carinho e dedicação, meu muito obrigado.
Aos professores do curso de Pós-graduação em Exercício Físico na
Promoção da Saúde que não mediram esforços para transmitir todos os seus
conhecimentos.
Agradeço a meu mestre de vida Ikeda Sensei por ser o meu alicerce
com suas orientações e ensinamentos.
E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma
contribuíram para a obtenção deste título em minha formação profissional.
CARDIAS, Evandro. Personal kids e Teen no contexto da Promoção da Saúde.
p. 86. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2018.
RESUMO
Atualmente, sabe-se que o exercício físico na infância promove o desenvolvimento de habilidades motoras básicas e a melhora na aptidão física, contribuindo ainda, de modo particular, na manutenção da saúde do jovem. Neste contexto insere-se o presente relatório, que preconiza elaborar um Guia Técnico para profissionais da Educação Física que atuam na prescrição, orientação, e monitoramento do exercício físico, e profissionais atuantes na área da saúde pediátrica. O presente Guia Técnico intitulado Personal Kids & Teen no Contexto da Promoção da Saúde propõe novos conceitos na elaboração de programas de exercício físico para a manutenção dos diversos componentes da aptidão física relacionados à saúde na criança, incluindo força muscular, resistência cardiorrespiratória, composição corporal, flexibilidade, entre outros. Basicamente, dividiu-se a elaboração do material em etapas distintas: revisão de literatura; elaboração escrita do manual; e o design gráfico do manual. A estrutura do material divide-se em: capítulo 1 - conceitos fundamentais na infância e na adolescência; capítulo 2 - conceitos fudamentais sobre prescrição de exercício físico; capítulo 3 - tipos de avaliação física em crianças e adolescentes; capítulo 4 - composição corporal na criança e no adolescente; capítulo 5 - programa de exercício resistido; capítulo 6 - programa de exercício cardiorrespiratório; capítulo 7 - programa de exercício de flexibilidade. A segunda seção corresponde à produção científica, intitulada: Psychophysiological responses to exercise in children: The role of perceived autonomy, com submissão do manuscrito ao periódico Perceptual & Motor Skills. Palavras-chave: Exercício físico, força, flexibilidade, cardiorrespiratório, criança e
adolescente.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2. REVISÃO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................... 15
2.1. Conceitos fundamentas na infância e na adolescência ...................................... 15
2.2. Conceitos fundamentais sobre prescrição de exercício físico ............................ 20
2.3. Avaliação física na criança e no adolescente ..................................................... 24
2.4. Composição Corporal ........................................................................................ 31
2.5. Programa de exercício Resistido ....................................................................... 34
2.6. Programa de exercício Cardiorrespiratório ........................................................ 42
2.7. Programa de exercício de Flexibilidade ............................................................. 46
3. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 48
3.1. Primeira Etapa .................................................................................................... 48
3.2. Segunda Etapa ................................................................................................... 48
3.3. Terceira Etapa .................................................................................................... 49
4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS..........................................................................................................53
APÊNDICE A – Trabalhos Apresentados em Eventos Científicos............................58
APÊNDICE B – Artigo Científico................................................................................64
ANEXO A – Termo de Consetimento Livre e esclarecido .........................................84
12
1. INTRODUÇÃO
O exercício físico na infância visando a promoção da saúde facilita o
desenvolvimento de habilidades básicas, melhora as capacidades físicas envolvidas,
além de contibuir na manutenção da saúde. A temática contextualizada envolve os
procedimentos para desenvolvimento e acompanhamento de exercício físico na
promoção da saúde para criança e adolescente organizado de forma sistemática
com conteúdos atualizados que relaciona criança e adolescente com o exercício
físico, além de delinear e descrever as recomendações de exercício físico para essa
população.
Com o título “Personal Kids e Teen no Contexto da Promoção da
Saúde” o manual tem como proposta apresentar os conceitos e definições
fundamentais da infância e da adolescência e organizar as evidências científicas
atuais e relevantes sobre prescrição de exercício físico para crianças e
adolescentes.
O manual está organizado em sete capítulos da seguinte forma:
1. Conceitos fundamentais na infância e adolescência;
2. Conceitos fundamentais na prescrição de exercício físico;
3. Avaliação física em crianças e adolescentes;
4. Composição corporal;
5. Programa de exercício resistido;
6. Programa de exercício cardiorrespiratório;
7. Programa de exercício de flexibilidade.
O número de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade
em nível mundial vem apresentando um significativo aumento. Dados apresentados
no relatório da comissão pelo fim da obesidade infantil da Organização Mundial da
Saúde (OMS) produzido em fevereiro de 2016, apontou uma tendência de
crescimento do sobrepeso e obesidade em cerca de 42 milhões de crianças
menores de 5 anos. Cabe ressaltar alguns importantes fatores que ajudam a
construir esse quadro tais como ambiente, globalização, urbanização, além de
hábitos alimentares e inatividade física. O Brasil acompanha a tendência mundial de
aumento de sobrepeso e obesidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) avaliou em 2015 três milhões de escolares, resultando em uma média de
23,7% na prevalência de sobrepeso em meninos e meninas, enquanto que a
13
obesidade acometeu 8,3% dos meninos e 7,3% das meninas. Por outro lado, manter
um estilo de vida ativo ajuda a diminuir essa condição e retarda o desenvolvimento
de doenças crônicas não transmissíveis. Sobretudo, aumentar o nível de atividade
física potencializa o crescimento e desenvolvimento do tecido muscular, aumenta a
densidade mineral óssea, gera melhorias no sistema cardiovascular e neural, e
ainda auxilia no controle da ansiedade e depressão, por conseguinte, aumentando a
autoestima e confiança5.
Para gerar tais benefícios, a recomendação da OMS (2011) para
crianças e adolescentes (5 a 17 anos) é realizar atividade física e exercício físico por
no mínimo 60 minutos diários variando a intensidade, de moderada à vigorosa. De
modo similar, o American College of Sports and Medicine (ACSM), recomenda 60
minutos diários de atividade física em intensidade moderada à vigorosa, que inclua
exercício resistido pelo menos três vezes por semana. As atividades podem ser
compostas de jogos, brincadeiras, esportes, recreação, educação física, devendo
ser a maior parte composta de exercício aeróbio e intensidade vigorosa.
Cabe ressaltar que os benefícios da atividade física são temporários,
e a sua prática rotineira deve ser incentivada na infância e adolescência, reforçando
ainda a importância deste comportamento na vida adulta13. Haja vista que, a
atividade física tem forte correlação com o estado nutricional na população jovem,
em que normopesos possuem níveis de atividade física maiores quando
comparados com jovens desnutridos e obesos13. Os benefícios do exercício físico
nessa idade são maiores que os riscos. Todavia, a prescrição deve respeitar a
individualidade biológica e ser elaborada especificamente para cada faixa etária.
Portanto, deve-se evitar exercícios repetidos ou de alto impacto, uma vez que estes
podem pressionar ou lesionar a placa de crescimento ósseo, além de poder
acarretar diversas lesões. Desse modo, um programa bem elaborado deve
contemplar exercícios que atuem efetivamente nos componentes da aptidão física
voltados à saúde, respeitando variações na intensidade, volume, séries, intervalo,
duração e tipo de exercício.
Portanto, o objetivo do presente relatório é apresentar uma produção
técnica em formato de manual, para profissionais da Educação Física que trabalham
com a prescrição, orientação e monitoramento do exercício físco, bem como os
demais profissionais da área da saúde envolvidos de forma multiprofissional neste
processo, fornecendo evidências científicas e novas metodologias para as práticas
14
do exercício físico direcionado a criança e o adolescente. Ainda, a elaboração desta
produção técnica, justifica-se pela importância nos âmbitos acadêmicos e sociais,
uma vez que irá colaborar diretamente com os profissionais que atuam com
exercício físico para crianças e adolescentes na promoção da saúde, contendo de
forma pedagógica informações para o desenvolvimento das capacidades físicas.
Cabe ressaltar que, os cuidados supracitados, auxiliarão o crescimento e
desenvolvimento saudável da criança, através da prática do exercício físico,
contribuindo para qualidade de vida dos indivíduos nesta faixa etária.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO
O referencial teórico estudado para a elaboração dos capítulos do
manual foi adquirido por meio de pesquisas bibliográficas que possibilitaram chegar
aos autores que fundamentam os conceitos relacionados à prática de exercício físico
de forma geral e aos estudos que discutem como esse exercício é praticado na
infância e na adolescência. Desse modo, organizou-se os textos em subitens, no
formato respectivamente dos sete capítulos que constarão no Manual “Personal Kids
& Teen na Promoção da Saúde”.
2.1. Conceitos Fundamentais na infância e na Adolescência (Capítulo 1)
Durante as primeiras décadas de vida, os seres humanos
basicamente crescem, amadurecem, e se desenvolvem, em um processo composto
por quatro momentos distintos entre si. A primeira fase é a lactância, que abrange o
primeiro ano de vida da criança. A infância, por sua vez, é o período entre o final da
lactância e o início da adolescência, sendo dividida em primeira infância, até próximo
dos 5 anos, e a segunda infância, a partir dos 5 anos até o começo da adolescência.
Por fim, a adolescência tem como característica a puberdade (pico de
desenvolvimento da maturação sexual e capacidade de reprodução sexual), com o
término dos processos de crescimento físico, na idade adulta4.
Em âmbito nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
define criança como o indivíduo com idade cronológica inferior a 12 anos, enquanto
que o adolescente tem idade cronológica entre 12 a 18 anos, não levando em
consideração aspectos psicológicos e sociais1. Atualmente, estima-se que a
população mundial de crianças e adolescentes é de aproximadamente 1,9 bilhões2.
Particularmente no Brasil cerca de 61,4 milhões de seus habitantes possuem idade
cronológica entre zero e 18 anos, com distinções regionais como pode-se observar
na Figura 13.
16
Figura 1. Distribuição regional (%) de crianças e adolescentes com idade
cronológica entre 0 e 18 anos na população brasileira.
Fonte: Adaptado do IBGE (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios, ano base 2014).
Durante as primeiras décadas de vida, os seres humanos
basicamente crescem, amadurecem, e se desenvolvem, em um processo composto
por quatro momentos distintos entre si. A primeira fase é a lactância, que abrange o
primeiro ano de vida da criança. A infância, por sua vez, é o período entre o final da
lactância e o início da adolescência, sendo dividida em primeira infância, até próximo
dos 5 anos, e a segunda infância, a partir dos 5 anos até o começo da adolescência.
Por fim, a adolescência tem como característica a puberdade (pico de
desenvolvimento da maturação sexual e capacidade de reprodução sexual), com o
término dos processos de crescimento físico na idade adulta4.
2.1.1 Crescimento físico
Os termos crescimento e desenvolvimento são comumente, e de
modo errado, usados na literatura como sinônimos. De fato, crescimento físico é
definido como mudanças quantitativas nas dimensões corporais como um todo ou
em partes específicas do corpo, enquanto desenvolvimento, refere-se a
modificações funcionais e comportamentais do indivíduo ao longo da vida4.
Particularmente, em relação ao crescimento, sabe-se que esse processo evolutivo é
capaz de tornar as crianças mais altas e pesadas, com aumento tecidual de seus
órgãos vitais, através de uma série de transformações quantitativas e qualitativas,
17
por processos celulares como hiperplasia e hipertrofia ou pelo aumento da
capacidade das substâncias intercelulares em agregar células4,5,6.
O processo de crescimento, principalmente nos primeiros anos de
vida pós-uterino, é rápido, onde o indivíduo passa de um bebê pequeno e indefeso
para uma criança fisicamente ativa e com maior autonomia. Após esse período, o
crescimento não é tão rápido quanto nos primeiros anos de vida, contudo, mantém-
se uma regularidade no desenvolvimento da altura, peso corporal e massa muscular,
diminuindo gradualmente até o estirão do crescimento no período da adolescência.
A OMS aponta que os níveis de crescimento físico entre crianças e
adolescentes podem ser usados como indicadores de saúde e qualidade de vida
individual e comunitário. Obviamente, todo o processo de crescimento pode ser
monitorado através de informações internacionalmente aceitas, capaz de indicar a
condição de saúde de um indivíduo ou de uma população, identificando potenciais
deficiências nutricionais4. Por exemplo, a prática regular de exercício físico na
infância e adolescência associada com uma dieta nutricional adequada, influenciam
o crescimento e a densidade mineral óssea4,5,6,7. De fato, numerosos fatores
ambientais como surgimento de patologias, tratamentos medicamentosos, hábitos
alimentares, atividade física, aspectos psicológicos, entre outros, podem afetar
positivamente ou negativamente o processo de crescimento. Cabe ressaltar, todavia,
que o processo de crescimento depende não somente de fatores ambientais, mas,
sobretudo, de fatores hereditários8.
2.1.2 Maturação biológica
O processo de maturação biológica refere-se a especialização e a
diferenciação celular e pode ser determinado de duas formas distintas, pela idade
cronológica que está relacionada ao calendário civil, ou pela idade biológica que é
relacionada aos indicadores biológicos. Especificamente, em relação as
modificações biológicas, ressalta-se que elas ocorrem ordenadamente e
direcionadas para atingir o estado adulto, transitando por diversos estágios onde
numerosas mudanças de ordem tecidual, orgânica, e sistêmica parecem ocorrer.
Tais mudanças podem ser mensuradas por diversos métodos de
avaliação, incluindo a análise da maturação dental, óssea e morfológica. Cabe notar
que o processo de maturação biológica não ocorre simultaneamente com o tempo
18
cronológico, podendo existir, dentro de um grupo de crianças de mesma idade
cronológica, variações na maturação biológica. Em face de tais variações, cabe ao
profissional de Educação Física, não basear sua prescrição de exercício físico
meramente na idade cronológica da criança e do adolescente, mas também no seu
estágio maturacional.
2.1.3 Desenvolvimento humano
Desenvolvimento humano pode ser definido como um conjunto de
mudanças na capacidade funcional dos seres humanos ocorridos desde a
concepção até a morte. Particularmente, o desenvolvimento humano pode ser
categorizado em termos biológico e comportamental. O desenvolvimento biológico
corresponde ao processo de diferenciação e especialização celular embrionária, e o
desenvolvimento comportamental, por sua vez, refere-se às melhorias no âmbito das
competências e domínios no meio cultural.
Outro tipo de desenvolvimento humano é o desenvolvimento da
capacidade motora, definida como alterações motoras ocorridas para aquisição de
uma nova habilidade e padrões de movimento, além da estabilização e correção de
determinado movimento. Tal processo, ocorrido ao longo da vida, promove
refinamento das habilidades e padrões de movimentos, influenciados tanto por
fatores hereditários como ambientais3, sendo que sua competência motora durante a
infância está relacionada a fatores morfológicos e fisiológicos.
Experiências adquiridas no ambiente onde a criança foi criada
contribuem sinergicamente com fatores biológicos na determinação de seu repertório
motor5. Afim de mensuração, o desenvolvimento motor de uma criança em termos
individual e coletivo pode ser determinado por testes motores.
2.1.4 Atividade Física, Exercício Físico, e Aptidão Física: Sinônimos?
Tradicionalmente, os termos atividade física, exercício físico e
aptidão física foram erroneamente tratados como sinônimos. A literatura atual,
contudo, distingue os termos, auxiliando assim profissionais da área da saúde. Neste
contexto, atividade física é definida como um movimento corporal, produzido
19
voluntariamente pelos músculos esqueléticos, resultando em dispêndio energético
acima dos níveis de repouso.
A atividade física regular é um componente fundamental de um estilo
de vida saudável em crianças e adolescentes, e níveis baixos de atividade física
estão associados a maior predisposição de riscos para o surgimento de diversos
distúrbios crônicos, como hipertensão arterial, resistência insulínica, dislipidemia,
entre outros, além de mortalidade precoce na idade adulta13.Cabe ressaltar que, os
benefícios da atividade física são temporários, e a sua prática rotineira deve ser
incentivada na infância e adolescência, reforçando ainda mais a importância deste
comportamento na vida adulta13. A recomendação da atividade física para crianças e
adolescentes é de 60 minutos diários ou mais em uma intensidade moderada a
vigorosa14. A atividade física tem forte correlação com o estado nutricional na
população jovem, onde normopesos possuem níveis de atividade física maiores,
quando comparados com desnutridos e obesos13. Todavia, sabe-se que crianças e
adolescentes tem dificuldade para atender as recomendações de atividade física.
De fato, em um estudo recente, Coledam et al.13 analisaram a
prevalência de inatividade física na população jovem brasileira baseados em dois
critérios distintos (≤ 300 min semana vs ≤ 420 min semana). Basicamente, os
autores notaram que apenas ~12% dos avaliados realizavam ≥ 420 min de atividade
física semanal, enquanto ~1/3 da população investigada realizou ≥ 300 min de
atividade física semanal. Os autores reportaram ainda que a prevalência de
inatividade física pode ser mediada por fatores como sexo, escolaridade dos pais,
percepção da atividade física e comportamento sedentário. Cabe notar que, a
elevada prevalência de inatividade física na população jovem não parece ser
exclusiva de países em desenvolvimento, como o Brasil, atingindo também vários
países desenvolvidos ao redor do mundo.
O exercício físico, por sua vez, é definido como parte integrante da
atividade física. Contudo, possui características singulares como sua organização e
planejamento, estruturando-se com o escopo de conservar ou aprimorar um ou mais
componentes da aptidão física. Por definição, a aptidão física representa um
conjunto de atributos biológicos que as pessoas possuem ou adquirem em relação à
capacidade de realizar esforço físico12. Apesar da maioria das crianças e
adolescentes gostarem de brincar, correr, dançar, entre inúmeras outras atividades,
sabe-se que a prática regular de exercício físico, assim como a aptidão física desta
20
população decresceu com o passar dos anos17, tornando desse modo, um problema
de saúde pública a ser discutido nos próximos anos.
2.1.5 Comportamento sedentário em crianças e adolescentes
Um problema de saúde pública a ser debatido nos próximos anos
faz referência aos níveis elevados de hábitos sedentários em crianças e
adolescentes. De fato, em um estudo recente, verificou-se uma associação forte
entre tempo de tela em TV, celulares e tablets, e prevalência de distúrbios
nutricionais, como a obesidade, em jovens americanos entre 12 e 17 anos de idade.
Achados similares, infelizmente, foram reportados por Ribeiro et al.13
no ano de 2003 na população jovem brasileira. Assim, profissionais da área da
saúde devem além de encorajar crianças e adolescentes a acumularem cerca de 60
min diários de atividade física na forma de exercício físico, assegurar também a
minimização do comportamento sedentário, exceto quando estiverem dormindo10, 17.
Atualmente, sabe-se que a redução do comportamento sedentário
na população jovem é capaz de gerar vários benefícios à saúde17, incluindo a
manutenção do peso corporal e regulação da pressão arterial, diminuição do risco
para o surgimento de distúrbios crônicos como, diabetes mellitus do tipo 2 e alguns
tipos de câncer, maior controle nos níveis de colesterol sanguíneo, aumento na
densidade mineral óssea, além da possibilidade de sobrevida17. A identificação de
fatores associados com comportamentos sedentários, por conseguinte, tornou-se
fundamental no contexto na promoção da saúde em crianças e adolescentes.
