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2019 Paulo Guimarães CÓDIGO PENAL MILITAR Coleção Leis (CÓDIGOS) para concursos Dicas para realização de provas com questões de concursos e jurisprudência do STF e STJ inseridas artigo por artigo Coordenação: LEONARDO GARCIA

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Page 1: CÓDIGO PENAL MILITAR · 2019-05-30 · Código Penal Militar – Decreto-lei n. 1.001, de 21.10.1969 Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando

2019

Paulo Guimarães

CÓDIGO PENAL MILITAR

Coleção

Leis (CÓDIGOS) para concursosDicas para realização de provas com questões de concursose jurisprudência do STF e STJ inseridas artigo por artigo

Coordenação: LEONARDO GARCIA

Page 2: CÓDIGO PENAL MILITAR · 2019-05-30 · Código Penal Militar – Decreto-lei n. 1.001, de 21.10.1969 Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando

Código Penal Militar – Decreto-lei n. 1.001, de 21.10.1969

Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando das atribuições que lhes confere o art. 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de outubro de 1969, combinado com o § 1° do art. 2°, do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968, decretam: CÓDIGO PENAL MILITAR.

Parte Geral – Livro ÚnicoTítulo I

Da Aplicação Da Lei Penal Militar Princípio de legalidade

Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

1. Princípio da legalidade: Destacamos aqui os três desdobramentos do princípio da legalidade que ficarão mais evidenciados no art. 2º do Código Penal Militar. São eles: o princípio da reserva legal, da anterioridade, determinação taxativa e irretroatividade da lei.

1.1. O princípio da reserva legal: indica que somente a lei pode versar sobre matéria penal, os costumes e analogia apenas poderiam ser utilizados in bonan partem.

1.2. O princípio da anterioridade: indica que o crime e a pena já devem estar previstos com imposição da pena, inclusive indicando a espécie e quantidade, não sendo possível ao Estado impor novos tipos penais a fatos ocorridos antes da sua criação.

1.3. Já a taxatividade, ou determinação taxativa exige um trabalho mais elaborado do legislador ao descrever os tipos penais evitando linguagem vaga e ambígua, construindo tipos abstratos com clareza e precisão.

1.4. O princípio da irretroatividade: é complemento do princípio da reserva legal, uma vez que exige que a lei seja atual para que possa produzir seus efeitos. A lei, em outras palavras, alcança apenas fatos a ela supervenientes. Aqui cumpre destacar as exceções a esta regra, como a retroação da lei mais benéfica (lex mitior) e a lei supressiva de incriminação (abolitio criminis).

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Art. 2° CÓDIGO PENAL MILITAR – Paulo Guimarães

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PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: FUMARC, Órgão: TJM-MG, Prova: Oficial Judiciário – Oficial de Justiça O Direito Penal Militar consagra, no Código Penal Militar, o Princípio da Reserva Legal como um dos direitos individuais fundamentais. São princípios decorrentes deste: A) o princípio da legalidade, o princípio da ultratividade da lei penal e o princípio da

territorialidade.Gabarito: item está incorreto

B) o princípio da irretroatividade da lei penal, o princípio da legalidade e o princípio da extraterritorialidade.

Gabarito: item está incorreto

C) o princípio da anterioridade da lei penal, o princípio da irretroatividade da lei penal e o princípio da retroatividade da lei mais benéfica ao réu.

Gabarito: item está correto

D) o princípio da retroatividade da lei penal, o princípio da aplicação da lei excep-cional e o princípio da legalidade.

Gabarito: item está incorreto

2. Princípio da Legalidade no Código Penal Militar: Apesar de a redação do dispositi-vo ser idêntica à do art. 1º do Código Penal, é necessário entender que no Direito Penal Militar não há pena nem medida de segurança sem prévia cominação legal. Estas medidas de segurança são diferentes daquelas previstas no Código Penal comum. Elas são penas acessórias, geralmente restritivas de direitos, e não estão relacionadas com aquelas aplicáveis apenas aos inimputáveis, tratadas pelo Direito Penal.

Lei supressiva de incriminação

Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

Retroatividade de lei mais benigna

§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroati-vamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.

Apuração da maior benignidade

§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser con-sideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.

1. Princípio da Irretroatividade e Princípio da Retroatividade da lei mais benéfica: Este dispositivo trata da retroatividade da lei penal mais benigna e suas exceções, a retroatividade da lei mais benigna e a lei supressiva de incriminação.

