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EDIÇÃO 4 JUNHO, 2018 CEBC BRIEFING Agronegócio Brasil-China: desafios e oportunidades em tempos de guerra comercial

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EDIÇÃO 4 JUNHO, 2018CEBC BRIEFING

Agronegócio Brasil-China: desafios e oportunidades em tempos de guerra comercial

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EDIÇÃO 4 JUNHO, 2018CEBC BRIEFING

CEBC Briefing é uma publicação periódica do Conselho Empresarial Brasil-China com relatos de eventos realizados pelo CEBC, incluindo transcrições, depoimentos, apresentações e materiais similares.

Agronegócio Brasil-China: desafios e oportunidades em tempos de guerra comercial

Relatos do Café China com Marcos JankSÃO PAULO, 25 dE ABRIL dE 2018

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O terceiro Café China de 2018 teve como convidado Marcos Jank, presidente da Aliança Agro Ásia-Brasil (Asia-Brazil Agro Allian-ce). Jank foi também, entre diversos cargos, vice-presidente da BRF do Brasil, presidente da UNICA e fundador e presidente do ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Inter-nacionais), sendo referência na área de estudos sobre o agrone-gócio no Brasil.

MARCOS S. JANK

Presidente da Aliança Agro Ásia-Brasil (Asia-Brazil Agro Alliance – ABAA), um projeto de representação institucional na Ásia patrocinado pela APEX, ABPA, ABIEC e ÚNICA. Foi presidente da União da Indús-tria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e fundador do ICONE, além de professor associado da Universidade de São Paulo, na FEA e ESALQ.

O MUNdO ENCONTRA-SE EM UM turning point dE UMA dIMENSÃO qUE

vAI MUITO ALéM dO COMéRCIO E qUE TEM IMPACTOS PROFUNdOS SOBRE

OUTROS PAíSES. A ChINA SE ENCONTRA PREOCUPAdA COM ACESSO A MERCAdOS, dOMíNIO ESTRATéGICO E AGORA TAMBéM

COM AS qUESTõES MULTILATERAIS.”

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de início, foi apontado pelo presidente do CEBC, embaixador Castro Neves, que vivemos hoje certa “geopolitização” da situação mundial em um cenário de transição acelerada. Alguns falam em uma quarta

revolução industrial, enquanto outros afirmam que o termo mais apropria-do seria uma quarta revolução pós-industrial, já que o aspecto tecnológico e de pesquisa e desenvolvimento tem predominado de forma acentuada. Esse mundo em transição acelerada tem como um de seus aspectos fun-damentais a imprevisibilidade, sobretudo do lado ocidental. Exemplo claro disso é o fato de que o presidente dos EUA, donald Trump, foi eleito com base em uma plataforma denominada pelo próprio de “America First”, mas que constitui essencialmente a desconstrução de toda a arquitetura de ne-gociações internacionais criada pelos próprios EUA no imediato pós-guerra – que levou a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e de nu-merosos fóruns e agências econômicas e comerciais internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Toda essa arquitetura e estrutura das relações internacionais está sendo des-construída, e não apenas devido a política introspectiva de Trump, dado que essa desconstrução já começou de forma sutil com o fim da Guerra Fria – isto é, com o fim da polarização Leste-Oeste que caracterizava as relações inter-nacionais. Esse cenário, em um primeiro momento, levou a crença de que terí-

é nesse contexto que, segundo Castro Neves, o comércio internacional tem operado nos últimos anos. No caso do Brasil, um dos setores mais dinâmicos é o agronegócio, que de certa forma desmentiu o papel seminal da Comis-são Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) no início da década de 50, que dizia que as commodities e os produtos agrícolas sofreriam uma deterioração das relações de trocas com os produtos industriais. hoje, vemos que na verdade não é mais possível se referir às commodities e ao agronegó-cio como artigos primários, porque o que esses produtos têm de conteúdo tecnológico e logístico é tão sofisticado quanto uma produção industrial.

Partindo dessa análise, Marcos Jank apontou que as relações Brasil-China no agronegócio são absolutamente centrais, não só no âmbito do comér-cio, mas também cada vez mais nos investimentos. Sobretudo no contex-to de uma “nova era”, que se apresenta por meio da eclosão de conflitos mercantilistas iniciados pelos EUA, é possível perceber o surgimento de um cenário no qual, de certa forma, está em jogo a liderança do planeta, que agora passa a apontar para a China.