2.2. Conceitos Fundamentais sobre Prescrição de Exercício Físico (Capítulo 2)
Como visto no capítulo anterior, o exercício físico regular traz
importantes benefícios para aptidão física relacionada à saúde. Evidências apontam
que a atividade física regular na infância causam alterações positivas nas
concentrações de hormônios e metabólitos que influenciam o crescimento,
desenvolvimento e a maturação durante a puberdade, promovendo o
desenvolvimento dos sistemas muscular e esquelético, melhora do sistema
cardiorrespiratório, além de reduzir o risco de obesidade. No entanto, a prática
insuficiente ou a inatividade física está diretamente relacionada à elevada incidência
21
de doenças como: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, hipercolesterolemia,
obesidade, osteoporose e alguns tipos de câncer, podendo diminuir a expectativa de
vida e a longevidade5, 9,11,25.
No intuito de aumentar os níveis de atividade física da criança e do
adolescente, uma estratégia eficaz é a orientação do exercício físico de modo
personalizado. De fato, a orientação individual, apresenta resultados positivos
relacionados à promoção da saúde da criança e adolescente. O acompanhamento
por um profissional preparado e qualificado para esta população, gera mais
confiança e eficácia, pois uma série de cuidados são necessários tanto no
planejamento, organização e orientação do exercício físico. Outro ponto fundamental
decorrente deste tipo de atendimento é a realização da avaliação física periódica,
auxiliando para maximizar os resultados26.
A prescrição do exercício físico deve envolver os componentes
relacionados à aptidão física relacionada à saúde, dentre os quais estão a
resistência cardiorrespiratória, resistência de força, flexibilidade e composição
corporal. Os exercícios para resistência cardiorrespiratória, também conhecidos
como exercícios aeróbios são caracterizados por atividades físicas de média a longa
duração com intensidade moderada a vigorosa, envolvendo grandes grupos
musculares de forma dinâmica e ritmada26. Temos como exemplo, caminhada,
corrida, natação, remo, ciclismo, entre outras atividades. Componente da aptidão
física na promoção da saúde, a resistência de força é um componente que na
infância está intimamente relacionado com a maturação sexual.
Contudo, obtendo níveis adequados de resistência de força o
participante consegue realizar suas atividades da vida diária com mais facilidade e
menor risco de lesões26,27. Vale salientar que o exercício resistido para a criança e o
adolescente demostra adaptações orgânicas e melhora da saúde. De fato, as
transformações advém do aumento da densidade mineral óssea, redução da
gordura corporal, melhora da sensibilidade à insulina em adolescentes que estão
com excesso de peso, e melhora a função cardíaca em crianças obesas, além
prevenir uma possível osteoporose na idade adulta27,28,29,30.
A flexibilidade também é um componente da aptidão física
relacionada à saúde, responsável pela manutenção da amplitude do movimento
adequado das articulações, facilitando os movimentos da criança e do adolescente.
Um bom nível de flexibilidade corrobora com o bom funcionamento articular e a
22
manutenção do grau de elasticidade do músculo31. De modo geral, o exercício físico
ajuda no controle do peso corporal aumentando o dispêndio energético e as
adaptações favoráveis no sistema neuroendócrino, responsável pelo acúmulo de
gordura corporal. Para tais benefícios, é necessário um treino com a participação de
grandes grupos musculares, de ritmo constante, intensidade baixa a moderada e de
média a longa duração32.
Na prescrição de exercício físico é importante controlar variáveis
como frequência, volume, intensidade, sequência e tipos de exercícios, além de
respeitar os princípios do treinamento: sobrecarga, progressão, individualidade e
reversibilidade. Com objetivo de facilitar o entendimento aos princípios do
treinamento, Virgilio (2015) apontou um acrônimo, SPORT – FITT, no qual SPORT
significa17:
eSpecificidade
Progressão
sObrecarga
Regularidade
Treino
Partindo destes acrônimos, vamos definir os itens
supramencionados. Começando pelo princípio da especificidade, durante o esforço
físico apenas os sistemas corporais ou músculos exigidos sofrerão adaptações, ou
seja, se realizar um trabalho como caminhada e/ou corrida, ocorrerá uma melhora
cardiorrespiratória e não de resistência de força muscular, desse modo, as
adaptações ao exercício físico são específicos de acordo com o tipo de atividade,
volume e intensidade do treino.
Sendo assim, o princípio da especificidade é programar o
treinamento de acordo com o objetivo e a necessidade da criança e do adolescente,
para que sejam obtidas as adaptações específicas desejadas7,17.
Outro princípio é o da progressão, que representa o aumento
gradual do volume ou das outras variáveis do exercício físico. Isso requer a
alteração de uma ou mais variáveis como aumento da frequência, intensidade,
tempo e tipo de exercício físico. Vale salientar que, a criança não tem a mesma
velocidade de adaptação e progressão do adulto, preservando dessa forma, o
princípio da individualidade7,17.
23
O princípio da sobrecarga, representa o aumento de qualquer
variável prescrita como aumento da frequência, intensidade, tempo e tipo de
exercício físico. Por exemplo, após um período de exercício resistido o músculo
precisa de uma carga adicional, ou seja, deve alterar uma ou mais das variáveis
citadas, para que continue gerando estímulo, e desse modo, melhorar a resistência
de força7,17.
Infelizmente, os níveis de aptidão física são perdidos se não houver
uma regularidade da atividade física, ou seja, a atividade física deve ser um
comportamento durante toda a vida, isto se traduz pelo princípio da regularidade17.
Alguns autores também apontam como princípio da reversibilidade. Este princípio
aponta que, quando qualquer pessoa como uma criança ou um adolescente
diminuem ou pararam de praticar exercício físico, qualquer ganho que tenha sido
alcançado, será perdido7.
Por fim, o princípio do treino ou manutenção é denotado pela
manutenção dos níveis satisfatórios de atividade física e aptidão física. Para isso, é
importante que o profissional incentive seu aluno à participar de diversas atividades
físicas, com variações de intensidade e movimentos corporais para mantê-lo
motivado e assíduo.
A prescrição do exercício físico envolve quatro princípios básicos,
abreviado da seguinte forma (FITT):
Frequência
Intensidade
Tempo
Tipo
Primeiramente, a frequência refere-se à quantidade de vezes
semanal que o aluno está em atividade.
As recomendações sugerem a prática de 60 minutos de duração em
atividade física diária, realizando atividades para grandes grupos musculares como
caminhar, correr, pedalar. Enquanto que, a recomendação para resistência muscular
e flexibilidade, são de duas a três vezes por semana em dias não consecutivos. A
intensidade parece ser o fator mais importante na prescrição do exercício físico,
denotada pelo grau de dificuldade do exercício físico, específico a cada aluno.
24
A frequência cardíaca e escalas de percepção subjetiva de esforço
são exemplos de indicadores de intensidade do esforço físico7,17. A variável tempo é
definida pelo tempo em que a criança e o adolescente se mantêm em atividade
física. A duração do tempo varia de acordo com a intensidade da atividade física
(baixa, moderada ou alta). Todavia a criança e o adolescente devem ser
encorajados a permanecerem em atividade física por pelo menos 60 minutos
diários7,17.
Em relação ao tipo, a prática do exercício físico para criança e
adolescente deve começar com movimentos simples e evoluir para movimentos
mais complexos7,17.
O exercício físico proposto com o objetivo de melhorar os
componentes da aptidão física relacionada à saúde, incluem corrida, caminhada,
pedalada, natação, remada, etc., e ainda, exercícios resistidos e alongamentos. É
importante salientar, que no planejamento da prescrição de exercício físico para
criança e adolescente, sejam selecionados exercícios físicos que o participantes
sintam prazer durante a realização.
A atividade física divertida e desafiante torna-se motivadora e
contribui para permanência do jovem na prática do exercício físico7,17.
2.3. Avaliação física em crianças e adolescente (Capítulo 3)
Antes de iniciar propriamente a prática do exercício físico, é
importante que o profissional de Educação física avalie todos componentes da
aptidão física da criança e adolescente, tendo em mente que o gerenciamento dos
níveis adequados dos indicadores de aptidão física voltada à saúde, estão
relacionados ao menor risco de desenvolver doenças hipocinéticas ou crônicas
degenerativas33.
Neste capítulo descreveremos os protocolos mais utilizados para a
criança e o adolescente. Decidir como e o que avaliar exige habilidades e
conhecimentos específicos,25 além de apresentar as possibilidades de
demonstração e interpretação dos dados avaliados, tal como a avaliação
referenciada por norma, em que os dados de um aluno, serão comparados com a
média de um grupo classificado como normativo.
25
A avaliação referenciada por norma tem como objetivo situar o
avaliado em relação a um grupo específico, ou seja, a comparação dos escores com
os apresentados por outros avaliados. Por outro lado, a avaliação referenciada por
critério tem como objetivo verificar a posição do avaliado em relação a níveis
específicos de proficiência, ou seja, comparação dos escores com características ou
comportamentos previamente definidos5.
Vale salientar que tanto a avaliação referenciada por critério ou por
norma, viabilizam uma análise de forma individualizada de acordo com sexo e faixa
etária36. No jovem também é necessário a avaliação física incluindo histórico
médico, exame físico completo e se possível exame laboratorial, e caso necessário
orientar o aluno a procurar um médico antes do início do exercício físico. O objetivo
da avaliação é conhecer melhor seu aluno e poder prescrever o exercício físico com
maior qualidade e efetividade, no entanto, é imprescindível que as medições sejam
feitas por profissionais treinados e qualificados38.
Definições importantes quando se trata de avaliação física: A
antropometria (anthropos = homem / metria = medida) é um conjunto de técnicas
sistematizadas que quantificam as dimensões corporais, tendo pontos do corpo de
referência e posicionamento específicos para cada medida, sendo peso e estatura
as medidas mais frequentemente utilizadas em diversas populações5. O peso
corporal é a massa corporal total do indivíduo, que para aferição é orientado a subir
na balança sem calçado e com o mínimo de roupa possível. Já a estatura, é uma
medida linear entre o chão e vértice do crânio, com o aluno em postura ereta e sem
calçado.
Os diâmetros corporais e a circunferência dos membros também são
de suma importância na avaliação física, principalmente para verificar simetria ou
assimetria no avaliado. O diâmetro é a distância da extremidade de um osso até a
sua outra extremidade, por exemplo, temos o diâmetro biacromial, ele mede a
distância acromial, do lado esquerdo até o lado direito da escápula e fornece
indicativo do diâmetro de ombro. O diâmetro bicristal mede a distância de uma lado
ao outro da crista ilíaca e fornece indicativo do diâmetro do quadril. Temos também
indicativo de outros diâmetros como fêmur biepicondilar e o úmero biepicondilar5.
Outra medida a se obter, são as dobras cutâneas, elas podem ser
medidas em várias partes do corpo, dependendo do protocolo a ser utilizado.
Através da medição da espessura da dobra, através de um compasso científico, será
26
atribuído um valor ao tecido adiposo subcutâneo. Em crianças e adolescentes, as
dobras mais utilizadas são: tricipital, subescapular, panturrilha medial, suprailíaca e
abdominal4.
A avaliação física tem como objetivo fornecer informações do
tamanho da criança ou do adolescente como um todo e suas partes e tecidos
específicos, ou seja, os diâmetros corporais descrevem a força total dos esqueletos,
a circunferência dos membros fornece informações sobre força muscular relativa,
enquanto que as dobras cutâneas fornecem informações sobre a estimativa de
gordura corporal5. Por fim, o teste ergométrico para avaliação cardiorrespiratória é
indispensável, além de ser um teste de baixo custo e baixo risco.
2.3.1 Anamnese
Anamnese é definida como a primeira fase de um processo, onde o
profissional vai coletar dados que permitam identificar eventuais problemas, para
planejar e elaborar sua prescrição de exercício físico38. Ela deve incluir quantidade
de informações suficientes que permitam o profissional elaborar uma prescrição de
exercício físico com segurança e eficácia. Desse modo, quanto mais completas e
precisas forem as informações, as chances de atingir o resultado proposto serão
maiores.
O ACSM (2014) reconhece e orienta uma avaliação específica para
indivíduos jovens que praticam ou iniciam um programa de exercício físico31. Por
conseguinte, o histórico de saúde e hábitos cotidianos podem ser breves, contudo
ao perceber alguma alteração, o jovem deve ser encaminhado ao médico.
2.3.2 Crescimento Físico
A antropometria é o recurso mais empregado na medida de
crescimento e deve ser realizada com instrumentos específicos e padronizados39.
Para escolhas das medidas, o avaliador depende do objetivo da avaliação, pois ele
pode medir o tamanho corporal como um todo ou parte específica do corpo.
Assim, obterá conhecimento sobre o tamanho corporal, ou de uma
medida específica de um osso, como o diâmetro ou até mesmo o perímetro. As
espessuras de dobras cutâneas são medidas antropométricas que tendem a
oferecer informações importantes sobre o crescimento físico do jovem, pois
27
apresenta indicação de gordura corporal localizada nas regiões subcutâneas, sendo
nesta população as medidas mais utilizadas a tricipital e subescapular5.
Contudo a principal medida com base na massa corporal é o peso
corporal, porém, devem ser adotados alguns critérios ao interpretar os valores, tendo
em vista que, ao contrário das medidas antropométricas, no peso corporal
constituem diversos segmentos corporais como ossos, resíduos, gordura e
músculos5.
Outra forma de estimar a gordura corporal é envolvendo o Índice de
Massa Corporal (IMC) onde o peso corporal mais elevado representa maior
proporção de gordura corporal onde a medida do peso corporal mediante controle da
estatura é um indicador preliminar da quantidade de gordura corporal5.
IMC =
Peso Corporal (kg)
Estatura (m2)
Porém, este método tem a limitação de um mesmo valor de peso
corporal indicar diferentes quantidades de gordura e massa magra. Contudo, a
possibilidade de erro é menor entre os avaliadores quando acompanhado da relação
Cintura/Estatura (RCE), pois minimiza a limitação.
RCE =
Circunferência de Cintura (cm)
Estatura (cm)
Onde RCE < 0,50 tem possibilidade de confundir os valores do IMC,
neste caso infere-se que o aluno tem alta quantidade de tecido muscular. RCE
0,50 permite o uso de IMC como indicador de gordura corporal5. As espessuras de
dobras cutâneas, como mencionado anteriormente, também são indicativo de
gordura corporal localizada na região subcutânea, e podem ser medidas em várias
pontos anatômicos específicos do corpo. Em crianças e adolescentes as dobras
mais utilizadas são: tricipital, subescapular, panturrilha medial, suprailíaca e
abdominal4,5. Segue abaixo o protocolo de Guedes e Guedes para essa população5.
28
Protocolo de Guedes Crianças e Adolescentes (7-18 anos)
2 Dobras cutâneas: Tríceps, subescapular
Rapazes Brancos: (S= somatória das D.C. Tríceps e Subescapular) Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 1,7 Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,4 Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,5 Rapazes Negros: Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,5 Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,2
Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 6,8
Moças de qualquer raça e nível de maturidade: G% = 1,33 (S) - 0,013 (S)² - 6,8 Obs: Quando o (S) for maior que 35 mm, será utilizada uma única equação para cada sexo, para qualquer raça e nível de maturidade: Rapazes: G% = 0,783 (S)² +1,6
Moças: G% = 0,546 (S)² +9,7
2.3.3 Escalas de Percepção Subjetiva de Esforço
Outra importante forma de avaliar e monitorar a intensidade do
exercício físico, é através da escala de percepção subjetiva de esforço (escala de
Borg e escala de OMNI), em função a dificuldade de monitorar a FC da criança. A
escala de Borg associa a percepção de esforço físico com valores referentes à
variação da frequência cardíaca (60 a 200 batimentos por minutos) em 15
descritores numéricos (6 a 20), e descritores verbais, sendo 6 equivalente a muito
fácil e 20 ao extremo, exaustivo54. Segue abaixo a tabela 1, referente a escala de
percepção de esforço de Borg.
TABELA 1. Escala de Percepção de Esforço – BORG (6 – 20)
6
7
8
Muito Fácil
9
10
Fácil
11
12
Relativamente Fácil
29
13
14
Relativamente Cansativo
15
16
Cansativo
17
18
Muito Cansativo
19
20
Exaustivo
Fonte: Adaptado Psychophysical bases of perceived exertion, ano base 1982.
Outra escala utilizada nesta população com a mesma perspectiva, é
a escala OMNI, que tem o objetivo de acompanhar o esforço percebido e seus
descritores numéricos vão de 0 a 10, em que 0 é representa o descritor verbal “fácil”
e 10 “muito difícil”55. A figura 2 apresenta a escala de percepção subjetiva de
esforço OMNI.
Figura 2. Escala de percepção de esforço OMNI.
Fonte: Adaptado Children’s OMNI scale of perceived exertion, ano base 2000).
As duas escalas de percepção de esforço, podem ser utilizadas com
crianças e adolescentes, ambas são organizadas com descritores verbais e
numéricos, para facilitar a compreensão da criança e permitir que ela tenha um
entendimento da própria percepção de esforço. A aplicação adequada desse
30
instrumento pode retratar informações confiáveis, e viabilizar a participação ativa
dessa população durante diferentes atividades54, 55.
2.3.4 Testes Motores
Uma tarefa motora conduzida com objetivo de verificar uma
capacidade motora específica é conhecida como teste motor, e sua aplicabilidade é
fácil, por não necessitar equipamento sofisticado e de alto custo 25. Os testes
motores são divididos em aptidão física relacionada à saúde ou relacionada ao
desempenho atlético. Segue abaixo a características de cada um:
Testes motores associados à aptidão física relacionada à saúde:
(Resistência cardiorrespiratória, resistência/força muscular e
flexibilidade).
Testes motores associados a aptidão física relacionado ao
desempenho atlético: (Velocidade, potência, agilidade e coordenação
motora).
Estes testes tem aplicabilidade prática quando o avaliado é
comparado com ele mesmo, e aplicado pelo personal trainer motivando o aluno,
para que seu desempenho seja satisfatório. Na atualidade, são utilizadas várias
baterias de testes motores associados às capacidades físicas ligadas a aptidão
física relacionada à saúde.
Os testes indicados por Guedes & Guedes (1997). Crescimento,
composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes5. Physical
Best estabelecida pela American Alliance for Health, Physical Education, Recreation
and Dance – AAHPERD (1988)40. Fitnessgram, proposto pelo Cooper Institute for
Aerobics Research (2007)41, são aparentemente os testes mais utilizados.
Os valores estabelecidos na bateria de testes do Fitnessgram, são
divididos de acordo com a faixa etária, variando entre cinco anos até maiores de 17
anos, e separado por tipo de teste, assim o avaliador pode elaborar a avaliação de
acordo conforme a necessidade do aluno.
31
A bateria de testes motores de Guedes & Guedes (1997), apesar de
alguns testes serem próximos do Fitnessgram, apresentam algumas
particularidades, como por exemplo no teste de sentar e alcançar, que é executado
com as duas pernas estendida no banco de Wells, enquanto que no Fitnessgram as
pernas são intercaladas.
Por fim, a avaliação é uma importante ferramenta para elaboração e
prescrição de exercício físico, e deve ser realizada antes de iniciar o programa de
exercício físico, e posteriormente ser realizada a cada ciclo de acordo com a
demanda e prescrição elaborada.
A indicação para reavaliação, pode ser feita a cada 30, 60 ou 90
dias, não mais que isso, para assim poder monitorar, se necessário renovar o
programa, e conseguir maximizar os resultados do participante.
2.4. Composição Corporal (Capítulo 4)
Composição corporal é o fracionamento do peso corporal em seus
diferentes componentes como tecido muscular, ósseo, gordura, água, entre outros.
