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NOVEMBRO E DEZEMBRO 2012 | N.º 18 | 2ª SÉRIE

ENTREVISTA

ARTIGOS

CONTABILIDADE& EMPRESAS

SETEMBRO E OUTUBRO 2012 | N.º 17 | 2ª SÉRIE

CONTABILIDADE

& EMPRESAS

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3CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

À ESPERA DE MELHORES TEMPOS

Portugal está perante um Orçamento do Estado dos mais exigentes de sempre no que toca à carga fiscal. Sendo certo que o país não está em condições de suportar um desafio de tal dimensão, coloca-se a questão de qual o verdadeiro papel dos profissionais da Contabilidade e da Fiscalidade perante tal cenário. Ainda que se trate de uma situação asfixiante, é mais um momento para os profissionais se afirmarem junto dos agentes de mercado, desde os investidores até à própria Autoridade Tributária e Aduaneira.

Não restam dúvidas que técnicos e revisores oficiais de contas se têm afirmado na sociedade portuguesa ao longo dos últimos anos. Mas o cenário está em constante mutação, pelo que haverá que ter capacidade de adaptação. Em situações de crise, mais imprescindíveis se tornam as competências daqueles que lidam com as contas de particulares e empresas. O mundo da Contabilidade tornou-se muitíssimo mais exigente e obriga a uma formação constante. A legislação é cada vez mais complexa, os sistemas informáticos estão na ordem do dia e a Contabilidade acabou por ser parte integrante das preocupações de gestão de qualquer empresa, independentemente da sua dimensão.

Cabe agora ao Estado dar uma resposta adequada a esta nova realidade. Algo que não tem sucedido e que não deixa de ser evidenciado nas páginas da presente edição da Contabilidade & Empresas.

O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sérgio Vasques, tem razão ao afirmar que a justiça tributária, no nosso país, ainda é deficiente e morosa. Para além desta realidade, não será de mais acres-centar que as decisões são tomadas unilateralmente, sempre em prejuízo dos contribuintes. Os processos ganhos pelos contribuintes em tribunal representam uma prova evidente que quanto a justiça tributária ainda enferma de modelos que promovem a desigualdade de tratamento e a falta de compreensão face às reais necessidades dos contribuintes. A máquina fiscal continua a reger-se por princípios que em nada abonam a favor da democracia que se deseja.

Domingues de Azevedo tem chamado a atenção para uma série de situações que em nada credibilizam a autoridade tributária. É demasiado recorrente o facto dos sistemas informáticos não darem resposta às exi-gências declarativas. Tratando-se de uma falha do contribuinte, este tem de “pagar”. Quando o problema é do fisco, o contribuinte tem de aguentar e “calar”. O que é perfeitamente inadmissível. O contribuinte não pode ser encarado meramente como um número estatístico que entra nos objetivos definidos para os funcionários das Finanças.

Vários dos artigos publicados mostram que o fluxo legislativo não tem fim. Tornou-se quase impossível estar a par de tudo o que se passa. E todos sabemos como legislação em excesso é perniciosa para a atividade empresarial. Este Governo não é excepção. Não existe uma estratégia fiscal claramente definida. Imagine-se um investidor estrangeiro, jamais estará na disposição de assentar arraiais no nosso país sem saber o que esperar do regime fiscal existente. Este é dúbio, complexo, infindável e, sobretudo, não suscita a confiança dos contribuintes. Boa ideia seria recorrer a modelos de outros países, talvez se introduzisse a tão necessária igualdade de tratamento e se retirasse ao Estada a visão de totalitarismo desmedido.

Editorial

GUILHERME [email protected]

4 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ENTREVISTAPortugal ainda tem uma justiça tributária deficiente e morosa ............................... 5

OPINIÃOEtapas do declínio dum negócio ........................................................................... 8Remuneração dos gestores .................................................................................. 11Globalização fiscal ou tendência fiscal global? ...................................................... 12

CONTABILIDADEEmissão de faturação simplificada sofre alterações ............................................... 14

CONTABILIDADERegisto da prestação de contas anuais com maior exigência ................................. 16Construção quer assunção de medidas definidas em sede de OE .......................... 17OTOC prevê um resultado positivo de 365 mil euros no próximo ano ................ 18AT tem de garantir normal funcionamento dos sistemas informáticos ................. 20TOC estão sujeitos a pressão crescente de clientes e do fisco ................................ 21APOTEC aconselha alterações em sede do Orçamento do Estado ....................... 22

FISCALIDADEMetade dos serviços de Finanças fecha até junho ................................................. 23Diretiva obriga à introdução de alterações da faturação em matéria de IVA .......... 24AT esclarece situações relacionadas com IRS e tributação de software .................. 25Regime especial de neutralidade fiscal não se aplica a operações de fusão inversa .. 26AT ultrapassa meta estabelecida para a cobrança coerciva .................................... 28Orçamento do Estado é dos mais penalizadores de sempre .................................. 29Alargada assistência mútua em matéria de cobrança de créditos ........................... 33Comissão Europeia reforça combate à fraude e à evasão fiscais ............................. 34Países terceiros obrigados a cumprir regras em matéria fiscal ................................ 35Sigilo bancário perto do fim e regime de caixa entra em funcionamento .............. 36Governo cria comissão para reforma do IRC ....................................................... 37Europa vai ter imposto comum sobre as transações financeiras ............................ 38Mutuários do crédito à habitação estão mais protegidos ...................................... 39IVA “afunda” cada vez mais setor da restauração .................................................. 41

ASSOCIATIVISMOReformas estruturais são necessárias para impulsionar crescimento ...................... 42CNC contra alterações às quarta e sétima diretivas .............................................. 43OE está centrado na receita fiscal e não na redução da despesa ............................ 45

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕESTrabalhadores dos impostos em “rota de colisão” com o Governo ........................ 46Não pagamento atempado do IVA implica pesadas coimas .................................. 47OTOC acusa Finanças de displicência................................................................. 47Autarquias recorrem menos a taxa máxima de IMI .............................................. 48Fiscalidade atingiu “um nível de barbárie” ........................................................... 48Governo “insiste” na reforma do Estado .............................................................. 49Jogos sociais passam a pagar imposto .................................................................. 49

LIVROSAs contas politicamente incorretas da economia portuguesa ................................ 50Dividendos e recompra de ações ......................................................................... 50Harvard Trends – 45 tendências de gestão ........................................................... 50

Sumário

PROPRIEDADEVida Económica - Editorial S. A.

EDITORGuilherme Osswald

COLABORADORESAbílio MarquesAgostinho Manuel dos Santos CostaAna RibeiroBruno José Machado de AlmeidaCatarina FernandesCristina Costa PintoGonçalo Rodrigues BrásGuilherme OsswaldJosé Alberto Pinheiro PintoJosé Joaquim Marques de AlmeidaManuel LiberalMaria José FernandesMário da Cunha GuimarãesMiguel PimentelPatrícia RamosPaulino SilvaPaulo Moura CastroRui AlmeidaRui Bertuzi da SilvaSílvia MouraTomás Pessanha

O conteúdo dos artigos é da exclusivaresponsabilidade dos autores

PAGINAÇÃOJosé Barbosa

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO R. Gonçalo Cristóvão, 142º Esq. 4000-263 Porto Telef.: 223 399 400Fax: 222 058 098E-mail: [email protected]

DELEGAÇÃO EM LISBOAAv. Fontes Pereira de Melo, nº 61069-106 Lisboa Telef.: 217 937 747Fax: 217 937 748

IMPRESSÃOUniarte Gráfica - Porto

Registo nº 108640 no ICS

NOV/DEZ 2012 | Nº 18 - 2ª SÉRIE

Assinatura anual: 64 euros

Novembro/Dezembro 2012 – Este su-plemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1474, de 04.01.2013

5CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ENTREVISTA

O IVA tem de passar por um processo de simplificação de procedimentos e eliminação de distorções. No entanto, tem-se mostrado um imposto razoavelmente equitativo. Esta a opinião manifestada por Sérgio Vasques, professor da Faculdade de Direito da Universidade Católica e secretário de Estado dos Assuntos Fiscais entre 2009 e 2011, a propósito das polémicas que têm sido criadas em torno do IVA, ao nível europeu, em geral, e em Portugal, em particular. Lamenta ainda uma justiça tributária deficiente e morosa no nosso país, o que faz com que os contribuintes tenham uma visão negativa do sistema fiscal vigente.

Contabilidade & Empresas – O IVA é um dos impostos mais detestados, mas considerado justo, tendo em conta que recai de igual forma sobre todos os contribuintes. O que tem de mudar no seu regime a nível europeu?Sérgio Vasques – No IVA, a prioridade está sobretudo

em simplificar procedimentos e eliminar distorções. Sim-plificar procedimentos porque estes se foram tornando cada vez mais complexos, sobretudo por força do combate à fraude. Eliminar distorções porque há demasiadas isen-ções, taxas reduzidas e derrogações, com diferenças im-portantes ainda de país para país. Mas mesmo com estes defeitos, o IVA tem-se revelado um imposto razoavelmen-te equitativo. Recai sobre todos, o que não acontece com os impostos sobre o rendimento, pelo menos em Portugal.

C&E – Justifica-se um regime de IVA igual em todos os países? Ou deixa-se ficar as coisas como estão, isto é, com grandes diferenças?SV – Ao nível das taxas de IVA parece-me irrealista

e indesejável até que as taxas sejam absolutamente uni-formizadas. É verdade que existem grandes diferenças, mas, paradoxalmente, a crise que estamos a atravessar tem levado a uma “convergência para o topo”, com as

De acordo com Sérgio Vasques, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Portugal ainda tem uma justiça tributária deficiente e morosa

O antigo secretário de Estado lamenta que os contribuintes ainda tenham uma visão negativa do sistema fiscal vigente, sobretudo da sua relação com a autoridade tributária.

respetivas taxas a subirem para níveis impensáveis, de Norte a Sul da Europa. A média das taxas normais de IVA ultrapassou, na União Europeia, a fasquia dos 20% e ter taxas de 25% deixou de ser algo incomum. Nesse plano dá-se alguma convergência, portanto, ainda que pelas mais infelizes razões. É sobretudo ao nível da base tributável, isto é, ao nível da incidência do imposto e das suas isenções, que é preciso trabalhar mais, no sentido da harmonização. Mas mesmo aí não é realista pensar que algum dia tenhamos uma base inteiramente uniforme na União Europeia. Será talvez perverso que os Estados--Membros fossem privados de alguma capacidade de modelação do imposto.

C&E – Tem sido feita alguma coisapara combater a fraude e a evasão fiscais, especialmente no que toca à “fraude carrossel”?SV – Sim, a Comissão Europeia tem estado mais ativa

6 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ENTREVISTA

nesse domínio nos últimos anos. Apertaram-se os contro-los ao nível da circulação intracomunitária de mercado-rias. Ao mesmo tempo, introduziram-se regras destinadas a combater a “fraude carrossel” no tocante a serviços es-pecialmente vulneráveis, como é o caso do comércio de licenças de dióxido de carbono. É certo, ainda assim, que enquanto valer na União Europeia um princípio de tribu-tação no destino, esse fenómeno não pode ser completa-mente eliminado. É uma falha estrutural do sistema e o mais que se pode fazer é mitigá-la.

Necessidade de equilibrar as contas públicas

C&E – O que pode fazer a Europa em termos fiscais, numa perspetiva mais geral?SV – O maior desafio que se coloca hoje a todos – e

sobretudo aos países da periferia – é o de conseguir equili-brar as contas públicas sem aumentar a pressão fiscal a tal ponto que se mate a competitividade. O Estado social que criámos, no século passado, já não se consegue manter com o modelo de financiamento então existente. E não é evidente que tenhamos encontrado ainda um sistema fiscal capaz de o manter nas próximas gerações. A Euro-pa reage muito lentamente a tudo isto, com uma agenda fiscal de ambição modesta, feita de consensos a 27 e de divisões entre o Norte e o Sul.

C&E – Justifica-se uma harmonização fiscal?SV – A crise que atravessamos talvez ajude a desblo-

quear alguns processos. As propostas de harmonização da base tributável das empresas, por exemplo, talvez ganhem novo fôlego. Os impostos que têm servido de amparo fun-damental à Europa, neste período, são os impostos sobre o consumo e esses já se encontram largamente harmoni-zados.

C&E – A carga fiscal não é excessiva face aos concorrentes, como é o caso dos Estados Unidos?SV – Os Estados Unidos estão a atravessar um mo-

mento crítico nas suas finanças públicas, o chamado “precipício fiscal”, precisamente porque fizeram cortes de impostos que se revelaram insustentáveis. A prazo é de esperar que se dê uma introdução do IVA nos Esta-dos Unidos, com um agravamento previsível da pressão fiscal. Mas a concorrência não vem só desse país. Há a concorrência legítima de países como a China, o México ou a Coreia do Sul, com níveis de tributação muito baixos

porque não possuem o aparelho do Estado social que nós construímos. E há a concorrência ilegítima dos paraísos fiscais, desde as Bahamas até à Madeira, corroendo por toda a parte a receita fiscal.

C&E – Como encara o atual modelo fiscal que vigora em Portugal e há muitas diferenças relativamente ao resto da Europa?SV – Portugal possui um sistema fiscal semelhante ao

de muitas outras economias modernas. Olhando apenas à lei, não é mais simples nem mais complexo. É sobretudo na prática que estão as diferenças. Quanto ao resto da Eu-ropa, há duas fragilidades bem conhecidas de todos. Pri-meiro, temos imensas carências ao nível da administração tributária, que não é ainda capaz de dar aos contribuintes a resposta segura de que eles precisam. Depois, temos uma justiça tributária profundamente deficiente e morosa, o que faz com que ir para tribunal seja, muitas vezes, evita-do a todo o custo.

Modelo

O Estado social que criámos, no século passado,já não se consegue manter com o modelode financiamento então existente.

ESPECIALISTA EM VÁRIAS ÁREASDA TRIBUTAÇÃO

Sérgio Vasques é professor da Faculdade de Direito da

Universidade Católica Portuguesa e da Católica Global

School of Law, tendo exercido as funções de secretário

de Estado dos Assuntos Fiscais entre 2009 e 2011 e

trabalhado como especialista na área do Direito Fiscal

nos ministérios das Finanças e do Ambiente. As suas

áreas de investigação principais são as da tributação

indireta, tributação ambiental, taxas locais e taxas de

regulação económica.

Em Portugal, participou da conceção do Código dos

Impostos Especiais de consumo, da reforma da tributação

automóvel, da introdução de tributos ambientais sobre

as águas e os resíduos e da criação do Fundo Português

do Carbono. Em Cabo Verde, onde tem trabalhado como

consultor do Ministério das Finanças, é responsável por

diversos trabalhos de conceção em matéria tributária,

nomeadamente no que respeita à reforma da tributação

indireta e à codificação dos benefícios fiscais. É autor de

diversos trabalhos na área fiscal.

O essencial dasBOAS PRÁTICAS DE GESTÃO

De LUIS CASTAÑEDA, autor do bestsellerComo destruir uma empresa em 12 meses... ou antesA ARTE DE CONVERTER PLANOS DE NEGÓCIOS EM RESULTADOS RENTÁVEIS - Implementação

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O autor apresenta neste livro, de modo suscinto, os fatores que são vitais para o desenvolvimento das PME e que vão para além dos aspetos operacionais das organizações.

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Com base num largo número de livros sobre conselhos de outros autores virados para as boas práticas de gestão e administração, e Luis Castañeda dá-nos preciosos resumos sobre temas de importância crítica para o sucesso das empresas.

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8 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

OPINIÃO

«As únicas coisas que evoluem por si próprias numa organização são a desordem, os atritose o mau desempenho».

Peter Drucker

As empresas, tal como as pessoas, nascem, desen-volvem-se e morrem. Mas, diferentemente das pessoas, as empresas “podem” não morrer. Podem ter uma vida longa.

Em todo o mundo, e em particular das economias eu-ropeias, as empresas familiares representam os alicerces das economias, quer pela sua contribuição para o PIB, que va-ria entre 45% e 70% conforme o país, quer pela criação e pela sustentabilidade de emprego que proporcionam.

No entanto, todos os anos, um número muito im-portante destas empresas familiares desaparece.

E porquê?

Por não terem conseguido vencer as dificuldades, relacionadas com a sua gestão e com a preparação da sucessão para a geração seguinte.

Vejamos: Num recente estudo, realizado pela Association of

Insolvency and Restructuring Advisors, os casos de in-sucesso dos negócios seriam decorrentes das seguintes causas:

Problemas internos sob controlo da administra-ção – 52%

Saldo de fatores internos e externos – 24% Problemas internos provocados por fatores ex-ternos – 15%

Fatores externos alheios ao controle da adminis-tração – 8%

Má sorte – 1% Constatamos pois que os problemas de gestão vêm

em 1º lugar com uma grande percentagem. E os fatores externos alheios ao controlo da Administração e a má sorte, em conjunto, representam apenas 9%.

Conclusões análogas são obtidas em outros estudos, feitos em diferentes épocas. Há pois uma mortalidade elevada das nossas empresas. E sabemos quais as princi-pais causas dessa mortalidade.

Existem estudos que estimam que somente 30% das empresas familiares sobrevive à primeira geração e das que sobrevivem apenas 10% a 15% passa à segunda ge-ração. Referem ainda tais estudos que a expectativa de vida das empresas é em média inferior a vinte e cinco anos. Comparado com o tempo de vida dum ser huma-no, esta média é muito baixa.

A longevidade das empresas não é vulgar. Se olharmos à nossa volta, o que encontramos no universo empresarial?

Qual é a idade da maior parte das empresas que conhecemos?

A generalidade das empresas está na infância. Mas essa grande maioria, não terá, no entanto, vida longa.

Etapas do declínio dum negócioAGOSTINHO COSTA

9CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

OPINIÃO

Qual a principal razão para que este facto ocorra?

Estaremos a ser pessimistas?

Analisemos os seguintes dados: Dezenas de milhares de empresas que existiam na segunda metade do século XIX morreram.

Das doze empresas incluídas no índice Dow Jones Industrial de 1900, a GE é a única sobrevivente.

Quase 40% das empresas da revista “Fortune 500”, de 1983 já desapareceram.

O índice de mortalidade é consequência da dificul-dade de adaptação das empresas ao aumento da com-petição global. E aqui os aspectos relacionados com a gestão são fundamentais. Temos que mudar a gestão, melhorando-a. Precisamos duma equipa envolvida para a obtenção de objetivos e não uma equipa em que a maioria dos seus membros está completamente alheia aos objetivos globais e, portanto, não sentem a necessi-dade urgente de mudar, para que a empresa não morra.

Mas, como dizia o guru de gestão W. Edwards Den-ning: «Não é necessário mudar. A sobrevivência não é obrigatória».

Na raiz das crises estão os fatores que impedem a longevidade das organizações. Uma queda acentuada da temperatura ambiente pode provocar num organis-mo saudável uma ligeira constipação, mas num organis-mo debilitado pode provocar uma pneumonia. Warren Buffet dizia: “Quando a maré baixa é que se vê quem nada nu". As crises mostram, pois, a fragilidade a que a empresa está sujeita.

Compreender estes aspectos torna-se, desta forma, essencial para entender as razões de longevidade.

As situações abaixo referidas mostram a evolução da crise nas empresas:

Acontecimento económico desfavorável; Tesouraria líquida negativa; Falta de liquidez; Insuficiência de fundo de maneio; Insolvência parcial; Insolvência total ou falência técnica; Falência.

A insolvência não é um evento, mas um fenómeno de crise que segue um determinado processo. Este pro-cesso exige uma terapêutica adequada e atempada.

Uma característica comum verificada diz respeito ao facto de uma parte significativa das causas de fa-lência terem a ver com problemas relacionados com a gestão.

Verifiquemos então os aspectos mais comuns, em cada uma das diferentes fases, pelas quais passa o declí-nio dum negócio.

Etapas do declínio dum negócio:

Fase 1 - Estagnação Redução de margens operacionais e outros indi-cadores – chave para valores abaixo da média do sector de atividade.

Volume de negócios estável ou a decrescer, ainda que lentamente, ao longo dos anos.

Falta de investimento, ou investimentos errados, sem viabilidade económica e financeira.

Fase 2 - Fraco desempenho Quedas significativas do volume de negócios e/ou do EBITDA com redução das margens e manu-tenção dos custos fixos.

Ativos correntes (stocks e créditos em clientes) com baixa rotação (baixa liquidez).

