celestino de anciães felício - plano de radiodifusão de angola

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ementos nara a . ". istória CD LJ 621 396 7 (073) Rodlodlfu n I\nll(Jlo ......... ao Por isso, em 16 de Fevereiro de 1961, é publi- cada a portaria n.O 18 272, transcrita no Boletim Oficial de Angola n.O 10, de 8 de Março de 1961, reforçando com 15 000 contos o capítulo 12.°, art 146, n.O 7 - «Segundo Plano de Fomento Nacional- Lei n.O 2094 de 25 de Novembro de 1958 - Comunicações e Transportes - Telecomu- . - nicaçoes». Em 27 de Março imediato, pela portaria n.O 18 357 é criada a Comissão Coordenadora do Plano de Radiodifusão de Angola (CCPRA) com carácter temporário. O texto dessa Portaria foi transcrito em 12 de Abril no Boletim Oficial n.O 20. Eram objectivos da Comissão, entre outros: a) Elaboração do plano geral de radiodifusão de Angola; b) Preparação e conclusão dos processos de concurso de materiais e aparelhos neces- sários ao referido plano; c) Execução, em regime de tarefa ou por admi- nistração directa, das obras e outros traba- lhos que por essa forma tivessem de ser executados; d) Instalação e entrega no Centro de Informa- ção e Turismo de Angola (CITA) de tudo o que resultasse do mesmo plano geral de radiodifusão uma vez terminados os seus objectivos. (Previa-se que a radiodifusão ficasse integrada na CITA, como veio real- (*) Conclusão do número 86. 35 ELECTRICIDADE 87 2 - O DESENVOLVIMENTO DA RADIODIFUSÃO A PARTIR DA CRIAÇÃO DO PLANO DE RADIODIFUSÃO DE ANGOLA A radiodifusão é um meio de comunicação que, sob a forma de ondas curtas, não pode ser impedido de atingir todo e qualquer recanto. Pelas suas ca- racterísticas, é o que mais fácil e instantânea mente pode dar informação de qualquer acontecimento, por requerer apenas um receptor próprio, que a evolução da técnica há muito pôs ao alcance de in- divíduos com fraco poder de compra. Receptores portáteis, mesmo de algibeira, e alimentados por pilhas de lanterna estão profusamente difundidos em Africa. Inicialmente utilizada como meio de distracção, (como música de fundo que, em quaisquer cir- cunstâncias, podemos aceitar), é ainda com este aliciante que a Radiodifusão sonora se usa para al- cançar objectivos mais ambiciosos e elevados- difusão de informações, instrução, cultura e promo- ção socia I. Largamente aproveitado durante e após a se- gunda guerra mundial como arma de acção psico- lógica, a ela também recorreram e recorrem abun- dantemente os nossos inimigos. Natural é, portanto, que o Governo procurasse acautelar os rádio-ouvintes de Angola, preparando a melhoria das infraestruturas, c o aproveitamento integral das existentes para as usar, primeiramente como órgão de rectificação das tendenciosas infor- mações que do exterior nos faziam chegar, depois como arma de contra-ataque e finalmente sob to- dos os aspectos úteis e convenientes.

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Page 1: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

ementos nara a . ".istória

CD LJ 621 396 7 (073)Rodlodlfu nI\nll(Jlo

.........

ao•

•Por isso, em 16 de Fevereiro de 1961, é publi-

cada a portaria n.O 18 272, transcrita no BoletimOficial de Angola n.O 10, de 8 de Março de 1961,reforçando com 15 000 contos o capítulo 12.°,art 146, n.O 7 - «Segundo Plano de FomentoNacional- Lei n.O 2094 de 25 de Novembro de1958 - Comunicações e Transportes - Telecomu-. -nicaçoes».

Em 27 de Março imediato, pela portaria n.O18 357 é criada a Comissão Coordenadora do Planode Radiodifusão de Angola (CCPRA) com caráctertemporário. O texto dessa Portaria foi transcrito em12 de Abril no Boletim Oficial n.O 20.

Eram objectivos da Comissão, entre outros:

a) Elaboração do plano geral de radiodifusãode Angola;

b) Preparação e conclusão dos processos deconcurso de materiais e aparelhos neces-sários ao referido plano;

c) Execução, em regime de tarefa ou por admi-nistração directa, das obras e outros traba-lhos que por essa forma tivessem de serexecutados;

d) Instalação e entrega no Centro de Informa-ção e Turismo de Angola ( CITA) de tudoo que resultasse do mesmo plano geral deradiodifusão uma vez terminados os seusobjectivos. (Previa-se que a radiodifusãoficasse integrada na CITA, como veio real-

(*) Conclusão do número 86. 35

ELECTRICIDADE 87

2 - O DESENVOLVIMENTO DA RADIODIFUSÃOA PARTIR DA CRIAÇÃO DO PLANODE RADIODIFUSÃO DE ANGOLA

A radiodifusão é um meio de comunicação que,sob a forma de ondas curtas, não pode ser impedidode atingir todo e qualquer recanto. Pelas suas ca-racterísticas, é o que mais fácil e instantânea mentepode dar informação de qualquer acontecimento,por requerer apenas um receptor próprio, que aevolução da técnica há muito pôs ao alcance de in-divíduos com fraco poder de compra. Receptoresportáteis, mesmo de algibeira, e alimentados porpilhas de lanterna estão profusamente difundidosem Africa.

Inicialmente utilizada como meio de distracção,(como música de fundo que, em quaisquer cir-cunstâncias, podemos aceitar), é ainda com estealiciante que a Radiodifusão sonora se usa para al-cançar objectivos mais ambiciosos e elevados-difusão de informações, instrução, cultura e promo-ção socia I.

Largamente aproveitado durante e após a se-gunda guerra mundial como arma de acção psico-lógica, a ela também recorreram e recorrem abun-dantemente os nossos inimigos.

Natural é, portanto, que o Governo procurasseacautelar os rádio-ouvintes de Angola, preparandoa melhoria das infraestruturas, c o aproveitamentointegral das existentes para as usar, primeiramentecomo órgão de rectificação das tendenciosas infor-mações que do exterior nos faziam chegar, depoiscomo arma de contra-ataque e finalmente sob to-dos os aspectos úteis e convenientes.

Page 2: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

rnent a acontecer. Em 1 de Setembro d1970, porém passou a EOA a er um s rviço8ut6no(110) .

