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parcialmente, da precedência da impressão global. A beleza de um produto relaciona-se, portanto, mais com as propriedades do nosso sistema visual, do que alguma coisa intrinsecamente bela no produto. Quando projetamos um objeto para ser belo, precisamos fazê-lo de acordo com as propriedades da visão humana. Assim, é importante entender o mecanismo da visão para aplicá-lo no estilo dos produtos.

A percepção de algo está intimamente relacionada com o seu observador, que necessita. para perceber a forma e os demais elementos, processar o cenário e os padrões visuais. Dos Santos e Simas (2001) acreditam que para processar os padrões visuais, o objeto observado é decomposto em subunidades elementares e. também. que nossa retina consegue responder apenas a certos atributos da imagem. Ainda, segundo esses autores, um modelo muito referenciado na década de 60 e 70, e muito valioso para entedermos o processamento visual da forma, é o de Hubel e Wiesel (1962):

[. .. ] que propuseram um modelo de conexão com ordem crescente de especificidade dos campos receptivos, de forma que as células do núcleo geniculado lateral passariam informações às células simples. destas para as células complexas e destas para as células hipercom­ plexas dos tipos I e 11, no córtex visual. (DOS SANTOS; SIMAS, 2001, p. 157)

As novas tecnologias estão presentes no dia a dia de bilhões de pessoas. É, cada vez mais comum a migração de artefatos em versões analógicas para a versão digital. Como é o caso dos jornais impressos, que agora podem ser lidos na tela do computador, tabletes e smartphones. Mais tanto a versão impressa quanto a versão digital de um jornal contêm inúmeros elementos textuais e não textuais que são percebidos e interpretados pelos leitores.

A percepção dos fenômenos ocorre através dos sentidos (ver, ouvir, escutar, sentir). Porém, devido ao fato do foco desta pesquisa ser a percepção da complexidade visual em interfaces, torna-se importante focar, então, na comunicação e percepção visual apenas Diversos autores conceituam comunicação visual (MUNARI. 2006 MESQUITA. 2014; FERNANDES. 2015), que seria qualquer forma de comunicação que se utiliza de elementos visuais, tais como imagens, signos, gráficos, vídeos. desenhos para transmitir uma informação.

Por isso. fica evidente que entender a forma como os interpre­ tantes da informação percebem os signos da mensagem, ajuda no processo de escolha dos elementos visuais que farão mais sentido e criarão mais significados. Assim, concorda Niemeyer (2013, p.181

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ao dizer que "o produto deve portar a mensagem adequada, "dizer" o que se pretende para quem interessa" e, também, quando diz que "a persuasão é a estratégia utilizada pelo Gerador para fazer o lnterpre- ador crer em algo" (NIEMEYER, 2013, p. 31 ).

Existe uma área da Ciência. a Semiótica. preocupada com o estudo da linguagem e dos signos (SANTAELLA, 2005). que estuda os signos e seus significados. A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis. ou seja, que tem oor objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer 'enômeno de produção de significação e de sentido" (SANTAEELA. 1983, p. 13).

Para Niemeyer (2013, p. 19) a" semiótica ilumina o processo no qual se dá a construção de um sistema de significação': Colapietro (1993, p. '79) diz que "Semiótica é o estudo ou doutrina dos signos, algumas vezes, considerada como uma ciência dos signos; uma investigação sistemática da natureza. propriedades e tipos de siqno" E. Santaella 983, p. 7) conclui que o nome "semiótica vem da raiz grega semeion,

cue quer dizer signo"! ... ] é. portanto, "a ciência dos signos, é a ciência ce toda e qualquer linguagem·:

A compreensão da mensagem depende da estética e do -soertório do interpretante. descrito por Niemeyer (2013, p. 29), como sendo "um acervo que cada indivíduo constrói no decorrer da vida': -:le&Ice, um cientista polivalente, "considerava a estética. a ética e a ogica como "ciências normativas" esferas interconexas de inquirição :'OSófica que constituem seu principal trabalho em teoria do valor" ?~RKER. 2003, p. 27).

A forma como os usuários percebem e interpretam o artefato encia diretamente como estes irão interagir e qualificar o produto.