Observamos no primeiro capítulo que a variável crescimento pode identificar
deficiências nutricionais, já a variável composição corporal pode ser um indicador de
excesso de gordura corporal, herdados do desequilíbrio entre o consumo e a
ingestão de alimentos9,42.
Partindo dessa premissa, existe a possibilidade por meio de técnicas
de medida de composição corporal identificar se uma criança ou adolescente está
com excesso de peso, entretanto, não necessariamente relativo ao excesso de
gordura, mas, ela pode apresentar um maior desenvolvimento muscular associado à
sólida constituição óssea.
Vale ressaltar que o inverso também pode ocorrer, aparentemente a
criança apresenta peso corporal desejado, porém apresenta excesso de gordura
corporal se sobrepondo ao tecido muscular e ósseo5.
A composição corporal também é um componente da aptidão física
fundamental para indicar o estado de saúde. Como o excesso de gordura corporal
caracteriza a obesidade, desse modo, a adiposidade relaciona-se a doenças com
elevado níveis de colesterol ruim no sangue, hipertensão, osteoartrite, diabetes
32
mellitus tipo II, acidente vascular cerebral, doenças coronarianas, câncer e
problemas psicológicos43.
Com base nesses apontamentos, existem indicações que a atividade
física pode melhorar a capacidade funcional, além de colaborar na manutenção ou
diminuição do peso corporal, sendo que uma maior aptidão física aeróbia apresenta
relação inversa com a adiposidade corporal43.
Vale ressaltar que, a inatividade física é um dos principais fatores
que contribui para a obesidade infantil, tendo em vista que crianças contemporâneas
se alimentam de forma muito semelhante à crianças de 25 anos atrás4. De modo
contrário, atualmente uma criança chega a permanecer sentada por mais de 7,5
horas/dia, em frente a algum tipo de tela (Tv, tablet, computador, celular), e isso
acontece cada vez mais cedo, corroborando para um comportamento negativo,
quando relacionado à saúde17.
A criança e adolescente com sobrepeso ou obesidade podem até
parecer saudáveis na infância, entretanto, podem enfrentar complicações médicas
na idade adulta. Desse modo, uma criança aparentemente sadia com excesso de
peso pode, na idade adulta, apresentar um maior risco de desenvolver doenças
coronariana, comprometimento respiratório, diabetes mellitus tipo II, problemas
ortopédicos, doenças da vesícula biliar e até mesmo alguns tipos de câncer17.
Além disso, a obesidade na infância tende a aumentar o número de
células adiposas, gerando uma predisposição para um subsequente excesso de
massa gorda5. Em contrapartida a atividade física pode apresentar importantes
modificações na composição corporal, tanto na gordura corporal como na massa
magra, variável importante para manutenção e regulação do peso corporal5.
Quando o esforço físico é programado e sistematizado tende a
aumentar a massa magra e diminuir a gordura corporal, contudo esta magnitude
deverá se alterar de acordo com a intensidade e a duração do exercício físico5.
Na detecção da composição corporal, a função é quantificar o peso
corporal através de vários métodos que estimam fracionadamente a composição
corporal5. Existem métodos, indiretos, procedimentos laboratoriais e procedimentos
clínicos39. Abaixo segue a tabela 2 com alguns métodos utilizados nas avaliações
físicas do Profissional de Educação Física. Os mais usualmente realizados são
antropometria e impedância bioelétrica.
33
TABELA 2: Métodos para estimar a composição corporal.
Antropometria Estima a gordura subcutânea.
Radiografia Estima gordura, músculo e osso.
Impedância bioelétrica Estimativa da massa livre de gordura pela
qual os tecidos magros conduzem
eletricidade melhor que a gordura.
Absortometria radiológica de
dupla energia – DEXA
Estimativa de mineral óssea e dos tecidos
magro e gordo.
Pesagem subaquática Estimativa do volume e da densidade do
corpo.
Outra forma de estimar a gordura corporal é envolvendo o Índice de
Massa Corporal (IMC), onde o peso corporal mais elevado representa maior
proporção de gordura corporal onde a medida do peso corporal mediante controle da
estatura é um indicador preliminar da quantidade de gordura corporal5.
IMC =
Peso Corporal (kg)
Estatuta (m2)
Porém este método tem a limitação do mesmo peso corporal indicar
diferentes quantidades de gordura e massa magra, contudo a possibilidade de erro é
menor entre os avaliadores e quando acompanhado da Relação Cintura/Estatura
(RCE) minimiza a limitação.
RCE = Circunferência de Cintura (cm)
Estatuta (cm)
34
Onde RCE < 0,50 possibilidade de confundimento dos valores de
peso corporal em razão da maior massa muscular. RCE 0,50 permite o uso de IMC
como indicador de gordura corporal.
Contudo, a maioria desses métodos foi baseada em adultos e em
jovens adultos, e sua aplicabilidade na criança e adolescente fornece uma estimativa
tanto de massa livre de gordura como de massa gorda, que pode subestimar ou
superestimar os resultados.
Vale salientar, que a avaliação da composição corporal realizada
mais precocemente possível na criança e no adolescente, tende a produzir
informações relevantes que possam auxiliar na identificação de comportamentos
maléficos, e os modificarem para hábitos saudáveis, tornando-os ativos5.
Além disso, o programa de exercício físico na promoção da saúde,
deve ser bem planejado e estruturado, na busca de níveis adequados de gordura
corporal, e por consequência, minimizar a chance de desenvolver doenças
hipocinéticas5,43.
2.5. Programa de Exercício Resistido (Capítulo 5)
Antes de tratar sobre a capacidade física força muscular, vale
salientar as três estruturas anatômicas do sistema músculo esquelético: os ossos, as
articulações e o músculo. A funcionalidade dos ossos, articulações e dos músculos
proporciona a amplitude do movimento da articulação, e esse movimento é realizado
por meio da força muscular produzida27,44.
Os receios de que o exercício resistido pode lesionar a cartilagem de
crescimento da criança e do adolescente não têm suporte em evidências
científicas29.
Por volta das décadas de 1960 e 1970, médicos pediatras,
estudiosos em exercício físico em jovens, acreditavam que crianças pré púberes não
podiam fazer exercício de força muscular, pois essa população não possuía os
níveis de hormônios circulatórios pré requisitados, além de acreditar que o estresse
gerado pelo exercício poderia interromper o crescimento físico. Desde então, essa
ideia vem sendo substituída por estudos científicos que apontam que a infância é o
momento oportuno para o processo de modelamento e remodelamento do sistema
ósseo, aumentando a massa óssea e melhorarando sua estrutura 28,29,37.
35
Na verdade, estudos recentes parecem ter chegado a um consenso
sobre os benefícios do exercício resistido na criança e no adolescente. Além dos
benefícios para o crescimento saudável dos músculos e ossos, ocorrem melhoras
também em crianças com vários tipos de doenças.
Estas evidências subsidiam a participação regular de exercício
resistido na criança e no adolescente e mostra adaptações positivas e melhora na
saúde como aumento da densidade mineral óssea, redução no risco de lesões,
redução da gordura corporal, melhora da sensibilidade à insulina em adolescentes
que estão excesso de peso e melhora da função cardíaca em criança eutrófica, com
sobrepeso e obesa além prevenir uma possível osteoporose na idade adulta 27,28,29,30
com a ressalva de está acompanhado por um Profissional de Educação Física
qualificado, preparado e coerente com os objetivos, habilidades e necessidades dos
jovens.
Desse modo, o exercício resistido na infância colabora para a
proteção de lesões, estimula a construção óssea, melhora a coordenação motora,
proporciona o aumento da ativação das unidades motoras, e como parte de um
programa de exercício físico, pode oferecer benefícios para a saúde da criança e do
adolescente a curto, médio e longo prazo15,29,37.
A massa muscular e o peso corporal da criança aumentam
continuamente desde o nascimento até a adolescência, com o pico na puberdade.
Nos meninos, há também o aumento da produção de testosterona em quase dez
vezes, enquanto que nas meninas essa aceleração no crescimento muscular na
puberdade não acontece tão rápida .
O aumento da massa muscular com o passar dos anos parece
acontecer principalmente pela hipertrofia muscular e pouco por hiperplasia27,30. Os
possíveis determinantes para o ganho de força muscular na infância, é na melhora
da coordenação motora e no aumento da ativação da unidade motora. A força
muscular é um componente essencial para o desempenho de habilidades motoras.
Seu desenvolvimento na infância é linear entre os meninos e as meninas até o início
da puberdade quando os meninos têm maior aumento devido à fatores
hormonais27,30.
O exercício resistido parece melhorar a força muscular através dos
componentes coordenativos e de ativação neuromuscular, ajudando na proteção do
aparelho locomotor45. Com isso, gera benefícios como, a correção e prevenção da
36
postura corporal, além de um padrão de movimento eficiente e seguro. Todavia,
como a criança ainda não se encontra em sua formação óssea completa, deve-se ter
muito cuidado na elaboração do programa de exercício resistido, haja vista que,
excesso de sobrecarga pode apresentar microtraumatismos na junção das unidades
músculo-tendinosas ao osso e prejudicar seu crescimento45. Contudo, se o exercício
resistido for bem planejado, estruturado e conduzido, os riscos são praticamente
nulos45.
Os achados demonstram resultados parecidos com os adultos, pois
a eficácia do exercício de força muscular parece depender de variáveis como
intensidade, volume, duração, apresentando melhoras como 37,46,47,48:
Melhora na força e resistência muscular
Melhora a densidade mineral óssea
Melhoras nas habilidades motora
Previne lesões associadas ao esporte
Melhora aspectos psicológicos
Desenvolvem padrões de movimento seguro e adequado
Ajuda na manutenção do peso corporal
Reabilita doenças como osteopenia e fibrose cística, tanto na
criança como no adulto.
O exercício resistido, progressivo e supervisionado pode oferecer
um método seguro e eficiente para reverter esta situação indesejável como por
exemplo a obesidade; Além disso o exercício resistido tem demostrado um aliado
nesse processo, melhorando a composição corporal em crianças obesas, sobretudo,
nas alterações musculares que possibilita uma vida mais ativa e com maior consumo
de energia28,29.
Estudos científicos verificaram redução na massa corporal e
diminuição das circunferências em jovens obesos, sem comprometimento no
crescimento e maturação. Contudo, diferente do adulto, o aumento de força
muscular na criança e no adolescente parece não ser através da hipertrofia muscular
e sim pela melhora no recrutamento da unidade motora e ativação muscular.
37
Quando relacionado com o sexo, o aumento da força muscular só é
evidente na adolescência, quando os meninos superam as meninas no crescimento
muscular, principalmente pelo aumento das concentrações hormonais, incluindo
testosterona e hormônios do crescimento29.
É evidente que a criança é diferente do adolescente, que por sua
vez é diferente do adulto, pelo seu tamanho, fase maturacional, pelo seu
desenvolvimento, sua anatomia, estrutura muscular e fisiológica.
O profissional deve elaborar um programa de treinamento
compatível com essas diferenças, pois a ativação motora, padrões de ativação e
função se diferem. Por exemplo, na criança o metabolismo oxidativo e as taxas de
recuperação do exercício de alta intensidade são menores quando comparados com
o adulto49.
Enquanto que no jovem, a escolha do exercício pelo profissional,
dependerá da capacidade técnica do jovem, sempre iniciando do modo mais simples
para o mais complexo.
Um estudo em formato de revisão sistemática realizada em 2017,
apontou que o exercício resistido foi metabolicamente benéfico para criança e o
adolescente quando comparado com o grupo controle, mostrando benefícios na
composição corporal50. No entanto, quando executado de maneira equivocada pode
ocasionar lesões.
O consenso internacional2 verificou que 77% das lesões relacionada
com o exercício resistido foram acidentais, e ocorreram quando o jovem estava
realizando sozinho ou acompanhando por indivíduos sem formação ou com
formação inapropriada. A maior preocupação do exercício resistido no jovem é a
lesão na placa epifisária, que se localiza nas extremidades dos ossos e controla o
crescimento.
Esse risco é bem diminuído quando a prescrição é realizada de
forma correta, a progressão deve ser gradual e com exercícios e variáveis
controladas para cada faixa etária. É de suma importância a técnica do movimento e
o alinhamento postural em todas as fases de execução do exercício para evitar
lesões49.
A prescrição de exercício resistido para criança mostra grande
variabilidade. Porém, a tendência é seguir geralmente a prescrição do adulto, com
menor carga e mais repetições. A técnica e o padrão de movimento devem ser muito
38
mais assegurado na criança e no adolescente pelo profissional de Educação
Física50. A tabela 3 apresenta tipos de prescrição de exercício para crianças, com o
objetivo de melhorar a força e resistência muscular, desde o iniciante até o
desempenho atlético50.
TABELA 3. Tipos de prescrição de exercício para crianças com o objetivo de
melhorar a força e resistência muscular.
Prescrição exercício resistido para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e
Progressão Considerações
Inic
ian
te
Use o peso corporal, exercício para grande grupos musculares - Abdominais - Flexões -Faixas elásticas
Leve ou muito leve <40 % do esforço máximo
2 ou 3 vezes por semana
1 ou 2 series 6 a 12 repetições
Nessa fase a sobrecarga e a progressão não é tão essencial depende muito do interesse da criança.
Objetivo principal é introduzir a execução correta dos movimentos.
Inte
rmed
iári
o
Resistência muscular em aparelhos de academias como leg press, flexora, voador e etc.
Leve a moderado. 50% do esforço máximo.
3 a 4 vezes por semana. Alternando os segmentos
1 a 3 series 6 a 15 repetições
Nessa fase pode introduzir 1 a 2 componentes de sobrecarga. 1 a 2 vezes por semana
A criança tem que conseguir fazer todo o movimento proposto com eficiência no padrão de movimento
Des
emp
enh
o
Atl
éti
co
Exercício avançado de 1 ou mais articulações, específico para o esporte desejado.
Varia dependendo do esporte, mas < 70% do esforço máximo
4 a 5 vezes por semana.
3 a 5 series 5 a 20 repetições
Nessa fase pode introduzir 1 a 3 componentes de sobrecarga. 2 a 3 vezes por semana variando a intensidade e a duração
A criança tem que conseguir fazer todo o movimento proposto com eficiência no padrão de movimento
Fonte: Clinical Exercise Physiology, 2013.
Um posicionamento da sociedade canadense de fisiologia51, orienta
que o exercício resistido seja realizado duas a três vezes por semana, em dias não
consecutivos, uma a duas séries e progredindo para quatro series, de oito a 15
repetições, e progredir para oito a 12 exercícios. Pode-se incluir também, exercício
como levantamento olímpico, exercícios pliométricos. Porém, sempre
acompanhando de um profissional51. Kenney e colaboradores orientam para o
exercício resistido em criança e adolescente46 conforme a tabela 4.
39
TABELA 4. Prescrição de exercício para crianças com o objetivo de melhorar a força
e resistência muscular por faixa etária.
Menores de 7 anos:
Exercício físico com pouco peso ou sem peso, priorizando o
padrão de movimento, exercício calistênico individual e em
duplas com baixo volume e intensidade.
8 a 10 anos:
Aumenta o número de exercícios, exercício físicos um pouco
mais complexos, iniciasse carga progressiva aos exercícios,
aumente gradativamente o volume do treino.
11 a 13 anos
Deve dominar as técnicas dos exercícios proposto, pode
introduzir exercícios físico mais avançado se necessário,
acrescente exercícios específico de esporte quando necessário.
14 e 15 anos
Aumente o volume de treino, seu programa de força pode ser
mais avançado, desde tenha experiências anteriores com
exercício de força.
Maiores de 16 anos
Pode ser introduzidos a programa de exercício resistido de
adulto inicial, desde que tenha uma vivência motora e uma
bagagem básica de movimento.
40
Para Ruas (2014), o programa de exercício resistido na criança
e no adolescente, devem começar com um aquecimento de cinco a 10 minutos com
o objetivo de preparar a função neuromuscular, podendo ser uma atividade lúdica ou
movimentações básicas, de forma dinâmica com deslocamento28.
A parte principal pode incluir exercício calistênico, e
equipamentos como por exemplo: halteres, barras, fita elástica, banco pliométricos,
além de medicini balls. A indicação é sempre iniciar de exercícios básicos para
complexos, exercitando os principais grupos musculares durante cada sessão, e
também composta de múltiplos exercícios. Iniciantes devem realizar uma a duas
séries, com intensidade baixa a moderada, de uma a três repetições e com feedback
a cada repetição para garantir movimento correto e seguro, e progredir com as
sessões para seis a doze repetições.
Esse processo auxilia o jovem no desenvolvimento do controle
motor, e com o passar do tempo o professor pode diminuir o intervalo e aumentar a
carga externa, desde que seja mantido a qualidade de movimento. O intervalo de
descanso pode variar de acordo com o volume e intensidade do esforço. Porém,
como a criança e o adolescente são rapidamente induzidos a fadiga, sofre menos
danos musculares, devido a isso, um minuto de intervalo é suficiente, podendo
variar ainda para dois a três minutos. Sua frequência deve ser de duas a três vezes
semanais.
Os dias devem ser intercalados, e pode ser aumentada à medida
que se aproxima da idade adulta28,29. A sessão finaliza com um período de cinco a
10 minutos, com a retorno da frequência cardíaca de repouso e diminuição da
temperatura corporal. Um alongamento estático é interessante, acompanhando de
feedback do objetivo da aula28. Essas informações, corroboram os achados de
Malina, ele apresenta que exercício resistido, realizado duas a três vezes por
semana, aumenta a força na criança e no adolescente, com maior evidência em
meninos mais velhos48.
Oliveira (2003) orienta a progressão dos exercícios resistidos para
criança conforme descrição da tabela 545.
TABELA 5. Prescrição de exercício resistido para crianças e adolescentes por faixa etária.
Menores de 5 a 7 anos:
41
Exercícios básicos com pouco ou nenhum peso;
Desenvolver conceito de sessão de exercício resistido;
Ensinar padrão de movimento;
Progredir de exercícios calistênicos com o peso do corpo,
exercícios com parceiros e exercícios com cargas leves;
Manter volume baixo.
8 a 10 anos:
Aumenta gradualmente o número de exercícios;
Praticar técnicas de exercícios resistidos;
Incrementar gradualmente a carga dos exercícios;
Manter exercícios simples.
11 a 13 anos
Ensinar todas as técnicas básicas dos exercícios;
Aumentar progressivo o peso de cada exercício resistido;
Enfatizar o padrão do movimento;
Introduzir exercícios resistidos mais avançados com pouca carga
ou nenhuma carga.
14 e 15 anos
Progredir para programas de exercícios de força mais avançados;
Incluir componentes específicos do esporte caso necessário;
Aumentar o volume;
Enfatizar o padrão de movimento.
Maiores de 16 anos
Após uma vivência corporal e padrões de movimentos, pode iniciar
o programa de exercício resistido como o do adulto.
42
Por fim, o mito que o exercício resistido oferece risco de lesões e
pode comprometer o crescimento de crianças e adolescentes não é evidente na
literatura.
De modo contrário, com o monitoramento responsável e constante,
os riscos do exercício resistido na criança e no adolescente são quase inexistentes.
Porém, quando mal elaborado e/ou supervisionado, pode trazer riscos como
qualquer outra atividade ou esporte. Independentemente da idade cronológica, a
criança deve sempre iniciar o exercício resistido do modo mais simples para o mais
complexo.