Subutilização da capacidade instalada. Peso % elevado do ativo corrente. Os problemas de tesouraria absorvem demasiado tempo da atenção da administração, reduzindo o tempo disponível desta para pensar na gestão do “core business” e nos aspetos essenciais de gestão do mesmo, para atingir os seus objetivos.

Fase 3 - Desempenho significativamente compro-metido

Problemas adicionais relacionados com necessida-des de financiamento.

Dificuldade adicional de crédito comercial e de mercadoria.

Cortes no crédito de alguns fornecedores. Aumento das pressões de tesouraria. Banca e outros organismos financeiros indisponí-veis para fornecer crédito adicional.

Aumento do risco de execução de garantias de em-préstimos ou e de outras dívidas.

Perda de clientes e/ou fornecedores importantes e de funcionários-chave.

10 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

OPINIÃO

Fase 4 - Crise A empresa não consegue honrar o pagamento dos seus compromissos no vencimento.

Crescimento das contas a pagar com aumento sig-nificativo e incontrolável de valores em atraso.

Situação de insolvência; Podemos dizer que as empresas adoecem porque os

seus organismos – as suas áreas funcionais – não con-seguem reagir de forma positiva aos fatores internos e externos que as atingem. É aí que as empresas entram em crise.

Então, as crises nascem e alastram dentro da pró-pria empresa. Se não existe esta intervenção a situação agudiza-se e pode tornar-se insustentável.

Para descobrir uma doença, e tomar os medicamen-tos necessários para a combater, é preciso uma análise criteriosa (raios x, exames clínicos, etc.) do corpo ou da área problemática em questão.

O mesmo se aplica à descoberta duma doença em-presarial, de como está o desempenho de uma deter-minada organização. Neste caso, o diagnóstico atem-pado é o único instrumento que fornece uma visão global e dinâmica da empresa, habilitando o empre-sário a obter uma radiografia clara, simples e precisa do seu negócio.

A administração deve, pois, realizar um diagnóstico o mais real possível da situação da empresa.

Depois, deve identificar as causas que levaram a em-presa à crise.

Se os fatores estão dentro da empresa, temos que averiguar se temos capacidade para os re-solver.

Quanto aos fatores externos, a situação pode ser mais difícil de resolver, pois não depende só da vontade da própria empresa.

Em seguida, é fundamental uma rápida atuação, para que a situação não se degrade, acabando por deixar que se instale uma situação grave na organi-zação.

No entanto, todos os peritos são unânimes em re-conhecer:

Os gestores reagem demasiado tarde quando a crise lhes toca à porta. Demasiado tarde e demasiado lenta-mente.

Quais são as causas das grandes demoras? Conhecê--las é meio caminho andado para as evitar.

Eis uma lista com algumas causas: A esperança duma melhoria da conjuntura

A confusão entre crise estrutural e o abrandamen-to da conjuntura

As áreas de negócio com lucro compensam as que têm prejuízo, atenuando os verdadeiros sintomas dos problemas

A utilização dos indicadores desfasados (tardios) e não de sinais de alerta

O medo de criar um contexto negativo, com a tomada de algumas medidas de gestão

A anestesia contabilística – utilização de critérios contabilísticos que atenuem artificialmente a ver-dadeira situação, como por exemplo diferimento excessivo de custos, …

O estrangulamento da tesouraria é um sintoma ha-bitual duma empresa em dificuldades. Mas este é já um sintoma tardio. Daí a importância dum diagnóstico atempado e realista. Diagnosticadas as causas, há que agir, procurando soluções para as combater.

Por tal razão é crucial: Saber quais as áreas de negócios que estão a cres-cer.

Saber se a natureza do negócio tem potencial para produzir lucros? (Análise do ponto de equi-líbrio).

Saber quais os 20% dos negócios que realizamos que são responsáveis por 80% de nossos lucros e os 80% dos negócios que correspondem aos 20% dos lucros restantes.

Saber quais os meios libertos da empresa e como estão a processar-se os fluxos financeiros (análise dos fluxos de tesouraria).

Comunicar constantemente com a equipa, envol-vendo-a, nas soluções.

As empresas que embora estejam com problemas, sejam viáveis, económica e financeiramente, podem recuperar-se.

A recuperação é menos traumática quando se come-ça logo no início dos problemas e não depois. Para tal, é fundamental proceder de forma atempada à sua reestru-turação. A reestruturação da empresa é tanto mais difícil quanto mais adiantada for a fase de crise.

Diagonóstico

A administração deve, pois, realizarum diagnóstico o mais real possível da situaçãoda empresa.

11CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

OPINIÃO

Remuneração dos gestores

Num contexto económico de austeridade como o que vivemos, a remuneração dos gestores é um tema recorrente e polémico, em que muitas vezes são de-nunciados casos de escan-dalosos exemplos de falta de justiça social. De facto, em especial nos últimos 30 anos, assistimos a aumentos exponenciais nas remunerações de quem dirige as empresas e nem sempre é óbvio que sejam justificáveis.

Sabemos que, no limite e num mercado muito liberalizado, qual-quer preço, incluindo as remunera-ções, são determinados por algum equilíbrio entre oferta e procura, mas o mercado dos gestores, em es-pecial os que ocupam o lugar mais alto entre administradores executi-vos de cada empresa, tem condicio-nantes especiais que justificam em grande medida a situação atual.

Critérios como a competência, o conhecimento do mercado, o es-pírito empreendedor e a capacidade de liderança são naturalmente deter-minantes para a remuneração, mas é normal criar-se uma componente variável, que de alguma forma per-mita ao gestor, no caso de bons re-sultados, obter parte dos proveitos que gera para os acionistas. São estes mesmos que têm interesse que assim seja, numa estratégia que conside-ram minimizar eventuais conflitos de interesses, e é esta componente variável que muitas vezes fixa a re-muneração nos valores elevados que conhecemos.

O sistema não seria perfeito mas havia alguma racionalidade neste mercado que justificava os valores

recebidos pelos gestores para o exer-cício das suas funções. Acontece que a generalização destas práticas de remuneração deram origem a um aumento do risco nas estratégias de atuação das empresas, reflexo natu-ralmente das decisões dos seus ges-tores. De facto, se pensarmos na ori-gem da crise de 2008, conseguimos facilmente associar que um dos ele-mentos mais determinantes foi efe-tivamente a forma como os gestores eram remunerados.

Veja-se como exemplo o pro-blema do “sub-prime”: vemos que uma montanha de imóveis estavam sobrevalorizados em grande medida porque a facilidade do financiamen-to tinha distorcido e artificialmente aumentado a procura do mercado, levando os preços a máximos histó-ricos. Aos gestores das instituições financeiras não incomodava muito a sustentabilidade a prazo da evolução do preço das casas, os seus interes-ses não estavam no longo, prazo mas sim naqueles “poucos” anos do seu mandato. Aqueles financiamentos, mesmo que de imóveis sem o valor que lhes era atribuído, geravam co-missões naquele exercício. Depois as mesmas instituições empacotavam um conjunto de créditos e vendiam--nos a um fundo, gerando mais al-

gumas comissões, depois vendiam as unidades de participação desses fun-

dos a clientes, a outros bancos ou a outros fundos, gerando mais

alguns proveitos e, mais im-portante, livrando-se do risco de crédito desses financiamen-

tos. No final de cada ano inte-ressavam os resultados, os tais que

agradavam aos acionistas e de onde seria calculado o prémio a que tinha direito.

Paralelamente a esta questionável forma de remuneração dos gestores que com o pretexto de redimir even-tuais conflitos de interesses pode, se mal conduzida, condicionar a pru-dência que deve pautar a gestão de uma empresa, temos ainda a questão prática de quem decide estas coisas. Se é verdade que os acionistas são em ultima instância quem tem que deci-dir sobre esta matéria, é prática cor-rente atribuir-se estas funções a uma comissão de remunerações, muitas das vezes constituídas por elemen-tos próximos dos gestores a quem se pretende fixar a remuneração. São inúmeros os casos em que assistimos a uma inquestionável falta de trans-parência nestes processos, que só se entendem possíveis pela dispersão de capital da própria empresa.

Em resumo, voltamos à ques-tão do conflito de interesses. Gerir quando o dinheiro investido não é dos próprios e acima de tudo quan-do eventuais prejuízos afetam muito mais os acionistas que os gestores é matéria delicada onde o montante e muito especialmente a forma de re-muneração têm que necessariamente ser fixados por quem sabe atender às consequências que daí decorrem.

MIGUEL PIMENTEL

12 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

OPINIÃO

Há muito que convivemos com o conceito globalização, mas será que temos consciência do seu efeito em múltiplas áreas? A ser assim, será que podemos segmentar a globalização? Será legítimo falarmos de globaliza-ção fiscal? Vejamos…

O ecossistema empresarial é bastante diferente de outrora e a economia global, nas últimas déca-das, regista alterações significativas com repercussões a vários níveis (Lipsey, 2000; Stonham, 1994; Tornroos, 2002), em particular no comércio mundial. A tendência crescente da liberalização dos mer-cados à escala mundial e a diluição das características socioculturais dos povos – embora não possa-mos falar numa macrocultura, caminhamos a passos largos para uma padronização cultural (Le-vitt, 1983; Ohmae, 1985) – con-tribuem, fortemente, para a unifi-cação do mercado à escala global (Czinkota & Ronkainen, 1993), redundando na amplamente discu-tida globalização.

Lipsey (1997:73) refere que “… a globalização é entendida como uma vertente dos inúmeros ajustamentos estruturais que o mundo está a regis-tar, como resultado da evolução de um grupo relacionado de novas tec-nologias, normalmente referido como tecnologias de informação e comuni-cação…”1

1 Existe uma multiplicidade de conceitos de globalização, reveladora da falta de unanimidade em redor do mesmo.

A globalização, fenómeno encara-do por uns como crucial para a sus-tentabilidade da economia mundial e para o desenvolvimento da socieda-de contemporânea, visto por outros como elemento impulsionador das desigualdades e assimetrias sociais, é, todavia, uma realidade incontornável dos nossos dias e com a qual o teci-do empresarial convive diariamente. Urge, portanto, que a sociedade glo-bal, de forma sustentável, minimize os aspetos negativos e aproveite as opor-tunidades decorrentes deste fenómeno (Philip, 2004; Stiglitz, 2003), já que o seu impacto se reflete a vários níveis.

De facto, fruto desse impacto diversificado, Petrella (1994), citado por Almeida (2005), alude à segmen-tação da globalização: das finanças e capitais, dos mercados e estratégias, da tecnologia, I&D e do conhecimento, cultural, política, das capacidades de supervisão, regulação e de governação e das percepções e consciência. Na sequência do leque de “globalizações” apresentado pelo autor, será correto acrescentar a globalização fiscal?

A crescente interdependência nas

diversas áreas abordadas por Petrella (1994) é uma evidência, mas está longe de ser alcançada no plano fiscal devido à ausência de uma política de harmonização consistente. Por exem-plo, na UE, foram percorridas etapas importantes no domínio da tributa-ção indireta, contudo, no que respeita à tributação direta, a UE está ainda a dar os primeiros passos no âmbito da harmonização fiscal. Com efeito, em face da centralização da política monetária, os Estados-membros, para prossecução da sua política orçamen-tal, têm-se batido seriamente pela sua soberania e autonomia fiscal (Becker & Fuest, 2010; Tyc, 2008)2. A dife-renciação fiscal patente em cada Esta-do-membro é reflexo da falta de har-monização fiscal, pelo que, se nem à escala da UE tal se verifica, será com-pletamente descabido referirmo-nos à globalização fiscal como uma evidên-cia, porque, de facto, não existe.

2 Embora com algumas limitações comunitárias que advêm dos princípios e normas dos Tratados, do direito derivado, das decisões do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, de compro-missos de natureza política e de orientações da carácter administrativo (Commission, 2001)

Globalização fiscalou tendência fiscal global?GONÇALO RODRIGUES BRÁS

13CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

OPINIÃO

Todavia, deve ser referida a tendência global que se verifica no âmbito da tributação direta no que se refere às taxas legais de impos-to sobre o rendimento das pessoas coletivas, vulgo IRC. Conforme se pode observar no quadro ao lado, verifica-se uma erosão gradual das taxas de IRC, também conhecido pelo processo “race to the bottom” (Avi-Yonah, 2000; Lee & McKen-zie, 1989; Tanzi, 1996; 2000, entre outros).

Em face do crescente papel da fiscalidade no processo de captação e atração de investimento direto estran-geiro (Easson, 2001) e à incipiente (tributação indireta) ou inexistente (tributação direta) harmonização fis-cal na UE, a descida gradual das taxas legais de IRC vem refletindo a con-corrência fiscal entre nações.

De forma conclusiva, podemos afirmar que, apesar de o elevado grau de diferenciação fiscal de cada país excluir liminarmente a hipótese de globalização fiscal, existe claramente uma tendência global no âmbito da tributação direta, designadamente no que respeitas às taxas legais de IRC.

BIBLIOGRAFIA Avi-Yonah, R. S. (2000). Glo-

balization, tax competition, and the fiscal crisis of the welfare state. Har-vard Law Review, 113(7), 1575.

Becker, J., & Fuest, C. (2010). EU regional policy and tax compe-tition. European Economic Review, 54(1), 150-161.

Commission, E. (2001). Corpo-ration tax and innovation: issues at stake and review of European Union experiences in the nineties. Innova-tion Papers No. 19.

Czinkota, M. R., & Ronkainen, I. (1993). International Marketing

(Vol. 3rd edition). New York: Dry-den.

Easson, A. (2001). Tax incentives for foreign direct investment - Part I: Recent trends and countertrends. Bulletin for International Fiscal Do-cumentation, 55(7), 266.

KPMG. (2011). KPMG’s Corpo-rate and Indirect Tax Rate Survey.

Lee, D. R., & McKenzie, R. B. (1989). The International Political Economy of Declining Tax Rates. National Tax Journal, 42(1), 79.

Levitt, T. (1983). The Globali-zation of Markets. Harvard Business Review, 61(3), 92-102.

Lipsey, R. G. (1997). Globali-zation and National Government Policies: An Economists View. Go-vernments, Globalization, and In-ternational Business, John Dunning (ed.), (Oxford: Oxford University Press), 73-113.

Lipsey, R. G. (2000). Technology and global change. [Book Review]. Economic Journal, 110(461), F221--F222.

Ohmae, K. (1985). Triad Po-wer: The Coming Shape Of Global Competition // Review. Executive, 27(7), 50.

Philip, R. H. (2004). Managing in the Next Society. European Busi-ness Review, 16(4), 426.

Stiglitz, J. (2003). Globalization and its discontents: how to solve the problems. Revista De Occidente, 89-98.

Stonham, P. (1994). Change in the global economy: An interview with Rosabeth Moss Kanter. Euro-pean Management Journal, 12(1), 1.

Tanzi, V. (1996). Globalization, Tax Competition and the Future of Tax Systems. IMF Working Paper No. 96/141.

Tanzi, V. (2000). Globalization, Technological Developments, and the Work of Fiscal Termites. Inter-national Monetary Fund WP/00/181, 1-23.

Tornroos, J. (2002). Challenging internationalisation theory: Some new trends forming international and global business. Department of Business Administration, Abo Akade-mi University, Abo.

Tyc, V. (2008). Harmonization of indirect taxes in the European Union. International Journal of Law and Management, 50(2), 87.

Fonte: KPMG’s Corporate and Indirect Tax Rate Survey (2011).

14 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

CONTABILIDADE

Foram introduzidas alterações em sede de IVA no que respeita à emissão de faturação simplificada. Estas altera-ções têm efeitos a partir do início do ano que vem, tendo sido introduzido um novo conceito de faturação sim-plificada que substitui o anterior con-ceito de “talão de venda” e de dispensa de faturação.

Em causa os decretos-lei números 197/2012 e 198/2012, que adiantam que as faturas simplificadas apenas podem ser emitidas para operações realizadas a particulares não sujeitos passivos, relativos a vendas de bens efetuadas por retalhistas ou vende-dores ambulantes, quando o valor da fatura não for superior a mil euros ou relativamente a outras transmissões de bens e prestações de serviços mesmo a sujeitos passivos de imposto em que o montante da fatura não seja superior a 100 euros.

As faturas devem ser datadas, nu-meradas sequencialmente e conter vá-rios elementos, nome ou denominação social e número de identificação fiscal do fornecedor, a quantidade e a deno-minação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados. Também deve conter o preço líquido do imposto, as taxas aplicáveis e o montante do im-posto devido ou o preço com a inclusão do imposto e a taxa ou taxas aplicáveis, bem como o número de identificação fiscal do adquirente ou destinatário, quando for sujeito passivo.

As faturas devem ainda conter o NIF do adquirente ou destinatário que não seja sujeito passivo, quando este o solicite. As faturas podem ser processadas como definido por lei ou ainda por outros meios eletróni-

cos (como máquinas registadoras, terminais eletrónicos ou balanças eletrónicas), sendo-lhes aplicável, em qualquer caso, quanto às matérias não especificamente reguladas as restantes disposições que regem a emissão de faturas.

Sem prejuízo da obrigação de regis-to das transmissões de bens e das pres-tações de serviços efetuadas, a referida obrigação pode ser cumprida mediante a emissão de documentos ou do regis-to das operações. Designadamente em operações como prestações de servi-ços de transporte, de estacionamento, portagens e entradas em espetáculos, quando seja emitido um bilhete de transporte, ingresso ou outro docu-mento ao portador comprovativo do pagamento. Nas transmissões de bens efetuadas através de aparelhos de distri-buição automática que não permitam a emissão de fatura. Esta faculdade pode ser declarada aplicável pelo mi-nistro das Finanças a outras categorias de sujeitos passivos que forneçam a consumidores finais serviços carateri-zados pela sua uniformidade, frequên-cia e valor limitado. De notar que as Finanças podem equiparar certos do-cumentos de uso comercial a faturas.

Novo conceito de faturação simplificada

Tendo em conta as alterações in-troduzidas, existe um novo conceito de faturação simplificada, não muito dife-rente do anterior talão de venda. Para além da numeração sequencial, são ne-cessários outros elementos como a data da operação, o nome ou a denominação social e NIF do fornecedor dos bens ou prestador dos serviços, a quantidade e a denominação usual dos bens transmiti-dos ou dos serviços prestados, o preço líquido de imposto, as taxas aplicáveis e o montante de imposto devido ou o preço com a inclusão do imposto e a taxa ou as taxas aplicáveis, bem como o NIF do adquirente ou destinatário, quando for sujeito passivo.

Os contribuintes deverão comuni-car à AT, até ao dia 8 do mês seguinte ao da emissão da fatura ou fatura simpli-ficada, os elementos daquelas emitidas para todas as operações sujeitas a IVA. A comunicação deverá ser efetuada através de transmissão eletrónica e, uma vez de-finido pelo sujeito passivo o sistema de comunicação dos elementos das faturas, este deverá ser mantido para o mesmo ano civil. Assim, os contribuintes que utilizem faturas simplificadas em papel impresso em tipografias autorizadas ou por outros meios eletrónicos, como não produzem o ficheiro SAFT-PT dos sis-temas informáticos de faturação, terão de efetuar a comunicação por inserção direta no portal das Finanças, através de aplicação ou sítio criado para o efeito. De notar que não é necessário enviar todos os dados. Por exemplo, não é pre-ciso enviar a designação dos bens trans-mitidos nem dos serviços prestados.

Emissão de faturação simplificadasofre alterações

4,00 euros (IVA incl.)

Orçamento do Estado con rma

enorme aumento da carga scal

R pública No que diz respeito aos pontos essenciais desta-

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16 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

CONTABILIDADE

Foram introduzidas alterações ao Código do Registo Comercial, ao Regime Jurídico dos Procedimentos Ad-ministrativos de Dissolução e de Liquidação de Enti-dades Comerciais e ao Regime do Registo Nacional de Pessoas Coletivas. Pretende-se garantir o cumprimento da obrigação legal das empresas de procederem ao regis-to da aprovação das contas, tendo em conta a sua impor-tância para o tecido económico, e evitar a omissão, por vezes intencional, do seu registo, explicam os fiscalistas da PLMJ.

O diploma é publicado cinco anos após a imple-mentação do projeto de Informação Empresarial Sim-plificada (IES), essencial para a recolha de informação fiscal e contabilística por parte das empresas e que pos-sibilitou agregar num só documento o cumprimento de diversas obrigações perante a Administração Públi-ca, com especial destaque para a Autoridade Tributária e Aduaneira. “Não obstante a inegável relevância da aprovação de contas e respetivo registo para a seguran-ça do comércio jurídico e a transparência da atividade económica, muitas são as sociedades que, apesar de cumprirem a obrigação fiscal de apresentação da IES, não declaram a referida aprovação, nem procedem ao pagamento da taxa de registo devida, assim impedindo

que terceiros, credores e outros interessados tenham acesso à informação relativa à situação financeira da empresa.”

