céls-tronco e a odontologia

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO UNICID Janaína Ramos de Castro EXTRAÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DENTÁRIA E SUAS POSSÍVEIS APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS REVISÃO DA LITERATURA São Paulo 2012

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TCC do Curso de Biomedicina UNICID

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID

Janaína Ramos de Castro

EXTRAÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DENTÁRIA

E SUAS POSSÍVEIS APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS

REVISÃO DA LITERATURA

São Paulo

2012

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID

Janaína Ramos de Castro

EXTRAÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DENTÁRIA

E SUAS POSSÍVEIS APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS

REVISÃO DA LITERATURA

Monografia apresentada para conclusão do curso de Graduação em Biomedicina desenvolvida na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Dulce Helena Cabelho e co-orientação da Prof.ª Drª Marcia K. Koike.

São Paulo

2012

UNIVERSIDADE CIDADADE DE SÃO PAULO - UNICID

Janaína Ramos de Castro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina.

Área de Concentração:

Data da defesa: ____/____/____

Resultado:__________________________________________________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Dulce Helena Cabelho ____________________________________

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Prof.ª Dr.ª Marcia K. Koike ___________________________________

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Prof.ª Dr.ª Maria José Tucunduva ___________________________________

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Dedicatória

Agradecimentos

“Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,

incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e

se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser

capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada

manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É

saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para

receber uma crítica, mesmo que injusta.”

(Fernando Pessoa)

Resumo

As células-tronco, por suas propriedades de auto-renovação e por sua

capacidade de gerar linhagens celulares diferenciadas, têm sido estudadas para o

desenvolvimento de técnicas para a de manipulação e tratamentos restauradores de

tecidos e órgãos. O órgão dental apresenta em seu interior um tecido rico em

células-tronco, a polpa dentária. As células-tronco pós-natais ou maduras em polpa

dentária mostraram-se capazes de originar um tecido semelhante ao complexo

dentino-pulpar, composto de matriz mineralizada e túbulos delimitados por células

semelhantes à odontoblasto, formando dentina e esmalte. Esta utilização é de

grande importância em Periodontia, Endodontia e Cirurgia Craniofacial, devido

alterações genéticas, anomalias congênitas ou perdas precoces causadas por

trauma, podendo resultar em movimento dos dentes remanescentes, dificuldade na

mastigação, fonação, desequilíbrio na musculatura e comprometimento da estética

dentária. Mais recentemente, tem sido proposta a utilização de células-tronco da

polpa dentária para reparação de outros tecidos. Este estudo se propôs a revisar a

literatura sobre a utilização das células-tronco obtidas da polpa dentária quanto às

técnicas, suas limitações e o possível potencial terapêutico.

Palavras-chave: Células–tronco, polpa dentária, terapia celular e regeneração

odontológica.

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

BEH: Bainha Epitelial de Hertwing

CTs: Células-Tronco.

DPSCs: Células-tronco da polpa dentária.

DFPCS: Células do folículo dentário.

SCAP: Células-tronco da papila apical.

SHED: Células-tronco de dentes deciduos.

MSCs: Células-tronco mesenquimais.

PDLSCs: Células-tronco do ligamento periodontal.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

2. OBJETIVO ......................................................................................................... 3

3. METODOLOGIA ................................................................................................ 4

4. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 5

4.1. CÉLULAS – TRONCO .................................................................................... 5

4.1.1. EMBRIONÁRIAS ......................................................................................... 6

4.1.2. ADULTAS .................................................................................................... 7

4.1.3. MESENQUIMAIS .......................................................................................... 8

4.2. FATOR DE CRESCIMENTO ........................................................................... 8

4.3. CÉLULAS – TRONCO E A ODONTOLOGIA .................................................. 9

4.3.1. DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO ............................................................. 11

4.3.2. CÉLULAS – TRONCO DA POLPA DENTÁRIA .......................................... 13

4.4. TÉCNICA ........................................................................................................ 18

4.4.1. OBTENÇÃO PULPAR ................................................................................. 18

4.4.2. ISOLAMENTO, SELEÇÃO E EXPANSÃO DAS CÉLULAS – TRONCO .... 19

4.5. POTENCIAL REGENERATIVO ..................................................................... 20

4.6. ENGENHARIA TECIDUAL ............................................................................ 20

4.7. VANTAGEM ................................................................................................... 22

4.8. DESVANTAGEM ............................................................................................ 22

4.9. APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS ..................................................................... 23

5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 25

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 28

GLOSSÁRIO .......................................................................................................... 30

1

1. INTRODUÇÃO

Células-Tronco são conhecidas pela sua capacidade de auto-renovação e

diferenciação celular. Uma célula-tronco é comumente definida como uma célula

que tem a capacidade de dividir e produzir continuamente células descendentes

que se diferenciam em vários outros tipos de células ou tecidos. Há basicamente

dois tipos: embrionárias e adultas (Bansal, 2011).

As células embrionárias têm a capacidade de originar diversos tipos

celulares presentes no embrião e no adulto. O meio de obtenção para seu

estudo devido fatores éticos e legais e manipulação em pesquisas é dificultado.

No entanto, as células adultas apresentam a capacidade de originar tipos

celulares específicos, por não terem limitações morais, que prejudique seu uso

em laboratório, são objeto de pesquisa em estudos recentes.

A terapia celular com células-tronco demonstra resultados satisfatórios,

como no caso das pesquisas em Odontologia, em que são extraídas células da

polpa dentária. A polpa dentária é caracterizada por ter um tecido conjuntivo

frouxo, altamente vascularizado e é constituída por vasos sanguíneos e variadas

células especializadas, além dessas estruturas encontradas estudos revelam o

potencial de extração de células-tronco da polpa dentária, sendo obtida através

de dentes de leites durante a infância ou até mesmo na fase adulta. Pesquisas,

já identificaram cinco diferentes células – tronco dos tecidos humanos: células

tronco da polpa dentária, células – tronco dos dentes decíduos exfoliados,

células – tronco do ligamento periodontal, células – tronco da papila apical e as

células progenitoras do folículo dentário. O presente estudo foca nas DPSC

(Células – tronco da polpa dentária). O grande interesse em pesquisas com

essa linhagem celular vem crescendo cada vez mais devido seu potencial

terapêutico na reconstrução de tecidos e órgãos. Este estudo de revisão da

literatura, demonstrará o grande interesse e a grande descoberta de células-

tronco na polpa de dentes decíduos e permanentes, sabe-se e que encontram-

se células mesenquimais em polpas dentárias. As células mesenquimais são

células que podem ser isoladas da medula óssea, de tecido adiposo, de vários

tecidos fetais e numerosos outros tecidos, como o da polpa dental. As

mesenquimais têm capacidade de se diferenciar in vitro e in vivo em

osteoblastos, em adipócitos, em condroblastos e em mioblastos. Células-tronco

2

provenientes da polpa de dentes decíduos, tem mostrado resultados

satisfatórios para terapia celular, o seu fácil acesso e o fato de não serem

órgãos vitais, que normalmente são descartados após a esfoliação, provém um

atrativo para testes de segurança e viabilidade terapêutica.

O dente se desenvolve na maxila e mandibula, variando a morfologia de

acordo com a espécie e a localização, mas a estrutura se mantém similar sendo

formada por: esmalte, cemento e dentina (juntos formam o tecido mineralizado

que reveste a polpa) e a polpa (formada por tecido conjuntivo vascularizado,

com diferentes tipos celulares) (Yen, Sharpe, 2008). A polpa dentária é derivada

de componentes ectodérmicos e mesenquimais é dividida em quatro camadas: a

primeira, mais externa, composta de odontoblasto produzindo dentina, a

segunda camada, pobre em células e rica em matriz extracelular, a terceira

camada contém células progenitoras com plasticidade e pluripotência, e a

camada mais interna,

O ligamento Periodontal é de suma importância no processo de reparo e

regeneração do Periodonto, uma vez que apresenta células como

cementoblastos, osteoblasto, miofibroblastos, células endoteliais, células

epiteliais, células nervosas e células mesenquimais indiferenciadas identificadas

em laboratório.