Outros pontos importantes a serem considerados são, a execução
da técnica correta, o nível de treinamento, a habilidade motora e o nível de força do
participante. No que concerne a programação do professor, o exercício resistido
deverá ser periodizado, ter controle, sobretudo, nos princípios da sobrecarga,
especificidade e progressão. Seu implemento pode variar do peso corporal para
aparelhos de musculação, halteres, bolas, barras, kettlebell entre outros.
Em suma, conforme discutido no decorrer no capítulo, os benefícios
do exercício resistido são, aumento da força muscular, melhora da coordenação
motora, prevenção de lesões, redução fatores de risco cardiovascular. Ademais,
pode possibilitar o hábito e a manutenção do exercício físico por toda a vida.
Contudo, todos esses benefícios, serão viabilizados se somados a uma alimentação
equilibrada e saudável, e hidratação e sono adequados.
2.6. Programa de Exercício Cardiorrespiratório (Capítulo 6)
O exercício cardiorrespiratório na infância, tem alguns pontos
importantes a serem destacados. Primeiro, a criança e o adolescente não devem ser
considerados um mini adulto, eles são fisiologicamente diferentes do adulto.
Por isso, é preciso entender de que forma as crianças e os
adolescentes respondem ao exercício físico e compreender os aspectos fisiológicos
envolvidos em cada situação, pois à medida que eles crescem e se desenvolvem,
existem alterações na funções cardiovascular e pulmonar8,21.
Na função pulmonar, as dimensões dos pulmões, função, volume e a
taxas de fluxo máximo aumentam significativamente com o crescimento e esse
processo ocorre até o final da maturação biológica8, 21.
43
Na função cardiovascular, também ocorrem mudanças significativas
à medida que a criança cresce e se desenvolve, contribuindo para um aumento
substancial na potência aeróbia durante o crescimento.
A criança tem o coração e o volume sanguíneo total, menor, tanto
em repouso como durante o exercício, resultando num menor volume sistólico. Para
compensar parcialmente essa diferença, a resposta da frequência cardíaca (FC) no
exercício em que a necessidade de oxigênio é a mesma é maior na criança para o
mesmo trabalho submáximo quando comparado com o adulto. Todavia, com o
aumento do tamanho corporal, também aumenta o tamanho do coração e o volume
sanguíneo e consequentemente a diminuição da frequência cardíaca até valores do
adulto8.
O ACSM (2014) recomenda que seja realizado 60 minutos de
exercício cardiorrespiratório, diariamente e com intensidade moderada a vigorosa,
podendo ser representada por um aumento considerável na frequência cardíaca e
na respiração. Os exercícios físicos devem ser adequados para cada faixa etária e
que sejam agradáveis, para, desse modo, as crianças terem aderência e
continuidade no exercício físico31,44.
No exercício cardiorrespiratório, devem ser preferencialmente
através de exercícios físicos que envolvam grandes grupos musculares, prescrito
com intensidade de 60 a 90% FC reserva ou 50 a 85% do VO2max, duração de 15 a
60 minutos de maneira continua, para aptidão cardiorrespiratória. Para o controle do
peso corporal, são recomendados 40 a 60% da FC reserva, e 30 a 60 minutos
contínuos.
A frequência deve ser de 3 a 5 vezes por semana em dias
alternados quando possível31,44. Corroborando com as recomendações do ACSM
(2014), Ehrman e colaboradores (2013) apresentam na tabela 5 as recomendações
de prescrição de exercício cardiorrespiratório para crianças e adolescentes
relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético, abordando diferentes
habilidades, interesses e objetivos da criança e do adolescente37.
Contudo, boa parte das crianças e adolescentes, não atingem as
recomendações, ou até atingem, entretanto, permanecem o restante do tempo em
comportamento sedentário. Ademais, a inatividade física e a má condição
cardiorrespiratória estão associadas a fatores de risco para doenças
cardiovasculares.
44
TABELA 6. Prescrição de exercício cardiorrespiratório para crianças e adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético.
Prescrição exercício aeróbio para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e
Progressão Considerações
Inic
ian
te
Andar; Correr; Nadar; Pedalar; Jogos;
50 a 60% frequência máxima Moderada Escala de Borg 4 a 5 e OMMI 2 a 5.
3 vezes por semana
30 minutos
Estimular as crianças a se movimentarem, sem necessariamente colocar carga
Criar um estivo de vida ativo e com atividades que envolvam os participantes
Inte
rmed
iári
o
Jogos; Corrida; Ciclismo
Esporte;
60 a 75% frequência máxima Vigorosa Escala de Borg 6 a 9 e OMMI 6 a 9.
3 a 5 por semana
40 a 60 minutos
Iniciar com pequenas cargas ou sem carga
e progredir aumento o tempo ou diminuindo o período de descanso
Está atento aos excessos de exercício
Des
emp
enh
o
Atl
étic
o
Programa similar ao adulto
65 a 90% frequência máxima Vigorosa Escala de Borg 6 a 9 e OMMI 6 a 9.
5 a 6 por semana
60 a 120 minutos
Estruturar o programa de exercício variando a intensidade e a duração
Está atento aos excessos de exercício
No entanto, devem ser considerados alguns pontos importantes37.
A criança e o adolescente devem ser incentivados a estarem
fisicamente ativo diariamente ou na maioria dos dias, com atividade
física, jogos, brincadeiras, esportes, recreação, exercício físico
planejado, no contexto familiar, escolar e sobe a orientação de um
profissional de Educação Física na prescrição do exercício físico.
Independentemente da idade, a intensidade do exercício e o
grau de dificuldade deve começar leve, fácil e progredir gradualmente.
45
O tipo, intensidade e duração do exercício, deve ser baseado no
estado maturacional da criança e na experiência previa dela no
exercício proposto, sempre buscando eficiência no padrão de
movimento.
Escala de percepção de esforço é mais utilizada em criança
(escala Borg e Omni), devido a dificuldade de monitorar a FC da
criança, no capítulo avaliação são apresentadas as escalas de
percepção de esforço.
A intensidade ou duração da atividade física é provavelmente
menos importante nessa fase do que estabelecer o hábito de atividade
física diária.
Além disso, a criança e o adolescente devem se envolver no mínimo
três vezes por semana em atividade aeróbia com duração de vinte minutos ou mais
com intensidade moderada a vigorada de exercício físico, além de outras atividades
para completar os 60 minutos ou mais de atividade física diária31,37. Para melhorar o
condicionamento cardiorrespiratório, uma frequência cardíaca de 60% da FCReserva,
no exercício físico moderado a vigoroso com atividades que envolvam grande
grupos musculares2,3,5.
Por fim, é importante que a criança tenha uma vida ativa, não fique
mais de 60 minutos sentado ou deitado continuamente, exceto quando estiver
dormindo, e o exercício físico deve ser realizado com planejamento, e acompanhado
de um profissional capacitado e qualificado.
2.7. Programa de Exercício Flexibilidade (Capítulo 7)
Flexibilidade é definida como a máxima amplitude do movimento
total, e está relacionada a uma série de variáveis como, distensibilidade da cápsula
articular, viscosidade muscular e aquecimento adequado37. Crianças menores
possuem músculos, ligamentos e tendões flexíveis, com isso, a flexibilidade não se
torna prioridade.
Todavia, crianças devem ser estimuladas a fazerem alongamento
diariamente31,37. Tendo em vista que, o exercício de flexibilidade é recomendado
46
para todas as idades. Evidências científicas apontam um declínio na flexibilidade
com o passar dos anos, iniciando nos meninos a partir dos 10 anos e nas meninas a
partir dos 12 anos37.
Como a flexibilidade consiste na habilidade de mover as articulações
na máxima amplitude de movimento17. Durante os exercícios de alongamento,
observa-se um aumento no fluxo sanguíneo nos músculos ativos, aumento na
temperatura muscular, aumentando a velocidade e a força da contração
muscular37,44.
Os exercícios de flexibilidade, interferem também na fáscia, tecido
conjuntivo que envolve o músculo, sustentando e estabilizando os músculos, órgãos
e tecidos corporais44.
Virgílio17 aponta que o momento ideal para melhorar os níveis de
flexibilidade, é depois de uma atividade de aquecimento contínua com duração de
pelo menos de 15 minutos17. É importante destacar que o nível da flexibilidade é
específica a cada articulação, ou seja, uma criança pode apresentar flexibilidade na
região dos músculos posteriores da coxa e não apresentar o mesmo grau de
flexibilidade na região do ombro.
Desse modo, na elaboração da prescrição, deve compor de
exercícios para diversas articulações17, por conseguinte, numerosos benefícios
podem ser percebidos17:
Aumento da amplitude do movimento;
Prevenção de lesões musculares;
Diminuição da sensação dolorida nos músculos;
Manutenção da postura correta;
Redução do estresse sobre as articulações;
Melhora do desempenho na movimentação.
Até o momento, não existe nenhum teste de flexibilidade que avalie
a flexibilidade corporal total, apenas alguns aparelhos como o goniômetro,
eletrogoniômetro, flexômetro de Leighton, inclinômetros e medidas realizadas com
fitas, são medidas que inferem a flexibilidade das articulações31.
47
Cabe ressaltar que, o teste de sentar e alcançar (vide capítulo
anterior) é utilizado para avaliar a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa e
da lombar, relacionado a saúde.
A flexibilidade dos posteriores de coxa está relacionada a facilidade
nas atividades cotidianas e no desempenho esportivo31.
Segundo Virgilio17, as duas técnicas mais utilizadas para melhorar a flexibilidade são
os exercícios de alongamento balístico e estático. Ele orienta que antes do início dos
exercícios de alongamento é necessário que ocorra o aquecimento dos músculos,
através de alguma atividade ou exercício físico que envolvam grandes grupos
musculares, por exemplo, uma atividade lúdica como pega-pega, caminhada ou
corrida leve.
Alongamento estático é a execução do movimento de um
determinado grupo muscular de forma lenta e estável até atingir uma rigidez e a
permanência nesta posição por um período de 10 a 30 segundos17.
O alongamento estático é mais seguro, por outro lado, o
alongamento balístico incorpora movimentos de elasticidade e contração para
alongar os músculos, esses exercícios são mais utilizados antes de atividade
esportivas, como movimentos lentos e controlados em torno da articulação17.
Ehrman e colaboradores37 apresentam na tabela 6 as
recomendações de prescrição de exercício de flexibilidade para crianças e
adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético,
abordando diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do
adolescente37.
TABELA 7. Prescrição de exercício de flexibilidade para crianças e adolescentes relacionado à
saúde, aptidão física e ao desempenho atlético.
Prescrição exercício de flexibilidade para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e
Progressão Considerações
Inic
ian
te
Exercícios estáticos para os principais grupos musculares
Intensidade leve com leve desconforto muscular
Antes ou depois de cada atividade ou sessão de exercício físico ou três vezes por semana
10 a 15 segundos, 2 vezes cada exercício
Não é necessário a sobrecarga. Comece fácil em alongamento com a mínima resistência aplicada.
O objetivo é fazer com que as crianças tenham o hábito de se alongar. Aquecer a criança antes de começar os exercícios
48
específicos. In
term
ediá
rio
Exercício estático e introdução de exercício dinâmico
Intensidade leve com leve desconforto muscular
Antes ou depois de cada atividade ou sessão de exercício físico ou três vezes por semana
10 a 15 segundos, 3 vezes cada exercício
Não é necessário a sobrecarga. Iniciar com movimentos dinâmicos multiarticular e progredir para movimentos específicos.
Introduzir os exercícios de alogamento dinâmico Alongue os principais músculos primeiro e depois os menores.
Des
emp
enh
o
Atl
étic
o
Pode utilizar estático, dinâmico e o balístico e exercícios específicos
Intensidade leve com leve desconforto muscular
Antes ou depois de cada atividade ou sessão de treinamento ou três vezes por semana
O treinador qualificado pode escolher os exercicios estáticos, dinâmicos ou balísticos.
Não é necessário sobrecarga. Iniciar com movimentos dinâmicos multiarticular e progredir para movimentos específicos do esporte desejado.
A progressão pode incluir alongamento moderado e proprioceptivo de facilitação neuromuscular.
Por fim, vale salientar que a flexibilidade é reduzida com a
inatividade física e com a idade. Destarte, é importante que o programa de exercício
físico para a criança e o adolescente incorpore estes exercícios, pois o hábito de
realizar os exercícios de flexibilidade durante os treinos, aumentam a possibilidade
da manutenção na idade adulta37.
3. DESENVOLVIMENTO
No processo de elaboração do produto técnico, seguimos
procedimentos metodológicos, divididos em três etapas, com o intuito de dar
embasamento teórico ao conteúdo. Para um melhor entendimento, apresentamos a
seguir as etapas deste processo.
3.1 PRIMEIRA ETAPA
Em um primeiro momento foi realizado um levantamento
bibliográfico em artigos científicos, livros e materiais bibliográficos sobre a proposta
49
apresentada, para que se tivesse conhecimento e assim se tornasse possível a
elaboração de um aporte teórico com os aspectos necessários para a construção do
produto técnico final.
3.2 SEGUNDA ETAPA
Com o intuito de conhecer e identificar na literatura as evidências
sobre a prescrição de exercício físico na criança e adolescente, e os métodos de
desenvolvimento e instrumentos de avaliação, organizou-se os conteúdos
encontrados na revisão bibliográfica. Para tal tarefa, foi realizado um levantamento
nas bases de dados Medline, Scientific Electroic Library Online (SciELO), Lilacs,
EMBASE, SPORT Discus, EBSCO envolvendo artigos científicos, dissertações,
teses e livros, em três idiomas (português, inglês e espanhol) a partir dos
descritores: “exercício físico”, “aptidão física”, “exercício resistido”, “flexibilidade”,
“cardiorrespiratório”, “crianças” e “adolescentes”, que deu suporte à construção do
manual de operação técnica.
3.3 TERCEIRA ETAPA
Elaboração da produção técnica
O manual foi dividido da seguinte forma:
Capítulo 1 - Conceitos fundamentais na infância e na adolescência
Este capítulo contém os conteúdos relacionado à criança e o
adolescente, destacando os principais conceitos que envolvem esta população e os
associando à atividade física.
Capítulo 2 - Conceitos fundamentais sobre Prescrição de Exercício Físico
Neste capítulo estão os conteúdos relacionados à prescrição de
exercício físico, abordando a importância de envolver os componentes relacionados
à aptidão física relacionada à saúde, como: resistência cardiorrespiratória,
50
resistência de força, flexibilidade e composição corporal. Ademais, aponta a
importância de controlar as variáveis que envolvem o exercício físico, como
frequência, volume, intensidade, sequência de exercícios e tipo, além de respeitar os
princípios da: sobrecarga, progressão, individualidade e reversibilidade.
Capítulo 3 – Avaliação Física em crianças e adolescentes
Este capítulo descreve os protocolos mais utilizados na avaliação
física na criança e no adolescente, tendo como objetivo conhecer melhor o aluno,
podendo assim, prescrever o exercício físico com maior qualidade e efetividade.
Capítulo 4 – Composição Corporal
Este capítulo define o que é composição corporal, os tipos de testes
para analisar a composição corporal, e as técnicas de medida para avaliar a
composição corporal da criança e do adolescente, além de fazer uma associação
entre atividade física e a composição corporal.
Capítulo 5 – Programa de Exercício Resistido
Apresenta a importância do exercício resistido para a criança e o
adolescente, como um crescimento saudável dos músculos e ossos, melhora das
habilidades motoras e do desempenho esportivo. Além disso, neste capítulo é
apresentado com base em evidências científicas, que o exercício resistido é
importante na infância, desde que, seja acompanhado por um profissional de
Educação Física capacitado.
Capítulo 6 – Programa de Exercício Cardiorrespiratório
Apresenta as recomendações da prática de exercício
cardiorrespiratório para a criança e o adolescente relacionada a saúde, abordando
as diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do adolescente.
51
Capítulo 7 - Programa de Exercício de Flexibilidade
Último capítulo do manual, apresenta a importância do exercício de
flexibilidade na infância, e indica sua manutenção por toda a vida. Além disso,
apresenta a recomendação e benefícios dos exercícios de flexibilidade para
qualidade de vida dos participantes. Aponta também, os testes que avaliam
flexibilidade, para criança e do adolescente.
4. CONCLUSÃO
A criança e o adolescente devem ser encorajados a se manterem
ativos, de forma diária e por pelo menos 60 minutos, envolvendo exercícios de
resistência muscular, exercícios cardiorrespiratórios e exercícios para flexibilidade,
além de diminuir a permamência em comportamento sedentario.
A atividade física regular traz alterações positivas nas concentrações
de hormônios e metabólitos que influenciam o crescimento, desenvolvimento e a
maturação durante a puberdade. Por conseguinte, promove o desenvolvimento dos
sistemas muscular e esquelético, e melhora do sistema cardiorrespiratório e
sensibilidade a insulina, além de reduzir a probabilidade de obesidade. Vale salientar
que, a crença que o exercício resistido oferece risco de lesões e pode comprometer
o crescimento de crianças e adolescentes não é evidente na literatura.
De modo oposto, com o monitoramento responsável, constante e
atento, os riscos do exercício resistido são quase inexistentes, e parece melhorar a
força muscular através dos componentes coordenativos e da ativação
neuromuscular, ajuda na proteção do aparelho locomotor, correção e prevenção da
postura corporal e confere padrão de movimento eficiente e seguro. Porém, quando
mal elaborado e ou supervisionado pode trazer riscos como qualquer outra atividade
ou esporte.
Além disso, o exercício físico planejado e estruturado diminui o risco
de lesões, melhora a força muscular, reduz o risco de doenças cardiovasculares,
melhora o sistema cardiorrespiratório e a coordenação motora. Vale salientar que a
atividade física tem um papel importante para a manutenção do peso corporal, por
toda a vida, evitando a obesidade e a doenças associadas.
52
Desse modo, é importante na elaboração do programa de exercício
físico da criança e do adolescente, que as atividades sejam adaptadas as
necessidades de cada aluno, para ele manter a prática, e não seja desestimulado e
pare. Uma estratégia interessante é elaborar junto com o aluno metas pessoais de
aptidão física relacionada a saúde durante a avaliação, após o término do período
programado, reavaliar e elaborar uma nova meta.
Os benefícios da prática do exercício físico na infância são
inúmeros. Talvez o mais importante seja o fato que criança e adolescente ativo
tendem a ser ativos na vida adulta.
53
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validation. Med Sci Sports Exerc. 32: 452-458, 2000.