Com o objetivo de criar nos representantes das socie-dades a consciência da gravidade da omissão do registo da prestação de contas, o Decreto-Lei nº 250/2012 pro-cede à implementação de medidas tendentes a garanti-rem o cumprimento de tal obrigação. No âmbito das medidas implementadas por via da alteração ao Código do Registo Comercial, importa destacar alguns aspetos, como faz notar a PLMJ. A consagração da obrigação de proceder ao pagamento dos emolumentos e taxas devi-das deve ser cumprida em simultâneo com o pedido de registo ou em momento anterior a este.

Está prevista a obrigação do pagamento em dobro do emolumento aplicável pelo registo de prestação de contas fora do prazo. “É considerada causa de recusa do registo por transcrição o facto de a sociedade se encon-trar em incumprimento quanto à obrigação de registo da prestação de contas. Pelo que as sociedades que não procederem a tal registo apenas poderão proceder – du-rante o período de incumprimento – ao registo de deter-minados factos que o legislador convencionou deverem ficar imunes à aplicação desta novidade sancionatória,

Registo da prestação de contas anuais com maior exigência

17CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

CONTABILIDADE

como a designação e a cessação de funções, entre vários outros.”

Tendo em conta que a instauração do processo de contra-ordenação por incumprimento do prazo do re-gisto se revelava ineficaz, pelo facto de tal instauração não resultar na feitura do registo em falta exceto se os próprios interessados o promovessem, o diploma vem revogar, na íntegra, as disposições atinentes ao referido processo. Embora o diploma não seja claro no que se refere à sua aplicação no tempo, “parece ser de concluir que as alterações são aplicáveis aos factos sujeitos a re-gisto obrigatório em que o termo inicial do prazo de cumprimento da obrigação de registar ocorra após a sua entrada em vigor e apenas será aplicável quando esteja em causa o incumprimento da obrigação de registo da prestação de contas referentes aos exercícios económicos iniciados este ano”.

Omissão do registo da prestação de contas

Quanto às medidas implementadas por via da altera-ção ao Regime Jurídico dos Procedimentos Administra-tivos de Dissolução e de Liquidação de Entidades Co-merciais, destaca-se a consagração da omissão do registo da prestação de contas durante dois anos consecutivos como causa de dissolução autónoma para efeitos de ins-tauração oficiosa de procedimento administrativo de dissolução. “Estas alterações serão aplicáveis apenas às

situações de incumprimento de obrigação de registo da prestação de contas referente aos exercícios económicos iniciados este ano.”

O mesmo diploma consagra ainda como causa de instauração oficiosa do procedimento administrativo de dissolução e de liquidação a comunicação da caducida-de ou revogação da licença às entidades que operam na Zona Franca da Madeira. “Tal caducidade ou revogação verifica-se em resultado do incumprimento da legislação aplicável, sendo anotada oficiosamente às respetivas ma-trículas na conservatória do registo comercial privativa. Esta alteração visou obviar ao facto da instauração do procedimento se encontrar dependente do impulso dos interessados, o que determinava a existência de muitas sociedades inativas registadas na Conservatória de Re-gisto Comercial da Zona Franca da Madeira.”

Prevê-se que a alteração será apenas aplicável às enti-dades relativamente às quais, à data da entrada em vigor do diploma, já tenha sido comunicado à conservatória do registo comercial privativa a caducidade ou a revoga-ção da respetiva licença.

Incumprimento

É considerada causa de recusa do registo por transcrição o facto de a sociedade se encontrar em incumprimento quanto à obrigação de registo da prestação de contas.

Construção quer assunção de medidas definidas em sede de OE

A Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário (CPCI) avisa que o setor está numa situação de colapso social iminente. “A situ-ação, vivida por aquele que, apesar das dificuldades, é ainda o maior empregador privado nacional, res-ponsável por 620 mil postos de tra-balho, é insustentável e explosiva”.

Perante este cenário, a CPCI re-corda que o Orçamento do Estado para 2013 reconhece que o setor

é um dos mais afetados pela crise que o país atravessa, estabelecendo como objetivo a implementação de uma agenda para a construção e o imobiliário, pelo que exige do Go-verno a imediata concretização das medidas de salvaguarda das empre-sas e a implementação das apostas estratégicas que foram assumidas no referido orçamento. Alerta ain-da para um panorama de verdadei-ra destruição do tecido empresarial

em que o número de encerramen-tos/insolvências atinge 13 mil em-presas. A confederação refere ainda que, desde 2002, se eliminaram mais de 350 mil empregos, sendo que, só nos últimos 12 meses, fo-ram destruídos cerca de 110 mil. Para além de alterações legislativas, haverá ainda que desenvolver o in-vestimento público em infraestru-turas, cumprir prazos de pagamen-to, entre outros aspetos.

18 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

CONTABILIDADE

A Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas admite que o próximo ano será de grandes dificuldades. Ainda assim, prevê um resultado positivo de 364,7 mil euros, contra os quase 444 mil do exercício an-terior. As previsões apontam para rendimentos e ganhos de 14,9 mi-lhões de euros, o que implica uma variação negativa de quase 4%, face ao Plano de Atividades e Orçamento de 2012. A estratégia da Ordem é de continuidade, mas numa perspetiva de maior controlo dos custos e de eficácia nos investimentos a realizar.

Uma das áreas que merecem es-pecial atenção por parte da OTOC é a que respeita à formação, sobretudo porque as permanentes alterações aos quadros normativos fazem com que a atividade dos técnicos oficiais de contas comporte um risco bas-tante acentuado. Daí a necessidade de um esforço acrescido em termos de formação. Assim, vão-se manter as formações eventual, segmentada, permanente, bem como as reuniões livres. Não menos importante é a for-mação à distância e a comunicação.

Neste último caso, vai continu-ar a publicação mensal da “Revista TOC” e a edição duas vezes ao ano da revista científica “Contabilida-de e Gestão”. Quanto ao Canal OTOC, é assumido que se vai con-tinuar a analisar este projeto e tentar a sua reorientação de acordo com as alternativas que melhor cumpram os objetivos pretendidos. Por sua vez, a Pasta TOC e o SITOC são

entendidas como duas das melho-res ferramentas colocadas ao serviço dos profissionais. Mas adianta a en-tidade reguladora: “Temos de saber aproveitar as enormes potencialida-des que a evolução da informática oferece e conceber a sua utilização de forma simples, de modo a que a entendamos com a necessária efici-ência e segurança dos processos.”

O apoio técnico tem assumido uma dimensão notória na atividade dos profissionais. Existem algumas novidades nesta área, como faz saber o Plano de Atividades para o ano que vem. Será implementado um novo prazo de resposta às questões técnicas colocadas pelos membros, não superior a 15 dias, analisar a possibilidade de uma bolsa de em-prego a funcionar no sítio da Ordem e implementar uma ferramenta in-formática (designada TOConline)

que possibilite um contacto direto entre os contribuintes e os TOC. De igual modo, está prevista a realização de reuniões livres em todos os distri-tos do país, a par de conferências so-bre temas de atualidade profissional.

A importância do apoio social

O apoio social aos membros é outra das preocupações constantes no próximo Plano de Atividades. É o caso do Fundo de Solidarieda-de Social, através do qual a insti-tuição garante que nenhum TOC – quando lhe é atribuído o direito à reforma – fique com um rendi-mento líquido inferior à remunera-ção mínima mensal garantida. “O fundo tem uma dotação orçamental de 250 mil euros, sendo este valor todos os anos reposto, aquando do apuramento dos resultados.” O fun-

Apesar das dificuldades de contexto

OTOC prevê um resultado positivode 365 mil euros no próximo ano

Domingues de Azevedo, bastonário da OTOC, assume uma continuidade estratégica, mas com a preocupação de adequar a mesma a uma realidade de sérias dificuldades.

19CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

do tem-se revelado suficiente até ao momento, mas, caso seja necessário, a Ordem diz estar em condições de proceder ao seu reforço.

Entretanto, vai manter-se o segu-ro de responsabilidade civil para os membros da OTOC sem qualquer custo, desde que as quotas estejam pagas. Mas é deixado um aviso: “Pela análise da evolução deste seguro têm--se verificado abusos por parte de al-guns membros que, recorrentemen-te, não submetem dentro dos prazos fixados uma só declaração. Com a entrada em vigor da nova apólice, todas as participações de sinistro são obrigatoriamente apresentadas na Ordem, sendo verificada a sua con-formidade e, em caso disso, enviadas para a companhia de seguros.”

A situação referente ao fundo de pensões vai merecer uma especial atenção, já que se têm registado ren-tabilidades negativas. No entanto, a Ordem considera que o fundo con-tinua a ter um papel importante na estabilidade financeira dos reforma-dos, pelo que há interesse na sua ma-nutenção e no seu desenvolvimento. “Foi definido um limite máximo para a participação no referido fun-do, no sentido que o mesmo desem-penhe efetivamente o papel que lhe está adstrito para funcionar como verdadeiro complemento da refor-ma dos técnicos oficiais de contas. Caso o desenvolvimento financeiro o permita, no decurso do exercício a OTOC contribuirá para o fundo com uma verba de 250 mil euros.”

Seguro de saúde vai continuar operacional

O seguro de saúde é outra ma-téria que está no centro das preocu-pações da Ordem, como é possível verificar no Plano de Atividades.

Como tal, também este seguro será disponibilizado de forma gratuita aos membros. Aliás, é um produto que já tem sido utilizado para su-perar alguns problemas. Mais uma vez, os membros deverão ter a sua inscrição ativa, caso pretendam usufruir do seguro de saúde.

Entretanto, os responsáveis da Ordem garantem que se manterá a estratégia de afirmação da institui-ção a nível internacional. E afirmam a este propósito: “Em confronto di-reto com a realidade internacional, temos tido a oportunidade de con-frontar e confirmar que os caminhos que a profissão tem trilhado, bem como os valores que a norteiam, estão de acordo com as orientações internacionais, estando, nalguns ca-sos, particularmente no que respeita à utilização das tecnologias no exer-cício da profissão, à frente de muitos outros países.”

Neste âmbito, consolidada a ins-crição no IFAC, a Ordem vai agora encetar negociações para a sua ins-crição na Fédération des Experts Comptables Européens (FEE). Por outro lado, continuam a ser desen-volvidos contactos importantes com os profissionais brasileiros. E ambas as partes estão em sintonia quanto a contactos com outras entidades mundiais. Aliás, é intenção continu-ar a reforçar os laços e a colabora-ção com os países de língua oficial portuguesa. A Ordem está já em condições de fornecer formação à distância aos profissionais de Angola e Moçambique. “Em termos globais,

a estratégia, no que respeita às rela-ções internacionais, visa consolidar os vínculos já existentes, criar novas relações no sentido de dar a conhe-cer os seus métodos de trabalho, os seus valores e a perspetiva de evolu-ção da profissão.”

Contexto económico levanta novas dificuldades

No Plano de Atividades, é ainda referido que a instituição está atenta às dificuldades vividas pelos profis-sionais da Contabilidade, face a um contexto económico muito compli-cado. No entanto, a Ordem admite que não deixará de ser uma voz crí-tica, “construtiva e denunciadora do que parece estar mal no universo de intervenção dos profissionais”.

De referir ainda que o ano de 2013, nos termos das disposições es-tatutárias, é um ano em que os mem-bros serão chamados a elegerem os profissionais que entendam apropria-dos para gerirem a Ordem. Quanto à atual direção, diz que um dos ob-jetivos centrais para o ano que vem é “a consolidação da credibilidade construída ao longo de diversos anos, continuando a evoluir no sentido de uma maior visibilidade da profissão aos níveis interno e externo”.

No início de 2013, a Ordem pretende disponibilizar de forma automática o cumprimento das novas exigências introduzidas no IVA pelas recentes alterações legis-lativas, criando maior facilidade de relacionamento entre os TOC e os seus clientes. Ou seja, a Ordem está consciente que é essencial o acompa-nhamento constante do que está em permanente evolução. A profissão de TOC é das que mais têm sentido essa mesma evolução e correspon-dente modernização legislativa, téc-nica e tecnológica.

CONTABILIDADE

FormaçãoUma das áreas que merecem especial atenção por parteda OTOC é a que respeitaà formação

20 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

CONTABILIDADE

Domingues de Azevedo, bastonário da OTOC, avisa

AT tem de garantirnormal funcionamentodos sistemas informáticos

É necessária uma profunda alte-ração, por parte da Autoridade Tri-butária e Aduaneira (AT) no que res-peita à conceção do funcionamento dos seus sistemas informáticos e uma preocupação acrescida de os dotar de meios que possibilitem o seu nor-mal desempenho. Esta a opinião de Domingues de Azevedo, bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC), que insiste na ne-cessidade de uma resposta atempada e eficaz dos serviços fiscais, em ter-mos informáticos, já que as falhas têm sido constantes. A autoridade tributária também tem deveres pe-rante os contribuintes e, consequen-temente, perante os técnicos oficiais de contas.

“A experiência até hoje adquirida com o funcionamento da desmate-rialização das declarações fiscais não é de molde a credibilizar o compor-tamento da AT no que respeita à dis-ponibilização dos meios para o cum-primento das obrigações tributárias. Pelo contrário, tem-se assistido a comportamentos que revelam in-sensibilidade para as consequências de tal atuação e ausência de assun-ção das responsabilidades daí emer-gentes”, defende o responsável de a Ordem. As críticas vão mais longe, sobretudo tendo em conta o facto da administração fiscal só muito rara-mente assumir as suas responsabili-dades.

Adianta Domingues de Azevedo: “A falta de planeamento da AT e das

ações necessárias ao cumprimen-to das obrigações tributárias a que se tem assistido, as interrupções do sistema informático em períodos de-masiado próximos do termo dos pra-zos para o cumprimento dos deveres tributários, bem como o ar cândido como depois procuram esconder os seus erros não abonam a projetar o futuro quando se fala do funciona-mento dos meios informáticos ads-tritos ao sistema fiscal português.” Não é suficiente criar novas funcio-nalidades informáticas. É necessário adaptar a programação e o hardware às necessidades criadas com as novas realidades.

O bastonário da OTOC está pre-ocupado. É que, se nada for feito, serão sempre os mesmos a suportar os custos e as incompetências dos que têm a obrigação legal de dis-ponibilizar os meios e as condições para o cumprimento das obrigações declarativas tributárias. Lembra ain-da que, muitas vezes, os problemas não estão na adoção de novas tecno-logias, mas na criação de meios e for-mas para a sua eficaz e boa utilização.

Defesa dos direitosdos contribuintes

Afinal, o que está em causa são os direitos dos contribuintes. E o Es-tado deveria ser a primeira entidade a respeitar esses mesmos direitos, o que não acontece com alguma fre-quência. Admite que no domínio da

gestão do sistema fiscal se tem assisti-do a uma enorme evolução na liqui-dação, cobrança e controlo das recei-tas fiscais, mas ainda há dificuldades, por parte da autoridade tributária, em lidar com as novas tecnologias. Cometem-se alguns atropelos do Di-reito estabelecido e sempre contra os contribuintes.

“É necessária a sensibilidade e o respeito pelos direitos dos con-tribuintes, contra um pensamento defensor da eficiência, da razão e da verdade previamente concebidas. Vi-vemos num Estado de Direito, onde as normas se devem sobrepor à pro-gramação informática e não ser esta a ditar as regras vigentes.” Ou seja, a evolução tecnológica não pode colo-car em causa os valores éticos. “Toda a evolução deverá ser orientada no sentido de proporcionar ao ser hu-mano melhor vivência, substituindo o concurso humano pela aplicação das novas tecnologias.”

Faz notar Domingues de Azeve-do que esta reflexão vem a propósi-to das alterações introduzidas pelos decretos-lei números 157/2012 e 158/2012, que alteram significativa-mente as obrigações de comunicação dos elementos de faturação à Autori-dade Tributária e Aduaneira. “Estar contra estas medidas é estar contra a evolução das tecnologias e, de algum modo, negar os meios e as condições para que a AT cumpra a sua missão de liquidar e receber os impostos para a gestão da causa social.”

21CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

CONTABILIDADE

Um técnico oficial de contas que não exerce a sua atividade em exclusi-vo para uma entidade tem de resolver um conjunto de questões que, em re-gra, não se esgotam nas esferas conta-bilística e fiscal. De facto, são-lhe so-licitadas opiniões, análises de contas, elaboração de estudos de viabilidade, entre outras tarefas. Como tal, um profissional tem de estar bem prepa-rado. Esta a opinião manifestada pelo TOC e docente universitário Sant´ana Fernandes, em entrevista concedida à revista TOC.

São muitos e complexos os desafios com que se defrontam os profissionais da Contabilidade: desde logo, estão sujeitos a uma pressão permanente dos clientes e da administração tributária. “Têm de iludir a sedução para ser cúm-plice na manipulação da informação e evitar os erros sistémicos, com reper-cussões incalculáveis nas demonstra-ções financeiras. Os erros na Contabi-lidade – e não só – são sistémicos. Um erro no diário repercute-se em diversas demonstrações financeiras, pelo que há que ser minucioso e exato na análise e no tratamento das questões”, refere Sant´ana Fernandes.

Importa ainda ter em conta que a utilidade do que se aprende (e ensina) mede-se nas capacidades criadas para resolver novos ou velhos problemas. “Neste sentido, a Escola não é um princípio nem um fim no processo de aprendizagem. É apenas um momento que deve ser vivido num espírito de partilha de saber e experiência. No que respeita à necessidade de atualização constante dos profissionais e estudan-

tes da Contabilidade, tal fica eviden-te quando se apresenta o SNC ou o modelo das Normas Internacionais de Contabilidade, com a sua dinâmica marcada por frequentes alterações. Para além do que se aborda na formação académica, fica claro que muito existe para desbravar, pesquisar e atualizar.”

Perante este cenário, o também investigador defende que para o TOC a Ordem e outras associações do setor dão um contributo essencial para a atu-alização da classe, pelo que esse desafio está bastante facilitado pelos meios co-locados à disposição. Mas admite que o mercado de trabalho não está fácil para estes profissionais. “Existe a retração resultante do encerramento de muitas empresas e negócios, o que propicia um ambiente muito competitivo e exigente do ponto de vista ético e deontológico nas relações com os clientes e colegas de profissão. Penso que a polivalência é já um dos atributos mais preciosos e necessários para sobreviver neste mo-mento atribulado.”

Considera que a especialização no “core” da atividade não dispensa a ca-pacidade de resposta a muitas outras solicitações. E refere ainda a este pro-pósito, em jeito de conclusão: “Não an-tevejo uma alteração substancial deste quadro, exceto num contexto de alte-ração profunda das exigências legais da contabilidade que poderá excluir deste mercado todas as microempresas.” To-davia, tem dificuldade em reconhecer em que medida a dispensa da contabi-lidade organizada para as microentida-des lhes trará uma redução significativa dos custos administrativos.

Fiscalidade não podeser eliminada

Nas esfera fiscal, Sant´ana Fernan-des não acredita que a dispensa da contabilidade não seja substituída “pela exigência de manutenção de determi-nados registos, na medida em que são operações que geram compromissos fiscais e a Autoridade Tributária quererá elementos de provas documentais e do registo”. Se assim acontecer, manter-se--á, na substância, a carga administrativa num formato sucedâneo, porventura menos verificável e útil, sem ganhos aparentemente significativos.

Apresenta ainda a justificação da relação entre as empresas e a banca: “A avaliação do risco é hoje apoiada na informação financeira, elemento fun-damental na determinação do risco empresarial (e do “spread”). Coloca-se a questão se a ausência de contabilida-de não se traduzirá num fator penali-zador do custo do capital alheio.”

O profissional lamenta a situação que se vive ao nível da carga fiscal que recai sobre as famílias e empresas. Ad-mite que se está no limiar do esforço suportável. Além disso, são cada vez mais aqueles que vivem o terror do de-semprego. “Vivemos um momento de falências diárias, resultantes da contra-ção brutal do consumo e investimento das famílias e empresas, com efeitos diretos nas receitas fiscais. Também se constata que os instrumentos de pou-pança na despesa e de política fiscal são orientados para a redução da mas-sa salarial – por via direta ou indireta –, asfixiando a economia”.