Se consideramos que a comunicação visual é um "mix de símbolos e entos (imagens, texto, cores e tons, ícones. texturas. ilustrações. o. forma. direção, movimento. escala, dimensão) usados com enção de passar uma informação" (FERNANDES, 2015, p. 31 ),

:não. a complexidade visual interfere na compreensão da informação. ca:eitura, que se faz do artefato ou da mensagem.

Diversos investigadores estão convictos de que a percepção 'ãgura ocorre em etapas de processamento da informação. que

--.stormam a entrada visual inicial num produto final cognitivo. - oercepção visual está relacionada a forma, a profundidade e ao

,,mento daquilo que se vê. E, através de ligações associativas =-e-Se as bases para a unificação dos componentes separados do - =-do perceptivo num todo coerente (GOMES. 2011 ).

Percepção da complexidade visual em interfaces digitais 1 57

A psicologia experimental. ou escola do pensamento, mais conhecida como escola Gestalt, surgiu no século XX, na Universidade de Frankfurt, visando o estudo da psicologia, filosofia e o com­ portamento humano diante de certos momentos ou apreciações (ENGELMANN, 2002). Segundo, Bock et ai. (2001, p. 76) "Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração, que não é muito utilizado por não corresponder exatamente ao seu real significado em Psicologia':

Gestalt é a teoria que deu origem ao estudo do fenômeno da Percepção. Em alemão, quer dizer algo como "uma integração de partes em oposição à soma do todo': Está relacionada a teoria da forma e tenta explicar a relação sujeito-objeto no campo da percepção (BAXTER. 2000; BOCK et ai., 2001; ENGELMANN, 2002; GOMES FILHO, 2004, GOMES 2011 ).

Diversos autores como Baxter (2001 ), Gomes Filho (2004) e Gomes (2011) apresentam quais são as regras da gestalt (quadro 1). Segundo esses autores, fazem parte da regra da gestalt. a regra da organização, da simetria, das formas geométricas, da proximidade, da similaridade, da continuidade, do fechamento, da figura vs. fundo. da unidade.

Quadro 1. Regras da Gestalt.

Regras Explicação Unidade O primeiro processo cerebral sobre a forma é

enxergar o todo, através da relação existente entre as partes.

Organização O sistema nervoso central funciona como um auto regulador e tenta organizar a forma em um todo coerente e unificado.

Figura vs. Fundo Capacidade de separar uma parte da imagem que é considerada mais importante.

Segregação Os elementos distantes ou com grandes contrastes tendem a ser segregados. vistos de forma separada.

Continuidade Propõe que a percepção tende a dar continuiade trajetória ou prolongamento aos componentes dê figura.

Fechamento Tedemos a fechar uma forma devido a percepção de contraste e continuidade.

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Similaridade A figura/forma similares tendem a ser vistas como um conjunto.

Proximidade O fato de fuguras estarem próximas tendem a ser integradas., ou seja todos os elementos próximos tendem a ser processados como parte de um mesmo grupo.

Simetria o ser humano tem uma grande habilidade em perceber simetria nas formas mesmo que complexas.

Formas geométricas O ser humano tem mais facilidade em detectar as formas geóetricas mais simples do que as complicadas ou irregulares.

fonte: Baxter (2001), Gomes Filho (2004), Gomes (2011).

Segundo o modelo de Leder et ai. (2004) a complexidade visual aesempenha um papel crucial na percepção de estímulos visuais. Tuch s ai. (2012) sugere que vários estudos encontram uma relação entre oreferências estéticas e a complexidade visual. No campo do IHC existem diversas evidencias da influência da complexidade visual na oercepção estética.

Cavalcante (2014) afirma que complexidade visual é um exemplo da característica subjetiva. E, que, em geral, a complexidade do ambiente ,fluencia, fortemente, processos de percepção como atenção visual 3 busca visual. Em especial. segundo este autor, a complexidade • suai reflete, geralmente, a quantidade de tempo, e a dificuldade em encontrar um objeto no ambiente.