59
APÊNDICE A – Trabalho Apresentado em Evento Científico
Trabalho 1:
Cardias PC, Cortz RV, Lourenço MRA. Perfil Antropometrico de Atletas de ginástica Rítmica da Universidade Norte do Paraná. VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício. Londrina. 2016. PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ATLETAS DE GINÁSTICA RÍTMICA DA UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ. Autores: Evandro P. Cardias1, Roberta V. Cortz2, Márcia A. Lourenço3. e-mail:
[email protected] Instituições:1Universidade do Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil; 2Universidade do Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil;3Universidade do Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil. Introdução: Sabe-se que as atletas de Ginástica Rítmica (GR) iniciam o esporte com pouca idade, adotam dieta com restrições calóricas mesmo em ritmo intenso de treinamento, possuem baixo peso corporal, quadril estreito e figura longilínea. Dentre essas características, o baixo peso corporal deve ser acompanhado por ser um facilitador no esporte, embora o código de pontuação da Federação Internacional de Ginástica não deixar explícito, a estética é um fator intrinsicamente avaliado, deste modo, o bom desempenho é dependente da manutenção do baixo peso corporal. O IMC é um método indireto considerado simples, de fácil obtenção, de baixo custo e boa precisão, ele parece ser apropriado em razão em sua elevada associação estatística com os valores de gordura corporal. Objetivo: Avaliar o perfil
antropométrico de atletas de GR da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) através do índice de massa corporal (IMC), em diferentes categorias. Metodologia:
Foram avaliadas 24 atletas de GR da UNOPAR (Londrina) por único avaliador que realizou as medidas do peso e estatura no local de treinamento das mesmas, os dados foram tabulados em planilha de excel e calculado a média e desvio padrão dos valores de IMC de todas as atletas e em seguida pela sua categoria. Resultados: Análise do estado nutricional das ginastas de 10 a 19 anos, segundo IMC, apresentou média entre todas as avaliadas de 17,85% com baixo peso. Em relação às categorias observou-se que a categoria infantil (11 a 12 anos) está com IMC classificado como abaixo do normal pela OMS/2007, já as categorias juvenil (13 a 15 anos) e adulta (a partir dos 16 anos) apresentam IMC normal. Conclusão: Portanto, as atletas de GR da UNOPAR foram observadas como eutróficas, não havendo diferenças entres as categorias, porém considera-se pertinente a realização de outros estudos sobre a avaliação do estado nutricional e de hábitos alimentares de ginastas desta modalidade.
61
Trabalho 2 :
Cardias EP, Lourenço MRA, Gabardo JM, Timoteo EA, Altimari LR, Buzzachera CF. Respostas psicofisiológicas durante exercício físico em crianças: Influência da autinomia percebida. Simpósio Internacional de Ciência do Esporte (CELAFISCS). São Paulo, 2017.
RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO FÍSICO EM
CRIANÇAS: INFLUÊNCIA DA AUTONOMIA PERCEBIDA
Evandro Pires Cardias1, Marcia Regina Aversani Lourenço1, Juliano Moro Gabardo1, Eduardo Assueiro Timoteo1, Leandro Ricardo Altimari2, Cosme Franklim
Buzzachera1
Universidade do Norte do Paraná, UNOPAR1, Universidade Estadual de Londrina,
UEL2 - [email protected]
Introdução Evidências sugerem que protocolos de exercício físico com cargas autosselecionadas são associados com respostas afetivas e perceptuais positivas, as quais combinadas, parecem ter papel importante na participação futura em programas de exercício físico. De fato, participantes de um programa de exercício físico atuam como agentes ativos, e permitir a escolha da intensidade de seu esforço aumenta a sua percepção de autonomia na atividade, promovendo, por conseguinte, experiências subjetivas mais prazerosas e menos extenuantes. Cabe notar, todavia, que a relação entre autonomia percebida e respostas psicofisiológicas durante exercício físico autosselecionado foi apenas examinada na população adulta, negligenciando assim possíveis diferenças existentes na população infantil. Objetivo Examinar a influência da autonomia percebida nas respostas
psicofisiológicas durante exercício físico em crianças. Métodos Participaram deste estudo 20 meninos (idade média 11,2 ± 0,9 anos; V̇O2pico 42,0 ± 5,6 mL.kg-¹.min-¹). Cada participante visitou o laboratório em quatro ocasiões. Na sessão 1, um screening médico, coleta de dados antropométricos, e familiarização foi realizado. Na sessão 2, um teste com cargas incrementais, tipo rampa, até a exaustão volitiva, foi realizado em ciclo ergômetro. Na sessão 3, um teste de exercício físico com duração de 15 min foi conduzido em ciclo ergômetro em uma intensidade autosselecionada. Por fim, na sessão 4, outro teste de exercício físico com duração de 15 min foi conduzido em ciclo ergômetro, todavia, em uma intensidade prescrita e equivalente à intensidade autosselecionada pelo participante na sessão 3. Em cada teste, respostas fisiológicas de consumo de oxigênio (V̇O2; Fitmate Cosmed®), além de respostas perceptuais (OMNI RPE scale, 0-10) e afetivas (Feeling Scale, -5 até +5), foram mensuradas a cada intervalo de 5 min. Ao final de cada teste, autonomia percebida foi reportada pelos participantes. Testes de ANOVA one way com medidas repetidas com post hoc de Bonferroni foram usados para examinar diferenças entre as condições autosselecionada vs prescrita nas respostas fisiológicas (%V̇O2pico), afetivas e perceptuais (P<0,05). Resultados Os participantes autosselecionaram cargas entre 48 ± 13 W (min 5) até 51 ± 15 W (min 15), correspondendo a uma carga máxima equivalente a 32 ± 2% (min 5) e 34 ± 2% (min 15). As respostas fisiológicas (%V̇O2pico), portanto, foram similares entre as condições autosselecionada (min 5, 48,6 ± 1,0 até min 15, 48,5 ± 1,8)
62
e prescrita (min 5, 49,5 ± 1,9 até min 15, 46,4 ± 1,3; F1,114=0,88, P>0,05). As respostas perceptuais, por sua vez, foram menores na condição prescrita (min 5, 2,20 ± 0,3 até min 15, 3,40 ± 0,4) em comparação com a condição autosselecionada (min 5, 3,25 ± 0,4 até min 15, 4,10 ± 0,3; F1,114=191,3, P<0,05). As respostas afetivas, opostamente, foram mais positivas na condição prescrita(min 5, 3,05 ± 0,3 até min 15, 2,30 ± 0,4) em relação a condição autosselecionada (min 5, 2,40 ± 0,3 até min 15, 2,45 ± 0,4; F1,114=7,37, P<0.05). A autonomia percebida, todavia, foi menor na condição prescrita (27,0 ± 3,7 vs 18,6 ± 6,6; P<0,05). Conclusão Os resultados do
presente estudo sugerem que respostas afetivas e perceptuais durante exercício físico são afetadas pela autonomia percebida em crianças. O exercício físico prescrito parece ser menos extenuante e mais prazeroso nesta população, independentemente da maior autonomia percebida durante exercício físico autosselecionado. As razões para tais achados são incertas e devem ser investigadas no futuro.
64
APÊNDICE B – Artigo Científico
PSYCHOPHYSIOLOGICAL RESPONSES TO EXERCISE IN CHILDREN: THE
ROLE OF PERCEIVED AUTONOMY
(Submissão do manuscrito para o periódico Perceptual & Motor Skills)
(Webqualis A2)
65
Introduction
Though it is well known that regular exercise promotes health and fitness
benefits in young people (Biddle, Atkin, Cavill, et al. 2011), unfortunately, most
children and adolescents do not meet the minimum recommended levels of exercise
participation. Epidemiological data indicates that more than 50 per cent of the
worldwide youth population does not engage in physical activity for ≥ 60 min at least
five times a week (Sallis, Bull, Guthold, et al., 2011). Dropout is considered one of the
major contributing factors to the low rates of exercise participation among children
and adolescents. Evidence shows that approximately 50 per cent of individuals who
initiate an exercise program drop out within the few months of participation (Craike,
Symons, & Zimmermann, 2009). Thus, many people withdraw from exercise
programs before physiological gains occur. The identification of factors that
contribute to non-adherence among children and adolescents has been one of the
greatest challenges in exercise research over the last few years.
The amount of pleasure one experiences during exercise might play a crucial
role in later physical activity (Ekkekakis, 2003; Williams, Dunsiger, Ciccolo, et al.,
2008; Guidetti, Buzzachera, Emerenziani, et al., 2014). A positive affective response
experienced during exercise may lead to a greater enjoyment of the activity, create a
positive memory of the exercise experience and hopefully lead to an increased
motivation for future physical activity behaviour (Ekkekakis, 2003; Kiviniemi, Voss-
Humke, & Seifert, 2007). This hypothesis has been presented using the hedonic
theory of motivation (Kahneman, Fredrickson, & Schreiber, 1993), which argues that
if people derive pleasure from exercise participation, then they would presumably
66
seek to repeat this activity. Conversely, if people derive displeasure from exercise
participation, the chances of them repeating this activity would be reduced. In fact, a
recent study with adults conducted by Williams, Dunsiger, Ciccolo, et al. (2008) found
that affective responses to a moderately intense stimulus were predictive of exercise
participation up to 6 and 12 months later. However, the relationship between affective
responses and later exercise participation becomes nonsignificant when controlling
for perceived exertion, thus suggesting a crucial role for both affective and exertional
responses in the adherence to exercise programs.
Speculation exists that self-selected intensity protocols might facilitate the
experience of positive affective and exertional responses during exercise in untrained
and moderately trained adults (Ekkekakis, Backhouse, Gray, et al., 2008; DaSilva,
Guidetti, Buzzachera, et al., 2010) and adolescents (Hamlyn-Williams, Freeman, &
Parfitt, 2014). Theoretically, allowing use of cognitive factors, such as goals,
perceived efficacy, and expectations, to choose an exercise intensity results in a
greater sense of control over the activity (Parfitt, Rose, & Burgess, 2006) and
enhanced perceptions of competence and autonomy (Vazou-Ekkekakis & Ekkekakis,
2009), which in turn might positively influence the affective and exertional responses
experienced during exercise. A study by Lind, Ekkekakis, Vazou-Ekkekakis, et al.
(2009) supported this notion and found that even a minor increase in exercise
intensity beyond the level that a person would have self-selected (~10 per cent
higher than those self-selected walking speed) can bring about a decrease in
pleasure. Similarly, using volunteers who performed both exercise at a self-selected
intensity and exercise at an intensity imposed by the experimenter but identical to
those self-selected, Vazou Ekkekakis & Ekkekakis (2009) found a reduced
perception of autonomy as well as attenuated increases in levels of interest and
67
enjoyment after the controlled condition. These findings are in agreement with
previous studies (Parfitt, et al., 2006; Ekkekakis, et al., 2008; Ekkekakis, Lind, Vazou-
Ekkekakis, et al., 2010) and theories (Deci & Ryan, 1987; Ekkekakis, Hall, &
Petruzzello, 2005) and reinforce that the loss of perceived autonomy in setting one’s
level of exercise intensity can negatively impact affective experiences.
Although many studies have been made to examine the role of perceived
autonomy on affective and exertional responses to exercise in adults (Parfitt, et al.,
2006; Ekkekakis, et al., 2008; DaSilva, et al., 2010), much remain to be investigated
using prescribed and self-selected exercise intensities in children and adolescents.
This void in literature is of concern because loss of perceived autonomy in setting
one’s level of exercise intensity might negatively impact the affective and exertional
experiences in children and adolescents, with possible implications for adherence
(Sheppard & Parfitt, et al., 2008; Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014). To
understand better the relationship between affective and exertional responses to
exercise and sense of control over the activity in young people, we examined
whether manipulating effort intensity perception of autonomy, by allowing or
disallowing the exerciser to set the exercise pace, can have an impact on affect and
perceived exertion.
Methods
Experimental Approach
To examine our hypothesis, a group of moderately trained boys completed six
trials, scheduled on different days, with at least 48 h between trials. The present
68
sample comprised young boys, who were physically active, of normal age-relative
body mass index, and engaged in regular training participation. On Day 1,
participants underwent a screening, anthropometric measurements, and
familiarization with the experimental procedures. On Day 2, they were required to
complete a maximal graded exercise test performed on a cycle ergometer. On Day 3,
participants in the autonomous condition were instructed to select an exercise
intensity that they prefer use in their exercise session. On Days 4-6, participants in
the imposed conditions were instructed to perform 20-min bouts of cycle ergometer
during which exercise intensities were imposed by the experimenter but were
identical, 10 per cent higher, or 10 per cent lower the one that was self-selected by
each participant at the corresponding time point on Day 3. The last three trials were
completed in a random and counterbalanced order. This study design enables for the
comparison of the effects of perceived autonomy (independent variable) on
physiological and psychological responses to exercise (dependent variables: oxygen
uptake reserve, affective valence, and perceived exertion).
Participants
Twenty moderately trained boys (mean age: 11.2 ± 0.9 yr) volunteered to
participate in this study, which was performed in accordance with the Helsinki
Declaration of 1975 and approved by the Institutional Ethics Committee. Parents or
legal guardians gave their informed consent after the purpose, procedures, possible
risks, and benefits of the study were explained to them. Based on a power analysis
considering the correlation among measures (D’Amico, Neilands, & Zambrano,
2001), a priori sample size was calculated using a software package GPower (Faul,
Erdfelder, & Buchner, 2007). This power analysis was conducted as follows: 4 (self-
69
selected and imposed exercise intensity trials) × 4 (time), within subject factorial
design with repeated measures, with effect size estimates derived from previous
work (Sheppard & Parfitt, 2008). For this study design, 10 participants were required
for each of the cells to result in a statistical power of 0.99, with a large effect size, f2
= 1.00 (Cohen, 1988), a moderate correlation (r = 0.50), and an overall level of
significance of P = 0.05. In sum, the sample size of 20 participants was large enough
to detect the expected differences between self-selected and imposed exercise
intensity trials.
Participants were recruited from a local soccer club. To be eligible for
participation, individuals were required to have engaged in > 30 min of regular
training participation per day on three days of the week for the previous six months.
All participants were in good health; were not taking medications known to affect
cardiovascular, respiratory, muscular, metabolic or cognitive functions; had a stable
body mass (<2.5-kg net change over the previous three mo.). The participants’
descriptive data are shown in Table 1.
Procedures
Maximal Graded Exercise Test
In the second visit to the laboratory, participants completed a maximal graded
exercise test on a cycle ergometer to assess maximal oxygen uptake (V̇O2max). They
were encouraged to continue to exercise until the point of volitional exhaustion. The
criteria for achieving a V̇O2max required participants to meet two of the following: a
plateau in V̇O2 (change of 150 mL.min-1 in the last three consecutive 20 s averages),
70
and/or heart rate within 10 beats.min-1 of the maximal level predicted by age.
Therefore, V̇O2max was defined as the highest V̇O2 value attained after reaching the
criteria. V̇O2 and pulmonary ventilation (V̇E) were measured on a breath-by-breath
basis by a gas analysis system (Fitmate, Cosmed, Italy). The system was calibrated
before each test. In addition, the turbine flow meter was calibrated with a 3-L syringe
before each test. Each maximal graded exercise test was preceded by 5 min of quiet,
seated rest. The average values of V̇O2 recorded during the last 2 min of seated rest
were defined as the resting values (V̇O2rest), which were lastly used to determine
oxygen uptake reserve in percentage terms (%V̇O2reserva, Swain, Leutholtz, King, et
al., 1998).
Experimental Trials
All participants completed four experimental trials, which were scheduled on
different days and with at least 48h between trials. However, a set of instructions
regarding pace selection were read to the subjects immediately before each trial. The
first experimental trial consisted of a 20-min exercise bout at a self-selected intensity
on a cycle ergometer (Lode Excalibur Sport, Groningen, Holland). The self-paced
exercise trial began at a standard workload of 20 W for 5 min. Then, participants
were allowed to increase, decrease, or maintain the standard workload. They were
permitted to manipulate the workout by pressing the control panel ad libitum. Of note,
after the first 5 min, subjects were allowed to adjust the workload only every 5 min of
the 20-min trial (i.e., min 5:00, 10:00, and 15:00). The control panel was covered
throughout the trial so that participants were blinded to the actual workload (DaSilva,
et al, 2010).
71
Participants also completed three remaining experimental trials during which
workload was supposedly imposed by the experimenter but was identical, 10 per cent
higher, or 10 per cent lower the one that was selected by them at at the
corresponding time point during the first experimental session. The order in which the
last three experimental trials were performed was randomly assigned and presented
in a counterbalanced fashion. All participants were instructed to refrain from exercise,
avoid alcoholic and caffeinated products in the 24 h before the trials, and present
themselves at the laboratory in a 2-h post-absorptive state. All experimental trials
were conducted in the morning (between 08:00 am and 12:00 pm) under similar
environmental conditions.
The respiratory metabolic measures were recorded throughout the
experimental trials using the same instruments and procedures as in the graded
exercise test. These physiological responses were then averaged across the final two
30 s intervals of each 5-min period of the 20-min trials to derive four data points (min
5:00, 10:00, 15:00, and 20:00) for V̇O2 as a dependent variable (Swain, Leutholtz,
King, et al., 1998).
Measures
Perceived Exertion and Affective Valence
The 0-10 OMNI Ratings of Perceived Exertion scale was used as a measure
of whole-body perceived exertion during exercise. This scale is a 11-point single-item
measure, ranging from 0 to 10, with verbal anchors ranging from “no tired at all” (0) to
72
“very, very tired” (10). Participants were previously anchored to the scale during the
familiarization session using memory-anchoring procedures (Robertson, Goss, Boer,
et al., 2000). The ratings of perceived exertion were estimated every 5 min of the
experimental trials.
Affective valence was measured using the Feeling Scale (FS; Hardy &
Rejeski, 1989). The FS is a single-item indicator of affective valence scored on an
11-point scale ranging from -5 “very bad” to +5 “very good”. The core or basic
affective valence measured by the FS is a component of the circumplex model,
presented by Russell, et al. (1980), which incorporates affective valence and
activation as orthogonal and bipolar dimensions of the affective space. In a
counterbalanced manner, both 0-10 OMNI and FS scales were randomly
administered every 5 min of the experimental trials. Additionally, FS was
administered immediately before each trial. Participants rated how and what they felt
at these moments. Standard definitions of perceived exertion and affective valence,
along with separate instructional sets for the 0-10 OMNI and FS scales, were read to
the participants before the experimental trials (Ekkekakis, 2003; Noble & Robertson,
1996; Hardy & Rejeski, 1989). During each experimental trial, both 0-10 OMNI and
FS scales were in full view of the participants at all times of the test.
Perceived Autonomy
The participants’ perception of autonomy was assessed after each exercise
intensity trial using a 6-item measure consisting of items selected from Van Den
Broeck, Vansteenkiste, De Witte, et al. (2010), following slight modification of the
73
wording to refer specifically to exercise and the experimental conditions employed in
this investigation. Each item was accompanied by a 5-point response scale, ranging
from 1 (totally disagree) to 5 (totally agree). An overall score of perceptions of
autonomy for each experimental trial was also calculated.
Statistical Analysis
Data are shown as means ± standard deviations or standard errors. A series
of two-factor [exercise intensity (self-selected, imposed, imposed more 10 per cent,
and imposed minus 10 per cent) × time (min 0, min 5, min 10, min 15, and min 20)]
repeated measures analysis of variance (ANOVA) was conducted on oxygen uptake
reserve, affective valence, and perceived exertion. Whenever the sphericity
assumption was violated in the ANOVA models, degrees of freedom were adjusted
using the Greenhouse-Geisser or Huynh Feldt epsilon corrections. Partial eta
squared (η2p) was used to estimate the sizes of the effects (Cohen, 1988). For each
ANOVA model with a significant exercise intensity trial × time interaction, the simple
effects of time were further analyzed within each exercise intensity trial. Significant
simple effects of time were followed by planned contrasts, in which min 5, min 10,
min 15 and min 20 values were compared with their min 0 (i.e., end of warm up).
Because these comparisons increase the risk for type I error (i.e., to reject the null
hypothesis when it should not be rejected), the P value for post hoc analyses was
adjusted according to the Bonferroni correction to 0.05/4 = 0.0125. Additionally, a
one-way ANOVA was conducted on perceived autonomy for each exercise intensity
trial. All data were analyzed using SPSS version 20.0 for Windows (SPSS, Inc.,
Chicago, USA).