Nesse sentido, o país asiático aparece nesse conflito com muita força, e Jank afirmou estar acompanhando o desenrolar dos acontecimentos pelo lado chinês. há um ano e meio trabalhando com o setor privado brasileiro, com entidades do agronegócio e com a Agência Brasileira de Promoção de

amos chegado ao “fim da história”, como explicitado por Francis Fukuyama nos anos 1990. Entretanto, foi possível ob-servar que esse não era o fim da história de fato, mas sim o começo de um novo capítulo. Essa década unipolar terminou abruptamente com os atentados de 11 de Setembro, que explicitaram a vulnerabi-lidade e os limites de poder da principal potência do mundo. hoje temos a ascen-são da China e uma tentativa de retorno ao mundo das superpotências por parte da Rússia (como sucessora da extinta da URSS). Em suma, temos um mundo em transição acelerada e sem fundamentos que sejam claros para que se permita di-zer para onde estamos indo.

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- de conflito e de cooperação - na Ásia, que se tornou, de longe, a região mais importante para o Brasil. E, dentro desse cenário, a China é o carro chefe nessa história.

Jank, então, se propôs a analisar o agronegócio inserido na conjuntura da Ásia – com foco na China – e também no contexto de guerra comercial.

A origem do problema entre EUA e China é o fortíssimo crescimento da China no comércio mundial, que saltou de 250 bilhões de dólares para en-tre 1,5 e 2 trilhões de dólares, alcançando os EUA em montante total de comércio do ano 2000 para frente. Porém, houve um descompasso onde a exportação cresceu mais do que a importação. A China hoje tem um supe-rávit comercial de 500 bilhões de dólares que não tinha há 15 anos. O país tornou-se inegavelmente proeminente no comércio, com fortíssimo cresci-mento, tanto na exportação de produtos, que hoje são muito competitivos e que os EUA querem atingir com sua retaliação, quanto na importação de commodities e outros produtos essenciais à economia chinesa.

Jank ressaltou que os Estados Unidos também aumentaram seu fluxo co-mercial, mas de forma mais lenta, a 1/3 da velocidade da China. Entretanto, os EUA vêm acumulando um considerável déficit comercial, que já se en-contra em 800 bilhões de dólares há uma década. O que passou a inco-modar Washington recentemente é o fato de que esse déficit, que era mais disperso, hoje se concentra principalmente na relação com a China. dos 800 bilhões de dólares que os americanos têm de déficit, o comércio com a China representa quase metade. Antes, o país asiático representava 25% desse déficit.

A gestão do presidente Trump resgata um mercantilismo que muitos acre-ditavam que já havia desaparecido. No contexto de globalização, a ideia de uma corrida mercantilista como já houve no passado - como no período entre-guerras, quando os americanos aumentavam suas tarifas unilateral-mente - era inimaginável. Entretanto, Trump implantou esse tipo de política novamente, elegendo dezesseis países que têm superávit com os EUA e forçando-os, um a um, a reduzir esse saldo. Ele nomeia não só a China, mas também o Japão, a Coreia do Sul e outros países, para trabalhar a relação de forma a cortar o déficit comercial através de ameaças bilaterais. de acor-do com Jank, Trump demonstra não acreditar em multilateralismo, o que o faz se voltar para um “bilateralismo agressivo”, e nesse contexto o principal foco é atingir a China, devido ao déficit imenso com o país asiático.

Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Jank declarou que a Apex fez um projeto extraordinário na gestão Jaguaribe, que trouxe para as questões internacionais o que a agência já fazia na área de promoção de investimen-tos e que não existia nos programas anteriores: a dimensão de acesso a mercados e comunicação. Os projetos anteriores focavam em participação em eventos, feiras, workshops e debates, mas não havia um componente de acesso ao mercado ou de comunicação. A partir da gestão Jaguaribe, a Apex passou a abraçar este novo capítulo no agronegócio, e a primeira tentativa de presença física acabou acontecendo na Ásia.