Estudos para a diferenciação celular e seu cultivo ainda são de grande

atenção, por mais que esse material seja de fácil obtenção, sua diferenciação

em laboratório requer estudos avançados, assim gerando esperanças para o

tratamento odontológico e até mesmo doenças, como diabetes, oftalmológicos,

entre outros. A regeneração dos tecidos e órgãos lesados ocorre devido à

capacidade de diferenciação celular, como no caso das doenças oftalmológicas,

em que estudos relatam o uso de células-tronco para a diferenciação celular em

células límbicas para a regeneração ocular.

3

2. OBJETIVO

Este estudo baseou-se em uma revisão da literatura da aplicação das

células-tronco obtidas a partir da polpa dentária, bem como possíveis aplicações

terapêuticas.

4

3. METODOLOGIA

Este trabalho foi feito embasado em uma revisão da literatura sobre

extração de células-tronco da polpa dentária e seu possível potencial terapêutico

bem como suas aplicações.

Deste modo, foram selecionados artigos científicos em Língua Portuguesa

com base de dados: Scientific Eletronic Library (Scielo) e em Língua Inglesa no

Pubmed, EBSCO (Academic Search Elite), ScienceDirect e Elsevier, sendo eles

publicados entre 1999 até 2012.

As palavras-chave utilizadas foram: Células-tronco, polpa dentária, terapia

celular e regeneração odontológica.

5

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. CÉLULAS-TRONCO

São células com elevada capacidade de auto-renovação e produção de

pelo menos um tipo celular altamente especializado, sendo definidas com base

em três de suas principais características: a) capacidade de auto-renovação, ou

habilidade de gerar no mínimo uma célula - filha com características similares às

células mãe; b) capacidade de uma única célula se diferenciar em múltiplas

linhagens celulares; c) capacidade de reconstruir funcionalmente, in vivo, um

tecido lesado. (Verfaillie, 2002).

Existem duas categorias, embrionárias pluripotentes que são procedentes

do embrioblasto durante a fase de blástula do embrião e que são capazes de

originar todas as linhagens celulares do corpo; e a categoria de multipotentes ou

unipotentes, denominadas de células adultas, as quais possuem capacidade de

originar tipos celulares específicos (Souza, 2003; Soares, 2007).

TABELA 1. Classificação das Células – tronco

TIPO ORIGEM POTENCIAL

Totipotente Zigoto ou células - ovo Geram um

novo ser

completo

Pluripotente (células -

tronco embrionárias)

Massa nuclear interna

do blastocisto

Geram todos

os tecidos do

organismo

Multipotente (células -

tronco adultas)

Diversos tecidos do

corpo

Geram os

tecidos dos

quais se

originam

Totipotentes: implantadas no útero materno têm capacidade de originar

um novo organismo. Seu único representante é o óvulo fecundado (zigoto), pois

somente a partir dessa célula é possível surgir um individuo adulto.

Pluripotentes: derivadas da massa celular interna de um embrião com

cinco a sete dias de formação. Nessa categoria encontram–se as células–

6

tronco embrionárias, capazes de originar todas as células do corpo, mas

desprovidas do potencial de formar um indivíduo pleno, pois não dão origem a

anexos embrionários, como a placenta, essenciais ao desenvolvimento.

Multipotentes: encontradas em estágios posteriores do desenvolvimento e

que persistem após o nascimento. Também chamadas células-tronco adultas,

encontram-se localizadas em regiões distintas do corpo e têm a capacidade de

originar subtipos celulares, mas não todas as células do corpo. São de difícil

isolamento e estão presentes em condições limitadas (Rehen, Paulsen.; 2007).

4.1.1. EMBRIONÁRIAS

São derivadas diretamente dos tecidos pluripotentes dos embriões em

estágio pré-implantacional. São assim denominadas devido ao fato de que ao

serem expandidas em cultura celular mantém suas características

pluripotenciais e dão origens a diversos tipos celulares presentes no embrião e

no adulto. Tais células são muitas vezes descritas como totipotentes, referindo-

se a sua capacidade de dar origem aos três folhetos embrionários. No entanto,

tais células não são capazes de regenerar um blastocisto, não sendo, portanto

capazes de produzir um embrião completo. Assim, o termo totipotente dever ser

aplicado somente ao zigoto e os blastômeros nas fases iniciais de clivagem

(Carmo, Santos; 2007).

Nos adultos, as células-tronco persistem nos tecidos e têm a função de

reparo de lesões e regeneração tecidual. Certa população de células é mantida

nos tecidos, porque, muitas quando atingem sua diferenciação terminal

(aquisição de suas características finais), perdem a capacidade de divisão

mitótica, dessa forma podem ser degradadas e, por isso, substituídas. Tais

populações de células-tronco que persistem ao longo da vida do indivíduo, são

denominadas células-tronco somáticas (Carmo, Santos, 2007).

4.1.2. ADULTAS

A capacidade regenerativa, mesmo que restrita a alguns órgãos, sempre

chamou a atenção dos pesquisadores. São células responsáveis pela

manutenção de diversos tecidos e, com certas limitações, pela recuperação de

órgãos lesionados. Quando se dividem, essas células podem dar origem a

7

células idênticas a elas (auto-renovação) ou ainda gerar células maduras e

específicas ao tecido de onde se originaram (Rehen, Paulsen, 2007).

As células adultas podem ser divididas em dois tipos principais:

hematopoiéticas (responsáveis pela formação dos diferentes tipos celulares

sanguíneos), e mesenquimais (podem formar tecido cartilaginoso, ósseo,

adiposo e muscular). Foram descritas primeiramente, no estroma da medula

óssea. Ambas podem ser encontradas na medula óssea, mas a última, também

pode ser encontrada em outros tecidos. Devido a sua função de manutenção de

tecidos adultos e de resposta a lesões do organismo, atribui-se as células-tronco

adultas um grande potencial terapêutico, no tratamento das mais variadas

doenças, como diabetes, doenças autoimunes, na Hematologia, na Oftalmologia

e na regeneração de lesões provocadas por acidentes. (Carmo, Santos, 2007).

Células-tronco podem permanecer em estado quiescente até a fase

adulta, através da autorreplicação, ou diferenciar-se em diversos tecidos a partir

da expressão de determinados genes e exercerem funções especificas. Essas

células podem ser utilizadas na terapia de várias doenças, cujos resultados

obtidos até então são bastante otimistas, o que faz acreditar que essas células

representam a terapia do futuro, podendo significar fontes promissoras na

regeneração dentino–pulpar, periodontal, bem como para a cura de

determinadas doenças e ainda no desenvolvimento de novos dentes (Soares,

2007).

A razão pela qual é importante a distinção entre as embrionárias e adultas

é por que estas células tem um potencial diferente para se desenvolverem em

várias células especificas, isto é, plasticidade. Tradicionalmente, a plasticidade

das células embrionárias parecia ser muito maior do que a de células – tronco

adultas, mas estudos recentes indicam que as células adultas tem uma maior

plasticidade do que se imaginava. A plasticidade define a sua capacidade de

produzir células de diferentes tecidos. Quanto maior a plasticidade mais valiosas

são para o desenvolvimento de novas terapias celulares.