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Art. 2°CÓDIGO PENAL MILITAR – DECRETO-LEI N. 1.001, DE 21.10.1969

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No caput do art. 2º temos uma hipótese de extinção de punibilidade nos termos do art. 123, III do Código Penal Militar. Neste caso, para o STF a abolitio criminis somente ocorrerá em face de uma revogação total do tipo penal.

Com relação ao conteúdo do § 2°, por muito tempo houve discussão no Direito Penal sobre a possibilidade de o juiz fazer um cotejo interpretativo entre a lei antiga e a nova, conjugando os fatores mais benéficos para o réu. O STF já se pronunciou pela ilicitude deste procedimento, e hoje o entendimento jurispru-dencial é pacífico. As leis, portanto, devem ser aferidas em seu contexto total, não sendo permitido o fracionamento da interpretação de legislação. Perceba, porém, que o Código Penal Militar já há muito trazia este dispositivo específico determinando que as duas leis deveriam ser consideradas separadamente.

Posição do STF: A jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não se pode mesclar o regime penal comum e o castrense, de modo a selecionar o que cada um tem de mais favorável ao acusado, HC 119458/AM. Relator(a): MIN. CARMEM LÚCIA. Julgamento: 25/03/2014. Órgão Julgador: Segunda Turma.

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de Direito

De acordo com o CPM, para se reconhecer qual a lei mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser combinadas, extraindo-se de cada uma delas o dispositivo que mais beneficie o réu.

Gabarito: Item está incorreto.

2. Do conflito entre os Princípios da Irretroatividade da lei mais severa e da Retroatividade da lei mais benéfica: Do embate entre estes princípios resultam dois princípios que resolvem esta questão. O princípio da ultratividade que permite que a lei mais benéfica continue a produzir efeitos, mesmo depois de sua derrogação, com relação aos fatos que ocorreram em sua vigência e o prin-cípio da retroatividade que permite que a lei mais benéfica produza efeitos com relação a fatos que ocorreram antes de sua vigência. Em suma, a lei nova que modifica o regime anterior agravando a situação do sujeito não pode retroagir para prejudicar, já a lei nova que modifica o regime anterior beneficiando o sujeito pode retroagir para alcançar fatos anteriores a ela, exceto fatos de na-tureza cível como bem aponta a redação do caput do art. 2º. Vale ressaltar que tais institutos não se aplicam às leis temporárias ou excepcionais. Ambas são ultra ativas e se aplicam aos fatos que ocorrem durante sua vigência mesmo depois de revogadas

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de Direito

Ao contrário do que ocorre no direito penal comum, no direito penal militar, a lei posterior que deixa de considerar determinado fato como crime estende-se aos efeitos de natureza civil.

Gabarito: item está incorreto.

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Art. 3º CÓDIGO PENAL MILITAR – Paulo Guimarães

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Medidas de segurança

Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

1. Inconstitucionalidade deste instituto: A maior parte da Doutrina acredita que este dispositivo é inconstitucional, pois prevê a aplicação das medidas de se-gurança vigentes à época da sentença. Deve-se ter em conta o art. 5ª, XL, da Constituição Federal de 1988 que não restringe a retroação ao crime e à pena. O texto atual se refere a lei penal, o que alcançaria também as medidas de segu-rança. A maior parte da doutrina, portanto, chega à conclusão que deve haver retroação da lei que seja mais benéfica em matéria de medida de segurança.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de Direito

E) O princípio da retroatividade benigna não é aplicável às medidas de segurança.

Gabarito: item está incorreto

Na realidade, há uma situação em que este texto não será inconstitucional: ima-gine, por exemplo, que um sujeito praticou um crime para o qual era prevista determinada medida de segurança. Ao longo do processo, porém, essa medida de segurança foi abrandada, por alteração legal. Neste caso, será aplicada a me-dida de segurança vigente ao tempo da sentença. Com relação as questões que cobram o texto da lei, é necessário que o candidato tenha certo cuidado pois este dispositivo nunca foi declarado inconstitucional. Se a assertiva trouxer o texto legal, portanto, você deve ser entendido como sendo correto.