- J.\ Comissão ficava subordinada ao GovernoGeral de Angola e por seu intermédio poderia agre-gar ou solicitar a f equislçâo dos f unclonários quese tornassem necessários aos SOllS obiectivos

- A aprovação do plano geral de radlodifuãode Angola era da competência do Ministro do UI-tramar mas podia o Governo Geral da Provínciaaprovar as alterações e complementos de execuçaoque, no decorrer dos trabalhos, se veriftcassem na-cesssários e que não colidissem com a finalidadepretendida com o plano geral aprovado

Estava, portanto criado o Instrumento de rea-lização de infra-estruturas. enquanto a EmissoraOficial de Angola (EOA ou EO) não fosse devida-mente estruturada e o absorvesse Certamenteporque este passo se Julgava rrrunente t I portanaso previa a realização de Instalações o que e nboraexiqlsse somas consideráveis e conh Cimentostecrncos era tarefa mais fácil Port nto como apreparação dos especialistas necessários ao seuaproveitamento não fOI encarada e a poliric da ra-diodifusâo definida, a Comissão Coordenadora doPlano de Radiodifusão começou por se dedicar àobtenção das verbas necessárias e realização doplano elaborado pela Emissora Nacional supenor-mente aprovado

Entretanto e a pedido do r fllnlsténo do Ultra-mar a Emissora Nac onal de Radiodifusão (ENR ouEN) com a cotaboraçâo graciosa dos seus especia-listas e mesmo daqueles a quem teve de recorrerfora dos seus quadros, prepara um estudo das ne-ccssidades de Angola Esse estudo está perticular-mente bem elaborado sob os aspectos da propa-gação de sistemas de antenas de ernissã o e centrode recepcão e escuta

Para que pudesse ser feito tal plano e certa-mente a falta de directrizes, o engenheiro ManuelBivar, Director Técnico da EN e catalizador do en-tusiasmo com que tal estudo fOI feito esquematizaum principio de funcionamento e un tizacâo. segundoa sua experiência e pontos de vista e com basenos elementos que aqui colhera em viagem propo-sitadamente feita, em 1960, com outro técnicoda EN

Segundo consta da memóna descritiva e Justi-ficativa geral, as conclusões e propostas do relató-no dessa viagem, que fOI submetido ao Ministro doUltramar, podem resumir-se no segurnte.

«-A dispersão das várias parcelas do territó-rio nacional torna rnurto precário o nosso sistemade informação radiofónica, por estarem rnurto ex-postas aos noticiários transmitidos de fora.

- A excessiva sobriedade dos noticiários ra-diof6nicos nacionais mais agrava aquela situação

- No caso particular de Rádio Brazzaville. exis-tia de facto um vasto auditório em Angola e Mo-cambique, uma vez que a sua informação, alérn demuito completa, dava curso a todos os boatos cor-rentes e com um sentido sempre depreciativo e

36 tendencioso para o Estado Novo»

EL/~C'l'IUCII)A J) I~ 87

o relatório terminava propondo, entre outrasmedidas, as seçurntes

8) - Realização de diliqênclas diplomáticasJunto da França, tanto pelo Ministério dos NegÓCIOsEstrangeiros como pela Emissora Nacional. Juntoda RadIodifusão-Televisão francesa (de quem Rá-dio Brazzaville dependia directamente)

b) - Acção Junto da «France Presse». em LIS-boa, como oriqinadora das notícias

c) - Remodelação da acção informativa daêrnisso Naclonal

d) - Estudo de uma organização radiofónicaosrticinor destinada a agIr no Ultramar segundoonentação do Governo, como forma de fazer a estac outras situações que se prevêem»

o esquema de funcionamento previsto encon-tra-se na f '9 1

O mapa elaborado em Lisboa para o esquemade funcionamento da radiodifusão nacicnaí: a pre-fer ncia para que o novo serviço embora coman-dado p lo Estado uvesse as caractensucas dumsistema privado o que lhe perrnmna a maleabilidadeQue o autor Julga! mdispensável (inclusivé a depoder dirigir contra-propaganda para o extenor semcomprometer o Governo) e questões pessoa sdevem ter est do na base duma campanha malintencioned e pur mente de trunva sem que hajaconhecimento de qu rsquer outros planos que me-lhor ou pror o substitulssem

Campanha idêntica e C da vez ma s Virulentase mantem e desenvolve à medida que as real za-ções se võo concretizando c so a clarividênc a doGoverno poderá con egulr que as Infra-estruturasque se têm r hzado venham ler a UI IIdade paraque for rn prevrs as

Em 31 de Maio de 1961 reun em Lu nda pelaprtmerra vez a Comissão Coordenadora para to-mar conhecimento do refendo estudo e ante-pro-recto elaborado com a cal boraçâo gracIosa cornose drsse dos enqenhelros Manuel Bivar: HenriqueLeotte Tavares, Manuel Freir V Menezes FernandoGalhardo António Martins Neves HoráCIO CamposNeto' LUIS Corr la Simã o e Alei o Gallus Fernandes

O referido ante-projecto é provado com reser-vas quanto as emissõ s dirigidas ao Congo eprevê'

Centro de rec pção e escutestimado enl. 5300 contos

Centro de proqrarnas estimadoem.. ... ... .. . 7 300 contos

Equipamento de recepção eernlssâo (emissoras de on-das médias de 1 kW) p raRádio-Clubes, estimado em 7 800 contos

Emissor de onda média e an-tena dirigida para o Congo,estimado en1 .... .. ... ti.... 4 700 contos

Page 3: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

E~TRANGEIRO

o) ESTUDO ELABORADO PELA EMISSORA NACIONALLISBOA 1961

LISBOAEMISSORA NAC IONAl

#

N o T I C I A RIOS;eRO'NICAS DESPORTIVAS;

PROGRAMAS E ACTUALIDADES

PROGRAMAS REC REATIVOS.INfORMATIVOS E REPORTAGENS

"PRESSES'I ESTRANGEIRAS

• TEL[IMPR~SSORE5............. MARCONINOTICIARIOS""""" I

TELEIMPRESSORES

PROGRAMAS GRAVADOS.[NVIADOS POR AVIÃO

I

ESTUOIO CENTRALLUANDA

PROGRAMAS PRO'PRIOS

-CENTRO DE RECEPÇAOLUANDA

LUANDACE NT RO EMISSOR

,.OlSlRI8UIÇAO

OE SERViÇO INFORMATIVO

EM ISS nR~S F~RNECI DOSAOS RÂDIO·ClUBES

IW

b ) RESULTANTE DAS REALIZAÇOES DO PRA

L IS BOAEMISSORA NACIONAL

ti PRESSES" ESTRANGEIRAS

+MARCONI LUANDA

CENTRO EMISSOR

PROGRAMAS GRAVADOS,-ENVIADOS POR AVIAOPROGRAM AS RECREAT I VOS,

INFORMATIVOS E REPORTAúE NS

H01lCIARIOSiCRÓNICAS DESPORTIVAS;