Em diversos tecidos do organismo as células-tronco estão presentes em

um elevado potencial de diferenciação. Estas células podem ser classificadas

pela sua fonte em: células-troncas autólogas, que são obtidas a partir do mesmo

indivíduo a quem será implantada; alogênicas, que são originárias de um doador

8

da mesma espécie, e células xenogênicas, que são isoladas de indivíduos de

outra espécie.

Diversos estudos têm isolado células-tronco indiferenciadas derivadas da

polpa dentária. A identificação dessa população celular nos tecidos dentários

tem estimulado o interesse no potencial regenerativo e na sua aplicabilidade na

engenharia tecidual ou bioengenharia. (Morandini et al, 2008).

4.1.3. MESENQUIMAIS

São derivadas da medula óssea humana (HMSC), também conhecidas

como células-tronco esqueléticas, células estromais da medula óssea ou,

células estromais mesenquimais multipotentes, são um grupo de células

alonogênicas, presentes no estroma da medula óssea, capazes de diferenciação

em várias linhagens de células do tipo mesodérmico e, possivelmente, mas

ainda parte de assunto controverso, em outros tipos celulares não

mesodérmicos, como células neurais ou hepatócitos.

Estas células, quando submetidas a diferentes estímulos, foram descritas

como capazes de diferenciações como osteogênica, condrogênica, adipogênica,

neurogênica e cardiogênica. As MSCs situam-se na fração estromal da medula

óssea, que provê um microambiente que suporta a hematopoese. De fato, estas

células fornecem o suporte do estroma para o crescimento e diferenciação de

células-tronco hematopoéticas e para a hematopoese (Bydlowsk et al.; 2009).

4.2. FATORES DE CRESCIMENTO

São normalmente produzidos para recrutar células implantadas

saudáveis, no entanto, num ambiente como o interior de um dente, onde os

tecidos tem uma capacidade regenerativa muito baixa ou a regeneração de

tecidos não ocorre frequentemente, os fatores de crescimento devem ser

fornecidos exogenamente para criar a atividade celular desejada e, portanto,

apropriada regeneração pulpar (Sun et al.; 2011).

Os fatores de crescimento são proteínas que se ligam aos receptores na

célula e induzem a proliferação e/ou diferenciação celular. Muitos fatores de

crescimento são bastante versáteis, estimulando a divisão celular em

numerosos tipos celulares, enquanto outros são mais específicos. Na maioria

das vezes, os nomes dados a cada fator de crescimento tem pouco a ver com

9

as funções mais importantes, e existem por causa das circunstancias históricas

em que surgiram (Murray et al.; 2007, Bansal et al.; 2011, Sun et al.; 2011).

Atualmente, uma grande variedade de fatores de crescimento foi

identificada, com funções especificas que podem ser usados como parte de

tratamentos de células estaminais e de engenharia de tecidos. Muitos fatores de

crescimento podem ser usados para controlar a atividade das células

estaminais, como, aumentar a taxa de proliferação, induzir a diferenciação

celular num outro tipo de tecido, ou estimular as células para sintetizar matriz

mineralizada. Duas famílias importantes de fatores de crescimento que

desempenham um papel vital, são o fator de crescimento transformados (TGF) e

a proteina morfogenica óssea (BMPs produtora de dentina terciária).

TGF – B1 e B3 são importantes na ativação celular para diferenciação

odontoblastica e estimulação da secreção de matriz dentinária. Estes fatores de

crescimento são secretados por odontoblastos e são depositados dentro da

matriz da dentina, onde permanecem protegidos numa forma ativa através da

interação com outros componentes da matriz extracelular. A adição de fracções

protéicas de dentina purificada estimula um aumento de secreção de dentina

terciária na matriz, sugerindo que o TGF-B1 esta envolvido na sinalização do

dano causado e na reação de cicatrização dentária. (Murray et al 2007, Bansal

et al 2011, Sun et al 2011).

4.3. CÉLULAS-TRONCO E A ODONTOLOGIA

Atualmente existe uma grande busca por novas terapias de reconstrução

do Periodonto destruído pela doença Periodontal, recentes técnicas de

Engenharia tecidual, baseadas na biologia de células-tronco ou bioengenharia,

têm sido propostas. As células mesenquimais indiferenciadas, ou células-tronco

como são conhecidas, têm sido objeto de várias pesquisas recentes, sendo

tratadas por diversos profissionais da área da saúde como um importante

artifício para combater múltiplas doenças, principalmente aquelas que desafiam

a ciência há muito tempo. O destaque para a utilização dessas células é

atribuído a sua capacidade de autorrenovação e de diferenciação em vários

tipos celulares, de acordo com o estímulo recebido (Alves et al.;, 2010).

A terapia com células-tronco adultas geralmente é precedida pela

compreensão de todas as suas propriedades, o controle de sua proliferação e os

10

fatores que determinam sua diferenciação. A regeneração de um órgão dentário

não é simples, pois seu desenvolvimento é determinado por interações

complexas e inúmeros fatores de crescimento e, ainda, a diferenciação celular

está ligada a mudanças morfológicas no decorrer da formação do germe

dentário. Tem sido proposta a utilização de células-tronco adultas em diversas

áreas da Odontologia (Soares et al; 2007)

O principal potencial de diferenciação das células dentárias recai sobre a

formação de dentina e dos tecidos associados ao Periodonto, independente de

essas células serem derivadas da polpa, do ligamento periodontal ou do folículo

dentário. As células mesenquimais dentária podem ser divididas em dois grupos

distintos quanto ao potencial de diferenciação. O primeiro grupo associado à

polpa dentária consiste nas células – tronco da polpa, do dente decíduo

esfoliado e da papila apical; o segundo grupo abrange as células-tronco do

ligamento periodontal e as células progenitoras do folículo dentário que estão

relacionadas ao ligamento periodontal (Morsczeck et al 2008).

O primeiro relato da identificação de células-tronco no tecido pulpar

ocorreu no ano de 2000, sendo usado isoladamente uma população de células

clonogênicas com rápida capacidade proliferativa da polpa dentária humana de

um dente permanente. Essas células apresentaram in vitro uma capacidade

proliferável com a das células-tronco da medula óssea, demonstrando que elas

tinham a capacidade de regenerar tecidos. A partir dessas características, foi

possível concluir que essa população celular tratava de células adultas, assim

utilizada a definição como células tronco da polpa dentária (DPSC) (Gronthos et

al.; 2000).

As células da polpa dentária apresentam características similares às das

células–tronco da medula óssea, sendo ambos os tipos celulares

indiferenciados. As células da polpa dentária têm ainda a capacidade de se

diferenciar em células semelhantes aos odontoblastos (Morsczeck et al.; 20008).

4.3.1. DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO

É um processo complexo, o primeiro sinal de desenvolvimento dentário é

o espessamento do epitélio oral que se transforma em um botão. As células

mesenquimais se condensam ao redor desse botão e, durante os estágios de

11

capuz e campânula, o epitélio se organiza, conforme a morfologia do dente que

está em formação (Thesleff, Sharpe, 1997).

Durante o estágio de campânula, já é possível identificar o germe

dentário, que consiste do órgão do esmalte, da papila dental e do folículo

dentário.

A papila dental dará origem à polpa e aos odontoblastos, enquanto que o

folículo dentário dará origem aos cementoblastos e às fibras do ligamento

Periodontal (Cate, 2001).

Todos os tecidos em desenvolvimento, a morfogênese ocorre no contexto

de extensivo crescimento e localização exata, o que determina que a

morfogênese e a divisão celular ocorram de forma extremamente coordenada. A

dentina é composta de colágeno, sialofofoproteína dentária (DSP), matriz

dentária e hidroxiapatia. A dentina possui estrutura tubular e mantém uma intima

relação com a polpa através dos prolongamentos odontoblástcos. Ela circunda a

polpa, que é um tecido rico em fibroblastos, vasos sanguíneos e nervos, e sua

porção externa usualmente é recoberta por uma camada de esmalte (Margaritis

et al.; 2009).