Na perspetiva de Sant´ana Fernandes

TOC estão sujeitos a pressão crescente de clientes e do fisco

22 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

Pequenos contribuintes são os mais penalizados

APOTEC aconselha alteraçõesem sede do Orçamento do Estado

A Associação Portuguesa de Téc-nicos de Contabilidade (APOTEC) considera que o Orçamento do Esta-do contém imprecisões que deveriam ser corrigidas, pelo que os respetivos decretos-lei deveriam ser adiados para o próximo ano. Os temas deverão ser reexaminados e, se possíve,l aperfei-çoados, sob pena de penalizar os con-tribuintes. Em causa estão matérias como os pagamentos por conta do IRC, a taxa de retenção na fonte e o coeficiente de tributação da categoria B do IRS e as obrigações declarativas em sede de IVA, bem como os decre-tos-lei números 197 e 198, ambos do ano passado.

Relativamente aos pagamentos por conta do IRC, acontece que os contribuintes com um volume de ne-gócios acima dos 500 mil euros pas-sam a pagar 95% da coleta do ano, anterior em vez de 90%, e os sujeitos passivos com um volume de negócios igual ou abaixo daquele valor passam a pagar 80% da coleta do exercício anterior, em vez de 70% da referida coleta. A associação avança com uma sugestão. “Se se pretende assumir este caminho nos pagamentos por conta – já muito próximo do limite dos 100% – é da mais elementar justiça e bom senso acabar com os pagamentos es-peciais por conta. E consideramos ser justo porque a criação “ad infinitum” de impostos sobre impostos conduz apenas a mais injustiça e à desobedi-ência aos princípios de uma carga fis-cal justa. Consideramos de bom senso extinguir os polémicos pagamentos especiais por conta, porque haverá

um incumprimento considerável no pagamento de tal taxa.”

Uma outra preocupação da APO-TEC prende-se com a questão do agra-vamento do coeficiente para 80% na categoria B do IRS e o agravamento da taxa de retenção na fonte para a mesma categoria para 25%, correndo-se o ris-co de “uma emigração em massa para o regime de contabilidade organizada, o que piora, em termos de burocracia, a situação do país.” A sugestão é não agravar o coeficiente e a taxa de reten-ção, procurando-se ser mais prudente no cálculo das receitas fiscais a conse-guir, pois o que acaba por se conseguir é apenas o incumprimento das metas que se pretendem atingir.

Em sede de IVA, os mapas reca-pitulativos de clientes e fornecedores passam a ser elaborados, obrigatoria-mente, para todas as empresas que ultrapassem o limite de três mil euros anuais (contra os anteriores 25 mil). Refere a associação a este propósito: “A partir daqui todos os contribuin-tes passam a ser controlados e haverá um aumento dos custos de contexto para as empresas. O Estado continua a preocupar-se com sucessivas obriga-ções estatísticas para as empresas sem qualquer reprodução económica para as mesmas. Se os contribuintes devem

ter a ética de pagar atempadamente os impostos, o Estado não deve im-portunar constantemente as empresas com sucessivas e pesadas burocracias declarativas.” A APOTEC aconselha a que seja mantido nos 25 mil euros o limite para declaração.

Problemas burocráticose de complexidade

Dois outros assuntos merecem es-pecial atenção por parte da associação dos técnicos de contabilidade, o De-creto-Lei 197/2012 (obrigações para emissão e de faturação) e o Decreto--Lei 198/2012 (obrigação de comu-nicação à autoridade tributária da fa-turação emitida). Refere a APOTEC que as exigências presentes no primei-ro decreto deveriam ter como plafond mínimo os 100 mil euros ou as mil faturas anuais, tal como está previsto para a possibilidade de emissão de fa-turas manuais. “Quer dizer, há muitas pequenas empresas sem condições bu-rocráticas para a passagem das faturas manuais, mas também sem condições para o cumprimento das obrigações de faturação por meios informáticos, bem como da respetiva comunicação, enunciadas nestes decretos-lei.”

Antes de mais, é necessário que o Estado compreenda que este momen-to é dramático para muitas empresas fazerem a substituição da máquina registadora e a respetiva programação, que pode ter custos incomportáveis para a esmagadora maioria das peque-nas e microempresas do tecido econó-mico nacional.

CONTABILIDADE

23CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

Metade dos serviços de Finançasfecha até junho

O Governo pretende avançar em força com a reorganização dos serviços locais da Autoridade Tribu-tária e Aduaneira. A intenção passa por encerrar cerca de metade dos serviços locais de Finanças. Há já alguns anos que está na calha este projeto, a intenção era fechar um número considerável de serviços até final de 2013, mas o prazo foi ago-ra alargado por mais um ano. Uma intenção que o Governo pretende mesmo tornar numa realidade o mais rapidamente possível.

Existem atualmente em funcio-namento 355 serviços de Finanças, muitos dos quais estão num estado avançado de degradação. O Gover-no quer concluir o processo de en-cerramento até ao final do próximo mês de Junho. O que ficou acorda-do com a troika, ainda durante a vigência do anterior Executivo, foi fechar 20% até ao final do exercício passado e outro tanto durante o ano agora iniciado. Pelo que se conclui que o processo é mais ambicioso, já que a intenção é encerrar metade desses serviços.

Em muitos casos, garante o Go-

verno, as repartições de Finanças encerradas serão substituídas por balcões de atendimento. A proposta final deste projeto está ainda a ser concluída e o atraso que se verifica tem a ver com o facto do mesmo se integrar num plano mais vasto de racionalização dos serviços públi-cos, incluindo a fusão de freguesias. O mesmo acontece com o novo mapa judiciário, sendo que meia centena de tribunais vão fechar portas.

Quanto aos funcionários das repartições que serão encerradas, o Executivo dá a garantia que os mes-mos serão integrados na inspeção tributária, tendo em conta as regras da mobilidade interna nos serviços públicos. Por sua vez, o posto de atendimento fiscal será criado em coordenação com as autarquias e funcionará, preferencialmente, nas instalações das câmaras municipais. Os postos em causa terão um horá-rio normal de funcionamento. Esse posto fica localizado em todos os concelhos objeto de reestruturação da rede de serviços locais de Finan-ças.

FISCALIDADE

AJUSTAMENTO RESULTA MAIORITARIAMENTE DO IRS

O segundo relatório da sexta avaliação da troika não deixa margem para dúvidas, a tributação sobre os rendimentos do trabalho vai representar perto de metade do esforço de ajustamento este ano. E 80% da austeridade tem a ver com a receita, quando a troika pretendia exatamente o oposto, que dois terços resultassem dos cortes na despesa.Perante este cenário, a Comissão avisa para a necessidade de um plano alternativo, caso as medidas de austeridade não deem os resultados esperados. Isto é, o agravamento dos impostos poderá não resultar na atenuação do défice público. Em termos gerais, o relatório indica que 42,3% da consolidação será feita através da carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho (vulgo IRS), a maior fatia. Aparecem depois os salários dos funcionários públicos e a Segurança Social, ambas as rubricas com 11%. As “gorduras do Estado” vão limitar-se a 5,6% da referida consolidação orçamental.

24 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

FISCALIDADE

Foram introduzidas alterações às regras de faturação em matéria de IVA, decorrente da transposição para a ordem jurídica nacional da diretiva nº 2010/45/UE. O Ministério das Fi-nanças avançou já com algumas ins-truções administrativas. A emissão da fatura deve obedecer às disposições do CIVA sempre que a operação se consi-dere localizada no território nacional.

A emissão da fatura deve obede-cer às disposições contidas naquele código também quando a operação se considere localizada noutro Estado--Membro e o fornecedor dos bens ou serviços seja um contribuinte com a sede, o estabelecimento estável ou o domicílio em território nacional, a partir do qual a operação é realizada e o devedor do imposto for o adqui-rente dos bens ou serviços. E quando a operação se considere localizada fora da UE e o fornecedor dos bens ou ser-viços seja um contribuinte com sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional, a partir do qual a mesma é realizada. No entanto, relativamente às operações intraco-munitárias localizadas em território nacional, em que ocorre o “reverse change”, a emissão de fatura pelo for-necedor não está sujeita às disposições do CIVA, exceto quando o adquirente procede à autofaturação.

De notar que se passou a determi-nar a obrigação de emissão de fatura para todas as transmissões de bens ou prestações de serviços, incluindo os pagamentos antecipados, inde-pendentemente da qualidade do ad-quirente ou do destinatário dos mes-mos, ainda que estes não a solicitem. Subsiste a dispensa relativamente a

contribuintes que praticam exclusiva-mente operações isentas do imposto que não conferem direito à dedução, exceto quando confiram o direito à dedução. Destaque para a obrigação de emissão de fatura pela realização de prestações de serviços financeiros e de seguros, quando o destinatário esteja domiciliado fora da UE ou quando as mesmas estejam ligadas a bens que se destinam a países terceiros.

A fatura deve ser emitida até ao quinto dia útil seguinte ao do mo-mento em que o imposto é devido, na data do recebimento no caso de pagamentos relativos a transmissões de bens ou de prestações de serviços ainda não efetuadas e no caso de pres-tações intracomunitárias de serviços que sejam tributáveis noutro Estado--membro. Agora é dispensada a men-ção, na fatura, do nome e do domi-cílio do adquirente, quando este não seja contribuinte do imposto e o valor da fatura seja inferior a mil euros. Mas a obrigação mantém-se, sempre que tal menção seja solicitada.

Processamento das faturas

As faturas devem ser processadas por sistemas informáticos ou pré--impressas em tipografias autorizadas

pelas Finanças. As faturas podem, sob reserva de aceitação pelo destinatário, ser emitidas por via eletrónica, desde que seja garantida a autenticidade da sua origem, a integridade do seu con-teúdo e a legibilidade para efeitos de auditoria. A garantia da autenticidade da origem e a integridade do conteú-do passam a poder asseguradas, para além da aposição da assinatura eletró-nica e da utilização do sistema de in-tercâmbio eletrónico de dados, através de qualquer sistema de controlo de gestão que crie uma pista de auditoria fiável entre as faturas e as operações que as mesmas titulam.

Importante é que deixa de ser pos-sível a emissão de talão de venda. Há a possibilidade de emissão de uma fa-tura simplificada em certas operações tributáveis, quando o imposto seja devido em território nacional, desig-nadamente transmissões de bens efe-tuadas por retalhistas ou vendedores ambulantes a adquirentes não sujei-tos passivos quando o valor da fatura não seja superior a 100 euros e outras transmissões de bens e prestações de serviços, independentemente da qua-lidade do adquirente ou destinatário, quando o valor da fatura não seja su-perior a 100 euros.

A fatura simplificada tem de con-ter o nome ou a denominação social e número de identificação fiscal do fornecedor dos bens ou prestador dos serviços, a quantidade e a denomina-ção usual dos bens transmitidos ou serviços prestados, o preço líquido de imposto, a taxa ou as taxas aplicáveis e o montante do imposto devido ou o preço com a inclusão do imposto e a taxa ou taxas aplicáveis, bem como

Diretiva obriga à introdução de alterações da faturação em matéria de IVA

25CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

FISCALIDADE

o NIF do adquirente ou destinatário, quando este seja sujeito passivo do imposto. Deve conter ainda o NIF do adquirente ou destinatário que não seja sujeito passivo do imposto, quan-do este o solicite.

Nas prestações de serviços de trans-porte, estacionamento, portagens e en-tradas em espetáculos, a obrigação de emissão de fatura pode ser cumprida

com a emissão do respetivo bilhete de transporte, ingresso ou outro documen-to ao portador e comprovativo do paga-mento. Nas transmissões de bens efetu-adas através de aparelhos de distribuição automática que não permitam a emis-são da fatura, aquela obrigação pode ser cumprida com o registo das operações.

Quando o valor tributável de uma operação ou o correspondente impos-

to sejam alterados, deve ser emitido documento retificativo da fatura – nota de crédito ou débito – não po-dendo ser emitida nova fatura como forma de retificação do valor tribu-tável ou do correspondente imposto, sem prejuízo da possibilidade de anu-lação da fatura inicial e a sua substi-tuição por outra, quando a retificação se deva a outros motivos.

AT esclarece situações relacionadascom IRS e tributação de software

A Autoridade Tributária fez publi-car uma informação vinculativa rela-tiva ao regime de tributação em sede de IRS, do ganho inerente à diferença entre o custo de aquisição e o valor de reembolso de obrigações adquiridas no mercado bolsista a uma cotação “abaixo do par”.

Quanto a valores mobiliários que não sejam partes sociais, apenas são passíveis de qualificação como mais--valias os ganhos resultantes de “alie-nação onerosa”. Pela definição geral de “rendimentos de capitais”, estes devem atender a determinadas carate-rísticas essenciais, tratar-se de “frutos e demais vantagens económicas, qual-quer que seja a sua natureza, denomi-nação e a forma em que se expressem, e as suas fontes compreenderem ativos de natureza mobiliária em sentido am-plo – elementos patrimoniais, bens, direitos ou situações jurídicas – ou a ocorrência de factos (modificação, transmissão ou cessação) que afetam ou implicam aqueles ativos, com a res-salva de que os rendimentos não sejam tributados noutras categorias.

Incluem-se todos os rendimentos da aplicação direta e indireta de capi-tais e, designadamente, os chamados

“rendimentos implícitos”, como a di-ferença entre o montante mutuado, depositado ou aplicado e o obtido através da alienação, amortização ou reembolso, relativamente a capitais mutuados, depositados ou aplicados em obrigações, títulos de participação e outros valores mobiliários similares, em que o rendimento está, total ou parcialmente, implícito naquela dife-rença. Consequentemente, o diferen-cial positivo apurado no momento do reembolso de obrigações constitui, na sua essência, um rendimento de apli-cação de capitais consubstanciada na aquisição da obrigação.

De facto, o preço de mercado de uma obrigação, num mercado eficien-te, deve ser igual ao valor de reembolso do valor facial, acrescido dos eventuais juros periódicos associados. Ou seja, o preço da obrigação será igual ao benefí-cio económico de todos os direitos que foram adquiridos com a sua compra – relativamente ao rendimento de aplica-ções alternativas substitutas próximas – independentemente da obrigação poder ser comprada acima ou abaixo do par.

A AT esclarece ainda que o rendi-mento de capital a considerar nesses casos se consubstanciará na diferença

positiva apurada no momento de re-embolso de obrigações entre o mon-tante do reembolso e o custo de aqui-sição dos títulos.

Cópias estandardizadasde software

A Autoridade Tributária veio também a público com uma ficha doutrinária a propósito da tributação de software. Assim, os pagamentos respeitantes ao direito de distribuir cópias estandardizadas de software, excluindo o direito de as adaptar ou de reproduzir, não devem ser conside-rados como “royalties”, mas como lu-cros empresariais, no âmbito da Con-venção da OCDE.

Deste modo, não estão, na ausên-cia de estabelecimento estável situado em território português ao qual tais pagamentos sejam imputáveis sujeitos a imposto na fonte. Ora, este enten-dimento aplica-se a partir de Julho de 2008 a todas as convenções para evitar a dupla tributação celebradas Portugal e que a este respeito sigam o Modelo de Convenção da OCDE e não conte-nham quaisquer disposições em con-trário.

26 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

FISCALIDADE

Operação

Admite o fisco que nãose vislumbram motivações económicas válidas na basedesta operação.

A aplicação do regime especial de neutralidade fiscal às operações de fusão inversa e a venda de bens à consignação para a União Europeia e países terceiros são duas matérias que têm levantado dúvidas aos con-tribuintes em sedes de IRC e IVA, respetivamente. A Autoridade Tri-butária e Aduaneira fez publicar duas fichas doutrinárias em que dá conta do entendimento e de quais os procedimentos a tomar perante estas duas situações.

No primeiro caso, pretendia-se saber se uma operação de fusão, em que a sociedade incorporada é totalmente detida pela sociedade incorporada – chamada de “fusão

inversa” – e na qual, em resulta-do dessa operação, se verifica um aumento de capital da sociedade incorporante, para atribuição das correspondentes partes sociais aos sócios da sociedade incorpora-da, pode beneficiar do regime de neutralidade fiscal, como previsto no Código do IRC. “Verifica-se que dos elementos patrimoniais a transferir por parte da sociedade fundida para a sociedade incor-porante, o único bem assenta na participação que a primeira detém nesta última e que, em consequên-cia da fusão, serão registadas como ações próprias na sociedade incor-porante.”

Refere a AT que, numa opera-ção como esta, em que os únicos ativos transferidos são as próprias participações sociais detidas na in-corporante, a situação reconduz--se à dissolução da sociedade mãe com a correspondente entrega das participações na filial aos sócios da-quela. Neste caso também é posta em causa a lógica da continuidade e que é um dos princípios básicos

Regime especial de neutralidade fiscal não se aplica a operações de fusão inversa

27CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

IVA

Importa notar que o IVAé um imposto de matriz comunitária, cujas normasestão harmonizadas.

para a aplicação do regime especial de neutralidade. Do ponto de vista económico, “não se distingue entre incorporar o património da socie-dade fundida na sociedade por si detida a 100% ou proceder à sua liquidação, com a consequente par-tilha do património pelos acionis-tas, a não ser pela tributação que se evita com a primeira situação, caso lhe seja aplicável o regime de neu-tralidade fiscal”.

Considera a AT que os efeitos desta operação de fusão se afas-tam dos efeitos que se pretendem atingir com a estatuição de um re-gime de neutralidade fiscal. Como numa fusão neutral não se verifi-cam os efeitos de uma transmissão, permitindo aquele regime um dife-rimento da tributação respeitante aos bens transmitidos, nunca che-garia a verificar-se essa tributação, na medida em que não existem bens no ativo corrente da empresa suscetíveis de gerar um diferimen-to de tributação.”

Assim sendo, admite o fisco que não se vislumbram motivações económicas válidas na base desta operação. Pelo que a operação em causa não pode beneficiar do regi-me especial de neutralidade fiscal, devendo antes ser tido em conta o regime geral das fusões previsto em sede do IRC.

Venda de bens à consignação para a UE e países terceiros

Relativamente ao IVA, mais concretamente quanto à venda de bens à consignação para a UE e paí-ses terceiros, o que estava em causa era a colocação daqueles à consig-nação em clientes domiciliados em países comunitários e terceiros, sem transmissão de direito de proprie-

dade, fazendo acompanhar esses mesmos bens de “packing list”, sem emissão de fatura. Semanalmente, em função dos bens vendidos pelos seus clientes, emitiria as faturas re-lativas às transmissões intracomuni-tárias. No final da estação, os bens não vendidos pelos clientes seriam devolvidos. Uma vez mais, a AT chega à conclusão que os procedi-mentos apresentados não são acei-táveis.

Importa notar que o IVA é um imposto de matriz comunitá-ria, cujas normas estão harmoni-zadas. “Considera-se transmissão de bens efetuada a título oneroso a transferência de bens móveis ou corpóreos expedidos ou transpor-tados pelo contribuinte ou por sua conta, com destino a outro Estado--Membro, para as necessidades da sua empresa. Estas operações são isentas de IVA, todavia são sujeitas a tributação no Estado-Membro de destino dos bens, por aí serem assimiladas a aquisições intraco-munitárias de bens. O valor tribu-tável destas operações é determi-nado no CIVA, ou seja, é o preço de aquisição dos bens ou, na sua falta, o preço do custo, reporta-dos ao momento da realização das operações, incluindo os impostos, direitos, taxas e outras imposições, com exceção do próprio IVA, bem como as despesas acessórias debi-tas e as subvenções diretamente relacionadas com o preço de cada operação.”

Deve ser emitida fatura ou do-

cumento equivalente e as trans-missões intracomunitárias devem ser relevadas pelo montante total das operações realizadas em cada período de imposto, na respeti-va declaração periódica de IVA e discriminadas nas declarações recapitulativas. “Tendo em conta a assimilação a transmissão intra-comunitária, a afetação por um contribuinte às necessidades da sua empresa, no território nacional, de um bem expedido ou transportado a partir de outro Estado-Membro no qual tenha sido produzido, ex-traído, transformado, adquirido ou importado pelo sujeito passivo, no âmbito da sua atividade configura uma operação assimilada a aqui-sição intracomunitária de bens. A norma contempla a devolução dos bens entregues à consignação e não vendidos.”

Pela realização de cada uma das operações deve também ser emitida fatura ou documento equivalen-te, onde será liquidado o corres-pondente imposto, relevando-a na declaração periódica do período de imposto respetivo. Pode-se, si-multaneamente, exercer o direito à dedução, incluindo o respetivo im-posto, num dos campos possíveis e consoante a taxa aplicável.