Segundo Berlyne (1970, 1971) a complexidade visual é um exemplo de qualidade percebida, que está relacionada com a avaliação :k> ambiente efetivo. Cavalcante (2014) se pergunta "o que nos faz oerceber ou decidir que uma cena visual "A" é mais complexa do que ...ma cena "B "?" Attneave (1957 apud CAVALCANTE, 2014) verificou sm suas pesquisas que certas características visuais (que ele chamou ce simetria, curvatura, variação angular, etc.) foram relacionadas à oercepção da complexidade visual. Ao combinar essas características :'TI uma única equação, Attneave (1957) criou uma medida objetiva cue foi correlacionada com julgamentos humanos de complexidade , .suai. Ou seja, a forma, variação, quantidade e a disposição dos = ementas que fazem parte do artefato estão relacionados a percepção :Ã3 complexidade visual.

Percepção da complexidade visual em interfaces digitais 1 59

O objetivo deste capítulo é explorar o assunto, refletir sobre as pesquisas sobre a percepção da complexidade visual relacionadas aos artefatos digitais e compreender a importância do estudo da complexidade visual em interfaces digitais como fator de qualidade percebida.

PERCEPÇÃO DA COMPLEXIDADE VISUAL

O apelo visual, atratividade, beleza ou estética de interfaces de usuários. tornou-se um tema de grande interesse do campo da IHC (Interação Homem-Computador), segundo Bargas-Avila e Hornbaek (2011 ). Para Tuch et ai. (2012) os pesquisadores estão especialmente interessados em saber como as impressões estéticas são formadas pelos usuários. Ainda segundos os autores (TUCH et al., 2012) é evidente que o processo de percepção estética é algo muito complexo porque é formado por várias características físicas dos estímulos percebidos, como a forma, a cor. a complexidade; bem como pelas características individuais de quem as percebe como experiências anteriores e conhecimentos adquiridos (REBER et al.. 2004).

Segundo o modelo de Leder et ai. (2004) a complexidade visual desempenha um papel crucial na percepção de estímulos visuais. Tuch et ai. (2012) sugere que varios estudos encontram uma relação entre preferências estéticas e a complexidade visual. No campo do IHC existem varias evidencias da influência da complexidade visual na percepção estética.

Cavalcante (2014) relata que a presença de bordas de imagem está relacionada com a complexidade visual (FORSYTHE et al.. 2003). que inspirou uma medida simples e eficaz através da detecção de perímetro. Essa medida consiste em contar o número de pixeis que formam as bordas da imagem. Este procedimento pode ser facilmente aplicado para cenas do mundo real, utilizando algoritmos de detecção de bordas. Ainda segundo esse autor (CAVALCANTE. 2014) as medidas também podem ser baseadas na ideia de complexidade visual de acordo com as definições da teoria da informação (DONDERI, 2006). Neste ponto de vista. uma cena visual é considerada uma fonte de informação, e sua complexidade visual é determinado pela quantidade de informação associada à sua distribuição estatística (CALVALCANTE. 2014; DONDE RI. 2006). Berlyne (1960, p. 38) define a complexidade como sendo "a quantidade de variedade ou diversidade em um padrão de estímulo"

Para Guo e Hall (2009) a complexidade visual tem sido utilizada em estudos em termos de medidas objetivas (GEISSLER et al., 2001) ou

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oções do usuário (NADKARNJ. 2004). Elsheshtawy (1997) usou --.: aoordagem manual para segmento de elementos significativos de :::sas de rua, tais como janelas, portas e volumes globais de fachadas. ~ estudo, a complexidade foi medida com base no número e

eoade desses elementos. Cooper (2003) utilizou outra técnica. as c::-:;.as formadas entre os limites de edifícios e do céu. Em seguida, ele

oirnensào fractal para avaliar a complexidade dessas skylines . • ~ai et ai. (2013) acredita que a complexidade em Web site pode ::onsiderada de duas formas: objetiva e subjetiva. A complexidade

-=: va. segundo os autores. refere-se ao número real de diversos e tos elementos do site, enquanto que a complexidade subjetiva

- eze o quão diferente e visualmente denso o usuário percebe o Web - GUO e HALL, 2009; KRISHEN e KAMRA, 2008; NADKARNI e --T"A. 2007). Ainda para Mai et ai. (2013) a complexidade subjetiva

- rnents é medida em um nível global, como o grau em que c..suário percebe a complexidade do website. A complexidade = ta também pode ser conceituada a nível global como a soma ~ - :'erentes e divergentes elementos (MAi et ai., 2013). Geissler et

.:oo6) demonstraram que diferentes aspectos contribuem para a exidade, incluindo a quantidade de informação.