PROGRAMAS E ACTUALIDADES

ESTÚDIO CENTRALLUANDA

r

PROGRAMAS PROPRIOS

SISTEMA DE RECEPÇÃOESPECIA~ INSTALADONOS ESTUDIOS NOVOS

..RETRANSMISSAO

DIRECTA OE LUANDA

PROGRAMAS GRAVADOS.'"ENVIADOS POR AVIAO

FIg. 1

EMI SSOR ES REG IONAISE RÁDIO-CLUBES

ELECTRICIDADE 87

37

Page 4: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola
Page 5: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

VIV n I , Por ISSO, fOI pr tie I'lH n t un: 11"no o VOlOc pr '\S o dl q lJ o S t tio ri v ( I i.. p f o rnov r t II (1s-

[Ivlithnrcs do escudos )

c) ResunlO

.,_~OCI no.

DISS mos qu '\ doslqnaçâo «1 Cotóquio: I1dO

fOI f III porqu iá tinha havido outra reuniôo dosr pr sent nt s d s sta õ s do r oto da Província,s6 por estulrlci s pod ria pret nder que aquela

era a pnm Ira. Ern Maio d 1957 o Rádio-Ctubt daHull promove urna r uni" o do mesmo géner o, aque ch 1l18r rn o 1,° Congres o d Rtldio Angollnd

Acont ceu t mbérn q uo o «Co lóquio» fOI deci-dido precrpit darnente. sem qu s elaborasse cua 1-quer agenda Nmgu m, portanto, sabia do que seI tratar Isto mesmo foi satientsdo por vários de-legados e até proposto que se começasse por ela-borar essa agenda e se voltasse a reunir noventadias depois

No entanto serviu para troca de pontos de vista

Adrn II) is tra ç50 e FlscalizaçãoEmissores Regionais e Rádio-

-Clubes. ..Centro Emissor de Mulenvos

(Luanda) . .. .Centro de Programas de

Luanda (Estúdios e Edifí-CIO dos Servo Técnicos) ..

7533

28398

75851

63937

39

o encargo com o centro de prograrnas é umaprevisão, visto que as obras e insta lações estão emcurso, e s6 diz respeito aos edifícios e equrparnen-tos dos estúdios e serviços técnicos

Rádio-Clubes e Emissores Regionais

3 - ACÇÃO DO PRA A todos os Rádio-Clubes, excepto o de Angola,fOI ced Ido e insta lado:

1 emissor de ondas médias de 1 kW, respectivaantena (mastro radiante isolado do solo com 1/4do comprimento de onda de altura) e sistema deterra (120 radiais de 1/4 do comprimento de onda)

1 receptor de ondas médias e curtas

Este equipamento tinha em vista a projectadarepetição de programas (principalmente informati-vos e formativos) da EOA, pelo que se reservaramduas horas diárias de emissão, como contrapartida.Por isso e porque a EOA tinha os seus própriosemissores em Luanda, o Rádio-Clube de Angola nãofOI incluído neste esquema.

A todas as estações particulares foi dado oapoio técnico possível sempre que o solicitaram.

(Março de 1961 IAgosto de 1970)

OrganogranJa

Desde 1963 que o organograma do PRA semantem (fig. 2).

Nem sempre fOI possível dispor de todo o pes-soal nele previsto e também não se consequ.u con-tar com mais récnlcos privativos devido à transi-toriedade do Serviço

Realizações e dotações

a) Durante a vigência do II Plano de Fomentoe Plano Intercalar de Fomento (1961/1967)

te (mllhorc de contos)

1961 63 1964 1965 1966 1967 TOTAIS

Administração e Fiscalização 1 333,5 495.7 529.6 58',5 796,9 3 737.2Emissores Regionais e Rádio-Clubes 11 133,4 41,8 275 160,7 9904,4 21 267,8Centro Emissor de Luanda 15533 30389 2038 14063,8 40811.5 73651Centro de Programas de Luanda 578,2 204,2 910,4 1 178,8 811,9 3683,5

TOTAIS 3 780,6 1 671,3 15 984,8 52324,728578,1 102339,5

b) Durante a vigência do III Plano de Fomento(1968/70) e previsão até 1973

19701968 1969 1971 1972 73 TOTAIS

Administração, Projecto e Fiscalização 650 1 546 1 600 3796

Emissores Regionais 3650 2980 500 7130

Centro de Programas de Luanda 2500 13454 14300 14200 15800 60254

Centro Emissor de Luanda 700 1 500 2200

17980 17900 14200 15800 73380TOTAIS 7500

ELECTRICIDADE 87

Page 6: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

•Ern 1967 foi considerado conveniente dar prio-

ridade à insta lação d emissores regionais ern cer-tas áreas, o que perrnitlria também dotar as capitaisde distrito, que não possuiarn rádio-clube, com urnaemissora e a difundir proqrarnas especiais - nessaaltura ainda havia três capitais de distrito sem esserequinte.

Logo foi encomendada a maior pane do ecuipa-mento necessário à criação de mais cinco regionais(o de Menongue, ern Serpa Pinto, já tinha insta ladoum emissor de 1 kW) mas a fa Ita do para leIo desen-volvimento dos Serviços de Exploração fez com quese arrastasse a sua Instalação, que ainda não estáconcluida. (É de esperar que a reestruturação daEOA venha a permitir o seu conveniente aproveita-menta) .

O equipamento normal previsto para estes Emis-sores Regionais é o seguinte:

- Pequeno estúdio e cabina de locução paraa transmissão de programas pré-gravados ou direc-tos (com discos e fitas maqnéticas )

- Sistema de recepção, a melhorar, para re-transmissão dos programas de Luanda

- Emissor híbrido de 5 kW de ondas médias oucurtas com mastro radiante e sistema de terra Idên-nco aos dos Radio-Clubes, mas dimensionado para. ...maior potencia.