Cumpre ainda ressaltar que, uma vez cumprida a pena imposta em sentença condenatória em sua integralidade, não há que se falar em aplicação de me-dida de segurança para tratamento curativo. Cumprida parcialmente a medida de segurança aplica-se o disposto no art. 67, computando-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o excesso de tempo, reconhe-cido em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime, desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2011, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Analista Judiciário – Área Judiciária

Considere que decisão do conselho de justiça substitua a pena privativa de liberdade imposta na sentença condenatória por tratamento ambulatorial, não obstante o réu ter permanecido preso por sessenta dias e cumprido integralmente a pena anterior-mente fixada. Nessa situação, é incabível a decisão do conselho de justiça, mesmo diante de incontestável demonstração da periculosidade do réu.

Gabarito: item está correto.

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Art. 3ºCÓDIGO PENAL MILITAR – DECRETO-LEI N. 1.001, DE 21.10.1969

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As medidas de segurança, ao contrário das penas, não devem ser necessaria-mente proporcionais à gravidade dos delitos praticados, mas à periculosidade do delinquente. Perceba que as medidas de segurança não possuem a natureza própria das sanções, pois, como dito, despem-se de um conteúdo punitivo. Con-tudo, nelas persiste um traço nítido de coerção, pois são aplicadas e controladas pelos juízos penais, obedecidas as condicionantes da lei penal, gerando, inclusive, sérias repercussões no status libertatis da pessoa, o que autoriza a conclusão de que, se não são propriamente penas, possuem nuances que delas as aproxima, ao menos sob o aspecto formal.

A pena da medida de segurança detentiva não deve necessariamente ser fixada na mesma quantidade das penas privativas de liberdade cominadas abstratamente nos tipos penais. Na realidade o que a jurisprudência indica é que o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstra-tamente cominada ao delito, conforme o entendimento da Súmula n. 527 do STJ.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2004, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Analista Judiciário – Área Judiciária

As medidas de segurança pessoal são não-detentivas e detentivas, sendo estas fixadas na mesma quantidade das penas privativas de liberdade cominadas abstra-tamente nos tipos penais.

Gabarito: item está incorreto.

O STF também possui julgados afirmando que a medida de segurança deverá obedecer a um prazo máximo de 30 anos, fazendo uma analogia ao art. 75 do Código Penal, e considerando que a Constituição Federal de 1988 veda as penas de caráter perpétuo.

‘(...) Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo de duração da medida de segurança é o previsto no art. 75 do Código Penal, ou seja, trinta anos.’ (...) (STF. 1ª Turma. HC 107432, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/05/2011)

1. Sistema Vicariante: Em linhas gerais, o Código Penal Militar e o Código Penal Co-mum adotam o sistema vicariante e não mais o sistema binário em que poderia haver imposição cumulativa de pena e medida de segurança aos semi-imputáveis e aos imputáveis considerados perigosos. Já no sistema vicariante a aplicação é alternativa.

• Ano: 2013, Banca: MPM, Órgão: MPM, Prova: Promotor de Justiça Militar

Analise as proposições abaixo e assinale a resposta correta.

III. O Código Penal Militar, na esteira do revogado Código Penal comum de 1969 (revogado sem nunca entrar em vigor), acabou com as medidas de segurança para imputáveis e aboliu o sistema do duplo binário para semi-imputáveis, subs-tituindo-o pelo denominado sistema vicariante, segundo o qual, o juiz ou impõe pena ou medida de segurança, vedada a cumulação de ambas.

Gabarito: item está correto.

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Art. 4º CÓDIGO PENAL MILITAR – Paulo Guimarães

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Lei excepcional ou temporária

Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

1. Leis excepcionais e Leis temporárias: A doutrina conceitua lei excepcional como sendo aquela que é promulgada em situações excepcionais tais como turbulência social, calamidades públicas, guerras, epidemias, etc. Já as leis temporárias são as que em seu próprio texto já indicam seu tempo de vigência.

Aqui o art. 4º indica que vigora a ultratividade da lei temporária e excepcionais, como é o caso do próprio Código Penal Militar nos que concerne os dispositivos aplicáveis em tempo de guerra, ou seja, ainda que finda a vigência ou cessadas as causas que a determinaram, essas leis regulam as condutas que ocorreram em sua vigência.

Aqui estão as mesmas regras do Código Penal a respeito da lei excepcional ou temporária. O mesmo assunto também é tratado pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução ao Código Civil).

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoAssinale a opção correta a respeito da aplicação da lei penal militar no tempo e das leis penais excepcionais e temporárias.As normas do CPM relativas aos crimes militares praticados em tempo de guerra não constituem exemplo de lei penal temporária.Gabarito: item está incorreto.