74
Results
Descriptive data of the participants are presented in Table 1. Moderately
trained boys in the current study chosen loads, on average, between 48 ± 13 W (min
5) and 51 ± 15 W (min 15), that corresponded to, on average, 32 ± 2% (min 5) and
34 ± 2% (min 15). The analysis of variance of workload resulted in significant main
effects for intensity (P < 0.05) and time (P < 0.05), but not for intensity × set
interaction effect. As previously expected, the workload values were similar in both
self-selected and imposed trials, but were greater than those at imposed minus 10
per cent (P < 0.05) or at imposed more 10 per cent (P < 0.05) (Figure 1).
Descriptive statistics for exertional responses during the self-paced and
imposed trials are shown in Figure 2. The repeated measures analysis of variance of
perceived exertion values indicate significant main effects for intensity (P < 0.05) and
time (p < 0.05), but not for intensity × time interaction. The perceived exertion values
in both self-paced and imposed more 10 per cent trials were significantly higher in
comparison with those found in imposed and imposed minus 10 per cent conditions
75
(P < 0.05). Perceived exertion values, however, increased across the time in all
exercise intensity trials (P < 0.05).
Descriptive statistics for affective valence during the self-paced and imposed
trials are shown in Figure 3. The repeated measures analysis of variance of affective
responses values indicated significant main effects for intensity (P < 0.05) and time
(p < 0.05), but not for intensity × time interaction. The affective responses values
decreased across the time in all exercise intensity trials (P < 0.05). However,
affective valence was less positive in both self-selected and imposed more 10 per
cent trials than in imposed and imposed minus 10 per cent conditions (P < 0.05).
76
Descriptive statistics for perceived autonomy during the self-paced and
imposed trials are shown in Figure 4. Perceived autonomy was significantly higher in
self-paced trial in comparison with all three imposed trials (P < 0.05).
Discussion
Recognition of the importance of intensity preferences during aerobic exercise
in adults (Ekkekakis, Backhouse, Gray, et al., 2008; DaSilva, Guidetti, Buzzachera, et
al., 2010) and adolescents (Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014) has
77
increased in recent years. However, this is the first investigation to examine the
effects of perceived autonomy on psychophysiological responses during self-selected
and imposed bouts of aerobic exercise in children. The present results demonstrated
that, relative to imposed-exercise bout of similar or lower intensity, but not higher
intensity, moderately trained boys reported more strenuous exertion and less
pleasant experiences during a bout of self-selected intensity exercise. These data are
surprising and not in line with findings of previous research in adults (Parfitt, et al.,
2006; Ekkekakis, et al., 2008; DaSilva, et al., 2010) and adolescents (Sheppard &
Parfitt, et al., 2008; Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014). As expected,
workload and perceived exertion increased across the time, whereas affective
responses decreased across the time. Importantly, moderately trained boys are
predisposed to choose loads that correspond, on average, ~33% per cent of maximal
workload, which is probably not within the exercise intensity range proposed by the
American College of Sports Medicine (2013) to promote benefits for health and
fitness in children.
These results of the present study support the notion that bouts of self-paced
and imposed-intensity exercise are not comparable in terms of affective valence in
adults (Ekkekakis, Backhouse, Gray, et al., 2008; Parfitt, Rose, & Burgess, 2006) as
well as adolescents (Hamlyn-Williams, Freeman, & Parfitt, 2014) and demonstrate
that the influence of exercise intensity on affective responses is related to perceived
autonomy of the participants. Such findings are partly consistent with the
assumptions of the dual mode model proposed by Ekkekakis (2003), which suggest
an interplay of cognitive appraisal processes and interoceptive cues in the generation
of affective responses during exercise. According to this model, cognitive appraisal
78
processes are the primary determinants of affective responses as the exercise
intensity is light to moderate. At these exercise intensities, most people report
affective responses as pleasant. Once the exercise intensity is vigorous,
interoceptive cues gain salience and become the primary determinant of affective
responses. At vigorous exercise intensities, affective responses tend to be
homogeneously negative. The reduction in affective valence began at the first 5-min
and continued until completion of the exercise in all experimental trials (Figure 2).
This repeated assessment of “core” affect is a strength of this investigation, as few
studies have utilized this methodological approach. Additionally, the approach
underscores the importance of both assessing and comparing affective responses
during exercise. However, these findings may have implications for prescription in
resistance training programs that differ in intensity among children. As previously
highlighted, the prescription of self-selected intensity bouts of exercise is correlated
with more favorable affective responses during exercise. However, the results of this
study may suggest that are not comfortable by making decisions about their exercise
intensity, possibly because they need of professional attention to support their
choices or improve their motivation during the activity. These hypotheses remain to
be further examined in future studies.
The amount of pleasure one experiences might play a key role in later
exercise participation (Ekkekakis, 2003; Kiviniemi, et al., 2007, Williams, et al., 2008).
In fact, a more positive affective response experienced during exercise might lead to
a greater enjoyment of the activity, creating a positive memory of the exercise
experience that may increase the motivation to later physical activity participation.
Although affective responses experienced during exercise play a role in predicting
79
adherence to exercise programs, the exertional responses also have consequences
for future physical activity behaviors (Williams, et al., 2008). In the present study,
both affective ("how" a person feels) and exertional ("what" a person feels) responses
were assessed to provide a more complete picture of the subjective exercise
experience. This combination is useful, as the basic affect and perceived exertion are
not isomorphic constructs (Hardy & Rejeski, 1989). Surprisingly, the results from the
current study indicate that the imposed-intensity trial produced less strenuous
exertional responses in comparison with the self-selected trial. This finding
demonstrates that the effects of workloads on perceived exertion are related to
perceptions of autonomy of the participants. Although all trials resulted in increases in
perceived exertion, the imposed more 10 per cent trial resulted in a greater increase
in effort perception (Figure 3). The reasons for this finding are unclear, but it is
possible that some moderately trained boys perceived the lack of autonomy not as
effortful as previously thought.
Conclusions
In summary, this study has provided evidence that affective and exertional
responses to exercise among children are perceived autonomy-dependent.
Specifically, relative to imposed-intensity trial, moderately trained boys reported more
strenuous perceived exertion responses and less positive affective valence during a
bout of self-selected intensity trial, possibly because the needs of professional
attention to support their choices or improve their motivation during the activity.
80
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84
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa:
Respostas fisiológicas, afetivas, e perceptuais durante exercício
físico prescrito e autosselecionado em crianças
Universidade Norte do Paraná
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Laboratório de Fisiologia do Exercício
(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Título da Pesquisa Respostas fisiológicas, afetivas, e perceptuais durante exercício físico prescrito e autosselecionado em crianças
Prezado responsável, Por favor, leia com atenção as informações abaixo antes de dar o seu consentimento para participar desta pesquisa. O objetivo desta pesquisa é verificar como a percepção de autonomia afeta as respostas fisiológicas de frequência cardíaca e consumo de oxigênio, a percepção de esforço, e o prazer durante exercício físico com cargas prescrita e autosselecionada. Tal conhecimento poderá contribuir para um maior entendimento sobre a influência da autonomia percebida no contexto do exercício físico praticado por jovens. Toda a pesquisa será conduzida no Centro de Pesquisa em Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), localizada na Av. Paris, 625, Jardim Piza, Londrina (PR). Cada voluntário deverá participar das seguintes etapas:
1) Entrevista pessoal, com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido; avaliação da composição corporal; teste com cargas incrementais, máximo; familiarização com os procedimentos usados no teste de exercício físico com carga constante.
2) 03 testes de exercício físico com cargas constantes, realizados em dias separados e conduzidos por uma equipe previamente treinada.
Os problemas que poderão ocorrer durante a realização destes testes incluem: falta de ar, tontura, sensação de desmaio, dores musculares, articulares, entre outros. Se qualquer um desses problemas for sentido, o avaliador responsável deverá ser imediatamente comunicado. Essa avaliação é contraindicada para indivíduos portadores de qualquer doença mental, cardiovascular, respiratória, metabólica, ou musculoesquelética, que impossibilite a realização do teste de modo adequado. A participação é voluntária e não está ligada a nenhum custo. A identificação do menor e seus dados coletados são confidenciais, sendo entregues individualmente após o término do estudo. Todas as medidas serão tomadas para evitar risco para a integridade física, mental ou moral de cada voluntário da pesquisa. A pesquisa apresenta como responsáveis Dra. Marcia Aversani e Dr. Cosme Franklim Buzzachera, professores da Universidade Norte do Paraná. Qualquer dúvida sobre a pesquisa poderá ser esclarecida pelo mestrando Evandro Cardias pelo telefone 9 8421 4390. Diante do exposto acima, concedo a minha participação voluntária na pesquisa e declaro estar ciente dos seus objetivos e procedimentos, sabendo ainda que poderei retirar meu consentimento a qualquer instante da pesquisa, sem a ocorrência de qualquer tipo de prejuízo aos meus cuidados.
Londrina, _____ de _________________ 2017
85
Responsável ___________________________ _____________________________________
Assinatura _____________________________ Prof. Dra. Márcia Aversani
RG _____________________________
Menor
avaliado
_____________________________ __________________________________________
RG ______________________________ Prof. Msdo. Evandro Pires
86
MANUAL
Personal Kids e Teen no contexto da Promoção da Saúde
Evandro P.Cardias MárciaR. A. Lourenço
87
Dedico este trabalho à minha
família, em especial minha esposa,
meus pais e meus filhos que
estiveram presentes em todos os
momentos deste processo de
formação acadêmica.
88
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família que é, sempre será meu porto seguro, meu
maior tesouro, me ajuda, orienta e me acompanha nos momentos alegres e
triste com força, garra e união.
Agradeço em especial a minha esposa e meu filhos que sempre
estiveram ao meu lado, me incentivando, acreditando e dando todo o suporte
para a busca de novas conquistas. Enfim, pela nossa união de sempre, ainda
mais neste momento onde fique ausente em vários momentos para concluir
meu sonho.
Agradeço meus pais também que me ajudaram em todos os
momentos com muito respeito, carinho e muito amor. São meus espelhos na
profissão e na vida. Obrigado por tudo.
A minha orientadora Profa. Márcia R. Aversani Lourenço, pela
orientação e auxílio em todas as fases deste processo. Por todo carinho e
dedicação à mim dispendidos, por compartilhar de uma forma tão natural seus
conhecimentos e experiências contribuindo muito para a minha formação
acadêmica, meu muito obrigado.
Ao meu coorientador Prof.Cosme Franklim Buzzachera que permitiu
minha participação no seu grupo de estudo e contribuiu com minha formação
com todo carinho e dedicação, meu muito obrigado.
Aos professores do curso de Pós-graduação em Exercício Físico na
Promoção da Saúde que não mediram esforços para transmitir todos os seus
conhecimentos.
Agradeço a meu mestre de vida Ikeda Sensei por ser o meu alicerce
com suas orientações e ensinamentos.
E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma
contribuíram para a obtenção deste título em minha formação profissional.
89
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 05
Capítulos do Manual .............................................................................................. 09
1. Conceitos fundamentas na infância e na adolescência ......................................... 09
2. Conceitos fundamentais sobre prescrição de exercício físico ............................... 13
3. Avaliação física na criança e no adolescente ........................................................ 17
4. Composição Corporal ........................................................................................... 23
5. Programa de exercício Resistido .......................................................................... 26
6. Programa de exercício Cardiorrespiratório ........................................................... 32
7. Programa de exercício de Flexibilidade................................................................. 36
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
90
05
INTRODUÇÃO
O exercício físico na infância visando a promoção da saúde
facilita o desenvolvimento de habilidades básicas além de contibuir na
manutenção do peso corporal.
O objetivo do presente relatório é apresentar uma produção
técnica em formato de manual, para Profissionais da Educação Física que
trabalham com a prescrição, orientação e monitoramento do exercício físco,
bem como os demais profissionais da área da saúde envolvidos de forma
multiporfissional neste processo, fornecendo evidências científicas e novas
metodologias para as práticas do exercício físico direcionado a criança e o
adolescente.
A temática contextualizada envolve os procedimentos para
desenvolvimento e acompanhamento de exercício físico na promoção da
saúde para criança e adolescente organizado de forma sistemática com
conteúdos atualizados que relaciona criança e adolescente com o exercício
físico, além de delinear e descrever as recomendações de exercício físico
para essa população.
Com o título “Personal Kids e Teen no Contexto da Promoção
da Saúde” o manual tem como proposta apresentar os conceitos e definições
fundamentais da infância e da adolescência e organizar as evidências
científicas atuais e relevantes sobre prescrição de exercício físico para
crianças e adolescentes.
O manual está organizado em sete capítulo da seguinte
forma:
1. Conceitos fundamentais: infância eadolescência;
91
2. Conceitos fundamentais:prescrição de exercício físico;
3. Avaliação Física em crianças e adolescentes;
4. Composição Corporal;
5. Programa de Exercício Resistido;
6. Programa de Exercício Cardiorrespiratório;
7. Programa de Exercício de Flexibilidade.
Haja visto que o número de crianças e adolescentes com
sobrepeso e obesidade em nível mundial vem apresentando um significativo
aumento. Como apresentado no relatório da comissão pelo fim da obesidade
infantil da Organização Mundial da Saúde (OMS) produzido em fevereiro de
2016 que apontou uma tendência de crescimento do sbrepeso e obesidade
em cerca de 42 milhões de crianças menores de 5 anos. Cabe ressaltar
alguns importantes fatores que ajudam a construir esse quadro como,
ambiente, globalização, urbanização, mais hábitos alimentares e inatividade
física.
O Brasil acompanha a tendência mundial. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avaliou em 2015 três milhões de
escolares, resultando em uma média de 23,7% na prevalência de sobrepeso
em meninos e meninas, já a obesidade acometeu 8,3% dos meninos e 7,3%
das meninas respectivamente. Por outro lado, manter um estilo de vida ativo
ajuda a diminuir essa condição e retarda o desenvolvimento de doenças
crônicas não transmissíveis. Sobretudo, aumentar o nível de atividade física
potencializa o crescimento e desenvolvimento do tecido muscular, aumenta a
densidade mineral óssea, gera melhorias no sistema cardiovascular e neural,
92
e ainda auxilia no controle da ansiedade e depressão, por conseguinte
aumentando a autoestima e confiança.
Para gerar tais benefícios, a recomendação da OMS (2011)
para crianças e adolescentes (5 a 17 anos) é realizar atividade física e
exercício físico por no mínimo 60 minutos diários variando a intensidade de
moderada à vigorosa. De modo similar, o American College of Sports and
Medicine (ACSM), recomenda 60 minutos diários de atividade física em
intensidade de moderada à vigorosa que inclua exercício resistido pelo menos
três vezes por semana. As atividades podem ser compostas de jogos,
brincadeiras, esportes, recreação, educação física, devendo ser a maior parte
de exercício aeróbio de intensidade vigorosa.
A criança ou adolescente deve começar em pequenas
quantidades e o incremento no volume deve ser gradual, para evitar
desestímulo precoce e de forma adequada fazer com que alcancem as
supracitadas recomendações.
Os benefícios do exercício físico nessa idade são maiores
que os riscos. Todavia, a prescrição deve respeitar a individualidade biológica
e ser elaborada especificamente para cada faixa etária. Portanto, deve-se
evitar exercícios repetidos ou de alto impacto, uma vez que estes podem
pressionar ou lesionar a placa de crescimento ósseo além de poder acarretar
diversas lesões. Desse modo, um programa bem elaborado deve contemplar
exercícios que atuem efetivamente nos componentes da aptidão física voltado
à saúde, respeitando variações na intensidade, volume, séries, intervalo,
duração e tipo de exercício.
93
Assim, justifica-se a importância desta produção técnica nos
âmbitos escolar, social e de academias, uma vez que irá colaborar
diretamente com os profissionais que atuam com exercício físico em crianças
e adolescente na promocação da saúde, ofertando informações para o
desenvolvimentos das capacidades físicas de forma pedagógicas. Estes
cuidados desde os primeiros anos no exercício físico auxiliarão em seu
crescimento e desenvolvimento saudável, contribuindo para uma melhor
qualidade de vida dos indivíduos durante esta faixa etária.
94
Capítulo 01
Conceitos Fundamentais na infância e na Adolescência
De acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente, criança é definida como o indivíduo
com idade cronológica inferior a 12 anos,
enquanto adolescente deve possuir idade
cronológica entre 12 a 18 anos1.
Atualmente, estima-se que a população
mundial de crianças e adolescentes é de
aproximadamente 1,9
bilhões2.Particularmente no Brasil cerca de
61,4 milhões de seus habitantes possuem
idade cronológica entre zero e 18 anos, com
óbvias distinções regionais como pode-se
observar no mapa3.
Durante as primeiras décadas de vida, os seres humanos
basicamente crescem, amadurecem, e se desenvolvem, durante esse período
conceitos como crescimento físico, maturação biológica, desenvolvimento e
desenvolvimento motor são fundamentais para a elaboração do exercício
físico4.
95
A atividade física regular é muito importante para o crescimento,
maturação e desenvolvimento, sendo um componente fundamental de um
estilo de vida saudável em criança e adolescentes, e níveis baixos de
atividade física estão associados a maior predisposição de riscos para o
surgimento de diversos distúrbios crônicos13.
Crescimento físico
é definido como mudanças quantitativas nas dimensões
corporais como um todo ou em partes específicas do
corpo5.
Maturação Biológica
Alterações biológicas que ocorrem de forma ordenada
direcionadas a atingir o estado adulto5.
Desenvolvimento
Conjunto de mudanças na capacidade funcional dos
seres humanos ocorridos desde a concepção até a
morte5.
oncepção até a morte.
Maturação Biológica
Alterações biológicas que ocorrem de forma ordenada direcionadas a atingir o estado adulto.
Desenvolvimento Motor
Definido como alterações motoras ocorridas para a
aquisição de uma nova habilidade e padrões de
movimento5.
96
Atividade física, exercício físico e aptidão física são sinônimos?
Atividade física é definida como um
movimento corporal, produzido
voluntariamente pelos músculos
esqueléticos, resultando em um dispêndio
energético acima dos níveis de repouso12.
Exercício físico é definido como parte
integrante da atividade física, contudo,
possui como características singulares a
sua organização e planejamento,
estruturando-se com o escopo de
conservar ou aprimorar um ou mais
componentes da aptidão física12.
Aptidão física representa um conjunto de
atributos biológicos que as pessoas
possuem ou adquirem em relação à
capacidade de realizar esforço físico12.
NÃO
A recomendação da atividade física para crianças e adolescentes é de
60 minutos diários ou mais em uma intensidade moderada a vigorosa14.
97
A redução do comportamento sedentário na população jovem é capaz
de causar vários benefícios à saúde17, incluindo melhorias na manutenção do
peso corporal e regulação da pressão arterial, diminuição no risco para o
surgimento de distúrbios crônicos como diabetes do tipo 2 e alguns tipos de
câncer, maior controle nos níveis de colesterol sanguíneo e densidade
mineral óssea, além da possibilidade de uma maior sobrevivência futura17. A
identificação de fatores associados com comportamentos sedentários, por
conseguinte, tornou-se fundamental no contexto na promoção da saúde em
crianças e adolescentes10.
O profissional deve não somente
encorajar a prática de atividade
física diária, mas também
assegurar a minimização do
comportamento sedentário10,17.
98
Capítulo 02
Conceitos Fundamentais sobre Prescrição de Exercício Físico
Prescrição exercício físico em criança e
adolescente, é seguro?
Apresenta resultados positivos relacionados à
promoção da saúde5,17.
Deve ser sempre acompanhado por um
profissional preparado e qualificado para esta
população17.
Deve envolver os componentes relacionados
à aptidão física relacionada à saúde como:
Resistência cardiorrespiratória, resistência de
força, flexibilidade e composição corporal5.