Durante a formação da dentina, os prolongamentos odontoblástcos se

retraem e ficam distantes da lâmina basal, acompanhando o movimento celular.

Após a deposição da dentina, é possível observar a formação de túbulos. A pré-

dentina da raiz contém fibras colágenas dispersas, ao passo que, na coroa, elas

são espessas, organizadas de forma mais densa e normalmente paralelas aos

processos odontobásticos. (Smith et al; 2008).

O epitélio dentário se divide em epitélio externo e interno do esmalte, de

onde se diferencia os ameloblastos, enquanto que as células ectomesenquimais

da papila dental se diferenciam nos odontoblastos. Estas células darão origem

ao esmalte e à dentina. O esmalte é o tecido mais duro do corpo humano. É

composto por mais de 90% de hidroxiapatia e não possui colágeno em sua

composição. As principais proteínas do esmalte são a amelogenina, a

amelobastina, a enamelina e a tuftelina. (Smith, Lesot, 2001).

A principal função da polpa é a de produzir dentina, incluindo sua forma

primária durante o desenvolvimento inicial do dente, a secundária ao longo da

vida do dente e a terciária quando da presença de um estímulo nocivo. Os

12

odontoblastos se encontram alinhados na periferia da polpa, próximos à camada

interna de dentina. A característica da polpa de ser um tecido altamente

vascularizado com uma grande quantidade de nervos mineralizados e não

mineralizados está relacionada com suas outras duas funções principais: nutrir a

dentina e agir como um biosensor para a detecção de estímulos mínimos.

Anatomicamente, a polpa é praticamente toda recoberta por dentina. A única

conexão entre a polpa e o tecido circundante é através do forame apical. A

maioria dos vasos sanguíneos e linfáticos da polpa passa pelo forame, o que faz

do ápice a principal via de nutrição do tecido pulpar. Em alguns dentes, há

inúmeras pequenas aberturas de canais laterais, localizados próximo ao forame

apical. Esse acesso limitado a ambiente restrito diminui a capacidade de

recuperação da polpa frente a uma agressão (Demarco et al.; 2011).

A polpa dentária contém uma população heterogênea de células, dentre

elas fibroblastos, células inflamatórias e do sistema imune, nervos, vasos e

células perivasculares, sendo um tecido conjuntivo com capacidade de reagir às

agressões dentárias com formação de dentina reparadora por novos

odontoblastos. A partir desta constatação, estudos foram conduzidos para

mostrar a presença de células indiferenciadas, as chamadas células-tronco

(Miura et al; 2003).

Se os estímulos são leves ou progridem lentamente, como ocorre nos

casos de pequenas lesões cariosas, atrição, erosão, ou pequenas fraturas, os

odontoblastos normalmente sobrevivem e continuam a produção de dentina,

permitindo a manutenção da atividade pulpar e protegendo os odontoblastos

remanescentes. Quando os estímulos são fortes ou progridem rapidamente,

como ocorre nos casos de cárie profunda, os odontoblastos primários são

destruídos. Nestes casos, os odontoblastos, que são células pós-mitóticas e

diferenciadas, não têm mais a capacidade proliferativa para a reposição dos

odontoblastos destruídos, nem de produzir mais dentina. Sob essas

circunstâncias, células mesenquimais indiferenciadas da polpa dentária podem

se diferenciar em odontoblastos e secretar dentina terciária (Demarco et al;

2011).

Após a formação da coroa, da deposição da dentina coronária e da matriz

extracelular do esmalte, inicia-se o processo de desenvolvimento da raiz

dentária. A porção mais apical do germe dentário prolifera durante o período de

13

formação radicular, gerando células responsáveis pela formação da polpa

radicular e do Periodonto. Esta porção passa a ser denominada Bainha Epitelial

de Hertwing (BEH). A bainha epitelial, derivada das células da alça cervical do

órgão do esmalte, prolifera apicalmente, estabelecendo os limites entre a polpa

e o periodonto. Esta estrutura epitelial é responsável pela determinação da

forma radicular, bem como do periodonto. A bainha epitelial é considerada a

principal região controladora do desenvolvimento radicular, uma vez que ela

desaparece assim que a raiz está completamente formada.

As células pulpares que estão em contato com a BEH são estimuladas

para a diferenciação e odontoblastos, que produzirão a dentina radicular. Após,

a BEH se desintegrar e é sugerido que algumas células do folículo dentário

possam se diferenciar em cementoblastos. A deposição da dentina radicular e

do cemento continuam depois da erupção do dente. A formação da raiz dentária

humana normalmente se completa entre 2 a 3 anos após a erupção do dente.

Há similariedades entre os eventos que ocorrem durante a dentinogênese

coronária e radicular. Os pré odontoblastos se alinham ao longo da lâmina

basal, separando – se do respectivo epitélio, sendo que os odontoblastos mais

apicais são menos diferenciados na matriz dentinária (Ding et al, 2009).

Os ameloblastos e os odontoblastos são células exclusivamente dentárias

que se diferenciam de forma terminal durante o estágio de campânula. Esta

característica faz com que eles não tenham mais a capacidade de proliferar a

fim de repor as células que foram lesadas de forma irreversível. A papila apical é

um tecido do tipo embrionário, localizado na porção apical da raiz em formação,

tendo a presença de uma zona rica em células (Ding et al, 2009).

4.3.2. CÉLULAS – TRONDO DA POLPA DENTÁRIA

As células pluripotentes ou multipotentes são capazes de se

diferenciarem em diversos tecidos, bem como as de polpa dentária, se mostram

muito promissoras como ferramentas terapêuticas, pois exibem grande

plasticidade e podem ser isoladas e manipuladas de modo reprodutível. Os

dentes, naturalmente, oferecem uma fonte de células-tronco em quantidade

suficiente para potencial aplicação clinica. Para utilização em pesquisa, há a

vantagem de as amostras serem acessíveis; diferentemente das totipotentes,

14

que são provenientes de células germinativas embrionárias derivadas da prega

genital do feto de 5 a 10 semanas e também por transferência de núcleo

somático em adultos. Percebe-se que mesmo com todos os avanços jurídicos,

as totipotentes ainda suscitam dificuldades na prática da pesquisa; e por isso, o

incentivo a fontes de células-tronco pluripotentes ou multipotentes, como são as

células da polpa, são justificáveis e importantes. De fato, as células pulpares

não motivam conflitos éticos ou religiosos sobre o seu uso e pesquisa, por que

são utilizados dentes previamente indicados para exodontia, e que seriam

descartados. Por isso muitos cientistas estão sendo estimulados a trabalhar com

pluripotentes. Pesquisa com células-tronco somente poderá ser efetivada

quando os procedimentos estiveram estabelecidos com eficiência, eficácia e

segurança. Para isso, as pesquisas são fundamentais, nos seus vários estágios

de testes. Sistematizar os conhecimentos e estabelecer protocolos de

preservação celular são requisitos a serem estabelecidos para se promover

maior acessibilidade no seu uso. Verificou – se que atualmente, é possível

isolar células da polpa dentária humana, multiplicá-las e induzir sua

diferenciação em vários tecidos; por exemplo, em tecido ósseo, adipócitos,

complexo dentino-pulpar, raízes funcionais, dente completo, hepatócitos, folículo

piloso, músculo cardíaco, neurônios e até em córnea. As pesquisas de

isolamento de células-tronco de polpa dentária humana não detectaram

diferenças que pudessem ser atribuídas à idade ou ao sexo do doador (Laino,

2006). No entanto, há interferências quando se comparam dentes decíduos a

permanentes (Miura, 2003), se o dente estava ou não exposto ao meio bucal

(Balic, 2010), as condições pulpares (Wang, 2010).