- Cabo teletónico de ligação entre o estúdioe o emissor

Centro Emissor de Mulenvos (Luanda)

o Centro Emissor, planeado para a cobenurade Luanda e da Província, em modulação de ampli-tude (ondas medias e ondas curtas), dispõe de

!;LECT iact DA 0/1, 87

- 2 emissores de 100 kW híbridos de ondasmédias e curtas

- Campo de antenas com:2 mastros radiantes para emissores até 10 kW

de ondas médias1 antena dlng.da com combinador para poder

ser utilizada simultâneamente por dOIS emissoresde ondas médias até 100 kW I cada. ~ constituídapor duas torres com cerca de 114 do comprimentode onda de a Itura e tem um ganho de 3 db no aZI-mute 130

1 dipolo dobrado para emissores até 10 kWpara a frequência de 3375 kc

1 antena dirigida para emissor até 100 kW deondas médias, constituída por seis torres de cercade 114 do comprimento de onda e com um ganhode 14 db no azimute de máxima radiação

2 antenas de cortina para emissores de on-das curtas até 100 kW para as bandas de 5/6 e 7/9rneqacictoa/segvndo. respectivamente; azimute demáxima radiação 100, ângulo de elevação (ângulode fogo) 71 ; abertura do lóbulo vertical ± 200,quer na direcção de máxima radiação, quer na d.-recção norma I - portanto, antenas para a cober-tura da zona próxima de Luanda, até à distância de600 km, com ganho médio de 7,6 db

, antena de cortina para emissores de ondascurtas até 100 kW para a banda de 9/12 meqacr-cios/segundo; azrrnute de máxima radiação 1000;ângulo de elevação 41 , abertura de lobulo vertical_ 20; abertura do lóbulo horizontal ± 250 - por-tanto para cobertura na direcção leste. para alémdos 400 km de Luanda e com o ganho médio de10 db

1 antena em tudo Idêntica à antenor. exceptono azrmute de máxima radiação que é de 160 e naabertura do lóbulo horizontal que é de ±36 - por-tanto, para cobertura na direcção sul, para alémdos 400 km de Luanda e com o ganho media de8,5 db

2 antenas de cortina para emissores de ondascurtas até 200 kW (ou dOIS emissores de 100 kW embandas diferentes) uma para s bandas de 6/7 eoutra 719 meçaciclcs/seçundo: azrmute de máximaradiação 130; ângulo de elevação 41; aberturado lóbulo vertical 20 abertura do 16bulo hori-zontal 25 - portanto, para a cobertura da zonaafastada de Luanda, para além dos 400 km e como ganho médio de 10 db

1 antena em tudo idêntica às anteriores, ex-cepto nas bandas de frequência de trabalho quesão de 4/5 megaciclos/segundo e na potência má-xima que pode suportar, que é de 100 kW

, combinador (diplexer) para misturar dOISemissores até 100 kW cada, um numa frequência dabanda dos 6 megaciclos por segundo e outro nabanda dos 7 megaciclos por segundo, e ligá-losà mesma antena

1 grupo de cornutaçê o que faz a ligação entreos sete emissores de ondas curtas e as sete ante-nas e diplexer de ondas curtas, com 25 % de malea-bilidade (esta pode ser estendida a 100 % - qua 1-quer emissor e qualquer antena - se o númerode comutadores instalados passar de 20 a 63)

- Subestação directamente ligada à da SONEFEpor linha aérea a 15 kV, terminada por 500 m decabo subterrâneo. do lado do Centro Emissor, comcapacidade para cerca de 4 MVA.

- Central de recurso com a potência de 295 kVAque assegura a continuidade de funclonamento-dentro de poucos mmutos - dos serviços auxilia-res, dos quatro emissores de 10 kW e o aqueci-mento dos emissores de 100 kW (Não se julgounecessário aumentar a sua potência graças à re-gularidade de abastecimento que a SONEFE temgarantido) .

- Sala de baixa frequência de hgação entre osestúdios e os emissores, com capacidade parareceber quatro programas simultâneamente masprevistas para a sua extensão até dez.

- Oficinas e armazéns

- 1 emissor de 5 kW de ondas médias- 2 emissores de 10 kW de ondas curtas- 2 emissores de 5 kW e 10 kW híbridos de

ondas médias e cu rtas40 - 2 emissores de 100 kW de ondas curtas

Page 7: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

C mtro de Proqmn: ~s de Luanda (7/' iese )

p" ra lI111 terreno do ccrc 1 de cinco hectares, comcei snte loc ilizaçâo p ra os fins em vista, fOI feito

um ant -proi cto m que se previa a instalação datctevlsâo. dum qrande auditório para íl cidade e dosediílcios indisp nsáveis à rádio - dit ecção e adrni-nistração. estúdios, serviços técnicos Procurou-se,sem ê ItO, interessar a Câmara Municipal de Luandana construcâo do auditór io e decidiu-se projectar,como prirn ira fase, o edifício dos estúdios e o dosserviços técnicos cuja construção está já nos aca-barnentos.

a edifício dos Serviços Técnicos, já rnesmo par-cialmente ocupado, dispõe de:

- sala de emissores de modulação de frequên-cia. comum ao serviço de desenho

2 oficinas, ~ ,

escntoriosinstalações sanitáriasarrecadaçõesparte coberta para estacionamento de viaturas

A sala de emissores de modulação de frequênciaestá a ser preparada para a cobertura de Luandacom três programas mono ou estereofónicos. emmodulação de frequência, estabelece a ligação oCentro Emissor de Mulenvos e dispõe Já de'

- 1 emissor de modulação de frequência de3kW

- 1 emissor de modulação de frequência de500W

- 2 emissores de modulação de frequência de250W

- 1 combinador para permitir a ligação de trêsemissores de modulação de frequência à mesmaantena (triplexer)

- 2 antenas para os emissores de modulaçãode frequência. uma com o ganho de 4 db e a outrade 7 db

- 1 sistema de recepção de alta qua lidade emmodulação de amplitude para medidas ou escutasem ondas médias e curtas

- Facilidades para a ligação aos actuais ou no-vos estúdios de EaA.

Depois de se passarem a utilizar os novos es-túdios da EOA, o que pode vir a dar-se dentro deseis meses (3), passarão para esta sala além dosequipamentos ali instalados, completando-a:

- 3 excitadores de modulação de frequência,de 10 W que servirão de reserva aos emissores demodulação de frequência

- 2 sistemas de enlace em UHF (450 megaci-cios por segundo) para ligação com o Centro Emis-sor de Mulenvos.