Componentes relacionados à aptidão física relacionado à saúde
Exercícios Cardiorrespiratório
SIM
Atividade média a longa
duração;
Intensidade moderada a
vigorosa;
Envolve grandes grupos
musculares;
Forma dinâmica e ritmada.
Exemplos: Caminhada, corrida, natação, remado, ciclismo.
99
Flexibilidade
Resistência de Força
Para prescrição exercício físico eficaz é importante controlar variáveis
como frequência, volume, intensidade, sequência de exercícios e tipo,
além de respeitar os princípios de: sobrecarga, progressão, individualidade
e reversibilidade.
Virgilio (2015) para facilitar o entendimento apontou um acrônimo
SPORT – FITTonde SPORT significa:
Responsável pela
manutenção daamplitude do
movimento adequado das
articulações, facilitando os
movimentos.
Melhora o fluxo sanguíneo
nos músculos ativos;
Previne lesões musculares;
Reduz o estresse sobre as
articulações.
Aumenta a densidade
mineral óssea;
Reduz o risco de lesões em
esporte;
Reduz gordura corporal;
Previne possíveis
osteoporose na idade adulta.
Previne possíveis
osteoporose na idade adulta
100
eSpecificidade
Progressão
sObrecarga
Regularidade
Treino
Especificidade que apenas os sistemas corporais ou músculos
exigidos durante o esforço físico sofrerá adaptações, ou seja, se fizer um
trabalho relacionado à caminhada e/ou corrida, ocorrerá uma melhora no
sistema cardiorrespiratório e não na resistência de força e flexibilidade.
Progressão é o aumento gradual do volume do exercício físico para
melhorar ou manter os componentes da aptidão física relacionado à saúde,
isso requer o aumento de uma ou mais variáveis como aumento da
frequência, intensidade, tempo e o tipo.
Sobrecarga é o aumento de qualquer variável prescrita como
aumento da frequência, a intensidade, o tempo e o tipo de exercício físico.
Por exemplo, após um período de exercício resistido o músculo precisa de
uma nova sobrecarga, ou seja, deve alterar uma ou mais das várias citadas
acima para que continue o estímulo e melhorar o ganho de resistência de
força.
Infelizmente os níveis de aptidão física são perdidos se não houver
uma regularidade da atividade física, ou seja, a atividade física deve ser um
comportamento por toda a vida, este é o princípio da Regularidade . Alguns
autores também apontam como princípio da reversibilidade.
Treino e manutenção é quando o indivíduo já conseguiu níveis
satisfatórios de atividade física e aptidão física e o objetivo é a manutenção
dessas variáveis, é importante que o profissional incentive seu aluno à
participar de diversas atividades físicas com variações de intensidade e
movimentos corporais para manter o aluno motivado e com continuidade.
101
A prescrição do exercício físico envolve quatro princípios básicos,
abreviado da seguinte forma (FITT) para facilitar a compreensão:
Frequência
Intensidade
Tempo
Tipo
Frequência se refere à quantidade de vezes que o aluno está
fisicamente ativo. As recomendações sugerem a prática de 60 minutos de
atividade física diariamente, realizando atividades para grandes grupos
musculares como caminhada, corrida, pedalar e resistência muscular e
flexibilidade de 2 a 3 vezes por semanas em dias não consecutivos.
Inicialmente a prática do exercício físico para criança e o adolescente deve
começar com movimentos simples e evoluir para movimentos mais
complexos.
Intensidade parece ser o fator mais importante na prescrição do
exercício físico, é o grau de dificuldade do exercício físico para aquele aluno.
A frequência cardíaca e escalas de percepção de esforço são indicativos de
intensidade ou esforço físico.
Tempo é definida pelo tempo que a criança e o adolescente se
mantêm em atividade física. A duração do tempo varia de acordo com a
intensidade da atividade física (baixa, moderada ou alta), todavia a criança e
o adolescente devem ser encorajados a permanecerem em atividade física
pelo menos 60 minutos diários.
Tipo, é o exercício físico proposto com o objetivo de melhorar os
componentes da aptidão física relacionada à saúde, como cardiorrespiratório
(correr, caminhar, pedalar, nadar, remar), resistência de força e flexibilidade.
102
Capítulo 03
Avaliação Física em crianças e adolescente
Antes de começar o exercício físico é importante que o personal
trainer avalie os componentes da aptidão física, tendo em vista que a
manutenção dos índices cardiorrespiratórios, de força/resistência muscular,
flexibilidade e níveis adequados de gordura corporal estão relacionados ao
menor risco de desenvolver doenças hipocinéticas ou crônicas
degenerativas33.Por outro lado, um estilo de vida ativo e maior aptidão física
estão associados a menores riscos à saúde34,35.
Definições importantes quando se fala de avaliação física:
Anamnese é definida como a primeira fase de um processo onde o
profissional vai coletar dados que permita identificar eventuais problemas,
planejar e elaborar sua prescrição de exercício físico38.
A antropometria (anthropos = homem / metria = medida) é um
conjunto de técnica sistematizada que quantifica as dimensões corporais,
tendo pontos do corpo de referência e posicionamento específicos para cada
medida, sendo o peso e a estatura são medidas mais frequentemente
utilizadas em diversas populações5.
O peso corporalé a massa corporal total do indivíduo que é orientado
a subir na balança sem calçado e com o mínimo de roupa possível, já a
estatura é uma medida linear entre o chão e a crânio com o aluno em postura
ereta e sem calçado5.
Os diâmetros corporais e a circunferência dos membros também são
de suma importância na avaliação física principalmente para verificar simetria
O objetivo da avaliação é conhecer melhor seu aluno e poder
prescrever o exercício físico com maior qualidade e efetividade, no entanto,
é imprescindível que as medições sejam feitas por profissionais treinados e
qualificados38.
103
ou assimetria no avaliado, o diâmetro é a distância da extremidade de um
osso até a sua outra extremidade4.
As dobras cutâneaspodem ser medidas em várias partes do corpo
dependendo do protocolo que será utilizado, através da medição da
espessura da dobra com compasso científico será indicado o tecido adiposo
subcutâneo, ou seja, aquela gordura que está logo abaixo da pele e não
aquela gordura intramuscular. Em criança e adolescentes as dobras mais
utilizadas são: a tricipital, a subescapular, panturrilha medial, suprailíaca e a
abdominal4,5.
Outra forma de estimar a gordura corporal é envolvendo o Índice de
Massa Corporal (IMC) onde o peso corporal mais elevado representa maior
proporção de gordura corporal onde a medida do peso corporal mediante
controle da estatura é um indicador preliminar da quantidade de gordura
corporal5.
Protocolo de Guedes
Crianças e Adolescentes (7-18 anos)
2 Dobras cutâneas: Tríceps, subescapular
Rapazes Brancos= (S= somatória das D.C. Tríceps e Subescapular)
Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 1,7
Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,4
Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,5
Rapazes Negros= Pré-Púbere=G% = 1,21 (S) - 0,008 (S)² - 3,5
Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 5,2
Pós-Púbere = G% =1,21 (S) - 0,008 (S)² - 6,8
Moças de qualquer raça e nível de maturidade = G% = 1,33 (S) - 0,013 (S)² - 6,8
Obs: Quando o (S) for maior que 35 mm, será utilizada uma única equação para
cada sexo, para qualquer raça e nível de maturidade:
Rapazes=G% = 0,783 (S)² +1,6
Moças =G% = 0,546 (S)² +9,7
104
Porém este método tem a limitação do mesmo peso corporal indicar
diferentes quantidades de gordura e massa magra, contudo a possibilidade de
erro é menor entre os avaliadores e quando acompanhado da Relação
Cintura/Estatura (RCE) minimiza a limitação5.
Onde RCE < 0,50 possibilidade de confundimento dos valores de
peso corporal em razão da maior massa muscular. RCE≥ 0,50 permite o uso
de IMC como indicador de gordura corporal5.
Testes Motores
Uma tarefa motora conduzida com objetivo de verificar uma
capacidade motora específica é conhecida como teste motor e sua
aplicabilidade é fácil por não exigir equipamento sofisticado e de alto custo25.
Os testes motores são divididos em aptidão física relacionada à saúde ou
relacionado ao desempenho atlético.
IMC =Peso Corporal (kg)
Estatura (m2)
RCE =
RCE = Circunferência de Cintura (cm)
Estatura (cm)
IMC =Peso Corporal (kg)
Estatura (m2)
Testes motores associados à aptidão física relacionada à saúde (Resistência
cardiorrespiratória, resistência muscular/força e flexibilidade.
Testes motores associados a aptidão física relacionado ao desempenho atlético
( Velocidade, potência, agilidade e coordenação).
105
Estes testes tem uma aplicabilidade prática quando o avaliado é
comparado com ele mesmo em diferentes momentos e utilizado pelo personal
trainer de uma maneira motivadora para o andamento do programa de
exercício físico.
Fitnessgram, proposta por Cooper Institute for AerobicsResearch (2007)é uma
das baterias de testes mais utilizadas.
SENTAR E ALÇANCAR ALTERNADO
- Iniciar com as duas mãos à frente;
- Alternadamente com uma e outra perna
flexionada, deixando a outra perna estendida;
- Manter o alongamento máximo durante pelo
menos um segundo.;
- Alcançando ou ultrapassando a maior distância
(pode realizar até 4 tentativas).
ABDOMINAL ADAPTADO
- Maior número de repetições até 75;
- Partir da posição de deitado dorsal, membros
superiores junto ao corpo e os membros
inferiores flexionados 140o com os pés totalmente apoiados no chão;
- Atingir ou ultrapassar o nível de pré-
estabelecido.
ELEVAÇÃO DE TRONCO
- Deitado em decúbito ventral;
- Pés em extensão e as mãos debaixo das coxas;
- Elevar a parte superior do corpo 30 centímetors do chão e manter essa posição até
efetuar a medição;
- Duas tentativas;
- Manter o olhar no ponto onde inicialmente
estava o nariz no colchão.
106
FLEXÃO DE COTOVELO
-Maior número de extensões/flexões rápidas e
completa de braços (90o);
- Ritmo de uma flexão a cada três segundos;
- Início na posição decúbito ventral.
CORRIDA VAI E VEM
- Distância de 20M;
- Aumentar o ritmo da passada em cada minuto;
- Atingir ou ultrapassar o número de percursos
de referência.
108
Fonte: Adaptado de Cooper Institute for AerobicsResearch (2007).
Os valores estabelecidos na bateria de testes do fitnessgram são
divididos de acordo com a faixa etária, que varia entre oscinco anos até
maiores de 17 anos e separado por teste, assim o avaliador pode elaborar
sua avaliação de acordo com a necessidade do seu aluno.
QUADRO 2
109
Capítulo 04
Composição Corporal
A composição corporal é um componente da aptidão física
fundamental para indicar o estado de saúde, haja vista que o excesso de
gordura corporal caracteriza a obesidade, e está relacionada a doenças como
hipertensão, osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças
coronarianas, câncer e problemas psicológicos43.
Com base nesses dados, existem indicações de que a atividade física
pode melhorar a capacidade funcional além de corroborar na manutenção ou
diminuição do peso corporal e uma maior aptidão física aeróbia apresenta
relação inversa com a adiposidade corporal43.
Vale ressaltar que a inatividade física é um dos principais fatores
que contribui para a obesidade infantil, tendo em vista que as crianças se
alimentam de forma muito semelhante com as crianças que se alimentavam a
25 anos atrás4, no entanto, na atualidade uma criança chega a permanecer
sentada em frente a algum tipo de tela por mais de 7,5 horas/dia (Tv, tablet,
celular) e isso acontecendo cada vez mais cedo, corroborando para um
comportamento negativo quando relacionado com a saúde 17.
A criança e o adolescente com sobrepeso ou obesidade podem
parecer relativamente com saúde na infância, entretanto, pode enfrentar
Composição corporal é o
fracionamento do peso corporal
em seus diferentes segmentos,
como músculos, ossos,
gorduras, água entre outros5.
110
complicações médicas na idade adulta, ou seja, uma criança aparentemente
sadia com excesso de peso pode na idade adulta apresentar um maior risco
de desenvolver doenças coronariana, comprometimento respiratório,
diabetes, problemas ortopédicos, doenças da vesícula biliar e até mesmo
alguns tipos de câncer17.Além disso a obesidade na infância tende a
aumentar o número de células adiposas, gerando uma predisposição para um
subsequente excesso de massa gorda5.
Em contra partida a atividade física pode apresentar importantes
modificações na composição corporal, tanto na gordura como na massa
magra, sendo uma variável importante para manutenção e regulação do peso
corporal5.
Quando o esforço físico é programado e sistematizado tende a induzir
um aumento da massa magra e diminuir a gordura corporal, contudo esta
magnitude deverá alterar de acordo com a intensidade e a duração do
exercício físico5.
A área da composição corporal tem a função de quantificar o peso
corporal através de vários métodos que estimam a composição corporal5,
existem métodos direto, procedimentos laboratoriais e procedimentos
clínicos39.Abaixo segue a tabela 1 com alguns métodos utilizados, nas
avaliações físicas do Profissional de Educação Física o método de
antropometria e a impedância bioelétrica são os mais utilizados.
TABELA 1: Métodos para estimar a composição corporal.
Antropometria Estima a gordura subcutânea.
Radiografia Estima gordura, músculo e osso.
Impedância bioelétrica Estimativa da massa livre de gordura pela qual os tecidos
magros conduzem eletricidade melhor que a gordura.
Absortometria radiológica de dupla
energia – DEXA
Estimativa de mineral ósseo e dos tecidos magro e gordo.
Pesagem subaquática Estimativa do volume e densidade do corpo.
Contudo a maioria desses métodos foi baseada em adultos e em
jovens adultos e sua aplicabilidade em criança e adolescente fornece uma
111
estimativa de massa livre de gordura ou massa gorda que pode subestimar ou
superestimar seus resultados.
Vale salientar que o estudo da composição corporal realizado na
criança e no adolescente tende a produzir informações que possam auxiliar
na identificação o mais precocemente possível, e possibilitar a oportunidade
de modificar o comportamento de hábitos saudáveis e ativos5.
Além disso, o programa de exercício físico na promoção da saúde
além de ser bem planejado e estruturado, deve direcionar informações sobre
a necessidade de hábitos saudáveis para melhorar índices
cardiorrespiratórios, de resistência muscular, flexibilidade e níveis adequados
de gordura corporal para assim minimizar a chance de desenvolver doenças
hipocinéticas5,43.
Capítulo 05
Programa de Exercício Resistido
Os receios de que o exercício resistido pode
lesionar a cartilagem de crescimento da criança e do adolescente não têm
suporte em evidências científicas, na verdade, estudos recentes parecem ter
chegado a um consenso sobre os benefícios do exercício resistido na criança
e no adolescente, além dos benefícios para o crescimento saudável dos
músculos e ossos, apresenta também melhoras em crianças com vários tipos
de doenças, melhora de habilidades motoras e no desempenho esportivo, ou
seja, o exercício resistido na infância corrobora na proteção de lesões,
estimula a construção óssea, melhora a coordenação motora, proporciona o
aumento da ativação das unidades motoras e como parte de um programa
sistematizado de exercício físico pode oferecer benefícios para a saúde da
criança e do adolescente a curto, médio e longo prazo15.
112
Por volta das décadas de 1960 e 1970, médicos pediátricos, estudiosos em exercício
físico em jovens, acreditavam que crianças pré púberes não podia fazer exercício de
força pois essa população não possuía os hormônios circulatórios pré requisitados,
além de acreditar que o estresse gerado pelo exercício poderia interromper o
crescimento. Desde então, essa ideia vem sendo substituída por estudos científicos que
apontam que a infância é o momento oportuno para o processo de modelamento e
remodelamento dos ossos para aumentar a massa óssea e melhorar sua
estrutura28,29,37.
Estas evidências subsidiam a participação regular de exercício resistido na
criança e no adolescente e mostra adaptações positivas e melhoria na saúde
como aumento da densidade mineral óssea, redução risco de lesões em
esporte, redução gordura corporal, melhora da sensibilidade à insulina em
adolescentes que estão excesso de peso e melhora da função cardíaca em
crianças obesas além prevenir uma possível osteoporose na idade adulta
27,28,29,30 com a ressalva de está acompanhado por um Profissional de Educação
Física qualificado, preparado e coerente com os objetivos, habilidades e
necessidades dos jovens.
O exercício resistido parece melhorar a força através dos
componentes coordenativos e de ativação neuromuscular, ajudando na
proteção do aparelho locomotor45. Com isso apresentando benefícios como
correção e prevenção da postura corporal, padrão de movimento eficaz e
seguro.
Os achados demonstram resultados parecido com os adultos, para
eficácia do exercício de força parece depender de variáveis como intensidade,
volume, duração e apresentam melhoras como37,46,47,48:
113
- Melhora na força muscular e resistência;
- Melhora densidade mineral óssea;
- Melhoras habilidades motora;
- Melhora aspectos psicológicos;
- Desenvolvem padrões de movimento seguro e adequado;
- Ajuda na manutenção do peso corporal;
- Reabilita doenças como osteopenia e fibrose cística, tanto na
criança como no adulto.
O exercício resistido progressivo supervisionado pode oferecer um
método seguro e eficaz para reverter esta situação indesejável, tendo em
vista que diferentemente de outras atividades física que tem predominância
aeróbia e tarefas motoras mais complexas que causa desconforto em
consequência desestimula sua prática para crianças obesas o exercício
resistido tem demostrado um aliado nesse processo melhorando a
composição corporal principalmente nas alterações musculares que possibilita
uma vida mais ativa e com maior consumo de energia28,29.
Os estudos científicos acima citados verificaram redução
massa corporal, diminuição das circunferências em jovens
obesos sem comprometimento no seu crescimento e
maturação.Contudo diferente do adulto o aumento de força na
criança e no adolescente parece não ser por hipertrofia
muscular e sim por melhoria na unidade de recrutamento
motor e ativação muscular, ou seja, pelo desenvolvimento da
aprendizagem neural e quando relacionado com o sexo só é
evidente na adolescência quando os meninos superam as
meninas no crescimento muscular, principalmente pelo
aumento das concentrações hormonais incluindo testosterona
e hormônios de crescimento29.
114
A escolha do exercício pelo profissional dependerá da capacidade
técnica do jovem e da disponibilidade do equipamento, sempre iniciando do
modo mais simples para o mais complexo.
A maior preocupação do exercício resistido no jovem é a lesão na
placa epifisária que se localiza nas extremidades dos ossos e controla o
crescimento e esse risco é bem diminuído quando a prescrição é realizada de
forma correta, sua progressão gradual e com exercícios e suas variáveis
controladas para cada faixa etária49.
A prescrição de exercício resistido para criança mostra grande
variabilidade, porém tende a seguir geralmente a prescrição do adulto, com
menor carga e mais repetições. A técnica e o padrão de movimento devem
ser muito mais assegurado nesta população pelo persona50.
A tabela abaixo apresenta tipos de prescrição de exercício para
crianças com o objetivo de melhorar a força e resistência muscular50.
77% das lesões relacionada com o
exercício resistido foram acidentais e
ocorreram quando o jovem realizou
sozinho ou acompanhado por
indivíduos sem formação ou com
formação inapropriada.
115
Prescrição exercício resistido para criança Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e
Progressão
Considerações In
icia
nte
Use o peso
corporal, exercício para
grande grupos musculares
- Abdominais
- Flexões
-Faixas elásticas
Leve ou
muito leve <40 % do
esforço máximo
2 ou 3
vezes por semana
1 ou 2
series
6 a 12 repetições
Nessa fase a
sobrecarga e a progressão não
é tão essencial depende muito
do interesse da
criança.