As mesenquimais foram encontradas na polpa de dente de leite de seres

humanos. Essa descoberta traz nova fonte de células tronco adultas para

eventual utilização em medicina regenerativa. A grande expectativa que envolve

essa descoberta está em seu processo de obtenção não invasivo: toda criança

perde os dentes de leite entre os seis e 12 anos, fazendo sua obtenção muito

mais simples. Bancos para o armazenamento de células – tronco da polpa de

dente poderão ser criados, possibilitando sua utilização no futuro por um grande

numero de pessoas (Paulsen, Rehen, 2007).

A doação desse material é realizada através dos responsáveis, em

primeiro lugar após entrar em contatos com os pesquisadores, os responsáveis

15

pela criança recebem um kit de doação contendo as explicações básicas e um

liquido especial para preservar o dente, em segundo logo depois que o dente sai

da boca, ele deve ser colocado nessa substancia, para evitar que as células

sejam contaminadas ou inutilizadas. O material precisa ir para a geladeira. Em

terceiro, no laboratório, a polpa dental é retirada, a polpa é colocada em uma

placa contendo um meio nutritivo misturado a fatores de crescimento para que

as células proliferem. O próximo passo é o isolamento das células-tronco,

utilizando partículas magnéticas associadas a anticorpos, que reconhecem

moléculas da superfície dessas células. Em seguida, pode – se induzir a

diferenciação dessas células em tipos celulares de interesse terapêutico, outra

possibilidade é conservá-las congeladas para uso em futuros tratamentos.

(Jornal folha de São Paulo, 2012).

Tabela 2. Classificação das células–tronco de origem dentária. Até o

momento, cinco tipos de células-tronco dentárias foram isoladas e

caracterizadas (Huand, 2009).

Células - tronco da polpa

dentária (DPSCs)

As DPSCs da polpa são consideradas as células lógicas

de escolha. Além das duas principais propriedades (auto -

renovação e diferenciação), as DPSCs possuem ainda

vantagens associadas à sua aplicação em engenharia de

tecidos: o acesso ao local de coleta destas células é de

fácil acesso, a extração de células - tronco do tecido

pulpar é altamente eficiente, têm uma capacidade de

diferenciação extensiva e boa interatividade com os

biomateriais.

Células - tronco de dentes

decíduos (SHED)

As SHED são adquiridas a partir de um tecido que é

"descartável" e de fácil acesso, os melhores candidatos

para SHED são caninos e incisivos moderadamente

reabsorvidos com a presença de polpa saudável.

Demonstrando uma maior capacidade de proliferação,

uma oferta abundante de células e uma coleta celular

indolor com invasão mínima. Sendo assim, as SHED uma

opção desejável como uma fonte de células para a

endodontia regenerativa.

16

Células - tronco da papila

apical (SCAP)

As SCAP têm maior taxa de proliferação, em comparação

com as DPSCs. Parecem ser a fonte dos odontoblastos

primários, que são responsáveis pela formação da

dentina radicular, enquanto as DPSCs são a fonte

provável dos odontoblastos de substituição. As SCAP

representam as células progenitoras, e assim são uma

fonte de células estaminais mais adequada que as

DPSCs e SHED, mais requerem investigação adicional.

Células - tronco do ligamento

periodontal (PDLSCs)

Para a regeneração do periodonto, são melhores as

PDLSCs como fonte de células - tronco, em comparação

com células isoladas partir da polpa. Um ligamento

periodontal viável é gerado a partir das PDLSCs.

Células do folículo dentário

(DFPCs)

Todas as células-tronco demonstram multipotencialidade e capacidade

para regenerar múltiplos tecidos dentários e peiodontais in vitro e in vivo (Huang

2009). De entre estas células, todas, exceto as SHED são de dentes

permanentes. Estas células dentárias são consideradas mesenquimais (MSCs)

e possuem diferentes capacidades para formarem tecidos específicos.

Estas células in vivo expandidas podem-se diferenciar em células

odontoblasticas e produzir tecido dentinário em ambos os estudos in vitro e in

vivo (SUN, 2010).

Células-tronco, são isoladas de um tecido especifico, e possuem potentes

capacidades de se diferenciarem em células odontogênicas, no entanto,

também tem a capacidade de dar origem a outras linhagens celulares,

semelhantes, mas diferentes na potencia, às células estaminais da medula

óssea. De ambas as células DPSCs e SHED, são relatadas que tecido

semelhante ao do complexo dentino-pulpar pode ser regenerado e

posteriormente utilizado para regeneração endodontica. As SHED são

adquiridas a partir de um tecido que é “descartável” e de fácil acesso, os

melhores candidatos para SHED são caninos e incisivos moderadamente

reabsorvidos com a presença de polpa saudável. Em crianças, outras fontes de

células estaminais de fácil acesso são: os dentes supranumerários, os

17

mesiodens, dentes decíduos retidos associados à falta de dentes permanentes,

molares extraídos por indicações ortodônticas, entre outros.

As SHED demonstram maior capacidade de proliferação, uma oferta

abundante de células e uma coleta celular indolor com invasão mínima. Assim,

as SHED poderiam ser uma opção desejável como uma fonte de células para a

endodontia regenerativa, no entanto, em comparação, as DPSCs apresentam

maior inclinação para a linhagem neuronal. As células estaminais também são

isoladas de dentes em envelhecimento, mais observou-se que o numero de

células e sua taxa de proliferação diminui com a idade e é máxima apenas

quando a coroa é formada (gérmen dentário) (Huang, 2009).

As SCAP têm maior taxa de proliferação, em comparação com as DPSCs.

Parecem ser a fonte dos odontoblastos primários, que são responsáveis pela

formação da dentina radicular, enquanto as DPSCs são a fonte provável dos

odontoblastos de substituição. As SCAP representam as células progenitoras, e

assim são uma fonte de células - tronco mais adequada que as DPSCs e SHED,

mas requerem investigação adicional (Bansal, 2011).

Para regeneração periodontal, são melhores as PDLSCs como fonte de

células-tronco, em comparação com células isoladas a partir da polpa. Um

ligamento periodontal viável é gerado a partir das PDLSCs (Bamsal, 2011).

Células-tronco autólogas são relativamente fáceis de adquirir e fáceis de

injetar com uma seringa (tratamento de injeção).

Mas nesta técnica, as células têm baixa taxa de sobrevivência e podem

migrar para locais diferentes dentro do corpo, possivelmente, levando a padrões

aberrantes de mineralização. A solução para este problema é aplicar as células

justamente com um scaffold (esqueleto) (Bansal, 2011).

Deste modo, prova-se a vantagem da conjugação de dois métodos

diferentes, de modo a obter uma maior eficácia na regeneração endodontica. De

entre os vários tipos de células que foram contemplados, as DPSCs da polpa

são consideradas as células lógicas de escolha. Além das duas principais

propriedades (auto renovação e diferenciação), as DPSCs possuem ainda

vantagens associadas à sua aplicação em engenharia de tecidos: é de fácil

acesso o local de coleta dessas células. A extração de células-tronco extensiva

e boa interatividade com os biomateriais. A fácil gestão das DPSCs faz delas

uma fonte de células viáveis promissora para um uso futuro em ensaios clínicos

18

humanos. Assim, observa – se que as células de origem dentária podem,

potencialmente, ser utilizada para a regeneração dos tecidos do complexo

dentino-pulpar e Periodontal. Mais importante ainda, a identificação dessas

células fornece uma melhor compreensão da biologia pulpar e do ligamento

periodontal de regeneração após uma lesão tecidual. Células multipotentes que

residem nos espaços perivasculares da polpa madura, do ligamento periodontal

ou da medula óssea têm o potencial de se diferenciarem em fibroblastos

maduros, cementoblastos e osteoblastos para a regeneração dos tecidos

Periodontais (Huang, 2008).