Com estes equipamentos poderá assegurar-seem permanência, o envio de cinco programas aoCentro Emissor.

a edifício dos estúdios, a lém dos gabinetes,escrit6rios, oficinas, arrecadações e insta lações

sanitárias Indispensáveis aos Servicos de Progra-mas e Técnicos disporá de

- 1 amplo arquivo de discos e de fitas- 1 arquivo de partituras musicais- 6 conjuntos de estúdio Zcabina técnica para

assegurar a transmissão de outros tantos progra-mas, dois dos quais em estereofonia, para a sala deemissores de modulação de frequência, para o Cen-tro Emissor de Mulenvos (através de cabo telefó-nico apropriado que está a ser instalado com o apoiotécnico dos CTT) ou para quaisquer outras esta-ções da Província

- 5 conjuntos de estúdios/cabinas técnicaspara a gravação e montagem de programas

- 1 estúdio grande, preparado como pequenoauditório para cerca de 200 espectadores, para arealização de conferências, aulas de preparação depessoa I (com projecção de cinema e diapositivos)e para a exibição de pequenos conjuntos, apoiadopor uma excelente cabina técnica com possibili-dade de gravação estereofónica, por locutório, porcabina de solista e por cabina de controle de ilumi-

,. -nação. Eventua Imente podera servir para a gravaçaode grandes orquestras (sem público) ou para acaptação de imagens para a televisão

- 1 estúdio para teatro com os meios indis-pensáveis a este género de programa radiofónico

- Salas de gravação de programas em fita mag-, .netica

- 1 Central técnica de programas, onde chegame donde partem todas as ligações e donde se su-pervisiona toda a exploração técnica com: Circuitofechado de televisão, ligado aos catorze estúdios//cabinas técnicas; Sistema de controlo de qualidadede todos os emissores do Centro Emissor deMulenvos e da sala de modulação de frequência, queinclui a sua gravação em fita magnética; Registográfico e controle visual por aparelhos de medida,do nível dos programas em curso nos estúdios;Sistema de intercomunicação com todas as cabi-nas técnicas salas de gravação, laboratório/oficinade rádio e sala de emissores de modulação de fre-quência; Ligação telefónica directa com o CentroEmissor de Mulenvos e, através da central telefó-nica interna com todas as instalações e com o ex-terior

- Subestação eléctrica intercalada num anelda parte de 15 kV da rede da cidade (SMAE) ecentra I de emergência, A subestação terá a potênciade 565 kVA e o grupo de emergência a de 150 kVAnão se prevendo que alimente os sistemas de con-dicionamento de ar

- Instalação central de condicionamento de arcom distribuição por água gelada (chilled Water)a todo o edifício dos estúdios e a parte do edifíciodos Serviços Técrucos

- Central telefónica privativa para vinte linhastelefónicas exteriores e 350 extensões, mas previstapara um aumento de capacidade

(1) Em 1 de Dezembro de 1971 começaram a usar-seos novos estúdios com o equipamento antigo,

ELECTRICIDADE 87

41

Page 8: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

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Page 9: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

4 - CRITICA DO SISTEMA E SUAS POSSIBILI-DADES - PROJECTOS PARA O FUTURO

Corno se viu, o Plano de Radiodifusão deAngola considerou, corno se impunha, a radiodifusãosonora COrT"IOum todo. Por isso, seria insensato n50o respei ta r, ta n to qua nto possível.

O nosso temperamento individualista e conse-quente desejo de exagerar a importância de parco-Ias, que dcveriarn ser sempre conslderadas ti luz dep lanos gera is, e a incapacidade de dota r urna enti-dade com todos os meios necessários à execuçãoe ao comando, influencia rarn. porém, o processa-mento da rea lização.

Assim, nada há concretizado com vista à liga-ção com Lisboa nem quanto à recolha de progra-mas de estações estrangeiras que possam servirou motivar as nossas emissões - um centro derecepção e escuta. Nesse aspecto também nosparece que falta ao Plano a previsão de meios deligação entre Lisboa e Luanda - em Banda LateralUnica (BLU ou SSB) - que garantissem as con-dições de transmissão de programas via rádio, quea Marconi e a EN nem sempre têm podido assegu-rar satisfatoriamente (esta carência deverá vir aser suprida pela prevista ligação por satélites,ta Ivez em 1973).

Na parte que se refere à preparação de infra--estruturas para o serviço provincia I, foi-se dandoprioridade ao que era mais fácil de realizar ou cujautilização parecia ma is urgente e possível.

Deste modo, e após a instalação dos emissorescedidos aos Rádio-Clubes e da realização da primeirafase do Centro Emissor de Mulenvos, delineou-see executou-se a segunda fase do PRA, planearam-see começaram a ser instalados os Emissores Regio-nais - principalmente como complemento da rededos Rádio-Clubes - e completaram-se os projec-tos dos dois primeiros edifícios do Centro de Pro-gramas de Luanda - estúdios e serviços técnicos.

Também nos projectos dos estúdios de Luandase ampliaram as previsões inicrais. mas cremos quecom inteira jusnficaçâo - dotar Angola com osmeios necessários à preparação e difusão dos pro-gramas indispensáveis à Província e territóriosvizinhos, e à preparação do mtercârnbio com outrasestacões.

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O erro que, por importante, nos parece deverassinalar e para o qual só não contribuímos porquea decisão foi tomada anteriormente à nossa entradaao serviço do PRA, fOI a escolha de emissores deondas médias e não de modulação de frequênciapara ceder aos Rádio-Clubes. O estudo inicial, bemelaborado, como se disse, logo recomendou o usodas ondas méd ias mas também e paralelamente oda modulação de frequência. Como, certamente pornecessidade de compressão de despesas, não seinstalou a modulação de frequência, foi o PRA oresponsável pela difusãso das ondas médias e peloatraso que veio e virá a sofrer a da frequência mo-dulada.

Se, já na altura, países mais avisados, como aAfrica do Sul, a Alemanha e os Estados Unidos pre-feriram a FM, os progressos e a experiência vierama impôr este meio de radiodifusão que, como se

lê em recente estudo da radiodifusão da Áustria,dá os seguin tes custos comparativos, para as mes-mas coberturas:

Quonl doF.rnlssore<:

Custo comparativode exp loraçâo por100 000 habitantes

PolÔnCIOtotal (kW)

Dia NOite

F.M.

O.M.

3563

584,4 (aparente) (*)

432,7

1 1

2

43

2

Em relação à África e enquanto o número deestações de ondas médias não crescer na mesmaproporção que na Europa, as condições à noite se-rão inversas, por não haver tantas interferências.De dia e durante a época das trovoadas as condi-ções, em África, para a FM ainda são mais favorá-veis que para as ondas médias.