Em análise mais específica no contexto do agronegócio, Jank salientou os problemas que enfrentamos ao longo desse ano em relação à reclassifi-cação do etanol brasileiro no Japão, que fez o Brasil perder metade dos mercados para os EUA. Além disso, destacou que há uma série de outras questões latentes em andamento, como um processo em relação à China ligado à questão do antidumping do aço no Brasil, um problema de salva-guarda do açúcar também no país asiático, contenciosos com a Tailândia e com a Indonésia e conflitos aparecendo na índia e no Paquistão.

Entretanto, Jank indicou que, da mesma forma, há muitos assuntos coope-rativos, o que resulta na necessidade de se lidar com essas duas agendas

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Pelo lado da China, há algumas preocupações com esse processo. A pri-meira e mais simples é que a China não quer perder o acesso ao mercado que conquistou nesses últimos anos. Pequim nunca teve medo do mer-cantilismo – os chineses sempre foram grandes negociadores, e a forma como conduziram os atritos com os EUA até o presente momento mostra o quanto conhecem bem esse jogo. Suas listas de compensação foram pre-paradas de maneira impecável, sendo esse um cenário propício para que se possa costurar um acordo. Por outro lado, existem outras variáveis, como a questão do domínio estratégico – particularmente na área de tecnologias e inovações, onde os americanos atacam o programa “Made in China 2025” e outros eventos mais recentes. Outra questão envolve as regras multilaterais. Existe um vácuo quando os americanos começam a retirar sua participação dos acordos sobre as mudanças climáticas, e a grande questão é se a China vai ocupar esse vácuo deixado pelos EUA ou se vai ceder junto a eles.

Essa situação conflituosa fez com que muitos passassem a falar que talvez estivéssemos vivendo a chamada “armadilha de Tucídides” que levou a su-cessivos conflitos entre Atenas e Esparta. Estaríamos entrando em um ciclo parecido, em que duas cidades entraram em guerras e acabaram afetando e desmantelando o poderio grego? é claro que hoje o mundo é completa-mente diferente. Não há mais entidades individuais e o comércio é hoje uma combinação de cadeias produtivas integradas onde tudo está conectado, de forma que é difícil imaginar que uma retaliação comercial conseguiria parar esse processo de globalização.

Nesse sentido, Jank afirmou que o que está em jogo de fato não é o co-mércio, e sim o poder. A disputa envolve fusões e aquisições, corridas tec-nológicas e armamentistas, um imenso componente geopolítico, grandes investimentos chineses em infraestrutura, o programa “one Belt, one road”, estratégias de internacionalização de empresas chinesas, a liderança global da China em instituições multilaterais, ou seja, a situação é muito mais sofis-ticada do que imaginar simplesmente que há um conflito entre dois Estados.

O gráfico a seguir mostra a impressionante retomada da China na eco-nomia mundial após um período de declínio entre a revolução industrial e as constantes instabilidades na China continental nos anos anteriores ao processo de abertura inaugurado por deng Xiaoping ao final dos anos 1970.

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Com essas observações, Jank ponderou que o mundo encontra-se em um turning point de uma dimensão que vai muito além do comércio e que tem impactos profundos sobre outros países. A China se encontra preocupada com acesso a mercados, domínio estratégico e agora também com as questões multilaterais. quando a China olha ao seu entorno, observa que tem questões políticas fenomenais acontecendo entre as duas Coreias, no sudeste da Ásia, no Japão, na índia e no Mar do Sul da China. Ao redor do gigante asiático, todos têm entraves importantes acon-tecendo, que não são simplesmente questões de nível regional. O próprio programa “one Belt one road” resgata o que foi a antiga Rota da Seda. é uma tentativa de a China avançar por meio de investimentos sobre dezenas de países em direção à Europa. Esse também é um movi-mento que preocupa os EUA e que está por trás desse conflito que progrediu nos últimos meses.