:>a.a facilitar as interações em páginas Web, empresas, prestadores - se-viços e até os designers que projetam para Web estão muito ~dos em compreender como os usuários respondem a níveis

e evades de complexidade. No entanto. a literatura acadêmica ,:a não conseguiu responder se a complexidade em sites inibe ou -a ta as respostas de utilizador e eficácia da comunicação (MAi et - 3; NADKARNI e GUPTA. 2007). :.ara urna abordagem integrada, Nadkarni e Gupta (2003) definem

- =-· o exidade de websites percebida como o quão difícil é para os encontrar a forma e o conteúdo do site, o quanto se tenta

eender, processar e interagir com o site para determinadas ~ on-line. Esta definição fornece uma conceituação ampla e

c:-_ca da complexidade local percebida. Ela capta não apenas os ei::õ"::::::is da complexidade estrutural e de conteúdo, mas também os

_ -.NOs e psicológicos (GUO; HALL, 2009). - nela para Guo e Hall (2009) a complexidade percebida é a

e::=>-=~-- o subjetiva de complicação ao visitar um site. Para os autores. - ... enciada pela complexidade objetiva do site, e reflete os aspectos

s dos indivíduos. Desconta os efeitos da familiaridade e _ - do. e reflete fatores reais que afetam outras experiências

-:.:vas (HUANG, 2000).

Percepção da complexidade visual em interfaces digitais 1 61

Para Tuch et ai. (2012), como introduzido no contexto do modelo de Leder et ai. (2004), a complexidade visual desempenha um papel crucial na percepção de estímulos visuais. Existem teorias e vários estudos que encontraram uma relação entre as preferências estéticas e a complexidade visual. Ainda para esses autores, de acordo com a teoria estética de Berlyne (1974), o prazer dos espectadores está relacionado com o potencial de excitação de um estímulo. Esta relação é representada em uma curva em U invertido.

Segundo Baxter (1998, p. 34), "a principal causa da atração visual não é a complexidade intrínseca de um objeto, mas a complexidade percebida pelo observador" Ainda segundo este autor (BAXTER, 1998), "a simplicidade tende a aumentar a segurança das pessoas, da mesma forma que a complexidade ou o desconhecido provocam insequrança" É possível que as interfaces mais simples proporcionem interações mais gratificantes e uma maior satisfação do uso.

A teoria de Berlyne (1975) prevê que os estímulos de um moderado grau de complexidade visual serão considerados agradável, ao passo que ambos os estímulos menos e mais complexo serão considerados desagradável. No entanto, a evidência empírica para esta relação em forma de U invertido é misturado, vários estudos revelaram uma relação linear, em vez de uma relação quadrática (MARTINDALE et ai., 1990).

Tuch et ai. (2012) em seu experimento quis saber em qual grau a complexidade visual e o padrão visual (modelo mental) influência a percepção, nos momentos iniciais, de contato com um website. Os autores se basearam no modelo descrito por Leder et ai. (2004) que indica quatro fases que da percepção, sendo que a primeira fase o usuário percebe a interface, depois ele julga de forma instintiva, na sequência, ele faz uma ligação (ponte) com o já conhecido, ou seja, busca a familiar. o seu modelo mental padrão, e finaliza jugando de forma mais racional. Nesse estudo, os autores queriam descobrir o quanto a complexidade visual e o modelo mental influenciam as primeiras impressões (fase 2 de Leder et al., 2004) em um período curto de tempo, menos de um segundo. Os autores acreditavam que tanto a complexidade visual quanto o modelo mental (padrão) têm impacto significativo sobre os juízos estéticos dos participantes da pesquisa.