A Autoridade Tributária faz ain-da notar que quanto à saída de bens do território nacional com destino a países não pertencentes à União Europeia, enviados à consignação, e o consequente retorno dos que não tenham sido vendidos, o CIVA não prevê uma norma específica de isen-ção, sendo certo que está prevista a isenção do imposto na reimporta-ção de bens no Estado em que fo-ram exportados, por parte de quem os exportou, e que beneficiem de franquia aduaneira.

FISCALIDADE

28 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

FISCALIDADE

Em novembro foi superada fasquia de 1,1 mil milhões de euros

AT ultrapassa meta estabelecidapara a cobrança coerciva

A Autoridade Tributária continua a apertar o cerco a quem possui dívi-das fiscais. Prova disso mesmo é que, em novembro, foi superada a meta de cobrança coerciva prevista para este ano. A máquina fiscal dá sinais de me-lhor funcionamento, sobretudo tendo em conta a necessidade de garantir re-ceita fiscal. Entretanto, caberá ao fisco assumir a cobrança coerciva de pro-pinas devidas a instituições de ensino superior público.

Até Novembro, o fisco conseguiu cobrar 1,106 mil milhões de euros, acima dos 1,1 mil milhões estabeleci-dos para a globalidade do ano. Ainda falta o mês de Dezembro para serem fechadas estas contas. A Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais considera que se trata de um resultado muito positivo, face à conjuntura económica que se atravessa. O Governo diz que este desempenho se fica a dever, sobre-tudo, à crescente eficácia e capacidade da AT no combate ao incumprimento fiscal e na cobrança coerciva de dívi-das tributárias, “fruto da moderniza-ção e das recentes reformas operadas na administração fiscal”.

Mas importa notar uma circuns-tância, é que há cada vez uma maior preocupação, por parte dos contribuin-tes, em regularizarem voluntariamente os seus deveres fiscais. Tal é notório no facto dos pagamentos serem realizados dentro dos prazos legais, ainda que por vezes com muitas dificuldades. Refere a tutela a este propósito: “O desempe-nho da AT, tanto ao nível da recupera-ção das receitas fiscais em dívida, como da diminuição do incumprimento fis-

cal, representa um contributo funda-mental para assegurar um sistema fiscal mais justo e equitativo.”

Também a lista de devedores públi-ca bateu um novo recorde. Conta agora com mais de 34 700 nomes de deve-dores que estão sem maneira de pagar as dívidas ou bens para penhorar. No ano passado, mais de 11 mil benefícios fiscais foram cancelados, depois de ter sido detetado que tinham dívidas fiscais em atraso. Convém referir que, tam-bém no exercício fiscal anterior tinham sido atingidos recordes em termos de eficiência na cobrança de impostos.

AT estende cobrança coercivaa incumprimento de propinas

Perante o cenário de incumpri-mento de pagamento de propinas às instituições públicas de ensino supe-rior, a AT decidiu assumir a sua co-brança coerciva. Considera a AT que as propinas devidas a instituições de ensino superior são tributos, enqua-drados na subcategoria das taxas, “uma vez que preenchem todos os requisitos doutrinais para a integração neste tipo de receitas públicas”. Trata-se de uma prestação patrimonial, definitiva, defi-nida por lei em sentido lato, a favor de entidades que têm a seu cargo o exercí-cio de funções públicas para satisfação de fins públicos, que não constitui san-

ção de atos ilícitos e que não depende de vínculos anteriores. “No âmbito da autonomia financeira de que gozam, as propinas são receitas próprias destas instituições.”

Adianta a Autoridade Tributá-ria que as propinas, como prestações pecuniárias devidas a instituições de ensino superior público e estabele-cidas por ato administrativo, podem ser objeto de cobrança coerciva, nos casos de falta de pagamento voluntá-rio, a efetuar através do processo de execução fiscal previsto no Código do Processo de Procedimento Tributário (CPPT). “As certidões de dívida emi-tidas pelas instituições credoras têm força executiva, desde que obedeçam às normas que constantes daquele có-digo. Compete à AT a cobrança coer-civa das propinas e respetivos juros de mora devidos a estas instituições.”

Compete ao serviço de Finanças do domicílio do devedor que estiver indi-cado nas certidões de dívida, emitidas por falta de pagamento voluntário de propinas, respetivos juros de mora e encargos administrativos, instaurar o tramitar o processo executivo, com base nos títulos executivos emitidos pelas instituições de ensino superior público. “Excetuam-se os casos em que tais títulos executivos deverão ser devolvidos às entidades emitentes. De-verão igualmente ser devolvidas as cer-tidões de dívida que visem a cobrança de receitas das instituições de ensino superior público, mas que, ao contrá-rio das propinas, não sejam susctíveis de cobrança coerciva mediante proces-so de execução fiscal.”

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FISCALIDADE

Estudo da KPMG é elucidativo

Orçamento do Estadoé dos mais penalizadores de sempre

O Orçamento do Estado para 2013 vai dificultar fortemente a vida dos Portugueses. A carga fiscal é agravada a limites jamais vistos, como é possível de-duzir da análise realizada pela consultora KPMG. A “Contabilidade & Empresas” apresenta uma síntese dessa análise, dando especial destaque àqueles impos-tos que têm maior incidência sobre a vida dos cidadãos e contribuintes. Certo é que se avizinham tempos mui-to difíceis.

No que toca ao IRC, o regime de subcapitalização até agora em vigor dá lugar a um novo regime de limita-ção à dedutibilidade dos juros e outros gastos de finan-ciamento líquidos, nos termos do qual estes encargos em sede de IRC são dedutíveis até à concorrência do maior dos limites de três milhões de euros ou 30% do EBITDA. Este segundo limite, transitoriamente, será de 70% do EBITDA em 2013, havendo depois uma desci-da até 30% nos períodos de tributação iniciados em ou após janeiro de 2017. Os juros e outros gastos de finan-ciamento líquidos que excedam aqueles limites podem ser deduzidos ao lucro tributável de um ou mais dos cinco períodos de tributação posteriores, em, conjunto com os gastos financeiros desse mesmo período e sempre sujeitos aos mesmos limites.

Nas situações em que o montante dos juros e outros gastos de financiamento líquidos deduzidos num deter-minado período de tributação seja inferior à referida per-centagem do EBITDA, a parte não utilizada poderá ser acrescida ao limite a considerar em cada um dos cinco períodos de tributação posteriores, até à sua total utiliza-ção. No conceito de “gastos de financiamento líquidos” entendem-se as importâncias devidas ou associadas à re-muneração de capitais alheios, designadamente juros de descobertos bancários e de empréstimos obtidos a curto e longo prazos, juros de obrigações e outros títulos idên-ticos, amortizações de descontos ou de prémios relacio-nados com empréstimos obtidos, amortizações de custos acessórios incorridos em ligação com a obtenção de em-préstimos, encargos financeiros relativos a locações finan-ceiras e diferenças cambiais provenientes de empréstimos em moeda estrangeira. Nas situações em que é aplicável o

Regime especial de Tributação dos Grupos de Sociedades, os limites devem ter em conta cada uma das sociedades do grupo.

Os pagamentos adicionais por conta passam a ser determinados pela aplicação ao lucro tributável do exer-cício anterior das taxas de 2,5% sobre a parcela do lucro tributável entre 1,5 e 7,5 milhões de euros e de 4,5% sobre a parcela que exceda 7,5 milhões de euros. Tam-bém é alterada a fórmula de cálculo dos pagamos por conta de IRC, tendo agora como base 80% da coleta do exercício anterior para um volume de negócios até 500 mil euros e 95% para os restantes. A limitação dos pagamentos por conta passa a ser apenas possível relati-vamente à terceira entrega por conta.

Redução dos escalões de IRS

Quanto ao IRS, destaque para as alterações intro-duzidas ao nível das taxas gerais de imposto. Os es-

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FISCALIDADE

calões de rendimento coletável são reduzidos de oito para cinco, sendo introduzidas novas taxas marginais, com aumento da taxa mínima para 14,5% e da má-xima para 48%, enquanto a taxa adicional de solida-riedade passa a incidir sobre o rendimento coletável que exceda 80 mil euros, às taxas de 2,5% e 5%. Por sua vez, é introduzida uma sobretaxa de 3,5% a aplicar sobre a parte do rendimento coletável de IRS e ficam sujeitos à sobretaxa as gratificações auferidas pela pres-tação de trabalho, quando não atribuídas pela entidade patronal, nem por entidade que com esta mantenha relações de grupo, domínio ou simples participação. O mesmo se passa com os rendimentos das categorias A e B auferidos por residentes não habituais em ativi-dades de elevado valor acrescentado, acréscimos patri-moniais não justificados e rendimentos de capitais de-vidos por entidades domiciliadas em país, território ou região sujeitas a um regime fiscal mais favorável, que não tenham sido sujeitos a retenção na fonte em Portu-gal. É estabelecida uma dedução à coleta da sobretaxa correspondente a 2,5% do valor da retribuição míni-ma mensal por cada dependente ou afilhado civil que não seja contribuinte de IRS. A retenção será efetuada mensalmente pelas entidades devedoras do rendimen-to do trabalho dependente e de pensões, no momento do pagamento do rendimento ou da sua colocação à disposição. A taxa aplicável será de 3,5% sobre a parte do valor do rendimento mensal líquido que exceda o valor da retribuição mínima mensal garantida.

É aumentada para 28% a taxa de retenção na fonte aplicável a rendimentos de capitais, incluindo juros e di-videndos. E passa para 25% a taxa de retenção na fonte aplicável aos rendimentos do trabalho dependente, ren-dimentos empresariais e profissionais, royalties, pensões e alguns incrementos patrimoniais pagos a pessoas sin-gulares não residentes. Os rendimentos prediais passam a ser tributados à taxa autónoma de 28%, quer sejam obtidos por pessoas singulares residentes, quer por pes-soas singulares não residentes.

Quanto à dedução à coleta, é reduzida para 213,75 euros a dedução pessoal que, por regra, é aplicável por cada contribuinte de imposto e é aumentada para igual valor a dedução pessoal por cada dependente ou afilha-do civil que não seja contribuinte e tenha mais de três anos, passando para 237,50 nos agregados com três ou mais dependentes. É aumentada de 380 para 427,50 a dedução relativa a dependentes que não ultrapassem três anos de idade até final de Dezembro e reduzida para

332,50 a dedução por contribuinte nas famílias mono-parentais.

O somatório das deduções à coleta com despesas de saúde, educação e formação, pensões de alimentos e en-cargos com imóveis e lares, sofre uma nova limitação. Os limites previstos para os segundo, terceiro e quarto escalões são majorados em 10% por cada dependente ou afilhado civil não contribuinte de IRS. A soma dos benefícios fiscais dedutíveis à coleta (PPR, seguros de saúde, contribuições para o regime público de capitali-zação e donativos) sofre nova limitação, em função do escalão de rendimento coletável.

É aumentada para 25% a taxa de retenção na fon-te aplicável aos rendimentos empresariais e profissio-nais decorrentes de prestações de serviços auferidos por contribuintes residentes e aumentada para igual percentagem a retenção na fonte aplicável aos rendi-mentos prediais. Aumenta-se para 45% a taxa máxima de retenção na fonte das categorias A (trabalho depen-dente) e H (pensões). São reduzidos os limites de atri-buição de ajudas de custo a funcionários públicos em deslocações ao estrangeiro – com impacto no limite de exclusão de tributação para efeitos de IRS – sendo fixados em 100,24 euros para os membros do Governo e 89,35 para os trabalhadores da função pública com remuneração base superior ao nível 18.

Contribuição extraordinária de solidariedade

A contribuição extraordinária de solidariedade pas-sa a ser devida à taxa de 3,5% sobre a totalidade das pensões de valor mensal entre 1 350 e 1800 euros, a uma taxa global entre 3,5% e 10% sobre pensões que, mensalmente, variem entre 1 800 e 3 750 euros, à taxa de 10% sobre a totalidade das pensões de valor mensal superior a 3 750 euros, à qual acrescem as taxas de 15% sobre o montante entre 12 e 18 vezes o indexante dos apoios sociais (IAS) e 40% sobre o montante que exceda 18 vezes aquele indexante.

Para além das pensões, ficam sujeitas a esta contri-buição todas as prestações pecuniárias vitalícias devidas a qualquer título a aposentados, reformados, pré-apo-

Retenção

É aumentada para 28% a taxa de retenção na fonte aplicável a rendimentos de capitais, incluindo jurose dividendos.

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FISCALIDADE

sentados ou equiparados que não estejam expressamente excluídas por disposição legal, incluindo as atribuídas no âmbito do sistema complementar, independentemente da sua designação, da natureza pública, privada ou co-operativa da entidade processadora, da natureza públi-ca, privada ou outra, da entidade patronal ao serviço da qual foram efetuados os respetivos descontos ou contri-buições e ainda do tipo de regime, legal, convencional ou contratual subjacente à sua atribuição, e da proteção conferida, de base ou complementar. A contribuição ex-traordinária de solidariedade não é aplicável à compo-nente de reembolso de capital das prestações pecuniárias vitalícias devidas por companhias de seguros. Prevê-se que esta contribuição não possa determinar uma presta-ção mensal total ilíquida inferior a 1 350 euros.

Entretanto, o regime de atualização anual do IAS mantém-se suspenso durante o ano, continuando este fixado em 419,22 euros. Prevê-se a possibilidade das dí-vidas à segurança social não serem objeto de participa-ção para execução, quando o seu valor acumulado não atinja os limites estabelecidos anualmente. De referir ainda a sujeição a contribuições para a segurança social das prestações de doença à taxa de 5%, exceto nas situ-ações referentes a períodos de incapacidade temporária de duração inferior a 30 dias e das prestações de desem-prego, à taxa de seis pontos percentuais. De notar que a sujeição a contribuições não pode prejudicar a garantia do valor mínimo das prestações nos termos dos respeti-vos regimes jurídicos.

Mexidas importantes no IVA

Um outro imposto passa por alterações importantes, designadamente o IVA. Desde logo, a isenção prevista para as transmissões de bens e prestações de serviços das explorações agrícolas deixa de ser aplicável, passando a ser tributadas à taxa reduzida. Destaque para a dedução de IVA no âmbito do mecanismo de “reverse charge”. Isto é, nos casos em que a obrigação de liquidação e pa-gamento do IVA recai sobre o adquirente dos bens e serviços – inversão do sujeito passivo ou “reverse charge” – passa apenas a conferir o direito à dedução do imposto que for liquidado por força dessa obrigação.

Está também previsto no orçamento que a AT pas-se a poder alterar oficiosamente os elementos relativos à atividade do contribuinte nos casos de não exercício da atividade ou de exercício desacompanhado de uma estrutura empresarial adequada, falsidade dos elementos

declarados, fundados indícios de fraude, não apresenta-ção de declarações periódicas e recapitulativas por perí-odo mínimo de um ano ou apresentação de declarações sem evidência de atividade pelo mesmo período.

São introduzidas alterações no regime de regulari-zação do IVA em créditos incobráveis, atualmente em vigor, com especial enfoque no âmbito de aplicação do regime e nos procedimentos específicos para o ajusta-mento do IVA a favor dos contribuintes. Das alterações consta a distinção expressa entre créditos de cobrança duvidosa e créditos incobráveis, a exclusão da possibi-lidade de regularização do imposto quando existam re-lações especiais entre os sujeitos passivos ou os créditos estejam cobertos por seguro ou sejam créditos sobre o Estado, regiões autónomas e autarquias locais.

Outras alterações são importantes, como o regime--regra de regularização dos créditos de cobrança duvido-sa dependente de pedido de autorização prévia. Se não for notificada decisão expressa no prazo de oito meses, presume-se o indeferimento para créditos iguais ou su-periores a 150 mil euros por fatura, IVA incluído. No caso de créditos de valor inferior, presume-se o deferi-mento.

Dispensam-se do regime de autorização prévia os créditos em mora há mais de seis meses desde a data do respetivo vencimento, cujo valor não seja superior a 750 euros (IVA incluído) sobre particulares ou contribuintes que realizem apenas operações isentas sem direito à de-dução e em casos específicos, no âmbito de processos ju-diciais ou do sistema de recuperação de empresas por via extrajudicial. De salientar a notificação do adquirente pela AT da pretensão de regularização do imposto pelo fornecedor e, caso aplicável, obrigatoriedade de regula-rização do IVA anteriormente deduzido por este, a favor do Estado.

Os contribuintes perdem o direito à dedução do imposto respeitante a créditos considerados de cobran-ça duvidosa ou incobráveis sempre que ocorra a trans-missão da titularidade do crédito subjacente. E ocorre a regulamentação dos procedimentos de regularização do IVA, prazos respetivos e documentação de suporte,

Isenção

A isenção prevista para as transmissões de bense prestações de serviços das explorações agrícolasdeixa de ser aplicável, passando a ser tributadasà taxa reduzida.

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FISCALIDADE

nomeadamente a exigência de certificação pelo ROC do cumprimento dos requisitos legais para a dedução do imposto respeitante a créditos considerados incobráveis.

Agravamento é generalizado

Os agravamentos não se ficam por aqui. De facto, os impostos especiais sobre o consumo são aumentados e o mesmo se passa com o imposto único de circulação. Mas é também no IMT e no IMOI que se verificam altera-ções significativas. Passa a encontrar-se sujeita a IMT a atribuição de bens imóveis como reembolso em espécie de unidades de participação, resultante da liquidação de fundos de investimento imobiliário fechados de subscri-ção particular.

As transmissões de bens imóveis propriedade de fundos de investimento imobiliário fechados de subs-crição particular no âmbito de operações de fusão ou cisão passam a ser tributadas em sede de IMT, incidin-do o imposto sobre o valor patrimonial tributário dos imóveis transmitidos no âmbito daquelas operações ou, se superior, sobre o valor pelo qual esses imóveis sejam refletidos no ativo dos fundos de investimento.

Quanto ao IMI, é alterado o seu modelo de pa-gamento. Passa a ser pago numa prestação no mês de Abril, quando o seu montante seja igual ou inferior a 250 euros. Em duas prestações, nos meses de abril e Novembro, quando o seu montante seja superior a 250 euros e igual ou inferior a 500. Em três prestações, em Abril, Julho e Novembro, quando o seu montante seja superior a 500 euros.

Os benefícios fiscais sofrem igualmente mudanças substanciais. O saldo anual entre as mais e menos--valias obtidas por fundos de investimento mobiliário passa a ser tributado à taxa de 25%. Os rendimentos prediais obtidos por fundos de investimento imobili-ário passam a estar sujeitos à tributação autónoma de 25%. E é revogada a exclusão de tributação do saldo positivo entre as mais e menos-valias resultante da alie-nação por parte de fundos de investimento, de ações detidas durante mais de 12 meses, obrigações e outros títulos de dívida. Quanto aos pequenos investidores, é revogada a isenção de IRS prevista para o saldo posi-tivo (até ao valor anual de 500 euros) entre as mais e menos-valias, resultantes da alienação de ações, obri-gações e outros títulos de dívida obtidos por residentes em território nacional.

Os benefícios fiscais em sede de IRS, IRC, Imposto

do Selo e IMT, aplicáveis no âmbito de planos de insol-vência, pagamentos ou liquidação da massa insolvente, passam a ser extensíveis aos planos de recuperação. A concessão destes benefícios fiscais passa a estar sujeita a reconhecimento prévio da AT.

Quanto ao Regime Geral das Infrações Tributárias, é reduzido de 7 500 para 3 500 o limiar a partir do qual se considera que constituem fraude contra a segurança so-cial as condutas das entidades empregadoras, dos traba-lhadores independentes e dos beneficiários que visem a não liquidação, entrega ou pagamento ou o recebimento indevido de prestações de segurança social com intenção de obter para si ou para outrem vantagem ilegítima.

Prevê-se a possibilidade de dispensa de aplicação de coima, em caso de pedido de redução de coima apresen-tado até ao termo do procedimento de inspeção tribu-tária, quando o agente seja pessoa singular e nos cinco anos anteriores não tenha sido condenado por decisão transitada em julgado, em processo de contra-ordenação ou de crime por infrações tributárias, beneficiado de pa-gamento de coima com redução ou beneficiado de dis-pensa de aplicação de coima.