Aos condenados por crimes praticados em tempo de guerra serão aplicadas as penas mais severas estabelecidas, ainda que a sentença condenatória seja proferida depois da cessação do estado de guerra.Gabarito: item está correto.

Tempo do crime

Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento

1. Do tempo do crime: Aqui está a explicitação da teoria da atividade, a mesma adotada pelo Código Penal. Mas há uma exceção. No caso do crime continuado ou permanente, aplica-se a lei penal mais grave, caso sua vigência seja anterior à cessação da continuidade ou permanência, nos termos da Súmula n. 711 do STF.

Posição do STF: Súmula n. 711: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou a crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da per-manência.

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Art. 5ºCÓDIGO PENAL MILITAR – DECRETO-LEI N. 1.001, DE 21.10.1969

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PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoCom relação a tempo e lugar do crime, bem como à territorialidade e extraterrito-rialidade da lei penal militar, assinale a opção correta à luz do CPM e da doutrina de referência.No CPM, é adotada a teoria mista em relação ao tempus delictis, considerando-se praticado o crime tanto no momento da conduta ou omissão quanto no momento do resultado do crime.Gabarito: item está incorreto.

• Ano: 2010, Banca: CESPE, Órgão: DPU, Prova: Defensor PúblicoDiversamente do direito penal comum, o direito penal militar consagrou a teoria da ubiquidade, ao considerar como tempo do crime tanto o momento da ação ou omissão do agente quanto o momento em que se produziu o resultado.Gabarito: item está incorreto.

• Ano: 2011, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Analista Judiciário – Execução de MandadosEm relação ao tempo do crime, o Código Penal Militar adotou a teoria da atividade.Gabarito: item está correto.

Para a Doutrina majoritária, os crimes de deserção e insubmissão são considera-dos crimes permanentes. Se lei mais grave passar a vigorar antes de o desertor ou insubmisso ser capturado, a nova norma passa a ser perfeitamente aplicável. O benefício do art. 129 do Código Penal Militar também segue a mesma regra, sendo aplicável somente se o desertor ou insubmisso for capturado antes de completar 21 anos de idade.

O art. 129 do Código Penal Militar concede o benefício da redução pela metade da prescrição quando o criminoso for menor de 21 ou maior de 70 anos. Se o sujeito desertar aos 19 anos, por exemplo, e só for capturado aos 22, a redução do tempo de prescrição não se aplica, ainda de acordo com a Súmula n. 711 do STF.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoPara os crimes permanentes e continuados, é estabelecida no CPM regra específica em relação ao tempo do crime, adotando-se a teoria da atividade, que se funda-menta nos princípios constitucionais da legalidade e da ultratividade da lei penal mais favorável ao réu.Gabarito: item está incorreto.

• Ano: 2011, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Analista Judiciário – Área JudiciáriaConsidere que um militar em atividade se ausente de sua unidade por período superior a quinze dias, sem a devida autorização, sendo que, no decorrer de sua ausência, lei nova, mais severa e redefinindo o crime de deserção, entre em vigor.

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Art. 6º CÓDIGO PENAL MILITAR – Paulo Guimarães

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Nessa situação, será aplicada a lei referente ao momento da conduta de se ausentar sem autorização, porquanto o CPM determina o tempo do crime de acordo com a teoria da atividade.Gabarito: item está incorreto.

Lugar do crime

Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.

1. Teoria da Ubiquidade nos crimes comissivos: O Código Penal Militar também adota a teoria da ubiquidade (teoria da atividade + teoria do resultado), tal como o Código Penal. A teoria da ubiquidade indica que se considera praticado o crime no local onde se desenvolveu a atividade criminosa, bem como onde produziu ou deveria produzir o resultado.

2. Teoria da Atividade nos crimes omissivos: Na última parte do dispositivo o Código Penal Militar traz orientação diversa, pois determina que aos crimes omissivos deve ser aplicada a teoria da atividade.

LUGAR DO CRIME– Para os crimes comissivos, o Código Penal Militar adota a teoria da ubiquidade; – Para os crimes omissivos aplica-se a teoria da atividade, devendo o lugar do crime ser

considerado aquele em que deveria ser realizada a ação omitida.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoCom relação a tempo e lugar do crime, bem como à territorialidade e extraterrito-rialidade da lei penal militar, assinale a opção correta à luz do CPM e da doutrina de referência.Para a verificação do lugar do crime, o CPM adotou, apenas, a teoria da atividade, considerando praticado o fato no lugar em que se tiver desenvolvido a atividade criminosa.Gabarito: item está incorreto.