Nesse experimento (TUCH et al., 2012) foi utilizado três fatores misturados com as variáveis independentes dentro de um assunto: complexidade visual (baixa vs. média vs. alta) e padrões visuais (baixa vs. média vs. alta). As variáveis independentes dentro do assunto

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os tempos de apresentação com três níveis (50 vs. 500 vs. s). A variável dependente era a percepção estética. Os parti­

~ ies foram apresentados aos 120 screenshots de websites. uma a outra, de forma aleatória, e eles tiveram que classificar cada um

as imediatamente, com relação a estética percebida. Eles foram ados a classificar as páginas da web de forma intuitiva. sem

ce-sar muito. O tempo de apresentação do site variava dependendo ..e. :ondição experimental pela qual o participante foi atribuído.

:>ara garantir que os participantes avaliassem os sites exatamente caraçào desejada, foi utilizado um procedimento de mascaramento

-_._3ERT et al.. 2009; FEi-FEi et ai., 2007). que consiste em. primeira- -=.e, apresentar uma tela em branco com um ponto fixo no centro.

_~tdo da imagem do website, seguido de uma máscara (tela preta --a embra a tela de um canal de televisão sem sintonia), seguido da

de avaliação, para prevenir que os participantes tivessem uma reepção prolongada ao estímulo apresentado. porque a percepção

ze c alquer estímulo persistir durante cerca de 250 ms após o estímulo Se extinto (GOLDSTEIN, 2009). Portanto, foi importante para garantir ~pos precisos por máscaras adequadas. Para o mascaramento foi ~.12ado um padrão de ruído visual aleatório (ROLKE e HOFMANN.

7; CANTOR e THOMAS. 1976). A máscara constou de um arranjo = estório de preto e pixeis e tinha o mesmo tamanho que as páginas =.e: veb (1000 x 800 pixeis). Os resultados demostraram que páginas eb mais complexas receberam avaliações de estética mais baixas do e:, as páginas menos complexas e páginas com um padrão (modelo tal) alto foram classificados como mais bonitas do que as páginas

:e oaixa padrão. Os autores sugerem que a complexidade visual afeta ~ :-.ercepção estética mais fortemente dentro da condição de padrão =- respectivamente, o efeito do padrão na estética percebida é o:,- _.ado se a complexidade visual for alta.

OONSIDERAÇÕES FINAIS

• complexidade visual é um assunto que despeda curiosidade há Muitos pesquisadores já tentaram definir ou criar medidas para

-:- r esse fator que tem forte ligação com a atratividade do ambiente ::::s--iruído. Décadas de pesquisas não conseguiram chegar a um

:senso de medidas para avaliar a complexidade visual. -alvez. como dito por Tuch et ai. (2012). não há uma medida que considerada a mais correta, apenas pode ser avaliada dentro de contexto. Porém, é notável que a complexidade visual influencia a

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percepção do observador. e irá influenciar a sua interação e, também, a quafilicação que faz do ambiente, interface, produto.

É possível supor que a complexidade visual pode interferir diretamente nas expectativas que os usuários terão da interface/ objeto, na qualidade de uso da mesma e nas impressões finais que se terá desta interação e do produto como um todo.

O referencial teórico abordado neste artigo visou encontrar os pontos-chaves levantados pelos diversos autores e conceitos que ajudasse a delinear a definição de complexidade visual e como se relaciona com a percepção e os julgamentos. Algumas afirmações e lógicas estabelecidas ajudam a criar a definição deste termo, sendo que a mais plausível, é seguir a linha de raciocínio da Teoria da Informação (MOLES. 1991; DONDE RI. 2006; CAVALCANTE, 2014), em que, a complexidade visual de uma informação pode ser medida segundo a quantidade e variação de elementos que a compõem. Sendo assim. complexidade de uma informação visual é a percepção da variedade e quantidade de elementos dispostos na interface.

É possível concluir, então, que a complexidade visual está relacionada com a quantidade, variação, e posicionamento dos elementos que compõe aquilo que se utiliza ou observa. E, também, que os padrões visuais que projetamos em nossas mentes vão influenciar a percepção.

Há muito o que se discutir sobre a complexidade visual, tanto na relação nível de complexidade e atratividade, quanto seu impacto na qualidade percebida e na interação do usuário. E dento disto, em qual momento da experiência do usuário a complexidade visual tem maior impacto, se nas primeiras impressões, no momento da interação ou nas impressões finais, após o uso.

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