É concedida ao Governo uma autorização legislati-va para alteração das regras previstas no Regime Com-plementar do Procedimento de Inspeção Tributária, no sentido de alargar o prazo de audição prévia, delimitar o momento até ao qual poderá ser suscitada a ampliação do prazo do procedimento de inspeção e definir as situ-ações que conduzem à respetiva suspensão.

É concedida uma autorização legislativa ao Gover-no para proceder à introdução de um regime simplifi-cado e facultativo de exigibilidade de caixa aplicável às pequenas empresas que não beneficiem de isenção de IVA, permitindo que estas exerçam o direito à dedução do IVA e paguem o imposto devido no momento do efetivo pagamento ou recebimento, respetivamente. O novo regime será limitado aos contribuintes cujo vo-lume de negócios anual não seja superior a 500 mil euros.

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FISCALIDADE

Foi transposta para a ordem jurí-dica nacional a Diretiva nº 2010/24/UE, relativa à assistência mútua em matéria de cobrança de créditos res-peitantes a impostos, direitos e ou-tras medidas. Com esta diretiva são introduzidas profundas alterações em matéria de assistência mútua na cobrança entre Estados-Membros. O que se pretende é dar resposta à ame-aça que o aumento da fraude consti-tui para os interesses financeiros da União e para o bom funcionamento do mercado interno. Além disso, será um modo de salvaguardar a compe-titividade e a neutralidade fiscal no espaço comunitário.

Bruxelas faz notar que esta me-dida era apontada como parte inte-grante de uma estratégia coordena-da na luta contra a fraude ao IVA, em termos europeus. Desta feita, foi alargado o âmbito de aplicação do regime de assistência mútua aos créditos respeitantes a impostos e direitos ainda não abrangidos pela assistência mútua à cobrança. E são definidas regras mais claras e preci-sas para a sua aplicação, de modo a proporcionar uma troca de informa-ções mais ampla entre os Estados--Membros e abranger todas as pes-soas singulares ou coletivas e outras estruturas jurídicas na UE, tal como todos os créditos das autoridades públicas respeitantes a impostos, di-reitos, restituições e intervenções e ainda a quotizações, designadamen-te todos os créditos pecuniários de pessoas singulares ou coletivas ou de terceiros que as substituam na obri-gação de pagamento.

Com a nova regulamentação é estabelecido um sistema comum de assistência à cobrança ao nível da UE, baseado num título execu-tivo uniforme e num formulário--tipo para notificação de atos, do-cumentos, instrumentos e decisões relativas a um crédito, permitindo superar, designadamente, proble-mas de reconhecimento e tradução de instrumentos emanados de ou-tros Estados-Membros. É também criada a base jurídica necessária para se proceder à troca de informações sem pedido prévio sobre reembolsos específicos que venham a ser efetua-dos a pessoas residentes ou estabele-cidas noutro Estado-Membro.

Maior eficácia na cobrançade créditos

Há outros aspetos importantes inerentes a esta diretiva. É o caso de, por razões de eficácia, ficar consa-grada a possibilidade de funcioná-rios de um Estado-Membro estarem presentes em inquéritos administra-tivos noutro Estado-Membro ou de neles participarem. Alargam-se as possibilidades de solicitar a cobran-ça de um crédito, ainda que tenham sido esgotados os meios internos de cobrança, quando o recurso a esses procedimentos no Estado-Membro requerente implique dificuldades desproporcionadas. Por sua vez, na ausência de impostos ou direitos da mesma natureza ou similar no Esta-do-Membro requerido, consagra-se o princípio da equiparação desses créditos aos créditos relativos ao im-

posto sobre o rendimento das pesso-as singulares.

Importa ter em conta o âmbito de aplicação desta diretiva. Assim, ficam abrangidos pelo regime de assistência mútua à cobrança os créditos relativos a todos os impos-tos e direitos cobrados diretamente ou em seu nome por um Estado--Membro ou pelas suas subdivi-sões territoriais ou administrativas, restituições, intervenções e outras medidas que façam parte do siste-ma de financiamento integral ou parcial do Fundo Europeu Agrícola de Garantia e do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Ru-ral e as quotizações e outros direi-tos previstos no âmbito da organi-zação comum do mercado para o setor do açúcar.

Ficam igualmente incluídos no âmbito de aplicação deste regime de assistência mútua à cobrança as sanções, multas, coimas, taxas e so-bretaxas de natureza administrativa, respeitantes a créditos abrangidos pela situação referida anteriormen-te, as taxas devidas pela emissão de certificados e documentos similares no âmbito de procedimentos admi-nistrativos relacionados com quais-quer impostos e direitos. Juros e despesas respeitantes a créditos rela-cionados. Não se aplica a contribui-ções obrigatórias para a Segurança Social ou a instituições de segurança social de direito público, direitos de natureza contratual ou sanções pe-nais aplicadas com base numa ação promovida pelo Ministério Público ou outras sanções penais.

Alargada assistência mútua em matéria de cobrança de créditos

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FISCALIDADE

Comissão Europeia reforça combateà fraude e à evasão fiscais

A fraude e a evasão fiscais são uma matéria que merece especial atenção por parte da Comissão Europeia. To-dos os anos centenas de milhões de euros “fogem” dos cofres dos Estados--Membros. Não se trata apenas de uma enorme perda de receitas, mas re-presenta também uma ameaça para a justiça fiscal. A Comissão apresentou um plano de ação para uma resposta mais eficaz da União contra a fraude e a evasão fiscais. Prevê um conjunto abrangente de medidas e foram adota-das duas recomendações para encora-jar os países a tomarem medidas rápi-das e coordenadas para fazerem face a problemas específicos e urgentes.

Este plano caracteriza-se pelo facto de integrar medidas que po-dem ser colocadas em prática, para mais de imediato. Parece existir uma vontade inequívoca de avançar com medidas concretas, realistas e mensu-ráveis, o que é importante para a eco-nomia e para o sistema fiscal como um todo. As medidas destinam-se a ajudar os Estados-Membros a prote-gerem as suas matérias coletáveis e a recuperarem milhares de milhões de euros que lhes são devidos. “Uma posição forte e coerente da UE con-tra os evasores fiscais e aqueles que os apoiam é essencial. Num mercado único, numa economia globalizada, as disparidades e as lacunas nacionais tornam-se brinquedos nas mãos de quem procura escapar à tributação”, refere a Comissão Europeia.

A primeira recomendação aponta para uma posição consistente da UE em relação aos paraísos fiscais. Com efeito, através da colocação em práti-

ca de critérios comuns, os países são levados a identificarem os paraísos fiscais e a incluí-los em listas negras nacionais. São também definidas medidas específicas para convencer esses países não pertencentes à União a aplicarem as normas comunitárias em matéria de governação.

A segunda recomendação respeita ao planeamento fiscal agressivo. São propostas várias formas de responder às especificidades e às lacunas jurídi-cas que são exploradas por determi-nadas empresas para evitar o paga-mento da respetiva contribuição. Os Estados-Membros são incentivados a reforçarem as suas convenções ao nível da dupla tributação. Isto para evitar que as mesmas resultem numa ausência total de tributação. Tam-bém devem adotar uma regra geral em matéria de antiabuso. O que se pretende é ignorar qualquer mon-tagem artificial desenvolvida para efeitos de evasão fiscal e tributar os rendimentos em causa com base na substância económica real.

Criação de um códigodo contribuinte

Mas existem outros aspetos con-tidos neste plano que podem ter um interesse acrescido. Das medidas pre-vistas, destaque para a criação de um

código do contribuinte, de um nú-mero de identificação fiscal da União Europeia, bem como a revisão das disposições antiabuso nas principais diretivas da UE e diretrizes comuns em matéria de rastreabilidade dos fluxos financeiros.

No sentido de melhorar mais os trabalhos desenvolvidos no âmbito da União sobre concorrência fiscal prejudicial, os Estados-Membros são convidados a relançarem os trabalhos sobre o código de conduta da UE, no domínio da fiscalidade das empresas. Se forem acordadas e implementadas – atempadamente e de forma eficaz – soluções para eliminar disparidades, a Comissão apresentará propostas de medidas legislativas. É ainda reco-mendado que o âmbito de aplicação do código de conduta seja alargado, a fim de incluir regimes fiscais especiais destinados a possuidores de elevados rendimentos ou património.

De modo a garantir o desenvolvi-mento do plano de ação, a Comissão vai criar novas ferramentas de acom-panhamento e painéis de avaliação destinados a manter a dinâmica da luta contra a fraude e a evasão fis-cais. Uma nova plataforma para a boa governação fiscal acompanhará a aplicação das recomendações pelos Estados-Membros e elaborará um relatório sobre a matéria. Para além da ação ao nível da UE, a Comissão considera que os Estados-Membros devem reforçar o cumprimento das obrigações fiscais e a luta contra a evasão e a fraude fiscais a nível nacio-nal. Foram dirigidas recomendações específicas nesse sentido.

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FISCALIDADE

A Comissão Europeia apresentou uma recomendação no que se refere a medidas destinadas a encorajar os países terceiros a aplicar normas mínimas de boa governação em matéria fiscal. Ao aplicarem estas medidas em conjunto, os Estados-Membros aumentarão a eficácia global das medi-das adotadas por cada um deles. As perdas de receitas fiscais poderão ser reduzidas, bem como os custos administrativos suportados pelas administrações fiscais e os custos de con-formidade que pesam sobre os contribuintes.

A recomendação em causa estabelece critérios que permitem identificar países terceiros que não cumpram as normas mínimas da boa governação no domínio fis-cal. Também enumera uma série de medidas que os Es-tados-Membros podem tomar em relação a esses países terceiros não cumpridores e a favor dos países terceiros cumpridores. Assim, as normas mínimas só são respeita-das quando um país tiver adotado medidas legislativas, regulamentares e administrativas destinadas a cumprir as normas de transparência e de troca de informações e não aplique medidas fiscais prejudiciais em matéria de fiscali-dade das empresas.

As medidas fiscais que prevejam níveis efetivos de tri-butação consideravelmente inferiores aos geralmente apli-cados no país terceiro em causa – nomeadamente uma tributação à taxa zero – devem ser consideradas potencial-mente prejudiciais. Um nível de tributação deste tipo pode resultar da taxa nominal de imposto, da matéria coletável ou de qualquer outro fator pertinente. Na sua apreciação há que ter em conta se as vantagens são concedidas exclusi-vamente a não residentes ou para transações realizadas com não residentes ou se as vantagens são totalmente isoladas da economia interna, não tendo incidência na matéria co-letável nacional. Ou ainda se as vantagens são concedidas mesmo que não exista qualquer atividade económica real, nem qualquer presença económica substancial no país ter-ceiro que proporciona essas vantagens fiscais.

Importa ainda ter em conta dois outros pressupostos: se o método de determinação dos lucros resultantes das atividades internas de um grupo multinacional se afasta dos princípios geralmente aceites a nível internacional – nomeadamente das regras aplicadas pela OCDE – ou se as medidas fiscais carecem de transparência, mormente

quando as disposições sejam aplicadas de forma menos ri-gorosa e não transparente a nível administrativo. Na apli-cação destes critérios, os Estados-Membros devem estar atentos às conclusões do grupo “Código de Conduta”, no que respeita às medidas fiscais consideradas prejudiciais.

Medidas a tomar

A recomendação aponta as medidas a tomar contra os países terceiros que não cumpram as normas mínimas estabelecidas. Devem ser publicadas listas negras, as quais devem fazer referência à recomendação. Cada Estado--Membro que tenha celebrado uma convenção em ma-téria de dupla tributação com um país terceiro não cum-pridor deve, em função do que considere mais adequado para melhorar o respeito desta normas, procurar renego-ciar, suspender ou denunciar a convenção.

Em contrapartida, os Estados-Membros devem consi-derar a possibilidade de suprimir de qualquer das listas ne-gras nacionais existentes os países terceiros que cumpram as referidas normas. E devem ponderar a possibilidade de encetar negociações bilaterais, tendo em vista a celebração de convenções em matéria de dupla tributação com países terceiros que cumpram as normas mínimas estabelecidas.

Os Estados-Membros devem considerar a possibi-lidade de uma cooperação mais estreita e de assistência aos países terceiros, especialmente os países em desen-volvimento, que se comprometem a cumprir as normas mínimas estabelecidas, a fim de os ajudar a combater a evasão fiscal e o planeamento fiscal agressivo. Para o efei-to, podem ser destacados peritos fiscais nesses países por um período limitado. Ao avaliarem o compromisso que os países terceiros assumiram para o cumprimento des-sas normas mínimas, os Estados-Membros devem ter em consideração todas as indicações concretas para o efeito, nomeadamente os passos que foram dados no sentido da sua conformidade.

Enquanto um país terceiro beneficiar de apoio e realizar os progressos esperados no sentido da conformidade com as referidas normas mínimas, os Estados-Membros deverão abster-se de aplicar medidas, sem prejuízo de renegociarem as convenções em matéria de dupla tributação.

Países terceiros obrigados a cumprir regras em matéria fiscal

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FISCALIDADE

A Comissão Europeia está a de-senvolver um trabalho intenso no sentido de introduzir regras fiscais mais apertadas, em termos de comba-te à fraude e à evasão fiscais, e tornar o contexto mais “simpático” no que toca às empresas, especialmente às pe-quenas e médias entidades. As novas regras estão em vigor desde o início do ano. Uma diretiva pretende reforçar o combate à fraude e, por outro lado, o IVA passa por alterações importantes, tendo em conta a necessidade de sim-plificar a vida das empresas.

A diretiva relacionada com o combate à fraude e à evasão fiscais pretende melhorar a capacidade dos Estados-Membros para calcularem e controlarem as taxas que lhes são de-vidas. Para os relatores desta diretiva relativa à cooperação administrati-va no domínio fiscal, avança com as bases de uma cooperação reforçada e de uma melhor troca de informações entre as autoridades fiscais na União Europeia. Um dos elementos centrais desta diretiva é que a mesma coloca um ponto final no sigilo bancário. Ou seja, um Estado-Membro não poderá mais recusar comunicar as informa-ções a um outro parceiro, com o argu-mento que as mesmas são detidas por um estabelecimento financeiro.

Os responsáveis da Comissão estão convencidos que as novas regras per-mitirão que exista uma maior transpa-rência, uma melhor troca de informa-ções ao nível fiscal e uma cooperação mais estreita, enquanto ferramentas fundamentais para lutar contra a frau-de fiscal. Há muito que os responsáveis

comunitários querem implementar novas regras e agora estão a ser dados passos importantes nesse sentido.

Assim, a diretiva define as medidas práticas e efetivas para melhorar a co-operação administrativa no âmbito fis-cal. Prevê procedimentos e formulários comuns para a troca de informações, que permitirão transmitir mais rapi-damente e de forma mais eficaz os da-dos entre as autoridades nacionais. Os funcionários do fisco podem ser auto-rizados a participar nos inquéritos ad-ministrativos levados a cabo num Es-tado-Membro. Também poderão pedir que as suas decisões e os documentos fiscais sejam notificados noutros Es-tados-Membros da União Europeia. A diretiva tem ainda a vantagem de colocar à disposição um vasto campo de aplicação, englobando o conjunto das taxas e dos impostos, excetuando aqueles que possuem já disposições le-gislativas específicas da União.

Regime de caixa chega ao IVA

O regime de IVA também sofreu alterações importantes. A intenção de Bruxelas é simplificar consideravel-mente a vida das empresas em toda a Europa. Desde logo, será dado o mes-mo tratamento às faturas eletrónicas e em papel, o que possibilitará às em-

presas escolherem a solução que mais lhes convém. Este facto vai permitir às empresas pouparem até 18 mil mi-lhões de euros por ano, por via da re-dução dos custos administrativos.

Os Estados-Membros poderão propor às empresas com um volume de negócios inferior a dois milhões de eu-ros adotarem um regime de compatibi-lidade de caixa. O que significa que as PME não têm de pagar a taxa de IVA até que tenham sido pagas pelos seus clientes, evitando-se assim problemas graves de tesouraria. Considera Bruxe-las que estas novas regras em matéria de IVA têm em conta as necessidades atuais das empresas na Europa, tendo em conta os procedimentos simplifica-dos, os custos reduzidos e a assistência na aplicação de soluções que são mais adequadas às suas necessidades.

As faturas eletrónicas e em papel são colocadas em pé de igualdade. O que se pretende é incentivar os ope-radores de mercado a utilizarem cada vez mais a faturação eletrónica. As faturas também poderão ser conser-vadas sob a forma eletrónica. Por sua vez, as novas regras dão aos Estados--Membros a possibilidade de autori-zar as pequenas empresas a declararem e a pagarem o IVA no momento em que recebem ou efetuam os pagamen-tos e não aquando da faturação. É uma possibilidade que vai permitir a muitas empresas evitarem entrar em problemas de tesouraria, como suce-de atualmente, em que o pagamento é feito em antecipação à autoridade tributária. Também é uma boa notícia para muitas empresas exportadoras.

No âmbito de diretivas emitidas pela Comissão Europeia

Sigilo bancário perto do fim e regime de caixa entra em funcionamento

37CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou a criação de uma comissão que terá como função a reforma do Imposto sobre o Rendi-mento de Pessoas Coletivas (IRC). Considera o governante que este imposto coloca problemas ao nível da competitividade das empresas nacionais. A comissão para a sua reforma terá de trabalhar muito rapidamente e apresentar soluções concretas e viáveis, tendo em conta as exigências colocadas pela União Europeia.

“Queremos ter condições para fazer progressos de reforma no âm-bito do sétimo exame regular que, em princípio, começa no dia 25 de Fevereiro, mas não há muito tem-po. Na medida em que os resul-tados da negociação o permitam, pensamos ter medidas concretas no terreno o mais rapidamente possí-vel. Portugal está a procurar por si próprio e em coordenação com os seus parceiros as melhores soluções para o país. As opções abertas no âmbito do Fundo Europeu de Esta-bilidade Financeira serão, natural-mente, exploradas, mas não parece que o sucesso da nossa estratégia dependa desse aspeto em concre-to”, de acordo com o ministro das Finanças.

Adiantou ainda sobre esta ma-téria: “O princípio da igualdade de tratamento é consequência da igualdade dos Estados-Membros perante o mecanismo de um ponto de vista institucional. Não se trata de argumentar que Portugal é igual à Grécia, mas as condições que são,

no mecanismo europeu, oferecidas a um Estado-Membro devem estar disponíveis para todos os países que usem o mecanismo. É um princípio que não é contestável.”

Vítor Gaspar é de opinião que Portugal conseguiu separar-se da Grécia em termos de credibilidade, facto que possibilitou ao país conse-guir aceder a condições de financia-mento que “são incomparavelmente melhores que as daquele país”. E refere: “A vantagem que Portugal ganhou ao conseguir autonomizar--se, separar-se da Grécia, é comple-tamente evidente e as condições de financiamento a que conseguimos ter acesso são incomparavelmente melhores que as da Grécia.”

Crescer de forma sustentada

Quanto ao crescimento, Vítor Gaspar considera que a diminuição da incerteza é uma condição neces-sária para o país crescer de forma sustentada. “É determinante para o

crescimento criador de emprego e para a atração de investimento di-reto estrangeiro. E sobretudo para garantir que os agentes económicos serão capazes de reter o produto do seu esforço e terem a recompensa dos seus esforços de empreendedo-rismo. Pelo que políticas públicas fundamentadas em princípios de estabilidade macroeconómica são determinantes para o desenvolvi-mento da atividade económica.”

Durante muito tempo não fo-ram desenvolvidas as condições necessárias para o crescimento da economia. “Foram anos marcados pela rigidez de um mercado de tra-balho pouco competitivo, pela falta de concorrência em setores pro-tegidos, pela excessiva burocracia no desenvolvimento da atividade empresarial, por um insuficiente funcionamento do sistema judicial. Realidade que resultou em elevados níveis de desemprego estrutural, na acumulação de capital nos setores não transacionáveis, em baixos ní-veis de inovação e produtividade e na insuficiência de investimento di-reto estrangeiro.”

Para o ministro das Finanças, é urgente redefinir o modelo de cres-cimento. “Os ajustamentos orça-mental e financeiro são condições para o quadro de estabilidade ne-cessário ao crescimento sustentado. Porém, a transformação estrutural é fundamental para que Portugal se desenvolva enquanto uma econo-mia moderna e aberta ao exterior, criando boas oportunidades de in-vestimento.”

IRC

Este imposto coloca problemasao nível da competitividadedas empresas nacionais.