O panorama atual apontaria então para dois ce-nários mais prováveis: o primeiro é o “make war

to make peace”, no qual a guerra comercial é vista como um pretexto para uma negociação de compensação bilateral. é nesse cenário que o Brasil pode perder, pois o país não se benefi-ciaria com a guerra comercial entre EUA e Chi-na – ao contrário do que tem sido veiculado em diversos meios de comunicação. Exemplo disso é que a soja é produzida em uma época do ano na América do Sul e em outra nos EUA, ou seja, não existe possibilidade de substituição no cur-to prazo. Mas a soja não foi colocada na lista por isso, e sim para ter números que compen-sassem o que a China estava tomando na área do “Made in China 2025”. A oleaginosa é um produto central para todo o centro-oeste ame-ricano, e além disso a soja, o sorgo e o milho são produtos que atingem parcela relevante dos eleitores de Trump. Isso não é necessariamente algo que virá a favor do Brasil, porque a nego-ciação que irá acontecer nesse cenário poderá resultar em compensações contrárias aos inte-resses brasileiros. Por exemplo, 30% do que os

EUA exportam para a China são commodities, assim como o Brasil, que tem concentração ain-da maior desses produtos. Portanto, se existe um grande acordo sendo feito entre EUA e Chi-na, deve-se tomar cuidado porque isso pode ser em desfavor do Brasil.

O segundo cenário provável é o movimento chi-nês de abraçar as importações, isso é, considerar o superávit que possuem com o mundo e tentar reduzi-lo, já que importar mais pode significar fortalecer suas próprias indústrias, além de ob-ter maior controle de preços e da geopolítica. Além disso, importar mais também significa que a China estaria exercendo uma posição cada vez mais forte nas instituições internacionais.

Jank demonstrou concordar com a opinião de que chamar esse episódio de “guerra comercial” é excessivo, já que as próprias tarifas impostas pelo governo americano afetam apenas 10% das exportações chinesas para os EUA. Entretanto, declarou que não podemos negar o fato de que

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há uma disputa de liderança, disputa a qual a China não queria entrar nesse momento, mas que foi compelida a se posicionar devido a pressão exercida pelo presidente Trump. Mais que isso, Jank afirmou que a China, em sua opinião, se posicionou de maneira correta, pois tem uma capacidade de planejamento maior do que os EUA.

Para o Brasil, é interessante que a China se reposicione na questão das im-portações, pois esse reposicionamento pode ser uma saída mais pacífica para o imbróglio comercial.

Entrando no âmbito do agronegócio, Jank apontou que a China se tornou um grande exportador agrícola, crescendo a uma velocidade parecida com a do Brasil. Isso é fruto da produtividade na agricultura, tanto na China quan-to no Brasil. Na área de hortifrúti, a China obteve resultados excepcionais.

Jank ressaltou também que a China está buscando rever sua inserção in-ternacional, e na medida em que seu investimento em tecnologia cresce, o país ganha produtividade de maneira equivalente. Nas importações do agronegócio, a China é ainda o terceiro maior do mundo, mas está crescen-do 15% ao ano, o que leva a crer que o país irá superar os EUA e a Europa nas importações totais do agronegócio. Esse crescimento supera também o Japão, que perde cada vez mais espaço para China.

O Brasil possui o maior saldo comercial do agronegócio no mundo, en-quanto a China somada a hong Kong disputa com o Japão o maior déficit. Entretanto, a China tem uma grande vantagem pelo fato de importar mui-to mais do que exporta no agronegócio, ou seja, tem maior facilidade de negociar acesso a mercados pois tem sempre algo a oferecer como com-prador. Nesse sentido, o país asiático tem um poder de negociação muito maior do que o Brasil – que importa apenas 15 bilhões de dólares no setor, enquanto a China importa 150 bilhões de dólares. Esse é um dos problemas do Brasil: importar muito pouco, o que dificulta sua negociação de acesso.

A China importa principalmente soja e grãos do Brasil, Argentina e Esta-dos Unidos, mas também compra algo em termos de produtos florestais e proteína animal, ainda que em quantidades muito menos significativas. de maneira geral, a China se abriu para poucos produtos agrícolas e de forma gradativa. Antigamente, a prioridade da China era a autossuficiência a qualquer custo, enquanto hoje a importação é aceita, porém de maneira estratégica e em casos específicos, como na eventualidade de problemas

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de abastecimento, segurança alimentar ou de sanidade. Ou seja, é uma política muito orientada pelo Estado, sempre preocupada com a geração de emprego na China - por isso a escolha por investir na produção e pro-cessamento doméstico de hortifrúti, dado que o setor costuma demandar grande quantidade de mão de obra.