Foi pela razão apontada - o reduzido númeroactual de emissores de ondas médias em África-que se adquiriram dois emissores híbridos de 100 kWe que os Emissores Regionais também podem tra-balhar em ondas médias. Com efeito, enquantoaquelas condições se mantiverem e nos períodose zonas em que os ruídos atmosféricos o permiti-rem, pode fazer-se à noite a cobertura de quasetoda a Província em ondas médias com emissoresde 100 kW localizados em Luanda. É, porém, deprever, uma degradação deste serviço no futuro e

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ate a sua extmçao.Na fase actua I a cobertura de Angola assenta

fundamentalmente, portanto. nas ondas curtas.Durante o dia e, descontando as dificuldades desintonia e a variação sazona I das condições depropagação (que deveriam obngar à penódica alte-ração das frequências) pode considerar-se satisfa-tória. Rea Imente o desvanecimento (fadrng) é tolerá-vel, excepto ao nascer e pôr do sol, e também o sãoas interferências de outras estações Mas à noiteas condições de interferência agravam-se notàvel-mente, havendo pontos em que deve ser insupor-tável a recepção.

Com as limitações apontadas, pode conside-rar-se que os meios actuais permitem:

- Cobertura simultânea da Provincia com doisprogramas em idênticas condições~

- Cobertura com um terceiro programa em pio-res condições com os emissores de 10 kW que, nocaso anterior, seriam uma conveniente reserva oucomplemento.

Poder-se-à. se isso for conveniente, planearserviços para o exterior com algum prejuízo do in-terno mas é necessária a Instalação de antenasapropriadas para os serviços desejados.

(4) Admitindo um ganho de antenas da ordem dos10 db, verifica-se que a potência real dos emissores deFM e, portanto, o seu consumo, é cerca de dez vezesinfenor ao dos emissores de OM.

ELECTRIC1DADE 87

Page 10: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

PROJECTOS PARA O FUTURO

O PRA jã deu inicio aos estudos preliminares doedifício para a Direcção e Adrninistração, a cons-truir na frente do edifício dos estúdios, cujo pro-jecto deveria ser encomendado em 1971, com ossequintes cond iciona ITIentos:

- Cave, preparada para a instalação de postosde tra nsforrnação, centra I do ar cond icionado e ar-mazéns.

- Rés-do-chão com sa la de Iecepçâo de pu-blico, escadas e elevador. Este conjunto deveré terdimensões e localização estudadas para tirar o 111í-nirno de vista ao edifício dos estúdios,

- Estrutura preparada para dez ou doze anda-res, sobre pilares que facultasse a tomada de vistado edifício dos estúdios, mas do qual s6 se Iriamconstruindo os andares à medida das necessidadesdo Serviço.

Rede de modulação de frequência

Em consequência dos Inconvenientes das ondasmédias e curtas, começou a estudar-se a coberturade cerca de 50 o o da população por rede de emisso-res interligados, o que nos pareceu ser economi-camente viável em 1,' fase

Seriam necessários 20 a 30 centros cada umrepetindo o programa do antecedente com três aCIOCOcentros de manutenção e reparação dos cen-tros vizinhos Os restantes serram automáticos. sempesoal permanente Dada a localização dos estu-dios principais. prevê-se nesta 1 fase um má-xrrno de doze repetições consecutivas

A rede sena prevista para dois programas dis-tintos - em monotonia - com duas suo-portado-ras uma das quais destinada a transrmnr tele-ln-formacões de cada estação automática para o seucentro de manutenção e a assegurar a cornuruca-ção telefónica entre os vários centros - pela outrasub-portadora poderia ser enviado um programaespeclal- por exemplo. educativo - para ser cap-tado por receptores apropriados

Tal rede, que se estimou em cerca de 250000contos, estender-se-is ao longo das prínclpals es-tradas e servrna os núcleos populacionais rnaisImportantes. Noutros núcleos, também rrnportan-tes, mas afastados da rede - como algumas capr-tais de distrito - tar-se-ia localmente a retrans-missão em FrVl dos programas de ondas curtas.

A justificação desta rede, além do que já foidito. baseia-se na dificuldade que se há-de tornarquase impossibilidade (como na Europa), de asse-gurar um bom serviço em ondas médias, Além damelhor qualidade que o serviço de modulaçê o defrequência garante, e duma maior economia de ex-ploração, atrás citada, aquele é pràtlcamente isentode interlerências do exterior e das trovoadas.É. além disso, o natural complemento das ondascurtas, enquanto estas muito mais económicas mascom severas limitações quanto à qualidade de ser-viço, não puderam ser totalmente dispensadas do

44 serviço interno.

ELLcrRIC/DADB H7

5 - CONSIDERAÇOES FINAIS SOBRE O RUMOQUE JULGAMOS CONVENIENTEDAR À RADIODIFUSÃO EM ANGOLA

ENQUADRAMENTO DA SITUAÇÃO

Entre o conceito - defendido nos mais Impor-tantes países da Europa - de que a radiodifusão(sonora e vlsual- TV) por ser meio de diíusão deexcepcional importância, não pode ser entregue aInteresses privados - e o de que o Estado s6 deveinterferir na sua utilização para usos mternos, comoflscal- como na América - situa-se a nossa po-lítica da radlodifusâo.

Todos os países a empregam como meio deformação e recreação, e em rnuuos se tem apro-veitado, e cada vez mais. como meio de promoçãoSOCial Mesmo naqueles que já dispõem largamentede televisão continua a usar-se também a radiodi-fusão sonora para fins escolares e outras formas depromoção lá que não são concorrentes - mas simcomplementares - e têm que trabalhar em coo-peração (No caso particular de Angola e nos tem-pos mais próximos - mesmo que a TV venha aestabelecer-se em breve - a radiodifusão sonoraabrange maior gama de extractos SOCIaiS pOIS atelevisão não poderá por falta de condições, Ir logoaté aos menos evoluídos) ~, alem diSSO, larga-mente aproveitada, principalmente, em serviços m-ternacronars como arma csicolóqica e os mais avi-sados servem-se da radiodifusão como meio deformação e onentação da opinião publica