• Ano: 2013, Banca: CESPE Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoCom relação a tempo e lugar do crime, bem como à territorialidade e extraterrito-rialidade da lei penal militar, assinale a opção correta à luz do CPM e da doutrina de referência.Diferentemente do sistema adotado no CP, no CPM considera-se lugar do crime ape-nas o lugar onde se tenha produzido ou deveria produzir-se o resultado, consoante a teoria do resultado.Gabarito: item está incorreto.

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Art. 7ºCÓDIGO PENAL MILITAR – DECRETO-LEI N. 1.001, DE 21.10.1969

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Territorialidade, Extraterritorialidade

Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

Território nacional por extensão

§ 1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob co-mando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada.

Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros

§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares.

Conceito de navio

§ 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando militar.

1. Territorialidade e Extraterritorialidade da legislação penal militar: Aqui pode-mos dizer que se aplica a territorialidade temperada, pois a lei penal militar é aplicada aos crimes cometidos no Brasil, sem prejuízo das regras estabelecidas em convenções e tratados internacionais.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoDa mesma forma que o Código Penal, o CPM adota, como regra, o princípio da ter-ritorialidade e, como exceção, o princípio da extraterritorialidade.Gabarito: Item está incorreto

A legislação castrense considera território nacional por extensão os navios e ae-ronaves brasileiros, sob comando militar ou militarmente utilizados, onde quer que se encontrem.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2010, Banca: MPE-PB, Órgão: MPE-PB, Prova: Promotor de JustiçaConsideram-se como extensão do território nacional aeronaves e navios brasileiros, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada, desde que se encontrem em mar territorial nacional ou no espaço aéreo correspondente.Gabarito: item incorreto.

O Código Penal Militar, diferentemente do Código Penal, aplica a extraterritoria-lidade incondicionada, como podemos deduzir da expressão "ainda que, neste

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Art. 7º CÓDIGO PENAL MILITAR – Paulo Guimarães

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caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estran-geira". Pune-se, portanto, o sujeito de qualquer nacionalidade onde quer que tenha sido praticado o crime independentemente de ter havido prévio processo em país estrangeiro, bastando apenas que o delito praticado constitua crime militar nos termos da lei penal militar nacional.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE Órgão: STM, Prova: Juiz de Direito

A extraterritorialidade da lei penal militar constitui regra geral no CPM, a qual se aplica, inclusive, ao caso de o agente – de qualquer nacionalidade – ter praticado crime militar e estar sendo processado ou ter sido julgado por justiça estrangeira.

Gabarito: item está correto.

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz de Direito

O CPM pune o infrator aos seus preceitos, qualquer que seja sua nacionalidade ou o lugar onde tenha delinquido, dentro ou fora do território nacional, processado ou julgado por justiça estrangeira.

Gabarito: item está correto

• Ano: 2014, Banca: CESPE, Órgão: Câmara dos Deputados, Prova: Analista Legislativo

Julgue o item que se segue, a respeito da justiça militar.

O crime militar cometido no exterior é enquadrado na lei penal militar brasileira, de acordo com o Código Penal Militar.

Gabarito: item está correto

2. Navio e aeronave militar: Cumpre ainda destacar que a lei penal militar também deve ser aplicada quando um crime é praticado em navio ou aeronave estran-geiros, desde que localizados em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: MPM, Órgão: MPM, Prova: Promotor de Justiça Militar

Em face do princípio da extraterritorialidade, se um capitão de corveta brasileiro, in-tegrante de uma tripulação de um contratorpedeiro, em comissão de natureza militar, comete crime de homicídio contra uma civil, estando de folga e no interior de um quarto de hotel nos Estados Unidos, o fato delituoso constitui crime comum e não militar.

Gabarito: item está correto

Quanto às embaixadas temos o que preceitua o Professor Guilherme S. Nucci (Código Penal Militar Comentado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 46): “(...) há muito não mais se considera a sede diplomática como extensão do território alienígena. Portanto, a área de uma embaixada é território nacional, embora seja inviolável. A Convenção de Viena, no entanto, estabelece que a inviolabilida-de da residência diplomática não deve estender-se além dos limites necessários ao fim a que se destina. Isso significa que utilizar as suas dependências para a

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Art. 9ºCÓDIGO PENAL MILITAR – DECRETO-LEI N. 1.001, DE 21.10.1969

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prática de crimes ou dar abrigo a criminosos comuns faz cessar a inviolabilidade. Além disso, podem as autoridades locais invadir a sede diplomática em casos de urgência, como a ocorrência de algum acidente grave."