Além disso, há também um novo programa na China que visa reduzir o estoque de milho, que é gigantesco. O objetivo é transformar esse estoque em etanol. O sistema de intervenção está mudando, e esse fortalecimento na indústria da agricultura está relacionado com a mudança da posição da China nos mercados agrícolas.

Na pauta brasileira, a China é absolutamente central. A soja superou o mi-nério de ferro, e muito do que acontece no centro-oeste brasileiro tem a ver com essa relação com a China. O segundo produto da rota brasileira é a carne, mas produtos florestais também têm mostrado bastante impor-tância. No futuro, o milho também terá grande perspectiva de crescimento devido a esse programa de redução de estoque implementado pela China.

Entretanto, Jank ressaltou o fato de que o Brasil não possui um plano es-truturado sobre como lidar com a China. de maneira geral, a Ásia como um todo se tornou muito importante para o Brasil, sendo o principal polo para exportação de produtos do agronegócio.

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Nesse contexto, a exportação total brasileira para a China coloca a soja em uma posição dominante, o minério de ferro com uma posição também mui-to forte, enquanto outros produtos do agronegócio enfrentam dificuldade. No momento atual, Jank indicou que o Brasil tem maior facilidade de aces-so a soja, celulose e algodão, mas encontra dificuldade em áreas muito mais restritivas, como o setor de proteína animal, açúcar e milho. dessa forma, é possível observar que a pauta brasileira é muito concentrada, tendo o agra-vante de que é a China quem costuma ditar o tom dessa relação, por isso a preocupação redobrada no que tange o conflito comercial EUA-China e as possíveis consequências negativas para o Brasil.

O Brasil também perde espaço na América do Sul para o país asiático, de-monstrando novamente que o que está em jogo não é só o comércio, mas também o controle das cadeias produtivas por parte de empresas chinesas.

No caso específico da relação com a Chi-na, há ainda a falta de uma proposição estratégica bem definida por parte do Brasil. Funcionários do governo cons-tantemente se deparam com problemas de curto prazo. Nesse sentido, Jank con-cluiu que o setor privado é quem deveria trabalhar no problema de médio e longo prazo. A crise política no País fez com que os brasileiros se esquecessem do res-to do mundo, e é extremamente necessá-rio resgatar o debate acerca dos dilemas do comércio mundial como também uma maior reação do setor privado.

CLIQUE AQUI E ACESSE A APRESENTAÇÃO DO MARCOS JANK

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[email protected] +55 21 3212-4350www.cebc.org.br

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PRESIdENtE EméRItOEmbaixador Sergio Amaral

VICE-PRESIdENtES

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dIREtORES

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Nelson SalgadoVice-Presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Embraer

Pedro Aguiar de FreitasSócio do Veirano Advogados

Roberto Amadeu MilaniVice-Presidente da Comexport

dIREtORA dE ECONOmIAFabiana D’AtriEconomista Coordenadora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco

mEmBROS HONORÁRIOSLuiz Fernando FurlanIvan Ramalho

SECREtARIA EXECUtIVA

Secretário Executivo

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SOBRE O CEBCFundado em 2004, o Conselho Empresarial Brasil--China é uma instituição bilateral sem fins lucrati-vos formada por duas seções independentes, uma no Brasil e outra na China, e dedicada à promoção do diálogo entre empresas dos dois países.

O CEBC concentra sua atuação nos temas estru-turais do relacionamento bilateral sino-brasileiro, com o objetivo de aperfeiçoar o ambiente de co-mércio e investimento entre os países.

As seções do CEBC têm autonomia completa e pau-tam sua atuação de acordo com os interesses de seus associados, mantendo intensa cooperação para o fomento do comércio e de investimentos mútuos. A seção chinesa, sediada em Pequim, tem suas atividades coordenadas e supervisionadas pelo ministério do Comércio da China (mOFCOm) e integra a estrutura do Conselho para Promoção de Investimento Internacional da China (CCIIP).

O CEBC foi, em 2015, reconhecido oficialmente, no Plano de Ação Conjunta assinado entre o Brasil e a China, como o principal interlocutor dos governos na promoção das relações empresariais entre os dois países.