FISCALIDADE

Governo cria comissãopara reforma do IRC

38 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

SETORES

Os 11 Estados-Membros interes-sados em criar um imposto comum sobre as transações financeiras – en-tre os quais se inclui Portugal – ti-veram luz verde por parte do Parla-mento Europeu. Juntos, estes países representam cerca de 90% do PIB da União Europeia. Há três anos que o Parlamento defende a introdução de um imposto sobre as transações fi-nanceiras, para que os custos da crise sejam também suportados pelo setor financeiro. Os países chegaram a um consenso sobre esta matéria.

“Não se deve poupar o setor fi-nanceiro do pagamento deste im-posto, o mesmo setor que, apesar de tudo, continua ainda a beneficiar com esta crise. O atraso na imple-mentação desta medida está a custar dinheiro, o qual está a sair dos bol-sos dos cidadãos”, de acordo com a eurodeputada Anni Pometada, rela-tora do Parlamento Europeu sobre o assunto. O texto aprovado salien-ta o objetivo último da introdução de um imposto sobre as transações financeiras a nível global, instando a União a continuar a liderar os esfor-ços para a celebração de um acordo nesse sentido.

A cooperação reforçada no domí-nio deste imposto também poderá servir de exemplo para a sua introdu-ção a nível mundial, acredita a maio-ria dos eurodeputados. Este processo sempre contou com a contestação por parte de alguns estados, sob o argumento que irá retirar competiti-vidade à banca europeia, face a paí-ses terceiros, com especial destaque para os Estados Unidos. Para além de Portugal, a cooperação reforçada

conta com a Alemanha, a França, a Áustria, a Bélgica, a Eslovénia, a Es-tónia, a Grécia, a Itália, a Espanha e a Eslováquia. Certo é que o caminho foi longo até se chegar a este primei-ro acordo.

Proposta tem mais de um ano

A Comissão Europeia apresen-tou, em 2011, uma proposta relati-va a um sistema comum de imposto sobre as transações financeiras. Na sequência de discussões intensas sobre este tema, concluiu-se, no âmbito das reuniões do Ecofin re-alizadas em Junho e Julho, que não se chegaria a uma posição unânime num futuro razoável. Já nessa altu-ra, um grupo de Estados-Membros exprimiu interesse em prosseguir com um sistema comum de impos-to sobre as transações financeiras,

designadamente através de uma co-operação reforçada.

Um ano após a proposta inicial apresentada pela Comissão Europeia, a França e a Alemanha enviaram uma carta à comissária responsável por esta matéria, solicitando autorização para uma cooperação reforçada, com base na proposta da Comissão. Seguiram--se propostas semelhantes por par-te dos restantes países aderentes. É necessário um número mínimo de nove Estados-Membros para que a cooperação reforçada seja autorizada ao abrigo dos tratados e esse número mínimo foi mesmo superado.

De notar que este imposto se in-sere numa visão mais ampla para o setor financeiro, desta feita em que o Banco Central Europeu tem um pa-pel central. A intenção deste organis-mo regulador é criar uma figura de supervisão para todo o setor finan-ceiro, incluindo as entidades mais pequenas. De igual modo, é preciso colocar em prática os necessários me-canismos que possam ser acionados e conduzam a um rápido apoio aos bancos que se encontrem em dificul-dades. O seu resgate permite evitar eventuais situações de contágio.

Europa vai ter imposto comumsobre as transações financeiras

ImpostoParlamento defende a introdução de um imposto sobre as transações financeiras, para que os custos da crise sejam também suportados pelo setor financeiro.

39CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

SETORES

Governo cria nova legislação para evitar malparado

Mutuários do crédito à habitaçãoestão mais protegidos

O Governo fez sair algumas me-didas de proteção aos mutuários de crédito à habitação. Consiste num pacote legislativo que tem como objetivos combater as situações de endividamento excessivo e evitar o mais possível o crédito malparado, face à situação económica em que se encontra o país. A PLMJ expli-ca quais as principais características da nova legislação e qual o impacto que terá relativamente às famílias em dificuldades para cumprirem as suas obrigações junto da banca.

“Em concreto, estas medidas criam um regime extraordinário de proteção aos devedores de crédito à habitação que se encontram em situação económica muito difícil, mediante alterações ao regime de reembolso dos PPR/E e ao regime do crédito à habitação. De realçar ainda as alterações introduzidas ao Código de Processo Civil, designa-damente no que à determinação do

valor dos imóveis respeita, denotan-do uma clara intenção de evitar que os imóveis sejam vendidos em pro-cesso de execução por preços muito abaixo do seu valor real”, adianta a sociedade de advogados.

O regime agora criado abran-ge as situações de incumprimento de contratos de crédito à habita-ção, estes destinados à aquisição, construção ou realização de obras de conservação e beneficiação de habitação própria permanente de agregados familiares que se encon-trem em situação económica muito difícil. Isto apenas quando o agre-gado familiar não disponha de ha-bitação outra habitação própria e a mesma se encontre hipotecada para garantia do contrato de créditos à habitação. A lei esclarece ainda que o regime se aplica apenas aos casos de incumprimento em que o valor patrimonial tributário do imóvel não ultrapasse os 90, os 105 ou os

120 mil euros, de acordo com o co-eficiente de localização.

O acesso ao regime tem de ser requerido pelo mutuário à institui-ção de crédito. O mesmo deve ser apresentado até ao final do prazo para oposição à execução ou até à venda executiva do imóvel. Cabe à entidade de crédito dar uma resposta num prazo de 15 dias, produzindo três efeitos. Primeiro, constitui a instituição de crédito na obrigação de apresentar uma proposta de plano de reestrutura-ção. Segundo, suspende automa-

Legislação

A lei esclarece ainda que o regime se aplica apenas aos casos de incumprimento em que o valor patrimonial tributário do imóvel não ultrapasse os 90, os 105 ou os 120 mil euros, de acordo com o coeficiente de localização.

40 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

SETORES

ticamente o processo de execução relativo às dívidas decorrentes do crédito à habitação e, tercei-ro, constitui aquela entidade na obrigação de comunicar esse de-ferimento ao tribunal em que tem lugar o processo de execução.

Possibilidade de definirum plano de reestruturação

Importa notar em que consiste o referido plano de reestruturação. Pode ter por objeto uma ou várias medidas, designadamente “a con-cessão de um período de carência de 12 a 48 meses relativo ao pa-gamento das prestações mensais ou o estabelecimento de um valor residual no plano de amortizações, até 30% do capital em dívida”. Destaque também para a prorro-gação do prazo de amortização do empréstimo até ao limite de 50 anos após contratação, a redução do spread aplicável durante o perí-odo de carência, no mínimo de em um quarto de ponto, e a concessão de um empréstimo adicional autó-nomo destinado a suportar o pa-gamento das prestações do crédito à habitação, ficando sujeitos aos termos e às condições do crédito objeto de reestruturação.

Caso exista desacordo entre as partes, há lugar à aplicação de me-didas substitutivas de execução hi-potecária, sendo estas a dação em cumprimento do imóvel hipoteca-do, a alienação do imóvel ou a per-muta por uma habitação de valor inferior.

As medidas de salvaguarda preveem “o direito do mutuário a poder designar a prestação cor-respondente ao crédito à aquisi-ção ou construção de habitação própria permanente para efeitos

de imputação do cumprimento, impondo obrigações acrescidas de informação e esclarecimento às instituições de crédito”, segundo a PLMJ. Prevê ainda que aquelas entidades possam resolver apenas o contrato na sequência da verifica-ção de, pelo menos, três prestações vencidas e ainda não pagas e que o mutuário possa retomar o contrato de crédito, caso pague a dívida no prazo de oposição à execução ou até à venda executiva do imóvel, caso não tenham existido reclama-ções de créditos. E é introduzida uma importante proibição de au-mento de encargos com o crédito, em casos de arrendamento motiva-dos por deslocação ou desemprego do mutuário e em caso de divórcio em que o crédito fique titulado por alguém que comprove ter uma taxa de esforço inferior a 55% ou 60%.

Alterações ao Códigode Processo Civil

“São alteradas as regras relativas à ordem de realização da penhora, permitindo-se apenas a penhora de bens imóveis destinados a habitação própria permanente do executado, ainda que não se adeqúe, por ex-cesso, ao montante do crédito exe-

quendo, caso a penhora de outros bens presumivelmente não permita a satisfação integral do credor no prazo de 12 meses, no caso de a dí-vida não exceder metade do valor da alçada do tribunal de primeira instância, ou seja, 2500 euros, ou 18 meses, no caso de exceder esse valor”, continuam os fiscalistas da PLMJ.

O valor base dos imóveis passa agora a ser igual ao maior dos dois valores, isto é, valor patrimonial tri-butário nos termos da avaliação efe-tuada há menos de seis anos, ou valor de mercado e que o valor a anunciar para a venda passa a ser igual a 85% do valor base dos bens. Estas altera-ções aplicam-se a todos os processos pendentes, com exceção das penho-ras já tiverem sido concretizadas.

É ainda introduzida a possibi-lidade de o participante de PPR/E exigir o reembolso do valor do mesmo para pagamento de presta-ções de crédito à habitação, não se aplicando qualquer penalização ao participante.

Desacordo

Caso exista desacordo entre as partes, há lugar à aplicação de medidas substitutivas de execução hipotecária

41CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

SETORES

O setor da restauração continua a contestar o aumento do IVA, que está a provocar danos mais graves do que os esperados nesta atividade. A Associação da Hotelaria, Restaura-ção e Similares (AHRESP) apresen-ta argumentos de peso, tendo em conta a execução fiscal até agosto. A quebra no volume de negócios no setor da restauração e bebidas terá já superados os 30%, quando se es-perava que não ultrapassasse os 6%, sendo a quebra nas receitas mais do que alarmante.

Seria expectável que a receita bruta do Estado com o IVA neste se-tor tivesse aumentado sempre mais de 200%, o que está muito longe de acontecer. Em 2011, com uma taxa de IVA de 13% aplicável aos serviços de restauração e bebidas, estimava-se que o IVA a entregar ao Estado pelas empresas representasse entre 1% e 4% do seu volume de negócios. “Isto porque o IVA a en-tregar ao Estado decorre sempre da diferença entre o imposto liquidado a clientes na prestação dos serviços e aquele suportado nas compras para a prestação desses mesmos serviços. Como se estimava que o IVA supor-tado nas compras para a prestação de serviços de restauração e bebidas variasse entre 9% e 12% do corres-pondente volume de negócios – so-bre o qual incidia IVA à taxa de 13% - então o imposto entregue ao Esta-do pelos estabelecimentos do ramo correspondia aos referidos 1% a 4% do seu volume de negócios.”

Acontece que o IVA deste setor subiu para 23%, havendo, por-tanto, um aumento de dez pontos

percentuais da taxa aplicável aos serviços de restauração e bebidas e incidente sobre o corresponden-te volume de negócios. Por outro lado, a alteração das taxas de IVA aplicáveis a alguns produtos e servi-ços adquiridos pelos estabelecimen-tos sugerem um aumento do IVA suportado nas compras de 15% a 20%, passando o seu peso a ser de 11% a 14% do volume de negócios das empresas, contra os 9% a 12% anteriores. Com o aumento em 10% da taxa aplicável aos serviços deste setor e o aumento de 2% do IVA suportado nas compras, seria expetável que o imposto a entregar ao Estado passasse a representar en-tre 9% e 12% do volume de negó-cios das empresas. “Dito de outra forma, a receita bruta do Estado deveria, na ausência de outros efei-tos, aumentar mais de 200% (de 1% a 4% para 9% a 12%).

“Duas faces da mesmatrágica moeda”

A associação considera que pe-rante esta realidade incontornável, se torna fácil perceber que os 106% de aumento de receita de IVA verificados no setor da restauração representam “duas faces da mesma trágica moeda”. Ou seja, o rotundo falhanço da pre-visão de receita fiscal a arrecadar pelo Estado e a situação “de descalabro” do setor que vai projetar os seus efeitos nefastos do lado da despesa pública, “nomeadamente com o aumento dos subsídios de desemprego provocado pela inevitável sucessão de falências”.

Conclui a AHRESP sobre esta matéria: “É neste quadro de crise que a associação aguarda expetante o iní-cio da evolução dos trabalhos do gru-po de análise desta temática, pois en-tende ser urgentíssimo rever a política fiscal na restauração, caso se pretenda salvar as empresas ainda sobreviven-tes e os respetivos postos de trabalho, bem como permitir ao setor continuar a dar o seu contributo essencial para o crescimento estratégico do turismo.”

Desde que o Governo decidiu au-mentar a taxa de IVA neste setor de ati-vidade que a AHRESP tem contestado a medida. É importante notar que, para além do agravamento fiscal, este é um dos setores de atividade mais penaliza-dos pela crise económica. De facto, o consumo tem descido de forma acentu-ada e muitas empresas de restauração e bebidas têm sido obrigadas a fechar por-tas. Se se mantiver o ritmo atual, a situ-ação torna-se dramática e pode resultar em mais uma espiral recessiva, de graves consequências económicas e sociais.

IVA “afunda” cada vez maissetor da restauração

QuebraA quebra no volume de negócios no setor da restauração e bebidas terá já superados os 30%,quando se esperava que não ultrapassasse os 6%

42 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ASSOCIATIVISMO

É possível crescer, as reformas estruturais são absolutamente neces-sárias, é preciso reconhecer as opor-tunidades externas e alavancar as as-sociações setoriais. Estas as principais conclusões de um extenso relatório da responsabilidade da Confederação Empresarial de Portugal, no qual é chamada a atenção para a importân-cia de crescer em termos económicos, independentemente das limitações fiscais que se colocam. A confedera-ção quer contribuir de forma concreta para o debate sobre a necessidade im-periosa de relançar o país numa traje-tória de crescimento sustentado.

O primeiro ponto em que assenta o relatório respeita ao facto de ser possível e imperativo crescer. “Com indepen-dência da necessária austeridade fiscal em curso, é fácil demonstrar que ape-nas um crescimento sustentado pode reafirmar perante o mundo a solvência de Portugal. O crescimento de 2% a 3% reais ao ano é sustentado de forma exclusiva na procura externa – de mo-mento o principal motor de crescimen-to disponível, mas a prazo não o único – não é necessariamente um objetivo irrealista, tendo em conta a dimensão e a capacidade produtiva do país.”

O segundo ponto incide na afir-mação que as reformas estruturais em curso são absolutamente necessárias, mas não são suficientes. O contexto económico doméstico em Portugal deverá ser objeto de reformas estru-turais, condição imprescindível para o crescimento. Refere o relatório da CIP: “As reformas em curso nas áre-as do Estado, do setor financeiro, da

concorrência e da competitividade dos setores domésticos e das leis labo-rais não só são corajosas como funda-mentais. No entanto, e na medida das carências do nosso tecido empresarial, também consideramos que estas re-formas não serão suficientes.”

Passar do necessário ao suficiente

Esta afirmação entronca no tercei-ro ponto do relatório. “Para passar do necessário para o suficiente é preciso ter um plano de crescimento externo que reconheça as significativas opor-tunidades e capacidades existentes e mobilize as energias do país para a sua captura.” Do plano constam três vertentes. Desde logo, um reconhe-cimento das enormes oportunidades de crescimento externo existentes num conjunto de 14 mercados. Um dos grupos está por explorar, isto é, Portugal está sub-representado, relati-

vamente ao seu potencial (tanto mer-cados desenvolvidos, como Estados Unidos, como em desenvolvimento, a China, por exemplo) e em mercados já abordados onde, pese embora sejam já mercados importantes para Portu-gal, subsistem oportunidades de cres-cimento (por exemplo, Reino Unido, Alemanha ou Itália).

A CIP estabelece a declinação destas e outras oportunidades em três tipos de subsetores, em que Portugal tem capacidades claras de desenvolvi-mento externo, nomeadamente seto-res exportadores tradicionais, setores domésticos onde existem capacidades para “ir para fora”, capturando pro-cura por satisfazer, em particular em mercados de elevado crescimento e novos setores emergentes, em que o país possui, à partida, sólidas capaci-dades. Por último, “o desenvolvimen-to de um conjunto de atuações trans-versais de robustecimento e apoio ao tecido empresarial na prossecução dos objetivos definidos.

O quarto ponto refere que é es-sencial lançar um esforço integrado, capaz de alavancar as associações seto-riais e a “diplomacia económica”, para definir e materializar o plano apre-sentado. “Neste sentido, o Conselho Estratégico de Internacionalização da Economia poderia ser instrumental – dentro de uma lógica, cada vez mais assumida a nível mundial, de cola-boração entre o público e o privado no impulso ao crescimento externo – tanto para a objetivação do plano como para a sua monitorização e para o apoio à sua execução.”

De acordo com relatório da CIP

Reformas estruturais são necessárias para impulsionar crescimento

CrescimentoApenas um crescimento sustentado pode reafirmar perante o mundo a solvência de Portugal.

43CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ASSOCIATIVISMO

A Comissão de Normalização Contabilística continua seriamente preocupada com o projeto de diretiva da Co-missão Europeia que pretende revogar as quarta e sétima diretivas. O aumento dos limites para classificação das pe-quenas entidades e a redução na qualidade da informação financeira são duas matérias que suscitam preocupação, tendo em conta os impactos negativos para as empresas nacionais, perante a sua transposição para o direito inter-no. A CNC vai continuar a desenvolver esforços para as disposições em causa não sejam aprovadas.

A nova diretiva da Comissão tem como propósitos reduzir os encargos administrativos das pequenas empre-sas, simplificar os procedimentos do relato financeiro, reduzir a informação nas notas anexas às demonstrações financeiras e flexibilizar a obrigatoriedade de auditoria nas pequenas empresas. Por outro lado, pretende-se dis-pensar a preparação de demonstrações financeiras con-solidadas para grupos de pequenas empresas e reduzir o número de opções disponíveis atualmente existentes para os Estados-Membros.

A CNC explica qual a situação em Portugal, admitin-do a necessidade de reduzir os encargos administrativos e simplificar os procedimentos. No entanto, tais princípios “não devem prejudicar a transparência, a segurança e a credibilidade das demonstrações financeiras das empresas para todos os utilizadores”. Desde logo para a adminis-tração fiscal, no que se refere à veracidade dos elementos necessários ao cumprimento das obrigações fiscais, e para outros departamentos do Estado que gerem os diversos sistemas de incentivos e apoios.

Mas também para os setores bancário e segurador, na avaliação de risco dos seus clientes. “O enfraquecimento da informação contabilística das empresas, a maior par-te de micro, pequena ou média dimensão, irá obrigar a que se exijam e ponderem elementos de suporte comple-mentares sobre a respetiva situação financeira, com custos adicionais para todas as partes e potencial perda de eficá-cia na avaliação. É ainda de realçar o esforço financeiro que foi exigido às empresas e seus colaboradores, quer em investimento em software, quer em formação, com a

CNC contra alteraçõesàs quarta e sétima diretivas

44 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ASSOCIATIVISMO

introdução dos novos sistemas contabilísticos elaborados em consonância com os regulamentos comunitários que adotaram as normas internacionais de contabilidade.”

Em matéria de simplificação, importa notar que exis-te um sistema centralizado que contém diversa informa-ção contabilística, fiscal e estatística, onde se incluem as demonstrações financeiras e uma súmula do relatório de gestão, aprovação das contas e do relatório do auditor, sob a designação de Informação Empresarial Simplificada. A plataforma informática é fornecida anualmente por todas as empresas, com o envio das suas demonstrações finan-ceiras e outro tipo de informação.

Empresas com encargos acrescidos

Caso não se verifique um efetivo recuo por parte de Bruxelas, haverá que contar com impactos negativos. Have-rá um aumento considerável dos encargos administrativos para mais de 98% das empresas nacionais, em vez da redu-ção que a diretiva visa introduzir. O aumento dos encargos não se limita apenas às empresas. “Devem-se ponderar to-dos os encargos de ajustamento da administração pública, salientando a administração fiscal e as entidades gestoras dos programas comunitários. Para além dos gastos efetivos, existem quebras de eficácia e de agilização, derivado de um período de adaptação a uma nova situação.”

Entretanto, a CNC refere ainda que os limites previs-tos para classificação das categorias de entidades e grupos não estão minimamente adaptados à realidade do tecido económico português. “Com a aprovação do projeto de diretiva, uma vez que não é dada a possibilidade aos Esta-dos-Membros de exigirem mais informação do que a pre-vista, corre-se o risco de proliferarem as formas de relato e de prestação de informação em modelos diferenciados, consoante os objetivos pretendidos pelos mais variados utilizadores.”