Em territórios com as caractensncas de Angola- fraca densidade populacional. diticuldade decomunicações, vanadas etnias com Oito dialectosmais falados e quatro usados por nucleos popula-cronais mais reduzidos além de outros de limitadautilização - a radiodifusão sonora é o único meiopor enquanto disponlvel para chegar rmechata eeconõrnicarnente a todos os recantos Embora a faltados ahcientes da sua Irmã mais nOV8-a televlsâc-s-obrigue a uma Imaginação técnica, arte e conheci-mento do gosto e emotividade dos OUvintes, quesupram essa falta, a abundância de receptores por-táteis. que Já se encontram a é nas sanzalas maisIsoladas, deveria obrigar-nos a olhá-Ia com maisatenção - mesmo preocupação - tirando das In-fraestruturas existentes o máxlrno proveito Con-quanto se deseje vir a recorrer à televlsâo, o seucusto da exploração é tão elevado que não podecontar-se com a sua rápida e pansão a uma per-centagem razoável da população dentro de médioprazo, a menos que uma mais rápida evolução nastécnicas de aproveitamento dos satélites traga fa-cilidades que na recente reunião da Comissão Téc-nica da União Europeia de Radiodifusão (UER),realizada em Abril de 1970 no nosso Algarve senão poderam descortinar.

Mas, e insistimos por ser Indispensável nãodesperdiçar as vastas possibilidades de que eladispõe, a radiodifusão sonora, durante muitos anoshá-de continuar a ser usada por larga percentagemda população de Angola. Cabe 00 Est do, portanto,ampliar o âmbito da sua aplicação aos campos pos-síveis dos já referidos - promoção social. difusãode técnicas, instrução e cultura, formação duma

Page 11: Celestino de Anciães Felício - Plano de Radiodifusão de Angola

oplniêo púl licn ld~ az d contrlbult por .... L icete-• o do ilsenvolvim nto dn PIl vlncí o - t upro-uar to i,lS us SlJdS potenclatidado humanas oon nlIG.JS. Isto 10 uma p« P Ir dÇ~H) de espe-

CI II t S qu ind: Irlf IIz.In nt , 11" o logrou ini-CI r-s e d ven flgur r entr prirn Iras prcocu-p Õ s d nov dlr r. ão.

Ao precrar, n gen r. Ild de, o c so de Anqola,n-o poder SQU c r-s que, I m da lirnltada po-puf ç o as c m d s ern que haver" o de recrutar-seos indivíduos c rn conhecirnentos b lSICOS, Que lhesperrnn rn parncrp r em cursos de prepar çâo, sãoind inferiores m p rc nt gen1 os da Europa, e

qu h qu disput r outras ctivld d s a sua uti-lização. Portanto, a e istência de mars de umadúzi de estações de r diodifusã a contrária à ele-vação do nível da LI exploração, quer de progra-mas, quer recruco. E se houv r que se considerar an cessid de de fiscalização dos programas das es-tações particulares por parte do Estado - o queparece mais premente na conjuntura actual e dadoQue não poderá prescindir-se do uso das ondascurtas - mais apertados se tornam os condiciona-mentes a ter em conta ao publicar um Estatuto daRadiodifusão em Angola.

Ao equacionar os problemas de radiodifusão,para se lhe fi ar o rumo futuro, deve aceitar-se comprudente reserva a alegação de que as estações deAngola prestaram e prestam valiosas serviços àProvíncia. Com efeito - e sem excluir sequer aEOA - nenhuma fez, até à aparição da Voz de An-gola, um programa especificamente adaptado àspopulações autóctones, que representam a largamaioria da população E só raras lhe terão dedicadouma parte das suas emissões, de que consntuiumais relevante exemplo um programa do Rádio--Clube do Huambo, começado há muitos anos porSebastião Coelho, segundo crêmos. Um programaque queira prender determinada camada de ouvin-tes, deve ser-lhe permanentemente dedicado

Na EOA, isso é devido à falta de conscienciali-zação e preparação de todo o seu pessoal. Por ISSOos directores que pretenderam modificar tal estadode coisas não o conseguiram. Um deles chegoua esquematizar um plano que incluía o uso de lín-guas nativas e mesmo a seleccionar pessoas para apreparação dos respectivos programas.

A RADIODIFUSÃO PARTICULAR COMERCIAL

Se é certo que, a julgar pelas designações, sedeveriam distinguir variadas «nuances» dentre asestações da Província - do Estado, da IgrejaCatólica, Rádio-Clubes, Comerciais - a verdade éque só há realmente dois tipos: comerciais e nãocomerciais. Com efeito, tanto a Emissora Católicacomo os Rádio-Clubes se podem enquadrar perfeita-mente na designação de «comerciais»; os Rádio--Clubes recolhem perto de 80 % das suas receitasda publicidade radiofónica e é provável que aEmissora Católica ainda recolha mais. Mas se asencararmos pelo lado da programação, tambémnão é possível fazer uma distinção condizente coma sua designação.

Uma voz que a radiodifusâo particular, nãocornerclol. tom carccterlsticas de emissão próprias,.."ao concorrendo com a comercial. s6 nos debruça-remos sobre as estações que usam a publicidadecorno fon te de recei ta e nas quais se inclui a Emis-ora Ca tólica.

Não possuindo elementos sobre as contas dou-tr S emissoras os nossos raciocínios assentam noostudo que fizemos dos Rádio-Clubes, mas que jul-ga mos ex tensivo às res tan teso

•Mercê do bc irrismo e, talvez mais, da propa-

ganda que as estações regionais fazem das pessoase coisas locais, os Rádio-Clubes são olhados com. . - .urna srrnpaua com que uma estaçao regional doEstado não pode contar. Todos dispõem de energiaeléctrica gratuita e são subsidiados pelos governosde distrito e autarquias locais. Apesar de o contri-buto dado sob a forma de fornecimento de energiaeléctrica ou outras ajudas semelhantes, não entrarnas contas dos Rádio-Clubes, os subsídios e dona-tiVOS oscilam entre 10 % a 15 % das receitas,enquanto que as receitas estatutárias (jóias e quo-tas), que têm tendência para descer, andam pormetade daquele valor.

O rendimento da pu b I i c id ad e representavacerca de 70 % das receitas em 1964 e subiu a pertode 80 % em 1969 e tem crescido regularmente uns, 5 % Po r ano (5).

Tendo em 1969 as receitas de publlicidade nosdoze Rádio-Clubes rondado os 13 000 contos, amedia é nitidamente insuficiente para a vida desa-fogada de todas as estações.