4.4.TÉCNICA

4.4.1. OBTENÇÃO DO TECIDO PULPAR

Para a realização do procedimento é necessário um controle rigoroso da

cadeia asséptica, devido à grande presença de microrganismos no meio bucal.

A assepsia extrabucal, profilaxia intrabucal, bochecho com clorexidina 2%, em

seguida, foi feita anestesia infiltrativa e gengival, sindesmotomia e retirada das

unidades com um fórceps, com um mínimo de tempo e contato com a saliva.

Quaisquer resíduos de tecido mole foram retirados e as unidades foram

imediatamente colocadas em recipientes individuais contendo meio de cultura

DMEM (Dublbecco’s modified Eagle médium, Gibco/NY) com 50mg/ml de

gentamicina adicionadas entre 4 e 8ºC e encaminhadas para o laboratório para

isolamento das células. (JESUS, SOARAES, NOGUEIRA, et al; 2011). O tecido

pulpar deve ser retirado imediatamente após a remoção do dente para não

perder suas propriedades estruturais. Em casos de extração de dentes

permanentes, necessita a realização do exame radiográfico, a fim de verificar as

condições sistêmicas e locais de saúde (Jesus et al, 2011).

4.4.2. ISOLAMENTO, SELEÇÃO E EXPANSÃO DAS CÉLULAS-TRONCO

MESENQUIMAIS

Todo o procedimento de retirada da polpa e cultura celular foi realizado

em fluxos laminares verticais. O acesso à câmara pulpar foi feito, quando

necessário, com discos diamantados (KG Sorensen, São Paulo, SP, Brasil) em

19

baixa rotação, sob irrigação constante, sendo o tecido pulpar retirado com o

auxílio de curetas e limas endodônticas. Uma limitação encontrada foi a

pequena quantidade de tecido pulpar obtido. Das quatro unidades dentárias

extraídas, uma já não tinha tecido pulpar e as demais apresentaram pequena

quantidade de polpa e, consequentemente, disponibilizaram poucas células para

o início do cultivo. O tecido obtido foi imediatamente acondicionado em garrafas

de cultura, com meio Eagle modificado por Dulbecco (DMEM) suplementado

com 10% de soro bovino fetal (SBF; Cultilab, Campinas, SP, Brasil) e

armazenadas em estufa a 37ºC e 5% de CO2 para proliferação celular e

aderência à garrafa. A troca do meio completo foi feita a cada três dias, durante

um período aproximado de 10 dias, quando a cultura obteve cerca de 80-90%

de confluência, sendo acompanhada por meio de microscópio óptico invertido.

As células-tronco, após adesão à superfície plástica, apresentaram uma forma

inicial ovoide, que evoluiu durante as primeiras 24 horas para uma forma

fibroblastoide, que se manteve até a confluência. Ao longo das trocas, as

mesenquimais aderentes foram selecionadas, enquanto as células suspensas

no meio de cultura foram sendo descartadas. Após confluência da cultura, foi

realizada a liberação das células da superfície plástica, para permitir a

continuidade da proliferação e a criopreservação de parte das células. Para

liberar as células, foi feita a troca do meio, por duas vezes, com solução salina

estéril e, após a remoção da solução salina, foi adicionada solução de tripsina a

0,25% (Invitrogen, São Paulo, SP, Brasil), durante 2-5 minutos, para que as

ligações das células à matriz extracelular fossem desfeitas, permitindo o

desprendimento das células da superfície plástica da garrafa de cultura.

Após confirmação do desprendimento das células, por observação em

microscópio óptico invertido, a enzima foi inativada pela adição de meio

completo. O meio da garrafa, contendo as células, foi então coletado utilizando-

se uma pipeta e centrifugado a 1.500rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi

desprezado e o pellet de células ressuspendido em 1ml de meio DMEM

suplementado com 10% de SBF. Nesse momento, uma parte das células foi

separada para criopreservação em nitrogênio líquido, para estudos posteriores e

possíveis utilizações terapêuticas, enquanto o restante foi utilizado para

continuidade da cultura, permitindo a caracterização in vitro. Para a

criopreservação, foi respeitada a concentração máxima de 106–107 células por

20

tubo, sendo adicionado um volume final de 1ml, sendo 900μl de meio completo

contendo as células e 100μl de dimetilsulfóxido (DMSO). Os tubos de

criopreservação foram submetidos a abaixamento criostático, variando a

temperatura de 4ºC a -80°C por 24 horas e, posteriormente, foram estocados

em nitrogênio líquido. (Jesus et al 2011).

4.5. POTENCIAL REGENETATIVO

Resulta na restituição completa do tecido perdido ou lesado, o reparo

pode restaurar algumas estruturas originais, mas pode causar desarranjos

estruturais. Em tecidos saudáveis, a cura, na forma de regeneração ou reparo,

ocorre praticamente após qualquer insulto que cause destruição tecidual e é

essencial para a sobrevivência do organismo. A regeneração refere-se também

a proliferação de células e tecidos para substituir estruturas perdidas. Para a

regeneração Endodontica, as células mais promissoras são as células-tronco

adultas autólogas, uma vez que há menos hipóteses de rejeição imunológica e

demonstram maior afinidade para a estrutura dentária. A coleta de células do

próprio paciente torna o procedimento menos caro e evita preocupações éticas e

legais. No entanto, em alguns casos, as células do doador adequado podem

não estar disponíveis, é o caso de pessoas muito doentes ou idosas (Bansal,

2011).

4.6. ENGENHARIA TECIDUAL

Aplicação de princípios de engenharia, química e biologia objetivando o

reparo, restauração ou regeneração de tecidos vivos, por meio da utilização de

biomateriais, células e fatores de crescimento, sozinhos ou em combinação

(Laurencin, 1999).

Engenharia tecidual é um campo multidisciplinar em emergência que vem

para provocar uma revolução na maneira como devolvemos a saúde e qualidade

de vida a milhões de pessoas no mundo, seja restabelecendo, mantendo ou

otimizando a função de um tecido ou órgão (Sipe, 2002).

No caso da bioengenharia periodontal busca-se especificamente o reparo

de osso alveolar, cemento associado ao dente e ligamento Periodontal (Slavkin,

Bartyold, 2006). A regeneração depende de quatro componentes básicos:

moléculas sinalizadoras apropriadas (fatores de crescimento), células,

21

suprimento sanguíneo (nutrição) e um arcabouço (scaffold) para guiar e criar

estrutura tridimensional. In vitro, as células da polpa dentária de molares

inclusos mostraram grande potencial osteogênico e dentinogênico e

incapacidade de se diferenciar em condrócitos e adipócitos, enquanto as DPSC

de molares irrompidos tiveram o potencial osteogênico e dentinogêncio

diminuídos e a capacidade de se diferenciar em odontoblastos, osteoblastos,

apócitos e condrócitos aumentada (Balic, 2010).

Usando a engenharia de tecidos e DPSC, foi possível regenerar o

complexo dentino-pulpar (Yu, 2006), gerar raízes funcionais (Sonoyama, 2006) e

ate mesmo produzir um dente completo (Nakao, 2007). Alem disso, as DPSC

foram eficientes na regeneração de tecido ósseo (Nakamura, 2005; Otali, 2007;

Costa, 2008).