Também é de prever a perda de qualidade da infor-mação financeira em diversos setores de atividade, onde a transparência, a segurança e a credibilidade das demons-trações financeiras das empresas para todos os utilizado-res, são aspetos essenciais dos sistemas contabilísticos em vigor. “As recentes opções em matéria contabilística para o setor público em Portugal e na Europa, visando a adoção das normas internacionais para o setor público, à seme-lhança das opções políticas da União Europeia na adoção das normas internacionais de contabilidade para o setor privado, não são coerentes com as opções feitas na pro-posta de diretiva.”

Bruxelas quer mudanças contabilísticas

Ainda que esta tomada de posição tenha acontecido há já alguns meses, nem por isso a Comissão de Normalização Contabilística deixa de manter a sua posição de princípio face às intenções de alteração das referidas diretivas. Aliás, esta posição conta com a anuência das várias entidades que compõem a CNC, incluindo aquelas que dependem do Go-verno nacional. Pelo que a base de sustentação é consistente.

Importa ainda conhecer o contexto em que sucede esta intenção de mudanças dos pressupostos contabilísticos por parte de Bruxelas. A União Europeia tem desenvolvido diver-sas iniciativas com base no “Small Business Act for Europe”, as quais pretendem simplificar a atividade das PME, estando por isso sobre a mesa a possibilidade de serem introduzidas alterações às diretivas quarta e sétima, para atualizar os requi-sitos de informação financeira, alterando significativamente as exigências de relato financeiro, face a uma nova classifica-ção por dimensão das empresas europeias. As propostas pri-vilegiam o alinhamento técnico das anteriores diretivas, em detrimento da convergência com os regulamentos comunitá-rios que adotaram as IFRS e com as normas IFRS para PME.

Ao nível do setor público e no âmbito do pacote legis-lativo “Six_pack”, relacionado com requisitos de enqua-dramento orçamental dos Estados-Membros, a Comissão Europeia, através do Eurostat, lançou uma consulta pú-blica para avaliar da adequação das IPSAS para os países da União Europeia.

ANTÓNIO MONTEIROÉ NOVO PRESIDENTE DA CNC

Com o falecimento do anterior presidente da Comissão de Normalização Contabilística (CNC), Domingos Cravo, o Go-verno escolheu para o lugar António Gonçalves Monteiro. Licenciado em Finanças, foi já bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC), cargo que exerceu entre 2006 e 2011.Durante mais de 30 anos de atividade profissional, exer-cida nas áreas da auditoria, da revisão legal de contas, da consultoria de gestão e consultoria fiscal, participou num grande número de intervenções profissionais. Integrou variadas comissões técnicas e grupos de trabalho sobre auditoria, revisão de contas, contabilidade e fiscalidade. Exerceu durante cerca de uma década funções de docên-cia em três estabelecimentos de ensino superior e orientou diversos cursos de formação. É “country managing part-ner” da Moore Stephens, presidente do conselho fiscal da Teixeira Duarte, presidente da Comissão de Remunerações do BANIF e membro do fórum CMVM/PME.

45CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

ASSOCIATIVISMO

AIP – CCI lamenta

OE está centrado na receita fiscale não na redução da despesa

A Associação Empresarial Portu-guesa – Câmara de Comércio e In-dústria (AIP – CCI) tem uma posi-ção bastante crítica relativamente ao Orçamento do Estado. A instituição encara como negativo o facto de o es-forço de consolidação orçamental se centrar essencialmente no aumento das receitas fiscais e não na redução da despesa pública. Uma situação que vai contribuir para aumentar “os impactos recessivos do processo de consolidação orçamental, designada-mente na contração do mercado na-cional”.

Para aquela entidade, a dimensão do défice das administrações públicas previsto para este ano, apesar da gran-de amplitude das medidas orçamen-tais visando o aumento das receitas, é revelador da necessidade de proceder a uma “séria ponderação” do papel do Estado na economia e na sociedade e da consequente reforma da adminis-tração pública e da reestruturação do setor empresarial do Estado. E adian-ta: “Perante o incontornável processo de consolidação orçamental, importa criar adequados estímulos à atividade económica que possam contribuir para o desenvolvimento da capaci-dade produtiva com efeitos positivos em termos de equilíbrio das contas externas, os quais, gerando riqueza, contribuirão também para a consoli-dação das contas públicas.”

Face a este cenário, a AIP – CCI tem uma perspetiva negativa do au-mento da carga fiscal sobre o rendi-mento das empresas. Para além dos efeitos negativos na rentabilidade

destas, constituirá um desincentivo na atratividade dos investimentos pri-vados nacional e estrangeiro. “Ainda relativamente às medidas fiscais com incidência nas empresas, é um fator negativo a obrigatoriedade do segun-do pagamento por conta em IRC, medida que irá agravar significativa-mente as dificuldades de liquidez de um grande número de empresas.”

A organização patronal lamenta que metade dos subsídios de férias e Natal seja pago em duodécimos. A antecipação de rendimentos para as para as famílias e de coleta de IRS pelo Estado tem como consequência um aumento das necessidades de te-souraria das empresas. “Apesar de se compreender a urgência das medidas de consolidação, é lamentável que, mais uma vez, se aumente a pressão sobre a tesouraria das empresas, já fortemente debilitadas pela redução acentuada do financiamento bancá-rio.”

A associação considera ainda que os esforços de consolidação orçamen-tal estão a ser profundamente penali-zados pelo facto de se manter o grave problema ao nível do financiamento das empresas. “É imperioso encontrar formas de garantir os meios finan-ceiros adequados, designadamente

para apoio à tesouraria de empresas viáveis, para a atividade de empresas exportadoras e para a criação e o de-senvolvimento de novas empresas.”

Algumas medidas positivas

Por sua vez, a manutenção dos incentivos fiscais ao investimento do RFAI é uma medida positiva, tal como a intenção de incluir o mesmo no Estatuto dos Benefícios Fiscais, “facto que poderá ser aproveitado para a implementação de um regime de incentivos fiscais ao investimento gerador de efeitos mais intensos na atracão de investimento”. Também é encarada como positiva a criação do regime de caixa, mas a restritividade nas condições de acesso reduzirá a sua utilização.

A AIP vê também como positi-vo o conjunto de medidas de apoio à atividade económica, no âmbito do Relatório do OE, nomeadamente as que se referem ao financiamento das empresas, aquelas visando o reforço dos capitais próprios das empresas e o agrupamento de emissões obrigacio-nistas pelas PME. São medidas que importará implementar no curto pra-zo, na ótica da associação.

Considera que é importante atin-gir o objetivo de 4,5% de défice do PIB, visando concretizar uma efetiva consolidação orçamental, condição fundamental, mas não suficiente, para que a economia portuguesa possa, de forma sustentada, atingir os necessários níveis de crescimento económico.

46 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) entrou em cla-ra rota de colisão com o Governo e com a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, em particular. Di-zem os profissionais do fisco que é fundamental e urgente dotar a Au-toridade Tributária e Aduaneira de meios técnicos e, sobretudo, huma-nos. A realidade é que o Governo não se tem revelado disponível para ouvir o sindicato, facto que terá conduzido à referida situação de rutura.

Posição de desrespeito

Considera o STI que o comba-te à fraude e à evasão fiscais não se faz por via de decretos e orienta-ções, sendo antes necessário dotar a “máquina fiscal” de meios técnicos e recursos humanos. E adianta a estrutura sindical a este propósito: “Recusamo-nos continuar a assistir à degradação de uma organização tão prestigiada como é a AT. Não suportaríamos ser cúmplices nes-

te processo de estagnação e de paz podre que conduzirá ao caos.” O sindicato chama a atenção para as-petos como a negociação do novo diploma de carreiras, para o reco-nhecimento do vínculo de nomea-ção, “para a situação de verdadeira rutura em matéria de recursos hu-manos, com a consequente balbúr-dia que se tem gerado nos serviços onde existe atendimento público e não só”.

Negociações não avançam

Os trabalhadores dos impos-tos avisam para a importância do combate à fraude e à evasão fis-cais, bem como para a coleta de impostos. Ora, o STI lamenta que tenha sido tomada uma posição

de “desrespeito” relativamente aos profissionais por parte do Gover-no. Refere a este propósito: “Não aceitamos continuar a fazer de conta que esta autoridade tem, de facto, autoridade. Tal como não aceitamos ter de fingir que não percebemos a atitude de desrespei-to de que, todos nós trabalhado-res da AT, temos sido alvo.” Diz o sindicato que continua por avan-çar a negociação relativa ao novo diploma de carreiras, é urgente o reconhecimento do vínculo de no-meação, está-se perante uma situ-ação de verdadeira rutura em ma-téria de recursos humanos, “com a consequente balbúrdia que se tem gerado nos serviços onde existe atendimento público e não só”. O STI faz saber ainda que vai realizar várias ações, no sentido das suas exigências – tidas como legítimas – serem atendidas. Entretanto, pa-rece evidente que existe uma des-motivação generalizada e que se começa mesmo a instalar alguma sensação de desespero.

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

Trabalhadores dos impostosem “rota de colisão” com o Governo

Meios técnicosé fundamental e urgente dotar a Autoridade Tributária e Aduaneira de meios técnicos e, sobretudo, humanos.

47CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

Não pagamento atempado do IVA implica pesadas coimas

Há cada vez mais empresas com dificuldades para pagarem o IVA. Esta queixa é generalizada, mas a Or-dem dos Técnicos Oficiais de Con-tas refere que é mais frequente entre um outro setor, designadamente o da restauração. Os técnicos oficiais de contas têm reforçado os alertas perante os empresários sobre o valor das multas a que estão sujeitos quan-do não procedem ao pagamento dentro do prazo.

As sanções em vigor prevêem o pagamento de uma multa equivalen-te a 20% do imposto devido quando estejam em causa empresas e de 10% quando se trata de um empresário em nome individual. O Orçamento do Estado do próximo ano aponta para um agravamento para 30% do valor da coima a pagar pelas empre-sas, em caso de atraso. Entretanto,

a AHRESP, que agrega as empresas do setor da restauração, tem alertado que muitos dos seus associados não estão a conseguir pagar o IVA, devi-do a fortes dificuldades de tesouraria.

O agravamento da fatura do IVA, em resultado da subida das taxas do imposto, ronda uma percentagem superior aos 109%. Um dos proble-

mas é que grande parte dos restau-rantes não está a cobrar o aumento da taxa de IVA de 13% para 23%, tendo em conta a difícil conjuntura económica que o país atravessa. Pe-rante este cenário, é esperado que um elevado número de empresas de restauração feche portas num breve espaço de tempo.

OTOC acusa Finanças de displicênciaÉ uma “guerra” que já dura há

muito, mas que desta vez levou a críticas mais contundentes por parte do bastonário da Ordem dos Técni-cos Oficiais de Contas (OTOC). O portal para entrega das declarações de IVA trimestral voltou a não fun-cionar. A Ordem pediu prorrogação do prazo, o que foi negado pelo fis-co, com o argumento de não existi-rem anomalias.

Domingues de Azevedo acusou o Ministério das Finanças de “men-tir” e de “desrespeitar o trabalho dos técnicos de contas”. As relações entre as partes estão cada vez mais

tensas. Com alguma frequência têm acontecido situações que impedem os TOC de cumprirem os seus de-veres declarativos. Se noutras altu-ras o Ministério das Finanças assu-miu as responsabilidades, desta vez garantiu que o sistema estava a fun-cionar normalmente e que não era concedido qualquer adiamento. A Ordem contestou esta posição, afir-

mando que para evitarem coimas avultadas os profissionais tiveram de trabalhar muito para além das horas normais de trabalho. Referiu a este propósito o bastonário: “Pa-rece que o problema não tem qual-quer efeito para o Ministério das Finanças, parece que não há qual-quer problema em obrigar as pes-soas a trabalhar durante a madruga-da. O Ministério ignora, de forma displicente e sem qualquer respeito pelo trabalho dos outros, os efeitos da falta de funcionamento do site no trabalho dos profissionais da contabilidade e da fiscalidade.”

ImpedimentosTêm acontecido situações que impedem os TOC de cumprirem os seus deveres declarativos.

48 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

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Autarquias recorrem menosa taxa máxima de IMI

É uma boa notícia para os muní-cipes. As autarquias estão mais sen-síveis aos problemas financeiros dos cidadãos e vão recorrer menos à taxa máxima de IMI. Com efeito, tudo in-dica que pouco mais de duas dezenas de câmaras, de um total de 308, vão aplicar a taxa máxima do Imposto Municipal sobre Imóveis, já este ano.

As taxas a aplicar situam-se en-tre os 0,3% e os 0,5%, cabendo aos municípios escolher a percentagem a aplicar. No entanto, em consequência da crise, o valor tende a descer, pelo que apenas cerca de sete por cento vai recorrer à taxa máxima. Por sua vez,

serão mais de 120 os municípios a cobrarem uma taxa superior a 0,4%, perto de 40% do total. No anterior

exercício, essa percentagem chegou a metade das autarquias. As taxas in-cidem sobre o valor patrimonial dos imóveis, de acordo com a avaliação realizada pelos serviços de Finanças.

Ainda que se verifique uma des-cida quase generalizada daquela taxa, a realidade é que a receita até poderá aumentar. É que o fisco está a proce-der a uma reavaliação do valor patri-monial dos edifícios e as estimativas apontam para que quatro milhões de fogos surjam com novos valores pa-trimoniais tributários. E tudo indica que haverá aumentos significativos, no âmbito da referida reavaliação.

Manuel dos Santos, ex-deputado do Parlamento Europeu, teceu duras críticas à atual política fiscal. Consi-dera que o que se passa hoje ao nível da fiscalidade é “uma barbárie com-pleta”. Na sua opinião, o país cami-nha para o abismo e não há estado de emergência que justifique muitas das coisas a que se assiste.

“O Orçamento do Estado não será cumprido e chegaremos ao final do ano em pior situação. Temos que 2013 seja mais um ano de agrava-mento dos problemas. Ora, é exata-mente nas situações de emergência que se deve pedir às pessoas que se-jam mais racionais e transparentes. O político socialista não deixa ainda

de lamentar que a Constituição seja uma “espécie de albergue espanhol”, onde se meteu tudo e mais alguma coisa. Perante este cenário, admite que “é inevitável que mais dia me-

nos dia tenhamos de submeter o documento a um processo de depu-ração”.

Ainda assim, há uma luz de es-perança para os TOC. É que a situ-ação difícil na Europa tem o reverso da medalha de proporcionar novas oportunidades para os profissionais, beneficiando da evolução da conta-bilidade noutras regiões e da massifi-cação das normas internacionais. O esgotamento do IVA como receita para angariar receita, os impostos verdes e os trabalho imprescindível dos técnicos oficiais de contas são outras tendências em destaque, num momento complicado a todos os ní-veis.

Fiscalidade atingiu“um nível de barbárie”

49CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

O primeiro-ministro considera que o Esta-do pode fazer melhor com menos despesa e que a redução da mesma vai permitir um alívio da carga fiscal. Passos Coelho apelou a um debate “sereno e profundo” com os partidos da oposi-ção, no sentido de se avançar com uma reforma efetiva do Estado.

“Há bastante desinformação e intenção de criar ruído para impedir que o país debata com serenidade e profundidade uma reforma indispensável para o sucesso do programa de ajustamento e que permitirá a prazo olhar de forma diferente o esforço fiscal”. O primeiro--ministro admite que a carga fiscal que está a ser pedida não se pode manter indefinidamente, “porque a economia precisa de respirar”. Também defende que o corte de quatro mil milhões de euros acordado com a troika permitirá aliviar a função fiscal, ao mesmo tempo que a reforma do Estado o torne mais eficiente e justo. O governante rejeitou ainda a ideia que tem sido vinculada

de que o Governo tem como objetivo de acabar com o Estado social e afirma: “Quem nos acusa de querer aca-bar com o Estado social comete uma falsidade que não podemos tolerar.” E diz que vai continuar a desenvolver esforços para intensificar a cooperação entre os órgãos de soberania.

O Orçamento também estende os seus tentáculos aos jogos sociais. Quem aposta neste tipo de jogos – como o Euromilhões ou o Totobola – passa a ser taxado em 20%, sempre que o prémio exceda os cinco mil euros. Um quinto da sorte de uns entra diretamente para os cofres do Estado.

Os jogos geridos pela Santa Casa da Misericórdia estavam até agora isentos de tributação. O único im-posto que se pagava era sobre a apos-ta em si e praticamente nem se dava por isso. Com o OE passa a verificar--se uma dupla tributação. Mantém--se a taxa de 4,5% do imposto do selo sobre a compra do jogo. A que acresce um imposto de 20% sobre os prémios de montante igual ou supe-

rior a cinco mil euros. O Governo argumenta que os jogos sociais de-vem estar em situação de igualdade relativamente aos encargos fiscais que recaem sobre os restantes jogos.

A medida não é muito diferente daquela que foi tomada pelo Execu-

tivo espanhol. Neste país, os prémios com um valor superior a 2 500 eu-ros passam a ser tributados à taxa de 20%, no que toca às chamadas “Lo-terias de Estado”. O Governo espera arrecadar cerca de 800 milhões de euros ao ano por esta via.

Governo “insiste” na reforma do Estado

Jogos sociais passam a pagar imposto

50 CONTABILIDADE & Empresas | NOV/DEZ 2012 | nº 18 - 2ª série

Portugal enfrenta uma das maiores crises de que há memória. Ricardo Arroja apresenta um livro também ele politicamente incorreto. A pre-ocupação é dar ao leitor uma visão histórica – atual e politicamente incorreta – sobre as causas da crise e os verdadeiros desafios que se colocam neste momento.

O economista escreve sobre o que se passa ver-dadeiramente no nosso país. Do desemprego ao desinvestimento, da dívida ao pagamento. Dos líderes da nossa História à União Europeia. Da educação à segurança social, da descentralização à centralização, da responsabili-

zação à promiscuidade. Na obra “As contas po-liticamente incorrectas da economia portuguesa” são apontados caminhos possíveis para o futuro. É aqui possível termos uma ideia mais aproxima-da qual é de facto a atual situação do país.

Mas Ricardo Arroja teve outra grande pre-ocupação ao escrever este livro: colocar de lado as falácias e as distorções tão comuns entre nós, sobretudo por parte dos políticos. Trata-se de

mais uma obra publicada pelo grupo editorial Vida Eco-nómica. Com 200 páginas, este trabalho tem um preço de venda ao público de 13,49 euros.

“Dividendos e recompra de ações – da te-oria à prática” apresenta as bases conceituais e as práticas das empresas e mercados de ca-pitais em relação à definição e à implemen-tação de políticas de dividendos e recompra de ações.

Para além de uma descrição dos vários formatos que os dividendos podem assumir, do padrão internacional das políticas de dis-tribuição de resultados e da sua evolução histórica até hoje, os autores passam em revista as principais teorias e conclusões de estudos empíricos existentes sobre essa temática. Os processos de recompra de ações são abor-

dados da mesma perspetiva, encarados como uma alternativa aos dividendos que têm as-sumido uma importância crescente a nível internacional.

Os autores são Miguel Soro e Jorge Fari-nha. “Trata-se, portanto, de uma obra exce-lente que utilizou uma ampla e consistente bi-bliografia e que não ficou apenas no domínio científico, tendo aplicação imediata”, refere

Ricardo Salgado, presidente do BES, no prefácio. A publicação é da responsabilidade do grupo Vida Eco-nómica, o livro tem 352 páginas e está disponível por 22,50 euros.

Depois do sucesso que o Harvard Trends teve há um ano, chega agora uma nova versão. É um livro inteiramente novo e com um ou-tro enfoque. Mantém a lógica de tendências na área da gestão, escritas para uma fácil e rápida leitura, de forma a ser acessível a todos.

O Harvard Trends 2103 abarca novas áreas até agora menos tratadas, como as apps e redes sociais. Embora o “core” continue centrado em áreas como a gestão de pessoas, marketing ou ino-vação, são os textos sobre as tendências no Facebook,

Twitter e Linkedin que prometem ter mais su-cesso. Até porque são atuais e resumem com uma profundidade interessante o que de mais importante há para saber nesta matéria, em termos de eficácia e posicionamento. O autor é Pedro Barbosa, a obra tem 328 páginas e está disponível por 11,70 euros. É da responsabili-dade editorial do grupo Vida Económica. No ano passado, Harvard Trends foi o segundo li-

vro mais vendido na área da Gestão/Marketing, depois da obra sobre Steve Jobs.

As contas politicamente incorretas da economia portuguesa

Dividendos e recompra de ações

Harvard Trends – 45 tendências de gestão

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