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE Órgão: STM, Prova: Juiz de DireitoOs prédios das embaixadas não são considerados, para o direito penal militar, como extensão do território nacional, visto que pertencem aos Estados que representam.Gabarito: item está incorreto

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

1. Detração penal: O nome do instituto trazido pelo art. 8º é detração penal, e de-termina que a pena cumprida no exterior seja levada em consideração quando o agente for condenado no Brasil pelo mesmo crime. O intuito dessa determinação é evitar o bis in idem.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2013, Banca: CESPE, Órgão: STM, Prova: Juiz AuditorA pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nesta é computada, quando idênticas. Assim, se for mais severa, a pena cumprida no estrangeiro funcionará, por não ser idêntica, apenas como uma atenuante, não podendo ser computada na pena aqui imposta.Gabarito: item está incorreto.

Crimes militares em tempo de paz

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

1. Competência da Justiça Militar da União e da Justiça Militar Estadual: São crimes militares em tempo de paz os crimes tratados pelo Código Penal Militar, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2010, Banca: MPE-PB, Órgão: MPE-PB Prova: Promotor de JustiçaConsideram-se crimes militares em tempo de paz os crimes previstos no Código Penal Militar, quando definidos de modo diverso na lei penal comum ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial.Gabarito: item está correto.

Page 13: CÓDIGO PENAL MILITAR · 2019-05-30 · Código Penal Militar – Decreto-lei n. 1.001, de 21.10.1969 Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando

Art. 9º CÓDIGO PENAL MILITAR – Paulo Guimarães

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A definição da competência, bem como da jurisdição são regras de caráter proces-sual. No caso da Justiça Militar da União, as regras de competência se encontram definidas no art. 124 da Constituição Federal e, no que cabe a Justiça Militar Estadual, está definido no art. 125, § 4º e § 5º.

Vale lembrar que a Justiça Militar Estadual não é competente para julgar e processar réus civis, mesmo quando este cometa, em tese, crime militar. A Justiça Militar Estadual processa e julga apenas os policiais e bombeiros mili-tares, diferentemente da Justiça Militar da União, que poderá julgar militares e também civis que cometerem crimes militares.

2. Crimes militares Art. 9º, I: De acordo com a doutrina topográfica, estes são os crimes propriamente militares: crimes que existem apenas no Código Penal Mi-litar e aqueles que são previstos de forma diferente da lei penal comum. Nesses casos é importante destacar que o agente pode ser preso sem estar em flagrante delito conforme art. 5º, LXI da Constituição Federal.

Estes crimes são militares independentemente do agente, já que, na Justiça Militar da União, civis também podem ser levados a julgamento.

Muitos doutrinadores criticam este dispositivo por causa dos crimes que são tipificados na lei penal militar de forma apenas um pouco diferente da lei penal comum. Nem sempre esses crimes serão considerados militares. Um exemplo interessante é o estupro, cuja tipificação sofreu alteração há alguns no Código Penal. A alteração não foi feita no Código Penal Militar, mas nem por isso o es-tupro, praticado por qualquer pessoa, em qualquer lugar, será considerado crime militar apenas porque está previsto na lei penal militar.

Já os crimes impropriamente militares são aqueles que estão definidos tanto no Código Penal Militar quanto no Código Penal comum e que, em razão de previsão legal, se tornaram militares por se enquadrarem no art. 9º.

Crime PROPRIAMENTE militar = SÓ PODE SER COMETIDO POR MILITAR (COM EXCEÇÃO DA INSUBMISSÃO)

Crime IMPROPRIAMENTE militar = PODE SER COMETIDO POR QUALQUER PESSOA

Exemplo: Crime de homicídio, lesão corporal etc.: é crime impropriamente militar, pois pode ser cometido por qualquer pessoa.

PP Aplicação em concurso:

• Ano: 2015, Banca: CESPE, Órgão: DPU, Prova: Defensor Público

Em determinada organização militar, durante o expediente, dois militares que tra-balhavam na mesma seção desentenderam-se e um deles, sem justificativa e inten-cionalmente, disparou sua arma de fogo contra o outro, que faleceu imediatamente. Nessa situação, o autor do disparo cometeu crime impropriamente militar.

Gabarito: item está correto.