•Em face de todo o exposto, e como já há anos

tivemos ocasião de propor, havia que fazer umaprimeira opção, considerando que a publicidade ra-diofónica é uma actividade comercial que competeao Estado regular e de cujas receitas tem o direitode compartilhar:

a) Controlando firmemente toda a actividaderadiofónica, tirando mesmo dela um rendimentoque ultrapasse o aspecto financeiro, forma uma ouvárias empresas em que é sócio majoritário (comoé o caso da Radiotelevisão Portuguesa) mantendoou não a radiodifusão oficial.

b) Considerando a radiodifusão particular acti-vidade puramente comercial limita-se - e dISSO nãodeve escusar-se - a fixar os termos das conces-sões e os limites daquilo que pode ser radiodifun-dido. (Neste aspecto entendemos ser sempre in-dispensável regulamentar as percentagens de utili-zação do tempo de programas para actividadecomercial e limitar esta à difusão de publicidade- talvez mesmo condicionada àquilo que não possa

(5) Uma vez que entre as estações mais pobres aque-las perco.ntagens eram apenas de 52 % em 1964 e 58 %em 1969, parece poder-se concluir que as estações tendema viver exclusivamente da publicidade

ELECTRICIDADE 87

45

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ferir os interesses da comunidade - e proibir oanúncio que inclua falsas sugestões. No momentoque atravessamos, pelo menos. parece também ne ..cessório manter urna verificação apertada de tudoquan to é radiodifundido sendo, portanto, indispen-ss vel a presença permanente na estação de um re-presentante idóneo do Estado.

Na alternativa b) ainda há duas hipóteses aco ns id era r:

- ou se dá liberdade absoluta de instalação, oque irá manter a pulverização actual até que o ou osrnais fortes absorvam os rnais fracos e tender-se-àpa ra destrui r o ca rácter regiona lista

- ou se limita o número de concessões àquiloque se julgar que o mercado publicitário pode su-portar com viabilidade económica - mesmo umaapenas, como há três anos previa o projecto doEstatuto.

•A estruturação da rádio particular em bases

econ6micas s6lidas permitiria até criar fontes deentrada de divisas, pela difusão de publicidadecomercia I dos paises vizinhos, aspecto que nosparece muito de considerar - o Rádio-Clube deMoçambique deve obter mais de 100 000 contos dereceitas na Africa do Sul. Esta associação fac tirariaainda o aproveitamento em comum (previsto noprojecto do Estatuto da Radiodifusão) das Insta-lações - EOA e empresa mista - com notáveleconomia de meios e pessoal técnico. No caso damodulação de frequência, tudo poderia ser comum(casa, abastecimento de energia, torres, antenas,cabos coaxiais) excepto os emissores.

•A multiplicação de estações, com ocssibllidade

de haver várias no mesmo local esbarra também coma falta de canais disponíveis Com efeito só hã cincocanais em «Frv1» e dois canais em OM, estes atécom a potência limitada a 1 kW, em cada ponto.Como à radiodifusão oficial há que reservar um mí-nimo de dOIS (programa popular e proqrarna maisescolhido) no caso de vir a ser dado integral cum-primento à letra e espírito do Diploma O rgânico daEOA (art.s 2.0 - 1) ou três em caso contrário. fj-carão apenas disponíveis respectivamente, três oudois canais em «Fr\ll» para as estações particulares.E as estações provinciais teriam igualmente neces-sidade de dois canais em modulação de frequência.

•Negar a concessão de autorização de aumento

de potência a todas as estações que a requeiram,criará uma situação de privilégio para as que já atenham recebido. Mas a autorizaçâo irá tornar im-praticável a associação futura pelos elevados in-vestimentos que tornariam anti-econ6mica a explo--raçao.

I!.J I r r f<lCI/JA IJB H7

A RADIODIFUSÃO DO ESTADO

Ao Estado incumbe aproveitar as Já referidaspossibilidades da radiodifusão a bem da comuni-dade. E urge fazê-lo a nível nacional.

Não nos parece que uma centralização da radio-difusão oficial na Emissora Nacional possa ser con-veniente, mas consideramos Indispensável umcomando nacional, que o falecido Dr. Mário Mo-reira da Silva entendia dever ser entregue a umInstituto da Radiodifusão Nacional.

Com esse ou outro nome e com as atribuiçõesque se pretendia cometer-lhe - fixação de direc-tivas. fiscalizaçâo, gabmete de estudos e projectos,preparação de espectalistas - parece Indiscutível asua utilidade e oportunidade

•De qualquer modo julgamos urgente e indis-

pensável a cooperação entre a EN e a EOA e, umavez que é tecnicamente viável a transmissão em ca-deia dum noticiário nacional entre, pelo menos, aMetr6pole e as Províncias da costa ocidental daAfnca, com a comparticipação de todas, não com-preendemos porque se não faz ainda.

Também nos parece preferível, sob todos os as-pectos, que o serviço ultramarino da EN e as emis-sões de Angola para a Metrópole, previstas no pro-jecto oriqinal do PRA, se transformem num serviçoeficiente de intercâmbio de programas - no casode Lisboa-Luande-Lisboe extraordinàriarnente faci-litado pelas ligações aéreas diárias - e criação derepresentações mútuas junto dos serviços de pro-gramas.

A EOA dispõe Já de intra-estruturas importan-tes, estão a concluir-se aquelas que mais falta lhefarão numa pnrnerra arrancada e acaba de ser do-tada de um Diploma Orgânico, baseado no projectoelaborado pelo Grupo de Trabalho já refendo. criadoem 1967 no MInistério do Ultramar. Como conside-ramos o Diploma bem ajustado às realidades e ne-cessidades da EOA, se esta for servida pelos espe-cialistas que nele se previram e dotada com os meiosfinanceiros indispensáveis. em breve poderia darinício a uma obra notável e altamente reprodutiva.

Mas é preciso que todos se capacitem da suaimportância, que a Direcção da EOA constitua umaverdadeira equipa e que os seus quadros se inte-grem no espírito do despacho de 1 de Abril de 1953do Governador-Geral, também já citado.

Se, corno entendemos, se devem estabelecerprogramas aferidos aos diversos extractos econ6-mico-sociais e s6cio-culturais da popul çâo, estu-dando-lhes as características e motivando-os ade-quadamente, tendo como meta principal a educaçãoe promoção social para o progresso harmónico daNação, é imprescindível a preparação de especia-listas em programas, estudos-base. serviço infor-mativo exemplar e consciencialização dos objecti-

•• .... If

vos nacionms e provmciars •

Luanda, Setembro-Outubro de 1970.