Objetivo principal
é introduzir a execução correta
dos movimentos.
Inte
rmed
iári
o
Resistência
muscular em aparelhos de
academias como
legpress, flexora, voador e
etc.
Leve a
moderado. 50% do
esforço
máximo.
3 a 4 vezes
por semana.
Alternando
os segmentos
1 a 3
series 6 a 15
repetições
Nessa fase
pode introduzir 1 a 2
componentes
de sobrecarga. 1 a 2 vezes por
semana
A criança tem
que conseguir fazer todo o
movimento
proposto com eficiência no
padrão de movimento
Dese
mpe
nho
Atlé
tico
Exercício
avançado de 1 ou
mais
articulações,
específico para
o esporte
desejado.
Varia
dependendo
do esporte,
mas < 70%
do esforço
máximo
4 a 5 vezes
por
semana.
3 a 5
series
5 a 20
repetições
Nessa fase
pode introduzir
1 a 3
componentes
de sobrecarga.
2 a 3 vezes por
semana
variando a intensidade e a
duração
A criança tem
que conseguir
fazer todo o
movimento
proposto com
eficiência no
padrão de
movimento
Fonte: ClinicalExercisePhysiology, 2013.
Para Ruas (2014)o programa de exercício resistido na criança e no
adolescente devem começar com um aquecimento de cinco a 10
minutoscom o objetivo de preparar a função neuromuscular e pode ser uma
atividade lúdica ou movimentações básicas de forma dinâmica com
deslocamento28.
A parte principal pode incluir exercício calistênico, aparelhos de
musculação, halteres, barras, fita elástica, banco pliométricos além das
mediciniballs, sempre iniciando de exercício básico para complexos,
exercitando os principais grupos musculares durante cada sessão com
múltiplos exercícios. Iniciantes deve realizar uma a duas séries com
intensidade baixa a moderada de uma a três repetições com feed back a cada
116
repetição para garantir movimento correto e seguro e progredir com as
sessões seis a 12 repetições esse processo auxilia o jovem no
desenvolvimento do controle motor e com o passar do tempo o professor
pode diminuir o intervalo e aumentar a carga externa desde que seja mantido
a qualidade de movimento.
Seu intervalode descando pode variar de acordo com o volume e
intensidade do esforço, porém como a criança e o adolescente são
rapidamente induzido a fadiga no exercício resistido e com isso sofre menos
danosmusculares devido a maior flexibilidade um minuto de intervalo é
suficiente mais pode variar dois a três minutos.
Sua frequência deve ser de duas a três vezes semanais em dias
intercalados e pode ser aumentando à medida que se aproxima da idade
adulta28,29. A sessão finaliza com um período de cinco a 10 minutos com a
retorno da frequência cardíaca de repouso e diminuição da temperatura
corporal, um alongamento estático é interessante acompanhando de um
feedback do objetivo da aula28.Essas informação corrobora com os achados
de malina onde ele apresenta que exercício resistido duas a três vezes por
semana aumenta a força na criança e no adolescente, com maior evidência
em meninos mais velho48.
Por fim, o mito que o exercício resistido oferece risco de lesões e
pode comprometer o crescimento de crianças e adolescentes não é evidente
na literatura, pelo contrário com o monitoramento responsável, constante e
atento, os riscos do exercício resistido na criança e no adolescente são quase
inexistentes, porém quando mal elaborado e ou supervisionado, pode trazer
riscos como qualquer outra atividade ou esporte.
Independente da idade cronológica a criança deve sempre iniciar o
exercício resistido do simples para o complexo, priorizando a técnica correta,
além de ser considerado o nível de treinamento, habilidade motora e nível de
força do participante.
O exercício deve ser periodizado, controlando os princípios de
sobrecarga, especificidade e progressão. Seu implemento pode variar do
peso corporal, aparelho de musculação, halteres, bolas, barras, kettlebell
entre outros, porém sempre com bom senso.
117
Os benefícios conforme apontado acima é o aumento da força,
melhora da coordenação motora, prevenção de lesões em esportes, redução
fatores de risco cardiovascular além possibilitar o hábito e a manutenção do
exercício por toda a vida. Para usufruir desse benefício além do exercício e da
recuperação é importante também uma boa alimentação, hidratação e boa
noite de sono.
Capítulo 06
Programa de Exercício Cardiorrespiratório
A maioria das crianças e dos adolescentes não atingem a
recomendação de atividade física diária, todavia, devem ser incentivados a
participar de atividade física e exercício físico pelo menos 60 minutos diários
para garantir os benefícios do condicionamento físico relacionado à
saúde31,44.
O Colégio Americano (ACSM) recomenda que seja realizado 60
minuto de exercício cardiorrespiratório diariamente com intensidade em sua
maior parte moderada a vigorosa, ou seja, um aumento considerável na
frequência cardíaca e na respiração. Os exercícios físicos de preferência
devem ser agradáveis para o participante e adequado para sua faixa etária,
para assim ter uma aderência e continuidade do exercício físico31,44.
Ainda assim, a inatividade física e a má condição cardiorrespiratória
estão associados a fatores de risco para doenças cardiovasculares e quando
falamos em exercício cardiorrespiratório na infância, precisamos considerar
alguns pontos importantes, primeiro que a criança e o adolescente não são e
não devem ser considerados um mini adulto, eles são fisiologicamente
diferente do adulto, por isso, é preciso entender de que forma as crianças e
os adolescentes respondem ao exercício físico e compreender os aspectos
fisiológicos envolvidos em cada situação, pois à medida que eles crescem e
se desenvolvem existem alterações na função cardiovascular e na função
pulmonar8,21.
A criança exibe um coração menor e um volume sanguíneo total
menor, tanto em repouso como no exercício, resultando num menor volume
sistólico, para compensar parcialmente essa diferença, a resposta da
118
frequência cardíaca (FC) em exercício em que a necessidade de oxigênio é a
mesma é maior na criança para o mesmo trabalho submáximo quando
comparado com o adulto. Todavia, com o aumento do tamanho corporal
também aumenta o tamanho do coração e o volume sanguíneo e
consequentemente a diminuição da frequência cardíaca até valores de adulto,
vale salientar que a FC submáxima elevada na infância não consegue
compensar totalmente o volume sistólico mais baixo8.
A frequência cardíaca máxima (FCmax) é maior na criança e no adolescente e
diminui linearmente com a idade, sendo próximo dos 210 bpm na idade de 10 anos e
por volta de 195 bpm por volta dos 20 anos, após essa idade estudos aponta uma
diminuição na FCmax de 0.5 a 1 bpm por ano8.
O colégio americano (ACSM) recomenda a prática de exercício
cardiorrespiratório preferencialmente caminhada, corrida, ciclismo, natação,
ou seja, exercícios físicos que envolvem grandes grupos musculares com
intensidade de 60 a 90% FC reserva ou 50 a 85% do VO2maxpara aptidão
cardiorrespiratória e de 40 a 60% da FC reserva para o controle de peso
corporal31, 44.
A duração de 15 a 60 minutos de maneira continua para aptidão
cardiorrespiratória e de 30 a 60 minutos continuo para o controle do
peso corporal31,44.
A frequência de 3 a 5 vezes por semana em dias alternados
quando possível31,44.
Ehrman e colaboradores (2013) apresentam na tabela abaixo as
recomendações de prescrição de exercício cardiorrespiratório para crianças e
adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético,
abordando diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do
adolescente37.
119
Prescrição exercício aeróbio para criança
Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e
Progressão
Considerações
Inic
iant
e
Andar;
Correr; Nadar;
Pedalar; Jogos;
50 a 60%
frequência máxima
Moderada
Escala de Borg 4 a 5 e
OMMI2 a 5.
3 vezes
por semana
30
minutos
Estimular as
crianças a se movimentarem, sem
necessariamente colocar carga
Criar um estivo de
vida ativo e com atividades que
envolvam os participantes
Inte
rmed
iári
o
Jogos;
Corrida;
Ciclismo
Esporte;
60 a 75%
frequência
máxima
Vigorosa
Escala de Borg 6 a 9 e
OMMI6 a 9.
3 a 5 por
semana
40 a 60
minutos
Iniciar com pequenas
cargas ou sem carga
e progredir
aumento o tempo ou
diminuindo o período
de descanso
Está atento aos
excessos de
exercício
Dese
mpe
nho
Atlé
tico
Programa
similar ao
adulto
65 a 90%
frequência
máxima
Vigorosa
Escala de
Borg 6 a 9 e OMMI6 a 9.
5 a 6 por
semana
60 a 120
minutos
Estruturar o
programa de
exercício variando a
intensidade e a
duração
Está atento aos
excessos de
exercício
O autor ainda sugere que ao elaborar um programa de exercício físico
para jovens o profissional deve levar em consideração alguns pontos
importantes37.
A criança e o adolescente devem ser incentivados a estarem fisicamente ativo
diariamente ou na maioria dos dias, com atividades físicas, jogos, brincadeiras,
esportes, recreação, exercício físico planejado, no contexto familiar, escolar e
sobre a orientação de um Profissional de Educação Física na prescrição do
exercício físico.
120
Para melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, uma frequência
cardíaca de 60% da Fcmax ou um pouco a mais, em um exercício físico
moderado a vigoroso com atividade que envolvam grande grupos musculares
é suficientes2,3,5.
A maioria dos métodos para verificar zona de exercício físico aeróbio
ideal para criança e adolescente requer uma estimativa da Fcmax, alguns
autores utilizam formula para adultos, ex: 220-idade para estimar Fcmax na
criança, porém Rowland (2008) afirma que a Fcmaxpermanece constante ao
longo dos anos na criança, portanto as formulas utilizadas pelo adulto pode
não ser o ideal para a idade jovem, pois ela depende da idade.
Corroborando com essa população Machado e Denadei (2011)
sugeriram a fórmula para verificar a Fcmax menos dependente da idade,
FCmax= 208 - (7 x idade) em anos ao invés da equação 220 – idade pois essa
superestimou na média os valores da FCmáx, no entanto a equação 208 - (7
x idade) apresentou resultados bastante próximos da FCmáx independente da
Independentemente da idade, a intensidade do exercício e o grau de dificuldade
deve começar leve, fácil e progredir gradualmente.
O tipo, intensidade e duração do exercício, deve ser baseado no estado
maturacional da criança e na experiência previa dela no exercício proposto,
sempre buscando eficiência no padrão de movimento.
Escala de percepção de esforço é mais utilizada em criança (escala Borg e Omni),
devido a dificuldade de monitorar a FC. da criança, no capítulo avaliação são
apresentado as escalas de percepção de esforço.
121
idade. Contudo essa formula também foi desenvolvida a partir de adultos e
necessita de mais estudos em crianças52.
Por fim, é importante que a criança tenha uma vida ativa com
atividade física de pelo menos 60 minutos diário, não fique mais de 60
minutos sentado ou deitado continuamente, exceto quando estiver dormindo
além do exercício físico planejado, estruturado e acompanhando por um
profissional capacitado e qualificado.
Capítulo 07
Programa de Exercício Flexibilidade
A flexibilidade é definida como a máxima amplitude de um movimento
total e esta relacionada a uma série de variáveis como distensibilidadeda
cápsula articular, viscosidade muscular e aquecimento adequado37.
As crianças menores possuem músculos, ligamentos e tendões
flexíveis com isso, a capacidade física flexibilidade acaba não sendo
prioridade, todavia deve ser estimulado a fazer alongamento diariamente. A
exceção são os praticantes de ginástica e dança, onde a flexibilidade é
necessária nestas modalidades31,37.
Porém, o exercício de flexibilidade é recomendado para todas as
idades, pois evidencias cientificas aponta um declínio na flexibilidade com o
passar dos anos, iniciandonos meninos a partir dos 10 anos e nas meninas a
partir dos 12 anos37.
A flexibilidade consiste na habilidade de mover as articulações de
modo irrestrito e em toda a amplitude de movimento17. Com exercícios de
flexibilidade observa-se um aumento no fluxo sanguíneo nos músculos ativos,
aumento na temperatura do músculo, consequentemente aumentando a
produção de hemoglobina e oxigênio no músculo ativo, além de aumentar a
interação dos filamentos de actina e de miosina do músculo, aumentando a
velocidade e a força da contração muscular37,44.
Os exercícios de flexibilidade alongam também a fáscia, (Tecido
conjuntivo que envolve o músculo), sustentando e estabilizando os músculos,
órgãos e tecidos corporais44.
122
O melhor momento para melhorar os níveis de flexibilidade é depois
de uma atividade de aquecimento contínua com duração de pelo menos de 15
minutos, pois assim os músculos estão aquecidos17.
É importante destacar que o nível da flexibilidade é especifica de cada
articulação, ou seja, uma criança pode apresentar flexibilidade na região dos
isquiotibiais (posterior de coxa) e não apresentar o mesmo grau de
flexibilidade na região do ombro, por isso na elaboração da prescrição do
exercício de flexibilidade deve conter exercícios que contemple as
articulações17, haja vista que exercícios de flexibilidade promovem diversos
benefícios, tais como17:
Aumento da amplitude do movimento;
Prevenção de lesões musculares;
Diminuição da sensação dolorida nos
músculos;
Manutenção da postura correta;
Redução do estresse sobre as articulações;
Melhora do desempenho na movimentação.
Os benefícios apresentados justificam a necessidade de incorporar no
programa de exercício físico na promoção da saúde da criança e do
adolescente, os exercícios de flexibilidade.
Ainda não existe nenhum teste de flexibilidade que avalie a
flexibilidade corporal total, alguns aparelhoscomo o goniômetro,
eletrogoniômetro, flexômetro de Leighton, inclinômetros e medidas com fitas
são teste que avaliam a flexibilidade da maioria das articulações31.
Segundo Virgilio (2015) as duas técnicas mais utilizadas para
melhorar a flexibilidade são os exercícios de alongamento balístico e os
exercícios de alongamento estáticos. O autor orienta que antes do início dos
exercícios de alongamento é necessário que ocorra o aquecimento dos
músculos realizando alguma atividade ou exercício físico que envolva grandes
123
grupos musculares como, por exemplo. Uma atividade lúdica como o pega
pega, caminhada ou corrida leve.
O alongamento estático é quando a
criança executa o movimento de um
determinado grupo muscular de forma
lenta e estável até atingir uma rigideze
permanece nesta posição por um
período de 10 a 30 segundos17.
Diferente do alongamento estático que é
mais seguro, o alongamento balístico
incorpora movimentos de elasticidade e
contração para alongar os músculos,
esses exercícios são mais utilizados
antes de atividade esportivas como
movimentos lentos e controlados em
torno da articulação17.
Ehrman e colaboradores (2013), apresentam na tabela abaixo as
recomendações de prescrição de exercício de flexibilidade para crianças e
adolescentes relacionado à saúde, aptidão física e ao desempenho atlético,
abordando diferentes habilidades, interesses e objetivos da criança e do
adolescente37.
Prescrição exercício de flexibilidade para criança
Tipo Intensidade Frequência Duração Sobrecarga e
Progressão
Considerações
Inic
iant
e
Exercícios
estático
para os
principais
grupos musculares
Intensidade
leve com
leve
desconforto
muscular
Antes ou
depois de
cada
atividade ou
sessão de exercício
físico ou
três vezes
por semana
10 a 15
segundos,
2 vezes
cada
exercício
Não é
necessário a
sobrecarga.
Comece fácil em
alongamento
com a mínima
resistência aplicada.
O objetivo é fazer
com que as crianças
tenham o hábito de
se alongar.
Aquecer a criança
antes de começar
os exercícios
específicos.
Alongamento estático
Alongamento balístico
124
Inte
rmed
iári
o
Exercício estático e
introdução
de exercício dinâmico
Intensidade leve com
leve
desconforto muscular
Antes ou depois de
cada
atividade ou sessão de exercício
físico ou
três vezes por semana
10 a 15 segundos,
3 vezes
cada exercício
Não é necessário a
sobrecarga.
Iniciar com movimentos
dinâmicos multiarticular e
progredir para movimentos
específicos.
Introduzir os exercícios de
alogamentodinâmico
Alongue os principais músculos
primeiro e depois os
menores.
Dese
mpe
nho
Atlé
tico
Pode
utilizar
estático,
dinâmico e o balístico
e
exercícios
específicos
do esporte
praticado.
Intensidade
leve com
leve
desconforto muscular,
ideal para
participação
no esporte
desejado.
Antes ou
depois de
cada
atividade ou sessão de
treinamento
ou três
vezes por
semana
O
treinador
qualificado
pode escolher
os
exercicios
estáticos,
dinâmicos
ou
balísticos.
Não é
necessário
sobrecarga.
Iniciar com
movimentos
dinâmicos multiarticular e
progredir para movimentos
específicos do
esporte
desejado.
A progressão pode
incluir alongamento
moderado e
proprioceptivo de facilitação
neuromuscular.
Por fim vale salientar que a flexibilidade é reduzida com a inatividade
física e com a idade, por isso é importante que o programa de exercício físico
da criança e do adolescente incorpore estes exercícios, pois se a criança tiver
o hábito de realizar os exercícios de flexibilidade nos seus treinos a
possibilidade da manutenção da mesma na idade adulta é maior certamente.
CONCLUSÃO
A criança e o adolescente devem se encorajados a se manterem
ativos diariamente com pelo menos 60 minutos de atividade física, evolvendo
em suas atividades os exercícios de resistência muscular, exercício
cardiorrespiratório e exercício de flexibilidade.
Haja vista, que a atividade física regular traz alterações positivas nas
concentrações de hormônios e metabolitos que influenciam o crescimento,
desenvolvimento e a maturação durante a puberdade, promovendo o
desenvolvimento dos sistemas musculares, esqueléticos e melhora do
125
sistema cardiorrespiratório, além de reduzir a probabilidade de obesidade e
sensibilidade a insulina.
Além disso, o mito que o exercício resistido oferece risco de lesões e
pode comprometer o crescimento de crianças e adolescentes nãoé evidente
na literatura, pelo contrário com o monitoramento responsável, constante e
atento, os riscos do exercício resistido são quase inexistentes, porém quando
mal elaborado e ou supervisionado pode trazer riscos como qualquer outra
atividade ou esporte.
Pelo contrário o exercício resistido parece melhorar a força através
dos componentes coordenativos e da ativação neuromuscular, ajudando na
proteção do aparelho locomotor, apresentando benefícios como correção e
prevenção da postura corporal e padrão de movimento eficaz e seguro.
Os benefícios da prática do exercício físico na infância são inúmeros,
talvez o mais importante seja o fato que criança e adolescente ativo tende a
ser um adulto ativo, além disso, o exercício físico planejado e estruturado
diminui o risco de lesões em esporte, melhora a força, reduz o risco de
doenças cardiovasculares, melhora o sistema cardiorrespiratório emelhora a
coordenação motora.
Vale salientar que a atividade física tem um papel importante para a
manutenção do peso corporal por toda a vida, evitando a obesidade e a
doenças relacionadas, por isso é importante na elaboração dos exercícios
físicos da criança e do adolescente que as atividades sejam adaptadas as
necessidades de cada aluno para que assim ele consiga manter a prática e
não seja desestimulado e parar.
Uma estratégia interessante é elaborar junto com o aluno metas
pessoais de aptidão física relacionada a saúde durante um período e após o
término do período reavaliar e elaborar uma nova meta.
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