Um dente inteiro foi criado pela bioengenharia utilizando – se uma única

dissociação celular derivada de um germe de incisivo de rato. Tecidos epiteliais

e mesenquimas foram isolados; e suas células dissociadas e colocadas em alta

densidade em gel de colágeno para cultura de órgãos. Múltiplos incisivos foram

formados in vitro. Odontoblastos, dentina, túbulos dentinários, ameloblastos,

esmalte, polpa, raiz, vasos sanguíneos, osso alveolar e ligamento periodontal

foram devidamente organizados. Ao se repetir a experiência com os germes de

molares, foi obtido o mesmo resultado, mas os dentes apresentavam forma de

molares. Quando os autores usaram células de um germe de dente na fase de

campânula, não foi possível formar um novo dente, sugerindo que o potencial de

auto-organização celular é perdido durante a organogênese. Eles também

conseguiram replicar a organogênese dentária quando fizeram um transplante

em um alvéolo dentário in vivo. E foi gerado um dente estruturamente completo,

inclusive, com a penetração de vasos sanguíneos e fibras nervosas. Dessa

forma sendo possível produzir diversos órgãos do esmalte em um único germe

(Nakao, 2007).

A reconstrução de um dente completo sempre foi testada usando células-

tronco adultas. Embora não seja discutido nos artigos citados, é possível sugerir

que as células-tronco embrionárias precisam de um numero maior de fatores

para induzir sua diferenciação completa, porque eles estão em um estágio inicial

de desenvolvimento.

22

As células da polpa dentária e as células do estroma da medula óssea de

ratos foram comparadas em sua capacidade de gerar tecidos dentais. Essas

células foram co-cultivadas com células epiteliais da fase de botão de incisivos

de ratos, fornecendo um microambiente favorável pela interação entre as células

epiteliais e mesenquimais. Verificou-se a presença de células epiteliais induziu a

diferenciação de odontoblastos em ambos os tipos de células-tronco. No

entanto, apenas as DPSC foram capazes de induzir a diferenciação de células

epiteliais em ameloblastos. Alem disso a mineralização observada em

experimentos com DPSC era mais abundante e mais rápida do que com

BMSSC. Por conseguinte, DPSC foram consideradas melhores candidatas para

a regeneração dentária (Yu, 2007).

4.7. VANTAGEM DO USO DE CÉLULAS-TRONCO EXTRAIDAS DA POLPA

DENTAL

O seu fácil acesso e o fato de não serem órgãos vitais, que normalmente

são descartados após a esfoliação, provêm um atrativo para testes de

segurança e viabilidade terapêutica, Estudos realizados com essas células

ressaltam uma grande capacidade de proliferação e de indução de regeneração

tecidual, mas ainda existem limitações em relação à quantidade de células

disponíveis e também quanto à técnica de coleta e cultura celular.

4.8. DESVANTAGEM

Não existem desvantagens no uso de células-tronco da polpa dentária,

uma vez que o material seria jogado fora e o procedimento de retirada desse

órgão não é de risco ao paciente, não se encontra motivos existentes na

literatura que demonstram desvantagens da extração e aplicação em laboratório

dessas células. Bem como, o uso clinico das terapias com células-tronco

somente poderá ser efetivo quando os procedimentos estiverem estabelecidos

com eficiência e segurança. Para isso, as pesquisas são fundamentais, nos

seus vários estágios de testes. Sistematizar os conhecimentos e estabelecer

protocolos de preservação celular são requisitos que precisam ser estabelecidos

para se promover maior facilidade e acessibilidade no seu uso (Araújo, 2011).

23

4.9. APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS

A polpa dentaria como fonte de células-tronco foi uma grande descoberta.

O potencial de utilização das células em reconstruções, regenerações e reparo

tecidual tem motivado muitas pesquisas a seu respeito (Volpini et al.;, 2010).

As múltiplas perspectivas na utilização das células pulpares, a

acessibilidade e a possível criopreservação fazem delas promissoras fontes de

células - tronco para banco de células (Graziano et al 2006).

Na pratica Odontológica, muitos dentes com vitalidade pulpar são

extraídos ou perdidos por várias razões (indicação Ortodôntica, Periodontal,

Avulsão, Esfoliação). Estes dentes são comumente descartados, quando

poderiam ainda ser fontes de células-tronco armazenáveis para diversas

aplicações futuras (Soares, 2007). Os consultórios Odontológicos

frequentemente não estão preparados para executar os procedimentos de

criopreservação, seria necessário que o dente fosse encaminhado a serviços

laboratoriais especializados para posterior processamento. Não há registros na

literatura a respeito do tempo que as células pulpares ainda permanecem

viáveis após a exodontia.

A regeneração da polpa dentária será uma das primeiras terapias

envolvendo a engenharia de tecidos com células – tronco. Isto é devido à menor

complexidade da reconstrução somente do tecido pulpar do que de um dente

inteiro (Zhang, Yelick, 2010). Embora os testes de regeneração da estrutura da

polpa dentária já tenham sido realizados, ainda restam desafios importantes

como promover uma nova inervação e vascularização de uma câmara pulpar

química e mecanicamente preparada e desenvolver técnicas de controle de

tamanho, forma e cor para a reconstrução completa de um dente (Zhang, Yelick,

2010).

A quantidade de dentina e tecido pulpar formados em laboratório excede

largamente o que seria gerado durante a vida inteira do individuo. Isso porque

as células extraídas de um único dente podem gerar inúmeras células a serem

utilizadas em terapias reconstrutivas e regenerativas. A descoberta sobre

células-tronco da polpa dentária nos levam a supor que essas células,

provavelmente, contribuirão em muitas áreas da saúde no futuro (Araujo, 2010).

Além da reconstrução e formação de dentes, estudos demonstram que a

partir da extração de células – tronco da polpa dentária podem ser usadas para

24

tratar doenças periodentais, congênitas, oculares, entre outras, devido serem

encontradas grande numero de células mesenquimais no tecido pulpar, sendo

ela de autorenovação e podendo gerar diversas linhagens celulares. As células-

tronco extraídas da polpa dentária são adultas, mas possuem origem

ectomesenquimal e com características de especialização em diferentes tecidos

semelhantes às células-tronco embrionárias, o que é de suma importância para

o tratamento e reparação tecidual. “São células responsáveis pela manutenção

da homeostasia e pela geração dos demais tipos celulares encontrados na polpa

dentária, garantindo a integridade dos dentes.” O pesquisador acredita que,

especialmente para a área odontológica, a utilização de células-tronco facilitará

o tratamento com implantes porque auxilia na formação de tecido ósseo. E isso

se dá tanto nas áreas em que foram instalados os implantes quanto em regiões

em que seria necessária a colocação de enxertos. Outro ponto a ser avaliado

tem a ver com o tratamento da reparação pulpar, como em quadros de pulpites

reversíveis ou de exposições acidentais. Contudo, esse tema ainda demanda

muito estudo, já que a cascata completa de diferenciação e formação do tecido

pulpar ainda não foi completamente elucidada (Lizier, 2011).

25

5. DISCUSSÃO

Nesta revisão da literatura foram utilizados 49 artigos científicos, sendo

62% sobre a extração de células-tronco da polpa dentária, 15% sobre o uso de

células-tronco e suas aplicações e 23 % sobre odontologia em pesquisas

laboratoriais.

Segundo Gronthos, a partir do ano 2000 foi realizado com sucesso o

primeiro estudo em laboratório no qual ocorreu a extração de células da polpa

dentária para avaliar o tipo de células encontrada neste determinado local e sua

aplicação terapêutica (Gronthos, 2000).

Estudos demonstram que as células extraídas da polpa dentária são de

grande importância nas pesquisas atuais, devido sua grande proliferação celular

e principalmente por a polpa ser encontrada em órgãos que não são vitais e

acabam sendo descartado na infância. Segundo Wang outro fator de suma

importância em pesquisas laboratoriais com célula-tronco são os fatores éticos e

legais da manipulação destes materiais, de fato, as células-troncos pulpares não

motivam conflitos éticos ou religiosos sobre o seu uso e pesquisa, por que são

utilizados dentes previamente indicados para exodontia, e que seriam

descartados. Por isso muitos cientistas estão sendo estimulados a trabalhar com

células – tronco pluripotentes.

Estudos demonstram que a principal função da polpa é a de produzir

dentina, incluindo sua forma primária durante o desenvolvimento inicial do dente,

a secundária ao longo da vida do dente e a terciaria quando da presença de um

estimulo nocivo. Além das mesenquimais encontradas na polpa dentária para a

diferenciação de outras linhagens celulares utilizadas em tratamentos de

doenças, as células mesenquimas consegue se diferenciar em odontoblastos,

assim levando estudos promissores para a regeneração odontológica.

A extração desse material deve ser realizada dentro dos parâmetros

adequados, onde segue-se um protocolo de assepsia adequado, para que não

haja contaminação, devido à grande presença de microrganismos no meio

bucal.

Segundo Silvério estudos in vitro e in vivo das células mesenquimais

derivadas de tecidos dentais e no seu potencial para promover regeneração dos

26

tecidos periodontais. Os primeiros resultados destacaram a necessidade de

investigações adicionais para determinar a eficácia da expansão ex-vivo de

células mesenquimais no reparo das estruturas dentais e tecidos periodontais,

visto que, mesmo com as limitações de cada experimento, as células

mesenquimais indiferenciadas do ligamento periodontal mostraram uma

habilidade de originar estruturas semelhante são cemento radicular e ao

ligamento periodontal. Contudo,

como as referidas células são heterogêneas, devido a sua capacidade de

proliferarem e se diferenciarem em células formadores do tecido periodontal, um

número maior de pesquisas é necessário para investigar a função destas no

processo de regeneração. Visando que os atuais estudos demonstram

grande esperança do tratamento de doenças, utilizando células – tronco da

polpa dentária para a regeneração de órgãos e tecidos, sendo assim, estudos

com resultados promissores não apenas na odontologia, mais também em

diversas áreas de estudos de regeneração e até mesmo a cura de determinadas

lesões.

27

6. CONCLUSÃO

O presente estudo conclui que a polpa dentária é uma fonte promissora

de células –tronco utilizadas em laboratório por sua capacidade de

diferenciação celular e possíveis aplicações terapêuticas; pelo fácil acesso e

extração dessas células, devido a segurança ao paciente, no qual não sofre

nenhuma lesão com o procedimento de retirada do órgão dentário e o material é

totalmente descartado. Além disso, não há implicação ética e limitação de sua

utilização.

28

REFERÊNCIAS

Bansal R; Regeneration endodontics: a state of the art. Indian j dent res.

22(1):122-31. 2011

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GLOSSÁRIO

Alogênico: As células para tratamento derivam de um doador diferente do

receptor. Há variantes, como doador aparentado (em geral irmão) ou não –

aparentado. O sucesso desse procedimento depende em parte do grau de

compatibilidade entre doador e receptor, mas a importância da compatibilidade

varia muito consoante o tipo de transplante e a fonte de células.

Autólogo ou autogênico: São oriundas do mesmo individuo em que serão

implantadas. Apresentam pouca ou nenhuma rejeição, com isolamento menos

oneroso e sem implicações éticas e legais.

Células – tronco mesenquimais: Células que podem ser isoladas da medula

óssea, de tecido adiposo, de vários tecidos fetais e numerosos outros tecidos de

adultos. As células – tronco mesenquimais têm capacidade de se diferenciar in

vitro e in vivo em osteoblastos, em adipócitos, em condroblastos e em

mioblastos.

Células – tronco adulta ou somáticas: Tipo de célula – tronco obtida de

tecidos após a fase embrionária (feto, recém nascido, adulto). As células –

tronco adultas até agora isoladas em humanos são tecido especificas, ou seja,

têm capacidade de diferenciação limitada a único tipo de tecido ou a alguns

poucos tecidos relacionados.

Células – tronco embrionária: Tipo de células – tronco pluripotente (capaz de

originar todos os tecidos de um individuo adulto) que cresce in vitro na forma de

linhagens celulares derivadas de embriões humanos.

Células – tronco pluripotente: Tipo de célula-tronco capaz de originar todos os

tecidos de um individuo adulto.

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Células – tronco totipotente: Tipo de célula – tronco capaz de originar todos

os tecidos fetais (= célula-ovo ou óvulo fecundado, ou a células hibrida obtida

por transferência de núcleo somático).

Células – tronco oligopotentes: Podem produzir células de uma única

linhagem.

Células – tronco unipotentes: Produzem somente um único tipo celular

maduro.

Células – tronco: Tipo de células indiferenciadas, sem função específica

podem diferenciar-se nos tecidos, capazes de multiplicar-se mantendo-se

indiferenciadas por longos períodos (tanto in vitro como in vivo), mas que diante

de estímulos específicos podem diferenciar-se em células maduras e funcionais

dos tecidos. As células – tronco têm a propriedade fundamental de divisão

assimétrica, ou seja, ao mesmo tempo que originam células precursoras com

capacidade de diferenciação restrita a um determinado tecido, produzem células

indiferenciadas que repõem a população de células – tronco.

Crista neural: Estrutura embrionária formada por células neuroectodérmicas

que dá origem, aos gânglios sensitivos dos nervos cranianos e espinhais, além

de várias outras estruturas.

Engenharia tecidual: Área do conhecimento que estuda o comportamento dos

tecidos com o objetivo de sua utilização clínica, seja para substituir, restaurar ou

aprimorar algum órgão.

Estroma: Tecido de sustentação de um órgão.

Heterogênea: Quando as células normais da medula óssea provêm do próprio

individuo.

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In vitro: Expressão utilizada para designar processos biológicos que ocorrem

fora dos sistemas vivos, em ambiente controlado e fechado de um laboratório e

que são realizados normalmente em um recipiente de vidro.

Plasticidade: Normalmente as células – tronco adultas de um tecido tem

capacidade de diferenciação restrita àquele tecido do qual são derivadas.

Plasticidade é definida como a capacidade de células – tronco de um tecido

originarem células diferenciadas de outros tecidos (por exemplo, as células –

tronco hematopoiéticas dando origem a células musculares cardíacas ou a

hepatócitos), ou seja, a capacidade de transdiferenciação.

Sialofosfoproteína: É uma proteína precursora de três outras, que apresentam

perfis estrutural e funcional próprios, denominadas de Sialoproteína dentinária

(DSP), Glicoproteína dentinária (DGP) e Fosfoproteína dentinária (DPP).

Transdiferenciação: Uma alteração na diferenciação de uma célula de um tipo

celular para outro. A transdiferenciação é a manifestação da capacidade de

plasticidade das células - tronco adultas.

Odontoblastos: São células pós – mitóticas, responsáveis pela secreção de

dentina primária.

Xenogênico: As células ou tecidos para tratamento se originam de outra

espécie animal, ou seja, qualquer procedimento de transplante, implante ou

infusão, em pacientes humanos, de células, tecidos ou órgãos vivos de outra

espécie; ou de fluidos corporais, células ou órgãos humanos que tenham tido

algum tipo de contato fora do corpo com células, tecidos ou órgãos de outras

espécies.